Última atualização: 10/02/2018
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Capítulo Único


1875 – Paris – França


Em um grande jardim, uma pequena criança corria, brincando com seu cachorro. Sua risada infantil podia ser ouvida de dentro da bela casa colonial. Dentro da mesma, as empregadas trabalhavam para que o almoço saísse perfeito. Hoje era uma data especial, Pierre completaria cinco anos. A mãe do garoto bordava calmamente na varanda do jardim, observando seu garoto, enquanto, aos seus pés, sua filha mais velha, de doze anos, brincava com suas bonecas.
O choro do mais novo interrompeu a concentração das duas mulheres. A mais velha saiu correndo em direção ao garoto, que chorava com as pernas machucadas. Ele havia caído no roseiral de sua mãe. A pequena Emilie ficou observando aquela cena. Sua mãe pegou seu irmão no colo e foi correndo com ele para dentro de casa. Pela fresta da porta, ela viu o colocarem em cima da grande mesa e limparem os arranhões. A garota portadora de longos cachos dourados caminhou calmamente até o roseiral e de lá pegou a rosa mais vermelha que tinha.
Dentro da cozinha, o menor choramingava, enquanto a empregava passava unguento em suas pequenas pernas. Ela parou na porta e ficou a observar aquela cena. A mãe abraçava gentilmente o menor enquanto o dizia palavras de consolo, repousou um beijo em sua bochecha, dizendo que tudo ficaria bem. Ela subiu rapidamente as escadas para pegar uma gaze limpa.
– Tira isso daqui! – O pequeno resmungou, tampando os olhos com as mãos. – Isso machuca. – Emilie deu um pequeno sorriso e passou as pétalas da rosa delicadamente pelo rosto de seu irmão.
– Ela é delicada. Toque. – Pierre passou seus dedos, com certo receio, pelas pétalas da rosa. – Sabe o que ela representa? – Viu seu irmão balançar a cabeça para os lados e logo respondeu. – Alguns dizem que representa a paixão ou amor, mas, para mim, representa a vida.
– A vida? – Perguntou o menor, admirado com as palavras da irmã.
– Sim. – Ela respondeu docemente.
– Se você observar suas pétalas, irá ver que algumas são perfeitas e outras não. Ela possui espinhos, assim como na vida. Você ainda encontrará várias rosas em sua vida e vários espinhos, só tem que aprender a lidar com cada arranhão.
As mais velhas observavam à cena admiradas. Emilie sempre fora muito madura para a sua idade, gostava de ler e de criar histórias com suas bonecas, além de passar várias horas na cozinha conversando com os escravos. A primogênita da família estendeu a mão para o pequeno, e o mesmo, em um impulso, desceu da mesa, e assim os dois foram de mãos dadas para fora da casa. O menor olhava admirado para a irmã, ela contava várias histórias de princesas, príncipes e dragões.
Antes mesmo de sua mãe estar grávida do caçula, Emilie já falava que faltava uma metade sua e pedia um irmão. Foram precisos longos setes anos para que a Senhora Bellerose engravidasse novamente. Foi uma gravidez difícil, muitos enjoos, tonturas, sangramento e um parto longo e cansativo. Mas, durante toda a gravidez, Emilie não saiu do lado de sua mãe. Ela dizia que era ela ficaria completa quando o pequeno nascesse.
Quando sua mãe ainda nem sentia as dores do parto, a garota já corria pela casa toda risonha e saltitante dizendo que sua metade estava vindo.
– E como você sabe disso, sinhazinha? – A cozinheira perguntou, rindo da empolgação da garota.
– Ele me contou em sonho. – A menor disse com o maior sorriso que podia dar. – Ele disse que viria essa tarde, falou para eu não ter medo que tudo vai dar certo.
– Ele? – A mais velha perguntou.
– Sim, ele. Ele vai ser meu irmãozinho. Meu pequeno Pierre.

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1917 – Moscou – Rússia


O vento gelado passou pelos cabelos das meninas que ali estavam. A mais nova sentiu o gélido suor escorrer pelas suas costas quando olhou para baixo. Ela sentiu uma leve vertigem, mas o sorriso presunçoso de Kira a fez tomar coragem. Respirou fundo, inalando aquele ar congelante, rapidamente subiu na barra de proteção da sacada e se jogou ao ar livre. Sentiu a água encharcar sua roupa e seus cabelos, subiu à superfície e viu lá de cima as outras meninas gritando e aplaudindo. Logo as outras sacadas foram se enchendo de mais garotas, mas toda essa algazarra foi interrompida por um apito longo e estridente. Irmã Ania estava a caminho.
– Senhorita Belikov, acompanhe-me, por favor. – Disse ríspida.
A garota saiu de dentro da piscina, dando um leve aceno para as amigas que a observavam lá do quinto andar. Logo estavam na porta da sala do diretor da escola. A menina revirou os olhos e bufou alto.
– Com licença, Padre Dimitri. Eu sei que é tarde, mas a Senhorita Belikov passou dos limites dessa vez. – A cada palavra proferida pela freira, seu tom de voz ia aumentado.
– Pode deixar comigo, irmã. Vá descansar. – O padre deu um simples sorriso, indicando a porta com a mão.
A mulher saiu dando um olhar mortal para Yeva.
– Então, Senhorita Belikov, o que te traz a minha sala? Pela oitava vez essa semana? – Ele perguntou, cruzando as mãos e olhando risonho para a garota.
A mesma se jogou na cadeira à frente do homem e começou a secar seus cabelos com a toalha.
– Eu pulei na piscina. Só. – Disse com naturalidade.
– A senhorita apenas pulou da piscina? – Sua sobrancelha direita se ergueu levemente.
– Sim. Apenas pulei do quinto andar na piscina.
– A senhorita sabe que isso é algo muito grave, não sabe? Poderia ter se machucado, mas, graças ao bom Deus, nada te aconteceu. – Ele se ajeitou na cadeira e soltou o ar de leve pela boca. – Não sei mais o que farei contigo, mocinha. A cada dia você apronta alguma coisa. Está querendo ser expulsa?
– Você pegou o espírito da coisa. – Ela deu uma piscadela, sorrindo.
– Ficará dois meses de detenção. Deverá ajudar as irmãs na cozinha durante esse tempo.
– O que? Eu não sou empregada dessa escola, eu sou a-l-u-n-a, entendeu? – Yeva levantou-se brutalmente, deixando a toalha cair no chão. – A Kira Pietrov cortou o cabelo da Susan, e o senhor só deu uma suspensão de uma semana. E irá me transformar na cozinheira da escola?
– Bem, Yeva, eu ainda tenho esperanças em você. Você é apenas uma pequena rosa com muitos espinhos, que aprendeu a se defender da pior forma possível. As outras eu já perdi a esperança, nelas só restam espinhos, mas eu ainda vejo delicadas pétalas em você.
A garota cruzou os braços e revirou os olhos para o sacerdote, ele deu uma risada e a mandou de volta para o quarto. Mesmo com todo esse espírito rebelde, o padre ainda tinha esperanças sobre a aluna. Ela era honesta, dedicada aos estudos, gentil e sempre estava disposta a ajudar alguém. Ele via nela uma pequena alma que precisava ser lápida, já que fora jogada no internato há dois anos e, desde então, ela só vê seus pais no Natal.
A verdade é que os pais de Yeva nunca tiveram algum interesse pela filha. Por sorte, ou talvez por azar, ela é filha única, e sua mãe sempre deixou bem claro que não teria outro filho. E o pai? Bem, ele esperava um menino para que continuasse com os negócios da família. Yeva sentia essa rejeição e tentava fugir dela fazendo qualquer coisa que a esquecesse da realidade.

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1935 – Baixa Saxônia – Alemanha


Ao longe, ouviram o som das bombas serem disparadas. A mãe tentava inocentemente fingir que tudo era normal, a mais velha dos três irmãos brincava com eles na sala de estar, mas foi quando um longo apito interrompeu a brincadeira dos três. A senhora Rosenberg apareceu desesperada na porta da sala, pegou o pequeno Isaac no colo e gritou para que Amália pegasse o caçula. Ela correu até a porta da frente da casa, mas foi surpreendida com tiros vindo em sua direção.
Amália apenas conseguiu se jogar no chão com o pequeno Benjamin no colo, enquanto sua mãe caiu do outro lado.
– Corra, Amália. Rápido. – Sua mãe dizia com a voz falha.
A garota olhou para o peito da mesma e viu seu pequeno irmão todo ensanguentado.
Ao olhar pela porta, viu os soldados vindo em sua direção. Correu para o segundo andar mesmo sabendo que essa seria uma luta perdida. Eles a acharam e arrastaram até o térreo, ela se encolheu em um canto com Benjamin chorando.
– Judia imunda. – Um dos soldados chutou o corpo de sua mãe.
A garota tentou gritar, mas nada saiu pela sua garganta além de um pequeno soluço.
– O que faremos com eles? – Perguntou outro soldado para um dos mais velhos.
Ele olhava tudo com superioridade e uma pitada de arrogância.
– Iremos levá-los para Belsen. – Sua voz fria fez gelar o corpo de Amália.
Ela levantou seu olhar até que seus olhos se encontraram. Por algum motivo que não soube explicar, ela sentiu esperança.
Algumas semanas, ou meses, ou talvez apenas dias haviam se passado. Amália e Benjamim sempre dormiam no quarto do tenente Ziel. Ele passava a maior parte do seu tempo fora, mas nunca faltava comida para os dois. Quando ele chegava à noite, perguntava se alguém havia a tratado mal, dava-os comida e dormia. Mas, foi em uma noite que tudo mudou. Ele chegou em silêncio, pediu para que ela vestisse umas roupas que havia levado e que agasalhasse bem seu irmão.
Rapidamente a menina o obedeceu. Ele os conduziu até um carro, havia apenas um jovem rapaz que dirigia em silêncio, e os três iam atrás. Ela se atreveu a olhar pela janela, mas nada viu além da neve caindo. Benjamim há muito tempo parara de chorar pela mãe, e Amália aprendera a ser forte pelos dois. O Tenente Ziel saiu do carro e logo abriu a porta para a garota, ele estendeu a mão para ela com um doce sorriso.
– Venha, pequena. – Disse gentilmente, enquanto guiava os irmãos até um pequeno avião. – Amália, você agora terá uma nova vida. Estou te mandando para outro país onde poderá começar uma vida nova com seu irmão. Terá todo o conforto do mundo, viverá em minha casa como minha irmã, não terá que ter mais medo. – Ele sorriu e beijou suavemente sua testa. – Não se preocupe, minha pequena rosa, eu te protegerei.

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2004 – Barbacena – Minas Gerais – Brasil


Vários alunos desciam as escadas apressados, os mais velhos passavam pelos menores sem se importar. Mas uma pequena garotinha, de aproximadamente oito anos, com seus cachos, olhava lá do topo, segurando firmemente sua mochila.
– Não vai descer, ? – Perguntou um de seus coleguinhas.
– Ela é muito grande. E mamãe disse para eu cuidar dela direito. – Disse, apontado para a grande mochila de carrinho cor-de-rosa. O menino deu um sorriso risonho, pegou sua mochila pela alça e saiu carregando.
– Ande logo. – Disse já a um lance de escada abaixo.
– Ela está muito pesada. – A menor reclamou, soltou a mochila na escada e saiu puxando ela.
Cada vez que a mochila batia em um degrau da escada, fazia um enorme barulho.
– Não vai estragar? – Perguntou o garoto, olhando a menina, enquanto com grande esforço descia as escadas com sua mochila.
– Vai. – Ela deu de ombros. – Mas eu que não vou ficar carregando peso.
Aquela cena seria o início de muitas cenas e de uma longa história.

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A adolescente entrou no quarto do garoto, deu um rápido “oi” e se jogou na cama, dormindo. Ele continuou no computador, ignorando os murmúrios da mesma.
– Eu não aguento mais aquela escola, . – Ela disse, sentando-se na cama. – Se eu acordar mais um dia cedo, juro que vou morrer.
– Se eu fizer mais uma prova de matemática, eu juro que vou morrer. – Ele ergueu a sobrancelha, rindo, logo os dois começaram um assunto que não tinha fim.
O trabalho que era pra ser feito foi deixado de lado.

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– Ahh... Droga, droga, droga. Por que todo homem tem que ser tão filho da puta? – xingava na porta da universidade, andado de um lado para o outro.
– O que houve, ? – Perguntou seu professor.
– O filho da puta do retardado do Chris que até agora não veio me buscar. – Ela deu um sorriso irônico.
Logo avistou um fusca azul vindo em sua direção. Ela entrou como um vulcão dentro do carro. Eles foram para o centro de convenções, onde estava havendo uma feira de exposições.
– Christofer Costa, vamos embora! – A menina disse autoritária. – Eu que organizei toda a festa para ele e não estarei lá? – Perguntou chorosa.
Era o aniversário de 18 anos de . O menino abraçou a namorada, sorrindo e deu um selinho nela.
– Vou ali conversar com meu professor e nós vamos. – Logo ele voltou.
já havia chamado a Camila e o Gui para a festa, e os cinco foram correndo.
– CHEGUEIIII! – Gritou a garota, correndo na direção de seu amigo para abraçá-lo fortemente.
– Todo mundo dizia que você não viria, mas eu sabia que sim. – disse num abraço apertado.
– Está achando mesmo que eu perderia a festa que eu organizei? – Ela falou, balançando o cabelo e pondo a mão na cintura. – E do meu melhor amigo? – Riu, abraçando-o mais forte ainda.

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– E aí, o que achou? – Os dois estavam do lado de fora da casa.
– Gostei. Sério, muito obrigado. – Ele sorriu sincero para a amiga.
– Meu bolo ficou uma delícia, eu tinha que virar cozinheira. – A garota disse, rindo presunçosa, enquanto comia um pedaço de bolo.
– O Vinícius me contou como foi. O forno explodiu. – O garoto começou a rir, e logo o acompanhou na risada.
– Sim, eu pensei que ia morrer. Nisso vai eu, linda e poderosa, junto com o Vini atrás de um forno emprestado. Fomos parar na padaria. Os dois lindos, com farinha no cabelo. – Disse rindo.
A mesma parou, respirou fundo e olhou para o rapaz ao seu lado.
– Nada nem ninguém irá nos separar. – afirmou e abraçou a garota forte. Os dois voltaram para a festa rindo. – Dez anos te aturando, garota. Como eu aguento?

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Desde o dia em que um forno explodiu até agora, haviam se passado sete anos. e continuavam amigos. Aliás, eles haviam mudado para o Rio de Janeiro, estavam formados e dividiam um apartamento. havia feito arquitetura e estava trabalhando em um escritório especializado em grandes construções. seguiu o conselho da amiga, fez algo onde pudesse desenhar e se tornou designer.
Esta era a noite da amizade, a noite em que eles comemoravam o dia em que se conheceram. Naquela vez em que estavam descendo as escadas, com apenas oito anos. O dia 9 de fevereiro era sempre comemorado entre os dois, um cinema, um jantar, uma volta na praça ou, às vezes, até um almoço rápido entre a conturbada agenda adulta dos dois. O que não foi diferente nesta data, com exceção de um pequeno detalhe: uma caixinha que carregava no bolso do paletó o qual, para ele, neste momento, estava pesando mais de dez quilos.
– O que você tem? – A garota disse, olhando para o seu amigo.
– Nada.
– Você está diferente e não adianta mentir, , conheço-lhe. – Disse, apontando o garfo para ele. – Você está nervoso, não para de olhar para os lados e mal tocou na sua comida, e isso porque é o seu restaurante favorito.
O rapaz na sua frente engoliu em seco, ele sabia que não conseguiria esconder nada da garota. Respirou fundo mais uma vez, pegou na mão dela e a olhou em seus olhos, os mesmos olhos os quais sabia que era apaixonado desde os doze anos. Ele não sabia se a intensidade do sentimento era recíproca, mas precisava tentar.
– Você lembra daquele livro que eu te dei? – Perguntou enquanto fazia um carinho na mão dela, e ela acenou com a cabeça. – “As rosas são como a vida, elas possuem algumas pétalas perfeitas e outras não. Possuem espinhos para nos ensinar a lidar com cada arranhão. Possuem o mais belo dos perfumes para não nos esquecermos de sonhar. É vermelha e intensa como a vida e é bela por si só, mostrando-nos que, mesmo com imperfeições e espinhos, a vida é bela e perfeita como é.” – Ele sorriu e deu um beijo na palma da mão da garota.
Havia dado esse livro para ela no seu aniversário de quinze anos, junto com um buquê com quinze rosas vermelhas. O que, com o tempo, tornou-se uma tradição. A cada aniversário, acrescentava uma rosa.
– Você é assim, . Perfeita e imperfeita. Doce e bruta. Gentil e indelicada. – Ela deu uma risada nervosa e bateu de leve no ombro de . – E eu te amo como você é.
– Eu também te amo, você é o meu melhor amigo.
– Não, eu não te amo assim, e você sabe. Eu te amo além da amizade, além das estrelas. Eu te quero do meu lado a todo momento, eu quero te beijar e te abraçar para o resto da minha vida, . E eu sei que você sente o mesmo. Lembra da nossa promessa?
– A de que nos casaríamos se chegássemos aos 30 anos solteiros? – Ela disse divertida e ao mesmo tempo nervosa. – , ainda faltam cinco anos para que isso aconteça.
– Eu sei, mas eu não saberei esperar até lá. , eu, , te amo mais do que você ama as rosas vermelhas e quero saber… – nesse momento ele pegou a caixinha que estava dentro do seu paletó e ajoelhou-se na frente da garota – se você quer se casar comigo?
– Casar? ? Você está louco? Não devíamos namorar antes?
– Não. Nós já estamos namorando há 17 anos. E não quero te chamar apenas de minha melhor amiga, quero te chamar de minha esposa. – Todos no restaurante observavam, então a menina, rindo de nervoso e com lágrimas nos olhos, apenas acenou a cabeça e começou a gargalhar.
O frio na barriga que ela sentia antes sumiu, ainda não sabia se estava fazendo o certo, tinha medo de perder o amigo, mas algo lá no seu íntimo dizia que tudo ficaria bem.
– Nada nem ninguém irá nos separar. – disse enquanto colocava o anel de noivado no dedo de .
Ele só foi perceber que estava chorando quando sentiu as mãos dela em seu rosto, limpando as lágrimas. Naquele momento, se arrependeu de não ter avisado ninguém para que pudesse filmar toda felicidade que ele exalava.
Ele levantou e deu um grito no meio do restaurante: “ELA DISSE SIM!”. Ele pegou a mão de e a ajudou a levantar-se. Ela estava na sua frente, sorrindo e com lágrimas nos olhos. Ele passou a mão sobre seu rosto delicadamente e a puxou para um beijo, foi apenas um leve selar de lábios, mas o tempo parou. Para quem visse de fora poderia dizer que eles namoravam há anos, mas mal sabiam que era a primeira vez que seus lábios se tocavam.
Quando os lábios de tocaram os de , eles tiveram a certeza de que tudo ficaria bem, de que tudo estava certo. Era como se os planetas tivessem se alinhado, como se a paz mundial tivesse se instalado, era como se eles fossem apenas uma alma que haviam se dividido e, naquele momento, se tornara uma só.

–––


– Mas é o que todos estão dizendo, Mehiel. – A pequena criatura deixou algumas lágrimas escorrem pela sua face. – Querem nos separar.
– Não se preocupe, eles não vão fazer isso, Melahel. – O querubim que era alguns centímetros mais alto que o outro o abraçou, depositou um beijo em sua testa. – Eles não podem nos separar, fomos criados para ficarem juntos, não vê?
Eles eram iguais. Nem a cor dos olhos ou a tonalidade de suas peles mudavam em nada, apenas alguns centímetros de altura os diferenciavam; Mehiel era o mais alto, e Melahel um pouco mais baixo, batia no ombro de Mehiel. Eles tinham a altura perfeita, perfeita para se abraçarem.
– Querubins, venham. – Um anjo alto chamou os pequenos. Eles se levantaram e, de mãos dadas, foram ao encontro de seus destinos.
– Eu não queria dar essa notícia, mas essa é a minha obrigação. – A voz de Cahethel soava calma. – Vocês irão para a Terra. Vocês se esquecerão que foram feitos da mesma matéria; deverão aprender a se amarem e a cuidar um do outro. Voltarão para cá e deverão retornar à Terra quatro vezes! O quarto retorno será o mais longo e doloroso, será o mais difícil e a prova final. Vocês devem permanecer juntos, um sempre protegendo o outro. Deverão ser irmãos, deverão se tornar um só, assim como são aqui.
– Mas por que nos separar? – Ouviu-se a voz de Mehiel como apenas um sussurro.
– Essa será a prova de que as tentações da Terra não separam um amor de verdade. Será a prova de que Ele fez a escolha certa ao criar dois seres do mesmo núcleo. Lembrem-se: haverá momentos em que um não desejará ver o outro. Vocês irão se separar, vocês brigarão, mas sempre deverão se amar.


Fim.



Nota da autora: Depois de muito tempo sem escrever, resolvi voltar para o mundo das fanfics e fico muito feliz de ser no ffobs. Essa fanfic foi escrita com muito carinho e tenho um amor imenso por ela, espero que gostem e não deixem de comentar. <3



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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