Última atualização: 31/08/2024

Capítulo 1

SE LEMBRAVA vividamente do dia em que decidiu que tentaria uma vaga no time de quadribol da Corvinal. Na época, ela ainda estava no terceiro ano e a ideia parecia um pouco ousada, até mesmo incongruente. Sempre foi uma aluna aplicada, do tipo que passava mais tempo na biblioteca do que em qualquer outro lugar, e embora adorasse voar pelos jardins da família durante as férias, jamais havia pensado em competir. Porém, algo dentro dela ansiava por mudança.

Naquela manhã em particular, as escadas de Hogwarts decidiram mover-se de maneira inesperada, desviando-a do caminho planejado. suspirou, frustrada, quando percebeu que estava em um andar desconhecido, seus pensamentos sendo interrompidos bruscamente. Foi então que ouviu uma voz familiar, carregada de um charme mal contido.

— Parece que as escadas resolveram pregar uma peça em você, Slughorn.

Ela se virou rapidamente, encontrando Sirius Black encostado na parede com um sorriso despreocupado e os braços cruzados. A postura dele sugeria que estava ali por acaso, mas sabia que, com Sirius Black, nada era por acaso.

— Sirius — disse ela, tentando manter o tom neutro. — O que você está fazendo aqui?

— Apenas dando uma volta pelo castelo — ele respondeu com indiferença, dando de ombros, como se não houvesse nada de especial em sua presença. — E você?

— Tentando chegar à biblioteca, mas parece que as escadas tinham outros planos — respondeu, ajustando os livros que segurava contra o peito.

Sirius deu um passo à frente, seus olhos brilhando com uma curiosidade que a desconcertava. Havia algo nele que sempre a intrigava, uma espécie de magnetismo que não podia ignorar, mas ela sabia que não era a única a sentir isso. Ele tinha metade da escola aos seus pés.

— Talvez o castelo esteja tentando te mostrar algo — sugeriu ele, o sorriso alargando-se.

revirou os olhos, mas antes que pudesse responder, Sirius estendeu a mão e, com um gesto ágil, pegou alguns dos livros que ela carregava. O toque dos dedos dele no dorso de suas mãos a fez estremecer de leve. pensou em protestar, mas, em vez disso, permitiu que ele caminhasse ao seu lado pelo corredor, mesmo desconfiando de suas intenções.

— Diga-me, Slughorn, além de ser a aluna mais brilhante da Corvinal, o que mais você faz? — perguntou ele de repente, pegando-a de surpresa.

estreitou os olhos, avaliando-o. Havia um desafio oculto naquela pergunta.

Ela hesitou, não por falta de resposta, mas porque não tinha certeza se queria compartilhá-la com Sirius. Ainda assim, sempre havia algo na expressão dele que a encorajava a ser sincera.

— Eu gosto de voar — admitiu, relutante. — Sempre gostei… mas não é algo que eu vá fazer aqui em Hogwarts.

Sirius a observou com um brilho nos olhos que ela não conseguiu decifrar, algo entre interesse genuíno e uma satisfação silenciosa.

— E por que nunca tentou entrar para o time de quadribol? Já tem idade para isso.

deu de ombros, sentindo-se acuada.

— Não sei se é para mim — mentiu, defensiva. — Prefiro coisas mais seguras. Além disso, não é o que planejo para o meu futuro.

Sirius arqueou uma sobrancelha, parando de andar de repente, com o olhar penetrante.

— Eu discordo — disse ele, dando um passo em direção a ela, encurtando a distância entre eles. — Não acho que seguir o caminho mais seguro seja o seu estilo.

recuou até sentir as costas quase tocarem a parede. Mas manteve a voz firme ao levantar o queixo e encará-lo.

— E o que você acha que é o meu estilo, Sirius Black?

Sirius soltou uma risada leve, um som profundo que reverberou pelo corredor.

— Acho que você quer mais do que só seguir as regras, Mare — murmurou ele, quase como um segredo compartilhado. — Vi você se esgueirando para assistir ao treino da Lufa-Lufa outro dia. Você tem paixão pelo quadribol, talvez até mais do que imagina.

O coração de acelerou. Ele tinha razão, a simples menção ao quadribol a enchia de excitação, mas até então pensava que estava escondendo bem esse sentimento. Seus pais a preparavam para uma carreira no Ministério, não para os campos de quadribol.

Ela abriu a boca para responder, mas as palavras falharam. Sirius sorriu, como se soubesse o efeito que causava sobre ela. sentiu um rubor subir pelas bochechas, enquanto ele recuava, ainda com os olhos fixos nos seus.

— Me prometa uma coisa — disse ele, o tom agora mais suave. acenou, sem perceber. — Vai fazer o teste para o time de quadribol da Corvinal na próxima semana.

— Eu não…

— Você tem que tentar — ele a interrompeu, com uma firmeza surpreendente. — Não passe a vida pensando no que poderia ter sido. Você é melhor do que isso, e inteligente o suficiente para saber que deve seguir o que ama, e não o que esperam de você.

tentou formular uma resposta, mas nada saiu. Ele estava certo, e ela sabia disso. O sorriso satisfeito que brincava nos lábios de Sirius indicava que ele sabia disso também.

— Nos vemos por aí, Slughorn — acenou ele antes de se afastar, desaparecendo pelo corredor, deixando-a sozinha com seus pensamentos.

Foi naquele momento que decidiu que faria o teste para artilheira. As palavras de Sirius tinham sido o empurrão que ela precisava, o incentivo final para seguir em frente. E agora, ali estava ela, em seu sexto ano em Hogwarts, como capitã do time de quadribol da Corvinal.

Um sorriso de satisfação iluminou seu rosto enquanto abotoava as luvas de couro de dragão em suas mãos pequenas e eficazes. Ela ajustou o elástico que prendia seus volumosos cabelos naquela tarde, e apertou o cabo da vassoura com firmeza entre os dedos, antes de marchar com determinação para o meio do campo de quadribol. Os jogadores da Corvinal a acompanharam de perto, confiantes sob sua liderança.

Aquele seria o seu primeiro jogo como capitã do time de sua casa. As cores azul e prata destacavam-se em seus uniformes aprumados, e os brasões reluziam sob a luz solar.

As arquibancadas lotadas aplaudiram entusiasticamente quando eles entraram. Um misto de euforia e excitação tomou conta de . Ela sentiu o peito se expandir de orgulho ao ver as bandeiras da Corvinal tremulando com força contra o vento. abriu um sorriso largo e resplandecente, embora muito afiado, quando parou de frente para o capitão do time adversário.

James Potter também carregava um sorriso no rosto, presunçoso e familiar. o conhecia desde a infância, mas nem a amizade a impediria de massacrá-lo naquele jogo. James estendeu a mão em um cumprimento formal. Atrás dele, seu fiel amigo inseparável, Sirius Black, espiou por cima do ombro.

— Boa sorte hoje, Potter — disse , impondo mais força no aperto de mãos do que o necessário.

— Para você também, Slughorn. Veremos se Corvinal consegue nos acompanhar este ano — a voz de James saiu confiante e, por um segundo, se divertiu ao imaginar sua expressão quando ela o derrotasse.

Antes que pudesse falar mais alguma coisa, no entanto, Sirius Black se aproximou, colocando-se sorridente ao lado de James. Seus olhos cinza-tempestuosos, sombreados por uma camada generosa de pestanas negras, encararam em desafio. Ela prendeu a respiração por um segundo, sentindo uma onda de eletricidade correr pela espinha.

— Não vou tirar os olhos de você hoje, Slughorn — disse ele, em um tom que era ao mesmo tempo provocativo e intrigante.

ergueu o queixo em resposta, sem deixar transparecer o leve nervosismo que sentiu. Sirius também fazia parte do time da Grifinória, era um dos batedores mais talentosos e havia dado trabalho a ela nos últimos anos. Mas desta vez Grifinória não teria chances contra Corvinal.

— Eu detestaria se o fizesse, Black — sua voz soou suave, melodiosa como uma armadilha bem feita. Ela piscou um olho para Sirius antes de dar-lhe as costas, de ombros retos e nariz empinado, como se ele não fosse mais do que uma pequena distração.

As risadinhas de Black e Potter foram tudo o que ouviu às suas costas enquanto se afastava para se juntar ao time. Os jogadores da Corvinal já estavam acomodados em suas vassouras em uma formação perfeita, os espelhou, assumindo sua posição de artilheira minutos antes de Madame Hooch, a árbitra, soar o apito para que se preparassem.

Ela soltou a Goles e deu início à partida.

se lançou imediatamente no ar, sentindo o vento contra os seus cabelos ao ganhar velocidade. Não demorou muito para que seus olhos ávidos estivessem presos na bola vermelha. Como artilheira, seu papel principal era agarrá-la e marcar a maior quantidade de pontos através dos aros adversários. Era uma adrenalina que apreciava, um fogo que acendia seu espírito competitivo.

Por um segundo, ela pairou no ar estrategicamente, observando os movimentos do time adversário com olhos afiados. No mesmo instante em que dois artilheiros da Grifinória intencionavam passar a Goles entre si, se lançou no ar em direção à Goles em movimento com uma velocidade extraordinária, entrando no espaço entre os dois jogadores com perspicácia. Com um sorriso que lhe rasgava o rosto, ela inclinou o corpo para que sua vassoura subisse enquanto carregava no braço a Goles presa com firmeza.

Os artilheiros adversários praguejaram alto o suficiente para que ela os ouvisse, mas estava focada demais para se importar. Toda a sua atenção estava nos aros à frente, e na estratégia que já começava a formar em sua mente.

se inclinou sobre a vassoura, mantendo o corpo leve para ganhar ainda mais velocidade enquanto se lançava em direção aos aros. O goleiro de uniforme vermelho e dourado estava posicionado um pouco mais à frente, pronto para defender. Mas parou de repente, ziguezagueando pelos ares enquanto o goleiro tentava acompanhá-la a todo custo. E então, com um movimento calculado, ela arremessou.

Enquanto subia com a vassoura em direção ao aro maior e levava o goleiro junto, lançou a Goles para o aro mais baixo, acertando-o com sucesso.

A torcida banhada em tecido azul e prata urrou alto em comemoração, e sentiu uma onda de satisfação inundar seu peito.

— DEZ PONTOS PARA A CORVINAL! — berrou Ethan Corner, aluno do quarto ano da Corvinal e comentador dos jogos de Quadribol em Hogwarts. — EXCELENTE JOGADA DA SLUGHORN! ESSA GAROTA AINDA VAI ME MATAR DO CORAÇÃO…

gargalhou, deixando que a alegria da partida a dominasse. Sentia a adrenalina cada vez mais presente em seu sangue ao ver seu time avançar com ainda mais vontade. Mas não teve muito tempo para comemorar. Sirius Black surgiu em seu campo de visão quando ela tentou se aproximar do jogador adversário que estava em posse da Goles.

Ele abriu um sorriso amplo ao arremessar um Balaço em sua direção. praguejou, mas conseguiu ser rápida o bastante para se desviar, rodopiando habilidosamente para o lado. A força do Balaço lançado por Black fez os seus cabelos se arrepiarem. Ele estava tentando desestabiliza-la, mas aquilo só fez com que um sorriso divertido aflorasse nos lábios de .

Terence Lynch, um dos batedores da Corvinal, aproveitou a distração de Sirius para acertar um Balaço em cheio no artilheiro que ainda mantinha a Goles. O garoto foi jogado para o lado com brusquidão, vacilando em cima da vassoura e quase caindo, perdendo a Goles no processo. Kirke foi rápida o bastante para apanhá-la, indo em alta velocidade em direção aos aros e marcando mais 10 pontos para a Corvinal.

— BOA, ! — gritou para amiga, frenética demais para apenas apreciar em silêncio.

Não demorou muito para que colocasse as mãos na Goles novamente. Ela driblou dois artilheiros da Grifinória enquanto tentava chegar aos aros, mas foi interceptada por mais um Balaço.

Não precisou procurar a fonte que o arremessara, sabia que tinha sido Black. E desta vez ele a acertou. A vassoura de balançou com o baque, e a Goles escapou de seu braço. Um artilheiro adversário a apanhou com rapidez no mesmo instante em que os dois batedores da Corvinal arremessavam Balaços simultâneos em sua direção.

Benjamin Brock apanhou a Goles e mais pontos foram somados para a Corvinal.

Mesmo que o goleiro da Corvinal, Aaron Davies, estivesse fazendo excelentes defesas, Grifinória também continuou marcando pontos sobre eles, levando a torcida vermelha e dourada à uma completa euforia.

passou perigosamente perto de Sirius ao descer para impedir que a Grifinória tomasse posse da Goles mais uma vez. Ele disse algo que ela não conseguiu entender, mas que se pareceu muito com uma cantada barata, algo que a fez revirar os olhos. Sirius Black nunca perdia uma chance.

Os batedores da Corvinal lhe deram cobertura quando conseguiu apanhar a bola. Aparentemente, os dois batedores adversários estavam em sua cola naquele momento. não ousou olhar para trás para conferir, apenas tomou velocidade em direção aos aros e arremessou a Goles com toda a força que conseguiu. Por pouco o goleiro da Grifinória não a apanhou.

Para sua felicidade, a torcida da Corvinal urrou lá embaixo mais uma vez.

O placar mostrava gloriosos 160 pontos a favor do seu time. sentiu o peito se encher de orgulho. Mas antes que pudesse se lançar novamente contra os artilheiros adversários, ela viu Burke e James Potter, os apanhadores de cada time, em um voo acirrado.

Enquanto e Benjamin marcavam mais pontos espetaculares contra os adversários, ela observou, com o coração batendo forte no peito, fechar os dedos em torno do brilho dourado do Pomo de Ouro em meio a uma manobra arriscada contra as arquibancadas. A garota ergueu os punhos, vitoriosa, e o silêncio tenso que havia se estendido entre os torcedores foi rapidamente substituído por uma explosão de gritos e aplausos ensurdecedores vindos da torcida da Corvinal, que invadiu o campo com uma energia avassaladora.

BURKE CAPTURA O POMO DE OURO! CORVINAL VENCE GRIFINÓRIA COM CINQUENTA PONTOS DE DIFERENÇA! — a voz de Ethan Corner soou quase perdida no meio do alvoroço.

Um sorriso gigantesco se formou no rosto de , enquanto lágrimas de alegria e alívio preenchiam seus olhos. O placar brilhava em letras douradas: 260 para Grifinória e 310 para Corvinal.

desceu com a vassoura até o gramado, sentindo os pés tocarem a terra firme com uma euforia que quase a fazia flutuar. Assim que desmontou, correu para abraçar seus companheiros de time, que pulavam e gritavam em uma comemoração frenética, entrelaçados em um só corpo de alegria. Era a primeira vez em dois anos que a Corvinal conseguia vencer a Grifinória em uma partida de Quadribol, e ser a capitã do time vencedor enchia com uma sensação de êxtase indescritível. Ela gritou e comemorou, deixando a emoção transbordar.

Por entre os abraços, vislumbrou James Potter pousando a uma certa distância, com Sirius Black logo atrás. O cansaço era evidente nas expressões dos dois, mas o olhar exausto de Sirius, especialmente, fez com que uma pontada de satisfação ainda maior surgisse no peito de , alimentando sua vontade de comemorar ainda mais alto.

Do outro lado, Sirius revirou os olhos, mas havia um sorriso singelo no canto de sua boca.



Continua...



Nota da autora: Sem nota.





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