Say Something


Última atualização: 31/10/2018

Capítulo Único

sabia que teria que ter muito pulso firme para lidar com tudo aquilo. Paciência nunca fora seu forte, o que a ajudou a conseguir esse emprego, então saber dar um bom gancho de esquerda sempre poderia ser útil naquele ramo.
A Segunda Guerra Mundial poderia não ser a época ideal para se sentir bem, mas na verdade não podia reclamar, ali ela podia fazer seu trabalho. Ali ela podia trabalhar. Quantas mulheres tiveram essa oportunidade em pleno anos 40? A grande maioria ficou em suas casas, chorando por seus maridos ou noivos, incapacitadas de fazer qualquer coisa para ajuda-los ou ajudar suas nações. Outras, as mais independentes, assumiram cargos de enfermeiras, se mostrando tão importantes no desenrolar da guerra quanto os soldados, até porque, muitas vezes, elas literalmente os salvavam das garras da morte sem nem mesmo o auxílio de um médico. Mas somente as mulheres e pouquíssimos homens reconheciam isso. , por outro lado, tinha o orgulho de fazer parte do exército, diretamente.
Ela era uma agente estratégica do 107° Batalhão e isso significava que sem ela ali, a probabilidade dos soldados marcharem em direção às suas mortes era muito maior do que a realidade eminente da guerra.
Isso não significava, no entanto, respeito por parte daqueles cujos ela monitorava diariamente, por isso a importância do pulso firme.
Lidar com soldados não era fácil, nem para os sargentos, capitães e, até mesmo, os coronéis. A questão não era nem tanto o campo de batalha. Lá eles sabiam que se não seguissem as ordens estritamente, morreriam miseravelmente. Já no dia a dia a história era outra e isso conseguia ser bem mais complicado para uma mulher.
- Então, docinho, veio para acalmar nossos ânimos? – era ouvido a cada vez que se juntava ao grupo estrategista.
Infelizmente ela já havia sido advertida mais vezes que o considerado permitido, segundo as regras do exército, aparentemente distribuir socos e deslocar maxilares a cada vez que se é desrespeitada não é permitido perante à Corte. Graças a tudo que é divino, não estava sozinha nessa, e sempre que seus destinos se chocavam, ela e Peggy Carter passavam horas estudando a melhor forma de não perder completamente a cabeça.
Elas haviam se conhecido há cerca de dois anos e se tornaram grandes amigas. Mesmo quando estavam cada uma de um lado do continente ou com um oceano inteiro as separando, elas sempre encontravam uma maneira de manter contato. Carter passou a ter menos tempo que o normal depois que o governo a selecionou para um programa especial, sobre o qual não sabia nada, e nem forçava a amiga a contar já que entendia perfeitamente a situação.
- Chegou a nova remessa – Coronel Torman anunciou ao entrar na tenda que chamava de “escritório”.
- Eles são seres humanos, Coronel, tenha um pouco de respeito – a mulher murmurou em um suspiro. Ela odiava a maneira como o homem tratava todos ao seu redor, e acreditava firmemente que Carter tinha muito mais sorte em trabalhar com Coronel Philips, ele pelo menos tinha um senso de respeito pelos seus aliados.
- Não é você que sai distribuindo caretas de desgosto para todos? Os socos foram realmente proibidos, não é, garota? – o mais velho a testou, um sorriso idiota brincando nos lábios finos, o que fez o sangue de ferver, mas tudo o que ela fez foi se levantar e lançar o melhor sorriso meigo que pôde para seu superior.
- Infelizmente sim, mas tenho fé de que logo essa palhaçada de guerra acabará, e minha despedida de todos daqui será um nariz quebrado.
Torman travou o maxilar e assistiu a garota sair da tenda, se perguntando como era possível um ser tão pequeno ser tão inconveniente.
- Olha só o que eu encontrei!
- É uma vista do paraíso!
- Da um sorriso, docinho!
Essas foram as primeiras palavras que ouviu dos novos soldados e, por mais que seu orgulho fosse parar na última camada da crosta terrestre toda vez que fazia isso, tudo que lhe restou fazer foi respirar fundo e continuar andando com o olhar fixo em seu destino, a cantina. Fazia horas que não comia nada.

(...)


- Norte.
- Noroeste.
- É muito arriscado, eles podem nos ver chegando.
- E pouco esperado, eles sabem que o mais óbvio é chegar pelo norte.
- Já temos os mapas da região norte, será mais...
- Demorado – interrompeu o Coronel Torman, sem se importar com o olhar atravessado que recebeu por isso, ela sabia que tinha a razão e só pararia quando alguém a provasse o contrário – Pelo noroeste seria um ataque rápido, sem a necessidade de muitos homens. É um forte, se acabarmos com ele, eles recuam, tomamos o terreno e avançamos.
- Se eles nos verem chegando, perdemos homens por um deslize bobo e eles ainda ficam com a chance de nos fazer recuar – Torman falou estressado, procurando apoio nos olhos do capitão do batalhão, mas tudo o que recebeu foi um aceno de cabeça na direção da agente, mostrando com quem ele concordava – Francamente, como isso pode dar certo? - Você diz isso toda vez que acha que estou arriscando demais, mas alguma vez deu errado? – a mulher perguntou ao cruzar os braços e recostar na cadeira. Uma sobrancelha arqueada e um ar cético pairando sobre seu rosto, fazendo a veia no pescoço do Coronel ficar ainda mais visível. O maior sonho dele era que ela cometesse um deslize para que ele pudesse tira-la para sempre de qualquer cargo no exército, mas para a infelicidade do homem, ela era realmente boa no que fazia.
- Uma baixa – ele decretou – Uma baixa e você está fora.
Por dentro, ela se imaginou pulando sobre aquela mesa e agarrando o pescoço daquele velho chato, o apertando até que o ar não chegasse mais aos seus pulmões e ele morresse. Por fora, ela deu de ombros e se levantou, deixando claro que queria que eles a seguissem até seu escritório.
- O que tem em mente, Srta. ? – Dan Brown, o capitão do batalhão, perguntou quando alcançou a moça, tentando ignorar a expressão emburrada de seu superior ao seu lado.
- Preciso de alguém que atire bem de longe – começou – Sei que já esteve naquela região, então preciso do máximo possível de detalhes – assim que entraram na tenda ela passou uma grande folha branca e lápis para ele – Com isso, vamos precisar de um homem com boa pontaria, e o grupo mais discreto possível de... Dez, doze homens.
- Trabalhamos com soldados, srta. , não espiões – Coronel Torman resmungou, fingindo interesse no mapa da região que deixava exposto, independente de onde eles estavam.
- Já sei um nome para o sniper, mas a parte dos discretos vou ficar te devendo, senhorita – Brown murmurou, compenetrado em seus rabiscos pouco compreensíveis
- Pouco barulhentos então? – ela pediu enquanto procurava semelhanças entre as coordenadas de seu mapa para o desenho do homem.
- Vou ver o que posso fazer.
- Capitão Brown, vá chamar o agente Edwin, quero a opinião dele sobre isso também – o Coronel falou, dando leves passos pela tenda, como se a analisasse.
- Sim, senhor.
Assim que o rapaz saiu, olhou para o homem em seu escritório com uma sobrancelha arqueada.
- Está com tanta fome assim, Coronel? Ou essa cara tem outra explicação? – ela perguntou com um sorriso maroto brincando nos lábios.
- Isso é um risco, garota. Você sabe muito bem que dar a volta pelo perímetro e atacar pelo norte é a estratégia mais segura.
deixou o suspiro escapar da maneira mais audível possível, só para mostrar o quanto achava aquela conversa desnecessária.
- Será mais demorado e é o que eles esperam que façamos – repetiu em tom monótono, marcando algumas coisas no mapa oficial mas deixando o principal para Dan, já que ele estaria em campo, então o óbvio seria deixar para ele resolver os pequenos empecilhos.
- Você vai mandar eles direto para a linha de tiro.
- Eles terão o elemento surpresa a favor deles, por Deus, Torman, tenha um pouco de fé em mim! Quando foi que eu fiz merda?
- Quer ordem alfabética ou cronológica?
- Eu quis dizer em relação à guerra – ela disse revirando os olhos, sorrindo vitoriosa quando o maxilar do homem travou – Exatamente.
- Com licença, Coronel – um ruivo magrelo entrou no escritório, acenando levemente a cabeça para , gesto que ela repetiu antes de voltar sua atenção para o mapa e reorganizar seus pensamentos referentes ao plano.
O escritório era seu e ela era a primeira encarregada na área da estratégia, mas sendo mulher, obviamente ninguém a respeitava. Então quando entravam ali, era como se estivessem entrando em seus próprios quartos na casa de suas mães, e só mostravam respeito quando Torman ou Brown estava por perto. As vezes nem assim.
Brown era o único que lhe dava crédito e respeitava de igual para igual. O restante a suportava e tinha sonhos eróticos com ela eventualmente, provavelmente.
- Com licença, Coronel, Agente – Capitão Brown disse entrando no escritório sendo seguido por dois soldados.
- Podemos começar então – falou alto, batendo uma palma para chamar a atenção dos homens que estavam conversando.
Assim que começou a falar, todos baixaram a guarda e passaram a ouvir com atenção o que a mulher tinha a dizer. Por mais que ninguém assumisse abertamente – ou sobriamente – a agente tinha uma fama, e consequentemente, o batalhão também. Sendo assim, por bem ou por mal, ela era necessária ali.
- Agora entendi porque dizem que você deve ser uma loucura na cama – um dos soldados disse assim que ela terminou de explicar o plano – Você é louca.
Todos os homens no escritório seguraram a gargalhada, menos Dan, que respirou fundo e negou com a cabeça ao ver os olhos da agente adquirirem um brilho estranho.
- Imagine do que sou capaz com uma arma na mão – ela respondeu com um sorriso de lado, colocando as mãos para trás e as apertando em punho, se imaginando batendo no rosto daquele homem até os dentes dele começarem a cair.
- Sexy e perigosa – o mesmo soldado continuou - Está ficando cada vez mais interessante. Quer falar mais?
- Smith – Brown e Torman o repreenderam ao mesmo tempo. Um por realmente se sentir incomodado por estar no meio daquela conversa, o outro, pela conversa estar atrapalhando a agilidade da reunião – Vá para fora e fique me aguardando, soldado – Torman continuou com o tom autoritário.
- Sim, senhor.
- Mais algum idiota no recinto ou podemos voltar para o que interessa? – perguntou olhando diretamente para o soldado restante, que tinha um sorrisinho de lado irritante brincando em seus lábios, mas ele manteve a boca fechada, então ela voltou sua atenção para Dan – Acha possível?
O capitão respirou fundo e encarou o mapa rabiscado por mais meio minuto, a incerteza brincando em cada milímetro de sua expressão.
- Arriscado – disse por fim, ganhando uma espécie de sorriso do coronel e uma sobrancelha arqueada dos dois agentes como resposta, então logo emendou – Mas possível .
O sorriso do coronel voltou para sua rotineira expressão carrancuda, a agente abriu um sorriso vitorioso e Edwin só se manteve neutro. Ele não concordava com a mulher ali, mas assumia que ela era de grande utilidade para o governo, então se ela tinha uma boa ideia, ela que lidasse com as consequências que isso poderia vir a trazer.
- Uma baixa – Coronel Torman decretou olhando diretamente para antes de sair do escritório pisando duro.
- Valeu, Dan – ela murmurou para o homem ao seu lado, mas ele não respondeu nada, só acenou com a cabeça e continuou a analisar o mapa como se pudesse se ver e ver seus homens já naquele terreno – Algo a acrescentar, Gustav? – a mulher perguntou para o ruivo, que só sorriu de lado e saiu falando algo como “Quando você quebrar a cara, eu vou estar assistindo da primeira fila” – A masculinidade é um vidrinho tão frágil – disse em voz alta, sorrindo para si mesma, sendo interrompida por uma mão se postando a sua frente.
- Não fomos apresentados – o soldado do sorrisinho de lado disse – Sou James Buchanan Barnes.
olhou para a mão estendida por três segundos antes de voltar a olhar os olhos claros do soldado, decidindo por aceitar aquele cumprimento. Não se surpreendeu quando suas mãos se tocaram e ele começou a leva-las de encontro ao seu rosto, pretendo beijar as costas da mão dela, então tudo o que ela fez foi virar levemente o ângulo que sua mão estava sobre a dele e a apertou com firmeza, mostrando como ela desejava ser cumprimentada.
- Agente – falou tão firme quanto seu cumprimento, fazendo o sorrisinho de James crescer um pouco.
- Sabe, – ele começou, soltando a mão dela – a senhorita está me enviando para uma espécie de missão suicida. Acho que no mínimo mereço saber seu nome.
- Volte e quem sabe eu esteja de bom humor – ela respondeu no mesmo tom que ele. A maioria dos soldados a irritavam instantaneamente, mas alguns sabiam conversar, puro flerte, mas já era uma conversa e ela também adorava flertar, então sempre havia a possibilidade de, ou ela mandar ele pastar, ou ela fingir que os flertes dariam em algo mais e só então mandar ele pastar.
- Espera que eu amaldiçoe o nome do meu Capitão em meu último suspiro? – ele brincou, adorando o brilho nos olhos dela. Bem diferente do que estava ali quando Smith estava falando – Talvez quando eu voltar mereça algo a mais já sabendo seu nome.
- É? O que tem em mente?
- Vejo que já conheceu nosso homem bom de mira, Srta. Dowson – o capitão interrompeu seu colega antes que esse pudesse responder a pergunta da agente.
- Espero que ele seja melhor de mira do que é de conversa, Dan, ou essa missão estará fadada ao fracasso – brincou sem nunca desviar o olhar de Barnes.
- Bom, estou conversando com você há um minuto e não sofri nenhuma ameaça, achei que estivesse me saindo bem – ele disse no mesmo tom, contendo o sorriso que estava teimando em se espalhar por seu rosto. Ele ouviu muitas coisas sobre a agente desde que chegara ali, e a vendo pessoalmente, Bucky tinha mais certeza que nunca de que queria – não, tinha que – beijar aquela mulher. Era questão de honra própria.
- Quando você começar a se sair bem, será o primeiro a ser informado – ela falou, deixando dois leves tapinhas pouco acima do peitoral dele, se virando para o capitão e indicando uma cadeira para ele se sentar.
Antes de Brown mandar Bucky sair do escritório, Barnes recebeu um olhar que quase dizia “Isso é fogo demais pra pouca floresta, cara, sai dessa”, e isso só o fez ter mais vontade ainda de entrar no jogo.

(...)


- Agente , achei que tivesse recebido nosso pequeno memorando – ouviu alguém dizer atrás de si, e quando se virou, deu de cara com o sargento Barnes, em seu uniforme completo de descanso, o que a fez salivar um pouco. Ela já havia reparado no sorriso de canto, mas o conjunto completo sempre fora tão fatal assim?
- Temo não saber do que está falando, Sargento Barnes – ela respondeu cordialmente, não resistindo a tentação de dar dois passos para se aproximar do homem, arrumando o quepe dele que estava torto, como desculpa para aquela proximidade.
- Bom, seu plano foi um sucesso – ele falou com um tom que se usa para parabenizar alguém – Derrubamos o forte, os fizemos recuar e avançamos trinta quilômetros graças a você.
- Ora, fique com doze por cento do crédito – ela disse revirando os olhos mas sorrindo abertamente. Todos voltaram naquela manhã, três dias depois de terem saído, sem nenhuma baixa, e o único além de Brown a agradece-la pelo plano, foi Barnes a parabeniza-la. Era bom sentir o ego ser acariciado – Afinal, você estava na linha de frente, não eu.
- Na verdade eu fiquei de longe mirando em cabeças expostas – ele a lembrou de sua função, recebendo uma pequena careta como resposta, o que o fez rir – De qualquer forma, a ideia foi sua, e agora que os prisioneiros já foram interrogados, estamos indo comemorar essa pequena vitória, por que não está pronta?
- Parei de ir a essas comemorações com o pessoal daqui, Sargento, prefiro me manter sã e o principal, manter meu cargo – ela deixou claro, acenando em despedida e voltando a andar, deixando uma leve risada escapar quando ele imediatamente começou a acompanha-la.
- O que de errado pode dar em uma comemoração? – ele insistiu, continuando com seu tom animado.
- Estou proibida de dar socos em idiotas vestidos de farda – ela assumiu em um falso, nem tão falso assim, tom de calamidade – E isso inclui idiotas bêbados de farda.
- Então o que faz para se divertir? – Bucky perguntou parando quando a mulher também parou na frente do escritório dela.
- Vou para o bar mais longe possível de onde o mar verde esteja – ela explicou, recebendo um sorriso ridiculamente encantador como resposta.
- Eu te acompanho então – ele decidiu, o que a fez rir. Aquela era nova.
- Você sabe que está de farda, certo, soldado? – ela o lembrou, aproveitando a deixa para analisa-lo um pouco mais abertamente.
Homens de farda são um pedaço de mal caminho. James Barnes de farda era o mal caminho inteiro.
- Mas não sou idiota – ela só levantou uma sobrancelha, o que o fez fazer uma careta de dor fingida – Ouch, achei que tinha uma coisa a mais entre a gente, Agente .
- E tem – ela falou tocando a mão dele como se o reconfortasse – Distância o nome.
Com isso, ela virou as costas e entrou em seu escritório, sendo chamada seis passos depois.
- A senhorita está de bom humor? – ouviu a voz do sargento perguntar do lado de fora da tenda assim que ela o respondeu.
- Diria que sim, por que? – ela perguntou, olhando de cenho franzido para a direção da voz dele.
- Sendo assim eu tenho direito a uma informação, se lembra? – não estava vendo James, mas podia ouvir o sorriso que ela sabia estar em seus lábios naquele momento, e isso a fez sorrir igualmente.
Talvez ela pudesse se divertir com um idiota de farda para variar.
- – disse por fim – Meu nome é .

(...)


- Me daria a honra dessa dança? – sentiu sua pele se arrepiar quando sentiu os lábios de Bucky roçarem levemente seu lóbulo ao fazer aquela pergunta que havia se tornado tão comum entre eles.
- Mostre o caminho – ela respondeu sorrindo, se levantando do banco do balcão do bar e se deixando ser levada pelo homem para a pista de dança.
Já faziam dois meses que eles se conheciam, e de uma maneira surpreendente, os flertes resultaram em alguma coisa e eles realmente tinham assuntos para conversar sempre que estavam juntos. Obviamente o flerte não havia sido deixado de lado, Bucky só desacelerou um pouco, deixando baixar a guarda e mostrar quem realmente era. Por mais estranho que pudesse parecer, ele realmente gostava de ouvi-la falar e também gostava de contar suas historias para ela. Na maioria das vezes, eles saiam para dançar e acabavam virando a noite em conversas banais e toneladas de flertes, que não resultaram em nada pelo número de incursões que o soldado estava sendo enviado e o numero de planos que a agente tinha que bolar. Ambos estavam ocupados e, o pouco tempo livre que tinham, gostavam de gastar na companhia um do outro.
brincava que já conhecia mais sobre Steve do que sobre si mesma e Bucky não se cansava de enchê-la, dizendo que o dia que a guerra acabasse ela ficaria sem o que fazer por não saber fazer outra coisa que não fosse planejamento e estratégia militar.
- Muitas se contentariam com a enfermagem, sabe disso – ele a cutucou em meio a dança naquela noite, quando esse assunto voltou a tona.
- Eu sou única, por que tentar me comparar com a multidão? – fingiu ultraje, mas o sorriso acabou escapando enquanto Barnes os girava num passo da dança.
- Steve costuma falar que eu sou exageradamente seguro de mim, se ele te conhecer, vai começar a achar que me deprecio – a agente deixou mais uma gargalhada escapar, apoiando a testa no ombro do soldado.
- Anda comigo, eu te ensino a se valorizar – ela brincou, mordendo o lábio inferior enquanto ele fazia um biquinho, fingindo estar pensando sobre o assunto.
Ela queria beijar ele, mas queria que ele a beijasse primeiro.
- Você é um tanto diferente, Srta. – ele sussurrou quando os olhos dela voltaram a se fixar nos seus, o fazendo se perguntar, se ele a beijasse naquele exato momento, ela voltaria para o modo agente chutadora de bundas ou o corresponderia?
- Vou levar isso como um elogio, Sr. Barnes – ela respondeu no mesmo tom, aproximando o rosto deles ainda mais, mas como ele manteve o mínimo de espaço pessoal, ela abriu mão de seu joguinho e encostou seus lábios nos dele.
Por um momento, ambos com os olhos ainda abertos, se encararam numa espécie de conversa que poderia ser resumida como:
“Tem certeza do que está fazendo? Gosto muito do meu rosto, não te quero tentando estraga-lo depois”
“Caramba, Barnes, para de ser idiota por dois segundos e me beija logo”
“Tudo bem, mas não me culpe depois”
E assim, Bucky firmou o aperto na cintura dela, dedilhando levemente a subida pela lateral direita do corpo da mulher, até alcançar sua nuca, onde descansou a mão e a puxou para si com toda sua convicção, entreabrindo os lábios e dando o espaço que ela estava pedindo enquanto deslizava as unhas levemente pela nuca do soldado, causando arrepios da melhor maneira possível.
Assim que a banda ao vivo encerrou a canção, todos ao redor do casal começaram a aplaudir, os fazendo lembrar de onde estavam, então depois de alguns segundos somente sentindo a presença um do outro, eles se separaram o suficiente para aplaudir os músicos.
- Orgulhoso de si mesmo, Bucky? – o provocou quando eles voltaram para seus bancos no balcão, e o soldado tinha um sorriso triunfante estampado no rosto.
- Posso lhe dar uma lista com nomes das pessoas que estariam orgulhosas de mim agora – ele disse no mesmo tom, a assistindo revirar os olhos e querendo beija-la novamente. Ele queria mais.
- Poderia lhe dar essa lista ao contrário – ela comentou, levando a taça de vinho aos lábios e saboreando um pequeno gole.
- Sempre foi uma rebelde sem causa, ? Fez muitos inimigos? – assim que as perguntas saíram de sua boca, Bucky se arrependeu de tê-las dito. era uma ótima companhia, e ver aquele brilho de tristeza nos olhos dela o deixava triste também.
- Minha causa é nobre, Barnes, mas infelizmente não tenho muitas aliadas. Nem mesmo quem deveria ser meu principal suporte.
Bucky sabia do que ela estava falando. acreditava com unhas e dentes que as mulheres deveriam ter os mesmos direitos que os homens, e acreditava que todas tinham que lutar por isso, o problema era que talvez as pessoas que acreditassem nisso fossem mentes muito a frente de seu tempinho. Ele se sentia genuinamente orgulhoso de se considerar amigo de uma pessoa como . Obviamente era uma luta difícil, mas ele sabia que era só uma questão de tempo para que mais mulheres percebessem que ela tinha razão. Todos merecem respeito, menos os nazistas.
Por outro lado, ele se sentiu genuinamente triste ao ouvi-la falar aquilo sobre uma figura tão importante na vida de qualquer pessoa.
- Eu sinto muito, não quis...
- Tudo bem, não tem que se desculpar – ela o interrompeu, colocando uma mão sobre a dele e um sorriso falso no rosto.
Barnes virou a mão de forma que pudesse segurar a dela, analisando mais de perto um anel que ela sempre usava no dedo médio, percebendo duas letras impressas no bronze.
- São as iniciais deles? – ele perguntou passando o dedo pelo anel, deslizando pelas costas da mão e o pulso, então fazendo o caminho contrário.
- Dela. As iniciais de quando era solteira
- Você não fala sobre sua família – ele comentou com cautela, mas realmente curioso sobre o assunto. Durante suas conversas, tanto nos bares quanto na base, contou mil histórias sobre diversos lugares, diversas pessoas em diversas situações diferentes, mas nunca disse nada sobre sua família.
- Meus pais queriam a filha perfeita, a esposa perfeita e a mãe perfeita – ela disse tirando a mão de perto da do soldado, tirando o anel e o estudando um pouco antes de coloca-lo novamente e voltar a olhar para o homem ao seu lado – Tudo o que eles tiveram foi uma filha que preferia ler ao invés de se vestir para impressionar rapazes, preferia mapas ao invés de querer segurar o filho da vizinha, e inventava soluções práticas para resolver as tarefas diárias.
- Não me parece um pesadelo tão terrível.
- Não... Mas é decepcionante – ela murmurou encarando o tampo de madeira do balcão, quase vendo a cara de julgamento que seus pais faziam sempre que a via fazendo algo que não era considerado certo para uma menina – Terrível foi quando eu me apresentei no quartel mais próximo e fui aceita na equipe estratégica, porque, aparentemente tempos de desespero realmente pedem por medidas desesperadas, e nem se ateram tanto ao fato de eu ser mulher. Isso decepcionou ainda mais meus pais.
- Eles podem ter ficado com medo – Bucky falou, perdido nos traços reflexivos de – É da guerra que estamos falando.
- Eles ficaram é furiosos por eu estar fazendo o exato oposto de todas as minhas ex colegas de classe. Eu queria fazer algo que ajudasse meu país, e não ficar parada enquanto assistia outros fazendo isso.
- E então, Rogers, simplesmente foi embora? – perguntou no tom mais brincalhão possível para traze-la de volta ao presente, nem que fosse para bater nele, mas como todas as outras vezes que ela falava algo profundo e ele a chamava de Rogers, tudo o que ela fez foi bufar uma risada e revirar os olhos.
- Eles disseram que se eu saísse poderia esquecer que um dia eles existiram em minha vida – ela contou num tom amargo e um sorriso seco – Me recusei a perder minha vida pelo sonho deles, então eu saí – deu de ombros, como se ouvir aquele tipo de coisa dos pais fosse algo natural, que ocorre todo dia e ela fosse só mais uma em meio a multidão.
- Isso faz quanto tempo?
- Logo depois de Pearl Harbor.
- E você nunca mais falou com eles? Cartas, nada?
- Eles voltaram para a Europa dias depois que eu fui para o quartel. Não sei nem em que país estão.
Bucky tentou processar toda aquela informação e pensar o que poderia dizer naquela situação, mas ele não era o Steve e não sabia dizer coisas bonitas para ajudar as pessoas. Na verdade, tinha certeza de que se fosse o Steve, ele nunca conseguiria conversar com . Ela era linda, sexy, confiante e inteligente, algumas vezes ele mesmo ficava meio receoso de conversar com ela, com medo de falar algo de errado e ela perceber que talvez ele não fosse lá tão inteligente assim. Para conseguir se aproximar dela teve que mudar toda sua tática de sedução e ainda assim tinha a sensação de que quem havia sido seduzido naquele jogo era ele.
- Uma última dança antes de voltarmos para a base? – acabou por dizer, se colocando de pé e estendendo a mão para a mulher.
Na volta, como de praxe, Bucky acompanhou até o quarto dela – uma das únicas regalias de ser a única mulher do batalhão e todos entrarem em consenso de que ela precisava de privacidade.
- Planos para amanhã? – Barnes perguntou, mesmo sabendo que não tinha nenhuma ação programada para o dia seguinte, a não ser que houvesse algum ataque surpresa e todos estavam torcendo para que isso não acontecesse.
- Não quer se despedir ainda? – a agente questionou com um sorrisinho de lado, se aproximando um passo do soldado, o que foi o suficiente para deixa-los com poucos centímetros de distância – Está muito energético para entrar no maravilhoso mundo dos sonhos?
Bucky pousou as mãos na cintura da mulher, deixando o sorriso se espalhar pelo rosto, espelhando a expressão dela que se resumia a desejo.
- Você também me parece muito desperta – ele murmurou contra os lábios dela, roçando o nariz pela pele exposta do pescoço e clavícula, voltando para o rosto e parando com a boca próxima ao ouvido – O que acha da gente se cansar junto?
gargalhou, usando os curtos cabelos da nuca do rapaz como guia para trazer a boca dele de encontro com a sua, empurrando a porta já semiaberta com o quadril e puxando o soldado consigo para dentro do quarto.
- Você não vai tentar me castrar depois, vai? – ele perguntou partindo o beijo, assistindo meio hipnotizado o batom vermelho borrado na boca dela, orgulhoso por saber que aquele era um feito dele.
- Quem disse que eu vou deixar chegar ao ponto de fazer isso ser necessário? – perguntou com um ar confuso, gargalhando alto quando o homem a olhou desolado e quase desesperado, então o puxou novamente para o beijo.
- Isso sim seria crueldade – ele murmurou, deslizando as mãos pelo vestido preto de seda que ela vestia, subindo até os ombros e baixando as alças, distribuindo beijos por toda a região.
- Você é sempre comunicativo assim? – ela perguntou passando as mãos pelo peitoral dele, tirando o paletó do uniforme dele sem o mínimo de trabalho.
- Não gosta de alguém que tenha domínio sobre a língua? – questionou, puxando levemente o vestido no quadril para baixo, fazendo a seda escorregar pelo corpo da mulher e parar ao redor de seus pés calçados pelos sapatos de salto como se fosse uma poça de petróleo, deixando uma única e pequena peça de roupa cobrindo uma pequena região do corpo dela.
- Me mostre o que sabe, Sargento.

Bucky acordou na manhã seguinte mais relaxado do que conseguia se lembrar em meses. Seu corpo descansava pesadamente em meio aos lençóis, edredons e travesseiros com cheiro de frutas vermelhas. Desde que saiu do Brooklyn não dormia tão bem, uma noite toda – ou uma parte dela, ao menos – de sono sem sonho algum, só o descanso.
Mas sua preguiça e moleza rapidamente saíram de seu corpo quando ele, quase inconscientemente, se virou e começou a procurar por outra pessoa ao seu lado.
O rapaz se sentou tão rápido na cama que chegou a ficar momentaneamente tonto. O quarto ao redor da cama era simples, pequeno e confortável, contando com um guarda roupa pequeno de duas portas, um baú médio ao lado e uma penteadeira com diversos produtos de maquiagem e perfumaria. Perfume, aquele perfume no ar era de . Aquele quarto era de . Ele estava na cama de e a noite anterior não havia sido um sonho maluco. Ele havia passado a noite com ela e estava nu na cama dela. Sozinho.
- ? – chamou olhando ao redor. Talvez esperasse que ela saísse de seja lá onde estivesse e se jogasse em seus braços e lhe desse um profundo beijo de bom dia, talvez até o pedisse para ficar um pouco mais, como geralmente acontecia com as garotas que ele ficava. Mas então ele se lembrou que estava pensando sobre e isso não tinha muito haver com ela. Sorrindo como um bobo, Bucky resolveu se levantar e se vestir, tentando se lembrar quando foi que uma mulher havia feito isso com ele, mas nada lhe veio à cabeça, porque era sempre ele a deixar a garota dormindo sozinha, como se já tivesse feito tudo o que devia ali, e sua única preocupação era não deixar que ela se apaixonasse de mais. Agora ele estava no lugar dessas garotas, e por mais que se sentisse um pouco – pela ardência nas costas talvez muito – usado, na verdade tudo o que ele conseguia pensar naquele momento era “Ela não pode me deixar sem meu beijo de bom dia”
Assim que terminou de se vestir, uma coisa negra em cima do baú lhe chamou atenção. O vestido dela. Ele não sabia como ela saberia que aquilo chamaria a atenção dele, mas em cima do vestido tinha uma folha escrita em uma caligrafia impecável.

‘Sonhos Encantados, quando eu voltar para meu quarto espero que pelo menos a cama esteja feita. Saia dai sem que ninguém te veja ou ambos estaremos ferrados. Espero que tenha tido uma boa noite para que seu dia seja bem produtivo.



Bucky quase podia ver aquele sorriso maroto nos lábios dela ao ler a última parte, sabendo que se ela estivesse ali, eles teriam que fazer nem que fosse um por cento daquilo tudo de novo, para que ele fosse capaz de começar o dia. Mas como tudo o que ele tinha eram ordens, então ele as cumpriria. E depois iria atrás dela.


- Aqui também tem uma – Dan apontou no mapa.
- Isso será um problema muito grande para você? – perguntou com o cenho franzido. Ela estava gostando cada vez menos da agência de inteligência nazista se interferindo pessoalmente na guerra, aquilo poderia fazer total diferença no resultado final.
- Um grande pé no saco – o capitão assumiu em um suspiro, mas acabou se repreendendo ao levantar os olhos do mapa e encontrar a agente o encarando com uma expressão divertida – Me desculpe.
- Você deve achar que sou muito pura para se sentir culpado por falar bobeira perto de mim – brincou, o olhando como provavelmente olhava para um filhote fofo.
- Podemos continuar isso numa outra hora, o que acha? – Brown finalmente falou após alguns segundos encarando o sorrisinho sacana da mulher.
- O que preferir, Capitão – disse num tom mais profissional, mas mantendo o brilho divertido no olhar.
Com um aceno de cabeça, o oficial saiu do escritório da estrategista, e ela só esperou que o barulho de passos se afastasse para começar a gargalhar abertamente.
- Então esse é seu plano? – ouviu a voz de Barnes às suas costas, a fazendo se virar com a mão sobre o peito, sentindo o coração na garganta – Seduzir todos do batalhão e depois partir nossos corações? – perguntou tentando soar acusador, mas a expressão de espanto dela era demais, o que o forçou a falar segurando o riso.
- Não me lembro de ter quebrado coração algum – refletiu, fingindo que a presença dele ali era algo corriqueiro e que nada havia a assustado.
- Quebrou o meu – a informou, dando a volta na mesa e parando ao lado da “porta”, soltando o laço que segurava aquela parte da tenda presa, fechando o escritório da agente, e só então se aproximou da mulher – Nessa manhã, quando saiu sem me deixar um beijo de bom dia e ignorando o magnifico café da manhã que fiz especialmente para você.
- Café da manhã? – achou graça, sabendo perfeitamente que hora que saiu de seu quarto, Bucky estava em um sono tão profundo que provavelmente não ouviria se uma granada explodisse ao seu lado – E onde ele estava?
- Sendo planejado – o soldado maneou com a cabeça, o maldito sorriso de lado fazendo repensar o motivo de não tê-lo esperado acordar – Você estragou meus planos – disse decepcionado, passando as mãos pela cintura da mulher e a trazendo para si.
- Bem, nunca foi meu objetivo te impressionar, de qualquer forma – ela deu de ombros, pousando as mãos no peitoral dele, próximas aos ombros.
- Sinto em lhe em informar que já fui impressionado – ele murmurou antes de beija-la num misto de ferocidade e calma, sua especialidade, o que, novamente, a deixou de pernas bambas.
O beijo durou o suficiente para deixar ambos afobados, mas tiveram que parar quando passos do lado de fora começaram a se aproximar.
Num pequeno ato de desespero, forçou seu peso contra os ombros de Bucky e o empurrou para de baixo da, consideravelmente, pequena mesa onde deixava seus mapas, rápido o suficiente para impossibilitar Gustav Edwin de ver o soldado ali.
- O Coronel quer conversar com a gente – o ruivo disse sem cerimônia, e sem reparar na momentânea expressão de horror no rosto da mulher.
- Um com licença também serve, Edwin – ela falou revirando os olhos, esperando que a toalha mais o corpo dela fossem o suficiente para não deixar Bucky visível.
- Você vem ou vai querer retocar a maquiagem primeiro? – o agente ignorou o comentário dela, sem paciência para aguentar aquele comportamento antes do almoço.
- Na verdade vou retocar a maquiagem primeiro – disse com um sorriso angelical – Quer ajuda com a sua?
Talvez ele não tenha gostado da pergunta, pois saiu da tenda a passos firmes, espirrando barro ao redor de seu coturno por onde passava.
- Sei que já perguntei isso, mas você já pensou em ser atriz? – Barnes questionou enquanto saia de baixo da mesa e ouvia a garota soltar um suspiro de alívio.
- Você não pode fazer isso! Bucky, entra gente aqui o tempo todo, se alguém nos ver juntos...
Ele não a deixou terminar, a puxando para um beijo novamente. Talvez ele estivesse agindo como um adolescente, mas não se importava, não lembrava de ter experimentado um beijo tão bom quanto o dela e talvez tenha viciado um pouco.
- Você está muito tensa, achei que tivesse te relaxado bem noite passada – ele comentou, levando um nem tão leve tapa na cara por isso.
- Se você não se comportar, não vai ter aquela chance de tomarmos café da manhã juntos – disse num tom firme, dando um leve selinho nele antes de se afastar, pegando o batom que estava sobre sua mesa e o passando em seus lábios enquanto se olhava em um pequeno espelho de mão. Assim que terminou, guardou o espelho no bolso e jogou o batom para o rapaz que assistiu cada movimento em silêncio – Não deixe ninguém te ver sair daqui – o lembrou.
- Está com vergonha de mim, Doll? – ele implicou, recebendo um sorrisinho de lado como resposta.
- Quem não espalha, não divide.
E com isso, saiu deixando para trás um Bucky com certeza absoluta de que estava ferrado e se sentindo absolutamente confortável com isso.

(...)

- Eu peço pra ele não fazer nenhuma idiotice enquanto estou fora e ele vai e faz isso? – Bucky exclamou nervoso, jogando no criado mudo o jornal de quase uma semana atrás que recebeu de sua amiga naquele dia. Na capa, um homem com olhar entre o selvagem e o assustado, segurava uma porta de carro com marcas de tiros. E ele conhecia muito bem o homem em questão. Junto com o jornal veio uma carta, mas ele sabia muito bem que ficar de olho em correspondência alheia era feio, e também tinha o motivo de ele não querer saber o que estava escrito na carta, se quisesse compartilhar, ela compartilharia, se tinha uma coisa que ele sabia muito bem respeitar era o espaço pessoal da mulher.
- Bucky, ele está bem, não precisa se preocupar, a Peggy disse que...
- É do Steve que estamos falando – ele a interrompeu, mas agora um pouco mais calmo – É claro que vou me preocupar.
Faziam mais de nove meses que e Bucky estavam juntos, passando por situações no mínimo cômicas em relação a não deixar ninguém saber sobre isso, mas também eram nove meses se conhecendo cada dia mais. Antes da noite em que resolveram parar de se martirizar e finalmente ceder ao desejo, eles já se consideravam bons amigos, mas naqueles últimos meses ele passavam o máximo de tempo possível um ao lado do outro, aprendendo tudo o que podiam. Sem perceber um se tornando um importante capítulo para o outro. Um respeitando o outro. E adorava a relação de Barnes com seu melhor amigo.
- Hey – ela disse se sentando de frente para ele no colo dele – Pedir para vocês não fazerem nenhuma idiotice é a mesma coisa que mandar vocês atirarem no pé um mafioso russo – comentou com um sorriso brincalhão nos lábios enquanto passava as mãos pelos cabelos castanho escuro do soldado.
- Ele só faria isso depois que eu insistisse muito – ele murmurou, segurando o sorriso para tentar manter a pose emburrada.
Não funcionou.
- É, eu sei que você é o idiota dessa dupla – ela soltou, o fazendo soltar um “Hey!” ofendido enquanto ela gargalhava – Não é verdade?
- Eu sou muito esperto, Srta. , não duvide de minhas capacidades – Bucky forjou uma voz que por algum motivo a lembrava do Coronel Torman, o que só a fez rir ainda mais.
- Eu nunca faria isso – a garota comentou em meio a risada, empurrando o homem, o fazendo cair de costas na cama recém feita, se inclinando sobre ele e o beijando profundamente.
- Se eu pedisse para você? – ele perguntou quebrando o beijo, a encarando de uma forma que ele nunca havia feito antes – Você ficaria longe de problemas por mim?
olhou no fundo daqueles olhos azuis e se perguntou o que ele queria dizer com aquilo.
- Você ficaria?
- Tentaria o máximo possível – respondeu sem pensar duas vezes, o que pegou de surpresa.
- Se esse máximo não for o suficiente, eu posso ir atrás de você e chutar seu traseiro? – questionou em um tom brincalhão enquanto dedilhava levemente a região do ombro esquerdo dele, incapaz de olha-lo nos olhos. Não sabia se tinha entendido bem o que ele quis dizer, mas se sim, não se sentia pronta para aquela conversa, por mais que adorasse o homem e sua companhia, aquilo era informação de mais, e ela sabia que para ele também, mesmo que ele estivesse colocando aquele assunto sobre a mesa.
- Você largaria tudo só para ir atrás de mim, Doll? – ele falou no mesmo tom, se apoiando no cotovelo direito, os levantando um pouco, e colocando alguns fios de cabelo que estavam sobre o rosto dela atrás da orelha.
- Para chutar seu traseiro? Sem pensar duas vezes – ela prontamente respondeu, incapaz de ficar muito tempo sem fitar aquelas orbes azuis sendo que estavam ali tão próximo.
Uma leve sequencia de batidas na porta do quarto os tirou daquela bolha particular deles naquela manhã, e como Bucky já havia se acostumado a fazer, rapidamente pegou suas roupas que estavam no chão e foi para o banheiro, deixando “sozinha” para atender quem quer que fosse.
- Bom dia, Coronel! – ele a ouviu dizer com seu habitual tom simpático. Na maioria das vezes era falso e ela deixava isso bem claro, mas algumas, como naquela manhã, era puramente verdadeiro. Ele sabia que ela estava realmente feliz, não tinha por quê usar a falsidade – Eu já estava indo para o escritório, só estava terminando de arrumar o espaço aqui e...
- Srta. , venho aqui para lhe trazer notícias de seus pais – o mais velho a interrompeu, e Bucky não podia ver a expressão de , mas pôde ouvir o silêncio dela e sabia que, muito provavelmente, ela havia até mesmo parado de respirar. Não tinha como aquilo ser boa notícia.
- Como assim? – ele a ouviu perguntar num fio de voz, a vontade de jogar pelos ares aquela idiotice de não deixar ninguém saber sobre eles e sair daquele banheiro minúsculo e ir abraça-la, pois qualquer um saberia dizer o que viria a seguir.
- Como você faz parte de nossas forças, monitoramos a volta deles para a Europa, para saber caso você quisesse saber. Sabíamos que eles estavam vivendo em um pequeno vilarejo na Inglaterra, próximo à fronteira com a Irlanda e também sabíamos que vocês não mantinham contato – o homem começou a explicar, dando tantos rodeios que começou a deixar Bucky ainda mais nervoso. Ele não conseguia nem imaginar o que estava sentindo – Mas achei que seria importante você saber que há duas madrugadas o vilarejo foi cenário de uma batalha com, infelizmente, muitas baixas civis – Barnes a ouviu sussurrar um “não” pesado, o que o fez apoiar a testa com força contra a porta e apertar a fechadura, pedindo que seu comandante saísse logo do quarto para que ele pudesse abraçar – Eu sinto muito, senhorita – Bucky ouviu somente o silêncio vindo do outro lado da porta por quase todo o minuto seguinte, e quando já estava virando a maçaneta, ouviu Torman tomar fôlego – Você pode tirar o dia para você hoje, garota, o Agente Edwin pode lidar com tudo por um dia – o soldado nunca tinha ouvido o coronel se referir a de forma tão humana, o “garota” pela primeira vez não foi dito de uma forma para inferiorizar ela, e sim para demostrar simpatia.
Após isso, o único som que foi ouvido no quarto foi da porta se fechando, então Bucky saiu de seu esconderijo e correu para envolver a mulher em seus braços, sentindo o aperto de aço em sua própria cintura, como se ela precisasse ter certeza de que ele ficaria ali e não iria a lugar algum.
- Chora, – ele sussurrou contra os cabelos dela, sentindo o pequeno corpo chacoalhar compulsivamente – Você pode chorar – continuou, tentando se lembrar das palavras que sua mãe havia dito quando ele era pequeno e perdeu sua avó – Você pode chorar até dormir, e quando acordar, ainda vou estar aqui com você. Eu sempre vou estar aqui por você.
Na verdade ele não tinha muita certeza se ela estava ouvindo o que ele estava falando, mas se lembrava de que na época em que ouviu essas palavras, também não estava dando atenção a elas, mas depois percebeu o peso que elas tinham, e valorizava muito as pessoas capazes de cumprirem isso.

(...)


saiu decidida de seu quarto, com o pensamento focado em uma coisa: Salvar Bucky.
Ela podia não ser a responsável pelo plano que o jogou de bandeja nas garras do inimigo, mas ter se permitido ficar tanto tempo sem fazer nada para tira-lo de lá foi culpa dela. Ela se deixou ser calada pela pressão de Torman, e não deixaria isso acontecer novamente.
Ela teria ajuda e não aceitaria não como resposta.

Flashback

- Como assim, afastada do meu cargo? O que você quer dizer com isso? – perguntou irritada, tentando entender o movimento alheio em seu escritório, onde dois soldados estavam empurrando suas coisas para um canto e colocando as coisas do Agente Edwin no lugar.
- Você está instável, garota, e isso é a guerra, não uma vingança pessoal, boba – Torman falou autoritário, sorrindo por dentro ao finalmente encontrar um bom motivo para tirar o nome de uma mulher da sua lista de motivos de vitórias. Mesmo que seu motivo não fosse verídico, e sim uma desculpa usada num momento propício.
- Instável? Do que você está falando? Smith, larga isso! – disse tudo de uma vez, correndo até o soldado e dando um tapa na mão dele, para que ele não ficasse mexendo em seu mapa local.
- Você acabou de perder sua única família, não está focada no que importa, isso não é bom para os negócios – o coronel disse em tom seco. Ríspido. Fazendo Bucky, que assistia a cena junto a metade do batalhão, ter vontade de lhe dar uma boa surra por falar daquele jeito com alguém que havia acabado de sofrer uma perda tão grande.
- Isso só me faz querer completar minha missão com mais eficiência, senhor – respondeu firme, com o maxilar travado e uma expressão nula, como se aquilo não a tivesse afetado como realmente afetou. O desprezo na forma de tratamento foi só uma pequena forma de demonstrar o quanto estava infeliz com aquilo.
- Tocante – o homem falou num tom debochado, e isso foi o suficiente para fazer o sangue da mulher ferver. Antes que cometesse alguma inflação muito grave, Bucky resolveu agir, se colocando na frente dela, sem a tocar, mas lançando um olhar que dizia “Pelo amor de Deus, se controla!” – Sargento, escolte a dama até seus aposentos – Torman continuou, a expressão neutra, mas ela podia jurar que enxergava um brilho de satisfação no olhar opaco dele.
- Coronel...
- Você ficará responsável por incursões menores, não se preocupe, não gosto de pesos mortos ao meu redor – a interrompeu, então acenou para que Barnes a tirasse de lá, e foi isso que ele fez.
Assim que chegaram ao quarto, começou a gritar. Sua frustração era grande de mais, ela já não aguentava mais segurar aquilo, então gritou, e quando isso pareceu não ajudar em nada, começou a tacar tudo o que via pela frente na parede.
Bucky ficou parado, à frente da porta, assistindo a cena em silêncio, também revoltado com a decisão do coronel, mas não encontrando solução nas ações da mulher.
- , para – ele pediu, tentando se aproximar dela, mas o máximo que recebeu como resposta foi um batom que quase acertou seu olho – , por favor – pediu segurando os ombros dela, mas ela se debatia, tentando fugir do toque dele, o olhar desfocado, como se não o enxergasse ali, mesmo que ele estivesse em sua frente – , para! – a chacoalhou com um pouco de força, o que a fez parar e encara-lo, o fazendo se questionar se não havia exagerado no chacoalhão. Mas então uma lágrima escapou dos olhos dela, seguida por várias outras, fazendo o coração do rapaz ceder a gravidade e cair aos seus pés. Vê-la chorando era algo que ele nunca se acostumaria. Não parecia certo. Não deveria acontecer – Vem cá – a puxou para si, deixando que ela afundasse o rosto contra seu peitoral e chorasse tudo o que tinha para chorar.
- Eu não posso perder o que me fez perder meus pais – ela comentou depois de alguns minutos em silêncio, e Bucky a apertou ainda mais contra si – Ele usar a morte deles como pretexto para me afastar é...
- Sujo – o rapaz propôs quando ela começou a balbuciar a procura da palavra correta – Idiota. Ele é idiota.
- E agora eu não sei o que vai acontecer quando você sair da base, porque o Edwin vai planejar tudo e o Brown... Ele só aceita o que a gente propõe...
- É, o Dan é meio pau mandado mesmo, como ele conseguiu chegar à Capitão é uma grande pergunta – Barnes soltou num tom mais leve, tentando aliviar a tensão. Plano que levemente funcionou, já que se afastou somente o suficiente para olha-lo com o cenho levemente franzido.
- Não foi isso que eu quis dizer, Brown é um dos melhores homens que conheço.
Bucky levantou uma sobrancelha e deu um pequeno e afetado sorrisinho de lado.
- Está defendendo o amiguinho?
Ela revirou os olhos e negou com a cabeça, um pequeno, quase inexistente, sorriso brincando nos cantos de seus lábios profundamente vermelhos. Então esse pequeno momento de calma se desmanchou como gelo no deserto, e a tempestade no olhar dela se focou no azul cristalino do soldado.
- Já perdi meus pais, não posso perder você – ela sussurrou, tão baixo que se o rapaz não estivesse a menos de um palmo de distância dela, muito provavelmente ele não a ouviria. Então ela percebeu que realmente havia dito aquilo em voz alta quando percebeu a expressão dele se tornar em algo entre o surpreso e o assustado, o que a fez recuar um passo sem nenhuma restrição, já que Bucky tinha a sensação de que seu corpo todo havia se transformado em geleia e ele não tinha controle algum sobre seus braços para prende-la ali – E agora estou me sentindo bem idiota por estar pensando nesse tipo de coisa – disse um pouco nervosa consigo mesma. Que loucura era aquela?
- Não confia em mim, Doll? – Bucky perguntou, vestindo o sorrisinho de lado e forjando uma postura corajosa, quando na verdade tudo o que ele queria perguntar era o que ela queria dizer com aquilo.
- Eu não confio neles – murmurou depois de alguns instantes em silêncio – Eu sei muito bem o que fazemos quando capturamos um deles, eu não quero isso para você... Nem nenhum dos outros.
Barnes sabia o que ela estava falando e sabia também que a agência de inteligência nazista estava dando mais trabalho do que deveria. Se quando eles pegavam algum inimigo como prisioneiro já era o suficiente para tirar o apetite, o que um bando de cientistas nazistas seriam capazes?
- Hey, – ele sussurrou, colocando um fim no espaço entre eles e a envolvendo pela cintura novamente – Eu não vou deixar eles me pegarem – falou a olhando nos olhos, então a puxou para um beijo profundo, numa promessa silenciosa de que voltaria para ela.

Mas não voltou.
E se culpava por ter se deixado ser afastada de seu trabalho. Podia muito bem ser só coisa de sua cabeça, e os “e se” que a circulavam desde o dia em que ele saiu daquela base e não voltou mais. Então ela foi atrás de seu coronel, propondo vários planos de resgate para a tropa, mas resposta era sempre a mesma, e aos poucos, o homem começou a perceber que ela estava emocionalmente envolvida com o caso, o que foi o suficiente para negar com veemência cada um de seus pedidos de fazer parte do trabalho, e isso só a fazia o culpar ainda mais por tudo. Até que praticamente todo o batalhão foi perdido em incursões falhas de resgate, e Torman foi obrigado e pedir ajuda. Não dela, claro.
Alguns chamam de coincidência, outros de destino, , por sua vez, só agradeceu ao fato de Peggy Carter ainda estar trabalhando com Coronel Phillips – o apoio tático de Torman –, e Steve Rogers estacionar com sua tour bem naquela base quando ela estava prestes a abrir a Caixa de Pandora.
- Peggy...? – perguntou entrando no backstage, sentindo o clima tenso entre as duas pessoas ali, mas não se atendo a isso já que um par de olhos azuis em específico capturaram completamente sua atenção – Steve... Eu preciso da sua ajuda.
- Você... O que? – Carter perguntou, completamente confusa com as ações da amiga. Será possível que ela também era do tipo que sonhava em ter sete minutos de alegria ao lado do Capitão América? Essa suspeita foi para a lixeira assim que veio ao ar, não era assim, isso deveria ter algo relacionado a...
- Sua plateia – a agente começou, fingindo não ter ouvido a pergunta da outra mulher – Eles são... Eram, o que sobrou do 107° Batalhão – instantaneamente o loiro se levantou, variando seu olhar entre as duas mulheres.
- Você não tinha me dito isso.
- Fui interrompida – Peggy falou com obviedade, apontando para , que continuava a manter o olhar em Steve, esperando que seu plano desse certo. Ela só esperava que Bucky fosse tão importante para Steve quanto Steve era importante para Bucky.
- Cadê o... – isso prontamente respondia os desejos de , o que era praticamente metade do plano concluído. O olhar dela também respondia a questão dele, já que instantaneamente os olhos do homem se arregalaram e ele avançou alguns passos, quase como se quisesse ir para algum lugar urgentemente, só não soubesse onde – Onde?
- Azzano – Peggy disse prontamente, começando a entender o alvoroço entre os dois – Há quarenta e oito quilômetros das frentes, a área mais guardada da Europa.
- Missão de resgate?
- Phillips não quer arriscar mais homens, ele diz ser um milagre recuperar o número que recuperamos – falou com rancor. Ela realmente achava que Phillips era melhor que Torman, mas a troca de Coronel não foi de grande diferença para ela. Ao menos ela havia recuperando seu cargo – Oficialmente não estou aqui, Rogers, mas eu preciso de sua ajuda. Bucky precisa de você.
Naquele momento compreensão recaiu sobre o espaço que os três ocupavam, e se sentiu exposta ao receber aqueles olhares sobre si daquela maneira, mas não tinha tempo para pensar sobre aquilo. Não ali.
- Qual seu nome, senhorita? – o loiro perguntou, estendendo a mão e recebendo um aperto firme de volta.
- – ela respondeu, aliviada ao reconhecer o brilho de determinação nos olhos do rapaz – É um grande prazer conhecê-lo, Bucky fala muito sobre você.
- Não se preocupe, irei buscar ele – Rogers afirmou, mais para si mesmo do que para a mulher a sua frente, mas isso não ficou tão claro quanto ele imaginava.
- O que? – Carter interveio, literalmente se colocando entre e Steve, encarando o homem com uma cólera que com certeza o faria recuar se ele estivesse um pouco mais calmo – Você não pode simplesmente sair assim, sozinho, sem reforços, sem um plano.
- Na verdade – se fez ouvir – Eu tenho um plano sim.
- E seu plano envolve vocês dois irem andando até a Áustria? Vão entrar lá pela porta da frente?
- Aquilo que me disse antes – Steve disse antes que pudesse abrir a boca – Sobre eu ser destinado a fazer mais. Você realmente acredita nisso?
A troca de olhares entre os dois era algo próximo ao sufocante, e gostaria de voltar ao seu velho humor e perguntar se eles se beijaram ou só ficariam se encarando, mas sua mente estava focada a cerca de 50km dali e tudo o que ela queria era que Peggy parasse de atrasa-los.
- Em cada palavra – ela assegurou.
- Então precisa me deixar fazer isso.
Carter analisou cada detalhe no rosto do rapaz antes de voltar seu olhar para sua amiga, e antes que desse por si, ela estava sorrindo. Ela conhecia aquele olhar de Peggy.
- Posso fazer melhor que isso – a inglesa respondeu convicta, e ali, percebeu que as coisas poderiam voltar a dar certo.

(...)


já não cabia mais dentro de si. Perder Bucky já era mais que o suficiente, ela também tinha que expor Steve a isso? Por mais que Peggy ficasse repetindo – aparentemente mas para si própria, como forma de se convencer – que ele faria isso independente da intromissão dela ou não, assim que descobrisse que o amigo ainda poderia estar vivo em uma base inimiga, ela se culpava pelo fato do rapaz não ter pedido ajuda para voltar, como era combinado. Também por ter a aceito, assim que o avião começou a ser alvejado, de bom grado a ideia de deixa-lo entrar sozinho em uma base que ela conhecia somente quarenta por cento da planta e não poderia lhe passar informações exatas.
O Coronel Phillips, por sua vez, culpava a duas por aquilo.
- ... Devo declarar que o Capitão Rogers foi morto em ação. Ponto final – e Carter ouviram Phillips ditar para o escrivão assim que entraram na tenda do Coronel, e naquela momento se sentiu ainda pior do que antes.
Peggy, ao seu lado, pigarreou e vestiu sua melhor máscara de indiferença, se mantendo ereta e profissional, assim como a americana tentou.
- O último vôo de inspeção voltou – disse entregando os papéis para o coronel – Nenhum sinal de atividade – reportou, e sentiu em si o nó na garganta dela.
Phillips nem fingiu interesse nas imagens em suas mãos, focando seu olhar nas mulheres a sua frente, nem tentando disfarçar a expressão de desgosto.
- Me traga um café, cabo – murmurou para o soldado que estava datilografando, que prontamente saiu do local, nem um pouco confortável com a maneira que sabia que as damas seriam tratadas ali – Não posso punir o Stark, ele é rico, e o principal fornecedor de armas do exército. Vocês não são nenhum dos dois!
- Talvez então possa nos dar um desconto, considerando que como não somos ricas, precisamos do salário – se ouviu dizer, mordendo a língua e se julgando pela resposta, principalmente após o jeito que o homem a encarou.
- Sou obrigado a ouvir as palhaçadas do Stark pelo mesmo motivo que não posso puni-lo, Agente , pedi sua transferência para minha divisão pelo seu raciocínio lógico em planejamento, não em retrucos.
- Com todo respeito, Senhor, não me arrependo, e acho que o Capitão também não se arrependeu – Carter falou de maneira polida, recebendo um olhar atravessado do coronel.
- Por que acha que sua opinião me interessa? Me arrisquei com você, Agente Carter, e agora, o rapaz de ouro da América e tantos outros estão mortos, porque você se apaixonou!
Peggy se empertigou, como se as palavras do homem a tivesse chicoteado em suas costas.
- Não foi nada disso. Eu tive fé – ela afirmou, de maneira pouco convincente.
- Espero que isso a console quando fecharem essa divisão – Phillips comentou irônico, franzindo o cenho ao ouvir uma grande comoção do lado de fora – Mas o que está acontecendo?
O coração de errou uma ou duas batidas ao ver, na frente de todo o batalhão, e alguns soldados a mais, além de tanques estranhos mas visivelmente poderosos, Bucky, caminhando com uma expressão cansada mas aliviada ao lado de Steve, os dois amigos trocando um leve sorriso quando os soldados que ainda estavam na base começaram a abrir caminho para eles passarem enquanto todos batiam palmas, como se fossem grandes celebridades de cinema.
Bom, Steve era.
só aguentou o suficiente para eles alcançarem meio caminho da entrada da base até a tenda do Coronel Phillips para sair correndo, os olhos fixos em Bucky o tempo todo, nem sentindo os próprios pés tocarem o chão pelo caminho, e quando estava a uns dois metros de distância, o soldado a viu, e tentou não pensar muito na sombra nos olhos azuis opacos dele, e focar em chegar perto o suficiente para ter certeza de que ele não era uma miragem, um produto de sua imaginação.
Antes que ele pudesse completar o passo que pretendia dar assim que a avistou no meio do mar de gente que se formou ao redor dele e de todos os outros que foram resgatados por Steve, se jogou contra ele, o fazendo recuar ao invés de avançar. Mas tudo bem, ela estava ali com ele, o apertando contra si, o fazendo soltar um baixo mas audível murmuro de dor. Quando a mulher ouviu isso, se afastou somente o suficiente para parar de aperta-lo, então o beijou. O beijo da despedida, que ela não deu por estar dormindo pesadamente na madrugada que ele saiu. O beijo que não deu em todo aquele tempo que ele ficou fora. O beijo de boas-vindas. O beijo para agradece-lo por ainda estar vivo.
Tudo isso em um só.
- Achei que não queria que descobrissem sobre nós – foram as primeiras palavras que saíram da boca do rapaz assim que seus lábios se separaram, e sentiu o sorriso se formar e crescer em seu rosto ao ver o sorriso de lado brincando nos lábios dele. E por mais que aquela sombra nos olhos dele fizessem o coração dela se desmanchar como gelo no deserto, ver aquele sorriso ali, tão próximo dela novamente, a fez quase achar que toda aquela angústia e sofrimento fora fruto de sua imaginação e na realidade eles nunca haviam se afastado.
- Acho que não me importo mais com isso – ela murmurou, o puxando para mais um beijo, em nenhum momento ouvindo os gritos animados e as palmas que grande parte dos soldados ao redor davam ao assistir a cena.
- Você está atrasado – ouviu Carter falar, tão perto de Steve que se um deles respirassem mais fundo seus peitorais roçariam.
- Não tinha como te chamar – o loiro respondeu num tom brincalhão, mostrando que o comunicador que a agente havia dado para ele estava quase completamente destruído.
Barnes assistiu a cena com ainda em seus braços. Um pouco sem entender desde quando seu amigo sabia falar com mulheres – aquilo era um flerte, certo? – sem gaguejar, nem se metamorfosear em um tomate. Também chocado pelo fato de Steve estar daquele tamanho, certo e confiante de suas ações, recebendo atenção de todos na base. Desde quando aquilo era possível? Ele quem cuidava de Steve e o tirava de encrencas, não o contrário. Aquilo significava que Steve não precisava mais dele?
- Fé, Han... – Coronel Phillips murmurou para Peggy, tirando Bucky de seus devaneios.
A agente só deu um pequeno, quase inexistente, sorriso de resposta, olhando de soslaio para a amiga, que ainda vestia seu sorriso maior que seu rosto, e Bucky pode assistir o pequeno acordo feito entre elas. Ele só não sabia acordo de quê.

(...)


- Então – Steve disse, mais parecido com o Steve que Bucky conhecia, quase inseguro de si, olhando para sua cerveja ao invés do amigo – Você vai seguir o famoso Capitão América por aí e ajudá-lo a encontrar suas gloriosas batalhas, Sargento Barnes?
Bucky não estava muito a fim de voltar para o campo de batalha, ele, literalmente, havia acabado de voltar. Mas por outro lado, também não era muito fã daquela história de Capitão América e odiava a ideia de deixar Steve sair por aí sem ter alguém de confiança na retaguarda. Ele não podia nem queria deixar Steve sozinho em uma situação como aquela. Nunca deixou e nunca deixaria.
- Não – respondeu firme, também encarando a própria cerveja, então voltou seu olhar para o loiro ao seu lado, que o encarava num misto de surpresa e decepção – Aquele garoto magrelo que nunca sabia a hora de parar e que eu sempre tinha que livrar o traseiro, ele que eu vou seguir.
Steve abriu o sorriso que sempre abria quando ele e Bucky concordavam em alguma idiotice muito idiota e eles sabiam que com toda certeza não acabaria bem, mas eles estariam juntos e era aquilo que importava.
Antes que qualquer um dos dois pudessem falar mais alguma coisa, a cantoria no bar cessou e um silêncio quase absoluto tomou conta do lugar, então Steve e Bucky se levantaram para ir ver o que estava acontecendo, mas ambos ficaram paralisados ao encontrarem os motivos do silêncio repentino. Que caminhavam diretamente na direção deles.
- Capitão – cumprimentou Rogers primeiro com um aceno de cabeça.
A pequena curva que brincava em seus lábios extremamente vermelhos fazendo a boca de Barnes salivar, ainda mais se completasse a visão com o vestido verde esmeralda que parecia ter sido costurado no corpo dela, tamanha a perfeição que suas curvas eram destacadas sob o tecido. Mas assim como Bucky quase não percebeu a presença de Peggy ali, Steve também estava um pouco ausente da presença de , então Barnes não achou que seria falta de educação puxar a garota a sua frente pela cintura, fazendo seus corpos colarem, sentindo o peso que ele nem sabia estar carregando sair de seus ombros, assim como no momento em que entrou na base e ela veio ao seu encontro.
- Agente – murmurou contra os lábios dela, sentindo ela passar os braços por seus ombros.
- Sargento Barnes – ela murmurou de volta, extremamente focada nos olhos dele, se questionando se aquela sombra sumiria de onde antes tudo o que tinha era pura luz.
- Algo errado? – ele sussurrou, tentando se lembrar se deu tempo de fazer alguma coisa errada nas últimas horas para deixar a mulher brava.
- Eu senti sua falta – ela respondeu no mesmo tom, dedilhando a linha do maxilar dele levemente, sorrindo ao vê-lo sorrir.
- É, eu também – e por um breve momento, o brilho de antes retornou, e acreditou que tudo poderia dar certo.

(...)


Fazer parte do Comando Selvagem era uma loucura. Não só pelas missões deles, que eram muito mais ousadas do que das outras divisões dos Aliados, mas também porque, aparentemente, o único com um pouco de bom senso ali nas horas vagas era Steve.
Assim como Bucky brincava logo que ele e se conheceram, ela e Rogers se derem muito bem. E, embora muitas vezes o loiro não soubesse o que responder quando a mulher se deixava ser mais livre perto dele e acabava fazendo algo que Bucky chamava de “Sexy demais para fazer perto do Steve”, eles se davam muito bem e brincava com todos que havia adotado Steve como seu irmão. Bucky adorava ver os dois juntos e se sentia mais seguro tendo os dois por perto, sabendo que se os três estivessem juntos nada poderia para-los. Muitas vezes, quando eles voltavam de alguma missão contra a Hydra e saiam todos juntos, ele quase sentia como se a vida no exército fosse um pequeno detalhe, e o que realmente importava já estava ali ao lado dele, e isso o assustava.
- Quando você vai dizer? – Steve perguntou num tom genuíno, chamando a atenção de Bucky que olhava para que estava do outro lado do bar, ao lado de Peggy.
- Oi? – soltou confuso, se perguntando se o amigo estava se referindo a alguma história que estava sendo narrada e ele não estava prestando atenção. ficava muito perfeita naquele vestido preto.
- Quando você vai falar para ela que a ama? – Rogers reformulou a questão, franzindo o cenho ao receber um olhar quase culpado do amigo. Ele esperava algo mais como assustado, mas culpado?
Os dois homens ficaram em silêncio por quase um minuto. Steve encarando Bucky, Bucky observando sem que ela tivesse consciência disso, então Barnes tomou fôlego e voltou sua atenção para o homem ao seu lado, sabendo que mesmo que Steve não tivesse as respostas para suas perguntas, pelo menos ele teria falado sobre aquilo com alguém e seria um pequeno alívio em sua consciência.
- Steve, você acha que ela me ama?
Rogers encarou o amigo como se uma segunda cabeça estivesse saindo de seu pescoço. Ele conheceu em um momento em que ela estava planejando uma missão de resgate completamente direcionada a Bucky, sem contar que ouvira muitas histórias sobre a mulher em questão, mas o que via ali era diferente, era óbvio os sentimentos dela por Bucky.
- Você vai mesmo me fazer gastar saliva para responder isso? – perguntou brincalhão, mas deixou seu semblante fechar um pouco ao ver a expressão compenetrada do amigo – Hey, o que é?
Barnes se sentiu idiota por ter começado com aquilo, mas já não tinha mais volta, Steve não o deixaria em paz. Então lutando um pouco para encontrar as palavras, ele começou.
- E se isso for algo só daqui? Da guerra? Quer dizer, e se quando tudo acabar e eu perceber que posso não morrer a cada instante que passa, não querer mais isso? Ou... E se eu estiver procurando por uma coisa que não posso ter? Quer dizer... Ela é praticamente eu e nunca deu nenhum sinal de que isso vai ser real fora de toda essa situação, então... E se eu estiver imaginando coisas e...
- Bucky, cala a boca! – Steve disse segurando um ombro do amigo, entendendo perfeitamente a insegurança dele, achando graça por Bucky Barnes estar passando por uma situação daquela – Só o fato de você estar pensando nessas coisas já diz muito. Vocês já conversaram sobre isso?
Barnes revirou os olhos e tomou um gole de sua cerveja.
- Você já convidou a Peggy para dançar? – quando o loiro ficou extremamente vermelho, Bucky deu duas palmadinhas no ombro dele – O dia que isso acontecer, eu falo para a .
- Fala o que? – a voz da mulher se fez presente, fazendo os dois homens darem um pulinho de susto, causando risadinhas pouco discretas das duas agentes – Estavam fazendo algo errado, senhores?
- Não, nós só estávamos, é... Aqui, hum, falando que...
- Oh céus, Steve, não se machuque – brincou, mas realmente interessada no assunto já que até Bucky parecia meio sem graça. Nada o deixava daquele jeito – Está tudo bem? – perguntou para ele, recebendo um suspiro em meio a um aceno de cabeça.
- Vocês parecem culpados de algo – Carter acusou, analisando a postura dos homens ficarem ainda mais rígidas, até que Barnes se cansou de agir como Steve e chacoalhou a cabeça, sorrindo para e lhe estendendo a mão.
- Me daria a honra?
Com um olhar meio desconfiado passando pelos dois, decidiu que se Bucky quisesse lhe contar algo, ele contaria, então só aceitou a mão estendida e foram juntos para o meio dos outros casais, e ela perdeu o olhar sugestivo que ele lançou para Steve, que soltou um suspiro frustrado após olhar para Peggy por meio minuto e não conseguir falar nada.
Talvez Bucky tivesse jogado uma responsabilidade grande demais sobre os ombros de Steve.

(...)


- Eu poderia ir junto.
- Você nunca participou de uma missão de campo, Agente.
- Mas tenho treinamento para isso, sei o que devo fazer, sem contar que posso ser de grande utilidade e nem vou entrar no trem.
- A resposta é não – Phillips decretou, já se sentindo entediado – Tudo bem, algum acréscimo construtivo? Se for para discordar de mim, sugiro que feche a boca, .
revirou os olhos, mas permaneceu de boca fechada, recebendo um olhar amigável de Steve. Bom, pelo menos ele parecia concordar com ela.
- Tudo bem, se está tudo okay, vamos colocar essas bundas moles em movimento e pegar aquele nanico do Zola – assim o Coronel encerrou a reunião, todos começaram a se preparar, o plano era interceptar o trem na tarde seguinte, então eles sairiam dali naquela noite.
- Quem sabe na próxima? – Rogers disse num tom consolador, empurrando de leve o ombro da amiga com o próprio.
- É, quem sabe – disse tristonha. Aquela missão era relativamente tranquila, e ela estava louca para ir para o campo, aquela poderia ser a oportunidade perfeita.
- O 107° está precisando de uma reavaliação para uma incursão, quer me ajudar? – Carter ofereceu um passatempo para a amiga, que prontamente concordou.
- Queria ser uma formiguinha para ver a cara do Torman quando ver minha assinatura no relatório.
- Sem espírito de vingança, Doll, faz mal para a pele – Bucky brincou passando um braço pelos ombros da mulher e outro pelos ombros de Steve.
- Vocês não tem que ir se prepararem? – Carter perguntou cruzando os braços.
- Sim, mas antes – Barnes tirou o braço que estava ao redor de Steve e o usou para puxar mais para si – Preciso me certificar que alguém ficará com muita saudade enquanto estou longe – comentou ainda olhando a inglesa, então se voltou para a mulher a sua frente e lhe deu um beijo de tirar o fôlego, o que fez Rogers corar e pigarrear que estava indo se preparar para a missão. Carter respirou profundamente com um leve sorriso nos lábios e seguiu a direção oposta, fazendo o casal ficar sozinho na sala antes lotada.
- Ela deveria tomar uma atitude, Steve não vai fazer isso, sabemos disso – Bucky murmurou contra os lábios de , a fazendo abrir o olhos e sorrir.
- Ela tem receio de assustar o pobre coitado e constrange-lo – respondeu brincalhona – Deixa eles, uma hora isso desempaca.
Bucky deixou o sorriso se alargar em seu rosto ao imaginar Carter beijando Steve e seu pobre amigo ficando completamente sem reação. Mas então os olhos a sua frente prenderam sua atenção e ele sentiu aquele comichão no estômago que vinha sentindo toda vez que o olhava daquele jeito, com aquele sorrisinho brincando nos lábios, e antes que ele pudesse entender o que estava prestes a fazer, sua boca se abriu.
- ...
- Bucky ... – começou a falar junto com ele, provocando risos bobos dos dois lados, porque, de certa forma, eles sabiam o que estava por vir, mas sendo tão parecidos, reconheciam a dificuldade que aquilo poderia apresentar.
- Primeiro as damas – Barnes abriu o caminho, sabendo que aquele não era o momento ideal para aquilo, e que essa conversa poderia esperar, mas uma coisa dentro de si queira tanto ouvir aquelas palavras que sem ele perceber, estava prendendo a respiração.
abriu e fechou a boca umas cinco vezes antes de conseguir organizar as palavras em ordem correta em sua mente, mas quando elas saíram, ficaram completamente diferentes.
- Eu... Estava pensando se a gente poderia sair para jantar quando você voltar... Só nós dois... Como antes? – ela queria se bater, mas deixaria para fazer aquilo depois, quando estivesse sozinha.
- Claro – ele disse enquanto soltava a respiração, se sentindo levemente decepcionado mas entendendo perfeitamente que era a última pessoa capaz de julgar aquele ato – Podemos dançar um pouco também – sugeriu, pela primeira vez querendo que aquele convite tivesse tanto significado quando tinha para seu melhor amigo.
- Vou comprar um vestido, o que acha? – questionou, querendo que a sugestão dele tivesse algo relacionado com a filosofia de vida de Rogers.
Se ao menos um soubesse o que se passava na cabeça do outro.
Naquela tarde todos se despediram, já que todos tinham trabalho a fazer e não podiam mais adiar aquilo. Carter e passaram toda a noite e o início da madrugada analisando relatórios sobre a Hydra que o Comando Selvagem havia recolhido, repassando os dados principais para Phillips.
Na manhã seguinte, foi até a oficina de Stark para avaliar quais dos protótipos que ele estava desenvolvendo seria útil durante as missões de sua divisão, e acabou por separar um rifle que, segundo Howard, havia sido desenhado especificamente para o Sargento Barnes. O engenheiro convidou a mulher para almoçarem juntos e, por mais que não passassem muito tempo juntos, ambos tinham senso de humor muito parecidos e isso fazia com que se dessem muito bem.
Após seu período de pausa, voltou para seu posto já prevendo a bronca que levaria de Phillips, sabendo que sua inspeção durou muito mais do que deveria, afinal ela havia ido até a oficina perto das dez, e o sol já estava quase se escondendo quando ela avistou Jim Morita próximo à tenda de Phillips.
Ela parou por meio segundo antes de entender aquilo, então se cérebro processou a informação e, caminhando com um sorriso no rosto e uma piada pronta sobre não ter dado tempo de sentir saudade, continuou seu caminho até seu escritório, onde sabia que Bucky sempre a esperava após o retorno. Mas ele não estava lá. Então ela resolveu ir até seu quarto, mas cômodo também estava vazio.
Com o cenho franzido e já não achando mais graça na brincadeira do idiota que ela afetuosamente chamava de namorado, fez seu caminho de volta para a tenda do Coronel, talvez naquele dia Steve tivesse o convencido a fazer o relatório antes. Mas quando estava a alguns passos de seu destino, viu uma forma grande, alta e de cabelos loiros saindo de lá com ombros caídos e um olhar desfocado e avermelhado.
No mesmo instante seus pés travaram, e ela pode sentir o barro ao seu redor engolindo seus coturnos. Ela conhecia aquele olhar. Era algo muito comum ao seu redor, mas nunca algo a se acostumar. Ela havia visto Jim Morita, mas não havia prestado atenção em seus traços para chegar a alguma conclusão, porém Bucky não estava em seu escritório, nem em seu quarto, e Steve não chorava por nada, muito menos fazia aquela cara de dor ou tinha aquele brilho de culpa quando focava seus olhos nos dela.
Assim que ela entendeu aquele olhar, cada fibra de seu corpo entrou em estado de negação, e a única coisa que ela conseguia fazer era negar com a cabeça. Não, Bucky não tinha partido. Não daquele jeito. Ele só havia saído em missão com Steve, nada de ruim acontecia com eles quando estavam juntos, eles sempre se protegiam. Bucky nunca deixaria nada acontecer a Steve, e Steve nunca deixaria nada acontecer a Bucky.
Mas então os braços fortes de Steve envolveram , e ela começou a soluçar, sabendo que não adiantaria ficar fazendo que não com a cabeça. Bucky não voltaria.
- Eu não consegui pegá-lo... Eu tentei mas... Eu não consegui – Rogers murmurava contra o ouvido da garota, mas ela não conseguia entender o que ele dizia, só sabia que tinha que abraçar o homem de volta, porque naquele momento, um entendia perfeitamente o que o outro estava sentindo.
Bucky não estava mais ali com eles.
Então a conversa da tarde anterior voltou como uma sessão de socos contra a memória de . Ela tinha tido a oportunidade de falar que o amava, ela poderia ter dito o quanto ele era importante para ela, o quanto ele era especial e decisivo em sua vida. Ela poderia ter dito tudo aquilo, mas não fez.
Ela deveria ter dito alguma coisa.


FIM



Nota da autora: SE FOR PRA VOCÊS CULPAREM ALGUME POR ISSO, CULPEM A MARVEL COMICS POR TER FEITO A PALHA ASSADA DE JOGAR MEU MENINO DE UM TREM, DEPOIS CULPEM O MCU POR TEREM REPRODUZIDO ISSO EM UMA TELA GIGANTE E COM O SEBASTIAN STAN, ENTÃO O JUSTIN TIMBERLAKE POR ESSA MÚSICA QUE É PURA DOR, SOFRIMENTO E DEVASTIDÃO, e só então me xinguem, porque meu cérebro é masoquista mesmo e eu já desisti de tentar me defender, é isto.
Se vocês estiverem se perguntando: “CARALHO, MAS TU VAI ACABAR ESSA POHA ASSIM MESMO?!?!” aqui vai o que eu acho que pode ter acontecido depois:
A pp sofre um pouco mais com a “morte” do Steve, porque eles eram bem ligados;
Junto com a Peggy e o Howard, ela também fez parte da fundação da S.H.I.E.L.D.;
Após alguns anos ela se casa com o Dan (o Capitão do 107°);
Ela conserva sua amizade com Stark e Carter pela resto da vida;
Morre de morte natural após uma vida saudável e sem nunca esquecer de seu primeiro e único verdadeiro amor (awn);
Pode ser que ela tenha tido filhos (dois, no máximo... Um casal) e eles trabalharam na S.H.I.E.L.D até a queda, depois disso foram para a CIA.
É viagem que você quer, @?
Mas enfim, é isso gente, perdão pelas possíveis lágrimas e obrigado pela leitura e pelo comentário.
Xxx.

Outras Fanfics:
Six Years - Atores: Sebastian Stan/Andamento
The Red Line Of The Destiny - Atores: Tom Hiddleston/Andamento.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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