Última atualização: 03/03/2020

Uno

Estava com tudo pronto sua viagem. estava verificando a casa temporária que iria ficar, era pequena e aconchegante pela foto e como já era maior de idade perante os dois continentes; Sua ansiedade estava mais atacada do que nos outros dias, mais do que no dia de seu Trabalho de Conclusão de Curso. Com tudo arrumado e suas blusas de rock dentro da pequena mochila vinho, tudo para apenas um ano na Itália. Ela e sua família foram para o aeroporto de São Paulo.
Andava de um lado para o outro na sala de espera, olhando seu celular de cinco em cinco minutos. Quando seu voo foi anunciado por uma das mulheres que trabalhava no aeroporto, se encaminhou para o portão nove de embarque e se despediu de seus pais.

— Vai com Deus, filha – sua mãe a benzeu. – Tome cuidado por lá viu, e me envia uma mensagem quando chegar.
— Pode deixar – a abraçou com os olhos marejados.
— Qualquer coisa você liga para a gente – seu pai começou a falar. – Esse é seu cartão reserva, se precisar de algo, está bem? – a menina concordou com a cabeça. – Nosso banco também atende no exterior não esqueça.
— Não me esquecerei, pai, muito obrigada. Eu vou sentir muitas saudades de vocês, mas prometo trazer muita coisa de Milão.
— Nós também, minha pequena, até daqui um ano.
— Até.

A senhora deu um beijo no topo da testa de sua filha e o homem acompanhou o gesto. seguiu feliz, nervosa e ansiosa. Sentou em sua cadeira ao lado da janela e colocou seus fones de ouvido; A viagem toda foi acompanhada de filmes, livro e músicas.
Milão estava tão linda de cima, que até tirou a atenção de do seu livro. As luzes dos prédios a deixaram admirada, não via a hora de passear por cada pedacinho de Milão.
Já com o cartão carimbado para intercâmbio de um ano, ela seguiu rumo ao seu pequeno lar temporário; Uma conversa breve com sua mãe no celular e logo foi ajeitar sua casa. Ficou em sua casa com a sua colega de quarto, apenas apreciando e descansando depois do voo cansativo.

O ar da liberdade era inexplicável, ela fazia as compras sozinha, comprava mais guloseimas do que alimento natural, trabalhava e ainda passava semanalmente na central da sua escola de italiano, a mesma que forneceu o intercâmbio.
Seria um ano longo para ela, tudo com a sua primeira vez. sempre foi uma garota caseira, que gostava de sair com suas amigas e ir em lugares mais calmos e tranquilos. As noites mesmo eram regadas pelos shows de rock, tanto das bandas locais quanto as mais famosas e isso não passou a ser diferente para ela em Milão.
Na verdade, tudo estava mais difícil naquele período, ela nunca teve que precisar em pagar contas, fazer despesa e separar dinheiro para supérfluos, tudo sozinha, nunca imaginou o quão complicado era, já que no Brasil, seus pais trabalhavam e ajudavam a pagar as contas.
Nesse tempo, passou a trabalhar em uma livraria local, era pequena, aconchegante, com grandes poltronas para poder ler e com uma cafeteria quase que no centro dela, não era muito puxado. Trabalhava de dia e tarde e de noite estava livre para ver suas séries e ir aos barzinhos de rock com sua amiga gaúcha.



Uns meses depois daquela correria toda e já se sentindo mais tranquila, ela e sua amiga decidiram ir em um pequeno show que teria em Milão. Aquela noite, não tinha planos para séries e filmes, pretendia ir ao show de uma banda, não tão famosa, em um bar local.
Com seu moletom surrado, e sua boa e velha calça jeans, ela esperou sua amiga no lado de fora de casa.

— Demorei? – a menina abriu a porta do táxi.
— Não – a cumprimentou com um abraço. – Eu acabei de chegar aqui fora. br>— Menos mal – abriu o sorriso. – Vamos, a gente divide daqui até o bar – a amiga se referiu a conta.
— Certo, certo – riu.

Os olhos cor de mel, decorava cada cantinho que o taxista passava, até chegar ao bar. Estava apaixonada pela cidade, por todos os detalhes, era tudo como ela imaginou que seria. Não em nível de filme, mas nível da fanfic mental dela.



O bar estava cheio, praticamente não havia nenhum lugar para sentar. O local estava bem iluminado com o palco centralizado, quase que de frente para a porta de entrada estava o bar bem cuidado e com alguns barmans. As meninas procuraram por uma mesa, ou até mesmo duas banquetinhas vazias perto do bar para aproveitar o show.
Aquela noite, a banda Side, iria se apresentar.

— Ali amiga – falou. — Tem dois lugares ali.
— Reserva eles que eu já vou, você quer cerveja?
— Não, aceito só uma água se tiver – ela riu. Andou rapidamente para os lugares vazios e sentou já segurando a outra cadeira.
— Aqui sua água – deu a garrafinha. – Eu ouvi que a banda vai cantar músicas mais conhecidas, então você não vai ficar sem cantar nada.
— Isso é maravilhoso, e você não contou como conheceu a banda.
— A é! Foi andando por perto desse bar de rock, que conheci, vi um papel colado na parede e procurei por eles na internet, gostei do som e com isso passei a curtir a banda.
— Hm, bom, você devia ter me apresentado, né?
— Perdão amiga, eu juro que ao sair daqui eu passo tudo para você. Esse show não vai começar logo? Sei que chegamos tarde, mas já era para ter começado.
— Tenha calma, logo vai começar.

E foi apenas ela dizer que alguns segundos depois, a banda já estava no palco acompanhado do solo do guitarrista. As meninas curtiam o som da banda que chegava a contagiar a ponto de batucar as unhas na mesa, balançarem a cabeça sutilmente e cantarolar junto.

Mi scusi, podemos sentar aqui? – dois garotos perguntaram, na verdade apenas um questionou. – O bar está todo cheio, e meu amigo aqui precisa relaxar um pouco – sorriu.
— Claro – deu a permissão. Ao olhar para sua amiga, viu a expressão de confusa e indignada da garota.
— Sou , e esse é o – o menino meio abatido apenas cumprimentou com um aceno.

se aproximou mais de sua amiga e tentou curtir o show da banda como se não estivesse preocupada com os dois estranhos junto a elas. Com o passar do tempo, já havia mais bebidas não alcoólicas na mesa – dos meninos, o garoto que não estava muito bem, havia se recuperado da pressão baixa, mas permaneceu na mesa junto delas.
percebeu que alterava muito o olhar, dos Side para . De uma forma discreta, a amiga pegou seu celular e enviou uma mensagem para , queria ser discreta e que não percebesse ela o entregando.
ficou olhando a mensagem e depois olhou para a amiga que mantinha um sorriso nos lábios, se segurando para não rir.

— É sério isso? – questionou e só viu a amiga concordar. – Eu mereço – revirou os olhos.

A garota começou a prestar mais atenção no rapaz; Ele não era o homem mais lindo do mundo como seu ator favorito, os fios loiros bagunçados, os olhos azuis e a roupa de banda bem surrada demonstrando que era a sua favorita. estava bem errada sobre ele, era muito lindo a ponto de perceber que não parava de olhá-lo.

A troca de olhares permaneceu até o final do show; Uns minutos depois que estava no balcão esperando seu pedido de fritas, se aproximou pedindo uma cerveja. O frio na barriga apareceu, suas mãos começaram a suar, torcia que ele não puxasse assunto com ela enquanto esperavam seus pedidos chegarem, já que ela se sentia um pouco estranha ao falar com pessoas bonitas no geral.

— Me desculpa mesmo sentar na mesa com você e sua amiga, esqueceu de tomar o remédio de pressão dele então tive que agir rápido.
— Sem problemas, ele está melhor?
— Está, vou tomar mais uma cerveja e levá-lo para casa, é sem álcool – falou ao saber que criaria dúvidas.
— Ah sim – pegou a porção de fritas, e esperou ele pegar a cerveja.

A menina pensava em formas de poder continuar o assunto, mas era como se aqueles olhos azuis apagassem tudo que estivesse em seus devaneios. Voltaram para a mesa em silêncio e só conversaram entre si – os quatros, até a uma da madrugada.

— Tá brincando – comentou. – Chuva bem agora.
— Se desse, eu levava vocês, mas preciso entregar esse mala são e salvo – eles riram, menos avisou. – Usarei o telefone de lá, pode ser que eu demore amiga.

esperou se afastar um pouco, para poder conversar a sós com a garota, ou melhor, tentar flertar com ela.

— Espero vê-la novamente.
— Eu também, em uma condição mais tranquila.
— Com café, quem sabe? – sorriu de lado.
— Aceitaria, quem sabe nós encontramos por aí – retribuiu o sorriso.
— Até qualquer dia então.

Ela concordou com a cabeça e o abraçou. Por ser alto, precisou ficar nas pontas do pé. Pôde jurar que estava ficando louca, ou era a única gota de álcool que colocou na boca ao experimentar o drink da amiga, mas era o abraço mais reconfortante que ela já havia recebido em Milão. Ele deu um beijo suave na bochecha da garota e foi para seu carro colocando a touca.
, que viu tudo de longe, chegou quase explodindo pela a amiga.

— Eu não acredito que você finalmente vai viver um amor de intercâmbio.
— Para – tentou esconder os olhos brilhando pelo garoto. – Eu só o abracei em forma de despedida.
— A claro, um “espero vê-la novamente com café em um lugar tranquilo” é de despedida, sim.
— Você anda escutando a minha conversa agora é?
— Claro que não, mas eu já estava saindo do bar e não pude deixar de ouvir.
— E quantos minutos para o carro chegar? – mudou de assunto ao olhar para a chuva intensa.
— Daqui dez minutos, eu espero que vocês se encontrem.

não respondeu nada, mas também esperava poder encontrá-lo daqui algum tempo, quem sabe amanhã ou na semana que vem, mas depois parou para pensar que não poderia acontecer nada, ela iria embora daqui três meses praticamente; Não queria se apaixonar, não queria sentir aquele amor verdadeiro com ele e no fim ter que ir embora e deixá-lo para trás.
Elas entraram no carro e não conversaram mais, apenas ficaram olhando a chuva cair e o motorista curtir a rádio dele em um tom baixinho.



já tinha deixado seu amigo, na casa dele, e agora dirigia cuidadosamente pelas ruas de Milão, afinal ainda chovia. Nunca tinha visto tanta beleza em uma única mulher, e havia feito ele perder todo o foco que existia dentro de si.
Tomou um bom banho e preparou algo para comer, enquanto isso preparava sua mesa de trabalho. era dono de uma loja de instrumentos e acessórios musicais, mesmo não sendo exatamente o que ele desejou para o seu futuro, era o que ele fazia no momento. Sempre pensava em deixar o emprego e tentar seguir o rumo de seus sonhos. Gastronomia.


Due

O dia amanheceu um pouco frio. Colocou sua jaqueta de couro sintético e a touca da banda que gostava, enviou a lista de pedido que havia feito ontem à noite para os fornecedores enquanto ia em direção do trabalho.

— Hey cara – entrou na loja.
, como você está? – deu um abraço no amigo.
— Bem, minha mãe ajudou também e só faltou me deixar de castigo em casa por não tomar o remédio – eles riram. – E aquela garota do bar, vi vocês conversando.
— Foi apenas uma conversa, tentei jogar uma, mas vejo que não deu certo, ela não marcou um local para nós encontrarmos nem passou o número dela.
— Está se fazendo de difícil.
— Eu não acho que seja isso, ela meio que tentou evitar – voltou a arrumar as prateleiras. – Mas não vou forçar nada também, ela tem o espaço dela.
— Cara, então sinto te informar, ela não sentiu nada por você, acho que não gostou que invadimos a mesa dela.
— A culpa foi sua, você ficou todo “Estou morrendo , me ajuda, minha pressão” – tirou sarro do amigo. – Parecia uma criança quando vê sangue pela primeira vez.
— Se não fosse por mim, você nunca teria conhecido ela, será que a amiga dela está solteira? – olhava as novas guitarras.
— Boa pergunta, o dia que você encontrar com ela, você a questiona. Vamos, é meu horário de almoço.

concordou e acompanhou o amigo até um restaurante que tinha ali perto. Já em suas respectivas mesas e com os pedidos feitos, viu entrar junto de , que carregava alguns livros debaixo do braço; Ficou observando de longe.

— Elas estão aqui.
— Elas quem, ? – mexia no celular.
— As garotas do bar. Qual é o nome delas mesmo?

pensou e logo percebeu que não havia questionado o nome delas, muito menos da garota de olhos de mel. Como pode ser tão burro a ponto de esquecer de perguntar o nome dela.

— Não sei não, cara, a gente não perguntou e elas não comentaram só eu que passei nossos nomes.
— Eu vou ir até elas e convidá-las para almoçar conosco.
, não – o amigo dele já havia levantado. – É uma boa ideia – esfregou a mão no cabelo tentando ajeita-lo, olhou-se no reflexo do celular e viu que estava até que apresentável.
Buon pomerigio, meninas.
— Buon pomeriggio, sorriu ao cumprimentar. – Não esperava vê-lo aqui.
— Olá, está só você aqui? – disse com um sorriso amigável.
— Não, está aqui também – apontou em direção da mesa, o mesmo sorriu para as meninas.
— Vocês não querem se a juntar a nós, dessa vez invadir a nossa mesa? – elas riram.
— Não seria uma má ideia, né ?
— Claro que não – disse serena. – Vamos, só não podemos nos atrasar. – Pegava os livros.
— Podem ir, eu vou avisar o garçom.
— Espero que não se incomode, falou que podíamos – , como era a mais desinibida, foi direta no assunto.
— Claro que não, podem se sentar.
— Obrigada – agradeceu.
— Eu já avisei o garçom, o garçom vai mudar a nossa entrada.
— Sem problemas, amigo. Vocês vêm sempre aqui?
— É nossa primeira vez nesse restaurante, viemos comemorar a promoção de .
— Agora a probabilidade de voltar para o Brasil é noventa por cento.
— Vocês não são daqui? — questionou.
— Não, eu – se auto referiu. – Sou do sul do Brasil, já a é do sudeste, quase minha vizinha – ela sorriu.
— Jurava que vocês eram daqui – comentou. – E você? Vai ficar por aqui também?
— Eu quero tanto, espero que eu consiga algo até o fim do meu intercâmbio.

Era a pior resposta que já tinha escutado aquele ano. Precisou esconder com todas as forças sua decepção, estava em seus planos mais profundos sair com , ir em lugares que ambos gostassem e até mesmo tomar aquele café em um lugar calmo para conversarem. O almoço deles havia chego e não queria tocar mais no assunto, na verdade, participava bem pouco das conversas. As meninas falavam de como era o Brasil para , que simplesmente ficava maravilhado.

— Agradecemos por ter deixado invadir a mesa de vocês – já estava mais descontraída.
— Por nada – sorriu. – Espero vê-la novamente, só que sem invasão de mesma – tirou um riso dela.
— Também, eu sempre estou por aqui, então quem sabe em uma dessas não nos encontramos.
— Vamos , já pagamos – apareceu, e perdeu a oportunidade de concordar.

Eles se levantaram e se despediram em frente a porta do restaurante. Porém no meio do caminho, foi correndo até e a parou depois de segurar sutilmente.

— Espera, eu esqueci de confirmar, seu nome é , certo?
— É – pronunciou devagar. – Mas pode me chamar sempre de .
— Não vou esquecer.
— Certo, vou indo então – sentiu suas bochechas esquentarem.

deu um beijo rápido na bochecha do rapaz que sentiu a barba fazer cócegas em seus lábios. O garoto ficou olhando ela se afastar, até o momento que percebeu que estava parado no meio da calçada. Escutou seu amigo falar algumas coisas que não se incomodou muito. Sempre escutou que sua maravilhosa Itália era o país do amor, mas nunca havia provado algo tão surreal como aqueles dias.

— Você está gostando dela – dizia enquanto atravessava na faixa. – E pode, por favor, para com essa cara de idiota, precisa focar no seu emprego.
, não é tão fácil assim, ela é única.
— Mas você a ouviu, ela não tem emprego efetivo aqui.
— Até lá, pode ser que tenha , e você já pensou em chamar a amiga dela para sair?

A pergunta foi muito lógica, antes de dizer a verdade para , ele já havia falando que tinha trocado contato com , e não conseguia negar que estava trocando mensagem com ela desde o momento que foram embora.

— Planejamos de sair amanhã, quer que eu consiga uma informação da ?
— Não precisa – já estava em frente à loja. – Vai entrar?
— Estou indo para casa, cuidado com a chuva, falaram que ia chover muito.
— Tranquilo, até mais.
— Até, cara.




A chuva estava intensa, Milão não via tanta chuva assim fazia anos. estava sentada na cadeira de frente para a janela esperando a mesma cessar, com o guarda-chuva no colo ela viu um garoto correndo todo desengonçado pela a calçada de água e a pior parte foi vê-lo cair de bumbum no chão. precisou se conter para não rir.

— Vamos? – seu chefe parou ao seu lado.
— Aonde?
— Embora – ele sorriu. – Eu levo você para casa – estendeu a mão para ela.
— Ah, sim, eu aceito já que a chuva não quer passar.
— Existe uma história que minha mãe contava que chuvas assim só acabam com um amor – caminhavam rapidamente para o carro.
— Espero então que alguém se apaixone logo – sorriu em agradecimento. Ele deu a volta e entrou e logo deu partida no automóvel.
— Não sei se acontece muito rápido, às vezes demora.
— E a chuva continua?
— Não – riu. – Mas é com mais frequências. A história diz que a cada cinco anos um amor verdadeiro nasce no país do amor, só depende do destino em fazer eles – se referiu ao casal. – Se encontrarem.
— Cinco anos atrás? Aconteceu algo assim? – estava interessada.
— Um casal, dois garotos, eles se encontraram inúmeras vezes pelas ruas de Veneza, em um jogo de futebol eles se encontraram, esbarraram e perceberam que não era apenas coincidência, com isso eles começaram a sair juntos e alguns dias engataram um namoro.
— Ai que lindo.
— Sim, isso há cinco anos atrás, ou foi seis? – estavam parados no semáforo. – Não faz seis anos, mas a história é de cinco em cinco.
— Milão e suas maravilhas. É logo ali – apontou. Andou mais um pouco e logo a deixou em casa, parando em cima da calçada para ela não se molhar muito.
— Está entregue, e espero que não se sinta acanhada com a história.
— Não, eu amei saber, amo essas histórias assim, obrigada por contá-la.
— Não a de que, e caso esteja chovendo muito amanhã, eu não irei abrir a livraria.
— Certo, até mais.
— Até.

colocou o guarda-chuva pendurado no porta guarda-chuva e colocou ao lado seu all-star.

— Chegou com o chefe, foi?
— Boa noite para você também! Como foi o seu dia no trabalho? Tomou muita chuva? Parece que não tem mais educação – segurava o riso.
— Ai meu Deus, já vi que não vai contar o que aconteceu, né? Boa noite, foi bom, não tomei chuva, agora conta, era seu chefe, né?
— Sim, era ele, mas não tem nada entre eu e ele.
— Mas ele quer.
— Não quer, ele tem alguém já, ele só fez um favor.
— Sei, sei.
— Vou pro banho.
— Ok, o jantar está no micro-ondas.


Tre

Os dias foram passando, e no dia – sábado, de folga de , ele resolveu andar pelas ruas de Milão, queria apenas pensar nas coisas, no seu futuro. Quando saiu da casa de seus pais, ele só pensava em diversão e bebida. Fez um curso banal e deixou o seu desejo de lado, tudo pelas más influências que convivia. Agora, tudo estava diferente, com seus vinte e cinco anos, sentia a grande falta de tudo que deixou para trás e pretendia correr atrás disso, principalmente com o apoio de .
parou em frente a uma livraria e procurou um tema bom que estava na vitrine, quando ele olhou para dentro da livraria precisou piscar mais de uma vez. Lá estava ela, toda amável ajudando uma criancinha pegar os livros que ela mais gostava e levar até a pequena área para leituras, o jeito amável e sorridente acendeu um calorzinho em seu coração.

— Ela é bem mais do que perfeita – disse em voz alta.

Por impulso, entrou na livraria e esperou ela terminar de ajudar a pequena criança, andou pelos corredores de grandes estantes com seus livros coloridos, até ficar entre um pequeno vão onde podia vê-la. Ficou ali a observando, não queria atrapalhar a garota que estava atendendo um cliente, até o momento que ela parou de costas para verificar algo no livro que estava em suas mãos, se aproximou dela, torcendo para não assustá-la.

Ciao – disse baixinho e com um sorriso no rosto.
— Ciao – seguiu o mesmo tom. – Está procurando algum livro?
— Na verdade, eu vi você através da vitrine, então resolvi entrar.
— Estou achando que você está me seguindo – disse em tom brincalhão.
— Eu já acho que é o destino – soou romântico e ela sorriu tímida. – Você quer sair para tomar um café?
— Queria muito ir, mas estou no meu expediente.
— Eu espero você.
, não quero atrapalhar, você deve ter outras coisas para fazer.
— Está tranquilo, eu realmente espero você, sei lá, sentado naqueles puffs – a seguia.
— Só pode ficar, se ler um livro – entregou um livro qualquer na mão dele. – Ou fingir que está lendo, é uma regrinha daqui. – Ela sussurrou.
— Faça um sinal para mim, aí te espero lá fora cinco minutos antes de você sair.

Ela concordou com o gesto e recebeu um beijo no topo da testa da moça; sentou-se no puff e ficou a esperar por ela, fingiu que leu o livro que havia lhe entregado, mexeu no celular para conversar com a irmã e seu melhor amigo, até mesmo andou pela livraria pra ver se encontrava algum tema que lhe agradava, o que não teve dúvidas que seria algo que abordava estrelas e constelações.
Quando estava perto das cinco horas, passou por ele, falou o horário e logo ela viu ele se retirar e agradecer a indicação do livro, fingiu ser um cliente normal.

— Fiz você esperar muito, né? – ela fechou a porta do estabelecimento.
— Não se preocupe comigo, estava confortável lá dentro.
— Se você está dizendo, aonde vamos? – estava bem curiosa.
— Deixo você escolher dessa vez – mostrou que queria sair mais uma vez com a moça.
— Aqui perto tem uma confeitaria, é maravilhoso todos os bolos e doces que ela faz, especialmente o de cenoura com chocolate.
— Cenoura com chocolate? – arqueou a sobrancelha.
— É – riu. – Você precisa experimentar, é a oitava maravilha do mundo.
— Certo.



Caminharam conversando sobre Milão, a beleza da cidade, os gostos musicais. Era muitos gostos em comum, até mesmo o famoso amor por uvas os dois tinham. Em frente à confeitaria que ela o levou, os dois entraram e sentaram perto da janela.
A loja era de tamanho médio, mas muito bem distribuída e com lindas decorações, as cores da Itália bem distribuídas e sutis pelo estabelecimento, combinavam com os bancos fofinhos e confortáveis dava um ar mais romântico.

— A dona daqui vem às vezes para cá com o namorado dela, a mãe também, queria apresentá-la, mas acho que não vou conseguir.
— Ela é famosa?
— Por Milão, não muito.
Buona notte – uma mulher parou ao lado dela. – , como é bom revê-la.
— Clarisse! Eu achei que você não estaria aqui.
— Aproveitei que meu namorado precisou vir até a cidade e eu vim junto.
— Compreendo, é bom revê-la sempre, é bom estar perto de uma brasileira – riram. – , essa é a dona da confeitaria, Clarisse Sartori, eu a conheço de São Paulo, ela também tem uma confeitaria lá.
— Prazer – Clarisse cumprimentou. – Seja bem vindo. Qual bolo vocês desejam?
— Cenoura com Chocolate, para nós dois.
— Vou trazer o pedaço generoso para vocês – se retirou.
— Você vai amar, , Clari faz os melhores bolos e doces.
— Ela parece ser nova, nem parece ser dona disso tudo.
— Ela tem sim carinha de menininha, mas a Clari é uma inspiração para mim.
— Aqui está, e o guardanapo de vocês – entregou. – Buon apetito.
Grazie.

experimentou o bolo deixando ansiosa, deu algumas garfadas a mais e não conseguiu mais esconder o suspense sobre o bolo. Era diferente e maravilhoso, o sabor dos dois juntos era mágico.

— Eu agradeço por essa experiência – ainda comia seu pedaço de bolo. – Nunca comi nada tão bom como esse bolo.
— Uma dádiva dos deuses, não é?
— Com certeza, queria poder dizer para minha mãe.
— Diga – tomou o suco. – E passa o endereço.
— Não nos entendemos, desde que saí da casa dos meus pais – parou para lembrar-se de tudo que aconteceu. – Podemos falar disso depois?
— Claro. Você quer mais um pedaço?
— Para a viagem só, posso te fazer uma pergunta? – a viu concordar enquanto comia seu bolo. – Aquele cara que saiu com você da livraria, era seu namorado?

se engasgou com o suco que tomava no momento. Era lógico que estava falando do dia da chuva, e só pela pergunta percebeu que ele era o garoto que caiu de bumbum no chão. Mundo pequeno.

— Não, ele é meu chefe, só me deu uma carona por causa da chuva.
— Hm, ele parecia que estava gostando da sua companhia.
— Assim mesmo, mas não gosto dele, ele não faz meu tipo sabe – viu ele concordar. – Tenho gosto diferente, é difícil eu gostar de um homem.
— Seletiva.
— Sempre fui – riu. – Minha mãe fala que eu sou chata para isso, mas a verdade é que eu quero alguém que entenda que um dia eu vou escutar Avenged Sevenfold e no outro Lana Del Rey – se jogou no encosto. – Entende?
— Perfeitamente – admirava.

Era perfeita em tudo. No sorriso, no brilho dos olhos, até mesmo nos cachinhos que teimava em cair nos olhos dela, além do gosto musical! Ela era uma obra de arte feita por Michelangelo. Como conseguiu encanta-lo em três dias praticamente seguidos.
Com também era a mesma coisa, estava amando conhecê-lo mais, saber que suas bandas favoritas eram as mesmas. E não havia como mentir para si mesma que aqueles olhos azuis estavam a deixando hipnotizada. Queria sair mais uma vez com ele, quem sabe dessa vez ir em outro lugar, um que ele gostasse tanto.
Os dois ficaram se olhando por um tempo e sorrindo logo depois, ambos com suas bochechas coradas. foi o único que falou, depois daquela troca de olhares.

— Vamos dividir? – ele questionou antes de levantarem.
— Vamos sim – pegou a carteira.
— Buona notte, quero levar uma fatia de cenoura com chocolate para viagem, pre favore.
Solo un momento – disse a atendente.
— Você quer levar um para casa?
— Precisa não, eu tenho um em casa ainda – orriu.

Quando a moça voltou o pedido, passou o valor total para os dois, entregou a parte dela do dinheiro. Já estava escuro lá fora, e os dois andavam tranquilamente pela Paizza Irnerio, a rua onde morava.

— Em qual prédio você mora?
— Aquele ali, o amarelinho com flores na varanda.
— Posso dizer uma coisa?
— Pode.
— Está vendo aquela porta fechada ali? – apontou para o prédio cinza. – Ali embaixo é minha loja de música.
— Você tem uma loja de música?
— Tenho – sorriu acanhado. – Quer conhecer?
— Se não foi atrapalhar você.
— Não vai – caminharam até a loja. – Faz um pouco de barulho esses portões. Entre.

Ele acendeu a luz e fechou a porta de vidro. Sentou-se em uma banquetinha e ficou apenas olhando ela admirando os violões.

— Sabe tocar?
— O que? – ela arregalou os olhos.
— O violão – sorriu de lado. – Sabe tocar?
— Ah, não, queria saber tocar alguma coisa, porém, sei bem pouco, quase nada.
— Posso ensinar você, se quiser.
— Aceito.
— Qual música você sabe tocar?
Vermilion.
— Muito bem, pode pegar um banquinho, você é destra?

Ela concordou e pegou o violão para destro e entregou para ela. Como sempre aprendeu a respeitar todas as mulheres, colocou seu banquinho ao lado dela, os poucos ele ensinava as notas para a menina que a cada parte tocada. Ele mostrava a cifra pelo o celular; conseguia pegar algumas notas até que rápido, mas nas maiorias da vezes se perdia no perfume floral da garota.
Estavam bem próximos um do outro, suas mãos se tocavam quando ele ia demonstrar a forma correta, mais um pouco e ele podia jurar que a beijaria a qualquer momento, mas se lembrou que ela não ficaria ali para sempre.

— Está ficando tarde – ele se levantou.
— Não vi a hora passar, obrigada – deixou o violão em cima do banquinho e foi abraçá-lo, mas o mesmo estendeu apenas a mão. Claro que ela estranhou, nesses meses todos teve a maior certeza sobre os italianos, eles são mulherengos.
— Não precisa agradecer, podemos sair de novo no seu dia de folga – se arrependeu de convidá-la.
— Hm, pode ser, eu vejo quando estou de folga e passo aqui.
— Combinado, vou acompanhá-la.

fechou a loja e foi até o prédio com a garota e a deixou na casa dela.



Em sua casa, que era três quadras da loja, ele abriu uma cerveja e ficou olhando Milão de sua janela, podia passar horas ali lembrando dela e do dia todo com ela. Iria aproveitar os dias ao lado dela, era isso que chegou em conclusão ao lado da cerveja. E se fosse necessário, eles terminariam o relacionamento, mesmo se fosse apenas uma amizade colorida.
Após o amanhecer, foi para a loja. Com ela aberta e todos os instrumentos limpos ele, esperou seus clientes chegaram aos poucos; Ajudou alguns que queriam ter o primeiro instrumento, trocou as cordas do baixo da cliente; também havia chegado para poder ajudar seu amigo com a movimentação da loja que subitamente cresceu logo após do anúncio do festival de rock mais esperado.

— Está cheio – comentou na hora do almoço. – Ou melhor, estava cheio, você acha que é só por causa do festival?
— Deve ser, vão vir grandes bandas, e muitos vão querer arrumar todos os instrumentos para pegar autógrafo – deu uma garfada na comida. – Eu vou sair de novo com a .
— Quando? – estava interessado.
— Depende da folga dela.
— Sabe onde levá-la?
— Não.
— Mostra para ela os pontos turísticos de Milão, acho que você se encantou por ela não é amico.
Lei è affascinante.
— Leve ela para conhecer, não precisa ser um passeio cansativo, e se for no dia do seu trabalho, eu tomo conta, você sabe que conheço bem o negócio.
— Combinado, eu pago você por hoje no mesmo dia que ela tiver a folga.
— Vai ser feliz , encontre sua Julieta e vive feliz para sempre, só não se mate.
— Engraçado você, – bebeu o vinho.


Quattro

Quinta feira, era a segunda semana desde que o dois haviam saído juntos. tinha ficado em casa e arrumado tudo, até mesmo a bolsa para a aula de análise do seu curso de italiano. Dali passaria na loja de e veria se ele iria ou não sair com ela, como foi o combinado.

, eu estou saindo, precisa de algo aqui em casa?”
“Não está tudo bem, te encontro aí ou no curso?”
“Curso, eu chego lá um pouco encima da hora.”
“Ok, até mais Ragazza.”
“Até.”


Seu vestido jeans e o all-star preto, combinando com a bolsa, ela caminhou devagar até a loja de instrumentos musicas, que estava bem cheia, ela esperou ele atender um cliente e se aproximou rápido para enviar que atrapalhasse ele mais.

— Oi.
, tutto bene?
Sí, va bene, vim aqui para sairmos, mas vejo que a loja está cheia.
— Não se preocupe, virá ficar aqui no meu lugar, e peço para minha irmã ficar aqui também.
— Mesmo? Não quero atrapalhar.
— Você não atrapalha bela, eu vou fazer a ligação e já volto, pode ficar pela a loja.

deu um beijo na bochecha da moça e saiu correndo até o escritório de vidro. A ligação foi rápida, e a irmã de chegou primeiro, e em dez minutos depois, seu grande amigo; Agradeceu ambos e saiu ao lado da garota segurando seu moletom do Korn.

— Planos para hoje? – ela questionou.
— Pensei em mostrar para você os melhores lugares de Milão, aceita?
— Sim!
— Vamos passar na minha casa, vou pegar meu carro e facilita a nossa ida.
— Qual a primeira parada?
— Castelo Sforzesco, podemos só entrar e apreciar o lado externo, entretanto tem um giardino molto bello, depois você verá.
— Não vai me sequestrar né?
Non – riu. – Eu só não planejei bem uma linha turística. É logo ali na frente.
— Fico um pouco aliviada – também ria.

abriu a porta do carro para ela. Não ficava tão longe o Castelo Sforzesco, era dez minutos de carro da onde eles estavam para o lugar, mas depois de lá eles teriam que se locomover com automóvel para ir em outros pontos turísticos.



estacionou o carro no lugar certo, deixou a blusa de frio dentro do caro e foi com a garota para o Castelo, seria muito irônico, mas sabia que se estivesse ali ele iria zua-lo por conta do seu nome, e do ambiente, se duvidasse chamaria ela de Julieta. Eles andaram por quase todo o jardim, não havia flores, para colorir o grande campo verde, mas era lindo principalmente por ser um monumento do século XV, pelo duque Francesco Sforza.

— Se eu fosse a duquesa, eu teria pedido milhares de flores aqui, rosas, tulipas, girassóis.
— Concordo, aquele tempo eles faziam praticamente tudo pelas suas esposas.
— Sabe o que eu acho? Eles só faziam isso para ter bom posto, não digo que não devia ter amor, por que ai não posso falar nada, mas a ponto de fazer quase tudo eu acho que era para ter um bom posto e afins – eles riram. – Mas hoje em dia é difícil achar um homem que te dê o mundo igual eles, então devia ser maravilhoso para eles.
— O que te deixaria feliz?
— Em presente?
.
— Acho que compreender que meu maior amor é ir no show do Slipknot e Korn, e depois eu ia querer ir no show da Lana del Rey e do Ed Sheeran pois também são meus amores.
— Korn é uma das minhas bandas favoritas, então posso levá-la, e do Ed – ele sorriu. – Não gosto, mas posso fazer esse esforço, desde que depois podemos comer fora.
— Comer? Você acha que eu vou recusar um show e não comer fora? – gargalhou. – Amore mio, eu aceito quase qualquer restaurante – o fez rir. – Mas é a verdade.
— Isso me agrada muito. Vamos? – estendeu a mão. – Temos mais lugares para ver, ou quer entrar no Castelo? Ele tem um acervo de museus.
— Qual o próximo lugar?
— Galleria d'Arte Moderna, fica quinze minutos daqui de carro e cinquenta e seis minutos a pé, o que você prefere?
— Que dúvida cruel, não podia escolher um lugar diferente que eu não amo tanto?
— Não, eu li seus pensamentos.
— Bom, vamos para Galleria d'Arte Moderna, e a pé, assim consigo apreciar mais ainda Milão, se você não se incomodar.
— Não mesmo – estendeu a mão para ela.

Pelo o caminho os dois conversavam mais sobre Milão e um ao outro, era como se a primavera com suas lindas cores e perfume, levasse eles para o caminho que nem imaginaram chegar. Aquele tempo que disse que demoraria.
Galleria d'Arte Moderna para Duomo de Milão de Bairro de Brera, de para todos os pontos que ele a levou, entre sorvetes e cannolis. e estavam na rua de casa, na praça em frente ao apartamento de esperando a pizza chegar.

— E você vai no festival? – ele questionou.
— Eu queria tanto, mas acho bem improvável.
— Você já vai voltar para o Brasil? – sentiu uma pontada no coração.
— Não, eu não consegui o ingresso até agora e a não vai comigo, não é que eu só não queria ir sozinha, não conheço muito bem os festivais fora do Brasil.
— Aposto que não são mais tranquilos, eu vou e também, podemos conseguir para você e talvez sua amiga.
— Ela vai adorar ver – riu. – Eu vou falar com ela, mas eu aceito o convite.
— Eu vejo para você o ingresso – sorriu galanteador. – A pizza chegou.

Pagaram e subiram para o apartamento. Nunca em sua vida havia dado tanta liberdade para uma pessoa que havia conhecido recentemente, mesmo com troca de mensagens. apareceu em sua vida de uma forma surreal, invadiu seus pensamentos ligeiramente juntamente em seu coração. Não sabia dizer o que nele a conquistou logo, se era os olhos azuis ou os fios loiros bagunçados no dia do restaurante e da livraria. Só sabia que não conseguia ficar mais um minuto longe dele.
havia saído para o curso, o mesmo que deveria ter ido se o passeio não tivesse a distraído.

— Eu estou muito farta, la pizza era così meravigliosa.
— Concordo, eu sinto que posso ir rolando para o carro – a fez rir. estava deitado no tapete da sala. – Você vai ficar sentada?
— Não consigo me mexer – ainda ria.

se levantou e foi até , que estava encostada no sofá; Ele ficou observando ela de perto, os desenhos dos lábios dela ao sorrir, os olhos cor de mel que o cativaram, e os leves cachos, ele queria ela, a desejava da forma mais sutil e educada.
Acariciou o rosto dela e ao poucos se aproximou para beijá-la. O beijo a fez a arrepiar por inteira, e entre o beijo ela sorriu algumas vezes. Agora era um caminho sem volta, ter a certeza que o sentimento que tinha por era mais forte do que pode imaginar.

Scusa, eu...
— Está tudo bem, eu também queria – sorriram.
— Eu preciso ir, amanhã no almoço eu passo no seu trabalho, que horas você almoça?
— Saio à uma hora.
— Vamos juntos, pode ser?

Ela concordou. ajudou a limpar a sala e depois foi embora.
No dia seguinte ele foi almoçar com a menina, a levou para casa, passou a vê-la com mais frequência e trocarem mensagens com mais rapidez. Ju havia confirmado que iria no festival de rock com eles, e que ela pagaria a entrada dela. Agora era o momento que tanto esperou com .


Cinque

Um mês depois e os ingressos já estavam com e . O amigo ia com seu carro, já que ia sair do trabalho e ir direto, e levaria as amigas.
se arrumava para o festival, que seria na sexta, depois de colocar sua blusa de rock e arrumar sua mochilinha cor vinho – uma igual a que levou suas blusas de rock, ela resolveu mudar seu esmalte, pegou o removedor de esmalte tirou o nude que estava em suas unhas e passou um preto.

?
— Oi amiga – viu a amiga na frente da porta.
— Pega o secador e me ajudar a secar.
— Seu cabelo? – arqueou a sobrancelha. – Ele ‘tá seco garota.
— Não o cabelo, minhas unhas – estendeu a mão.
é sério? A essa hora?
— Por favor, amiga, eu sei, foi de última hora.
— Às vezes acho que você esquece do tempo.

Despois de ajudar a amiga a secar as unhas e pegar suas respectivas bolsas e documentos e desceu ao lado de . não demorou muito para chegar já que morava perto das meninas. Os dois não estavam juntos oficialmente, ficavam juntos quase que todos os dias, tanto que já havia falado para eles começarem a namorar, entretanto, ela sempre fugia do assunto.

— Ciao.
— Ciao, , obrigada por comprar minha entrada, aqui está o dinheiro – entregou logo.
— Terei que passar em casa para guardar, e não tem problema o importante é você se divertir – a olhava pelo o retrovisor. – Aqui seu ingresso, e o seu .
— Grazie.



— É logo ali, ele vai precisar da identidade de vocês, viu.
— Passaporte também? – questionou.
— Sim, você trouxe, né, amiga?
— Trouxe sim, é que eu não ia pegar.
! – falou alto. – Achei que ia demorar para chegar.
— Não faz muito tempo, eu já ia mandar mensagem para você, oi e .
— Oi . – cumprimentou.
— Vamos? Quero pegar a barra – questionou.
— Claro, como quiser.
— Depois ela fala de mim – disse ao ver a amiga se afastar. – Ela vai ficar enrolando ele por mais um mês.
— Para que isso?
— Gosta de joguinhos – entregou a entrada e os documentos pessoais. Em seguida recebeu a pulseirinha referente ao festival. – Ela sempre foi assim desde o Brasil – andavam juntos. – Desde que ela se mudou temporariamente para São Paulo e ficou na minha casa para a gente se conhecer melhor ela fazia isso.
— E nunca ficou com nenhum, só com o ?
— Ela estar com o é um milagre, acho isso incrível – riu.
— E você?
— Eu não sou de ficar com muitos, sou muito seletiva, já disse – segurou o riso.
— Mesmo se for um italiano, bem sedutor, lindo e apaixonado por você?
— Acho que esse italiano já conquistou tudo – sorriu de lado. – Fotos? Desde quando colocam cabine em um show de Rock?
— Desde que uma fã de rock gosta de tirar fotos e vai até a cabine – se referiu a .
— Pode ser que você esteja certo.

Uma banda já tocava no palco principal, e o único, andaram até a cabine mesmo sendo uma de suas bandas que estava tocando, eles não se importaram. Queria tirar as fotografias e poder guardar consigo na carteira ou em qualquer lugar que para eles pudessem ver. Ambos pegaram uma duas fileirinhas de fotos, porém deixaram guardado da bolsa de .
Eles curtiram o show longe da barra, cantaram e até mesmo riram de alguns tropeços que viam as pessoas dar. Era a melhor noite de , o melhor momento, o melhor intercâmbio. Ela não queria ficar longe dele, muito menos ir embora da Itália, mesmo enviando seus currículos para muitos lugares, para conseguir um emprego efetivado, as coisas estavam complicadas – o curso que no qual ela se formou, letras, era válido para atuar na Europa.

— Achei vocês – disse . – Estou ficando com fome, achou um lugar para a gente comer?
— Ela está reclamando faz meia hora.
— Vamos achar algo para comer – disse. – Você vai ficar até o fim?
— Não, quero ir embora logo, preciso dormir, tomei cerveja demais.
— Sua sorte que você estava com o então, se não já tinha caído.
— Eu a segurei muitas vezes – riu. – Se empolgou demais com o show do Metallica.
— E quem não consegue se empolgar? – comentou.
— Logo é minha banda no palco, logo verei minha banda de perto – chegou perto dos foodtruck. – Pode escolher senhorita.
— Um paraíso – todos riram.

Com seus pedidos, eles sentaram-se à mesa que havia ali no local, e ficaram conversando, até o momento em que e foram embora.

— Por favor, só hoje, toma iniciativa e comece um namoro com ele.
! Eu já disse que não dá.
— Dá sim, você precisa lembrar-se de viver o hoje, pois o amanhã tudo se ajusta perfeitamente, acredite.
— Péssima influência de você – sorriu para a amiga. – Eu prometo pensar com carinho.
— Isso, e não demora ir para casa.
— Não demoro, vai logo está esperando você. Tchau.
— Tchau.
vai cuidar bem dela, né?
é meu primo – olhou surpresa. – Ele foi criado junto comigo, ou vice e versa, acredite ele vai cuidar bem dela.
— É bom mesmo, vamos para a barra? Ou perto da barra, quero vê-los de pertinho.
— Aonde você quiser – segurou a mão dela e começaram a andar.

e ficaram quase perto da barra e longe das famosas rodinhas de shows. As bandas foram se apresentando, e eles curtindo junto à chuva que caia para refrescar aquela energia de todos. Na ultima banda eles já estavam cansados, e praticamente ensopados por conta da chuva, além de ser muito tarde. Juntos escolheram ir para casa, mas antes eles iriam ver algum lugar aberto e comerem fora ou no carro.



Com a chuva amenizada e com o casaco seco de , ficou no carro enquanto ele pedia uma pizza no único lugar aberto que eles haviam achado.

— Aqui, mussarela e pepperoni, segure, fazendo favor.
— Duas caixas, seria meu sonho?
— Bom, pode ser – ele riu. – O refrigerante está em casa.
— Eu me contento com a pizza – pegava uma rodela. – Quer uma?
— Sì – ela colocou na boca dele, afinal ele estava dirigindo na chuva. – Grazie.

estacionou na frente do prédio – sua casa, entraram correndo e subiram os lances de escadas. Sentaram na pequena mesa perto da varandinha e ficaram por lá comendo.

— A chuva aumentou, eu estou com uma preguiça.
— Dorme aqui, você pode tomar um banho e eu empresto alguma blusa minha que fique grande, quase um vestido.
— Pode ser, onde fica o banheiro?
— No meu quarto, pode mexer na gaveta e ver se tem uma que serve e que você se sinta a vontade, eu vou ficar aqui na sala ou na cozinha. Ah, no armário do banheiro tem toalhas limpas.
— Eu ia perguntar delas – sorriu. – Já volto.

Ela sorriu e foi para o banho, bem rápido por sinal. Secou seus cachos um tanto quanto rebeldes, e procurou uma blusa que servisse nela até que, uma blusa que nem ela imaginaria encontrar serviu nela, a do McFly ela riu ao colocar a blusa e saiu para a sala, ainda rindo.

— Não achei que uma blusa dessas ia me servir – ela ria.
— Você achou meu segredo mais profundo, pelo menos serviu direito em você.
— É o meu também, por trás dessa roqueira, meu amor pelo McFly ainda prevalece.
— Aproveitando – segurou ela pela cintura. – Eu tentei evitar de todas as formas possíveis me apaixonar por você, mas eu falhei e eu não consigo imaginar um dia sem ter você ao meu lado.
, você sabe que a probabilidade de ficar aqui é pequena, eu posso voltar para o Brasil no final do ano.
— Eu sei , mas e se ficarmos agora, não sabemos que você vai ter um trabalho aqui, não podemos nos precipitar, porém podemos tentar – ela concordou com as palavras dele. – Podemos tentar então? você aceita namorar comigo? Prometo ser um namorado italiano fã de McFly e roqueiro mais legal que você vai ter.
— Eu aceito – ela ria. – Mas essa história do McFly você vai ter que me contar – passou os braços em volta do pescoço.
— Pode deixar que eu conto – a beijou. – Depois que te encher de beijos.



No dia seguinte, no começo da tarde, voltou para sua casa acompanhada por agora seu namorado. estava terminando de limpar a sala quando entrou no apartamento.

— Achei que não ia mais chegar.
— Perdão, eu passei a noite fora.
— Jura? – ela ria. – Se você não tivesse falado eu não ia perceber.
— Engraçada você.
— Eu sei, eu sei, agora aconteceu alguma coisa? Vocês dois?
— Não, isso não, mas ele me pediu em namoro.
— Você aceitou? – foi mais perto da amiga.
— Aceitei.
— É um milagre, não acredito! – abraçou. – Ai que fofos, vocês dois são tão lindos juntos, parece até Romeu e Julieta.
— Calma, o Romeu morre, e não quero que o morra.
— É eu não havia pensado nisso, mas são e modernos.
— Pode ser – sorria igual boba. – Eu vou me trocar e colocar a roupa para lavar, já volto para te ajudar.
— Estarei esperando.

e , passaram quase que todos os dias juntos; Em dias de folgas eles passeavam ou até mesmo iam ficar um tempo no trabalho de cada um, a pequena praça em frente a casa e a loja de era o ponto de encontro favorito do casal. Porém, mesmo com esses dias cheias de amor, o medo de ambos era que não conseguisse ficar em Milão.


Sei

Dias passando, e o aniversário de estava chegando. junto de e , fizeram uma pequena festa surpresa para a garota. , para não levantar suspeita da festa, na verdade a única coisa que sentiu falta foi um “Parabéns” das três pessoas mais importantes na Itália.
Entre uma mensagem e outra, foi para o shopping mais próximo, passou em diversas lojas procurando algo que imaginaria que ela iria gostar.

— Buon pomerigio, gostaria de levar esse – colocou a caixinha em cima do caixa.
— Buon pomerigio.
È per regalo, tem papel de presente?
— Temos sim, irei embrulhar para o senhor.
— Grazie.

pagou o presente e agradeceu o atendente. No caminho parou em frente a uma floricultura e comprou um buquê para sua ; Teria que chegar logo na casa dela e de , entretanto, deixou seu carro em sua casa e foi a pé até o apartamento. Tudo já estava pronto, os últimos detalhes que ficaram para o casal foram colocadas, agora era só esperar chegar.



voltava para casa enquanto conversava com sua mãe, e encaracolava os fios, uma mania que tinha desde que se entendia por gente.

A mãe, também estou com saudades, mas logo estou em casa, mas três meses e logo estamos juntas.
— Mas dessa vez eu não fiz bolo, é muito estranho
– riram.
Olha, eu confesso que também queria um bolo seu, mãe, com um belo brigadeiro de salivar.
não fez nada?
— Não sei, ela e os meninos não deram parabéns até agora.
— Deve ter sido corrido, tem que dar um desconto. Seu pai te ligou?
— Ligou sim mãe, no meu almoço, ele estava trabalhando ainda.
— Eu falei para ele ligar mais tarde.
— Está tudo bem, não atrapalhou. Estou no meu prédio já.
— Come algo antes de dormir viu.
— Pode deixar, vou desligar até mãe te amo.
— Também te amo, filha.


jogou o celular dentro da bolsa e pegou a chave do apartamento, ao abrir levou um susto que precisou se segurar no batente da porta. Seus olhos brilharam ao ver que eles estavam ali e não haviam esquecido como imaginou.

— Vocês lembraram.
— E tem como não lembrar, está anotado até na minha testa – disse indo abraça-la. – Só queríamos fazer uma pequena surpresa, parabéns minha musa.
— Obrigada, e obrigada pela surpresa.
— Foi feito por nós todos – se aproximou. – Parabéns , obrigada por aparecer em Milano e fazer aquele idiota se apaixonar – riu. – Não aguentava vê-lo tentando chegar nas meninas e só eu conseguir.
— Hei – deu um tapinha de leve em .
— Ai vocês dois.

fechou a porta enquanto acompanhava ela até a cozinha.
— E falta eu, mas te dou um parabéns completo depois – abraçava pela cintura. – Além de entregar seu presente.
— Não precisava, mesmo.
— Você me deu um, porque não posso dar um presente para você?
— Não vou discutir sobre – riu. – Até porque eu amo receber presentes – sorriu.
— Percebi, amore.

Selaram seus lábios brevemente. Os dois casais sentaram a mesa e jantaram primeiramente, ficaram conversando e jogando jogos de tabuleiro até onze horas quando foram cantar parabéns – em italiano, para que nitidamente não sabia se batia palma ou se apenas olhava eles, como sempre acontecia em seus aniversários.
Quase no fim do dia de seu aniversário, a chamou para a pequena varanda que tinha no apartamento da menina junto da sacolinha de presente, ficaram juntos na cadeira que havia ali fora.

— Eu pensei muito em que te dar, não vou mentir, mas cheguei à conclusão que esse é o melhor presente – entregou.
— Sério, qualquer presente seria recebido com muito amor, até mesmo se fosse um girassol – abriu. – Mas que gracinha, olha um funko, eu ainda não acredito que tenho o – ria toda boba. – Grazie, amore mio.
— Eu imaginei, só tinha esse na loja na verdade acho que era seu desde sempre – a beijou.
— Vou colocar do lado da cama, bem na cabeceira, vai ficar lindo.

colocou o funko de volta na caixinha e colocou na pequena mesinha que ali tinha, e encostou em .

— Nenhuma escola chamou você para uma entrevista?
— Ainda não, estou esperando, mas nada até agora, eu queria que chamasse logo, os meses estão acabando.

sentiu seus olhos marejaram, deu graças a Deus que ela não conseguia ver como estava muito menos imaginar que já tinha uma decisão tomada. Afagava os fios cacheados de . Podia ser que sua história com ela seria a mesma de Romeu e Julieta, porém no lugar de um final trágico eles apenas se separavam e viveriam para sempre em continentes diferentes.



O casal aproveitou os últimos meses como se fosse os últimos dias de sua vida, enviava currículo para todo o lugar que podia, também fazia o mesmo para poder ajuda-la, não só por ele, mas ela já havia declarado que queria morar em Milão até se cansar do lugar.
Colocou até sua irmã no meio da entrega dos currículos, quase que no último mês da garota no país.

Mio fratello, você disse que era urgente.
— Obrigado por vir Paula, sim, no caso não para mim, mas para .
— A garota que mudou meu irmão.
— Sì – deu um sorriso envergonhado.
— O que posso ajudar?
— Poderia levar o currículo até onde a madre trabalha?
, você sabe, você poderia levar ela não vai matar você, uns tapas pode ser – riu. – Um puxão de orelha, ou até mesmo falar que você está de castigo mesmo não morando com ela, mas ela não vai te matar.
— Paula, eu não estou preparado para poder falar com ela ainda, eu preciso, eu sei, mas não agora. Poderia levar só o currículo, e depois eu converso com ela.
— Promete? – levantou o dedinho, como sempre faziam quando eram pequenos.
— Prometo – fez a promessa. – Grazie, Sorella.
— Não tem o que agradecer, espero que a mãe consiga a vaga para ela e assim ela não vá embora. Agora preciso ir, até mais, eu te aviso quando entregar.
— Até, cuidado.

Angosciante, essa palavra definia por inteiro, ele queria respostas de , queria de Paula e de sua mãe queria até mesmo uma resposta divina se ela seria “sua” para sempre. Se depois de muito tempo não achava um amor que lhe completava e enchia de todos os sentimentos mais puros, e ao vê-la sentiu todos estes sentimentos ao mesmo tempo. Não estava pronto para dizer adeus a garota.

Entreguei, madre disse que depois te dá o retorno sobre o currículo, mas você vai ser o último a ter informação, primeiro vai avisar a .”

Recebeu a mensagem da irmã.

Grazie, não tem problema, eu espero, desde que possa ficar, eu estou feliz, te retribuo depois.”
“Me deve, viu! Vou lembrar desse favor, não ache que esquecerei. Agora vou trabalhar, beijos.”
“Beijos, bom trabalho
.”

Agora era só esperar, e esperar e esperar... Os dias passaram e não teve nada, nem mesmo pela livraria que trabalhava. Não sabia como contar isso para , ah sim, deixaria ele na Itália, mas como já tinha pretensões de voltar – olha que nem havia ido embora, ela não iria terminar. Bom era a ideia.

— Eu tentei amiga perdão, eu devia, sei lá, ter jogado seu currículo na mesa dos donos – fez rir.
— Nossa, aí que eles não iam contratar mesmo.
— Ia sim, ia ser o primeiro que iam ver, e com isso iam te amar.
— Louca. Tudo está pronto, agora a pior parte.
.
— É – sentou ao lado da amiga. – Mas eu volto, daqui seis meses, tenho dinheiro guardado para isso e o visto está garantido já, meus pais vêm depois.
— Seu pai está indo atrás da cidadania?
— Está, ele já deu entrada nos papéis, está na metade do processo, coloco eu e mamãe também para podermos morar aqui com ele.
— Que seja em Milão.
— Mesmo se não for, desde que seja na Itália, eu vivo feliz.
— Aí longe de mim, como consegue viver feliz?
— Se eu morar em Viena você vai para lá, passar dias comigo, anda nas gôndolas.
— Me convenceu, agora vai falar com o , antes que fique mais tarde, e já que você não está mais na livraria pode ir sair com ele.
— Ele tem uma loja.
— Ele pode fechar – disse o óbvio. – Anda logo vai, vai vir aqui em casa.
— Credo, estou indo.

Se despediu da amiga e saiu desviando das caixas de mudança, como as duas não estavam mais no programa de estágio, teria que se mudar, ela só estava esperando a chave da casa para poder deixar o apartamento, alugado pelo o próprio programa.



e , haviam combinado de se encontraram em uma sorveteria, já que ele havia saído de uma reunião com a universidade. Por ser mais perto dele, o homem já havia chego e pegado um lugar para eles, a cara de sério denunciava que algo não estava tudo bem, e os olhos marejados da garota mostrava a vontade de não ir embora de sua doce Itália.

— Ciao.
— Ciao amore – disse ela, com todo amor. E o beijo que receberia dela, foi recusado discretamente por conta dos outros clientes. – Está tudo bem? – segurou a mão dele.

Negou.

— Acho que devemos conversar.
— Sobre?
— Nós.
— Temos tempo ainda para ficarmos juntos, não vou embora agora não – sorriu. – Duas semanas, mas tem tempo.
— Não podemos, não será justo um com o outro, você vai e eu fico.
— É – mexeu no cabelo. – Namoro distancia nunca ouviu falar? Eu não vou deixar de falar com você nem um segundo, vou enviar sempre, nos vemos por vídeo chamada.
— Parece ser tão fácil para você.
— Mas é, eu tenho planos para voltar, e logo.

Ele suspirou pesado e soltou a mão dela.
— Só pensa em você, não passou em sua cabeça o que eu penso disso?
— Você sabia que eu ia embora em um ano, mas mesmo assim quis me pedir em namoro, eu já tinha te avisado, foi por isso que todos os momentos que ficava mais sério, eu me afastava .
— Terminamos então.
— Só isso? “Terminamos então” achei que até nisso era diferente, mas vejo que é igual aos outros.

levantou da cadeira arrastando e fazendo barulho, não se incomodou com todos os clientes a olhando nem se mudaria de ideia ao vê-la ir embora da sorveteria. Enxugou as lágrimas e ficou andando por Milão, até voltar para casa.
De noite, precisou fingir que tudo estava bem para , que eles estavam juntos e que terminariam no penúltimo dia dela em Milano. Só havia se esquecido que ela namorava o melhor amigo de .


Sette

Foram as piores duas semanas para eles, saia todos os dias passeava sozinha e comia tudo o que queria. A verdade é que não foi tão ruim assim, mesmo com o término, ela não precisou dele para ver mais lugares bonitos, não precisou achar novos pontos de comida – o que foi uma pena, pois todos eram muito bons, e até mesmo viu lugares para morar quando voltasse. Mas sabia que toda vez que voltava para casa, e deitava em sua cama, sentia a falta de uma conversa com ele. não foi só um namorado, ensinou muita coisa para ela, foi uma boa companhia.



Faltando um dia para ela ir embora, ajudava fechar a loja. Estava tudo certo até o momento que ele resolveu tocar no assunto da .

— E vocês? Pode ser sincero, não precisa mentir.
— Terminei com ela, duas semanas antes dela viajar.
— Mais que... – respirou fundo. – O que você fez? Só porque ela vai embora, voltar para o país dela? Vocês podiam namorar a distância, até ela voltar, ela tem planos para voltar ela não falou isso para você não?
— Falou, mas acha que vai acontecer isso mesmo?
— Vai, porque ela quer, ela deseja, e ela lutou para isso. Eu não acredito que meu primo, conseguiu ser um idiota de perder aquela mulher. Mesmo com ela sabendo e avisando você, aceitou namorar com você sabendo do tempo dela aqui, dividiu tudo com você e você fez essas coisas!
— Não, , eu sabia, sabia que ela podia ficar aqui também.
— Você perdeu os argumentos, porque não consegue esconder o que sente por ela, então para e pense, aproveita que você não vai abrir amanhã a loja e veja o que você fez, ela pode voltar, era só você ter calma, se ela mesmo pensou nisso. Vou me encontrar com a , e amanhã a levo para o aeroporto se despedir da .

estava certo, não conseguia fazer um argumento coerente, não conseguiu ter um argumento coerente ao terminar com , podia ter apenas falado “Não quero ter um namoro a distancia” e tudo saia mais bonito. Se arrependimento matasse, ele teria morrido há duas semanas.
Andou devagar até chegar em casa, tomou um banho e procurou uma blusa para usar, e ironicamente a do McFly estava por cima, ele não tinha contado a história, e não ia mais fazer isso, ele tinha perdido a garota dos seus sonhos pelo o seu próprio medo.



Seu último dia ali, arrumou suas últimas coisas e com isso foi para o aeroporto, com a mochila vinho, ela carregava o funko , e suas blusas de rock, nunca se sentiu tão em casa em um país, era como se uma grande parte tivesse ficado ali, no país que chamou de lar desde que se entende por gente.

— Tudo ok com os documentos? – questionou. Eles já estavam no aeroporto.
— Sim, fiz o check-in e tudo correto, agora é só esperar né?
— É, a não ser que você queria ficar como desaparecida, ou como fugitiva – a fez rir.
— Vou sentir tantas saudades suas, amiga, das nossas noites em claro tentando entender esses Doramas da vida, aí tudo!
— Eu também, mas logo nos vemos, espero que seu pai consiga tudo, e que você volte para Milano o mais rápido.
— Volto sim, pode acreditar – a abraçou.
— E você – olhou para . – Cuide bem dela, é meio louca, mas tratada com uma deusa tudo fica perfeito.
— Vai ser bem cuidada, e ela impõe os limites, só vou controlar ela para não cair no chão de tanto beber.
— Por favor, não quero a ver contando as quedas delas. Obrigada por tudo .
— Eu que devo agradecer, se cuida lá , e mande mensagem sempre.
— Claro, e você vai lá, vai amar, mesmo com os problemas que São Paulo tem, e come Açaí, é lei.
— Certo, você que manda.
Volo 143 da Milano a San Paolo, imbarco al gate 6.
— É minha deixa, eu amo vocês muito viu, se cuidem e tentem me visitar se eu não voltar logo.
— Pode deixar.

entregou seus documentos e sua passagem para a moça que estava recebendo e esperou todo de volta, quando escutou seu nome sendo gritado e ecoando pelo aeroporto.

, espera.
— Eu preciso ir.
— Eu sei, mas calma, preciso te dizer algumas coisa antes, eu sei que fui um idiota eu sei, mas eu tive medo e eu deixei esse medo me cegar. Sabe quando encontramos nosso verdadeiro amor e ficamos até com medo de acreditar que é ele? Com medo de assumimos para nós mesmos que encontramos tudo o que desejamos pela a vida toda, foi o que eu senti com você, eu tive medo de te perder, de você voltar para o Brasil de conhecer um outro homem e querer ficar com ele, mas agora, mesmo sabendo que seu voo está para decolar, eu só preciso saber de uma única coisa. Podemos voltar? Podemos namorar a distância? Eu só quero ser seu, e mais nada.
— Eu queria falar tanta coisa, mas meu voo está quase indo sem mim, e se eu não aparecer no aeroporto de São Paulo minha mãe surta, coloca até a Interpol para me procurar, mas resumindo tudo em uma única palavra, ou um pouco mais, sim nós podemos voltar, podemos namorar a distancia, logo eu volto para você não ser só meu, para sermos um só, que é mais legal.
Temo di amarti, .
— Temo di amarti, .

Eles se beijaram rapidamente e se despediram, pelo menos essa história de moderna de Romeu e Julieta acabaria feliz, mesmo com quilômetros de distância e dias para se encontrarem mais uma vez.



Dentro do avião, colocou sua mala no bagageiro, bom tentou, de muitas formas até chegar ao ponto que o comissário de bordo se aproximou dela e esbarrou nele, por sorte foi só um esbarrão e não uma cotovelada no rosto.
A única coisa que levou junto a si foi a mochila vinho junto ao funko que fez questão de deixá-lo a vista só para si, juntamente também, das fotografias que tirou com todos os dias que passaram juntos, Itália foi bem mais que um Scambio, foi amore, vino e divertimento.
Sobrevoava pelo oceano, admirando cada imensidão do mundo, mas com um sentimento feliz, é claro, depois de ter tudo se ajeitando como desejava. Queria só chegar em casa, estava com saudades de São Paulo, da sua família e até mesmo de sua gatinha que tinha deixado com seus pais para cuidar dela.
Onze horas de voo com conexão, sua mãe já estava se descabelando mesmo sabendo do tempo do voo. Seu pai, por outro lado, estava calmo, tão calmo que dormiu sentado no banco de espera.

— Acorda, ela chegou – disse senhora Ramos olhando o painel de desembarque.
— Vamos.

O patriarca estava ainda sonolento, colocou uma bala na boca e esperou a filha ao lado de sua esposa. Era muita saudades da família. foi contando tudo pelo o percurso da casa, desde o festival de rock até o momento que conheceu Milão toda para poder enviar currículo, mas não comentou sobre , era muito cedo ainda.



Duas semanas depois que já estava no Brasil, já tinha um compromisso para ir, um que ela queria com muito amor.

— Filha? Está pronta? – viu a menina sentada no chão acariciando os pelos da gatinha.
— Sim, se comporta, nada de subir nos lugares altos para derrubar tudo.
— Ela não vai subir – a mulher riu. – Seus documentos estão com você?
— Peguei tudo está na bolsa, ele só vai fazer perguntas?
— Isso, quer saber também qual seu objetivo na Itália, não quer saber um lugar específico – entraram no carro.
— Se questionar o motivo de você estar lá, pode dizer a verdade, ou se perguntarem se concorda em pegar a cidadania – seu pai falou enquanto dirigia.
— Vai ser fácil então, vocês já fizeram?
— Não podíamos, tivemos que esperar você – a senhora falou. – Eles consideram como se estivéssemos privilegiando suas respostas.
— Todos nós vamos fazer o mesmo tempo, mas não precisa ficar nervosa.
— Vou não pai, minha cota de nervosismo se foi há muito tempo.

A família chegou à acessória italiana e foram separados e ficaram em uma sala de espera, onde ainda podia mexer no celular, com a demora, recebeu uma mensagem de fazendo um sorriso involuntário apareceu em seus lábios.

“Ciao amore, tenho que te contar uma coisa, espero que não tenha acordado você.”
“Ciao , acordou não, eu estou vendo sobre a cidadania italiana, o que tem para contar?”
“Consegui meu visto para o Brasil.”
“PARA QUANDO? NÃO ACREDITO!”
“Eu preciso ver quando eu vou, mas ele vale para um ano e meio, posso ir nesse meio tempo.”
“Dependendo, pode vim quando eu for voltar para a Itália, acho que pego hoje a cidadania.”
“Me avisa, que assim compro para um mês e volto no dia que você vier ou dias antes.


— Senhorita Ramos.

“Eu tenho que ir, daqui a pouco eu volto.”
“Ok amore.


— Deixe suas coisas aqui e depois você pode pegar – se referiu ao celular e a bolsa.
— Certo.
— Sente-se...

As entrevistas foram bem sucedidas, com dia marcado para receber a cidadania e agora só faltava uma única coisa, o dia eles iriam se mudar para Itália.


Otto

e tinham combinado um horário para poderem conversar por chamada de vídeo, um horário que não atrapalhava ele e nem ela. A garota estava sentada de frente para seu computador esperando ele ligava para ela, fazia isso há duas semanas e apenas uma vez que não deu muito certo esse namoro a distância por chamada de vídeo, pois precisou estudar para uma prova no dia seguinte.

“Oi.”
“Oi, como foi seu dia ?”
“Bem, cansativo, dei assistência em uma escolinha aqui perto depois aproveitei o tempo livre e fiquei lendo até dar o horário, e o seu?”
“Depois que falei com você, fui para a aula, e trabalhei até tarde, minha irmã está ajudando a manter a loja aberta.”
“Conversou com sua mãe, já? Quero que vocês se entendam logo.”
“Ainda não... Quero fazer isso logo, antes de você voltar, ou melhor, de eu ir ai.”
“Ai é, eu peguei minha cidadania, só preciso esperar meu pai pegar a transferência do emprego, eu pedir as contas e a mamãe também.”
“Tem mês marcado?”
“Não, mas pelo o que conheço sobre, pode ser que daqui três meses.’
“Vou começar a ver então as passagens. não falou nada dos currículos?”
“Estou esperando ainda, mas está complicado, porém não estou me incomodando com isso agora.”
“Por conta do emprego do seu pai já ter o emprego.”
“Isso, rapidinho minha mãe está batendo na porta.


— Filha, comprei açaí para você, tem uvas como você gosta.
— Obrigada, já não aguentava mais o calor – deu um beijo na bochecha de sua mãe. – Depois podemos conversar?
— Claro filha, mais tarde passo aqui.

“Voltei, mas acho que consigo algo por aí, ou então em outra cidade.”
“Vejo que terei que me mudar, vou colocar na lista de prioridade depois da universidade.”
“Não precisa
.” – riu. “A gente pode ir ver o que faz depois, bom acho que a melhor coisa é ter calma para ter nossas coisas, não digo nós eu e você, mas o que desejamos.”
“Sim eu entendi.
” – sorriu. - “Eu concordo com você, desculpa mas o que você está comendo?”
“Açaí, é maravilhoso, e é com uva, quando você vier aqui eu te levo para experimentar.”
“Vou cobrar viu.


Eles ficaram até a madrugada conversando e só foram dormir quando já estava quase desmaiando de sono.
No dia seguinte, acordou cedo para o trabalho e aproveitou para conversar com sua mãe, a conversa que foi adiada pela chamada de vídeo.

— Bom dia.
— Bom dia, desculpa eu fiquei muito tempo na chamada de vídeo.
— Tudo bem, o que você queria conversar, filha.
— Quando eu estava em Milão, conheci um garoto chamado , nós conhecemos saímos juntos e acho que foi amor a primeira vista, digo, a segunda vista, sabe? Depois de um tempo começamos a namorar e estamos até hoje juntos – pulou a parte que se separaram.
— Ai que lindo, queria poder conhecê-lo.
— Então, é nessa parte que quero chegar, ele está para vir ao Brasil, não vai ficar aqui, mas pretende passar aqui.
— Vai ser bem recebido, agora só precisa ver a reação do seu pai – as mulheres riram. – Eu falo com ele, vou preparando o terreno.
— Muito obrigada – pegou um pedaço de pão. – Eu vou muito, vou chegar atrasada daqui a pouco.
— Tchau, vai com Deus. – A benzeu da mesma forma quando ela foi para Itália.



Uma correspondência havia chegado para os Ramos. assinou a liberação da carta e entrou lendo a mesma, um sorriso apareceu enquanto ia a caminho da cozinha onde estava apenas sua mãe terminando o almoço.

— Mãe, carta da associação italiana.
— E o que diz? – a moça enxugou as mãos. – Fala logo.
— Podemos nos mudar, temos nossa cidadania.
— Vou avisar seu pai.
— Mãe, ele está trabalhando.
— Melhor ainda, quando ele sair, compra algo para comemorarmos.
— Meu Deus, dona Ramos.
Rapidamente, J pegou seu celular e enviou uma mensagem breve para .

Cidadania saiu! , eu não estou acreditando.”
“MENTIRA! Eu não vejo a hora de você voltar.”
“Também, ainda não conta para o .”
“Segredo nosso
.”



Enquanto isso, em Milão, decidiu ir conversar com sua mãe, precisava acertar tudo com ela, além de pedir desculpas, precisava contar tudo para ela, ah e claro, avisar que iria viajar para o Brasil.
Parou em frente à casa de sua mãe e pensou antes de entrar, não pensou que fosse tão difícil assim. Destrancou o portão e entrou devagar, não tinha como fazer barulho já que a mulher morava sozinha no momento, e não tinha um animalzinho de estimação.

— Madre? – a chamou pela casa.
? Você aqui, achei que só sua irmã ia vir aqui hoje – saiu do escritório particular.
— Eu vim aqui, na verdade, foi de última hora que escolhi isso. Podemos conversar ou está muito ocupada?
— Pode ser agora, quer café? Tem aquele bolo que você gosta – golpe baixo, ele amava bolo de chocolate.
— Aceito mãe, eu queria apenas se desculpar por tudo, sei que antigamente eu fiz tudo errado, bebia demais saia e só voltava depois de dias, sair daqui e ir para a casa da tia também não foi uma atitude muito boa.
— Filho – acariciou o braço do garoto. – Não precisa se desculpar, nós brigamos muito eu sei, mas está tudo certo agora, e minha mãe te ajudou muito e me ajudou também as broncas eram eu que dava – viu o filho rir. – Ela falava as coisas que você aprontava e eu falava o que precisava ser dito, fora o que ela queria falar... Aprendemos muito com tudo, seu pai também.
— Ele está em tour?
— Sim esta, terá que esperar ele para poder conversar.
— Sem problemas, e preciso dar mais uma notícia, eu vou para o Brasil ver a , depois eu aviso quando eu volto.
— Cuidado, você tem tudo para ir lá?
— Tenho, a Paula ajudou a preparar.
— Me avise quando chegar lá, por favor.
— Sì.
— Vou sair rapidinho, volto em breve, vai me esperar aqui?
— Pode ser.

Nesse meio tempo, pegou seu celular.

“Amore.”
“Oi, perdão a demora.”
“Tudo bem , eu conversei com minha mãe, está tudo resolvido, e ela quer conhecer você pessoalmente.”
“Estou tão feliz! Quando eu for aí, nós visitamos ela, foi meio complicado?”
“Não, foi até que fácil, ela já havia esquecido e perdoado também, só estava esperando eu ir conversar com ela.”
“Perfeito, acho que agora tudo vai ficar melhor.”
“Fica melhor quando eu estiver com você.”
“O que eu espero que seja rápido
.”

Eles conversaram até sua mãe chegar. ficou até o fim da tarde na casa de sua mãe e só foi embora no dia seguinte. Fizeram um programa de mãe e filho, com direito a todas bobeiras para comer enquanto viam os filmes.



Os meses foram passando e havia comprado sua passagem para duas semanas, como ele já tinha arrumado tudo com sua irmã, sua mãe fez questão de levá-lo ao aeroporto, e como uma boa mãe, levou um pedaço do bolo pra ele comer enquanto esperava o voo ser anunciado.
estava a espera dele, seu pai havia aceitado, mas queria conhecer o garoto. A família Ramos tinha preparado tudo para receber o garoto – bom toda a família sabia falar em italiano, só a senhora Ramos que dava algumas travadas ainda, e ensinar ele ir até o hotel e ir à casa da garota.

— Nervosa? – sua mãe questionou.
— Eu estou, e com saudades também. Ali ele.
– abraçou a garota. – Eu estava com saudades.
— Eu também, . Deixa eu apresentar, essa é minha mãe e esse meu pai.
— É um prazer conhecer vocês, sempre falou muito bem de vocês.
também sempre falou bem de você, disse que você tem uma loja de música.
— Tenho sim, senhora, ficava perto da onde morou.
— E gosta de rock? – o senhor questionou.
— Ah, sim, meu gosto musical favorito.
— Pronto, lá se vai meu namorado – e sua mãe riram.

Foi um momento maravilhoso, a comida brasileira encantou , a beleza de São Paulo e o sotaque da cidade. Tudo o deixou impressionado, mas o que mais amou com certeza foi o açaí, ele comeu duas vezes, quase todos os dias que ficou no Brasil. O que deixou até impressionada com o tamanho amor dele pelo doce.

— Devia ter em Milão, é maravilhoso – pegou uma colher farta.
— Deve ter, mas não é igual, mas podemos abrir um lugarzinho que fornece açaí, os brasileiros de lá ia amar.
— Eu também, e você já sabe quando vai para Itália?
— Amor, queria dizer sei, porém não sei, mas queria que fosse logo. E-mail?
— Nunca recebeu um? – brincou com a garota e ela mostrou a língua em resposta.
— A universidade está me contratando, só agora eles conseguiram me responder.
— Isso é maravilhoso!
— Eu preciso voltar logo, e acho que vou voltar com você.
— E seus pais?
— Eles vêm logo, eu vou levar algumas roupas, e as outras eles doam, o resto da mudança, ele vê como faz, não posso perder essa oportunidade.
— A melhor companhia de voo então, não existe nada melhor que eu e .

Na volta para casa, ela contou a seus pais e foi aceito tranquilamente. Comprou a passagem – ironicamente no mesmo voo que , para Milão e arrumou tudo, além de ter um cargo muito importante, procurar uma casa para eles e uma gatinha para morar lá. Seria mais um sonho realizado.
Chegaram em Milão e a garota mal teve tempo de se arrumar tudo na casa de , ela saiu de imediato e foi para a universidade fazer a entrevista, quem diria que um dia se sentiria tão importante assim.

— Boa tarde, perdão a demora, eu não espera a demora do voo.
— Sem problema, , eu sou Francesca, vou fazer algumas perguntas bem simples – a menina concordou. – Você tem interesse de ensinar literatura da cultura italiana?
— Sim.
— Porque tem essa vontade?
— Desde pequena sempre fui apaixonada por livros clássicos e modernos, o modo como fui estudando no Brasil só me fez me apaixonar mais pela literatura, e como sou descendente de italiano, tudo ficou mais fácil de compreender meu futuro.
— Você fala com tanto gosto que nem preciso fazer mais perguntas – sorria. – Bem vinda à equipe docentes da universidade.
— Muito obrigada – apertaram as mãos fechando o mais novo passo de .

Com o contrato lido e assinado, ela voltou para a casa de , avisou sua mãe e seu pai pelo emprego e visitou e ; De última hora, quis fazer uma comemoração simples referente a conquista da menina, mas seria na casa da sua mãe.



— Chegamos, já sabe como é aqui, conhece de olhos fechados.
— Essa casa tem muita história nossa, chamou a Paula?
— Chamei, logo ela aparece. Mãe, chegamos.
— Oi filho – saía da cozinha. – ?
— Senhora Francisca.
— Não esperava que você fosse a do meu filho.
— Estamos todos em família então, só vou apresentar a minha namorada, - disse entre risos.

Mundo pequeno, e um destino gigante, isso definia tudo que aconteceu na vida de e .
Um mês depois, seus pais se mudaram para a casa que ela mesma escolheu, juntamente de e , precisou achar um meio termo para agradar os dois e agora sua sogra.



sempre amou as surpresas da vida. Vindo da classe média, amando suas conquistas e seus pais, ela queria conseguir tudo que seu coração desejava, e agora um desejo que tinha desde pequena se realizou, mas nunca imaginou que conheceria , com quem planejou apenas o hoje, e o amanhã, bom... Às vezes o próximo mês com algum festival de rock.

Glossário Italiano
Mi scusi = Com licença.
Buon pomerigio = Boa tarde.
Ciao = Olá/oi.
Buona notte = Boa noite.
Buon apetito = Bom apetite.
Grazie = Obrigado(a).
Solo un momento = Só um momento.
Lei è affascinante = Ela é fascinante.
Amico = Amigo.
tutto bem = Tudo bem?
Sí, va bene = Sim, tudo bem.
Ragazza = Garota.
Bella = Linda/Bonita.
Giardino molto bello = jardim muito bonito.
Non = Não.
Sì = Sim.
Amore mio = Meu amor.
la pizza era così meravigliosa = A pizza estava tão maravilhosa.
Scusa = Desculpa.
È per regalo. = É para presente.
Amore = Amor
Mio fratello = Meu irmão.
Sorella = Irmã.
Angosciante = Angustiante
Milano = Milão.
Volo 143 da Milano a San Paolo, imbarco al gate 6. = Voo 143 de Milão para São Paulo, embarque no portão 6.
Eu te amo, . = Temo di amarti, .
Scambio = Intercambio.
Vino = Vinho.
Diversão = Divertimento.





Fim.



Nota da autora: Obrigada por ter lido a fanfic todinha, eu espero do fundo do coração que você tenha gostado da fic, dos personagens e também da Itália. Eu amo esse país e espero que você tenha conseguido se sentir igual eu, dentro de Milão em todos os cantos da fic. Quem sabe eu não dou uma continuação para Scambio d’amore.
Realmente espero que tenham gostado da fanfic ❤
“Comentem o que acharam, obrigada pelo seu gostei, e nos vemos no próximo capítulo” – Alanzoka.






Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


comments powered by Disqus