CAPÍTULOS: [01]



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Última atualização: 13.07.2017

Capítulo Único


Como descrever a vida de uma típica adolescente que mora com sua mãe em uma pequena cidade pacata do interior chamada Huntsville. O único lugar que conheço desde o dia em que nasci, sempre as mesmas pessoas, os mesmos lugares, a mesma rotina.
Todas as noites eu ansiava pela esperança de que algo diferente aconteceria, esse seria meu último ano no colegial e estava cansada da mesmice que era frequentar Huntsville High.

(...)

Em um dia você completa sete anos e num piscar de olhos já está completando dezessete. Sim, hoje o meu tão esperado aniversário havia chegado, para ser sincera não tão esperado, afinal não sou das pessoas mais animadas para fazer aniversário. Não que agora, em um piscar de olhos havia me tornado a pessoa mais experiente, mas a cada ano novos acontecimentos ou não tão novos, mas por incrível que pareça, hoje acordei com uma sensação de que algo mudou em mim, como se estivesse passando por uma metamorfose, me sentia diferente, mas acredito que tudo não passa de impressão minha.
Será que como presente não poderia ter o privilégio de ficar na cama debaixo das minhas cobertas e não precisar ir à aula hoje? – Pensei minutos antes de ser praticamente arrastada para fora delas.
- Bom dia, aniversariante! – exclamou minha mãe, terminando de me despertar por completo, jogando minhas cobertas para os pés da cama. Infelizmente minha mãe era a pessoa que mais adorava essa data. – , trate de melhorar logo essa carinha, dezessete anos! Definitivamente não é mais o meu bebê. – falou indo em direção à janela.
Sequer pronunciei uma palavra, apenas peguei o travesseiro e coloquei sobre o meu rosto tentando bloquear toda claridade que tentava me cegar, após minha mãe escancarar as persianas da janela.
- Quero você pronta em 10 minutos... O café já está pronto e tenho uma surpresa pra você lá em baixo. Hoje é dia de comemoração, entendido?
Com muito sacrifício levantei-me e vesti meu uniforme da escola que estava estendido sobre a poltrona ao lado da minha cama, sabia que não convenceria minha mãe de não sair de casa hoje, mesmo que realmente eu não estava me sentindo muito bem, talvez eu fosse ficar resfriada.
Sentei com a postura um pouco desleixada na banqueta da cozinha.
- Aqui está, tratamento especial para mocinha aniversariante. – minha mãe colocou uma bandeja em minha frente com um sanduíche de queijo, o meu preferido, uma batida de frutas vermelhas, alguns biscoitos salgados e ao lado um lírio amarelo com um pequeno cartão de Feliz Aniversário e uma caixinha vermelha.
- Obrigada, mãe. – Após esse tratamento tão especial, não poderia continuar com meu mau humor e resolvi abrir o presente antes de tomar aquele café da manhã de filme. – É bonito, é igualzinha ao do seu? – perguntei segurando e analisando o anel de pedra negra que acabara de ganhar.
- Sim, minha filha, é tradição de família. Quando completamos 17 anos, cada uma da família tem um anel de Turmalina Negra. É um cristal poderoso, ajuda na proteção, filtra as energias negativas e emana positiva e ele se energiza sozinho com a luz do sol. A partir de hoje nunca mais deixe de usá-lo.
Coloquei o anel no dedo e aproveitei meu banquete da manhã antes de ter que encarar a escola, nesta segunda-feira em que eu estava mais velha.

(...)

- Querida, não marque nada depois da aula. Não esqueça que hoje eu venho lhe buscar para a programação de aniversário. – ela falou assim que parou o carro em frente ao portão da escola.
Apenas concordei com a cabeça, afinal essa “programação” consistia em fazer compras, algo que não poderia recusar. Retirei o cinto, peguei minha mochila e então me despedi dela com um beijo no rosto e saí tranquilamente do carro.
Logo mais adiante sentada no banco perto da porta de entrada do prédio da escola, avistei roendo as unhas como sempre. No instante em que ela me viu estampou um sorriso de orelha a orelha. Só eu que não estava nesse clima de comemoração? Lentamente fui me aproximando tentando sorrir de leve para não transparecer o meu real humor.
- ! Feliz Aniversário! - em um pulo levantou-se e me abraçou, quase quebrando minhas costelas.
- Obrigada, . – agradeci tentando me desvencilhar dela, que mais parecia um polvo que minha amiga. Só me largou no momento em que escutamos o sinal tocar.
- Que anel diferente. É novo, não é mesmo? – perguntou ao pegar minha mão para olhar o anel bem de perto.
- Eu ganhei de presente de aniversário da minha mãe.
- É muito bonito. Você fez algo no cabelo? Tem algo diferente em você hoje... – sempre com seu jeito “discreto” e sempre direta, arqueou a sobrancelha me analisando de cima a baixo.
- Não fiz nada não... Estou igualzinha como todos os dias. – respondi sem dar muita importância para toda essa empolgação da minha amiga. Puxei minha cadeira e sentei em minha classe.
- Vai ver é porque ficou um ano mais velha hoje. – Riu e sentou na classe ao meu lado.
Estava com uma sensação estranha, talvez uma gripe estava me rondando. A professora Megan passava alguns exercícios no quadro e sua voz parecia distante, quase como se viesse de um universo paralelo.
Eu estava totalmente dispersa e de repente senti uma pequena bolinha de papel acertar minha bochecha.
- Ai... – murmurei esfregando meu rosto. Peguei aquele modelo de “projétil de arma de fogo” e desamassei em meu colo. A letra totalmente familiar, só podia mesmo ter vindo da mesa ao meu lado.
“Hoje teremos uma super festa? Que horas? Vai ter festa não é mesmo? Diz que sim!! Xoxo ”.
Olhei estreitando os olhos para , que imediatamente desviou o olhar tentando disfarçar. A cutuquei para responder, me negaria ter que escrever de volta uma resposta, sendo que ela estava sentada na classe ao lado da minha.
- Sim, uma mega festa, você, minha mãe e eu! A festa do século. – respondi sussurrando com ironia.
- Credo, , que mau humor... – cruzou os braços e virou-se emburrada em direção à professora.
- Desculpa, .
- Silêncio aí atrás. – A senhorita Megan chamou nossa atenção.
Grace, Candice e Brandy, feito hienas, ficaram de risinhos. Como em toda escola não pode faltar o trio das cabeças de vento e idolatradas por todos, não é mesmo? Aqui em Huntsville High não podia ser diferente. Grace a queen B do grupo, ou melhor dizendo, Queen G? Mas aqui ela não é a loira de olhos azuis e sim a ruiva esplendorosa, de cabelos cacheados como quase recém saídos de um salão de beleza, olhos verdes e um cílios de propaganda da Maybelline, acredito que quem estivesse perto, poderia sentir ventar no momento em que ela piscasse. E Candice e Brandy suas fiéis ovelhas, o que dizer sobre ela se não o óbvio? Candice com seus longos cabelos lisos e castanhos, sem um maldito frizz para eu poder falar mal, uma pele sem sequer uma manchinha ou espinha, isso lá é justo com todo o resto das adolescente? Acredito que não. E Brandy, que nem preciso entrar em detalhes, só que a Beyoncé tem uma irmã gêmea perdida por aqui. Bom, chega de elevar o patamar delas, afinal a minha vontade nesse momento era que a cabeça das três explodissem.
Fui resgatada de meus pensamento ao toque do tão aguardado intervalo. Já em nossa mesa de sempre, e eu observávamos Grace, Candice e Brandy, que passavam pelas mesas oferecendo chocolates, em busca dos votos para rainha do baile de Inverno, que aconteceria na próxima semana.
Assim que as três pararam diante da nossa mesa, apenas olharam e passaram para a próxima.
- O que há de errado com a gente? – olhei para a minha amiga.
- Pelo visto, somos invisíveis. – respondeu com descaso e continuou a comer seu sanduíche. – Falando nisso, lembrei que Derek deve achar que eu não existo mais. Ultimamente ele anda sem tempo pra mim, sempre com alguma desculpa. – deu um suspiro. – Mandei uma mensagem para ele, mas até agora sequer visualizou. – baixou o olhar encarando tristemente seu celular.
Derek era mais velho e já estava na faculdade. Ele e estavam ficando há mais ou menos uns dois meses, mas quando o conheci algo que não me agradou, não sei explicar muito bem, ele possuía um ar meio arrogante, talvez eu até estivesse enganada, mas se ela estava feliz era o que importava.
- Hey, é meu aniversário, a única que pode ficar emburrada sou eu. – eu ri, tirando a atenção dela do aparelho. - Que eu posso fazer para te animar? – Logo ergueu o olhar com se imediatamente algo brotasse em sua mente.
- Já que você não quer uma festa, que tal irmos ao cinema? Assim vamos ao shopping e você escolhe seu presente.
- Claro que sim, qualquer coisa que não envolva festas... Mas essa missão está fácil demais pra essa cara que você está fazendo.
- É que... Queria saber se eu posso convidar o Derek para irmos nós três. Que tal? – seus olhos chegaram brilhar ao fazer esse pedido.
- ! Ficar de vela no dia do meu aniversário? Aí já não é uma boa ideia. – logo ela emburrou novamente. – Não fica assim, está bem... Por você eu faço esse sacrifício. – sorri de canto.
- Você não vai ficar de vela, ele pode levar um amigo que você talvez se interesse, não é mesmo? – deu um risinho.
- Eu me interessar? Tarefa difícil... – gargalhei. – Presente de grego esse seu hoje, hein? – arqueei uma de minhas sobrancelhas enquanto terminava de beber meu suco.

(...)

Haviam se passado meia hora desde que eu havia chegado ao shopping e resolvi sentar na praça de alimentação, no local onde tínhamos combinado.
- Nossa, já são 18:15 horas... – olhei apreensiva para o relógio. – Onde está a ? – virei meu rosto para os lados e nenhum sinal dela. Quando abri minha bolsa para pegar meu celular, senti alguém tocar em meu ombro. – ! – virei meu rosto e pude ver minha amiga com os olhos inchados, nitidamente o rosto de quem estava chorando.
Ela deu a volta e sentou-se na mesa comigo.
- O que aconteceu, ? – perguntei extremamente preocupada.
- O Derek... – ela deu um suspiro alto. – Terminou comigo. E pior, por mensagem. – algumas lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto. – Olha... – ela me alcançou o aparelho.
- Mas é um otário mesmo. – como bom papel de melhor amiga, xingar o cara e desejar a morte dele é o mínimo que se pode fazer nesse momento. – Vamos lá pra casa, não tem clima para cinema e muito menos compras.
- Mas e o seu presente? – sua voz ainda saía falhada, ela devia ter chorado muito mesmo antes de chegar.
- Deixa para amanhã ou outro dia, está bem? Vamos comer uma pizza, já vou mandar uma mensagem para minha mãe.
- Está bem... Desculpe estragar seu aniversário. – respondeu desanimada.
- Nada disso, pizza e filmes em casa? Não podia passar melhor o meu aniversário. – sorri e nos levantamos indo em direção ao estacionamento do shopping.

(...)

Assim que chegamos minha mãe tinha espalhado balões pela sala e até os letreiros de “Feliz Aniversário” estavam montados na sala. Sim, minha mãe se empolga a cada aniversário, nunca deixa passar em branco.
- ! Gostou, minha filha? – apontou para a decoração. – Assim que você me mandou a mensagem tive que me apressar, a surpresa era pra depois que vocês voltassem do cinema.
- Sim, mamãe. Adorei. – eu ri, mas apenas sorriu fraco.
- O que aconteceu, querida? – minha mãe perguntou ao ver o abatimento da minha amiga.
- O Derek terminou com ela por mensagem. – me antecipei e respondi no lugar de .
- Homens e suas canalhices não tem idade. – minha mãe respondeu. – Mas sentem-se, logo a pizza chega e eu fiz até um bolo hoje para sobremesa.
- Você fez? – indaguei surpresa. Minha mãe, apesar de ser uma super mãezona, seus dotes culinários não eram dos melhores. – E a cozinha está intacta? Não vi nenhum caminhão dos bombeiros estacionado ali fora. – brinquei.
- Engraçadinha. – ela deu um risinho de canto. – , vai escolhendo um filme, enquanto a me ajuda com uma coisinha aqui na cozinha.
- O que foi, mãe? – a acompanhei até a cozinha.
- Sente-se, eu preciso lhe contar uma coisa. Afinal, hoje é seu 17º aniversário.
- Nossa, você está me assustando. – puxei o banco para me sentar mais próxima a ela.
- Acredito que não seja um grande segredo, você já deve desconfiar há algum tempo. Vejo que está usando o anel que lhe dei. E é muito importante, mas muito mesmo, que nunca se desfaça dele a partir de hoje. Notou que hoje é noite de lua cheia?
- Sim, mãe... – eu estava um pouco confusa. – O que isso tem a ver?
- A partir da meia noite, que é quando você terá por completo seus 17 anos, seus poderes serão concedidos a você.
- O quê? – arregalei meus olhos. – Poderes? O quê? – estreitei s sobrancelhas. – Do que você está falando, mãe?
- Será que existe outro termo mais apropriado para... Para dizer que as mulheres dessa família são... – ela colocou a mão no queixo, pensando. – Bruxas?
- Bruxas? – aquela palavra saiu mais alto do que eu esperada.
- Shhhhh... É para ser um segredo, mas estou lhe contando hoje, devido ao fato do que aconteceu com a .
- Como assim? – Eu ainda estava sem entender muita coisa.
- É que, como tradição à meia noite, devemos sempre fazer o nosso primeiro feitiço, tipo uma iniciação, sabe? E me veio uma ideia maluca de que tal iniciarmos com um feitiço do amor? – minha mãe esfregou as mãos e sorriu diante de seu plano. – Assim você pode dar uma forcinha a ela e ela pode tentar recuperar o namoradinho.
- Mas, mãe... Isso não seria errado? Forçar alguém voltar por magia?
- Meu amor, somos bruxas, não anjos e muito menos cupidos. É apenas uma forcinha para sua amiga se vingar.
- Mamãe! Não estou lhe reconhecendo.
- Mas somos bruxas boas, está bem? Isso não vai prejudicar ninguém, ele só vai voltar a ter interesse nela e ela não vai ficar mais triste, que mal tem nisso? E mais se não é amor, não vai durar tanto tempo assim, magia nenhuma tem o poder maior que o de um amor verdadeiro. Pensa bem, mas a tem que ir embora antes da meia noite, para nos prepararmos.
- Está bem. – concordei e me levantei para voltar para a sala, mas ainda tentando assimilar tudo que minha mãe havia me contado.

(...)

- Até amanhã! – me despedi de assim que o táxi veio busca-la.
Fechei a porta e minha mãe já estava parada atrás de mim.
- Estou tão emocionada, meu bebê já é uma moça agora! – ela me abraçou forte. – Vamos lá para o sótão.
- Ah, então era por isso que passei uma infância curiosa em saber o porquê o sótão ficava trancado.
Aquela porta abriu-se quase que em câmera lenta, aquele ranger da dobradiça soava alto em meus ouvidos. Desde de pequena tentava de tudo para abrir aquela porta, mas nada, nada mesmo a abria. Meu coração parecia que ia saltar pela boca de ansiedade.
- Nossa, totalmente diferente como eu imaginava. – Esperada um lugar escuro, cheio de velas, um caldeirão, alguns morcegos e até teias de aranha. Mas me deparei com uma sala com as paredes brancas, um lustre maravilhoso de cristal, ao mesmo tempo luxuoso, mas ao mesmo tempo clean feito um laboratório. Prateleiras com tubos de ensaio, um canto com balanças de precisão, centrífuga, destilador de água e mais alguns equipamentos de laboratório. Mas algo claro que não poderia faltar, em um dos cantos havia um pedestal com um enorme livro em cima, nitidamente um livro antigo. E foi dele que nos aproximamos.
- Pela sua cara, vejo que esperava outra coisa.
- É tão agradável aqui, tem até um cheirinho de lavanda e frutas silvestres.
- Esperava cheiro de mofo? – ela riu.
- É... – dei de ombros.
- Somos bruxas, não pessoas relaxadas, minha filha. Realmente precisa mudar seus conceitos. – balançou a cabeça de um lado para o outro. – Bom... Já é quase meia noite. Decidiu?
- Sim. Quero ajudar a , ela saiu tão cabisbaixa aqui de casa.
- Então poção do amor I, será! – mamãe bateu palmas e o livro abriu-se na página correspondente.
- Por que poção do amor I? Existe II? III? – perguntei curiosa.
- Claro que sim, mas nesse caso é necessário só o I, e como você é iniciante é a mais segura também. Aproveitando sua pergunta, esse é só o feitiço de iniciação e estará sob minha supervisão, nada de ficar usando magia sem limites, hein? Você ainda tem muito que aprender, minha bruxinha. – tocou na ponta do meu nariz. – Magia se usa com moderação, senão pode ser desastrosa e até perigosa, entendido? – ela me alertou. Apenas concordei com a cabeça. – Aos poucos você vai aprendendo tudo que precisa saber e após esse primeiro feitiço digamos que será revelado a você qual será o seu poder. Agora vamos ao que interessa. – ela abriu um amplo sorriso. – Aqui vamos nós. Você tem que pegar aquela vasilha feita de cristal. – apontou para a prateleira.
- E não vou precisar nenhum objeto da ?
- Não, na I, não será necessário, apenas os ingredientes que tenho aqui serão suficientes. Agora coloque duas xícaras de água para ferver dentro da vasilha. E depois coloque uma xícara daquelas pétalas de rosa de jardim que estão no vidro ali ao seu lado.
Abri o vidro e fui seguindo as instruções da minha mãe.
- Continue mexendo, agora acrescente o mel, para deixa-lo bem doce. – ela sorriu. – Em seguida uma pitada de pó de raiz de ginseng, para deixa-lo louquinho e de joelhos por ela. Continue mexendo.
- E agora? – perguntei enquanto via aquele líquido borbulhar.
- Quase no fim, agora uma colher de canela em pó. Está ali naquele vidrinho bem na sua frente. Antes de finalizarmos pegue aquela bola de cristal, a média. E deixe ferver junto com todos os ingredientes por três minutos, isso é para ele poder enxergar o que ele está perdendo. – ela gargalhou. Juro que até me assustei um pouco com aquela risada, mas continuei firme na poção.
- Pronto e agora. – Perguntei após o três minutos passados.
- Agora com aquela concha, retire a bola de cristal e guarde ela nos potes de feitiços efetuados e feche bem. E depois a poção coloca naquele vidrinho de tampa dourada. Esse, amanhã você vai entregar para a e faz ela passar nos pulsos, atrás da nuca e na perna, atrás dos joelhos. Em seguida faz ela ligar para o... – olhou para cima tentando lembrar do nome do namorado da .
- O Derek! – respondi prontamente.
- É! Esse indivíduo aí. E faz ela marcar um encontro, ele com certeza não irá negar por conta do feitiço, mas a poção só fará seu total efeito quando ele se aproximar dela e então ela o convence de tomar um café ou um suco e ela precisa pingar uma única gota e pronto... – minha mãe estalou um dedo. - Só deixar a magia agir.
- E como posso explicar a ela, sem contar nosso segredo?
- Simples... Que você comprou pela internet. Hoje em dia se acha tudo pela internet, não é mesmo?
- Isso é verdade, com certeza ela irá acreditar sem eu precisar dar explicações. E qual é o meu poder? – Indaguei após ficar frustrada por não ter visto alguma luz um raio me tocar após terminar o feitiço.
- Olhe para o seu anel. Ele responderá a sua pergunta.
Ergui minha mão, analisando detalhadamente o anel de turmalina em meu dedo, foi quando uma letra formou-se nele e de repente ela desapareceu.
- Letra C? O que isso significa?
- Minha filha, você terá o dom da cura. – ela sorriu fraco. – É algo maravilhoso, mas... Você terá que ter muita cautela, esse dom consome muita energia e isso pode acabar te enfraquecendo muito. – ela respirou fundo. – Mas vamos trabalhar nisso, não se preocupe, com muita cautela e muito aprendizado poderá tirar muito proveito desse seu dom, querida.
- E qual é o seu dom, mãe?
Ela olhou par a prateleira e uma varinha começou a voar até nossa direção até parar em sua mão.
- Telecinésia. – ela sorriu.

(...)

No dia seguinte fiz tudo exatamente como minha mãe havia me dito. Entreguei a poção a e ela mandou a mensagem para Derek e ele respondeu imediatamente, nem eu estava acreditando que já estava dando certo. era só sorrisos, então eu sabia que eu havia feito a coisa certa. O encontro deles estava marcado para hoje à tarde, portanto o resultado final eu só saberia a noite.
Passei a tarde em meu quarto estudando, tentando me distrair na expectativa se ela conseguiria concluir o último passo que seria colocar uma gota da poção para Derek beber. As horas foram passando e a minha ansiedade só aumentava. Quando eu estava quase terminando de roer toda tampa da minha caneta, uma mensagem apitou em meu celular, era da .

!!! Nem tenho palavras para agradecer. Eu só não vou poder passar aí para te contar detalhes, porque agora tenho que me arrumar, pois a noite Derek me convidou para jantar. Acredita? E tem mais... Amanhã mesmo ele quer me apresentar para os pais dele! Amanhã na escola eu te conto melhor...
XoXo da sua BFF”


Missão cumprida, estava me sentindo tão feliz e aliviada por tudo ter dado certo. E a minha vontade de ir descobrir que outros feitiços aquele livro continha só aumentou, mas minha mãe havia proibido qualquer tipo de magia durante esse mês, ela me chamou de Baby Witch, então só poderia fazer o próximo daqui um mês e ainda sob a sua supervisão, embora me senti madura o suficiente para não mexer com coisas perigosas, não iria me arriscar.

(...)

Na mesma semana presenciamos uma cena atípica no intervalo. Duas mesas a frente, digamos que uma DR se formou entre o “it couple” da escola e para surpresa de todos o término do século ocorreu diante de nossos olhos. A cena foi tão humilhante que juro que acabei sentindo um pouco de pena da Grace ao vê-la chorando, mas logo foi substituído por uma satisfação ao lembrar de todas as vezes que ela pisou em muitos dessa escola e inclusive em mim.
- ... – falou baixinho perto do meu ouvido. – E se déssemos o restinho da poção que você me deu para a Grace?
- O quê – minha voz saiu estridente, fazendo dar um pulo ao meu lado. – Você tá louca? – baixei meu tom de voz. Deixa ela ter o que merece...
- Eu também não gosto dela, só pensei que... Sei lá, talvez essa fosse a chance de conseguirmos nosso lugarzinho ao sol, entende? Se ela for grata por termos ajudado ela, quem sabe podemos entrar para o clube.
- Eu não quero pertencer ao grupo dessas cabeça de vento, não. – eu estava indignada com a querer se rebaixar para essas meninas. – Esse foi um presente meu para você, que é a minha amiga.
- Mas, ...
- Nada de “mas”. Eu não quero ser mais uma das servas da Grace e pronto. – fiquei tão furiosa com essa proposta que me levante e peguei minha bolsa. – Vou para minha aula, mais tarde nos falamos. - Fui direto para a aula de Biologia.

(...)

E finalmente era sexta-feira e novamente e eu sentadas na nossa mesa de sempre, tranquilas. Ela contando tudo que Derek andava fazendo para ela, as mensagens carinhosas, até flores ele mandou nessa manhã para a casa dela. Até me fez pensar, se essa era a poção do amor I, o que fariam a poção II, III e IV?
Ao olhar a mesa dos “queridinhos”, não diria que foi uma surpresa, mas Nathan e Grace, já estavam juntinhos novamente, diria que até colados, mas nem liguei, afinal era dois chatos e se mereciam mesmo. Antes do intervalo terminar cada um foi para a sua aula e Nathan e Grace se despediram da forma mais brega que poderia existir, mandando selinhos pelo ar e pegando com as mãos.
Quando eu estava prestes a entrar na sala para a aula de Matemática, Grace me segurou pelo braço.
- Hey, espera. Obrigada.
- Como? – estreitei as sobrancelhas e a encarei confusa.
- A ... – Grace se aproximou e falou baixinho. – A poção, sabe? Ela disse que era sua, que você comprou em um site na internet e pediu para ela me entregar.
Eu respirei fundo, pois a vontade de ir atrás da e a esgoelar nesse momento era grande.
- É... – dei com os ombros. – Que bom de deu certo. – respondi com desinteresse. – Agora preciso ir para minha aula, Grace, licença.
- Se quiserem sentar com nós segunda-feira no intervalo, serão bem vindas. – abriu um amplo sorriso.
- Está bem. – concordei e entrei rapidamente antes da professora impedir minha entrada na aula.
Tudo que eu pensava era como eu iria fazer em pedacinhos, sem deixar vestígios e nem sequer me sentir culpada. Ela ia me ouvir.

(...)

E era segunda-feira e todo final de semana minha “querida” amiga estava totalmente em off. Cheguei até ligar para a casa dela e a mãe apenas me disse que ela havia saído com Derek. Agora já estava arrependida do tal feitiço. E para piorar as amiguinhas da Grace, a Candice e Brandy vieram bater a minha porta para pedirem uma poção para cada uma, queriam que eu encomendasse, pois elas não estavam achando o site, fiquei ainda mais enlouquecida e bati com a porta na cara delas.
Eu ainda estava furiosa com , assim que vi ela cruzar a porta toda sorridente, tudo que fiz foi baixar a cabeça e fingir estar lendo minhas anotações do caderno.
- ... – ela me cutucou. – Está chateada que não consegui te retornar as ligações no final de semana?
- Não... – continuei com a cabeça baixa. Respirei profundamente e levantei meu rosto para ela. – Eu fiquei sabendo que você traiu a minha confiança e entregou a poção para a Grace.
- Eu... E-eu... – gaguejou. – Desculpa, ... Eu vi ela chorando no banheiro aquele dia e lembrei como eu me senti quando o Derek fez aquilo comigo e... Foi mais forte que eu. Desculpa, por favor.
- A professora chegou. – a cortei e me virei para frente.
- Mas, ... – ela se calou assim que a professora a encarou.
- Pessoal, um pouco da atenção de todos. – A sra. Martina bateu palmas chamando a atenção de todos. – Temos um aluno novo. – Pode entrar, . – De um modo todo despreocupado aquela garoto entrou e logo tomou toda a minha atenção. – Esse é o é aluno de intercâmbio e veio transferido da Romênia, isso?
Ele apenas concordou com a cabeça e colocou as mãos no bolso de sua calça jeans.
- Seja bem-vindo, . – Candice rapidamente levantou-se mostrando toda sua simpatia, forçada é claro.
- Pode escolher um lugar e mais uma vez, seja bem-vindo. – concluiu a Sra. Martina. – Vamos dar início a nossa aula.
De todas as outras classes que estavam vagas, porque justamente ele foi sentar na que estava livre atrás de mim? Era a primeira vez que um garoto me deixava meio que atordoada, nem sei explicar o que de fato estou sentindo. Só porque ele é bonitinho, mas logo isso há de passar.
- Hey... – senti um leve toque em meu ombro. – Tem uma caneta para me emprestar? – cochichou.
Cheguei me atrapalhar toda, abri meu estojo e a única que eu tinha sobrando ela uma cheia de estrelinhas e com uma ponteira de bolinhas dourada com glitter, fiquei um pouco envergonhada, mas fazer o que era a única que eu tinha. Virei-me brevemente e alcancei aquela caneta discreta para ele e foi quando ele deu um sorriso de canto ao olhar para a caneta, que eu juro que fez até sentir uma certa palpitaçãozinha no coração. Eu não estava me reconhecendo.
- Valeu. – ele agradeceu e eu sorri, pois as palavras naquele momento não saiam, parecia uma boba, mas era melhor ficar calada do que falar besteira. Voltei minha atenção à aula, assim eu pararia de ter essa crise maluca e temporária de borboletas no estômago, talvez seja só uma gastrite, um remedinho e pronto mato elas todinhas.
Quando tocou para o intervalo me devolveu a caneta e perguntou meu nome, respondi até um pouco fria, queria ao máximo não demonstrar essa minha tolice momentânea. E ele saiu para o intervalo.
Já sentada no meu bat-local, onde até o formato da minha bunda já estava moldado naquele banco, fiquei observando Candice e Brandy, se esfregando no , feito uma apresentação das meninas do Fifth Harmony. Vergonha alheia nesse momento, talvez, mas o que mais eu estava sentindo era ódio, queria afastar aquelas duas o mais rápido de perto dele. Que raios estava acontecendo comigo?
se aproximou com a bandeja, tirando minha atenção daquela cena que estava me fazendo passar mal, então parou ao meu lado e perguntou receosa:
- Posso me sentar?
- Ué? Não queria se sentar com as magníficas lá. – apontei para a mesa da Grace. – Vai querer voltar a ser invisível e ficar aqui? – continuei.
- Não fala assim comigo, ... Eu errei, sinto muito. – ela me olhava firme nos olhos. Podia notar o quanto ela estava arrependida, mas não poderia voltar a depositar minha confiança novamente assim tão rápido.
- Senta... – dei com os ombros.
- Me perdoa? Eu fiz por impulso, só queria ser aceita... – soltou um suspiro. – Eu estava cansada de ser invisível. – baixou o olhar.
- , mas pra mim você não é invisível. - Ela rapidamente abriu um sorriso.
- Eu prometo, , não vou mais te decepcionar.
- Está bem, mas está em estágio probatório comigo agora. – eu ri. – Na próxima te dou uma poção pra te transformar em um rato. – gargalhei.
- Credo, ... – ela riu fraco. – Que site é esse que você anda acessando, hein.
- Estou brincando... – desconversei. – O site até saiu do ar, foi a última poção que consegui comprar, por isso fiquei chateada.
- ! Agora mais ainda estou arrependida. Eu sou uma burra mesmo.
- Chega, ... Vamos passar uma borracha nisso e é só não vacilar desse jeito mais, está bem? Prometo. – beijou os dedos indicadores em cruz.
- Elas não perdem tempo... – se referiu à Candice e Brandy, que continuavam a adular o .
- Quem? – fiz de conta que nem tinha visto. – Ele tem bem cara que gosta desse tipo de menina mesmo.
- Não achei. – respondeu . - Olha a cara de tédio dele.
- Claro... Tanto tédio que não sai dali. – virei o rosto e voltei a comer meu sanduíche. Por que aquelas duas perto dele ainda me incomodavam tanto? Ele devia ser igualzinho ao Nathan e todos os outros desse grupo, nem sei porque me preocupo.
- Eu tinha razão, ... Olha ele saiu de perto delas, deixou elas falando sozinha. – gargalhou e eu não pude conter um sorriso de satisfação. Mas não demorou para que ele voltasse para a mesa e a bajulação continuasse, aquilo estava me corroendo.
Eu precisava agir, em um impulso peguei minhas coisas e fui em direção àquela mesa.
- Oi, Grace. Tem um lugar pra mim, você tinha me convidado semana passada. – Não acredito, , você se humilhando para as três patetas? Alerta vermelho, foge enquanto há tempo. Pressentimento de que algo ruim está para acontecer. Sai daí, .
- Não tem... Candice e Brandy me contaram que você bateu a porta na cara delas. Portanto, volta lá pro seu chiqueirinho. Oinc, oinc. – Grace gargalhou e todos a acompanharam no riso me fazendo ficar vermelha, roxa, todas as cores acredito de tanta raiva, mas a culpa era minha. Por que raios eu fui fazer isso? Mas meu instinto falou mais alto e a única coisa que tinha na minha mão voou direto naquela cara de porcelana, meu delicioso suco de beterraba com gengibre. A satisfação de ouvir seu grito e ver aquele líquido vermelho escorrer pelos seus preciosos cabelos e ver rir do que eu havia feito, valeu ter me deslocado de lugar.
- Oinc! – imitei o som e saí gargalhando.
me olhava apavorada com o que havia acabado de acontecer, algumas mesas até me aplaudiram, outras ficaram horrorizadas e até algumas vaias pude ouvir, mas eu estava de alma lavada.

(...)

Devido à detenção eu havia chegado mais tarde em casa e estranhei o silêncio que reinava.
- Mãe! Mãe! – gritei a procurando pelas peças. Até que encontrei sobre o balcão da cozinha algumas notas de dinheiro e ao lado um bilhete da minha mãe.

--Querida, precisei ir em uma convenção de emergência, sua avó que convocou, como você ainda é a mais nova não precisa participar. Eu te conto como foi e te passo todas informações que você precisa saber, assim que eu voltar no domingo. Cuide-se minha bruxinha. Com amor, mamãe. --

Minha mãe fora essa semana toda? Um sorriso brotou em meus lábios pelo fato de eu ter tido talvez a pior ideia que eu poderia ter, mas a motivação era muito maior que o bom senso. Larguei minha mochila e corri para o sótão. Agora a porta não ficava mais trancada para mim. Aproximei-me um pouco receosa do grande livro. Comecei a folear, queria dar uma olhada geral antes de ir direto para o feitiço que era do meu interesse, mas muita coisa eu não entendia, tinha coisas escritas em uma linguagem estranha. Era em vão tentar ler essa primeira parte, então falei:
- Poção do amor IV. – logo o livro abriu-se na referida página. Meu coração batia forte, como de quando eu era criança e estava aprontando algo. – Será? – falei comigo mesma, mas ao lembrar de tudo que me aconteceu hoje na escola, senti que deveria sim fazer isso. Esse estava escrito com letras vermelhas, então deve ser super poderoso. Ele continha praticamente todos ingredientes da poção I, mas esse tinha uns encantamento para falar junto e alguns ingredientes a mais, como um objeto usado pela pessoa que vai ser enfeitiçada. – E agora? – Logo me lembrei da caneta que emprestei para ele hoje pela manhã, aquilo devia servir, ele usou, tocou e olha que pelo que espiei ele até colocou na boca, ou seja, virado em DNA do , não poderia ter objeto melhor. Corri até a cozinha para pegar a caneta em minha mochila e na mesma velocidade voltei para dar início.
Após todos ingredientes misturados, recitei as palavras do livro e por último joguei a caneta na vasilha. Uma fumaça formou-se no mesmo instante e um símbolo estranho se moldou naquela fumaça e de repente uma força me empurrou fazendo com que caísse no chão e a luz piscou, mas logo a fumaça dissipou-se e a luz normalizou e tudo voltou ao normal. Retirei a poção e a guardei em um vidrinho de tampa lilás. Segui tudo, como se segue uma receita de bolo.
Arrumei tudo de volta como estava para que quando minha mãe voltasse nem desconfiasse do que eu havia feito.

(...)

Antes de entrar na escola passei a poção como se fosse um perfume, exatamente como dizia no livro, mas eu faria para borrifar nele, para finalizar com sucesso o feitiço?
Vou torcer para que ele tenha aula de Inglês comigo hoje e sente-se bem próximo de novo.
Assim que entrei na sala Josh, meu colega, puxou uma cadeira para que eu me sentasse. Estranhei, mas ele era meio esquisitinha às vezes mesmo, mas ele era legal, então aceitei a gentileza. Pra minha sorte passou por mim e sentou-se novamente na classe bem atrás de mim, assim conseguiria colocar meu plano em prática. Quando percebi que ele estava escrevendo algo em seu caderno, fiz de conta que estava experimentando meu perfume novo, comentei meio alto com minha colega que estava ao meu lado e então borrifei em mim e acertei nele também.
- Opa... – me virei para me desculpar. - Desculpa. – me encarou de uma maneira que pude ver o fundo de seus olhos e uma sensação estranha tomou conta de mim. Eu queria que ele se hipnotizasse por mim, mas naquele instante parecia que era eu que estava perdida em seu olhar. Tudo só foi quebrado, quando ele resolveu voltar a escrever em seu caderno.
Engoli seco e virei-me de volta. Esse garoto me deixava intrigada, o efeito da poção I aquele dia fez um efeito mais instantâneo, porque não essa não está dando certo. Será que fiz algo errado?
O professor de inglês finalmente chegou, sempre atrasado o Sr. Mitchel. Durante toda aula, não deu nenhum sinal de vida, ficou calado, não demonstrava nenhum efeito da poção.
Josh, já estava me deixando um pouco desconfortável, não tirava o olho de mim e quando fui desviar o olhar, notei que Grant me olhou e deu uma piscada. Voltei meu olhar para o quadro, achei aquilo muito estranho.
O professor passou um trabalho em dupla, então essa seria a minha chance.
- Quer fazer dupla comigo, ?
- Não... – ele respondeu seco. – Vou fazer dupla com a Carol. – empurrou rapidamente sua mesa ao lado da Carol.
No mesmo instante percebi que o feitiço havia falhado, devia imaginar que não conseguiria sozinha, ainda não tenho experiência o suficiente.
Josh e Grant disputaram quem iria fazer dupla comigo, até que o professor separou e me colocou fazer o trabalho sozinha.
Ao término da aula, saiu sem sequer olhar para trás. Nossa, aquele garoto devia me odiar, só pode. Enquanto recolhia meus materiais o professor pediu para eu ficar mais um pouco que precisava falar comigo. Josh e Grant estavam agindo de maneira bem estranha, ao ponto do professor precisar colocar eles para fora da sala.
- Então, ... – O Sr. Michel encostou a porta. – O trabalho que você fez vai valer um pouco mais de nota pra você, já que teve que fazer sozinha. – ele falava de uma forma suave e ficava me olhando dos pés a cabeça, me deixando totalmente desconfortável.
- Está bem, professor. Era só isso? – comecei a me afastar ficando mais próxima da porta. - Não, queria falar o quanto você está bonita hoje. - O quê? – arregalei os olhos. – Que é isso, professor? Eu tenho que ir... Isso é assédio.
- Não, estou apenas elogiando a beleza da minha aluna. – ele foi se aproximando e aquilo foi me dando um nojo e medo ao mesmo tempo.
- Eu tenho que ir... – o mais rápido que pude agarrei a maçaneta da porta e corri até o corredor com o coração acelerado.
Josh, Grant e até o Brendon estavam ali no corredor e me olhavam como se eu fosse um prato delicioso na frente deles, aquilo estava realmente me assustando.
- Hey, , vem aqui com a gente...
- Agora não posso... – acelerei o passo e praticamente estava correndo pelo corredor da escola. Os caras estavam agindo de forma estranha, comecei a ouvir assovios, até cantadas baratas, pareciam homens da caverna. O que estava acontecendo? Justo hoje a está de atestado. Corri para me esconder no banheiro das mulheres. Respirei fundo e abri lentamente a porta, o corredor estava livre.
Quando cheguei ao pátio da escola, mais um grupinho de garotos da escola estava ali reunido e era como se me farejassem, todos me olharam e começaram a vir em minha direção. Foi quando me dei conta, o maldito feitiço, deu errado. Taylor que era meu colega desde o jardim de infância também veio com aquele grupo, tudo que eu pensei foi fugir. Corri até o portão, mas Taylor me alcançou e me segurou pelo braço.
- Sabe, eu precisava contar que eu te amo. – ele me apertava forte o braço.
- Não ama, não... – tentei me desvencilhar dele, mas os outros começara a se aproximar e o desespero foi tomando conta de mim. – Me solta. – gritei.
- Ela é minha. – gritou Grant. - Me solta... – ele apertava mais forte meu braço. Estava contendo meu choro. Nesse instante, por trás senti alguém me puxar pela cintura, assim me soltando do Taylor, mas deixando um pedaço da manga da minha camisa por entre os dedos dele.
- Socorro... – me debati.
- Calma... Sou eu, – ele foi me carregando até o carro dele.
- Onde você está me levando? – perguntei apavorada.
- Para sua casa... Precisamos reverter isso antes que isso se torne uma tragédia. – ele dirigia para fora do estacionamento da escola.
- Reverter? – engoli seco. Como ele sabia? – Do que você está falando?
- Você sabe muito bem... Não se faça de desentendida. – fez a curva bruscamente. – Você realmente é imatura mesmo... – ele bufou. – E inconsequente.
- Para de me ofender que mal te conheço. – fiquei emburrada, mas instigou minha curiosidade, como ele sabia de tudo e pelo trajeto ele sabia exatamente onde era a minha casa. Quem é esse tal de afinal? – Como você sabe o que eu fiz?
- Não interessa como eu sei e sim que vou ajudar a reverter. Não me faça mais perguntas. – freou bruscamente em frente a minha casa.
Nisso o jardineiro da minha vizinha correu até perto do carro.
- Sarinha, você está bem? – ele bateu no vidro. Nesse momento, saiu do carro rapidamente e empurrou o jardineiro com muita força, mas muita força mesmo, que quase o fez voltar para o gramado da primeira vizinha do quarteirão. Eu estava sem ação diante daquilo.
- Vem. – abriu a porta, me segurou pela mão e corremos a até dentro da minha casa. – Onde é?
- Onde é o que? – perguntei ainda meio desnorteada.
- Não sei como vocês chamam... Calabouço, sala de feitiçaria, cantinho das bruxas, sei lá... – ele falava com pressa.
- O sótão. – dei de ombros.
A campainha começou a tocar insistentemente.
- Abre, , é o Jared... Preciso falar com você. – começou a bater forte na porta. Pensei, quem será esse tal de Jared? Eu arregalei meus olhos e me virei para .
- Vamos, . – pegou novamente em minha mão para subirmos a escada. – Isso só vai piorar.

(...)

Abri a porta do sótão, mas o estranho foi que ele não conseguiu entrar comigo, a porta ficou aberta e ele me acompanhou para me ajudar.
- Se a minha mãe descobre, ela me mata ou me transforma em uma barata e vai me perseguir com um inseticida. – tentei manter o humor, diante daquela situação catastrófica. – E agora? – Perguntei enquanto olhava tudo que havia nas prateleiras.
- Pega isso... – me alcançou um vidro com pó de raspas de limão. – E isso. – separou o sal grosso.
- Que é isso? Agora você vai me alcançar um litro de tequila? – eu ri.
- ! – ele chamou minha atenção, ainda concentrado procurando mais ingredientes. – E por última uma pétala de dama da noite. Espera... falta mais uma coisa. Você usou algum objeto da pessoa que você queria enfeitiçar? Vou precisar disso também, é essencial.
Engoli seco, afinal a pessoa em questão era ele, cheguei a ficar corada, sob o seu olhar aguardando o dito objeto.
- O objeto... É que...
- Rápido, ...
- Está na minha mochila lá em baixo.
- Então corre lá buscar, por favor.
Nesse instante ouvimos um barulho de vidro se quebrar, vindo do andar de baixo.
- ... – segurou em meus ombros. - Espera aqui, que eu pego a sua mochila. – correu até o andar de baixo, tudo que ouvi foram mais ruídos de coisas se quebrando, podia jurar que se tratava de uma briga, mas eu já estava assustada o suficiente para tentar espiar o que estava se passando lá em baixo.
Alguns minutos depois, voltou, ofegante e com a minha mochila. E fechou a porta do sótão.
- Não temos muito tempo, logo eles vão subir atrás de você.
- Eles? – perguntei espantada. – O que foi que eu fui fazer? – coloquei as mãos no rosto.
- Calma... – ele segurou minhas mãos descobrindo o meu rosto. – Vai dar tudo certo, confia em mim.
Olhei novamente em seus olhos e senti uma força dentro de mim, uma confiança de que ele estava sendo sincero, mas ao mesmo tempo me perguntava de onde ele surgiu? Como ele sabia tanto? E nossa, como ele era lindo... Opa, espera... Volta, ... Não era isso que era pra pensar, concentre-se. Balancei a cabeça me livrando novamente daquele estado de hipnose que me encontrava toda vez que olhava naqueles profundos olhos castanhos.
- Só me diga o que preciso fazer... – foi me alcançando os ingredientes e fui mexendo todos, exatamente como ele mandava.
- Agora qual é o objeto? Você precisa mergulhar o objeto na poção agora que está borbulhando.
Timidamente me abaixei e peguei meu estojo e então peguei a minha caneta de estrelinhas. Ele me olhou espantado ao ver o objeto que eu havia pego, como se ele mesmo se perguntasse: “Todo esse feitiço foi pra mim?”.
- , meu amor, minha linda... – ouvimos as batidas na porta do sótão. – Abre, meu amorzinho. – as batidas começaram a se intensificar.
- Rápido. – me apressou. – Joga logo isso aí.
Sem pensar joguei a caneta dentro da poção e um barulho estrondoso se fez, assim que o objeto caiu em contato com a poção. No abaixamos e eu cobri meus ouvidos e em seguida mais uma vez uma grande fumaça pairou no ar, só que dessa vez era mais intensa, resolvi então encolher meus joelhos e cobrir todo meu rosto, foi quando senti, os braços de Micha me envolverem, como proteção daquela fumaça grossa. Ele era quente, um calor fora do normal exalava de sua pele, inclusive pude sentir o seu perfume, aquele aroma cítrico amadeirado, me tirava qualquer concentração e era como sentir uma carga de adrenalina. Ouvia ainda sem parar as batidas na porta. De repente tudo parou e um silêncio reinou e quando abri meu olhos, percebi que a jaqueta de estava sobre a minha cabeça, por isso sentia o seu perfume tão aflorado. Ergui minha cabeça e vi levantar-se e em seguida calmamente eu fiz o mesmo.
- Sua jaqueta, obrigada. – alcancei a peça a ele. Fiquei então observando ele a vestir novamente e não pude deixar de notar que ele usava uma correntinha em seu pescoço, mas o que mais me deixou intrigada era o símbolo que continha no pingente, o mesmo símbolo que havia se formado na fumaça quando eu fiz o feitiço. Ele acabou percebendo que eu não tirei o olho de sua correntinha e rapidamente a guardou para dentro da camiseta.
- Pronto, . Não precisa mais da minha ajuda. – começou a caminhar em direção a porta.
- Espera, ... – o segurei pelo braço e me assustei ao sentir todos os pelinhos do meu braço se arrepiarem. Que efeito era esse que ele causava em mim? E assim que ele se virou de frente para mim, o soltei. – Quem é você? Como sabe tanta coisa sobre mim? Sobre quem eu sou de fato. – descarrilhei todas as perguntas de uma só vez.
- ... ... – respirou profundamente. – Talvez um dia você descubra, mas agora não é o momento para todas essas respostas, o que importa é que você conseguiu ver com seus próprios olhos o que um feitiço inconsequente pode fazer. – ergueu uma de suas sobrancelhas.
Como podia até ele me dando lição eu estava o achando extremamente atraente e sexy? Acho que devo ter inalado demais aquela fumaça e isso acabou danificando meus neurônios. Que sensação era essa? Eu não queria que ele se afastasse de mim, isso me incomodava de uma maneira que jamais pensei sentir antes.
- Mas, ... – dei dois passos me aproximando um pouco mais dele. – Você não é um ser humano normal, é? – Não sei de onde resolvi perguntar isso, apenas saiu.
- E quem é nos dias de hoje? - lançou um riso despretensioso. Cheguei ficar sem palavras, aquele sorriso, aquela boca, parecia que quem havia sido enfeitiçada era eu. Era como se uma força magnética me puxasse e dei mais um passo a frente ficando a milímetros de seu corpo. – Então... – Ele limpou a garganta. - O feitiço era pra mim? – ele arqueou uma de suas sobrancelhas, ele possuía uma sensualidade ao falar, então pude sentir minhas bochechas queimarem, mas não recuei e apenas concordei com a cabeça e sorri timidamente. - Esse tipo de feitiço não me atinge... Sou do tipo direto naquilo que quero. – ele foi lentamente aproximando seu rosto do meu.
- Espera... - antes de nossos lábios se tocarem, afastei um pouquinho meu rosto. - Não quero que você me beije... Eu quero beijar você. Gosto de ter o controle de todas as situações da minha vida, assim você jamais esquecerá o meu beijo.
Ele sorriu e eu me aproximei novamente, coloquei minha mão em seu rosto e então selei nossos lábios em um beijo suave, doce e quente, não foi um beijo longo, mas despertou sensações jamais sentidas antes, obviamente afinal tudo era novidade para mim, era recém o segundo garoto que eu havia beijado, não tinha como eu ter muitas comparações, mas o desejo de que aqueles lábios não deixassem de tocar os meus já o classificam o melhor beijo de todos. De todos os... Digo, bem melhor que o primeiro. Eu estava totalmente entregue àquele momento, quando calmamente o beijo acabou em um sorriso mútuo.
Olhei para sua e vi que estava cortada, então pensei em modo de agradecimento e também uma certa curiosidade em tentar usar o meu dom, peguei em sua mão.
- Posso te curar... – posicionei minha outra mão sobre o corte, foi quando senti como um choque elétrico e ele rapidamente se soltou do meu toque. - Eu preciso ir... – deu dois passos para trás e balançou a cabeça negativamente.
- O que houve?
- Nada... Eu... Tente se manter longe de outras encrencas. – deu um sorriso fraco e a passos largos parou no batente da porta. – Se sua mãe descobrir, não conte que eu te ajudei, está bem?
Antes que eu pudesse perguntar “o por quê”, ele já havia descido as escadas. Quem era , afinal? Olhei para os lados e pude ver toda a bagunça que eu havia feito e aos poucos fui juntando e organizando, tentando ao máximo não deixar vestígios, não quero ser transformada em algum inseto para depois minha mãe me esmagar.
- Tudo em ordem... – verifiquei mais uma vez e notei que o livro ainda estava aberto. Corri para fechá-lo e notei a página a qual ele estava aberto havia um desenho extremamente familiar. Era o mesmo símbolo da correntinha do e o mesmo que se formou na fumaça, mas o que ele significava? Continuei a ler para ver do que se tratava.

“Este é o símbolo correspondente ao clã dos Lycans, é um dos quatro clãs nobres de lobisomens. Este símbolo também significa fidelidade e poder. Todos os membros nascidos neste clã possuem a capacidade de ver através de objetos sólidos, conseguem sentir a energia das pessoas próximas e possuem um faro extremamente apurado. Eles são geralmente os mais fortes dos clãs, embora o clã parece ter deixado de existir como um grupo, eles continuam sendo grandes influenciadores e sempre buscam inspiração em tudo ao seu redor. Sua jornada é incomum e cada rota se torna aleatória, a cada passo seus movimentos são rápidos, energéticos e espontâneos.”

era um lobisomem? Não, não poderia ser ou sim? Depois de ter descoberto ser uma bruxa, acho que nada mais me espantava. Toquei meu lábios lembrando do beijo, sentindo ainda seu gosto, mas uma jovem bruxa apaixonada por um lobisomem, isso é possível? Não... E porque não? Como um feitiço que deu completamente errado pode no fundo ter dado certo? Isso eu não sei, mas que eu estou louca para saber mais sobre o , isso estou. E de mais uma coisa estou certa, meus dias jamais serão mais os mesmos depois de hoje.

Boy, you belong to me
I got the recipe and it's called Black Magic
(And it's called Black Magic)

Falling in love
Magic!





FIM



Nota da autora: (13.07.2017) E aí garotas, tudo bem com vcs? Espero que tenham gostado e não esqueçam de comentar. Bjãooo E quem quiser ler uma longfic que escrevo, que ainda está em andamento aqui vai o link:
[Happily]
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Para saber quando essa linda fic vai atualizar, acompanhe aqui.



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