Contador:
Última atualização: 04/03/2021

Capítulo Único

Sexta-feira, 23 de Setembro de 2015…


— Para, !
A garota gargalhava enquanto , de modo insistente, continuava a lhe fazer cócegas. Era uma típica cena entre ambos. Um hotel, um momento, mas sempre havia o amor. Os olhares trocados, os toques eram mensagens mudas. Estavam juntos havia três anos; e eram um casal único.
Podemos chamar de acaso, destino, muitas nomenclaturas, mas quando ocorre o encontro de duas pessoas que se completam é como uma explosão. E, bem, e eram de fato um incêndio inteiro! Porém eram como um lago, calmo, seguro e lindo. Não havia de fato algo que os separasse até, é claro, haver…


Segunda-feira, 15 de maio de 2017


A porta traseira fora aberta silenciosamente, quase que como cúmplice do culpado, adentrava a bela residência em Stone Hill. Era uma casa que alternava entre majestosa e simples. Dois opostos, porém fora um meio termo do que ambos desejavam.
era simples, doce, gentil, porém naquele instante aguardava seu marido na sala de estar. Vestia o belo Versace vermelho que havia lhe comprado de presente. Ela não gostara dos zeros que vinham na etiqueta informando o valor da peça, porém o aceitara devido a fala de seu amado. havia lhe sussurrado que quando o avistara teve certeza que ele pertencia a apenas uma mulher e que ele mal podia esperar para vê-la dentro dele. Suas palavras carregavam uma duplicidade de sentimentos, mas com eles tudo era assim.
A garrafa de vinho estava vazia, em sua mão estava a última taça do líquido fúcsia. As velas forneciam uma iluminação baixa, mas não o suficiente para esconder a face molhada da mulher. Seus olhos estavam secos, no entanto. Havia findado o tempo de lágrimas e naquele momento a decisão estava tomada. ouvia o leve e quase inaudível ruído dos sapatos de seu marido no piso de madeira. Ele enfim havia dado as caras!
adentrava a residência temeroso, porém havia adrenalina em suas veias devido aos fatos anteriores. Estava agraciado com o sucesso de suas composições e músicas recentemente lançadas. Havia passado horas no estúdio cuidando de alguns infortúnios, porém ele sabia que havia esquecido algo importante e implorava em pensamentos para que estivesse adormecido, mas ele sabia que era em vão! Não havia uma noite que ela não estivesse acordada o esperando com seu olhar afetuoso e sorriso cálido, sempre preparada para lhe fornecer o abrigo, fornecer tudo o que ele mais precisava: ELA. era a única mulher que o detinha em todos os sentidos: amante, amiga, parceira, cúmplice. Sua esposa fora a única garota que o tomara de uma forma inesperada. Ele não sabia se estava preparado para o amor e, bem, não estava o procurando, mas é justamente neste momento que ele nos acha!
.
A voz de soou distante, porém carregava uma mensagem importante e naquele instante não conseguia a desvendar. Logo naquele momento enfim a ficha havia caído.
Eles não eram mais o mesmo, não era! Não fora a mudança que a incomodava, mas sim como ele estava a tratando, o casamento, a família!
permaneceu de costas, sentada sobre o sofá azeviche. Seu desejo era findar a discussão que viria pela frente antes de iniciá-la, porém era necessário!
podia sentir que algo estava errado. Prosseguiu até a sala de estar e desejou ter lembrado da data, se atentado à mensagem que ela enviara na hora do almoço, sido mais atencioso como antes, já que não passava de uma presença ausente. Ele soube ao olhar para a face de sua esposa que decisões haviam sido tomadas e que ele era o culpado pela face molhada de sua mulher. Ela estava bela, era e sempre seria a mulher mais bela para . Seus traços, curvas, perfume. Tudo nela era único, assim como o vestido. E ele comprara justamente e exclusivamente para ela. Porque, ao presenteá-la, ele também brindava a chance única de tê-la encontrado. O vestido moldava-se perfeitamente, salientando cada detalhe que ele amava nela, porém sabia que não poderia tocá-la, enxugar cuidadosamente sua face e amá-la como naquele instante desejava.
trouxe a taça para seus lábios e sorveu o líquido fúcsia antes de se pronunciar. Havia sobrado apenas uma parte dela. Seus fragmentos estavam perdidos em algum ponto entre a conclusão que não se lembrava da data ou do seu significado e a decisão que precisava fazer. Deixou a taça sobre a mesinha à sua frente antes de erguer seus olhos novamente em direção às lumes daquele que um dia pensou conhecer tão bem quanto a si mesma.
, me deixe lhe... — pausou sua fala após o gesto de negação que sua esposa lhe lançava. A decepção evidente em seus olhos deixava claro que suas palavras eram vazias e não lhe renderiam nenhuma validez.
— Você sabe tão bem quanto eu, , que isso... — apontou para ambos, indicando ao que se referia. — Não existe mais, que acabamos em algum ponto...
— Não acabamos! Ainda estamos aqui! Os dois! Somos eu e você, amor! — se ajoelhou, tomando as mãos de .
— Nos perdemos em algum ponto, . A estrada de um matrimônio é complexa, cheia de obstáculos e em algum ponto perdemos um ao outro! — retirou suas mãos da dele. — Você sabe disso tão bem quanto eu!
— Não posso desistir! — tocou a face de sua esposa carinhosamente, a vendo fechar brevemente os olhos em apreço. — Não quando ainda a amo!
— O amor às vezes não é suficiente! — segurou a mão de antes de afastá-lo gentilmente. — ainda vai precisar de nós, porém ele não pode ficar no meio disso... — tomou uma golfada de ar. — Me mudarei para Sidney. Parto em duas semanas com ele.
— Então é assim que pretende acabar com uma relação de seis anos? — se levantou de uma vez. Sua voz estava mais firme, porém desmoronava, sua família estava ruindo.
— Você sabe que dia é hoje? — se aproximou de modo impetuoso. Seus olhos exibiam a intensidade de emoções que a tomava. — Eu o amo! O amo tanto que chega a me sufocar, ! O amo tanto que lutei para que nesses últimos seis meses nosso casamento fosse reconstruído, porém sua ausência, a mídia, seu trabalho, e todo o resto me aniquilou. — levou uma de suas mãos à face de antes de prosseguir. — Esta noite foi minha última jogada, minha última tentativa, mas não se pode lutar por uma relação estando sozinha nela. Seu trabalho virou sua esposa. — E então o largou, dando-lhe as costas.
— Você não pode me tirar ! — A voz de soou furiosa.
— Você me tirou tudo, ! Eu não quero nada, somente levá-lo comigo, apenas isso! — o respondeu de modo calmo mas frio.
— Ele não é só seu! — rebateu.
— Não, e nunca será, porém estarei fazendo o melhor para nós. está na casa de sua mãe, preparei o jantar, e planejei toda a noite para nós. , se você não consegue entender o motivo de eu levá-lo está mais cego do que imaginei estar. — rebateu calmamente, porém firme. Sua decisão estava tomada e sabia que não iria tirá-la de seu filho. Ele já havia perdido ela e não arriscaria perder seu filho.
— Me perdoe... — A voz de soou fragmentada enquanto seguiu em direção ao andar de cima. Ela não se voltou para ele e acompanhou ela se distanciar. Ele não tinha mais direito.
— Um dia... — sussurrou após fechar a porta do quarto que ambos compartilhavam.


Atualmente…


— Mamãe!
— Mamãe!
Um dueto soa estridente e alto demais para um domingo preguiçoso. Resmungo cobrindo meu rosto com o edredom, porém e continuam pulando e me chamando em um tom que gradativamente eleva-se. Resmungo insatisfeita antes de descobrir minha face contrariada. Ambos, e , se jogam sobre a cama caindo sobre mim. Evito um xingamento diante das gargalhadas, conter um sorriso é impossível. Meus pequenos se divertiam com o feito.
— Não está cedo demais para agitação? — Pergunto com a voz levemente sonolenta.
— Disney! Disney! Disney! — Ambos gritam em uníssono.
Contenho um palavrão. Eles viajariam para Flórida hoje! Havia esquecido completamente! os buscaria e os levaria para a famigerada Disney. era a mais animada, visto que passaria seu aniversário em seu lugar favorito. estava com sete anos, esperto, perspicaz e cheio de energia. completaria quatro anos em cinco dias. Minha pequena fora descoberta após uma semana extenuante. Uma semana longe de . O divórcio fora executado ao longo de um mês, o qual tentei esconder minha gravidez de . Idiota? Um pouco! Porém buscava seguir em frente o mais distante do homem que amava. Mas, entre um enjoo e um desmaio, soube. Resolvemos os trâmites, burocracias sobre a guarda de ambos, até que chegamos à um acordo; e passavam todas as férias com o pai, alguns feriados eram-me cedidos, já que ambos frequentavam a escola em Sidney. estava ocupado com a gravadora, porém todas as férias de ambos ele zerava sua agenda. Ele era somente deles e isso me acalentava. Ele poderia ser presente do seu jeito, muitas noites já havia flagrado dormindo com a tela do notebook que emprestava a ele para falar com pai e sempre estava atento ao filho adormecido. Algumas vezes conversávamos; éramos adultos e seguimos nossa vida.
— Escovaram os dentes? — Perguntei, vendo ambas crianças me olhando confusas. — Seus preguiçosos! — Ri antes de fazer cócegas em ambos.
Tê-los todos os dias era uma bênção ao meu espírito. Eles eram minha alegria. Vê-los sorrindo era minha maior felicidade. Não me preocupava se meu dia fosse intragável, contanto que conseguisse vê-los quando chegava do trabalho. Me levantei após ceder aos pedidos de rendição de ambos, peguei no colo e segurei a mão de ao sair do quarto, seguindo pelo corredor até a cozinha. Morávamos numa casa de um andar, porém ela era espaçosa, arejada e ficava no topo de uma encosta na qual podíamos ver o oceano.
Sentei em seu cadeirão e segui até a cafeteira, ligando-a. Me virei para meus filhos, que me olhavam atentamente.
— O que estão pensando? — Perguntei me apoiando no armário.
— Você não vai mesmo com a gente, mãe? — perguntou num tom de voz que revelava sua insaturação.
— Não, querido. — Me aproximei e toquei sua face com carinho antes de beijar o topo de sua cabeça. — É uma viagem para vocês dois...— Beijei a ponta do nariz de . — Aproveitarem o papai.
— Mas podemos fazer isso com você lá também! — resmungou, contrariado.
— Mamãe princesa também! — sorriu exibindo seu entusiasmo.
— A mamãe tem uma montanha. — Fiz um gesto exagerado. — De trabalho para terminar.
podia terminar para você! — comentou como se tivesse achado a solução. Sorri, tocada, porém ele era novo demais para entender o mundo dos adultos.
— Tia tem sua própria montanha. — Ri antes de servir o bolo de chocolate que ambos “me ajudaram” a fazer no dia anterior.
— Raina mama e prinxeza ! — Minha filha se enrolou em algumas palavras. Ela estava crescendo tão rápido!
— Você sempre será minha princesinha. — Comentei antes de me servir de uma xícara de café e colocar mais um pedaço de bolo para ambos.

Passamos o desjejum entre mordidas (de bolo) e soluções (por parte deles) em deixar o trabalho e viajar com eles. Ver se esforçando em seguir a linha de pensamento de era fofo, tão pequena mas esperta como o irmão! Era divertido ver as respostas criativas sobre os obstáculos. Eles estavam crescendo tão rápido!
era apenas um ano mais novo que quando havia me separado de . Novo demais para entender o porquê do pai não morar mais com ele. Novo demais para compreender que teria de viver em outro continente. Ele era novo demais e eu estava ferida demais para deixá-lo fora da vida de . Então, mesmo machucada, comecei a ligar via Skype para que sentisse com menor intensidade a separação. Dessa forma, a minha relação com passou a ser mais amigável, porém distante.
Exatamente às 14:30 eles estavam perfeitamente arrumados, cheirosos ( fez questão de conferir, tão novo porém tão parecido com o pai!) e ansiosos. não desgrudava da janela, tentava se entreter com os jogos de seu tablet, ele sempre o usava quando viajava para ficar com o pai. Era o único momento em que o via com o aparelho em suas mãos.
— Papi chegou! — saltava alegre balançando seu vestido lilás cheio de babados e seus cachinhos também.
— Onde? — questionou deixando o tablet de lado.
— Ali! — Apontei a porta assim que a campainha soou.
Me levantei, pegando no colo, e segui em direção à porta, destrancando-a. No mesmo instante, abriu os braços para , que a pegou e a encheu de beijos. Seu sorriso evidenciava o quanto estava feliz de ver a filha, empurrei levemente em direção ao pai, já que o mesmo estava apenas observando. se agachou em frente a , ainda segurando em seus braços.
— Vem cá, meu garoto! — o puxou, o abraçando, enquanto depositava um beijo no cabelo de .
era a versão mais nova do pai com exceção aos olhos, eles eram o único traço físico que o ligava a mim. Porém éramos parecidos em personalidade, já era uma mistura de e eu. Apenas sua personalidade era totalmente dele. Ela era alegre, vibrante, cheia de energia como .
Entrei, pegando as malas deles, enquanto ouvia as três vozes, altas, vibrantes, empolgadas. Deixei as malas na sala sob a poltrona enquanto observava sentado com os nossos filhos no divã. Ele ouvia atentamente falar sobre o time de natação que ele participava. gostava de passar mais tempo na água do que fora dela. O levava aos treinos semanais, ele havia sido escalado para participar de um Medley ano que vem, porém esse ano ele apenas treinaria com os meninos para se preparar. não tirava seus olhos de , que sempre a incluía de algum modo na conversa com .
— Cuidado para não gastar todo assunto antes de aterrissar na Disney. — Brinquei atraindo a atenção deles.
Senti então um arrepio tomar meu corpo com o olhar de sobre mim. Seus olhos perscrutaram cada detalhe, fazendo um longo caminho até enfim chegar em meus olhos. Trajava uma jeans e regata branca, uma roupa confortável e comum. Meus cabelos estavam soltos e estava descalça. Um péssimo hábito, porém dentro de casa era quase impossível ficar com algum calçado em meus pés. estava seguindo o mesmo hábito, embora tentasse veemente podar, já que poderia gerar acidentes, escorregões, etc.
continha um olhar intrigante em seus olhos e um meio sorriso. Sua boca ainda permanecia tentadora, seu cabelo estava entre bagunçado/arrumado, mas de um jeito que o deixava ainda mais belo, ele usava uma t-shirt preta, jaqueta jeans e uma calça escura com um coturno. Lindo, despojado, tão ele!
— Eles sempre têm algo a dizer. — me respondeu.
dorme a maior parte da viagem. — comentou.
— Ela é um bebê. — provocou o filho. — O meu bebê.
— Ela não é… — Interrompi .
— Ele sabe, querido, porém você sempre vai ser meu bebê. — Me aproximei e beijei suas bochechas, arrancando um resmungo de e uma risada de .
— Temos de ir se quisermos chegar a tempo para o nosso voo. — comentou se levantando, estendeu os braços para o pai, que prontamente a pegou em seu colo. — Hora de dizer tchau para mamãe.
— Vejo vocês em trinta dias, meu tesouro. — Beijei as mãozinhas de antes de pegar ela meu colo e rodopiá-la. — Mamãe guardou o seu presente na mala, e terá uma surpresa quando voltar!
— Queio ver, mamã! — apontou para a mala.
— Agora não, apressadinha! — Belisquei suas bochechas antes de enchê-la de beijos. — Vou sentir saudades, bebê. Mamãe te ama muiiiiitooo. — Fiz um gesto exagerado antes de entregá-la a após ela me dar um beijo me respondendo a mesma coisa. Me curvei e ergui , o pegando em meu colo.
— Mãe! — Ele me repreendeu, cai na gargalhada.
— Cuide de ! Lembre-se do protetor solar, de beber água e de sempre cuidar de sua irmã. Você é meu orgulho, . — Sussurrei beijando sua fronte. — Eu amo vocês dois, qualquer coisa você sabe como me ligar. Estarei esperando ansiosamente por vocês dois. Cuide de sua irmãzinha, meu príncipe! — O soltei no chão, mas então ele agarrou minha cintura abraçando-a.
— Também amo você, mamãe. — beijou minha face assim que me curvei e seguiu até o pai.
— Pode me ligar se qualquer coisa acontecer. Não importa o horário. — Repassei a fala à .
— Eu sei, não se preocupe, , eles voltam em trinta dias. — comentou brincalhão.
— Faça a viagem memorável. — Pisquei um dos olhos para antes de seguirmos até o carro de , que estava estacionado em frente à nossa casa.
ajudou o pai a colocar a mala de , a dele, e a pequena mochila com as coisas que precisaria durante o voo. Me virei para após colocar na cadeirinha, enquanto fechava a porta após ajudar com o cinto de segurança.
— Não se preocupe, . — falou de modo calmo.
— Eu sei que repito as mesmas coisas toda vez, mas é que se tornou um hábito. — Sorriso sem graça.
— Eu entendo, mas confie um pouco mais em mim. Por favor. — segurou uma de minhas mãos a levando até seu peito, em cima de seu coração. O qual estava acelerado. Rapidamente tirei ela dali.
— Sua mala já está em Orlando? — Desconversei mudando o clima para algo mais banal.
— Sim, vou despachar a mala deles direto para Orlando, o pessoal do hotel está informado e assim só tenho que levá-los diretamente para a Disney, já que ganho um dia saindo de Sidney seguindo para Orlando. — Ele manteve o tom descontraído e arrancou um sorriso tímido de meus lábios.
— Boa viagem. — Desejei antes de ele adentrar o carro e seguir pela longa estrada que descia a encosta. Permaneci ali até que sumissem do meu campo de visão.

°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°


Fazia exatamente quatro dias que e haviam partido com para Orlando. Meu celular fora bombardeado por inúmeras fotografias dos meus filhos se divertindo. as mandava todas as noites, me contava como havia sido o dia, embora só realmente as lesse no dia seguinte, já que chegavam de madrugada pois era um fuso horário de mais de 10 horas de diferença.
era um pai exemplar, ou era o que eu concluía. Afinal ele não havia dado motivos, ações, ou qualquer indício que demonstrasse o contrário. tinha o pai como um herói. Algumas vezes o pegava ouvindo velhos CDs que havia deixado guardado numa caixa com tudo o que me lembrava .
Possuía, vergonhosamente, todos os CDs de . Desde a época dele como integrante do . Era triste a separação dos garotos, havia os encontrado algumas vezes, e eles sempre me trataram com respeito e como parte deles, mas eu não ficava tempo o suficiente para acompanhar o desgaste. pouco falara sobre o que levou à separação da banda, mas, como era algo que o machucava, nunca realmente o confrontei. Não era certo cutucar a ferida. Era errado!
Ainda hoje esbarrava com Zayn, , Niall e algumas raras vezes Louis. Como trabalhava com propagandas, recrutava estrelas para comerciais de marcas, roupas, etc. Quando eles estavam na cidade ou uma marca queria um deles em específico, acabava tendo de entrar em contato. Tratava-os como velhos conhecidos, amigável porém não muito. Eu os conhecia mas superficialmente. também era chamado, porém eu deixava para , minha melhor amiga. Eu não ficava confortável em tratar disso tendo uma relação tão pessoal com .
A verdade era que não havia deixado de o amar, nunca o deixaria! Terminar o casamento fora necessário. Na época fora realmente um inferno. A mídia parecia ter triplicado sua atenção sobre a minha pessoa e meu filho. Queriam saber o motivo, o grande PORQUÊ!
Estava farta, cansada, exausta.... Havia sido longos anos felizes, mas que se perderam em seis meses regados a frieza, ausência; me sentia desprezada, ignorada. Havia usado todos os métodos para salvar o casamento e havia até sugerido uma terapia de casal, mas a havia rejeitado. Ele estava em outra sintonia, ele estava popularizando seu nome fora da banda, desvinculando-se do seu eu anterior. Porém, ao fazer isso, perdera a essência do nosso relacionamento. Esquecera de quem éramos!
Enxuguei as malditas lágrimas que caíam sobre a papelada. Eram inúmeros contratos. Todos tratavam sobre algum astro para ser garoto propaganda de uma marca/cosmético/produto. Não estava conseguindo me concentrar. A burocracia era tão essencial quanto o contato com agentes, empresários, a parte humana era extremamente fácil para mim. Os papéis eram a pior parte!
Deixei os contratos e saí rapidamente do prédio, deixando o local e seguindo para uma das tantas praias de Sidney. Porém busquei abrigo na que eu sabia que estaria deserta. Já era próximo das cinco e meia. Logo o sol iria se pôr e ali, sob a areia morna, eu poderia ser reconfortada pela vista espetacular.

°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°


Estava entretida na leitura de um contrato quando um buquê de gardênias é colocado sobre minha mesa, levanto os olhos e encontro a figura esguia de .
? O que faz aqui? — Indago curiosa.
— Visitando uma amiga. — Ele comenta dando de ombros.
— Sente-se. — Indico a cadeira após pegar o buquê. — Me diga o que você está fazendo por aqui? Agora sem mentiras. — Fui categórica.
— Férias. — Ele se espreguiçou esticando seu corpo como um gato. — Estou hospedado no hotel ao centro e, como seu trabalho fica próximo, resolvi te fazer uma visita.
— Okay! — Ri antes de deixar o contrato de lado. — Vou comprar sua versão fajuta. Está quase na hora do almoço. Quer dar uma volta antes de pararmos em um restaurante? — Indago.
— Adoraria. — Ele se levanta e me acompanha abrindo a porta do meu escritório como se fosse um cavalheiro. Tive de conter o riso já que sempre fora o mais “teatral” dentre os meninos do .
Deixei as flores com antes de seguir com até o elevador. Tive, é claro, de dar um sinal para que em breve lhe ligaria e explicaria tudo. Seus olhos exigiam respostas que naquele instante não poderia dar.
— Como estão e a pequena ? — comentou após um instante de silêncio.
— Eles estão se divertindo em Orlando. sempre pede a para levá-los na Disney em seu aniversário, o que coincide com suas férias sempre. — O respondo o observando.
é um homem de sorte. — comentou com um fraco sorriso em seus lábios.
, tem algo que gostaria de me contar? — Pergunto confusa porém intrigada.
— Hoje está um belo dia, não acha? — desconversou e saiu na garagem assim que o elevador abriu. — Amo minha amada Inglaterra, porém sempre está cinza por lá. Sidney parece estar sempre ensolarada.
— Aqui não é a Califórnia. — Rolo os olhos arrancando uma risada de , o guio até meu carro conversando amenidades.

Durante o percurso até o restaurante o levo por algumas praias mais desconhecidas, já que, como figura pública, atraía muita atenção e eu detestava os abutres que eram os paparazzi.
Estacionei o carro em frente ao meu restaurante favorito. The Gryanze. Eles serviam todos os tipos de pratos, desde frutos do mar à massas, e, como era um restaurante mais afastado, fornecia privacidade.
— The Gryanze. — quebra o silêncio.
— Um restaurante diversificado. — Dou de ombros enquanto me decidia sobre o que iria pedir.
— Vou experimentar a sugestão do chefe. Confio em você. — chama o garçom, que anota o pedido.
— O de sempre, Josh. Pede a Liz para não acrescentar tanto açúcar na minha limonada! — Digo ao garçom, um amigo.
— Ela daqui a pouco vai lhe mandar pedir água com limão e não limonada. — Josh pisca antes de sair em direção à cozinha.
— Conhece todos por aqui? — perguntou curioso.
— É um restaurante que leva muito a sério o seu legado. — O respondo.
— Interessante. Algum motivo em especial? — Ele indaga.
— Especial? Seja mais preciso. — O questiono.
— De eles levarem a sério todo o legado. — Ele se explica, mas com bom humor. Seus olhos varriam o ambiente em uma espécie de curiosidade quase infantil. Me lembrava muito observando cada novo lugar que íamos.
— Gertra e Benício foram imigrantes, legalizaram-se e iniciaram um pequeno negócio juntos como amigos, porém, conforme o restaurante crescia, o afeto entre eles também cresceu. E desde então os filhos, sobrinhos, e até netos trabalham nos The Gryanze. Eles já possuem cinco restaurantes espalhados pela Austrália. Aqui em Sidney tem dois, este que fora o primeiro a abrir e o que fica perto dos centros turísticos. — Informo parte da história enquanto esperamos nossas refeições.
— Você e ainda se amam? — questiona de forma inesperada.
— Não entendi. Por que está fazendo essa pergunta? — Rebati a pergunta alterada.
— Estive recentemente com uma mulher. Ela me encantou, porém ela não desejava ter filhos, adotado, biológico, ou de qualquer outra forma. Ela não quer. — comenta enquanto pega a taça de água sobre a mesa antes de ingerir um longo gole.
— Você a ama, mas não sabe se consegue lidar com esse fato? Ou deseja ter filhos? — Indago buscando entender a natureza da questão.
— Ambos. tinha você, , o trabalho, mas conseguiu ferrar tudo! Agora ele tem também! — pragueja irritado.
— Ninguém soube, mas fui eu que pedi o divórcio. apenas omitiu isso para a mídia porque sabia o quanto detesto toda essa atenção exagerada. — Confesso e antes que possa falar algo a respeito nossos pratos chegam.

A refeição é feita em silêncio e eu agradeço mentalmente por respeitar isso. Almoçamos sem pressa. Vejo ele se surpreender com o que havia escolhido. Sorriso. Martin sabia surpreender seus clientes nos sabores! Era por isso que dirigia por horas até aquele Gryanze. Era próximo da praia. Porém em uma boa margem que dava segurança aos clientes. Assim que terminamos, peço uma fatia de bolo que sempre pede quando vem ao restaurante e uma vela em cima. Já havia mandado mensagens para a minha pequena quando acordei, porém ainda não havia recebido notícias dela, estava quase cogitando a ideia de ligar quando aparece em minha tela segurando vestida de Bela, de A Bela e a Fera; usava a roupa de fera. Ao fundo, conseguia ver trajando algo que parecia uma fantasia de pirata. Estava tarde! estava jogado na cama de modo torto.
— Oie, princesa. — Digo para a tela vendo sorrir de modo mole. Sono. — Parabéns, meu amor. Que amanhã seja o dia mais incrível da sua vida, meu amor. Meu amor é como o número de estrelas: infinito. — Digo sorrindo a vendo esticar sua mãozinha tentando me alcançar.
— Amo mamã idem. — Ela diz com a voz sonolenta.
— Ela passou o dia todo me pedindo para falar com você. — riu de algo que lembrou e em seguida beijou a mãozinha de . — a convenceu de se fantasiar de princesa e me fez entrar na brincadeira.
— Imagino. Deve ter sido um dia divertido. — Enquanto falava meus olhos não desgrudavam de minha pequena, que lutava para manter os olhos abertos. — Meu amor, a mamãe tá no restaurante do Titio Martin, pedi o seu bolo favorito! — Mostrei o bolo para ela.
— Mamã, sono, mamã. — esticou novamente a mão em minha direção.
— O papai vai te colocar na cama, meu amor. Mas antes… — Mandei um beijo e comecei a cantar baixinho parabéns, porém Josh me ouviu e fez todos presentes no restaurante cantar parabéns, Martin até saiu da cozinha com o bolo que ama e pediu para ela assoprar as velas que ele acendeu. Ela caiu no truque, porém em seguida foi dormir e eu agradeci a todos com os olhos brilhando.
— Ela é muito popular por aqui. — comentou após todos se afastarem.
— Todo mundo a adora. Martin dá a qualquer comida que ela pedir, assim como para . — Comento sorrindo ainda boba pelo que fizeram para minha filha.
— Eles se tornaram uma família para vocês. — concluiu. — Por isso sabe tanto.
, a mulher com quem deixei as flores, é irmã caçula de Josh, foi ela que me apresentou o restaurante e sua família. — Digo antes de sinalizar para Josh se aproximar.
— Agora tudo faz sentido. — brinca enquanto Josh se aproxima.
— Obrigada pelo que fizeram por ela. Foi incrível. — O abraço assim que ele para a nossa frente.
— Tudo pela nossa . — Josh diz com gracejo.
— Bobão! Josh, esse é meu amigo . , esse é Josh, minha família. — Apresento os dois, tardio? Um pouco, mas antes tarde do que nunca.
— O que achou do lugar? — Josh indaga , curioso.
— Algo surpreendente. Visitarei mais vezes o The Gryanze quando estiver na Austrália. — diz apertando a mão de Josh. — Me deixe pagar a conta.
— Hoje é um dia especial, a refeição fica por conta da casa. — Josh diz de modo sério mas ainda com humor, seu sorriso evidenciava isso.
— Aniversário da . — diz com um sorriso brincalhão.
— Aniversário da . — Josh reafirma.
— Diga a Martin e a todos o quanto eu adorei o que fizeram! — Abraço mais uma vez Josh antes de seguir até a saída, me despedindo de algumas pessoas pelo caminho.

°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°


— Surpreendente. — solta após lhe contar toda a história sobre o que me levara até o divórcio.
Estávamos sentados no meio de uma praia deserta. Após sairmos do The Gryanze, o levei para conversarmos. parecia estar atrás de alguém que o escutasse e com quem pudesse conversar sem ter todo aquele drama de ir parar na mídia.
— Imaginava que ele havia pedido o divórcio. — falou ainda surpreso. — Mas após tudo o que me contou faz sentido porque dele deixar que falassem que ele havia pedido o divórcio.
— Nem tudo é como imaginamos ser. É por isso, , que eu lhe dou um conselho: se você ama a mulher com quem se envolveu, lute por ela. — Me viro de frente para ele. — Porque sua mente lhe dará a paz que precisa se você fizer tudo pelo relacionamento. Eu saí de consciência tranquila e sei que talvez e eu não voltaremos a ser um casal, mas sei que fiz o meu melhor. — Seguro as mãos de o olhando diretamente em suas lumes claras.
— Falarei com ela a respeito. Obrigada, . Eu não imaginava que era muito mais do que eu esperava. — me abraçou, me deixando surpresa.
— Em Sidney sempre terá uma amiga.— Sorri enquanto lançava meu olhar ao mar.
— Você sente falta dele. — afirma, sem precisar citar o nome.
— Todos os dias. — Suspiro apoiando minha cabeça em seu ombro, ele me abraçou enquanto observávamos o mar.
— Meu plano era tirar férias, mas terei de voltar ao estúdio para encontrar a mulher de quem lhe contei. — ri descontraindo o clima.
— É melhor enfrentar o problema do que fugir dele! — Digo de modo alegre.
— Vamos? — se levanta e em seguida me ajuda a me levantar.
— Vamos!

°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°


O levo de volta para o hotel dele, me despedindo de um amigo que julgava ser improvável. Sigo para casa cansada, havia sido um longo dia, porém agradável. Partilhar com um assunto que anteriormente era doloroso fora libertador. Compartilhar as verdades que por anos sufoquei com ele me pareceu correto.
Enquanto dirigia tinha como companhia a longa paisagem urbana, arranha-céus, bairros comuns com suas casas com grandes gramados e então o condomínio que me levaria até minha casa, no alto da encosta.
Ao adentrar meu lar, senti o vazio. Era sempre a mesma sensação quando as crianças viajavam com o pai. Até a ausência de me incomodava. Mesmo após quatro anos longe dele, ainda sentia sua falta. Havia me acostumado a não tê-lo, mas isso não me impedia de pensar nele e em todos os momentos em que passamos juntos. Foram seis anos, brigas, reconciliações, surpresas, tristezas, felicidade. Fora repleto de emoções intensas.
Suspiro e me jogo no sofá, fechando os olhos deixando-me envolver por lembranças.

°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°


Na manhã seguinte despertei confusa, havia adormecido sobre o acolchoado do sofá. Meu telefone tocava de modo incessante. Me espreguicei antes de pegá-lo de dentro de minha bolsa, que até aquele instante estava sob a mesinha de centro. O número era de . Estranhei, hoje não teria reunião ou qualquer coisa importante. O atendi, colocando no viva voz enquanto seguia até a cozinha atrás de uma boa xícara de café.
, você verificou suas redes sociais hoje? — soou preocupada.
— Acabei de ser acordada por você, . — Comentei distraída enquanto ligava a cafeteira após colocar a quantidade de café necessária.
— Não saia de casa. Vou falar com Hector para te liberar hoje. — soou mandona.
— O que aconteceu de tão grave, ? — Perguntei preocupada.
— Você e são a manchete. — soltou a informação, me fazendo sentir um arrepio desagradável tomar meu corpo. — Fotos de vocês dois na areia, rindo, abraçados, eles fizeram uma coletânea de imagens de vocês dois.
— Mas que droga! — Gritei. Era tudo o que eu precisava! — Aqueles malditos abutres! Até consigo imaginar as manchetes! — Resmungo furiosa.
já se pronunciou, ele foi bem categórico em afirmar que vocês são amigos, apenas isso. — Enquanto prosseguia falando sobre os fatos, só conseguia imaginar como deve ter recebido a notícia.
... — Sussurrei com a preocupação evidente em minha voz.
— Pode falar, querida. — falou docemente, atenta.
— Eu odeio isso, . — Passei minha mão pelos cabelos enquanto levava meu olhar para a janela, a qual exibia o oceano. — Consegue falar com Pietro para tirar as fotos da internet? Não quero vê-las. Não quero passar pela mesma merda de assédio novamente.
— Já liguei para ele. Pietro sugeriu que você saia da cidade para dar uma abafada na notícia. — comentou calmamente.
— Quero ver meus filhos. Quero minhas crianças. — Soltei com voz fraquejando.
— Vou falar para Pietro lhe arranjar o visto e passagem para Orlando. — tentou me confortar.
só queria alguém para conversar. Uma amiga. Somente isso. — Sussurrei inconformada. — Por que esses abutres não o deixam respirar?!
— É o preço da fama, . — respondeu. — Tenho que desligar, vou falar com nosso chefe para dispensá-la por uns dias. Assim que tiver notícias de Pietro lhe informo. Até lá não saia de casa.
— Não vou. Obrigada, . — A respondi antes dela desligar.
Assim que desligou, soltei uma enxurrada de palavrões, estava furiosa. E lá estava a minha cara estampando as capas de revistas de fofocas. Eu odiava a exposição, era desgastante. Arrumei minhas malas após Pietro ligar me informando que me entregaria os documentos em algumas horas, assim como a passagem. Desejava apenas ver meus filhos. Somente isso. Ouvir sobre o que fizeram, o que mais estavam gostando de fazer... Com toda certeza era uma mãe babona.

°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°


?
? Está em casa?
, abra a porta!
Havia adormecido após a longa espera por notícias de Pietro, já havia limpado a casa, organizado meu escritório, checado minha mala, verificado se estava levando o que precisaria, conversado com meu chefe e com . Abri a porta, encontrando Pietro com um envelope pardo em suas mãos, o deixei entrar.
— Aqui está o que vai precisar. Me custou alguns favores, mas aí está tudo o que me pediu. — Pietro me entregou o envelope.
— Você é demais! — O abracei forte.
— Não consegui impedir as edições impressas sobre você e , porém qualquer coisa relacionado ao seu nome nas plataforma online foi retirada. — Pietro comentou após eu soltá-lo. — Sugiro que evite suas redes sociais até um novo escândalo surgir. Artistas sempre estão envolvidos com eles. — Pietro gracejou tentando me animar.
— Obrigada, você não existe! — Sorri mais calma. — Quando sai o voo?
— Sobre isso, temos de nos apressar. Ele saí daqui algumas horas. Já fiz check in online da sua passagem, agora temos de ir, você só tem que embarcar. — Pietro arrastou minha mala até a porta enquanto eu pegava meu celular e a bolsa que levaria dentro do avião.
— Você vai me levar em seu carro? — Perguntei curiosa.
— Ele é mais veloz e não vão reconhecer seu automóvel. — Ele apenas deu de ombros antes de me fazer entrar no lado do passageiro.
Enquanto dirigia, Pietro ia me falando sobre sua esposa, os feitos de seus filhos (os gêmeos que eu era madrinha), sobre como conseguiu toda a papelada em algumas horas. Ao fim, chegamos rapidamente ao aeroporto, no qual ele mesmo despachou minha mala enquanto me orientava a correr para embarcar, já que chegamos em cima da hora.
A cada minuto que tinha que ficar na fila de embarque, sentia-me cada vez mais exposta. Várias pessoas cochichavam à minha volta. Eu só queria ficar longe delas!
Quando enfim chegou minha vez, consegui respirar mais tranquilamente e segui com passos tranquilos até a minha poltrona.
— A mamãe está chegando meus amores.
Sussurrei antes do avião decolar.

°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°~°


Assim que saí do aeroporto de Orlando, senti que algo estava errado. Estava aflita e com um aperto em meu coração. Olhei de um lado para o outro antes de seguir até um táxi, dando o endereço do hotel em que meus filhos estavam.
Durante todo o caminho permaneci presa na sensação angustiante. Quanto mais pensava em meus filhos mais ela parecia aumentar. Quando o motorista parou em frente ao portão do resort, o paguei e lidei com os seguranças dando meu nome e identidade para confirmar quem era, já que naquele momento ainda não tinha feito uma reserva e sim estava apenas visitando a instalação. Ainda era o aniversário de meu bebê, e tentava afastar meus pensamentos focando nela, . Mas então meu celular tocou e um número desconhecido era exibido na tela. O atendi, receosa.
— Mamãe! Venha nos buscar.
Era , a voz soava baixa mas urgente. estava fungando, ele estava chorando!
— Em que local vocês estão? — Perguntei preocupada deixando minha mala de lado, sobre o balcão da recepção.
— Estamos no lote Happiness, próximo às piscinas. — balbuciou, ao fundo conseguia ouvir pedindo para falar comigo. Afastei um pouco o telefone enquanto perguntava à recepção onde ficava o local que havia informado.
— Mamãe está indo meu amor. Não saia daí! Cuide de . Mamãe já tá chegando. — Falei antes de desligar.

Discuti com alguns funcionários antes de enfim conseguir localizar o local. Era uma casa próxima às piscinas. É, havia planejado deixar as crianças confortáveis, mas havia feito algo para que me ligasse.
Segui a passos firmes, invadindo a casa e encontrando uma cena deprimente. estava aos beijos com uma mulher vulgar. Ele estava apenas com uma bermuda e ela com apenas a parte de baixo de seu biquíni. Aquela cena fora como um soco em meus estômago, mas busquei meu autocontrole, e eram mais importantes no momento.
— Onde estão meus filhos? — Anunciei minha presença. Minha voz estava repleta de nojo, porém a irritação também se sobressaía.
— Quem pensa que você é, docinho? Essas residências são privadas! — A mulher que estava no colo de rebateu com escárnio.
— Onde estão meus filhos, ? — Aumentei meu tom de voz, não me dando trabalho de respondê-la.
— O que está fazendo aqui, ? — Ele perguntou confuso.
Quando ia o responder, surgiu no topo da escada. Segui correndo até ele, o pegando em meu colo.
— Mamãe! Você veio! — apertou seus braços em meu pescoço.
— Eu disse que estava chegando, meu amor. — Sussurrei passando minha mão em seus cabelos. — Onde está sua irmã?
— Ela está ali. — apontou para a porta no fim do corredor.
— Vamos até ela, então. — O carreguei em meu colo até onde havia indicado.
— Mamãe! Mamãe! — correu até mim assim que abri a porta.
— Estou aqui, meu amor. Mamãe está aqui! — A peguei em meu colo, me sentando sobre o colchão com meus filhos em meu colo.
— Vamos para casa! — falou enquanto encostava sua cabeça em meu ombro, me implorando com seus olhos chocolates, idênticos aos meus.
— Casa, mamã, casa. — concordou.
— Vocês não vão embora. — surgiu, fazendo com que ambos se agarrassem mais firme em mim.
— Você e eu teremos uma longa conversa, ! Por agora nos deixe sozinhos! — Minha voz carregava uma raiva descomunal. Ele não tinha o direito de fazer e chorarem de modo desesperador.
— Você nem devia estar aqui, ! — rebateu no mesmo tom.
— Mamã… — A voz baixa de fez com que eu segurasse o que diria a .
— Mamãe não vai embora sem vocês, meus amores. — Beijei o topo da cabeça de ambos. — Eu não vou discutir com você na frente deles.
— Pai, deixe a mamãe aqui! — disse sem olhar para .
— Eu tenho que falar com a mãe de vocês. — soou resignado.
— Já teremos nossa conversa, mas por agora nos deixe. — Rebati a resposta de olhando-o de modo firme.
— Estarei te esperando na sala. — falou antes de sair.
Observei partir antes de abraçar meus filhos, eu não entendia o que ele poderia ter feito para ambos quererem voltar para Sidney. Os coloquei sobre o colchão, me sentando de frente para ambos, segurando suas mãos.
— Conte para mamãe o que aconteceu. — Falei suavemente mantendo meus olhos sobre eles.
— Papai gritou com , papai esqueceu do anisario (aniversário) de neném. ficou com e muie estana (estranha) . — começou chateada.
— O pai de vocês os deixou com uma babá? — Perguntei tentando entender a situação.
— Sim. Ele deixou a gente e passou o dia fora. Só voltou alguns minutos atrás com aquela mulher da sala. Nos mandou ficar no quarto e quando disse que queria brincar e comer bolo ele brigou com ela. — falou receoso.
— Vocês foram a algum lugar juntos para comemorar o aniversário da sua irmã, ? — Perguntei buscando montar em minha mente o que havia levado a agir assim.
— Não, papai só voltou alguns minutos atrás. — reafirmou.
— Então vocês passaram o dia com uma babá e quando seu pai voltou ele mandou ficarem no quarto? — Tentei entender.
— Sim! — respondeu subindo em meu colo.
— Mamãe vai ficar com vocês, meus amores. Vamos deitar, vou contar histórias, já que alguém tá de aniversário. — Comecei a fazer cócegas em ambos, tentando distraí-los e me reprimir, já que queria sair daquele recinto e socar a cara de .

Passei as próximas horas distraindo ambos, já era quase madrugada enquanto contava histórias, fazia cócegas. e já exibiam sorrisos moles, cansados. Havíamos brincado até que ambos cansaram. Os aninhei em meus braços deitando-os sobre o colchão. E então, enquanto fazia cafuné, comecei a narrar histórias sobre aventuras até que ambos caíssem no sono. fora a primeira a cair no sono, a ajeitei sobre a cama de solteiro do outro lado da porta antes de continuar a história para , que alguns minutos depois de caiu no sono também. Beijei a fronte de ambos antes de deixar o quarto. Olhei para o relógio em meu pulso, marcava duas e meia da manhã.
Estava cansada, com jet lag, porém era necessário confrontar . Algo estava errado com ele, era um comportamento anormal dele e gostaria de entender o que o levara a agir de tal maneira.
Desci as escadas em silêncio, a sala estava escura, porém era parcialmente iluminada pelos raios lunares que entravam pela janela. estava sentado de costas para a escada. A mulher que encontrara mais cedo não estava mais ali. Parei no último degrau, tomando uma longa golfada de ar antes de seguir até ele, me sentando sobre uma poltrona de frente para sua face límpida.
— O que houve com você? — Quebrei o silêncio.
— Como, quando chegou aqui? — Ele rebateu minha pergunta com outra.
, você não é assim! — Soltei resignada, cansada. — me ligou em prantos!
— Ele pediu para você vir? — soltou, surpreso.
— O que aconteceu, ? Você não age assim com eles! — Soltei a pergunta, estava atrás da verdade. me contara a sua versão, já que como era muito novo podia não entender muita coisa.
— Foi um dia atípico. — me respondeu sem muito detalhe.
. — Falei, o repreendendo. Havia algo que ele não estava me contando.
. — Ele usou o mesmo tom.
— O que você quer que eu diga? Você assustou os nossos filhos! Você deixou magoada! Ontem foi o aniversário dela! Não interessa se algo não anda bem em sua vida, ! Ela não tem culpa de nada! Era sua responsabilidade fazer da data um dia incrível e não foder com uma vadia enquanto seus filhos estão no andar de cima. — Me levantei furiosa.
— É claro! Enquanto isso você pode foder com e eu não posso ter um dia ruim. — se levantou refletindo meu humor.
. — Soltei o nome que o havia levado a agir feito um babaca. Tudo havia ocorrido por causa daquelas malditas fotos! Me aproximei de e lhe dei um tapa. — Eu jamais iria para cama com ele. Eu entendo que as coisas entre vocês podem não ter terminado da melhor forma, mas não me acuse e não use isso como desculpa para estragar o dia de nossa filha.
— Eu não posso foder, mas você pode sair de mãos dadas com aquele cara! — retrucou sem se dar o trabalho de prestar atenção ao que havia dito.
— Você desconhece a palavra amigo, não é mesmo?! — Dei as costas para , tentando acalmar minha raiva. Não queria acordar os nossos filhos.
nunca quis ser seu amigo antes e por que justamente agora ele deseja isso? — usou um tom acusatório.
— Pessoas mudam, ! Não interessa a você os motivos! A questão é por que justamente agora você se importa? — Rebati.
— Não é agora, sempre me importei, ! Você sempre foi a única mulher em minha vida. — respondeu, me surpreendendo com sua sinceridade.
— Agora é tarde demais, ! — Me afastei, encostando ao lado da escada.
não teve culpa por hoje. Eu sei! Você me tira a razão de tal forma que machuquei a nossa princesinha. — abaixou a voz encarando as escadas.
— Ela vai perdoá-lo. Eles vão. — Completei, desviando meu olhar do dele, que exibia a sua essência.
— Eles pareciam decididos em partir com você. — quebrou o silêncio após digerir minhas palavras.
— Decisões tomadas no momento. Amanhã é um outro dia e você pode convencê-los. — Dei de ombros.
— E quanto a você? — indagou, me lançando um olhar que me dizia para ficar.
— Ainda é cedo para dizer. — O respondi de modo evasivo.
— Eu odeio isso. — se aproximou parando a poucos centímetros. — Odeio não poder tocá-la, odeio não poder acordar todos os dias ao seu lado. Odeio como nos tornamos apenas desconhecidos. Estranhos. Eu a vejo poucas vezes e ainda assim meu coração dispara, eu ainda a amo, , ainda quero você. Sei que a decepcionei incontáveis vezes, mas... — Ele pausou sua fala para fazer com que eu fixasse meu olhar no dele. — Me dê mais uma chance. Apenas uma.
, por favor não faça isso. — Toquei seu tronco desnudo como forma de o afastar, mas acabei vencida pelo calor de sua pele.
— Mais uma chance, . — Ele sussurrou, tocando minha face com delicadeza. Meus olhos fecharam com o carinho.
— Me dê um bom motivo. — Sussurrei, sentido ele envolver minha cintura com seus braços.
— Passamos tempo demais longe um do outro. Você me ama e eu te amo. Isso não mudou. Ainda a quero tanto como queria há 10 anos atrás. Somos duas pessoas diferentes, porém você me conhece como ninguém e eu sei que vai ser difícil no início, mas juntos podemos enfrentar qualquer coisa. — sussurrou antes de me beijar.
Sua boca macia e aveludada moldava-se à minha num furor intenso, saudoso mas familiar. Suas mãos percorriam meu corpo, desejosas e tocando meus pontos fracos, os quais me deixavam arrepiada, mas de um jeito bom. Então segurou minhas coxas, dando impulso para que eu envolvesse minhas pernas em seu quadril, e, quando o fiz, pude o sentir. Ele estava tão sedento quanto eu!
Sem mais palavras mas toques, ele me colocou deitada sobre o sofá enquanto seus lábios desciam pelo meu pescoço e seguiam em direção ao meu colo.
Restrições foram revogadas, peças de roupas arrancadas e desejos saciados. A necessidade um do outro fora enfim sanada, porque quando você está com a pessoa certa nada mais importa!
— Você terá a sua chance, .
— Eu não poderia estar mais feliz!
— Eu te amo.
— Eu sempre a amarei.




Fim.



Nota da autora: Obrigado a todos que chegaram até aqui. Escrever esse especial foi um desafio e tanto!
Espero que tenham gostado!



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


Caixinha de comentários: O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.


comments powered by Disqus