Steps to a Christmas Together, por Flávia Coelho
Finalizada em: 17/08/2018

Capítulo Único

(Eu não farei uma lista de presentes e enviar ao Polo Norte para o Papai Noel. Nem ficar acordada até tarde para ouvir os sininhos mágicos das renas, porque eu só quero você essa noite, me abraçando forte. O que mais eu poderia querer? Tudo que eu quero de Natal é você. – All I Want for Christmas is You, Mariah Carey)


Passei a mão nos cabelos ralos enquanto sentia a água cair em minha cabeça e escorrer pela barba igualmente rala, antes de descer pelo corpo, fazendo com que a espuma fosse direto para o ralo. Soltei o ar pela boca, vendo os respingos de água baterem contra o box de vidro e virei a torneira, fazendo a água parar de cair do chuveiro.
Puxei a toalha bege que estava pendurada ao lado e enrolei-a em minha cintura, só para que eu saísse do box. Enxuguei os pés no tapete e me caminhei em frente ao espelho, encarando-o embaçado. Passei a mão no mesmo e vi meu reflexo molhado pelo mesmo. Me enxuguei rapidamente, procurando pela minha cueca e calça de moletom, entrando no quarto. Achei meu moletom que estava jogado na poltrona ao lado da cama.
Abri um sorriso ao passar pela porta do quarto e sentir o cheiro de biscoitos amanteigados no ar, e também ouvir o som de uma música de natal ao fundo. Faltavam três semanas para o feriado natalino ainda, mas aquele cheiro e aquela música, só significava uma coisa: tinha conseguido emendar suas férias com a licença maternidade e estava em casa. Vesti meu moletom cinza por cima da cabeça e atravessei a sala que me separava da cozinha, onde, no meio dela, jazia uma árvore de Natal de dois metros e meio e, aos pés dela, com sua grande barriga de quase oito meses e várias sacolas com enfeites novos de natal ao seu lado.
Não me contive em observá-la por um momento. Ela parecia realmente entretida em fazer laços com a grossa fita dourada e colocar os ganchinhos para prender na árvore. Ela usava a tão conhecida calça de moletom azul escura com a palavra “Pink” em azul claro no bumbum, resultado de uma das primeiras vezes que ela foi à Victoria’s Secret, no corpo o velho moletom azul chamativo com o escudo do Capitão América na frente, nos pés meias brancas que estavam levemente sujas, pelo arrastar no chão. Roupa perfeita para o tempo frio que fazia em Los Angeles, frio a ponto de todas as janelas e portas da casa estarem fechadas e a lareira chamar minha atenção.
Roubei um biscoito que estava no prato em cima da pia e joguei na boca, sentindo-o esfarelar imediatamente, delicioso. Parei atrás dela e dei um beijo em sua cabeça, vendo-a virar o rosto para mim e dar o meu sorriso favorito.
- Ei! - Ela falou com seus olhos brilhando para mim.
- Chocolate quente? - Passei minhas mãos em seus cabelo escuros, trazendo-os para trás.
- Isso não é uma pergunta que se faça para uma grávida. - Soltei uma risada e me encaminhei para trás do balcão da cozinha, pegando uma panela de vidro e apoiando-a no fogão.
Enquanto eu via o líquido marrom borbulhando na panela, havia se levantado e colocava laços dourados e vermelhos, grandes e pequenos, ao redor da árvore inteira. Eu havia servido uma xícara do líquido quente para mim e para ela, e me caminhei até ao seu lado, onde rodava pela árvore e de vez em quando bebia um pequeno gole da xícara.
Me abaixei aos pés da árvore e abri uma caixa, encontrando algumas bolas vermelhas e me sentei com ela em meio a minhas pernas e comecei a colocar os ganchos, a cada gancho que eu encaixava, esticava a bola para que rapidamente encaixava em algum espaço vazio da árvore. De vez em quando ela parava ao meu lado, apoiando uma mão em meu ombro para respirar um pouco. Sua barriga estava linda, estava redonda e grande. E ela, estava em uma felicidade que não podia ser contida. Sempre soube que ela queria ser mãe e, quando a oportunidade veio, não pudemos conter a felicidade.
Havíamos descoberto a gravidez durante a divulgação de Os Vingadores 2, e desde então eu tinha reduzido muito a quantidade de filmes que eu fazia, quanto menos filme para fazer, menos filmes para divulgar quando nosso filho nascesse... Ou filha, ainda não tínhamos certeza. tinha optado em não saber o sexo do bebê, ela disse que deveria treinar a paciência e, levando em conta que o bebê estava para nascer, estávamos levando bem. De vez em quando ela surtava um pouco enquanto a gente andava por lojas de bebê, por não saber o que comprar. Nesses casos ela levava duas cores, isso fazia com que o quarto do bebê estivesse cheio de sacolas por todos os lados.
- Vai sentar um pouco! - Falei enquanto ela pegava as luzes de LED brancas e começava a desenrolar as mesmas. - Eu termino!
Ela confirmou com a cabeça e me deu um rápido beijo na bochecha e foi se acomodar no largo sofá que ficava de costas para onde a árvore estava sendo montada. Ela se acomodou rapidamente e colocou algumas almofadas na cabeça, suspirando alto.
- Sua mãe ligou hoje! - Ela falou baixo, como se tentasse se lembrar de algo.
- Ligou? - Falei enrolando as luzes em meu braço. - Eu ligo para ela depois.
- Na verdade, ela queria saber onde vamos passar o Natal. - Suspirei e encarei seu rosto deitada no sofá.
- Ah, Deus. Precisamos decidir isso! - virou o rosto para mim com um sorriso de lado nos lábios.
- A gente passou o ano passado aqui em Los Angeles, fala para ela que vamos lá e eu falo para minha mãe que passamos o Ano-Novo aqui. - Ela falou com um tom de voz baixo e fofo. – Apesar de que tem o chá de bebê, né?! Que vai ser poucos dias depois do Natal.
- Então! Tem isso. Por que a gente não traz o Natal para cá, que sua família vai vir para o chá de bebê mesmo e o Ano-Novo a gente passa em Boston? - Perguntei e a vi fechar os olhos firmemente.
- Eu quero ver um Natal com neve, Chris. - Ela falou com aquele sorriso de criança e eu ri.
- Então, vamos para Boston no Natal! - Ela estendeu a mão para mim e eu a segurei firmemente, depositando um beijo na mesma.
- Vem cá, vem cá! - Ela falou rápido me puxando. - Tá chutando! - Ela soltou minha mão e apoiou as duas em sua barriga.
Soltei as luzinhas no chão e corri para me ajoelhar ao seu lado, colocando minhas duas mãos em cima de sua barriga, nos espaços que ela não ocupava com as dela. Nosso bebê era do tipo calmo, ele não chutava muito, então, quando chutava, era sempre bom sentir. Não era um chute, era mais como uma pressão em alguns pontos, como se ele estivesse se ajeitando lá na barriga. Encarei e ela tinha um sorriso largo nos lábios e seus olhos brilhavam, deixando escapar algumas lágrimas pelo mesmo.
Encostei meus lábios nos dela e ela rapidamente levou a mão até meus cabelos ralos, me puxando para mais perto de si. Tirei uma mão de sua barriga e apoiei no sofá, deixando o peso todo em minha mão e não em seu corpo. Ela suspirou por um segundo e apoiou a cabeça novamente nas almofadas. Dando aquele sorriso sapeca para mim, o sorriso que eu já sabia de cor. Não ia rolar nada. E ela não queria ficar tentada... Muito menos eu, fazia uns cinco meses que não rolava nada.
Me levantei novamente e voltei às luzes de natal, desenrolando-as da parte de cima até embaixo da árvore. Escondi os fios no meio dos galhos e liguei a ponta na tomada, vendo a árvore se iluminar inteira. Soltei um riso involuntário, contente com o resultado e virei para , que agora dormia calmamente no sofá. As duas mãos apoiadas em sua barriga e um sorriso terno no rosto. Soltei um suspiro e a puxei com ambas minhas mãos embaixo de seu corpo e com o erguer do seu corpo, ela apoiou ambas as mãos em meus ombros, encostando o rosto adormecido em meu peito. Depositei-a na cama e puxei as cobertas até que ela estivesse no pescoço de e sentei ao seu lado.
Ela se mexeu um pouco sobre a superfície macia e colocou o braço embaixo do travesseiro como sempre fazia. Virou o corpo para o lado que seria o meu e soltou um suspiro alto, mantendo os olhos fechados. Sorri.


***


- Uhum, sim, duas! - falava ao telefone com a companhia aérea, enquanto mordiscava uma barra de chocolate e andava pela varanda, isso porque eu estava fazendo churrasco. Estávamos nos preparando para ir à Boston. - Isso! Uhum, claro sim! Anota aí! - Ela pegou a carteira na espreguiçadeira e pegou seu documento, esticando a mão para mim. Entreguei minha carteira a ela que pegou meu documento. - Sim, por favor... Para gestante! - Ela parou de andar ao meu lado e apoiou a embalagem do chocolate. - Oito meses. - Ela se sentou na espreguiçadeira. - Não?! - Seu tom de voz mudou. - Sim, eu entendo! Obrigada. - Ela suspirou. - Você também. - E desligou.
- O que foi? - Perguntei apoiando minha mão em seu ombro, ela encostou a cabeça na mesma e fechou os olhos, desapontada.
- Eu não posso mais voar. Eles não aconselham. - Ela passou as mãos no rosto e abaixou a cabeça.
- A gente pode ir de carro, ! - Fechei a churrasqueira e sentei na beirada da espreguiçadeira, próximo a seus pés.
- Eu não vou ficar em um carro por dois dias, Chris. Ainda mais faltando cinco dias para o Natal. - Sua voz era abafada e embargada. - Se de avião é arriscado, imagina dois dias dentro de um carro. - Ela levantou o rosto e ele estava avermelhado. - Sem contar as paradas que a gente vai ter que fazer.
- Trem? Ônibus? – Encarei-a, falava com a voz calma já que ela estava prestes a explodir.
- Esquece, Chris! - Ela jogou os pés para fora e se ergueu com pressa, parando logo em seguida, segurei firme seu braço. Ela respirou alto e puxou o braço. - Eu que não posso ir, você pode.
- , para de falar besteira, eu não vou te largar sozinha. Principalmente porque você está grávida de oito meses e que Natal é seu feriado favorito. - Suspirei e me levantei, ficando em sua frente. - Eu ligo para minha mãe e pergunto se podemos fazer aqui.
- Ela já se planejou toda, Evans, seria sacanagem, não é?! - Ela suspirou e eu ergui seu rosto com a mão, focando seu olhar no meu. - E tem sua família também. - Seu tom de voz abaixou.
- Então ficaremos aqui. Eu e você! Um Natal diferente! - Ela fechou os olhos, como se pensasse na ideia. - A gente cozinha, come, se diverte, o que acha? Quase outra lua de mel! - Ela riu e baixou o rosto para sua barriga. - Sem a parte mais divertida, mas ainda sim. - Ela riu e encostou seu rosto em meu pescoço, me dando um rápido beijo que me arrepiou.
- Com direito à comida e à músicas? - Ela falou baixo.
- Tudo que você quiser! - Passei meus braços em suas costas e ela suspirou mais calma.
- Você vai cozinhar?
- E você vai me ajudar! - Ela soltou uma risada e ergueu o rosto.
- Você quer dizer: eu cozinho e você me ajuda, não?! - Encostei meu nariz no dela e senti sua respiração bater em meus lábios.
- Ah, pode ser assim também! - Ela riu e encostou seus lábios delicados no meu por poucos segundos.
- Você vai cozinhar! - Ela falou dando mais um beijo. - E eu prefiro carne mal passada. - E se afastou de mim.
Soltei uma risada alta, abrindo novamente a churrasqueira e encontrando os dois pedaços de carne um pouco já passados no ponto favorito dela, ri sozinho. Desde que eu havia começado a namorar , eu havia aprendido a fazer o verdadeiro churrasco brasileiro. Tinha uma loja com coisas e comidas brasileiras em Hollywood Hills que vivia fazendo a festa, enchia a casa com coisas brasileiras e, agora com a gravidez, nem a loja foi o suficiente. A mãe de mandava coisas do Brasil em caixas grandes, às vezes três ou quatro por mês, quando as coisas chegavam, era quase como a manhã de Natal.


***


- Eu acho assim – falou colocando uma colher de mousse de chocolate na boca. - a gente deveria se separar amanhã...
- Oi?! - Perguntei e ela começou a gargalhar.
- ...Para comprar os presentes. - Ela me mostrou a língua e eu revidei.
- Eu não vou te largar sozinha, ! - Abaixei o volume da TV onde eu assistia a um jogo de basquete.
- Chris, pelo amor, para! Eu tô grávida, não doente! - Ela falou em um tom de voz mais alto. - Para com isso, pelo amor de Deus! - Eu ri e passei a mão em meu rosto.
- Ok, ok, eu estou chato, eu sei! Mas é só preocupação. - Ela largou o pote com a colher em cima da bancada e parou atrás de mim, escorregando a mão pelos meus ombros, até minha barriga e encostou a boca em minha orelha.
- Não precisa! - Ela falou baixo e eu ergui a mão até encostar em seus cabelos.
- Temos motivo para isso, você sabe! – Falei, encarando a TV sem som na minha frente.
- Passou, amor, não vai acontecer de novo! - Ela falava com seu tom de voz baixo.
- Você está melhor?!
- Passou, Chris, não tem porque ficar relembrando isso, nem sabíamos sobre, na verdade. - Ela deu um sorriso fraco e me abraçou mais forte. - Agora para de ser chato, ok?!
- Eu te amo, ok?! - Perguntei e ela riu.
- Eu também! - Virei meu rosto e beijei sua bochecha, ela se afastou, voltando ao potinho com mousse.
- Mas como eu ia dizendo... - Ela colocou uma colher com o creme na boca. - Vamos ao shopping, a gente se separa e depois que os dois comprarem as coisas, a gente se encontra de novo, e compramos para os familiares. Eu já mandei um cartão para minha, mas preciso comprar uma lembrancinha, minha mãe vem no chá de bebê.
- Ok, pode ser, mas nada mais que meia hora, tá?! Então, saiba o que vai comprar já, porque senão eu te caço.
- Ok, papai! – Ela falou com a boca cheia e aumentei o volume da TV novamente.


***


- Meia hora, , entendeu?
- Ah, Evans, para de ser chato, pelo amor de Deus! – Ela falou puxando a bolsa dela de minha mão e caminhou para o lado direito do conglomerado de lojas. – Eu te ligo! – Ela falou e eu fui para o lado contrário, à procura do presente de Natal perfeito para minha esposa.
Honestamente, eu não tinha a mínima ideia do que dar para ela de Natal. Ano passado estávamos tão preocupados com o casamento que nem eu, nem ela lembramos dessa data. Nem nos presenteamos. O sonho dela era se casar, e o Natal foi dois dias antes da data que ela sempre sonhou. O feriado acabou sendo algo meio passageiro para nós. A família inteira estava reunida, do lado dela e do meu, porque todo mundo estava em Los Angeles para nosso casamento. Como tínhamos que fazer o ensaio de casamento, juntamos nossos familiares e amigos mais próximos e fizemos os dois, não tivemos tempo para respirar. E presente, foi algo que eu só lembrei depois, mas ela também não tinha lembrado, e o casamento definitivamente foi meu melhor presente. Ela foi meu melhor presente.
Tive um estalo e saí do local que eu estava parado e caminhei em direção à Bvlgari, eu queria uma joia. Mas não uma joia qualquer, uma que pudesse marcar nosso primeiro ano de casados. E talvez algo que pudesse relacionar com nosso primeiro filho... Meu Deus, eu sou péssimo para presentes.
Acabei por escolher um conjunto de brinco e colar. Cada um com três diamantes delicados, um branco, outro rosa e outro azul. Sei que não adiantaria comprar outro anel para ela, pois ela só usava a aliança de noivado e a de casamento nos dedos. Eu também não tirava a minha do dedo, e, quando precisava tirar para a gravação de algum filme, eu a deixava com , ela colocava em uma corrente e a usava no pescoço, escondida dentro da roupa.
Agradeci aos vendedores e saí da loja com a sacola da Bvlgari em mãos, conferi meu celular e nada de ligação de ainda, passei em uma loja de doces e comprei algumas guloseimas que eu gostava e algumas para , e também com uma desculpa, eu precisava esconder a sacola da Bvlgari de qualquer maneira possível, porque esse era o jeito dela, ela escondia, então, eu esconderia também.
Sentei em um choperia no centro do shopping e pedi um chope para mim. Eu estava precisando relaxar. Eu já era uma pessoa normalmente preocupada, mas agora com grávida, não tinha um minuto que eu relaxava, passava noites em claro vendo se ela estava bem, se ela precisava de uma coisa. Isso já estava me irritando e também já estava irritando ela, estava vendo que apanharia um dia desses, e ela não podia ficar estressada, isso eram ordens expressa do obstetra, sem estresses. Estávamos tentando, e não posso dizer que está sendo fácil, porque não está.
- Nossa, faz tempo, hein?! – Ela falou, aparecendo atrás de mim e colocando suas várias sacolas em uma cadeira vazia ao meu lado, junto com sua bolsa.
- Quer alguma coisa? – Perguntei quando senti um beijo em minha bochecha e a vi sentar na minha frente.
- Eu estou com fome! – Ela fez uma careta e eu soltei uma gargalhada.
- Não que isso seja novidade!
- Exatamente! Mas ainda sim! - Ela mexia os lábios de um lado para o outro, como quem pensava e encostou-se à cadeira, apoiando ambas as mãos na barriga. Adorava quando ela fazia isso.
- Quer comer alguma coisa na rua? Aqui mesmo? Ou quer ir para casa? – Dei um gole no líquido amarelado e coloquei o copo de volta na mesa.
- O que você quer fazer? – Ela perguntou me encarando.
- O que eu quero você não pode me dar. – Falei quase em um sussurro e vi suas bochechas ficarem vermelhas rapidamente, olhando para os lados rapidamente e se desencostando da cadeira e apoiando os dois braços na mesa, do mesmo jeito que eu estava.
- Não é que eu não queira, mas não é recomendável, Chris. E sei lá, eu acho meio estranho. – Ela começou a rir e eu abaixei a cabeça.
- Só algumas preliminares, então?!
- Para! – Ela falou me encarando com os olhos fixos nos meus.
- Vou ter que esperar mais um mês, então?! – Ela afastou a cadeira e se levantou, revirando os olhos.
- É bom que espere mesmo. Pelo menos um mês. – Ela pegou as sacolas e seguiu para uma das portas que davam para a saída do shopping.
Parabéns, Christopher, você conseguiu! Revirei os olhos e joguei uma nota de cinco dólares na mesa e virei o líquido inteiro de uma vez só, forçando os olhos por um tempo. Peguei as sacolas que haviam ficado e levantei, seguindo por onde tinha ido. Mas eu era um idiota mesmo.


***


- Por favor, ! – Falei quando colocamos os pés para dentro de casa. Havíamos voltado o caminho inteiro em completo silêncio.
- Eu não quero e eu não vou conversar agora. – Ela falou e jogou as sacolas em cima do balcão da cozinha e continuou seguindo em frente, a caminho dos quartos.
- Eu quero transar, mas só se for contigo. Por favor! – Ela entrou no quarto ligando o aquecedor e fechando a porta, que eu parei com a mão, entrando atrás.
- Não está sendo fácil para mim também, ok?! Mas é uma escolha, uma escolha que você aceitou ter comigo. – Ela tirou o sobretudo e jogou na cama, sentando na mesma e puxando com força as botas dos pés.
- Eu também não estou dizendo que mudei de ideia. Me escuta, ! – A vi puxar sua blusa para cima e jogar as meias na cama e caminhar apressadamente para o banheiro, ligando o chuveiro, deixando a água cair fortemente.
- Se você realmente precisa disso para matar o que está te matando, vai, eu deixo, mas para! – E eu havia magoado ela.
- Me escuta! – Falei em um tom de voz mais baixo e me sentei no meio da cama, de lado para a porta do banheiro.
- Porque eu tenho medo, Chris. Medo! – Virei o rosto e a vi parada na porta do banheiro, com as duas mãos na cintura, somente de jeans e sutiã. Ela também não estava ajudando. – Se alguma coisa acontecer, a culpa vai ser minha. Eu e os milhares de problemas hormonais que eu tenho. Se alguma coisa acontecer, eu não vou saber o que fazer. – Sua voz afinou e seu rosto avermelhou, ela estava chorando. – Eu não quero passar por aquela dor de novo.
- Ei! – Me levantei apressado da cama e segurei seu rosto com as duas mãos, vendo grossas lágrimas escorrerem pela sua bochecha. – Eu não quero que você chore! – Ela fechou os olhos fortemente. – Eu também não quero brigar.
- Só, por favor, entende meu lado. – Sua voz era fina e baixa.
- Eu entendo, amor, eu entendo! – Encostei meus lábios em sua testa rapidamente, depositando um beijo delicado na mesma. – Para de chorar. – Passei minhas mãos pelo seu corpo, trazendo-a mais perto de mim. – E eu não quero mais ninguém na minha vida a não ser você, tá?! Só existe você. – Falei com a voz baixa e devagar. – Nunca duvide disso.
- Tá bem. – Ela falou com a voz abafada.
A mantive encostada em meu corpo tempo o suficiente para que a água quente que caía do chuveiro embaçasse o banheiro inteiro, tinha o corpo arrepiado e o bebê estava agitado. Sem estresses. Depositei minhas mãos em sua barriga ocupando quase toda a extensão e me ajoelhei aos pés de , passando meus lábios em curtos beijos por toda extensão de sua barriga. Ela passou as mãos no rosto, secando as lágrimas. Com o tempo, nós três fomos ficando mais calmos. Até que eu me levantei.
Ela soltou os cabelos, deixando-os cair em seu colo e desabotoou o sutiã, deixando a peça cair aos meus pés. Ela desceu a calça aos poucos, até que elas escorregassem até o chão e a tirou dos pés, chutando para o lado e entrou no banheiro embaçado, com os olhos ainda nos meus.
- Me ajuda no banho? – Ela falou com a voz baixa e eu senti um sorriso travesso se formar em meus lábios.


***


Ela estava deitada de barriga para cima no meio da cama, com uma curta camisola de seda, o aquecedor do quarto já havia mandado o frio embora e estava viável ficar ali com roupas curtas, seus lábios se mexiam devagar, com alguma possível música que estivesse passando pela sua cabeça. Terminei de passar o pano felpudo em meu corpo e enrolei a mesma em minha cintura, chacoalhando os cabelos, tirando a água que ficou por entre os fios.
- Eu estava com saudades de você! – Ela falou assim que eu coloquei os pés para dentro do quarto e puxei a porta do banheiro, fechando-a.
- Agora você admite?! – Ela soltou uma risada fraca e se espreguiçou, esticando seu corpo pelo lençol branco e bocejando.
- Ah, shh! – Ela falou com um sorriso brincalhão nos lábios. Me abaixei e depositei um beijo em sua testa.
- Quer algo para comer? – Perguntei.
- Sim, por favor! – Ela falou e eu ri, não era novidade. Novidade seria ela recusar comida.
- Eu já volto!
Levantei e caminhei até a cozinha, à procura de pão no armário para fazer um misto quente, o sol já tinha se posto e era possível ver o tom alaranjado no céu azul escuro na cidade dos anjos. Soltei um suspiro alto e olhei para as sacolas jogadas em cima do balcão, tanto minhas quanto as de . Separei o que era meu do que era dela, contendo a vontade de espiar dentro de suas sacolas. Espiei a caixa da Bvlgari por rápidos segundos, antes de fechá-la com um estalo. Enquanto os lanches estavam chiando no grill, fui até uma das gavetas da pia, puxando a última, onde podia ser encontrado alguns dos utensílios de cupcakes de , ergui a toalha lá do fundo e coloquei a caixa embaixo da mesma, esticando a toalha em cima. Se tinha lugar que ela não olharia, era só o local que ela mais olhava.
Tirei os lanches do grill, os dispus em dois pratos, joguei um guardanapo em cima de cada lanche e os peguei, caminhando de volta para o quarto. Empurrei a porta com o pé e senti o ar quente bater em meu corpo, fazendo os pelos eriçados relaxarem. tinha se ajeitado sobre a cama e agora estava encostada na cabeceira da cama, com as pernas para dentro do grosso edredom branco. Os braços estavam esticados sobre o corpo, e o controle em sua mão direita, mudando freneticamente o canal da TV a cabo, mudando entre dois canais de filmes, onde não consegui reconhecer qual era qual.
- Obrigada, amor! - Ela falou assim que eu estendi o prato a ela e me ajeitei ao seu lado.
Ela engoliu o lanche em poucos segundos, mantendo os olhos focados em uma animação da Disney, Enrolados. Ela ria sempre na mesma parte, fazia sempre os mesmos comentários e chorava sempre na mesma parte, mas não era isso que eu realmente me apaixonava a cada dia mais por ela. Era pelo seu amor a filmes, ela realmente gostava de filmes, claro, os que o tema a agradava, e isso era realmente inspirador para alguém como eu.
- Já falou com a sua mãe? - Ela perguntou após apoiar o prato vazio em sua mesa de cabeceira.
- Ainda não, não quero que ela tenha a chance de mudar de planos. Vou ligar amanhã, dizendo que não poderemos ir na quinta.
- Tenho que avisar a minha também! - Ela falou e se aproximou de mim, encostando a cabeça em meu braço. Coloquei o prato na mesa ao meu lado e passei o braço que ela havia encostado em suas costas, permitindo que ela abraçasse meu tronco. - Temos que fazer compras. - Ela falou simplesmente e eu ri.
- Supermercado?! - Fiz uma careta e ela riu.
- Eu sei que você odeia, mas precisamos preparar nossa ceia. - Ela fez uma careta. - Ou projeto de ceia.
- O que você quer comer? A grávida aqui é você. - Ela soltou uma risada fraca e encostou a cabeça em meu peito, suspirando.
- Podemos fazer um arroz, aquela farofa, uma carne e uma massa, acho. Não quero comer ceia por uma semana. - Soltei uma gargalhada lembrando que ano passado sobrou comida para caramba, saímos distribuindo para todo mundo, e mesmo assim a gente não aguentava mais comer bolo, e doces, e o que todos os salgados que tivemos no ensaio e no casamento.
- E de doce? - Perguntei e ela ergueu o rosto, arqueando as sobrancelhas.
- Viciado! - Ela falou e deu um beijo estalado em minha testa.
- Faz parte! - Ela riu. - O que vai ser?
- Pensei na sobremesa da uva que dá pouco e no sorvete que você tanto gosta.
- Aí vi vantagem, hein?! - Apoiei meu queixo em sua cabeça e ela soltou um suspiro, me apertando forte contra seu corpo.
- Saímos às compras amanhã cedo? Já começamos a fazer o que dá para deixar pronto.
- Ok, mas não muito cedo, pode ser? - Ela riu e senti sua cabeça mexendo para cima e para baixo em confirmação.
- Combinado então. Temos que pegar a Leslie também.


***


- Isso porque íamos sair cedo, não é, dorminhoca? - esticou as mãos que estavam na barriga dela, se espreguiçando, mexendo o edredom que estava por cima dela. Ela coçou os olhos e tirou a coberta de cima, apoiando os dois pés no chão e se levantando.
Ela caminhou até o banheiro devagar e encostou a porta, me deixando sozinho no quarto por alguns minutos. Peguei minha jaqueta marrom ao lado da cama e a vesti, passando a mão em meus cabelos que estavam um pouco maiores agora. Ajeitei-os para trás e coloquei o boné azul em minha cabeça e os óculos escuros no rosto.
A porta do banheiro se abriu e uma com um grosso vestido azul-escuro de mangas compridas surgiu do mesmo, com grossas meias-calças pretas cobrindo as pernas, nos pés tinha uma bota de cano baixo igualmente preta, com um salto pequeno. Seu rosto continha uma maquiagem leve e seus cabelos caíam em ondas pelos ombros. Ela fuçou na bolsa rapidamente, antes de pegar seu celular dentro do mesmo e jogá-lo em um bolso do vestido, que eu não tinha reparado.
Ela abriu um sorriso quando olhou para mim e veio em minha direção, passando os braços em meu pescoço e encostando seus lábios nos meus delicadamente, como ela fazia toda a manhã. Passei meus braços pelas suas costas e encostei sua barriga na minha, sentindo o cheiro de seu perfume. suspirou separando nossos lábios em um estalo e sorriu para mim.
Em poucos minutos ela já segurava um pacote de bolacha de chocolate enquanto eu tirava o carro da garagem. O caminho até o supermercado era curto, mas o caminho inteiro ficamos ouvindo o som das bolachas se quebrando na boca de minha esposa e a música baixa de Natal que saía dos alto-falantes do carro.
jogou a bolsa dentro do carrinho assim que arranjou um. Passávamos somente nos corredores que realmente queríamos, mas até onde realmente precisávamos passar, jogava algumas guloseimas dentro do carrinho. Ela tinha tido todo o tipo de desejo que uma grávida pode ter, eu até aproveitava um pouco, pois a paixão dela era cozinhar, então ela cozinhava mais que o normal, sorte que a fase light dela bateu com as gravações de Capitão América 3, logo no início da gravidez, porque era difícil conciliar exercícios, com o monte de doces e coisas deliciosas que ela fazia. Isso porque ela trabalhava de manhã e de tarde, imagina se ficasse em casa.
Ela jogou duas barras de chocolate no carrinho e paramos no caixa, passando todas as compras no mesmo. Ela guardava as compras nas sacolas de papel enquanto eu pagava pelas mesmas. Havíamos combinado que todo o nosso salário iria para uma conta conjunta, e os gastos sairiam do mesmo local, mas eu tinha uma conta paralela para pagamento das contas mais pesadas como da casa em Boston e de algumas extravagâncias que eu gostava de fazer, como o conjunto da Bvlgari que eu daria de Natal à .
Segurei as sacolas com as mãos e colocou a bolsa no ombro enquanto caminhávamos para fora do estacionamento. Ela soltou uma risada irônica no mesmo instante que ouvi um barulho de flash a poucos metros da gente, ainda não tinha acostumado, e eu gostava muito disso, foi uma das provas que ela havia dado quando disse que me amava, ela queria a mim, e não o que eu a oferecia.
- Como está o bebê, família Evans? - soltou uma risada fraca ao meu lado e pegou a chave do carro em meu bolso, abrindo o mesmo, coloquei as compras no porta-malas e ela entrou no carro.
- Está muito bem! - Respondi antes de entrar no carro também. - Feliz Natal.
- Feliz Natal, Chris! - Responderam e eu encontrei gargalhando dentro do carro.
- Eu nunca vou me acostumar com isso. - Encostei minha mão em sua perna por alguns segundos e girei a chave, ouvindo o barulho do motor.
- Temos a vida toda para você fazer isso. - Ela abriu um sorriso de lado e acenou com a cabeça.
Dirigimos até o hotel de cães e pegamos Leslie que veio zoneando o caminho inteiro.


***


Era a manhã da véspera de Natal, passava das nove horas da manhã... E o espaço ao meu lado estava vazio. Franzi a testa e joguei a coberta para o lado, enfiando os pés dentro do chinelo que estava no chão. Enquanto eu coçava os olhos, caminhei até o banheiro, jogando a roupa de baixo no cesto. Senti a água quente cair sobre meu corpo e embaçar os vidros do box, me ensaboei rapidamente e logo depois saí pingando, pisando no tapete que estava no chão claro.
Esfreguei a toalha no cabelo e encarei meu rosto no espelho meio embaçado. Esfreguei o braço em meu reflexo, tornando-o um pouco mais nítido. Enrolei a toalha na cintura e passei as mãos nos fios castanhos e os baguncei, vendo gotas de água bater no espelho. Abri uma das gavetas da cômoda e tirei meu aparador do mesmo. Coloquei a peça correta nele e o liguei na parede, ouvindo o ruído chato do mesmo. Debrucei sobre a pia e comecei a passar levemente o aparelho sobre meu queixo e bochechas, vendo finos pelos caírem dentro da pia. Ergui a cabeça e passei o aparelho sobre meu pescoço, deixando somente uma pequena camada de pelos. Fechei a boca e passei o aparador entre a mesma e meu nariz, diminuindo a quantidade excessiva.
Desliguei o aparador e o apoiei na pia. Passei a mão agora sobre a barba rala em meu rosto e a cocei, deixando os pelos caírem mais e mais. Encarei meu reflexo no espelho e, assim que fiquei satisfeito com o resultado, troquei o bico e comecei a passar agora em meu cabelo, tirando a grande quantidade de cabelo em minha cabeça, incluindo o grande topete. Inclinei minha cabeça para frente, passando a máquina na parte de trás da cabeça e esfregando com a mão, tendo certeza que o cabelo não estava mais lá. Guardei o aparelho na gaveta e esfreguei o cabelo, encarando os fios escuros jogados no chão.
Ajeitei a toalha em minha cintura e procurei pelo aspirador portátil no armário e o liguei, passando pela pia e pelo chão do banheiro, onde eu conseguia ver os fios finos. Guardei o aspirador novamente no armário e caminhei até o closet, procurando por uma roupa. Acabei optando por uma calça jeans escura, um cinto marrom, uma camisa grossa de manga comprida preta e minhas já surradas botinas castanho.
Pendurei a toalha no banheiro novamente e passei pela porta do quarto, sentindo o ar um pouco mais frio do lado de fora do quarto. Ouvi meus pés baterem no piso de madeira e uma música de Natal ambiente tocava ao fundo, e eu achando que gostava de Natal. Ajeitei as mangas da blusa e apareci na sala, vendo uma mistura de buldogue inglês com americano com um laço vermelho na cabeça, correndo em minha direção e apoiando as duas patas em minhas pernas.
- E aí, garota? - Falei com Leslie e passei as mãos em sua cabeça.
- Espero que o banheiro esteja limpo! - Ouvi falar ao meu lado e Leslie virou o rosto para a mesma, achando que eu não era mais interessante. Soltei uma risada e a vi colocar um prato cheio de panquecas em cima da bancada, onde uma mesa estava posta, com diversas bebidas e comidas.
- Está sim! – Falei, atravessando a bancada pela lateral e adentrando a cozinha. Passei os braços pela sua cintura e distribuí alguns beijos em sua bochecha.
- Vamos comer, estava só te esperando.
- Acordou cedo? - Perguntei e me afastei dela, notando a roupa que ela usava, a calça jeans colada ao corpo e uma blusa larga que caía até metade de sua coxa, marcando a barriga que a cada dia parecia maior.
- Umas oito. - Ela falou e sentou ao meu lado na bancada. - Estava inspirada, o que é bom, teremos muito o que comer à noite.
- Estou vendo, faz tempo que eu tenho que comer panqueca.
- Eu tenho meus momentos, ok?! Mas ultimamente eu estou mais lenta, tá?! - Soltei uma risada e senti um beijo seu estalar em minha bochecha.
- Eu gosto dos seus momentos. - Falei enquanto me servia um pouco de panqueca e jogava uma grande quantidade de doce de leite no mesmo, havia viciado nesse doce brasileiro.
- Por isso se casou comigo! - Ela soltou uma risada maléfica e colocou um pouco de ovo mexido em seu prato.
- Você vale a pena, lembra?
- Minhas comidas também! - Ela riu e colocou o garfo na boca.
O café da manhã não demorou muito, mas eu comi muito. Conversamos sobre alguns assuntos triviais enquanto Leslie ficava jogada em seu almofadão em volta da árvore. Olhei para a árvore e vi que já tinha disposto seus presentes embaixo da mesma, e tinham três. Droga, o que ela tinha aprontado? Franzi a testa e voltei para meus morangos, jogando um na boca. Levantei do mesmo, levando meu prato até a pia e começando a lavar a louça e colocar as outras coisas no local certo. molhou um dos grandes morangos em um pote de chocolate, que me fez abrir um sorriso discreto e o pensamento ir longe. Isso me excitava e muito, ela sabia disso e fazia isso de propósito. Voltei as mãos para a louça e logo já tinha terminado, enquanto ela engolia o último morango do pote.
- Onde você vai querer almoçar? - Ela me olhou enquanto mordia a ponta do dedão com os olhos no prato vazio, eu ri.


***


Enquanto meus dedos estavam entrelaçados com os de , minha mão estava no bolso onde uma caixa de veludo estava no mesmo. Eu sou a falta de criatividade em pessoa. Como eu era diretor, era a pergunta de um milhão de dólares.
Senti um puxão em minha mão quando parou de andar e ficou encarando uma vitrine de lojas de bebê, logo depois que saímos do restaurante. Seus olhos aumentaram e se encheram de lágrimas, e ela tinha um sorriso tímido no rosto. A vitrine era composta por todos os tipos de coisas verde e marrom, com tema de selva, com vários bichos pequenos pendurados em móbiles e estampados nos pequenos lençóis e cobertas. Apertei sua mão e seu rosto desviou para o meu um pouco, com os olhos vermelhos.
- Quer saber o sexo? - Perguntei em tom baixo e ela afirmou com a cabeça, soltando uma risada fraca.
- Chegamos até aqui, agora vamos até o fim! - Passei meu braço livre pelo seu corpo e a trouxe mais perto de mim. Ela soltou as mãos e logo as senti em minhas costas.
- Eu quero conhecer ele logo! - Ela falou com uma voz fina.
- Tem o chá de bebê no fim de semana, você vai se animar de novo.
- Ah, Chris! - Ela suspirou.
- Já está perto, amor. - Dei um beijo em sua cabeça e ela abriu um sorriso, levantando o rosto de novo.
- Queria pelo menos fazer a decoração, se faço vermelha ou se faço verde.
- Pensa! Vai ser uma situação interessante, eu pintando parede de quarto, você desesperada atrás de coisas, roupinhas, fraldas. - Ela soltou uma risada, mexendo os ombros.
- Não vou fazer isso sozinha! - Ela já avisou enquanto voltava a andar a caminho do carro.
- Eu vou contigo! - Segurei sua mão novamente e andamos devagar até o carro.


***


- Eu vou tomar banho e já venho preparar as coisas, ok?! - Ela falou assim que entramos em casa, pouco depois das três.
- Ok, vou começar a preparar as coisas. - Ela abriu um sorriso confirmando e caminhou calmamente até o quarto, com Leslie a seus pés.
Caminhei até a cozinha e peguei a tábua, junto com algumas cebolas e comecei a cortar em rodelas e em quadrados, separando em duas vasilhas, deixando-as em cubos em cima do fogão. Peguei o pedaço de carne e comecei a preparar a mesma, cortei-as em cubos, joguei sal grosso nelas e misturei tudo, voltando-as em uma travessa. Joguei um pouco de limão e orégano na mesma com algumas ervas, um pouco de pimenta e coloquei um pano por cima, colocando na geladeira e tirei algumas uvas de lá.
Abri o freezer para pegar um pedaço de calabresa para a farofa e encontrei a grande travessa do sorvete pronto de , escondido no mesmo, espiei por debaixo do alumínio e soltei uma risada sozinho. Joguei a calabresa picada em uma panela junto dos ovos e da cebola em rodelas e deixei tudo cozer dentro da mesma, ouvindo os estalos da fritura dentro da panela. Procurei o pacote de farofa dentro do armário e abri o saco, deixando de lado.
Abri a gaveta onde eu escondia o presente da e peguei o mesmo, ajeitando as toalhas novamente do jeito que estavam e tirei a outra caixinha de veludo do bolso, colocando os dois ao lado dos presentes dela, pegando meu celular e tirando uma foto da situação para postar no Twitter. “Christmas at Evans”, guardei o celular novamente no bolso e ouvi a porta do quarto se abrir.
Voltei para de trás da bancada a tempo de ver desfilando pela sala com um vestido vermelho de meia manga e grossas meias calças pretas nas pernas, junto de um salto não tão alto da mesma cor. Em sua mão ela trazia um suéter roxo e o apoiou no sofá. Ela parou em frente à árvore por um tempo e ficou com a cabeça levemente tombada para o lado, encarando os embrulhos de presente sobre o mesmo.
Ela foi para trás da bancada comigo e pegou a caixa de uvas que eu havia tirado da geladeira, separou as mesmas dos cachos e jogou dentro de uma outra vasilha, abrindo a torneira para lavá-las. Quando terminou, ela jogou-as em cima de uma toalha e fechou a mesma, caminhando até o fogão ao meu lado. Enquanto eu mexia na farofa, ela despejou leite condensado com manteiga dentro da panela e rapidamente fez um brigadeiro branco, separando para esfriar também. Ela tinha o toque de midas na comida, sério.
- Vou arrumar a mesa lá fora. - Ela falou e abriu a gaveta das toalhas, onde antes estava meu presente e eu fechei os olhos, timing perfeito.
Ela abriu a porta que dava para a varanda e vi seus cabelos molhados voarem um pouco com o vento de Los Angeles. Ela sumiu pela porta e logo depois voltou para pegar os pratos e os talheres, e foi assim para pegar alguns castiçais, velas, taças, guardanapos e tudo do jeito que ela gostasse de decorar.
O sol já tinha se posto quando eu tirei a carne da geladeira e joguei dentro de uma frigideira, vendo-a fritar lentamente, havia se servido um pouco de suco de laranja e estava perto da TV, assistindo as notícias do dia no jornal noturno, jornalistas. O celular dela tocando dentro da bolsa foi o que tirou ela de seus pensamentos e o atendeu, abrindo um largo sorriso com o nome que apareceu no visor.
- Oi, mãe! - A ouvi falar em português e abri um sorriso, já deveria ser Natal no Brasil. – Feliz Natal para você! Ah, não, acabamos ficando em Los Angeles mesmo. - Ela pausava de vez em quando para a resposta de sua mãe. Meu português havia melhorado, mas algumas coisas eu não entendia. - Por causa da gravidez, eles acharam melhor prevenir. Ah, mãe, vou ver vocês em dois dias, não precisa se preocupar, estamos todos bem. Sim, vou colocar algumas fotos para vocês verem. Aproveitem muito, fala para todo mundo que eu mandei um beijão. - Ela falou e esperou um pouco. – Oi, irmãzinha! - Ela falou andando até a varanda novamente, onde sua voz ficou mais baixa e não consegui mais ouvir.
Tirei a carne da frigideira e as coloquei em um refratário vazio, jogando algumas coisas na mesma frigideira para fazer o molho, logo apareceu, com o aparelho desligado em mãos.
- Todo mundo te mandou um beijão! - Ela falou e deu um beijo estalado em minha bochecha, o que me fez rir. - Vamos fazer a lasanha?


***


Eu tinha uma taça com vinho tinto em minha mão, enquanto estava sentada em meu colo mexendo em seu Facebook, mostrando a foto de Natal de sua família, e respondendo mensagens que foram enviadas por seus colegas de trabalho e por seus amigos do Brasil e daqui.
- Vamos tirar uma foto. - Ela anunciou e virou seu celular para mim, onde ambos aparecíamos na tela da frente, ela se abaixou um pouco, encostando seu queixo em minha cabeça e eu encostei minha cabeça em seu ombro, e o flash apareceu. - Quero meus presentes. - Ela falou se levantando enquanto mexia rapidamente no celular e o guardava no bolso escondido de seu vestido.
- Ah, minha criança favorita! - Me levantei e segurei sua mão, vendo seu largo sorriso no rosto.
- Nem vem, agora não pode mais me chamar de criança. - Ela entrou na frente dentro da casa que agora estava gelada e passei minhas mãos em seu corpo, apoiando ambas em sua barriga, fazendo um carinho na mesma.
- Sempre vou te chamar de criança. - Ela deu a língua e eu ri. - Exatamente por isso.
- Eu começo! - Ela falou e se afastou de mim, caminhando até a árvore e se abaixando para pegar o menor embrulho de todos, branco e quadrado. - É o presente mais idiota de todos, ok?!
Peguei o presente de sua mão, rasguei o embrulho igual uma criança e encontrei uma caixa preta com duas letras “G” sombreadas em verde, a embalagem do Gucci Guilty Black e abri um sorriso.
- Eu vi que seu frasco está acabando. E ainda é o melhor perfume, de todas as propagandas que você já fez, então eu ainda quero sentir você com ele.
- Não é idiota, é útil! - Falei e encostei meus lábios nos dela por um segundo, fazendo-a sorrir.
- Ok, agora o outro, esse é realmente útil, ok?! - Ela se agachou novamente e pegou o embrulho preto em formato retangular e baixo, em seguida me entregou.
Abri o mesmo encontrando uma caixa da mesma cor do embrulho e abri a mesma, encontrando uma carteira de couro preto da Gucci, esse era realmente útil, minha carteira estava literalmente caindo aos pedaços. Ela brigava comigo toda vez que me via abrindo-a em público e toda vez eu me esquecia de comprar. Farei muito bom aproveito.
- Vamos parar de monopolizar um pouco, tá? - Falei dando a língua para ela e pegando o embrulho da Bvlgari.
Ela travou só com as letras douradas na caixa de veludo. Ela abriu a mesma e vi um “O” se formar em sua boca, abri um largo sorriso. Ela apoiou os dedos nos pingentes coloridos e passou lentamente sobre a corrente clara e depois fez o mesmo com os brincos.
- Eu, você e...
- O bebê! – Ela falou com um sorriso tímido nos lábios. – É lindo, Chris! – Aproximei a caixa aveludada de mim enquanto estava em sua mão e peguei o colar, tirando-o do apoio e me caminhando até ela. Coloquei o colar em sua frente e ela ergueu os cabelos com uma mão só, deixando que eu fechasse o mesmo. – Obrigada! – Fiquei de frente para ela novamente, antes que ela colocasse os brincos.
- Perfeito! – Falei e ela encostou os lábios nos meus de leve.
- Eu tenho outro. – Falei enquanto pegava a pequena caixa de veludo na minha mão.
- Eu também! – Ela segurou o outro.
- Juntos, então?! – Ela riu e afirmou com a cabeça me entregando o embrulho, enquanto eu fazia o mesmo.
Eu não vi a reação dela ao abrir o pingente de chupeta, o anterior não era exatamente essa relação que eu fiz, eu só achei que ela gostaria das cores, mas esse tinha toda a relação. E a minha reação quando abri a caixa que sobrava e encontrei um livro para pais de primeira viagem e um pingente em uma corrente preta exatamente igual o dela, eu senti várias lágrimas caindo do meu rosto.
- A gente trocou! – Ela falou e eu ri, envolvendo meus braços em volta dela e colando meus lábios demoradamente nos dela que logo abriu passagem para nossas línguas se encontrarem.
Desde o primeiro beijo, eu via cada um como único, sei lá se isso faz sentido, mas é que ela era tão diferente de tudo que eu havia conhecido, de todas as anteriores, que cada dia era diferente, cada beijo, cada risada, não era à toa que eu havia me casado com ela. Sua mão passeou delicadamente pelas minhas costas por baixo da camiseta e senti vontade de aproveitar aquele Natal em outro cômodo.
Ela soltou um suspiro e separou nossas bocas com vários curtos beijos, eu podia sentir que estava sorrindo de orelha à orelha. Tudo estava bem.


***


- Eu quero saber como você vai fazer quando o bebê chegar! – Ela falou colocando um pedaço de lasanha na boca.
- Eu tenho que dar uma olhada na minha agenda, mas pelo menos os três primeiros meses eu vou ficar aqui contigo ou fazendo gravações e divulgações aqui em Los Angeles, no máximo uma viagem vai e volta.
- Por favor, eu sei que eu vou ficar desesperada, estou superempolgada e tudo mais, mas tem uma parte de mim que está surtando.
- Você vai ser uma boa mãe! – Falei e ela me olhou, abrindo um sorriso tímido.
- Como você pode ter tanta certeza? – Ela franziu a testa.
- Porque eu me casei com você, porque eu escolhi você para realizar meus sonhos, e para eu poder realizar os seus. Só por isso.
- Eu te amo, você sabe disso, né?! – Ela mordeu o lábio.
- Desde o dia que eu te conheci! – Ela ficou vermelha.
- Naquela época eu te amava de outra maneira. Ainda amo, mas agora de outro modo também.
- Eu sei! – Mordi meu lábio inferior, ouvindo-a soltar uma risada baixa.
- E você? Férias até quando?
- Como eu tirei a licença um pouco mais cedo, até o bebê completar cinco meses. Depois a gente vai ter que ver como vamos fazer.
- Arrumar alguém?
- Não sei, queria criar meu filho, mas não posso parar.
- Você sabe que pode.
- Não, Chris. Não vou parar de trabalhar.
- Por que você insiste, ?
- O que eu vou ficar fazendo o dia inteiro, me diz? Criando barriga, né?! Só se for.
- Está bem, já falamos sobre isso. – Suspirei.
- A gente vai ter que pensar em algo. – Ela cruzou os garfos em sinal que havia acabado. – Logo.
- A gente dá um jeito! – Pisquei para ela que riu.


***


Minha mãe ligou logo após a ceia, ela sentia muito por a gente não ter ido e perguntou como eu estava, como estava, como o bebê estava e tudo mais, ela era do tipo preocupada. ia e voltava trazendo pratos e travessas, ela já havia se livrado do salto e agora caminhava rapidamente, agilizada entre pegar as coisas na varanda e trazer. Logo o que estava sujo estava na pia, restos na geladeira, e o resto estava em cima da bancada, mas pelo jeito que ela deixou, ela não ajeitaria aquilo agora.
- Minha mãe mandou um beijo para você e para o bebê! – Ela abriu um sorriso e se aproximou com a taça cheia de suco de maracujá.
- Mandou para ela também?
- Sempre! – Ela bebeu um longo gole.
- Vamos fazer uma oração? – Ela falou encarando o contador na TV no canal que estava passando.
- Vamos! – Larguei o celular na bancada e me aproximei dela que deixou o copo de lado.
- Em nome do Pai, do Filho, do Espírito Santo. – Seguramos nossas mãos.
- Amém! – Falamos juntos.
seguiu com a oração aquele ano, ela agradeceu a tudo que você podia imaginar, agradeceu a Deus, a mim, à nossas famílias, ao ano sem muitas surpresas boas, mas também sem surpresas ruins, agradeceu pelo nosso filho, pelo nosso primeiro ano de casamento. Agradeceu também pelo seu trabalho, pelas oportunidades da vida, pelas minhas oportunidades da vida, pela minha carreira, pelo meu amor e por eu ajudá-la a realizar seus sonhos todo dia.
Ela também pediu, pediu por um mundo mais justo, humanitário, por mais segurança e amor, pediu pela nossa vida e a de nosso futuro filho, pediu para que tudo continuasse bem, para que ela sempre me amasse, algo que eu complementei. Pediu saúde e paz em nossas famílias, que a família dela e a minha pudessem se encontrar em breve. Pediu que nosso amor fosse eterno, pediu um recomeço para quem precisasse, uma nova chance para quem não tivesse, pediu pelos pobres, pelos abandonados e pelos sem coragem. Pediu também para ela, que ela possa estar presente em todos os momentos de tristeza e felicidade que aparecer.
- Por favor! – Ela finalizou e abriu seus olhos.
- Por favor! – Repeti e ela me abraçou forte, mantendo seu corpo colado no meu, até que um estouro pôde ser ouvido do lado de fora.
Corremos até a varanda novamente, ficando na frente da piscina, próximo ao barranco, onde podíamos ver toda Los Angeles iluminada. Outro estouro denunciou que o dia 25 tinha chegado. Era Natal e os fogos estouravam em nossas cabeças.
passou os dois braços pelo meu corpo e olhava para cima como uma criança no dia de Natal, o que aquele momento, ela era. Lágrimas podiam ser vistas em seus olhos e um largo sorriso em seus lábios. Os fogos eram de diversas cores, iam a diversas altitudes e estouravam de jeitos diferentes. Que Ele permita que eu faça essa mulher feliz pelo resto da vida dela.
Leslie apareceu saltitando e latindo para os fogos, enquanto ria abraçada a mim. A risada dela era quieta, mas também era engraçada, pois em todos os fogos ela mexia os ombros como se estivesse assustada e todo seu rosto franzia. Um forte vento passou pela gente e eu a abracei forte, esfregando a mão em seus ombros, para esquentar.
- Feliz Natal, Chris! – Ela falou e abriu um sorriso largo.
- Feliz Natal, . – Encostei nossos lábios novamente, ouvindo os fogos que iluminavam a cidade dos anjos estourarem sobre nossas cabeças em Hollywood Hills.




Fim.



Nota da autora: Oi gente, fiz algumas revisões de texto em STACT, ajustei algumas informações que estavam desencontradas de Steps to a Life Together, então estou postando novamente, mas o objetivo central da história continua o mesmo! <3
Saudades dessas minhas histórias!
Para o pessoal novo, espero que gostem e não se esqueça de comentar! Para quem já conhece, obrigada por ler de novo! Para ambos, caso se interessem por outras histórias minhas ou queiram saber novidades dessa, entrem no meu grupo do Facebook ou me acompanhem na página de autoras.
Beijos





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