Finalizada em: 04/01/2021

Capítulo Único

A vida nunca foi justa com .
Para ele, era solidão, sempre noite, um céu escuro e sem estrelas. Não lembrava por quanto tempo andava vagando pela Terra, vivia mudando, nunca deixando os humanos perceberem que ele nunca mudava, não que ele realmente não mudasse, mas não envelhecia como os humanos, era mais demorado.
O que ele é? Um lobisomem.
Seu lobo quase nunca aparece, não desde o fatídico dia em que perdeu seu amor, uma humana frágil e doce. Nunca esqueceu do rosto de sua amada, ela o amava na mesma intensidade que ele a amava, eram um do outro sem nenhuma fronteira, se amavam debaixo da Lua e eram perfeitos juntos.
Isso até o momento em que sua matilha descobriu. SooMan não gostou que um de seus alfas, um dos mais fortes, de sangue puro e seu sucessor, se engraçasse com uma humana. Para ele, aquilo sujava o nome da Legacy, que era uma das maiores de Seul desde sempre. Os lobos que um dia chamou de amigos o traíram enquanto ele estava em uma da muitas missões que fazia, pois era um candidato forte para assumir a posição de líder daquele lugar, e tiraram a vida de sua pequena Eunha. Ela não conseguiu escapar do incêndio que se alastrou durante a madrugada em sua cabana de madeira.
Por meses se isolou, não queria contato com a matilha e muito menos com qualquer um que o dissesse que logo passaria e ele iria encontrar seu verdadeiro amor, sua alma gêmea. Estava desistindo de viver, estava doente, praticamente definhando. Enquanto isso, SooMan estava com sua vida chegando ao fim, a culpa o consumia, foi quando o líder resolveu confessar seu erro, achava que aquilo era um jeito de se redimir e pedir desculpas a , grande erro.
A raiva que consumiu foi gigante, maior que seu luto. Ele não soube bem como perdeu o controle, só lembra de acordar totalmente nu e com sangue por todo o corpo. Não tinha matado ninguém, só acabou perdendo o controle sobre seu lobo e entrou em uma briga com os responsáveis pela morte de Eunha, queria vingá-la e matar todos, mas não conseguiu, era íntegro demais, nem perdendo o controle ele conseguia ser alguém ruim. sabia que seu lugar não era mais ali, não quando sabia de tudo o que aconteceu e não queria mais estar entre eles e muito menos respirar o mesmo ar que eles. Juntou o pouco que tinha e foi embora. Jurou que nunca mais iria se juntar a nenhuma matilha, seria sozinho até que a vida resolvesse que era hora de partir.

Agora estava mais uma vez na cafeteria que tanto gostava, o café dali era o melhor de Nova York. Sim, ele rodava o mundo, conhecera diversos lugares ao redor do mundo, não era feliz, mas estava confortável pelo rumo que sua vida estava levando, até o momento.
Estava mudado, se adaptou às mudanças do mundo, os cabelos no estilo undercut e tingidos de vermelho, trajava uma calça jeans um pouco justa e uma camisa de alguma banda de rock que os jovens curtiam, com uma jaqueta de couro por cima, típico bad boy mas não era essa sua personalidade. era calmo e quieto, “na dele”, passava mais tempo lendo e fazendo seu trabalho de motoboy quando precisava de dinheiro.
estava concentrado em seu café e imerso em seu livro quando um cheiro almiscarado atingiu suas narinas aguçadas. Havia outro lobo ali, mais especificamente uma loba, podia sentir de longe o cheiro que antecede o cio das fêmeas, ela exalava um cheiro chamativo e, pelos séculos de conhecimento de , era o primeiro cio da fêmea. Fazia décadas que reprimia seu desejo por sexo quando estava em seu cio, nunca havia procurado ninguém, mas o cheiro da moça despertou nele algo que estava a tempos adormecido.
Virou seu rosto em direção ao cheiro e seus olhos encontraram um rosto familiar, não era idêntico, mas lembrava um pouco sua Eunha. Mas a moça era uma loba, poderia ela ser alguma parente distante de seu antigo amor? Ele não sabia explicar, só conseguia olhar para a loba que agora estava no balcão e entregando algo que parecia ser um currículo, ela aparentava ter pelo menos uns vinte anos. não conseguia de maneira alguma tirar seus olhos da jovem, foi então que ele entendeu, era o que os lobos chamavam de ligação de almas, seu coração agora tinha uma dona, uma amante para o resto de suas vidas, mas ele não sabia o que fazer e como agir, estava ferrado, afinal, já haviam se passado cem anos desde a última vez que amou alguém e agora estava ligado a uma loba que parecia com a mulher que ele sempre achou que era sua alma gêmea.
Quando a loba virou, rumando em direção à saída, e olhou na direção de , ele perdeu o ar. Sentia que ela podia ter ou não sentido sua presença, mas o que prendeu sua atenção foi o sorriso pequeno que ela lhe dirigiu, era como se ela soubesse o que estava acontecendo entre eles, mas ainda assim virou para a porta e foi embora, ostentando um enorme sorriso no rosto enquanto colocava a mochila em um dos ombros e saía para as ruas movimentadas de Nova York. estava perdido, ou havia finalmente se reencontrado, dependia totalmente do ponto de vista de quem escutava toda a história dele.

era uma jovem estudante de gastronomia na Columbia University, estava quase concluindo o curso, faltava pouco para se formar. Amava a arte por trás da cozinha, era de descendência sul-americana, na verdade nasceu no Brasil, mas fora adotada ainda pequena por um casal americano, que a trouxe para Nova York quando ainda tinha cinco anos. Não lembra muito de seu idioma materno, nunca soube de seus pais biológicos e nem queria saber, estava à procura de um emprego de meio período para ajudar nas despesas de seu apartamento, seus pais o pagavam, mas ela não gostava de ser um estorvo e também queria um pouco sua independência, havia tentado alguns restaurantes, mas nenhum estava disponível. Era o jeito mandar seu currículo com pouca experiência para as lanchonetes de Nova York, era pouco, mas daria para se manter.

— Já lhe disse que não precisa procurar muito, . — , sua amiga brasileira que estudava na mesma universidade, lhe dizia. — Estou procurando um lugar para morar, posso morar com você e dividir as despesas.
— Você faria isso por mim, ? — perguntou para a amiga.
— Sabe que sim, não se preocupe com as despesas, vamos conseguir, imprima logo isso e vamos cuidar da minha mudança depois.
— Eu já disse que te amo? — disse pegando suas impressões e abraçando .
— Sei sim! — retribuiu o abraço. — Agora vamos senão chegaremos atrasadas.

não podia conter o sorriso que surgiu em seu rosto, um de seus problemas estava resolvido, só precisava arrumar um emprego.

Depois de enfim chegar ao final das aulas daquela manhã, comeu rápido na lanchonete da universidade e correu para entregar alguns dos currículos que havia impresso. Os primeiros estabelecimentos em que entrou não eram bons, mas ela não podia exigir muito, seu último fio de esperança era uma lanchonete enorme que ficava mais próximo da universidade e de seu apartamento, sentia que ali seria a melhor opção. Assim que entrou, sentiu algo diferente. Sentiu uma presença que não sabia explicar como sentia, entregou o currículo para a dona da lanchonete, que lhe atendeu muito bem, e quando estava saindo, seus olhos cruzaram o recinto e finalmente viu o dono na presença marcante, um rapaz de cabelos vermelhos e estilo bastante sexy. jurou que tinha sentido o cheiro dele de longe, um perfume amadeirado, marcante, e não conseguiu esconder seu sorriso enquanto ele a analisava. Algo nele era familiar para ela, só não sabia dizer o que era.

Após alguns dias, a dona da lanchonete, Kate, ligou para , precisava dela para uma breve entrevista. saiu de casa saltitante, haviam esperanças naquele lugar. Quando chegou lá, se surpreendeu novamente com a presença e o cheiro do rapaz misterioso, ele não deixou nenhum segundo de olhá-la e começou a ficar intrigada. Depois de vê-lo da última vez, acabou tendo uns sonhos esquisitos e seu corpo estava quente, mesmo no frio que fazia. Ela chegou a ir ao médico, mas mesmo depois de vários exames, nada foi encontrado.

Depois da breve conversa com Kate, foi contratada, a sua nova chefe havia gostado dela de cara e ela começaria na tarde seguinte. A jovem saiu radiante dali, precisava comemorar com . Quando chegou em casa, se jogou sobre a amiga que estava com o notebook aberto no colo enquanto tinha alguns livros espalhados sobre a mesinha de centro.

— O que é isso, ? — perguntou entre risos.
— Eu consegui o emprego! — disse com toda a felicidade que sua voz podia transbordar.
— Sério? — a amiga perguntou também em tom de felicidade e acenou freneticamente. — Estou tão feliz por você, ! Precisamos comemorar.
— E nós vamos, irei fazer minha melhor lasanha para podermos jantar. — disse enquanto se dirigia até a cozinha. — Eu o vi de novo hoje.
— O bad boy gostoso? — perguntou da sala.
— Sim! — se apoiou na geladeira enquanto lembrava do rapaz na lanchonete. — Ele ficou me encarando de novo.
— Sentiu o calor de novo? — A amiga perguntou.
— Sim, eu não sei o que está acontecendo comigo. Depois que o vi a primeira vez, eu comecei a sentir essas sensações esquisitas e até sonhar com ele eu ando sonhando e eu nem sei quem ele é! — disse a última parte com certa frustração.
— Se ele for mesmo um cliente assíduo da lanchonete, você vai descobrir, não se estressa com isso, mas não vacila. Se o boy estiver interessado, só vai!
— Desde quando aprendeu a ser tão atirada assim, ?
— A vida é curta demais para ficar apenas trocando olhares e sorrisinhos. — As duas amigas acabaram rindo.
— Que brega! — disse enquanto se concentrava na refeição que estava preparando.

A duas continuaram rindo enquanto preparavam o jantar de comemoração pelo emprego que havia conseguido.

Não muito longe dali, estava com seus pensamentos na jovem e, ao que tudo indicava, ele a veria quase sempre, ou todos os dias, já que ele estava curioso sobre ela e algo nele dizia que ela sentia que estava mudando, mas não sabia como. Uma loba não seria tão descuidada com cio daquela forma, principalmente o primeiro, seria? Seu instinto de alfa ainda servia para alguma coisa, mesmo ele não tendo sido um alguma vez na vida. O lobo colocou na cabeça que iria ajudar a jovem com sua transição, mesmo que acabasse assustando-a.



A manhã na universidade passou praticamente voando e teve de correr depois de encerrar seu almoço, não queria se atrasar no primeiro dia de trabalho. Quando chegou à “Kate’s Coffee”, foi recepcionada por Kate, que lhe entregou o uniforme, uma camisa com o símbolo da lanchonete, e um broche com seu nome talhado nele. foi apresentada às suas colegas de turno, , uma ruiva encantadora e super simpática, que namorava , um chinês que trabalhava na cozinha da lanchonete, e , uma morena que parecia não ter gostado dela, mas, pelo que havia dito da colega, ela era assim mesmo, depois seria a melhor pessoa do mundo, desde que você nunca fale para ela que o namorado é bonito, ela viraria uma fera. As duas ensinaram tudo que precisava para atender os clientes e servi-los e falaram sobre cada um dos gostos dos clientes que frequentavam a lanchonete com frequência.

Foi então que o lobo entrou na lanchonete. foi até a mesa dele e recebeu o mesmo pedido de sempre, café com bolo sem cobertura. ficou observando de longe, não percebeu que o encarava até tê-lo encarando-a também, e foi impossível negar que existia algo ali. Sem terem trocado uma única palavra, o peito de saltitava ao olhar para ele, não somente isso, algo dentro dela queimava e sentia que o rapaz tinha uma parcela de culpa.

— Ele não fala muito. — tirou de seu pequeno transe.
— Você me assustou, criatura! — disse enquanto colocava a mão sobre o peito, tentando normalizar os batimentos depois do susto.
— Não mandei ficar babando no ruivinho. — riu da reação de ao ser pega no flagra. — Ele está te olhando, e ele nunca tira os olhos dos livros. Isso é um bom sinal, ele nunca olhou para ninguém aqui. Se eu não tivesse , eu já teria dado em cima dele.

riu do comentário de e tentou desviar sua atenção do rapaz. Ainda não sabia o nome dele, nenhuma das meninas sabia. Como elas disseram, ele era totalmente reservado e falava pouco, quase nada.

Mais alguns dias passaram e sempre no mesmo horário via o rapaz misterioso entrar, fazer seu pedido e abrir o livro para fingir ler, sim fingir. Ela sempre sentia que ele a observava, e quando o pegava no flagra, ele não desviava o olhar, ele intensificava ainda mais o olhar sobre ela. Foram inúmeras as vezes em que ela sentiu seu corpo esquentar absurdamente por conta do olhar dele, não sabia explicar o que sentia, mas existia algo que os prendia, tanto ele como ela.

não conseguia mais negar que estava ligado àquela loba, . Ouvia sempre suas conversas com as outras garçonetes, e riu travesso quando uma delas, a ruiva, pegou o observando. A lobinha parecia não saber nada, nem sobre ser uma e muito menos sobre o cio. A Lua cheia estava próxima e o lobo estava decidido, iria conversar com ela e falar sobre as coisas que ela não sabia e entendia.

estava saindo pela porta dos fundos quando seu expediente enfim terminou, o céu estava nublado, era possível ver alguns relâmpagos no céu escuro. não iria buscá-la, estava na casa do namorado, iria passar a noite com ele, Taeyong estava livre das provas em sua universidade e queria matar a saudade da namorada, deixando sem carona e sem companhia em casa. A jovem suspirou pesadamente, apertou a mochila no ombro e quase pulou de susto quando uma silhueta surgiu no escuro.

— Oi! — O rapaz misterioso da lanchonete disse, parando de frente para . — Desculpa te assustar, mas eu precisava muito falar com você.
— C-comigo? — gaguejava sem acreditar que aquilo estava realmente acontecendo com ela.
— Sim! Seu nome é , não é? — Ela não conseguia responder verbalmente, então apenas afirmou com a cabeça. — Me chamo e acho que preciso falar uma coisa importante com você, quer companhia até sua casa?

sentiu seu corpo esquentar absurdamente, muito mais que as outras vezes em que estava no mesmo espaço que . Seu nome era diferente, devia ser asiático, igual aos namorados de suas amigas. Percebeu, então, que era rodeada de asiáticos, seria uma sina? a observava pelo canto do olho, estava mais perto do que ele poderia imaginar, poderia arriscar que, no máximo, em dois dias ela estaria mais quente e mais fora de si, mas sua transformação estava quase acontecendo, sentia o corpo quente de perto do seu, fervendo ele arriscaria.

— Acho que não tenho muito tempo. — olhou para o céu e viu a Lua cheia em seu ponto mais alto, pegou na mão de e a puxou para longe da lanchonete. Sem muitas palavras, ele a levou até seu pequeno apartamento. estava tão inebriada com o cheiro que vinha dele e com seu corpo em chamas que nem percebeu para onde estava indo. Quando enfim parou, apertou a mão de e lhe indicou o caminho do elevador. Assim que entraram no cubículo, esquentou mais e, de repente, dores tomaram conta de todo o seu corpo, seus ossos pareciam estar sendo esmagados. se desesperou, ela estava passando pela primeira transformação ali, bem na frente dele, ele precisava ser mais rápido.

O lobo a colocou em seus braços e a levou para dentro de seu apartamento assim que as portas do elevador se abriram, ele tinha pressa. Mesmo que estivesse com pena e medo por estar passando por sua primeira transformação, ele precisava mantê-la presa e segura.
Às cegas, carregou até o quarto que ele separou para ele mesmo nas noites de Lua cheia. Não teria tempo de se algemar, teria de se trancar no quarto junto de , ele era um lobo mais centrado, conseguiria se manter são enquanto vigiava e acalmava .
A jovem sentia sua pele ferver e praticamente se rasgar, mal via algo em sua frente, só sentia que estava presa em alguma coisa, sentia seus ossos quebrarem e seu corpo entrar em ebulição, depois disso, apagou.
nunca havia presenciado uma transformação tão rápida. não sabia de seus poderes, tampouco sabia controlá-los, mas depois de se transformar em um lobo de pelo castanho e ter suas roupas rasgadas, ela desabou e dormiu. Ele se deixou levar pelos poderes da Lua, retirou suas roupas e também se transformou, mas permaneceu deitado próximo de , seu animal interior estava bastante calmo perante a loba à sua frente.

...


Quando despertou, já estava amanhecendo. Estava com o corpo coberto por uma manta grossa, mas sentia que por baixo daquele pano ela não estava vestida. Se assustou ao olhar ao redor e não reconhecer nada ali, seu corpo estava quente ainda, mas nada que incomodasse. Depois de tanto observar o lugar em que se encontrava, notou que algo estava diferente: ela conseguia ouvir coisas que nunca havia ouvido e também sentir cheiros diferentes, suas narinas agora captavam um cheiro masculino, queria ir até ele e provar dele.
balançou a cabeça e tentou afastar tais pensamentos, mas estava difícil se concentrar com o cheiro ainda mais perto dela, foi então que a porta se abriu e revelou um somente com uma calça de moletom e os cabelos bagunçados enquanto carregava roupas e uma bandeja com comida.

— Desculpa te deixar aqui sozinha. — Ele sorriu sem graça enquanto colocava a bandeja no chão e entregava as roupas para . — Trouxe roupas para você. — entregou suas roupas para que vestisse.

A jovem não o olhava esquisito, estava encantada pela visão do peitoral desnudo dele, ela queria respostas, mas estava distraída demais para pensar em fazer qualquer pergunta.
Sacudindo a cabeça mais uma vez, pegou as roupas e esperou até ficar sozinha, a calça de moletom frouxa e a blusa do Linkin Park lhe pareciam um pijama gigante. Quis rir, mas sua barriga reclamou de fome e ela se abaixou e começou a comer. Quando enfim estava saciada, sua cabeça começou a trabalhar e perguntas sem fim passavam por sua mente. O que havia acontecido? havia sequestrado ela? Não, ela lembrava de tê-lo seguido, lembrou do corpo praticamente em chamas e de sentir uma dor terrível. Estava quase saindo do quarto escuro quando a surpreendeu novamente. Ele a analisava atentamente e respirou fundo antes de se aproximar.

, acho que você está se fazendo mil perguntas agora, certo? — analisava seu rosto enquanto esperava pela resposta.
— Sim! — Ela enfim conseguiu forçar uma palavra a sair por seus lábios. — Lembro de estar com você no beco atrás da lanchonete, mas não lembro de muita coisa.
— Você sabe o que você realmente é, ? — Ele perguntou ainda esperando por reações exageradas da jovem.
— Como assim, ? — se sentou mais ereta, o cheiro que vinha dele não estava deixando-a raciocinar direito.
— Vou lhe contar algo muito importante e espero que você não surte! — se aproximou de e olhou bem dentro de seus olhos castanhos. Ontem, durante a transformação, eles se tornaram amarelos. — , eu acho que você não sabe, mas você é descendente de lobos. Não dá para distinguir qual parente seu tem o gene do lobo, mas eu acredito que seja um avô, avó ou até mesmo um grau de parentesco mais distante. Isso explicaria o motivo da sua transformação vir tão tarde, mas isso é o menor dos seus problemas agora.

o olhou incrédula e riu. Ele só podia estar brincando, né? Ele era maluco ou algo do tipo? De onde ele tirou que ela era uma loba? E, além do mais, quais seriam os maiores problemas? Estava com as perguntas formuladas em sua cabeça quando viu os olhos dele mudarem de cor, de castanho escuro eles passaram para amarelos. quase deu um pulo, ele realmente estava falando a verdade? Então tudo que sentiu na noite anterior não havia sido um sonho?

— Eu… Eu não sei o que dizer. — Ela disse abraçando os joelhos e depositando a cabeça em cima deles. — Talvez sua história explique várias coisas que aconteceram comigo durante toda a minha vida.
— Ser um lobo não é ruim, a transformação fica mais fácil com o tempo. Você se saiu muito bem ontem à noite, foi uma transformação rápida para a primeira vez e você não tentou me matar. — Ela riu fraco, parecia um pai orgulhoso ao proferir aquelas palavras para ela.
— Okay, eu sou uma loba, mas qual é o problema maior? Além de sentir que minha pele estava rasgando ontem e que meus ossos estavam sendo moídos, claro — Ela estava surpresa consigo mesma por estar acreditando em tudo isso muito fácil assim.
— Estamos ligados um ao outro e você está chegando no seu primeiro cio. — simplesmente despejou toda a verdade em cima dela, ele sentia que não precisava esconder nada dela.

ficou o olhando por alguns segundos e começou a juntar todas as peças daquele quebra-cabeças gigante, talvez realmente seus pais biológicos fossem descendentes de algo sobrenatural, talvez ela estivesse realmente atraída demais pelo rapaz à sua frente, talvez estivesse desejosa demais desde que o viu a primeira vez, isso explicaria muito dos sonhos que teve com ele. Estava quase afundando em si de tanto que pensava na situação, quando pigarreou e ela direcionou sua atenção a ele.

— Talvez você me ache um louco, mas no momento em que coloquei meus olhos em você, senti que estávamos destinados um para o outro. É assim que acontece com os lobos. Seu cio não vai ser saciado com qualquer humano ou muito menos qualquer lobo e eu não estou falando isso para te levar para a cama ou algo do tipo, não! Eu estou te explicando isso tudo para que você não seja como eu, um lobo amargurado e solitário.

sentiu uma pontada de pena em seu peito. Ele vivia sozinho? Lobos não deveriam viver em bando? Ele lhe contaria sua história se ela perguntasse? Tinha medo da resposta que poderia ouvir. Respirou fundo e ainda encarando os olhos que a analisavam, fez a pergunta que talvez desse um rumo totalmente diferente em sua vida.

— Quanto tempo temos até o ápice de meu cio?

se surpreendeu com a pergunta, ela realmente era uma caixinha de surpresas. Sorriu de lado ao imaginar as coisas que a loba seria capaz de fazer enquanto estava tomada pelo desejo que a consumiria nas próximas horas.

— Menos de dois dias. Temos hoje para nos prepararmos e amanhã será o ápice. Você talvez fique fora de si, será tomada por seu lado animal e fará coisas das quais você talvez se arrependa depois, então temos duas opções. — Fez uma pausa, analisando as reações da jovem, e então continuou. — Podemos te deixar presa aqui no quarto, ou…
— Ou? — o encorajou a continuar, podia jurar que esse negócio de cio realmente estava mexendo com ela.
— Podemos fazer ele passar comigo e você deitados na minha cama e você gemendo me pedindo por mais e mais. — engoliu em seco, porém seus pensamentos processaram perfeitamente aquelas palavras. A imagem que se formou em sua cabeça era maravilhosa, entre suas pernas, estocando com força enquanto ela gemia o nome dele e realmente implorava por mais.

Se soubesse de tudo que estava se passando com , com certeza seu conselho seria a opção número dois. Sem pensar nas consequências e se iria se arrepender de algo, o respondeu.

— A opção número dois é bem mais atrativa.

salivou. Pensou que ela seria mais racional, que iria se afastar, que não aceitaria nada do que ele a propusesse... Sacudiu a cabeça para que os pensamentos que a rondavam fossem embora.

— Okay! Você precisa ir em casa e pegar algumas coisas, irá passar pelo menos uns três dias aqui comigo e também precisa ligar para seu trabalho e dizer que está doente. Qualquer coisa, eu consigo um atestado médico para que você leve e não desconte nada do seu salário.

assentiu e seguiu quando este saiu do quarto escuro e lhe mostrou o apartamento. Ela observava cada detalhe daquele pequeno lugar, era pequeno, mas aconchegante. Ouviu atentamente cada uma das explicações básicas de , ele falou sobre uma possível transformação ainda naquela noite e em como o corpo de reagiria ao dele. A jovem ouvia cada palavra, tomando nota mentalmente para que depois tirasse algumas dúvidas.
levou até sua casa, subiu com ela até seu apartamento, para que ela não ficasse sozinha em nenhum momento, viu e ouviu enquanto ela falava com a ruiva da lanchonete e riu da voz de tentando parecer realmente doente na ligação. Talvez ele fosse uma má influência, mas era uma rebeldia necessária, não poderia ficar entre os humanos, não agora.
Viu ela escrever um bilhete para a amiga que morava com ela, esperando e observando cada passo que ela dava. percebeu que não era nada parecida com seu antigo amor, ela era forte e não temia nada, não precisava que ele a protegesse e recebeu tão bem a notícia de sua verdadeira natureza... , além de ligado a ela, estava admirado.

sentia que era observada, seu corpo reagia ao olhar atento do outro lobo no recinto. Ela ainda matutava a informação de que pertenciam um ao outro. Será que era algo passageiro ou era para sempre? Sentia em seu coração que podia confiar nele sem nenhum questionamento, aquilo a assustava, mas a sensação de ter alguém que a completasse era maravilhosa.
Quando enfim se trocou e arrumou sua mochila com algumas peças de roupa e alguns itens de higiene pessoal, voltou para sala e encontrou concentrado, ele estava observando suas fotografias. Se aproximou devagar e lutou contra o impulso de beijar aquela boca tão bem desenhada. Como se lesse seus pensamentos, virou seu corpo na direção de e ficou alternando o olhar entre a boca e os olhos da menor. Com um estalo na boca ele avançou mais um passo e segurou pela cintura, colou seus lábios nos dela e enfim provou do doce que eram aqueles lábios. Nem em seus sonhos achou ser possível sentir algo tão bom assim de novo. enlaçou seus braços no pescoço dele e se entregou totalmente ao beijo, seu corpo subiu de temperatura com tão pouco.
desceu uma de suas mãos até a bunda de e apertou forte, ouvindo um arfar que foi abafado pelo beijo. Aquilo estava perfeito, mas eles precisavam parar ou estariam sem roupas muito antes do que poderiam prever. Se separaram e ainda sem se recuperar do beijo, pegou na mão de e seguiu para fora do apartamento, ele a queria, mas iria fazer do jeito dele, sobre a cama dele.



A primeira noite foi como havia previsto, se transformou mais uma vez, porém não apagou. Ainda acorrentada, ela tentou se arremessar sobre ele, mas o lobo era experiente e conseguiu acalmá-la. Eles já possuíam um vínculo de alfa e beta, as ordens impostas por eram ouvidas por e sua forma animal, fazendo, assim, com que ela obedecesse a qualquer uma de suas ordens. A manhã chegou e sentia seu corpo arder, sua intimidade pulsava, a dor nela não era grande, mas era incômoda, queria acabar com aquela sensação.
Olhou ao redor procurando o lobo mais velho. Mais uma vez, como se ouvisse seus pensamentos e desejos, surgiu na porta e a libertou das correntes, colocando-a em seu colo e seguindo para seu quarto. O cheiro do corpo de aumentou absurdamente, assim como o calor, não podia ser delicado, não tinha tempo para isso.
Depositou sobre a cama e se livrou das roupas dos dois, a jovem usava as mãos para tentar diminuir o desconforto entre suas pernas sem sucesso algum. retirou as mãos dela do caminho e distribuiu beijos pela coxa da menor, sua boca foi diretamente para a carne entre as pernas dela e ele encontrou o paraíso ali. Sua língua fazia círculos na intimidade de e a loba gemia e puxava os cabelos de com certa força, seu corpo estava longe de se saciar.
introduziu dois dedos na intimidade da loba e ouviu ela implorar por mais, por ele. Sem demora ele sugou, estocou e estimulou o ponto sensível de , ela teria seu primeiro orgasmo daquela maneira e foi o que aconteceu, chegou ao ápice gemendo alto o nome de . Mas ela não teve tempo de se recuperar, ele já estava sobre ela, a penetrando e cobrindo a boca dela com dele. O quarto podia ter proteção contra barulho, mas ainda era melhor estar dentro dela e provando de seus lábios doces.
O lobo estocava com uma força que nunca havia exercido antes. Nunca havia dormido com outro da mesma espécie, estava sem ninguém fazia muito tempo. Enquanto erguia consideravelmente a perna de , estocava cada vez mais rápido e mais forte, e ela não queria sair por baixo, queria comandar também. Com o pouco que havia aprendido com , ela exerceu uma força extra e trocou de posição, sem nunca perder o contato entre suas intimidades, e cavalgou no membro do lobo. Ele não aguentou muito e, com a cabeça na curva do pescoço dela, a mordeu, marcando-a para si. Não pensaria nas consequências, eles eram praticamente dois animais agora.
inverteu novamente as posições deles e colocou de costas, deixando-a de quatro, com sua bunda empinada. Ele se deslizou novamente para dentro dela e gemeu ao ter seu membro apertado pelas paredes internas dela. apertou mais a cintura da jovem, tendo seu quadril colidindo contra o dela fortemente, e a lobinha gemeu alto enquanto atingia mais um orgasmo. não segurou mais e se despejou dentro dela.
Passaram alguns segundos tentando normalizar a respiração e não demorou para que estivessem se beijando novamente e se satisfazendo novamente. O dia e a noite seriam os mais longos daquele mês.



sentia seu corpo pesado e o calor enfim havia cessado, fazendo-a sentir uma sensação maravilhosa. Ela esperou pelo tal arrependimento que havia dito que viria, mas ele nunca chegou. Ele dormia tranquilamente ao seu lado, a mordida que o lobo a havia dado já tinha sarado e ela se sentia diferente. Não entendia muito do mundo novo em que agora estava vivendo, mas sabia que muita coisa havia mudado e ainda mudaria. Com mil pensamentos em sua cabeça, ela seguiu até a cozinha, o dia anterior tinha sido selvagem e mal tiveram tempo de comer algo e agora sua barriga reclamava alto de fome.

acordou e sentiu o espaço ao seu lado na cama vazio. Quase teve um treco ao pensar que ela poderia ter ido embora, mas seu coração e seu lobo se acalmaram quando sentiram o cheiro de comida e também o de . Ele vestiu apenas uma calça de moletom e seguiu até a cozinha e a cena que viu era a mais perfeita, aos olhos dele: estava focada em cozinhar algo enquanto se mexia pra lá e pra cá vestida somente com uma camisa dele. Para , tudo que vinha dela era único e mágico, era a ligação ficando mais forte, principalmente depois da mordida que ele deu nela. Seus pensamentos o atingiam vez ou outra, talvez ela ainda não soubesse dessa parte.
Com um fio de coragem que lhe atingiu, o lobo se colocou atrás de sua prometida e a abraçou. Ela se assustou, mas não o repeliu, aproveitou o carinho que compartilhavam em silêncio, cientes de que algo crescia ali, dentro dos dois.



Semanas haviam passado e ainda lutava com o sentimento dentro de si. Estava indeciso, queria cada vez mais perto de si, mas tinha medo. O passado ainda o atormentava e o medo de se entregar e acontecer algo era grande, mas ele sabia que era totalmente diferente de Eunha, a jovem era uma loba e aprendia rápido. Nas últimas semanas, os dois se dedicaram, ele em ensiná-la tudo sobre o mundo novo em que ela havia ingressado, e ela em aprender cada técnica de luta, defesa e cada detalhe sobre o mundo sobrenatural. fazia muitas caras engraçadas enquanto a ensinava sobre os seres que habitavam a escuridão e aquilo só mostrava a ele o quanto ele a queria por perto e para si. O lobo vivia vigiando-a, dizia que era para preservar o bem estar dela, mas desconfiava de todo aquele cuidado. Mesmo tendo pouco tempo ao lado dele, podia jurar que era ciúmes da parte do lobo, pois podia ouvir os rosnados que ele dava enquanto algum homem dava em cima dela na cafeteria.
Eles não tinham nada firme, mas sempre depois das lições de os dois acabam rolando no tatame da sala e se perdia nos lábios da jovem e perdia o controle, mas não totalmente, claro. Sua mente recobrava a consciência quando sentia a pele quente de em suas mãos, queria tê-la novamente para ele, queria que ela enfim finalizasse a ligação deles. não era diferente, seu corpo e alma imploravam para que o lobo sempre fosse mais adiante nos carinhos, mas ele era controlado demais para o gosto dela.



Enfim era folga de e a loba estava arrumando sua mochila para passar o dia na casa de . vinha observando a amiga fazia algum tempo, algo nela parecia suspeito, as escapadas, as noites fora e algumas marcas que via nela não eram normais.

— Aonde a senhorita pensa que vai? — se colocou entre a porta e .
— Sair? — tentava a todo custo não transparecer que mentia para sua melhor amiga.
— Isso eu já percebi, quero saber aonde você vai. — cruzou os braços, sentia que era uma mãe pegando no pé de uma criança, mas era preciso, estava preocupada com . — Você anda me escondendo tanta coisa, !
— Escondendo algo de você? — Riu, tentando disfarçar o nervosismo. — Eu não estou escondendo nada de você, ! Eu nunca menti para você e você sabe disso!
— Começou a mentir agora! — estava triste, sua amiga de longa data não confiava nela.
— Não fica triste, , eu só não posso te contar, não ainda. Preciso resolver algumas coisas ainda e juro que te conto tudo.

Sem nem esperar por respostas de , saiu e praticamente correu para o apartamento de , ela não aguentava mais ficar longe dele. Subiu pelas escadas mesmo, não estava com paciência para esperar o elevador, e quando enfim chegou em frente à porta que tanto ansiava, ela nem teve tempo de bater, abriu a porta e a puxou para dentro do apartamento. Sem falar nada, ele pegou a mochila da jovem e a soltou no chão, suas mãos percorriam todo o corpo da loba, sua boca foi de encontro à dela e finalmente acabou com toda a ansiedade e espera. O beijo era o melhor que ambos haviam compartilhado no tempo em que estiveram juntos. As mãos de habilmente se livraram de todas as peças de roupa que poderiam impedir qualquer que fosse o contato entre eles e, com as roupas em frangalhos e sem partir o beijo, roçou seu membro, que já dava indícios de excitação latente, na intimidade de , fazendo a loba gemer sofregamente.
Com um impulso rápido, ele a suspendeu e às cegas partiu para seu quarto, estava amando tudo aquilo, finalmente ele estava perdendo o controle como ela gostaria que fosse. Ofegante e com muito esforço, separou seus lábios dos de , mas somente para provar cada centímetro do corpo dela, marcar cada pedacinho. Sua língua percorria a pele maravilhosa de e com as mãos ele apertava sua coxa com desejo e amor, sim, ele a amava, não negaria mais nada e daria tudo de si para aquela que estava ligada a ele para todo o resto de suas vidas.
sentia várias sensações diferentes: o prazer inigualável, o desejo avassalador e o amor que transbordava de ambos. Era indiscutível que os dois se amavam, estavam ligados pelas almas para sempre. queria proferir tais palavras, mas estava ouvindo seus pensamentos e, correspondendo aos seus desejos e palavras, a boca dele desceu da coxa da jovem e foi até seu íntimo. Os gemidos que foram ouvidos depois do encontro entre a língua do lobo e o ponto sensível da loba poderiam ser ouvidos de longe se não fosse a barreira acústica do lugar.
A jovem gemia alto e implorava cada vez mais para que lhe desse mais e ele lhe daria. Introduzindo um dedo dentro de e sugando cada vez mais ritmado o ponto sensível entre as pernas de sua amada, a fez se desmanchar em seus lábios, lambendo os lábios após provar do néctar dos deuses, para ele, aquele era o sabor mais delicioso existente.
Sem nem deixar tempo para que se recuperasse, se masturbou algumas vezes e se deslizou para dentro da jovem. O gemido manhoso que recebeu só o incentivou a continuar, indo devagar, porém fundo e forte. Sua lobinha gemia seu nome, implorando para que ele lhe desse mais de si, fosse mais rápido e então lhe atendeu, seu corpo ia e vinha numa velocidade alucinante, o barulho dos corpos batendo um no outro misturado com os gemidos era a melodia perfeita para o momento. Estava tão imerso em seus movimentos e nas sensações que sentia que nem percebeu a mordida na curva de seu pescoço, só sentiu a ligação sendo completada e uma energia poderosa o rondando. A essência de agora lhe pertencia, como a dele pertencia a ela, eram um só agora, Lua e Sol, ele frio e distante, ela quente e alegre.
não aguentou muito, seu corpo estava tão necessitado do dela que não havia tempo para mais nada, se desmanchou dentro de sua amada e ficou ali, fitando-a e contemplando o semblante dela depois de se entregar totalmente a ele, se entregar a eles, ao amor que sentiam um pelo outro. Quando saiu de dentro dela, se deitou ao lado de e proferiu as palavras que tanto quis proferir desde o momento em que a marcou.

— Eu te amo!



Script feito pela pupila Ells.



FIM



Nota da autora: Espero que você tenha se divertido e aproveitado cada linha dessa oneshot! Não esqueça de deixar um comentário e até a próxima!



Qualquer erro no layout dessa fanfic, notifique-me somente por e-mail.


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