Única atualização em: 01/01/2020

Capítulo Único

olhava para aquela mensagem no celular e entrava em conflito consigo mesma. Era segunda-feira à noite, ela não teria desculpa para dar aos seus pais para simplesmente sair às 21h. O rapaz do outro lado conseguia ser bastante insistente.
Ela queria, claro que queria encontrá-lo. No começo, foi extremamente relutante. Mal queria conversar com o rapaz. Ela o beijou na balada para se livrar de um rapaz que resolveu atormentá-la e, depois daquilo, não fazia ideia de como ele conseguiu o seu número de telefone. Sair mais uma ou duas vezes com ele fez com que o coração gelado da capricorniana aquecesse, e ela sempre arranjava uma desculpa para vê-lo.
Não era como se tivesse sendo difícil esconder aquele caso de Kim. A amiga estava tão mergulhada no Donghae que não precisava inventar algo para não sair com ela nas sextas à noite. E nem nos sábados. Às vezes, nem nos domingos. Para aquilo, estava sendo interessante ver a amiga se apaixonar. Amava Kim, mas não queria ficar dando explicações sobre o affair que estava tendo.
O celular vibrou novamente em suas mãos. Ela viu o nome de brilhar na tela e então deu os comandos no botão para abrir a mensagem. O rapaz continuava insistindo.
Eu sei que é segunda à noite, mas eu quero te ver hoje de novo. Vem aqui em casa, por favor…
respirou fundo. Dane-se. Dane-se se era segunda, dane-se o que iriam pensar, simplesmente que tudo fosse pro espaço. Ela só entraria na faculdade no meio do ano e estava afim de encontrá-lo. E ela iria vê-lo.
Droga… Me passa o endereço e me dá uma hora.
Após aquela mensagem, a coreana, filha de brasileiros, correu para se arrumar. Não podia simplesmente se montar como se estivesse indo para uma balada, seus pais iriam desconfiar, mas também não podia aparecer na casa do rapaz com quem estava ficando de moletom e camiseta.
Ela colocou uma calça jeans, blusa de manga comprida, uma bota sem salto e escondeu tudo embaixo de um sobretudo. Pegou uma bolsa grande para poder disfarçar no seu plano e, por precaução, a chave do apartamento de Kim. Se as coisas não saíssem de acordo com os seus planos, ela não podia simplesmente aparecer de volta em casa no meio da madrugada.
Ela se certificou de que tinha tudo o que precisava em sua bolsa e saiu do quarto. Os pais da garota de 20 anos estavam assistindo a algum programa de variedades na TV quando ela se aproximou.
– Kim me ligou chorando. Está morrendo de saudades dos pais dela e pediu para eu ir dormir lá. – Mentiu.
Sabia que seus pais amavam Kim e cuidavam dela como se fosse uma segunda filha, amais negariam que a única filha deles desse colo para a amiga.
– Vocês se importam?
– Ela está bem? – A mãe brasileira da menina perguntou.
– Está, só está... Bem… Com saudades. Não que eu saiba o que seja isso. – Riu. – Vou dormir na casa dela e amanhã de manhã eu volto, combinado?
– Leva algo para vocês duas comerem. – O pai também brasileiro de , sugeriu.
– Não se preocupem. – foi mais rápida, antes que um dos dois fosse na cozinha e ela se sentisse obrigada a aparecer na casa de com algo para comer. – Ela disse que já ligou e pediu pizza pra gente. – Então foi até os pais e beijou cada um deles. – Amo vocês, durmam bem. Nos vemos amanhã.
E antes que qualquer um dos dois falassem qualquer coisa, saiu pela porta do apartamento e desceu três andares de escada correndo, com medo de que eles abrissem a porta e ela tivesse que mentir mais uma vez. Depois, ela continuou de elevador e, logo que alcançou a rua, procurou um táxi.
Olhou novamente para o endereço no celular e sorriu satisfeita. A corrida não iria sair cara, já que o endereço era próximo dali. Apgujeong-dong… Não precisaria nem atravessar a ponte para o outro lado da cidade. Ela pegou o celular e digitou uma mensagem.
Falei pros meus pais que você estava sentindo falta dos seus e queria colo. Se minha mãe ligar, finge que tá dormindo. Te devo (mais) uma!
Como previsto, não demorou muito para chegar até o endereço que havia passado. Ela deu uma risada nasalada quando olhou para o prédio após pagar o motorista e sair do carro. Era ali que ele morava? Quem aquele cara era e o que ele fazia para viver? não tinha a menor ideia mas, só pela fachada do prédio, sabia que dinheiro não era problema para ele. E honestamente, seu pai ganhava muito dinheiro para ser um problema para ela também.
Ela subiu até o apartamento de elevador e só tinha duas opções de porta quando chegou ao andar. Conferiu o número do apartamento e, antes que ela pensasse em bater, a porta foi aberta e ela sentiu um braço a puxando para dentro e fechando a porta logo atrás dos dois.
se encostou na porta e observou o garoto que havia a colocado para dentro. Ele estava tão bonito, cheiroso... Vindo da cozinha, um cheiro de comida invadiu suas narinas e ela sorriu satisfeita. Até que não tinha sido uma péssima ideia ter ido até lá. A televisão estava ligada em um filme e ela não percebeu, mas ele simplesmente não conseguia tirar os olhos dela.
– Oi. – Ela foi a primeira a quebrar o silêncio que estava instalado entre os dois.
Percebeu que, involuntariamente, um sorriso se formou nos lábios dele.
– Oi… Você realmente veio.
pôde sentir seus joelhos vacilarem ao ver o sorriso que o jovem deu ao terminar sua frase. Ele era tão… Bonito! Ela podia dizer, com total convicção, que ele era o homem mais bonito que ela já tinha visto em toda sua vida. Até que não tinha sido ruim dar uns beijos nele, porém não era ela quem iria dar o braço a torcer para Kim.
Num impulso, a garota levou a mão à nuca dele e o beijou. Foi rápido. Eles haviam acabado de se encontrar, nenhum dos dois estavam com pressa, mas foi o suficiente para ela ficar na curiosidade para saber o motivo que o levou a vê-la tão insistentemente em uma segunda-feira de abril à noite.
Com a testa dele ainda grudada na dela, ele não conseguia demonstrar tamanha felicidade por ela estar ali com ele, por ela ter tomado a primeira atitude novamente, por ele estar se libertando daquilo que seus pais sempre falaram que é o certo mas as convicções dele diziam ser o contrário.
– Espero que goste de noodles. – Ele finalmente se afastou. – Estou tentando fazer para a gente.
– Quer ajuda? – viu ele indo para um local e imaginou que fosse a cozinha, então começou a ir atrás.
– Não. Você é minha convidada, só… Fique à vontade.
Ela olhou em volta e realmente, não era apenas a fachada do prédio que era bonito. O apartamento parecia ser grande – ela não conseguia ver onde terminava – e também era bem decorado. Bonito demais para um rapaz de 22 anos que só… Ele estudava?!
Ela deu de ombros e tirou então o sobretudo, pendurando o casaco e a bolsa, que estava até então em seu ombro, em uma das cadeiras na mesa da cozinha. Silenciosamente, ela o observava. Parecia desastrado, um pouco perdido no que estava fazendo, mas ela não comentou nada e nem fez menção de tentar ajudá-lo. A fria estava adorando pensar que um rapaz estava cozinhando para ela. Ela queria dele mais que alguns beijos e um jantar, mas aquela situação era completamente inusitada.
Não que alguma vez ela tinha esperado mais dos homens mas, de todos os que a filha de brasileiros conheceu, nenhum nunca pareceu preocupado em agradar ela de alguma forma que não fosse a levando para a cama – não que alguma vez ela tivesse reclamado, estava acostumada com aquilo e gostava bastante. Mas ver um homem interessado em agradá-la era, no mínimo, curioso e, para aquele coração de gelo sendo derretido, assustador.
serviu os noodles para os dois. Eles jantavam enquanto conversavam e ela não fazia ideia que, os calafrios que ela estava sentindo na barriga, ele também tinha. Conversavam sobre quase tudo e aquilo estava encantando os dois.
fazia faculdade de Cinema e Teatro, estava se preparando para iniciar Arquitetura. Ele tinha planos de conhecer lugares importantes da religião que praticava, ela queria apenas desbravar todo o mundo. A descendência dele é inteira coreana, ela é a única coreana, com duas nacionalidades, na família – e porque seus pais a registraram assim, para que ela pudesse ter todos os benefícios que o governo oferecia.
Ele estava completamente interessado em tudo o que ela falava. Ela estava completamente encantada pela inteligência do rapaz. Tesão intelectual que se falava?! Se anteriormente já estava com planos de finalmente conseguir dormir com ele, depois daquele papo, ela estava completamente certa de que queria aquilo.
Do jantar, eles foram para o sofá. No sofá, o clima começou a esquentar. Ela arregaçou as mangas da blusa que usava, ele estava de camiseta branca e tentava não tirar. As mãos dela passeavam pelo corpo dele até encontrar o botão da calça jeans que ele usava. Ela podia sentir pelo tecido grosso que ele queria aquilo tanto quanto ela, mas foi impedida pelas mãos dele, que colocou as dela em volta do seu pescoço.
Ela bufou internamente, mas estava decidida de que iria conseguir aquilo aquela noite. Ela não queria ter que ir dormir na casa de Kim, não quando ainda não eram nem quatro da manhã. Novamente, tentou chegar até a calça dele, e foi novamente impedida.
A garota estava ficando impaciente. Qual era a dificuldade de conseguir transar com ele? Ele não podia estar querendo respeitá-la, podia? Pois respeito ela tinha consigo mesma, e nunca fez nada que não quisesse. Muito pelo contrário! Todas as incontáveis vezes anteriores, ela chegava com facilidade na calça dos caras com quem transava e conseguia se livrar delas rapidamente. Ela sempre fazia exatamente aquilo que tinha vontade e, pela primeira vez, estava sendo impedida.
Na terceira vez em que o juiz apitou impedimento, ela se levantou do sofá com raiva.
– O que eu estou fazendo aqui, ? Porque, honestamente, você não queria uma companhia para comer noodles e assistir filme em uma segunda-feira à noite.
Ele abaixou o olhar e arrumou a própria camiseta que, naquela altura do campeonato, já estava um tanto quanto amassada. o encarava à espera de uma resposta, que parecia estar travada na garganta dele.
– Ou você não quer transar comigo ou você é virgem e está assustado pela sua primeira vez! – Ela jogou as palavras nos ombros dele, que fizeram com que o peso da resposta se tornasse ainda maior.
– Não… – Ele pigarreou. – Eu não sou virgem.
– Então você não quer transar comigo, apesar da sua calça estar praticamente gritando o contrário. – Ela levantou as mãos em rendição.
Esperava que Kim não estivesse com Donghae porque, com certeza, era para lá que ela iria fugir mais uma vez. lutava contra si mesmo ouvindo tudo aquilo. Não era virgem, ele havia tido um relacionamento anterior onde tinha feito sexo algumas vezes com a ex-namorada – não tantas quanto a experiente garota que estava à sua frente –, mas o relacionamento já tinha algum tempo, e não apenas os poucos dias desde que eles se conheceram.
Apesar dele respeitar muito e crer naquilo que ele queria, as convicções dele diziam que sexo era apenas após o casamento, e ele já havia quebrado aquela regra anteriormente. Porém era uma garota maravilhosa, exuberante, decidida do que queria na vida, praticamente implorando para que ele transasse com ela… E o sangue que percorria seu corpo claramente estava mostrando que também queria aquilo.
– Obrigada pelo cuidado com o jantar e por me receber. – Ela pegou então a bolsa e o casaco da cadeira. – Mas eu saí de casa decidida a transar essa noite e, se você não quer, bem… Eu vou encontrar alguém que queira.
Aquelas palavras caíram no peito de como um ultimato. Ele estava adorando conhecer , saber dos sonhos e planos dela, de tudo que ela desejava conquistar na vida, porém ele sabia que, no momento em que ela saísse pela porta, ele dificilmente teria outra chance com ela. E naquela noite, justamente naquela noite, ele não queria perder aquela que era, provavelmente, a menina mais incrível de toda a Coréia do Sul.
Ele percebeu ela levando a mão à maçaneta da porta e, num impulso, a puxou pelo braço, trazendo o corpo dela para perto do seu. viu que o olhar dele, antes de cachorro abandonado, havia mudado para algo que misturava luxúria e desejo. Com as luzes do apartamento desligadas, com exceção da luz da sala, ele a guiou para dentro do apartamento até o quarto e, pela primeira vez naquela noite, ele não a impediu quando a mão dela chegou até o botão da calça que ele usava.

***


A luz dos raios solares invadia o quarto pelas frestas na janela. estava acordado há algum tempo e não viu o tempo passar ao ter em seu braço. A garota estava com a respiração leve no peito dele e fazia muito tempo que não se sentia daquela forma. Ele tinha fama, tinha dinheiro e tinha alguém que estava conhecendo-o pelo que ele era e não pelo que tinha ou podia oferecer.
se mexeu no braço dele e, lentamente, abriu os olhos. Acordar ao lado do cara com quem ela tinha transado na noite anterior era algo inusitado e diferente para ela. sempre foi adepta de ir embora após o sexo, seja de volta para a balada onde conheceu o rapaz ou para casa e dormir. Ela, então, se afastou dele e puxou a coberta para ficar mais confortável.
– Bom dia. – Ela falou para o rapaz.
– Bom dia. – se virou para ela, apoiando-se em um braço e sorrindo. – Meu aniversário. – Ele simplesmente falou.
– O que tem seu aniversário? – Ela arregalou os olhos. – Quando é? Ai, meu Deus! É hoje?
riu do minidesespero dela e negou a cabeça.
– Foi ontem. Eu te chamei aqui porque eu só queria passar a noite com você, e foi melhor do que eu esperava.
– Como é que é? Foi ontem e eu não te dei parabéns? E nem comemos bolo? – Ela fingiu bater nele com uma parte do lençol enquanto o aniversariante de 22 anos ria. – Por que você não me falou?
Ele balançou a cabeça em negação.
– Eu queria que você viesse porque também queria estar comigo, e não porque se sentiu obrigada por ser o meu aniversário. – Ela sorriu, entendendo o ponto dele. – Obrigado por ter ficado comigo.
– Não precisa agradecer, mas agora faz muito sentido, porque eu precisei dar uma desculpa ridícula aos meus pais para sair de casa numa segunda à noite. – Os dois riram e ele gritava por dentro, ela também queria. – Mas sabe o que a gente pode fazer agora? – Ele murmurou para que ela continuasse e a garota se virou na cama, deitando em cima do corpo dele. – A gente pode continuar a comemorar.


Fim.



Nota da autora: "Olá pessoal, tudo bem? Primeiro, para quem veio até aqui pelo nome da história, esperando ler uma restrita, eu sinto muito, eu realmente não consigo escrever cenas restritas. ): Essa oneshot se passa dentro de um universo que eu imaginei e de repente me deu vontade de escrever esse trecho e, por isso, pode parecer que faltam partes. Simplesmente quis escrever o pré (e pós) da primeira vez de um dos casais da história.
Bom, é isso. Se gostarem, deixem seus comentários ou falem comigo pelas redes sociais abaixo! Ah, também deixei o link das minhas fanfics mais recentes, caso vocês tenham curiosidade em ler. Obrigada por chegar até aqui. Beijos!"

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