c FFOBS - Taça do Amor, por Stone


Finalizada em: 05/12/2019

Capítulo Único

– Como você conseguiu errar aquele chute? – Ela questionou quando ele passou próximo a grade. – Até minha avó faria! – exclamou, exaltada. O time sub-17 do , naquele momento, perdia o jogo por 1x0 e os ânimos da fiel torcedora estavam a flor da pele. apenas fez um sinal com as mãos pedindo para que ela tivesse calma.
O pedido não foi a toa, já que 10 minutos depois do xingamento ele cabeceou certeiro para dentro do gol do time adversário. Comemorou muito com os companheiros de equipe e quando foi abraçar o técnico, aproveitou para dar uma “palavrinha” com a colega de classe que o havia criticado na arquibancada.
– Eu não disse que era só esperar um pouco?
– Você deu é sorte… e se você se contenta com pouco, problema seu. Nós queremos a vitória.
– Eu sinto que um dia a gente ainda vai casar, princesinha. Toda essa crítica só pode ser amor reprimido… – respondeu apenas para vê-la mais irritada ainda.
– Claro, no dia em que você fizer o gol da conquista da Libertadores. – Ela retrucou irônica. Ele apenas sorriu e voltou para o centro do campo, onde a partida seria reiniciada.

~*~

Quando o Ensino Médio enfim terminou, pôde se dedicar ainda mais aos treinos e em questão de poucos meses deixou o time de transição e foi integrado junto ao elenco principal do time. Ele nutria o sonho de cursar Educação Física, mas, assim como na maioria dos casos, isso ficaria em segundo plano, pois primeiro ele precisaria buscar o seu lugar ao sol. Sabia que o mundo do futebol é feito de fases e de algumas incertezas, e ele queria ter pelo menos algum tipo maior de estabilidade antes de poder se dedicar a vida profissional e também a acadêmica.
, por outro lado, havia ingressado na faculdade de Letras (Português - Inglês) imediatamente após o fim da escola. Seu amor pelo time somente crescia com o passar do tempo, então obviamente ela acompanhava mesmo que sem querer os passos do ex-colega. A implicância da adolescência era pura diversão, mas havia sido deixada de lado já que eles não mantiveram contato.
Aproveitando um dos raros momentos de folga que tinha, estava jantando na casa de , seu melhor amigo desde que ele se conhecia por gente.
– Cara, deixa eu te contar uma coisa. Hoje fui levar minha irmãzinha no cursinho de inglês e você não vai acreditar quem é a professora dela...– Ao proferir, tratou de abocanhar mais alguns coraçõezinhos que estavam em seu prato, enquanto dava tempo para que o amigo pensasse em algumas possibilidades.
– Não faço a mínima ideia… – respondeu, jogos de adivinhações nunca foram o seu forte.
– A , cara! Lembra dela da escola?
– Aquela que adorava me irritar?
– E que você adorava irritar também, diga-se de passagem. – pontuou e o amigo rolou os olhos.
– Só espero que ela não seja irritante com os alunos, pobres crianças. – Comentou rindo, apenas para provocar o outro.
– A Leka sempre fala como a professora dela é querida e inteligente, então acho que você perdeu. Além disso, ela me reconheceu e foi supersimpática.
– Menos mal. – riu nasalado e se afastou do amigo para buscar mais um espeto de carne na churrasqueira. estava prestes a fazer um comentário relacionado a suas desconfianças sobre um possível crush do amigo na garota, mas preferiu deixar passar, pelo menos dessa vez.

Ao chegar em casa, o jogador até tentou lutar contra a curiosidade atiçada pela fala do amigo, mas não resistiu. Em uma busca rápida pelo Instagram, logo localizou o perfil dela. Haviam muitas fotos dela na arena do time, com algumas crianças – que ele logo identificou como seus alunos –, com um cachorrinho, entre outras com algumas garotas que ele tinha uma vaga lembrança de também terem estudado com ele e algumas selfies perdidas. Notou que não havia foto com nenhum “alguém especial” e quando esse pensamento atingiu sua consciência, deu um tapa na própria testa e riu ironicamente para si mesmo. Em um ímpeto, clicou no botão “seguir” no perfil dela e num misto de ansiedade com desespero, desativou a internet do celular e foi dormir.

~*~

Embora estivesse no transporte público, não conseguiu controlar a risada de surpresa ao receber uma notificação do Instagram informando que estava lhe seguindo. Ignorou os olhares de estranheza direcionados a si e clicou em cima do user dele para analisar o perfil. Ela já havia futricado algumas vezes, mas nunca deu muita importância. Após rolar o feed durante algum tempo, decidiu, por fim, segui-lo de volta. Como ele havia dado o passo inicial, era de se esperar que ele fosse o primeiro a chamá-la. No entanto, a professora de inglês não conseguiu controlar o impulso e quando deu por si já havia escrito e enviado uma mensagem.

07h30min @: Me encontrar aqui ou o caminho do gol: o que levou mais tempo?

estava se preparando para sair de casa e dirigir até o centro de treinamento quando recebeu a notificação que havia lhe enviado algo. Arregalou os olhos em surpresa, mas logo riu ao abrir o conteúdo.

07h45min @9: Pelo visto seu humor só piorou nesses anos…

A mulher riu, sabendo que aquilo não era verdade. Ela apenas não resistiu a provocação, assim como não resistia nos tempos de colégio.

08h12min @: Fiz apenas um questionamento.
08h25min @9: Tendo em vista que eu sou o vice-artilheiro do time, você já sabe a resposta, né? haahaha
10h50min @: Você está com sorte, já que o treinador coloca caras piores que você pra jogar na frente! Estou quase formando um motim quanto a isso…
13h00 @9: Sorte não, talento! ;) E você continua a mesma encrenqueira da escola, pelo visto.
18h20min @: Convencido… Como ousas falar isso de mim? hahaha
18h22min @9: Apenas uma constatação, princesa.

O jogador sorriu triunfante diante da tela do celular, mesmo que ela não pudesse lhe ver. Ele lembrava do quanto ela simplesmente odiava que lhe chamassem assim e resolveu que seria no mínimo interessante irritá-la também.

18h25min @: Continua o mesmo infantil de sempre…
18h30min @9: Touché! Sabia que ia te irritar.
18h59min @: Se manca!
19h05min @9: hahaha

Quando decidiu segui-la, não esperava que fossem trocar mensagens de cara. Apesar do pouco e espaçado diálogo em função do trabalho de ambos, ele queria continuar, mas não sabia como. Passou alguns minutos rolando pelo feed de fotos dela novamente até que teve uma ideia. Abriu a aba de mensagens, selecionou uma selfie que tinha com seu cachorro Pingo e escreveu: Meu cachorro quer seu número! Ele viu algumas fotos da Tequila e está bêbado de amor. Não acreditou que estava sendo ridículo aquele ponto, mas precisava tentar, não é mesmo?
Que atire a primeira quem nunca leu algo no celular e tacou o mesmo para longe, seja de nervosismo, felicidade, surpresa… qualquer que fosse o sentimento, foi o que fez naquele instante. Ela não podia acreditar que havia usado os cachorros para se aproximar. Assim que conseguiu parar de rir, ela respondeu com uma selfie dela e da cachorrinha com a seguinte legenda: Tudo bem, mas já vou avisando que sou mega protetora com a minha Tequilinha. Na mensagem seguinte, ela digitou o número de celular e, mesmo querendo negar, esperou até que ele a chamasse no WhatsApp.

~*~

Quando o apito final invadiu os ouvidos de , ele ficou sem reação dentro da pequena área do adversário. Viu alguns companheiros correrem enlouquecidos pelo campo enquanto outros se abraçavam e ele permanecia estático. Sua mente viajou para exatos 10 anos atrás, quando ele ainda era um jogador da base e estava na arquibancada vendo seus ídolos erguerem mais uma taça da Libertadores da América. Lembrava do coração acelerado pela adrenalina, dos gritos ensurdecedores, dos abraços em estranhos, da felicidade que tomava conta de todo seu peito e, mais do que qualquer outra coisa, ele lembrava do sonho de um dia ser protagonista daquilo tudo. Somente saiu do seu devaneio pessoal quando sentiu algo gelado rolar por sua face. Sim, ele estava chorando e estava pouco se lixando para as possíveis zoações. Ele dava seu sangue pelo time, antes mesmo de tornar-se jogador. Era um amor transmitido de geração em geração em sua família, que só aumentou depois que ele virou um ‘funcionário’ do clube. Correu para abraçar o técnico, o elenco, a comissão técnica, e, se ninguém o parasse, certamente abraçaria os árbitros e até mesmo os policiais que faziam a segurança no campo.
Sua família, embora doente de amor pelo time, preferia assistir esse tipo de confronto em casa, com todos reunidos e longe da muvuca. Sabia que isso era visto como um ato estranho aos olhos de todos os outros jogadores, mas ele não se importava, pois sabia que a comemoração estava garantida por dias quando saísse dali. Então, faltava apenas uma pessoa… ela. Quando estava perto o suficiente, a ergueu do chão com o abraço de urso que ele tanto gostava de distribuir e ela de receber.
– Esse título é seu, meu amor. – disse, enquanto cobria a face dela com beijinhos. A única coisa que conseguiu fazer foi sorrir em meio às tantas lágrimas que insistiam em cair de seu rosto.
Viram , melhor amigo do jogador e repórter da Fox Sports, se aproximar e tentou recuar alguns passos para dar espaço a eles na entrevista que daria a seguir, mas foi impedida pelas mãos do namorado. Ela não gostava de aparecer na frente das câmeras, mas não teve como fugir.
– Boa noite a todos que nos assistem neste momento. Estamos aqui com o camisa 9 do … Qual é a sensação de vencer uma Libertadores pelo time que você tanto ama, ? – questionou.
– Cara, é uma sensação inexplicável! É uma avalanche de emoções… não dá nem pra pôr em palavras. Para mim, como torcedor e jogador, é a realização de um sonho.
– Mas antes do jogo você comentou que já tinha as palavras certas para um determinado momento caso a vitória se concretizasse, não é mesmo? – Sorriu antes da câmera focar apenas em e em , que não estava entendendo nada.
– Pois é… Há 10 anos, eu disse a essa cabeça-dura que nós ainda iriamos nos casar… A resposta dela foi “Só quando você marcar o gol da conquista da Libertadores”, então vocês já sabem…
ajoelhou no gramado e pegou a caixinha que estendia em sua direção;
, quer passar o resto da sua vida ao meu lado?
A mulher imediatamente ajoelhou-se em sua frente, não segurando as lágrimas que voltaram a cair com tudo sobre sua face. Repetiu a palavra “sim” por incontáveis vezes, até que ele conseguiu colocar a aliança no dedo anelar da mão esquerda dela. Beijaram-se e rapidamente ouviram palmas e gritos muito próximos de seus ouvidos: o restante do elenco do havia se aproximado. Em um curto espaço de tempo, ouviram muitos “parabéns”, “felicidades” e perderam as contas dos abraços, mas logo tiveram de se separar, pois o palco estava montado para a entrega das medalhas e da taça tão sonhada.
– É CAMPEÃO! É CAMPEÃO! – As vozes do jogador e de sua torcedora nº 1 se misturavam em meio as milhares vozes de torcedores nas arquibancadas, mas os dois sabiam que, pelo menos naquela noite, ninguém seria mais feliz que eles.





FIM.



Nota da autora: Vou contar pra vocês que o poder de persuasão da Maria Angélica é algo, viu? Não satisfeita com o fato de eu ter escrito uma short depois de muito tempo, ela conseguiu entrar na minha mente e me fez escrever essa coisinha rápida e fofa! Hahaha Nataly, obrigada por ter embarcado nessa betagem mesmo tendo sido em cima do laço. Você é mara! <3
É isso, pessoal. FFOBS fazendo 10 anos e eu fazendo parte dele há pelo menos 6... wow! Espero que vocês gostem ♥
Recadinho padrão: Lembrando que o FFOBS é um site imenso e tem fanfic para todos os gostos, então se percam nele e encham as autoras de comentários, isso faz toda a diferença.



Leia também:

02. Can't Keep My Hands Off You
Turma de 2003
Turma de 2003: Após o Reencontro
Around Here


Nota da beta: Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.


comments powered by Disqus