Finalizada em: 28/04/2018

Prólogo

2:35 AM
Quântico – Virgínia

O quarto escuro e silencioso guardava o corpo cansado do homem que arriscara sua vida ao lado da equipe para salvar garotos de um maníaco há menos de quatro horas. Morgan estava exausto, mal tivera tempo de arrancar a roupa e se atirar na cama, o peso da responsabilidade misturada ao fardo de ter servido de escudo humano para o homicida que tinha a bizarra mania de matar e estripar garotos inocentes de doze anos. Era um trabalho pesado, muitas vezes cruel, mas ele sabia que precisava ser feito. Mexendo-se sobre os lençóis, o homem permanecia adormecido enquanto abraçava o travesseiro reserva, era um gesto involuntário, mas o adquirira há tempo demais para deixar. Mais precisamente há dois anos, quando ainda estava prestando serviços para o departamento de investigação de crimes qualificados em Los Angeles.
Um barulho quase ensurdecedor quebrou o silêncio do quarto e despertou o detetive, que olhou assustado ao redor antes de se dar conta que era apenas seu celular tocando estridente sobre a mesa de cabeceira.
- Derek falando. – Atendeu sem olhar no visor, os olhos parcialmente fechados de sono ainda.
- Derek Morgan, aqui quem fala é . – Uma voz feminina soou ofegante do outro lado da linha, algo incomum para uma ligação desconhecida. – Trabalho com no departamento de investigação de L.A. – A menção a esse nome o fez abrir os olhos e sentar ereto na cama, todo o sono se dissipando como névoa.
- O que aconteceu? – A pergunta direta mostrava que ele se importava com ela, mais do que diria para si mesmo. suspirou pesadamente e parecia temerosa em contar o que se passava.
- Ela foi sequestrada, não tenho notícias dela desde hoje de manhã quando estava indo ao mercado. – Derek sentiu o coração parar por um momento. – Marquei de encontrá-la no caminho para Downtown Bridge, mas ela não apareceu.
- Você já falou com os policiais locais? – Morgan levantou-se às pressas, procurando uma roupa qualquer, precisava avisar aos demais.
- Sim, estão todos em alerta. – Outro suspiro, uma pausa. – Acreditamos que ela possa ter sido levada por Michael McFeel.
O celular caiu da mão de Derek antes que pudesse perceber o que se passava, essa era a última coisa que poderia ter acontecido. De todos os maníacos aos quais ela prendera, este era o pior de todos, responsável por mais mortes do que o serial killer ucraniano, Chikatilo, o homem era um monstro da pior espécie e agora estava com sua ex-parceira de trabalho e a mulher que ele jurara proteger e amar.


Chapter One

Não havia forma melhor de descrever aquilo, a sensação de calor enquanto o corpo dela se contorcia sob o seu, o suor escorrendo enquanto ela sorria enviesado e sonolenta, aquela mulher era o cenário do paraíso na Terra, Morgan sentiu o corpo aquecer ainda mais ao ouvi-la gritar seu nome pela terceira vez e cair sob os travesseiros ofegante. Ele a acompanhou em seguida, arfando. Ambos se entreolharam e riram, era sempre essa a reação dela, Derek já não estranhava mais, esse era o modo que o corpo dela respondia depois de tantos estímulos, ela sorria e o abraçava. Havia sido assim nos últimos seis meses.
- Porque está sorrindo? – Indagou a mulher, se afastando um pouco para observá-lo, ele balançou a cabeça e a puxou para si mais uma vez.
- Nada, só estou feliz por tê-la aqui. – Disse enquanto beijava os cabelos dela, sorriu diante da frase e o abraçou mais forte. Essa era a melhor sensação do mundo, ele não poderia negar. Mais uma vez ele jurou a si mesmo que a protegeria, ela era seu pequeno tesouro em meio a toda sujeira que aquele trabalho trazia.

- Morgan, Morgan. – A voz de Prentiss o assustou, tirando-o assim das lembranças, que por vezes o fazia perder o sono à noite. – O que aconteceu para nos reunir aqui a essa hora? – Questionou a mulher, preocupada.
- foi sequestrada, e tudo indica que quem está com ela é Michael McFeel, o mesmo assassino que ela me ajudou a prender e...
- O mesmo que abusou, estripou e matou pelo menos setenta e oito mulheres. – Rossi completou o raciocínio com a voz pesarosa, ele sabia o que aquilo poderia significar e não era nada bom.
- O que temos até agora? – JJ interferiu, precisavam entrar em ação o mais cedo possível se quisessem assegurar a vida da agente.
- enviou para meu celular as imagens da câmera de segurança do mercado em que passara, ela estava sozinha e carregava o que parece ser um bebê-conforto. – Garcia baixou a voz ao mencionar a última parte, ela sabia do passado de com Morgan e sentia muito que os dois não tivessem ficado juntos, mais do que ninguém Penélope torcia pelo casal e esperou ansiosa pelo momento em que um dos dois deixasse de ser cabeça-dura e fosse procurar o outro. Infelizmente isso não acontecera, eles não se viam há pelo menos um ano e meio.
- Espera ela...
- Vamos focar, você disse que ligou. – Reid tentou manter o assunto preso ao caso. – Ela não é a psicóloga da unidade e parceira da ? – Penélope assentiu de pronto.
- Voltando para as imagens, ela foi vista entrando aqui pela última vez, mas não saiu, e as câmeras internas não registraram nada, eu mesmo vasculhei o sistema antes de chegar aqui. Tudo o que temos é o lugar onde ela estava, a hora e que possivelmente havia uma criança com ela.
- Subimos em vinte. – Foi a ordem de Prentiss.
- Ela teve um filho? – A voz de Tara soou mais alta do que o pretendido, a recém-chegada havia sido colocada a par de toda a situação para poder contribuir com o caso, e, pelo que entendera, a agente sequestrada tivera um relacionamento com Morgan, então consequentemente aquilo seria pessoal.

Tudo estava um verdadeiro caos, toda a polícia de Los Angeles estava em alerta sobre o desaparecimento da agente , estava surtando, sua melhor amiga havia desaparecido e tudo indicava que ela havia sido levada por um maníaco que sentiria prazer em fazer dela picadinho. E ainda tinha a criança, pelos céus onde estaria o bebê? A psicóloga já havia revirado tudo o que possuía e nada parecia fazer sentido, como McFeel poderia ter saído da prisão sem seu conhecimento? Aquilo estava errado, havia algo nessa história que estava mal contado, e ela precisava descobrir o que era.
- Doutora , os agentes da UAC estão aqui. – Sally, a mensageira do departamento, a avisou, assentindo a agradeceu. Levantou-se da cadeira e seguiu para o centro da delegacia, lá estavam eles. Os primeiros olhos que captou foram os de Morgan, havia trabalhado com ele no seu último mês em L.A., logo depois os de Reid e isso a fez tremer. Ele era o cara por quem a garota se apaixonara no primeiro ano de faculdade, ele já fazia a pós. Tornaram-se amigos, mas jamais tivera coragem de assumir que era apaixonada por ele.
- Que bom que chegaram. – Cumprimentou-os com apertos de mão. – Venham comigo, o delegado está na outra delegacia tentando obter mais informações, vocês podem ficar na sala de reuniões, e tem mais uma mesa vazia na minha sala. – Enquanto seguiam para sala de reunião, ela pode ver o olhar aflito que Morgan trazia, sabia que ao ligar para ele estava atravessando uma linha que prometera a jamais ultrapassar, mas naquele momento era vida ou morte, e ela não poderia arriscar. Parando dentro da sala e com a porta fechada, todos se acomodaram ao redor da mesa de vidro, enquanto a mulher ligava o telão e deixava expostas as fotos de todos os crimes cometidos por McFeel. – Esse é seu modus operandi, mas é claro que já sabem disso.
- Sim, sabemos doutora. Mas o que te leva a pensar que foi mesmo McFeel quem sequestrou a agente ? – Tara questionou ao analisar a pasta que havia em sua frente.
- Depois do desaparecimento de , eu liguei para um amigo que trabalha na promotoria, tive esperança dela ter passado por lá, mas ele disse que não a havia visto. – sentou na cadeira da cabeceira. – Ele perguntou se eu havia sido informada sobre a soltura de Michael McFeel, eu neguei e ele me contou que o pedido havia chegado à três dias, e um juiz que ele desconhecia aceitou e assinou o papel concedendo regime aberto ao réu. Imediatamente fui atrás das imagens e depois liguei para vocês, o funcionário que estava no mercado disse que só a viu entrar. – Allessanra relatou tudo de que se lembrava, mas haviam tantos pontos soltos ao longo da narrativa, que alertou Reid de imediato.
- Você disse que foi até o mercado e o funcionário alega só tê-la visto entrar, mas onde ele estava que não a viu sair? Por que nas imagens que vimos ele some durante alguns segundos, isso deve dizer alguma coisa. – O psiquiatra ponderou.
- Certo, vamos nos separar e cobrir mais terreno. – Prentiss palpitou. – Vou com Tara para o gabinete do promotor, preciso de mais informações sobre isso. Reid, Morgan, JJ e vão até o mercado, Rossi vai para Downtown Bridge, se conseguirem algo me avisem.

Eles se dispersaram pela cidade, enquanto suas mentes voavam em busca de ideias e lembranças que pudessem ajudar no caso. Cada segundo era precioso poderia definir se viveria ou morreria.
- Se ela estava com uma criança é muito mais difícil de ser sequestrada, crianças geralmente choram e irritam aos sequestradores. – Reid pensava alto, enquanto o carro seguia para o tal mercado.
- Isso é verdade, mas e se levar a criança era parte do plano? – JJ arriscou.
- Mas por quê? Isso não é muito comum. – opinou.
- O bebê era algo dela? Você não citou nas informações que mandou para Penelope. – JJ perguntou, encontrou os olhos de Morgan através do espelho, ele esperava aquela resposta mais do que qualquer outro presente no veículo.
- Sim, é filha dela.
- Qual a idade da criança? – Questionou Morgan, falando pela primeira vez desde que entrou na SUV. Um silêncio incômodo se instalou no interior do carro. sabia que responder aquela pergunta seria como assinar seu próprio atestado de óbito, já que a mataria assim que saísse dessa situação, todavia não responder, não seria ético e muito menos justo. Talvez fosse hora de colocar todos os pingos no ís, ou ao menos começar.
- Quatros meses.
Ela havia dito, mesmo sem mencionar todas as palavras, ela havia dito. a mataria, ou não. Jamais saberia se não achasse a amiga e a criança o quanto antes, a pequena Mabel, tão pequenina e risonha.
- Morgan vire à direita. – Instruiu Reid, mas o detetive continuou seguindo com o carro, aquele não era exatamente o melhor momento para receber ordens, sejam quais fossem. Derek havia acabado de descobrir que tinha um filho, uma menininha que, assim como a mãe, estava sob a custódia de um maníaco, e sabe-se Deus o que esse louco faria ou já estava fazendo a elas. O sangue do agente corria rápido pelas veias, a adrenalina pulsava, e ele precisava fazer algo. Com um tranco o carro parou em um beco qualquer, duas ruas acima do tal mercado. – O que você...
- Reid vai com a JJ na frente, por favor, preciso falar com e não dá pra esperar. – Seu tom de voz denotava o que se passava em sua mente, uma enxurrada de perguntas e acusações estava prestes a ser jogadas sobre a psicóloga, que sabia que ora ou outra isso aconteceria. Só não esperava que estivesse numa situação como essa e sendo a vítima do fogo cruzado.
Os agentes nada disseram, apenas seguiram para o lugar em que já deveriam estar. Conhecendo Morgan como o conhecia, Reid sabia que ele estava surtando, e, mais do que isso, as respostas que obtivesse poderia ajudar ou atrapalhar na investigação do caso.
- É minha filha, não é? – A pergunta foi direta como uma flecha, piscou algumas vezes para assimilar a franqueza do homem em sua frente. Não havia nada que pudesse ser dito, então ela apenas assentiu. – Cacete, e ela não pensou em me contar? Uma ligação, uma carta, uma mensagem que fosse e eu teria...
- Voltado, é, ela sabia que você faria isso e esse foi um dos motivos dela não ter contado. – A mulher tentou ser o mais franca e cautelosa possível, aquele era um momento delicado. Morgan a olhou indignado. – sabia que você largaria tudo o que tinha para cuidar da criança e acompanhar a gestação, ela só não queria atrapalhar sua vida...
- E me escondeu um filho? Um filho! – Sua voz subiu ainda mais, a psicóloga ponderou, enquanto ele passava as mãos irritadiças no rosto.
- Ela só não queria atrapalhar sua vida e também não queria que você ficasse com ela por esse motivo. – foi honesta, sabia dessa história desde o começo. Ele a fitou desolado.
- Que história é essa? Eu não ficaria com ela por causa da criança, eu ficaria com ela porque a amo. – A declaração fez arregalar os olhos. – Eu só fui embora de Los Angeles porque tenho um cargo em Virgínia, não podia deixar tudo de uma hora para outra, mas pedi que ela fosse comigo ou que esperasse alguns meses para efetuar minha transferência para cá, mas ela não aceitou nenhuma das opções e disse que tudo tinha sido passageiro e eu não precisava me preocupar.
A doutora o fitava espantada. Aquela filha de uma mãe não havia mencionado essa parte da história, apenas que sentia falta dele e o mesmo havia partido por conta do trabalho. Ah, mas boas explicações seriam dadas no fim de tudo.
- Ela também ama você, com certeza só disse isso com medo de atrapalhar sua carreira. – A mulher retomou as rédeas da situação. – foi até a Virgínia dois meses depois do nascimento da criança, mas quando chegou perto do seu apartamento te viu com uma médica, vocês estavam juntos, e ela aceitou que não poderia intervir e que havia perdido, então voltou para cá e retomou a vida, ela está terminando os dias de licença para voltar ao trabalho. – Verdades sendo despejadas aos seus pés, era apenas isso que Morgan via. Lágrimas já preenchiam seus olhos.
Como a vida pudera ser tão injusta e cruel numa única tacada? Não havia resposta para tal pergunta.

- Então o senhor estava aqui o tempo todo em que essa moça entrou? – JJ perguntou para um senhor de aproximadamente cinquenta anos, parecia ser o dono do mercado em questão. Ele assentiu.
- Sim, eu estava nos fundos checando o estoque de maionese, deixei meu filho Richard aqui na frente. – Respondeu o senhor Malcom, como se identificara. – Ele disse que a moça entrou com uma criança e foi para parte de laticínios, ele foi colocar o lixo para fora e quando voltou ela havia sumido. – Reid e JJ se entreolharam.
- As câmeras estão...
- Quebradas há mais de um mês, deixamos aí para intimidar a bandidagem, sabe como é. – Ele sorriu, esperto. JJ suspirou, havia algo errado nisso tudo.
- Podemos checar a porta dos fundos? – Perguntou a agente, de pronto o senhor os guiou até. Spencer abaixou-se para ter uma visão melhor da fechadura e, depois de colocar as luvas, pediu que a amiga forçasse a mesma, ela o fez. O barulho do que parecia ser uma agulha atraiu sua atenção, o médico pediu para loira levantar um pouco mais maçaneta e, com o auxílio de uma pinça, puxou o objeto de dentro, era realmente uma agulha, mais curva do que o comum, pela experiência de Spencer afirmaria ser uma agulha médica, própria para dar pontos. JJ abaixou-se para analisar o material. – Vamos mandar para análise, se tiver uma digital aqui teremos uma carta na manga.

Rossi havia acabado de deixar Downton Bridge, que contrariando tudo o que se previra não passava de uma escola infantil integrada a um berçário. havia feito um registro com o nome da filha e iria até lá confirmar a vaga de meio período, mas não chegara até lá, em seu lugar havia ido outra mulher que ninguém parecia conhecer e se apresentara como irmã de .
- Como assim irmã? tem um irmão que mora em Hong Kong. – disse ao ser questionada sobre essa informação. – Eles têm imagens da mulher?
- Têm, enviei para Garcia e estou indo encontrar a Prentiss no departamento. – Rossi avisou, desligando em seguida e saindo para delegacia onde Tara e Emily o aguardavam.

Reunidos na sala de reunião da delegacia, todos os agentes exibiram suas descobertas. JJ e Spencer chegaram a conclusão de que a agulha havia sido colocada pelo lado de dentro, e, segundo o laudo a digital, não estava registrada em banco de dados. Morgan havia perguntado à Richard sobre onde ele estava e o que fazia no momento em que a agente havia entrado no mercado, o garoto parecia confiante ao confirmar as informações que seu pai dera, mas um tique na mão e uma breve titubeada o fez notar que havia muito mais a ser dito, e, sendo assim, foi levado em custódia para depoimento. A responsável por isso fora Tara, Prentiss havia averiguado com o promotor sobre a liberdade de McFeel, o juiz que o soltara sequer existia, a assinatura fora falsificada e agora eles precisavam achar quem fora o autor da falcatrua, Emily sabia que o falsificador estava ligado diretamente ao sequestro da agente , só ainda não descobrira de quem se tratava. Havia requisitado um mandato para entrar no gabinete com propriedade e procurar as pistas que tinha certeza que havia na mesa do tal juiz ou de quem se passara por ele.


Chapter Two

O mandato havia sido expedido, a equipe havia ido até o gabinete do juiz em questão, e, como Emily suspeitara, havia pistas por todo lado. Digitais, papéis rabiscados e um fio de cabelo. Penélope havia entrado no sistema do tribunal e, sem qualquer barreira, conseguira hackear a conta que havia sido acessada pelo computador do juiz, que eles descobriram estar de férias nas Bahamas com a família. A conta era Darrich Tomlsa, que Reid sabiamente percebeu ser um anagrama de Richard Almost, o funcionário do mercado em que desaparecera.
Rossi havia acompanhado os policiais no momento da prisão de Richard, e seu interrogatório ficou a cargo de JJ. Morgan estava mais do que surtando, o dia já havia chegado ao fim e as perguntas seguiram madrugada adentro, todos os agentes se empenhavam ao máximo para conseguir a localização exata de , mas nada parecia se encaixar para Derek.
- Você precisa se acalmar, nós vamos encontrá-la. – Penélope dizia pelo telefone, os dois conversavam há cerca de uma hora, a loira tentando acalmá-lo, enquanto ele chorava copiosamente.
estava com medo e ansiosa ao mesmo tempo, nada parecia fazer sentido. Ela sabia que deveria se manter calma, precisava manter a equipe o mais focada possível, todavia nem sua própria mente conseguia trabalhar sob tanta pressão.
Enquanto seguia pelo corredor em direção ao seu escritório, avistou Morgan andando de um lado para outro na sala de reuniões, ele parecia transtornado enquanto falava com alguém ao telefone.
- Eu sinto como se estivesse perdido, com as mãos atadas e... Tudo bem, estou esperando. – A ligação foi desligada no momento em que a psicóloga decidira entrar no cômodo.
- Com licença. – Atraindo a atenção do rapaz, ela se aproximou. – Morgan, eu sei que não sou exatamente sua melhor amiga, mas como psicóloga e principalmente como ser humano entendo que o que você está passando não é fácil, mas essa equipe da qual você faz parte é capaz o bastante para achar e sua filha.
- Minha filha... – Murmurou, amargurado. – Eu nem sei o nome dela.
- Mabel, ela se chama Mabel. – o cortou. Os olhos de Derek se ergueram para olhá-la. – Na verdade, ela se chama...
- Achamos alguma coisa, precisamos de vocês. – Tara invadiu a sala às pressas, os outros a seguiram sem questionar. Pararam ao chegar no meio da delegacia, um telão passava o noticiário da madrugada, onde a imagem de McFeel aparecia ao lado de , no que poderia afirmar ser um vídeo.

... E depois de colocar toda a polícia de Los Angeles em sua busca, o conhecido serial killer Michael McFeel, responsável pela morte de setenta e oito mulheres há dois anos, gravou o que parece ser um vídeo de despedida. Vejam as imagens a seguir.
Em primeiro plano uma visivelmente pálida, com escoriações pelo rosto e um corte preocupante no supercílio.
- Eu vim aqui passar três recados. – abaixou levemente a cabeça para direita. – Primeiro, eu quero pedir desculpas para todos aqueles a quem prendi ou fui cruel no exercício da minha profissão. – Ela olhou três vezes para o mesmo lugar, algum ponto ao lado da câmera. – Segundo, venho isentar o senhor Michael McFeel de toda e qualquer culpa do que vier acontecer, isso se deu pelas minhas más escolhas. – Com a voz mais firme do que qualquer um pudesse achar ser capaz, ela abriu um mínimo sorriso. – E em terceiro, peço perdão para aqueles a quem escondi algo, sinto muito. – Os olhos dela finalmente mostravam cansaço. – E , não deixe para depois, conte ao... – A gravação foi interrompida por um estrondo e o que parece ter sido um grito, então a tela escureceu.
No momento não há maiores informações sobre o que pode ter acontecido, mas aguardamos um pronunciamento por parte do FBI, que como dito antes, está diretamente ligada ao caso.


Todos os policiais pareciam paralisados, o ar estava suspenso em algum lugar acima de seus narizes, pois tudo parecia estagnado.
- Ela...
- Não. – gritou antes que a frase fosse concluída por qualquer um dos presentes. - Ela fez alguns sinais muito característicos.
- Como assim? – Reid questionou.
- Olhar três vezes para o lugar ao lado da câmera, isso significa que ela está num lugar conhecido e perto, é um tipo de código que criamos depois que fui levada refém. – Toda a atenção estava presa nela. – O jeito como deitou a cabeça sobre o ombro indica que ela consegue fugir, mas se não o fez ainda significa que ele está com Mabel.
- Espera, você disse que ela está num lugar conhecido e próximo, certo? – Spencer questionou depois de ponderar. assentiu. – Nós perfilamos que Richard tinha apego a um campo de futebol ao qual os irmãos o levavam antes de morrerem naquele acidente de carro, e se o lugar for lá? – Sugeriu o médico.
- Mas não o conhecia, como poderia ser lá? – Tara mencionou, utilizando o apelido sem perceber.
- Mas conhecia McFeel, Richard se aliou a ele por admirar seu trabalho, e se ele usou isso para satisfazer sua fantasia? – Palpitou Morgan, recobrando o foco. – Tem uma casa velha ao norte do campo em que Richard ia, perto de uma área de mata. – Emily assentiu, ela sabia que haviam chegado ao ponto certo.
- Vamos nos dividir, quero a SWAT conosco e pronta para qualquer coisa. O elemento é um velho conhecido de vocês, então, por favor, estejam realmente prontos para qualquer coisa. – Prentiss informou, já se encaminhando para saída. Morgan a seguiu de perto com Reid e ao lado.
Era hora de encontrar suas garotas mais uma vez.


O sangue escorria fresco pelo lábio inferior da garota, seu corpo doía devido aos golpes recentes que recebera somados aos do dia anterior. Sua única fonte de força vinha da pequena criança que dormia dentro de uma caixa grande ao canto, McFeel estava andando de um lado para outro, enquanto a agente estudava mais uma vez o ambiente em que estava.
- Eles não vão me pegar de novo, não vão. – Murmurava incessantemente, ela sabia que só teria uma chance para fazer o que pretendia, um passo em falso e as duas poderiam acabar mortas.
levantou o corpo minimamente, arrastando-se para perto da bebê, onde ela sabia que havia uma arma esquecida na parte de trás da caixa. No exato momento em que alcançou o lugar onde Mabel dormia, a porta do portão foi estourada e vozes altas foram ouvidas, uma mão tentou puxá-la para trás, porém sua necessidade de proteger a criança, que agora chorava e gritava, era maior. Criando força de onde não sabia haver, ela puxou a bebê para seus braços e encolheu-se quando uma troca de tiros começou.
- Tirem-na daqui. – A voz que ela reconheceria em qualquer lugar do mundo, que fora sua tranquilidade e paz no meio das turbulências de seu trabalho, parecera perto demais. ergueu os olhos e viu se aproximar, abaixando-se perto delas, a psicóloga abraçou a melhor amiga.
- Leva ela daqui. – Pediu , olhando aflita para amiga.
- Mas e você?
- Eu já vou sair, mas você precisa de cobertura, eu cubro enquanto você vai. – Afirmou a mulher com os olhos arregalados, o lugar havia virado uma zona de guerra. Sem mais seguiu agachada em direção à saída com a pequena Mabel no colo. se ergueu, juntando um resquício de coragem, e, com a arma que achara no chão, mirou McFeel em meio ao esconderijo que ele estava e disparou.
Um único tiro. Rápido, certeiro e inesperado.
Michael McFeel estava morto.


Epílogo

Dois dias no hospital, uma bateria de exames, muitos medicamentos e visitas, depois e Mabel estavam aptas a voltarem para casa, mas é claro que não poderia pular a parte mais importante de todo esse trajeto.
Morgan entrou no quarto com a filha nos braços; a garotinha dormia aconchegada nos braços do pai sem ter a menor ideia do que se passava e de quanta paz esse gesto trazia ao homem que a segurava.
- Como você está? – Fora a primeira pergunta feita ao vê-la vestida com roupa comum e pronta para sair.
- Bem. Podemos conversar agora. – Não era uma pergunta. Ele sentira falta desse jeito dela. – me contou sobre a conversa que tiveram e as explicações que ela deu. Eu não poderia ter dito melhor tudo o que acontecera, mas antes que você me diga que eu fui cruel e tudo o mais, pondere um pouco e se ponha no meu lugar. Quando eu descobri, minha vida virou do avesso, nada mais estava certo e eu não conseguia sequer pensar, quando Mabel nasceu eu precisei me centrar, então fui atrás de você. Quando o vi com a Savannah, sim, eu sei o nome dela graças a uma conversa sem segundas intenções com Penélope, percebi que não poderia fazer nada. Então eu segui...
- Não vou culpar ou xingar você, . – Ele a interrompeu. – Não quero brigar, entendi tudo perfeitamente, e, acredite em mim, Garcia é sua fã número um. – sorriu com o comentário, o coração acelerando enquanto o via se aproximar. – Sinceramente não me importo com o que você viu ou com o que aconteceu, eu amo você e nada mudou; meu relacionamento com Savannah durou três meses, e foi o máximo que eu aguentei fingindo estar tudo bem. Não estava, eu amo você e espero que de hoje em diante entenda isso. – Ele, enfim, cortou a distância, puxando-a para o beijo que tanto sentira falta.
Nada mais poderia ser dito para alterar aquela sentença, eles se pertenciam e se amavam.
- Só uma dúvida, me disse que Mabel tem um segundo nome, e eu ainda não sei. – Questionou ao se afastar.
Antes que a resposta fosse proferida, Penélope Garcia entrou no quarto cercada de ursos e flores, sorrindo grande como só ela sabia ao avistar o casal de mãos dadas e a pequena criança nos braços.
- Ela é tão adorável. – Guinchou. – Estou muito feliz de vê-los assim, eu torci tanto por isso.
- Penélope.
- Sim. – Garcia respondeu, confusa.
- Não, o segundo nome de Mabel é Penélope. – Elas sorriam cúmplices, enquanto a loira chorava silenciosamente.

- Cadê a ? – Tara perguntou ao deixarem o hospital rumo a casa da agente .
- Finalmente tendo um jantar com Reid.
Os olhares foram de espanto, exceto para JJ, Garcia e a própria , que não contaria, mas torcia secretamente por essa história há mais de três anos. Esperava que a amiga fosse tão feliz quanto ela estava sendo.


Fim.



Nota da autora: Terminei! Estou surtada de alegria ao acabar com o fim dessa short, confesso que corri muito, todavia estou muito feliz com ela. Muito obrigada pela iniciativa do projeto, obrigada FFOBS! Obrigada a todos que leram, à beta e a todos os envolvidos no projeto. Peço que comentem bastante.
Muito amor por vocês.
Xx


Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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