This Darkness Will Turn To Light

Finalizada em: 21/04/2018

Capítulo Único

Havia sido um bom dia.
O Natal estava chegando.
Hermione e Ginny haviam acabado de sair de sua casa.
lavava as louças usada em seu jantar com as amigas sem usar sua varinha, a água morna a ajudava a pensar. Ela havia ido ao St. Mungus pela manhã e haviam novidades.
Ela estava preocupada, o que as amigas perceberam, mesmo que ela não lhes desse o motivo real do sentimento.
O que ela faria? O que eles fariam?
George não era mais o mesmo, como ele reagiria?
Suspirando baixinho, enxaguou o último copo e o deixou sobre a pia.
George chegaria logo. Com muito custo Oliver e Lee conseguiram tirá-lo de casa.
George.
Seu melhor amigo.
Seu marido.
Um dos reis da piada.
Embora fosse uma sombra do jovem que uma vez fora.
Perder Fred havia sido um baque muito grande e George não havia se recuperado ainda.
Os olhos já não brilhavam como antigamente. As brincadeiras eram escassas e pouco duradouras. Os sorrisos fracos. A loja de piadas estava sob responsabilidade de Ron. O Patrono perdeu sua força e sua forma.
George estava cinza.
Mas ela jamais desistira e jamais desistiria dele.
O amava demais para permitir que ele se envolvesse em sua própria sombra.
Alguns dias eram melhores que outros, mas os primeiros meses haviam sido terríveis. Foram necessárias lágrimas, gritos e muita paciência até que George saísse da cama.
suspirou fundo.
Já se passavam 6 anos desde a guerra, e não havia um dia em que a falta de Fred não fosse sentida.
O relógio mágico (que ganhara de Molly em seu casamento 3 anos antes) se movera, indicando que George estava a caminho de casa.
Ele não tardaria a chegar.
estava certa.
Logo o típico “pop” de aparatação foi ouvido e os cabelos ruivos típicos apareceram na porta de vidro.
- Querida, cheguei. – Exclamou a voz despreocupada de George.
Ela sorriu.
Olhando seu rosto sardento ela confirmou novamente a escolha de sempre estar com ele. Ela o amava, ele a amava. Sempre estariam lá um pelo outro.

(...)


sentou-se encolhida na poltrona espaçosa aos pés da cama.
Em seu rosto, lágrimas frescas ainda escorriam.
Deitado na cama em meio aos cobertores retorcidos estava George.
Seu rosto agora calmo, mas o leve brilho de suor em sua testa indicava o contrário.
Um novo pesadelo.
limpou as lágrimas com certa raiva.
Por quê?
Por quê, Fred?
Um coração tão jovem e tão nobre não merecia um fim tão precoce.
E George?
Não merecia perder o irmão dessa maneira.
Sacudindo a cabeça, voltou a si.
Ela jamais entenderia essas coisas e culpava a guerra por tanta destruição.
Ajeitando as cobertas de George ela beijou-lhe ternamente a testa.
Ao se levantar para sair do quarto em busca de um chá, seu cotovelo foi levemente segurado.
Olhando para baixo, a grande mão sardenta de George a segurava delicadamente.
- Não me deixe sozinho, por favor. – Sua voz era tão suplicante e pequena que o coração de se apertou novamente.
- Nunca – respondeu ela enquanto abria espaço embaixo dos cobertores e se aninhava ao grande peito do homem.
Eles se aconchegaram juntos e George suspirou mais uma vez.
- Não foi um pesadelo. – disse ele após um silêncio confortável.
- O que houve, George? – perguntou preocupada.
- Eu me lembrei de quando encontrei o espelho de Ojesed, após a guerra.
endureceu com a lembrança. Ela estava com ele quando ele olhou seu reflexo.
- Oh! – ela não conseguiu pronunciar mais nada. A cena do espelho ainda estava guardada em sua memória
- Como eu posso ter visto meu próprio reflexo? É isso que meu coração deseja? Eu acho que estou enlouquecendo. – murmurou ele a apertando mais em seus braços.
- Não diga isso, querido, você só precisa de descanso. – murmurou ela com a cabeça escondida no pescoço do homem.
- Eu te amo. – murmurou ele a apertando mais.
- Como eu amo você – ela respondeu igualmente baixo enquanto passava a mão pelas madeixas ruivas do homem que amava.
Ela se lembrava do espelho. De encontrá-lo em uma das poucas salas de Hogwarts que não havia sido destruída pela guerra. Lembra-se de ver um jovem e desesperado Weasley tentando ver o que o espelho mostrava. Mas não havia nada para George lá. O reflexo era dele.
Sim, era.
Os olhos de estavam agora marejados enquanto ela ainda passava a mão nos cabelos de seu esposo e o ouvia ressoar baixo.
Essa cena ainda a assustava. George estava cego demais pela angustia para ver. Mas ela viu claramente e entendia perfeitamente o que George mais desejava no mundo.
O espelho mostrava um jovem alto e ruivo, com inúmeras sardas cobrindo o rosto.
Ao ver o próprio reflexo, Geoge saiu da sala sem paciência e extremamente triste.
não poderia lhe dizer sem desabar no choro.
O reflexo que aparecia no espelho possuía as duas orelhas intactas.
Era Fred o maior desejo do coração de George.
E Fred jamais voltaria.
Isso a machucava ainda mais.


(...)


estava apavorada.
E isso não mudou ao passar pelas portas largas da Toca.
As mesas estavam montadas no quintal protegidas por um longo toldo.
O quintal ainda estava cheio e um pinheiro enorme estava montado.
Embora os numerosos membros da família Weasley estivessem presentes, não era a mesma coisa.
A falta de Fred era gravemente sentida e o olhar perdido no rosto de George tornava tudo mais claro.
estava muito nervosa. Não sabia qual seriam as reações.
Deixando os presentes embaixo da árvore ela saiu para se juntar a George e Bill que avaliava com cuidado o irmão.
Após a ceia estupenda de Molly, os presentes deveriam ser trocados dentro de casa. A neve começava a cair.
Por último, entregou o de George.
- O que há de errado, querida? – perguntou Molly, percebendo seu nervosismo.
George então viu que a caixa nas mãos de sua esposa tremiam levemente.
Isso chamou a atenção dos demais familiares.
Hermione e Ginny sabiam que algo estava definitivamente errado com a amiga. Hermione tinha palpites muito bons, mas esperaria a confirmação.
O silêncio se fez presente. O único som era de Teddy rindo sentado em frente a lareira com seu novo presente trouxa, uma grande galinha amarela que berrava ao ser apertada.
Sem conseguir falar, entregou a pequena caixa dourada nas mãos do homem que a encarava preocupado.
Ao abrir, os olhos claros de George quase saltaram das orbitas.
Molly, próxima ao filho, levou as mãos ao rosto em uma surpresa chorosa.
- O que está havendo, Molly? - Perguntou Arthur vendo que a esposa chorava assim como . E que agora lágrimas se formavam nos olhos do filho que encarava ainda o conteúdo da caixa.
Depois de segundos que pareciam anos, George ergueu o rosto para encarar .
- Isso é...? Mas...? Oh, Santo Merlin! – Com cuidado, George tirou o conteúdo da caixa. Um pequeno sapatinho de bebê em sua mão. Uma risada saiu em meio às lágrimas. Uma risada há anos não ouvida. Uma risada que George havia se esquecido que era capaz de dar.
- Feliz natal, papai. – disse sorrindo, alisando a barriga ainda plana.
Estrondos foram ouvidos e Teddy tampou os ouvidos. Uma mistura de gritos, risos e lágrimas. Logo George e estavam abraçados. George seria um pai. Era uma sensação que ele jamais conseguiria traduzir.

(...)

Os meses se passavam lentos e a cada dia crescia mais.
George estava extasiado.
A notícia mudara a postura do homem.
Ainda havia dor nos olhos dele e entendia.
George poderia ser facilmente encontrado conversando com o bebê ainda dentro do ventre de sua mãe.
Contava histórias ao pequeno ser. Histórias sobre Hogwarts, sobre sua infância, sobre seu irmão gêmeo, sobre como conhecera , sobre a loja de piadas que ele possuía.
Os olhos de se encheram de esperança. George havia dito ao bebê que retornaria à loja. Afinal, havia sido o sonho dos irmãos e George não poderia abrir mão de sua pequena grande conquista.
No entanto, algum tempo depois, seu silêncio pensativo havia se tornado mais frequente.
Os pesadelos diminuíram consideravelmente, mas uma nova sombra cobria George.
- E se eu não for um bom pai? E se eu não for o suficiente? – pensava o homem em suas muitas noites de insônia enquanto observava dormir com a grande barriga que agora adornava seu corpo.
George tinha medo. A guerra o havia quebrado de pequenas formas diferentes. sempre esteve lá por ele. Ele queria ser o suficiente.
Beijando a barriga de sua esposa adormecida, ele prometeu que seria.

(...)

Os corredores de St. Mungus estavam cheios. Uma quantidade diversa de ruivos adornava a sala de espera e um nervoso George andava pela sala mordiscando as unhas.
Harry sorria mínimo segurando a mão de Ginny cuja perna balançava sem seu consentimento. Harry havia passado pelo mesmo que George alguns meses atrás. Sabia bem o sentimento e estava plenamente feliz pelo amigo. George e mereciam a felicidade.
Hermione estava ao lado de Ron que reclamava de fome por ter tido o café da manhã interrompido pelo Flu de seu pai avisando que estava indo para St. Mungus em trabalho de parto. Hermione o conhecia melhor. Ron estava ansioso pela chegada do sobrinho e sua saída era reclamar de coisas aleatórias.
Hermione olhou em volta de sua família. Os Weasley sempre foram tão fortes e mesmo com o elo quebrado de Fred eles jamais deixaram de ser uma família. Foram tempos difíceis para todos, mas ainda assim, todos estavam juntos. Ela era tão orgulhosa de pertencer a uma família tão acolhedora.
Bill sendo o mais velho observava George com cuidado. Seus irmãos estavam crescidos e não precisavam mais de sua ajuda como quando eram pequenos. Ele se orgulhava de todos e de George e , pelos percalços que passaram. Ele sabia que havia sido extremamente difícil para , mas a agradeceria até o fim da vida por não permitir que George desistisse, por mais que o jovem Weasley tivesse tentado.
George estava frenético.
Sua esposa, seu bebê.
Ele passava em sua mente tudo que seu pai e mãe haviam lhe dito. Mas sua mente não encontrava paz. Ele havia visto o olhar de dor em assim que os medi-bruxos a levaram para a sala de parto. Ele queria estar com ela.
Um grito longo e distante encheu a sala, seguido por silêncio.
George paralisou.
Não teve tempo de se recuperar antes que um medi-bruxo conhecido o chamasse para a sala junto com os familiares mais próximos.
Para a consternação do curandeiro loiro e jovem, todos os Weasley (por nascimento e casamento) se levantaram, além de Oliver, Lee, Luna e Neville. Dando de ombros ele permitiu que todos entrassem. Ninguém pararia um Weasley. Draco Malfoy, o curandeiro, sabia muito bem disso.
Draco havia se curado após a guerra. Seus crimes perdoados e havia anos que ele estava perdoando a si mesmo. A estrada estava sendo longa e dolorosa, mas ele sabia que não podia viver para sempre na sombra de seu pai. Ver o sorriso choroso no rosto de George era um motivo a mais para se empenhar em se perdoar e ser alguém melhor.
George chegou na sala ao lado dos pais. Lágrimas já escorriam de seus olhos sem seu consentimento ao visualizar .
O rosto da mulher estava suado e cansado. Listras de lágrimas visíveis em suas bochechas coradas. O cabelo despenteado e um sorriso amplo ao olhar com total devoção o pequeno pacote azul em seus braços.
George avançava devagar enquanto seus familiares enchiam o quarto. Seus passos pesados de emoção.
O silêncio se fez presente quando o jovem pai alcançou a cama da mulher. Ela desviou os olhos do pequeno embrulho e olhou para George. Ambos tomados pela emoção.
- Eu te amo – murmurou ele baixinho dando um beijo leve na testa da mulher.
Ela sorriu cansada e se moveu lentamente, entregando o embrulho ao ruivo.
O embrulho se mexeu, colocando as pequenas mãozinhas rosadas para fora do cobertor.
As lágrimas de George caíam pesadas enquanto observava seu filho. Os pequenos olhinhos fechados para a claridade cinzenta do dia, as mãozinhas em punho balançando para o ambiente como se estivesse cumprimentando o dia. Os curtos e abundantes cabelos vermelhos flamejantes no topo de sua cabeça.
Molly chorosa abraçou o marido com força enquanto o mesmo deixava que lágrimas escorressem pelo seu sorriso.
- George, amor, conheça seu filho. – disse , chorando.
Eles se encararam amorosamente antes de sorrir e terminar sua sentença.
George pensava que seu sorriso não poderia ser maior e as lágrimas se juntavam nos seus olhos. Era a emoção mais crua que ele sentira em anos. Sentia-se pleno e com um imenso sentimento de gratidão. e agora seu recém-nascido eram sua vida. Não poderia deixar de pensar em seu falecido irmão com mais amor. Ele adoraria uma nova criança para estragar.
- Conheça nosso pequeno Fred Weasley II.

(...)

Do canto da parede uma figura invisível observava em plena felicidade.
Fred observava a família com amor e o orgulho inchava em sua alma ao ver seu gêmeo. Ele queria estar ali também. Mas entendia o porquê de não poder estar.
Todos tinham uma missão na Terra e com ele não havia sido diferente.
Com um suspiro recheado de saudade ele olhou ao redor com alegria.
Ele sempre estaria com aqueles que amava mesmo que não estivesse visível a seus olhos. “Aqueles que amamos nunca nos deixam de verdade.” pensou ele, sorrindo em apreciação. George estava feliz, apesar dos percalços. Ele estava melhorando. Ele e Fred nunca haviam se separado, não seria agora. Fred jamais o abandonaria.
Com um último olhar na sua família, Fred desapareceu. Ele voltaria para vê-los novamente quando fosse autorizado. Ele os amava demais para deixar ir.


(...)

Tudo estava bem.





Fim.



Nota da autora: Sem nota.



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


comments powered by Disqus