Última atualização: 26/08/2024

Capítulo 1 - A Detetive 00

AGATHA | AGORA
Manchester, Inglaterra.


Ela acorda como sempre: vomitando e tremendo.
Leva cerca de vinte minutos para ela compreender onde ela estava, e o que estava acontecendo. O zumbido intenso em seus ouvidos emudece tudo ao seu redor, sua pulsação se confunde com a memória traumática dos disparos. O coração dela ainda está acelerado, martelando de maneira nauseante contra sua caixa torácica; os instintos ainda em alta alerta, sensíveis e à espera do golpe iminente. A respiração pesada, irregular e rarefeita. A tosse que se segue é mais nervosa do que qualquer outra coisa, enquanto sua mente só registra, meio a parte do que está acontecendo, a falta de ar. Tudo está girando. Ela tenta respirar, mas quanto mais o faz, mais parece que falta ar. rola para o lado, sem perceber que acabou de enfiar sua mão na poça de vômito dela, tentando se colocar sentada, instintivamente buscando uma arma, qualquer coisa que pudesse usar para se defender enquanto o grito pelo nome de Beatriz morre em sua boca ao encarar diretamente a televisão ligada no que parecia ser um canal de segunda mão, ecoando o jornal matinal. A estática da televisão de tubo faz não apenas com que a imagem fique instável, como, igualmente, aumenta a sensação de desconforto do emudecimento de seus ouvidos. franze o cenho, tremendo, hiperventilando, inicialmente confusa por não estar compreendendo nada do que é dito, sentindo como se algo estivesse completamente errado, mas então ela percebe. Inglês. Porra! Manchester. Certo, certo! Ela havia se esquecido disso. Inglaterra, porra, ela estava na Inglaterra. Ótimo, porra, fantástico. Puta merda. fecha os olhos com força, ignorando o gosto horrível amargo de bile em sua boca enquanto se deixa senta para trás, esbarrando em sua mesa, e quase caindo para trás, se não fosse a perna de sua cadeira deitada no chão, de onde ela deveria ter caído na noite anterior após apagar completamente.
Ainda hiperventilando, ela faz uma careta para si mesma ao observar os indícios do próprio vômito em sua mão, praguejando baixo em português e buscando algo para limpar. Qualquer pano que ela encontre no meio do caminho serve como auxílio para que ela a limpe, cuspindo no chão antes de usar o antebraço para afastar as mechas revoltas de seu cabelo para longe de seus olhos e testa. Está encharcada de suor, e apesar de ter a sensação de sua pele estar febril, o suor é frio e a sensação ainda pior. Quer dizer, ela já havia caído dentro de um lago congelado antes, ela sabia como era a sensação de quase morrer congelada, e ainda assim, havia algo de completamente não natural no suor frio que a incomodava. tinha poucos medos, e certamente, a morte não era um deles, mas isso não significava que ela gostasse de sentir desconforto. Ela era maluca, não sádica. Não com ela mesma, pelo menos.
Puta merda, sua cabeça estava para explodir e ela ainda estava naquela maldita névoa desorientadora de puro medo e instinto. Ela pragueja outra vez, atingindo o próprio rosto com alguns tapas fortes, tentando aumentar sua adrenalina o suficiente para ela se concentrar em outra coisa. Havia aprendido que a dor era uma boa maneira de limpar sua mente, ao lhe oferecer algo prático para se concentrar. Não era a melhor solução, ela sabia, mas funcionava, então, foda-se. Os olhos dela disparam de um lado para o outro, as pupilas se contraindo enquanto se fixam na televisão ligada à sua frente. exala por entre os lábios, tentando se focar em ouvir algo. Uma das piores partes daquela merda, não era a desorientação, ou a sensação de que estava prestes a morrer, com as solas dos pés e as mãos formigando sem parar, e muito menos a sensação de descontrole de seu próprio corpo, como uma desconexão de seu corpo com sua mente, mas o ruído em seu ouvido, abafando tudo ao redor, enquanto ela só conseguia hiperventilar. Quanto mais tentava respirar, mais falta de ar lhe causava. Ela tenta se concentrar na televisão, parecendo estar submersa debaixo d’água inicialmente, antes de lentamente conseguir focar nos sons que o aparelho velho, decrépito e caindo aos pedaços, estava fazendo.
— [...] de acordo com o Parlamento Canadense, a ação foi necessária para manter a integridade do sistema de justiça. O Primeiro Ministro Canadense, David , informou esta manhã sobre as investigações ao escândalo de corrupção na bancada republicana no Parlamento, em seu discurso durante a abertura de um dos novos hospitais para crianças de baixa renda com doenças raras ou tratamento intensivo experimental. O Primeiro Ministro fez questão de frisar que… - A imagem muda de uma loira elegante envolta por roupas profissionais de âncora de jornal para um homem engravatado de rosto sério, concentrado, mas que estranhamente aparentava uma gentileza capaz de fazer o estômago de revirar. Tem olhos , cabelos grisalhos nas laterais, embora perfeitamente alinhados e loiros no topo, pendendo por seu rosto de galã grisalhos nas laterais, hollywoodiano, barba perfeitamente aparada, fazendo-o parecer mais novo, e com roupas impecáveis. não consegue conter um sorriso de desgosto e nojo que se espalha instintivamente por seus lábios, sabendo perfeitamente que as pessoas que tentam esconder-se por trás de um véu de perfeição, são as que mais tem algo a esconder. Ou talvez ela fosse apenas cínica demais. sequer presta atenção no discurso que o tal David faz.
Os olhos dela se encontram com os amendoados de Beatriz. Os olhos de Beatriz sempre haviam sido mais castanhos do que esverdeados, como mel, e sempre haviam sido mais doces que os dela. Olhos arregalados, braços cruzados à frente de seu corpo, mas os pulsos e as mãos estão faltando, os ossos expostos, a cabeça dela pende para o lado, pendurado em seu tronco de onde a espinha vertebral dela se projeta. E o sangue para todo lado. pisca os olhos rapidamente, encarando as próprias mãos enquanto sua respiração se torna insuportavelmente irregular. A notícia do tal Primeiro Ministro Canadense muda bruscamente para alguma coisa relacionada há algum conflito no Oriente Médio. Os gritos, o som da bomba explodindo, é demais para ela. tateia desesperadamente pelo controle da televisão, cegamente, sem se levantar de onde está, os músculos ainda travados, o corpo ainda tremendo. Ela pragueja baixo ao perceber que terá que se levantar, e então, com uma mistura de preguiça e pura incapacidade de mover-se com segurança e a certeza de que não iria cair sobre seu próprio peso cedendo a suas pernas, ela apenas joga o que acha ao seu lado na direção da televisão. Um chinelo, uma pedra, um pote com canetas esferográficas com cheiro de morango e outras frutas, com glitter, porque ela havia comprado por algum motivo quando estava bêbada demais para se lembrar do porquê.
— Porra - cospe outra vez, tacando sua cópia velha e rasgada de Memórias do Subsolo na direção de sua televisão, propositalmente para desligá-la da forma que dava. Quer dizer, o aparelho estava quebrado há meses, funcionava por intervenção sobrenatural ou divina - acredite no que quiser, embora estivesse mais inclinada a apenas acreditar que o aparelho funcionava por vontade própria. E a única forma de desligar era dando um tapa ou chute ou arrancar o cabo da tomada, mas se ela arrancasse a merda do cabo da tomada, o apartamento inteiro ficaria sem luz, porque sua vida era simplesmente incrível, não é? fecha os olhos novamente, apoiando a cabeça contra uma das pernas da cadeira derrubada, encarando o teto por um longo tempo, completamente envolvida em silêncio. Não era que ela gostasse de silêncio, na verdade sentia repulsa. A imprevisibilidade e a paranoia enviando-a para um estado de alerta pior e mais profundo na maioria das vezes, esperando de onde viria o próximo ataque ou quem iria agarrar seus cabelos dessa vez e arrastá-la para algum canto escuro. Igualmente, não era como se ela quisesse ouvir os dois filhos da puta gemendo em alto e bom tom, do outro lado de sua parede. Ao menos, era melhor do que ouvir os gritos de Beatriz, de novo e de novo e de novo, como acontecia todos os dias.
A cabeceira da cama bate ritmadamente contra a parede a esquerda de sua sala, estupidamente fina para o próprio gosto dela - afinal, pelo menos no Brasil, as paredes eram feitas de grossas camadas de tijolos, e isso ao menos abafava um pouco os ruídos. Sem a televisão para abafar o som, ela conseguiu ouvir os grunhidos e gritos agudos dos dois pervertidos que pareciam ter tempo para aquilo logo de manhã. não havia se dado ao trabalho de investigar muito sobre a vizinhança naquele maldito pardieiro, tudo o que havia tido como garantido era que ninguém faria perguntas ou era bisbilhoteiro o suficiente para querer saber quem ela era. Algo sobre gangues menores que eram subjugadas aos Blinders ainda, o que quer que aquela merda significasse para eles. O que não gostava e definitivamente não esperava era acabar sendo vizinha de dois idiotas filhas da puta ninfomaníacos. Além disso, tinha quase certeza que o exibicionismo era apenas uma tentativa de validação pessoal para confirmar que "sim, realmente, eram um casal muito apaixonado”, quando não havia substancia alguma além do sexo. Típico. encara o vazio a sua frente, se questionando pela primeira vez no dia, que porra ela havia feito com a própria vida.
— Puta que pariu, só pode ser brincadeira - aperta a ponte de seu nariz, tentando conter os tremores restantes de seu corpo, ou ao menos, mantê-los sob controle, antes de obrigar-se a levantar, meio cambaleando, meio rosnando consigo mesma, ao esbarrar pelos móveis no meio do caminho.
balança a cabeça de maneira negativa, genuinamente irritada, enquanto tentava afastar a sensação de torpor que a envolve, unindo as sobrancelhas, no máximo de determinação que ela possuía - o que por si só era mínimo - e então, agarrando um pé de cabra no canto de seu corredor, ela propositalmente acerta violentamente a parede. Mas os gemidos continuam. Então, xingando em alto bom tom, ela acerta a parede novamente, e de novo, e de novo, até fincar o pé de cabra, atravessando-o do outro lado. Um grito feminino em pânico e uma sequência de palavrões pouco criativos, a faz sorrir como o próprio diabo. Se era briga que o machão idiota procurava, então estava completamente aberta para enterrar a cabeça de merda dele no chão, com os próprios punhos.
— CALA BORA PORRA! - Ela grita, chutando a parede em um aviso, por pura raiva, antes de assoprar as mechas de seu cabelo para longe de sua boca, irritada, apoiando as suas duas mãos em seus quadris. Ela gira o pescoço, tentando aliviar a tensão em seu corpo, enquanto inspira com força, intensamente. O ar gélido queima suas narinas, ou talvez seja apenas o pó que a esteja incomodando, mas a alta da adrenalina e a raiva lhe dão ao menos um foco que não esteja voltado para Beatriz, e isso já lhe vale muito.
Pelo menos o ataque de pânico havia diminuído.
Ela podia sentir as mãos tremendo ainda, mas enquanto ela convencesse a si mesma que não estava sentindo nada, ela firmemente não iria sentir nada. Era um jogo perigoso e puramente estúpido que ela fazia consigo mesmo, mas o problema de seus ataques de pânicos era que eles não ocorriam de súbito. Eles ocorrem gradualmente, até um ponto de explosão. Ela podia sentir na maneira irregular que seu coração martelava contra sua caixa torácica, ou a maneira com que sua mente parecia presa em um manto esquisito de falsa estabilidade, sentindo a familiaridade do espaço, mas notando algo que não estava ali - algo que ela não estava vendo. Iria ficar pior, ela sabia, mas no momento? Bem, estava sob controle, e ela manteria assim. Por desprezo - a si mesma.
usa o antebraço para limpar a própria boca, ignorando os xingamentos e gritos do outro lado da parede. Ela puxa com força o pé de cabra da parede, observando o buraco que se abre no espaço, antes de abrir um sorriso torto, desgostoso e dando-lhe o dedo do meio ao ver alguém tentar espiar pelo buraco aberto. joga o pé de cabra sobre sua mesa próxima a janela, sem se importar com o fato de que ela erra feio e acerta o vidro da janela, criando uma bagunça de cacos no chão. caminha até seu banheiro minúsculo e apertado, fedendo a água sanitária e limão. Puta merda, um dia ela ainda se mataria naquela merda por misturar produtos químicos sem a preocupação de verificar se era adequado ou não fazê-lo. Um grunhido escapou por entre os lábios dela, quando ela calcula mal o espaçamento do degrau e tropeça para dentro, batendo o ombro na quina da bancada do gabinete do banheiro, e quase acertando a cabeça dela no box de vidro. fecha os olhos por um segundo, pensando em desistir de tudo simplesmente, e, simplesmente ficar ali pelo resto do dia, questionando novamente o que diabos havia feito com sua própria vida. Mas os espasmos suaves em suas mãos, cedendo lugar aos tremores anteriores, evidenciaram o começo da abstinência. Ela abre os olhos, obrigando-se a levantar-se e então apoia as duas mãos na pia, franzindo o rosto com a claridade que invade o banheiro.
Ela odiava as manhãs.
A água gelada a acerta como um soco certeiro, livrando-a de qualquer resquício de ressaca que ela poderia ter no momento, e um suspiro de alívio escapou por entre os lábios dela, quando ela cospe a água de sua boca após lavá-la. O gosto de menta ainda está em sua língua, quando os olhos se encontram com seu reflexo. Olheiras abaixo dos olhos, a pele mais pálida que o normal, meio doentia, os lábios com alguns machucados das peles que ela costumava arrancar inconscientemente na noite anterior enquanto se afogava na bebida sozinha. solta um chiado entre dentes desviando os olhos quase imediatamente, incapaz de se olhar no espelho, como se sua imagem a queimasse, e então abre a porta do armário em busca dos frascos dos remédios. Tateia meio cegamente, derrubando um dos frascos dentro da pia, mas para sua surpresa, todos estavam vazios.
prende a respiração. Merda!
Não, não, não, não!! Isso não poderia estar acontecendo! Não agora! Não hoje! Mas que caralho?! Então tudo cai no fundo de sua mente enquanto ela abre as gavetas do gabinete de seu banheiro, procurando na bagunça por mais um frasco. Ela não poderia estar sem aquela merda de remédio. Se estivesse, então… fecha os olhos com força, tentando silenciar o medo que começa a atingir e espalhar-se por seu peito como veneno, praguejando entre dentes. Ela não podia enfrentar Beatriz. Não agora. Nunca. Os dedos longos dela, meio tortos, buscam rapidamente por sua bagunça ali, jogando no chão alguns sabonetes, lenços umedecidos, absorventes internos, esmaltes velhos, sem se importar com o caos que estava construindo em seu banheiro. Sem se importar com nada que não fosse aquelas malditas pílulas. Ela exala de maneira afiada, por entre dentes, fechando os olhos com força, acertando um tapa por pura frustração na quina do gabinete, antes de enterrar o rosto em suas mãos. Que porra! Era só o que ela precisava! Era cuidadosa e costumava pegar mais doses do que deveria para garantir que não faltaria. Porra, porra, porra! Como ela havia deixado aquilo acontecer?! Puta que pariu! inspira uma única vez, negando com a cabeça, disparando na direção de seu quarto.
Ela se trocou rapidamente com a primeira roupa limpa que encontrou pelo caminho. Veste com uma careta a jaqueta de couro, seguido do boné esfarrapado escuro, prendendo-o em sua cabeça de maneira firme antes de puxar o gorro de sua jaqueta com um movimento rápido.
O vento gélido queima o rosto dela, fazendo seu nariz arder e sua respiração se tornar uma fumaça suave, esbranquiçada, ao escapar por entre seus lábios, ao passo que ela desce rapidamente as escadas decrépitas do pardieiro que ela vivia em Manchester, empurrando com um grunhido o portão de ferro, antes de preparar-se para andar, apenas para receber um golpe violento em sua cabeça. tosse, engasgando-se com a própria saliva, desorientada por um segundo, enquanto desaba no chão. Os olhos dela se arregalaram levemente enquanto encontram o rosto genuinamente irritado e desesperado, de um homem levemente truculento, com uma calvície bem evidenciada e uma expressão de filha da puta que havia acabado de ser pego em flagrante e não estava conseguindo dormir por conta disso, tentando segurar os braços dela. O instinto volta como uma memória muscular cravada em sua mente, e não percebe que reagiu até ter quebrado o nariz do idiota, e tê-lo preso contra a parede a sua frente, torcendo o braço dele nas costas, imobilizando-o enquanto a mão esquerda dela segura os cabelos dele com força, puxando a cabeça para trás para ver o rosto de seu quase agressor. O impulso gritando mais alto, ecoando para que ela acertasse repetidas vezes a cabeça do idiota contra os tijolos irregulares do prédio em que ela vivia. exala lentamente fazendo uma careta antes de empurrar o filho da puta para frente, soltando os cabelos dele, e chutando-o no meio das pernas apenas para descontar sua frustração. Os olhos percorrem momentaneamente o restante das pessoas que caminham por entre a calçada, unindo as sobrancelhas grossas e bem marcadas em uma expressão de poucos amigos ao perceber tardiamente que ela estava chamando mais atenção do que deveria. Ela exala novamente, a fumaça esbranquiçada de seu hálito projetando-se a frente de seus olhos, enquanto ela volta a encarar o maldito homem.
Senhor Andrews, desabado em seus próprios joelhos, segurando a virilha com dor, enquanto xinga até a última geração de . Talvez ela estivesse finalmente enlouquecendo. Talvez, fosse pura frustração. Ou, talvez, fosse simplesmente incredulidade, mas ela solta um riso nasalado, incrédula, cambaleando um pouco para trás enquanto apoia as duas mãos nos quadris, furiosa. Justo naquele dia, puta que pariu! Se algo mais desse errado, ela genuinamente iria considerar saltar da primeira ponte que encontrasse em seu caminho…
O senhor Andrews era um filho da puta na casa dos quarenta anos. Até poderia ser considerado alguém bonito, quando jovem, mas agora era uma desculpa medíocre de um homem branco e velho entrando na meia idade que, por algum motivo, estava desesperado para ter uma validação masculina em sua vida, ao agir como se tivesse quinze anos novamente. Não apenas isso, dormia com garotas de quinze anos também. estava na cola dele fazia sequer duas semanas, quando a Senhora Andrews, ou apenas Genevieve, como ela havia pedido para que a chamasse, havia entrado em contato com ela e pedido para que o investigasse, a fim de descobrir se ele a estava traindo ou não. A verdade previsível? É claro que sim. O problema era que esse maldito professor do ensino médio, estava a traindo com as alunas dele. E fale de ameaça a sociedade.
Ah puta que pariu, pau no cu do caralho. Para de falar, minha cabeça tá explodindo e você só tá piorando essa porra - corta, com pura impaciência, confundindo-se com os idiomas, e começando a falar em português, sua língua materna, antes de perceber o que estava fazendo e se corrigir para voltar a falar um inglês meio quebrado, devido sua irritação. contém o impulso de chutá-lo outra vez, colocando-se de cócoras para observar o homem gemendo de dor com o golpe que havia recebido, encarando-o com desprezo. Ela apoia os cotovelos nos joelhos dobrados, ajeitando o boné em sua cabeça novamente, antes de encará-lo com atenção. Andrews está vermelho, o rosto em uma mistura de vergonha, raiva e frustração, e tem claramente alguns arranhões frescos em seu rosto. bufa consigo mesmo, um sorriso torto surgindo por seus lábios, quase discretamente demais para ser percebido, enquanto ela supõe que, ao menos, Genevieve havia conseguido acertá-lo onde o doía mais: sua aparência. Bom para ela. — O que você quer, seu merda?
— Vadia!
sorri, erguendo uma sobrancelha.
— Ótima habilidade de observação, mas redundante — aponta com escárnio, divertindo-se sombriamente com a tentativa de ofensa daquele homem miserável. Não porque tivesse algo contra ele, apenas o fazia por passatempo. Palavras eram apenas palavras quando você não se importava. E … bem, fazia muitos anos que ela havia se importado com algo. — Vou assumir que toda essa tentativa de intimidação é por causa das fotos? Sabe, se vai trair a sua mulher com uma garota de 16 anos, que tem idade para ser amiga da sua filha, pelo menos, e ênfase no pelo menos, tenta ser discreto sobre, sabe? Fecha as janelas, cronometra entradas e saídas, evite câmeras e, não sei, encontre alguém que esteja na idade legal para ter sexo com você, não uma criança. - oferece um sorriso repleto de escárnio, encarando com uma ponta de diversão o homem ficar ainda mais vermelho que antes e gaguejar para tentar se defender. Em outro momento, ela teria se divertido muito em ver ele lutar para encontrar justificativas plausíveis, apenas pelo prazer de vê-lo escorregar em seus argumentos, e recusar-se a admitir o que todos sabiam: ele era medíocre. Uma desculpa patética de covardia que sequer merecia o nome que carregava. Mas porra ela só queria se livrar dele o quanto antes e continuar seu caminho até o porto. Não conseguiria começar seu dia se não estivesse com as merdas da pílulas a seu alcance, e, certamente, não iria conseguir dormir. — Corta a baboseira, parceiro, vai direto ao ponto.
— Eu ordeno que me dê as fotos sua puta! É o mínimo que você pode fazer por destruir meu casamento e minha carreira! ——— Rosna Andrews, tentando parecer corajoso. Mas conhecia monstros piores e muito mais assustadores que ele. Porra, ela era um monstro pior e mais assustador que a merda de um idiota que não conseguia manter seu pau dentro da calça quando via crianças. estreita os olhos, inclinando a cabeça suavemente para a direita, de maneira quase felina, enquanto os olhos se fixam firmemente no rosto de Andrews, analisando-o com cuidado, perigosamente inexpressiva, sem revelar uma emoção além dos desprezo característico que ela tratava a tudo e a todos.
— E eu faria isso porque…? - questiona, erguendo uma sobrancelha ao observá-lo com mais atenção ainda. Estava blefando, e isso não era sequer um questionamento, mas de repente considera as possibilidades por um segundo, imaginando que havia uma quantidade de dinheiro considerável que ela poderia usar para extorquir do maldito patético homem antes de se livrar dele. Além disso, querendo ou não, Andrews estava fodido, e nem havia percebido. não se considerava uma justiceira, muito menos estava inclinada a fazer algo de graça apenas pela bondade e bom moralismo. Não. Foda-se aquela merda. Mas, bem, ela tinha as fotos, e era claro para qualquer um que o juiz não demoraria muito para começar uma investigação criminal, já que seria pressionado, e estavam em época de eleição. Andrews havia atirado na própria cabeça, ela só estava entregando a arma.
— Porquê… porquê… porquê… porque é uso indevido de imagem! - Ele cospe, desesperado. franze o cenho com uma ponta de desprezo. Mais do que a hipocrisia, ela detestava a fraqueza que exibiam. Pessoas que não levavam suas posturas de merdas até o fim. Chame-a do que quiser, mas era uma fã assídua de consistência. Se você era um filho da puta, então que fosse até o fim, sem arrependimentos, ou julgamentos. Ela contém a vontade de rir, apertando os lábios em uma linha, enquanto estreitava os olhos, observando a oportunidade que se abria à sua frente. Andrews, agora, estava chorando. coloca-se de pé com um movimento econômico e elegante. Se ela tivesse ao menos um coração… - ! Escuta! Escuta! Eu faço qualquer coisa, qualquer coisa! Se Gen... se Genevieve apresentar essas fotos para o júri, eu não vou só perder tudo, minha carreira, meus filhos, eles… eles vão me mandar para cadeia! Sabe o que acontece com alguém indiciado por esse tipo de coisa… eles vão… eles vão… só me diz o que você quer, e eu faço! Eu prometo! Qualquer coisa!
— Implora.
alarga seu sorriso quando o vê se postar de joelhos à sua frente, realmente implorando, mas ela segura a risada. Por Deus, ele era mais patético do que ela havia imaginado que ele fosse capaz de ser. E agora, haviam pessoas que havia presenciado o desespero dele. Uma confissão, para todos os efeitos, não havia como ele negar se ele estava desesperado daquela forma. Como sempre, havia apenas entregado a arma para Andrews, ele quem havia puxado o gatilho. Idiota de merda. Os olhos de repousam por um breve momento nas câmeras que permeiam a rua, antes de voltar sua atenção para Andrews, desesperadamente tentando segurar os pulsos dela, como se fosse capaz de fazê-la compadecer-se. Mas bem, ele mesmo havia dito. Ela era só uma vadia.
— Por favor,
— Não. - diz calmamente, ajeitando a lapela de sua jaqueta de couro, antes de distraidamente examinar suas unhas com uma expressão contemplativa. Ela simplesmente odiava quando o esmalte descascava, simplesmente porque tinha algo dentro de si mesma que a impedia de retocar o espaço descascado; em vez disso, ela iria descascá-lo até que ficasse com a unha limpa novamente. Ela revira os olhos, arrancando um pouco do esmalte distraidamente com o canto da unha de seu polegar, antes de dar de ombros, com desdém para o Andrews, patético, ajoelhado e chocado com a recusa dela. Pessoas se sentiam tanto no direito de serem ajudadas após dizerem por favor. Como se ela fosse ajudar alguém... - Se quer as fotos originais, Sr. Andrews, seja esperto, me ofereça a quantia certa, e serão todas suas. Simples assim. Se não tem o dinheiro, não se incomode em vir atrás de mim - resmunga com desinteresse, indicando com o queixo na direção dele, antes de fazer menção de voltar a andar. Mas então, ela para. Estreitando os olhos e assumindo uma postura mais firme, perigosamente alerta. - Tenta de novo essa merda comigo, e vai acabar morto. E isso não é uma ameaça, é um aviso. Mantenha isso em mente, garotão.

•••

Na 6 St Anns Square ficava a antiga igreja St Ann’s. Um prédio consideravelmente grande com dois andares, e uma torre com um relógio ao lado da entrada da igreja. As paredes de tijolos evidenciaram a passagem de tempo, deixando os tijolos escurecidos, criando padrões irregulares, de tijolos desbotados, escurecidos e avermelhados recém trocados. Musgo espalhava-se nos cantos do gesso que decoravam as paredes. A porta dupla de madeira estava fechada, mas conseguiu ouvir o barulho suave do canto gregoriano enquanto empurrava-a para frente para abri-la. O cheiro de mirra e incenso atinge o rosto dela, fazendo o nariz dela arder enquanto os olhos dela percorrem o ambiente interno, observando os vitrais coloridos e elegantes, com imagem de santos que ela não conseguia acreditar e um deus que, se fosse real mesmo, estava longe de ser a concepção de uma criatura gentil, misericordiosa e amorosa. Quer dizer, chame-a do que quiser, mas se existia um deus a quem contavam ser: onisciente e onipresente, e via toda a desgraça e sofrimento que envolvia o mundo e não fazia nada, ou este não era onisciente, ou onipresente, ou, simplesmente não se importava. E se não se importava, significava que era apenas um desgraçado cruel como qualquer outro. Para que temer o inferno quando o paraíso parecia igualmente uma punição?
Mas não estava ali para orações, tampouco para buscar perdão - aquele navio já havia saído do porto há muito, muito tempo para ela. Não, longe disso. Estava ali por uma pessoa, e apenas isso. Ela aperta os lábios em uma linha tensa enquanto os olhos dela percorrem pelas fileiras de bancos de madeira escura. Pilares brancos se projetam nas laterais, levando ao segundo andar da igreja, e há imagens de santos de pelo menos um metro de altura de alguns momentos sacros, como a crucificação, a morte de cristo e outros momentos que genuinamente não tinha interesse algum de observar. exala por entre os dentes trincados, caminhando em direção a um púlpito largo próximo de um dos pilares brancos arredondados da igreja, observando a fileira de velas acesas. solta um riso baixo, desdenhoso e desagradado. Não eram velas de verdade, mas simulavam velas acesas, e para acendê-las, era necessário colocar algumas moedas. revira os olhos, retirando algumas moedas do bolso de sua jaqueta de couro, e então coloca uma por uma na pequena fenda no canto, a fim de ascender ao menos uma vela.
Mesmo que ela não acreditasse naquele tipo de merda, isso não significava que ela não poderia deixar de aproveitar aquilo a sua vantagem. Estava comprando tempo, tentando encontrar a melhor linha de ação para a situação em mãos. Anos nas Forças Especiais ao menos teriam que lhe servir algo. Mas estava falando de Ziyad Karam. Os olhos dela repousam nas costas do homem grisalho, calmamente lendo um livro pequeno enquanto a mão direita permanecia enrolada em um terço. Para todos os efeitos Karam era um homem comum. Evidentemente elegante e com uma postura impecável, que parecia evidenciar privilégios de uma vida que estava além da compreensão de . Quer dizer, ela lembrava-se de ter crescido em uma favela, e então… bem, então havia sido apenas um puro e desesperador pesadelo do qual ela tentava a qualquer custo esquecer. Ziyad Karam usava as roupas nos melhores cortes, das maiores grifes, não porque desejava ostentar seu dinheiro, mas simplesmente porque o dinheiro que possuía lhe comprava a autonomia de vestir-se discretamente, em ternos requintados que evidenciaram seu poder, mas que eram simples. Passavam a mensagem que desejava: efetividade. Os cabelos crespos agora já estavam todos brancos, mas apesar disso, e de algumas linhas de expressão em seu rosto, Ziyad Karam permanecia impecavelmente mais jovem do que deveria. Os óculos estavam presos na ponta de seu nariz enquanto ele entoava a oração, concentrado. Ele deveria ser mulçumano, mas era católico romano. Ele deveria ser letal, mas era um avô dedicado e presente. Ele deveria ser apenas mais um merda fanático que buscava justificativas divinas para a bunda desamparada de sua recusa a aceitar sua própria insignificância - porque todos eram insignificantes, apenas sacos de carne e água, à espera de uma falha para virar uma pilha de vermes, no entanto, era Doc, a porra do dono daquele país. Líder não apenas uma gangue, mas uma máfia inteira. O melhor no que fazia, é claro, porque se havia algo que Ziyad Karam não aceitava, era mediocridade.
hesita por um segundo, voltando a encarar as velas à sua frente, com uma sensação de desapego emocional crescente. É como se ela estivesse amortecida demais para sentir qualquer coisa que não fosse apenas um puro vazio. Uma indiferença profunda que se projetava como veneno por sua mente, mas que, a essa altura, era só um local familiar para ela. Ainda assim, naquela breve fração estúpida de segundos, ela sente-se tentada a fazer uma prece. Uma prece para Beatriz. Tentada a ver se, talvez estivesse errada, talvez, onde quer que a irmã gêmea estivesse, se era possível que… se Beatriz era capaz de… umedece os lábios secos, balançando a cabeça discretamente, de maneira negativa, praguejando consigo mesma. Estava sendo idiota, e perdendo tempo. Por anos, quando era pequena, havia esperado encontrar um maldito herói, e tudo o que havia recebido em suas mãos em troca por suas súplicas era apenas sangue, terror e uma constante contagem. Nada mais. Nenhum herói veio, e tampouco viria agora.
A verdade nua e crua? O mundo era uma merda, e as pessoas, piores ainda.
— Considerando que não é sequer uma devota, e muito menos alguém capaz de arrependimentos, , teria mais sucesso jogando moedas em uma fonte, do que aqui - A voz de Karam ecoa pelos ouvidos de de maneira baixa, concentrada e pomposa. O sotaque britânico pesado, de alguém que vivia no Chelsea, em Londres, e não em Manchester, e tampouco fazia parte de uma máfia. Mas as aparências nunca eram realmente o que apresentavam, eram? Os estalos do sapato de Karam contra o assoalho de madeira da igreja antiga param um pouco mais atrás dela, e une as sobrancelhas bem marcadas, em uma expressão defensiva, apesar de tudo. - Pensei que havia sido claro a você que não desejava mais ver o seu rosto outra vez, e, no entanto, aqui está você, parecendo uma merda, mas ainda respirando. Eu quero saber o porquê?
, dá um passo para trás, afastando-se do púlpito largo com as velas de mentira, e então volta-se para encarar Karam no fundo de seus olhos. Ela enfia as duas mãos dentro dos bolsos de sua jaqueta de couro, inclinando a cabeça para o lado, enquanto o avalia por um longo momento. Karam não se dá ao trabalho de sequer encará-la, ele sabe que ela não irá lhe fazer nada, estava em seu, teoricamente, contrato para ficar ali, mas ainda assim por um segundo, ela considera as possibilidades. Quebrá-lo seria fácil, até demais. Para alguém da idade dele, bastava dois golpes bem colocados na altura de seu abdômen, e um golpe na cabeça, e ele provavelmente teria algum ferimento irreversível no cérebro e estaria morto. Mas, igualmente, matá-lo seria a coisa mais idiota que ela poderia fazer, então trinca os dentes com força, assente para si mesma, tentando lembrar-se das regras que Edgar a havia ensinado desde que ela tinha oito anos.

Não cague onde você não tem a porra de um pano para se limpar.
— Meu remédio acabou. Preciso demais. Cortez é o único fornecedor nessa merda de cidade, mas ele responde a você - diz de maneira tensa, escolhendo as palavras com cuidado, enquanto fazia uma careta consigo mesma, ao dizer remédio, mas sem outra alternativa senão usar a palavra, ao menos ali. Ela revira os olhos quando Doc solta um chiado por entre os dentes dela, em advertência ao palavrão que ela diz. não se importa, mas igualmente não deseja chamar atenção para si mesma. Então, dá mais um passo para trás, dando espaço para que Karam possa se aproximar do púlpito com as velas, observando-o como um gato, atenta e tensa. Há uma ponta de desprezo nos lábios de Karam, e não pode deixar de sentir uma pontada direta em seu ego. O golpe é certeiro, e a faz sentir raiva imediatamente. Não por Karam ou pelo desprezo dele, mas por encontrar na expressão de Karam, o espelhamento do que ela pensava sobre si mesma. E puta merda, como odiava a sensação. O fracasso. A falha. O reconhecimento de que era desprezível e deplorável. Tão patética quanto. Mas obriga-se a engolir a frustração e a raiva, porque mais do que um ego ferido e orgulho de merda, ela precisava das pílulas.
— Por favor, você não precisa escolher suas palavras comigo. Sua metanfetamina acabou e, como qualquer outra viciada, você está desesperada por mais, mas suas ações a colocaram em uma posição desvantajosa comigo - Karam diz calmamente, com sua indiferença característica, e luta consigo mesma para não ceder a parte ruim de sua personalidade e estragar ainda mais as coisas. umedece os lábios, engolindo em seco, mas não o responde ao comentário de Karam. Karam para a frente do púlpito largo com as velas falsas, e por um breve momento, parece se esquecer de tudo que não seja sua prece. o observa com uma careta, desdenhosa, quando o homem leva as duas mãos em direção ao próprio rosto, unidas, fazendo uma oração baixa demais para se importar em tentar ouvir; ela admira a hipocrisia. O terço enroscado na mão dele, as contas de madeira contrastando com o prateado do metal das correntinhas que as prendiam no lugar, a cruz, igualmente prateada, oscilando para frente e para trás em uma quase zombaria. Então ele faz o sinal da cruz, tocando a testa, a barriga, e então os dois ombros, antes de retirar algumas moedas e acender ao menos quatro vê-las. Uma para sua filha, Catherine, e três para seus netos. Um menino, duas meninas. poderia ser muitas coisas, mas era uma boa investigadora. Os olhos dela não se desviam de Karam nem por um segundo. Ela o observa ajeitar a lapela de seu terno de grife em um corte excepcionalmente adequado e perfeccionista, antes dos olhos dele voltar a fixarem-se no seu. Ela não se deixa intimidar, mesmo que se tensione, permanece firme, sua expressão cuidadosamente estoica. - Agora, você veio até aqui afim de descobrir se eu teria um trabalho para você tentar se redimir. Minha pergunta, querida, é a seguinte: por que diabos eu precisaria de você?
— Porque eu ainda sou a melhor que você tem a disposição, Doc - diz com um tom de voz baixo, cauteloso. Não era que ela gostasse de ser arrogante, a verdade era que isto, no fim das contas, acabava como uma falha fatal para ela mesma, mas em determinados momentos, quando estava desesperada e não tinha mais escolha, ela precisava apelar, e isso significava lembrar a todos porque a chamavam de Butcher, no exército. cruza os braços por sobre os seios, trincando a mandíbula com força, sem perceber que estava prendendo a respiração instintivamente. Os olhos dela acompanham os mínimos movimentos de Karam, a espera de uma reação mais perigosa, uma reação explosiva, mas esta não vem. Ziyad Karam, apenas a encara em silêncio por alguns segundos, antes de deixar uma risada alta, intrigada, escapar por seus lábios. exala por entre seus dentes cerrados.
— Agora, isso é desespero.
não nega. Ele tinha um ponto. E por mais que ela desprezasse a ideia de ter que rebaixar-se a alguém como Karam, ou pior, ver-se prisioneira das vontades de outro idiota maluco com problemas de ego, pouco ela poderia fazer quando a pessoa que era responsável pela distribuição dos remédios que ela costumava a tomar para dormir e a metanfetamina vinha justamente dele. morde o interior de suas bochechas, observando por um momento, distraída, alguns idosos que se espalhavam pela igreja. Era consideravelmente curioso que, quando de cara com a própria mortalidade, todos encontravam algum tipo de fé. Neste aspecto, supôs que estivesse quebrada, porque havia ficado diante da morte muitas vezes, e em nenhuma vez encontrou algum tipo de espiritualidade, pelo contrário, havia apenas raiva. Uma revolta profunda e enlouquecedora, que a sufocava em momentos de vulnerabilidade. Ela queria colocar fogo no mundo inteiro, ela queria morrer e lutar com o próprio demônio, se isso lhe garantisse a possibilidade de ser vingada. Por tudo o que havia passado, mas no fim, isso sequer importava? Era uma causa perdida de começo, e a essa altura, ela estava cansada demais para sequer considerar fazer algo além de sobreviver.
— Qual é o trabalho? - É tudo o que ela pergunta, e pela primeira vez, durante a conversa toda, quando Karam a encara novamente, há um mínimo sorriso preso em seus lábios, satisfeito. odeia o que .


Continua...



Nota da autora: ela não vai ser uma PP soft, ou inocente, delicada, e muito menos compassiva, e vale lembrar que a PP fazia parte das Forças Especiais, apesar de ser brasileira (isso vai ser explicado mais para frente), então ela definitivamente não é pequena (ela tem músculos) em questão de altura e muito menos indefesa. Isso não significa que protagonistas com essas características são ruins, apenas que para essa história funcionar com a autonomia que a protagonista precisa, ela precisa ser durona, e, honestamente? Uma má pessoa. Então, novamente, se você não se sente confortável em ler este tipo de coisa, POR FAVOR, NÃO LEIA. E se você tem 13 anos e veio parar aqui, eu sei que você ACHA que é madura o suficiente, MAS NÃO É. Então, não, eu não me responsabilizo pelo o que você está lendo, e MUITO MENOS quero sua presença aqui. A protagonista é brasileira. Eu genuinamente não gosto de Dark Romance, não li um ainda que eu pensasse “porra, que livro bom”, e talvez isso seja apenas porque meus gostos não estão alinhados com a história, só isso. Não julgo, não condeno, nem crítico quem gosta, se este é a tua? Vai fundo, tem todo o meu apoio. O fato de eu discordar, não significa que somos inimigos, só que temos opiniões diferentes. É isso aí. Tamo junto, meu nobre. Esta fic é escrita de madrugada, quando estou sobrecarregada com estímulos externos e preciso de uma forma de me regular, portanto perdão antecipado por incoerências, erros gramaticais e algumas confusões, meu e-mail está sempre aberto para discussões e opiniões.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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