Última atualização: 11/06/2018

Capítulo Único

O choro soava de forma espaçada na maternidade, assinalando a cada diferente tom uma nova vida que acabava de nascer. Cada berro novo era como um símbolo de tudo aquilo que se esperava do futuro. Cada um daqueles bebês tinha toda uma vida pela frente e poderia mudar o mundo à sua própria forma, deixando a sua marca na existência humana. Uma maternidade era, de fato, isso: o conjunto de tudo aquilo que se poderia ser e que se seria. Um daqueles bebês poderia ser policial, outro talvez se tornasse um artista ou um atleta e, talvez, algum deles seria o próximo obstetra ou enfermeiro a trazer outras crianças ao mundo.
Na ala separada especialmente para as mulheres de elite, um garoto berrava a plenos pulmões enquanto tentavam pesá-lo. Nascera às 07h59min daquela manhã de 12 de junho, medindo quase 50 centímetros e detentor de alguns fiapos de cabelo escuro. Seus olhos se apertavam com força, como se ainda não estivesse pronto para enfrentar o mundo que lhe aguardava. se tornara rapidamente o bebê preferido na enfermaria, provavelmente por causa das enormes bochechas ou talvez houvesse algum interesse oculto - ou nem tanto - em criar uma média com seus pais devido à sua posição social.
Do lado completamente oposto, em um quarto compartilhado com outras três mulheres, nascera um tanto prematuramente, mas ainda saudável. Às 08h01min, a garotinha foi conhecida pela mãe e pelo mundo. Recebeu os cuidados básicos, mas nem de longe eles foram acompanhados por todo o luxo a que as mulheres abastadas estavam despretensiosamente destinadas.
Vidas tão diferentes e isoladas que, por algum motivo desconhecido, estavam fadadas a se encontrarem. Seria destino? A história que contavam sobre a linha vermelha que enlaçava duas vidas? Cosmos? Alguma das visões antigas sobre a origem de tudo que os gregos tinham? Um sinal do universo? Talvez um presságio? Ninguém teria essa resposta em definitivo, independentemente de suas crenças pessoais ou necessidades de fé. Mas, mesmo que a resposta não fosse fixa, o destino - seja lá o que aquilo significasse - estava traçado. Estavam unidos: ele, ela e todos os seus sonhos.

QUATRO ANOS

e estavam escondidos na coxia nos fundos do picadeiro, assistindo às apresentações rotineiras do circo dos . Adoravam ver os trapezistas dando várias piruetas com aqueles figurinos de cores chamativas e cheios de brilho. Era como se todos os olhares se virassem diretamente para eles em completo deslumbre, assim como os insetos perseguiam a luz das luminárias a gás. A altura, a força e a delicadeza eram perigosamente lindas.
- O que você ganhou de presente? - perguntou ao amigo após o fim da apresentação. Sabia que o amigo ganhava brinquedos incríveis em todas as datas comemorativas e às vezes ficava mais ansiosa que ele para começar a usá-los em suas brincadeiras.
- Um trenzinho de madeira. Ele até veio com alguns trilhos, acredita? E a minha mãe comprou uma caixa de tintas especiais para eu pintar os vagões.
contava com tanta animação que fez com que sentisse a ansiedade percorrer o próprio corpo - o que piorara exponencialmente quando ouviu a possibilidade de pintar algo com tintas especiais, mesmo que ela não tivesse tanta certeza do porquê dessa diferença.
Ao ouvir os se aproximando para desmontar a aparelhagem e utensílios do palco, as duas crianças saíram correndo entre risadas. Deitaram-se na grama molhada de um pequeno morrinho que se encontrava atrás do circo. Aquele era o lugar deles, o cantinho onde conversavam e brincavam com as coisas que encontravam e com aquelas que inventavam com a própria imaginação. A criatividade que tinham era impressionante e não tinha limites.
Em um dia, criavam uma nova cidade - bem longe dali - completamente iluminada por vagalumes gigantes e repleta de borboletas azuis que voavam como os pássaros grandes. Nesse lugar, existia magia de verdade - uma bem mais legal do que aquelas coisas que o mágico do Circo fazia - e haviam guloseimas espalhadas por cada esquina, disponíveis para que todas as crianças se satisfizessem. Eles chamaram a cidade dos sonhos de Paraíso e achavam estranho que os adultos dissessem que essa palavra não deveria ser utilizada, já que era propriedade de Deus.
Havia ainda a criação mais recente deles: um universo em que era uma princesa bailarina e , seu maior fã. Lá, eles viviam dançando e rodopiando até caírem de tão tontos. Riam da saia enorme de , que soltava purpurina conforme ela acelerava a sua rotação.
- Queria mesmo poder ser uma princesa bailarina - a garotinha segredou, olhando para o rosto travesso do amigo.
Naquele momento, como por uma obra meticulosamente preparada pelo destino, um brilho cruzou o céu escuro, chamando a atenção dos dois.
- Uma estrela cadente - gritou, apontando. - Agora você tem que fazer o seu pedido de ser uma princesa bailarina. Ouvi dizer que a estrela é obrigada a realizar seu desejo depois que termina de cair.
fechou os olhos rapidamente, juntando as pequenas mãos para que o seu pedido tivesse ainda mais força.
- Eu quero ser uma princesa bailarina - pediu.
- Eu quero ser um corredor. - Foi a vez de .
- Será que vai mesmo se realizar?
- Espero que sim - ele admitiu. - É triste que cada estrela só valha um pedido. Queria mais estrelas...
se levantou, abraçando os próprios joelhos.
- Minha mãe diz que a gente deve fazer desejos quando assopramos as velinhas nos nossos aniversários. Temos as velas e as estrelas.
- Mas a gente só faz um aniversário por ano - reclamou. - E eu tenho um milhão de sonhos. Não acho que eu possa viver um milhão de anos. - Nós podemos dividir os desejos - sugeriu. - Assim, teremos o dobro de sonhos.
sorriu, demonstrando ter gostado da ideia. Deu um cutucão no ombro da amiga e gritou um "Te peguei! Está com você!" antes de sair correndo pelo campo aberto.
revirou os olhos, rindo, antes de sair correndo atrás do amigo.
Sob as estrelas não-cadentes, correram como se não houvesse qualquer outra preocupação na vida. Para eles, naquele momento, de fato não havia. A única coisa que realmente importava era a quantidade de sonhos que poderiam planejar dali para frente.

SETE ANOS

Um bolo de chocolate esfriava sobre a mesa, enquanto a cobertura escorria com tantas raspas de chocolate branco feitas à mão. Morangos e pirulitos decoravam o resto da mesa, juntamente a alguns papéis picados e coloridos com corantes. tinha os dedos completamente melecados de ganache e corria em volta da mesa atrás de , ameaçando esfregar o doce em seus cabelos. Ambos gritavam e corriam, esgueirando-se ao deparar com alguma mobília ou pessoa que atrapalhasse seu caminho.
- , - a senhora gritava, carregando uma grande jarra de suco de laranja. - Parem de correr, pelo amor de Deus! Vocês ainda vão derrubar algo pesado nas pernas!
- Vire essa boca para lá, mulher - reclamou, fazendo com que a mais velha revirasse os olhos. - Os aniversariantes têm direitos especiais.
- Não quando eles se machucam - sua mãe emendou. - Você não é imune a machucados, pestinha. Não vou limpar os ralados de ninguém depois!
A senhora voltou para a cozinha, deixando os pequenos sozinhos na sala, encarando um ao outro. Logo, os sorrisos arteiros tomaram conta de suas faces, servindo como um sinal de que a brincadeira estava definitivamente reiniciada.
empurrou o amigo com toda a sua força, conseguindo ganhar tempo e um espaço de distância. Ao se deparar com uma grande caixa no meio do corredor, a menina apoiou as pequenas mãos no objeto e jogou o próprio corpo para a frente, voltando os pés ao chão rapidamente após a perfeita cambalhota. Virou-se rapidamente para trás, esticando sua língua para fora em escancarado deboche com a situação do menino.
- Isso não vale! - reclamava, com os braços cruzados. - Você treina para o circo! Eu não sei fazer essas coisas. Não tem graça!
- Claro que vale! Sinto muito se eu sou tão melhor do que você.
- Em vez de tirar sarro de mim, você poderia me ensinar - ele reclamou, emburrado.
deu outra cambalhota incrivelmente bem articulada, com uma postura impecável. Ao se posicionar novamente ao lado do amigo, apertou a ponta do nariz dele entre risos.
- Eu ensino - cedeu. - Mas só se você der o seu primeiro pedaço de bolo para mim.
- Você é a minha melhor amiga, sua chata. É claro que o primeiro pedaço vai ser seu. E o seu primeiro pedaço vai ser meu - completou. - Essa é a graça de dividirmos o aniversário.
levou os dedos ao queixo, batendo os dedos na face como se estivesse pensando seriamente sobre aquela hipótese.
- Acho que vou ficar com os dois pedaços nesse ano.
- Mas isso não é justo! - reclamou.
- Parem de discutir e vamos logo cantar os parabéns - a mãe do pequeno chamou, trazendo os dois pelos pulsos até a grande mesa da sala de jantar.
e se colocaram de frente para o bolo, prontos para assoprar as velinhas e dar continuidade ao seu já antigo costume.
- Eu quero aprender a dar cambalhotas - ele pediu baixinho.
- Eu quero aprender a desenhar bem que nem aquele pintor da praça - ela murmurou, lembrando-se de todas as ilustrações que tanto a deixaram deslumbrada no dia anterior. Eram lindos e ela queria que suas mãos pudessem fazer coisas tão bonitas como aquelas.
- Agora, BOLO - gritou, enchendo a boca com as raspas de chocolate branco e torcendo para que aquilo não o deixasse enjoado na hora de tentar fazer suas acrobacias.

DOZE ANOS

estava deitada de bruços no chão, com uma almofada sob o abdômen. Os olhos permaneciam fechados com força, enquanto seus dedos finos pressionavam suas têmporas em um movimento circular constante. A pressão provocada não era uma solução completa, mas aliviava um pouco a dor de cabeça. Ao menos, era aquilo que sua mãe havia recomendado e ela preferia acreditar que funcionaria uma hora ou outra.
- Filha, por que não toma um banho? Vai te animar - a senhora sugeriu, passando as mãos carinhosamente pelos longos cabelos da menina. - Talvez até amenize as duas dores.
- Nada vai amenizar isso - a garota reclamava com a voz abafada. - Essa dor é insuportável demais para sequer sobreviver.
A mãe revirou os olhos ao ouvir aquelas palavras.
- Deixe de ser dramática que nenhuma mulher morreu por isso. Você só precisa se acostumar.
- Por que o universo é tão cruel? Qual é a necessidade disso, mãe?
A mais velha riu, afagando os cabelos da menor com gosto.
- Ninguém sabe, querida. Vai ver é um teste de resistência feminino.
- Uma queda do trapézio sem os colchões embaixo doeria menos que essa porcaria ridícula. - bufou, frustrada, enquanto se levantava para tomar o sugerido banho.
A senhora riu consigo mesma, lembrando-se da própria adolescência e de como também sofrera ao enfrentar a mesma situação tantos anos antes. As gerações iam e vinham, mas algumas coisas simplesmente eram intrínsecas a algumas fases da vida e não havia como pular momentos como aqueles. O primeiro dente, a primeira palavra, os primeiros passos, o primeiro desenho de autoria própria, o primeiro amigo e o primeiro amor; todos eram marcos assim como aquele era para - por mais que ela detestasse tudo que lhe cercava com todas as suas forças naquele momento.
Quando percebera os tons avermelhados em sua roupa, gritara a plenos pulmões pelo socorro da mãe, pensando que algo horrível tivesse acontecido. A progenitora, em completo desespero, foi ao seu resgate esperando que o pior pudesse ter se instalado. Teve de segurar o riso nervoso de alívio ao perceber do que se tratava o escândalo.
surgiu de volta, com uma toalha prendendo os cabelos molhados no alto da cabeça. Já trajava seu collant rosado, trabalhado em pedrarias na região do pescoço e dos braços. tinha ajudado a escolher o modelo e as cores, apoiando cada mísero instante da jornada da garota na transição das acrobacias no solo para as barras do trapézio.
A pequena Burton se encantara pelos movimentos acrobáticos aéreos ao longo dos anos e implorara para que o pai lhe ensinasse algumas coisas. Usara a desculpa de que era apenas um momento de curiosidade, mas escondia a real intenção de ocupar o posto de trapezista feminina no circo da família. Sabia bem como toda a plateia tinha os olhares completamente presos ao trapézio durante as apresentações - ela mesma mal conseguia se lembrar de piscar. Era isso que ela queria: maravilhar a todos, receber os aplausos de várias pessoas que adoravam aquilo que ela era capaz de fazer. Queria desenvolver aquele talento e ser reconhecida por ele.
foi o primeiro a se animar verdadeiramente com a ideia e apoiar cegamente as novas vontades de sua melhor amiga. Fez questão de acompanhá-la nas provas do collant e presenciar seus primeiros treinos. Foi o primeiro a sair correndo e gritando ao comemorar a primeira acrobacia perfeita que ela fez. Era simplesmente a amizade mais pura que aqueles que os conheciam já haviam visto.
- Acha que o virá para a sua apresentação? - A mãe perguntou, sabendo que aquilo era importante para a autoconfiança da pequena.
- Ele disse que não - respondeu, tentando esconder a profunda decepção. - Acho que ele ia visitar a avó ou algo assim. Não importa.
A mulher segurou o riso, sabendo que aquela indiferença era completamente fingida. Às vésperas do aniversário dos dois, tudo o que a pequena mais poderia querer era a companhia de . Desde que se afeiçoaram, não haviam passado um doze de junho sequer longe um do outro. Todas as estrelas e velas tinham sido compartilhadas, juntamente com seus respectivos desejos. A decepção de era palpável e justificável, fazendo com que a senhora se apiedasse da situação. Queria poder contar para ela o que a esperava, mas detestaria estragar tudo.
- É uma pena, minha pequena – assumiu. – Mas logo ele estará de volta e vocês poderão passar um bom tempo juntos para recuperar esses dias afastados.
- Não quero e não preciso vê-lo. Não tem pena alguma nisso.
Dito isso, saiu batendo os pés no piso, deixando sua mãe rindo atrás de si. Se ela apenas soubesse o que lhe aguardava...

*****

Naquela noite, o público parecia especialmente animado. Os gritos animados e os aplausos frenéticos faziam com que a ansiedade de aumentasse enquanto ela aguardava a sua entrada atrás das cortinas. A cada dia de apresentação, ela se perguntava se, em algum momento, chegaria o dia em que aquele frio na barriga diminuiria e o seu coração encontraria um ritmo abaixo, comportando-se de forma normal. Na verdade, ela duvidava muito.
Com o anúncio da conhecida voz grossa de seu pai pelo ambiente, se sentou em um dos trapézios, pronta para iniciar o seu número de acrobacias aéreas. Sob as palmas animadas da plateia, lançou os braços para a frente, deslocando o seu peso por completo até que suas mãos agarrassem com firmeza a barra que pairava pendurada no lado oposto do teto. trocava os dedos de apoio com total destreza, jogando o seu corpo sobre o aparato.
Arriscava saltos de uma barra para a outra, impulsionando ora os membros superiores, ora os membros inferiores. Enroscava as pernas no trapézio, encaixando o vão na parte de trás dos joelhos com toda a força que conseguia a fim de apoiar o próprio corpo e poder se movimentar no aparelho utilizando apenas a força de seus músculos abdominais – que por uma graça fisiológica mal sentiam as dores de mais cedo de tanta adrenalina que corria por sua corrente sanguínea, pulsando por cada uma de suas veias.
Terminou o seu número no tecido acrobático, seu primeiro lar no circo. Seu corpo se enrolava e desenrolava com extrema flexibilidade e destreza, cativando todos os olhos que pairavam sobre ela. Parecia quase impossível que alguém fosse tão forte e delicada ao mesmo tempo, ainda mais com a pouca idade. Seus pais não poderiam estar mais orgulhosos ao ver que a filha não só se apaixonara por aquilo que vinha sendo o legado da família como também como também era absurdamente boa naquilo que ansiara por fazer.
Quando terminou o seu número, desvencilhando por fim do tecido, tomou alguns passos para se aproximar da plateia antes de inclinar o corpo majestosamente a fim de agradecer pelos aplausos. Ao levantar sua cabeça, deu de cara com o largo sorriso que, internamente, ela estava doida para receber. Queria socar com todas as suas forças por tê-la deixado acreditar que estaria sozinha naquela noite, mas, quando o viu acenar para ela, sentiu seu coração se aquecer de novo com a presença do melhor amigo. Não estava sozinha, afinal, e a violência não seria de grande ajuda para manter aquele cenário que ela tanto gostava.
Com um aceno de cabeça, compreenderam o sinal de que deveriam se encontrar nos fundos do circo. se esgueirou por meio da plateia, tentando ao máximo evitar acotovelar ou esbarrar em alguém pelo caminho. Apesar da pressa que tinha, sua mãe havia lhe ensinado muito bem sobre como se comportar educadamente e pedir licença ao passar. Por mais que talvez ela nunca fosse saber, sua consciência bem educada jamais permitiria que ele dormisse em paz sob a mínima hipótese de ter machucado ou incomodado alguém na passagem.
- Eu não acredito que você mentiu para mim – reclamou imediatamente ao vê-lo, posicionando-se com os braços cruzados e os olhos fuzilando-o com toda a raiva que ela era capaz de agrupar de uma só vez.
sorriu levemente, tentando não rir da garota de forma a dar a ela ainda mais motivos para se irritar.
- Não pense nisso como uma mentira. Era só uma surpresa, na verdade. Sua mãe sabia, inclusive – ele admitiu, despertando ainda mais a fúria da garota.
- A minha mãe? Eu não acredito que vocês dois foram capazes de fazer isso comigo.
- Não a culpe – ele pediu. – Ela só fez isso para que eu pudesse te fazer uma surpresa. Não foi por mal, nós pensamos que você iria gostar.
fez um biquinho triste, torcendo para que o coração de decidisse perdoar aquela carinha de cachorrinho que acabara de despencar da mudança. Esperava que o coração da menina fosse mole o suficiente para isso. Foi o revirar de olhos da garota que o fez perceber que ela já o havia desculpado por tudo.
- Qual é? Você achou mesmo que eu passaria o nosso aniversário longe de você? Já é dia doze, sabia?
- Você é ridículo – reclamou.
- Eu sei, eu sei. Mas eu trouxe bolo – ele disse, sorrindo abertamente enquanto retirava uma vasilha de plástico da mochila que trazia nas costas.
Dentro do recipiente estavam dois pedaços de bolo de chocolate com confeitos, exatamente do jeito que eles comiam todos os anos. Só faltava uma coisa muito importante.
- Não tem velinhas – comentou.
- Não. Sinto muito – respondeu triste. – Mas não é por isso que não podemos fazer os nossos desejos. Se o objetivo da coisa é ter o direito de pedir algo por ser o seu aniversário, então podemos fazer isso aqui e agora mesmo sem apagar as chamas de uma vela.
sorriu, concordando com a ideia. Ambos seguraram seu respectivo pedaço de bolo entre as duas mãos e fecharam os olhos, pensando na melhor parte de todo dia doze de junho.
- Eu quero que o meu melhor amigo pare de mentir para mim – falou.
- Eu quero que a minha melhor amiga aceite que ela é a pessoa mais importante no mundo para mim e tudo o que eu faço é para tentar tirar um sorriso dela – pediu, abrindo o olho sorrateiramente para observar a reação da garota.
- Você é ridículo – ela disse. – Desperdiçou o seu desejo com uma coisa tosca dessas.
- E você não? – riu, zombando da amiga. – Tudo bem. Tenho vários desejos guardados para os próximos anos.

QUINZE ANOS

se olhava fixamente no espelho, analisando cada mísero detalhe de seu próprio rosto. Os pelos que, nos últimos meses, tinham despontado pelo seu queixo começavam a engrossar e escurecer, aglomerando-se em um montinho disforme que mal formava um protótipo de barba. Mesmo assim, aquilo era tudo muito estranho. Aquelas coisas não podiam simplesmente aparecer no rosto dele como bem entendessem.
- Ainda traumatizado com seus pelos faciais? – A senhora tirava sarro do próprio filho, percebendo as suas reações de estranheza e rejeição às mudanças do próprio corpo. – Ficar encarando não vai fazer com que eles sumam ou desistam de te atormentar.
- Sério, mãe? Obrigado pela informação. Acho que eu ainda não tinha percebido.
- Nada de ser grossinho comigo, garoto – ela avisou. – Não é só porque você está se tornando um adulto que pode começar a me desrespeitar. Eu continuo sendo sua mãe e você continua sendo meu filho que me deve obediência. Estamos entendidos?
- Sim, mãe – ele concordou, arrependendo-se imediatamente. Ele não era assim e tanto ele quanto a sua progenitora sabiam muito bem disso. – Perdão.
Algumas batidas à porta afastaram a senhora do quarto do garoto, levando-a a caminhar calmamente até a porta. usou o tempo para terminar de vestir algo mais adequado do que a sua bermuda velha preferida. Escondeu a peça no fundo de sua gaveta de meias, sabendo que lá sua mãe não a encontraria tão cedo. Ao menos, era essa a sua torcida já que sabia que, se ela a encontrasse, com certeza jogaria no lixo sem pensar uma segunda vez. Provavelmente não pensaria uma vez sequer.
- Ora, ora, se não é o segundo aniversariante mais bonito do dia – a garota disse ao se escorar na porta do quarto de . – Já escondeu a bermuda? Fiz questão de enrolar a sua mãe um pouquinho perguntando sobre a receita nova de pão de calabresa que ela fez.
- Escondi. O pão, por incrível que pareça, é ótimo. E eu sou o aniversariante mais bonito do dia. Você pode ocupar o posto de vice – respondeu antes de correr para esmagar a amiga em um abraço de urso.
- Não precisa me matar, seu retardado – ela reclamou, acariciando as próprias costelas nos pontos em que ele tinha exagerado na força. – Até parece que você não me vê há anos. Se eu soubesse que você estava prestes a morrer de saudades eu teria vindo antes. Ou não. Talvez eu deixasse você morrer mesmo. Um ego inflado a menos nesse mundo pequeno.
- Você é ridícula, sabia?
- Sabia. Mas você me ama mesmo assim. – Com um tapinha na ponta do nariz do amigo, saiu saltitando pela casa do garoto em direção ao conhecido caminho da cozinha, seu lugar preferido naquela residência.
- , querida – a senhora aproveitou a presença repentina da garota. – Eu preciso tomar um banho para tirar esse cheiro de fritura do meu corpo. Você e o podem adiantar a finalização da decoração do bolo de vocês? As coisas estão no armário ao lado do fogão.
começou a reclamar qualquer coisa impossível de se entender, fazendo revirar os olhos instantaneamente pela chatice dele. Não havia nada que ele fosse capaz de fazer sem reclamar.
- Nós faremos um bolo lindo – ela prometeu. – Pode tomar o seu banho em paz. Aproveite para tirar um descanso de beleza. Eu cuido do chato juvenil aqui. – esfregou os cabelos do amigo avidamente.
Com a senhora fora da cozinha, prontamente se sentou em uma das cadeiras e jogou a cabeça e o tronco sobre a mesa em pleno sinal de derrota. Toda vez que a mãe pedia que ele usasse algum de seus – ausentes – talentos culinários, ele tinha vontade de socar a cabeça naquela pedra esquisita do tampão da mesa até que ficasse inconsciente.
- Para de ser folgado e vem me ajudar – ela reclamou, passando uma colherada de chocolate branco derretido no braço do amigo.
- Nossa. Agora você vai ver – avisou, antes de passar os dedos pelo braço e lamber o doce. – Acho bom você correr.
Com um gritinho, saiu correndo, escondendo o próprio rosto com um pano de prato enquanto implorava para que ele ao menos tivesse piedade do cabelo dela. Apelar para seus longos fios era maldade demais até para ele, que sabia bem como dava trabalho lavar toda aquela cabeleira.
Quando conseguiu chegar até a amiga, fez questão de espalhar o chocolate por todo o seu rosto, desenhando em suas bochechas e escrevendo o próprio nome na testa da amiga juntamente a um coração. A garota ainda tentou se debater sem sucesso algum, só conseguindo arrancar mais risos do garoto.
- Você pode ter o dobro de resistência física e força que eu tenho, mas eu ainda sei o seu ponto fraco e, se você resistir, eu apelo para o cabelo. A testa já está toda suja e tem uns fios tão próximos...
- Está bem, está bem – ela cedeu. – Eu me rendo. Por favor, tenha piedade dos meus cabelinhos bebês.
tentou controlar a própria risada, já sentindo seu abdômen doendo pelo esforço exagerado. A garota o encarava em um misto de graça e desprezo por sua atitude e, olhando nos olhos dela, ele acabou deixando que algumas palavras, que há tempos segurava, acabassem saindo como em uma cascata impossível de ser parada.
- Sabe de uma coisa? Eu tive muito medo de que talvez você não viesse – admitiu. – Desde que você e o Kenan começaram a namorar, as coisas acabaram mudando de um jeito que eu não consigo explicar. Não é ciúmes e nem despeito, é só que o clima sempre ficava estranho quando nos encontrávamos, como se ele não me aceitasse por perto. Pensei que você fosse passar o seu aniversário com ele e não comigo.
- Primeiramente, gostaria de dizer o quanto você é louco! – disse, fitando o amigo bem no fundo de seus olhos. – Nosso aniversário é o dia mais importante do ano inteiro e eu jamais comemoraria com outra pessoa. É o nosso momento anual, poxa. Não acredito que você realmente cogitou que eu pudesse fazer uma coisa dessas.
- E a segunda coisa?
- Eu e o Kenan terminamos há alguns dias. Não estava mais dando certo. Ele decidiu que se eu quisesse continuar com ele, teria que parar de ver você. Então, eu respondi que não queria mesmo continuar com ele e agradecia pela oportunidade de terminar de uma maneira mais bacana.
arregalou os olhos, descrente.
- Eu não fazia ideia. Eu sinto muito mesmo, . Não queria destruir o seu namoro.
- Não destruiu. O relacionamento já estava acabado a partir do momento em que ele decidiu tentar ser mais importante do que o meu melhor amigo. Ele não entendeu que existem outras pessoas na minha vida e isso é problema dele. Não sou o cachorrinho de ninguém para agir como se tivesse de obedecer a um dono. No fim das contas, ele que perdeu.
- Mas o que foi que vocês fizeram? – A senhora estava parada na porta da cozinha, encarando aquela bagunça de chocolate pela mesa e pelos corpos dos adolescentes. agradecera mentalmente por ela ter interrompido a conversa, impedindo que ela tomasse um rumo que ela não queria enfrentar. Não queria discutir o término. Ao menos não naquele momento.
- Decoração? – arriscou, com um sorriso amarelo.
- Não acredito que confiei em vocês. Vamos cantar os parabéns e depois vocês vão limpar a cozinha toda porque eu não sou obrigada a lidar com essa anarquia que vocês fizeram. Acho que voltamos no tempo, porque isso parece um aniversário de cinco anos e não de quinze!
e abaixaram a cabeça como cãezinhos arrependidos, mordendo os próprios lábios com força de forma a tentar esconder o riso que queria sair e ocupar todo o ambiente.
Após a cantoria, os adolescentes assopraram suas velas. Mal acreditavam que estavam mesmo fazendo quinze anos.
- Eu quero um cara que saiba me aceitar e me tratar como eu mereço – pediu baixinho, ainda dolorida com toda a situação dos últimos dias. Queria se fazer de forte e inatingível, mas era impossível esconder a mágoa e a decepção de enfrentar aquele tipo de comportamento de alguém que ela julgava conhecer tão bem.
- Eu quero que esses pentelhos do meu queixo decidam logo se vão ou se ficam – disse, tomando uma cotovelada da melhor amiga pela brincadeira.
Em silêncio, ele fez seu verdadeiro pedido. Só queria que ela percebesse que já havia um cara exatamente desse jeito ao lado dela.

DEZESSETE ANOS

O senhor e a senhora estavam fora da cidade, divulgando os novos números do circo nas localidades vizinhas para tentar atrair mais visitantes em especial aos fins de semana. e se ofereceram para organizar o picadeiro após a última apresentação e vigiar o local durante a noite. Com a expansão das cidades, a violência vinha aumentando e, apesar de a região ainda ser um tanto calma e afastada, locais vazios acabavam mais propensos a pequenos assaltos. E os não poderiam arcar com o luxo de perderem algo em um momento tão delicado financeiramente para a família.
O mundo estava em movimento constante e parecia um peão que nunca perdia a força e não parava de girar. Na verdade, ele só acelerava freneticamente. Novas empresas criavam novos dispositivos e inéditas formas de entretenimento que chamavam mais a atenção do que aqueles velhos números circenses. A modernidade parecia prestes a tirar deles o seu próprio sustento e não era possível disfarçar a preocupação diante daquele cenário. só esperava que as novas apresentações fossem o suficiente para atrair um novo público. Eram tantas ideias e tantas tentativas...
Naquela tarde, fora que decidira se arriscar na cozinha e seguir a receita do bolo de chocolate tradicional que os faziam em todo aniversário. Era o doce comemorativo dos eventos familiares – o que incluía desde sempre – e, por isso, ele precisava fazê-lo. Era uma questão de honra.
- Hora de cantar uma música nova de feliz aniversário – anunciou, trazendo o bolo completamente torto e parcialmente tostado nas pontas. – Chama “Parabéns para você”, espero que seja uma novidade para você.
riu, acendendo as pequenas velas com uma caixa de fósforos que ela guardava no bolso da jaqueta. Cantaram as congratulações só os dois, sabendo que a companhia do outro tornava aquele momento muito menos solitário. Não havia qualquer companhia melhor que aquela.
- Eu só quero que tudo dê certo para os meus pais – ela pediu, apertando os próprios dedos com força como se aquilo pudesse aumentar a intensidade de seu desejo o suficiente para que ele se realizasse de fato. Mesmo que a tradição dos pedidos de aniversário fosse apenas um costume batido, naquele momento, mais do que nunca, ela esperava poder encontrar um fundo de verdade que fosse na possibilidade de realização.
- Eu só quero que você me ensine a dançar – pediu, rindo baixo com a expectativa certeira da reação de sua amiga.
o olhou com a careta mais esquisita que ele já havia visto no universo.
- Como assim? Do que você está falando?
- Eu tenho um casamento de alguns amigos importantes do meu pai. Parceiros de comércio, você sabe bem como esse povo é. Minha mãe disse que eu precisava dar um jeito de aprender a dançar ou pelo menos fingir não ser um tapado completo na pista em meio aos adultos da alta sociedade. Foi aí que eu pensei: quem melhor que a minha melhor amiga para me ensinar? Pelo menos você já tem expectativas baixas sobre mim.
riu com a ideia, meneando a cabeça em um misto de negação com descrença. Não era possível que ela estivesse ouvindo aquilo corretamente. ? Dançando?
- Você não pode estar falando sério – afirmou.
- Por incrível que pareça, eu estou. Momentos desesperadores pedem medidas desesperadas. Qual é, ? Eu não preciso virar um dançarino profissional num passe de mágica. Tudo o que eu quero é ter noção o suficiente para não fazer os meus pais passarem vergonha.
- Se você insiste... – Ela finalmente deu o braço a torcer. – Bom, coloque esse braço em torno da minha cintura e o outro você estende aqui em cima, segurando a minha mão. – Enquanto falava, coordenava os movimentos de , guiando os braços dele por sua cintura.
O rapaz sentiu um calafrio percorrer todo o seu corpo ao ter a sua pele tocando a de com tanta proximidade. Era estranho que, depois de todos aqueles anos, ele sentisse aquelas coisas tão esquisitas em seu estômago e em seu coração. Sua cabeça sequer conseguia formular um pensamento por completo. Era como se algum circuito dentro dele simplesmente tivesse decidido deixar de funcionar por conta própria. Era simplesmente ridículo.
- Tente acompanhar os meus movimentos – disse ao posicionar sua mão no ombro dele. – Um passo para frente, um passo para trás. Um para frente, um para trás. Frente, trás.
Repetiram o movimento até que conseguisse adequar o tamanho de sua passada à de , compreendendo o ritmo que deveria seguir.
- Ótimo – ela elogiou. – Agora que você entendeu, pode fazer isso enquanto vai rodando pelo salão. Tente não pisar no meu pé.
Com o tempo, o rapaz foi se soltando, conseguindo até dar alguns sorrisos para a garota. Olhar em seu rosto sereno dava a ele a tranquilidade que precisava para se esquecer – ou quase – daqueles passos repetitivos, da postura ereta de sua coluna e da posição exata em que seus braços deveriam se manter. o deixava tão confortável que ele logo prosseguiu com as coordenadas dela sem precisar raciocinar sobre as mesmas.
- Agora, eu vou abrir assim e voltar – ela disse, soltando-se dos braços dele por alguns instantes só para retornar aos seus braços imediatamente.
Ao se reajustar nos braços dele, fixou seu olhar naqueles grandes e brilhantes olhos que ela conhecia como ninguém há tanto tempo. Cada traço daquele rosto era como um mapa que ela estudara por anos. Conhecia cada um dos mais singelos detalhes e poderia dizer a mesma coisa. A única coisa que nenhum dos dois compreendia era aquele ritmo cardíaco descontrolado, descompassado, mais forte do que nunca.
Como em uma atração magnética, aproximou seu rosto do de , encostando seus lábios aos dela ao perceber que seus olhos já haviam se fechado completamente. Ela permitiu que ele se aproximasse mais, encorajando-o ao passar os braços em torno de seu pescoço.
Quando se afastaram para buscar o ar, deu alguns passos para trás. Arrumou o cabelo na tentativa de se recompor e ignorar o que tinha acabado de acontecer.
- Desculpa – começou. – Foi um erro.
- Foi mesmo? – perguntou. – Para mim, foi uma das coisas mais certas que eu já fiz em toda a minha vida.
Ao ouvir aquelas palavras, o coração dela disparou novamente. Tinha a certeza de que ele sentia o mesmo que ela e não fugiria mais de seus braços. Nunca mais.

VINTE E DOIS ANOS

tinha se tornado definitivamente a melhor trapezista que todos já tinham visto – mesmo que tivessem visto poucas. Era tão habilidosa que não só chocava sua plateia, como também conseguia arrancar algumas lágrimas de completa emoção em alguns momentos.
Seu collant novo se encaixava melhor às novas curvas de seu corpo, que se tornava mais forte a cada dia pelos exercícios nas barras fixas e no tecido acrobático. Mantinha a alta quantia de pedrarias e brilhos daquele que usara em sua adolescência, mas agora era lilás – sua nova cor preferida. Os movimentos eram ainda mais complexos e precisos, com acrobacias de extrema dificuldade que lhe rendiam os mais exasperados aplausos. Não poderia ser mais realizada.
se tornara gerente dos negócios de seu pai, mas tinha planos latentes para abrir o seu próprio estabelecimento. Queria manter o legado da família , mas também desejava intensamente poder construir o seu próprio negócio do zero. Queria ter a satisfação de planejar e criar algo com as próprias mãos e poder colher os frutos daquilo que semeara. Acima de tudo, queria poder fazer isso ao lado da mulher que ele tanto amava.
Após tantos anos da mais pura amizade e alguns construindo uma relação de cumplicidade que abordava também o âmbito amoroso, não sabia mais descrever uma vida sem a seu lado. Não conhecia palavras ou meios de estabelecer o que ele seria sem ela. Nunca conhecera a própria imagem sem a companhia da mulher e devia dizer com cada sílaba que não gostaria de fazê-lo.
Já era noite quando os dois se encontraram para comemorar a anual tradição do fechamento de mais um ciclo. Uma toalha xadrez repousava sobre a relva do mesmo morro em que brincavam na infância. O circo e os arredores eram como baús de memórias infinitas de toda a vida que compartilharam. Não poderia haver lugar melhor para aquela comemoração.
Compartilhavam, entre risos, uma garrafa do vinho preferido dos e alguns frios. Conversavam sobre qualquer coisa, imaginando como seria a casa em que viveriam no futuro, quantos filhos correriam pelos seus corredores e se teriam ou não algum animal de estimação. Relembravam a própria infância e desejavam avidamente que seus futuros descendentes tivessem a mesma sorte de conhecerem uma vida tão bela e amizades tão verdadeiras como a que eles tinham. Só viveu de verdade aquele que teve para si um bom amigo.
- Acho que já está tarde – analisou. – Creio que seja a hora de partirmos o bolo.
- Vou pegar as velas – respondeu animada, virando-se para procurar os objetos em sua bolsa. – Droga, não estou achando. Será que eu...
Ao se virar, se interrompeu pela surpresa da situação. Seu queixo caiu, evidenciando seu completo estado de choque. estava parado em sua frente, apoiado sobre os próprios joelhos de forma a se manter à sua altura, com uma pequena caixa aberta que evidenciava um anel reluzente.
- , você aceita se casar comigo?
Ela sorriu ternamente, percebendo uma umidade em sua face que confirmava que lágrimas já escorriam por suas bochechas.
- É claro que eu aceito – respondeu e praticamente se arremessou aos braços do amado. Permitiu que suas mãos segurassem delicadamente seu rosto para que o beijasse com todo o amor que sentia. Aquele amor imensurável, incondicional e incontestável.
Quando finalmente partiu o bolo, tornou a se lembrar da questão das velas.
- Como vamos fazer nossos pedidos?
- Não preciso de mais nada – respondeu, depositando um beijo carinhoso na testa da mulher. – Já tenho absolutamente tudo o que eu quero nessa vida.




FIM



Nota da autora: AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA FELIZ DIA DOS NAMORADOS, COISAS MAIS LINDAS E CHEIROSAS DO UNIVERSO!
Essa história foi uma coisinha bem curta, mas muito especial para mim. O plot nasceu do filme "The Greatest Showman" - QUE TODO MUNDO DEVERIA VER - e espero que vocês tenham gostado dessa coisinha mais água com açúcar.
Espero que tenham gostado da história e, por favor, digam o que acharam aqui nos comentários.
Para mais informações sobre minhas histórias, entrem no grupo.









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04. Warning
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10. Is it Me
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Dark Moon
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