Finalizada

Capítulo Único

detestava aquela época do ano, toda aquela falsidade velada e aqueles sorrisos forçados. Nunca e em hipótese alguma concordava em comemorar, seja em casa ou na casa dos amigos – que o convidava sempre – ou de parentes.
Odiava como a própria vida, tudo que envolvia: Luzes piscando, neve e canções irritantes e chicletes, que a época trazia. Não tinha um motivo aparente para que ele detestasse aquela época do ano, só tinha uma aversão, e nem o fato de estar ao lado de , que era a pessoa mais natalina que já colocou os pés na terra, o sentimento dele não mudou nada quanto a data, dentro dos três anos de relacionamento.
― Por favor! ― insistiu fazendo biquinho.
― Eu já disse mil vezes que, , que eu detesto essas coisas. ― disse imitando o mesmo biquinho da namorada.
― Mas é tudo tão mágico, amor, e os meninos estavam tão empolgados na ligação. ― arrumou a postura, mas continuou com o tom de pidona. ― Fora que é o primeiro natal da Yerin e nós nem fomos até a Coréia desde o nascimento dela, você é um péssimo tio. ― Ela concluiu, e estava certa, fora que estavam devendo uma visita para os Kim, há muito tempo.
Os dois estavam juntos há pouco mais de três anos e em todas as comemorações de final de ano, ela ia sozinha a festa dos amigos, ou passava os feriados com sua família, morria de saudades do namorado, mas não podia arrastar ele para os eventos ao qual ele não se sentia bem. Salvo aquele ano, que estava disposta a mostrar, não só para ele mesmo, o tamanho da saudade que eu tinha dos amigos e tentava esconder, quanto a verdadeira magia do natal.
O Natal era de longe o feriado preferido de , se lembrava com muito carinho das comidas gostosas, que comeu ao longo dos anos, dos sorrisos calorosos e enormes, da felicidade em receber presentes e quando cresceu, do quentinho no coração, em fazer boas ações, doações e todo aquele espírito de partilha e união.
já tinha aceitado o convite dos amigos e confirmado a presença do casal, aquele seria o primeiro natal da filha de um dos melhores amigos dele, que consequentemente virou muito amigo dela também. Ela conversava com a esposa de Chen, todos os dias, e principalmente com a distância, era difícil conseguir reunir todos os amigos como aconteceria aquele ano.
― Eu juro que nunca mais te peço nada nesse sentido e garanto que você vai se divertir, por favor, meu amor, vamos? ― Ela uniu as mãos e ficou esfregando uma na outra em súplica.
sabia que a namorada não iria parar de insistir até que ele aceitasse, e ela não insistiria tanto, sabendo como ele se sente, se não fosse algo realmente importante para ela. Sabia que ela já tinha sido compreensiva todos aqueles anos e ela nunca reclamou ou cobrou nada dele, afinal, cada um tinha o direito de viver da forma que desejava, então tudo bem, fazer aquilo uma vez por ela.
― Olha ― Ele respirou fundo, quase se arrependendo de sua decisão. ― Eu vou, mas vamos fazer isso só dessa vez, e se eu não me sentir confortável eu volto para o hotel, ok? ― Finalizou sério, olhando nos olhos dela.
― AAAAA, eu te amo, te amo, te amo! ― pulou em cima do namorado e começou a encher o rosto dele de beijinhos.
― Se eu soubesse que ganharia tantos beijinhos, eu teria aceito antes. ― Ele disse rindo em um tom mais leve, do que a conversa que estavam tendo antes. ― Temos que reservar as passagens e o hotel. ― Finalizou, segurando a namorada pela cintura e dando um beijinho na ponta do nariz dela.
― Já está tudo ok amor, nosso vôo sai amanhã de manhã para dar tempo de fazer o check in no hotel e comprar uma lembrancinha para minha mãe.
O Sorriso de ia de orelha a orelha e ela estava realmente radiante, nem o fato dela já ter contado com o ovo, antes da galinha, o fez não sentir todo aquele amor aquecer seu peito, ele sabia que amava ver a namorada feliz, e ali ele teve certeza que o que acontecesse de ruim, o sorriso dela compensaria.
― Vamos assar biscoitos em formato de árvore de natal? ― disse animada, depois de ficar um tempo sorrindo igual boda e confirmar a confirmação com os amigos.
― Por que você está forçando nossa amizade dessa forma, ? ― perguntou, rindo em um tom de brincadeira.
― Só porque você não vive sem mim, Zhang! ― Ela devolveu no mesmo tom e os dois começaram a rir.
Aquele papo não livrou o rapaz de ser o ajudante oficial da namorada na cozinha, e se precisassem levar algo de comer para os amigos, não poderia ser nada muito grande ou muito pesado, biscoitos eram a medida certa. estava ansioso pela viagem, faziam alguns longos meses que não ia ao país em que conheceu os amigos, e sabia como era viajar aquela época do ano, todas aquelas famílias com crianças, coisas decoradas neve e eventuais atrasos, com aqueles pensamentos, foi ali que mais uma vez, se arrependeu da decisão que tomou.
― Vamos? ― disse animada, na manhã seguinte, as malas estavam prontas, os dos muito bem agasalhados e todos os documentos e papéis necessários para o embarque e desembarque!
― Fazer o que, né? ― Ele respondeu, tomando coragem para colocar o pé para fora de casa.
― Ora, cadê sua animação? Vai, um sorrisinho? ― foi tão fofa que , pensou que poderia explodir de amor, era impossível não se apaixonar por aquela mulher todos os dias da vida dele, e o sorriso brotou em seus lábios, automaticamente. ― Bem melhor assim, agora vamos que nosso carro está esperando.
E lá estava o carro por aplicativo que eles pediram para o trajeto até o aeroporto, com um motorista com um gorro vermelho de Papai Noel e enfeites pendurados pelo carro todo, tudo que precisava era começar sua viagem, naquele carro, fazendo cosplay de trenó.
O aeroporto como a imaginação do rapaz presumiu, estava cheio, crianças correndo para todos os lados, muitas árvores de natal e enfeites espalhados por todos os lados, não se lembrava da China ser tão festiva aquela época do ano, mas com a globalização e os muitos turistas que a Ásia vinha somando durante todos aqueles anos, fez da data mais comercial do que ela já era, e transformou um simples aeroporto em um grande cenário daqueles filmes clichês de natal.
Não eram nem 8 da manhã, e aquele era o maior problema para ele, como as pessoas conseguiam ter aquela energia e animação àquela hora da manhã? Com aqueles sorrisos enormes e tão solicitas – claro que a grande maioria das pessoas naquela situação eram os estrangeiros e os nativos mais novos e antenados.
― Seu café! ― chegou com o mesmo sorriso no rosto, que a garotinha que acabara de passar na frente de , com um urso enorme de pelúcia.
― Você é a melhor. ― Ele deu um gole do líquido quente e sentiu, que dali em diante, poderia enfrentar tudo, não era ninguém, antes de tomar seu café.
― Você acredita que o zíper dele imperou e para não estragar o natal das crianças, ele vai viajar vestido de Papai Noel? Eu acho que ele é o verdadeiro Papai Noel, mas seu trenó está no concerto. ― disse, indicando com a cabeça, um homem enorme, vestido de Papai Noel, parado ao lado da loja de café.
― Ah não, não me diga que ele está indo para a Coréia? ― Sentiu o líquido descer mais amargo do que costumava ser.
― Sua cara está muito engraçada, eu preciso tirar uma foto. ― Ela tirou o aparelho celular do bolso e tirou uma foto no namorado com cara de pânico com aquela possibilidade.
― Eu estou falando sério, meu amor, se esse homem entrar no vôo com a gente, vai ser uma loucura. ― Ele bebeu mais café, para ver se conseguia digerir aquela questão.
― Eu não perguntei, mas como conversamos em coreano, eu acredito que sim. ― Ela estava se divertindo enquanto tomava seu chocolate quente com as caretas que o namorado fazia.
― É sério , eu não estou pronto para isso. ― O tom dele era um pouco desesperado àquela altura.
― Relaxa neném, é natal, se ficar rabugento assim, vai acabar virando o Grinch. ― Ela só conseguia zuar o namorado, claro que entendia o fato dele não gostar das festividades, mas era engraçado demais ver ele reclamando de tudo.
A chamada para o vôo em que embarcaram demorou meia hora a mais do previsto para ser anunciado, devido a um problema técnico com o piloto, que foi prontamente substituído, por outra pessoa para que nada acontecesse durante o percurso. E, claro , durante aqueles 30 minutos, só conseguiu fazer algumas caretas, controlando as reclamações, sabia que não era legal, mesmo que, aquela altura fosse quase inevitável, não pensar em sua cama quentinha e como ele podia estar deitado, assistindo alguma série que ele tinha deixado pela metade, pela correia da carreira antes daquela pausa, ou até mesmo dormindo, só esperando a noite de natal chegar, para pedir uma comida aleatória e dormir mais até que a namorada chegasse em casa com mais comida que as pessoas faziam questão que ela levasse para ele.
Ele gostava realmente daquilo e do fato de as pessoas que conviviam com eles, entenderem e aceitarem também aquela decisão. E ali, com a bunda quadrada de esperar, sentado naqueles bancos gelados do aeroporto, nunca quis tanto poder voltar no tempo e recusar com firmeza aquele pedido.
Por sorte a viagem não demoraria tanto, mas tempo o suficiente para que ele tirasse um bom cochilo, e nada confortava mais sua alma que dormir – ainda mais quando levantou tão cedo, quanto naquele dia. Então se sentou confortavelmente em sua poltrona, previamente marcada, colocou seus fones de ouvido e quando estava para fechar os olhos, viu, com sua visão periférica, algo, enormemente vermelho sentar-se ao seu lado, quando o comissário de bordo, começou a dar as instruções de vôo.
Só podia ser alguma pegadinha da namorada, por ele não gostar daquela época do ano, ele não queria acreditar no que estava acontecendo – era surreal demais aquilo ser só coincidência. Má sorte demais, para alguém com aversão ao feriado.
― Amor, não surta... ― Ele ouviu a namorada sussurrar baixinho no ouvido dele, pouquíssimo tempo depois que a figura sentou. ― Mas o Papai Noel... ― Ela não conseguia controlar o riso enquanto tentava ser o mais discreta possível. ― Está sentado ao seu lado.
― Isso é coisa sua, não é? ― Ele devolveu no mesmo tom, sem chamar muita atenção das pessoas ao redor para aquela conversa.
― Olha... Eu queria muito ter tido essa ideia, mas por sorte eu não tive que gastar dinheiro contratando ninguém. ― Ela se arrumou em sua própria poltrona e agradeceu mentalmente ao universo, aquela viagem estava mais divertida que o esperado.
― Eu só queria uma viagem tranquila, de presente de natal. ― Ele afundou em seu assento, quando, depois da decolagem, algumas crianças, foram até a figura vestida de Papai Noel, entregar seus pedidos de natal.
tinha que admitir – como não conseguiu dormir – olhando para aquela cena, em que, pequenas pessoas envergonhadas, chegavam perto do homem vestido de Papai Noel, entregavam suas cartinhas e seus rostos iluminavam automaticamente, era uma das coisas mais fofas que ele já tinha presenciado em toda a sua vida. As palavras cheias de esperança e desejos que aquelas crianças diziam, como eram gratas e felizes. Não parecia com nada do que se lembrava ser no natal.
Percebeu, que ter o homem ao seu lado, durante aquela viagem, não foi tão torturante como ele julgou que seria, depois de um tempo observando as pessoas, acabou por adormecer, igual a , que já estava no décimo terceiro sono, e só acordaram, quando em fim o avião pousou em terras coreanas.
Antes de chegarem no hotel, preferiram passar nas lojas e garantir os presentes, um de casa nova para os amigos – afinal, era a primeira visita à casa nova. Outro para a troca de presentes habitual do grupo de amigos e por último e o mais importante, para Yerin, só quando viu aquelas crianças interagindo com o Papai Noel, que percebeu o quanto sentiu saudades dela e como – mesmo sabendo que ela não entendia o que estava acontecendo, mas também não julgava, ele mesmo não entendia direito o que aquele feriado significava – queria ver ela feliz, com os brinquedos que ganharia de presente.
Como já tinha planejado tudo, sabiam exatamente em quais loja passariam e o que escolheriam nelas, fazendo assim, com que o breve passeio pelo país não fosse demorado ou cansativo, precisavam descansar um pouco mais da viagem, para terem o pique que a celebração.
Todas as pessoas que cruzaram com eles, foram solícitas e gentis, de forma genuína, depois de muitos anos evitando contatos com humanos, por seus julgamentos adolescentes sobre a data, , percebeu, que as coisas aconteciam aquela época do ano, de forma diferente do que ele guardava em seus sentimentos. Sabia que sim, existiam pessoas falsas e com energias que não estavam na mesma sintonia que a dele, mas passou a perceber ali, que não era culpa do natal, elas serem dissimuladas, e sim, culpa delas mesmas serem assim. Teve aquela percepção, de que via o feriado de forma distorcida, durante tantos anos, sozinho, não forçou ele a comprar os enfeites de natal, personalizados, que ele comprou com as iniciais dos Kim para dar de presente para eles, em uma loja de natal que encontraram no caminho, nem a enxergar as pessoas da forma diferente a qual ele vinha sentindo.
Ao anoitecer, enquanto esperavam o carro por aplicativo chegar, para levá-los para a casa do amigo, se sentiu grandemente agradecido, primeiramente a namorada, por tirá-lo de sua casca e convencê-lo a ir com ela naquela viagem, e depois ao universo, por ter colocado aquela mulher tão maravilhosamente incrível para literalmente mudar, não sua vida toda, mas alguns aspectos nela, para que ela fosse a melhor vida que alguém poderia ter na vida.
A casa dos Kim, já estava cheia, e eles foram praticamente os últimos a chegar. Alguns rostos conhecidos pelo casal, e algumas caras novas, mas o clima era de amor. Para todos os lados que olhava, ele via amor. Fosse nos anfitriões, com aqueles olhos brilhantes, olhando um ao outro e a pequena vida que eles tinham colocado no mundo – que era a garotinha mais linda e com a maior certeza, amada do mundo. Fosse pelos amigos, que há tempos estavam juntos, mesmo sem nenhuma definição de relacionamento, ou pelo novo casal que estava se formando naquela noite, naquela festa.
Ao receber abraços carinhosos, e as mesmas piadinhas costumeiras dos amigos, ele entendeu que o natal era tempo de celebração, de união, afeto e amor, e que se algo naquele feriado fugisse daquilo, não era natal, nem deveria ser considerado nada. Estabeleceu ali, sentado à mesa, com seus amigos, suas famílias, futuras famílias, que só deixaria fazer parte, não só do seu natal, mas de sua vida, os sentimentos que fossem relevantes e que o elevasse.
Não deixaria nunca mais de presenciar, a forma como a namorada era luz naquela época do ano, como estar com as pessoas que eles amavam, era gratificante e como o natal, era lindo, apesar de tudo.



Fim



Nota da autora: Olá Jiniers, como estamos? Eu absolutamente AMO essa fanfic e precisava dar a visibilidade que ela merecia eneu espero que se você ainda não conhecia (por ela fazer parte de uma coisa colaborativa) que goste e não esquece de comentar, ok? .
ps: Se quiser conhecer mais fanfics minhas vou deixar aqui embaixo minha página de autora no site e as minhas redes sociais, estou sempre interagindo por lá e você também consegue acesso a toda a minha lista de histórias atualizada clicando AQUI.
AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.   



 

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