Última atualização: 10/04/2021

Capítulo Único

-Você é um tremendo canalha . - Foi a única coisa que ela me disse antes de cruzar a porta do apartamento. Sem lágrimas, sem mais provocações. Decidida como nunca havia sido. E era mesmo o melhor. Eu já não era mais aquele homem que jurou "amá-la e protegê-la até o último dia de nossas vidas". Eu tinha outras prioridades, por mais canalha que fosse admitir isso.
Meu consultório era bem movimentado. Tinha amigos - de maioria solteiros - que eu adorava, futebol as quarta feiras e cerveja aos domingos.
Ela tinha problemas de aceitação. Em um dia estava gorda, no outro magra demais, mas nos dois cabia igualmente no mesmo jeans. Em um dia tinha a vida dos sonhos em Copacabana, e no seguinte se lamentava aquele curso na Itália que não topou ir fazer, priorizando o casamento. Eu me arrependia por ela, de tê-la "privado" de diversos sonhos por algo que desde o inicio sabíamos que não iria dar certo. Ou deveríamos saber.
Que tivéssemos continuado como bons amigos. Agora ela é minha ex esposa, amanhã será uma ex amiga, pra depois apenas se tornar uma estranha.
Era meu papel como homem ao menos deixá-la confortável. Foi o que fiz na audiência de separação, deixando o lar que era nosso apenas para ela e com quem quer que fosse reconstruir sua vida. Eu simplesmente não me importava mais.
Assim que terminei de acordar o divórcio, já estava em um dos mais agitados bares da cidade, dividindo com meu melhor amigo a atenção de duas loiras, que cada um consequentemente levaria para um quarto de hotel. Então tinha mais uma morena, e na sequencia uma japonesa que não era tão meu tipo anteriormente, mas agora me atraía completamente. Uma loira no copo, e uma morena nos braços, era tudo o que eu precisava. Eu podia realmente ser o cara. Mas não era o cara dela. Nem de nenhuma com quem dividi as noites desde que tudo mudou.

- Clínica de ginecologia, Maureen falando. - esperou a resposta analisando a tela do computador. - Não sei se temos mais nenhuma vaga, senhora. - ouviu sua secretária dizer. Havia acabado de chegar para mais um dia de trabalho em seu consultório, a cabeça ainda atordoada com a última noite que havia passado, e a dor de cabeça do consumo exagerado de álcool.
- Tudo bem. Senhorita então. - riu com o comentário, entendendo que a paciente não estava satisfeita em ser tratada como mais velha. - Só um minuto senhor..ita, estou consultando a agenda. - demorou um pouco mais, então ele não pode mais ouvir a conversa, pois já havia fechado a porta de sua sala.
arrumou seu paletó amassado e então se pôs a observar o consultório. As poucas fotos que tinha em seu mural, o remetia a um passado não muito distante e infeliz. Fotos que registravam momentos de felicidade, mas não relatavam o que vinha após a câmera ser desligada, e então parou pra pensar em cada uma delas. Algumas datadas de anos, justificavam o porquê de o casamento não ter dado certo. Não havia felicidade e paixão, era luxúria. E quando esse comportamento foi mudando por parte dela, as coisas esfriaram e já não era mais aquilo que ele considerava amor.
avaliou sua primeira paciente do dia ainda pensando em como poderia substituir o mural com sua ex, o qual já estava no lixo. E quando seus pensamentos ainda eram os mesmos com suas terceira e quarta pacientes, ponderou se aquele dia ia ou não render. Pensou em desmarcar as outras consultas e tomar a tarde livre, mas era injusto com as mulheres que atendia e Maureen que acabaria tendo muito mais trabalho.
Decidiu parar para o almoço pouco mais de meio dia. Mesmo com pouco tempo, dirigiu até um de seus restaurantes favoritos, no sul da cidade, e pediu um dos pratos mais baratos, porém, mais deliciosos. Lá observou a garçonete que sempre parecia a mesma, como uma mulher muito mais atraente. Assim como a que almoçava sozinha na mesa ao lado. Era físico, estar solteiro era excitantemente agradável.
Ligou para um amigo, marcando um jogo de futebol para o fim de semana, em seguida, agendou um horário na imobiliária, pois precisava de um novo apartamento. E quando seu relógio marcou uma e quinze, soube que estava especialmente encrencado e que sua secretária o reprovaria pelo atraso.
Dirigiu de volta ao consultório, onde duas pacientes o aguardavam. A primeira, cliente de longa data, sorriu ao vê-lo passar, enquanto a segunda, pouco levantou os olhos de seu celular. a encarou um pouco mais. Na sua cabeça, ela lembrava a personagem principal de algum filme. Angelina Jolie em Salt, talvez. E, a alguns dias, havia descoberto ser muito fã de mulheres misteriosas, e essa com certeza era uma delas.
- Pode entrar Senhora. - a secretária disse à mais velha, que levantou, colocando a revista de volta ao banco. - O Doutor a receberá em sequência, senhorita . - sorriu enquanto segurava a porta para a primeira paciente entrar. Pensou que a garota ao telefone mais cedo pudesse ser a mesma da sala de espera, e riu com o pensamento. Por ausência de uma aliança, pode concluir que ela não era a "esposa de um empresário que queria tudo na hora" que imaginou.

Era a vez dela entrar e então a ficha estava em sua mesa. , dois anos mais nova que ele, sem histórico de doenças e nada constando na ficha de acompanhamento. Uma nova paciente. Analisou-a minuciosamente e então ela era a mulher que ele levaria para casa caso encontrasse-a num bar.
o cumprimentou sem maiores formalidades. Perceptiva, não pode deixar de notar o olhar do médico em seu decote, sentindo-se lisonjeada. Sorriu quase sem perceber, mas afrouxou a expressão quando no canto da mesa, repousava uma foto. estava com um cara a direita segurando um grande copo de chopp, e uma mulher agarrada aos braços. Os três sorriam cúmplices, e parecia alguma lembrança da faculdade. Talvez deva ser a paixão do rapaz.
- O prazer é todo meu, senhorita. - Ele não pode deixar de dizer. Mexeu-se desconfortavelmente na cadeira e achou melhor começar a consulta, seus pensamentos tentando se focar em seu trabalho e não na renda do sutiã que teimava em aparecer. - Desculpe, não a conheço, acho melhor se sentir a vontade comigo antes de iniciarmos a consulta, bem? - ela assentiu. Precisava dessa confiança com seus pacientes, afinal, era de um trabalho que exigia isso. - Vamos começar com o mais simples. Você trabalha com o quê?
- Filmes eróticos. - disse sem pestanejar, encarando-o curiosa com sua expressão. - Trabalho para uma produtora online de contos eróticos.
- Ow. - pareceu pouco surpreso. Em nenhum de seus pré-julgamentos havia presumido isso. Ela confirmou, avaliando o médico de cima, até onde a mesa deixava ver, achando graça de seu desconforto. - Devo lhe informar que nunca tive uma paciente do ramo sexual em meu consultório. - sorriu nervoso.
- Com certeza teve. - ela o contrariou rindo. - Não costumamos falar sobre nossos empregos em consultas assim, mas costumamos levar muito a sério nossa saúde intima. Não é como se fosse simples se assumir atriz pornô, ou prostituta, qualquer profissão dessas que seja. Nem todos sabem lidar com esse preconceito.
- Você não sente vergonha de falar sobre? - perguntou ainda desconcertado.
- Na verdade não. Se sentisse não gravaria, não é? - riu- Mas pretendo abandonar o ramo. - sorriu incrivelmente envergonhada. - Trabalhar com o corpo não é algo fixo, uma atriz não dura mais que dez anos. Estou chegando perto dos meus trinta, pretendo parar antes que sexo se torne um problema.
- Realmente, mas você ainda parece muito bem - Concordou. - Mas sexo não é um problema em nenhuma situação. Mas se está se sentindo desconfortável posso realmente lhe avaliar. - Pensou em completar um "como médico" ao fim da frase. Não estava entendendo seu nervosismo.
- Nada disso. Jamais! - riu - Acontece que quero por outros princípios em minha vida. As mulheres geralmente pensam no futuro e na família para depois obter seu conforto profissional, seu próprio prazer. Eu fiz tudo ao contrário. Só parei para pensar nisso agora. Pretendo ter uma família, mas nunca pensei antes.
- Acho que fui pelos princípios femininos. - confidenciou. - Mas estou tentando reverter essa situação. Já tive todos esses outros princípios de família e futuro, me arrependendo de não ter zelado melhor por eles. Agora aqui estou tentando aproveitar a vida. - sorriu, sendo acompanhado pela mulher do outro lado. - Mas não vamos falar de mim, quero saber mais da senhorita. Me permite? - levantou, sendo acompanhado por . Levou-a até o provador, de onde, minutos depois, ela saiu vestindo nada mais que uma transparente camisola de algodão. Bem, ela só precisava ter tirado a saia e calcinha, pois seus seios ficavam em evidência no pano claro da vestimenta. Ele preferiu ignorar, com medo das reações que seu corpo poderia ter.
- Algum incômodo, dor, corrimento ou odor? - ela negou e, por força do hábito, soltou um gemido quando ele se aproximou mais e tocou sua intimidade. O murmúrio baixo não passou despercebido por . Resolveu encerrar a consulta, por sua sanidade mental e seus valores médicos. Essa era a primeira vez que tal coisa acontecia. - Vou solicitar alguns exames, senhorita , mas não vejo problema algum.
- Vou confiar na sua palavra de médico. - saiu e quando voltou, já estava trocada. - Fico pensando se tenho algum problema para engravidar. -Ele pensou que por algum segundo um dia pudesse realmente ter filhos, e o porquê de não ter antes considerado a ideia.
- Terei que lhe receitar um exame específico para avaliarmos isso. - respirou fundo, tentando se concentrar.
- Poderia me receitar um amigo solteiro. - Comentou, e ele seguiu seu olhar, a única foto que ele resolvera guardar.
- Ooh, a foto. - riu. - Essa é minha ex-esposa. - segurou-a na mão, mentalmente recordando o momento. - Não sou mais casado. - Achou importante esclarecer, mesmo que em sua cabeça.
havia escutado falar muito bem do médico por diversas de suas amigas, mas nunca havia parado pra pensar no que as mentes perversas das outras garotas afirmavam como "bom médico". Ao menos não era apenas pelo porte físico, realmente sabia como avaliar suas pacientes. Mas quando viu o doutor passar apressado pela sala que separava a entrada de seu escritório, só conseguiu pensar no quanto ele era um homem atraente. Tímida, baixou o olhar a qualquer coisa que rolava pela tela de seu celular quando o sentiu a encarar. Mas essa não era ela, e precisava mudar sua postura. nunca fugia de alguém que a atraía, e era seu alvo. Mesmo em seus filmes mais elaborados, nunca havia ido pra cama com um médico, e a ideia de começar uma nova coleção de momentos lhe fez sorrir desconcertada.
estava perdido entre achar excitante e perigoso se manter por mais tempo naquela sala. Nem em seus maiores devaneios havia considerado estar com uma atriz pornô. Deliciosamente extasiado, se encontrava ainda mais curioso com a história da garota. De como daria uma boa história uma atriz erótica em sua vida.
- Talvez consiga te distrair com isso, então. - ela tirou de sua bolsa, um pen drive, deixando-o sobre a mesa. Não que fosse algo que costumasse fazer, mas achou ousado deixar em um de seus trabalhos com um completo desconhecido. Ele saltou o olhar dos olhos da mulher até a mesa, ainda perdido, e quando tentou voltar o olhar, ela já não estava mais na sala. E junto a si, ela havia levado todo autocontrole que ele estava munido até então. Pediu alguns minutos a Maureen antes que a próxima paciente entrasse, e mesmo que completamente entusiasmado com o que quer que fosse no pen drive, apenas o colocou no bolso e seguiu com sua rotina.

Ele dirigiu veloz, sentindo pesar o bolso onde pousava o objeto. Já no hotel onde estava se hospedando, relutou em plugar o pen drive em seu notebook, mas soltou um suspiro quando encontrou tudo pelo que esperava. Não sabia se a garota saía distribuindo seus trabalhos por aí, mas não havia nada que o fizesse sentir que existisse um homem com maior sorte que ele no momento.
Alguns vídeos de ela se dando prazer e uma extensa lista de fotos fizeram com que sua mão rapidamente descesse a quem o mais lhe dava prazer. Sentia-se um adolescente cada vez que se tocava, mas quem ligava no momento?
Quem ligava? Era isso que ele queria. Consultou o relógio e Maureen com certeza ainda estaria cobrindo a agenda do médico com quem ele dividia os custos do consultório.
- Maureen. - Pensou em como dizer as palavras. Era terrivelmente errado. - Preciso que me passe o telefone de uma paciente.

Ela estava em sua casa, assistindo um novo trabalho que sua agência havia mencionado. Seguia anexa a proposta de que ela continuasse trabalhando como diretora dos filmes, e ela estava ponderando se devia ou não aceitar.
Não se assustou quando seu celular começou a tocar, e então um numero desconhecido preencheu a tela. Na verdade, havia esperado por esse momento a tarde toda.
- falando, quem gostaria? - Disse, na esperança de estar certa sobre quem seria.
- É o doutor . - Disse, o ultimo vídeo ainda em sua memória, fazendo sua voz sair como um ronrono. - Pode me encontrar em um lugar? - E ela mal precisou concordar.

Ele não pensava em nada que não fosse cumprir um de seus maiores sonhos adolescentes, ao levar uma atriz pornô para a cama.
Ela queria colecionar a história de transar um médico real, mesmo que tivesse contracenado com vários desse personagem
Em poucos minutos, ela já estava em frente ao hotel, relativamente mais perto do que esperava. Sorriu ao passar pela entrada, o número do quarto decorado e uma grande ansiedade. Enquanto não conseguisse formar uma família, estaria bem enquanto se divertisse com suas fantasias.
Era realmente o que ele estava fazendo com as dele.


FIM



Nota da autora: (12/02/2021) Clique aqui para seguir à página da autora e acompanhar outras histórias.
Edit: Resolvi reescrever a história com a ideia de deixar um conto mais sensual, não um conto erótico do google. 'Cuida de mim?'me passou uma mensagem muito grande de como uma autora floresce com a escrita, não acham? Eu mudei muito desde a postagem até essa atualização. Espero que gostem da mudança e continuem avaliando a história. Esses dias uma garota me surpreendeu falando dela e eu morri de vergonha, juro. Eu precisava trocar isso urgente!
Eu fiz esse especial no último dia pra mandar o especial do mês rs, foi correndo, mas gostei do resultado. Não tem nada demaaaais na história, mas eu fiquei empolgada em escrever, pensei na ideia pela madrugada, estudei, voltei, escrevi rs. O que acharam? Eu queria desenvolver mais da historia, mas ela ficou mesmo como uma short que traz uma menagsem curta e direta. Algum dia pode ser que eu volte a focar nesse tema, mas por enquanto confiram só esse inicio mesmo. Acompanhem as novidades no grupo do face!




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