Última atualização: 12/02/2021

Capítulo Único

"No meio da conversa, de um caso terminando
Um fala e o outro escuta e os olhos vão chorando..."



- , posso falar com você? - disse, vendo o noivo e seu melhor amigo espalhados pelo chão da sala de estar. Sabendo que ele não recusaria o chamado, foi andando até a cozinha. Lá pegou uma água e se pôs a beber, tentando saborear um sabor que não existia. A verdade é que estava nervosa, já que ultimamente, qualquer tentativa de conversa gerava uma discussão e um dos dois ia parar no quarto de hospedes. Quando chegou, ela já tinha bebido até a última gota e se decidia entre largar o copo no balcão, ou tentar encontrar sua calma em mais alguns goles.
- O que foi? - Disse irritado por ela estar atrapalhando seu momento com o amigo. já não podia mais os ouvir devido a distância, mesmo assim quis se certificar de que ele não ouviria uma possível discussão.
- tem que ir embora agora. - disse, preocupada com o que poderia acontecer se sua amiga (também ex de ) chegasse e o visse, pela primeira vez desde que decidiram dar um fim ao relacionamento. - disse que estava aqui perto e agora está vindo pra cá e nós...
- Como é que é? - tentou não gritar, ainda preocupado com o amigo na sala. - Você quer que eu mande meu amigo embora só porque a sua amiguinha, está vindo pra cá? Sério, ? Eu estou tentando fazer esquecer dos problemas que essazinha da causou, e você quer trazer a praga pra cá?
- Quem você pensa que é pra falar dela assim? - Ainda sussurrava, mesmo irritada. Ainda que culpasse pelo fim de seu casal favorito, ainda o adorava e não queria estragar a amizade que os dois mantinham desde o ensino fundamental. - Você sabe que não foi culpa dela o fim do namoro. Você só está protegendo seu amigo.
- Ah, você acha? Porque parece que você está fazendo o mesmo, ! - Argumentou.
- Esse não é o foco da conversa, . Eu só não quero causar uma situação constrangedora para os dois. - Ela viu pela janela a amiga estacionando o carro. - Tá vendo, , agora você vai ter que tirá-lo pelos fundos.
- Eu não vou tirar ninguém, . Você que a distraia, leve-a daqui e vá torrar seu dinheiro no shopping. - Ele já não se importava mais com o tom de voz e já podia ouvir a discussão. Ele logo se lembrou. Foi exatamente por causa de uma, que viu a mulher de sua vida passar pela porta e não voltar mais.
E distraídos demais com a briga, e se distraíram. E assim, esqueceram que estava na sala. Esqueceram que já era íntima o suficiente para entrar sem bater. E foi só quando a voz da nova no ambiente se fez ouvir que lembraram. Então já era tarde.
- Você por aqui? - não pode conter sua voz. O término ainda era recente, e mesmo não querendo admitir nem pra si mesma, sentia falta de e se importava muito com ele. E quando o viu, visivelmente mais magro e descuidado, não pode deixar de baixar seus olhos e tentar reprimir os sentimentos que a confundiam.
- Eu não sabia que você estava vindo. - Ele se levantou e e correram as pressas para a sala. - Cara, eu acho que eu já vou indo pra...
- O que? - disse indo para perto do amigo. - Que isso cara, a gente tava se divertindo tanto falando...
- Você não precisa ir, . - o cortou. - Você está aí se divertindo com seu amigo, a intrusa sou eu que...
- Você não vai à lugar nenhum, . - Foi a vez de se intrometer. - Vem, a gente sobe pro meu quarto, eles ficam aqui e tá tudo certo.
- E porque você não pensou nisso antes de ficar fazendo drama dizendo que os dois nao podiam se encontrar e que eu tinha que dar um jeito de tirar daqui o mais rápido possível? - disse diretamente para , que o encarava cansada demais para começar uma nova discussão.
- Eu só não queria que os dois se encontrassem, não tive ideia melhor. - Fechou os olhos, tentando manter a calma. - Eu só queria fazer o mesmo que você está fazendo com ele, também precisa se distrair...
- É tudo o que você tem feito ultimamente, não é? Distrair as pessoas! Você não percebe que é isso que está acabando com nosso relacionamento?
- O fato de eu tentar consolar nossos amigos te incomoda? - Ela já não se importava mais se essa seria uma outra briga. - O simples fato de eu estar tentando reanimar minha amiga? Era exatamente o que você estava fazendo com até agora pouco, . Nós quatro sempre fomos um grupo, ela também é sua melhor amiga assim como ele é o meu, é o nosso papel cuidar uns dos outros. Você não vê que a gente está aqui discutindo por um problema nosso, ao invés de estarmos distraindo nossos amigos dos problemas deles?
- Tem razão, . - a interrompeu. - Vocês dois tem cuidado demais dos nossos problemas, e isso vem gerando cada vez mais conflitos entre vocês. Vocês tentam nos distrair dos nossos, mas esquecem que tem o de vocês para serem resolvidos. Como você disse, nós somos um grupo e prometemos que iria ser assim sempre. Que não houvesse namoro, noivado, divórcio ou o que fosse para nos separar. Se e eu decidimos dar um tempo e estamos mal com isso, é fato, não vou negar e a conheço tempo suficiente para saber que ela também não. Mas antes de tentarem fazer as coisas se amenizarem entre nós, resolvam a situação de vocês.
- está certo. - concordou. - É fato que vocês não estão brigando simplesmente por acharem que ele e eu não deveriamos nos encontrar. Isso tinha que acontecer uma hora ou outra e vocês estão fazendo mais alarde com isso do que nós. - E então pegou sua bolsa. Por onde entrou, saiu, sendo logo seguida por . Mesmo ainda não se falando diretamente, os dois concordaram em uma coisa. Iria ser pior para todos se eles continuassem por lá.

"A lógica de tudo é o desamor que chega
Depois que um descobre que o outro não se entrega..."


e saíram da casa dos acreditando que assim os amigos poderíam se resolver. E eles realmente tinham razão em ir. O casal estava deixando vários problemas afetarem o casamento deles e sentiam que era de conversar sobre isso. Mas um casal realmente decide que é hora de dar um basta na situação ou algo os leva a tal fato?
- Era isso que você queria? - disse, colocando as mãos na cabeça e encarando sua esposa. - Já não vale o nosso casamento que você insiste em querer mandar, quer decidir sobre o relacionamento dos outros também?
- Diferente de você, eu estou tentando salvar nosso casamento. E não seja ridículo, eu não quero decidir nada sobre e , não queira inventar problemas pra mim!
- Você não pode os proteger para sempre, ! Eles ainda moram na mesma cidade, é inevitável que se encontrem, seja na rua, no mercado ou na padaria. Isso não é nosso problema!
- Você quer falar sobre nossos problemas? - Se sentou no sofá e fingiu pensar. - Certo. Você quer falar sobre quando nosso casamento começou a andar pra trás? Sobre como essa nossa maldita pressa de resolver as coisas acabou nos levando até esse inferno?!
- Se a nossa relação está assim, não é só por minha culpa. Eu não tive pressa de nada, você que sempre quis ser independente e precisou de mim para que te tirasse da casa dos pais. E como eles não te deixariam sair sem um casamento, cá estamos. Se foi tudo feito às pressas, não é minha culpa. Por mim ainda estariamos vivendo a boa vida que tínhamos cada um com sua família, não nesse inferno de relaçãocomo você mesma disse.
- Você que não tente me culpar! - se defendeu, a raiva correndo por suas veias. Se sentiu fraca, e então deixou que suas lágrimas demonstrassem isso. - Eu achei que quando um casal se amava de verdade, deveria ter essa união selada de alguma forma. Você que nunca foi, nem nunca será maduro o suficiente pra entender isso, então tenta me culpar pelo trágico andamento de uma coisa que você é tão culpado quanto eu!
- Quer dizer que a culpa é minha? Que eu sou o lunático que deixou tudo isso chegar até esse ponto? - sentia que a discussão não iria acabar bem, e já estava decidido que quem iria para o quarto de hóspedes dessa vez seria ele.
- A culpa é toda sua, sim! Nosso relacionamento já não era o mesmo a partir de quando eu tive que criar o hábito de toda noite ter que te ligar pra poder ter alguma notícia de onde você estava, já que você não fazia questão de me dar satisfações sobre onde se metia após o trabalho. A culpa é também de cada feriado que você inventava milhões de planos e não incluía a mim, sua esposa, em nenhum deles. Cada vez que você se importou muito pouco ou até mesmo nada com uma novidade que eu esperava o dia inteiro pra te contar... Foi tudo isso que nos levou até onde agora estamos. Vai dizer então que é minha culpa?
- Então cada tarde que você deixava de estar com seu marido pra sair em compras com as amigas, cada "jantar com amigos de escola" que você comparecia e eu tinha que ficar em casa, cada noite em bares com as suas garotas são minha culpa?
- Você queria que eu fizesse o que? Ficasse em casa sofrendo enquanto você vivia sua vida por aí, se importando com qualquer coisa que nao fosse a mulher que você jurou amar e proteger? A cada ausência sua, eu sentia como se fosse estar mais segura jogada num canto à mercê dos bêbados do que em casa, esperando por alguém que eu não sabia se iria voltar. Como é que eu poderia me sentir bem, sabendo que o homem que eu amo se preocupa mais com alimentar o ego da sua luxúria do que com a esposa que ele largou esperando em casa?
- Eu nunca te deixei faltar nada, . É meu direito querer me divertir, sou eu que passo horas trancado numa sala pra sustentar nossa casa, enquanto você só gasta seu salário com roupas e sapatos. Eu só dou o devido valor a quem realmente se importa com a minha companhia.
- Eu deveria ter deixado de me importar mesmo. Eu fui realmente muito tonta em acreditar que a gente pudesse dar um jeito nisso, que nosso amor pudesse ser mais forte que nossas brigas. Mas você é fraco! Você é um covarde que não assume seus erros e prefere fugir deles. - Então se levantou, decidida. - Se você gosta tanto dessa vida de ignorância, e acha que é melhor sozinho, boa sorte. Já que você me trata como um peso na sua vida e não é homem o suficiente pra fazer isso, eu estou fazendo o que deveria ter feito a muito tempo. Fique com sua casa, fique com seu carro. Espero que você e todo esse amor próprio sejam muito felizes juntos.
- Você vai fazer o que? - perguntou desacreditado. Sabia que as coisas iriam acabar mal, mas jamais imaginou que a mulher que amava iria o deixar. - , não.
- Eu vou deixar as coisas mais claras pra você... - enxugou suas lágrimas. Tentaria ser firme em sua decisão. - Eu estou indo embora. Estou deixando sua vida exatamente como está, só estou saindo do seu caminho. Você já está habituado a me ver como invisível, eu sair daqui não vai fazer tanta diferença.
- Você não pode fazer isso! , eu te amo, como vou sobreviver sem você aqui?
- Contrate uma empregada. Ela vai te dar casa, comida e roupa lavada, exatamente como eu venho fazendo, a diferença é que ela vai cobrar um preço diferente por isso. Enquanto eu esperava só por você e o seu amor, ela vai querer só o seu dinheiro. E se você for negligente, ela não vai juntar as coisas e ir embora, ela não vai tentar fazer as coisas melhorarem. Dê o devido valor a ela se não quiser acabar com um processo nas costas. - E então subiu as escadas, antes que se pusesse a chorar ali mesmo. Ela havia decidido se amar, antes que a falta do amor a tornasse prisioneira de si mesma.

"Quem vai sair arruma as coisas, põe na mala.
Enquanto o outro fuma um cigarro na sala.
E o coração palhaço, começa a bater forte.
Quem fica não deseja que o outro tenha sorte..."

Quando subiu para o quarto, deixou todo o seu orgulho na sala, junto com , que fumava um cigarro e assistia qualquer bobagem da Warner Channel.
Nenhum dos dois podia acreditar no que estava acontecendo, não sabiam como a relação havia chegado a tal ponto.
Ele tentava descontar na fumaça todo o peso que guardava para si. Controlava sua vontade de subir até o quarto e lembrar de todas as promessas que fizeram um para o outro. Lembrá-la também de cada momento que os dois viveram juntos, cada recordação, cada inesquecível lembrança. Mas por outro lado, sabia que esse tempo era necessário, mas não deixaria que fosse para sempre.
Ela sentia raiva. Se ele realmente a queria ali, não a deixaria subir. Ela ainda esperou por uma reação dele, mas ele tinha medo de que qualquer coisa que fizesse levasse sua garota para sempre.
Eles já tinham assistido à esse filme: e eram o casal principal. Mas não conseguiram ser fortes o suficiente para enfrentarem a situação juntos, e então agora era cada um para um lado.
- Fica. - pediu, recostado a porta. Pelo espelho, pode ver o cabelo do marido bagunçado, como se tivesse sido retorcido por mãos nervosas. E por mais que seu coração dissesse sim, a razão não a deixava ficar. - Eu não quero que você vá. Eu posso sair se você quiser. - E então ela chorou mais, acreditando que ele não queria realmente que ela ficasse, mas sim queria aumentar seu ego interior, como se fosse ele que tivesse terminado tudo. Na verdade, ele só nao sabia o que dizer.
E sem responder a nada, ela se pôs a puxar sua mala.
Pelo caminho que fez do quarto até a rua, pode ouvir a chamando. Os vizinhos não entendiam o que havia acontecido, e olhavam de na calçada até na varanda, sentindo muito.
Quando finalmente conseguiu encontrar um taxi, ela gaguejou ao falar o endereço da mãe.
Ele encostou-se a porta e finalmente sentiu raiva também. Era ela quem havia decido sair, agora ele escolheria se queria ela de volta ou não. E ela ali era tudo o que ele achava que não queria no momento.

"E longe um do outro, a vida é toda errada.
O homem não se importa com a roupa amarrotada
E a mulher em crise, quantas vezes chora
A dor de ter perdido um grande amor que foi embora...
"

Havia se passado uma semana. Os dois enfrentavam a situação de forma diferente.
se culpava cada dia mais pela separação e se afogava numa rotina de ir trabalhar e se embebedar em casa.
- Não vou trabalhar hoje. - disse à por telefone. - Vou tentar resolver as coisas aqui em casa mesmo.
- Você devia tomar um banho, to sentindo seu mal-cheiro ultrapassando as linhas telefônicas.
- Não vou sair de casa, não vou ver ninguém. Não preciso me arrumar pra nada, cara. - Lembrou-se então de um bom argumento para não por sua higiene em dia. - Além disso, o banheiro tem o cheiro dela.
- Assim como a sala, o quarto do casal, suas roupas e até seu escritório. - O amigo riu. - Você não cansa de usar essa desculpa? Não sei como você não foi parar em um hotel ainda.
- e eu dormimos em todos os hotéis da cidade enquanto nossa casa era construída. - Lembrou-se. - E eu não vou para sua casa, antes que me convide, foi aí que eu e ela transamos pela primeira vez.
- Você poderia não me lembrar disso, tá? Eu ainda não superei que meu melhor amigo roubou minha garota de mim. - riu. - Eu não ia te convidar, não tem mais espaço pra você aqui. E vamos parar com esse choro, você tá pior que eu, cara.
- Sua garota já voltou pra você, enquanto a minha não quer nem olhar pra minha cara. Na certa, eu to bem pior.
- Vocês vão voltar logo também, irmão. Eu não usei terno e gravata num puta verão para vocês se divorciarem três anos depois não. Eu ainda nem terminei de pagar seus presentes de casamento.
- Você acha que ela ainda me ama?
- Eu não acredito que você perguntou isso. - voltou a rir.

estava na casa de Hannah, mãe de . Já não sabia mais o que fazer para tentar animar a amiga. enfrentava a situação de uma forma diferente, se entupindo de comidas fazendo com que recuperasse em 8 dias todos os três kg's que havia perdido enquanto se preocupava com o marido.
- Eu vou contratar uma escola de samba pra desfilar no quarto da sua filha caso ela continue nessa tristeza. - Disse para a mais velha. - Não aguento mais ver minha amiga assim.
- , querida, ligue para o bastardo do e o diga que eu não casei minha filha para vê-la voltar pra casa triste e sem um neto.
- Certinho, dona Hannah. - Ela riu. - Só mais uma coisinha. A senhora acha que seria muita intromissão se e eu tentassemos juntar os dois?
- Achar eu não acho, querida, mas vocês devem pensar bem. Foi por botarem o nariz nos problemas dos outros que minha filha e o esposo acabaram assim, não? Tentem ajudar, mas não levem os problemas deles para o relacionamento de vocês ou estaremos andando para sempre em círculos.
- É, a senhora está certa. - se dirigiu a escada, gritando pela amiga para que pudessem almoçar. - , o almoço está pronto!
- É só por enquanto, . - Fez pirraça. - O que vocês cozinharam para mim?
- estava cozinhando meus ouvidos dizendo como você e são perfeitos um para o outro e você aí de bode perdendo o homem da sua vida.
- Quem fala "de bode", mãe? - criticou. - E eu acho que ainda não estou pronta pra encontrar , não. Aliás, se ele me quisesse de volta, teria me procurado. Ele sabe muito bem onde me achar. - E então teve uma ideia.

"Mas quando vem a volta...
O homem se arruma
Faz barba, lava o carro, se banha, se perfuma.
E liga pro amigo que tanto lhe deu força
E jura nunca mais vai perder essa moça..."


- Você sabe que a gente têm que ajudar. Esses dois não vão se resolver nunca sem um empurrãozinho. - Foi o que teve que dizer para que se convencesse a ajudar os amigos.
E no dia seguinte já botaram o plano em prática.
logo cedo foi para a casa da amiga. Tinha que convencê-la a dar uma nova chance ao marido, e três ou quatro palavras foram o suficiente para que ela entrasse em uma onda de declarações sobre como não conseguia viver sem ao seu lado.
cumpriu sua parte tão fácil quanto. Só precisava encorajar o amigo a ligar para e então o destino decidiria pelos dois.
- Então você acha que eu devo ligar? - disse com o número de constando no visor do celular. - E se ela não quiser me ver?
- Se ela não quiser, você insiste tanto que uma hora ela vai acabar aceitando. - estava a ponto de jogar o celular pela janela do apartamento. - O máximo que pode acontecer é ela não atender. Porque o medo?
- Não é medo. Só acho que não aguentaria ver ela me recusando de novo. - fez uma careta o censurando. - Tá certo, vou ligar. - ficou feliz em ver tudo começando a dar certo. - Mas o que eu digo?
- Você liga, diz que está com saudades e quer ela de volta. A conversa vai fluindo e daqui a pouco vocês estaram juntos e felizes. Você não pode planejar nada, cara. Na hora certa, você vai saber o que fazer.
E então discou. O telefone tocou três vezes antes que atendesse.
- Amor? - Ela disse e ele sorriu aliviado, apaixonado. Foi no automático, mas ela se sentiu bem se referindo a ele dessa maneira.
- Hey . - Ele respondeu, feliz em ouvir a voz da amada após vários dias. - Tudo bem?
- Quase tudo. - Ela sorriu, sendo amparada pela amiga que estava ao seu lado.
- Comigo tá tudo péssimo. Eu achava que estava mal sem , não sabia que ficaria ainda pior sem você. - o alertou. Não era hora de fazer drama, era hora de trazer sua esposa de volta pra casa. - Eu sinto sua falta. A gente precisa conversar.
- Sim, precisamos. - Concordou.
- Poderíamos sair pra jantar. - Ele sugeriu, ainda nervoso. - Você está afim? Ou podemos planejar outra coisa...
- Um jantar parece ótimo. Você me pega?
- Te pego sempre que você quiser, meu amor. - riu e e se sentiram envergonhados em estarem presenciando tanta intimidade.
- Me busque as oito. - Ela disse antes de desligar. Não se sentia confortável falando com pelo telefone. E sendo já três da tarde, ela não tinha lá muito tempo para se arrumar.

- Você precisa de um SPA, . - disse, fuçando o guarda-roupa do amigo. - está fazendo falta, hein. - Se referiu a roupa toda embolada pelo guarda-roupas.
- Eu vou tomar um banho. - Finalmente sentia a necessidade de se arrumar para alguém. - Eu não sei onde deixei a chave do carro, mas você pode o levar até o lava-rápido? Ele está meio sujo.
- Com meio sujo você quer dizer entupido de porcarias de fast-food. - riu. - Você podia cozinhar, , já provei sua comida e não é assim tão ruim.
- Eu não tenho culpa se não consigo projetar a imagem de outra pessoa que não seja ela naquela cozinha. - Começou a tirar sua roupa.
- Eu vou, aliás, já estou indo. - E então fugiu da imagem do amigo nú. Decidiu que ele mesmo lavaria o carro.
Quando terminou, ainda estava no banheiro. Com a situação em que ele se encontrava, precisaria mesmo de horas para cuidar da cara amassada e da barba esquecida. Deu uma breve organizada pela casa antes que o amigo saísse praticamente novo em folha.
- Você deu duro por aqui, hein?! - Um perfumado, arrumado e barbeado saiu do quarto. Havia se passado quase uma hora e meia desde que ele havia entrado no banheiro.
- Ela não gostaria de chegar aqui e encontrar a maior bagunça. Ia estragar o clima de vocês. - Tateou a chave do próprio carro no bolso. - Tá bonitão, hein! Me liga quando for sair. - E então foi, deixando com o amigo toda a sorte que já teve naquele mundo.

"E a mulher se abraca à mãe, diz obrigado.
E põe aquela roupa que agrada o seu amado.
E passa a tarde toda cuidando da beleza...
Jantar à luz de velas e amor de sobremesa..."

- Você acha que eu to bonita? - perguntou pela milésima vez na noite.
- Você estava em todas as vezes que trocou de roupa. - Hannah disse, cansada de ver a filha a procura por uma roupa. - Qual é, , vocês já são casados, você só precisa se reconciliar com ele, não reconquistá-lo.
- Ok, é assim que eu vou. - Já maquiada e com os cabelos penteados, olhava seu vestido azul no reflexo do espelho. havia lhe dado a peça alguns dias antes de começarem a brigar como dois lutadores de MMA.
- Bem na hora. - disse ao ouvir uma buzina de carro. - É o carro dele. - Avisou a amiga.
- Me deseje sorte. - E abraçou as duas que ali estavam. - Obrigada por tudo, eu não sei o que seria sem vocês.
- Seria uma mendiga doente com três cachorros e um gato. - Sua mãe disse. - Vá até lá, deixe seu homem orgulhoso e façam meu netinho esta noite, já passou da hora.
- Pode deixar. - E fez sinal de silêncio para antes que ela também decidisse fazer alguma gracinha.
Quando chegou a sala, já podia ver a silhueta de desenhada por trás da porta. Ele carregava algo nas mãos, como se fosse um buquê, então ela pensou se ele ainda se lembrava de sua preferência por tulipas.
- São pra você. - Não se surpreendeu tanto ao abrir e a porta e encontrar seu homem e suas flores prediletas. Deixou-as próximo a um vaso, torcendo para que sua mãe as visse e lhe dessem cuidados especiais. - Não consegui uma reserva no seu restaurante favorito, então decidi que ia cozinhar pra você, espero que não se importe. - Ela adorava a comida do marido mais do que a da própria mãe. Mas havia uma coisa que ela gostava mais.
- Eu não me importo com as flores, não me importo com a comida e nem com o restaurante. Só importa que a gente finalmente vai estar junto e que nosso amor esteja tão forte como era antes das brigas. - E então ele desistiu de ser o cara romântico que tinha ensaiado ser durante toda a tarde.
puxou e beijou como não fazia a muito tempo. Fez questão de embrenhar suas mãos nos cabelos da amada, bagunçando-os e criando aqueles nós que ele tanto admirava. Apoiou-a no carro e só terminou o beijo quando a respiração já era raquítica.
- Eu espero que você me perdoe por ter sido esse babaca contigo por tanto tempo. Me perdoe por cada besteira que eu fiz, cada briga que tais besteiras causaram. Mas você tem que saber, , nem por um minuto eu deixei de te amar.
- Eu também não. - Respondeu-o. - Eu sinto muito por ter saído de casa, amor. Se você me quiser de volta eu juro, juro, juro, isso nunca mais vai acontecer.
- Se eu te quiser de volta? - A abraçou, ainda pressionando-a contra o carro. - Eu exijo ter você de volta. Eu preciso ter você de volta. Aliás, onde estao suas malas? - Ela riu e ele a beijou novamente. - Agora vamos embora daqui antes que eu faça amor contigo no sofá da sogrinha.
mandou uma mensagem para a mãe avisando que não dormiria em casa. Ela e acabaram por ter um jantar maravilhoso. Depois de satisfeitos, foi organizar a cozinha. ligou o rádio, tocava uma romântica do John Mayer. Após recolher as velas que iluminaram o jantar, entrou em conflito ao tentar decidir se lavava ou não a louça que sujaram.
- Eu não acredito que você está pensando em lavar isso aí. - abraçou , que estava mexendo em alguns talheres sobre a pia. Se virando de frente para o marido e colocando seus braços sob o ombro dele, não pode deixar de rir quando ele continuou falando. - Ainda falta a sobremesa, não acha?
- Você vai lamber os beiços, meu amor. - Ele não demorou em tirar o vestido dela, vendo uma cor preencher seus olhos e uma lembrança excitar sua mente.
- Vermelho?! - Ele disse olhando a lingerie que vestia.
- A cor da minha calcinha que você roubou da casa de antes que decidisse me fazer sua. Aliás, o que você fez com ela?
- a teve de volta. - Se irritou com o fato. adorava o ver assim.
- Sério? Acho que vamos ter que repetir a dose na casa dele então. Ainda é bem vivo na minha memória aquele dia. - Sentou-se na mesa, provocando-o enquanto ele tratava de se livrar das próprias peças de roupa. - Não sei o que foi melhor, ver você doido de desejo até por minhas peças de roupa ou o sexo que fizemos depois.
- Você não tem noção do que quero fazer contigo, . - Disse, os olhos queimando pelo corpo semi-nú de .
- Você que não tem noção do que eu quero que faça comigo, amor. - E não teve tempo de dizer mais nada, só de pensar que sexo de reconciliação era o melhor que já havia feito em toda a sua vida.

"E perto um do outro, a vida é diferente.
A solidão dá espaço ao amor que estava ausente."

- Bom dia amor. - sentou-se na cama, acordando a esposa com o café da manhã já em mãos.
- Bom dia. - Respondeu ainda sonolenta. - Isso é pra mim?
- Pra nós. Pensei que pudessemos recomeçar de uma forma diferente.
- Isso é lindo, . - Não pode deixar de dizer. - Porque é que a gente não se separou antes?
- Tínhamos uma lição pra aprender, e tinha que ser na hora certa. - Olhou no relógio. - Já são oito e meia, estamos atrasados. Vamos ter que enrolar bem pouco na cama.
- Nem acredito que ontem foi meu último dia de férias. Não sei se agradeço por isso, já que foram de longe as piores férias da minha vida, ou se fico irritada por elas terem terminado quando nós finalmente nos acertamos.
- Deve ter sido terrível pra você ficar todos esses dias sentindo falta do seu marido sem ter o trabalho pra te distraír. - Riu e levou um tapa. - Qual é, amor, eu só estava brincando.
- Deve ter sido terrível pra você ficar nessa casa, sem sua amada esposa reclamando da sujeira que você faz e te fazendo carinho enquanto dorme. - Bebeu um gole de suco.
- Você me pegou nessa. - repetiu o gesto dela. - Eu estava pensando numa coisa enquanto preparava o café. Ontem você me disse que queria conversar sobre o que deveríamos mudar no nosso casamento. É uma boa hora?
- É uma boa hora sim. - E se calou para que ele falasse primeiro.
- Certo então. Eu não gosto quando você sai com suas amigas e volta muito tarde. - Ele começou.
- Detesto quando passamos mais de um dia brigados.
- Você me irrita muito com sua mania de sempre me provocar. Mas acho excitante.
- Eu odeio sua mania de tentar colocar no meio de todos os nossos planos. Odeio também quando fica bravo com as brincadeiras que ele insiste em fazer comigo, você sabe que é só pra te provocar.
- Eu odeio essas brincadeiras. - Riram. - Eu morro um pouco cada vez que lembro que você e já namoraram. Sinto ciúmes do passado dele. - Confessou.
- Não gosto quando não me conta sobre seus planos.
- Me irrito quando assiste alguma maratona de filmes do Chris Evans.
- Odeio sua paixonite pela Drew Barrymore.
- Quando você usa uma roupa curta ou justa, eu sinto ciúmes até da sua sombra.
- Não tem um dia que eu não me sinta a mulher mais sortuda do mundo por ter me casado com você. - Ele riu.
- Isso é uma coisa que eu tenho que mudar? - Ela riu também, dizendo que não. - Aliás, como é que eu poderia mudar um sentimento que não é meu?
- Você faz isso bem. Eu não sentia quase nada por você quando nos conhecemos.
- Outch. Não me faça pensar nisso. Você e , as mais lindas líderes de torcida brigando pelo capitão enquanto eu tinha que me contentar com as meninas da dança que usavam óculos e aparelho.
- Você é muito melhor que todo o time de futebol junto, meu amor. Eu gastei toda a minha sorte quando conheci você. Eu devia te odiar por ser o culpado por eu nunca ganhar na loteria. - Ele riu e ela achou fofo, se deitando no ombro dele.
- Eu tive mais sorte ainda em conseguir te conquistar, mulher. - Riram. - Estamos atrasados. Eu vou ter uma reunião a tarde, se tudo der certo, vou comemorar com o pessoal do escritório. Não me espere pro jantar.
- Ok. - Concordou, em partes desapontada. Mas isso não a abalou. Sabia que de agora pra frente as coisas estariam sempre dando certo.
a deixou na estação de metrô, e então ela seguiu para o trabalho contando para sobre como foi a reconciliação dos dois.
Ele sentia-se como no dia seguinte ao casamento. Passou em uma igreja antes de ir trabalhar e lá deixou seus agradecimentos a cada ser que ocupasse o céu e torcia para que eles fossem felizes. Não deixou de pensar na esposa em um só segundo. E quando a empresa conseguiu fechar contrato de marketing com uma importante indústria, sorriu ao imaginar qual seria a reação de . Por isso decidiu que não iria comemorar só com o pessoal, já que tinha uma pessoa muito mais importante com quem ele queria dividir sua alegria.
surpreendeu- se ao ver o carro de parado em frente a loja em que trabalhava.
- Pensei que fosse chegar mais tarde. - Disse à ele, já dentro do carro.
- Eu vou. Acontece que eu quero que você chegue também. - E então, o pessoal do escritório adorou conhecer a inspiração do cara mais criativo da empresa. Não deixaram de reparar em como o casal parecia unido e era isso que eles seriam cada vez mais a partir de então.

"Quem olha não tem jeito de duvidar agora
Da força da paixão que tem
Dois corações e uma história..."


- Eu não acredito que vocês escolheram justo a data do meu casamento para firmarem a relação de vocês. - reclamou dentro do taxi. Ele, , e estavam indo a caminho do aeroporto. Havia se passado pouco mais de um ano.
- Qual é, cara, assim podemos renovar nossas luas-de-mel juntos. - brincou.
- Eu sei que você nunca superou a atração que sente pela minha esposa. - Abraçou com mais força. - Mas é coisa do passado, ela é só minha agora.
- Qual é, , só uma noite. Você vai ter todinha pra você, e confesso que ela também é quente na cama.
- Você está oferecendo sua esposa para o meu marido? - se assustou com a ideia. - , é sua primeira lua-de-mel!
- Não precisa ser hoje. Nós só podemos variar um pouco. - respondeu, olhando-a nos olhos pelo restovisor do carro, já que ele ocupava o banco do passageiro ao lado do motorista. - Sinto sua falta, . é maravilhosa, mas você sabe que você foi a melhor de todas não é?
- Vou fingir que não estou ouvindo nada. - finalmente se pronunciou. - Não estou vendo aliança na mão do taxista, então vocês seguem pro aeroporto e eu continuo por aqui. - O motorista do taxi, um senhor de 63 anos apenas riu da vivacidade dos jovens.
- É, talvez convencer a fazer um ménagee seja mais fácil do que uma troca de casais. - não aguentou e deu um soco no amigo.
- e estão comemorando quatro anos de casados e e aproveitando a lua-de-mel. Apenas dois casais, que durante todos os dias dessa viagem não vão inventar nenhuma dessas coisas de troca-troca, entenderam? - Frizou.
- É , tem ciúmes até da minha sombra, então, cuidado. - Ela se lembrou do dia que ele admitiu isso, na manhã seguinte a reconciliação do casal. - Além de que, hoje em dia eu sinto mais atração por do que sinto por você.
- E eu sou tipo a excluída do grupo, né. - A citada fez drama. - Sou sempre a citada depois do também e só sirvo pra ser objeto de comparação. Casem-se vocês três, eu sou mesmo a que causa ruínas.
- Na verdade, causou as ruínas quando roubou minha namorada. Você foi tipo meu prêmio de consolação, amor. - O taxista ria mais a cada tapa que levava. - O melhor prêmio que já ganhei, deixa eu terminar.
- Você foi a melhor coisa que me aconteceu, . - disse no ouvido dele.- Nunca pensei que fosse dizer isso mas... Obrigada por trair a confiança do seu amigo e transar com a namorada dele. Obrigada por insistir em mim a cada fora que eu te dava. - E então disse mais alto, para que todos pudessem ouvir. - Obrigada meu amor, por você e continuarem amigos e eu poder jogar pra sempre na cara dele que fui eu a mulher que o tornou um corno.
- Agora é a parte que você me bate, . - brincou. - Mas eu me lembro muito bem o quão macias são suas mãos, então seus tapas só me excitariam ainda mais. - Já estavam no aeroporto, então correu de que ameaçou quebrar a cara do amigo, deixando todas as malas com e . - Las Vegas vai ser pequena para nós, não? - disse, animada com a viagem.
- Com as brigas desses dois, eu espero que seja grande o suficiente.





FIM



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E aí gente! Meu, aqui acabei deixando um desejo meio oculto. A musica brasileira tem cada canção que você fala "uau, deve ter uma história linda por trás, né", porque querendo ou não, você sempre remete a composição ao artista. Essa canção linda remete a uma história que eu sempre quis ler sobre sabe, mas como nunca tive a oportunidade, esse especial caiu como uma luva.
Foi uma songfic total, assim como acabei pensando em fazer com outras músicas (o sertanejo raiz tem cada composição que meu Deus), mas com pouco tempo, foram duas nesse especial apenas. Espero que confiram a segunda, assim como minhas outras histórias. E não se esqueça de me deixar um comentário bem lindo, hein?!
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