Última atualização: 16/11/2014

Prólogo



- ?
- Oi? – acordei do meu transe e encarei Nathalie.
- Tava viajando aí, onde essa cabecinha tava, hein? – sorriu maliciosa e eu sorri sem graça.
- Ah, lugar nenhum, oras! – dei de ombros. – Tô pensando nas provas, só isso.
- Aham, sei. – concordou com relutância. – Mas ok, quando começam suas provas?
- Semana que vem! – fiz uma careta.
- Sorte sua, as minhas começam essa semana. – imitou minha careta. – Ei, quer ir tomar um suco comigo?
- Agora? – mordi o lábio inferior, ela assentiu. – Poxa, Nath, não vai dar.
- Por quê? – perguntou, triste. – Alguma coisa com o Johnny?
- Ahn, é... Pois é, a babá não vai poder ficar muito tempo hoje. – levantei-me do chão, rapidamente. – Aliás, tô atrasada pra ir pra casa. Deixa pra próxima, ok?
- Ah, tudo bem, né? – levantou-se também e me deu um abraço. – A gente se vê, então. Manda beijo para o tampinha do Johnny, ok?
- Pode deixar, eu mando. – sorri e me afastei, ajeitando a bolsa nos meus ombros. Apertei meus livros no peito e apressei meus passos. – Você adora mentir, né ? Aliás, sua vida é uma mentira! – repreendia a mim mesma enquanto andava até em casa que, por sinal, não era longe da faculdade. Assim que entrei, pude ouvir gritinhos e risadas altas, sorri só por ouvi-las. Vi Norah, a babá , sentada no sofá enquanto Johnny brincava de carrinho no tapete da sala. – Ei, meu príncipe!
- Mamãe! – exclamou alto, levantando-se e correndo até mim. Vi seus grandes olhos brilharem e junto abrir um grande sorriso. Ele sempre lembrava o pai, era impossível não lembrar.
- Ah, que saudades, filhote! – agachei-me à sua frente, passei a mão por seu cabelo loiro e beijei sua testa. – Brincou muito? – assentiu animado. – Bagunçou muito também? – assentiu, fazendo uma cara marota. – Ah, espertinho! – mordi sua bochecha.
- Pára, mãe! – passou a mão no local onde eu mordi. – Tô com fome.
- Tá? Ok, eu vou preparar algo pra gente. – segurei em sua mãozinha. – Norah, eu sei que o seu horário é só até às 11h, mas será que você podia estender um pouco? – perguntei, indecisa.
- Claro, ! – sorriu paciente. Norah era uma jovem de vinte e três anos, trabalhava de babá nas horas vagas pra juntar dinheiro pra pagar a faculdade de medicina, ao contrário de mim, que ainda tinha vinte anos, um filho de três, estudava de manhã, trabalhava num café à tarde, tinha uma vida dupla com o pai do meu filho e, claro, ele não sabia que tinha um filho. Por quê? Ah, logo você vai descobrir.
- Obrigada – sorri verdadeiramente. – Eu vou sair, mas prometo não demorar muito.
- Tudo bem. – sorriu e voltou a atenção para a televisão.
- E você, mocinho, o que quer comer? – perguntei, levando-o até a pequena cozinha.
- Panqueca! – pulou animado e eu sorri.
- Hm, panqueca? Ok, vamos fazer panquecas! – concordei e ele pulou de novo. Depois de me alimentar e alimentar meu filho, tomei um banho e me arrumei rapidamente. Fitei-me no espelho e fiz uma careta pra mim mesma. – Saia dessa vida, por favor! – implorava pra mim mesma, mas eu sabia que era fraca demais pra desistir de tudo. Bufei impaciente e saí dali, voltando para a sala. – Johnny, mamãe vai sair, ok? Logo, logo eu tô de volta, anjinho. – olhou-me com a mão dentro da boca e depois voltou a atenção para o desenho que passava na televisão. – Não demoro, Norah.
- Não se preocupa, . Vai sem pressa. – assenti e logo estava fora de casa, rumando mais uma vez para aquele loft luxuoso. Minha vida era tão irônica. Assim que pisei no loft, pude sentir o cheiro de perfume masculino no ar. Ele já havia chegado. Olhei para o sofá e nele havia um paletó azul escuro estendido, suspirei e continuei andando. À medida que ia entrando, pude ouvir seus assobios. Quando cheguei ao quarto, vi-o lá, parado de costas, debruçado sobre a janela enquanto soltava a fumaça do cigarro pela boca. Voltou a assobiar e se virou na minha direção, enxergando-me ali. Um sorriso imediatamente apossou de seus lábios.
- Hei, linda! – deixou o cigarro de lado e se aproximou de mim. – Achei que não viesse, demorou. – afastou meu cabelo do meu rosto.
- Eu sempre acabo vindo, não é? Eu devia ter desistido disso há três anos! – rolei os olhos, descrente comigo mesma.
- Não vamos começar, . – beijou o canto da minha boca. – Uh? – segurou minha nuca, descendo os beijos para o meu pescoço. – Hoje eu tenho a tarde de folga, vamos relaxar.
- Sinto muito, mas eu não tenho. – disse seca. – Eu trabalho, desculpe se eu não tenho a vida ganha.
- Não tem porque não quer. – disse baixo, sem parar de me beijar. – Já disse que banco você aqui, você não quer porque é teimosa.
- E não quero mesmo... – fechei meus olhos, sentindo-o morder levemente minha orelha. – Não quero nada que venha de você.
- Você quer sim. – sussurrou. – Você me quer, tanto como eu te quero. – disse, antes de me beijar de verdade e eu, como todas as outras vezes, correspondi. Sendo tola de novo e de novo. Em segundos, ele já estava me pressionando contra a parede perto da porta do quarto, beijando-me com urgência. Ergueu uma de minhas coxas e circulou-a ao redor de seu quadril. A posição levantou meu vestido e ele apertou mais minhas coxas. – Preciso tocar você, . – ele murmurou e deslizou uma das mãos para o interior das minhas coxas, erguendo ainda mais meu vestido, no processo. Quando dedos hábeis acariciaram o meu centro mais íntimo, tremi e agarrei os ombros dele. Eu estava lá, sendo usava e persuadida mais uma vez. Até quando, ? Até quando?

***


Estávamos deitados na cama, quando um celular começou a vibrar em cima do criado-mudo. Ele se remexeu e esticou o braço até alcançar o telefone. Bufou assim que leu a bina e se sentou na beirada da cama.
- falando! – disse, assim que atendeu. Puxei o lençol para encobrir meu corpo, tampando-me até o pescoço enquanto o ouvia falar. – Eu tô em uma reunião, Emma! – estremeci quando ouvi o nome dela. – Não sei quando vai terminar, sinto muito. – passou a mão nos cabelos, bagunçando-os ainda mais. – Ok, eu te ligo assim que der. Claro, eu também. Beijos. – e desligou. Mordi meu lábio inferior e desviei o olhar dele para o teto. Suspirei baixo e me forcei a levantar. – Ei, aonde pensa que vai? – segurou minha cintura e beijou minhas costas. – Ainda tá cedo.
- Eu tenho que ir, . - soltei-me dele. – Tenho que trabalhar agora... – alcancei minha roupa íntima, vestindo-a. – E você tem que voltar pra sua... – engoli seco. – Pra sua mulher.
- Ah, qual é, fica, vai. – pediu e eu tentei não encará-lo, porque sei que seria fraca e não resistira àqueles olhos. Terminei de me vestir e me olhei no espelho, arrumando meu cabelo. - ?
- , por favor, não insista! – pedi, finalmente o fitando.
- Ok, ok! – se deu por vencido. – Mas amanhã você volta?
- Eu não posso. – apanhei minha bolsa. – Tenho que cuidar... Erm, estudar para as provas da faculdade.
- Ah, que pena! – fez uma carinha triste. Respirei fundo e forcei um sorriso.
- Bom, eu vou indo. – acenei da porta. – Depois a gente se fala, .
- Até mais, linda. – acenou também. Levantei a cabeça e saí daquele lugar pra voltar a viver a minha vida de mentira.


Capítulo 2



Trabalho meio período em um café daqui, somente pra ter dinheiro o suficiente para poder sustentar Johnny sem precisar pedir aos meus pais. Minha mãe mora no Brasil e, sim, ela é brasileira e meu pai é inglês. São divorciados, ela mora lá e ele aqui. A minha intenção ao vir para Londres era apenas me formar aqui, mas como pode ver, não foi assim que aconteceu. Passei toda a minha gravidez no Brasil, porque não queria que suspeitasse de nada, foi difícil esconder isso dele, mas acabou por concordar que eu tinha que passar um tempo com a minha mãe. Conheci Nathalie quando já tinha o Johnny, ela e meus pais acham que ele é filho de um ex-namorado que fugiu da responsabilidade. Ou você acha que eu havia contado que eu tenho um caso com um homem de trinta e cinco anos e casado? Nunca. Durante o período da manhã, Johnny ficava com a babá e, à tarde, ia comigo ao café. Havia uma creche nos fundos do mesmo, onde ficavam os filhos dos funcionários e, olha, eram bastante. Enquanto trabalhava, Johnny ficava ali com as outras crianças, até tinham pequenas aulas, às vezes.
- Ai, só eu estou cansada aqui? Querendo urgentemente minha cama? – Debbie choramingou, debruçando-se sobre o balcão.
- Não mesmo, Deb. – concordei, juntando-me a ela. – Eu estou exausta hoje! – fechei meus olhos. – Johnny está testando minha paciência. Anda agitado demais, não sei mais o que fazer.
- Ah, , normal. Criança nessa época é sempre assim, não fica quieta. Tem sempre energia pra gastar. – sorriu e eu concordei. É, ela sabia do que falava. Debbie era uma mãe solteira assim como eu, tinha a Taylor, de quatro aninhos, e vivia com a mãe. O pai era um vagabundo e não quis assumir a criança, então ela teve que dar um jeito de se sustentar e sustentar a pobre menina.
- Gente, alegria! – Megan, garçonete do Black Coffe, lugar onde eu trabalho, disse, animada. Levantei a sobrancelha, sem entender. – Daqui a pouco a gente está indo embora. Nosso horário, suas lesadas.
- É disso que eu estou falando! – Debbie disse, animada também, e eu ri. – Vou fazer minha mãe alimentar a Taylor, porque eu vou direto pra minha caminha linda.
- Desculpe, eu não tenho a minha mãe aqui, então, cuidarei do meu filhote sozinha. – rolei os olhos e elas riram. – Bem, movam-se, se pegarem a gente de papo, não precisaremos voltar amanhã.
- Falou! – Debbie bateu continência e foi atender uma mesa. Sorri, cansada, para Megan e também me mandei dali. Vi um casal se sentar perto da entrada e suspirei, arrumando meu uniforme, seguindo até lá.
- Boa tarde, em que posso ajudá-los? – perguntei, pegando minha caderneta. A mulher à minha frente sorriu e fitou o cardápio.
- Não sei, ainda estou em dúvida. – disse, fazendo uma careta. – Amor, o que você acha?
- Ah, sei lá, pede qualquer coisa, Emma! – o homem, que estava concentrado no visor do celular, disse, impaciente. Não demorou dois segundos para eu reconhecê-lo. Puta que pariu. não sabia onde eu trabalha, sempre omiti esse detalhe pra ele, mas agora vi que era tarde demais, quando ele levantou a cabeça pra me olhar. – Oh, droga!
- O que foi? – Emma perguntou. E não. Eu não conhecia Emma pessoalmente, até esse momento, sempre preferi não saber qual era o rosto da mulher dele, não queria ter esse desprazer de olhar na cara dela e fingir que nada estava acontecendo. Mas, pelo jeito, o destino prega peças.
- Ahn... – ele desviou o olhar de mim e fitou a esposa. – Nada, só lembrei que deixei um documento importante no escritório.
- Ah, não se preocupe, depois a gente passa lá. – e segurou a mão dele sobre a mesa. Pigarreei e forcei a fitar a caderneta em minhas mãos.
- Acho que vou deixá-los pensar mais um pouco, depois eu volto, ok? – sorri forçadamente e me distanciei dali o mais rápido possível. Voltei ao balcão ofegante, tentando controlar os batimentos do meu coração, mas estava quase impossível.
- Ei, , está tudo bem? – Megan perguntou, preocupada.
- Ahn? Ah, claro, tá sim! – sorri amarelo. – Só estou cansada, só isso.
- Ok. – concordou e voltou a atenção para os pedidos que estavam sobre o balcão. Apoiei meus cotovelos sobre o mesmo e tentei respirar fundo. Em vão para a cena que se seguiu...
- Tem whisky? – ouvi uma voz ao meu lado e eu não precisava olhar para saber de quem era. Megan assentiu. – Me dá um duplo... – suspirou. – Não, um triplo.
- Só um minuto. – ouvi ela pedir e, então, virar-se e ir fazê-lo.
- O que você está fazendo aqui? – ouvi-o perguntar baixo. Suspirei alto. Às vezes, ele pode ser tão óbvio. Virei-me e lhe lancei o meu melhor sorriso.
- Trabalhando? – perguntei irônica.
- Não sabia que você trabalha aqui! – confessou baixo.
- Eu sei. – respondi no mesmo tom. – Bom, se me der licença, eu tenho que atender outros clientes, senhor.
- Espera... – pediu e olhou de soslaio para Megan, que depositava o seu pedido sobre o balcão. Sorriu agradecido e depois voltou a me fitar. – Você não pode nos atender. – levantei uma sobrancelha, esperando ele terminar. – Eu não vou conseguir disfarçar com ela do meu lado.
- Que seja! – dei de ombros. Olhei para o relógio no meu pulso e sorri. – Na verdade, eu já estou indo embora. – depositei minhas coisas sobre o balcão e me virei de novo pra ele. – Então, não se preocupe comigo ou com a sua mulher. – revirei os olhos. – Eu não vou chegar perto dela.
- Não é isso, é só que... – ele se interrompeu quando viu uma mulher se aproximar de nós. No caso, Debbie, e... Oh, ceús! Ela estava trazendo Taylor e Johnny junto a ela. não podia conhecê-lo, não podia.
- , eu tomei a liberdade de… - eu a interrompi.
- Debbie! – disse, fingindo animação. – Ahn, acho que está na hora de a gente ir, né? – olhei para Taylor e Johnny e eles conversavam animadamente, sem notar a minha presença ali. – Ahn, o senhor pode ser atendido por qualquer outra garçonete daqui, ok? Faça bom aproveito. – sorri amarelo e saí arrastando Debbie e as crianças para longe dali.
- , . - ela me chamava e, só depois de estarmos no fundo do estabelecimento, eu parei. – Ei, o que houve?
- Oi? – tentei puxar fôlego. – Nada, está tudo bem.
- Não me parece isso! – fez uma cara de quem não acreditava. – Me diz o que aconteceu... – fitou-me. – Você conhecia aquele homem?
- Não! – disse rápido. – Quer dizer, conheço de vista, só isso.
- Sei. – fingiu acreditar. – Bom, eu só ia dizer que já tinha buscado o Johnny pra você, mas não deu tempo de falar.
- Ah, obrigada! – sorri agradecida. – Oi, príncipe.
- Mãããe, quero ir pra casa! – fez bico e eu fiz junto.
- Ok, meu filho, nós já vamos, tá? – ele concordou mais animado.
- Eu também já estou indo, quer uma carona? – Debbie ofereceu e eu concordei. Minutos mais tarde, já estávamos em casa e Johnny estava correndo na mesma.
- Ei, mocinho, pára de correr! – repreendi, ele riu e voltou a correr. Rolei os olhos. – Crianças! – joguei-me no sofá e fitei o teto. Droga, por pouco toda a minha vida iria por água abaixo. não pode sonhar em conhecer o filho, não saberia a reação dele. Ele mesmo já disse que não quer ter filhos, acho que é porque a esposa também não pode engravidar. Que seja, eles não podem se encontrar. Johnny parou na minha frente e me fitou. Por que ele tem que ser a cópia de ? Ele sorriu sapeca, abraçou meu pescoço e depositou um beijo molhado na minha bochecha. – Ai, que gostoso!
- Tinhamu! - disse alto, eu fiz uma cara fofa e o agarrei. – Mããe!
- Ah, mas que coisa mais gostosa, gente! – mordi sua bochecha enquanto ele ria alto. – Também te amo, seu pirralho lindo. – apesar de tudo o que eu passo por causa de , ele não poderia ter me dado algo tão bom e puro, como o amor dessa criança. Eu não saberia mais viver sem o meu filho, ele era a única razão porque eu levantava todas as manhãs. Aquele sorrisinho, que eu recebia todo dia, compensava tudo que eu já passei. Tudo.

***


- Já vou! – disse alto assim que ouvi o soar da campainha. Larguei meus livros em cima do sofá e pulei Johnny, sentado no chão, fitando a tevê. Abri a porta e tive uma surpresa. – Pai!
- Oi, filhinha! – ele abriu os braços e eu corri para abraçá-lo. – Que saudades!
- Eu também! – sorri, sentindo-me aquecida. – Quando voltou? – soltei-me dele, dando espaço para que ele entrasse.
- Voltei ontem à noite. – disse, caminhando até onde avistara Johnny. – Ei, campeão!
- Vovô! – pulou animado, correndo para os braços do avô em seguida.
- Nossa, mas tá grande esse menino. – apertou-o. – Tá ficando bonito igual ao avô.
- Ai, pai. – revirei os olhos, rindo.
- Como você tá, ? – perguntou, sentando-se e colocando Johnny em seu colo.
- Eu estou bem, na medida do possível. – sorri sem graça. – E você? Como tá?
- Bem também. – sorriu, beijando a testa do neto. – E você, tampinha, só se divertindo? – Johnny concordou, sorrindo. - , o que vai fazer agora?
- Ahn, acho que nada. Só estava estudando, por quê? – perguntei, cruzando os braços.
- Quero levar vocês pra jantarem comigo! – sorriu.
- Sério? – meus olhos brilharam com a possibilidade. – Eu adoraria!
- Quer ir jantar fora, John? – perguntou ao neto e o viu assentir animadamente. Sorrimos. – Acho que isso é um sim também.
- Certo, então eu vou me arrumar, – ele concordou. – Filho, vamos nos arrumar pra ir jantar com o vovô?
- Siiiiim! – disse, pulando do colo do avô e correndo para o quarto. Eu e meu pai nos entreolhamos e disparamos a rir.
- Seu filho! – ele disse rindo.
- Seu neto! – rebati e saí rindo de lá, voando para me arrumar. Não demoramos muito para estarmos prontos e já no restaurante escolhido por meu pai. Depois de escolhermos nossas comidas, começamos a conversar.
- Tem falado com a mamãe? – perguntei, arrumando a gola da camiseta de Johnny.
- Não muito, estive muito ocupado esses dias, sabe como é. – assenti, voltando a apoiar minhas mãos sobre o meu colo. – Então, como vai a faculdade?
- Normal, só me cansando, como sempre. – fiz uma careta.
- Tem visto o Adam? – perguntou com cuidado. Adam era um cara que eu havia inventado para as pessoas, dizendo ser pai de Johnny. Neguei. – Você deveria procurá-lo, sabe? Vocês têm todo direito de exigir uma pensão.
- Pai, já falamos sobre isso, ok? Não vamos começar de novo. – pedi suplicante.
- Tudo bem, eu só quero o que é melhor pra vocês. – concordei com um aceno de cabeça.
- Eu sei disso, mas eu não quero nada que venha dele, ok? – deu-se por vencido, encerrando o assunto ali. – Mas, então, como andam os negócios?
- Oh, muito bem! – sorriu animado. – Consegui mais um sócio. – disse confiante. – Sabe aquela empresa de marketing, super famosa? A MK? – concordei relutante. – Pois bem, fechamos contrato com ela, essa semana.
- Que ótimo, pai. – sorri amarelo. – Vocês agora são sócios?
- Sim, querida. – sorriu novamente. – Estou tão feliz! – seus olhos brilhavam. – Ah, por falar nisso, temos um jantar de comemoração marcado. Quero que você vá, ok? Não aceito não como resposta!
- Ah, pai, preciso mesmo ir? – fiz uma cara desanimada. – Sabe que eu não curto muito essas festas.
- Ah, , vamos? Vai ser legal! – insistiu e eu vi que ele estava muito feliz por isso, não havia como negar isso a ele. Acabei por ceder e concordar em ir. – Obrigado, vai ser importante ter alguém da minha família por lá. – sorriu, estendendo a mão. Sorri também e juntei nossas mãos. Tudo ótimo, tudo lindo, só há um probleminha: é o presidente dessa empresa. Eu estava ferrada.


Capítulo 3



- Vamos brindar à chegada da em Londres! – Emily disse animada, levantando uma garrafa de cerveja. Nós concordamos, levantando as respectivas garrafas de cerveja.
- Ah, valeu, meninas! – sorri agradecida. – Pressinto que esse ano vai ser ótimo!
- É claro que será, eu vou estar... – Emily foi interrompida pelo garçom do local, colocando três drinks sobre a mesa. – A gente não pediu isso.
- Eu sei, é cortesia dos rapazes daquela mesa. – e apontou para uma mesa a poucos metros da nossa. Nela havia três homens, muito gatos por sinal, e eles sorriam para a gente.
- Uh! – Emily sorriu, pegando o drink. – Isso tá começando a ficar bom!
- Eles estão olhando descaradamente pra cá. – Ashley sorriu e acenou pra eles.
- Ashley, pára! – repreendi, rindo.
- Ah, larga de bobeira, se eles querem... Que mal há? – Emily disse, piscando pra mim em seguida. – Somos jovens, temos o direito de nos divertir.
- É, mas eles parecem ser bem mais velhos. – fitei-os e eles conversavam ainda olhando para a nossa mesa. Um deles parou de conversar e olhou pra mim, erguendo um copo. Sorri sem graça e mordi o lábio inferior, desviando o olhar.
- Gosh, eles estão vindo pra cá! – Ashley arrumou o curto vestido, passou a mão no cabelo e fez a melhor cara de vadia que podia.
- Boa noite, meninas! – um deles disse assim que se aproximou da mesa. – Vejo que receberam nosso presentinho.
- Oh, sim, obrigada. – Emily agradeceu, sorrindo perversamente. – Querem se sentar com a gente?
- Nah, tava pensando em dar uma voltar, sei lá... Não quer me acompanhar? – ele estendeu a mão para Emily e ela nos olhou sem saber o que fazer. – Não se preocupe com as suas amigas, elas ficarão em boa companhia, não é mesmo, rapazes?
- Se depender da gente! – o outro sorriu, piscando pra mim. Abaixei a cabeça e sorri de lado.
- Viu, só? – Emily mordeu o lábio e continuou nos fitando.
- Vai lá, Emily! – Ashley a encorajou. – A gente vai ficar bem.
- Ok, não vou demorar. – levantou-se e aceitou a mão que ele estendia pra ela. Os outros dois homens se sentaram junto a nós, na mesa.
- Então, como vocês se chamam? – o cara de camisa social azul perguntou.
- Eu sou Ashley e essa é a . – apresentou-nos.
- Prazer, meninas. – o outro sorriu. – Eu sou Eddie e esse é o meu amigo .
- Saíram da trabalho direto pra balada, senhores? – Ashley perguntou ao notar que todos eles estavam vestidos de social. Eles se olharam e riram.
- Merecemos folga, não é? – o tal Eddie disse, dobrando a manga da camisa.
- Então, são daqui mesmo? – perguntou, lançando um sorrisinho pra mim. Caralho, esse cara tá me deixando sem graça.
- Ahn, eu acabei de me mudar pra cá. – confessei, rindo sem graça.
- Ah, sério? Seja bem-vinda, ! – Eddie sorriu animado. – Devemos comemorar isso, não acha, ?
- Concordo com você! – piscou pra mim e aproximou sua cadeira da minha. – Tem quantos anos, ? Desculpa a indelicadeza. – perguntou baixo, somente pra mim.
- Erm, dezoito. – fiz uma careta. – Eu sei, sou uma pirralha.
- Ah, eu não acho... – colocou a mão sobre o meu joelho e eu prendi o ar sem querer. – Você já sabe o que quer e o que faz.
- Yeah, eu sei. – coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e voltei a fitá-lo. – E você? Quantos anos tem?
- Eu tenho trinta e três. – confessou. Sabia que ele era bem mais velho, sabia. – Mas isso não é um problema, é?
- Não, claro que não. – sorri.
- Ótimo. – aproximou-se mais de mim, segurando meu queixo. – Quer dar uma volta?
- Ahn, não sei se devo. – fiz uma cara desanimada.
- A gente não vai longe, prometo. – fez um xis na frente dos lábios. – Eu só quero te conhecer melhor. Aqui dentro tá muito barulho e fica difícil.
- Hm... – olhei de soslaio para Ashley, pude ver ela e Eddie rindo e conversando ao pé do ouvido. Ok, ela não ia me dar moral tão cedo. Voltei a minha atenção para e esse tinha um sorriso brincando nos lábios. – Tá bom, eu vou.
- Que bom! – levantou-se rapidamente e me puxou junto a ele. – Eddie, depois a gente se fala. Vamos dar uma volta por aí.
- Tudo bem, ? – Ashley perguntou em dúvida. Somente assenti e sorri pra ela, que sorriu de volta.
- Tá certo, cara! - deu um tapinha no ombro dele e entrelaçou a mão na minha. Respirei fundo e me forcei a pensar que estava fazendo a coisa certa. Ele nos guiou para fora da boate e, assim que saímos, senti o vento frio que estava lá fora. percebeu que eu arrepiei e sorriu.
- Frio? – perguntou e eu assenti. – Ok, meu carro tá logo ali. Eu tenho aquecedor lá dentro.
- Ahn, carro? – disse incerta.
- Não se preocupe, eu não vou te seqüestrar. – riu e eu me senti uma boba naquela hora. – E também não vou fazer nada que você não queira, relaxa.
- Ok. – sorri, tentando deixar a insegurança de lado, e fui até o carro onde ele acabara de abrir a porta do banco passageiro. Assim que entramos, senti o ar frio ficar do lado de fora e o aquecedor fazer efeito lá dentro. – Ah, bem melhor.
- Você é linda, sabia? – ele disse de repente. Fitei seus olhos e ele estava com a expressão séria. – É sério, nunca vi alguém tão linda quanto você.
- Poxa, obrigada. – sorri sem graça e imaginando que ele devia dizer isso para todas. – Erm, você trabalha com o que, ?
- Eu sou presidente da MK, uma empresa de marketing aqui de Londres! – sorriu, passando os dedos pelo meu rosto. – Sabe o que me encantou em você?
- O quê? – fiz uma careta.
- A sua inocência! – pronto, agora ele achava que eu era um criança ingênua. – Digo, você parece não ter malícia nas coisas, tem esse rostinho de boneca, parece tão frágil, que dá vontade de abraçar e não soltar mais. – ponto pra ele. Fiquei vermelha de vergonha. Ele notou isso e sorriu, passando o indicador pelos meus lábios. – Não precisa ficar com vergonha, é só o que eu acho.
- Você deve estar achando que eu sou uma criança que não sabe nada. – desabafei. – Eu não sou tão inocente assim. – ele levantou a sobrancelha, malicioso. Burrada, , burrada.
- Eu sei que não. – beijou o canto da minha boca. – Como eu já disse, você já sabe o que faz. – beijou meu queixo e eu fechei meus olhos. – Eu só quero te ensinar um pouco mais... – e mordeu meu lábio inferior. – Claro, se você me permitir.
- Eu permito! – disse rápido demais e ele riu, mas, no segundo seguinte, já tinha seus lábios pressionados aos meus. Agarrei sua nuca e o deixei aprofundar o beijo, sentindo sua língua procurar pela minha, sentindo meus pelos arrepiarem a cada toque da mão dele em minha cintura. Sua mão subiu e junto com ela minha ansiedade. Afastei sua mão dos meus seios e ele riu durante o beijo. Voltou a descer sua mão, que ficava indecisa entre minha cintura ou minhas pernas descobertas. Puxou-me rapidamente e logo eu estava sentada em seu colo, deixando o beijo ficar ainda mais quente. Suas mãos apertaram meus glúteos e eu arfei. desceu os beijos para o meu pescoço e eu finalmente pude respirar de novo. O que não durou muito, porque minha respiração faltou quando o senti beijar meus seios sobre o vestido. Isso estava indo longe demais. - ... – chamei-o baixo.
- Eu não vou fazer nada que você não queira. – entendeu meu recado, subindo novamente os beijos e encontrando minha boca. Baguncei seu cabelo enquanto ele voltava a apertar minhas pernas. Por falar em pernas, pude sentir algo a mais se “evoluindo” por entre as pernas dele. Ô-ou. Ouvimos algo bater no carro e balançá-lo todo, soltamo-nos depressa e fitamos o local de onde vinha o barulho. Um cara bêbado tinha acabado de tropeçar e bateu de cara com o vidro do carro, os amigos foram rapidamente o ajudar. Salva por um bêbado. Passei a mão no meu cabelo, tentando ajeitá-lo, e não conseguia olhar para . - , tá tudo bem?
- Tá sim. – sorri amarelo. – Só acho que a gente devia parar por aqui.
- Por que, linda? – apertou minha cintura e eu fechei os olhos. deu leves mordidinhas em meu pescoço e eu tentei não acelerar minha respiração. – A gente podia ir à um lugar menos movimentado, não acha?
- Ahn? Erm, por quê? – mordi meus lábios e o fitei. sorriu e abaixou a cabeça.
- Eu não posso fazer isso com você... – confessou desanimado.
- Como assim? – perguntei, não entendendo. me colocou sentada de volta ao banco e segurou meu rosto enquanto falava.
- , eu vou ser bem sincero com você – disse calmamente e eu prestei atenção. – Eu vim hoje nessa boate a fim de diversão, na verdade, é uma festinha de despedida de solteiro do Tony, aquele que saiu com a sua amiga. – ele ia dizendo e eu tentava não parecer surpresa. – Eu achei que ia chegar aqui e me divertir com qualquer garota... – continuou e eu, sem perceber, afastei-me dele. – Mas aí eu te vi e não consegui desgrudar os olhos de você... – colocou as mãos nos meus ombros. – Eu estou falando isso porque eu não quero me aproveitar de você, se eu fizer alguma coisa será porque você quis e não porque eu te forcei a algo, entendeu? – assenti silenciosamente. – Você é diferente de todas essas outras garotas, , por isso eu estou te contando isso, você é especial. – sorriu, deslizando as mãos e entrelaçando às minhas. – Ah, e tem mais uma coisa... – ele fez uma careta e soltou uma mão, alcançando o paletó que estava sobre o banco de motorista, tirou a carteira de lá e, num pequeno bolso dentro da mesma, retirou uma aliança. Oh, não.
- , isso não significa o que eu acho que significa, né? – afastei-me rapidamente dele.
- Infelizmente, sim, eu sou casado.


Eu tive a oportunidade ali, de fugir de tudo isso, mas eu escolhi ficar. Deixei-me levar por palavras bonitas e acabei fodendo com a minha própria vida. Sim, eu era a única culpada por isso, eu não tinha direito de culpar mais ninguém pelos meus erros e minhas escolhas.
- Johnny, filho, não faz bagunça com o sorvete – pedi enquanto o assistia jogar sorvete para todos os lados. – Se não quer mais, é só não comer.
- Quero! – respondeu, voltando a comer normalmente. Rolei os olhos, rindo.
- Isso mesmo, pivete, come tudo porque eu estou te bancando. – Nathalie fingiu estar brava, mas depois riu. – Ele tá tão fofo, amiga.
- Fofo e bagunceiro, né? – ele riu, culpado. – Quanto mais cresce, mais arte faz.
- Me dá ele? – pediu, apertando as bochechas dele, que fez uma careta.
- Fica à vontade, é todo seu. – dei de ombros, rindo. – Quer ficar com a tia Nath, filho?
- Eu quero, eu quero! – sorriu animado.
- Nossa, filho, vai deixar a mamãe? – fiz bico e ele também.
- Não, não. Eu quero a mamãe! – fez cara de choro.
- Ok, ok. É brincadeira, príncipe, você vai ficar com a mamãe. – puxei-o para o meu colo. – Ninguém nunca vai tirar você de mim.
- Amiga, vai fazer o que no sábado? – Nathalie perguntou, tomando seu sorvete.
- Hm, vou à um jantar com o meu pai. – fiz uma careta. – Odeio jantares formais.
- Ah, sim. – suspirou, derrotada. – Achei que você fosse me fazer companhia!
- Por que você não vem também? – decidi de repente. – É, vai ser ótimo ter você pra me livrar daquelas pessoas chatas - e de fazer besteira com a presença do lá. – Ah, vamos, Nath?
- Seu pai vai me chamar de penetra. – fez bico.
- Penetra por quê? Eu estou te convidando, oras! – revirei os olhos. – Você vai e pronto, esteja linda no sábado.
- Sua mãe é uma mala, hein? – Nathalie disse a Johnny, ele apenas riu. – Viu, ele concorda.
- Concorda nada e não adianta, você vai, Nath! – insisti.
- Ok, , você venceu, eu vou! – deu-se por vencida e eu sorri vitoriosa. – Mas se eu ficar com fama de penetra, eu te mato.
- Tá, sua exagerada. – rolei os olhos. - Por falar nisso, eu ainda não comprei um vestido pra ir.
- É, e agora eu também preciso comprar. – concordou. – Quer ir ao shopping?
- Hm, por mim tudo bem. – sorri e ela assentiu. Pagamos nossos sorvetes e fomos para o shopping, entramos em várias lojas, mas parecia que nenhum vestido nos agradava. Enquanto olhava alguns vestidos de um lado e Nathalie do outro, Johnny estava sentado em um sofá vermelho que ficava ao lado do provador. Olhei-o rapidamente e ele estava com os cotovelos sobre os joelhos e a cabeça apoiada nas mãos. Estava fofo, porém parecia entediado. Caminhei até ele. – Ei, príncipe, o que foi?
- Casa! – disse somente, esfregando os olhos, mostrando sinal de sono.
- Tá com sono, meu amor? – ele assentiu, fazendo bico. – Ok, a gente vai pra casa, tá? Vem aqui! – puxei-o pela mão e nos guiei até Nath. – Amiga, vamos pra casa.
- Mas por quê? Nós ainda nem escolhemos nossos vestidos, . - fez uma careta.
- Depois eu faço isso, Johnny está morrendo de sono. – apontei para baixo e ele bocejava pela décima vez. Rimos.
- Tudo bem, então. – ela me deu um abraço e um beijo na bochecha de Johnny e logo saímos da loja. Enquanto caminhávamos para fora do shopping, Johnny avistou um pequeno parque e aí, todo sono que ele sentia, esvaiu-se. Após uma birra, ele conseguiu me convencer a deixá-lo brincar um pouco nos brinquedos.
- Vai com a moça e se comporta. – beijei sua testa e a mulher responsável pelo local pegou sua mão, guiando-o até alguns carrinhos que tinham ali. Sorri e o observei. Ok, sou uma mãe muito coruja sim, não nego. Apoiei meus braços na grade de proteção e acenei pra ele assim que ele fez o mesmo.
- ? – ouvi alguém chamar meu nome, virei-me para descobrir quem. – Oi, linda!
- Droga! – resmunguei baixo.
- Oi? Desculpe, eu não ouvi. – ele sorriu e eu agradeci por ele não ter ouvido.
- Ahn, nada. – sorri sem graça. – Oi, .
- Saudades de você. – colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e eu respirei fundo, controlando-me. – Tá sozinha? – olhou para os lados e eu mordi os lábios, assentindo. – Hm, vai fazer alguma coisa agora?
- Na verdade, sim, eu vou! – fui firme. – Ahn, já que você está aqui, eu preciso te avisar uma coisa. – engoli a seco. – Eu vou pra festa de comemoração da MK com o novo sócio.
- Espera, como você sabe do novo sócio? – ele levantou uma sobrancelha, desconfiado.
- Porque ele é meu pai. – confessei, enfim. Ele riu sem humor. – Ele me chamou, não havia como recusar.
- Seu pai é dono da ’s P&P? – assenti. – Por que você nunca me disse?
- Porque você nunca perguntou. – respondi irônica. – Olha, só estou te avisando pra não ter nenhuma surpresa quando me ver lá, ok?
- Hm, ok. – riu. – Vai ser interessante ter você lá, vai ser difícil me controlar perto de você, mas eu vou tentar. – piscou malicioso e eu tive que rir. Nunca desiste, né, ? - Sabe que eu vou levar a Emma, né?
- Sei. – respondi baixo.
- Ok. – concordou e olhou para algo atrás de mim. Ouvi uma voz conhecida gritando “mãe” e eu me controlei para não virar. Vi sorrir e acenar, levantei a sobrancelha.
- Tá acenando pra quem? – perguntei aflita.
- Sei lá, tem um menino ali acenando pra cá, acenei de volta pra não deixar ele sem graça. – deu de ombros, olhando pra mim novamente. – Ele é fofo.
- Você achou? – mordi o lábio inferior e ele assentiu.
- Aham. Olha, tenho que ir. – beijou minha bochecha. – A gente se vê no sábado, então.
- Tudo bem, até lá. – sorri e ele logo desapareceu das minhas vistas. Ouvi de novo um “mãe” e me virei para olhar meu filho já voltando para onde eu estava. – Oi, pequeno.
- Mãe, você não me viu. – choramingou. Agachei-me até ele e arrumei sua roupinha.
- Claro que vi, você estava se divertindo muito. – mordi sua bochecha e ele riu. – Estava lindo!
- Mamãe, o “homi” deu tchau pra mim. – sorriu radiante e eu sorri junto.
- Eu vi, filho. – levantei-me, agarrando sua mãozinha. – Eu vi. – sorri sozinha com a possibilidade de talvez ter mudado o conceito dele sobre filhos e crianças. Talvez.


Capítulo 4



Estava me trocando para ir embora depois de mais um dia de trabalho, quando ouvi meu celular tocar. Peguei minha bolsa e depois o celular, olhei a bina e sorri antes de atender.
- Oi, pai.
- Olá, querida – disse alegre. – Como está minha princesa?
- Eu tô bem, e você? – pendurei minha bolsa no ombro e saí andando para a casa de Nathalie, onde tinha deixado Johnny.
- Bem também. Então, preparada para amanhã? – perguntou animado. Mordi meu lábio inferior, incerta.
- Acho que sim – ri sem graça.
- Não se preocupe, você vai gostar. – garantiu. – Bom, você tem um minuto para vir ao meu escritório hoje?
- Tenho agora, por quê? – perguntei confusa.
- Eu tenho um presente para te dar. Já comprou seu vestido, querida? – neguei. – Foi o que eu imaginei. Bom, se você puder vir aqui, ficaria feliz.
- Ok, eu só tenho que ir buscar o Johnny na casa da Nath e depois vou para aí, tudo bem? – ele concordou e desligou logo após. Presente? Ai, Senhor! Fui até a casa de Nathalie buscar Johnny e de lá seguimos para o escritório do meu pai. – Oi, Anne. Meu pai pode me receber? – perguntei a Anne, secretária do meu pai, que já me conhecia há algum tempo.
- , você pode aguardar um minuto? Ele está com um sócio agora, mas já devem estar terminando. – pediu com um sorriso no rosto e eu assenti, indo me sentar em um sofá que existia lá.
- Senta aqui, filho. – pedi a Johnny e ele prontamente sentou ao meu lado. – Se divertiu hoje na tia Nath?
- Aham, nós brincamos de massinha! – disse animado.
- Imagino como deve estar a sala dela agora. – ri sozinha, imaginando a casa dela cheia de massinhas. Coitada.
- Quero ver o vovô! – Johnny choramingou, pulando do sofá.
- Daqui a pouco, amorzinho. – pedi, juntando as mãos. – Fica quietinho pra não atrapalhar ninguém, tá?
- Mas eu quero ver o vovô! – disse alto e eu fechei a cara.
- Johnny , não me faça brigar com você. – disse séria e ele fez um bico enorme. – Senta aqui agora e fica quietinho.
- Quero o vovô! – disse baixo enquanto cruzava os braços e se sentava no chão. Passei a mão na testa, impaciente.
- Não vou falar outra vez, Johnny! – abaixei o rosto para que só ele pudesse me ouvir. – Eu não tô brincando, garoto. – vi uma lágrima escorrer pelo seu rosto e o bico continuar em seus lábios. Suspirei cansada. Pouco depois, ouvi vozes se aproximando e a porta do escritório ser aberta. Um mini-furacão levantou do chão e correu ao encontro do avô. Abraçando suas pernas.
- Opa! – papai disse assim que sentiu Johnny abraçá-lo. Sorriu largamente e o pegou no colo. – E aí, rapaz?!
- Vô! – disse alto e feliz. Respirei fundo e me levantei, indo até eles, só então me dando conta que vinha uma pessoa logo atrás de papai. Não podia ser. Não mesmo.
- Ei, , conhece o meu neto? – apresentou ao homem que já estava ao seu lado. Encarei Johnny e somente ele.
- Neto? – riu. – Não sabia que tinha neto, Charlie.
- Eu tenho, meu caro. – riram. Eu engoli o seco e fitei meus sapatos com medo de encará-lo. - , esse é o meu neto, Johnny. Dá oi pra ele, campeão.
- Oi. – Johnny acenou e depois colocou a mão na boca.
- Ei, garotão! - bagunçou o cabelo dele e eu finalmente resolvi encará-lo. Ele tinha um sorriso irônico nos lábios, mas, ao mesmo tempo, podia se ver um ar confuso em seus olhos. – Achei que você tivesse me dito que só tinha uma filha.
- Mas eu só tenho uma. – papai respondeu inocentemente. – Esta aqui... – apontou suavemente para mim. - , esse é o , meu novo sócio.
- Ahn, prazer. – sorri amarelo, mas não pareceu notar. Aliás, parecia que o mundo tinha parado de girar ao seu redor, porque ele estava paralisado, não piscava, não se mexia, só tinha aquela expressão de surpresa no rosto. Ele não podia ter descoberto, droga, muito menos assim. olhou novamente para Johnny, mas, dessa vez, seu olhar continha curiosidade.
- Quantos anos você tem, Johnny? – perguntou, segurando sua pequena mão. Johnny tirou a mão que estava na boca e fez um três com os dedos. assentiu, rindo sem humor. – É um belo garoto, . – dirigiu-se a mim. Eu apenas tentei sorrir, mas não deu muito certo. – Se me dão licença, tenho que ir embora agora. Nos vemos amanhã, Charlie.
- Até amanhã, ! – papai disse sorridente. – Dá tchau, Johnny.
- Tchau! – acenou, abrindo e fechando a mão. sorriu e acenou de volta. Minhas mãos gelaram quando o vi depositar um beijo na bochecha do filho, sem saber, ou talvez já sacando tudo. É claro que ele havia sacado, . Não seja idiota.
- Tchau, . - disse simplesmente e saiu de lá. Soltei a respiração toda de uma vez, passando a mão no cabelo, nervosa.
- Vem, vamos entrar. – meu pai pediu, já voltando a sala, e eu o acompanhei. – Que bom que veio, eu tenho um... ? Ei, tá tudo bem? Você me parece meio pálida.
- Ahn? – virei-me pra ele. – Ah, tudo bem, não se preocupe. – sorri amarelo, sentando-me na cadeira em frente à sua mesa. – O que você queria de mim?
- Então, como ia dizendo, eu comprei algo pra você, não sei se vai te agradar, mas qualquer coisa é só trocar. – sorriu, colocando o neto no chão. – Johnny, pega aquela sacola em cima daquela mesa, sim? – ele concordou e correu até o embrulho. – Traz pra sua mãe. – e foi o que ele fez, entregou-me a tal sacola com o logo da Armani e eu abri levemente a boca, observando meu pai fazer sinal para eu seguir em frente. Abri o embrulho e, aí sim, meu queixo foi ao chão. Lá dentro havia um vestido lindo.
- É... – eu gaguejei. – É lindo!
- Você realmente gostou? – assenti, fazendo-o sorrir. – Fico feliz por isso. Eu queria te dar um presente, não é muito, mas eu achei que iria gostar.
- Obrigada! – agradeci, levantando-me e indo abraçá-lo. – É realmente lindo.
- Fico satisfeito! – cruzou as mãos em cima da sua mesa. – Tenho certeza que você ficará linda nele. – e piscou maroto, fazendo-me rir por alguns segundos, até me lembrar do que havia acontecido há pouco.
- Bom, pai, eu sinto muito, mas eu precisarei ir. – fiz uma careta. – Tenho que alimentar essa pestinha. – apontei para Johnny, que mexia nos livros do escritório. – E colocá-lo para dormir.
- Ok, querida. – levantou-se também. Deu-me outro abraço e um beijo na testa. – Se cuidem! – e logo estávamos dentro do elevador. Roía a unha constantemente, imaginando tudo que estava passando na cabeça de naquele momento. Não queria nem imaginar. Olhei para o meu colo e Johnny estava com a cabeça encostada em meu ombro, ainda acordado, mas bem quietinho. Agora ele fica quieto, né? Respirei fundo, quando o elevador se abriu, encaminhei-me para o fora do prédio para chamar um táxi, mas não foi preciso.
- ! – chamaram-me e eu nem precisei me virar para saber quem era. – Será que podemos conversar?

***


Deitei Johnny sobre a tão conhecida cama e o deixei descansar ali, já que ele havia dormido durante o percurso até o loft onde e eu nos encontrávamos. Suspirei baixo, depositando um beijo em sua testa. Virei-me para ir até a sala e ele já me aguardava na porta do quarto com os braços cruzados, creio eu, esperando uma explicação plausível para tudo aquilo. Passei direto por ele e continuei andando até a sala.
- Certo... – disse baixo, sentando-se no sofá. – Acho que mereço uma explicação, não acha? – foi irônico, visivelmente controlando a raiva. – Quem é esse garoto? Onde você o encontrou? Por que não disse que havia adotado uma criança? – ri sarcástica, fitando-o incrédula.
- Você é idiota ou o quê? – perguntei, balançando a cabeça.
- Não me subestime, - disse alto.
- , você já olhou para aquele menino? Olhou realmente? Viu seus olhos? – perguntei já alterada. – Você viu com quem ele se parece? – apontei para o lado onde Johnny dormia. – Não se finja de idiota, você entendeu muito bem que ele é meu filho de sangue. Não só meu... – suspirei alto. – Como seu filho também.
- MEU? – gritou e depois riu. – Impossível.
- Óbvio que não! – rebati. - , quantas vezes já corremos o risco de gravidez? Não sei como ainda se surpreende.
- Como assim? Você disse que tomava pílulas. – vociferou, levantando-se e vindo em minha direção. – Você me enganou, ?
- Não! – defendi-me. – Claro que não, mas houve uma época que fiquei doente e tive que tomar antibiótico, não sei se você sabe, mas isso anula o efeito da pílula, foi nesse meio tempo. – dei de ombros, derrotada. – Não foi premeditado.
- Tá realmente me dizendo que aquele garoto, aquele que tá dormindo bem ali, aquele garoto de três anos é mesmo meu filho? – riu de novo. – Não pode ser. – bagunçou o cabelo, andando de um lado para o outro. – Você tá louca, só pode.
- Não preciso que você acredite em mim, na verdade, não preciso de nada de você. – sorri irônica. – Não é à toa que você não soube disso durante três anos.
- PORRA, TRÊS ANOS! – gritou comigo e eu fechei os olhos fortemente. – Como eu nunca soube disso? Sim, porque se você realmente tivesse um filho meu, eu iria saber, onde você teve esse garoto? Onde você estava quando tava grávida?
- Lembra daquele tempo que eu fui para o Brasil? Pois é, eu fui pra lá por esse motivo. Não queria que você soubesse, descobri tudo muito rápido e, quando dei por mim, já era tarde demais. – disse baixo, abraçando meus próprios braços, segurando o choro.
- Brasil? – perguntou, não acreditando. – Que droga, . - estava cada vez mais vermelho. – Eu não posso acreditar nisso, eu simplesmente não consigo.
- Já disse, não precisa acreditar em mim. – fingi indiferença. – Eu sempre vivi muito bem sem você saber e posso continuar assim.
- Espera... – parou de repente, fitando-me. – Ele é aquele garoto do shopping, não é? – assenti e ele riu irônico novamente. – Que idiota, que idiota! – falava baixo, como se fosse só para si mesmo. – Como não percebi? Ele estava chamando pela mãe! – apontou pra mim. – MÃE! E a mãe é você.
- Sim. – respondi, mesmo sabendo que não era uma pergunta. Mordi meus lábios, não sabendo se aguentaria segurar muito tempo o choro que teimava em querer cair.
- Quanto tempo mais achou que guardaria esse segredo, uh? – aproximou-se de mim, devagar. – Qual a sua intenção realmente? Por que até agora eu não entendi. Deixar o garoto crescer o suficiente para depois reclamar paternidade e pensão? Quanto você quer, ?
- O quê? – afastei-me, não acreditando no que ouvia. – Cala a sua maldita boca, . – vociferei. – Eu. Não. Quero. Nada. De. Você. – disse pausadamente. – Deu pra entender? Eu não quero nada seu. NADA.
- Ah, qual é, não seja idiota. – abriu os braços. – Vamos agir como adultos, o que você quer com isso tudo?
- Arght, não dá pra conversar com você. – rolei os olhos, impaciente. Eu ia voltar ao quarto, mas Johnny apareceu antes disso, coçando os olhinhos com cara de sono, andando meio que se arrastando. – Oi, amor, que houve?
- Não consigo dormir, mamãe. – fitou-me com os olhinhos brilhantes. Como pode duvidar que é filho dele? É a cópia.
- Ok, filho, vamos pra casa, tá? – ele assentiu.
- Ei, Johnny, venha aqui! - o chamou, agachando-se. Johnny olhou pra mim, apreensivo.
- Tudo bem, príncipe. Vai lá. – encorajei-o e ele andou rapidamente até , meio relutante. Apenas os observei.
- Uau! – disse baixo, tocando o rosto do filho. – Você parece alguém que eu conheço, sabia? – perguntou, passando a mão no cabelo dele. – Você é muito bonito, garoto.
- Minha mãe disse que eu sou lindo. – respondeu inocente. riu, concordando.
- Ela tem razão. - segurou a cintura de Johnny. – Você gosta de brincar de quê, Johnny?
- Ah, eu gosto de brincar de caminhão. – sorriu animado, fazendo-nos sorrir também. – Eu quero um bem grandão, mas a mamãe disse que é muito caro. – fez um bico, abaixando a cabeça. Cortou-me o coração.
- É mesmo? Ah, isso é uma pena. – levantou a cabeça dele. – Mas, sabe, eu posso te contar um segredo? – ele assentiu. – Um passarinho me contou que talvez você possa ganhar esse caminhão.
- Posso? – perguntou com os olhos brilhando.
- Pode sim. - sorriu ao ver a carinha feliz que ele fez. – Ei, garotão, posso te dar um abraço? – e, antes de responder, Johnny o abraçou delicadamente. As lágrimas que eu segurava já não as continha mais, rolavam pelo rosto sem controle. Aquela cena, mais do que tudo, mexeu com o meu emocional. – Eita, mas que menino cheiroso! – disse, após soltá-lo. Johnny riu e colocou o dedo na boca.
- Hey, mocinho, tira o dedo da boca. – mandei e ele tirou rapidamente. me fitou novamente e depois olhou de Johnny para mim.
- Tenho que admitir, . - sorriu de lado. – Nós fizemos um belo trabalho.
- Eu também acho. – fitei Johnny, permitindo-me me orgulhar do filho que tinha. Deixando um sorriso bobo brotar em meus lábios. – Ele é tudo que posso me orgulhar de mim. Somente disso.
- Por que você nunca me contou? – perguntou-me, mas ainda fitando o filho, fascinado.
- Eu tive medo. – confessei baixo. – Você sempre disse que não queria filhos, não gostava de crianças, eu tive medo da sua reação.
- Eu nunca disse que não queria filhos. – fitou-me. – Eu disse que Emma não podia ter filhos e eu a compreendia, somente isso.
- Mas... – eu fraquejei.
- Mas você sequer pediu minha opinião sobre tudo isso, em nenhum minuto tentou saber como eu me sentiria se soubesse que tinha um filho. – levantou-se, andando até mim. – Deixou claro seu ponto de vista sobre mim e decidiu sozinha o que eu pensaria a respeito disso.
- O que você queria que eu pensasse? , eu estava pensando no futuro dessa criança. – defendi-me. – Eu não queria que ela sofresse tudo o que eu sofri por sua causa. Porque, vamos ser sinceros, você é casado. Qual seria o futuro que você daria a ela? – ele ia se manifestar, mas eu o interrompi. – Eu respondo: nenhum.
- O seu problema é pensar que sabe o que quero, mas você não sabe, , não sabe. – rebateu, balançando a cabeça negativamente.
- Tá, ok. É isso? Desabafou? Disse tudo? – cruzei os braços. – Posso ir agora?
- Pode ir... – foi para o lado de Johnny. – Mas ele fica.
- Ah, claro – rolei os olhos. – Não viaja, . É claro que eu vou levar meu filho, tá louco?
- Nosso filho, - corrigiu-me e eu apenas ri. – Eu quero ter um tempo com ele, eu tenho esse direito.
- Direito? Qual é, você não tem direito algum sobre ele. – andei até Johnny e o peguei no colo. – Você nem deveria saber da existência dele.
- Tenta outra coisa, . Tarde demais, agora eu sei, e eu quero conhecer o meu filho. – disse baixo. Suspirei, encarando-o e depois fitando Johnny em meus braços, que tinha uma cara confusa, olhando para o pai. – Por favor, me deixa ficar um pouco com ele.
- Não sei, ... – apertei mais ele nos meus braços. me olhava aflito, esperando uma resposta afirmativa. Beijei a bochecha do meu filho e o coloquei de volta ao chão, sobre o olhar de . – Ele pode ficar, mas eu também vou ficar.
- Tudo bem. – concordou, sorrindo e olhando para o filho. – Johnny, tá com fome?
- Tô. – respondeu baixo.
- Quer comer o quê? – perguntou, aproximando-se dele.
- Chocolate! – pediu animado. Nós rimos.
- Chocolate não, filho. Você precisa comer alguma coisa que te alimente direito. – avisei.
- Já sei, vamos todos à algum lugar comer e lá decidimos, pode ser? – perguntou a mim e eu concordei. A besteira já estava feita, tudo o que lutei para esconder durante anos foi por água abaixo, agora era deixar a realidade entrar na minha vida, assim como, querendo ou não, tinha entrado na vida de Johnny.


Capítulo 5



- Então, o que acontece conosco agora? - perguntou enquanto fitava Johnny brincar com as batatas fritas. Suspirei alto e desviei o olhar para as minhas mãos.
- O que já deveria ter acontecido há muito tempo... – mordi meus lábios e o fitei demoradamente. – A gente não vai mais se ver.
- Em que sentindo você quer dizer isso? – levantou uma sobrancelha, desconfiado.
- Em todos os sentidos, . - rebati.
- Acho que não, . - sorriu irônico. – A partir do momento em que eu descubro ter um filho, eu tenho o direito de querer fazer parte da sua vida. Eu concordo que o clima entre nós tenha acabado... – eu discordo, . Idiota. – Mas eu ainda preciso te ver. Bem, querendo ou não, nós temos um filho juntos e isso muda muita coisa, querida.
- , eu já disse que você não precisa participar de nada que envolva o meu filho. – falei entre dentes. – Por que você precisa vê-lo, uh? Você nem sabia da existência dele há poucas horas!
- Porque eu quero ter um filho, ! – confessou e eu apenas o escutei. – Eu sempre quis ter um, mas eu não podia fazer nada, porque Emma não pode ter, entende? Ela não quer adoção, ela diz não querer cuidar dos filhos de outras pessoas. E agora, droga, eu tenho um, entende isso? Eu descobri que tenho um filho biológico... – sorriu, olhando para Johnny. – E ele é lindo. – voltou a ficar sério e a me fitar. – E você não vai me proibir de vê-lo, não mesmo.
- , vamos com calma! – pedi, tentando ser paciente. – Eu não sei se quero você na vida dele... – disse baixo. – Você pode estragar tudo. Você pode estar empolgado agora, mas eu não sei se isso logo vai passar. – passei a mão sobre a minha testa. – Se você começar a se envolver, o que eu vou dizer a ele depois? Como vou apresentá-lo? Pai? Eu não sei se irá dar certo apresentar um pai, cujo nem o sobrenome ele tem. , você é casado e eu já percebi que isso nunca irá mudar. Eu não quero o mesmo futuro incerto para o meu filho, assim como o meu. Eu fui uma idiota deixando tudo isso acontecer, e para quê? Para nada. Acho que o melhor que se tem a fazer agora é fingir que você nunca o conheceu, fingir que você também nunca me conheceu. – respirei enfim.
- Posso te fazer uma pergunta? – perguntou somente e eu acenei um sim. – Se você se martiriza tanto por estar comigo todo esse tempo, por que ficou comigo até hoje? – engoli em seco.
- Não muda de assunto. – cortei-o e ele riu sarcástico.
- , eu já disse, não vou abandoná-lo. E não adianta fugir, eu vou encontrar vocês e você sabe que eu posso. – levantou as sobrancelhas. – Quer tentar fazer isso mais simples ou não?
- Eu te odeio. – vociferei.
- Você não me odeia e sabe disso. – continuou com o tom calmo de antes. – Vamos lá, , diga a verdade e eu direi também... – olhei-o, sem entender. – O que você sente por mim?
- Como se isso importasse. – rolei os olhos.
- Não vai dizer? – encarou meus olhos. Desviei. - , eu estou falando com você. – puxou meu rosto para voltar a fitá-lo.
- , por favor, foco somente no Johnny, ok? Isso não importa mais. – suspirei.
- Ok, eu não vou te pressionar… - cruzou as mãos em cima da mesa. – Mas, algum dia, eu vou repetir essa pergunta e espero que você me dê a resposta... – fitou minha boca. – A resposta que eu quero ouvir.
- Dane-se, ! – levantei-me. – Johnny, vamos para casa, príncipe?
- Eu deixo vocês lá! – levantou-se também.
- Não precisa, nós pegamos um táxi! – peguei meu filho no colo, rapidamente. – Até amanhã, .
- Até lá! – sorriu, colocando as mãos dentro do bolso da calça. Parei o primeiro táxi que passava e lá estava eu, indo rumo à minha casa, tentando digerir tudo o que havia acontecido há algumas horas na minha vida. Olhei para Johnny sentado em meu colo, brincando com o cordão em meu pescoço, tão disperso de tudo o que estava acontecendo à sua volta. Suspirei, cansada de tudo. Beijei sua testa delicadamente. – Minha criança. – apertei-o em meus braços. – Só minha.

***


- É impressão minha ou a elite toda de Londres está aqui? - Nathalie sussurrou para mim, assim que chegamos ao coquetel. É, ela tinha razão, a maior parte da elite estava presente ali. E isso me dava medo.
- Venham, meninas! Quero apresentar vocês a algumas pessoas. - papai estendeu os braços e nós nos entrelaçamos cada uma em um. À medida que andávamos, sentia-me mais deslocada, era por isso que eu não gostava dessas festas. O olhar dessas pessoas sobre nós, julgando-nos sem ao menos nos conhecer. Andamos pouco, pois um casal nos parou durante o percurso.
- Charlie, finalmente chegou! - ele disse animado. Meu pai sorriu e estendeu a mão, cumprimentaram-se rapidamente.
- John, essa é a minha filha, ! - olhou, indicando-me. - E essa é a sua amiga, Nathalie.
- Prazer em conhecê-las, senhoritas! - foi cordial e nós sorrimos em resposta. Ele nos apresentou a sua esposa e emendou com meu pai um papo sobre negócios. Um garçom passou por nós e eu peguei uma taça de champagne.
- Opa, vai devagar, ! - Nath riu, observando-me tomar quase a taça toda de uma vez. Sorri sem graça. - Algum problema?
- Não, tudo bem. - sorri amarelo. - Só estou pensando em Johnny.
- Ele está bem, não se preocupa. - piscou, passando-me confiança. - Sério, será que eu arranjo um namorado aqui hoje? - falou calma enquanto passeava os olhos pelas pessoas. Eu comecei a rir.
- Nath, controle-se! - tomei mais um pouco do champagne; aquilo era bom.
- Tá, ok. Pode ser só um caso mesmo. - deu de ombros, como se estivesse falando sobre frango frito. - Ah, qual é! Você viu quantos caras gatos, gostosos e ricos tem aqui hoje? – é, ela estava certa, eu não podia discordar.
- A maioria tem esposa, amiga. - suspirei, lembrando-me de um certo homem casado.
- É, tipo aquele que está indo falar com o seu pai. - avisou e eu procurei meu pai, avistando-o cumprimentar e a esposa. Droga! - Nossa, ele é realmente gostoso! - murmurou maliciosa.
- Infelizmente! - disse para mim mesma, tomando o resto do champagne e apanhando outra taça assim que o garçom passou por nós de novo. Vi meu pai vindo em nossa direção, com e sua esposa perfeitinha em seu encalço. Oh, céus! Por que ele não poderia pelo menos ser feio? Ajudaria bastante. Ele estava impecável, usando um terno escuro, cabelos penteados para trás e aquele sorriso lindo brincando em seus lábios. Filho de uma...
- Eles tão vindo para cá, ô-ou! - Nathalie murmurou, logo após sorrindo, assim que papai chegou até nós. me olhou de cima a baixo, levantando a sobrancelha. Apenas desviei o olhar, tomando mais champagne.
- , você já conhece o ? - meu pai sorriu.
- É claro! - sorri, levantando a taça. - Como vai?
- Muito bem, e você? - ele sorriu e a mulher dele pigarreou.
- Ah, e essa é Emma, sua esposa. - papai apresentou e, então, eu reparei melhor nela. Emma era uma mulher muito bonita, uma loira, alta, olhos azuis e um sorriso brilhante. O que quer comigo mesmo? - Minha filha, .
- Não sabia que você tinha filhos, Charlie. - ela disse, lançando-me um sorriso animado. - E ela é linda!
- Obrigada. - disse agradecida.
- Hm, sinto que já a vi em algum lugar. - Emma disse vagamente. Engoli seco, havia me esquecido do encontro no café.
- Ah, creio eu que não. – sorri, sem jeito. Outro garçom passou por nós, oferecendo vinho, e eu troquei a taça de champagne por uma de vinho, tomando rapidamente. levantou a sobrancelha, curioso. Os outros também pegaram uma taça.
- Amor, vou ao toilete. - ouvi Emma avisar a , virar-se para nós, sorrir, pedir licença e sair. Papai começou uma conversa animada com Nath, deixando-me sozinha com . Ele sorriu para mim com aquele ar malicioso de sempre e eu rolei os olhos, tomando mais vinho. Ele aproximou o rosto do meu ouvido, discretamente.
- Vai com calma, ! - pediu, vendo que eu tomava quase que desesperadamente a bebida. Quase o mandei tomar conta da vida dele, mas me contive e apenas sorri sem humor. - Ah, e você está linda! - disse, fazendo-me sorrir.
- Valeu. Você também está. - fui sincera e ele riu. Ah, aquela risada.
- , onde estão os homens solteiros dessa festa? Preciso apresentar uns à minha filha. - papai se virou para nós, falando divertido.
- Pai! - repreendi. Eles riram.
- Está procurando namorado, ? - me olhou, intrigado.
- Não só ela! - Nath se intrometeu, rindo. Ok, isso estava ficando desconfortável.
- Se me dão licença, rapazes, vou ao toilete. - avisei. - Nath, vem comigo?
- Claro, ! - sorriu, concordando. - Cavalheiros! - disse e a puxei por entre as pessoas, andando para qualquer lugar que não fosse ali. - Você sabe onde fica?
- Na verdade, não! - parei de andar, encarando-a.
- Ai, ! - rolou os olhos. - Vem, vamos perguntar a alguém. - perguntamos a uma garçonete e logo menos estávamos no banheiro. - Nossa, mas aquele tem um charme, hein? - abanou-se, rindo.
- Ai, Nathalie! Não é para tanto. - encarei-me no espelho do banheiro.
- Ah, nem vem! Eu vi vocês dois de papinho, viu? Conversando muito próximos. - fez um gesto de "estou de olho". Ignorei, voltando para o espelho.
- Não viaja! - suspirei. - Quero ir embora! - virei-me, encostando-me à pia.
- A gente mal chegou, ! - Nathalie fez uma careta. - Nem está tão ruim assim, vai. E você está bebendo pra caramba!
- Claro que não! - olhei-a indignada. Ela cruzou os braços, fitando-me com uma sobrancelha levantada. - Tá bom, talvez um pouco.
- Está acontecendo alguma coisa e você não quer me dizer? – perguntou, enfim. Apenas neguei com a cabeça. - Hm, sei.
- Vem, vamos voltar! - puxei-a de volta para a festa e, assim que saímos, vimos Emma acenar, chamando-nos. Sorri amarelo e nos encaminhamos até onde ela estava com mais duas outras mulheres.
- Ei, meninas, essa é a , filha do Charlie. - apresentou-me. - E a amiga dela.
- Não sabia que Charlie era casado! - a ruiva disse, olhando-me com cara de esnobe.
- E ele não é. - avisei. - Ele é divorciado.
- Entendo. - disse, tomando um pouco do seu vinho. Sorri falsamente. Ouvi um barulho de algo batendo e procurei pelo tal barulho.
- Pessoal, atenção! - e achei. Era , mais à frente, batendo a aliança na taça, chamando nossa atenção. - Quero fazer um brinde. Um brinde à nossa união com a empresa do meu querido Charlie . - levantou a taça. - Graças a vocês, consegui tudo o que tenho. Obrigado a todos os presentes. Obrigada também à minha linda esposa, Emma, por me apoiar sempre. - piscou para ela, que sorriu e mandou beijos. Senti meu estômago revirar. Todos levantaram as taças em concordância.
- Obrigado, . Fico honrado de fazer parte dessa grande família. - papai disse, sorrindo. Você não sabe que família, pai. Logo após, as pessoas se dispersaram e voltaram a conversar. Inclusive Nathalie, que conversava com um rapaz, bem animada. Aproveitei a oportunidade e saí discretamente dali, andando entre as pessoas até sair em um jardim enorme. Uau, tem bom gosto para casas. Avistei uma pequena fonte no meio do jardim e me aproximei dela. Como a minha vida virou do avesso da noite para o dia? Parecia que tudo estava contra mim. Suspirei, abraçando-me, sentindo uma brisa fria passar por mim e, junto com ela, o aroma de um perfume que eu conhecia bem.
- Frio? - perguntou, parando ao meu lado. Observei-o, de soslaio, retirar o isqueiro de estimação do bolso, um cigarro e acender o mesmo.
- Sua mulher não se importa de você fumar hoje? - perguntei, intrigada.
- Eu preciso fumar, estou nervoso! - confessou, dando uma tragada.
- Nervoso por quê? - levantei uma sobrancelha, curiosa.
- Porque toda vez que eu vejo você perto da Emma, eu acho que ela pode descobrir tudo... - riu irônico.
- Eu não vou... - ele me interrompeu.
- E toda vez que eu vejo você tão linda, eu tenho vontade de te agarrar e te beijar. - riu sarcástico.
- Não seja idiota! - desviei meu olhar para o chão.
- Ah, você está aí! - ouvimos uma voz atrás de nós e nos viramos.
- Oi, Nath! - sorri para ela. - Hm, foi um prazer, .
- O prazer foi todo meu, . - sorriu, pegando minha mão e beijando o dorso da mesma. Acenei brevemente e saí de lá com Nathalie em meu encalço.
- Perdi alguma coisa? - disse, assim que voltamos ao salão de festa.
- Não! - dei de ombros. Vi um garçom passar por nós, então o parei. - Ei, o que tem aí?
- Temos whisky e tequila, senhorita. - respondeu educadamente.
- ... - Nathalie repreendeu. Ignorei-a.
- Hm, eu quero whisky! - pedi e ele me deu um copo. Tomei um longo gole e senti o álcool descer queimando, mas era uma ótima sensação.
- Nunca vi você beber tanto, sério! - comentou, preocupada.
- Estava precisando, nada de mais. - eu disse, dando de ombros. Começou a tocar uma música lenta e alguns casais começaram a dançar. - Que ótimo! - revirei os olhos. Quando eu ia tomar mais um gole da minha bebida, senti alguém tomar o copo da minha mão. - Ei!
- Segura, por favor? - entregou o copo para Nath, que o pegou prontamente. - Dança comigo? - estendeu a mão. Rolei os olhos, aceitando.
- Tanto faz! - ele me arrastou para longe e segurou minha cintura. Num impulso, coloquei minhas mãos em volta de seu pescoço.
- Para de beber, ! - murmurou para que só eu ouvisse. Bufei, impaciente.
- Vai ficar me vigiando agora? - falei, meio tonta. Ele apertou as mãos na minha cintura.
- Todo mundo percebeu que você já está bem animadinha. - foi irônico.
- Fodam-se! - sorri sarcástica.
- Por que você está fazendo isso? - perguntou, num tom preocupado, procurando meus olhos.
- Acha que só você está nervoso? - fitei seus olhos. - Acha que eu não estou nervosa por estar aqui? Vê-lo com ela, vendo você a exibir como um troféu para os seus amigos. Acha que eu adoro isso? - desabafei.
- ... - sussurrou, mas eu o cortei.
- Quer saber? Para mim chega! - soltei-me dele, deixando-o sozinho lá. Avistei Nathalie e, assim que me aproximei, ela abriu a boca para falar algo, mas eu já fui logo cortando. - Não fala nada, só me segue. Preciso achar meu pai e ir embora daqui agora. - ela fechou a boca e concordou, seguindo-me, enfim. Assim que encontrei meu pai, vi que estava conversando com a ruiva amiga de Emma. Forcei um sorriso e me meti na conversa. - Ei, pai?
- Ah, oi, querida! - ele sorriu, animado. - Já conhece a minha filha, Liz?
- Aham, já nos conhecemos. - eu disse, sorrindo falsamente para ela. - Pai, eu tenho que ir agora. Norah tem que ir para casa e não posso deixar Johnny sozinho, ok? - concordou, triste.
- Tudo bem, eu levo vocês. - avisou.
- Não precisa, nós vamos de táxi - pedi, sorrindo.
- Tem certeza, filha? - segurou minha mão. Beijei sua bochecha.
- Absoluta! Fica e aproveita a festa, comemora com os seus amigos. - sorri verdadeiramente. - Até mais. Boa festa! - acenei e puxei Nathalie para fora dali. Demorou algum tempo para arranjarmos um táxi, mas assim que encontramos, logo estávamos em casa. Fomos em silêncio o caminho todo, Nathalie só abriu a boca quando estávamos dentro de casa.
- Então... - ela se jogou no sofá, cruzando os braços. - Estou esperando uma explicação.
- Hm, não adianta eu fugir, né? - ela negou. - Certo... - joguei-me ao seu lado. - Está na hora de você saber a verdade sobre mim.
- Sobre você? - perguntou confusa.
- Sobre mim, Johnny e .



Capítulo 6




Encarei Nathalie pela décima vez após eu ter contado tudo. Resumido, na verdade, sobre e eu. Ela ainda estava com aquela cara de choque, e estava me agoniando.
- Ai, fala alguma coisa, pelo amor de Deus! - pedi, gesticulando rápido. Ela desviou o olhar pra mim.
- Ainda não consigo acreditar nisso - disse baixo. - Por que você nunca me contou?
- Era... É tudo muito complicado - encarei minhas mãos sobre o meu colo. - Não envolve somente a mim, mas várias pessoas.
- Eu queria que você tivesse confiado em mim, - murmurou. Levantei o olhar até ela, Nathalie me fitava com o visível sentimento de decepção. Meu doeu muito.
- Eu sinto muito, de verdade - suspirei. - Já tem muito drama na minha vida, não precisava de mais.
- Hm, então não existe nenhum Adam? - assenti com a cabeça. - E o tal é o pai do Johnny? - concordei de novo. - E o que você pretende fazer agora? Continuar fingindo e mentindo pra todo mundo? Seus pais, a mulher do ... Seu filho? - dei de ombros.
- Eu não sei... - fui sincera. - Eu nunca soube o que fazer por isso me encontro nessa situação.
- , você não pode privar o Johnny de crescer com um pai, sabia? Ele não tem culpa de nada! - aumentou o tom de voz. - Ele é o único inocente nessa história toda.
- Eu sei, tá bom? - falei no mesmo tom. Ela se calou. - Eu tô cansada de saber disso! Por isso eu estou indo com calma, não quero assustar Johnny com essa aproximação toda do - suspirei alto. - Eu tenho medo de me deixar levar com isso e depois magoar o filho. Eu não suportaria vê-lo triste.
- É um risco que você tem que correr - comentou.
- Eu tô deixando eles se aproximarem aos poucos, para eu poder ver a reação de cada um - expliquei, fitando-a, meio apreensiva. - Você não sabe o quanto isso me sufocou durante anos.
- E eu estava aqui o tempo todo pra te ajudar, te escutar - rebateu. Eu suspirei cansada.
- Eu sei, me perdoa? - segurei suas mãos. - Por favor? - Nathalie me olhou por um tempo, e depois sorriu, me puxando para um abraço.
- Claro que perdoo! - me apertou no seu abraço. - Eu não consigo sentir raiva de você, ainda mais quando você precisa de mim.
- Obrigada, amiga - falei sinceramente. Vi Nathalie bocejar assim que nos soltamos, sorri. - Hora de ir dormir, certo?
- É, noite agitada! - fez uma careta e eu concordei, fazendo outra.
- Vem, dorme comigo - levantei, puxando-a comigo. Guiando-nos para o meu quarto.
- Vai abusar de mim? - nós rimos.
- É claro! - falei brincando. Indo até o meu closet e pegando roupas confortáveis para nós. - Que tipo de amiga eu seria se não fizesse isso?
- Idiota! - riu, se jogando na cama. - Sinceramente? Eu quero ver como essa história vai andar de agora pra frente.
- É... - suspirei. - Infelizmente, eu também!

***


Observei Johnny correr na sala enquanto jogava o pequeno carro de brinquedo para um lado e para o outro. Caia no chão e não chorava, pelo contrário, gargalhava alto. Sorri, vendo-o cair mais uma vez e olhar pra mim rindo.
- Cuidado pra não se machucar, meu amor - pedi, me sentando no chão. Ele sorriu e veio engatinhando até mim.
- Cai! - disse rindo. Sorri, passando as mãos no seu cabelinho loiro.
- Johnny, o que você achou do ? - perguntei, mordendo o lábio inferior. Ele se sentou entre as minhas pernas, pegou uma bolinha colorida e brincou com ela.
- O "homi" do caminhão? - perguntou inocente. Assenti, beijando sua bochecha. - Legal! Gosto dele - respondeu somente. - Ele gosta de mim.
- E quem não gosta de você, hein? - mordi seu braço, fazendo-o rir.
- Pára, mamãe! - se virou pra mim, ficando de pé e segurando meu rosto.
- Vou morder você - ameacei, fingindo que ia mordê-lo. Ele riu, aproximando seu rostinho do meu, olhando dentro dos meus olhos. Aqueles intensos do seus grandes olhos, me fitaram por um tempo. Foi impossível não lembrar de . - Te amo, gordinho!
- Tinhamu, mamãe! - abraçou meu pescoço. Retribui, enlaçando seu corpo pequeno em meus braços.
- Tá com fome, príncipe? - perguntei, assim que ele se soltou de mim e voltou a se sentar no chão.
- Quero comer "macão!" - disse animado. Ri, me levantando.
- Certo, vou fazer macarrão pra gente! - sorri, me dirigindo até a cozinha, quando ouvi meu celular tocar. - Atende o celular pra mamãe, filho! - gritei da cozinha, ouvindo Johnny correr até o celular jogado sobre o sofá. Fui até o armário pegando um pacote de macarrão, selecionando uma panela e colocando água nela. Macarrão comum, ao alho ou bolonhesa? Hmm. Ao alho!
- Eu quero, eu quero! - Johnny disse animado ao telefone. Sorri, levantando a sobrancelha. Coloquei a panela no fogo e fui até ele, observando-o segurar o aparelho com as duas mãos.
- Quem é, filho? - perguntei, me agachando até ficar de sua altura.
- Mamãe chegou! - ele anunciou a pessoa. - Toma, mamãe - e estendeu o celular para mim, peguei prontamente.
- Ahm, alô? - perguntei, enfim.
- Que garoto animado! - a voz falou, e eu a reconheci de imediato. - Deve ter energia o tempo todo.
- Claro, ! Ele é uma criança - falei óbvia, me levantando e voltando para a cozinha. - O que você tava falando com ele?
- Ah, nada de mais - falou sem dar muita importância. - Tava o chamando pra passar um dia comigo.
- Você o quê? - quase gritei. - Tá louco? O que eu disse? Era pra gente ir com calma, !
- Ih, calma, ! - ele riu. Desgraçado! - Eu tô ciente de tudo. Eu também não quero assustar o garoto - suspirou. - Mas eu falei sério, quando disse que queria conhecê-lo.
- Você não vai desistir, não é? - perguntei suspirando alto e me encostando a bancada. Ele negou. - O que você tem em mente? - perguntei, dando-me por vencida.
- Quero passar um dia com ele, sei lá - sugeriu, meio nervoso. - Passear, tomar sorvete. Essas coisas que criança gosta de fazer!
- Hm... - fiz, olhando Johnny me fitar com os dedos na boca. - Ele gosta de brincar no parque. Adora desenhar e vive tocando sua guitarrinha pra mim - sorri, lembrando-me. - , sabe que eu vou ficar com ele o tempo todo, certo?
- Eu sei, - suspirou impaciente. - Mas você vai ter que confiar mais em mim.
- Eu vou tentar - confessei, passando a mão na testa. - Quando você quer fazer isso?
- Tenho folga amanhã - explicou. - Queria pegar ele cedo e curtir o dia. Tudo bem?
- Tudo bem, não tenho muita alternativa mesmo - dei de ombros. - Eu o levo para o loft.
- Não quer mesmo que eu saiba onde você mora, né? - riu, sarcástico. - Mas, tudo bem, a gente se encontra lá.
- Tchau, ! - me despedi.
- Ah, ? - me chamou baixo.
- O que? - respondi.
- Eu sinto muito por ontem - pediu, suspirando alto, logo após. Fechei meus olhos, sentindo meu coração acelerar.
- Esquece - murmurei. - Eu que sou sempre a idiota mesmo.
- , não... - ele disse rápido.
- Tchau, ! - o interrompi, desligando depois. - Idiota! - disse entre dentes. - Eu sou muito burra mesmo. - falei baixo.
- "Macão!" - Johnny falou, apontando.
- Droga! - resmunguei, correndo para apagar a água que já tinha secado. - Droga, droga! - xinguei mais algumas vezes, apoiando as mãos na cabeça. Sentindo uma dor imensa se apossando dela.
- Mamãe? - Johnny chamou, e eu mirei minha atenção para ele. - Ele gosta de você!
- O que? Quem? - perguntei confusa. Ele riu, colocando a mão na boca. - Johnny?
- ! - disse meio atrapalhado. Levantei a sobrancelha, confusa.
- Não entendo, meu filho! - o levantei, colocando-o sentado sobre o balcão da cozinha. - Por que você tá dizendo isso?
- Ele me disse - confessou, sorrindo e segurando a minha blusa. - Quero comeeeer!
- Ahm... - balancei a cabeça, tentando colocar os pensamentos em ordem. - Ahm, certo, certo! - tentei sorrir. - Vou agilizar isso aqui, ok? Vem! - o tirei de cima do balcão, colocando-o de volta ao chão. Johnny correu de volta a sala, voltando a brincar. - Gosta de mim? - perguntei a mim mesma, cruzando os braços. Um sorriso surgiu em meus lábios sem que eu percebesse, mas logo voltei à realidade. - não gosta de ninguém além dele mesmo - bufei, voltando a preparar o macarrão. Eu sinto que estou mais perdida do que eu imaginava.


- Obrigada - agradeci ao taxista, depois de pagá-lo e sair do carro. Johnny se mexeu em meu colo, encostando a cabeça em meu ombro, bocejando em seguida.
- "Xoninho" - murmurou, suspirando depois.
- Eu sei, meu amor - passei a mão em sua cabeça. - A gente já tá chegando. Logo você vai brincar muito e o sono vai passar. - expliquei, enquanto andava rumo ao loft. Só mesmo pra me fazer agir assim. Eu estava a ponto de levar meu filho para o homem o qual, há poucos dias, não tinha ideia que tinha um filho. E agora, estava muito animado para conhecê-lo. Isso era loucura demais para mim e para o meu doce Johnny. Mas era como Nathalie disse, eu não podia privá-lo de ter um pai na sua vida. Infelizmente, ela estava certa. Parei de andar e olhei a porta a minha frente. Respirei fundo antes de bater na mesma. Bati uma vez e, logo em seguida, ela foi aberta. Um sorridente e com os olhos brilhando, estava a minha frente.
- Oi, ! - disse enfim. não estava com os seus usuais ternos, mas sim com uma calça jeans, uma camiseta verde clara e tênis. Querendo ou não, eu tinha que confessar que ele estava muito, mas muito bonito mesmo. Ele passou a mão no cabelo, bagunçando-o. E foi ai que eu percebi, eu estava feito uma estátua parada a sua frente, sem dizer nada.
- Ahm, eu... Oi! - falei tremula, me odiando no segundo seguinte. Ele deu espaço para que eu pudesse passar e, assim, eu o fiz.
- Ei, Johnny! - ele sussurrou atrás de mim, chegando perto de Johnny. Ele se mexeu, desencostando a cabeça do meu ombro e fitando o pai, curioso. - Como vai, campeão?
- ! - disse animado, espantando todo vestígio de sono que ainda pudesse ter. Sorri, por saber que ele gostava de . Mas, ao mesmo tempo, sentindo medo por tudo isso acontecer depressa demais. deu a volta, parando a nossa frente.
- Então, pronto para se divertir? - ele perguntou, apertando a barriguinha dele, que riu assentindo.
- Aonde você está pensando em ir, ? - perguntei, colocando Johnny no chão.
- Vocês já tomaram café? - foi até a mesinha, apanhar as chaves do carro.
- Eu tomei, mas Johnny não quis - expliquei, vendo ele sorrir animado. Eu nunca vi sorrir tanto em toda a nossa história.
- Então, eu vou levá-lo para comer em um lugar que eu gosto muito - avisou.
- Mas não corre o perigo de sermos visto? - perguntei, aflita. Isso era um dos grandes motivos por quais nós nunca saímos do loft.
- Tá tudo bem, é um local pouco frequentado por pessoas que me conhecem - piscou maroto. Mordi o lábio inferior, assentindo. - Vamos lá, pequeno Johnny? - perguntou, estendendo a mão para que ele a segurasse. Johnny me olhou, em dúvida. Sorri, assentindo e ele finalmente segurou a mão do pai. o fitou por um tempo, parecendo não acreditar que estava segurando na mãozinha do seu filho. Seu filho, de verdade.

's POV

Lá estava eu, dirigindo para o restaurante Camino, com duas pessoas no meu carro. Minha amante ao meu lado e meu filho no banco de trás. Quando eu pensei que isso aconteceria comigo? Nunca, é a resposta. O carro estava quieto. Johnny estava olhando pela janela, entretido com as lojas que passavam. suspirava a cada cinco segundos, estalava os dedos e passava a mão no cabelo. Não precisava ser um gênio pra saber que ela estava nervosa. A olhei de soslaio. Ela estava mordendo o lábio inferior, como ela sempre fazia quando estava nervosa. Eu adorava isso. Na verdade, eu adorava a forma como ela sorria tímida sempre que eu a elogiava, adorava as caretas que ela sempre fazia quando eu dizia algo bobo, adorava como ela beijava meu pescoço quando eu estava nervoso ou cansado por algum motivo do trabalho. Eu a adorava! Se não fosse por isso, por que ficamos juntos três anos? Suspirei, apertando o volante entre meus dedos. Três anos. Puxa, isso é muito tempo! Eu não me orgulho de trair a minha mulher, não mesmo. Mas eu casei muito novo, Emma e eu sempre fomos amigos, acho que uma coisa levou a outra. Só depois parei pra pensar o quão precipitados nós havíamos sido. E com esse pensamento em mente, pensando o que eu tinha perdido, o quão monótono era meu casamento, quantas mulheres eu perdi por ter me casado, que eu sai com a primeira mulher fora do meu casamento. E ai, já era. Foram uma atrás da outra. Nunca uma tinha durado mais de uma semana. Nenhuma aceitava isso. Mas, ai, eu conheci a . Eu não sei como ela aguentou até hoje. Ela não é desse tipo, senti isso desde a primeira vez que a vi. Agora eu penso que foi por Johnny ou...
- , tá me ouvindo? - me tirou do meu transe.
- Oi? Desculpa! - pedi, sorrindo sem jeito. - O que você disse?
- Johnny estava falando com você - explicou, levantando a sobrancelha. - Tá tudo bem? Você estava meio distraído.
- Tá sim, não se preocupa - dei de ombros. - Fala, Johnny! - sorri, o fitando pelo retrovisor. Ele sorriu ao ouvir seu nome. Eu tinha que confessar, aquele moleque era a minha cara!
- Já chegou? - perguntou, balançando as perninhas.
- Ahm... - visualizei onde estávamos e sorri satisfeito. - Sim, chegamos!
- Nossa... - murmurou, tirando o cinto de segurança. Saiu do carro e foi pegar Johnny no banco de trás. Saí do carro também e esperei que eles viessem para o meu lado. - Que lugar lindo!
- Eu gosto bastante daqui - sorri, olhando para Johnny no chão, segurando a mão da mãe. Ele sorriu de volta, estendendo a outra mão para que eu pudesse segurar também. Sem relutar, eu segurei. E assim, entramos no restaurante.


- Você tá linda! - sussurrei, após observá-la por vários minutos. tirou a atenção do copo do vinho e olhou pra mim, com as sobrancelhas levantadas.
- Como é? - perguntou, confusa. Sorri, vendo sua careta ao não entender.
- Eu disse que você tá linda - repeti, segurando a mão dela sobre a mesa.
- Ahm... Nem vem, ! - tirou a mão da minha.
- , eu sinto sua falta - confessei baixo. Ela estreitou os olhos, balançando a cabeça negativamente.
- Não, não sente - falou, sorrindo irônica. - , eu só vim aqui hoje por causa do Johnny, só isso.
- Por favor, não faz isso... - pedi, voltando a segurar sua mão. Ela as olhou por um instante e depois olhou pra mim. - Eu adoro você!
- , não... - suspirou, fechando os olhos. - Não complica as coisas, por favor!
- Vamos lá, ! - beijei seus dedos, sentindo que ela começava a suar frio. - Fica comigo mais uma vez?
- , as coisas mudaram... - me fitou, séria. - Tudo mudou, você não notou isso? - olhou de relance para Johnny, me fazendo olhar também. Johnny comia uma comida mexicana, que não lembro o nome, muito animado e entretido. Nem ligando para a nossa presença. Ela suspirou alto, voltando a olhar pra mim. - Me esquece, ok? Só me esquece. Não vai ser difícil pra você!
- Por que você acha que eu sou tão frio assim? - falei mais alto. Ela riu, sarcástica.
- Porque, ahm, vamos ver... Você trai sua esposa? - disse como se fosse surpresa. - Você só gosta de si mesmo.
- Mas eu disse que adoro você! - rebati.
- Eu não quero que você me adore! - falou alto, levantando-se. – Eu... Eu preciso ser amada - respirou fundo, fechado os olhos. Passou a mão na testa, controlando o nervosismo. Virei à cabeça, olhando para os carros nas ruas, sentindo meu coração doer. E eu nem sabia o porquê. Estava apertado, minha garganta estava apertada. Parecia que meu coração iria sair pela boca. Estava doendo. Aquilo que ela disse me doeu. - Hm, você pode levar o Johnny para o loft às 18h? - pediu baixo.
- Posso sim - respondi no mesmo tom, desviando meu olhar até ela. Ela olhou pra mim por um tempo, olhando bem fundo nos meus olhos. Abriu a boca pra dizer algo, mas balançou a cabeça negativamente e levantou a mão.
- E-eu já vou - anunciou, se agachando pra ficar perto do filho. - Meu amor... - ela o chamou, e eu não sei o porque, mas eu tive vontade de que aquelas palavras fossem ditas a mim. Mas o que eu tô falando? - A mamãe vai pra casa, tá? - passou a mão sobre o cabelo dele. Johnny sorriu, assentindo. - Se divirta com o . Se quiser ir embora, peça a ele que te leve, ok? - ele assentiu de novo. - Se cuida, meu príncipe! - beijou a testa dele. - Te amo!
- Tinhamu! - ele respondeu, sorrindo. Era isso. Eu não poderia ter aquele amor todo pra mim. Eu jamais conseguiria ter o amor que Johnny tinha pela mãe. Ele sempre me veria como um estranho, um amigo. Mas... Pai? Será que um dia eu conseguiria que ele me chamasse assim. Aliás, o que eu faria com essa criança de agora em diante? não olhou pra mim de novo enquanto andava em direção a porta, não disse mais nada. Apenas se despediu do filho e pegou um táxi. Eu não sei se eu estava pronto pra deixá-la partir... Ir embora de vez. Aquela mulher foi importante demais pra mim. Ela me aguentou mesmo quando nem a minha própria esposa não aguentou. Ela ficou do meu lado quando as coisas não estavam bem. Ela me fez rir quando eu estava pra baixo. Ela me fez... Feliz! Eu não podia deixá-la desistir assim.
- Ei, Johnny! Quer fazer uma surpresa pra mamãe?

's POV Off


Capítulo 7




Silêncio. Há quanto tempo eu não tinha silêncio. Nem em casa, nem na faculdade e muito menos no trabalho. Suspirei, jogando-me no sofá. Observei os brinquedos de Johnny espalhados pela casa, lembrando-me mentalmente de ensiná-lo a guardar os brinquedos depois de brincar. Depois de passar no trabalho, avisando que tiraria as folgas atrasadas durante essa semana, decidi vir pra casa estudar. Afinal, minhas provas estavam aí, eu precisava por meus estudos em dia. Levantei, rumando para o meu quarto, disposta a aprender tudo o que eu havia esquecido devido aos atuais fatos. Peguei meus livros e caderno sobre o criado-mudo, sentei-me na cama e me pus a ler. Ler é uma coisa, concentrar-se é outra totalmente diferente. O rosto de e suas palavras martelavam em minha cabeça. Ele achava o quê? Pode ficar comigo sempre que tiver vontade? Pode me fazer de idiota por muito mais tempo? Chega! Pra mim já deu o que tinha que dar. Eu não vou mais me sucumbir aos desejos dele, não vou mais ser a grande idiota da história. Eu só estaria com ele se fosse por Johnny, nada mais. O que eu estava pensando esse tempo todo? Que ele iria largar a esposa e ficar comigo? Eu fui muito imbecil de acreditar nisso. Acreditei na esperança de ele sentir algo verdadeiro por mim, além de desejo carnal. Suspirei alto, largando os livros de lado. Levantei-me, andando até o banheiro, na intenção de tomar uma ducha bem quente pra tentar relaxar. Era sempre assim: só pensar nele que meu corpo explodia com todos os tipos de emoções. Ódio, decepção, abstinência de seu toque, de seus beijos, sentia angústia, culpa e amor. Como consigo sentir tudo isso junto? Eu deveria apenas odiá-lo. Mas não, , você tinha que amá-lo. Arranquei sem dó as minhas roupas, jogando-as no cesto de roupas ao lado. Logo após, enfiando-me debaixo da ducha, sentindo a água me lavar por completa, ou não tão completa assim. Eu era fraca e sabia disso, mas ele não precisava saber, certo? Certo.
Depois de me sentir um pouco mais limpa, finalmente consegui estudar um pouco. Estudei algumas horas até sentir minha barriga roncar, avisando que eu precisava comer alguma coisa. Espreguicei-me logo após, dirigindo-me até a cozinha. Vasculhei meus armários atrás de algo comestível. Tudo o que encontrei demoraria a ser feito, então optei por um pacote grande de Doritos e um copo de coca. Joguei-me novamente no sofá, liguei a TV e enfiei a cara na comida. Dane-se a celulite!


- Eu sei, Nath! Mas o que eu poderia fazer? Eu não ia conseguir ficar lá com ele por muito tempo. Eu precisava desse tempo sozinha também. – confessei, colocando as pernas sobre o encosto do sofá. Ajeitei o celular na minha orelha, pegando mais uma colher de sorvete com a outra mão livre. É, eu ia virar uma gorda. Mas quem liga? Segundos depois, ouvi a campainha soar. Larguei o sorvete no chão e, com muita preguiça, levantei do sofá, indo abrir a porta. E qual foi a minha surpresa quando abri a mesma? Dando de cara com um buquê enorme de rosas brancas. – Ahm, Nathalie, eu te ligo depois! – não esperei ela se despedir e finalizei a ligação. – O que você tá fazendo aqui?
- Bom te ver de novo também, . - ironizou, sorrindo. Rolei os olhos, vendo Johnny segurando sua mão livre enquanto ria. – Eu trouxe pra você! – ele estendeu o buquê em minha direção. Mordi o lábio inferior, em dúvida. – Vamos lá, aceite! Não me faça ficar sem graça.
- Isso não muda em nada, - avisei, pegando o buquê de rosas. Inalei seu perfume por um momento, logo voltando a prestar a atenção ao ser parado a minha frente. – Como descobriu onde eu morava?
- Posso entrar? – ignorou minha pergunta, fazendo outra. Suspirei, vendo Johnny se soltar de e entrar correndo em casa. Abri mais a porta, dando espaço para que ele pudesse entrar também. Ele sorriu, entrando em seguida. – Hm, é um bom lugar! – comentou, andando e observando tudo ali. Parou em frente a um porta-retratos, onde podia se ver uma foto de Johnny em meu colo quando era apenas um bebê. Respirei fundo e fui até a cozinha, arranjando um vaso qualquer para colocar as rosas dentro.
- Você ainda não me disse como me descobriu aqui. – voltei a perguntar, após depositar as rosas no vaso e voltar para a sala. se virou pra mim e riu.
- O seu pai me disse, . - respondeu somente, indo se sentar no sofá. Chamando Johnny com as mãos, esse indo prontamente até ele. o colocou sentado no seu colo, deixando ele brincar com a aliança em seu dedo.
- Como meu pai te disse? Você não contou a ele, contou? – perguntei, horrorizada. Ele negou apenas. – Então...?
- Disse que era do cartão de crédito. – confessou, passando a mão pelo cabelo do filho.
- Hmm... – fiz, olhando a cena dos dois juntos. – E por que você veio até aqui? Nós não tínhamos combinado no loft?
- Eu queria fazer uma surpresa. – sorriu. – Então, surpresa!
- O que você tá querendo com tudo isso, ? – perguntei, cansada. Sentando-me ao seu lado. Ele me olhou por um tempo, sem muita expressão. - ?
- Eu quero você! – confessou baixo, desviando o olhar. – Eu sinto sua falta, .
- Você tem a sua esposa, não precisa de mim. – suspirei, encarando o chão.
- Ela não é você. – alertou, descendo Johnny de seu colo, que correu para os brinquedos jogados no chão. – Poxa, a gente ficou junto tanto tempo. Será que eu não mereço nem um pouco de fé?
- ... – virei-me para ele, puxando sua mão e entrelaçando nossos dedos. Ele prestou atenção em mim, olhando fixamente nos meus olhos. – Eu gosto de você, eu gosto mais do que gostaria que fosse. – suspirei baixo. – Mas sejamos francos, isso não vai dar em nada. – ele ia se manifestar, mas eu continuei. – E você sabe disso tanto quanto eu. Então, por que prolongar tudo isso? Você tem uma vida, uma esposa. E eu tenho um filho e quero um futuro pra mim e pra ele, entende? Eu não posso depender que você um dia vá deixar a sua esposa, porque isso não vai acontecer. – mordi meus lábios, fitando-o, meio apreensiva. – Vamos fazer isso pelo Johnny, ok? Eu não quero privá-lo de um pai, eu sei o quanto é importante crescer com um. Mas, por favor, não torna isso mais difícil do que já é.
- Acho que você tem razão. – soltou as nossas mãos. – Você quer um futuro que eu não posso te dar. Você é mais inteligente que isso. Você não é como as outras, por isso eu te quis tanto. – passou a mão nos cabelos. – Eu quero fazer isso dar certo pelo Johnny. Quero ficar perto dele e vê-lo crescer. Mas eu quero que você saiba que eu nunca quis tanto uma pessoa quanto eu quis você, na vida. – tocou meu rosto com os seus dedos, deslizando-os suavemente. – Você me fez bem como ninguém. Você me deu um carinho que eu jamais poderia imaginar que merecesse ganhar. – contornou meus lábios com o indicador, olhando fixamente para o movimento que fazia. Eu fixei meu olhar no seu, acompanhando-o. – Na verdade, eu não mereço. Acho que você nunca foi aquela menininha que eu achava que era. Você sempre foi essa mulher forte e decidida. Você é linda. – sorriu de lado. – E fica ainda mais a cada dia. – suspirou alto, voltando a entrelaçar nossas mãos. – Não deixa ninguém mais machucar você, tá? Eu já fiz isso demais, não quero que você passe por isso de novo. Eu só queria te pedir uma coisa.
- O-o quê? – perguntei, trêmula. se aproximou mais de mim.
- Eu posso te beijar pela última vez? – pediu. Eu abri a boca sem conseguir dizer nada, vendo passear os olhos por todo o meu rosto, esperando uma resposta. Respirei fundo, fechando a boca e apenas balançando a cabeça positivamente. se aproximou de mim, beijando a minha testa, a ponta do meu nariz, o canto da minha boca e, finalmente, encostando os lábios aos meus. Aquele seria o nosso último beijo, a última vez que eu sentiria o seu gosto. Entreguei-me por completa àquele momento, deixando sua língua explorar minha boca. Coloquei minhas mãos em sua nuca, apertando-a levemente. segurou meu rosto firmemente, sentindo a urgência que aquele beijo era para os dois. Meu mundo podia acabar ali, não estava me importando com mais nada além dos lábios dele sobre os meus. O beijo foi parando aos poucos até se transformar em selinhos. Assim que nos soltamos, nossas respirações estavam pesadas. olhava no fundo dos meus olhos enquanto eu me perdia naqueles olhos incrivelmente . Sua boca estava bem vermelha, imaginei que a minha não estava tão diferente. – Ahm, eu... – ele quebrou o silêncio. – Eu acho melhor eu ir.
- É. – disse somente. se levantou, indo até o filho.
- Ei, campeão! – Johnny o olhou, sorrindo. – Eu já vou indo, tá? Adorei passar o dia com você, tampinha! – bagunçou os cabelos dele, fazendo-o rir. – A gente se encontra em breve. – agachou-se até ele, beijando sua bochecha demoradamente. – Tchau!
- Tchau, ! – ele falou animado, logo depois voltando a brincar. Levantei-me também, acompanhando-o até a porta.
- Hm, obrigada pelas rosas. – agradeci, enfim, assim que ele já estava do lado de fora. Ele deu de ombros, enfiando as mãos dentro do bolso. – Ahm, pode ligar quando quiser falar com o Johnny.
- Eu farei isso. – sorriu sem muito humor. – Bom, tchau, !
- Tchau, ! – encostei-me à porta, vendo-o sorrir antes de se virar e andar até o elevador. Mordi meu lábio inferior, vendo-o passar as mãos no cabelo várias vezes, mostrando-se nervoso.
- , só mais uma última coisa. – virou-se para mim novamente. Meu corpo se alertou.
- O que foi? – perguntei, desconfiada.
- O que você sente por mim? – soltou de uma vez. Respirei várias vezes antes de responder.
- Eu amo você. – falei, sorrindo triste. sorriu, balançando a cabeça positivamente. As portas do elevador se abriram e ele olhou para as duas pessoas que havia lá dentro, depois voltando a olhar pra mim.
- Eu sinto muito... Por tudo. – falou baixo, desviando o olhar e entrando no elevador em seguida. Soltei o ar que prendia, entrando e fechando a porta. Encostei-me à mesma, sentindo o choro que estava preso na garganta querer sair. Vi que Johnny ainda brincava muito entretido, então fui para o quarto. Joguei-me na cama, colocando um travesseiro sobre o rosto, abafando o meu choro que saía com intensidade. Era o choro que guardei por muito tempo, o choro que estava entalado com aquelas palavras: “Eu amo você”. Eu ia sofrer, ia doer muito, ia demorar curar e cicatrizar. Mas seria melhor, seria melhor para nós dois. Se eu tinha certeza? Bom, eu não tinha, mas eu teria que arriscar.

***


- Então, já escolheu o que você quer dar pra vovó? – perguntei a Johnny, vendo-o olhar para a prateleira com diversas coisas. Ele continuou olhando, em dúvida.
- Pônei! – falou animado, apontando para o pônei roxo de pelúcia. Ri com a escolha.
- Tem certeza, meu amor? – ele afirmou ainda mais animado. – Ok, então! – dei de ombros, pegando o pônei que ele indicara e indo para o caixa. – Sua avó vai adorar esse presente. – comentei rindo, olhando para o objeto em minhas mãos. – É para presente! – informei à moça, entregando o pônei a ela. Ela sorriu, assentindo. Franzi o cenho, reconhecendo aquela cabeleira loira, aqueles olhos verdes e... – Emily?
- Sim? – ela perguntou, direcionando o olhar para mim. Sorri. Há quanto tempo não a via!
- Não se lembra de mim? – perguntei, fazendo uma careta. Ela entortou a boca, tentando se lembrar. - ?
- ?! – ela meio que gritou. Eu assenti, sorrindo. - , a brasileirinha? – assenti novamente, rindo. – Ah, meu Deus! Quanto tempo! Como você está?
- Eu estou bem, e você? Nunca mais nos falamos! – falei, animada.
- Ah, menina, estou indo. Trabalhando aqui, como pode ver. – deu de ombros. – E você, o que tem feito?
- O de sempre, estudando e trabalhando – informei. Johnny puxou minha mão, chamando a minha atenção. Ele odiava não ser apresentado e ficar em segundo plano. Acho que era filho de mesmo.
- E quem é essa criaturinha fofa? – perguntou, finalmente olhando para Johnny. Agachei-me até ele, pegando-o no colo.
- Esse é o Johnny, meu filho. – sorri, fitando-o. – Dá oi, filho.
- Oi, oi! – disse ,acenando. Emily sorriu, apertando as bochechas dele.
- Muito lindo você! – falou, sorrindo. – Ele lembra alguém... – franziu o cenho.
- Ahm... – pigarreei. – Então, a gente tem que se encontrar qualquer dia. Colocar os papos em dia, né?
- Eu também acho! – comentou, indo embrulhar o presente, enfim. – Mas então, você se casou?
- Hm, na verdade, não. – fiz uma careta. – Johnny é uma longa história.
- Compreendo! – assentiu, terminando de empacotar o presente. Paguei a ela e peguei o embrulho. – Bom, obrigada. Vê se não some, ok? Sabe onde eu trabalho agora.
- Pode deixar, eu não vou sumir! – sorri, acenando e saindo da loja. Qual seria a reação de Emily se soubesse que até hoje eu me relacionava com aquele cara do pub? Será que ao menos ela sabia de toda a história daquele dia? – Ai, vida! – suspirei, colocando Johnny de volta ao chão e segurando sua mão. – Tá muito pesado, príncipe. – ele riu, colocando a mão livre sobre a boca. – Espertinho! Vamos embora. – avisei, começando a andar para fora do shopping.
- ? – ouvi meu nome ser chamado. Virei meu rosto para onde a voz havia saído, arrependendo-me depois.
- Emma! – disse quase que entre dentes. Ela sorriu, aproximando-se de mim. Ela e um monte de sacolas.
- Como está, querida? – perguntou, sorridente. Sorri amarelo.
- Bem, obrigada. – agradeci, ajeitando a alça da bolsa em meu ombro. Ela assentiu, colocando uma mecha do cabelo sedoso atrás da orelha. Olhou para Johnny ao meu lado, sorrindo.
- Que menino lindo! – comentou, lançando um sorrisinho para meu filho. Ótimo, porque ele é a cara do seu marido, moça. – Quem é ele, ?
- Ahm... – eu abri a boca pra responder, mas fui impedida por Johnny gritando e apontando.
- Mãe, mãe! – puxou minha mão. – O ! – olhei para onde ele apontava e pude ver mais adiante, conversando ao celular distraidamente, não notando nossa presença ali.
- Mãe? – Emma levantou a sobrancelha, intrigada. – Não sabia que você era mãe, menina. – sorriu. – E muito menos sabia que seu filho conhecia meu marido.
- Pois é! – ri, sem graça. – Tenho um pirralhinho. – aproximei Johnny de meu corpo. – E o seu marido conheceu Johnny esses dias na empresa do meu pai, quando fui visitá-lo.
- Entendo! – concordou, parecendo acreditar. – Bom, eu tenho que ir. Mas vamos marcar alguma coisa, qualquer dia, certo? – apenas concordei com a cabeça. – Tchau, mocinho! – acenou, distanciando-se de nós rapidamente. E, rapidamente, também saí dali.
- Que gracinha, ele acompanha a esposa às compras! – ironizei, sentindo uma pontada de ciúmes. É, pois é, tenho ciúmes mesmo. Foda-se!


Capítulo 8




’s POV

Tentei me concentrar pela milésima vez nos relatórios jogados na mesa do meu escritório, na minha casa. Afrouxei a gravata, pois me sentia sufocado. Passei a mão no cabelo, bagunçando-o. Eu estava inquieto desde a minha ida à casa de e eu não sabia o porquê. Era isso o certo, não é? Então, por que parece que está tudo errado e que falta algo? Eu odeio esse sentimento! Na minha vida tudo tem que estar certo, no seu perfeito lugar. Mas eu não me sinto assim agora.
- Droga! – soquei a mesa, nervoso. Aquelas três palavras soavam na minha mente como se fosse um CD arranhando. Repetindo, repetindo e repetindo. “Eu amo você”. – Ah, ...
- O quê? – Emma perguntou, entrando de repente no meu escritório. Encarei-a, assustado. Ela sorriu, aproximando-se de mim.
- Nada, amor. Só estou meio nervoso com esses relatórios aqui. – sorri sem humor. Ela assentiu, puxando a minha cadeira para a sua frente e sentando-se no meu colo de frente para mim. – Emma, eu...
- Shh... – ela fez, segurando na minha gravata e aproximando seu rosto do meu. – A gente precisa ficar mais tempo juntos, amor. Faz tempo que você não tem tempo pra mim. – fez um leve bico nos lábios. Suspirei, segurando sua cintura com uma mão e com a outra acariciei seu rosto.
- Sinto muito, linda. – pedi, afastando seu cabelo do rosto. – Eu ando trabalhando muito, então não tenho tempo pra nada. – fiz uma careta. Ela assentiu, beijando minha bochecha.
- Eu sei, . Eu entendo, não fico te cobrando, você sabe. – balancei a cabeça, concordando. Ela se ajeitou melhor no meu colo e mordeu a boca. – Mas eu sinto falta de você, sabe? Sinto falta de como você cuidava de mim e me queria como nunca. – confessou, beijando de leve os meus lábios. – Às vezes, acho que fiquei chata demais e você não me quer mais, por isso.
- Não pensa isso, ok? Não tem nada a ver, Em. – sorri, apertando a sua cintura. – Você é uma mulher incrível, sempre foi.
- Eu te amo! – ela sussurrou, olhando nos meus olhos. Meu coração apertou.
- Eu também te amo... – sussurrei de volta, puxando seu rosto e a beijando profundamente. Eu a amava? É claro que eu a amava! Eu a amo, mas não creio que seja do jeito que ela me ame. E agora eu me sinto péssimo por isso. Emma entrelaçou os dedos no meu cabelo, aprofundando ainda mais o beijo. Passeei minhas mãos por seu corpo, tentando sentir de volta todo aquele calor que eu tinha antes ao tocá-la. Mas não foi isso que aconteceu. Qual é? Emma era uma puta de uma gostosa, sempre foi. E por que parece que agora eu não consigo sentir quase nada quando a toco? Deslizei minha mão para a sua coxa, apertando-a levemente. Emma arfou, cortando o beijo e descendo-o para o meu pescoço. Tirou a minha gravata e a jogou no chão. Abriu os botões da minha camisa, descendo ainda mais os beijos. Fechei os olhos, tentando me concentrar naquilo, mas o rosto de veio à minha mente. Ela sorria de uma forma nada inocente, mordia o lábio daquele jeito que sabia que me provocava. Abri os olhos, depressa. Olhei para Emma e ela retribuiu, sorrindo de lado. Pela primeira vez, eu senti que não ia conseguir fazer aquilo. Não dava. Não com ela na minha cabeça o tempo todo. Puxei o rosto de Emma para me encarar, ela me olhou, esperando alguma ação. Apenas depositei um beijo em sua testa. – Vamos deixar isso pra outro dia, tudo bem? Eu estou realmente cansado.
- Mas, , eu... – ela ia dizer algo, mas se conteve. Apenas suspirou, assentindo. Saiu de cima de mim e arrumou sua camisola. – Eu acho que vou dormir. - apontou para trás com o polegar. Assenti, passando a mão no cabelo. – Ahn, você vai demorar aqui ainda?
- Não, eu também já estou indo. – respondi. Emma apenas sorriu, meio sem graça, e saiu do escritório, deixando-me sem saber o que pensar. O que era esse turbilhão de pensamentos e emoções que eu estava sentindo? Acho que nunca me senti assim. Eu não sou uma pessoa de me preocupar. Mas, no momento, eu estou muito preocupado com isso. Levantei-me e me arrastei até a cozinha, peguei um copo e fui até a geladeira pegar um pouco de água. Sentei-me no balcão, encarando o copo à minha frente. Parecia que minha mente estava presa nela e nada e nem ninguém conseguiria fazê-la mudar. Presa no seu sorriso, no seu beijo e seus toques. Eu sentia tanta falta. Eu a queria em meus braços, mas não só isso, eu a queria comigo agora. Queria fazê-la sorrir, sorrir o meu sorriso. Eu nunca me senti tão bem como eu me senti durante esses últimos três anos. fazia parte da minha vida. Querendo ou não, ela me pertencia. Olhei o relógio do micro-ondas e marcava uma e meia. Eu senti uma vontade absurda de ligar pra ela e ouvir sua voz, só por ouvir. Mirei o olhar para o telefone sem fio na base, sem saber o que fazer. Com certeza, ela estaria dormindo. Batuquei os dedos no copo, indeciso. – Droga, ! – xinguei baixo, puxando o telefone da base e discando os números do celular dela. Chamou uma, duas, três, quatro...
- Alô? – ela atendeu com a voz manhosa e rouca. Meu coração acelerou. – Oi? – perguntou novamente. Fechei os olhos, tentando imaginá-la deitada em sua cama enquanto estava ao telefone. – Eu estou ouvindo a sua respiração! Quem é?
- Não! – falei, depois de desligar. Empurrei o telefone para longe, não querendo repetir essa burrada. – Não, não! – falei alto, pegando o copo e jogando-o no chão, fazendo-o quebrar em vários pedaços e fazendo um estrondo enorme. Segundos depois, Emma apareceu na cozinha, toda assustada.
- Oh, meu Deus! – colocou a mão na boca ao ver a bagunça. – Você tá bem? O que houve? – olhei-a por alguns segundos. É, eu não amava como deveria ser.
- Eu deixei cair sem querer... – murmurei. Pulei alguns cacos e fui até ela. – Deixa isso, depois a empregada arruma. – Peguei a sua mão e entrelacei a minha. Dirigi-nos até o nosso quarto, soltei-me dela e fui para o banheiro. Despi-me e entrei no box, ligando a ducha no frio e me enfiando debaixo dela. mexe comigo não só no físico, mas também no meu emocional, acabo de constatar isso. E acabo de concluir que minha ligação com ela não vai ser tão fácil de ser desligada. Tomei o banho mais rápido da minha vida, enrolei uma toalha na cintura e voltei para o quarto. Emma já estava na cama, deitada de lado, de costas para mim. Fui até o closet e peguei uma boxer qualquer e uma regata e as vesti. Fui até a cama e me deitei ao lado de Emma, sem pensar muito, abracei-a. Ouvi-a suspirar e suspirei junto. De longe, essa foi a noite mais longa da minha vida.


- Então é isso, . - Charlie finalizou a demonstração no seu laptop. Concordei, sorrindo. Tinha ficado realmente boa a projeção.
- Ficou ótimo, Charlie! - comentei. Ele sorriu, assentindo.
- Deu trabalho, mas deu tudo certo. - explicou, fechando a tela do laptop. Descansou as mãos sobre a mesa, fitando-me. - E como vai a vida, meu jovem?
- Bem, na medida do possível. - respondi, sorrindo torto. - Sabe como é, mulheres!
- Sei como é. - ele riu, concordando. - Eu tive uma por muitos anos. E, bom, tenho que cuidar de uma ainda. - explicou. Sorri amarelo. Era bem com essa que eu mais temia em lidar. Sua doce filhinha. - Sorte sua ainda não ter filhos. Não sabe como dão trabalho!
- É, sorte minha - falei baixo.
- Sabe, nunca me deu realmente trabalho. Ela é uma pessoa adorável e ajuizada, mas teve esse cara, entende? Ele a iludiu e a engravidou. E o idiota nem teve a capacidade de assumir o filho! - explicou, alterando o tom de voz. Engoli a seco. Eu nunca havia visto ele tão nervoso. - Se eu um dia pegar esse cara, ele vai se ver comigo!
- Vo-Você sabe quem é esse cara? – minha voz vacilou. Apertei meus punhos debaixo da mesa, controlando para não enfiar os dentes nos meus lábios com muita força.
- Um ex-namorado dela. Mas não cheguei a conhecê-lo. – deu de ombros. – Só sei que ele é britânico também. Sabe que minha filha é brasileira, certo?
- Sei sim. – sorri amarelo. É claro que sabia.
- Johnny também fala um pouco de brasileiro. está o ensinando. – sorriu, orgulhoso. – Você precisa conhecê-lo melhor, ele é uma criança incrível.
- Eu imagino que sim, Charlie. – sorri, lembrando-me de Johnny e o nosso dia juntos. – Sua filha não pensa em se casar?
- Ela nunca fala disso comigo, sempre muda de assunto, sabe? – riu, balançando a cabeça. – Essas crianças! – criança, Charlie? Acredite em mim, sua filha não tem nada de criança. Ele abriu a boca pra falar algo, mas foi interrompido pelo soar do seu celular. Levantou o indicador, pedindo um minuto, e atendeu. – Oi, ! – ele sorriu. Eu travei. – Eu estava falando de... Ei, calma, o que houve? – perguntou sério. Franzi o cenho, curioso. – Filha, tudo bem, fica calma! Vai dar tudo certo, ok? Sua mãe está aí com você? – uma longa pausa. – Ok, acalma-se! Eu estou indo para aí, tá bom? Não saiam daí, eu já estou chegando. – e desligou o celular. Encarei-o, curioso e assustado pela expressão de seu rosto pálido.
- O que houve, Charlie? – perguntei, enfim. Ele se levantou rapidamente.
- Meu neto desapareceu! – avisou. Senti o chão debaixo dos meus pés sumir e, por pouco, não caí ali mesmo.
- Co-Como? Como assim desapareceu? – perguntei alterado, levantando-me também. Ele pegou as chaves do carro e foi se direcionando para fora, eu o acompanhei.
- estava no aeroporto esperando o voo da mãe, descuidou-se por um minuto e ele tinha sumido. – explicou rapidamente, andando até o seu carro. Sem rumo e sem saber o que fazer, apenas continuei o seguindo.
- Descuidou-se? – quase gritei. – Mas o que ela pensa que... – parei de falar ao notar o olhar de confusão de Charlie.
- Desculpa, , mas preciso ir agora. – avisou, entrando no carro e eu parei ao seu lado. Mordi a boca e não pensei duas vezes.
- Posso ir com você? – pedi. Ele levantou a sobrancelha, sem entender.
- Ahn, claro, eu acho. – deu de ombros. Assenti e fui até o outro lado, entrando no lado do passageiro. Em poucos minutos, estávamos no aeroporto, entrando no mesmo e indo nos encontrar com elas. Durante esse tempo, minha mente viajou por todas as coisas ruins possíveis que poderiam acontecer com uma criança perdida. Mas me lembrei de que ele ainda devia estar no aeroporto, esperava eu, e me tranquilizei mais. Não sabia qual seria a reação de quando me visse ali, mas resolvi arriscar em vê-la. Assim que as avistamos, vi nos braços de uma jovem mulher de cabelos castanhos, curtos, morena e magra. Na verdade, ela lembrava bastante . estava com a cabeça encaixada no pescoço da mãe, ao que tudo indicava, chorando. Sua mãe cochichou algo em seu ouvido e ela direcionou o olhar para nós. Seus olhos vermelhos procuraram os meus e eu os fixei nos dela. Segundos depois, vi correr para os braços do pai e voltar a chorar. – Vai ficar tudo bem, filha. Nós vamos achá-lo!
- Eu quero meu filho, papai. – choramingava. – Meu príncipe! Eu preciso dele aqui, não posso perdê-lo. – apertou ainda mais o pai. Charlie fechou os olhos, retribuindo o abraço apertado. Mordi minha boca, fitando-a com os olhos cheios de água. Confesso que minha vontade de abraçá-la era mais forte do que nunca. Eu queria que ela soubesse que eu estava ali com ela e que também estava sofrendo com isso. Queria que ela soubesse que eu era seu porto seguro. Mas eu não podia, não deveria.
- Vocês já avisaram a segurança do aeroporto? – Charlie perguntou. apenas balançou a cabeça positivamente, fungando alto.
- Eles estão procurando, mas esse lugar é enorme! – disse num muxoxo. Seus olhos voltaram a me fitar e eu não sabia o que falar.
- Sinto muito, ... – disse a primeira coisa que veio na minha cabeça. Ela mordeu os lábios, assentindo.
- Eu não posso perdê-lo... – disse novamente, mas olhando para mim dessa vez. Suspirei, sentindo minhas mãos formigarem de vontade de abraçá-la.
- Eu vou ver se faço alguma coisa para agilizar essa busca. – Charlie se soltou dela, indo de encontro à ex-esposa. Acompanhei-o com o olhar até vê-los se abraçando e conversando. Girei meu rosto para voltar a encarar e essa tinha a cabeça baixa, com os braços cruzados sobre o peito.
- , eu realmente sinto muito... – comecei, dizendo baixo. – Acredite em mim, tá doendo em saber que ele tá sozinho por aí. – ela fungou alto, avisando que iria chorar novamente. – Eu vou te ajudar a encontrá-lo, eu prometo!
- Obrigada! – agradeceu, limpando algumas lágrimas que teimavam em cair. Observei Charlie se aproximar de nós acompanhado de sua ex-esposa.
- Eu e sua mãe vamos atrás do chefe da segurança, querida. - avisou. - Você pode cuidar dela pra mim, ?
- Claro, Charlie! Pode ir. - respondi, balançando a cabeça.
- Tudo bem, obrigado. - agradeceu, voltando o olhar para a filha. - , já voltamos. - ela assentiu apenas. E, então, eles se distanciaram, deixando-nos a sós. Mordi a boca, fitando com o olhar perdido. Sem esperar mais nenhum segundo, puxei-a para os meus braços e ela os aceitou sem hesitar. chorou em meus braços, finalmente. Afaguei seus cabelos enquanto ela molhava minha camisa.
- Shh! Tudo bem, linda. Vai dar tudo certo! - sussurrei, beijando o topo de sua cabeça. Ela fungou alto. - Me explica direito o que aconteceu? Eu não entendi muito bem. - desenterrou o rosto do meu peito e olhou pra cima, para o meu rosto. Seu rostinho delicado estava todo molhado, mas mesmo assim essa mulher não deixava de ser linda.
- E-Eu estava vindo para cá buscar a minha mãe... - começou, chorosa. - Johnny e eu passamos por uma loja de brinquedos, ele ficou pedindo um carrinho que tinha lá, mas eu disse que não podia. Bom, ele não aceitou, começou a chorar e eu briguei com ele e, então, ele ficou emburrado... - apertava minha cintura enquanto falava. - Quando fui receber mamãe, virei as costas por um segundo e ele sumiu! - voltou a chorar de novo. - Ele é tão pequeno, . Nosso menino pode se machucar!
- Ele não vai se machucar, ... - tentei tranquilizá-la. - Isso aqui é um aeroporto, ele não pode ter ido longe!
- Mas tem gente má aqui dentro. - soluçou alto. Suspirei, beijando sua testa e segurando sua mão.
- Eu tive uma ideia! - avisei. - Você se lembra da loja onde estava o tal carrinho que ele queria? - ela assentiu.
- Sim, mas eu já fui lá. Ele não estava lá! - explicou, balançando a cabeça.
- Se importa se checarmos de novo? - deu de ombros. - Ótimo, vamos até lá! - e assim seguimos até a tal loja. Durante o percurso, nós permanecemos com as mãos juntas. Não me importei, pelo contrário, eu estava adorando aquele contato com ela. Assim que chegamos até a tal loja, me guiou até uma das atendentes, que sorriu aliviada.
- Oh, Deus! É você de novo! - ela disse, olhando para . - Já estávamos acionando a segurança.
- O que houve? - ela perguntou, aflita.
- Achamos o menino! - ela sorriu. - Ele estava escondido debaixo da mesa, por isso não o vimos a primeira vez.
- Oh! - exclamou, colocando a mão na boca. - Onde ele está?
- Venham comigo! - ela pediu, seguindo à nossa frente. apertava cada vez mais minha mão. Entramos em uma salinha e logo localizei meu filho sentado no chão, brincando com um carrinho, despreocupado.
- Johnny! - chamei. Ele virou o rostinho na nossa direção, sorriu e se levantou, correndo desajeitado até nós. me soltou, agachando-se e abrindo os braços. Johnny correu até ela e se aninhou em seus braços. o abraçou tão forte que eu achei que fosse quebrar o garoto.
- Meu amor! - ela sussurrou, beijando toda a extensão do rosto do filho.
- Mamãe! - ele disse animado. Agachei-me também, ficando ao lado deles, observando a cena do carinho e amor entre eles. Mordi a boca, fitando o chão. Pouco depois, senti dois bracinhos envolvendo meu pescoço com força. Retribuí o abraço, fechando os olhos e sentindo aquele carinho verdadeiro que Johnny tinha.
- Ei, garotão! - baguncei seu cabelinho loiro. Afastei-me um pouco para poder olhá-lo.
- ! - quase gritou, rindo. Seus olhos se encontraram com os meus e eu me vi refletido ali. Meu corpo todo estremeceu, meu coração acelerou e eu comecei a suar frio. Meu Deus! Eu amava aquele garoto!
- Você nos deu um susto, moleque! - falei, sorrindo. Ele riu todo sapeca, colocando as mãos na boca. o pegou no colo, levantando-se, enfim. Copiei seu ato.
- Vamos embora? - perguntou, beijando a bochecha dele. - Seus avós estão loucos atrás de você.
- Vovôôô! - falou alto, levantando os bracinhos. Todos riram. Quando saímos da loja, depois de agradecer a atendente umas cinquenta vezes, estávamos voltando ao lugar de antes, mas, durante o caminho, parou de repente. Franzi o cenho, fitando-a.
- Algum problema? - perguntei, estudando seu rosto. Ela mordeu os lábios, encarando meus olhos.
- Obrigada! - falou. Respirei aliviado. - Obrigada por ter vindo e ter ficado ao meu lado.
- Não precisa agradecer, . - coloquei a mão sobre o seu ombro, onde Johnny não estava encostado, acariciando-o. - Eu estava preocupado de verdade. Ele também é meu filho. E, bom... - suspirei, fitando Johnny. - Apesar de você achar que eu só me importo comigo, eu acho que amo esse garoto!
- Isso é bom, muito bom! - ela sorriu, ainda com os olhos e nariz vermelhos. Sorri junto. - Ahn, acho melhor acharmos meus pais, eles ainda estão o procurando. - concordei e, finalmente, voltamos para o local de antes.

’s POV Off


Capítulo 9



- Filha, solta um pouco o garoto! Assim você vai sufocar o menino. – mamãe falou ao perceber que eu não soltara Johnny desde o aeroporto. Sorri meio sem jeito, afrouxando mais os meus braços entorno dele. Johnny se mexeu um pouco e voltou a comer o sanduíche à sua frente. Estávamos em um pequeno restaurante, decidimos parar para comer algo. Eu, mamãe, papai, Johnny e, claro, . Eu estava apreensiva com essa aproximação dele com a minha família. Nunca imaginei estarmos sentados todos juntos à mesa, algum dia. Mamãe encarava com curiosidade, não havia tirado os olhos dele desde que o viu. – Engraçado, sinto que já o conheço, senhor .
- Me chame de , por favor! – ele pediu, sorrindo. Ela concordou, balançando a cabeça. – Eu tenho o rosto comum, deve ser por isso. – Na verdade, ele não tinha o rosto nada comum. Sejamos francas, era único.
- Hmm, pode ser... – ela disse, mirando o olhar para mim. Desviei rapidamente, voltando a fitar Johnny em meu colo. – Seus olhos...
- Mãe! – chamei-a depressa. – Você não me contou como estão as coisas lá no Brasil.
- Estão quentes, querida! – ela riu. – O Brasil está quente como sempre. Mas está ótimo! Caloroso e alegre como deve ser.
- Ah, eu sinto falta de lá! – sorri, lembrando-me da minha infância. – Eu adorava ir à praia depois da aula.
- É, e sempre me deixava preocupada! – lembrou também, rindo. – Você fugia da escola com aquele seu namoradinho de colegial. Qual é mesmo o nome dele?
- Rafael! – falei, mordendo o lábio inferior, logo após. – Sinto falta dele!
- Acho que ele ainda mora perto da praia. – mamãe comentou, pensativa. – Deve estar um rapaz muito bonito hoje em dia.
- É, deve estar. – falei, observando de soslaio, vendo-o fitar o molho de pimenta sobre a mesa.
- Hmm... – mamãe fez, também o observando. Ela era muito observadora e eu odiava isso. – Ele fala português, ? – perguntou ela, falando em português. Neguei com a cabeça, vendo franzir o cenho, não entendendo. Papai levantou a sobrancelha, observando mamãe, entendendo perfeitamente o que ela dizia. – A gente precisa conversar depois, ok?
- Tudo bem, mãe! – concordei com um sorriso amarelo. Johnny se remexeu em meu colo, fitando a avó com um sorriso.
- Eu te amo! – ele disse em português com um sorriso estampado no rosto. Sorri boba, beijando sua bochecha.
- Te amo também, meu netinho lindo! – mamãe apertou as bochechas dele, fazendo-o rir.
- Meninas, vocês estão deixando o sem graça! – papai intercedeu por ele, que sorriu sem jeito.
- Tudo bem, eu preciso mesmo ir! – anunciou, levantando-se. – Ainda tenho que voltar para o escritório. – passou a mão no cabelo, meio nervoso. – Foi um prazer te conhecer, Elizabeth! – ele sorriu para mamãe. Ela acenou com a cabeça, sorrindo cordialmente. - ...
- Obrigada por ajudar! – agradeci, apontando discretamente para Johnny. Ele apenas sorriu, concordando.
- Charlie, a gente se vê no escritório! – deu uns tapinhas nas costas do meu pai, que sorriu, concordando.
- Depois te envio os relatório da projeção. – avisou. assentiu, enfiando as mãos dentro do bolso da calça social.
- Tudo bem. Tchau, pessoal! – e saiu, finalmente. Suspirei aliviada, desviando o olhar de todas as formas que pude de mamãe.
- Tá ok. – papai disse, após sair. – Alguém pode me explicar o que foi essa conversinha entre vocês?
- Conversa entre mulheres, Charlie! – mamãe avisou, não tirando os olhos de mim. Ok, mamãe tinha entendido tudo. Chegou a hora da verdade, .


Depois de colocar Johnny para dormir, juntei toda a coragem que ainda restava em mim e fui até a sala encontrar e conversar com mamãe. Respirei fundo, aproximando-me dela. Mamãe se remexeu no sofá, tirando a atenção do chá para me olhar.
- , quero que confie em mim, ok? – pediu após eu me sentar ao seu lado. Concordei, sem relutar. – Eu preciso que você me conte a verdade. Eu sou sua mãe, você precisa confiar em mim.
- Eu sei, mãe. – suspirei, encarando minhas mãos sobre o meu colo. – Tudo bem, diga o que você quer dizer... Apesar de já saber, eu quero que você diga.
- O é pai do Johnny? – e ela o fez. Respirei fundo várias vezes antes de balançar a cabeça, respondendo-a.
- Sim, ele é o pai do Johnny! – confirmei, sentindo meu coração apertar com a revelação.
- Desconfiei no primeiro minuto em que pus os olhos nele. – confessou, balançando a cabeça. – Está na cara isso, ! Johnny é a cara dele!
- Eu sei, eu sei. – balançava a cabeça para um lado e para o outro, sentindo-a começar a doer. – Eu tive medo de contar e você me julgar, ter vergonha de mim... – meus olhos começaram a arder. Eu iria chorar. – Eu queria muito ter te contato a verdade, mamãe. Eu juro!
- Por que você fez isso, filha? – perguntou com mágoa na voz. – Por que me escondeu isso por tanto tempo?
- Mãe... – funguei, sentindo as lágrimas rolando por minha face. - é casado!
- Mas o quê? – ela quase gritou. - , o que você tem na cabeça?
- Mãe... – murmurei chorosa.
- Eu não acredito que você tenha escondido isso de mim todo esse tempo! – ela largou a xícara de chá sobre a mesinha e se levantou. – Você enganou todo mundo.
- Isso não foi premeditado, mãe! – tentei me defender. – Eu me envolvi com ele e quando dei por mim, estava grávida.
- Que tipo de pessoa com boa educação, com boa índole e com tudo que eu e seu pai te ensinamos, faria uma coisa assim? – acusou-me. – Ele é sócio do seu pai, garota!
- EU SEI! – disse alto. – Ele não era nada dele quando nos conhecemos. Eu era tola e me deixei levar. E quando percebi já estava envolvida demais pra poder sair.
- Você pensou por um segundo nas consequências disso tudo? Pensou na mulher dele, em como ela se sentiria sobre isso? – ela olhou nos meus olhos. – Pensou no seu filho?
- Eu tentei fugir disso várias vezes, ok? Mas eu não consegui. Acredite, eu tentei, tentei muito. – desviei o olhar. - Mas eu não pude me afastar dele.
- E por que não, ? – perguntou, nervosa.
- Porque... porque... – suspirei. – Porque eu o amo.
Houve um breve silêncio. A sala estava quieta e só se ouvia nossas respirações e meu choro. Se tivesse uma faca ali, poderia ser cortada com ela toda a tensão existente. Mamãe balançou a cabeça negativamente, andando pela sala com a mão na cabeça. Voltei ao sofá e me sentei, apoiando as pernas sobre ele e as abraçando.
- Você vai se afastar desse cara imediatamente! – avisou com autoridade. – Não vai mais vê-lo, está me ouvindo?
- Ele é o pai de Johnny! – expliquei o óbvio. – Ele quer ficar perto do filho.
- Isso só vai complicar mais as coisas. – comentou, parando à minha frente. – Eu acho melhor você voltar comigo para o Brasil.
- Fugir não é a melhor escolha, mãe. – fui firme, pela primeira vez, encarando-a.
- Quer ficar e ser taxada de vadia por todo mundo? – vociferou. Senti meu coração ser esmagado ao ouvir minha própria mãe falar assim de mim.
- Você não entende, não é? – falei entre dentes. – Eu não escolhi me apaixonar por ele, eu não escolhi engravidar e ser uma “vadia” como você diz... – alterei meu tom de voz. – Eu não posso apagar o meu passado, mamãe. Confesso que errei, agora eu tento mudar, mas não vou consertar isso do dia para a noite. Mas se eu não tenho o apoio da minha própria mãe, quem vai me ajudar nisso, não é?
- , não inverta as situações. – tentou ser calma. Balancei a cabeça negativamente, levantando-me.
- Esquece! – abanei o ar, indo até a mesinha e pegando meu celular. Enfie-o dentro do bolso da minha calça e rumei para a porta de entrada.
- Aonde pensa que vai? – perguntou, enfim.
- Esfriar a cabeça! – respondi sem olhá-la. – Cuida de Johnny, por favor. Se não for demais para você. – pedi, saindo pela porta e fechando-a com força, logo após. Respirei fundo, tentando controlar o choro que se prendeu em minha garganta. Passei os dedos pelos cabelos, tentando alinhá-los, enquanto esperava o elevador. Assim que as portas se abriram, enfiei-me lá dentro, seguindo rapidamente para o térreo e, finalmente, para fora do prédio. Senti a brisa gelada de Londres tocar meu rosto, dando graças as Deus por isso. Se fosse o calor do Brasil, com certeza, eu estaria muito mais nervosa. Eu sempre ficava nervosa no calor. Enfiei as mãos dentro do bolso e andei sem rumo certo, apenas deixei que meus pés me guiassem para qualquer lugar para longe dessa bagunça toda que minha vida se tornou. Eu sabia que minha mãe iria ficar brava, mas não sabia que isso ia me doer tanto. Vadia. Era isso que ela pensava que eu era. Afinal, eu era isso mesmo? Eu me envolvi com um homem casado, oras! É, , você é uma vadia. Ri sem humor, chegando a uma praça não muito longe de casa. Sentei-me num banco gelado da praça, deixando-me respirar sozinha pela primeira vez.
Eu queria chorar, mas sabia que isso de nada adiantaria agora. Só suspirei várias e várias vezes. Enfiei a mão dentro do bolso, tirando meu celular de lá. Encarei o objeto em minhas mãos, pensando se devia fazer o que eu estava pensando. Entrei no menu e fui até as mensagens. Escrever nova mensagem...
“Eu precisava tanto de você agora.”

Hesitei, pensando bem se enviava ou não. Nós não estávamos mais juntos, o que eu esperava dele? Conforto? Ah, nem eu mesma sabia mais. Eu só sabia que eu o queria ali comigo. Sem pensar muito, enviei a mensagem. Não sabia se ele iria responder, então não criei esperanças. Ou talvez sim.
O celular vibrou em minhas mãos. Respirei fundo, encarando a tela do mesmo, e observei uma cartinha dançar na tela.
“O que houve?”

Era somente o que a mensagem perguntava. Falava ou não? Não!
“Nada importante. Só queria você aqui agora.”

Enviei novamente. Demorou menos de um minuto para a resposta chegar.
“Não mente, . Eu te conheço. O que aconteceu?!”

Ah, que ótimo! Agora ele achava que me conhecia. Suspirei, desviando a atenção do celular e fitando algumas pessoas que também estavam na tal praça. Deu-me certa raiva de ver um casal todo meloso e feliz, mais adiante. Por que mesmo eu não posso ser feliz? O celular voltou a vibrar na minha mão.
“A gente devia conversar. Por que sua mãe estava me olhando daquele jeito? Você contou algo a ela?”

Era tudo o que eu precisava, uma brecha pra iniciar essa conversa. Mas não poderia ser por SMS. Digitei rapidamente uma resposta.
“Você pode ligar ou vir para onde estou? Eu preciso muito falar com você!”

Não demorou muito e meu celular estava tocando audivelmente. Contei até três mentalmente antes de atender:
- Oi. – foi o que eu conseguir dizer.
- Sabia que tinha algo errado! – murmurou. – Onde você está?
- Hmm... Uma praça a quatro quadras do meu apartamento. – expliquei rapidamente.
- Ok, estou indo! – avisou e desligou.
- Tão educado! – fui irônica, enfiando o celular de volta ao bolso. Comecei a bolar um plano para contar tudo isso a ele, mas nada parecia plausível o suficiente para começar a dizê-lo que minha mãe havia descoberto tudo. Não vi quanto tempo se passou, mas, quando dei por mim, avistei um ser de roupa social andando até mim enquanto passava a mão no cabelo de um jeito nervoso. Não precisou ele estar muito perto para poder sentir o seu perfume tão conhecido por mim. Levantei-me, esperando ele estar realmente parado à minha frente. - ...
- … - ele me imitou. – Quer conversar aqui mesmo ou prefere ir a outro lugar? – Ele não poderia me matar em público, certo?
- Aqui está bom. – dei de ombros, voltando a me sentar. Ele fez o mesmo, cruzando as pernas masculinamente.
- Então, vai me contar o que houve? – perguntou, descansando o braço em cima do banco, ao redor de mim. Suspirei.
- Minha mãe descobriu tudo. – desabafei baixinho.
- Como? Eu não ouvi. – perguntou, não entendendo.
- Eu disse que minha mãe descobriu tudo. – falei, aumentando a voz. fixou o olhar em mim sem dizer nada. Descruzou as pernas e apoiou os cotovelos sobre os joelhos, olhando para os lados.
- Eu sou um cara morto... – riu sem humor. – Eu estou realmente ferrado!
- Eu... Eu sinto muito! – gaguejei, encarando meus sapatos.
- Não! – disse mais alto. – Eu sinto muito!
- Do que sente muito, ? – perguntei, finalmente o fitando.
- Quer saber mesmo do que eu sinto muito? – hesitei, mas ele continuou. – Sinto muito ter entrado naquele Pub há três anos. – confessou, fazendo meu coração se despedaçar por completo. – Sinto muito tê-la trazido para aquele loft e sinto mais ainda você ser tão desejável, bonita e sexy... – franzi o cenho, confusa. finalmente fixou seus olhos em mim. – Mas, principalmente, sinto muito saber que o meu casamento e minha carreira estejam desmoronando e eu só consiga pensar o quanto eu te quero.
- , eu não estou te entendendo… - perguntei, realmente não entendendo nada do que estava acontecendo ali. Ele estava se... Declarando?
- Eu sabia que isso uma hora podia acontecer, ainda mais com a presença de Johnny! – segurou minha cintura, puxando-me para mais perto de si. Prendi minha respiração. – Eu não sei o que você fez comigo, eu não sei o que eu estou sentindo... – ele procurou meus olhos, estudando meu rosto antes de continuar. – Mas eu sei que eu não consigo parar de pensar em você! – disse, enfim. – Eu penso em você o tempo todo, eu não consigo mais tocar na minha mulher porque eu só quero você, !
- Você não pode tá falando sério, está? Pois essa brincadeira não tem graça! – pedi, ainda sentindo meu coração acelerar. balançou a cabeça, negando.
- Eu não sou de brincar, , você sabe. – falou sério. Suspirei. – Se não fosse algo sério, eu não estaria aqui agora, falando isso pra você.
- , você só acha o sexo divertido entre nós. Só isso! Ok, eu também acho, mas você sabe o que eu sinto de verdade por você. – mordi meus lábios fortemente. Ele colocou uma mão no meu queixo, aproximando o seu rosto do meu.
- , eu não estou falando de sexo! – ele sussurrou, deixando-me sentir o seu hálito fresco bater contra meus lábios. – Eu estou falando que eu sinto algo que eu ainda não sei o que é, mas não é só divertimento. Acredite em mim, eu te quero muito, .
- Minha mãe pediu para eu me afastar de você e voltar para o Brasil com ela. – confessei. paralisou.
- Você não vai para o Brasil! – não foi uma pergunta.
- Eu não vou! – respondi, mesmo sabendo disso.
- Ela deve contar isso para o seu pai, seu pai vai me odiar. – fechou os olhos, afastando-se de mim. – Emma logo deve descobrir também.
- , posso repetir uma pergunta que eu te fiz há dois anos? – perguntei hesitante. Ele balançou a cabeça, consentindo. – Por que você ainda está com ela?
- ... – começou, com aquela típica voz dele de que não conseguiria explicar. – É complicado. Emma e eu estamos juntos há um bom tempo. Meus pais e os pais dela se conhecem há anos, todo mundo sabe que somos casados. Amigos e sócios.
- Você tem medo da sociedade, é isso? – franzi o cenho, não acreditando. – Ou você não me leva a sério o suficiente para me apresentar aos seus amigos, sócios e pais?
- Não é isso, . – cruzei os braços, esperando uma explicação. – Não posso simplesmente destruir um casamento assim, do nada.
- Então, por favor, não fala que sente algo por mim! – levantei-me sob o seu olhar. – Você nunca vai me aceitar como... – suspirei alto. – Sua mulher.
- , não faz isso... – levantou-se também.
- Eu só queria te alertar sobre a minha mãe. Bom, já está feito! – sorri sem humor. – Tchau, .
- Não, de novo não! – ele me puxou pela cintura, fazendo meu corpo chocar com o seu. – Eu deixei você ir embora uma vez, não vou deixar isso acontecer de novo.
- É? E o que vai fazer? – desafiei, levantando as sobrancelhas.
- Você conseguiu, ... – ele desviou os olhos, depois voltando a me fitar. – Eu vou me separar da Emma.



Capítulo 10



- , você nem tocou no seu sanduíche! – Ashley comentou, terminando o dela. Fiz uma careta, afastando o prato com o sanduíche de perto de mim. – Você está bem?
- Acho que estou. Só não estou com fome agora. – Sorri amarelo, sentindo meu estômago embrulhar mais uma vez. Ashley me olhou desconfiada, mas acabou concordando.
- Ok, você quem sabe. – Tirou a parte dela da carteira e colocou sobre a mesa, eu fiz o mesmo. – Então, vamos? Eu preciso passar na casa da minha mãe. Ela anda me enchendo o saco, porque diz que não vou visitá-la. – Ela revirou os olhos, rindo.
- Hm, acho que vou ficar aqui no shopping mesmo, Ash. – Tentei sorrir. – Eu acho que vou voltar naquela loja e levar aquela saia, lembra? Gostei bastante!
- Ah, sim. Ela ficou linda em você, . – Sorriu animada. Levantou-se e eu a acompanhei. – Então, tudo bem. Divirta-se! – Aproximou-se de mim e depositou um beijo em minha bochecha. – Depois te ligo, amiga.
- Tudo bem, então. Tchau, Ash! – Acenei, vendo-a se afastar. Respirei aliviada e rumei para o banheiro mais próximo dali. Respirei fundo, tentando controlar a ânsia que me dominava, e fechei os olhos rezando para a tontura passar. Mas não passou. Corri para uma cabine livre e despejei todo o meu café da manhã ali. Havia dias que eu estava assim e isso estava me preocupando seriamente. Após lavar meu rosto e minha boca, tomei uma decisão e rumei para a primeira farmácia que encontrei. Enquanto voltava para a casa, parecia que tinha um mundo dentro da minha bolsa. Sentia-me pesada e com medo, muito medo. Se minhas suspeitas estivessem certas, eu estava muito encrencada. Quando cheguei em casa, corri para o banheiro, tirei o destino do meu futuro da bolsa - o teste de gravidez - e segui todas as instruções indicadas na caixinha. Peguei o bendito teste e fui para a sala do meu apartamento. Coloquei-o sobre a mesinha de centro e me sentei no sofá, esperando os malditos cinco minutos. Coloquei as pernas sobre o sofá e as abracei, fitando aquela coisinha que iria decidir minha vida. Um filho? Eu não estava pronta para um filho; eu mal tinha começado a faculdade. Eu só tinha dezoito anos! Droga!
– O vai me matar! – sussurrei pra mim mesma.
Ouvi meu celular tocar longe, mas não estava com a mínima vontade de falar com ninguém agora. Fixei meus olhos no teste de novo e, juntando toda a coragem que ainda tinha, peguei-o sem olhar direito. Fechei os olhos, contei até três mentalmente e logo os abri, dando de cara com a minha nova realidade.
– Positivo! – falei alto, tentando absorver aquilo. – Positivo. – repeti, sentindo meu rosto esquentar e as lágrimas molharem meu rosto. Eu ia ter um filho!
Ouvi meu celular voltar a tocar. Bufei e fui atrás dele, dentro da minha bolsa, que estava no banheiro. Olhei a bina e meu coração acelerou. .
– O-oi!
- Oi, ! – a voz dele soou do outro lado, fazendo minhas pernas tremerem. – Linda, a gente vai ter que adiar nosso encontro de hoje, ok? Tenho que ir à casa dos pais de Emma com ela.
- Tudo bem. – respondi somente. – Hm, nós precisamos conversar depois, .
- Sobre o quê? Pode me adiantar o assunto? – perguntou daquele jeito curioso e afobado dele. Suspirei. - , espera, acho que... – ele se interrompeu e eu ouvi uma voz feminina. Emma. – Ahm? Claro, amor. Você está linda! – Naquele momento, meu coração se quebrou de vez. E eu soube que teria que cuidar desse filho sozinha. – Ahm, John, depois eu te ligo e a gente resolve aqueles problemas, ok? Abraço! – E, sim, ele desligou na minha cara.
Deixei o telefone cair das minhas mãos e fui me sentar na cama, sentindo-me sozinha - completamente sozinha. Deixei meu choro tomar conta de mim e do quarto. Coloquei minhas mãos sobre a minha barriga e a acariciei.
– Agora somos só nós dois, meu filho.



Virei-me na cama, sentindo-me mole e... Ei, espera! Cama? Abri os olhos devagar e me deparei com um quarto. E eu o conhecia bem. Sentei-me na cama, passando a mão no rosto, tentando despertar por completo. Mas o que eu estou fazendo aqui no loft do ? Sentindo minha cabeça girar, levantei-me devagar e andei até a sala, onde eu o encontrei sentado no sofá, olhando fixamente para um ponto do chão, absorto em pensamentos.
- ?! – chamei-o. Ele virou o rosto até seus olhos se encontrarem com os meus. Sorri levemente e ele apontou o lugar ao seu lado.
- Sente-se melhor? – perguntou assim que me sentei. Acariciou meu rosto e eu balancei a cabeça concordando, achando aquilo tudo meio estranho.
- O que aconteceu? Eu não lembro direito... – Coloquei a mão na cabeça, tentando me lembrar de algo. Emma. – Eu...
- Você desmaiou, . – explicou, soltando meu rosto e voltando a direcionar o olhar para o chão. – Você desmaiou nos meus braços.
- Hmm... – disse apenas. Mordi a boca, olhando seu perfil. - , eu lembro que... – Fui interrompida de novo, mas, dessa vez, pelo seu celular tocando.
Ele tirou do bolso e eu pude ver na bina: “Emma”. E de novo ela. Sempre ela. Olhei para ele, esperando-o atender, mas não foi o que ele fez. rejeitou a ligação e desligou o celular, virando-se pra mim.
- Eu sei que você lembra, . – falou, fitando meus olhos. – Eu também me lembro do que te disse. Eu vou me separar dela e ficar com você... – Um sorriso involuntário se apossou dos meus lábios. – Não vai ser fácil, mas eu preciso fazer isso. Não só por mim ou por você, mas por ela também. – Balancei a cabeça, concordando.
- Você vai ser meu? Só meu, finalmente? – Meus olhos brilharam com a possibilidade. me puxou pela cintura, segurando meu rosto em seguida.
- Eu sou seu nesse momento, ... – soprou contra meus lábios. – Inteiramente seu!
- Querendo ou não, eu... Eu... – Empurrei-o pelos ombros, fazendo-o deitar no sofá. – Eu sempre fui sua, . – Sorri maliciosa, sentindo as mãos dele apertando minha cintura. Passei uma perna de cada lado do seu corpo, abrindo calmamente os botões de sua camisa. – Eu quis negar isso por muito tempo, mas eu não consigo mais. Não dá para negar o que eu sinto e sempre senti por você... – Deixei a camisa deslizar por seus braços, deixando seu peito à mostra. Beijei cada pedaço dele, subindo para o seu pescoço, sua bochecha... – E eu quero você como nunca. – sussurrei antes de finalmente beijar sua boca. De novo, eu senti como era bom beijá-lo, sentir suas mãos passeando pelo meu corpo, sentindo-me uma mulher em seus braços - a mulher que ele me tornou, aquela mulher desejada que ele me fazia sentir e só ele sabia fazer isso.
puxou minha blusa para cima, lançando-a a algum lugar. Reverteu nossas posições, sentando-se e me fazendo sentar em seu colo, beijando toda a extensão do meu colo enquanto eu me anestesiava de prazer em seus braços.
- Céus! Como eu senti falta do seu corpo, ! - murmurou contra os meus lábios, logo descendo os beijos até meus seios sob o sutiã. A cada toque seu, eu me arrepiava. Minha pele gritava por mais. Ele pressionava seu corpo cada vez mais contra o meu e eu ia perdendo o fôlego a cada segundo que passava. Eu podia estar me iludindo de novo, mas quem liga? Eu precisava dele - eu precisava daquilo novamente. No dia seguinte, talvez, eu fosse me arrepender de tudo - ou talvez não. Mas de uma coisa eu sabia: eu o amava mais do que imaginava amar alguém.


- , me responde uma coisa? - perguntou enquanto estávamos deitados no carpete fofinho na sala.
- Hm? – incentivei-o a continuar. Ele acariciou meus braços e eu me aninhei em seu peito.
- Você já esteve com alguém, além de mim, aqui em Londres? – ele foi firme. Mordi meus lábios, incerta se contava a ele que até tentei me relacionar com outros caras, mas não consegui.
- Por que você quer saber isso? – perguntei, deslizando minha mão sobre o seu abdômen.
- Porque fiquei curioso. Não devo? Foram tantos assim? – Levantou o rosto e eu o fitei, rindo.
- Não, seu bobo! – Dei um beliscão em sua barriga, fazendo-o soltar um resmungo, seguido de um riso. – Eu tive apenas um, mas não deu certo.
- Que bom! – murmurou, roubando-me um selinho.
- E você? – Mordi meu lábio inferior, apoiando-me sobre seu peito e fitando-o. – Mesmo estando comigo, procurou outras mulheres?
Ele suspirou, passando a mão no meu cabelo e afastando minha franja molhada da testa.
- Você me conhece, . Sabe que não sou nenhum santo... – Concordei, arrependendo-me de ter feito essa pergunta. – Eu estive com outras mulheres, mas foi logo no início.
- Hm... – resmunguei, sentindo meu coração acelerar. – E por que não continuou se encontrando com elas depois?
- Você quer mesmo ter essa conversa, linda? Não me sinto confortável falando disso com você. – Fez uma careta, roubando-me mais um beijo rápido.
- Tudo bem! Só fiquei curiosa! – Dei de ombros, voltando a deitar sobre o seu peito. – Quando você pretende conversar com a Emma sobre a separação?
deu um longo suspiro antes de responder.
- Sinceramente? Eu não sei... Mas prometo que vai ser logo. Eu já enrolei tempo demais. – Colocou a mão nas minhas costas, fazendo um carinho bom que me deu sono, mas fui despertada pelo meu celular tocando.
- Ahmmm, que preguiça! – resmunguei, levantando-me e indo atrás da minha calça. Capturei-o dentro do bolso e visualizei quem me ligava. Era o número da minha casa, então só poderia ser minha mãe. – Droga! É minha mãe. Johnny deve ter acordado. – Suspirei cansada. Procurei pelas minhas roupas íntimas, achando-as em lugares diferentes da sala. Logo as vesti, bem como as minhas roupas. também se levantou e começou a se vestir. – Ah, queria tanto ficar aqui com você hoje! – Aproximei-me dele, ajudando-o a fechar os botões da camisa. – Queria passar a noite com você.
- Você tem que cuidar do nosso filho, . - falou, enlaçando-me pela cintura. Concordei, fazendo um bico. – Eu te levo para casa.
- Não precisa! Eu pego um táxi! – Abanei o ar, dando de ombros.
- , eu quero te levar! – avisou autoritário. Sorri, concordando.
- Tudo bem, então. – Entrelacei nossas mãos e ele não relutou - pelo contrário, apertou-a mais. Sorri internamente. Pegou sua carteira, a chave do carro e o celular. E, então, finalmente fomos para a minha casa.


Quando cheguei em casa, mamãe não estava. Nem ela e muito menos Johnny. Vi um bilhete ao lado do telefone, avisando que ela havia saído com Johnny até um parque ali perto, já que ele estava querendo brincar com outras crianças. Pobre Johnny. Suspirei, largando o bilhete lá e rumando para o meu quarto. Precisava tomar um bom banho. Despi-me rapidamente e fui até o banheiro. Antes de entrar embaixo da ducha, mordi meus lábios e fitei meu reflexo no espelho. Eu não era a mais bonita das mulheres, mas também não era das mais feias. Eu era “bonitinha”. É, era isso - apesar de não entender como um homem como podia ter se atraído por mim. Olhei para o meu corpo, sentindo-me bem com o que via. Mesmo depois da gravidez, eu lutei bastante e consegui ter o meu corpo magrinho de volta. Disso eu não podia reclamar. Ser jovem, nessas horas, tem suas vantagens. Finalmente entrei no box e liguei a ducha, sentindo aquela água quentinha me molhar por inteiro. Demorei uns bons minutos ali, pois quando saí, ouvi a vozinha de Johnny já em casa. E esta estava meio chorosa.
- Mamãããe! – Ele entrou no quarto, gritando. Enrolei a toalha no meu corpo e me agachei, ficando à sua altura.
- Oi, meu amor! O que aconteceu? – perguntei, afagando seu cabelinho loiro. Vendo aqueles enormes globos se encherem de água. Mamãe entrou no quarto também, logo depois dele.
- O menininho falou que eu não tenho papai! – choramingou, fechando as mãozinhas e as esfregando nos olhos. Meu coração se apertou. Direcionei o olhar para minha mãe, que tinha aquele olhar de “eu te avisei que isso aconteceria”. Suspirei, limpando suas lágrimas. – Cadê meu papai, mamãezinha?
- Ah, filho, é complicado! – Fiz uma careta, tentando pensar em algo para falar. – Você tem um pai, meu anjinho. Todo mundo tem um, tá? Mas o seu está longe, longe. – menti, sentindo meu coração cada vez mais se quebrar. – Mas você pode ter certeza que ele te ama, ok? Ele te ama assim como eu te amo. E eu te amo muito, meu pequeno! – Abracei-o apertado. – Te amo demais! Eu não sei o que seria da minha vida sem você. – Beijei sua bochecha, tentando sorrir logo depois. Limpei uma lágrima que escorreu pelo meu rosto e que tentei inutilmente segurar. – Mas você tem a mamãe, ok? Serve pra você?
- Serve! – Ele sorriu, finalmente. – Tinhamu, mamãe!
- Oh, meu pedaço de gente! – Abracei-o mais forte. – Ei, que tal tomar um banho? Você está sujinho. Tem que tomar um banho pra gente poder comer o jantar, tá?
- Está bem, mamãe! – Pulou, sorrindo, mudando totalmente de humor e correndo para fora do quarto. Sentei-me no chão, sentindo as lágrimas chegarem com força. Cobri meu rosto e desatei a chorar. Chorar de soluçar.
- Eu sou uma péssima mãe! – murmurei aos soluços.
- Não, você não é, ! – Ouvi a voz de minha mãe dizer. Solucei ainda mais. – Isso você não pode dizer. Eu não permito! Apesar de tudo, você soube educar e criar bem essa criança. Você fez isso sozinha e fez muito bem. Você cometeu erros graves, mas isso eu não posso negar que você soube fazer. – Ela se aproximou de mim, puxando-me para cima e me fazendo olhar para ela. – Eu te eduquei, . Eu fiz a minha parte como mãe e, acredite, você também está fazendo a sua. – Concordei, balançando a cabeça. – Mas você sabe que não vai poder esconder isso dele por muito tempo, né? Uma hora ele vai crescer e vai querer entender o que aconteceu com o pai dele. E aí?
- Eu me viro até lá! – Soltei-me dela, indo até meu closet.
- Bom, você é a mãe dele; sabe o que faz! – Deu de ombros, saindo do quarto. Suspirei alto, pensando em como eu iria fazer se não cumprisse sua promessa e não se separasse de Emma. Johnny ia sofrer. Eu ia sofrer. Eu ia matar - ia fazê-lo se arrepender de ter entrado na minha vida. Porque ninguém machuca o meu filho sem sair impune.


Capítulo 11



- O quê? Despedida? – falei alto, não acreditando. Era só o que me faltava: despedida. – Mas... Mas... – gaguejei, deixando meu corpo cair sentado na cadeira atrás de mim. – Senhor Green, eu preciso desse emprego. Eu sei que estou em falta ultimamente, mas eu prometo melhorar. As coisas na minha casa não estão muito bem e...
- Sinto muito, ! – ele balançou a cabeça, usando seu tom cansado. – Eu não posso fazer mais nada por você. Eu já até contratei outra garçonete para ocupar o seu lugar. – respirei fundo, concordando.
- Tudo bem! – levantei-me, tentando ao máximo segurar as lágrimas. – Obrigada, de qualquer maneira, por ter me deixado ficar aqui esse tempo todo.
- Não por isso, querida! – sorriu fraco. Balancei a cabeça, positivamente. Dei um breve aceno e saí de sua sala. Decidi sair pela porta dos fundos, pois não queria ser vista por nenhuma das meninas. Era isso. Estava desempregada, com a faculdade trancada – não contei esse fato? – e com um filho para criar. Parabéns, !
Dei um pulinho de susto quando senti meu celular vibrar no bolso da minha calça. Praguejei, tirando-o de lá e fitando a bina: número desconhecido. Bufei, mais alguém querendo encher o meu saco.
- Alô? – atendi sem animo.
- Oi? Alô, quem fala? – a pessoa perguntou. Era uma voz feminina, diga-se de passagem.
- Ahm, quer falar com quem? – fiz outra pergunta.
- Com a , esse número é dela? – falou, enfim. Franzi o cenho, desconfiada.
- Hm, é sim. É ela quem tá falando. Quem é?
- ? – ela sorriu. – Ufa! Ainda bem que você ainda usa esse número, porque era o único que eu tinha. – riu. E eu ainda não sabia quem era.
- Quem está falando? – tornei a perguntar.
- Uh, claro! – riu. – É a Emily, ! – identificou-se, e eu finalmente reconheci a voz.
- Ei, Emily! – sorri, finalmente. – Que devo a honra da sua ligação?
- Ah, encontrei com a Ashley. Lembra-se dela? – concordei, lembrando-me. É claro que eu lembrava. – Então, nós conversamos por um tempão, nos lembramos de muitas das nossas noitadas! – rimos. – E a gente tá querendo repetir uma hoje, topa? Por favor, diz que sim. Siiim?
- Ai, Emily! – entortei a boca. – Você sabe que eu não sou mais de sair assim, né? Eu sou mãe agora.
- Mas a gente não vai fazer nada de errado, ! – avisou. – Só vamos relembrar os velhos tempos. Qual é, vamos nos divertir!
- Hmm... – Diversão? Há tempos que eu não sei o que é isso. Só é problema atrás de problema, preocupação e noites sem dormir. Quer saber? Eu tenho quase vinte e um anos e mal aproveitei minha vida. Eu mereço! – Onde e que horas?
- Ahh! – ela soltou um gritinho animado. – Que bom que você vai! Bom, é naquele pub perto do Hyde. – Claro, tinha ser lá. O pub onde eu e nos conhecemos. – Aparece lá pelas nove horas, ok?
- Ok, então. Até mais, Emily! – nos despedimos e, então, desliguei. Suspirei alto. Era isso, eu ia me divertir de novo. Espero que dê tudo certo e que eu esteja fazendo a coisa certa.

Johnny estava sentado na minha cama, pintando um livro de desenhos, distraidamente. Olhei meu guarda-roupa, indecisa de qual roupa usar hoje à noite. Onde estavam minhas roupas de noite? Minhas roupas... Sexy? Oh, eu me tornei uma pessoa tão não sociável assim?
- Ótimo! – resmunguei, vasculhando por entre minhas roupas. Peguei um vestido verde, coloquei na frente do corpo e me olhei no espelho. – Blerght!
- Blerght! – Johnny me imitou, fazendo-me rir.
- Tá feio, né, príncipe? – ele riu, concordando. – É, também achei! – revirei os olhos, jogando-o de volta ao guarda-roupa. Passeei os olhos pelas minhas blusas e parei em uma preta, mullet e que mostrava um pouco da barriga. – Hmm... – fiz, pegando-a e a colocando na frente do meu corpo. – E essa, Johnny?
- Bonita! – sorriu, mostrando o sorriso falho.
- Então vai ser essa! – decidi, colocando-a sobre a cama e me sentando ao lado do meu filho. – Filho, a mamãe vai sair hoje à noite, tudo bem? A tia Norah vai ficar com você enquanto eu estiver fora, já que a vovó voltou para o Brasil. – suspirei, lembrando que ela voltou e ainda não tínhamos nos resolvido. Vai ser complicado. Balancei a cabeça, espantando os pensamentos ruins, hoje eu só preciso de boas vibrações. – Comporte-se, ok?
- Tá, mamãe! – concordou, voltando a pintar seu desenho. Aproveitei que ele estava entretido no desenho e decidi ir tomar banho. Demorei no banho, fiz o meu banho longo e quentinho que eu tanto amava. Quando saí, Johnny já estava deitado na minha cama, dormindo. Sorri, indo até ele e depositando um beijo em sua testa. Voltei ao closet e peguei minhas roupas íntimas, não sei o por quê, mas me deu vontade de usar algo mais ousado, então peguei meu conjunto vermelho e o vesti. Coloquei a blusa preta e uma calça jeans justa. Assim que terminei de vestir, a campainha tocou. Era Norah.
- Ah, Norah, obrigada por vir! – agradeci, voltando para o quarto e sendo seguida por ela.
- Ah, que isso, ! – deu de ombros, sorrindo. Viu Johnny dormindo na cama e se sentou ao seu lado. – Esse mocinho nem me dá trabalho! – sorriu, passando a mão no cabelo dele.
- Ele é um amor mesmo! – sorri, toda coruja. – Ah, ele já jantou, ok? Você dá um leite morno pra ele mais tarde, tudo bem?
- Pode deixar, eu cuido dele. – garantiu. – E aí, vai pra onde? To gostando de ver, saindo pra se divertir.
- Vou sair com umas velhas amigas. – sorri, animando-me. – Acho que to precisando disso ultimamente, sabe? Minha vida anda uma loucura!
- Eu sempre te incentivei a isso, mas você nunca me ouvia. – ri, concordando. Fui até o banheiro e fui fazer minha maquiagem, fiz uma maquiagem não muito pesada, mas não muito leve, também. Sequei meu cabelo de um jeito meio bagunçado, jogando-o para o lado. Pronto, eu estava pronta. Sorri, nervosa, olhando-me no espelho. Parece que eu não sei fazer mais isso. Ri sozinha, voltando ao quarto.
- Então? Como estou? – perguntei, dando uma voltinha.
- Linda, né? – Norah sorriu, batendo palminhas.
- Ai, preciso confessar que estou nervosa por sair de novo, sabe? – ri, sentindo-me ainda nervosa. – Espero que dê tudo certo.
- Vai dar, não se preocupe! – concordei, indo pegar minha bolsa e calçando minhas sandálias.
- Bom, deseje-me sorte! – sorri. – Boa noite, Norah! Cuida bem do meu menino, tá?
- Divirta-se, ! – sorriu, encorajando-me. É isso aí, let’s go to the party, baby!


- Espera, espera! – Ashley pediu, tomando mais um gole da sua vodka. – Conta isso de novo, Emily!
- O quê? É verdade, oras! – riu, dando de ombros. – Ele me ofereceu um drink e algumas horas mais tarde nós estávamos no apartamento dele.
- E você tem certeza que é o filho do governador? – perguntei, chocada. Ela concordou. – Qual é! – rimos.
- Sortuda! – Ashley riu. – Ei, garçom! – chamou, mas ele não olhou. Então, ela assobiou alto e ele a viu. Nós rimos. Na verdade, eu estava rindo de qualquer coisa. Até se uma folha caísse no chão eu acharia graça. Bêbada? Não, claro que não. – Traz mais uma rodada de vodka pra gente.
- Não, Ash! – falei, sentindo-me mole. – Eu tenho que ir embora!
- Só mais uma, vai? – pediu, fazendo biquinho. Rolei os olhos, rindo, e concordei. – Yay! – riu. – Ok, traz lá! – e o garçom foi.
- Ash, você deveria conhecer o filho da . - Emily disse, fazendo uma voz fofa. – Ele é uma gracinha!
- Ele é lindo! – corrigi, sendo coruja. – É meu filho, né?
- Convencida! – Emily riu, dando-me um empurrãozinho no ombro. – Olha essa garota, por favor, não parece que você é mãe.
- É, mas eu fiquei horas na academia. – comentei, fazendo uma careta.
- Ei, me conta uma coisa... – Ashley começou. – Quem é o pai do seu filho? – perguntou, enfim. Mordi os lábios, suspirando em seguida.
- Vamos mudar de assunto? Vamos beber, por favor! – pedi, pegando meu copinho de vodka e tomando tudo de uma vez. – Arght! – fiz uma careta, sentindo o álcool queimar enquanto descia por minha garganta. – Eu preciso de mais!
- Uh, vai com calma! – Emily riu, colocando o restante da garrafa no meu copo.
- Vai por mim, isso ainda é pouco. – avisei, levantando o copinho cheio e tomando tudo mais uma vez. – Cheers!
Depois de mais uma garrafa de vodka e risos, eu não sabia mais quem eu era. Eu sabia que estava tarde e eu precisava voltar para a casa. Espera, onde fica mesmo?
- Ok, já chega, ! – Ashley falou, tirando o copo da minha mão. Fiz um biquinho choroso. – Acho melhor irmos para a casa.
- Concordo! – Emily disse, levantando-se e cambaleando. Riu. – Ops!
- Suas fracas! – Ashley riu e eu vi tudo girando. Legal! - , vou chamar um táxi pra você. Qual é o endereço da sua casa?
- Endereço? Hmm. – fiz uma careta, tentando lembrar. – Acho que é na quatro, não, espera! Acho que é na seis com a oito... Ih! – gargalhei. – Não sei. – dei de ombros.
- Não acredito! – Emily riu. – Idiota! Me dá seu celular, sua bêbada!
- Você que tá bêbada! – apontei, rindo.
- Anda logo, ! – exigiu. Mostrei a língua, entregando o meu celular pra ela. – Hmm, quem está na sua discagem rápida... – vasculhou meu celular. – Papai? Não, não vamos meter o senhor na bagunça. Próximo! – falou alto, voltando a vasculhar. – Hmm, acho que temos um escolhido. – sorriu maliciosa, piscando pra mim. Eu? Eu apenas ri.

’s POV

Traguei mais um pouco do cigarro e soltei a fumaça, de uma forma prazerosa. Suspirei, fitando a cidade da janela. Bela noite pra ficar sozinho, . Mas é melhor Emma passar uns dias na casa da mãe, vai ser mais fácil depois. Ou não.
- Mas que droga! – praguejei, ouvindo meu celular tocar em cima do sofá. – Não quero te atender, seja lá quem for! – falei sozinho, tentando ignorar aquele som estridente. – Saco! – xinguei, indo até ele pronto para desligá-lo, até ver a bina. Chequei o horário e essa não era uma hora muito típica para a me ligar. Atendi imediatamente. – Alô, ? Tá tudo bem?
- Oi? Ah, não é a ! – uma voz feminina avisou. Franzi o cenho, não entendendo. – É uma amiga dela! – ela quase gritou, devido ao intenso barulho que estava lá, seja onde for que ela estava.
- Aconteceu alguma coisa com a ? – perguntei, enfim. Ela riu. Louca!
- Ela tá bem, cowboy! – riu novamente. – Ela só está... Alegre demais para lembrar o próprio endereço! Sorte sua, você foi o sorteado na discagem rápida dela para vim buscá-la.
- O quê? A tá… Bêbada? – perguntei, não acreditando. Ela riu, concordando. Ouvi sua voz de fundo, cantando? Oh, não! – Ok, onde vocês estão?
- Estamos na... Ei, alguém sabe o nome desse lugar? – ela pareceu perguntar para alguém, ouvi vozes, mas não entendi o que disse. – Olha, é o único pub perto do Hyde!
- Hm... – ri, irônico. – É o Diablo Pub! Escolha interessante.
- É, longa história desse lugar! – falou nostálgica, voltando a rir. – E aí, virá?
- Tudo bem, estou indo. Cuida dela aí, por favor! – pedi.
- Relaxa, cowboy! – e desligou na minha cara.
- Droga! – resmunguei, pegando minha carteira e as chaves do carro, rumando para aquele lugar, o qual eu conhecia bem. Ri sozinho enquanto dirigia. Qual é, a vida vive tirando sarro da minha cara. Coincidência? Acho pouco provável. Andei o mais depressa possível até lá, assim que cheguei, tive que respirar fundo antes de entrar no local. Havia um bom tempo que eu não entrava ali. Na verdade, desde que conheci . Sorri, lembrando-me do dia. Balancei a cabeça, enfiando as mãos dentro do bolso e, finalmente, entrei no pub. Não demorei muito a encontrá-las, porque só tinha uma mesa onde havia três garotas rindo muito alto e chamando a atenção de todos os caras presentes ali. Bufei, chegando mais perto. – Boa noite, garotas!
- Wow! – uma loira, que estava ao lado de , falou. – Olá, bonitão!
- Oh, droga! - resmungou baixo, mas não o bastante para que eu não ouvisse. Abaixou a cabeça, encostando-se à mesa.
- Ei, você deve ser o tal , né? – a ruiva perguntou e eu concordei. – Hmm... – olhou-me de cima a baixo, sorrindo de canto. - sortuda.
- Ahm, acho melhor levá-la pra casa! – avisei, querendo encerrar com aquilo tudo logo.
- Ei, como você se chama? ? – a loira voltou a perguntar. Balancei a cabeça, concordando. – Oh, cara! Eu te conheço!
- Acho difícil, moça! – sorri, sem jeito. Andei até , levantando seu rosto. - , vamos para a casa, por favor! – pedi, segurando-a pelo o braço e a levantando.
- Hm, oi! – ela sorriu, de um jeito bêbado. – Como me achou, doçura?
- “Doçura”? – eu tive que rir. – Vamos lá, você precisa descansar!
- É ISSO! – a loira gritou, de repente. – Eu conheço você... – ela apontou. – Conheço você... DAQUI!
- Daqui? É possível, eu já vi aqui algumas vezes! – expliquei, começando a ficar desconfiado.
- É claro! – ela balançou a cabeça, tentando lembrar. – Você estava com o Tony! – e nesse minuto eu parei, olhei para ela e, sim, eu a reconheci da noite em que conheci . Tirando sarro de mim de novo, vida?
- , eu estou com sono! - choramingou, jogada em meus braços.
- Ahm, claro! Já vamos! – falei, acordando de meu transe. – Se cuidem, meninas! – acenei, saindo rapidamente de lá. – Ok, se segura!
- Mas o que você... – ela se interrompeu, sentindo-me pegá-la no colo e levá-la até o carro. – Hm, você é fortão! – riu, jogando a cabeça para trás.
- Cuidado, ! – pedi, vendo-a piscar longamente. Ela sorriu, olhando meu rosto. Levantei as sobrancelhas. – Tudo bem?
- Céus, como você é lindo! – falou, de repente. Sorri, negando. – Sério! Nossa!
- Ai, ! – coloquei-a sentada dentro do carro, finalmente. Mas assim que ia soltá-la, ela agarrou a gola da minha camisa.
- Já disse o quanto você é gostoso? Sério, , você é muuuuuito gostoso! – gargalhou, jogando a cabeça pra trás. Apenas ri, soltando-me dela e dando a volta no carro, entrando no lado do motorista.
- Sua mãe ainda está na sua casa? – perguntei, ligando o carro.
- Nãnão! – falou mole. – Johnny está com a Norah. – sorriu. – Ela é uma gracinha!
- Imagino que sim! – sorri também, dirigindo até o loft. Não queria que ninguém visse desse jeito, principalmente o nosso filho. Assim que estacionei, dei a volta novamente, pegando no colo e a levando para cima. Demorei um pouco para abrir a porta, porque ela não ajudava se mexendo tanto no meu colo. Andei rapidamente até o quarto, depositando-a na cama.
- Uh, tá quente! – resmungou, tirando a blusa. E só agora eu pude notar o quão linda ela estava. Suspirei, sentando-me ao seu lado. Tirei suas sandálias e a acomodei melhor na cama. – Hmm, acho que estou cansada.
- É, você precisa descansar. Amanhã vai se sentir melhor, prometo. – falei, colocando uma mão na sua cintura.
- , eu sou feia! – fez uma careta. Oh, ela ia chorar? – Eu sou sem graça, não é? Por isso você não gosta de mim!
- Não fala isso, ! – pedi, beijando levemente seus lábios. – Você é linda! Na verdade... – suspirei alto. – Você é a mulher mais linda que eu já vi.
- Ahm... – murmurou apenas.
- Por que você estava lá, ? – perguntei, enfim. – Por que estava naquele pub de novo?
- Minhas amigas me convidaram! Estávamos nos divertindo. – riu de um jeito mole. – Eu merecia, né? Minha vida está uma bagunça. – suspirou.
- Eu sinto muito por isso... – pedi baixo, aproximando o rosto do dela. Tirando alguns fios de cabelos que caíam em seu rosto.
- É. – disse somente, voltando a suspirar. – Você tem culpa... – começou, puxando minha gola e me fazendo deitar ao seu lado. Apertou minha camisa em sua mão, aproximando nossos rostos novamente. – Você deixou minha vida uma loucura, sabe? – suspirou de novo. – Eu perdi meu emprego hoje. Não foi legal! – fez um biquinho, choramingando.
- … - segurei seu rosto, acariciando.
- Tudo bem. – deu de ombros, fechando os olhos. – Tudo bem! – repetiu. – Eu arrumo outro, eu preciso cuidar de Johnny.
- Eu te ajudo, eu já te disse! – falei, mesmo sabendo que isso não era hora pra ter aquela conversa.
- Hmm... – fez somente. - ?
- Oi, linda? – ela se aconchegou em meu peito.
- Eu te amo! – sussurrou. Fechei meus olhos, absorvendo aquelas palavras. Depositei um beijo em seus lábios e outro em sua testa.
- Eu sei, meu amor... – respirei fundo. – Eu sei.

’s POV

Senti os raios do sol adentrarem o quarto, fazendo meus olhos arderem. Resmunguei baixo, enfiando o rosto no travesseiro. Minha cabeça deu uma grande pontada, fazendo-me gemer de dor. Joguei o travesseiro para o lado e, com dificuldade, abri os olhos. Tentei focalizar o quarto à minha frente, reconhecendo imediatamente aquele lugar. Mas como eu vim parar aqui, de novo?
- Ai, ai! – gemi, sentindo minha cabeça pesada. Coloquei as duas mãos nela, tentando fazer parar de doer. Mas, obviamente, não funcionou. Tirei o lençol de cima de mim, notando que eu estava apenas de lingerie. – Ô-ou! – fiz, pensando se tinha feito algo noite passada, mas não conseguia lembrar. Só me lembrava do pub, das meninas e muito, muito álcool. – Álcool, eu te odeio. – praguejei, levantando-me com cuidado. Não liguei de estar apenas com roupas intimas, saí assim mesmo, indo até a sala. Mas não encontrei ninguém. – Eu estou ficando louca!
- Concordo! – ouvi a porta da frente se abrir e entrar por ela. – Bom dia!
- Ai, bom dia! – gemi, deitando no sofá, colocando as mãos na cabeça.
- Dor de cabeça, né? Eu imaginei! – falou, vindo ao meu encontro e se sentando ao meu lado. – Fui à farmácia e comprei alguns compridos para dor de cabeça. Aproveitei e passei em uma Starbucks e comprei nosso café. – ele abriu a sacola da loja, fazendo um aroma muito bom invadir minhas narinas.
- Hm, obrigada. – sorri, sem graça. – Ahm, , eu ainda não entendi como vim parar aqui. – ele riu, deixando o café no chão e pousando uma das mãos no meu rosto, acariciando-o.
- Suas amigas me ligaram, porque você não se lembrava do seu próprio endereço, ! – explicou. Fiz uma careta.
- Ah, não! – cobri meu rosto com as mãos. – Que vergonha! Não acredito que bebi a esse ponto.
- Pois acredite! – falou, puxando as minhas mãos do rosto.
- Eu fiz alguma coisa muito vergonhosa? – mordi o lábio inferior, com medo do que pudesse ouvir.
- Nada, você foi uma lady! – piscou, maroto. Entortei a boca, pedindo a verdade. – Ok, você só falou algumas coisas...
- Que coisas? – pedi.
- Hmm... – ele riu. – Você falou que eu sou gostoso e lindo!
- Oh, não! – ri, voltando a encobrir meu rosto. – Vergonha de mim!
- Ah, nem foi nada de mais, ! – puxou-me pela cintura, fazendo-me sentar. – Ei, tudo bem!
- Fico pra frente quando bebo! – fiz bico. – Mas eu não menti, não é? – mordi o lábio inferior, vendo-o sorrir todo malicioso. – Ei, espera! E Emma? Onde ela ficou nessa história toda de ontem à noite?
- Ela foi passar uns dias na casa da mãe. – confessou, dando de ombros. – Ela precisava desse tempo.
- Hmm... – fiz, concordando. Ia puxar assunto sobre a separação, mas me contive. – Ai, ai! – fiz, sentindo minha cabeça dar outra pontada. – Ok, eu preciso tomar esse remédio. – choraminguei, encostando a cabeça no ombro dele. – E depois preciso ir pra casa, tenho que dispensar Norah e ficar com Johnny.
- Eu queria ficar com ele hoje. – confessou baixo. Sorri, levantando o rosto.
- Podemos fazer isso juntos, pode ser? – ele concordou, sorrindo. – Ótimo!
- Hmm... – ele fez, olhando para o meu corpo coberto somente pela lingerie. – Tive que me segurar muito ontem, sabia? – sorri sem graça. – Você é muito linda, . Tem noção disso?
- Não, para com isso! – pedi, fazendo uma careta. – Você é muito bobo!
- E você é linda! – sorriu, beijando meus lábios rapidamente. Neguei, vendo seus lábios se afastarem dos meus. Puxei-o pela nuca, voltando a selar nossas bocas e não as afastando tão cedo, não enquanto eu não aproveitasse toda aquela perfeição à minha frente.



Capítulo 12




Encostei-me à uma árvore, observando mais à frente, agachado, brincando e conversando com Johnny. Ele sorria como uma criança, sorria como o filho à sua frente. Sorri, cruzando os braços. Eu não queria perder aquele momento. beijou a bochecha de Johnny e deixou que ele fosse brincar com os outros garotos, junto ao escorregador do parquinho. Ele passou a mão no cabelo, com um sorriso brincando em seus lábios, andando na minha direção e parando à minha frente.
- Ele é incrível! – confessou.
- Ele é! – concordei, sendo coruja. – Você deveria ter visto nos seus primeiros meses de vida, era tão frágil e doce. - abaixou a cabeça, enfiando a mão no bolso da calça.
- Deve ter sido ótimo presenciar tudo isso. – levantou a cabeça, fitando meus olhos. – A primeira palavra, a primeira vez que ele andou... – sorriu irônico. – E eu perdi tudo isso.
- Yeah... – desviei o olhar, suspirando baixo. – Sabe qual a primeira palavra dele? – sorri, lembrando. Fez um som com a boca, incentivando-me a continuar. – “Mama”. – falei sorrindo. – Ele tinha nove meses quando isso aconteceu. Depois ele começou a pedir água, biscoito, tudo em português... – expliquei, gesticulando. – Foi quando eu introduzi o inglês a ele. Meu pai me ajudou com isso, então, desse dia em diante, ele começou a falar as duas línguas. – ele concordou com um aceno de cabeça. Voltei a fitá-lo, encarando aqueles enormes olhos . – Mas sabe o que ele nunca teve a oportunidade de chamar? Em nenhuma língua? – ele esperou que eu continuasse. – Pai.
- É, ele não teve um... – falou baixo. – Digo, Charlie deve ter te ajudado muito nisso, é claro. – concordei. É, meu pai foi meu grande heroi nessas horas, sempre me apoiou e esteve ao meu lado. – Mas ele nunca o chamou de pai, certo? Ele não teve um... - olhou de soslaio para trás, fitando rapidamente o filho, e depois voltando para mim. – Sabe de uma coisa? A primeira vez que Johnny me abraçou, ali, naquele momento, eu me tornei um pai. – confessou tímido, passando a mão pelo cabelo. – Eu não sei explicar o que eu senti quando o vi. Era como se eu tivesse me visto ali, entende? – concordei com a cabeça. É claro que eu entendia. – Eu nunca acreditei em amor puro, ou algo do tipo, mas... – ele suspirou. – Foi tão puro aquilo tudo. Agora eu entendo que a vida só vale a pena quando se ama alguém... – voltou a fitar Johnny, sorrindo. – E eu só voltei a viver quando conheci vocês! – confessou, voltando a me fitar. O sorriso que se instalou no meu rosto foi tão grande que mal cabia nele. O meu primeiro impulso foi abraçá-lo e eu fui retribuída. – Eu sei que eu te culpei no começo, sei que falei coisas horríveis pra você... – beijou minha bochecha, sussurrando no meu ouvido. – Mas obrigado. Obrigado por colocar Johnny na minha vida.
- Você teve a sua contribuição, ! – brinquei, beliscando seu abdômen e me afastando dele. Ele fez uma careta, rindo. me encostou na árvore, apoiando o braço perto do meu rosto. Mordi os lábios, encarando os dele. Ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, acariciando meu rosto levemente.
- , eu não vou te beijar aqui… - soprou.
- É, eu sei. – concordei, suspirando e ainda encarando os lábios rosados dele. Damn it!
- Sabe? Então, por que você está se inclinando para cima de mim? – perguntou, segurando o riso.
- Não, eu não estou! – rebati, voltando a me encostar à árvore. Como eu fui parar tão perto dele? Ele mordeu o lábio inferior, rindo. – O quê? Para de rir!
- Desculpa, desculpa... – pediu, ainda rindo. Encarei-o, incrédula. Ah, , , não brinque com fogo!
- Ah, é uma pena estarmos em um lugar público, né? – sussurrei, puxando-o pela calça, subindo os dedos pelo seu abdômen e peitoral, abrindo ali dois botões de sua camisa. riu, balançando a cabeça negativamente. – Arght! Tá calor, né? – falei, colocando meus dedos sobre o meu colo e deslizando para dentro da minha blusa. acompanhou o movimento com o olhar.
- , estamos em um parque infantil. – sussurrou. Olhou para um lado e para o outro, depois se aproximou de mim e puxou meu lábio inferior com os dentes, afastando-se rapidamente.
- Ah, seu danado! – rimos. sorriu, observando-me. Tocou meu rosto, fazendo um carinho bom.
- Sabe que daqui uns dias essa paz vai acabar, certo? – concordei, fazendo uma careta. me olhou de um jeito engraçado. – Acabo de ter uma ideia.
- Que tipo de ideia? – perguntei, curiosa.
- Quer viajar comigo? – despejou. Surpreendi-me.
- Viajar? Pra onde? – falei rápido. Ele deu de ombros.
- Eu não sei e não importa! – falou, descendo as mãos para a minha cintura. – A gente só precisa aproveitar esse tempo que ainda está tudo calmo, entende? E, sei lá, curtir isso. – explicou, animado. – Eu, você e Johnny.
- Hmmm, me soa bem! – sorri, gostando da ideia. – Me parece bom, é.
- Então está decidido! – suspirou, antes de prosseguir. – Vamos viajar!

- Viajar, ? – Nathalie indagou. Apenas concordei, ajeitando-me melhor no sofá. – Olha, eu sou sua amiga, sei o quanto você deve estar feliz com esses súbitos desencadeamentos da história de vocês...
- Mas...? – questionei, sabendo que teria um “mas”.
- Mas você não acha que está se entregando demais? Digo, quem garante que ele vai realmente ficar com você? com você? – foi óbvia. É, ela tinha razão e eu sabia disso. – Ele fez isso com a Emma, quem garante que ele não vá fazer isso com você também, ? – suspirou, segurando as minhas mãos. – Eu só quero o seu bem e você sabe disso, certo? Eu não quero ver você sofrer por ele de novo.
- Eu sei, Nath. – concordei, sentindo algo dentro de mim se quebrar. – Acho que quero tanto que dê certo, quero que ele goste de mim e me apresente às outras pessoas que, sei lá, tento não cogitar essas possibilidades. – confessei, tirando o nó que havia se formado na minha garganta. – Eu só queria uma família.
- Oh, … - fez solidária, puxando-me para um abraço. Respirei fundo, tentando não chorar. – Eu posso estar errada, eu quero estar errada. – afagou meus cabelos. – Eu só quero que você fique alerta, ok? Não quero que você se magoe.
- Tudo bem. – falei. – Eu vou tomar cuidado, eu prometo. – sorri amarelo, soltando-me dela.
- Quer ir tomar um sorvete ou algo assim? – sugeriu.
- Claro, parece ser uma boa ideia! – concordei, dando de ombros. – Só não posso demorar muito, porque tenho que ir buscar Johnny no escritório do meu pai.
- Por que ele está no escritório do seu pai? – perguntou, levantando as sobrancelhas.
- Sr. Charlie o buscou aqui e disse que queria ficar um tempo com ele, então o levou para o escritório. – expliquei, dando de ombros. Nathalie concordou, levantando-se, e eu a acompanhei. Fomos andando até a sorveteria mais perto de casa, pedimos nossos sorvetes, conversamos, rimos. Tentei me distrair, mas o que ela havia dito não saía da minha cabeça. Ela tinha total razão. Ele podia muito bem não ficar só comigo, eu seria a próxima Emma? É um tipo de relacionamento sem garantias, eu sabia disso. Mas eu o amava, o que eu poderia fazer a respeito? Eu tenho um filho dele, é mais complicado ainda. É isso! Talvez ele valorizasse essa relação pelo filho. Mas espera aí! Eu quero que ele fique comigo por mim, não só por Johnny. Oh, céus! Que confusão!
- ? ? – Nathalie me chacoalhava, chamando minha atenção.
- Oi? O quê? – perguntei, saindo do meu transe.
- Seu celular tá tocando! – avisou, apontando para o mesmo sobre a mesa. Sorri sem graça, pegando o celular e o atendendo.
- Alô? – falei, sem nem olhar quem ligava.
- Ei, ! - falou, animado. – Você tá ocupada?
- Ahm, não. Por quê? – perguntei, franzindo o cenho.
- Você pode vir até o loft? É sobre a nossa viagem, temos que escolher o lugar. – explicou. Suspirei, concordando.
- Tudo bem, eu vou até aí. – avisei. – Ok, beijos. – e desliguei. Nathalie me encarava, esperando alguma explicação. - .
- Eu imaginei. – falou, rindo. – Tudo bem, vá aonde você tem que ir.
- Ele quer falar sobre a viagem... – comentei, levantando-me. – A gente se fala depois, ok?
- Tudo bem, se cuida! – concordei, acenando e me dirigindo até o loft de .


e eu estávamos sentados na cama, ele estava me mostrando alguns lugares para a viagem, no laptop em seu colo. Confesso, não estava prestando tanta atenção assim no que ele dizia.
- Eu gostei desse lugar, o que acha? - apontou para a tela do computador.
- Bom. – falei somente. franziu o cenho, fechando o laptop e o colocando de lado.
- O que aconteceu? – perguntou, preocupado. Suspirei alto, antes de tomar coragem para falar.
- Estou com dúvidas. – confessei, mordendo o lábio inferior. virou meu rosto para fitá-lo.
- Não estou entendendo. – riu, sem humor. – Dúvidas sobre o quê?
- Sobre o que vai se tornar isso... – apontei para mim e para ele, respectivamente. – Eu não quero ser mais uma Emma na sua vida, !
- Mas o quê? O que você... – levantou-se, passando a mão no cabelo e me fitando. – Por que você tá falando isso?
- Qual é, ! – falei, levantando-me também. – Você já fez isso, pode fazer de novo.
- É isso que você pensa? – balançou a cabeça negativamente. - , eu vou deixar a Emma por você!
- Mas... – eu ia falar, mas ele me interrompeu.
- Eu vou mudar a minha vida toda por sua causa! Eu nunca fiz isso por nenhuma outra... – explicou, gesticulando rápido. – Você não entende? Você me deu um filho, . Um filho!
- Eu sei e eu tenho medo disso! – falei, fechando os olhos fortemente. – Medo de você querer ficar comigo só por causa do Johnny e não porque sente algo por mim.
- Eu não vou ficar com você só por causa do Johnny, que droga! – vociferou, aumentando seu tom de voz.
- Como eu posso ter certeza disso, ? – falei no mesmo tom.
- Você tem que confiar em mim, ! – rebateu. Era isso, estávamos gritando um com o outro.
- Eu confio em você! – gritei de volta. – Eu não confio no que você sente por mim.
-
- Você nunca vai... – respirei fundo. – Eu te amo! – ri, irônica. – E você nunca vai...
- Eu também te amo! – parei de falar assim que o ouvi. Fitei seus olhos, confusa.
- Desculpa, eu acho que não... – apontei para o meu ouvido. – Eu pensei ter ouvido...
- Eu te amo, ! – falou novamente, fazendo-me ter certeza do que eu tinha ouvido da primeira vez. – Eu nunca tinha dito isso em voz alta... – comentou, como se para si mesmo. Riu, parecendo não acreditar. – Eu te amo há muito tempo, mas nunca quis assumir isso. Ou talvez, eu não sei, tinha medo do que isso poderia ser.
- , você não pode brincar com isso, sabia? – pedi, suplicante. – Não tem o direito!
- , cala a boca! – sussurrou, vindo rápido até mim e me puxando pela cintura, selando nossos lábios. Deixei que nossas bocas, mais que conhecidas, se explorassem mais uma vez. apertou carinhosamente a minha cintura. Entrelacei meus braços no seu pescoço, puxando devagar o seu cabelo.
- Você é um idiota! – sussurrei, dando um beijo rápido em seus lábios.
- É, eu sei. – concordou, beijando-me mais uma vez. – Eu sou um imbecil! – falou, puxando minhas pernas para entrelaçar na sua cintura.
- É, que bom que sabe... – soprei contra seus lábios. Encostou a testa na minha, fitando meus olhos sem desviar.
- Eu disse!
- Você disse! – concordei.
- Isso faz você confiar no que eu sinto por você? – perguntou, roçando nossos lábios.
- Um pouco. – respondi, fazendo uma cara maliciosa. Ele riu, beijando-me rapidamente.
- Atiça, ! – mordeu meu lábio inferior. – Eu também sei fazer isso.
- Oh, Deus! – ri, escondendo meu rosto na curva do seu pescoço.
- , a gente tem que terminar isso. – pediu e eu ri.
- Eu não posso, ! – fitei-o, fazendo uma careta. – Eu tenho que ir buscar o Johnny no escritório do meu pai.
- O que ele tá fazendo lá? – perguntou, colocando-me no chão.
- Meu pai queria ficar com ele hoje. – dei de ombros, explicando.
- É, então ele ainda não descobriu! – riu, sem humor. – Ah, a vida me pregando peças.
- Está com medo dele, ? – perguntei, levantando a sobrancelha.
- Já viu o tamanho do seu pai? Já o viu com muita raiva? – ele riu, nervoso. – Então, sim, estou.
- Não acredito! – segurei o riso. – Seu bundão!
- O quê? – ele quase gritou, fuzilando-me com os olhos. – Repete isso!
- Bundão! – desafiei, colocando as mãos na cintura. levantou a sobrancelha, malicioso. - , não! Eu conheço esse olhar, não faz isso.
- Então, corre! – avisou, rindo.
- Droga! – resmunguei, ri e saí correndo pelo loft. Ele veio atrás de mim. – Sai, sai!
- Não, não! – riu, alcançando-me e me colocando contra a pia da cozinha. Segurando meus pulsos, apertados. – E aí, quem é o bundão agora?
- Hmm... – desviei o olhar dos seus olhos, checando seu traseiro. – É, ainda é você!
- ! – pediu, rindo.
- Ahmm, eu tenho que ir! – choraminguei. – Me solta, !
- Paga pedágio! – ordenou. Ri, rolando os olhos.
- Que tipo de pedágio? – questionei, entrando na brincadeira.
- Fica nua! – disse somente. Comecei a rir. – É sério, poxa!
- Aham, claro! – rolei os olhos. – Sério, me solta!
- Vai ficar nua? – levantou a sobrancelha.
- Não! – ri. – Idiota!
- Como você é chata, ! – soltou-me, roubando-me um beijo.
- Tão adulto! – falei, andando até a porta, até sentir um tapa na minha bunda. - !
- Pedágio, oras! – deu de ombros, cruzando os braços. Apenas ri. – Ei, deixa eu te perguntar uma coisa... O que você vai fazer amanhã?
- Cuidar do Johnny, só isso por enquanto, por quê? – perguntei curiosa.
- Consegue arrumar alguém pra cuidar dele o final de semana? – questionou. Franzi o cenho, confusa.
- Consigo, mas não estou entendendo... – falei, arqueando uma sobrancelha. Ele sorriu.
- Só faça isso, ok? Então, amanhã quero a senhorita pronta e com uma pequena mala, está bem? – pediu, adorando me ver confusa.
- Não vai adiantar eu perguntar mais nada, né? – ele negou. – É, eu imaginei! – dei-me por vencida. – Certo, certo! Eu estarei pronta, .
- Ótimo, agora você pode ir! – sorriu malicioso. Ri, revirando os olhos e indo finalmente buscar meu filho.



Capítulo 13




- Nathalie, sabe que eu te amo, né? Obrigada por cuidar do meu pimpolhinho! – sorri agradecida, dando-lhe um abraço rápido. – Qualquer coisa, me liga, tá? Qualquer coisa mesmo.
- , relaxa! – ela riu. – Divirta-se! Johnny e eu vamos nos divertir muito, não é, pivete? – brincou, olhando para ele ao seu lado. Johnny riu, animado. – Viu, só?
- Acho que estou um pouco nervosa com isso. – confessei, mordendo o lábio inferior. - nunca foi de fazer surpresas.
- Ele não deu nenhuma dica? – neguei. – Quem sabe, ele não te leve para Paris? É logo ali. – nós rimos. – Mas fica calma, pra onde quer que seja, eu tenho certeza que vocês vão aproveitar muito. – piscou pra mim.
- Espero, eu realmente espero! – cruzei os dedos. – Bom, já foi indo. Daqui a pouco ele aparece lá em casa. Cuidem-se e juízo, os dois.
- Juízo, a senhorita também, hein? Não quero ser tia de novo. – brincou e eu mostrei língua pra ela, que riu.
- Idiota! – dei um empurrão fraco nela. Agachei-me ao lado de Johnny, puxando-o para um forte abraço. – Se cuida, filhote! – beijei sua testa. – Mamãe te ama, tá? Vou morrer de saudades!
- Tinhamu, mamãe! – sussurrou. Fiz um bico manhoso e ele riu.
- Tchau, crianças! – levantei-me, acenando para eles. Logo estava de volta à minha casa, terminando de arrumar a tal mala que pediu. Dobrei mais uma calça e a coloquei lá dentro. Cruzei os braços e encarei a mala. – Ah, ! – falei, rindo. Houve uma batida na porta, corri até ela, indo abri-la. – Ei! – disse animada, recebendo um selinho demorado.
- E aí, pronta? - perguntou, olhando no relógio de pulso.
- Quase, só to fechando a mala. – avisei, dando espaço para que ele passasse, e foi o que ele fez. Voltei para o quarto com ele atrás de mim.
- Hm, tem biquíni aí dentro? – perguntou, olhando para a minha mala. Franzi o cenho, negando. – Então coloque um, linda.
- Ah, sério? , aonde estamos indo? – perguntei, curiosa.
- Surpresa, ! Não estrague isso, ok? – aproximou-se de mim, segurando a minha cintura. Mordi o lábio inferior, assentindo. – Tudo bem, a gente precisa ir agora. Já está tudo acertado com a sua amiga, sobre o Johnny?
- Sim, senhor! – concordei, indo fechar a mala, finalmente. – Deixei-o lá não tem muito tempo.
- Então, vamos cair na estrada, meu bem! – ele sorriu malicioso, retirando os óculos escuros da gola da camisa e os colocando no rosto.
- Que eu não seja sequestrada! – nós rimos. Minutos depois, já estávamos dentro do carro, seguindo a rota que somente sabia. Arght! Eu odiava ficar curiosa.


- Como você fala durante uma viagem, hein? - ironizou. Já havia se passado quatro horas desde que nós saímos de Londres e eu havia ficado metade desse tempo calada, a outra metade também, mas eu estava dormindo, não conta.
- Não começa! – rolei os olhos, pegando a garrafinha de água que ele havia comprado e tomando um gole. – Eu fico ansiosa e nervosa quando não sei para onde eu estou sendo levada, sabe? – ele riu.
- Calma, apressadinha! – olhou para mim de soslaio, sem tirar a atenção da estrada. – Já estamos chegando.
- Me dá uma pista, ! – choraminguei. – Por favor!
- Ah, … - ele riu, observando a paisagem que passava por nós. De repente, ele sorriu abertamente. – Já sei que pista eu vou te dar. – apontou mais à frente para uma placa. – Bem-vindo a Blackpool!
- Blackpool? – falei surpresa. – O que estamos fazendo aqui?
- Eu disse que era surpresa, esqueceu? – continuou com o mistério. Logo o início da cidade começou a aparecer, já pude avistar as lindas casas da cidade, algumas construções antigas, as casinhas e os ônibus coloridos. Quando entramos realmente na cidade, vi todo o movimento. O sol estava vivo lá e eu adorava isso. Eu amava o sol. – Ahm, não sei se você lembra, mas eu nasci aqui.
- É, eu lembro! – o fitei. – Por isso a minha surpresa.
- Minha família morou aqui por muito tempo, depois nos mudamos para Londres. – eu prestava atenção em cada detalhe que ele falava. nunca me contava nada sobre a família dele. – Minhas raízes foram feitas aqui. Eu tenho ótimas lembranças! – ele sorriu nostálgico.
- Aqui é lindo, de verdade! – sorri verdadeira, dando uma breve olhada na cidade à minha volta. – Oh, aquela é a Blackpool Tower? – perguntei, observando a grande torre ao meu lado. riu.
- É sim, é linda! – ele também observou, diminuindo a velocidade do carro para poder apreciá-la melhor. – Não te mostrei a torre Eiffel, mas te mostro a torre de Blackpool, a torre Eiffel da Inglaterra. – sorriu sincero. Sorri junto, sentindo-me aquecida. – As pessoas que vêm aqui sempre dizem que é onde os ingleses se soltam. É um ótimo lugar para se relaxar, distrair e se divertir.
- Já me sinto mais feliz só de estar com você! – confessei, aproximando-me dele e depositando um beijo em seu pescoço. Ele sorriu, puxando meu queixo e me dando um beijo breve, voltando a dirigir logo após.
- Mas eu trouxe você aqui por um motivo especial... – fitou meus olhos rapidamente, depois desviando para a rua novamente. – Depois que fui morar em Londres, não saí mais de lá. – continuou a contar. Respirei fundo, tentando imaginar o que viria a seguir, mas nada me veio à cabeça. – Mas meu irmão, Ethan, casou-se aqui e por aqui ficou. Ele conheceu Sophie, sua esposa, aqui. – explicou. Ethan, eu quase nunca ouvia falar dele. – Na verdade, Sophie nasceu na França, mas conheceu Ethan aqui.
- Eu não sabia disso. – confessei.
- Eu sei, eu nunca te contei muitas coisas sobre a minha família. Era o meu jeito de me preservar. – suspirou. – Mas agora estou te contando. – balancei a cabeça, concordando. Seguimos pelas ruas por algum tempo, até encostar debaixo de uma árvore, em frente à uma casa. Ele direcionou o olhar para mim, segurou minhas mãos e beijou a ponta dos meus dedos. - , eu quero que você conheça alguém... – ele procurou meus olhos. – Alguém muito importante pra mim.
- … - eu ia dizer algo, mas ele me interrompeu.
- Não, eu quero fazer isso. – respirou fundo e sorriu. – Eu quero que você conheça meu irmão, Ethan.
- Tem certeza? Acho que não é certo! – apavorei-me. – Como você vai me apresentar? Não, não. E sobre a Emma? Não, . – falava apressadamente.
- , ! – ele falou rápido, segurando meu rosto. – Ethan sabe sobre você.
- O quê? – falei surpresa. – Como assim ele sabe? O que ele sabe?
- Ethan é meu irmão mais velho, somos amigos, eu conto as coisas da minha vida pra ele! – explicou calmo, acariciando minha bochecha. – Relaxa, ele não vai te julgar e nem nada disso.
- E a mulher dele? A Sophie? – perguntei aflita.
- Vamos dizer que ela nunca gostou da Emma. – ele riu, fazendo uma careta. – Não se preocupe, vai dar tudo certo. – beijou minha testa, descendo para a minha boca. – Ok?
- Você devia ter me contado antes! – estapeei seu braço. – Eu ia me preparar para isso. – cruzei os braços, feito uma menininha. Ele riu. – Não ri.
- Tá linda toda nervosinha! – apertou minhas bochechas. Eu sorri, revirando os olhos. olhou para a casa à nossa frente, voltando a me fitar após. – E aí, vamos entrar? – mordi o lábio inferior, concordando. Descemos do carro, veio ao meu encontro e entrelaçou a mão à minha, guiando-nos até a porta de entrada. Eu estava nervosa, com o coração acelerado e quase desmaiando. Mas eu estava muito feliz por estar ali. tocou a campainha e apertou meus dedos delicadamente. Segundos depois, a porta foi aberta, atrás dela estava uma morena dos olhos extremamente azuis. Sorriu ao ver .
- Ah, ! – exclamou animada e eu pude ouvir bastante sotaque ali.
- Sophie! – ele sorriu, soltando-me e indo abraçá-la. – Como vai?
- Estou ótima, e você? Que surpresa você em Blackpool! – disse realmente surpresa. Seus grandes olhos azuis foram de encontro com os meus e pareciam confusos. – Ah, olá!
- Ahm, oi. – falei sem jeito, apertando sem querer a mão de com força.
- Não me diga que finalmente você largou a loira oxigenada? – perguntou animada. Não aguentei, tive que rir.
- Sophie, não começa! – ele riu. – Essa é a . E eu tenho certeza que o Ethan falou dela pra você. – ela sorriu culpada. – Eu sabia!
- Bom, prazer em conhecê-la, ! – ela estendeu a mão para mim e eu a aceitei.
- Prazer, Sophie! – sorri.
- Já gostei de você. Qualquer pessoa que faça o largar daquele avestruz, vira minha amiga.
- Acho que vou gostar de você também. – concordei, rindo.
- Ah, vocês duas! – riu, balançando a cabeça negativamente.
- Ei, entrem, por favor! – ela deu espaço para que nós entrássemos. E assim o fizemos. A casa era linda, Ethan não ficava atrás do irmão nesse quesito.
- Cadê o meu irmão, Sophie? - perguntou, largando-se no sofá e me levando junto, rimos.
- Oh, Ethan! Mon Dieu!. - resmungou em francês. – Está no escritório em dia de sábado, acredita? Não para de trabalhar! – ela rolou os olhos, sentando-se na poltrona à nossa frente. – Mas não se preocupe, daqui a pouco ele chega. – sorriu, fitando-nos. – Ah, vocês são fofos juntos. Escolheu bem dessa vez, pequeno ! – mordi o lábio, envergonhada. Senti a mão de abraçar meus ombros, trazendo-me para mais perto dele, se era possível. – Mas, então, o que os trouxeram à nossa velha cidade?
- Vim visitar vocês, oras! - deu de ombros. – E precisava falar com o Ethan também.
- Sabia que tinha algo por trás! – Sophie balançou a cabeça.
- Vou precisar dos serviços dele. - esclareceu. Franzi o cenho para ele, não entendendo.
- Uh, é o que eu estou pensando? – ela perguntou surpresa. balançou a cabeça, concordando. – Oh, finalmente! – eu ia perguntar do que se tratava, mas se ele ainda não havia me dito, talvez não fosse da minha conta. Apenas me aninhei mais em seus braços, vendo a mulher à minha frente me fitar curiosa.
- Sophie, poderia nos arranjar um quarto? A viagem foi bem cansativa. - pediu, fazendo uma careta.
- É claro, ! – sorriu, levantando-se. – Vou prepará-lo, já volto. Fiquem à vontade! – dito isso, sumiu escada acima.
- O que achou dela? - perguntou, fitando meu rosto. Mirei seus olhos tão perto que parecia que eu poderia mergulhar neles.
- Eu a adorei! – fui sincera. – Só me sinto muito intrusa.
- Não fala assim. – abraçou-me de lado, beijando o topo da minha cabeça. – Você é minha, só isso. Nada de intrusa, ok? – sorri, concordando.
- Ops, esqueci o meu celular no carro! – lembrei-me de repente. – Tenho que ficar colada nele. Nathalie pode me ligar a qualquer momento.
- Pode ir lá buscá-lo! – tirou a chave do carro do bolso e me entregou. Dei um selinho nele e saí da casa, indo rumo ao carro, buscar o celular. Peguei minha bolsa, no banco do passageiro, e a chequei, achando o celular, sem nenhuma novidade. Tranquei o carro novamente e ia voltando para a casa, mas um carro me fechou, quase batendo em mim.
- Presta a atenção! – o cara do carro gritou. – Esses pedestres imprudentes! – resmungou alto. Dei alguns passos para trás, assustada. O motorista estacionou o carro na vaga do irmão de . Assim que ele desceu do carro que eu liguei as coisas. Ele era alto, cabelo loiro escuro, branco e, claro, seus olhos eram extremamente , como os do irmão. Ethan. Tinha que admitir: A beleza era evidente na família. Apesar de não conhecer os pais de , pelo menos, sei que os genes nos filhos são bons. Fiquei o encarado sem ser discreta e ele percebeu. – Algum problema, moça? Tá perdida? Sofreu algum arranhão?
- Não, eu to bem! – sorri, sem graça.
- Ahm, que bom! – falou confuso. Virou as costas e entrou em sua casa. Encostei-me à árvore ao meu lado e respirei fundo. Balancei a cabeça e decidi entrar de novo. Quando entrei, vi a cena de e Ethan se abraçando e rindo. Não pude deixar de sorrir também.
- Ah, seu gay! – Ethan falou rindo enquanto dava um soquinho no braço de . – Você sumiu daqui!
- Pois agora estou aqui, não estou? - brincou. – É bom te ver, mano.
- É bom te ver também! – e eles sorriram. Encostei-me à porta, observando-os. me viu e sorriu, fazendo Ethan, que estava de costas até o momento, virar-se e me ver ali.
- Desculpa, moça, mas você entrou na minha casa! – ele falou surpreso. – Você vai querer me assaltar ou o quê?
- Não, Ethan! Não, não! - riu, chamando-me com a mão. Encaminhei-me até ele, que me abraçou de lado. – Essa é a !
- Oh! – ele colocou a mão na boca, sem jeito. – Que vergonha! – ele riu. – Me desculpe, , eu não sabia. Me desculpe também pelo negócio do carro.
- Que negócio do carro? - perguntou, confuso.
- Nada de mais, . – sorri. – Não se preocupe, Ethan, todo mundo comete erros.
- Pois vejam só, finalmente conheci a famosa ! – disse ele, cruzando os braços.
- Famosa? Eu? – comecei a rir. – Não mesmo!
- Claro que é! Conta pra ela, . – o desafiou. o empurrou, rindo.
- Fica quieto, Ethan! – mandou.
- Oh, mon amour! - Sophie voltou à sala e foi direto ao encontro do marido, beijando-o e abraçando-o.
- Oi, minha francesinha! – retribuiu os carinhos. – Viu só quem veio nos ver?
- Finalmente, né? – Sophie fuzilou com o olhar. Eu apenas ri.
- Ethan, vim visitar vocês, é claro, mas também vim resolver alguns problemas. - falou, olhando atentamente para o irmão.
- É claro, sobre o que se trata? – perguntou ele, curioso.
- Podemos resolver isso depois, não se preocupe. Falaremos a sós depois. - sorriu, tranquilizando-o. Por que eu acho que estou sendo excluída da história?
- Tudo bem! – Ethan sorriu. – Temos que sair para comemorar sua vinda, irmão!
- É claro, vamos sim. Mas antes, por favor, precisamos descansar um pouco, certo, ? - questionou e eu apenas concordei com a cabeça.
- Tá certo. Amor, leve-os até o quarto. Vou tomar um banho e descansar um pouco também. – despediu-se de nós e saiu do nosso alcance. Sophie nos mostrou o nosso quarto, buscou nossa mala e depois nos jogamos na cama, do jeito que estávamos. Ele me abraçou e eu apoiei minha cabeça sobre o peito dele.
- Muito obrigada por me trazer aqui. – agradeci.
- Eu sempre quis te trazer aqui. – confessou. Eu apoiei meu queixo no seu peito, fitando-o. – Sempre quis que você conhecesse minha família, mas me negava isso. Eu não queria chegar a esse ponto de envolvimento.
- E agora? Que ponto você chegou? – perguntei, mordendo os lábios, receosa.
- Bom, agora... – ele acariciou meu rosto e sorriu. – Agora eu to mais do que envolvido. – fixou os olhos em mim. – Eu to apaixonado! – sorri boba.
- Eu sempre estive apaixonada. – confessei, recebendo um beijo nos lábios. – Ahm, , eles sabem sobre, hm, Johnny?
- Não, ainda não. – suspirou. – Mas pretendo contar esse final de semana. Ethan é meu melhor amigo, eu confio nele. – sorri, achando aquilo fofo. – Por que tá sorrindo?
- Acho legal você falar que seu irmão é seu melhor amigo. Nunca conheci nenhum amigo seu. – dei de ombros.
- É, ele é. Sempre foi, na verdade. – sorriu. – Quando eu tinha treze anos, um menino mais velho do nosso colégio me bateu e Ethan viu. Ethan ficou tão bravo com ele que bateu no garoto até o nariz dele sangrar. Ethan disse que se ele se metesse comigo de novo, ia se entender com ele. – ele riu e eu o acompanhei. – E ele só tinha quinze na época. - ficou quieto um tempo, fitando o teto do quarto enquanto eu fazia desenhos abstratos no seu peito. - , quero te mostrar um lugar. – avisou, levantando-se.
- Que lugar? – perguntei curiosa, levantando-me também. Ele somente sorriu. – Mais surpresas?
- Mais surpresas! – ele concordou. Sorri, acostumando-me. Peguei minha bolsa e logo estávamos nas ruas de Blackpool, sem saber para onde eu ia. Eu estava adorando observar as pessoas dessa cidade, elas pareciam tão encantadoras. Queria conhecer cada uma delas. Da senhora sentada no banco da praça à criança que brincava com um carrinho na areia da praia. Eram fascinantes! Rodamos pouco até chegar a um píer. E o lugar era lindo. A noite começava a cair, fazendo as luzes do local começarem a se acender. Descemos do carro, segurou em minha mão, guiando-me para dentro do píer. Tinha uma enorme placa colorida escrita: South Pier.
- Nossa! – soltei baixo. sorriu, puxando-me pela cintura, enrolando seu braço ali. Continuamos a caminhar, deixando-me mais fascinada com o local. Já havia algumas pessoas ali, crianças brincavam nos brinquedos do parque, enquanto alguns casais namoravam à beira do píer.
- Eu sempre adorei esse lugar! – comentou, parando na ponta do píer. Encostou-se à grade, puxou-me para perto do seu corpo, abraçando-me por trás. Senti o cheiro natural de sua pele emanar. Ah, eu adorava!
- Trouxe quantas namoradas aqui, hein? – brinquei.
- Só uma. – beijou meu pescoço e sussurrou: - Você. – arrepiei.
- Eu sou sua namorada? – perguntei, mordendo o lábio inferior. Ele me apertou mais em seus braços.
- Você é minha! – respondeu. – Não gosto de rótulos. Você é minha, ponto final.
- É, eu sou. – Virei-me para fitar seu rosto. segurou minha cintura, apertando-a delicadamente. Enlacei meus braços em volta do seu pescoço. Senti sua respiração bater contra meus lábios, fechei meus olhos e deixei que ele guiasse o beijo que vinha a seguir. Sentia os pelos da minha nuca se arrepiarem. Não sabia se culpava o vento frio ou as mãos e os toques de . É, devia ser o vento. Aos poucos o beijo foi perdendo velocidade, terminando em selinhos na minha boca e uma mordida de leve no queixo. voltou a me abraçar, aquecendo-me.
- Quer comer alguma coisa? – perguntou, de repente.
- Hmm, pipoca doce? – pedi feito uma criança. Ele riu, concordando.
- Já volto, me espera aqui. – beijou minha testa e foi atrás da pipoca. Sorri boba, vendo-o se afastar. Tudo começava a mudar, finalmente.

’s POV

Enfiei as mãos dentro do bolso da minha calça e segui andando, procurando essa pipoca doce que a tanto queria. Confesso, nesse momento, eu faria qualquer coisa que ela me pedisse. Não consigo entender como cheguei até aqui, não sei explicar. Só cheguei nesse ponto onde parece que não dá pra voltar mais, na verdade, eu não quero voltar. Logo à frente avistei uma barraca de pipoca, sorri satisfeito.
- Ei, uma pipoca doce, por favor! – pedi ao homem barbudo, vestido de listrado, atrás do balcão. Ele balançou a cabeça concordando, indo preparar a pipoca.
- ? – ouvi uma voz atrás de mim, virei meu rosto para encontrar quem falava. - ?
- Foi o que me disseram! – falamos juntos. Nós rimos. – Nate! – falei alto, dando um breve abraço nele. – Cara, quanto tempo!
- Nem fala, mate! – ele sorriu. – Desde quando está de volta a Blackpool?
- Na verdade, eu estou só passeando. – dei de ombros. – Vou passar um final de semana com o meu irmão.
- Ethan, é verdade. – sorriu, passando a mão nos cabelos pretos. – Mande lembranças a ele. – sorriu nostálgico. - E aí, cara, como tá a vida? Você se mudou para Londres e nunca mais tive notícias suas.
- Pois é, a vida tá ocupada! – fiz uma careta.
- Aqui, senhor! – o atendente barbudo chamou a minha atenção. – Duas libras.
- Obrigado! – agradeci, pagando-o e pegando a pipoca.
- Se casou? – Nate perguntou, sorrindo. Quando ia abrir a boca para responder, vi vir ao meu encontro.
- Ah, achei você! – ela disse, alcançando-me. – Perdi você de vista.
- Estava bem aqui. – sorri, estendendo a pipoca para ela. – Aqui, madame!
- Obrigada! – sorriu, beijando-me brevemente. Olhei para Nate, que sorria.
- Nate, essa é a ... – ele a olhou. – Minha... – ele me olhou, também me olhou, curiosa com a resposta. – Minha garota!
- Prazer, Nate! – ela sorriu, abraçando-me pela cintura.
- Prazer, ! – ele balançou a cabeça. – Ah, já que você está acompanhado, por que não se juntam a mim e à minha esposa? Estamos logo ali, naquela mesa. – ele apontou para uma mesa mais à frente, com uma mulher de cabelos castanhos e curtos, sentada à mesa. Ela acenou para ele. Olhei para , esperando alguma reação. Ela me olhou, dando de ombros.
- Tudo bem. Precisamos mesmo relembrar os velhos tempos! – dei um tapinha em seu ombro, rindo. Logo nos juntamos a eles à mesa. Liguei para Ethan e Sophie, chamando-os para se juntarem a nós.



Capítulo 14




- Mon amour, estou com sede! Busca um refrigerante pra gente, por favor? – Sophie pediu, segurando a mão de Ethan. Ele balançou a cabeça, concordando.
- Estou indo lá buscar, alguém quer mais alguma coisa? – avisou, levantando-se. Vi ali a oportunidade perfeita para falar com o meu irmão.
- Eu vou também! – anunciei. – Quer algo, ? – negou, balançando a cabeça. Assenti, dando um beijo rápido em seus lábios e saindo com Ethan. Enquanto andávamos pelo píer, pude ouvir Ethan soltar um risinho. – Que foi?
- Você a trouxe mesmo! – confessou, olhando-me de soslaio. – Não pensei que ia ser tão sério.
- É, eu sei. – coloquei as mãos dentro do bolso. – E a coisa é ainda mais séria. – suspirei alto. – Ethan, preciso te contar uma coisa. – parei de andar, ficando à sua frente. Ele franziu a testa, esperando eu continuar. – Eu vou me separar da Emma!
- Você vai? – perguntou, surpreso. – Quando decidiu isso?
- Eu venho pensando nisso há um tempo, mas só agora criei coragem pra assumir isso. – dei de ombros. – É complicado!
- Tem certeza, ? – concordei. – Nossa! – ele riu. – Você gosta mesmo dessa menina, hein?
- Muito. – fiz uma careta. – Gosto mais do que achei que deveria. Na verdade, há outra coisa que eu quero te contar.
- Ah, meu Deus! Ela tá grávida? – ele perguntou assustado. Neguei. – Ah, que bom!
- Ela já tem um filho de três anos! – falei.
- Ela tem um filho com outro cara? E mesmo assim você vai embarcar nessa? – perguntou surpreso.
- Não, Ethan... – mordi a boca antes de continuar. – O filho é meu.
- O QUÊ? – falou alto.
- Fala baixo, cara! – pedi.
- Desculpa, eu só... Você tem certeza que é seu? – perguntou, ainda não acreditando.
- Tenho, irmão! – sorri, lembrando-me de Johnny. – Ele é a minha cara. Ele é incrível!
- Mas por que você nunca me contou?
- Eu não sabia também, até pouco tempo. – suspirei derrotado. – Ela não quis me contar, eu simplesmente descobri. – dei de ombros. – E é por isso que eu preciso da sua ajuda.
- Você quer que eu seja seu advogado? – balancei a cabeça em um sim. – Se isso vai te fazer feliz, você pode contar comigo.
- Pode ter certeza que vai. – sorri. – Mas, olha, não comenta nada com a ainda, ok? Eu vou contar pra ela mais tarde.
- Pode deixar, eu sou um túmulo! – fez um joinha. Seguimos até encontrar um lugar onde vendia refrigerante, Ethan comprou e nós voltamos para a mesa. Assim que me sentei, se aninhou em meus braços. Vi Sophie nos olhar com um olhar meigo, confesso que senti minha face se esquentar. Lembrei-me rapidamente de algo, cutuquei , que me olhou.
- Trouxe seu celular? – concordou. – Tem alguma foto do Johnny? – concordou novamente. – Cadê? – mexeu na bolsa e o pegou, entregando-me. Vasculhei seu álbum de fotos, havia várias fotos dele ali. Cada uma mais linda que a outra. Selecionei uma em que Johnny estava deitado ao lado de na cama, rindo enquanto a mãe fazia uma careta. Sorri. Chamei a atenção de Ethan, que estava ao meu lado, e entreguei o celular a ele. – É meu filho. Ele se chama Johnny. – ele olhou a foto, curioso.
- Man! - exclamou. – Ele é a sua cara, !
- Eu disse! – ri.
- Não, é sério! É você quando tinha essa idade, eu lembro bem. – riu, lembrando. – Um pentelho atentado!
- Ele é mais calminho! – avisei, rindo.
- Parabéns, cara! – ele sorriu, fitando-me. – Ele é lindo!
- É, eu sei. – sorri, virando meu rosto para fitar , que me olhava em dúvida. – Eu contei pra ele.
- Oh! – ela soltou, surpresa.
- Ele é lindo, ! – Ethan falou. sorriu.
- Obrigada. - apertou-se em meus braços.
- Oh, que linda criança! – Sophie falou, tirando a atenção do que a esposa de Nate falava. – Ele é o que seu, ?
- Ahmm... – ela vacilou, olhando-me, esperando que eu a ajudasse.
- Ethan. – falei, esperando que meu irmão contasse tudo a ela. E foi o que ele fez. Minutos depois, ouvi um som de surpresa vindo de Sophie e logo depois um sorriso, orgulhoso.
- Tão lindo, gente! – comentou, entregando o celular de volta à , que sorriu. – Querendo ou não, tenho que confessar, vocês fizeram um bom trabalho juntos. – nós rimos.
- Eu sou lindo, né? Meu filho também teria que ser lindo! – falei entre risos. me deu um cutucão. – Ei!
- Larga de ser convencido, ! – revirou os olhos. Depositei um beijo em seus lábios, apertando a ponta do seu nariz em seguida.
- Você sabe que se alguém tem beleza pra ser dividida aqui é você, . – sorri, recebendo uma careta em resposta. – Para, você sabe que é.
- Nah, fica quieto! – riu, aconchegando-se em mim. Ficamos ali por mais um tempo, logo a esposa de Nate começou a reclamar de sono e eles se despediram e foram embora, nós acabamos por ir embora também.

’s POV Off

Assim que voltamos para a casa de Ethan, e o irmão se trancaram no escritório. Se fiquei curiosa? É claro, mas o que eu poderia fazer se ele não queria me contar o que estava acontecendo? Então, resolvi ajudar Sophie com o jantar.
- Onde eu coloco as cenouras picadas? – perguntei a Sophie, assim que terminei de cortar as mesmas.
- Pode trazer aqui pra mim, chérie!. – respondeu sorrindo. Fui até ela, que estava do outro lado do balcão cortando algumas batatas, e entreguei as cenouras que eu havia cortado. Voltei para o lado oposto a ela e me sentei à sua frente. Ela me olhou com um sorriso curioso.
- O que foi? – perguntei, enfim.
- Só imaginando o que eu nunca imaginei. – fiz uma careta confusa e ela explicou. – O finalmente se deixando levar por alguém. Acredite, é algo que eu não esperava dele. Não mais. – mordi os lábios, nervosa.
- É tão incrível assim? – perguntei. Sophie balançou a cabeça positivamente. – Nossa!
- Por favor, coloque juízo na cabeça dele agora, ok? – pediu, rindo.
- Vou tentar. Você o conhece, sabe que ele é cabeça dura. – rimos. Logo depois, o telefone da casa começou a tocar.
- Oh, merde! - resmungou, mexendo nas panelas. - , poderia atender pra mim, por favor?
- Ahm? Ok, claro. – respondi incerta. Levantei-me e fui atender ao telefone. – Alô?
- Alô, Sophie?!
- Ahm, não. Não é a Sophie, é... – engoli seco. – É uma amiga dela.
- Oh, sim. Me desculpe! Querida, você poderia dar um recado a ela, sim?
- É claro! – respondi prontamente.
- Diga a ela que a Kate ligou, ok? E que preciso falar com ela sobre algumas novidades não muito boas. – falou com um pesar na voz. Ouvi uma voz ao fundo, chamando-a. – Oh, Bob acordou! Querida, é só isso. Obrigada e adeus.
- Por nada. – e desligou. Voltei à cozinha, sentando-me onde estava antes.
- Quem era? – Sophie perguntou, enxaguando as mãos e secando-as com o pano de prato.
- Uma tal de Kate, disse pra você ligar pra ela depois, porque tinha algumas novidades não muito boas. – falei, dando de ombros.
- Kate ligou? – ela riu. – Não acredito! , sabe com quem acabou de falar?
- Ahm, deveria? – fiz uma careta sem graça.
- Sim, ! – riu novamente. Senti dois braços enlaçarem minha cintura, apertando-a levemente.
- O que está havendo aqui? - perguntou, beijando meu pescoço.
- Bom, eu também gostaria de saber. – ri, sem saber o que eu estava perdendo ali.
- Estava contando a com quem ela acabou de falar ao telefone. – Sophie sorriu para .
- Com quem você falou, linda? – perguntou a mim.
- Uma tal de Kate. – dei de ombros.
- O quê? – ele riu também.
- Ok, eu estou perdida agora. – fingi estar brava.
- , você falou com Katherine . – Sophie falou. E ao ouvir esse sobrenome me veio um estalo de memória.
- Espera! – fitei . – Ela não é a...
- Minha mãe? Sim, ela é. – sorriu, roubando-me um selinho. – Parabéns, falou com a sua sogra.
- Não acredito! – ri, nervosa.
- O que ela queria? – ele perguntou, curioso.
- Queria falar com a Sophie sobre novidades não muito boas. – repeti o que ela havia dito a mim.
- Novidades não muito boas? – ele franziu o cenho. – Preciso ligar para a minha mãe depois.
- Isso mesmo, seu desnaturado! – Sophie lançou um pedaço de vegetal na cabeça dele.
- Ei, sua francesa falsificada! – rebateu.
- Sério? Vocês não são mais crianças! – Ethan falou, entrando na cozinha.
- Tá bom, vovô. - riu. Segundos depois, senti me pegando no colo. Soltei um gritinho surpresa.
- Lindo, me coloca no chão! – pedi suplicante. Ele negou.
- Não, vamos nos preparar para o jantar. Já voltamos, casal! – avisou, dirigindo-nos até o nosso quarto. Apenas ouvi risadas vindas da cozinha. Deixe-me levar, enlaçando seu pescoço com as mãos. Eu parecia não pesar nada, pois me levava como se eu fosse uma pena. Assim que chegamos ao quarto, me colocou no chão, mas não me soltou por completo. Olhei diretamente em seus lindos olhos , vendo que ali havia mais do que gentileza. Mordi meu lábio inferior, levantando meus braços. Ele sorriu, puxando a minha blusa para a cima, retirando-a e a largando em algum lugar no chão. Colocou suas mãos quentes sobre a minha cintura, acariciando-a. Aproximou seu rosto do meu e beijou minha testa, fechei meus olhos. Beijou a ponta do meu nariz e desceu até os meus lábios. Postei minhas mãos sobre a barra de sua camiseta, retirando-a de seu corpo, deixando meus dedos deslizarem pela pele de seu peitoral e abdômen. Aquele beijo foi calmo, foi doce e, acredite, muito apaixonado. subiu uma das mãos para o meu rosto, puxando-me para mais perto dele, se era fisicamente possível. Voltou a descer as mãos, mas dessa vez para o cós da minha calça. Abriu o botão e o zíper da mesma, fazendo-a descer pelas minhas pernas. Puxou minha perna para perto da sua cintura, fazendo-me dar um pequeno pulo até a mesma, agarrando-me lá. beijou meu pescoço, deixando-me arrepiada. Deslizou uma mão até o fecho do meu sutiã, abrindo-o habilmente. Beijou todo o meu colo, fazendo todo o resto da minha sanidade se esvair. Voltou a beijar meus lábios, apertando-me mais a seu corpo. Suspirei alto. nos guiou até o banheiro, entrando no box do mesmo. Colocou-me contra a parede enquanto me beijava. Mas algo ainda me incomodava ali. Soltei-me dele por um instante, somente para poder me livrar daquele jeans que ele ainda usava. Não me importei onde joguei, pois logo voltei a beijá-lo. Sem avisar, ligou o chuveiro. Soltei um risinho, sentindo a água nos molhar. Ele sorriu, tirando o cabelo molhando grudado na minha testa, depositando um beijo no local. Segurou meu rosto próximo ao seu, olhando fixamente para os meus olhos. Eu juro que poderia me perder na imensidão que os olhos dele eram. Eu juro. – Você é tão linda!
- Você é que é lindo. – mordi seu lábio inferior. O restante das nossas peças íntimas foi sumindo rapidamente, assim como a distância que nossos corpos estavam. E quando eu digo que esse, com certeza, foi um dos melhores banhos da minha vida. Ah, pode acreditar.


Estávamos no sofá, tomando algumas taças de vinho e rindo de histórias que os irmãos nos contavam de quando eram adolescentes. Mas o caçula não tirava os olhos de mim. Ele conversava, ria, mas sempre estava me fitando. Eu estava ficando sem graça. O celular de começou a tocar. Ele olhou a bina e franziu o cenho, levantando-se e indo atender. Abaixei a cabeça, já imaginando quem poderia ser.
- Ei, , tudo bem? – Sophie perguntou, preocupada. Sorri amarelo, concordando. Ela sorriu compreensiva. Fixei o olhar na taça em minhas mãos. Eu estava acostumada àquilo, mas não encarar isso na frente de outras pessoas.
- Ahm, com licença! – pedi, depositei a taça na mesinha de centro e me levantei, rumando para fora da casa. Assim que senti o vento de Blackpool tocar meu rosto, a vontade de ter os braços de ao meu redor voltou. E como se ele soubesse o que eu estava pensando, logo senti seus braços em volta de mim. Fechei os olhos, suspirando alto.
- Sinto muito. – beijou o topo da minha cabeça. Assenti em silêncio. – Isso logo vai acabar, eu prometo.
- Tudo bem. – respondi baixo. me virou, fazendo-me o encarar. Segurou meu rosto com as duas mãos, acariciando minhas bochechas.
- , eu te amo. Eu to falando sério quando eu digo isso, quando digo que isso logo vai acabar. Só confie em mim, ok? – pediu suplicante.
- Eu confio. – fui sincera. – Só que dói algumas vezes. – dei de ombros, sorrindo, triste.
- Eu sei. – falou, abraçando-me. Afundei meu rosto em seu peito, deixando-me embriagar pelo perfume natural da sua pele. Ia ficar tudo bem. Tinha que acabar tudo bem.



Capítulo 15




Abri os olhos devagar, sentindo ainda resquícios de sono. Suspirei, virando-me de lado e dando de cara com as costas nuas de . Sorri comigo mesma, sentindo-me feliz por acordar com ele ao meu lado. Meu impulso foi abraçá-lo, mas sem querer acordá-lo. Não adiantou muito. segurou minha mão em volta dele, apertando-a mais. Distribui beijos por suas costas, ouvindo ele sorrir.
- Te acordei? – perguntei baixo. Ele fez um barulho de negação e se virou para mim. Ele estava com um cara de sono, mas estava tão lindo. Aquela cara amassada, os olhinhos pequenos e um sorrisinho fofo nos lábios. Esse homem me matava.
- Bom dia, linda! – sorriu, aproximando o rosto do meu.
- Bom dia! – sorri, passando a pontinha do nariz no dele. – O que temos para hoje, mon amour? – forcei um sotaque francês, fazendo levantar a sobrancelha, rindo.
- Desde quando você fala francês? – perguntou.
- Bom, Sophie me ensinou algumas palavras. – ri, sentindo-me boba.
- É? Isso é sexy! – fez uma cara de safado. Balancei a cabeça negativamente.
- Ah, é? Então a Sophie falando é sexy? – rebati.
- Deixa eu me corrigir: você falando em francês é sexy. – piscou maroto, me fazendo rir.
- Espertinho! – mordi o lábio inferior, tocando sua bochecha com as pontas dos meus dedos. fechou os olhos, sorrindo. – Não dorme de novo, bobão. Eu quero conhecer a cidade!
- Ai, como você é chata, . – falou manhoso. Abriu os olhos de uma vez e agarrou minha cintura, puxando-me para cima dele. Soltei um gritinho, surpresa.
- Tá louco? – falei rindo. – Alguém pode ouvir e achar besteira.
- E quem liga? – apertou minha cintura. Espalmei minhas mãos sobre o seu peitoral, fitando seus olhos. – Que carinha é essa?
- Nada. – balancei a cabeça. Ele levantou a sobrancelha, desconfiado. – Ah, é que parece tão irreal tudo isso, sabe? - suspirou.
- Mas não é, . – falou em meio a um sorriso. – Eu tô aqui com você, finalmente. – concordei com um acenar de cabeça. – Agora, a senhorita quer ir tomar café para a gente poder ir à praia?
- Praia?! Eu quero! – sorri largamente. – Eu quero!
- Ok, criança! – ele riu, e eu fiz uma careta pra ele. sentou-se na cama, consequentemente, me fazendo sentar com ele. Enrolei meus braços ao redor do seu pescoço, e ele segurou minhas pernas em volta da sua cintura, levantando-se em seguida. Já falei o quanto eu me sinto uma pena quando ele faz isso? nos guiou até o banheiro do quarto, depositando-me sobre a pia. – Certo, eu não queria te soltar, mas eu preciso usar o banheiro.
- Ah, que pena! – ri, soltando-me dele e descendo da pia. Enquanto usava o banheiro, voltei para o quarto para separar a roupa que iria usar. Fui até a pequena mala que havia trago e separei um short jeans, uma regata meio aberta dos lados e um biquíni. Retirei a camisola que vestia e me pus a vestir os itens que separei. Quando terminava de vestir o biquíni, ouvi um assobio.
- Eu já disse que adoro essa sua parte brasileira, né? - comentou. O fitei, e ele estava olhando para o meu bumbum.
- Idiota! – passei por ele e o estapeei, rindo. Ele deu de ombros, levantando a mão, rendendo-se.
- Foi só um comentário honesto, oras! – se defendeu. Revirei os olhos e segui para o banheiro, fazendo toda a minha higiene matinal. Depois de prontos, finalmente fomos tomar café com Sophie e Ethan.


Emma’s POV

Olhei o lado vazio da cama, o travesseiro intocado, os lençóis quase não bagunçados. Suspirei alto. Mais uma vez eu acordava sozinha. Mais uma vez. Passei as mãos pelo rosto, despertando por completo. Seria mais um longo dia. Sentei-me na cama, obversando a cortina aberta, deixando os raios do sol entrarem pela janela. Desviei os olhos para o criado-mudo, fitando o porta-retratos onde tinha a foto do meu casamento. Suspirei mais uma vez. Decidi me levantar, jogando o cobertor para o lado e chutando os travesseiros que caíram ao chão. Fui direto para o banheiro, lá, mais coisas que me lembravam dele, e que ele não estava ali agora. Sua escova azul, sua toalha da mesma cor e seu xampu. Apenas peguei a minha escova ao lado da sua, fiz minha higiene preguiçosamente e logo sai do quarto, indo para a sala, de camisola mesmo. Encontrei Rosie, a empregada, espanando os móveis. Sorriu assim que me viu.
- Bom dia, senhora! – sorri de volta, sentando-me no sofá.
- Bom dia, Rosie. – coloquei as pernas sobre o sofá, encarando a TV desligada.
- Gostaria do seu desjejum agora, senhora? – perguntou, aproximando-se de mim. Neguei com a cabeça, sorrindo sem humor.
- Alguém ligou, Rosie? – perguntei esperançosa.
- Não, senhora! – respondeu prontamente.
- Tudo bem, obrigada. – agradeci, dispensando-a, deixando que ela voltasse aos seus afazeres. Peguei o controle da TV, ligando-a em qualquer canal. Fitei o telefone ao meu lado. Ligava ou não ligava? Só eu ligava. – Tsc, deixa isso de lado, Emma! – falava a mim mesma. Desviei o olhar para a TV novamente. Batuquei os dedos sobre a minha perna, torci o tecido da minha camisola, mas não consegui me segurar. Alcancei o telefone e o peguei da base. Disquei rapidamente os números e esperei chamar.
- Alô? – ouvi a voz dele do outro lado. Mordi o lábio inferior, incerta. – Oi? Emma?
- Oi, amor! – falei enfim.
- Oi, tá tudo bem? – perguntou calmo. Respirei fundo antes de responder.
- Tá sim, só senti sua falta hoje de manhã. – confessei. Passei os dedos pelos meus curtos cabelos loiros, deslizando meu corpo até deitar no sofá. – Quando você volta?
- Logo. Eu só tenho que resolver mais algumas coisas aqui em Liverpool e logo estou de volta. – explicou meio impaciente.
- Hm, ok. – concordei. – Bom, vou te deixar trabalhar. Só queria ouvir sua voz e dizer que eu te amo.
- É, eu também, Emma. Eu preciso ir agora, ok? Beijos, até logo. – e desligou.
- Tchau. – disse para o telefone mudo. Suspirei alto, jogando o telefone para o lado. Levantei-me do sofá rumando para o quarto. Fui até meu closet e abri a gaveta de roupas intimas, empurrei algumas lingeries para o lado e abri um fundo falso na gaveta. Retirei de lá um envelope branco, lacrado. Um envelope que eu nunca tive coragem de abrir. Fui para a cama e me sentei no meio dela, com as pernas cruzadas sobre a mesma. Coloquei o envelope sobre a cama, fitando as letras escritas em vermelho sobre o mesmo: “ ”. Confesso, dessa vez eu estava muito curiosa quanto o que tinha lá dentro. Cruzei as mãos sobre o meu colo, fitando aquele envelope. Abria ou não abria? O conteúdo deste poderia mudar minha vida. Quando ia tocar nele, meu celular começou a tocar. Soltei a respiração que não sabia que prendia e estiquei a mão até o criado-mudo, alcançando o bendito. Olhei a bina rapidamente, checando quem me ligava.
- Oi, Kate! – atendi, finalmente.
- Oi, Emma, querida. Como vai? – perguntou Kate, mãe de , com aquela voz suave e terna que ela tinha.
- É, tô bem. Tá tudo bem por aí? – perguntei, jogando-me na cama e fitando o teto.
- Oh, sim, está. Meu filho já chegou? – neguei. – Que bom, assim podemos organizar a festa surpresa dele. Podemos almoçar juntas, querida?
- É claro, Kate! – concordei. – A gente se encontra no The Ivy ao meio-dia, ok?
- Ok, te aguardo. Até!
- Até. – e desligou. Suspirei alto, jogando o celular para o lado. Lembrei-me do envelope e voltei a me sentar, fitando-o sobre a cama. – É, não vai ser dessa vez de novo. – falei, levantando-me da cama e indo escolher uma roupa para o almoço. Festa surpresa. Pff, odiava surpresas! Mas, de qualquer forma, era a mãe dele. Vamos fazer o que ela achar melhor.

Emma’s POV Off

- , me larga! – pedi rindo. – Você só sabe ficar me carregando no colo. Eu sei andar, sabia?
- , para de reclamar, vai. Outras mulheres no seu lugar iam adorar, ok? – fingiu-se de ofendido. Ri, beijando sua bochecha.
- Desculpa, lindo. – apoiei meu braço sobre o seu pescoço até voltarmos para a areia. me colocou no chão de novo, segurando minha cintura, encostou o nariz no meu, esfregando-o de um lado para o outro. – A pontinha do seu nariz tá gelada.
- Dá beijinho que esquenta. – pediu, fixando aqueles olhos nos meus. Sorri, beijando o mesmo.
- Oh, casal, vocês estão atrapalhando o meu sol. – Sophie falou, fazendo sinal para que saíssemos da frente dela. riu, fazendo careta. Sentou-se e me levou junto, me fazendo sentar entre as suas pernas, me abraçando pela cintura. - , sua bolsa tá tocando!
- Pega pra mim, por favor? – pedi a Sophie, que estava ao lado da minha bolsa. Ela sorriu concordando e me passando. Abri a bolsa e procurei pelo meu celular que tocava. Assim que achei, visualizei a bina e vi o nome de Nathalie piscar no visor. Atendi rapidamente. – Oi, Nath!
- Oi, ! – falou, animada.
- Tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa? O Johnny tá bem? – disparei a falar.
- Ei, calma! Tá tudo bem, ele tá ótimo. Não se preocupa! – falou, me tranquilizando. – Só liguei porque tem gente aqui morrendo de vontade de falar com a mãe, sabe?
- Aw, meu filhote! Deixa eu falar com ele, Nath! – pedi, já sentindo meu coração apertar de saudades. Nathalie concordou, falando algo como “fala com a mamãe, Johnny.” E passando para ele.
- Mamãe? – ouvi sua voz soar do outro lado.
- Oi, meu amor! – falei quase abraçando o celular. – Que saudades de você, meu príncipe.
- Saudades, mamãe! – falou manhoso misturado com uma voz de choro. Meu coração se apertou ainda mais.
- Oh, meu anjinho, mamãe logo volta pra casa, ok? Cuida da tia Nath por enquanto, tá?
- Tá bom, mamãe! – fungou baixo. – Eu fiz um desenho pra você.
- Fez, meu amor? Eu quero ver, já estou curiosa! – sorri, desviando o olhar para , que sorria sem saber o porquê eu sorria. – Ei, filho, quer falar com o ?
- Sim, sim! – alegrou-se. Sorri, estendendo o celular para .
- Seu filho quer falar com você. – beijei sua bochecha. sorriu bobo, pegando o celular e o colocando na orelha.
- Ei, campeão! – falou animado. – É? Eu também, pequeno. Sério? Um desenho? Deve ter sido muito legal, né? – ele riu. – Eu sei que ficou bonito, Johnny. – fitou meu rosto, sorridente. – Sim, aposto que sua mãe ficou linda no desenho. – ele riu. Eu mordi a boca, achando toda a conversa deles muito fofa. – Vá brincar, criança. Não faça muita bagunça, tá? - riu. – Ok, tchau. Ah, oi, claro. Vou passar pra ela. – ele estendeu o celular para mim. – Sua amiga.
- Ah, sim. – peguei o celular, colocando-o na orelha. – Oi, Nath!
- Quero saber de tu-do depois, ok? Nem adianta tentar escapar! – nós rimos.
- Pode deixar, amiga. – concordei. Nos despedimos e ela desligou. – Ai, ai. – voltei a me encostar em , fitando seu rosto. – Você e Johnny estão se dando bem, né?
- Ele é incrível! Eu não me canso de dizer isso. – sorri, segurando seu rosto e depositando um beijo em seus lábios.
- Você é incrível! – ele sorriu, bagunçando o cabelo e fazendo uma careta. Levantou-se de uma vez, puxando-me junto. E como de costume, me pegou no colo. - !
- Vamos voltar para a água, sereia! – riu da própria piada. – Péssima!
- Péssima! – concordei rindo. correu para o mar e nos jogou na água de uma vez. Ah, como é bom ser criança de novo.

***


- Ah, não acredito que já estamos de volta a Londres! – choraminguei, assim que entramos na cidade. riu, tirando uma mão do volante e entrelaçando a minha.
- A gente vai fazer isso mais vezes, eu prometo! – sorri concordando. Senti meu celular começar a tocar dentro da minha bolsa, de novo. – Nossa, hoje você tá bem requisitada. Mostrei língua, pegando o celular e fitando o vistor do mesmo.
- É meu pai. – franzi o cenho. – Shh! – pedi, e finalmente atendi. – Oi, pai.
- Oi, filha! – falou animado. – Como vai, minha princesa? – sorri, sentindo-me uma criança de novo.
- Eu tô bem, pai, e você? – perguntei, apoiando o celular entre meu ombro e orelha, fazendo um coque no meu cabelo, rapidamente e voltando a segurar o celular.
- Bem, bem! – sorriu. – Filha, liguei porque acabo de ser convidado para uma festa surpresa.
- Festa surpresa? De quem, pai? – franzi o cenho, não entendendo.
- . Lembra-se dele? – Uh, é claro, papai. Apenas concordei. – Então, a esposa dele me ligou convidado para a sua festa. Será na próxima sexta, e eu gostaria muito que você fosse comigo, .
- Ai, pai, preciso mesmo ir? – quase supliquei.
- Seria realmente importante pra mim, filha. Mas se você não puder, eu entendo. – comentou meio triste. Isso cortou meu coração. Suspirei, dando-me por vencida.
- Ok, não faz essa voz. Tá, senhor Charlie, eu vou! – falei por fim.
- Oh, filha, você não sabe como deixa seu velho feliz! – sorri, sentindo-me culpada. – Tudo bem, vou te deixar em paz. Cuide-se, querida. Mande um beijo para o meu netinho.
- Mandarei, pai. Até logo! – e desligou. Suspirei, voltando a atenção para .
- Tá tudo bem, ? – perguntou preocupado.
- Se prepara, ! – falei. Ele me olhou assustado. – Emma tá preparando uma festa surpresa pra você.
- O QUÊ? – falou alto.
- Acabei de ser convidada para a sua festa. – falei irônica.
- A Emma tá ficando louca?! Ela sabe que eu odeio esse tipo de coisa! – falou visivelmente bravo. Batendo com força a mão no volante. – Eu vou ter que conversar com ela.
- Ah, é? E vai falar o quê? Que eu te contei sobre a festa? É surpresa, ! – falei obvia. – Era pra você, supostamente, não saber de nada.
- O que você quer que eu faça, ?! – falou alto.
- Aceita a festa! Isso não vai te matar. – falei, tentando ser sensata.
- E você vai?
- Prometi ao meu pai que ia. – falei baixo, desviando o olhar para as ruas. riu sarcástico.
- A Emma tá pirando. Não sei o que houve com ela esses dias, tá fazendo coisas absurdas! – comentou. Mordi o lábio inferior.
- Talvez ela esteja tentando chamar a sua atenção. – dei de ombros. Ele me fitou sério.
- Talvez ela tenha conseguido. – comentou, voltando a fitar as ruas. – E agora a gente vai ter que conversar, de uma vez por todas.


Capítulo 16




- Ouch! – resmunguei alto, após tropeçar em um dos brinquedos de Johnny espalhados pelo chão. – JOHNNY! – gritei. E como um pequeno foguete, ele apareceu ao meu lado.
- Sim, mamãe? – pediu, olhando-me com aqueles grandes olhos , de um jeito carente e culpado, mas fofo.
- Quantas vezes já pedi pra você guardar os brinquedos depois que brincar, hein? Eu quase caí aqui, alguém ainda vai se machucar. – o alertei. Ele abaixou a cabeça, fazendo um enorme bico.
- Diculpa! - pediu baixo. Respirei fundo, passando a mão na testa.
- Ei! – falei, agachando-me à sua frente. – Meu príncipe! – chamei, puxando seu queixo para que me fitasse. – É só não fazer de novo, ok? Eu não gosto de brigar com você. – sorri. – Tudo bem? – ele balançou a cabeça, concordando. – Então me dá um sorriso. – ele fez uma careta, negando. – Ah, só um? – pedi, fazendo bico. Ele segurou o riso, fazendo-me rir. – Eu vou arrancar um, hein?
- Nããão, mamãe! – riu alto, saindo correndo. Corri atrás dele, até conseguir pegá-lo, o que não foi difícil.
- Peguei! – falei, agarrando-o e nos sentando no chão, começando a fazer cócegas nele. – Cadê o sorriso? Cadê?
- Mamãããe! – falava entre risos, fazendo-me rir junto. Eu adorava aquela risada.
- Meu gostoso! – falei, mordendo sua bochecha. Ele fez uma careta, limpando o lugar. – Tá com fome, tampinha?
- To com fome. – concordou.
- Ok, que tal sanduíche? – sugeri. Johnny concordou rapidamente. – Tá certo, mocinho. Então, enquanto eu preparo, o senhor vai guardar os brinquedos, tudo bem?
- Tá bom, mamãe. – falou e saiu correndo, indo arrumar a bagunça, enfim. Encaminhei-me até a cozinha, abri a geladeira e peguei os ingredientes para fazer os sanduíches, colocando-os na mesa, logo após. Vi o jornal jogado na mesa, aberto nas ofertas de empregos, assim como eu o havia largado hoje de manhã. Suspirei, sentando-me e o pegando novamente. Observei as vagas. Doméstica, baby-sitter, dançarina de stripper, assistente pessoal, secretária, garçonete... Interrompi minha leitura assim que ouvir alguém bater à porta. Levantei-me e fui atender.
- Oi, linda! – sorri ao abrir a porta, encontrando do outro lado.
- Que surpresa! – fui sincera. Ele sorriu, aproximando-se e me dando um beijo rápido.
- Fiz mal? – fez uma careta. Neguei com a cabeça, dando espaço para que ele entrasse. – Queria ver o Johnny. – levantei a sobrancelha. – E você também, claro.
- Sei. – ri, aproximando-me dele e enlaçando sua cintura com as minhas mãos. Ele sorriu, segurando meu rosto. Quando ia me beijar, um mini-furacão grudou em suas pernas, fazendo-o me soltar.
- Ei, Johnny! – agachou-se para pegá-lo no colo. – Eita, que pesado. – Johnny riu. sorriu também, dando-lhe um beijo na bochecha. Fiquei lá, parada, olhando boba para os dois juntos. Os olhos, o sorriso. Deus, como eles eram iguais. – Olha lá, Johnny, sua mãe babando.
- Idiota! – ri, estapeando-o de leve. – Eu estava indo fazer uns sanduíches pra gente, . Quer se juntar?
- Posso, campeão? – perguntou ao filho, que concordou rapidamente. – Se ele concordou, eu fico. – sorri, seguindo para a cozinha com ele atrás de mim.

’s POV

se encaminhou até a pia, indo lavar as mãos. Enquanto ela as lavava, observei que ela passava as pontinhas dos dedos do pé na batata da perna, indo e vindo. Entortei um pouco a cabeça, observando o movimento que sua perna fazia. Suas pernas nuas. Ela usava um short curto e uma camiseta números maior que ela. Reconheci a camiseta.
- Eu procurei essa camiseta por dias, . – comentei. Ouvi-a rir e depois se virar para mim.
- Eu a roubei, lindinho. – piscou marota, fazendo-me rir. Puxei uma cadeira da mesa e me sentei, colocando Johnny sentado sobre as minhas pernas. se aproximou e começou a fazer os tais sanduíches. Fiquei a observando morder a boca enquanto fatiava o queijo. Johnny achou as chaves do carro dentro do meu bolso e começou a brincar com elas. Voltei a observar . Seus olhos estavam fixos no que estava fazendo, muito concentrada. Pegou uma fatia de pão e começou a passar a manteiga, mas , como estabanada que é, deixou respingar em seu rosto. Resmungou baixo e largou o pão sobre a mesa, pegou a ponta da (minha) camiseta e passou sobre o rosto. Movimento esse que me fez ver a pele de sua barriga, as curvas de sua cintura e de como eu a queria.
- Johnny, que tal se você me mostrar aquele desenho, uh? Aquele que você fez? – pedi rapidamente. Ele concordou, descendo do meu colo e saindo correndo. Levantei-me.
- Ah, você se lembrou do desenh... - começou a falar, mas eu a interrompi, puxando-a para mais perto de mim e a beijando. Segurei em seus cabelos, puxando-os de leve. Ela espalmou uma mão no meu peito e a outra na mesa atrás de si. Desci uma mão para a sua cintura, apertando-a com um pouco de força, que a fez soltar um gemido abafado. Entrelacei nossas pernas, deixando nossos corpos mais colados possíveis pra ela sentir o que ela fazia comigo. Coloquei a mão debaixo da sua camiseta, subindo aos poucos até chegar onde queria, parando em cima ao notar que faltava algo ali. Separei nossas bocas, mas sem nos afastar, e a olhei com a sobrancelha levantada.
- , você não... – ela riu.
- Você acha que eu tenho que usar sutiã na minha própria casa, ? – e me afastou com a mão. – Johnny! – e ele voltou, trazendo o desenho em mãos. Apenas ri, passando o polegar pela minha boca e voltando a me sentar.
- ! – Johnny me chamou, estendendo o desenho para mim. Peguei, dando uma olhada.
- Ficou lindo, Johnny, parabéns! – ele sorriu todo orgulhoso. Baguncei seu cabelo, fazendo-o rir. terminou de preparar os sanduíches, então, finalmente, pudemos comê-los. Enquanto comíamos, alguém bateu à porta. e eu nos entreolhamos. – Você tá esperando alguém?
- Não. – negou, levantando-se. Levantei-me junto. Ela foi até a porta e eu estava em seu encalço. – Ahm, quem é? – perguntou alto.
- Seu pai, querida. – arregalei os olhos. fez uma cara assustada, sem saber o que fazer.
- Vovô! – Johnny pulou animado. Cara, eu tava ferrado.
- Só um minuto, pai. – pediu apavorada. Puxou-me pela mão e me arrastou até seu quarto. – Fica aqui, por favor.
- Mas eu... – tentei falar, mas ela já estava fechando a porta na minha cara.

’s POV Off

Voltei correndo para a sala, fui até Johnny e me agachei até ele.
- Gatinho, vamos brincar de pique-esconde, ok? – ele balançou a cabeça, ouvindo-me. – O também tá brincando, tá? Mas o vovô não pode saber que ele tá aqui, é segredo. – pisquei pra ele, que concordou, rindo. – Shh! – pedi e fui abrir a porta. Respirei fundo duas vezes, antes de fazer isso. – Oi, pai.
- Olá, minha filha! – sorriu, abraçando-me. – Te atrapalho?
- Ah, claro que não. – fiz um gesto para que ele entrasse e assim ele o fez. – Eu só estava preparando algo para o Johnny comer.
- Ah, certo. – sorriu. – Ei, meu netinho mais lindo. – direcionou-se ao neto. Johnny sorriu, indo abraçar o avô.
- Vovôô! – pulou em cima dele. Visualizei as chaves de sobre o sofá, arregalei os olhos, sentando em cima delas rapidamente. Papai se sentou ao meu lado e emendou uma conversa que, pra mim, pareceu longa demais.

’s POV

Olhei a porta fechada à minha frente, ouvia apenas murmurinhos vindo do outro lado. Suspirei, fitando o quarto. Acho que nunca tinha entrado ali. Andei até a sua cama, observei alguns brinquedos de Johnny jogados ali, um livro, seu celular e um álbum de fotos. Sentei-me na cama e alcancei o álbum. Na capa do álbum havia um bebê desenhado e logo embaixo o nome de Johnny. Abri a primeira página. Meu coração se acelerou. A primeira foto era grávida, segurando um par de sapatinhos azuis sobre a barriga. Meu Deus, ela estava linda. era linda grávida. Ela era linda de qualquer jeito. Embaixo da foto havia uma legenda: “meus sete meses”. Passei para a próxima foto. estava rindo enquanto uma garota desenhava uma carinha feliz em sua barriga com batom. Passei algumas páginas. Johnny. Johnny recém-nascido. Johnny no seu primeiro mês, segundo mês, terceiro mês. Eu perdi um pedaço da vida do meu filho. Suspirei, fechando o álbum. Ouvi um clique e a porta sendo aberta. Era .
- Ele já foi. – avisou, entrando e parando ao meu lado. - ?
- Eu tava vendo. – apontei para o álbum em meu colo. Ela nada disse. – Você tava linda. – a fitei. – Eu não queria ter perdido isso.
- , já conversamos sobre isso. – sentou-se ao meu lado. – Você tem o agora pra recompensar, ok? – dizendo isso, Johnny entrou no quarto também. Ela o olhou sorrindo e o chamando com a mão. Johnny correu até ela, sorrindo. Ela sorriu de volta. – Olha que coisa mais linda você tá tendo agora na sua vida. – Johnny sorriu para mim.
- Eu sei. – sorri de lado, puxando-o para perto de mim. Johnny enfiou o dedo na boca, tímido. Encostei meu rosto à pele macia de sua bochecha, fazendo-o fechar os olhos brevemente.
- Vem, vou fazer um chá pra gente. - sorriu, levantando-se e estendendo a mão pra mim. Concordei, levantando-me também, aceitando sua mão. Rumamos para a cozinha, finalmente.

’s POV Off

Narração em terceira pessoa

Johnny pulou na cama da mãe, indo pegar um brinquedo que tinha ali jogado, mas parou quando viu um objeto mais interessante. O celular que havia deixado cair na cama sem perceber. Olhou para o brinquedo e para o celular, indeciso. Optou pelo celular. Estava acostumado a brincar com o celular da mãe, apertar todas as teclas o deixava feliz, e acostumado a atender o celular algumas vezes, então seu instinto foi apertar aquela teclinha verde. Apertou uma vez. Colocou na orelha.
- Alô? Alô? Mamãe? – pedia, segurando o aparelho na orelha com as duas mãos. Não obteve resposta. Apertou mais duas vezes o botão e colocou na orelha novamente. – Alô? Alô?
- Oi? ? – ouviu uma voz do outro lado. Riu satisfeito.
- Eu fiz um desenho! – contou animado. – Tem a mamãe nele.
- O quê? Quem é? , não estou entendendo! – Emma falou confusa. – Oi, quem é?
- Quem é? – Johnny repetiu, rindo.
- Sério? É uma criança? – ela riu, descrente. – Ok, querido, qual é o seu nome?
- Meu nome é Johnny! – respondeu feliz. – Eu tenho três anos. – fez o número três com os dedos, sem entender que ela não podia ver.
- Oi, Johnny! Cadê o ? Por que você está com o celular dele? – perguntou muito curiosa.
- O tá com a mamãe. – contou inocente. Houve um grande suspiro do outro lado da linha.
- Quem é a sua mãe, criança? – perguntou temerosa. Johnny riu, mas não respondeu. – Quem é a sua mãe? Me fala! – pediu nervosa.
- Tchau! – falou enfim, apertando todos os botões do celular e, consequentemente, desligando-o. Jogou o celular sobre a cama e foi atrás do brinquedo, esquecendo completamente do outro item.

Fim da narração em terceira pessoa

- Ai, como você é idiota! – ri de algo que havia dito. Revirei os olhos e me levantei do colo dele, catando as canecas sobre a mesa e as levando até a pia.
- Eu preciso ir, . – avisou, levantando-se e enfiando as mãos dentro do bolso da calça. Fez uma careta. – Ei, onde estão minhas coisas?
- Que coisas? – perguntei confusa.
- A chave do meu carro e o meu celular? – franziu o cenho.
- A sua chave tá em cima do sofá. Johnny deve ter largado lá. – dei de ombros. – Mas não vi seu celular.
- Devo ter deixado cair no seu quarto sem perceber. – passou a mão no cabelo. – Vou lá ver. – avisou e andou até lá, fui atrás. – Ah, olha lá. – avistou-o sobre a cama, andando até lá e pegando o celular. Johnny estava sobre a minha cama, brincando de carrinho. Aproximou-se do filho e depositou um beijo na sua testa. – Até mais, Johnny. – ele apenas sorriu e voltou a brincar. andou até mim e entrelaçou nossas mãos, puxando-me até a porta de entrada do apartamento. – Te vejo depois, linda. – segurou meu rosto e selou nossos lábios com um beijo breve.
- Tchau, . – sorri, abrindo a porta para que ele passasse. Ele acenou e saiu, finalmente. Sorri boba, balançando a cabeça para os lados. Abanei o ar, fechando a porta em seguida. Voltei até meu quarto e parei na frente de Johnny. – E aí, vamos tomar um banho, mocinho? – ele fez uma careta, negando. Ah, crianças!

***


’s POV

Batuquei a caneta na mesa, impaciente. Suspirava a cada cinco segundos. Olhei o horário no meu relógio de pulso. Dezenove e quarenta. Eu tinha que ir pra casa, mas eu já sabia o que me esperava quando eu chegasse. A festa surpresa. E eu só queria paz. Paz e uma conversa definitiva com Emma. Ensaiei mentalmente toda a nossa conversa várias vezes. Mas eu sabia que isso não ia facilitar em nada. Já havia ligado para Emma e avisado que queria ter uma conversa muito séria com ela. Talvez assim ela conseguisse esquecer essa história de festa. Levantei-me da cadeira, peguei meu paletó jogado na minha cadeira, catei as chaves do meu carro e rumei para fora do escritório, direto para a casa. Durante o percurso, tentei focar somente nas palavras que iria começar o meu discurso de separação. Cara, eu ia finalmente me separar de Emma. Passei a mão pelo cabelo, nervoso. Finalmente parei em frente a minha casa. Suspirei algumas vezes, antes de descer do carro. Não ia guardá-lo, tinha certeza que eu não ia passar a noite em casa. Notei um estranho silêncio vindo da casa, aproximei-me devagar. Estava tudo escuro lá dentro. Coloquei a mão na maçaneta da porta e girei para abri-la. Entrei e acendi a luz. Vazio. Suspirei aliviado. Joguei meu paletó sobre o sofá e andei tranquilo até a cozinha, disposto a ir até o bar e pegar um bom whisky e me preparar. Assim que acendi a luz da cozinha, várias pessoas surgiram e gritaram um alto e sonoro “Parabéns, !”. É, não escapei. Sorri meio sem graça. Tinha muita gente conhecida, mas muita gente que eu não lembrava se conhecia. Meus pais estavam ali. Minha mãe veio até mim toda sorridente.
- Parabéns, meu filho! – e me abraçou forte.
- Obrigado, mãe. – depositei um beijo na sua bochecha. Avistei meu pai logo atrás. – Ei, Robert!
- Filhão! – abraçou-me, dando tapas nas minhas costas. Rimos. – To muito velho, porque meu filho já tá velho.
- Pai! – repreendi, rindo. Dei uma olhada em volta, Emma estava logo ao lado do bar, segurando uma taça de champanhe. Propício. Ela deu um sorriso meio de lado e desviou o olhar, voltando a conversar com a mulher de um advogado da minha empresa. Fui cumprimentar mais gente. Tinha que pelo menos fingir ser educado. Em um canto mais afastado, avistei e seu pai, Charlie. Respirei fundo e fui até eles.
- , parabéns, meu sócio! – estendeu a mão e eu a aceitei.
- Valeu, Charlie! – sorri, agradecido. Girei meu rosto para olhar . Nossa, ela me tirava o ar.
- Felicidades, ! – soprou, vindo me abraçar. – Seu presente, eu te entrego mais tarde. – sussurrou, afastando-se. Apenas sorri, balançando a cabeça em concordância. Com certa relutância, afastei-me dela e fui atrás da minha esposa.
- Com licença, Liz, poderia falar um pouco com a minha esposa? – pedi, interrompendo a conversa delas.
- É claro, . – sorriu, afastando-se dali. Ela me olhou sem muita expressão, meio pálida, meio triste. Algo estava errado.
- Eu disse que não queria festa surpresa, Emma. – falei baixo.
- De nada, . – foi irônica, dando um gole em seu champanhe logo após. Fitei-a firmemente.
- A gente ainda precisa conversar. – falei, enfim. Emma me olhou profundamente.
- Pode ser depois? – pediu. Dei uma olhada em volta. É, tinha gente demais ali agora. Concordei com a cabeça. – Ótimo, pois agora vá dá atenção aos convidados, por favor.
- Ok. – concordei, mas antes de ir fingir alguns sorrisos, eu precisava de uma dose pura do meu bom whisky scotch. Tomei um belo gole, sentindo o álcool descer rasgando pela minha garganta. Fixei meus olhos à pessoa mais adiante, conversando com o pai, sorrindo meio amarelo, olhando para os lados, meio preocupada. Seus olhos encontraram os meus. Eu queria sorrir, eu queria mandar todo mundo embora e ficar só com ela. Porra, era meu aniversário!
- Ei, , e aquela viagem pras Bahamas, sai quando? – Carter, um dos designers da empresa, questionou.
- Espero que logo. – ri, dando um tapinha em seu ombro. – Me dá licença. – pedi, rumando em direção à sala. Mas antes dei uma boa olhada em e, assim que ela me olhou, indiquei com a cabeça para que ela me seguisse. Havia poucas pessoas por lá, continuei andando. Deixei o copo de whisky sobre o balcão e segui em frente, estava há poucos pés de distância de mim. Segui até o corredor onde dava os quartos dos empregados, estava tudo escuro. Assim que passou, eu a puxei pela mão. Ela quase soltou um gritinho de susto, mas eu fui mais rápido e a calei, colando minha boca a dela.
- Você é louco? – riu. – Sua mulher pode aparecer.
- Eu não to me importando com mais nada. – suspirei, cansado. – Eu nem queria estar aqui, só pra começar.
- ... – fez com a voz calma.
- Ah, , é verdade. – confessei.
- Seus pais estão aqui. – riu baixo, olhando para os lados com medo de alguém aparecer. – Seu pai veio falar com o meu, falar sobre a empresa e essas coisas. – riu novamente, fazendo-me rir junto. – Quase falei: “ei, sogrinho!” – rimos.
- Depois eu que sou louco! – ri, beijando-a logo após. De repente, uma luz invadiu meus olhos e um barulho de vidro se quebrando chegou aos nossos ouvidos. Olhei imediatamente para a ponta do corredor. Emma.
- ... – sua voz saiu baixa. Ela deu alguns passos para trás.
- Emma, calma, vamos conversar. – eu pedi, afastando-me de .
- Eu... E-eu... – ela balbuciava. Balançou a cabeça negativamente e saiu quase correndo de lá.
- Droga! – xinguei alto. – Eu vou atrás dela, . Eu tenho que...
- Vai logo! – falou alto, interrompendo-me. Apenas concordei e sai correndo atrás dela.


Depois de procurá-la em todos os lugares prováveis, fui até o jardim. Lá estava ela, quase no escuro, sentada no pequeno balanço que tínhamos ali. Suspirei, enfiando as mãos dentro dos bolsos da calça, aproximando-me devagar. Parei atrás dela, tomando coragem para começar a falar.
- Eu não queria que fosse assim, Emma. – fui sincero. Ela fungou.
- Você a trouxe pra dentro da nossa casa, ! – pronunciou-se, finalmente.
- Você a trouxe, Emma. – a corrigi. Ela virou o rosto pra mim, seus olhos e rosto estavam molhados. Eu não queria aquilo.
- Vai me culpar agora? – subiu o tom de voz.
- Eu não disse isso. – tentei me defender, mas àquela altura já era tarde demais.
- Eu fiz de tudo pra isso não acontecer... – levantou-se. – Eu tentei ser compreensiva, ser a boa esposa, a que sempre entendia tudo, passava e aceitava tudo.
- Do que você tá falando? – perguntei confuso.
- Das suas traições, ! – falou alto. Olhei-a assustado. Ela riu sarcástica. – Achou que eu não sabia, não é? Pois bem, eu sempre soube!
- Mas o quê? Como? Eu... – estava surpreso, não sabia o que pensar ou o que falar.
- Você acha que eu sou tão idiota assim? Quantas vezes você chegava tarde do “trabalho”? – fez aspas com os dedos. – Quantas vezes você ia pra academia à noite? Quantas vezes você não viajava por dias? , eu sempre soube.
- Por que você nunca falou nada? – agora eu estava assustado de verdade.
- Porque eu não queria te perder, seu idiota! – vociferou. Passei os dedos pelo cabelo, nervoso. – Eu passei por cima de tudo isso porque eu não queria te perder, não queria você fora da minha vida, não me via sozinha, longe de você.
- Emma, eu sinto muito. – tentei me aproximar, mas ela se afastou.
- Não toca em mim. – falou entre dentes. – Eu perdi as contas de quantas vezes eu acordei de madrugada, pensando em você, querendo você, querendo só um abraço seu durante a noite. – fungou alto. – E você não estava lá.
- Eu fui um péssimo marido, eu sei disso. – confessei, sentindo-me horrível. – Eu não devia ter feito isso com você.
- Mas você fez. – limpou algumas lágrimas que teimavam em cair e molhar ainda mais seu rosto. – Agora, por favor, me diz: o que eu fiz de errado? Eu fui tão péssima mulher assim? Eu não te satisfazia?
- Não, Emma, não pensa assim. – pedi, conseguindo me aproximar dela. – Eu sou o culpado dessa relação não ter dado certo. Eu cometi todos os erros aqui. Eu me responsabilizo. – ela riu sarcástica.
- Você é um tremendo idiota! – cuspiu as palavras.
- Ems...
- Não me chama assim! – falou áspera. Suspirei alto, sem saber mais o que falar. Todo o meu discurso, tudo o que eu havia ensaiado não fazia mais sentido ali. – Há quanto tempo você está com essa garota?
- A ? – perguntei, mesmo sendo óbvio.
- Não fala o nome dela! – exigiu.
- Você não precisa saber dessas coisas. – falei, tentando esconder o fato muito maior por trás disso tudo.
- A gente já chegou até aqui, fala logo! – mandou com raiva. Suspirei antes de prosseguir.
- Três anos. – confessei baixo. Emma começou a rir.
- Você é um porco desgraçado, ! – empurrou-me. Nada fiz. – Ela é uma menina!
- Não é bem assim, Emma. – tentei me explicar. – Ela é maior, é bem madura...
- Você está defendendo ela? – perguntou, incrédula. Levantei minhas mãos, dando-me por vencido. – Então é assim? Você só sai com as garotinhas? Você não tem mais idade pra isso, .
- Eu não saio com garotinhas, Emma, para com isso. – pedi, sentindo-me ofendido. Eu sei que não tenho muitos direitos aqui, mas eu ainda tenho orgulho, porra!
- Ah, não? Ela é o quê? Ela é uma ninfetinha, seu imbecil! – rolou os olhos. – Aposto que ela quer o seu dinheiro. Você banca jóias, viagens e carros de luxo pra ela?
- Emma, olha o que você está falando! – tentei ser racional. – Eu não faço nada disso e você sabe. Ela é filha de um dos caras mais poderosos daqui. Ela não precisa disso.
- Foi esperto, , parabéns! – bateu palmas ironicamente. Eu estava perdendo a paciência. Ela estava rindo, quando parou de repente, me olhou, franzindo o cenho. – Aquela garota tem um filho, não tem?
- Tem. – respondi apenas. Emma não era burra, ela sabe ligar os pontos. E eu estou muito surpreso com tudo isso.
- Me diz, pelo amor de Deus, que aquele menino não é seu! – falou com um leve tom de desespero na sua voz. Engoli seco. Olhei pra baixo, não respondendo nada. – Ai, meu Deus! – sussurrou, desabando no chão. Emma começou a chorar e soluçar alto. Fui até ela, agachando-me e tentando tocá-la, mas preferi não o fazer.
- Eu sinto muito. Se isso te consola, eu descobri isso há pouco tempo. – confessei.
- Não, não me consola! – foi sincera. – Nada me consola agora, . – e voltava a chorar. – Foi por isso, então?
- O quê? – perguntei confuso.
- Ela te deu algo que eu não pude dar. – seus olhos se encontraram com os meus. – Um filho.
- Emma, por favor, não pensa assim! – segurei sua mão. – Eu nunca tive problema com isso, você sabe. – ela balançava a cabeça negativamente.
- A única coisa que uma mulher deveria saber fazer, eu não posso. – apertou minha mão. – Eu sou uma inútil.
- Emma, não! – pedia, quase que em súplica. – Isso não foi premeditado. O Johnny aconteceu por acaso, foi um descuido.
- Eu não quero saber se... – ela se interrompeu. – Como é o nome do menino?
- Johnny. – falei novamente.
- Ah, meu Deus! – ela se levantou rapidamente. – AH, MEU DEUS! – falou alto.
- O que foi? – perguntei, assustado e confuso.
- Eu falei com o seu filho, . – puxou os cabelos. – Eu falei com aquele pirralho!
- O quê? Eu não estou te entendendo! – fui sincero.
- Ele me ligou hoje mais cedo. É, o Johnny me ligou hoje. – explicou, gesticulando com as mãos. – Eu não sei como, mas ele me ligou. Ele disse que você estava com a mãe dele. Eu desconfiei, é claro, como sempre. Mas não liguei os nomes.
- Como ele fez isso? – perguntei mais a mim mesmo.
- Então quer dizer que você estava com ela aquela hora, uh? Se divertiu com a vadiazinha, querido? – fuzilava-me com o olhar.
- Não fala assim dela, Emma. Você não a conhece, você não tem o direito! – tentei defender .
- Me explica, então: uma garota que se envolve com um cara casado é o quê, ? Santa? – fez uma auréola sobre a cabeça. – Ah, me poupe!
- Era por isso que eu queria conversar, queria te explicar tudo, entende? Eu não queria essa festa idiota! – esbravejei. – A gente ia sentar, conversar e eu ia te explicar toda a papelada do divórcio.
- Divórcio? – perguntou alto. – E quem disse que eu vou te dar o divórcio, ?


Capítulo 17




Cerrei os olhos, não acreditando naquilo que eu estava ouvindo. Ri, descrente.
- Emma, não é uma opção, é um fato. – expliquei calmamente. – A gente vai se separar.
- , não seja idiota! – bufou. – Você acha que eu passei por tudo isso pra depois a gente se divorciar? Se eu aguentei tudo isso calada foi porque eu queria ficar com você.
- Tá se ouvindo, Emma? – apontei para o ouvido. – Olhas as loucuras que você tá falando, mulher. Você não precisa mais disso. Acabou. – afastei-me dela. – Agora você tem a chance de viver a sua vida, sem mentiras.
- Eu não quero outra vida. Não uma que você não esteja nela, . – aproximou-se de mim. – A gente pode adotar um filho. Tudo bem, eu aceito dessa vez.
- Emma, não viaja! – falei alto. – A gente não vai adotar nenhuma criança, isso seria loucura. – passei as mãos no cabelo, nervoso. – Eu não quero partir para o litigioso.
- Eu te odeio. – soltou baixo. Suspirei.
- Eu sei. – falei somente.
- Ah, aí está o casal! – Liz apareceu no jardim, chamando nossa atenção. Emma desviou o olhar para baixo. – Ei, , queremos um discurso.
- Liz, acho que agora não é um bom momento. – falei sem jeito.
- Como? – perguntou, sem entender.
- Tudo bem, Liz. A gente já vai. – Emma falou, sorrindo amarelo. Ela concordou, voltando para dentro da casa. Emma direcionou o olhar para mim. – Você pode fazer isso, pelo menos? – suspirei, cansado.
- Ok. – respondi apenas. Indiquei o caminho para que ela fosse na frente. Não olhou mais pra mim, apenas seguiu para dentro da casa, e eu fui atrás. Assim que entrei, observei o local, procurando por uma pessoa em especial. Logo a achei. estava ao lado do pai, abraçada a ele. Tinha um olhar amedrontado e assustado. Minha garganta secou.
- Discurso, discurso! – um pequeno coro começou. Sorri, sem graça. Peguei uma taça de champanhe que havia sobre o bar e a levantei.
- Bom, fico feliz por vocês terem vindo, pessoal. – olhei para os rostos ali presentes. – Pai, mãe... – eles sorriram. – Aos meus amigos e sócios. – olhei na direção de Charlie, ele apenas acenou e continuou abraçado à filha. Suspirei. – Bom, obrigado a todos pela festa. Obrigado a minha esposa por te preparado com tanto amor essa surpresa pra mim. – olhei-a de soslaio, vendo-a sorrir, sem graça. Emma fitou meu rosto com um sorriso cínico e pegou a taça da minha mão.
- Não por isso, meu amor. – beijou meu rosto. – Um brinde ao , por ser esse marido tão dedicado e atencioso, um homem exemplar. – sorriu, levantando a taça. – Um brinde à sorte que eu tive por tê-lo por perto. – todos soltaram vários “awn, que lindos”, “ah, que casal fofo”. E eu só tinha vontade de dar um basta naquilo tudo. Vi mais a frente cochichar algo com o pai e então se retirar. Olhei para Emma, ela também a olhava. Aproximou-se de mim e sorriu, falando quase que entre dentes no meu ouvido: - Se você for atrás dela, eu juro que faço um escândalo. – respirei fundo, tentando controlar a vontade de fazer exatamente o contrário. Apenas concordei com a cabeça. Emma sorriu, enfiando o braço dentro do meu. Meus planos não eram esses. Meu aniversário não era pra ter sido assim. O plano era passar a noite com a , não com a Emma. Não quero bancar o inocente, de jeito nenhum. Só acho que ela deveria entender que não há mais condições de estarmos juntos. Sem possibilidade. De nenhuma forma. Não mais. Sem chances. O restante da festa se arrastou, pelo menos pra mim. Quando me despedi do último convidado, andei rapidamente para o meu quarto. Emma estava no banheiro do mesmo. Puxei uma mala de baixo da cama e a abri sobre a cama. Fui até o closet e retirei o máximo de roupas que consegui tirar de lá, enfiando de qualquer jeito na mala. Assim que Emma retornou ao quarto, correu até mim, fazendo o processo contrário do que eu fazia: retirando as roupas da mala.
- Tá louca? – gritei.
- Você não sai daqui, ! – falou, com raiva. Passei a mão no cabelo, nervoso.
- Não complica, Emma. A gente tá de cabeça quente, não faremos nada que depois possamos nos arrepender, ok? – coloquei as roupas de volta à mala, mas ela as retirou novamente. – Emma!
- Você não vai levar nada, ! – vociferou, empurrando-me pelo peito.
- Ótimo, eu pego depois. – dei-me por vencido, deixando a mala de lado, pegando só as coisas essenciais e que cabiam no meu bolso. – A gente conversa depois.
- Você vai correr pra ela, não é? – fixou seus olhos nos meus.
- Isso não é mais da sua conta. – falei, apenas.
- É da minha conta quando uma ninfeta se envolve com o meu marido. – fechei os olhos, contando mentalmente até dez para não explodir.
- Tchau, Emma. – falei, andando para fora do quarto e da casa, sendo seguido por ela.
- Você vai me pagar, ! – gritou. – Eu te amei tanto. – parei de andar. Suspirei alto, encarando o carro logo a minha frente.
- Emma, eu ainda amo você... Mas não é como antes. – virei-me para encará-la. Ela prestava a atenção em cada palavra minha. – Eu só não...
- Você não o quê? – pediu.
- Só não te desejo mais como antes... – confessei baixo.
- É porque eu não tenho o mesmo corpo de antes? Eu não sou bonita o suficiente? – perguntou, aproximando-se de mim.
- Você é linda, Ems. – falei, sendo sincero. – É só que, droga, eu não te amo como eu amava antes. Eu sinto muito. Não é justo com você e nem comigo, entende?!
- Por isso que sempre que eu te tocava, você fugia. – concluiu. Voltei a andar até o carro, abri a porta e hesitei antes de entrar, mas acabei entrando. Visualizei-a parada, encarando-me, esperando eu voltar até ela e desistir de tudo. Mas isso não aconteceu. Dei partida no carro e fui me afastando aos poucos, olhando somente pelo retrovistor a casa se afastando. Minha casa ficando para trás, minha mulher e minha antiga vida.

’s POV Off

***


Se eu estava morrendo de ansiedade? Sim, é claro! Se eu estava preste a ter outro filho? É óbvio! Depois de usar a velha tática da “dor de cabeça” para sair mais cedo da festa de , só pensei em vir correndo para casa. Andava de um lado para o outro, quase tonta de tanto esperar algum sinal dele. Meu celular estava quase sendo quebrado entre meus dedos, o telefone de casa estava quase tocando de tanto que eu o encarava. Me manda algum sinal, cacete! Andei até a cozinha, fui rapidamente até o armário, ficando nas pontas dos pés, passando a mão pela prateleira alta e procurando um maço de cigarros que eu tinha escondido ali. É, surpresa! Eu fumava quando estava muito nervosa. Estava quase desistindo quando o achei. Depois de pegar um isqueiro e o maço, fui até a janela aberta da sala, acendi um cigarro e o traguei. Uma sensação boa me invadiu, um estado de relaxamento passou pelo meu corpo. Lembrei-me do rosto horrorizado de Emma quando nos viu juntos, seu semblante assustado e surpreso. Sua cara de nojo por eu estar com o marido dela. Ri da minha própria desgraça. Esperei tanto por isso, mas agora parece que tudo tá errado.
- Droga! – ri de novo. É, eu só conseguia rir das desgraças da vida. Johnny dormia profundamente no quarto dele, alheio a qualquer coisa. Ah, como eu queria ser uma criança agora, livre de problemas. Suspirei, tragando mais do meu cigarro. O celular em minhas mãos começou a tocar, larguei o cigarro e atendi rapidamente. – Alô?
, tá em casa? – suspirei aliviada ao ouvir a voz de .
- Tô sim. Tá vindo pra cá? – perguntei, em dúvida.
- Tô, daqui dez minutos eu chego! – avisou.
- Ok, até. – e desligou. Joguei o celular no sofá e abanei a fumaça do cigarro, que ainda pairava no ar. Fui até a cozinha e tomei um pouco de água, minha garganta de repente resolveu secar. Os dez minutos pareceram horas, só me aquietei quando ouvi as batidas na porta. Respirei fundo antes de ir abri-la. Assim que o fiz, estava do outro lado com uma mão encostada no batente da porta, uma cara de cansado, seus olhos vermelhos e um olhar meio perdido. - ?
- Acabou, . Acabou de verdade. – falou, ainda não acreditando nas próprias palavras. Apenas assenti com a cabeça, puxando-o pelas mãos para que ele entrasse.
- Vem cá! – abracei-o, afagando os seus cabelos perto da nuca. me abraçou forte e soltou um suspiro de alívio. E eu, finalmente, pude soltar o meu. Ele tinha razão, acabou, realmente acabou. Sem que ele percebesse, deixei um meio sorriso brotar em meus lábios.
- Ela tá me odiando! – confessou baixo, quase que em um sussurro. Beijei sua orelha, puxando seu rosto para me fitar.
- É uma reação normal, . Não esperava que ela ficasse feliz com isso, certo? Eu sinto muito, mas eu sei que deve tá doendo nela. Eu, de verdade, sei. – sorri, triste. Ele concordou com a cabeça, abraçou minha cintura com suas mãos e nos aproximou ainda mais.
- Que bom que eu tenho você. – soprou contra meus lábios. Mordi os mesmos, concordando com a cabeça. Ele sorriu de lado, aproximando a boca da minha e juntando-as sem pressa. Agarrei o seu pescoço com força, enfiando meus dedos em seu cabelo. me empurrou até eu sentir minhas costas se chocarem contra a parede. pressionou forte seu corpo contra o meu, fazendo-me soltar um pequeno gemido. Lembrei-me de Johnny.
- Quarto... Agora... Johnny... – falei entre o beijo. assentiu, puxando-me e me abraçando por trás, deixando que eu nos guiasse até o meu quarto. Mal entramos e já senti beijando meu pescoço, nuca, costas. Ele desceu a alça da regata que eu usava, já que eu havia trocado o vestido da festa por algo mais confortável. Fechei os olhos, sentindo todos os meus pelos se arrepiarem com cada toque dele em meu corpo. Ele afastou meu cabelo para o lado, depositando uma generosa mordida no meu pescoço. Suspirei. me virou para fitá-lo, pegou minha mão e colocou sobre o seu peito. Ele respirou fundo. Seu coração estava acelerado e o meu não estava diferente. Seus olhos buscaram os meus, fixando-se ali. Seu polegar foi de encontro aos meus lábios, que estavam entreabertos, descendo até o meu queixo, colo e chegando até a dobra dos meus seios. Mordi os lábios, acompanhando seus movimentos. Seus dedos desenharam o contorno dos meus seios, ele os observava como algo mágico e hipnotizante. Em um movimento rápido, puxou a minha regata para cima, retirando-a por completo, deixando-me desprotegida aos seus olhos. Suas mãos voltaram a traçar o caminho do meu corpo, percorrendo por todo o espaço livre de tecido. Seu toque podia ser o mesmo de anos atrás, mas sempre me causava diferentes reações. Parecia que cada toque era único. Sorri, puxando a camisa dele de dentro da calça e abrindo-a, retirando-a rapidamente. Toquei a pele de seu dorso com os meus lábios, trilhando um caminho perigoso, mas subindo logo após.
- ... – sussurrou. Levantei os olhos para fitá-lo. – Eu amo você. – sorri largamente.
- Eu sempre te amei. – soprei, grudando meus lábios aos dele. Mais tarde, naquele mesmo quarto, eu pude sentir que não era da boca pra fora, que era eu, eu e ele. E agora, definitivamente, só existia nós dois, não havia mais Emma, nem segredos sobre o que a gente tinha. Eu era dele e ele era meu. E não há ninguém que vá tirar isso de mim. Não há forças no mundo que mude o que eu sinto por esse homem, nem mesmo ele.

***


Sabe quando você tem medo de abrir os olhos e descobrir que tava sonhando todo esse tempo? Pois é, esse é o sentimento que me define agora. Mas não precisei abrir os olhos pra saber que não foi um sonho, porque senti uma mão forte apertando minha cintura e uma respiração batendo no meu pescoço. Isso foi o suficiente para que eu sorrisse feito uma boba e abrisse os olhos, feliz. Olhei para a mão dele na minha cintura e a minha por cima da sua, entrelacei-as. Fui pega de surpresa quando ele correspondeu ao meu enlace. Girei meu rosto para o lado e me fitava. Parecia besteira, mas ele ficava ainda mais lindo deitado naqueles lençóis brancos, com uma cara de sono, aqueles olhos tão fortes me encarando, um sorrisinho quase que infantil. Não tinha como não retribuir.
- Dia! – falei baixo, encostando nossos narizes e esfregando-os ligeiramente. jogou meu cabelo para trás, passou o dorso de sua mão sobre o meu rosto e me roubou um selinho.
- Bom dia, linda! – sorriu. – Pronta pra enfrentar todo mundo?
- Não! – falei, manhosa, escondendo o rosto em seu peito. – Quero passar o dia na cama. Aliás, o resto da vida.
- ... – repreendeu.
- Eu sei, eu sei. – bufei. – É só que, sei lá, vai ser difícil encarar meu pai de novo.
- Eu te entendo, você sabe disso. – puxou meu rosto para fitá-lo. – Eu tenho que enfrentar o meu também. Eu tenho que enfrentar o general , enfrentar a fúria da minha mãe por ter traído a Emma, a nora preferida dela.
- Ela nunca vai gostar de mim, né? – mordi o lábio inferior. Ele suspirou. – É, eu sei.
- É complicado, . Minha mãe é uma mulher complicada. – tentou explicar. Dei de ombros.
- Tudo bem, eu já esperava por isso. – comentei. – Não me preocupo comigo, sabe? Mas será que ela aceitará Johnny?
- O sonho da minha mãe é ter um neto. – sorriu. – Ela sempre cobrou isso de ambos os filhos. E, bom, eu fui o primeiro. Ela vai adorar conhecer o primeiro neto. – piscou pra mim, tentando me confortar, mas eu sabia que era mais complicado do que aquilo. Apenas sorri. Ouvimos batidas fracas na porta do quarto, rápidas, mas fracas. Logo após, um chamado:
- Mamãe? Mamããe?
- O pirralhinho acordou! – soltei, levantando-me e catando a camisa de , vestindo-a rapidamente. Fui até a porta, destranquei-a e a abri, dando de cara com Johnny. – Oi, meu amor!
- Dia, mamãe! – pulou, levantando o ursinho de pelúcia. Agachei-me a sua frente, arrumando o pequeno pijama de bolinhas azuis dele. Passei os dedos pelo cabelo bagunçado dele, tentando consertá-los.
- Príncipe, tem alguém que veio te ver. – comecei. – Vai lá nele e dá um abraço bem grandão, pula nele e dá um beijo, ok?
- Quem é? – perguntou, curioso. Cochichei em seu ouvido, vendo logo após seus olhos brilharem. - ! – falou alto e saiu correndo, escalou a cama, praticamente engatinhou até o pai e pulou em cima dele, abraçando-o apertado. Levantei-me e encostei-me à porta, observando a cena. sorria todo bobo, olhava pra mim, não acreditando no carinho que Johnny havia criado por ele. Na verdade, nem eu. A ligação do sangue deve ter falado mais alto.
- Que saudades, campeão! – bagunçou o cabelo que eu havia acabado de arrumar. Rolei os olhos, rindo. se sentou e colocou o filho sobre o seu colo. Eu pareço muito idiota se eu disser que fiquei ali, paralisada, olhando pra eles, toda babona?
- Fiz um desenho! – contou, alegre.
- Outro? - perguntou.
- Outro! – ele respondeu.
- Ah, é? O que você desenhou desta vez?
- Você! – respondeu, dando de ombros.
- Eu? – perguntou, surpreso.
- Ele? – perguntei, surpresa. Johnny riu.
- Vou buscar! – avisou e se levantou, indo atrás do desenho. olhou pra mim, esperando alguma explicação, mas dei de ombros.
- Acredite, eu também não sabia disso. – avisei. Ele franziu as sobrancelhas, mas sorriu. Minutos depois, Johnny reapareceu com o desenho em mãos, correu de volta à cama e entregou a , fui ver também.
- Esse sou eu? – apontou no desenho.
- Aham, e esse sou eu. – apontou para o homenzinho igual ao outro, mas menor. Então Johnny havia percebido que eles se pareciam? Como é possível?
- Por que você quis desenhar vocês dois, filho? – perguntei, curiosa. Johnny observou o desenho, deu de ombros.
- O é legal, eu gosto dele. – confessou, alheio. olhou o filho, sorrindo de orelha a orelha.
- E eu gosto muito de você, Johnny. – confessou. – Vem cá, pirralho! – e o puxou para um abraço meio desajeitado. Sorri. – Vem cá também, mamãe.
- Opa! – pulei em cima deles, fazendo-os gargalhar.
- Tá pesado, mamãe. Eu vou morreeeer! – ele ria alto. o acompanhava.
- Ei, espera, tá ouvindo algo? - comentou, de repente. Parei de rir e tentei prestar atenção. Ouvi uma música abafada, parecia um toque de... – Meu celular!
- É, já vai começar as ligações. – fiz uma cara de cansada. – Tudo bem, vai lá. – incentivei. Puxei Johnny para o meu colo enquanto se levantava e ia atrás do celular, que estava dentro da calça jogada mais à frente. Ele olhou o celular e fez uma careta. Passou a mão no cabelo e atendeu.
- Oi, mãe! – ele falou, calmo. – Mãe, calma! Não tô entendendo, fala devagar... O que aconteceu? – franzi o cenho, confusa. – O quê? Mas como? Ok, calma, onde ela tá? Tá bom, eu tô indo pra lá já. – e desligou.
- O que aconteceu, ? – perguntei, preocupada.
- A Emma tá no hospital. – explicou rápido.
- Mas por quê? – perguntei assustada.
- Não se sabe ao certo, mas parece que ela tomou vários tipos de remédios e teve uma overdose. – bagunçou o cabelo, nervoso. – Isso é culpa minha.
- Para, isso não é culpa sua! – deixei Johnny sobre a cama e fui até ele. – Vai ficar tudo bem, não se preocupa.
- Eu espero. – suspirou, vestindo a calça. – Eu preciso ir pra lá, meus pais estão cuidando dela enquanto os pais dela não chegam.
- Bom, acho melhor eu não ir. – falei, óbvia, tirando a camisa e entregando a ele. Ele não protestou. Era o certo a se fazer. – Qualquer coisa, me liga, tá? Me mantenha informada!
- Pode deixar, . – terminou de abotoar a camisa e se aproximou do filho, depositando um beijo na testa do mesmo, que apenas sorriu, observando-nos. Do jeito que eu estava, somente de calcinha e sutiã, me puxou até a sala. – A gente se vê mais tarde, ok? Eu te ligo! – enlaçou minha cintura e me beijou rapidamente.
- Tchau, toma cuidado. – pedi, acenando e vendo ele se afastar. Catou a chave do carro, que havia caído ontem à noite na sala, e logo após saiu do meu apartamento. Suspirei, encostando-me à porta. E que comece a batalha! De um lado a ex-amante, do outro a ex-esposa. Que vença a melhor!



Capítulo 18



’s POV

Havia mais ou menos uma hora que eu estava sentado em frente à cama onde Emma estava deitada, dormindo com um soro indo para as suas veias. Ela estava mais branca que o normal, suas olheiras eram enormes e ela parecia muito frágil. Suspirei, entrelaçando minhas mãos uma a outra e encarando meu sapato. Eu não queria nada disso, as coisas saíram do controle. Ouvi um gemido e, rapidamente, levantei meu rosto para fitar Emma. Ela estava acordando. Emma demorou para abrir os olhos, balançou a cabeça algumas vezes e acabou me achando ali, sentado, fitando-a.
- ... – sussurrou. Aproximei-me dela.
- Emma, como você tá se sentindo? – perguntei baixo. Ela umedeceu os lábios antes de falar.
- Minha boca tá seca, me sinto fraca, acabada, parece que um caminhão passou por cima de mim... – suspirou antes de continuar. – E descobri que meu marido é um canalha. Como acha que estou? – abaixei a cabeça, respirando fundo.
- Eu fiquei preocupado com você. – fingi não ouvir suas ofensas. – O que estava pensando quando tomou todos aqueles comprimidos, Emma? – fitei-a.
- Estava pensando em me dopar até a morte, querido . – foi irônica, girando o rosto para o outro lado.
- Emma, você não é mais uma adolescente, suas atitudes não combinam com isso, não parece ser você. – fui sincero. Ouvi-a suspirar.
- Cansei de bancar a bozinha, de ser a pessoa que entende tudo, que é sempre super controlada. – voltou a me fitar. – Cansei de ser a idiota da história.
- Emma... – comecei.
- E, por favor, poupe-me do seu discurso. Será que dava pra me deixar em paz? – foi ríspida. – Onde estão os meus pais?
- Estão lá fora, na sala de espera. – informei, levantando-me. – Eu vou chamá-los.
- Tá. – falou seca, desviando o olhar de mim. Encaminhei-me até onde os meus pais e os dela estavam, todos os quatros sem saber direito o que estava acontecendo. E, pelo jeito, eu tinha que contar tudo a eles.
- Emma acordou! – avisei. – Ela está bem.
- Oh, não entendo porque minha filha fez isso. – Lauren, mãe de Emma, comentou. Enfiei as mãos dentro do bolso, fitei o chão e suspirei algumas vezes.
- Eu sei a razão. – avisei baixo.
- O que houve, ? – minha mãe perguntou, aproximando-se de mim.
- Emma e eu vamos nos divorciar. – falei, enfim. Houve alguns murmúrios, expressões de surpresa e eu finalmente encarei as pessoas à minha frente. – Eu sinto muito.
- Mas... Mas por quê? O que houve para vocês chegarem a esse ponto? – Lauren perguntou.
- Lauren, isso é pessoal, não se envolva! – Bill, pai de Emma, tentou contornar. Balancei a cabeça.
- Tudo bem, alguma hora vocês iam ficar sabendo de qualquer jeito. – dei de ombros. – Eu tenho outra família.
- ! – minha mãe falou alto. – Você ficou louco?
- Filho, o que diabos você está falando? – meu pai perguntou, apertando o meu ombro.
- Mas o quê? Como? – Lauren falou, surpresa.
- Eu disse que era pessoal. – Bill comentou baixo.
- , como você pode? – minha mãe vociferou, parando à minha frente. – Eu não te eduquei para isso, meu filho. Que coisa horrível!
- Mãe... – tentei argumentar, mas ela não parava de falar.
- Eu estou decepcionada com você, ! – apontou o dedo na minha cara. – Decepcionada!
- Mãe, me escuta! – pedi.
- Não quero escutar nada, ! Você traiu uma jovem linda e dedicada, uma esposa tão boa. – continuou a falar rápido. – Robert, fale alguma coisa, seu inútil! – estapeou meu pai. Ele soltou um “ouch” e massageou o local onde ela batera.
- Se controle, Katherine! – foi firme. – A vida é dele, quem sabe dos atos é ele. Você não tem que se meter na vida do nosso filho sempre. – segurei um riso. Ele me fitou, levantando a sobrancelha. – Não ria, ! Não estou te defendendo. Você está errado, sabe disso. Mas você também é crescido, é adulto, sabe das responsabilidades. Dessa vez, eu não vou passar a mão na sua cabeça, isso aqui não é quando você errou um chute na escolinha de futebol, não é uma briguinha de namorados. Você traiu a sua esposa, você está a deixando. – fitou-me, sério. Engoli seco. Nunca tinha presenciado meu pai tão sério, não quando falava comigo. Ele olhou ao redor, todos prestando a atenção. – Vem, vamos conversar de pai pra filho. – Colocou a mão sobre o meu ombro e me guiou até a lanchonete do hospital. Sentamos-nos à uma mesa, entrelacei minhas mãos sobre a mesa, respirando fundo. - , se abra comigo, ande! Sou seu pai. O que está acontecendo? Sei que você nunca foi nenhum santo, sei disso mais do que ninguém... – ele copiou meu gesto, colocando as mãos sobre a mesa. – Você não deixaria Emma assim, do nada.
- Não é do nada, pai. – falei, enfim. – Você sabe que eu apenas sobrevivi a esse casamento, eu já não há amava mais. – fitei-o. – Eu estou com outra pessoa agora.
- Você a ama? – perguntou. Apenas assenti. – Tem certeza? Ou você acha que a ama? Você não pode deixar sua esposa por uma pessoa que você mal conhece, ...
- Pai! – interrompi-o. – Eu a conheço muito melhor do que eu conheço a Emma. Ela me conhece melhor do que eu mesmo me conheço. – avisei. – Ela não é uma garota que achei na rua, que conheci ontem. – suspirei alto. – Conheço ela há anos, estamos juntos há anos, pai.
- , ! – balançou a cabeça negativamente. – Quem é essa garota? Nós a conhecemos?
- Prefiro não citar o nome dela, ok? Por enquanto, pelo menos. – pedi. Ele levantou as mãos, dando-se por vencido. – Mas, sim, vocês a conheceram. Ela é uma boa pessoa, tem caráter, é cuidadosa, ela cuida de mim... Ela... – pensei em e sorri. – Ela realmente cuida de mim. Ah, e tem mais uma coisa.
- O que mais? Ah, meu Deus! – suspirou cansado.
- Nós temos um filho juntos! – vomitei as palavras. Meu pai me fitou por um tempo, sem dizer nada, piscou algumas vezes, mas nada disse. – Pai?
- Vo-Você tem um filho? – perguntou. Eu assenti. – Eu tenho um neto?
- Tem sim, pai. – sorri, lembrando-me de Johnny. – E ele é incrível!
- Oh! – sorriu. – Quantos anos ele tem?
- Tem três anos.
- Ah, puxa, um neto! – continuou a sorrir. – Eu sempre quis um neto.
- Eu sei, pai. – segurei em sua mão. – Agora você tem um.
- Eu quero conhecê-lo. – falou rápido.
- Pai, acho melhor ainda não... – tentei dissuadi-lo.
- Pare de tolice, menino! – falou comigo exatamente como falava quando eu tinha oito anos. – Eu quero vê-lo. Eu sim, sua mãe ainda não, eu concordo. Mas eu sei lidar com essas coisas, poxa, deixe-me vê-lo, sim?
- Vou falar com a mãe dele, ok? Eu te aviso em breve, prometo. – falei, dando-me por vencido.
- Oh, puxa, um neto! – repetiu, batendo as mãos, feliz. Sorri, feliz pela reação positiva dele. – Qual é o nome dele?
- Johnny.
- Ohh, Johnny! – sorriu ao pronunciar o nome do neto. – Não vejo a hora de conhecer o Johnny. Vamos, me diga, quem é a mãe?
- Pai... – comecei.
- , alguma hora você terá que nos apresentá-la, certo? Por que não abre logo o jogo, filho? Podíamos almoçar todos juntos hoje, o que acha?
- Robert, acalme-se! – pedi alto. – Eu tenho que conversar com ela ainda, tenho que prepará-la para tudo isso. Além do mais, mamãe ainda está nervosa com toda essa história e nem sei quanto tempo isso durará, vamos esperar um pouco.
- Ok, Ok! – deu-se por vencido. – Mas trate de fazer isso logo.
- Tudo bem, eu prometo. – revirei os olhos. – Agora, eu preciso mesmo ir.
- Vai se encontrar com ela? – perguntou curioso.
- Pai! – repreendi.
- Tudo bem, desculpe. – levantamo-nos. – Juízo, filho. Não faça nada que vá se arrepender depois, ok? Eu sou seu pai, me preocupo com a sua felicidade.
- Não se preocupe, pai. Eu nunca estive tão feliz. – sorri, dando um tapinha em suas costas. - Vou sair pelos fundos, não quero encontrar a mamãe e ser difamado de novo. – fiz uma careta e ele concordou. – Dá tchau pra eles.
- Pode deixar, vai lá. – acenou e eu me afastei dele. – Mande lembranças minhas ao Johnny, diz que o vovô Bob mandou um abraço. – apenas revirei os olhos e andei para fora do hospital. Dirigi até minha casa, tomei um banho e peguei algumas peças de roupas, finalmente rumando para a casa de , em seguida.

’s POV Off

***


- O quê? – deixei a escova, que eu penteava meu cabelo, cair. riu, dando de ombros. – Como assim seu pai quer me conhecer? Ele quer me matar ou algo do tipo?
- Não, estranhamente, não. – franziu o cenho, pensativo. – Ele ficou animado com a ideia de ter um neto.
- Certo, ele quer conhecer Johnny? – perguntei, apanhando a escova e depositando-a na minha cômoda novamente. Andei até , sentado em minha cama, sentei-me em seu colo, entrelaçando meus braços em seu pescoço.
- Sim, e você. – repetiu o que me deixou passada.
- Ah, não sei... – mordi o lábio inferior. – E se ele não gostar de mim?
- Impossível isso acontecer! – sorriu, roubando-me um selinho.
- Impossível alguém não gostar da amante do seu filho? É, realmente! – fui irônica.
- , ele nem está ligando pra isso. Ele tá super animado com o neto que nem se lembra desse fato. – garantiu, apertando as mãos na minha cintura.
- Hmm... – fiz, beijando seus lábios rapidamente. – Vai ser bem estranho. – comentei, dando-lhe outro beijo. – Mas se é importante pra você, tudo bem.
- É importante pro Johnny também, linda. Ele vai conhecer o outro avô dele. – piscou maroto pra mim. Mordi os lábios, receosa.
- A cabecinha dele deve estar uma bagunça com tudo isso. – suspirei. – Todas essas pessoas aparecendo assim, do nada? E ele nem faz ideia que faz parte de quem ele é, que são sua família.
- Quando ele for maior irá entender, explicaremos a ele. Eu prometo, eu vou estar ao seu lado quando esse dia chegar. – sorri, balançando a cabeça.
- Se não estiver, é porque estará morto, porque eu te matei. – sorri, mordendo seu lábio. Ele riu.
- Malvada! – sussurrou, encostando os lábios aos meus.
- Você não tem ideia! – sorri, mordendo novamente seu lábio inferior. Ele me segurou firmemente pela cintura, deitando-nos na cama, segurando-me sobre ele. Ri baixinho. – A gente deveria levar Johnny para almoçar.
- Agora? – fez uma careta.
- Agora! – assenti. – Vou te ensinar como é ter um filho, . Você tem que alimentá-lo, sabe?
- Ok, , sem discursos agora, ok? – Voltou a se sentar, fazendo-me sentar com ele. Segurou meu rosto com as duas mãos e me beijou sem pressa. Explorando cada canto da minha boca, explorando como se não já não o conhecesse tão bem.
- ... – sussurrei entre o beijo.
- Vou te ensinar como é um beijo, . Você tem que acompanhá-lo, ok? Não interrompê-lo! – ele me imitou. Ri, estapeando-o.
- Cala a boca! – mandei, rindo. Levantei-me do colo dele, ajeitando o meu vestido. – Anda logo, vamos almoçar.
- Sério, , eu não saí de um relacionamento para virar cachorrinho em outro. – cerrei os olhos, fitando-o.
- Como é? – perguntei. me fitou por um tempo até cair na risada. – Eu ainda vou te matar, .
- Mata nada, você me ama. – riu, pegando-me no colo, inesperadamente. Soltei um gritinho, enquanto ria.
- Me põe no chão, seu idiota! – mandei, rindo.
- Ouch! Idiota não, ! – se fez de ofendido.
- ? – tentei.
- Não conheço esse.
- ?
- Quem? – se fez de desentendido.
- Lindo? – tentei novamente.
- Sim, ? – perguntou.
- Te amo, me coloca no chão? – pedi, sorrindo.
- Só porque você é gostosa pra caralho! – respondeu, colocando-me no chão.
- É muito idiota! – falei, beliscando seu braço. Ele riu, massageando o local.
- Caralh... – ele ia xingar, quando Johnny apareceu no quarto, fitando-o, curioso. – Caramba!
- Mamãe, tô com fome! – fez bico.
- Oh, meu amor, a gente já vai comer, ok? – estendi a mão, pedindo para ele segurar e foi o que ele fez. Encaminhamo-nos para um restaurante da escolha de . Ele disse que agora havia perdido o medo de ser pego em flagrante, então poderia escolher o restaurante que ele mais gostava. Depois que estávamos lá, Johnny já estava em sua segunda sobremesa, eu ainda tentava terminar a minha. tomava uma taça de vinho, rindo da bagunça do filho. Seus olhos passearam pelo restaurante, franziu o cenho, abaixando a cabeça em seguida. Olhei para o mesmo lugar que ele olhava, vi apenas um homem e uma mulher, almoçando mais a frente. – Tudo bem, ?
- Aham, tudo. – falou, fitando-me e soltando um sorrisinho sem graça. Franzi o cenho, desconfiada.
- Hm, sei. – fingi acreditar, voltando a comer a minha sobremesa. – Johnny, se não quer mais, não come, mas não faz bagunça.
- Tô cheio! – ele anunciou, largando a colher sobre a mesa. Peguei um guardanapo e limpei sua boca, totalmente suja de chocolate.
- Finalmente, né? – ele riu, sapeca. Fitei e ele ainda olhava para a mesa mais a frente.
- , quem são eles? – perguntei, enfim.
- Ele é um dos clientes da empresa, um dos mais antigos. – confessou.
- E ele conhece Emma, presumo. – ele concordou com um aceno de cabeça. – Entendo.
- Mas tá tudo bem, eu não tenho mais nada a esconder, certo? Só vou demorar a me acostumar um pouco com isso. – confessou, buscando minha mão sobre a mesa e entrelaçando-as. Mas as soltou assim que o tal cliente se aproximou da nossa mesa. – Jason, que prazer vê-lo!
- , quanto tempo! - se levantou, apertando a mão dele. – Lembra-se da minha esposa, Claire?
- Ah, claro! Como vai, Claire? – estendeu a mão para ela, que aceitou, apertando-a. Respirei fundo, esperando o que vinha a seguir.
- Bem, obrigada. – respondeu a tal Claire. – E quem é essa linda jovem?
- Ahh, ela é minha... – ele ia responder quando resolvi abrir a boca, interrompendo-o.
- Uma amiga dele, prazer, ! – acenei para ambos, ainda sentada. Eles acenaram com a cabeça, apenas.
- E esse garotinho lindo? – Claire falou, passando a mão no cabelo loiro de Johnny, que a olhou sem muita expressão.
- Esse é Johnny, meu filho. – falei, sorrindo.
- Oh, ele é uma graça! – Claire falou, sorrindo.
- Bom, foi ótimo reencontrá-lo, . – Jason comentou. – Já estávamos de saída. Precisamos marcar algo em breve, uh?
- É claro! - concordou, sorrindo amarelo.
- Até mais! – acenou para nós. Johnny retribuiu. Assim que eles se retiraram, fitou o filho. Johnny o fitou de volta, sorriu, assim, do nada, sem mais nem menos. sorriu de volta. Depois franziu o cenho, olhando para o casal que acabara de sair dali.
- Não, isso não é certo! – falou baixo.
- , o que foi? – perguntei curiosa.
- Ei, esperem! – ele chamou alto.
- ! – o chamei, vendo-o andar em direção ao casal. – O que você vai fazer?
- O certo! – respondeu, continuando a andar até eles. – Ei, Jason!
- ? Sim? – ele parou no meio do caminho, virando-se para encontrar .
- Eu não te respondi direito, desculpe. – apontou para onde estávamos. – Aqueles ali são a minha família. Sabe aquele garoto lindo ali? Pois é, ele é meu filho! – sorriu para o filho, que retribuiu. – E eu não tenho vergonha de falar isso.
- Ahm, ok! – Jason falou, confuso. – Parabéns?
- É, obrigado! – sorriu, dando tapinhas nas costas dele. Acenou e andou de volta até nós.
- Você tá louco? – falei baixo, assim que ele se sentou novamente.
- Eu sei o que você tava tentando fazer, eu agradeço, mas eu não quero mais isso. Chega de mentiras, eu quero vocês por completo. Eu quero uma família de verdade, não pelas metades, como costumava ser. Eu tenho orgulho de ser pai dessa criança incrível, . – segurou minha mão. – E eu tenho orgulho de ter você na minha vida, não importa o que os outros achem.
- , não precisava ter feito isso, sério. – comentei, deixando meus ombros caírem.
- Eu não fiz isso porque precisava, mas porque era o certo a se fazer. É o que eu queria fazer! – sorriu, segurando meu queixo. – Eu fiz isso porque eu te amo. – sorri boba, assentindo com a cabeça.
- O que você fez com o que eu conheci? – ele riu, ficando sem graça.
- ... – passou a mão no cabelo, sem jeito. Apenas ri.
- Esquece, bobão! – peguei um cardápio sobre a mesa e o abri, coloquei-o de lado, cobrindo a visão de Johnny. – Psiu, vem cá! – o chamei. Ele riu, aproximando-se de mim e me dando um beijo rápido. – Te amo também.
- Mamãe? ? – Johnny chamou, curioso. Abaixei o cardápio, voltando a atenção para ele.
- Sim, meu anjinho? – perguntei.
- Quero ir ao banheiro! – avisou, colocando as mãos sobre a calça. Ri, assentindo.
- Eu o levo, . – ofereceu-se. Sorri, agradecida. Mordi o lábio inferior, tendo uma ideia arriscada.
- Ei, não demorem, ok? Temos que ir a outro lugar depois. – avisei.
- Onde, mamãe? – Johnny perguntou, curioso.
- É, onde? - também perguntou. Sorri.
- Vamos conhecer um amigo, Johnny. – informei, olhando de relance para .
- Quem, ? - franziu o cenho, desconfiado.
- Robert . – pisquei para ele, que sorriu, gesticulando um “obrigado” em seguida. Apenas assenti.
- Xixi, xixi! – Johnny choramingou alto. riu, concordando e levando o filho ao banheiro. Suspirei alto assim que eles saíram. Ok, calma, , calma. Vai dar tudo certo, não é? Ele vai gostar de você, certo? Por que não gostaria, uh? Ah, é, ex-amante, roubou o filho de outra mulher, teve um filho com ele. É, não havia motivos pra ele não gostar.



Capítulo 19



’s POV

Lá estava eu, dentro do elevador, à caminho do escritório do meu pai. Johnny estava em meu colo, brincando com as chaves do carro. preferiu esperar no carro, alegando não estar pronta ainda para conhecer minha família. Não insisti. Ela sabe o tempo certo, o tempo dela. Olhei para o meu filho e sorri. Passei os dedos pelo seu cabelo, tentando arrumá-los um pouco. Segundos depois, as portas do elevador se abriram. Dando-me a vista da entrada do escritório do meu pai. Avistei sua secretária, e ela a mim.
- Ei, Jennifer. Como vai? – perguntei, andando até lá. Ela sorriu, ajeitando a blusa e o cabelo. Se fosse em outra época, eu haveria flertado com ela, como sempre fazia.
- Olá, sr. ! Pode entrar, seu pai já o aguarda. – mordeu a tampa da caneta que segurava. Sorri, sem jeito. – Oh, que criança linda. Oi, fofinho! – Johnny apenas acenou, virando o rosto logo após.
- Ahm, bom, eu vou entrando. – Avisei, andando até a sala de Bob . Dei dois toques na porta e a abri. – Pai?
- ! – falou animado. O avistei sentado em sua cadeira de couro, mas logo se levantou, vindo até nós. – Oh, esse deve ser o Johnny. – concordei com a cabeça. – Ei, Johnny, como vai? Eu sou o... – o olhei, esperando ele continuar. – o tio Bob!
- Dá oi, Johnny! – pedi, fitando-o. Johnny o observou, piscou várias vezes, olhou pra mim, pra ele novamente e depois sorriu.
- Oi. – falou enfim. Meu pai sorriu, o observando fixamente.
- Como você é lindo, Johnny. Me lembra muito alguém que conheço. – falou, dando uma breve olhada em mim. Sorri. Depositei Johnny no chão.
- Johnny, fica à vontade pra mexer nas coisas. – ele riu, fazendo exatamente o que eu tinha dito, nos fazendo rir também.
- , ele é exatamente a sua cópia quando tinha essa idade. Eu... eu estou assustado. – nós o observamos mexer em alguns livros mais a frente, numa prateleira baixa. Concordei.
- É, eu sei. Eu ainda me assusto às vezes quando o vejo. – confessei.
- E a mãe dele? Ela não veio? – perguntou, fitando-me.
- Ela veio, sim. Mas preferiu não subir. É complicado pra ela ainda, pai. – expliquei. Ele não falou nada, só acenou, concordando.
- Diga a ela que não precisa temer nada, ok? Eu só quero conhecê-la. - ele sorriu, dando breve tapinhas em meu ombro.
- Eu darei o recado. – sorri de volta.
- ! – Johnny falou alto, chamando nossa atenção. Observei ele segurar um porta-retratos. Me aproximei dele e o peguei de suas mãos. Era uma foto de um réveillon de alguns anos atrás, logo depois que me casei com Emma. Na foto estava meu pai de mãos dadas a minha mãe, eu abraçado a Emma e Ethan segurando a cintura de Sophie. Parecíamos bastante felizes ali.
- Eu ainda não tive tempo de mudar a foto. – meu pai falou, aproximando-se de mim e pegando o porta-retratos. – Eu quero colocar uma do meu neto. – sorriu. Apenas assenti com a cabeça.
- Tem falado com o Ethan? – perguntei, encostando-me a mesa e cruzando os braços. Johnny voltou a brincar e mexer nos livros, pegava um e o abria, folheava-o como se realmente conseguisse ler.
- Falei com ele ontem. Disse que está muito ocupado com alguns casos por lá, mas que logo viria nos visitar. – deu de ombros. – Seu irmão sempre foi focado demais no trabalho, você sabe.
- É, eu sei. – comentei. – Ele tá cuidando de algumas coisas pra mim também.
- Ethan? Como o quê? – perguntou curioso.
- Meu divórcio, por exemplo. – confessei, desviando o olhar para Johnny.
- Ethan sabia disso tudo? – perguntou não muito surpreso. Concordei. – Era de se esperar! Ele sempre te protegeu de tudo. – riu, balançando a cabeça. – É típico dele.
- Ele só está sendo meu advogado, pai. – defendi meu irmão.
- Eu também sou advogado, . Você não veio até mim. – me fitou.
- Além de um dos melhores advogados do país, você, em primeiro lugar, é meu pai. – expliquei. – Seria complicado demais, embaraçoso demais.
- Está certo, está certo. – deu-se por vencido. – Quando você pretende apresentar sua nova namorada a sua mãe?
- Eu não sei, pai. Não depende só de mim, você sabe. Ela não se sente à vontade ainda com tudo isso. E você conhece dona Katherine, ela pode ser bem grosseira quando quer. – comentei, sendo óbvio. Ele balançou a cabeça, concordando.
- Sua mãe é um caso perdido! – riu, enfiando uma mão dentro do bolso da calça. – Isso me faz me lembrar de uma coisa. – avisou, indo até Johnny, agachando-se a sua frente. – Ei, garotão, responde uma coisa para o tio Bob... – Johnny o fitou, curioso. – Qual o nome da sua mamãe?
- Pai! – repreendi, aproximando-me deles.
- . – ele respondeu rápido. Passei a mão no cabelo, nervoso.
- , uh? Nome diferente! – meu pai comentou. – Não parece com nada que eu tenha já tenha ouvido antes. ... – falou novamente, mas com o sotaque carregado. – Falei certo?
- Falou, sim. – assenti.
- Nome estrangeiro, certo? Espanhol? – perguntou em dúvida.
- Brasileiro, na verdade. – passei a mão pela minha barba por fazer.
- Por que eu acho que já ouvi esse sobrenome antes, hm? – falou pensativo. – Espera, aí. – pediu, indo até seu laptop, sobre sua mesa.
- Pai, para com isso, por favor. – pedi, parando a sua frente, apoiando minhas mão sobre a mesa. – Você quer saber sobre ela? Ok, eu digo!
- Ora, ora! Temos uma evolução aqui. – ele sorriu, satisfeito. – Sou todo ouvidos.
- Bom, você já ouviu esse sobrenome, porque, hm... – desviei o olhar dele. – Porque é o mesmo sobrenome de Charlie , meu mais novo sócio.
- , você está saindo com a filha do Charlie? – perguntou surpreso. – Ok, por essa eu não esperava.
- Mas isso tudo começou bem antes de nos tornarmos sócios. Foi uma surpresa pra mim também, quando eu descobri. – confessei.
- Bom, pra ser sincero, de alguma forma, isso me tranquiliza. Eu cheguei a cogitar golpe, confesso. Mas o pai dela tem um poder aquisitivo muito bom, ela não precisa disso. – comentou, ainda meio pensativo. – Eu realmente queria conhecê-la, .
- No tempo certo, Bob! – pedi.
- Eu tenho uma ideia! – falou rápido. – Na próxima semana, Ethan e Sophie vão vir passar o feriado aqui. Seria bom reunir a família, sabe? Você poderia levá-la para um jantar conosco. Levar Johnny também, é claro.
- Eu não sei, pai. – alertei, balançando a cabeça. – Mas vou falar com ela, ok? Prometo que vou dar o recado.
- Ok, isso me deixa feliz. Diga a ela que faço questão. – sorriu. Assenti.
- Tudo bem, eu preciso ir agora. – avisei, virando-me para Johnny. – Ei, Johnny, vamos embora? Sua mãe deve estar cansada de esperar.
- Tá bom. – concordou, vindo até mim e estendendo os braços, num pedido mudo para pegá-lo no colo. O que fiz, prontamente.
- Dá tchau para o tio Bob! – pedi, acenando.
- Tchau, tio! – acenou, mandando beijos. Meu pai sorriu, colocando a mão sobre o peito.
- Que criança adorável. – comentou. Eu apenas assenti, dando um beijo na testa de meu filho. – Tchau, Johnny. Logo nos veremos de novo!
- Tchau, pai. Eu te ligo qualquer coisa. – garanti, me afastando. Ele concordou com um aceno de cabeça. Pouco depois, eu já estava no estacionamento, indo de encontro a , que me esperava impaciente dentro do carro. Coloquei Johnny no banco de trás, em segurança na cadeirinha, fui até o banco do motorista e me sentei, virando-me para fitar .
- Então? Como foi? – perguntou enfim.
- Ok, eu vou te contar durante o caminho até a sua casa. – comecei. – Eu preciso voltar para o escritório.
- Tudo bem. – concordou. Então, segui até a sua casa, contando tudo o que havia acontecido lá dentro, incluindo sobre meu pai saber quem ela era e sobre o convite para o jantar. A reação foi a esperada: espanto.

’s POV Off

- ? Ok, responde alguma coisa. - pediu, após eu ficar em silêncio durante algum tempo.
- Ahm, eu... Eu estou surpresa com esse convite, também não estou certa se é a melhor coisa a se fazer agora. – falei, finalmente. – Eu ainda não contei ao meu pai, . Eu tenho que conversar com ele sobre isso. – suspirei alto. – Não será fácil.
- O jantar só será na próxima semana, você terá algum tempo ainda. – explicou.
- Eu vou pensar, ok? Eu te aviso. – pedi, e ele concordou.
- Tudo bem, só foi uma ideia do meu pai. – deu de ombros. – Não precisa aceitar se não se sentir à vontade.
- Obrigada. – sorri, segurando sua mão sobre o volante. Pouco depois, estacionou em frente ao meu prédio. – A gente se fala mais tarde?
- Eu te ligo! – prometeu. Eu assenti, descendo do carro e indo até o banco traseiro, buscando Johnny. – Tchau, Johnny.
- Tchau, tchau! – abriu e fechou a mão, mandando beijos depois. Sorri, mandando um beijo para também, que riu, retribuindo.
- Ok, mocinho, hora do banho! – avisei, assim que entramos em casa.
- Ah, não, mamãe! – fez um bico, cruzando os braços.
- Nem adianta fazer bico, filho. – me agachei até ele. – Se você se comportar direitinho, tomar banho e comer o jantar todo, eu prometo que conto uma história pra você antes de dormir, que tal?
- Pode ser sobre o pirata de um olho só? – pediu, animado. Sorri, assentindo. – Eba!
- Então, vamos tomar um banho? – concordou, balançando a cabeça freneticamente. Peguei-o pela mão e guiei até o seu quarto, despindo-o e o levando para o banho. Depois do banho e do jantar, sem reluta, o coloquei deitado na minha cama, juntando-me a ele depois de pegar o livro do pirata que ele tanto queria. Ele se aconchegou no meu travesseiro, grudou seus olhos grandes e nos meus e prestou atenção quando eu comecei a ler a história. Minutos mais tarde, Johnny já estava dormindo profundamente. Fechei o livro e deixei-o de lado, observando aquele projetinho de gente a minha frente. Passei os dedos delicadamente em seu cabelinho loiro, ouvindo seu suspirar um pouco alto. Acho que ele realmente teve um dia agitado, estava cansado. Meu filho estava crescendo. Era apenas um bebê há poucos dias, não falava, só chorava. Hoje já fala e pede muita coisa, por sinal. Suspirei baixo, encostando minha cabeça no travesseiro e fitando o teto. Eu precisava contar tudo ao meu pai, não podia mais esconder isso dele. Só ia ser difícil demais. Meu pai sempre me apoiou em tudo, sempre me deu forças em tudo o que eu quis fazer, foi o melhor pai quando eu contei sobre Johnny e foi o melhor avô quando ele nasceu. Decepcionar o meu pai será uma das coisas mais difíceis que fiz na vida. Possivelmente, ele nunca mais olharia na minha cara, mas eu tinha que tentar. Eu não aguentava mais toda essa mentira. Me levantei da cama, devagar para não acordar Johnny, fui até a sala e peguei o telefone da base, discando o número do celular do meu pai. Esperei chamar.
- Olá, querida!
- Oi, pai. – falei, contida. – Tá muito ocupado?
- Não, estou livre agora. Algum problema? – perguntou ele, preocupado.
- Eu precisava te ver, precisamos conversar. – fui direta.
- Ok, eu posso ir até aí, se quiser. – se ofereceu. - , estou preocupado. Aconteceu algo com o Johnny?
- Não, ele tá bem, não se preocupe. – tentei tranquilizá-lo. – É algo sobre mim que você precisar saber, mas prefiro dizer isso pessoalmente.
- Tudo bem, continuo preocupado. – comentou. – Certo, eu posso estar aí em quinze minutos, ok? – concordei. – Nos vemos em breve, então. Até, querida.
- Até, pai. – e desligou. Suspirei alto, largando o telefone sobre o sofá. Prendi o meu cabelo num coque e me levantei, rumando para a cozinha. Fui até o armário, abrindo uma porta mais no alto, peguei uma garrafa de whisky e destampei, tomando um grande gole do seu conteúdo. Senti o gosto amargo na boca e depois descer queimando pela minha garganta. – Arght! – como eu contaria isso a ele? Como eu começaria? – Ah, fácil. Oi, pai, então, sabe o , seu sócio? Pois é, história engraçada, a gente tem um filho juntos. – ri, sarcástica. – Ah, oi, pai, tenho uma charada pra você: o que é seu sócio, é casado e tem um filho comigo? Uh? Isso, o . – bufei. – Eu tô ferrada! – tomei mais um gole do whisky, guardando-o depois. Mordi a ponta da minha unha, nervosa. Será que ele já desconfiava disso? Nah, acho que não. Ele teria dado alguma pista, meu pai não é uma pessoa muito discreta. Alguns minutos mais tarde, houve algumas batidas na porta da minha casa. Respirei fundo e fui abrir. – Oi, pai.
- Oi, . – me deu um abraço. – Vim o mais rápido que pude. – assenti, dando espaço para que ele entrasse. – Onde está Johnny?
- Acabei de colocá-lo para dormir. – expliquei, andando até o sofá e ele fez o mesmo, sentando-se junto a mim.
- Tudo bem, eu estou aqui agora, pode contar o que está acontecendo? – perguntou curioso e preocupado. Tomei folego antes de começar a falar.
- Pai, antes de tudo, eu preciso te dizer algumas coisas... – fitei seus olhos. – Você sabe o quanto você é importante pra mim, não sabe? Sabe o quanto eu te amo, não é? O quanto eu sou grata por tudo o que você fez por mim, por todo o apoio que eu tive e tenho de você sempre. Desde quando eu decidi vir fazer faculdade aqui à criar um filho sozinha. Então, muito, muito obrigada por ficar ao meu lado. – sorri triste. – Obrigada por ser um pai excelente e um avô incrível. Johnny concorda comigo. – ele sorriu, orgulhoso. – Agora, eu preciso te contar algo sobre mim e o pai de Johnny.
- Aquele safado do Adam apareceu? Ele veio atrás de você? – perguntou alterado. Neguei, segurando as suas mãos.
- Pai, o Adam não é o pai de Johnny. – confessei. – Ele sequer existe.
- O quê? – perguntou confuso. – Como assim, filha? Não estou entendendo!
- Adam foi um cara que eu inventei para não precisar contar a verdade para você e a mamãe. – suspirei alto. – Desculpa.
- Mas, por quê? Quem é o pai de Johnny, então? – perguntou rápido.
- Esse é o problema maior. – respirei fundo. – O pai de Johnny é um cara meio complicado, meio proibido e meio errado.
- Não vai me dizer que é algum drogado, pelo amor de Deus! – falou assustado.
- Não, pai, não é. – tentei tranquilizá-lo. – Ele é socialmente bem aceito, não tem problemas com droga ou bebida. É mais velho, é bem resolvido financeiramente, é uma boa pessoa.
- Quem é, ? Você está me deixando apreensivo! – pediu, apertando as minhas mãos. Respira, inspira, respira e inspira.
- O pai de Johnny é o . – confessei enfim. Parecia que um caminhão tinha acabado de sair das minhas costas, no segundo seguinte que confessei o que estava entalado na minha garganta há anos. Senti meu pai soltar as minhas mãos, me olhar paralisado, surpreso e meio perplexo. Abaixei a cabeça, não conseguia olhar mais para ele.
- É brincadeira, não é? – falou baixo.
- Não é.
- Eu não entendo. – falou, levantando-se. – Eu simplesmente não entendo. – começou a andar de um lado para o outro. – Vocês não acabaram de se conhecer?
- Não, pai. Na verdade, nos conhecemos há alguns anos. – expliquei. – Sua sociedade com ele foi mera coincidência.
- , é casado há anos. – falou mais alto. - Você enlouqueceu?
- Eu sei, pai. Não me orgulho dessa parte! – balancei a cabeça. – Eu sinto muito.
- Vocês dois me fizeram de idiota! – vociferou. Eu temi que Johnny acordasse. – Todos esses anos, eu te defendi, . Eu critiquei o pai de Johnny por ter te largado, por não ter assumido esse filho e ter te deixado quando você mais precisou. Mas ele estava ali, sempre esteve, não é?
- também não sabia da existência do filho há alguns meses. – confessei.
- Mais mentiras! – passou a mão no cabelo grisalho. – Você só mentiu todo esse tempo. Eu estou muito decepcionado com você, . Como você pode? O que você se tornou, menina? Eu não conheço mais essa garota eu vejo aqui. Onde foi para a minha menina? Aquela que confiava em mim, que corria para os meus braços quando se machucava e me contava seus segredos?
- Pai, eu sinto muito. – falei baixo, sentindo as lagrimas salgadas rolarem por meu rosto.
- Eu não te criei pra isso. Me fala, onde eu errei com você? Eu tentei ser um bom pai, te ensinar o que era errado, o que era certo... – ele parecia falar para si mesmo.
- Você é bom pai. – falei baixo.
- Eu não sou. – rebateu. – Se eu fosse, você não seria... – gesticulou rápido. – isso. – escondi meu rosto entre minhas mãos, chorando baixinho. – Eu não entendo.
- Eu sei que você e a mamãe estão me achando uma vadia, mas eu juro que não sou. – tentei explicar. – Ele foi o único cara com quem isso aconteceu, eu juro. Eu nunca tinha feito isso antes, mas eu me apaixonei por ele. Eu tentei acabar com isso tantas vezes, mas não consegui. Quando vi, era tarde demais, eu estava grávida.
- Nada justifica isso! – ele parou na minha frente. – Ouviu? Nada!
- Pai, não me odeie. Eu não vou suportar! – chorava mais alto.
- Eu não te odeio, . – falou baixo. – Eu só estou muito decepcionado com você.
- Isso dói muito mais. – comentei. O silêncio caiu entre nós. O meu choro e os meus suspiros eram as únicas coisas que podíamos ouvir.
- Eu não posso lidar com isso agora. – falou enfim. – Eu preciso ir embora. – andou até a porta. Eu não fui atrás, eu não podia. Só ouvi seus passos se afastando. – Não me liga, não me procura, ok? Não por enquanto. Eu preciso pensar, eu preciso tentar entender tudo isso.
- Pai... – chamei baixo, mas não adiantou. Só ouvi a porta batendo em resposta. Ali, na sala, jogada no sofá, em posição fetal, eu chorei. Chorei tanto que achei que fosse desidratar. Chorei até dormir, ali mesmo. Eu perdi a confiança da pessoa que eu mais amava, eu perdi a confiança do meu herói.

***


Acordei no dia seguinte ouvindo o meu celular tocar ao longe. Me remexi um pouco no sofá, sentindo minha cabeça arder em dor. Bufei, levantando-me e indo atrás do bendito celular. O encontrei dentro da minha bolsa, jogada na mesa da cozinha. Fitei o visor celular, o nome de dançava sobre a tela. Respirei fundo, atendendo:
- Oi, .
- , ei, como você tá? – perguntou com a voz esquisita, meio enrolada.
- Já estive melhor. – suspirei, sentindo meu corpo doer. – Por quê? Que horas são? Você tá me ligando tão cedo!
- Queria saber como foi contar a história para o seu pai, queria saber como você está se sentindo. – confessou.
- Como você sabe que eu contei a história pra ele? – perguntei confusa.
- Ele veio ao meu escritório hoje, assim que cheguei o encontrei aqui, disse que queria conversar. Bom, na verdade, ele me deu um tremendo soco no rosto, eu deduzi que ele havia descoberto a verdade. – ele resmungou, dolorido. – Ouch! Isso tá doendo. Vai inchar pra caralho!
- Ah, meu Deus! – coloquei a mão sobre a boca. – Eu sinto muito, .
- Tudo bem, não é como se eu não merecesse. – comentou. – Mas como você tá?
- Eu tô péssima! – confessei, sentindo meus olhos voltarem a arder. – Me sinto um lixo! Doeu tanto, , tanto.
- Eu imagino que sim, linda. – suspirou cansado. – Eu preciso resolver algumas coisas aqui no escritório, mas, assim que terminar, eu juro, corro pra aí. Tudo bem?
- Tudo bem, eu te espero. – concordei. Ouvi alguns barulhos dentro do quarto e deduzi que Johnny havia acordado. – Escuta, Johnny acordou, eu preciso ir vê-lo. Depois a gente se fala. Beijos, até mais tarde. – e desliguei. Respirei fundo e me levantei, indo até o meu quarto. Johnny estava sentado na cama com uma carinha de sono, esfregando uma mão no olho. – Bom dia, meu amor.
- Mamãe! – sorriu, levantando-se e pulando na cama. Me aproximei dele e ele pulou no meu pescoço, me abraçando. Meu Deus! Como foi bom receber aquele abraço. Eu o abracei de volta, não querendo nunca mais o soltar.
- Ah, que abraço mais gostoso! – beijei o topo de sua cabeça. – Mamãe te ama tanto, meu filho.
- Te amo, mamãe. – falou, beijando minha bochecha.
- Era tudo o que precisava ouvir. – sussurrei. – Ahm, então, o que o meu príncipe vai querer comer essa manhã?
- Panquecas francesas e mel! – falou animado. Sorri, concordando.
- Panquecas com mel, então. – o peguei no colo, levando-o até a cozinha. Depositei Johnny no balcão ao meu lado, enquanto pegava os ingredientes para fazer as panquecas.
- Brilha, brilha estrelinha, quero ver você brilhar... – Johnny começou a cantarolar. Sorri, achando fofo. – Brilha, brilha lá no céu.
- Que lindo, meu amor! – beijei sua bochecha. – Você cantou muito bem, parabéns!
- Canta pra mim, mamãe! – pediu, levantando os braços e balançando as pernas.
- Ok, ok! – ri, achando graça. – Então, eu vou cantar uma música que eu cantava pra você quando você era só um bebezinho, chorava muito e me deixava doida.
- Qual? – perguntou curioso.
- Se chama When i’m with you, é assim... – o peguei no colo, encostei sua cabeça no meu ombro e comecei a cantar baixinho. - “When I hold you in my arms, love, something changes... – fechei meus olhos, imaginando alguns anos atrás, sem muitos problemas, meu filho apenas um bebê que precisava muito de mim. - It's the strangest feeling the things that use to matter, they don't matter to me… - suspirei antes de continuar. - When I see you and you're smiling, how my heartaches so full it’s about to break. - Johnny ouvia quieto, eu podia ouvir apenas a sua respiração leve no meu pescoço. - You make me believe in love, I could never count all the ways that you change me, baby, every day the sky is a deeper shade of blue… When I'm with you - beijei sua cabeça, deixando-me aproveitar aquele momento. Aquele momento de paz que eu sabia que duraria pouco, o momento com o meu filho, meu bebê, a única pessoa do mundo todo que me amava incondicionalmente, que me amava da forma mais pura possível. A única que não me julgava, que não me repreendia. A única coisa que me prendia na terra, meu amor, minha vida.




Capítulo 20




Fitei o telefone, a porta da frente e Johnny sentado à minha frente, no sofá. Estava ansiosa, estava nervosa. Ouvi alguém batendo na porta e me levantei, indo atender. Abri a porta e me deparei com Nathalie.
- Ah, Nath! – pulei em seu pescoço. – Meu Deus, que saudades de você!
- Oi, ! – abraçou-me de volta. – Pois é, a senhorita sempre estava ocupada, nunca tinha tempo pra mim.
- Desculpa, amiga. – puxei-a pela mão, guiando até o sofá. – Minha vida tá uma loucura, eu te expliquei pelo telefone.
- Eu sei, . Sinto muito por tudo o que aconteceu. – apertou minha mão, sentando-se no sofá. Sentei-me no braço do sofá, ao seu lado.
- Tiiiia! – Johnny pulou, animado. Nathalie riu, agarrando-o e o puxando para o seu colo.
- Meu pivete favorito! – abraçou-o. – Que saudades, menino.
- Saudades. – sorriu, retribuindo o abraço. Nathalie o soltou, colocando-o sentado em seu colo, passando a mão no seu cabelo.
- Então, , você está mesmo pensando em ir a esse jantar? – perguntou novamente. Eu havia contado a ela tudo o que tinha acontecido comigo nesses últimos tempos. Contei sobre Emma, sobre o meu pai, que ainda não havia dado notícias, e sobre o jantar. Ela havia feito a mesma pergunta no telefone e eu havia dito que ia. Eu ainda não tinha avisado sobre a minha decisão, mas estava pensando seriamente em ir. Eu precisava ter alguma coisa boa nesse momento. Se o pai dele teve a ideia de me apresentar para a família, não sei, pode ser alguma coisa boa, não? Bom, espero que sim.
- Eu acho que sim, Nath. Eu não posso mais me esconder, eu sabia que se eu quisesse que esse relacionamento fosse pra frente, eu teria que enfrentá-los. – suspirei, fitando Johnny no colo da minha amiga. – E eu quero fazer isso por ele também. Ele merece ter um pai presente, avós paternos.
- Bom, então, se você vai mesmo... – colocou Johnny sentado no sofá, levantando-se depois. – Vamos achar o vestido perfeito pra você. – sorriu, puxando-me pelo braço. – Ah, e não se preocupe com o Johnny, eu fico de olho nele.
- Ah, muito obrigada, Nath! – pulei de novo no pescoço dela. Ela riu.
- Vou acabar sem pescoço assim, né? – revirou os olhos, rindo. – Vem, vamos ver os seus vestidos. – ela me puxou até o meu quarto. O restante da tarde se resumiu em: procurar o vestido perfeito, nas palavras dela. Revirei todo o meu guarda-roupa atrás de algo bom, acabei por optar por um vestido preto, tubinho com alguns detalhes. Quando liguei para , avisando que ia ao jantar, ele quase não acreditou. Perguntou diversas vezes se eu tinha certeza daquilo, que ele não queria que eu me sentisse pressionada e essas coisas. Eu apenas ri, pedindo calma pra ele, porque eu tinha certeza. Eu tenho? E agora, aqui estou eu, terminando a minha maquiagem e meu cabelo, indo direto para a casa dos pais de . Johnny já estava na casa de Nathalie, dormindo, segundo as coordenadas dela. Terminei de passar meu batom e me fitei no espelho. É, não estava tão mal. Me controlei para não roer minhas unhas, iam estragar. Meu celular avisou que uma mensagem havia chegado. Fui até a minha cama, procurando por ele, achando-o perto do travesseiro. Visualizei a mensagem, era de , avisando que tinha chegado, me aguardava lá embaixo. Respirei fundo, peguei a minha bolsa e desci. Avistei o carro de parado em frente a entrada do meu prédio. Ele estava ao telefone, conversando com alguém. Pude ver que estava vestido de terno, o que não era tão raro de se ver. Me aproximei dele.
- Tá, Ethan, só faz o que pedi, ok? – pude ouvir ele pedir. – Eu quero assinar isso o mais rápido possível. – franzi o cenho, não entendendo. Pigarreei, chamando sua atenção. Ele olhou pra mim e sorriu. – Ahm, irmão, eu vou desligar. Daqui a pouco a gente se encontra. – e desligou. Saiu do carro, me fez dar uma voltinha e me deu um selinho. – Meu Deus, tá linda!
- , para! – pedi, sem graça. Ele riu.
- Você sem graça fica ainda mais linda, e aí? – rebateu. Mostrei língua pra ele e andei até o carro, entrando no lado do carona. – Perdeu o charme. – falou rindo, entrando no carro novamente. – Pronta?
- Hm, acho que sim. – tentei ser firme. Então, lá fomos nós. Alguns minutos mais tarde, chegamos finalmente a enorme casa dos . Eu odiava ir à lugares onde todo mundo era elegante demais. Sim, eu estava acostumada as mordomias e elegâncias do meu pai, na casa dele. Mas, poxa, é o meu pai! Não estranhos, não meus, possíveis, futuros sogros. Fomos recebidos por uma governanta. Ela nos guiou até a sala, onde o restante da família estava reunida. Quando pus os pés na sala, todos os olhares caíram sobre mim. Fitei cada um deles. A mais velha, a matriarca da casa, Katherine . Uma senhora, muito bonita pra sua idade, cabelos curtos, bem cuidados, loiros e volumosos. Um par de olhos verdes brilhantes, porém bem sérios. Olhei ao seu lado. Robert , eu já ouvi falar muito dele, me contou sobre o pai algumas vezes. Alto, belo porte físico, loiro e com os olhos da mesma cor dos filhos, . Definitivamente, os filhos puxaram a beleza dele. Sem esquecer, claro, do neto. Ethan e Sophie ao lado deles. Formavam a família perfeita. Emma se encaixa muito bem ali. Me senti totalmente estranha no meio deles. O que uma brasileira ia fazer no meio desses ingleses todos? Saindo do meu transe, senti entrelaçar nossas mãos e nos guiar até eles.
- Pai, mãe... - começou. – Eu quero que conheçam ... – ele me fitou, sorrindo. – A mulher da minha vida. – sorri boba. - , esses são meus pais; Katherine e Robert .
- Olá, , é um prazer finalmente te conhecer. – Robert deu o primeiro passo. Estendeu a mão e eu aceitei. Depositou um beijo no dorso da minha mão, sorrindo logo após.
- O prazer é meu, sr. . – sorri, cordial.
- Olá, . – Katherine falou, observando-me de cima a baixo. Gelei até o ultimo fio de cabelo.
- Olá, sra. . – tentei sorrir sem tremer.
- Meu irmão e sua esposa você já conhece. - comentou. Assenti, sorrindo para eles.
- É claro. Como vai, Ethan? – indaguei, fitando-o.
- Muito bem, e você? – foi simpático.
- Bem, obrigada. – respondi. – Sophie, très belle! - arrisquei um francês. Ela sorriu, contente.
- Merci. - agradeceu. – Você tá linda, .
- Obrigada. – agradeci, sorrindo.
- Então, , você é filha do Charlie, uh? Seu pai é um homem genial. – Robert comentou, colocando uma mão dentro do bolso da calça. Um garçom veio até nós, segurando uma bandeja com algumas taças de champanhe. Me servi de uma, assim como os de mais.
- Eu agradeço por ele, sr. . – sorri, tomando um gole do meu champanhe.
- Oh, me chame de Bob, por favor. – pediu, sorrindo.
- Ok, Bob... – dei ênfase no apelido. – Meu pai é um homem incrível, eu tenho muito orgulho dele.
- Você faz o quê, ? – Katherine perguntou.
- Ahm, no momento, eu não estou fazendo nada. – confessei, meio envergonhada. – Mas estou a procura de um trabalho.
- Entendo. – comentou, tomando um pouco do seu champanhe.
- comentou que você é brasileira, certo? – concordei. – Acho o Brasil um país incrível. Já estive lá algumas vezes, me apaixonei pelas praias.
- Realmente, as praias são lindas. – assenti, recordando-me. – Quando eu era menor, eu morava em frente ao mar. Era tão bom acordar com o som das ondas se quebrando.
- Quero voltar lá um dia, já tenho uma guia, então? – ele sorriu, galanteador.
- Ah, com certeza. – concordei. enlaçou a minha cintura com a sua mão, enquanto começava uma conversa paralela com o seu pai. O olhar de Katherine caiu sobre a sua mão na minha cintura. Sem expressão. Mordi o lábio inferior, nervosa.
- Quanto tempo, . Você ficou de me ligar, mas não deu notícias. – Sophie falou comigo, chamando a minha atenção.
- Ah, sinto muito, Sophie. Eu estava passando por muita coisa por aqui, muita correria e acabei me esquecendo. – fiz uma careta.
- Ah, tudo bem. – abanou o ar. – Precisamos marcar algo, qualquer dia desses. Alguma soirée. – falou rindo, com o seu sotaque francês. Acompanhei-a, rindo também.
- É só marcar! – pisquei, concordando.
- Eu vou retocar meu batom, chéri. – Sophie avisou ao marido. – Vem comigo, ?
- Claro! – concordei. - , eu já volto. – avisei, sussurrando em seu ouvido. Ele sorriu, assentindo. Sophie pegou a taça da minha mão e entregou a , que pegou prontamente. Sophie nos guiou até um dos banheiros do andar de baixo. Aquela casa era enorme, não sabia aonde começava e aonde terminava. Assim que entramos no banheiro, Sophie fechou a porta, virou-se para mim e me fitou. – O quê?
- Pode falar, você está segura. – pediu. – Nervosa?
- Ai, meu Deus! – passei a mão pelo meu rosto. – Está tão na cara assim?
- Mais ou menos, mas eu sei o que é essa pressão toda. – confessou, rindo. – Eles são me intimidadores. Principalmente dona Kate. – rolou os olhos. – Ela é uma boa pessoa, mas é meio rude às vezes.
- Ou só não goste de mim. – dei de ombros. – É compreensível, de qualquer forma.
- Você se acostuma, não se preocupa. – abanou o ar. – Mas tem o Bob. Ah, ele é um amor. – sorriu, falando do sogro. – Ele sempre me tratou super bem, não tenho o que reclamar.
- Claro, você não era a amante do Ethan. – rebati.
- Ahm, é. Mas não liga, tudo vai dar certo. Confia em mim. – piscou, sorrindo. – Ei, como está Johnny?
- Tá bem, ficou na casa de uma amiga minha. – sorri, lembrando-me do meu pequeno. – Kate ainda não sabe sobre ele, não queria assustá-la o trazendo aqui. Nem ela e nem ele. Eu tenho medo de confundir demais a cabecinha do meu filho com tudo isso. – confessei.
- Eu entendo, deve ser difícil pra ele assimilar tudo isso. – balançou a cabeça, concordando. – Mas quando ele for maior, ele entenderá.
- Eu torço por isso, Sophie. – sorri.
- Hm, ?
- Sim? – respondi.
- Será que você podia me dar licença um pouquinho? É porque realmente me bateu uma vontade de fazer xixi. – falou baixinho. Eu ri, concordando e saindo do banheiro. Fiquei em dúvida se esperava por ela ou se voltava para a sala. Optei por esperá-la. Peguei meu celular dentro da bolsa que segurava e fitei o visor, checando, apenas para ver se tinha alguma notícia de Nathalie, mas não havia nada. Ouvi passos se aproximando, olhei para frente, no corredor, vendo Kate se aproximar. Engoli seco.
- Ah, olá, Katherine. – tentei sorrir.
- Olá, querida. – moveu os lábios em um sorriso fino. – Sabe, ainda não tivemos oportunidade de conversamos a sós. Eu queria muito falar com você. Será que podemos?
- Ahm, claro. – concordei, guardando o celular de volta na bolsa.
- Vamos até o jardim, é melhor e há mais privacidade para conversamos. – pediu e eu a segui. O lugar, como toda a casa, era lindo. Kate parou à minha frente, observou-me durante um tempo e depois começou a falar. – Você é linda, .
- Obrigada. – agradeci, sem jeito.
- Você é jovem, bonita, tem muita coisa pela frente ainda. – comentou. – Lembro-me de quando tinha a sua idade, a vida era uma festa. – sorriu. – Lembro-me de quando conheci Robert. Ah, ele era uma galanteador! Tinha todas as meninas aos seus pés, se divertia com todas elas. – comentou com um brilho no olhar. Apenas a observava contar sua história, animada. – Não foi fácil conquistá-lo, mas cheguei lá. – olhou para a aliança em seu dedo. – Robert nem sempre foi esse marido dedicado que é hoje. Já passamos por muitas coisas durante esses cinquenta anos de casados. O casamento não é para qualquer um, sabe? Tem que ter responsabilidades, comprometimento, gratidão, paciência e perdão. Já vi meu casamento se desmoronar algumas vezes, já quase me divorciei de Robert... – fitou-me. – Mas sabe o que me fez não fazer isso? Eu me lembrei do dia do nosso casamento. Os nossos votos na frente do padre. – suspirou, fitando o céu. – Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza... - voltou a me fitar. – Sabe, , foi aí que eu pensei se valia a pena deixar o homem que prometeu me amar apesar de tudo. Eu pesei as qualidades e os defeitos. Eu pensei comigo mesma: “Como vou deixar o homem com tantas qualidades por causa de um defeito? Um erro?”. Ali, eu soube o que era casamento e o que ele significava.
- Desculpa, eu não estou entendendo aonde a senhora quer chegar. – olhei-a, confusa.
- O que eu quero dizer, querida, é que... – ela respirou fundo, aproximando-se de mim. – Você tem certeza que quer isso pra você? Você tem certeza que quer atrapalhar um casamento de anos? – eu abri a boca, incrédula. Então era por isso esse discurso todo? Sobre mim, e Emma?
- Me desculpa, Katherine, mas acho que isso só diz respeito a mim e ao , não acha? – tentei ser paciente.
- Querida, é meu filho. Eu sei o que é melhor pra ele. Vamos lá, você também sabe. – fitou-me, com um ar superior. – Conhecemos Emma e sua família há anos. Eles namoravam desde o colegial, fazem um casal lindo.
- Mas ele não a ama. – falei baixo.
- Ele a ama. – rebateu.
- Não, ele não a ama. – falei mais alto.
- Não seja ingênua, querida. Você sabe que o melhor para o meu filho é ficar com a Emma, sua verdadeira esposa, aquela a quem ele jurou amor eterno na frente de amigos e familiares, jurou amá-la na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separem. – citou os famosos votos de casamento. – Ele jurou amá-la.
- Não... – falei em um sussurro. Eu não sentia as pontas dos meus dedos, meu coração estava acelerado, minhas pernas tremiam, eu queria vomitar.
- pode ser feliz ao lado dela, você sabe. Você sabe que o melhor que tem a fazer agora, é sumir da vida dele. Você é jovem, bonita, encontrará alguém assim também. – sorriu.
- Eu... – senti meu estomago revirar. – Eu... Com licença. – pedi, saindo rapidamente de lá. Eu estava desnorteada, parecia que tudo ao meu redor girava. Pensei em voltar para a sala, mas não ia conseguir. Então, apenas segui em direção à rua, fora da casa. Parei o primeiro táxi livre que vi e fui para longe dali. E eu pensando que não podia piorar. Bom, o que eu estava achando? Era a minha vida. Tudo sempre podia piorar.

’s POV

- Então, amanhã pela manhã, eu levo os papéis do divórcio pra você assinar, ok?- Ethan avisou e eu concordei, sorrindo. Vi Sophie se aproximar de nós novamente, mas sem a companhia de . Estranhei.
- Sophie, onde está a ? Achei que estivessem juntas. – confessei. Ela deu de ombros.
- Ela foi comigo, mas quando sai do toalete, bom, ela não estava mais lá. – explicou. – Mas a ouvi conversando com a sua mãe, achei que estivessem juntas.
- e minha mãe? – perguntei, confuso. Ela assentiu. – Não sei, não.
- Bom, você pode perguntar a ela. – avisou, apontando discretamente para a minha mãe, que se aproximava de nós, sozinha.
- Mãe, você viu a ? – perguntei, indo até ela.
- Acho que ela teve algum problema e teve que ir. – comentou, vagamente. Franzi o cenho.
- O que você fez, mãe? – perguntei entre dentes. Ela deu de ombros.
- Ora, não fiz nada! – fingiu-se de ofendida, depois rolou os olhos. – Ok, ok. Talvez eu tenha dito algumas coisas a ela.
- O que você disse? – perguntei, aproximando-me dela.
- Ah, , disse a verdade. O certo é você ficar com a Emma, ela é a sua mulher, querido. – falou, tocando o meu braço. Tirei sua mão de mim.
- Eu não acredito! – falei alto. – Mãe, quantas vezes eu já pedi pra você não se intrometer na minha vida? Eu não tenho mais cinco anos.
- Mas eu sei o que é melhor pra você, filho. Emma é o melhor pra você. – rebateu.
- Eu não a amo mais. Será que é tão difícil entender? – vociferei. – Kate, tenta entender que o que eu sentia por ela morreu. Eu não a amo mais como eu amava. Emma é uma ótima mulher, ela merece alguém que a faça feliz. Nós nos precipitamos quando nos casamos, mas acho que nós dois sabíamos que não ia durar muito tempo. Na verdade... – falei, pensativo. – Eu só a pedi em casamento porque você, mãe, insistiu muito. Disse que eu tinha que assumir um compromisso sério. Eu precisava honrar com as coisas que começava e nunca terminava. – olhei-a, rindo, irônico. – Esse casamento estava fadado ao fracasso desde sempre.
- Não ouse falar assim comigo! – falou mais alto, apontando o dedo para mim.
- Não, mãe, eu cansei de fazer as coisas que você queria que eu fizesse. – falei no mesmo tom. – Coloca na sua cabeça: eu amo a . É com ela que eu vou ficar! – avisei, andando para fora da casa.
- Ela é só mais um casinho, . Não seja idiota! – gritou de volta. Parei de andar, respirei fundo e me virei para ela.
- Não, ela é a mulher que me faz feliz, é a mãe do Johnny. – confessei.
- Johnny? Quem diabos é Johnny? – perguntou, confusa.
- O meu filho. – expliquei. – Parabéns, Kate, você tem um neto. É uma pena que você não mereça conhecer o quão incrível ele é. – sorri, sem humor. – Passar bem! – e voltei a andar para fora da casa. Enfiei a mão no bolso, sacando meu celular e ligando para o número de . Nem chegou a chamar e foi direto para a caixa postal. Ela havia desligado. – Droga! – vociferei, entrando no meu carro e rumando para a casa dela.

’s POV Off

- , oi, bom dia! – Nathalie sorriu, entrando no quarto, segurando uma caneca, estendendo-a para mim.
- Oi, Nath! – falei, pegando a caneca. Depois da noite de ontem, eu não queria voltar para casa, eu não queria ser encontrada. Então, eu vim para a casa da Nathalie. Cheguei desesperada, chorando e confusa. Meu rosto agora devia estar bem inchado. Ela se sentou na cama, ao meu lado, olhando-me com pena ou algo do tipo. Eu odiava isso. – Obrigada por me deixar ficar aqui.
- Imagina, . – sorriu, passando a mão no meu cabelo. – Então, já decidiu o que vai fazer?
- Eu pensei a noite toda... – tomei um pouco do chá que estava dentro da caneca.
- E? O que você decidiu? – perguntou, curiosa.
- Eu vou voltar para o Brasil.



Capítulo 21



’s POV

Quando você não está bem, tudo parece não ir também. O dia estava escuro, sem graça, sem sol, sem cor. Eu mal dormi durante a noite. Cochilei por algum tempo, mas só. Levantei-me uma hora mais cedo do que o normal, faria tudo arrastado hoje, no escritório. Após o fracasso do jantar, fui até a casa de , interfonei, perguntei ao porteiro, mas ela não estava em casa. Não atendia ao celular também, o que não ajudava em nada. Acabei sem escolha, voltando para o loft. Fitei o café frio na xícara sobre a mesa, onde eu estava sentado. Peguei o celular de novo e tentei mais uma vez. Não chamava, ia direto para a caixa postal.
- Droga! – vociferei, jogando o aparelho para longe. Apenas ouvi seu barulho de encontro ao chão. Enfiei os dedos no cabelo, nervoso. – Isso não ajuda, . Não ajuda! – tentei respirar fundo, tentando me acalmar. Eu tinha que ir para o trabalho. Tinha uma reunião importante. Suspirando alto, levantei-me e criei coragem pra enfrentar o restante do dia. Isso é tortura!
Quando cheguei ao escritório, cumprimentei as pessoas de uma forma automática e sem animação. Se perceberam? Bom, foda-se! Encaminhei-me até a minha sala, procurando me preparar para o que vinha mais tarde. Minha cabeça parecia pesar dez quilos a mais, meu corpo doía e meus olhos ardiam. Eu estava acabado, era um fato evidente. Tirei meu paletó, jogando-o sobre a minha cadeira, sentando-me após. Respirei fundo, alto e fundo, antes de começar a mexer nos documentos sobre a minha mesa. Vi que a luz da secretária eletrônica piscava, decidi ouvir logos as mensagens.

? Oi, é a Kara, da filial da Nike no Canadá. Estou ligando para saber se você já terminou as projeções para o novo comercial. Ligue-me quando puder.”

“Oi, , é a ... – um suspiro longo. – Eu to ligando porque sei que você deve estar me procurando e não quero te deixar preocupado, mas também não quero conversar agora. – outro suspiro. – Então, deixei esse recado na secretária do seu escritório. Acredito que quando você o ouvir já estarei embarcando para o Brasil. Não surte, ok? Eu preciso de uns dias, eu preciso colocar alguns pensamentos em ordem. Eu sei que o melhor a se fazer agora não é fugir, eu sei. Mas ouça: eu não estou fugindo, eu estou me dando um tempo. Espero que você me entenda e me deixe fazer isso. Não me procure, eu o procurarei mais tarde. Johnny e eu ficaremos bem. É isso. Tchau, .”


pegou o telefone da base assim que a mensagem terminou, discou os números de , mas só deram na caixa postal.
- Droga! – falou alto, jogando o telefone na mesa. – Brasil? Brasil, ? – enfiou os dedos no cabelo. – Ela só pode estar brincando!

’s POV Off

- Filho, não solta a minha mão por nada, ok? – pedi a Johnny enquanto empurrava o carrinho com as malas pelo aeroporto. Olhei para os lados, observando algumas famílias se encontrando. Suspirei, apertando a mão de Johnny.
- Cadê a vovó, mamãe? – perguntou, fitando-me.
- Hm, mais tarde a gente vai vê-la, ok? Ela tá ocupada agora. Primeiro vamos procurar um hotel bem legal pra gente ficar. – tentei explicar. Guiei-nos até a saída de táxis do aeroporto, disposta a achar algum livre, mas havia esquecido que estava no Brasil, onde achar um táxi disponível é raro. Havia uma fila enorme aguardando também. – Que ótimo!
- To com fome! – Johnny choramingou, puxando-me pela barra da calça.
- Eu sei, meu amor. – olhei em volta. Nenhum sinal de táxi. – Ok, vamos atrás de algo para você comer. – ele comemorou, levantando os bracinhos e pulando. Apenas ri. Lá dentro, avistei um café e ali mesmo ficamos.
- Mamãe, eu quero ver o . – Johnny comentou, fitando-me. Sorri amarelo, passando a mão pelo seu cabelo.
- Daqui uns dias nós o veremos, ok? – beijei sua testa.
- ? – ouvi uma voz me chamar. Girei o rosto para tentar encontrar. - ? – um homem, sentado à mesa em frente a nossa, perguntou. Franzi o cenho, não o conhecendo.
- Ahm, sim? – perguntei, insegura. Ele sorriu, levantando-se. Então, eu o notei. Alto, moreno, olhos bem verdes, um sorriso deslumbrante. Vestido em uma camisa azul clara, um calça social preta, um relógio de pulso. Ele se aproximou.
- Qual é, não se lembra de mim? – perguntou. Fiz uma careta, negando.
- Desculpa, eu não to conseguindo me lembrar.
- Rafael? Rafael Archetti? A gente fez o ensino médio juntos, . – sorriu abertamente. Um estalo de memória me veio e eu sorri.
- Rafa? – levantei-me. – Não acredito!
- Ufa, até enfim! – ele riu. – Já ia começar a apelar e dizer que a gente namorou.
- Eu lembraria mais rápido. – rimos. – Ei, como vai?
- Vou muito bem e você? Nossa, você sumiu! – perguntou, interessado.
- Pois é, eu to morando em Londres agora. – expliquei.
- Com o seu pai? Como vai o Charlie? – enfiou uma mão dentro do bolso da calça. Nossa, eu não me lembrava de que ele era tão bonito.
- Ele vai bem. – sorri.
- Mamãe, mamãe! – Johnny me chamava. Fitei-o. – Eu quero sorvete! – abanou-se. –Calor!
- É, meu amor, tá quente. – ri.
- O quê? tem um filho? – perguntou, surpreso. – Uau!
- É, algumas coisas mudaram. – falei, sem graça.
- Oi, rapaz! – ele se aproximou de Johnny, agachando-se a sua frente... – Como é o seu nome?
- Johnny. – respondeu prontamente, fitando-o, curioso.
- Oi, Johnny. Eu sou o Rafael. – estendeu a mão para ele, Johnny aceitou, rindo.
- Você se casou, ? – perguntou, levantando-se. Passou a mão na barba por fazer, fitando-me. Encarando-me com aqueles grandes olhos verdes. Puta que...
- Hm, na verdade, não. – ri, sem jeito, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. – Johnny é uma longa história.
- Entendo. – assentiu.
- E você? Arranjou alguém? – cruzei os braços.
- Ah, sabe como é, ainda to superando o fora que você me deu. – colocou a mão sobre o peito, fingindo estar magoado. Rimos.
- Idiota! – estapeei seu braço.
- Não, eu não estou com ninguém. – sorriu. – Você me conhece, sabe que eu não me prendo fácil. – concordei com a cabeça. – Você foi uma das poucas que conseguiu, . – mordi o lábio inferior, sorrindo. – Então, está indo pra casa da Beth?
- Ahm, na verdade, não. – fiz uma careta. – Dona Elizabeth e eu não estamos muito bem. – confessei, sem graça. – Johnny e eu estamos procurando um hotel, sabe? Mas tá difícil achar um táxi por aqui.
- Hotel? Nem pensar! – gesticulou rápido. – Eu não vou deixar vocês ficarem em um hotel. Eu tenho uma casa em frente à praia, moro sozinho. Vou adorar ter companhia.
- Não precisa, Rafa. – avisei. – Nós ficaremos bem em um hotel.
- , por favor, eu vou me sentir ofendido se você negar. – fitou-me. Malditos olhos verdes!
- Ahm... – mordi os lábios, fitando Johnny. – Eu não quero incomodar.
- Você não vai. Eu te garanto! – sorriu. – Vai ser um prazer ter vocês comigo.
- Ok, ursinho, você venceu! – concordei, chamando-o por um antigo apelido.
- , ursinho não. – ele riu, fazendo uma careta. – Isso é muito gay.
- Você adorava ser chamado assim. – alfinetei, levantando o queixo, desafiando-o a negar.
- Ok, mas eu tinha dezesseis anos, né? – levantou as sobrancelhas. – Eu não sou mais aquele garotinho.
- Eu sei, Rafa. – sorri.
- Então, vamos? – concordei com um aceno de cabeça. Peguei Johnny e a bagagem, expliquei ao meu filho que iríamos passar uns dias na casa de um amigo. Ele ficou super animado. Rafael explicou, durante o percurso, que estava no aeroporto porque tinha levado um cliente da sua empresa para embarcar. Ele agora comandava sua própria empresa de consultoria. Era bem sucedido, estava feliz. Assim que chegamos à sua casa, meu queixo caiu. O lugar era lindo!
- Esse lugar é lindo! – comentei, pegando Johnny no colo.
- Eu adoro isso aqui. – comentou, sorrindo. Pegou as minhas malas e depois abriu a casa. – Não tá muito arrumada, não repara. A empregada não passou aqui ainda essa semana. – pediu.
- Imagina, tá ótimo. – sorri, depositando meu filho no chão. Virei-me para ele. – Rafa, muito obrigada por me deixar ficar aqui, sério.
- Não precisa agradecer, . – colocou a mão sobre o meu ombro. – Honestamente, é um prazer. – sorri. – Vem cá. – e me puxou para um abraço. – Saudades de você, baixinha. – beijou o topo da minha cabeça. Suspirei, retribuindo o abraço.
- Eu também senti saudades, ursinho. – ele riu.
- Fica à vontade, ok? Ali naquele corredor à direita fica o quarto de hóspedes. – apontou. – Eu vou dar um telefonema e já volto. – assenti e o deixei sair de casa. Respirei fundo, observando tudo ao redor. Era uma bela casa, muito bem cuidada e organizada. Não parecia que morava um homem sozinho ali. Procurei por Johnny e o vi sentado no sofá, piscando longo e coçando os olhinhos.
- Acho que alguém precisar ir dormir. – sorri, aproximando-me dele. – Vamos tomar um banho e ir pra cama, príncipe? – ele assentiu, esticando os braços para que eu o pegasse. Depois de dar banho em Johnny e colocá-lo para dormir, tomei um banho e fui até a sala. Rafael não estava lá, mas estava na cozinha, cozinhando algo. – Tá prendado agora?
- Eu sempre fui. – e piscou. Balancei a cabeça, rindo. – Vou fazer um prato que eu, modestamente, me saio super bem.
- Hm, e o que seria? – perguntei, aproximando-me do balcão onde ele fatiava alguns pedaços de queijo.
- Uma coisa que a minha mãe me ensinou. Frango à italiana. – sorriu. – Coloquei até o avental pra cozinhar pra você. – deu uma volta, fazendo-me rir.
- Tá lindo! – sorriu de lado. – Mas não precisa se preocupar comigo, Rafael.
- Ei, quem disse que isso era só pra você? Eu também estou morto de fome. – piscou. Ah, essa mania de ficar piscando. Dei de ombros, concordando. – Então, me diz, o que te trouxe ao Brasil novamente?
- Ah, vim espairecer um pouco. – comentei. – As coisas lá não estavam muito bem.
- Quer me contar o que houve? – perguntou, fitando-me.
- Agora não, desculpa. – mordi os lábios.
- Tudo bem, não se preocupe. Mas quando você precisar, eu to aqui, ok? – concordei.
- Obrigada. – sorri. Ele deu de ombros. – E você? Onde está a senhora Archetti?
- Deve estar num lugar muito escondido. – ele riu. – Eu ainda não a encontrei.
- Por que não quis, certo? Aposto que tem muita mulher se oferecendo para o cargo. – cruzei as mãos sobre o balcão, observando-o preparar a comida.
- Algumas. – riu, sem graça. – Mas não é fácil assim. É alguém pra vida toda, né? Não pra uma noite.
- Eu entendo. – suspirei.
- E, além disso, você lembra que prometeu se casar comigo? – ele riu, lembrando-se.
- E íamos ter quatro filhos. – lembrei junto. – Ia ser durante um luau o nosso casamento.
- Minha mãe ia te emprestar o vestido dela. – nós rimos. – Foram bons tempos.
- Foram ótimos! – sorri, fitando seu rosto.
- , posso te perguntar uma coisa? – assenti com a cabeça. – Quem é o pai do seu filho?
- Você. – falei, séria. Ele arregalou os olhos e eu comecei a rir. – Relaxa, ursinho! – ele fez uma careta. – O Johnny teria que ser bem mais velho pra ser seu filho. – suspirei baixo. – Johnny é filho de um inglês, um caso antigo que eu tenho. É tudo muito complicado quando se trata dele.
- Vocês estão juntos ainda? – perguntou, aproximando-se de mim.
- Até onde eu sei, sim. – abaixei a cabeça, fitando meus pés. – É como eu disse, é tudo muito complicado. – ele levantou meu queixo, fitando meus olhos.
- Eu não sei o que acontece entre vocês, mas eu tenho certeza que ele seria um idiota se te perdesse. – sorriu de lado. – Você sempre foi uma pessoa incrível, . Sempre foi minha amiga, minha namorada. – passou o polegar pelo meu maxilar e queixo.
- Você também sempre cuidou de mim. – sorri, retribuindo o olhar.
- Eu tenho um ponto a favor, sua mãe sempre gostou de mim. – sorriu e eu sorri junto, concordando.
- É, nem sempre. – ri. – Ela não gostou de saber que você tirou a virgindade da filha dela. – ele riu alto.
- Eu fiz isso, né? – mordi o lábio inferior, assentindo. – Eu sou o cara, então.
- Rafael! – estapeei-o, empurrando. Nós rimos.
- Ei, sabe quem trabalha comigo? – voltou para atrás do balcão, terminando de preparar o jantar. Sentei-me do outro lado.
- Quem? – perguntei curiosa.
- Jackie. – sorriu.
- Jackie? A Jackie? – sorri largamente, observando-o concordar com a cabeça. – Não acredito! Que saudades dela.
- Pois é, ela se casou com o Luís logo após o colegial, mas não deram muito certo e se divorciaram. – deu de ombros. – Mas eles tiveram um filho, o Arthur, ele tem dois anos.
- Sério? Nossa! – falei, surpresa. – Eu nunca imaginei eles separados. Achei que duraria pra sempre. – ele balançou a cabeça, concordando.
- Pra você ver. Nem sempre as coisas saem com nós planejamos. – fitou-me por um tempo, desviando em seguida. Senti meu rosto corar. Ele terminou de preparar o prato, colocando-o no forno, tirou o avental e veio até mim. Ok, eu não tinha reparado que ele estava sem camisa esse tempo todo. Ok, eu também não tinha reparado que ele realmente tinha se desenvolvido durante todos esses anos. Depois de pronto, finalmente nos servirmos. Estava delicioso! Ele tem realmente dotes culinários. – Vamos pra sala. Vamos conversar lá. – concordei e o segui. Sentamo-nos no sofá, de frente um para o outro. Ele sorriu.
- O que foi? – levantei uma sobrancelha.
- Você não mudou muito. – confessou, descansando o braço no encosto do sofá. Fiz uma careta. – É sério! Pra mim, você é a mesma menina por quem eu era apaixonado. – mordi o lábio inferior. – Só que agora mais gostosa.
- Como você é idiota. – ri, balançando a cabeça. Rafael continuou me fitando. – Ahm, acho que vou dormir. – levantei-me. – Ainda to com o maldito jet lag. – ri. – Boa noite! – abaixe-me até ele e depositei um beijo em sua bochecha.
- Boa noite, . – ele me acompanhou com o olhar. Suspirei baixo, entrando no quarto e me jogando na cama de casal. Johnny dormia tranquilamente, todo jogado. Sorri, observando-o e, consequentemente, lembrei-me de . O que será que ele estaria fazendo agora? Além de estar caçando a minha cabeça. Respirei fundo, fechando meus olhos, tentando dormir. Sonhei a noite toda com ele.


Senti alguém cutucando a minha bochecha, abri meus olhos e me deparei com Johnny. Sorri, fazendo cócegas nele.
- Bom dia, filho. – beijei sua testa. Espreguicei-me e me levantei da cama. Fui até a janela e a abri. O barulho do mar preencheu meus ouvidos e a visão dele preencheu meus olhos. – Johnny, olha isso, meu amor. – chamei-o. Ele correu até mim, peguei-o no colo, apontando o mar a nossa frente. – Não é lindo?
- É, mamãe. – falou, hipnotizado. Seus olhinhos brilharam.
- Vamos tomar um banho fresco, porque o dia tá bem quente. – comentei, levando-o para o banheiro. Enquanto tirava a sua roupa, ele ficou quieto, até soltar algo que apertou meu coração.
- Saudades, mamãe. – fez um biquinho como se fosse chorar. Segurei seu rostinho entre minhas mãos.
- Saudades de quem, meu amor? – perguntei, fitando-o.
- . – confessou, enfim. Suspirei alto. Isso que dava o acostumá-lo mal. Ir visitá-lo quase todos os dias. Agora ele sente falta do pai que nem sabe que é pai dele.
- Johnny, meu amor, o tá ocupado. Daqui uns dias, vocês se falam, ok? Eu prometo! – tentei sorrir.
- Tá bom, mamãe. – balançou a cabeça, concordando. Coçou o olho e continuou com um biquinho de choro. Eu odiava fazer isso com ele. Ouvi alguém batendo na porta do quarto.
- ? Já está acordada? – ouvi a voz de Rafael do outro lado. Deixei Johnny no banheiro e fui até a porta, abrindo-a.
- Ei, bom dia! – sorri.
- Bom dia! – ele sorriu, encostando-se no batente da porta. – Dormiu bem?
- Dormi sim, obrigada. – balancei a cabeça. Um mini furação sem roupa correu até nós. – Johnny, volte para o banheiro, criança. – Rafael riu. – Você tá pelado, menino!
- Não, não. – riu, escondendo-se atrás das pernas de Rafael.
- Johnny, eu to mandando. – falei, séria.
- Quero não, mami. – falou entre risos.
- Ei, pequeno! – Rafael se agachou até ele. – Que tal se você tomar banho e depois a gente dar uma volta na praia? Uh?
- Eu quero! – respondeu animado. – Banho! – levantou os braços, correndo de volta para o banheiro. Nós rimos.
- Você tem jeito com crianças, hein? – comentei, cruzando os braços.
- Que nada! – ele riu, coçando a nuca. – Bom, eu vou deixar você dar banho nele. Encontro vocês na sala.
- Ok! – concordei, finalmente indo dar banho na minha pequena peste. Depois de arrumá-lo e me arrumar também, seguimos ao encontro de Rafael. Ele estava encostado no batente da porta de entrada, falando com alguém no celular. Assim que nos viu, sorriu, desligando o telefone.
- Prontos? – perguntou, aproximando-se. Fitou Johnny sorrir, assentindo, virando a atenção para mim, logo após.
- Não precisa fazer isso se não quiser. Eu sei que você é ocupado, não se preocupe com a gente. – pedi.
- , relaxa. Eu tenho direito a folga também, ok? – riu, fazendo-me rir também. – Agora, vamos à praia.
- Ueba! – Johnny pulou. – Praia! – rimos e, em seguida, fomos à praia. Estávamos andando perto do mar, estava calmo, o mar e as pessoas ali presentes. Johnny segurava minha mão enquanto observava as marcas que seus pequenos pés faziam na areia. Rafael estava caminhando ao meu lado, com as mãos dentro dos bolsos da calça.
- Então, , vai me contar o que realmente aconteceu com você? – perguntou de repente. Suspirei, desviando o olhar para o mar.
- Ah, Rafael, é difícil explicar. Não é uma parte que eu me orgulhe da minha vida. – sorri, triste, direcionando o meu olhar até ele. – Não é algo que eu realmente queira muito dividir com as pessoas.
- Eu não sou qualquer pessoa, . Você sabe disso, não é? – acenei com a cabeça. – Qual é, pode confiar em mim.
- Eu vou te contar. Pode ser mais tarde? Assim que o pequeno aqui estiver dormindo? – pedi, decidindo-me, enfim.
- É claro, sem problemas. – sorriu, segurando meu ombro.
- Mamãe, meu pé, meu pé. – Johnny falou, dando pulinhos. – Quente, quente!
- Ei, corre aqui, campeão! – Rafael chamou-o. Johnny me fitou, em dúvida. Balancei a cabeça, consentindo. Ele foi até ele. Rafael se agachou, pegando meu filho nos braços. – Pronto, agora não vai mais queimar os pés.
- Mas tá folgado, hein, príncipe? – ele riu, colocando a mão na boca.
- Rafael? – ouvimos alguém o chamando. Ele se virou, encontrando uma loira, bonita, alta e sorridente.
- Linda? – ele também sorriu. – Nossa, quanto tempo!
- É verdade. – ela se aproximou. – Como vai?
- Eu vou bem e você? – perguntou, ajeitando Johnny nos braços.
- Vou muito bem, obrigada. – tirou uma mecha de cabelo que teimava em cair sobre o seu rosto. – E a família? Não me apresenta?
- Ah, não, não. – ele riu. – A é uma amiga de infância. – apressou-se em corrigir. – E este é seu filho, Johnny.
- Oh, que gafe! – riu. – Bom, de qualquer maneira, é um prazer conhecê-los. – apenas sorri. – Vou deixá-los em paz. Aproveitem a praia!
- Obrigado, você também. – Rafael sorriu. Logo após, ela saiu, andando para longe de nós. E nós voltamos a caminhar. – Foi mal por isso.
- Ah, imagina! – abanei o ar. – Uma honra ser parte da família de Rafael Archetti.
- E se fosse verdade? – soltou de repente. Franzi o cenho, confusa. – E se realmente vocês fossem a minha família? Poderia ter sido, certo?
- É, certo. – ri, sem graça.
- Sorvete! – Johnny apontou um carrinho de sorvete mais à frente. Sacudiu-se no colo de Rafael, pedindo para descer. Ele o pôs no chão, Johnny correu até o carrinho.
- Filho, não corre! – pedi alto.
- , cuidado! – Rafael avisou, puxando-me para de encontro a ele. Um rapaz de bicicleta passou ao meu lado, em alta velocidade. – Ufa! – ele riu, segurando-me pela cintura. Minhas mãos estavam firmes em seu peito. – Você está bem?
- To sim, obrigada. – sorri, agradecida. Rafael apertou os dedos na minha cintura, consequentemente, fazendo-me quase prender a respiração. Fitou meus olhos fixamente, deixou um sorriso de canto aparecer em seus lábios, abaixou a cabeça e encostou a testa à minha. Senti meu celular vibrar dentro do meu bolso, dei um salto para longe dele. – Desculpa. – pedi, pegando o celular. Ele deu ombros, passando a mão no cabelo. Visualizei a bina. Suspirei alto. – Pode olhar Johnny por um momento, por favor?
- Tudo bem. – concordou, indo até o meu filho e ficando ao seu lado, agachado.
- Alô? – atendi, finalmente.
- , finalmente você me atendeu! - vociferou do outro lado. – Você não pode fazer isso comigo, ok? Não pode simplesmente me deixar um recado avisando que vai sair do país. Não pode me ignorar sem dizer o que aconteceu. Você não pode me afastar do meu filho sem motivos. Você não pode, ! – esbravejou.
- Eu sei, sinto muito. – falei, enfim. – Você tá certo, eu não deveria ter saído assim. Mas, por favor, tenta entender. Eu estava me sentindo pressionada por todos os lados, eu precisava de um tempo só pra mim.
- E não podia ter esse tempo aqui? Comigo ao seu lado? – suspirou. – Você realmente tá no Brasil?
- Eu estou, . – confirmei.
- , vai querer algum? – Rafael perguntou alto, apontando para o sorvete. Neguei com a cabeça, sorrindo logo após.
- Isso foi voz de homem? , quem está aí? - perguntou alto.
- Não é ninguém, . – falei, dando um tapinha na minha testa. Arght, burra!
- , eu ouvi voz de homem. Eu não sou surdo! – vociferou. – Quem diabos está aí com você?
- Ah, é só um amigo de infância. Nada demais, não se preocupe. – tentei contornar a situação.
- Eu não gostei, não to gostando disso. – foi firme. Segurei um risinho. Ele estava com ciúmes? – Cadê ele? Coloca ele na linha, aí.
- , para! – pedi. – Não vou colocar ninguém na linha, não precisa disso.
- Quando você volta? – voltou ao assunto inicial. Passei a mão no cabelo, tentando arrumar o que o vento havia bagunçado.
- Eu não sei. – fui sincera.
- Eu não vou te perder, vou? – abaixou o tom de voz. – Não faz isso comigo, vai. Volta pra cá, volta pra casa, volta pra mim?
- , não me pede isso agora, por favor. Eu pedi pra você não me ligar. – fechei os olhos, colocando a mão sobre a testa.
- Como eu não peço isso, ? PORRA! – falou alto. – Num minuto eu estou com a mulher que eu amo, no outro, ela está em outro país com outro cara. Como eu devo me portar diante disso?
- , acalme-se! – pedi no mesmo tom. – Eu não vou te deixar, não seja idiota. – gesticulei com a mão, nervosa. – São só alguns dias, eu vou voltar.
- , eu te amo...
- ...
- Não, me escuta! – ele me interrompeu. Fiquei calada, ouvindo-o. – Eu sei que eu não sou o cara perfeito pra você, eu não sou o cara que você sempre quis, posso não fazer as coisas certas, ou escolhas... – suspirou. – Mas eu to tentando. Eu to tentando ser o cara que merece você, entende? O cara que merece ser o pai do seu filho.
- Mamãe! – Johnny se aproximou, rindo. Rafael chegou logo atrás, pareciam estar brincando, pois Johnny se escondeu atrás de mim, ainda rindo. – Não me pega!
- É o Johnny? – perguntou ao escutar a voz do filho. Confirmei. – Eu posso falar com ele?
- Príncipe, quer falar com o ? – perguntei, agachando-me. Ele soltou o sorvete no chão e esticou as mãos.
- ! – sorriu. Entreguei o telefone para ele, que o segurou com as duas mãozinhas. – Alô? To bem. – ele riu. – Também, mas a mamãe não deixou. – fez um bico enorme. – Eu to na praia com a mamãe e o tio. – abaixou a cabeça. – Tio Rafael. – mordi o lábio inferior e fitei Rafael. Ele gesticulou um “crianças”. – Não sei. – olhou-me, sem entender.
- Esse moleque fala melhor inglês do que eu. – Rafael comentou baixo. Apenas ri, balançando a cabeça. – É o tal cara? O pai dele?
- É ele mesmo. – sorri, sem graça.
- Tá bom, . Tchau! – e estendeu o telefone pra mim, peguei-o prontamente.
- ? – respondi um “sim?” em resposta. – Só não demora, ok?
- Eu não vou. – sorri. – Tchau, . – e desligou. Fitei Rafael e depois Johnny. – Quem quer tomar outro sorvete?


Ajeitei Johnny sobre a cama, passei a mão no seu cabelo e depositei um beijo em sua testa.
- Boa noite, meu pequeno. – sussurrei, afastando-me da cama e saindo para a sala. Rafael estava encostado perto da janela, observando a vista lá fora. Estava sem camisa, apenas com uma calça de moletom e tragava um cigarro. Hm, não sabia que ele fumava. Fiquei observando-o por um tempo. Ele parecia perdido em pensamentos. Aproximei-me dele calmamente. Ele direcionou o olhar pra mim, soltou a fumaça pela boca e sorriu. – Johnny dormiu, finalmente. – ele balançou a cabeça, concordando.
- Quer dar uma volta lá fora? – perguntou, fitando-me.
- Tudo bem. – concordei, sorrindo. Minutos depois, estávamos andando novamente sobre a areia da praia, mas, desse vez, estava à noite e estávamos sozinhos. Rafael continuava sem camisa. Fiquei com inveja, estava morrendo de calor, queria poder ficar sem roupa também. É, ok, isso não soou muito bem.
- Então, por onde quer começar? – incentivou-me a contar. Mordi os lábios, fitando o mar.
- Eu vou tentar dar uma resumida. – comecei, respirando fundo. – Quando fui para Londres, eu conheci esse cara, a gente meio que se curtiu no primeiro instante, sabe? – dei de ombros. – Não sei explicar! Mais por minha parte, talvez. – suspirei. – Bom, o que eu descobri depois, foi que ele era casado. – dei uma pausa, esperando alguma reação de Rafael, mas não houve nenhuma. – Eu não me orgulho disso, mas a atração que eu sentia por ele era tão grande, que eu não vi problema em continuar com ele mesmo sabendo da verdade. Durante esse tempo, eu engravidei. – falei, como se fosse óbvio. – E não tinha mais pra onde correr. Eu tive que assumir tudo sozinha por um tempo, não porque ele não quis, mas porque não sabia da existência do filho. – respirei fundo, continuando. – Bom, há pouco tempo, a mulher dele descobriu a verdade, meus pais também e os dele. E desde então, não vem sendo nada fácil. – parei de andar, fechando os olhos. Sentindo que poderia começar a chorar. – É muito julgamento, é um fardo enorme. – abracei meu corpo, apertando-me. – Eu não premeditei tudo isso, eu não pesei as consequências no começo. Só quando Johnny veio ao mundo que eu percebi que tudo isso era muito mais sério do que eu havia planejado. – mordi meus lábios com força.
- Oh, ... – Rafael disse, parando à minha frente e segurando meus braços. – Eu sei que não é fácil, há muitas consequências nessas escolhas. – ele passou o polegar sobre meu rosto, enxugando uma lágrima que teimava em descer por ali. – Mas eu tenho uma pergunta: ele te ama? – fitei seus olhos. – Não você, porque isso é evidente. Mas ele. Ele te ama?
- Ama. – respondi, sorrindo. – Ele tem se mostrado um grande homem, um grande pai.
- É isso o que realmente importa. Não adiantaria sofrer tudo isso por nada, entende? Se ele não te amasse, claro, seria um idiota... Mas se ele não te amasse, aí sim você deveria correr de todo esse sofrimento. – acariciou meu rosto. – Se você quer tanto ele, se você vê um futuro ali, luta por isso, corre atrás da sua felicidade e não deixa ninguém. Ouviu? Ninguém tirar isso de você. – sorri, esticando os braços e o abraçando. – Ei.
- Obrigada, Rafa. Muito obrigada! – apertei-o em meus braços.
- Não por isso. – sorriu, beijando minha bochecha. – Sabe, é melhor você não me agradecer mesmo.
- Não? Por quê? – afastei-me um pouco dele só para fitá-lo. Ele levantou uma sobrancelha, rindo. – O quê? – ri junto, tentando tomar distância dele.
- Tá quente, né? – comentou, despreocupado, passando a mão pelo cabelo e andando até mim. Franzi o cenho. – E se a gente tomasse um banho de mar?
- Não, tá louco? – ri, andando de costas. – Nem pensar, Rafael.
- Só um pouquinho, . – aproximou-se ainda mais.
- Rafael, não. – comecei a rir.
- Então, começa a correr! – avisou.
- O quê? Não! – e saí correndo com ele em meu encalço.
- Tá fraquinha demais! – riu, alçando-me e me pegando no colo.
- NÃO! – gritei, segurando em seu pescoço. Rafael andou comigo no colo até o mar. – Ai, meu Deus! Você é louco!
- Só um pouquinho. – comentou, fingindo me jogar no mar. – Pronta?
- Não, não. – fechei os olhos, rindo.
- Nossa, mas que medrosa! – riu. – Abre os olhos, .
- Não quero. – confessei.
- ? – chamou-me. Abri os olhos devagar, fitando-o. – Confia em mim. – mordi o lábio inferior, assentindo. Ele sorriu e, de repente, senti a água gelada me encharcar. Soltei um gritinho com o susto da água estar tão gelada, ele continuava rindo. – Vem cá, medrosa! – puxou-me pela cintura, colocando nossos corpos bem perto um do outro. Passei as mãos por meu cabelo molhado, tentando tirar um pouco da água, repousando-as sobre os ombros dele depois. Rafael fitou meus olhos e depois desceu pra minha boca. – Seria muito errado eu querer te beijar agora? – meu coração disparou. Seria?
- Ahm, eu... Eu não sei. – confessei, fixando meus olhos nos dele. Acompanhando o movimento que eles faziam olhando para o meu rosto. Senti suas mãos se apertarem em minha cintura. Aproximou o rosto, encostando seu nariz no meu. Fechei os olhos, sentindo sua respiração bater contra a minha boca. Respirei fundo, contei até cinco mentalmente e me afastei. – Eu acho melhor não.
- Tudo bem, eu compreendo. – falou, sorrindo triste. – Arght! – falou alto, jogando-se no mar de uma vez. Mergulhou e começou a nadar para longe de mim. Emergiu, passando as mãos no cabelo. – Você ainda me deixa louco, ! – falou alto.
- Eu sinto muito. – falei de volta. Ele riu, balançando a cabeça.
- Você falou isso quando terminou comigo. – deu de ombros. – Eu também sinto.
- É melhor voltarmos, não é? – pedi, saindo da água. Rafael saiu logo depois. Senti sua mão segurar meu braço e me virar de frente para ele.
- Desculpa, não dá! – pediu e me beijou. Enfiou seus dedos gelados por entre meu cabelo molhado, pousei uma mão sobre o seu peito e a outra no cós da sua calça molhada. Aos poucos, o beijo foi parando, desacelerando. Rafael ofegou, encostando a testa na minha. – Eu... Eu sinto muito, mas eu não sinto muito. – fitou meus olhos, roubando-me um selinho após. – Dorme comigo essa noite, ?



Capítulo 22



Fitei Johnny pulando e cantando ao som da Galinha Pintadinha, em frente a TV. Suspirei, direcionando meu olhar para a minha mãe, que saía da cozinha trazendo consigo dois copos de suco. Entregou-me um, sentando-se ao meu lado, no sofá.
- Ele tá tão grande, né? – comentou, fitando Johnny. Balancei a cabeça, concordando.
- É, ele cresceu muito. – tomei um gole do suco, que era de morango, depositando o copo sobre a mesa, logo após. – Mãe... – comecei, virando-me para ela. – Eu... Eu sinto muito. – ela suspirou, fixando os olhos em mim, prestando atenção nas minhas palavras. – Eu não queria que você me odiasse, não queria ser uma vergonha pra você... – respirei fundo. – Eu sinto tanto a sua falta. – reprimi a vontade imensa que estava de chorar. Mordi os lábios, fitando-a. – Eu não quero que você perdoe as minhas atitudes, ou as entenda. Mas, por favor, não afaste Johnny de vocês. Eu quero dizer, você e papai. – passei o dorso da mão no rosto, sentindo meus esforços de não chorar irem pelo ralo. – Ele só pode contar com vocês como avós. Vocês dois são os melhores exemplos dele. Ele ama tanto, tanto vocês.
- , para! – ela pediu, puxando minhas mãos. Fitei-a, sentindo as lagrimas molharem o meu rosto. – Não fala bobeira! – apertou minhas mãos. – Eu não te odeio. Por Deus, você é minha filha! – falou alto. – Você é sangue do meu sangue. Você é o único presente que Deus me deu. Eu jamais te odiaria, filha. – suspirou. – Confesso, não fiquei animada com toda história, não fiquei feliz. Mas você já é adulta, você sabe o que faz. Eu te criei, , eu sei como eu te criei, a educação que eu te dei. Apesar de tudo, entenda, você é uma das melhores pessoas que eu conheço. Eu tenho orgulho de ser sua mãe. – sorriu, deixando uma lagrima rolar pelo seu rosto.
- Ah, mãe! – choraminguei, abraçando-a fortemente. – Eu te amo!
- Também te amo, meu amor. – beijou minha bochecha, limpando meu rosto. – Amo você e Johnny. – direcionamos o olhar para ele, que ainda pulava animado com a música. Sorrimos. – Mas, ei, o que te trouxe ao Brasil? Não foi só para me ver, foi? – dei de ombros. - , vamos, me conte! Aliás, quem era aquele lindo rapaz que veio te deixar aqui em casa?
- Era o Rafael, mãe. – expliquei. Ela franziu o cenho, não se lembrando. – Meu ex-namorado, meu melhor amigo, Rafael.
- Oh, aquele era o Rafael? – concordei. – Oh, puxa! Como ele está diferente, querida. Tão lindo! – concordei. – Mas ele parecia meio triste, aconteceu algo?
- Hm, ele ficou meio chateado por eu ter negado um pedido dele mais cedo. – comentei. Não iria entrar em detalhes de como ele havia me pedido para dormir com ele, e de como eu neguei rapidamente. Pedindo que me trouxesse para a casa da minha mãe o mais rápido possível. – Mas, de qualquer forma, você está certa. Eu vim para o Brasil tentar colocar a minha cabeça no lugar, as coisas não estão muito boas em Londres.
- Eu imaginei. – comentou. – Seu pai me ligou, .
- Ele não fala mais comigo. – abaixei a cabeça, fechando os olhos. – Tudo tá dando tão errado. – suspirei. – Meu pai não fala mais comigo, a mãe de me odeia e eu não consigo viver em paz com o homem que eu amo.
- A situação de vocês não é das mais fáceis, filha. – concordei. – Mas eu conheço você, se tudo isso não valesse a pena, você não lutaria tanto por isso.
- Eu penso em Johnny.
- E em você. – falou, sendo óbvia. – Eu não posso com esse amor. Eu não posso, seu pai também não e muito menos a mãe de . – sorriu. – Você o ama, isso não vai mudar.
- Queria poder mandar no meu coração.
- Todos nós queríamos, querida. – e me abraçou. Senti-me aquecida pelo seu abraço, pelo seu calor e carinho de mãe, que eu tanto senti falta. De me sentir segura ao lado de alguém, de alguém que eu poderia contar para sempre.


’s POV

- , você tá me ouvindo? – Ethan bateu a mão na mesa, chamando a minha atenção. Olhei-o, assustado, acordando do meu transe. – Cara, onde você tava?
- Desculpa, Ethan. – pedi, passando as mãos no rosto. – Eu não tô no meu melhor dia. Minha cabeça tá muito cheia, tá explodindo.
- Ainda a história da ? – balancei a cabeça, concordando. – Você ainda não conseguiu falar com ela?
- Até consegui, mas acho que foi pior. – suspirei, fitando a janela do meu escritório. – Acho que vou perdê-la, Ethan.
- Por quê? Ela disse que não quer mais ficar com você? – neguei. – Então?
- Ela tá no Brasil, cara. – falei mais alto. – E eu ouvi voz de homem com ela. Homem. HOMEM! – levantei-me da cadeira, nervoso. – Ela tá com outro, sabe o que é isso?
- , acalme-se! – pediu, gesticulando com as mãos. Ethan segurou um risinho. Fulminei-o com o olhar.
- Qual a graça, idiota? – vociferei.
- Ei, calma! Eu não tenho culpa disso. – defendeu-se. – É engraçado, . Aceite! Você está com ciúmes, cara. Tá morrendo de ciúmes, tá inseguro. – riu. – Vamos, confesse, é engraçado.
- Estou rindo? – apontei para o meu rosto sem expressão. – Ótimo.
- , relaxa! Pelo o que eu pude perceber, essa garota te ama. – comentou. – Ela não teria te aguentado tanto tempo se não amasse.
- Mas ela tá com outro em outro país, Ethan. Como eu posso lidar com isso? – desabei na cadeira novamente.
- Lidando como um lidaria. – sorriu. – Não pirando!
- Arght! – abanei o ar. – Esqueça isso, o que você estava dizendo antes mesmo? Sobre os papeis do divórcio?
- Ah, sim. – endireitou-se na cadeira. – Eu só preciso da sua assinatura.
- E da Emma? – franzi o cenho.
- Eu já a tenho. – deu de ombros. – Consegui ontem.
- Ela deu o divórcio fácil assim? – perguntei, não acreditando. Ele assentiu. – Nossa!
- É, eu também me surpreendi. – abriu a pasta, retirando de lá alguns papéis e colocando-os sobre a mesa. – Aqui, aqui e aqui. – apontou para o lugares onde eu deveria assinar. Peguei uma caneta, finalmente, assinando. – Bom, essa é a sua cópia. – entregou-me. – Então, caro, irmão... – sorriu, levantando-se. – Você é oficialmente o mais novo divorciado de Londres. Parabéns!
- Valeu, Ethan! – sorri, estendendo a mão. – Obrigado por ser meu advogado. – ele aceitou meu aperto de mãos. – E claro, meu irmão.
- Só não se divorcie de novo, ok? – brincou.
- Pode deixar. – ri, concordando.
- Ah, no dia do fatídico jantar, Sophie e eu íamos dar uma notícia, mas acabou não tendo como. – ele fez uma careta.
- Que notícia? – franzi o cenho.
- Eu vou ser papai, mano. – sorriu animado.
- Ah, não acredito! – sorri junto. – Cara, meus parabéns! – dei a volta na mesa, abraçando-o. – Sophie deve tá muito feliz com isso.
- Nós estamos. – passou a mão no cabelo. – A gente já estava tentando isso há algum tempo e, bom, finalmente conseguimos.
- Felicidades, companheiro. Vocês merecem! – dei um tapinha em seu ombro. – Robert vai pular de alegria.
- Vai mesmo! – rimos. – Ele falou que adorou conhecer Johnny. Eu também quero conhecê-lo, irmão, um dia.
- Você vai. Se a estivesse aqui... – dei de ombros. – Você o viria imediatamente, mas isso ainda não é possível.
- Tudo bem, eu entendo. – sorriu. – Bom, eu vou indo.
- Mande um abraço para Sophie. – sorri, acenando.
- Mandarei. – assentiu, sumindo das minhas vistas. Suspirei, pegando o meu celular e vasculhando as imagens, achando uma foto de Johnny, que eu havia tirado da ultima vez que passamos o dia juntos. Ele estava sorrindo para a câmera, no caso, para mim. Sorri. Batuquei os dedos sobre a mesa, levantando-me depois. Rumei para fora do escritório, decidindo ir ao shopping comprar um presente para Sophie.


’s POV Off

“Sophie e Ethan serão pais, não é maravilhoso?! Fui comprar um presente para Sophie, entrei na loja de presentes e parei na seção das crianças. Vi um caminhão de brinquedo, lembrei-me de Johnny. Será que ele vai gostar se eu der um a ele?
xx, .


Li, deixando um sorriso brotar em meu rosto.
- Qual o motivo do sorriso? – mamãe perguntou, sorrindo junto.
- me mandou uma mensagem. O irmão dele vai ser pai. – expliquei, sorrindo. – Eles queriam muito isso.
- Que bom, querida. – balançou a cabeça. Johnny estava deitado entre nós duas, dormindo, na cama. Mordi o lábio inferior, pensando se respondia a mensagem logo. Dei de ombros, respondendo.
“Sério?! Que ótima noticia! Deseje felicidades a eles por mim.
Quanto ao presente de Johnny, bom, ele vai adorar qualquer coisa que vier de você, amor. :)
xx


- , o que pensa em fazer agora? Digo, sobre você e ? – mamãe perguntou, passando a mão no cabelo do neto, adormecido.
- Parar de me fazer de coitada! – falei confiante. – Eu vou enfrentar Katherine, Emma ou qualquer um que esteja impedindo a minha felicidade. Eu vou voltar pra Londres e vou atrás do que eu mereço, do homem que eu amo.
- Bom, boa sorte! – deu de ombros, sorrindo. – Eu vou estar aqui sempre que você precisar.
- Obrigada, mãe. – sorri, agradecida. Senti meu celular vibrar entre meus dedos. Fitei-o e vi que duas mensagens haviam chegado.

“Amor? Poxa, , não isso comigo. Volta logo, por favor?! Eu sinto a sua falta! :( ”


E a outra mensagem dizia:
“Vem ficar comigo. Eu te amo, minha linda. <3”


Sorri largamente, respondendo-o.

“Eu sempre te amei. <3”


***


Mordi a unha do meu dedão, fitando a porta. Bufei, desviando o olhar para o meu celular. Estava quieto. Sem mensagens, sem ligações. Eu havia chegado a Londres de madrugada, mas ainda não tinha avisado a . Decidi fazer uma surpresa a ele, deixei Johnny com a babá e vim direito pra casa dele, mas quando cheguei, ele não estava mais. Então estou aqui no loft, esperando-o chegar, mas até agora nada. Suspirei alto, levantando-me e indo até a cozinha. Abri a geladeira, buscando alguma comida, porque minha barriga começou a roncar de fome de tanto espera-lo. Cerveja, suco de uva, água, leite, frutas, torta de chocolate, pão integral... Optei por um pedaço de torta de chocolate. Suspirei, encostando-me ao balcão da cozinha, comendo a torta. Olhei em volta, eu senti falta daquele lugar, mas não pelo o que ele me fazia lembrar, mas de estar com . Aquele loft nunca foi o meu lugar preferido. Eu sempre quis um lugar nosso, onde pudéssemos ficar só eu, ele e o nosso filho. Olhei no relógio do micro-ondas, já estava tarde e nada de aparecer em casa. Suspirei, cansada, voltando para a sala, disposta a voltar para a minha casa. Ouvi o barulho de alguém destrancando a porta. Fiquei parada, fitando a porta. abriu a porta, fixando os olhos em mim, surpreso. Ele tirou os fones de ouvido da orelha. Observei-o por um momento; regata suada, bermuda e cabelo bagunçado. Até suado esse homem consegue ser sexy. Mordi a boca, sorrindo.
- Oi. – falei. Ele entrou, fechando a porta e jogando o Ipod e os fones no sofá. Aproximando-se de mim.
- . – soprou, puxando-me pela cintura e grudando os lábios aos meus. Enfiei os dedos em seu cabelo úmido, sentindo-o apertar a minha cintura. Senti como se ele não quisesse me largar, assim como eu não queria solta-lo nunca mais. Foram apenas alguns dias longe dele, mas pareceu décadas. me empurrou até a parede, apoiando uma mão na mesma e outra na minha cintura. Desgrudou nossas bocas por um momento, mas sem se distanciar. Respirava pesado, buscando folego. Nada diferente de mim. Encostou a testa na minha, fechando os olhos. – Não faz mais isso. – sussurrou.
- Eu não vou fazer. – prometi, segurando seu rosto. Ele abriu os olhos, fitando os meus. Beijou minha testa e depois meus lábios. Agarrei sua cintura, abraçando-o.
- Eu tô suado, . – comentou, afastando-se.
- Onde você tava? – perguntei enfim.
- Fui correr pra tentar esvaziar a mente. – explicou, tirando a regata molhada e jogando no ombro. Mordi o lábio inferior, fitando seu torso.
- Hm, e conseguiu? – perguntei.
- Eu só conseguir pensar em você. – confessou, fazendo uma careta. Aproximei-me, jogando a camisa dele no chão. - !
- Você não tem que tomar um banho? – perguntei, maliciosa. Ele riu, assentindo.
- Quer se juntar? – segurou meu rosto com uma mão.
- Deveria?
- Ah, deveria! – sorriu, afastando o meu cabelo do meu pescoço.
- É? Por quê? – pedi, fechando os olhos, sentindo-o beijar meu pescoço.
- Porque eu estava louco de saudades de você... – sussurrou no meu ouvido. – E você sabe que não vai se arrepender.
- Isso é um bom motivo. – sussurrei de volta. Ele riu, entrelaçando os dedos aos meus e me guiando para o quarto, em seguida, o banheiro. Retirou os tênis de corrida e a bermuda, ficando só de boxer. Foi até o box do banheiro, ligando o chuveiro. Prensou-me contra a parede novamente, colocando os dois braços entre o meu corpo. Sorri, mordendo o lábio.
- Vamos nos livrar disso. – falou, puxando a minha blusa para fora do meu corpo, jogando-a no chão e fazendo o mesmo com a minha calça. beijou meu ombro, deslizando a alça do meu sutiã para o lado, subindo os beijos para o meu pescoço, bochecha e boca, concentrando-se ali. Sua mão se concentrou em tirar habilmente o restante do meu sutiã, enquanto me guiava para dentro do box. Senti a água morna molhar minha cabeça, fazendo-me rir, cortando o beijo. As mãos de pararam sobre a minha cintura, apertando-a levemente. Abracei-o debaixo d’água, enlaçando meus braços ao redor de seus pescoço. Senti os dedos de deslizar pela lateral da minha calcinha, fazendo-a deslizar sobre as minhas pernas até tocar o chão, livrando-me dela. O que também aconteceu no segundo seguinte com a boxer dele. E ali mesmo, matamos quem nos matava: a maldita da saudade.


, eu e Johnny estávamos num parque perto do meu apartamento. Decidimos passar um tempo ao lado do nosso filho, juntos. Johnny corria enquanto e eu andávamos calmamente logo atrás, de mãos dadas.
- Mamãe, posso ir? – pediu, apontando para um escorregador. Observei o brinquedo, checando se era seguro, fitei as outras crianças e assenti, concordando.
- Só tome cuidado, filho. – alertei.
- Vamos sentar ali, tem um lugar vago. - sugeriu, puxando-me até lá. Sentamo-nos ao lado de um casal, a mulher estava com um bebê de uns seis meses no colo. Sorri para eles.
- Então, como Sophie está lidando com a gravidez? – perguntei curiosa.
- Ela tá muito animada com isso. – sorriu, entrelaçando os dedos aos meus e depositando sobre a sua perna. – Ela disse que quer ouvir alguns conselhos de você depois, sobre isso.
- Eu vou ligar pra ela depois. – comentei, sorrindo. – E seu irmão? Tá a mimando muito?
- Um pouco! – riu. – Eu nunca vi o Ethan tão bobo como agora.
- É, a maioria dos homens reagem assim. – sorri de lado. – Meu pai, quando soube que eu estava grávida, depois de um baita sermão, me apoiou muito, fazia tudo por mim.
- Mas o pai do seu filho não fez nada, não é? – sorriu triste, apertando nossas mãos.
- , tudo bem. – fitei seu rosto, tentando passar segurança, mas ele parecia não se conformar nunca. Johnny veio ao nosso encontro juntamente com um outro garotinho, que aparentava ter a mesma idade que ele.
- Papai! – o garotinho chamou, alegre, correndo para o homem que estava ao nosso lado. Johnny o observou, atentamente, colocando as mãozinhas para trás do corpo. Suspirei alto. me acompanhou, observando também o homem brincando com o filho.
- Ei, príncipe! – chamei sua atenção. Ele se virou, fitando-me. Andou até mim, devagar. – Quer comer alguma coisa? – negou, balançando a cabeça. Voltou a observar o casal ao nosso lado. O homem agora colocara o filho sobre a perna, deixando-o brincar com o bebê no colo da mãe. A mulher viu Johnny os fitando.
- Oi, lindinho! - sorriu, direcionando o olhar para ele. – Qual o seu nome?
- Johnny. – falou baixinho.
- Johnny, quer conhecer a Maddie? – perguntou. Ele me olhou em duvida, e eu balancei a cabeça, concordando. Johnny foi para o colo de , aproximando-se do bebê. Tocou delicadamente a sua bochecha, observando-a sorrir animada. Ele sorriu junto. Olhou-me encantado, e eu sorri de volta. Passou os dedinhos sobre o cabelo raso de Maddie, depositando um beijinho no local. Meu filho era um cavalheiro.
- Ela é linda! – comentei, fitando seu bebê.
- Obrigada, seu filho também. – sorriu, observando Johnny. O menininho ria no colo do pai enquanto ele fazia gracinhas para o filho. Johnny voltou a fitá-los, bastante atento.
- Papaaaai! – gritava enquanto caía na gargalhada com o pai.
- ... - começou, e eu o fitei.
- Eu sei, . Vamos resolver isso. – balancei a cabeça. Ele assentiu, voltando a atenção para o filho em seu colo. Johnny se aconchegou no peito do pai, colocando o dedo na boca, alheio e distante, mentalmente. Tentamos animá-lo novamente, mas ele não queria mais brincar, resolvemos ir pra casa. Assim que chegamos, Johnny andou até o sofá e se largou lá, pegando um carrinho que estava lá em cima. cruzou os braços e me fitou. Suspirei, andando até Johnny e me sentando ao seu lado. – Meu amor, e eu queremos te contar uma historinha, ok? – fitou-me, esperando que eu continuasse. Olhei para e ele veio se sentar ao nosso lado. – Lembra quando você me perguntou sobre o seu papai uma vez? – passei a mão no seu cabelo. Ele assentiu.
- Cadê o meu papai? – perguntou, fixando aqueles olhinhos nos meus. suspirou, fechando os olhos.
- Então, filho, quando você me perguntou isso, eu disse que ele estava longe, lembra? Mas que ele te amava muito. – sorri, fitando-o. – Só que agora, meu amor, ele tá perto e quer te conhecer melhor. Ele está esperando há muito tempo para ser o seu pai. – peguei a mão de e a de Johnny, colocando-as juntas. – Johnny, o é seu papai. – contei, finalmente. Depois de anos, eu finalmente tinha conseguido tirar um dos maiores pesos do meu coração. Johnny fitou , em dúvida. Olhou para as mãos deles juntas e depois o fitou de novo.
- Você é meu papai? – perguntou confuso.
- Sou sim, filho! - sorriu. – Eu posso ser seu papai? – Johnny balançou a cabeça, concordando. Sorriu, levantando-se no sofá e pulando no pescoço de .
- Papai! – gritou feliz, abraçando-o. respirou aliviado, retribuindo o abraço. Sorri, sentindo meus olhos embaçarem.
- Ah, meu filho! - sussurrou. – Meu filho.
- Mamãe, mamãe... – Johnny se soltou do pai, virando-se para mim. – Eu tenho um papai. – sorriu.
- Tem sim, meu príncipe. – segurei em sua mãozinha, assistindo-o pular. Sorri abertamente. – Vai lá, dá um beijão nele.
- Ueba! – falou animado, correndo para os braços do pai. fechou os olhos, abraçando-o fortemente. Depositou um beijo na bochecha de Johnny, depois me fitou, sorrindo.
- Obrigado. – sussurrou. Eu assenti, sorrindo. – Ei, quem quer comer pizza?
- Eu, eu! – Johnny levantou os bracinhos. Ri, levantando o dedo.
- Eu não deveria ficar comendo tanta besteira. Vou ficar gordinha! – fiz uma careta. balançou a cabeça, negando.
- Ficaremos gordinhos juntos. – piscou pra mim. Mordi o lábio inferior, assentindo. – Mas primeiro, acho que alguém aqui precisa de um banho, hein? – brincou, apontando para o filho. Johnny riu, saltando do sofá. – , liga pedindo as pizzas pra gente? Eu dou o banho nele.
- Não precisa, pode deixar que eu dou. – avisei, levantando-me.
- , eu quero fazer isso. – pediu, olhando-me fixamente. Parei onde estava.
- Ok. – sussurrei, voltando a me jogar no sofá. – Eu vou pedir as pizzas. - segurou a mão do filho e os guiou corredor adentro. Alcancei o telefone, ligando para a pizzaria e encomendando as pizzas. Levantei-me do sofá, encaminhando-me até o quarto de Johnny. Ouvi risadinhas assim que me aproximei. Sorri, encostando-me no batente da porta do banheiro, observando dando banho no filho. Johnny ria enquanto o pai molhava o seu cabelo, rindo junto. Meu celular vibrou no meu bolso, fazendo-me levar um pequeno susto. Distanciei-me do quarto, visualizando a bina. Era um número de fora. Mas precisamente, do Brasil. Franzi o cenho. Não deveria ser a minha mãe. Dei de ombros, atendendo. – Alô?
- Oi, ? – uma voz masculina perguntou do outro lado. Suspirei, reconhecendo-a.
- Eu sim, Rafael. – olhei para a direção onde estava, conferindo se ele estava ouvindo. Limpo.
- , você foi embora tão rápido. Eu não pude me despedir de você. – falou rápido. – E também, bom, pedir desculpas. – foi a vez dele suspirar. – Eu sinto muito pelo o que aconteceu. Não quero que você pense que eu queria me aproveitar de você ou algo do tipo. Eu só me deixei levar pelo momento, pelo o que eu tava sentindo. Eu nunca quis te magoar, , você sabe.
- Tudo bem, Rafa. Vamos deixar isso no passado, ok? – pedi, aproximando-me da janela. – Eu tô bem agora, de qualquer forma. – sorri.
- Fico feliz, , de verdade. – comentou. – Bom, eu tenho que voltar ao trabalho. Eu só queria deixar tudo bem entre nós dois. Você sabe que é uma parte muito importante da minha vida. E magoá-la está fora de cogitação.
- Que bom que você pensa assim, porque você também é uma parte muito importante da minha, Rafa. – sorri. – Se cuida, ursinho!
- Se cuida também, minha eterna princesinha.
- Tchau. – e desligou. Respirei fundo, fitando o céu lá fora. Pouco depois senti um par de mãos envolvendo minha cintura. Sorri. – Cadê o pequeno?
- Diz ele que tá escolhendo o pijama – rimos. beijou minha bochecha, descansando o queixo no meu ombro logo depois. – Você tem uma vista muito bonita daqui.
- É, eu gosto desse lugar. – comentei, virando-me de frente para ele. sorriu, segurando o meu rosto.
- Senti tanta saudades! – sussurrou, aproximando os lábios dos meus. Mordi a boca. Fitei seus olhos, e eles estavam brilhando tanto, que eu imaginei se os meus também não estavam assim. Eu adorava aquele brilho, porque eu sabia que ele só brilhava assim quando olhava pra mim. encostou os lábios nos meus, mas assim que iniciar um beijo, ouvimos um “vrum”. Rimos, separando-nos e observando Johnny entrar na sala, vestindo um pijama amarelo de ursinhos, engatinhando e brincando com o seu caminhão de brinquedo, que havia lhe dado.
- Vrum, vrum! – ele fazia, arrastando o brinquedo até nós. se agachou até ele, sorrindo. Johnny empurrou o brinquedo até bater na perna do pai. – Bateu! – e deu de ombros, levantando as mãozinhas.
- Gostou do presente, filho? - perguntou, passando a mão no cabelo de Johnny. Ele assentiu, sorridente.
- Caminhão bem grandão! – falou, enchendo as bochechas de ar e abrindo os braços, mostrando o tamanho.
- Seu cabelo tá todo molhado e despenteado, príncipe. Acho que não fizeram o trabalho direito, hein? – dei uma olha em , que fez uma careta. Ri, mandando um beijo. – Vem, vamos lá penteá-lo. – pedi, pegando a sua mão e o levantando de volta para o quarto. Peguei o pente, sentei-me na cama e fiz o mesmo com Johnny, começando a pentear seus cabelos.
- Mamãe, quero o vovô! – Johnny pediu baixo. Suspirei. Não era a primeira vez que ele pedia pelo avô, e isso estava cortando o meu coração.
- Eu sei, meu amor. Logo vocês vão se ver, tá? Eu prometo! – terminei de pentear seu cabelo e depositei um beijinho no topo de sua cabeça. – Pronto! Agora tá um verdadeiro príncipe.
- Eu sou um príncipe! – sorriu, saindo correndo logo depois. Suspirei alto, deixando meu corpo cair sobre a cama de Johnny. Eu tinha que falar com o meu pai. Os nossos problemas não deveriam interferir na relação dele com o neto. Meu pai e Johnny sempre tiveram uma ligação enorme. Antes de , Charlie era o único exemplo masculino que ele tinha presente.
- Ei, tá tudo bem? – ouvi a voz de soar dentro do quarto. Levantei a cabeça para fitá-lo, apenas acenei, afirmando. - , amanhã à noite eu queria muito que você viesse a um lugar comigo. – voltei a me sentar, fitando-o.
- Que lugar? – perguntei curiosa.
- É um jantar intimo. – confessou, sorrindo.
- Jantar? – levantei uma sobrancelha, confusa. – Algo motivo especial?
- Digamos que sim. – aproximou-se. – Mas só vou dizer na hora.
- Hmm, ok, senhor misterioso. – ele riu, sentando-se ao meu lado. Deu-me um beijo rápido, depositando a mão na minha nuca. – Acho que gosto de você.
- É? – sorri. – Acho que gosto de você um pouquinho também.
- Só um pouquinho? – perguntou, fazendo uma careta. Mordi o lábio inferior, assentindo. – Ouch!
- Bobo! – segurei seu rosto, beijando-o. – Eu te amo.
- Também te amo, meu amor. – sorri, largamente. Eu adorava quando ele me chamava assim. Ouvimos a campainha tocar e Johnny vir correndo para o quarto.
- PIZZA! – gritou animado. Nós rimos e fomos finalmente comer a tal pizza.


Capítulo 23




- Eu não acredito! – ele começou a rir.
- Para! – pedi, rindo também. – Não teve graça, eu quase morri afogada.
- Ok, eu sei. Mas você quase morreu afogada porque queria ser salva pelo salva-vidas da praia. – riu de novo. – Isso é engraçado.
- Sem graça! – fiz uma careta, tomando um gole do meu suco depois. Ele fitou meus olhos e depois minha boca, sorrindo de lado logo após.
- Eu ainda não acredito que você só tenha dezoito anos. – riu, balançando a cabeça.
- Mas eu tenho. – mordi os lábios. Ele sorriu. – E eu ainda não acredito que você seja casado.
- Mas eu sou. – me fitou, estudando minha reação. Colocou a mão sobre a minha, acariciando-a com o polegar sobre a pequena mesinha de centro do seu loft. – Tem coisas que você ainda não entende, . É muito complicado!
- Hm. – fiz, desviando o olhar dele e fixando no meu copo. – Eu deveria ir embora. – falei, soltando minha mão da dele.
- Não, não. – sussurrou. – Não faz isso, vai? Você sempre vai embora!
- Mas eu sempre preciso ir embora, , eu não moro aqui. – fui óbvia. – Eu preciso voltar para o meu apartamento.
- Você entendeu o que eu quis dizer. – procurou os meus olhos. – Você nunca passa a noite aqui. Você nunca passa a noite comigo. Você nunca fica comigo. – foi direto. – Você ainda não confia em mim?
- , por favor... – suspirei. – Não é isso.
- Então, o que é? – perguntou, franzindo o cenho. Suspirei alto, soltando os meus ombros, dando-me por vencida.
- Ok, ok. – balancei a cabeça. – Eu tenho medo de que assim que você conseguir dormir comigo, você nunca mais me procure. – confessei, fechando olhos. Parecendo uma menininha assustada. O ouvi rir.
- , olha aqui. – pediu, e eu neguei. - , por favor. – tocou meu queixo, levantando-o. Abri meus olhos e encontrei os dele bem perto de mim. Ele sorriu. – Eu vou te confessar uma coisa, tá bom? Talvez assim você confie em mim. – assenti com a cabeça, esperando ele continuar. – Desde que a gente vem se encontrando, eu não tenho mais procurado outra mulher. – disse com o semblante sério. – E isso tem o quê? quatro meses? – mordi o lábio, concordando. – Pois é. Sabe o que isso é pra mim?
- Um recorde? – tentei. Ele riu.
- Quase isso! – fez uma careta. – O que eu quero dizer é o seguinte, se eu quisesse somente sexo com você, acredite, eu não não me daria ao trabalho de fazer tudo o que eu faço por você. – deu a volta na mesa, ficando a minha frente. Afastou o cabelo do meu rosto e o segurou. – Eu não sei explicar direito, mas quando eu tô com você... Puxa! – sorriu. – Eu me sinto tão bem, sabe? Você me faz lembrar de um que eu não via há muito tempo.
- Sério? – mordi o lábio inferior. Ele assentiu. – Como é esse ?
- É despreocupado, é divertido, é... – ele suspirou, aproximando a boca da minha. – é muito mais carinhoso e cuidadoso. – sorri, encostando os lábios aos dele, mas sem o beijar. – é seu nesse momento.
- Meu é? – dei um selinho nele. Ele assentiu, sorrindo. – Então, eu posso fazer o que eu quiser com ele?
- Depende. O que você quer fazer? – levantou a sobrancelha. Soltei um risadinha, mordendo o lábio inferior dele. Ele sorriu malicioso. Aproximei a boca da orelha dele e sussurrei.
- O que ele quiser. – e depositei uma mordida em seu lóbulo. Soltei-me dele e me levantei, mordendo o lábio inferior, meio nervosa. me fitou, sem piscar, sem falar nada. Me olhava esperando algo mais. Segurei a ponta do meu vestido e o levantei até que eu pudesse tirá-lo por completo. Joguei-o no chão. mordeu o lábio, sorrindo malicioso.
- Espera! – falou, alcançando o controle do seu home theater sobre o sofá. Ligou, apertou alguns botões e logo depois your body is a wonderland do John Mayer começou a tocar. Sorri. Eu adorava aquela música. – Prossiga! – ri, balançando a cabeça. Dei uma pequena volta, sentindo os olhos dele sobre o meu corpo. se levantou, grudando as mãos na minha cintura, encostando a testa a minha. Entralacei minhas mãos no seu pescoço, sentindo a batida na música. A boca de beijou cada pedacinho do meu pescoço. Eu senti meu pelos da nuca se arrepiarem. - If you want love, we’ll make it. - sussurrou no meu ouvido, fazendo-me sorrir. Senti os dedos hábeis de dedilhar minhas costas até alcançar o fecho do meu sutiã. Ele olhou nos meus olhos, pedindo minha permissão. Sorri, depositando um beijo em seus lábios. Ia me afastar, mas ele voltou a grudar os lábios aos meus, iniciando um beijo de verdade. Coloquei as mãos sobre a camisa dele, abrindo os botões rapidamente, deslizando-a pelos seus braços até saírem de seu corpo. apertou minha cintura fortemente quando sentiu minhas unhas nas suas costas. Sorri, satisfeita. Ele finalmente tirou meu sutiã, jogando-o sobre o sofá. Colocou um dos meus seios entre os seus dedos, arfando entre esse movimento. Tudo isso, sem parar de me beijar. Gemi. Desci os dedos até a calça de , abrindo o botão e o zíper, empurrando-a para baixo. Ele a chutou para o lado. Num movimentou rápido, me impulsionou para cima, fazendo-me entrelaçar as pernas na sua cintura. Guiou-nos até o seu quarto, colocando-me sobre a sua cama, delicadamente. Antes de se deitar comigo, observou meu corpo novamente. – Eu sempre quis beijar seu corpo inteiro. – confessou.
- Então, beije. – pedi, sorrindo. Segundos depois, estava sobre mim, beijando-me por inteira, enquanto eu escutava John Mayer cantar para nós dois ao fundo.

I know you're mine, all mine, all mine.


Coloquei a tigela de cereal na mesa, na frente de Johnny e fui me sentar ao seu lado. Sorri, observando-o comer, enquanto eu tomava minha xícara de café. Minutos depois, apareceu na cozinha, jogando a gravata no pescoço. Ele sorriu, bagunçando o cabelo molhado e se aproximando de mim.
- Bom dia! – soprou, depositando um beijo na minha testa. – Bom dia, filhote!
- “Djia!” – falou de boca cheia. Nós rimos.
- Você já vai para o escritório? – perguntei, apoiando o braço na mesa e a mão no queixo. Ele assentiu, roubando minha xícara de café e tomando um gole.
- Tenho que ir. – fez uma careta, devolvendo minha xícara. – Mas almoçamos todos juntos, ok?
- Ok. – sorri, concordando. Ajeitei a alça da minha camisola e me levantei, pegando a gravata jogada em seu pescoço e tentando arrumá-la. fixou os olhos em mim, segurou minha cintura e sorriu. – Pronto, tá lindo. – beijei rapidamente seus lábios.
- Obrigado. – retribuiu o beijo.
- De nada. – outro beijo.
- Não por isso. – mais um beijo. Rimos. – Eu preciso ir. – fez uma careta, soltando-se de mim. Mordi o lábio inferior, assentindo.
- Eu vou ver se encontro alguém parar ficar com o Johnny agora de manhã, enquanto eu vou conversar com o meu pai. – comentei, encostando-me a mesa.
- Eu posso ficar com ele. – ofereceu-se. – Ele pode ficar comigo no escritório.
- Ele pode te atrapalhar, amor. Não precisa, eu vejo com a Nath!
- Não, , eu quero! – sorriu, aproximando-se do filho. – Vai ser divertido. Ei, Johnny, que tal ficar com o papai hoje?
- Papai! – sorriu, fitando e eu.
- Ok, então. Eu vou arrumá-lo! – dei-me por vencida, indo colocar uma roupa descente em Johnny. Em pouco tempo ele já estava pronto. Vestido e de cabelo penteado. Um princípe. – Ei, mocinho, comporte-se, ok? Nada de dar trabalho.
- Tá, mamãe! – balançou a cabeça, concordando. Olhou , colocou um dedo na boca e com a outra mão, esticou para que ele a pegasse. sorriu, agarrando-a.
- Bom trabalho pra vocês dois. – sorri, aproximando-me de e beijando rapidamente seus lábios. Agachei-me e beijei a bochecha do meu filho. Depois que eles saíram, respirei fundo e me joguei no sofá. Precisava juntar forças para ir até o escritório do meu pai e tentar conversar com ele, mas o meu desanimo de ter a opção de que ele ainda não quer me olhar na cara, ah, isso dói muito.


’s POV

Johnny ainda segurava minha mão quando chegamos ao meu escritório. Olhava tudo ao redor, curioso.
- Bom dia, sr. ! – Kim, minha secretária, me cumprimentou ao me ver aproximar. Sorri, balançando a cabeça. – Oh, olá, pequeno! – sorriu para Johnny, que se encolheu perto de mim.
- Kim, traga um cappuccino pra mim e um copo de leite e cookies para o campeão aqui, ok? – pedi, sorrindo para Johnny.
- Cookie! – saltitou feliz. Nem parecia que tinha acabado de comer.
- Pode deixar, eu levo até a sua sala em instantes. – concordou, levantando-se e saindo atrás das coisas. Direcionei Johnny até a minha sala, entrando e deixando ele sair vasculhando tudo. Ele saiu correndo e rindo, escondendo-se atrás da minha cadeira.
- Ah, meu Deus! Onde estará o Johnny? Sumiu? – entrei na brincadeira. Ele gargalhou.
- Achou! – pulou para o lado, saindo de trás da cadeira. – Johnny tá aqui!
- Ah, danadinho! – ri, indo até ele e o pegando no colo. – Que tal a gente começar a trabalhar, uh? – sugeri, andando até a minha cadeira e me sentando nela, consequentemente, fazendo Johnny se sentar comigo, no meu colo. – Aqui, você pode desenhar nesses papeis aqui. – dei algumas folhas em branco e uma caneta pra ele. – Eu cuido disso aqui, tá? – apontei para o meu laptop. Ele assentiu, rabiscando os papeis que eu havia dado. Sorri, concentrando a minha atenção no trabalho existente no meu computador. Ouvi uma batida na porta. – Entra, Kim!
- Não é a Kim, sou eu, querido. – ouvi a voz da minha mãe entrando na minha sala. Direcionei meu olhar até ela, que sorria. Mas seu sorriso sumiu assim que visualizou Johnny em meu colo.
- Oi, Kate! – falei, passando a mão no cabelo do meu filho. Johnny fitou a avó, em duvida, curioso em saber quem ela era.
- Céus! – sussurrou, cobrindo a boca com as mãos. Aproximou-se de nós, fitando Johnny sem desviar o olhar. – É ele?
- É o Johnny, mãe. Meu filho... – sorri, fitando-o. – Seu neto!
- , eu lembro de você assim, desse tamanho, desse mesmo jeito, o mesmo olhar... Esse mesmo olhos . – ela sorriu, nostálgica. – Foi uma época tão boa. Você era tão frágil, tão pequeno, mas tão alegre.
- Assim como o meu filho é, mãe. Johnny é inocente nessa história toda, ele é o único inocente. – expliquei, colocando Johnny nos meus braços e nos levantando. Ela nos fitou, observando nos aproximar dela, calmamente. Assim que parei a sua frente, Johnny se encolheu em meus braços, olhando-a de soslaio.
- Ahm, oi. – ela sorriu, aproximando-se dele. – Tudo bem, eu não vou te fazer mal.
- Filho?! – chamei-o. Ele me olhou prontamente. – Essa é a sua nova vovó.
- Vovó Beth? – perguntou em duvida. Neguei.
- Não, essa é a vovó Kate! – corrigi, apontando para ela. Ele a olhou, desconfiado.
- Vovó Kate? – perguntou a ela. Minha mãe sorriu largamente, assentindo.
- Olá, Johnny! – estendeu os braços para poder pegá-lo. – Quer vir aqui comigo? – ele me olhou em duvida, assenti, consentindo que ele fosse. Em instantes, ele estava no colo da minha mãe. Seus olhos passearam por todo o rosto da avó. Tocou suas bochechas, seus cabelos loiros e fitou seus olhos verdes. Ele sorriu, olhando para mim, que retribui o sorriso. – Você é lindo, menino!
- ‘Brigado. – agradeceu.
- Espera, vou te mostrar algo! – pediu. – , pega aqui na minha bolsa a minha carteira, por favor. – pediu-me e eu atendi o seu pedido, pegando a carteira de sua bolsa e entregando a ela, que a pegou com certa dificuldade. – Aqui, olha só, Johnny. – falou, retirando uma foto da carteira e mostrando ao neto. – Essa daqui sou eu, sua vovó. – sorri, cruzando os braços, observando-os. Johnny prestava atenção em cada movimento dela. – Esse menininho aqui, olha, é o seu pai. – ela sorriu, fitando-me. Johnny pegou a foto das mãos dela e olhou da foto para mim, de mim para a foto. Rimos.
- Papai? – perguntou, levantando a foto. Assenti.
- Sou eu, filho. – aproximei-me, pegando a foto e voltando a mostrar para ele. – Esse aqui é o papai. Viu? Eu era do seu tamanho, bem pequeno. – baguncei o cabelo dele. Fitei a foto em minhas mãos e realmente me assustei. Johnny era exatamente como eu quando era criança.
- Ele é realmente seu filho. – sussurrou Kate.
- Não tem como duvidar. – dei de ombros. Minha mãe fitou o neto e suspirou, voltando a me olhar.
- Eu sinto muito, . Eu nunca quis controlar a sua vida, eu só queria te proteger. – deu de ombros. – Eu achei que estava sendo uma boa mãe, mas meio que meti os pés pelas mãos, não é? – sorriu triste. – Me perdoa, filho.
- Mãe, se eu sou um homem hoje, eu devo tudo a você. – peguei sua mão. – Não vai ser por algumas falhas que eu vou apagar o amor imenso que eu tenho por você. – ela sorriu, deixando os olhos se encherem de água. – E não chora, você sabe que é verdade. Se não fosse por aquela bronca aos meus quinze anos, eu não teria ficado de castigo e não teria passado tanto tempo criando desenhos, marcas e outras coisas. Eu não teria o que eu tenho hoje. – sorri, beijando sua bochecha. – Eu te amo, dona Katherine. Mesmo você sendo muito cabeça dura e teimosa. – ela riu, limpando algumas lagrimas que caíram.
- Eu também te amo, meu pequeno ! – me abraçou de lado, sem deixar de segurar Johnny. – Eu entendo a sua namorada agora. Ela quis proteger o filho, eu teria feito a mesma coisa. Quando a maternidade fala mais alto, nenhuma força da natureza pode impedir isso.
- Ela vai adorar saber disso. – comentei.
- Eu sei que eu tenho que conversar com ela, que fui grossa demais e indelicada. – revirou os olhos. – Mas você também precisa me dar um tempo para aceitar e assimilar tudo isso, ok? Não é fácil. Você sabe que sempre fomos amigos dos pais de Emma.
- Eu sei, mãe. Leve o tempo que for, mas só não a maltrate mais, tudo bem? Tente ser menos ríspida da próxima vez. – pedi, fazendo uma careta.
- Pode deixar, farei o meu melhor. – piscou, sorrindo. Direcionou o olhar para o neto. – Então, Johnny, o que você gosta de fazer?
- Comer! – riu, contando. Pouco depois, Kim entrou na sala trazendo o que eu havia pedido mais cedo. Minha mãe ficou conosco um tempo e conversou bastante com o neto. E por incrível que pareça, Johnny a adorou! Minha mãe havia dito que logo marcaria outro jantar, mas que dessa vez tudo ocorreria bem e que Johnny também estaria presente. Enquanto minha mãe bajulava o neto, continuei meu trabalho, concentrado. Aliás, tentando me concentrar, porque a cada risada de Johnny eu precisava olhar para o seu rostinho feliz, brincando e se divertindo com a mais nova avó. Ouvi meu celular apitar sobre a mesa, avisando que uma nova mensagem havia chegado. Era de

“Deseje-me sorte! Acabei de chegar ao escritório do meu pai. Te encontro logo que sai daqui. Como o pequeno está se comportanto?
xx, te amo.”


’s POV Off

“Toda sorte do mundo, meu amor. Vai dar tudo certo! Estamos te esperando aqui. Te amamos, linda.”


Sorri boba, vendo que ele havia mandado uma foto de Johnny e Kate juntos. Ela havia o aceitado, então? Começava a respirar aliviada.
- ? Já pode entrar, seu pai está te esperando. – avisou Anne, a secretária do meu pai. Concordei, levantando-me do sofá da recepção e andando até a porta que dava acesso a sala do meu pai. Respirei fundo, dando dois toques na porta e colocando a cabeça para dentro da sala.
- Charlie? – perguntei. Ele virou o rosto em minha direção. Tinha a feição cansada, olheiras e um semblante sério.
- Entra, . – pediu, cruzandos as mãos sobre a mesa. Assenti, entrando e indo até a sua frente. Ele apontou a cadeira, num pedido mudo para que eu me sentasse. Foi o que eu fiz. – Então, em que posso ser útil?
- Não me trata assim, pai. – pedi, fitando seus olhos. – Sou eu, sua filha, sua menininha, sua .
- A minha menina não me decepcionaria tanto. – foi seco.
- Sua menina cresceu, tomou algumas decisões erradas, sofreu, aprendeu, chorou, lutou, quebrou a cara várias vezes, comenteu um erro que trouxe a coisa mais importante da vida dela, mas tá aqui, na sua frente, pedindo o seu perdão. Pedindo pra ser a sua menina de novo. – falei, buscando a sua mão na mesa e segurando-a. Ele não as soltou. – Pai, eu sei que eu não sou perfeita, mas quem é? Eu errei, eu confesso, eu errei. – falei alto. – Mas não me culpe por esse erro a vida toda. – ele ficou quieto, observando-me. Meu pai quase nunca ficava sério, mas quando ficava, me assustava.
- , acima de tudo, de qualquer razão, motivo ou decepção... – ele suspirou, apertando a minha mão. – Eu sou o seu pai. Eu vou ser o seu pai o resto da vida. Quando eu peguei nos braços pela primeira vez, aquele bebezinho tão pequeno, eu jurei proteger de qualquer coisa, de qualquer mal, jurei amar tanto que nenhum homem seria bom o suficiente pra ela. – assenti, sentindo meus olhos marejarem. – Em qualquer circunstância, por maior que seja a minha decepção, eu vou te amar, filha. Meu amor por você vai além de qualquer burrada que você faça. Se eu me senti traído? Claro! Essa foi a minha maior dor. Você não confiou em mim. Mas eu sei quem você é, o quão bom e grande é o seu coração. Não importa o seu erro, você sempre será a minha menina. – ele sorriu.
- Papai! – sorri, levantando-me e indo até ele e o abraçando. – Deus, como eu senti sua falta!
- Eu também, filha. – retribuiu o abraço. Aproveitei que já estava ali e sentei em seu colo, sentindo-me uma menina de cinco anos de idade. Ele riu, arrumando a minha franja. – Como está Johnny?
- Morrendo de saudades sua. – confessei. Ele fez uma careta.
- Eu sinto tanto a falta dele também. – comentou. – Por que não o trouxe?
- Eu queria conversar tranquilamente com você, pai. Não sabia como seria a nossa conversa, então... – dei de ombros. – Não o trouxe.
- E o ? Ainda juntos? – perguntou enfim. Suspirei, assentindo. – Ele ainda tá com o olho roxo?
- Não, já tá melhor. – mordi os lábios. – Johnny está com ele, por falar nisso.
- Ele é um bom pai? – questionou, levantando a sobrancelha.
- Ele é um ótimo pai. – afirmei, sorrindo. – Johnny adora ele.
- Isso é bom! – falou baixo. - Tem falado com a sua mãe?
- Falei com ela há poucos dias. Na verdade, eu estava no Brasil com ela. - ele me olhou surpreso. – É, pois é, longa história. Deixa pra lá! – aconcheguei-me em seu peito, sentindo-o me apertar em seus braços. – Eu te amo, pai.
- Também te amo, princesa.


- Eu vou querer a salada de entrada, depois o pato defumado, a batata recheada e de sobremesa, hm, um mousse de chocolate. – fechei o cardápio, entregando ao garçom. Fitei , ele estava com a expressão de surpresa, ou seria espanto? – O que foi?
- Tá com fome, hein?! – ele riu, fechando o cardápio também. – Salada e o frango de Xangai, por favor. – pediu, direcionando ao garçom.
- Ah, um hambúrguer para o mocinho aqui. – apontei para Johnny, sentado na cadeira alta ao nosso lado.
- Ok, vou mandar preparar. Com licença! – o garçom pediu e saiu.
- Tô feliz que tudo ocorreu bem com o seu pai. - comentou, segurando a minha mão sobre a mesa.
- E eu, feliz por sua mãe ter aceitado o neto. – sorri, fitando Johnny.
- Eles se deram muito bem, sabia? – fitou o filho também. – Não é, Johnny? O que achou da vovó Kate?
- A gente desenhou um dinossauro! – colocou as mãos em formas de garras. – Rwar, rwar!
- Ai, que medo! – fingi, colocando a mão no coração. Ele riu.
- Eu vou ao banheiro enquanto a comida não chega. – avisou, levantando-se. Concordei e ele saiu por entre as mesas, indo em direção ao banheiro.
- Eu vi o vovô hoje, meu amor. Ele tá doido de saudades de você! – comentei, arrumando a camiseta dele.
- Saudades, vovô! – fez bico.
- Vou pedir pra ele ir nos visitar, não se preocupe! – pisquei, dando um beijinho em sua bochecha. A mesa começou a vibrar, fitei o celular sobre a mesma, tocando. Era o celular de . Mordi a boca, sem saber o que fazer. Dei uma olhada por cima, na bina. O nome “Steph” piscava incessantemente. Tocou algumas vezes até desistir. Obviamente, eu não atendi. Mas fiquei com a pulga atrás da orelha. Ora, era de que estávamos falando. Minutos depois, voltou a mesa, sorriu e voltou a se sentar conosco. Pegou o celular sobre a mesa, mexeu nele, fez uma careta e o guardou no bolso. Não comentei nada. Se ele quisesse falar alguma coisa, teria falado. Quando nossos pratos chegaram, finalmente pudemos comer. Eu que já estava com fome, após ver a ligação, minha fome só fez aumentar. Depois de pagarmos, enquanto estávamos saindo, o celular começou a tocar novamente. fitou a tela, franziu o cenho, desligou e voltou a colocar no bolso. – Não vai atender? – indaguei.
- Não é nada importante! – sorriu, depositando um beijo na minha testa e segurando minha cintura. Já dentro do carro, voltando para o meu apartamento, o maldito celular volta a tocar. Suspirei impaciente.
- Atende logo, ! – pedi.
- Eu tô dirigindo, . Não dá! – explicou, sem tirar o olhar das ruas.
- Quer que eu atenda? – sugeri. Ele negou.
- Deixa tocar, não é nada demais.
- Se não fosse nada demais, a Steph não estaria te ligando tanto, não acha? – joguei enfim. me olhou, levantando as sobrancelhas.
- Quem é Steph? – perguntou, descaradamente.
- Eu que deveria fazer essa pergunta, não? – cruzei os braços. – É ela quem está te ligando.
- , não tem nada a ver! – tentou explicar. – Não é nada disso que você está pensando.
- Eu não disse nada. Só pedi pra você atender o celular! – dei de ombros.
- Certo. – concordou, estacionando o carro na primeira vaga que encontrou. Olhei para trás, dando uma checada em Johnny. Ele estava dormindo na cadeirinha dele. Quem não gosta de um soninho depois do almoço, né? – Vou colocar no alto falante! – avisou, atendendo o telefone. – Pronto, pode falar!
- Olá, sr. ? Aqui é da joalheria. Só queríamos avisar que o seu pedido já está pronto.
- Ah, sim. Obrigado, mais tarde passo aí para buscar. – falou, fitando-me. Esperando alguma reação. Serve vergonha e embaraço?
- Tudo bem, sr. Tenha uma ótima tarde!
- Obrigado. – e desligou. me encarou. – Satisfeita?
- O que você quer numa joalheria? – perguntei, mudando de assunto.
- Encomendei um novo cartier pra mim, semana passada. – explicou, voltando a colocar o carro em movimento. - , eu não acredito que você ainda desconfia de mim.
- Ok, desculpa! – pedi, sem jeito. – Mas eu ainda fico meio mexida com toda a nossa história. – confessei. – Eu sinto muito. Prometo não desconfiar mais, tá?
- Jura? – pediu.
- Juro, juradinho! – fiz um “x” com os dedos em frente a boca. – Só não quero te perder.
- Você não vai. Tira essa ideia boba da cabeça! – sorriu, soltando uma mão do volante e entrelaçando a minha.
- Johnny vai ao jantar com a gente hoje à noite? – perguntei em duvida.
- Hm, não. Somos só nós dois hoje. – sorriu, beijando o dorso da minha mão. – Tem alguém pra cuidar dele?
- Posso deixá-lo com o meu pai. Ele queria vê-lo mesmo. – dei de ombros. – Mas, ei, o que o senhor está aprontando, hein? Por que esse mistério todo?
- Não estraga a surpresa antes da hora, vai. – ele riu, divertindo-se com a minha curiosidade.
- Ai, que chato! – fiz uma careta pra ele, que apenas riu, balançando a cabeça.
- Manhosa!
- Chato! – rebati.
- Chata! – me imitou.
- Feio! – mostrei língua.
- Feia! – mandou beijou. Não aguentei, acabei rindo. me deixou em casa e logo voltou para o trabalho. Liguei para o meu pai e pedi se ele poderia ficar com o neto essa noite. Ele não exitou por nenhum momento. Nem perguntou o motivo, o que eu achei bem melhor, aceitando rapidamente. Liguei para a minha mãe contando as novidades pra ela, que ficou bastante feliz por tudo estar bem entre mim e o meu pai. Ela disse que viria no final do mês para Londres, me visitar. Depois, liguei para Nathalie, fofocamos bastante, porque quando dei por mim, meu pai já estava batendo na porta de casa, querendo pegar Johnny para levá-lo para a sua casa. Entreguei meu filhote nas mãos do avô e fui me arrumar. Experimentei uns cinco vestidos e acabei optando pelo primeiro. Deixei-o sobre a cama e fui tomar um banho. Assim que sai, vi que meu celular havia acabado de receber uma mensagem.

“Tô indo tomar um banho no loft. Passo aí em quarenta minutos, linda. <3”


Sorri boba, jogando o celular sobre a cama e indo terminar de me arrumar. Escolhi uma lingerie vermelha de renda, pus o meu vestido e fui me maquiar. Fiz algo bem básico, borrifei um pouco de perfume e soltei meu cabelo, deixando-o naturalmente. Os mistérios de sempre me deixavam ansiosa. O que será que ele estava aprontando dessa vez?!

***


- Nossa, olá! - sorriu, assim que me aproximei dele, que estava encostado no carro.
- Oi, você! – sorri, puxando-o pelo colarinho e depositando um beijo em seus lábios.
- Pronta?! – balancei a cabeça, concordando. – Vamos lá, então. – ele deu a volta, abrindo a porta do carona pra mim, acomodei-me no banco e ele foi se sentar no seu lugar. Senti algo embaixo de mim, puxei e observei um envelope amarelo, grande.
- , achei isso! – estendi para ele, que sorriu.
- Abre aí, dá uma olhada! – pediu. Dei de ombros, abrindo o tal envelope. Tinha uma espécie de documento lá dentro. Havia duas assinaturas: A. e Emma Karen Lawrence. Abri a boca levemente, meio surpresa. – Sabe o que é isso, não sabe?
- Acredito que sim. – fitei-o. – Seu divrócio? – ele assentiu, sorrindo.
- É, sim. Finalmente, . Agora é oficial, é legal. Eu sou só seu. – tocou meu rosto. – E de mais ninguém.
- Eu não consigo acreditar. – sorri, tentando absorver aquela informação. – Então, , o solteirão de Londres? Uh?
- É isso que você pensa? – levantou a sobrancelha. Mordi o lábio inferior, dando de ombros. – Ouch!
- Tô errada? Você não tá solteiro? – provoquei. Ele riu, balançando a cabeça. Ligou o carro e fitou a rua a nossa frente.
- É o que veremos! – piscou pra mim, colocando o carro pra rodar nas ruas de Londres. Franzi o cenho, rindo, sem entender direito. Pouco depois, finalmente chegamos ao restaurante que havia feito reservas. Era um lugar lindo, com detalhes rústicos, porém bem romântico. Quando já estávamos sentados na nossa mesa, tomando vinho, segurou minha mão, acariando-a.
- O que é, hein? Você tá diferente hoje. Eu esqueci alguma coisa? – fiz uma careta. Ele riu.
- Não, não esqueceu. – tranquilizou-me. Encarou o vinho e suspirou, voltando a me fitar. – Ok, vai lá.
- ? – perguntei preocupada.
- , eu tô um pouco nervoso... – riu. – Eu não pensei que sentiria isso por ninguém. Eu não pensei que fosse precisar tanto de alguém ao meu lado, alguém que sempre me apoiou e apesar dos pesares, nunca desistiu de mim. Você é a mulher mais incrível que eu já conheci. – mordi o lábio inferior, prestando atenção nas suas palavras. – Confesso, assim que te vi naquele pub, toda linda, alegre, sorridente... Poxa, eu já te quis pra mim! Eu não sei explicar o que eu senti, mas se fosse hoje, o que eu sinto hoje, nesse momento, agora... Eu descreveria em uma palavra: amor. – coloquei uma mão na boca. enfiou a mão no bolso da calça e tirou uma caixinha de veludo, vermelha. – Hoje mais cedo, quando você perguntou o que eu fui fazer em uma joalheria, era isso o que tinha encomendado.
- Ah, meu Deus! – sussurrei. Ele a colocou sobre a mesa.
- Parece precipitado, eu sei. Mas eu não vejo outra forma maior de dizer o quanto você é importante pra mim, o quanto eu te amo. Sim, eu quero te tornar a minha esposa, a minha mulher, a senhora . – ele abriu a caixinha, que revelou um anel com uma pedra bem generosa de diamante em cima. Minha boca quase caiu no chão. Eu não estava acreditando! - , você quer se casar comigo? – me fitou, apreensivo, esperando uma resposta. Respirei fundo, sorri largamente e respondi:
- Não! – falei, mantendo o sorriso. – Eu não quero, . – o sorriso dele murchou, seu rosto se contorceu em confusão.
- Não? – perguntou em duvida.
- Não! – peguei sua mão, apertando-a. - , eu nunca quis que você me pedisse em casamento. Eu só queria ser amada, eu queria saber se a gente tinha um futuro. Eu te amo. Amo muito, de verdade. Mas eu nunca quis ser a senhora . Eu sempre quis ser e . e . Lindo e linda. Apenas sua. Como você diz, sem rótulos. – ele me olhou, concordando. Beijou o dorso da minha mão e sorriu. – Você entende? Tudo o que quero agora é você, Johnny e eu. Eu quero a nossa família!
- Você é a mulher da minha vida! – sorriu. – Dane-se o casamento! Que diabos é isso, não é? Um idiota resolveu meter Deus e o Estado em uma feliz união entre duas pessoas e aí surgiu o tal do casamento. Você tem razão, eu só preciso de você e de Johnny.
- Eu e você. – sussurrei, aproximando o meu rosto do dele. Ele sorriu, encostando a boca na minha.
- Você e eu. – sussurrou de volta, beijando-me finalmente. Ok, não me acorde! Se isso for um sonho, por favor, deixe-me virar a bela adormecida e dormir por, no mínimo, cem anos.




Capítulo 24




’s POV

Segurei o celular entre a orelha e o ombro, enquanto colocava as torradas no prato. Deixei sobre a mesa e fui até a geladeira buscar a jarra de suco de laranja e morango.
- Eu já entendi, ok? Não se preocupe, vai dar tudo certo. – suspirei. – Se acalma! A gente está se dando super bem, não é? Ele já me adora. – sorri. – Boa sorte com a entrevista. – ouvi mais um sermãozinho e uns conselhos. Balancei a cabeça, rindo. – Amor, vai logo. Beijos, te amo. – e desliguei. Deixei o celular sobre a bancada da cozinha e observei o meu trabalho sobre a mesa. O café da manhã estava pronto. Esfreguei as mãos uma na outra e sorri satisfeito. Hora de acordar o pivete. Hoje o dia seria nosso. tinha recebido uma ligação no dia anterior, avisando sobre uma entrevista de emprego. Ela queria deixar Johnny com a babá, mas eu, prontamente, me ofereci. É mais uma oportunidade de nos conhecermos melhor. Caminhei até o quarto de Johnny, abrindo a porta lentamente. Ele ainda estava dormindo. Aproximei-me dele, agachando ao seu lado. Passei os dedos pelo seu cabelo, que estava todo bargunçado, e o observei dormir por alguns instantes. Ri do seu pequeno pijama do homem-aranha. Johnny ressonava alto, sinal de que estava dormindo profundamente. Era uma pena ter que acordá-lo. Passei a mão na minha barba por fazer, pensando se o deixava dormir mais um pouco ou não. Dei de ombros, dando-me por vencido. Fui até o outro lado de sua cama e me deitei ao seu lado, de frente para ele. Sorri, me sentindo bobo. Como uma criança podia mexer tanto com a vida de uma pessoa? Essa daqui mudou a minha vida completamente, parece que a razão de existir começou a fazer sentido. Eu olho nos olhos dele e só consigo ver pureza e amor. Como eu posso amar tanto um ser tão pequeno assim?! Johnny suspirou baixo, abrindo vagarosamente os olhos e os coçando rapidamente. Sorri, observando-o. – Bom dia, filho.
- Dia, papai. – falou com a voz embargada de sono. – Cadê a mamãe?
- Sua mãe vai ficar fora hoje, campeão. O dia é nosso! – falei animado. – Hoje o dia é dos meninos, o que acha?
- A gente pode comer pizza? – perguntou, animando-se rapidamente. Assenti, sorrindo. – Yay!
- Tá, mas agora vamos levantar, né? Eu preparei o nosso café da manhã. – falei, sentando-me na cama, fazendo-o se sentar também. Mas Johnny se jogou na cama de novo, rindo. – Johnny! – repreendi, rindo.
- Quero ficar deitado. – comentou, puxando o lençol, encobrindo-se até a cabeça. Soltou uma risadinha sapeca.
- Eu vou contar até três, se você não se levantar, eu vou te fazer cócegas. – ameacei, já estralando os dedos. – Um... – ele riu, já se preparando. – Dois... – ele não se moveu. – Não vai levantar? – ele não respondeu, apenas riu. – Ok. TRÊS! – falei alto, tirando o lençol de cima dele e o pegando no colo, fazendo cócegas nele. Johnny ria alto, gargalhava. E eu ria junto, era impossível não rir ouvindo aquela risadinha sapeca dele.
- Papai! – chamava, enquanto gargalhava. – Para, papai. Para! – pedia aos risos.
- Vai se levantar? – perguntei.
- Vouuuu!
- Jura? – pedi.
- Juuuuro! – jurou ainda rindo. Então eu parei. – Ai, papai. Ai, ai, papai. – falou, fechando o semblante, fingindo estar bravo. – Que feio, papai.
- Feio? Eu? Eu não, eu sou lindo. – beslisquei seu nariz.
- Eu sou lindo. – rebateu, fazendo bico.
- Claro que é. Você é meu filho, oras! – pisquei pra ele, que riu. – Ok, vamos levantar de verdade. – levantei-me da cama, postando-me ao seu lado. – O que prefere fazer primeiro: tomar um banho e depois comer, ou comer e depois tomar um banho?
- Banho! – levantou os braços, pedindo para que eu tirasse seu pijama.
- Ok, então. – o despi rapidamente, jogando-o no ombro depois. Johnny ria, enquanto eu o levava para o banheiro. Durante o banho, acho que eu também acabei levando um, pois Johnny não parava de jogar água em mim. Tive que ficar sério, senão não iria sair banho nenhum ali. Depois de colocar uma roupa nele, pentear seu cabelo, finalmente fomos para a mesa, comer. – Vai querer comer o quê? Torrada, cereal ou leite com aveia?
- Cereal com leite. – pediu, sentando-se à mesa. O servi e depois me servi, sentando-me também à mesa. – Quero ir ao parque. O Sam vai tá lá.
- Aquele aqui perto? – ele assentiu. – Ah, tudo bem. Depois que a gente acabar aqui eu te levo, ok? – concordou com um aceno de cabeça e um sorriso sujo de cereal. – Come direito, menino. – ri. Assim que terminamos, eu fui me trocar para poder levar Johnny ao parque, o moleque estava agitado. Por que toda criança é ligada no 220 logo tão cedo? Fomos andando mesmo, era perto. Johnny foi de casa até o parque segurando na minha mão e apontando os carros nas ruas, as outras crianças e rindo toda vez que algum passáro voava baixo.
- Sam! – ele falou alto, apontando para uma criança ruiva mais adiante. Soltou-se de mim e correu até ele. Uma moça loira, que estava ao lado dele, olhou para Johnny e sorriu, agachando-se. Aproximei-me deles, devagar.
- Oi, Johnny! – ela o abraçou. – Você sumiu, mocinho. Cadê a sua mamãe?
- Mamãe saiu. – explicou rápido, correndo para o parquinho junto com o amiguinho.
- Olá?! – falei, assim que me aproximei dela. Ela olhou pra cima, já que ainda estava agachada. Sorriu e se levantou.
- Ah, oi. – colocou o cabelo atrás da orelha. – Você está com o pequeno? – assenti, observando-o rapidamente. – Ele é uma gracinha. – sorriu, cruzando os braços. – Desculpa, eu não sei o seu nome.
- Eu sou o . – acenei com a cabeça.
- Prazer, . Eu me chamo Phoebe. – sorriu. – Por que a não veio com vocês?
- Ela tinha uma entrevista de emprego hoje. – expliquei. – Johnny quis vir, então eu o trouxe.
- É, Sam também quis vir. Queria encontrar o amigo. – sorriu, olhando as duas crianças brincando.
- Você é a mãe dele? – ela afirmou. – Puxa, você também parece ser novinha. – ela sorriu, sem graça.
- Pois é, eu sou. – fez uma careta. – Eu sou igual a . Sam também foi acidente de percuso. Eu tinha dezessete anos quando engravidei. O pai é um idiota que me largou assim que soube da gravidez. – deu de ombros. – Acho que nós duas não tivemos muita sorte com relação a isso. – levantei uma sobrancelha, curioso.
- Ah, não? O que a contou a você? – perguntei interessado.
- Ah, ela não me disse muito. – gesticulou com as mãos. – Disse que o pai não tinha muito contato com a criança, mas não me disse os motivos. Ela tava bem triste com isso, mas evitava o assunto. – suspirou. – Mas faz tempo que não a encontro, não sei como está a situação dela agora. – explicou, fitando-me. – Mas, e você? É algum namorado dela?
- Eu sou. Eu sou namorado e pai de Johnny. – sorri. – O pai biológico dele.
- Ah, meu Deus! – exclamou, sem graça. – Que vergonha! E eu aqui falando essas coisas.
- Tudo bem, você não sabia. Aliás, você não disse nenhuma mentira. As coisas mudaram desde então. – sorri, fitando o meu filho, alegre, brincando no escorregador. – Eu aprendi a ser pai.
- Fico feliz que vocês estejam bem, então. Eu sempre torci muito por ela. – foi sincera. – Espero que sejam felizes.
- Obrigado. – sorri agradecido. Johnny olhou pra mim e acenou, sorrindo. – Nós seremos.

’s POV Off

***


Tropecei numa garrafa de cerveja, tropecei em um casal se agarrando no meio da praia, tropecei em uma pedra, fui tropeçando até chegar ao meu namorado, que estava deitado na areia da praia, sem camisa, só de calça jeans e fitando a lua. Sorri, me aproximando e me deitando ao seu lado.
- Oi, gato! – sussurrei, beijando sua bochecha. Ele sorriu, girando o rosto para me encontrar. Me abraçou e me deu um selinho.
- Oi, . – suspirou, tirando minha franja do meu rosto. – A Jackie tá melhor?
- Aham, ela tá com o Luís. – dei de ombros. – Os dois estão bem bebâdos, mas quem liga? – rimos. Encostei minha cabeça no peito dele, enquanto ele acariciava meu braço.
- A gente podia se casar nessa praia. – ele comentou, de repente. Sorri. – Tipo, sei lá, um luau, sabe? Ia ser bacana.
- Eu gosto da ideia. – girei meu rosto para fita-lo. – O que mais você pensou?
- Ah, eu quero uns quatro filhos. – ele riu. – Pelo menos uma banda a gente forma. – ri, concordando. – Ah, a gente pode morar aqui em frente. Morar em frente a praia é legal.
- A gente já mora quase em frente a praia, Rafa. – ri, mas adorando ouvir tudo aquilo que ele esperava sobre o nosso futuro. – A gente pode ter um gato?
- Mas eu prefiro cachorro, amor. – fez uma careta.
- Gato é mais fofo e menos trabalhoso, ursinho. – fiz um bico.
- A gente resolve isso depois. – concluiu, rindo. Concordei com um aceno de cabeça. – Então você aceita?
- Aceito o quê? – perguntei em dúvida.
- Aceita se casar comigo? – mordi o lábio inferior, balançando a cabeça positivamente. Ele sorriu. – Eu tô falando sério, .
- Eu também, Rafael. – ele riu, sentando-se rapidamente e me segurando pelos braços.
- Eu te amo, baixinha. – soprou, aproximando o rosto do meu, roçando o nariz no meu. Fechei os olhos, pousando minhas mãos no seu pescoço. As mãos de Rafael foram para a minha cintura, segurando-a fortemente, mas acariciando-a com o polegar. Deslizou os lábios sobre os meus, respirando rápido. Deu-me um selinho demorado, se afastou. O ouvi sorrir e voltar a encostar a boca na minha. Finalmente, iniciando um beijo de verdade. Seus dedos entraram por debaixo da minha regata, subindo vagarosamente até o bojo do meu suitã. Eu comecei a rir. - ....
- Desculpa. – pedi, mordendo os lábios. – Fez cócegas.
- Tudo bem, aqui também não é um lugar muito apropriado. – ele olhou em volta, depois se levantando - Vem, vamos pra outro lugar. – estendeu a mão para mim, que aceitei, também me levantando.
- Pra onde? – perguntei, limpando a areia do meu short.
- Lá pra casa. Meus pais estão viajando. – explicou.
- Ah. – soltei, sem graça.
- Ei, tudo bem se não quiser ir. Eu posso te deixar na sua casa, tá? – segurou meu queixo, direcionando aqueles olhos verdes diretamente aos meus. Como negar? É sacanagem isso.
- Não, tudo bem. A gente pode ir pra lá. – sorri, entrelaçando os meus dedos aos dele.
- Certeza? Você não precisa ir se não se sentir pronta, amor. – apertou nossos dedos.
- Shh, vamos logo! – fiquei nas pontas dos pés e roubei um beijo rápido dele. – Eu quero ir.
- Tudo bem, então. – sorriu satisfeito, guiando-nos até o seu carro. Mordi a unha do meu dedão assim que sentei no banco do carona, deixando Rafael nos guiar até a casa dos pais dele. O negócio é o seguinte, Rafael e eu nunca tínhamos passado dos amassos antes. Eu sabia que ele tava doido por isso, mas sempre me respeitava. Mas chega um momento que nem mesmo eu sou capaz de deixar a insegurança falar mais alto. E bom, esse momento é agora. - ?
- Ahm? Oi? – chacoalhei a cabeça, acordando dos meus pensamentos.
- Está tudo bem? Eu te chamei duas vezes e você não me respondeu. Quer me falar alguma coisa? – pediu, tirando uma mão do volante e colocando sobre o meu joelho. Suspirei, abaixando o olhar.
- Eu não quero te decepcionar. – confessei, enfim.
- Me decepcionar? Você jamais faria isso, . Por que você acha que me decepcionaria? – perguntou, ocilando o olhar de mim para as ruas.
- Porque você já teve outras garotas antes de mim. – dei de ombros. – Eu não tenho nenhuma experiência. Aposto que as outras eram lindas, tinham um corpo bonito e te deixava... hm, erm, excitado. – mordi meus lábios. Ele riu baixo, balançando a cabeça.
- , o modo como você fala me faz parecer um playboy que sai pegando todas as mulheres. Você sabe que não é assim, que eu não sou assim. – suspirou, fitando as ruas. – Eu confesso, eu já estive com outras mulheres, sim. Eu me diverti com elas, é claro. Mas, poxa, não tenta se comparar com elas, ok? Eu tive elas por uma noite. Eu quero você pra vida inteira. – parou o carro em frente a casa dele. Desligou o motor e se virou pra mim. – E sobre essa história de ser linda, corpo bonito... – ele sorriu largamente. – Me perdoe a expressão, mas... Caralho, você já se viu no espelho? Você é uma das garotas mais bonitas que eu já sai. Sem brincadeira! E putz! Seu corpo me deixa louco, . – dei uma risadinha sem graça. – Eu tô falando sério! Todas as vezes que eu te vejo de biquíni na praia, na piscina... Cara, eu tenho que tentar colocar minha mente pra viajar em outro lugar, porque se não eu te agarro na hora. – confessou.
- Jura? – pedi.
- Eu juro! – ele sorriu. – Certas coisas que acontecem com o corpo masculino não tem como fingir, amor. – ele fez uma careta e eu comecei a rir. – Se sente melhor agora?
- Sim, obrigada! – dei um selinho nele. Abri a porta do carro e sai, Rafael ficou me fitando. – Não vem?
- Vou, claro! Só espera um pouquinho. – respirou fundo. – Agora quem ficou nervoso fui eu.
- Rafael! – ri, aproximando-me da janela do carro, onde ele estava com o braço encostado. – Para de bobeira, vem! – abri a porta, puxando-o para fora.
- Essa mulher é fogo! – riu, saindo enfim e trancando o carro. – Vem cá! – falou, pegando-me no colo de repente.
- Tá louco? – soltei um gritinho de susto.
- Aham, por você. – sorriu de lado, jogando uma piscadinha.
- Lindo! – enrolei meus braços em seu pescoço, beijando seus lábios. Rafael nos levou para dentro da casa, onde eu finalmente perdi o medo de ser quem eu era, de mim e do meu corpo, de ser de quem eu já deveria ter sido há tempos. Ele me quis, eu o quis. Ali, naquele quarto não tão grande, nosso querer foi mútuo e muito. Ah, é, foram muitas vezes.


- Ai, obrigada por ter vindo comigo, Nath! – a abracei de lado. Ela sorriu.
- Que nada, . – deu de ombros. – Eu já tinha comentado com eles sobre você. Eles disseram que estavam precisando de uma tradutora brasileira aqui na empresa, e, óbvio, quem eu pensei? Claro, você.
- Vou ficar eternamente grata, amiga. – segurei sua mão. – Você sabe o quanto eu estava precisando de um emprego. – ela assentiu. – Só não entendi o porquê da urgência dele para que eu viesse.
- Bom, pelo o que eu entendi, tem um possível novo sócio vindo, aí. E ele é brasileiro. Ele fala inglês, mas eles são meio paranoicos, querem ter certeza de que está tudo bem com os documentos, sem mal entendido e essas coisas. – explicou.
- Ah, eu entendi. – balancei a cabeça, concordando.
- ? – alguém chamou o meu nome. Virei-me e vi a secretária parada a minha frente.
- Sim? Eu. – levantei-me.
- O sr. Isaac quer vê-la agora. – sorriu, apontando para a porta a nossa frente.
- Ok, obrigada. – sorri nervosa para Nath. – Deseje-me sorte.
- Você não precisa disso. Você arrasa! – sorriu, piscando pra mim. Eu não tenho a melhor amiga do mundo? Respirei fundo e segui em frente, dei dois toques na porta e entrei.
- Com licença. – pedi, aproximando-me de um homem bem vestido, devia ter a mesma idade do meu pai. Ele tinha uma cara fechada, mas parecia ser um bom homem.
- Sente-se, por favor. – indicou a cadeira em frente a sua mesa. Prontamente fiz o que ele havia pedido. – Bom, eu sou Leon Isaac, vice-presidente da ACC Company. Como você já deve estar sabendo, a nossa empresa recebe muitas pessoas de fora, inclusive do Brasil, a maioria de lá, na verdade. Tinhamos uma outra tradutora antigamente, mas ela teve um filho e decidiu sair. Espero que isso não seja um problema pra você também. – ele olhou um papel em suas mãos. – Vi que você colocou no seu currículo uma observação que tem um filho pequeno.
- Sim, eu tenho. Mas não se preocupe, isso não me atrapalha em nada, nesse caso. – sorri.
- Pois, então. É isso. Eu vi que você tem dupla nacionalidade, e uma delas é a brasileira. Acho que você seria uma ótima escolha para a nossa empresa, . Podemos fazer um teste com você hoje, se se interessar pelo emprego. – me fitou, esperando uma resposta.
- Eu adoraria, sr. Isaac. Eu ficaria realmente feliz se conseguisse esse emprego. – falei animada.
- Ótimo. – ele sorriu. – Um possível novo sócio está chegando a empresa a qualquer momento. Ele é brasileiro, então, ele será o seu teste, tudo bem? – concordei com um aceno de cabeça. – Se ocorrer tudo bem, o emprego é seu.
- Ok, eu agradeço a oportunidade. – sorri agradecida. Houve uma batida na porta.
- Desculpa, senhor. Mas a pessoa que o senhor estava aguardando acaba de chegar. Posso mandá-lo entrar? – a secretária dele falou.
- Oh, sim, por favor. – ele sorriu, levantando-se. Fiz o mesmo. Passei a mão pela minha saia lápis, ajeitei a minha camisa e arrumei o meu cabelo, rapidamente. Entrou um senhor de cabelos grisalhos na sala, sorridente.
- Leon, quanto tempo! – exclamou, indo apertar a mão do meu novo chefe. Leon sorriu de volta, aceitando o aperto de mão.
- Tobby, meu caro! – respondeu a altura. – Tobby, conheça a srta. , ela será a nossa tradutora aqui na empresa.
- Oh, muito prazer. – ele sorriu cordialmente, vindo apertar a minha mão. Sorri, aceitando-a.
- O prazer é meu. – respondi.
- Onde está o rapaz, Tobby? O tal consultor empresarial que você disse que faria milagres por aqui? – Leon questionou. Ué, então esse ainda não é o cara?
- Ele estava atrás de mim. Mas ele já deve estar... – ele foi interrompido pelo tal rapaz entrando na sala, sorridente, alto, moreno e de olhos verdes. Oh, não. Não é possível. É? – Veja, aqui está ele. Leon, quero que conheça Rafael Archetti, o rapaz do qual eu te falei.
- É um grande prazer finalmente conhecê-lo, sr. Isacc. – ele sorriu, estendendo a mão para ele. Rafael ainda não tinha me notado ali, mas assim que notou, seu sorriso sumiu e uma cara de confusão se instalou no lugar. - ?
- Ahm, oi, Rafael. – sorri sem jeito.
- Vocês se conhecem? – Leon perguntou confuso.
- É, sim. Nos conhecemos do Brasil, ela foi...
- Eu era amiga dele, de colegial. Estudamos juntos. – o interrompi antes que ele acabasse com as minhas chances de emprego naquele lugar. Ele sorriu, concordando comigo.
- É, é isso. – desviou o olhar de mim para Leon.
- Ah, sim. Certo. Bom, já que se conhecem, vai ser melhor o entendimento aqui. Rafael, a vai ser a nossa nova tradutora aqui. – explicou.
- É? Ótimo! – sorriu, fitando-me. – Ela é uma excelente pessoa.
- Bom saber. Depois pegarei mais referencias dela com você. – Leon brincou, fazendo todos rirem. Eu também ri, mas foi de nervoso. – Bom, sentem-se. Vamos finalmente começar essa reunião e resolver todos os detalhes. – assim que todos estavam sentados, olhei na direção de Rafael. Ele me olhou de volta. Gesticulei um “obrigada” mudo para ele, que piscou pra mim. E lá vamos nós de novo.


- Então, é isso. Te espero aqui na segunda, ok? Bem-vinda à ACC Company. – Leon apertou a minha mão, selando nosso compromisso. Sorri feliz por finalmente ter encontrado um emprego bom. Me despedi dele e finalmente sai da sala. Nathalie ainda estava no mesmo lugar onde eu havia a deixado. Será que ela ficou me esperando ali o tempo todo? Se bem que ela nem me notou quando sai. Ela estava fitando, quase que descaradamente, Rafael mais adiante, conversando com Tobby.
- Oi, Nath! – chamei a sua atenção. Ela pulou, acordando do transe. Eu comecei a rir.
- Amiga, como foi?! – se levantou, me segurando pelo braço. – Conseguiu?
- Consegui! – falei animada. – Muito obrigada. Ei, você ficou aqui o tempo todo? Você não tinha que estar na sala?
- Tinha. Na verdade, eu fui lá e voltei. Eu ia ficar por lá, mas eu vi esse cara chegando e resolvi ficar por aqui. – ela direcionou os olhos para o Rafael, que estava nos olhando. Shit! - Meu Deus, esse cara realmente existe? Ele é lindo! – ela confessou, falando baixo. Eu tive que rir. – Ele tava lá dentro com você, né?
- Sim, Nath, ele estava. – sorri, tendo uma ideia. – Ei, você quer que eu te apresente pra ele?
- O quê? Não, tá louca?! – riu. – Até parece que um cara daqueles vai... oi! – ela sorriu, mostrando todos dentes. Olhei para o lado e vi Rafael se aproximando.
- Oi, ! – ele segurou na minha cintura.
- Oi, Rafa. – sorri.
- Oi, você. – ele falou, fitando Nathalie.
- Ahm, oi. – ela respondeu, confusa. Fitando a mão dele ainda na minha cintura. Suspirei, tirando-a de lá.
- Nathalie, esse é o Rafael. Ele é um amigo antigo do Brasil. – expliquei. Ela soltou um “Ahh” de entendimento. – Então, você é o novo sócio do Leon? – ele assentiu. – Ah, puxa, que mundo pequeno.
- Nem fala! – falei, revirando os olhos e rindo.
- Será que a gente podia conversar? Almoçar juntos? – ele pediu. Fiz uma careta.
- Ah, sabe o que é, não vai dar. Eu deixei o meu filho com o pai e eu já combinei de almoçar com eles. Quem sabe uma próxima, né? – dei de ombros. – Mas, olha, a Nathalie estava me falando que está morrendo de fome. Por que vocês dois não saem juntos?
- Ahm, , cala a boca! – Nathalie falou entre os dentes. Eu me segurei para não rir.
- Olha, se você concordar, eu adoraria almoçar com você. – Rafael sorriu, mostrando aquele sorrisinho que conquista todo mundo desde os cinco anos de idade.
- Sério? Quer dizer, é, tudo bem. Se você insiste! – sorriu de volta. Ah, essas minhas amizades. Ri, balançando a cabeça.
- Bom, vejo vocês depois. Foi ótimo te rever, Rafa. – dei um breve abraço nele.
- Não some, baixinha. – ele sorriu.
- Eu não vou. – garanti. Fui abraçar Nathalie, sussurrando em seu ouvido. – Juizo, ok? Não seja tão atirada, se segura e não dê no primeiro encontro. – após falar isso, recebi um beslicão forte na barriga. – Ouch, sua louca!
- Tchau, ! – ela me empurrou. Ri, mandando beijos e finalmente saindo de lá. Peguei um táxi e corri de volta pra casa. Assim que pisei lá dentro, um cheiro de pizza e um barulho de risadas invadiu meu nariz e ouvidos. Minha casa estava tão alegre! Há quanto tempo essa alegria não reinava por aqui.
- Que bagunça é essa na minha casa? – brinquei, aproximando-me deles. estava sentado no sofá e Johnny sentado no chão, ambos comendo pizza e assistindo a algum filme. Me sentei no colo de , recebendo um selinho como boas-vindas. – Cadê meu beijo, filhote? – pedi, fazendo bico. Johnny se levantou e veio até mim, me dando um beijo estalado na bochecha. – Se divertiu hoje com o papai?
- Sim! A gente foi ao parque. – comentou, voltando a se sentar e a comer a sua pizza.
- Foram? Que ótimo! – sorri, voltando a minha atenção ao homem a minha frente. – E você? Se divertiu?
- Foi incrível. – ele sorriu, apertando a minha cintura. – Mas me conta, como foi lá? Conseguiu o emprego?
- Consegui! – contei, animada. – Amor, eu finalmente consegui.
- Que ótimo, . Fico feliz por você! – me de um beijo estalado nos lábios. Mordi a boca, levantando-me e o puxando pela mão, levantando-o também. – O quê?
- Shh! – pedi, apontando para Johnny, que estava focado assistindo ao filme. Ele fez uma cara confusa, mas deixou que eu o guiasse corredor adentro.
- ? – pediu.
- Só queria poder beijar você direito, sem plateia infantil por perto. – expliquei, fazendo-o rir.
- Bom, nesse caso. – sorriu de lado, virando e me pressionando contra a parede, de repente. Com uma mão apertou a minha cintura e com a outra, segurou meus braços à cima da minha cabeça. Fingi querer morder sua boca e ele riu, balançando a cabeça. pressionou seu corpo contra o meu com certa força, me fazendo reprimir um gemido.
- Maldade. – falei, roçando a boca na dele. Ele riu antes de finalmente me beijar. Afrouxou a mão sobre os meus braços, fazendo com que eu os soltasse e pudesse envolvê-los em volta do seu pescoço. direcionou os beijos para o meu pescoço, fazendo-me fechar os olhos e morder os lábios. – Amor, o Johnny tá na sala.
- Eu sei, eu sei. – sussurrou, sem parar de me beijar. – Mas eu passei a manhã longe desse corpo e dessa boca, me dá um desconto, vai?! – ri, puxando-o pelo cabelo, fazendo-o parar e me encarar.
- Eu sei onde isso vai dar, ok? Quando o nosso filho estiver dormindo a gente resolve isso. – beijei seus lábios rapidamente. – Tudo bem?
- Tenho escolha? – levantou a sobrancelha. Neguei. – Foi o que imaginei.
- Seu marrento! – dei um empurranzinho nele, brincando e me afastando dele. – Estou com fome. Ainda tem pizza? – perguntei, entrelaçando os dedos aos dele e nos guiando até a cozinha.
- Tem, sim. – respondeu, apontando uma caixa de pizza sobre a mesa. Meus olhos brilharam de satisfação. Me soltei dele e fui pegar um pedaço pra mim. cruzou os braços, encostou-se na parede e me fitou.
- O que foi? – perguntei, mordendo um pedaço da minha pizza, que estava uma delicia.
- Você é linda! – falou simplesmente. Corei.
- Amor...
- Não, sério. Eu realmente te acho muito linda, sabia? Tudo em você é lindo. – aproximou-se de mim. – Eu amo a sua boca, o desenho que ela faz. Principalmente quando você tá sorrindo, ou me beijando. – sorriu. – Eu amo até o seu sotaque, porque ele não é um britânico forte, é um britânico-brasileiro, mas sem ser forçado. Acho linda até as suas pintinhas nas costas, sabe? Algumas formam até um coração. – sorri, achando fofo tudo aquilo. – Amo o seu coração, porque você a pessoa mais gentil, amável e admirável que eu conheço. , eu tenho orgulho de dizer que você é minha, que você me escolheu pra ser o homem que vai estar ao seu lado.
- Nossa, , eu... Eu não consigo nem ter palavras pra expressar o que o meu coração tá sentindo agora. – peguei sua mão e coloquei sobre o meu peito. – Ele tá acelerado, cada batida, cada pulsação, cada palpitação que ele tá sentindo agora é de felicidade, porque eu finalmente tenho você na minha vida, por completo. – sorri. – Eu amo você.
- Acredite, de verdade, em cada palavra... – encostou a testa na minha. – Eu. Amo. Você.
E eu acreditava, em cada palavra, nos mínimos detalhes. Nos detalhes que foram construído o nosso amor.

***


- E, ah, meu Deus! Ele é incrível, . – Nathalie se abanou, suspirando. Balancei a cabeça, rindo.
- Pelo visto vocês se deram bem, hein? – comentei, empurrando a porta do restaurante. Nathalie sorriu sem graça.
- Eu tô falando muito dele, né? Desculpa. – mordeu os lábios.
- Só desde a hora que você me viu no trabalho. – falei, dando de ombros, irônica. – Mas eu não ligo. Eu tô vendo que você tá feliz, eu fico feliz também, de verdade.
- Você é maravilhosa! – me abraçou de lado. – Nossa, eu tô morrendo de fome! – comentou, sentando-se à mesa, a acompanhei.
- Arght! Meu estômago não anda muito legal, ultimamente. – fiz uma careta. – Não é tudo o que eu como que ele aceita.
- Ah, que pena! – ela fez uma careta. Um garçom se aproximou da gente.
- O que vão pedir? – perguntou, sacando a bloco de anotação do bolso do avental.
- Eu não sei se peço uma salada ou um hambúrguer, hmm. – Nathalie comentou, observando o menu.
- São coisas bem parecidas mesmo. – comecei a rir. – Eu vou querer só um suco verde, por enquanto.
- E a senhorita? – voltou a perguntar a Nathalie.
- Ah, dane-se! Me traz um desses hambúrgueres com bacon. – concluiu, fechando o menu.
- Tudo bem. Em instantes trarei o pedido de vocês. – sorriu e saiu, enfim.
- , suco verde? Sério? Você não pode almoçar só isso. – me repreendeu, colocando as mãos na cintura.
- Nath, eu já disse, eu não tô conseguindo comer muita coisa. Eu sinto fome, bastante até, mas quando vou comer... – fiz uma careta. – Quase tudo quer voltar.
- , posso te fazer uma pergunta? Assim, eu quero que você seja bem sincera comigo, ok? – franzi o cenho, estranhando, mas concordei. – Você tá grávida?
- O quê? Claro que não, Nathalie! – comecei a rir. – Eu grávida? Tá louca?! Não, claro que não. – revirei os olhos. – Só porque eu tô comendo mais, enjoando, com sono, com dor de cabeça e alguns dias atrasada? – comecei a rir de novo, mas depois parei, quando prestei atenção no que eu tinha acabado de constatar. Nathalie me fitou, levantando uma sobrancelha, esperando eu cair a ficha. – Oh, não.
- É, acho que vou ser tia de novo. – cruzou os braços.
- Não, não. – balancei a cabeça. – Eu não posso tá grávida!
- Por que não?
- Porque eu acabei de conseguir um emprego, e eu finamente estamos tendo a nossa vida juntos, meus pais e os dele estão nos aceitando... Poxa, eu ainda sou muito nova pra ter um segundo flho, Nath. – suspirei, encostando a cabeça na mesa. – Isso não pode tá acontecendo.
- Você quer fazer o teste? – perguntou, colocando a mão sobre a minha. Levantei a cabeça, fitando-a.
- Eu quero.


- E agora? Já deu o tempo? – pedi, fitando o meu relógio de pulso pela milésima vez. Nathalie me olhou, repreendendo-me. – Ok, desculpa, mas eu tô nervosa e ansiosa.
- , me conta, se você realmente estiver grávida, o que pensa em fazer? – perguntou curiosa, dobrando as pernas sobre a minha cama. Suspirei, pensando. O que eu ia fazer?
- Sinceramente? Bom, eu não tenho ideia. – dei de ombros. – É óbvio que eu vou ter essa criança. Vai ser um surpresa pra mim, não sei como será a reação do sobre tudo isso. – fitei meus dedos sobre o meu colo. – Mas o que o destino tiver planejado pra nós, bom, só nos resta aceitar.
- Acho que Johnny iria adorar ter um irmãozinho ou irmãzinha. – sorriu, tentando me confortar.
- Você acha? – entrei na brincadeira dela.
- Ah, totalmente! – se aproximou de mim, segurando as minhas mãos. – E eu tenho certeza que você será uma boa mãe para duas crianças. Johnny te ama, ele te idolatra. Você é uma pessoa incrível. Eu sei que você vai saber lidar com essa situação.
- Ai, eu te amo! – fiz um bico, indo abraçá-la. Ela riu.
- Claro que ama. Todo mundo me ama. – beijou minha bochecha. – Te amo, . – segurou minhas mãos novamente. – Ei, olha a hora! Já deu tempo do teste mostrar o resultado. Pronta?
- Na verdade, não. – fiz uma careta. – Você pode olhar pra mim?
- Eu posso, mas você tem certeza? – balancei a cabeça, concordando. – Ok, então. – ela se levantou, dirigindo-se até o banheiro. Respirei fundo, fechando os olhos.
- E aí?! – perguntei alto. Nathalie apareceu no quarto novamente com o teste em mãos. Ela sorriu. – Fala, Nathalie!
- Parabéns, mamãe! Johnny vai ter um irmãozinho. – contou animada.
- Jura? – coloquei a mão sobre a boca, não acreditando. – Ah, meu Deus! – me joguei na cama.
- O que você me diz? O que você me diz? – pulou em cima de mim, parecendo uma criança.
- Bom, eu vou ser mãe... – a fitei, sorrindo. – De novo.


Capítulo 25




Respirei fundo e me encarei no espelho do banheiro. Eu tinha que parar de enrolar e ir logo contar sobre essa nova gravidez para . Depois que fiz o teste de farmácia, Nathalie me levou para até um laboratório e eu fiz o exame de sangue. Afinal, eu precisava de todas as confirmações possíveis. Bom, eu agora as tenho. Eu realmente estou esperando outro filho de . Meu celular sobre a pia vibrou, avisando uma nova mensagem.

“Já contou? Eu vou aí contar se você não for logo!”
Te amo. Nath, xx.”


Ri, balançando a cabeça. Só ela conseguia me fazer rir nesses momentos de tensão. Mandei outra mensagem, respondendo-a.

“Eu vou contar agora, titia. Deseje-me sorte! ;)”


“Não que você precise, mas boa sorte. Ah, filma a reação dele pra mim? Valeu.”


- Filmar? – pensei alto. Sorri, tendo uma ideia. Abri o aplicativo da câmera do meu celular, coloquei no modo de gravação e direcionei a câmera para o meu rosto. – Oi, meu amor. Daqui uns anos, quando você puder entender um pouco melhor o mundo e como as coisas funcionam, você vai ver isso. Essa é a reação do seu pai quando soube que ia ganhar outro filho. Ah, e, por favor, não brigue com o seu irmão Johnny, ok? Mamãe te ama. – falei, mandando beijos depois. Girei a câmera para a porta e respirei fundo antes de abri-la, dando direto no quarto, onde estava deitado na cama junto a Johnny, conversando dispersamente. - ?
- Fala, ! – respondeu, sem olhar para mim.
- Olha aqui! – pedi e ele me olhou.
- O que foi? – franziu o cenho. Notou o celular mirado em sua direção e me olhou sem entender. – O que você tá fazendo?
- Tô filmando! – expliquei, aproximando-me da cama.
- Tá? Por quê? – perguntou interessado. Sorri. - , o que foi, hein?
- Eu quero filmar a sua reação a uma notícia. – me sentei na cama ao lado deles. Mirei a câmera para Johnny, que me olhava sem entender direito. – Dá tchau, filho.
- Tchauuu! – acenou, sorrindo. Mirei novamente para .
- Amor? Amor, tá tudo bem? – perguntou preocupado.
- Tudo ótimo. – sorri, fitando-o através da câmera. - , o quanto você me ama?
- Isso é alguma pegadinha? – ele riu. Eu neguei. – É sério mesmo? – assenti. Ele coçou a nuca, sem entender o que estava acontecendo. - , eu te amo muito, você sabe.
- E ama muito o seu filho?
- É claro! – fitou Johnny, sorrindo.
- , olha pra mim... – pedi. Ele me fitou, me olhou diretamente nos olhos, esperando uma reação. – Eu tô grávida... de novo. – ele ficou paralisado, depois riu.
- É sério? – assenti com a cabeça.
- Você vai ser pai de novo. – sorri. Ele riu ainda mais.
- Não é brincadeira, né? – neguei. Seus olhos antes paralisados, ficaram um pouco vermelhos e eu vi um pequeno monte de lágrimas se formar ali. – Ah, meu Deus! – ele sorriu, vindo me abraçar. – Não acredito! – ele riu, me beijando. – Você tem certeza?
- Eu tenho, eu fiz o exame, amor. – sorri, confirmando. Lembrei da câmera ainda ligada, posicionei-a novamente, mirando-a em . – Ei, manda um recado para o seu filho!
- É? – pediu sem graça. – Bom, eu não sei o que dizer... – riu. – Só que, ah, cara! Eu tô muito feliz. Se você for uma princesinha, eu prometo que nunca vou deixar ninguém te machucar, e homem nenhum vai ser bom pra você. – eu comecei a rir. – Se vir outro garotão, a gente vai se divertir muito. Vamos montar um time e vamos ser campeões mundiais de videogame. – ele riu, fitando-me. – E cá entre nós dois, você tem a mãe mais linda do mundo. – sussurrou para a câmera, jogando uma piscadinha depois. Sorri toda boba, desligando enfim a câmera.
- Eu te amo! – o abracei, sendo retribuída. Vi Johnny nos olhar com a mão na boca e o semblante meio confuso. - , acho que alguém está um pouco confuso. – sussurrei pra ele, que sorriu, virando-se para o filho.
- E aí, campeão?! – o pegou no colo, fazendo-o rir. – Sabe quem tá chegando?
- Quem, papai? – perguntou curioso.
- Um irmãozinho pra você. Bom, um irmãozinho ou uma irmãzinha. – contou, sorrindo. Johnny saltitou do colo do pai, animado.
- Um irmãozinho? – colocou a mão no rosto. – É, mamãe?
- É sim, princípe. Bem aqui. – apontei para a minha barriga, gesto que acompanhou com olhar, sorrindo.
- Uau! – pulou animado. Se jogou de joelhos ao meu lado, colocando a sua pequena mão sobre a minha barriga. Riu, sapeca, fitando o pai. – Tá aqui, papai.
- Tá, mas vai demorar alguns meses pra ficar pronto, filho. – passou a mão sobre o cabelo dele.
- Um irmãozinho! – falou mais uma vez. – Eu vou fazer um desenho! – contou, saindo correndo do quarto.
- Cuidado, não corre! – pedi, fazendo uma careta. Fitei . – Tá vendo, né? Tá pronto pra mais um pouco disso? – ele sorriu, deitando-se e me puxando pela mão, fazendo-me deitar de costas para ele. colocou a mão na minha barriga e beijou minha nuca.
- Eu tô pronto pra qualquer coisa desde que você esteja comigo.

***


Olhei no meu relógio de pulso, verificando as horas. Era quase o horário de almoço e eu havia combinado de vir me buscar para almoçarmos juntos e conversar sobre a festa de aniversário de Johnny. Balancei a cabeça, tentando fingir interesse no que a garota da copiadora estava falando. Sorri quando ela deu uma risada.
- Ahm, então, Susan, eu preciso ir agora. – avisei, ajeitando a minha postura e minha bolsa. – Bom almoço pra você.
- Pra você também, . – desejou e eu me virei, andando para fora da empresa, mas não sem antes alguém me segurar pelo braço e chamar meu nome.
- , ainda não tivemos chances de conversar. – e eu nem precisei me virar para saber quem era. Suspirei, parando de andar, virando-me de frente para ele.
- Oi, Rafael. – ajeitei minha bolsa no meu ombro. Ele sorriu, puxando-me para um abraço.
- Já estava achando que você estava me evitando. – fez uma careta, segurando a minha cintura.
- Ah, imagina! – sorri sem graça, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. – Como você tá? Está gostando de Londres?
- Eu tô bem, tô ótimo. – sorriu largamente. – Essa cidade é incrível. É linda, só preciso me acostumar com a língua e com as pessoas daqui. – confessou, rindo. – Mas se você se acostumou, eu também me acostumo. – piscou pra mim. – Eu só não consigo ter esse sotaque lindo que você pegou.
- Ah, para, vai! – ri, dando um tapinha em seu braço. – Eu peguei isso por causa do meu pai. – dei de ombros.
- Olha, aí, até pra falar “pai” você consegue ficar linda. – rebateu.
- Rafael! – repreendi, rindo.
- Não, sério. Eu fico feliz em saber que está tudo bem entre a gente, . – sorriu, colocando uma mão no meu braço e apertando-o, levemente.
- É claro, Rafa. Tudo foi apenas um mal entendido, certo? – foi retórico e ele sabia.
- ?! – meu nome foi chamado outra vez. E outra vez eu sabia quem era antes de me virar.
- ! – sorri, virando-me para ele e tirando a mão de Rafael do meu braço.
- Tudo bem por aqui? – perguntou, desviando o olhar de mim e fixando em Rafael, parado a minha frente, com cara de “quem diabos é esse cara?”. Oh, Deus!
- Aham, não se preocupa. – fui para o lado dele, entrelaçando os nossos dedos. Rafael acompanhou o gesto com o olhar. – Hm, erm, , esse é o Rafael, um novo cliente da empresa e também um velho amigo do Brasil.
- Brasil, uh? - falou, dando uma olhada de cima a baixo em Rafael. Rolei os olhos, não acreditando naquilo.
- Bom, Rafael, esse é , pai de Johnny. – falei, finalmente o apresentando. levantou a sobrancelha, fitando-me.
- Eu não acredito. – falou baixo, rindo ironicamente. – É assim que você me apresenta para as pessoas, amorzinho? – perguntou ironicamente. se virou para Rafael e estendeu a mão. – Eu sou , namorado dela e pai do filho também.
- Muito prazer, . – Rafael aceitou a mão, cordialmente.
- Será que dá pra gente ir? – pedi, suplicante.
- Calma, , deixa eu conhecer direito o seu amigo, oras. – sorriu cinicamente. – Então, Gabriel, né?
- É Rafael. – o corrigiu, mantendo a paciência.
- É claro, Rafael. - repetiu, abraçando-me pelos ombros. – Então, Rafael, você e a são amigos há muito tempo? Eu não me lembro dela ter mencionado você alguma vez.
- Na verdade, somos, sim. Há bastante tempo somos amigos, né, ? – Rafael sorriu, jogando uma piscadela pra mim. Sério? Qual o problema desses dois, hein? Desviei o olhar, fitando a rua, que parecia bem mais interessante. Será que aquele caminhão passa por cima de mim se eu pedir? – A gente estudou na mesma escola.
- Entendo. - falou, fingindo interesse. – Então, agora você mora em Londres? E trabalha com ela, uh? – ele assentiu. – É casado, sr...?
- Archetti. Rafael Archetti. – respondeu. – E não, não sou casado. Eu tive uma namorada na adolescência, que eu achei que íamos nos casar, mas não deu certo.
- É, as coisas às vezes não saem como a gente quer, né? - deu ombros.
- Pode apostar que não. – concordou, cruzando os braços.
- , por favor, vamos ? – sussurrei pra ele. – A gente se fala depois, Rafael. Nós precisamos mesmo ir agora.
- Sem problemas. A gente ainda vai ter muito tempo juntos aqui, – sorriu. me apertou em seus braços.
- Foi um prazer, sr. Archetti. - falou, entrelaçando nossas mãos novamente e me puxando para o carro, sem nem antes ouvir a resposta de Rafael. – “A gente ainda vai ter muito tempo juntos aqui, ”. Quem esse cara pensa que é? - falou alto, entrando no carro. Suspirei baixo, entrando também. - , pelo amor de Deus, quem é esse cara? Você já teve alguma coisa com ele? Já dormiu com ele? – encarei meus pés, muda. Ele começou a rir. – Eu não acredito nisso! Já, claro, né? Por isso você não quis me apresentar como namorado, né?
- Não tem nada a ver, . Não viaja, ok? – o fitei. – Eu só não falei que você era meu namorado porque não achei que devesse explicações pra ele. E aliás, eu também não tinha certeza que esse era realmente o seu rótulo. O que a gente tem é mais do que simples namorados, não é?
- Eu quis casar com você, . Você que não aceitou. – sorriu de lado, rebatendo. – Eu ainda tenho aquele anel se ainda quiser reconsiderar. – segurou minha mão. Sorri.
- , a gente já conversou sobre isso. – pedi.
- É? Então, me responde uma coisa, se eu sou mais que seu namorado, se não sou apenas o pai do seu filho, , por tudo o que é mais sagrado, o que eu sou então? – perguntou curioso e aflito, cruzando os braços sobre o peito. Respirei fundo, confusa comigo mesma, confusa porque nem eu mesmo sabia responder aquela pergunta. – Viu? Você também não sabe.
- Tá legal, , o que você quer? Você quer que eu te apresente como meu marido? Noivo? O homem da minha vida? Porque você já é tudo isso e você sabe. – levantei as mãos na altura dos ombros. – Você quer se casar comigo? Vamos nessa! Vamos agora até o primeiro cartório da cidade e nos casar. Vamos fazer conversão de união estável para casamento, porque é exatamente isso o que acontece com a gente, . Eu estou há praticamente quatro anos com você, só com você. Se isso não significa algo, eu não sei mais o que pensar.
- Espera, o que você disse? – ele sorriu. – Isso, de alguma forma, foi um sim ao pedido de casamento? – abri a boca, sem acreditar que eu havia acabado de concordar em casar com ele. – É isso? Você aceita se casar comigo?
- Bom, pelo jeito, sim, eu aceito. – comecei a rir. – Oh, meu Deus! – coloquei a mão na boca. – Eu vou me casar!
- Eu só não tenho o anel agora comigo. – fez uma careta, puxando-me para mais perto dele. – Mas a gente vai se casar. Vamos ser uma família tradicional, ok? Eu, você e nossos dois filhos. – colocou a mão sobre a minha barriga. Mordi a boca, assentindo. – Mas agora, a gente tem que planejar a festa de uma certa pessoinha.


- Eu não quero palhaços, por favor! – fiz uma careta. – Nunca me dei muito bem com eles.
- Tem medo de palhaço, ? – ele riu.
- Fica quieto! – mandei, dando um tapinha em seu ombro. Assim que chegamos ao restaurante, estacionou o carro em uma vaga perto da entrada, descemos do carro e veio segurar a minha mão. Quando estávamos na porta, entrando, alguém bastante conhecido nosso estava saindo.
- Emma?! - falou alto. Emma, que estava ao lado de um rapaz jovem e bonito, estava rindo e com um ar bastante feliz, olhou para o ex marido, surpreendendo-se.
- Uh, ! Ahm, oi. – falou baixo, soltando-se do rapaz ao seu lado. Ela me olhou rapidamente e desviou o olhar. – Como vai?
- Bom, eu tô ótimo e você, pelo visto, tá bem também, não é? – ele sorriu, puxando-me pela cintura. Abaixei a cabeça, sem graça.
- Eu tô ótima, sim. – ela sorriu, agarrando-se ao braço do rapaz ao seu lado. Ele a olhou de uma forma tão carinhosa e apaixonada, que eu tive que sorrir. – Espero que esteja aproveitando bem a vida de solteiro.
- Eu não sou solteiro, Emma. Eu tenho a , lembra-se dela? - rebateu. Levantei a cabeça, fitando-a.
- Ahm, oi, Emma. – falei, sem jeito. Ela suspirou, forçando um sorriso.
- Oi, . – desviou o olhar rapidamente de mim, voltando a se fixar em . – Bom, Nathan e eu precisamos ir. Felicidades pra vocês. – desejou, acenando brevemente e saindo de lá. a acompanhou com o olhar, e eu, bom, eu também. Emma parecia feliz, estava rindo e parecia se dar bem com esse rapaz com que ela estava. Acredite ou não, eu estava feliz por ela. Ela merecia alguém legal pra dividir a vida com ela.
- Ela tá bem, né? - comentou, voltando a olhar pra mim. Assenti. – Eu fico feliz por ela. – ele sorriu, lendo os meus pensamentos.
- É, eu também. – sorri, observando-a mais uma vez. Emma se virou para trás, me fitou e sorriu. Eu juro que ela sorriu. – Ela merece.

***



Se tem uma coisa que deixa qualquer criança animada, essa coisa se chama “doces”. Em festa de criança o que não falta é isso. Johnny já estava elétrico, pulando para lá e para cá com os amiguinhos do parque. Fiz questão de convidar todas as mães e crianças que eu conhecia de lá. A casa do meu pai nunca esteve tão lotada de crianças como agora. Minha mãe veio do Brasil especialmente para a festinha do neto. Os pais de já devem estar chegando. E eu estou nervosa com isso. Não os encontro desde o incidente na casa deles e espero que a gente consiga superar isso. Meu pai e ainda não tiveram tempo de se encontrar. Assim que chegou, meu pai teve que atender uma ligação importante no escritório dele. Essa família é toda bagunçada.
- A festa tá linda, filha. – minha mãe comentou, sentando-se ao meu lado. Sorri, satisfeita.
- Está? Que bom, espero que Johnny esteja gostando. – o observei correr para o colo do pai, rindo. Ri junto. se aproximou da mesa onde eu estava sentada. – E aí, príncipe, está gostando da festa?
- Sim, mamãe! – assentiu animado.
- Está feliz por ter ganhado um papai, querido? – minha mãe perguntou, observando a reação do neto.
- Eu tenho um papai, vovó. – falou com entusiasmo. – Ele me deu um carrão. – abriu os braços mostrando o quão grande era o carro. – Eu entro lá dentro. É tão legal!
- Que bom, Johnny. Fico feliz que esteja feliz! – sorriu, fitando . – Bem-vindo a família, .
- Obrigado. – ele sorriu de volta. Suspirei, observando meu pai se aproximar de nós. Aqui vamos nós!
- Oi, pai. – sorri, levantando-me e indo ao seu encontro. – Lembra-se de ? – ele o olhou, sério. Depois deixou um sorriso surgir.
- É claro! – estendeu a mão. – Como vai, filho?
- Ahm, eu vou bem, Charlie. - sorriu aliviado. – Como vai a empresa?
- Tá ótima, mas não vamos falar de negócios aqui, nem hoje, ok? Hoje é o aniversário do meu netinho querido. – sorriu, pegando o neto no colo. – Tá ficando velho, hein? – Johnny apenas riu.
- Cadê o pirralho mais lindo da terra? – ouvi a voz de Nathalie atrás de . Sorri ao vê-la. E ela veio acompanhada.
- Tiiia! – Johnny pulou animado, saltando do colo do avô e correndo até Nathalie.
- Oi, fofinho! – ela se agachou, abraçando-o. – Parabéns, lindo da tia.
- Parabéns, Johnny. – Rafael falou, agachando-se também.
- O que ele tá fazendo aqui? - sussurrou, aproximando-se de mim.
- Não faz uma cena, . – pedi, suplicando. – Ele tá saindo com a Nathalie. Nada mais comum do que ela querer trazê-lo, né?
- Sei. – falou, cruzando os braços. – Eu vou ficar de olho nele. – comentou, beijando minha bochecha. Eu tive que rir desse ciuminho bobo dele. Rafael e Nathalie se aproximaram da nossa mesa.
- Oi, Lizzy! – Nathalie se aproximou de minha mãe, abraçando-a. – Quanto tempo!
- Então te chamam de Lizzy aqui, hein? – Rafael falou, quando se aproximou de minha mãe. Ela riu, reconhecendo-o.
- Rafael, querido! – ela o abraçou.
- Oi, Beth! – beijou a bochecha dela. – Há quanto tempo não nos víamos, não é? Tivemos que sair do Brasil para nos encontrar. Olha que louca essa vida!
- Nem me diga, meu filho. – ela riu.
- Oi, ! – ele sorriu, mas não se aproximou. Sorri de volta.
- Oi, Rafa. - entrelaçou nossos dedos.
- . – disse, levantando o queixo.
- Rafael. – rebateu, fazendo o mesmo gesto. Bufei, rolando os olhos.
- Pai, você se lembra do Rafael? – falei, tentando cortar aquela tensão.
- Rafael? Esse nome me parece familiar. – ele fez uma careta.
- Ele era o namoradinho dela na adolescência, Charlie. Não se lembra? – minha mãe interferiu. E eu balancei a cabeça, meio sem graça.
- Mas é claro! Como vai, rapaz? – eles se cumprimentaram. apenas observava todo o entrosamento entre a minha familia e Rafael. É, definitivamente ele estava com ciúmes.
- Bom, onde estão os seus pais, ? Já está quase na hora de cortar o bolo e eles ainda não chegaram. – comentei, virando-me para ele.
- Eu falei com o meu pai agora a pouco, eles já estavam saindo de lá. – deu de ombros, segurando a minha cintura. – A festa ficou linda, .
- Eu arrasei, né? – sorri, convencida. Ele riu, roubando-me um selinho.
- Arrasou, meu amor. – olhou por sobre o meu ombro e soltou um risada. – Seus sogros chegaram.
- Ai, meu Deus! – falei baixinho. Respirei fundo e me virei para encará-los. – Kate, Robert! – sorri. – Que bom que vieram!
- Eu não perderia isso por nada. – Kate sorriu, se aproximando de mim. Eu ia estender a mão para cumprimenta-la, mas ela foi mais rápida, abraçando-me de uma forma carinhosa. Me surpreendi, mas retribui o abraço. – Sem ressentimentos, . Vamos começar do zero! Pelo bem do meu filho e do seu. – ela soprou no meu ouvido. Olhou nos meus olhos e sorriu. – Ok?
- Vai ser um prazer! – sorri, concordando.
- , como vai, querida? – Robert, pai de , veio me cumprimentando, beijando o dorso da minha mão.
- Sempre tão cavalheiro, Bob! – sorri. – Quero que conheçam algumas pessoas. Kate, Robert, esses são Elizabeth e Charlie , meus pais. – apontei. – Fiquem à vontade! – pedi e me distanciei, puxando pela mão. – Sua mãe não me odeia!
- Claro que não, . – ele sorriu, puxando-me pela cintura e beijando minha testa. – É, acho que agora estamos todos em família, não é? – ele deu uma olhada pelo salão de festas. O acompanhei, sorrindo.
- É, pode ter certeza! – comentei, colocando a mão dele sobre a minha barriga. Ele me fitou, sorrindo. A gente sabia do nosso pequeno segredinho.
- Mamãe, eu quero bolo! – Johnny correu até nós, agarrando-se na minha perna.
- Ok, vamos cantar os parabéns pra você, meu amor. – o segurei pela mão, guiando-o até a mesa do bolo. O coloquei em pé sobre um banquinho para que ele pudesse ficar maior e enxergar todo mundo. – Ei, pessoal, atenção aqui! – falei alto, fazendo todos presentes me olhar. – Certo! Eu queria agradecer a cada um que veio aqui hoje. Johnny ficou muito feliz com a presença de vocês, eu e também. – sorri, vendo ele se aproximar de nós, ficando do outro lado de Johnny. – Quero agradecer ao meu pai, por ter cedido a casa para festa. – ele sorriu, colocando a mão no coração. – Minha mãe, por ter vindo de tão longe para não perder a aniversário do neto. – ela sorriu. – Obrigada a presença dos avós paternos do meu príncipe. É muito importante pra nós que vocês estejam aqui. – eles sorriram, agradecidos. – Bom, e um obrigado especial a pessoa que fez com quem isso hoje fosse possível. – me virei para , sorrindo. – Obrigada por ter colocado Johnny em nossas vidas.
- Obrigado você por ter feito isso! – ele sorriu, alcançando-me e me dando um selinho.
- Chega de melação! Eu quero bolo! – ouvi a voz de Nathalie soar no meio das pessoas. Todos riram, inclusive eu.
- Tá certo! – concordei e finalmente, cantamos parabéns para Johnny. Nunca vi uma criança tão animada cantando parabéns como o meu filho. As outras crianças da festa também cantaram animadas, se divertiam enquanto gritavam o nome de Johnny. Se eu estivesse com um rímel a prova d’água, eu teria chorado. – Quem quer bolo?!
- Eu, mamãe! – Johnny pulou, levantando o braço.
- É claro que você quer, pequeno! – ri, bagunçando seu cabelo. – Mas primeiro, pra quem você quer dar seu primeiro pedaço de bolo?
- Pra quem? – ele perguntou, colocando o dedo na boca, pensando. Todos estavam prestando atenção no que ele estava falando, o que me pegou desprevenida para a próxima frase dele. – Eu quero dar para o meu irmãozinho! – todo mundo arregalou os olhos, surpresos, direcionando o olhar para mim. Eu fiz uma careta. Crianças!
- Johnny, Johnny! – falei baixo, abaixando a cabeça.
- Como assim, “irmãozinho”? – minha mãe perguntou, finalmente.
- Pois é. Era pra ser segredo por um tempo, mas acho que o pequeno aqui não conseguiu guardar segredo, né? – ri, sem jeito. – Bom, já que estão todos aqui presentes, acho que podemos oficializar isso, não é, amor? – me virei para , que deu de ombros, sorrindo. – Bom, é isso, gente. Johnny vai ganhar um irmãozinho ou uma irmãzinha. – sorri. – Eu estou grávida.
- Eu vou ter outro neto! – meu pai falou alto, animado. – Eu vou ter outro neto, Lizzy! – abraçou a minha mãe, levantando-a no alto. Eu tive que rir.
- Que bom que ficaram felizes com a noticia. - foi até mim, abraçando-me de lado.
- Tem mais um herdeiro chegando, dona Kate! – ele sorriu, vendo a mãe cobrir a boca, segurando as lágrimas.
- Quem tá chegando? – Ethan perguntou, entrando de surpresa na festa.
- Ethan, você veio! - falou animado, soltando-se de mim e indo de encontro com o irmão e a mulher, que vinha logo atrás dele. – Cara, não acredito!
- Achou que eu perderia o aniversário do meu sobrinho? – sorriu, abraçando o irmão. – Como tá, meu irmão?!
- Eu tô ótimo! – sorriu, indo abraçar a cunhada. – Sophie, você está linda! – a observou.
- Oh, merci! – ela sorriu, retribuindo o abraço. - !
- Sophie! – corri até ela, abraçando-a. – Meu Deus, você está linda grávida! – passei a mão na barriga dela, que ainda não era muito grande. – Parabéns, por falar nisso.
- Obrigada. – agradeceu, sorrindo. – O que a gente perdeu?
- Não perderam nada. Chegaram na hora do bolo! – avisei, piscando pra eles, que riram.
- Ah, mas perderam o anuncio da chegada de um novo bebê. – Robert os comunicou. Ethan arregalou os olhos, surpreso, fitando .
- Isso é sério? Eu vou ser tio de novo? - concordou, sorrindo. – Puxa! Parabéns, cara. – o abraçou novamente. – Nosso pequeno Louis vai ter um priminho quase da mesma idade.
- É um menino? - perguntou e Ethan confirmou. – Nossa, isso tudo é muita informação! – nós rimos. – Vamos comemorar, galera! – ele falou alto. – Refrigerante para as crianças, suco para as grávidas e champagne para os adultos, porque nós merecemos.
Será que eu podia ser mais feliz que isso? Espera, eu acho que sim. Daqui uns meses, eu tenho certeza que eu vou ser, porque minha família estará finalmente completa.



Capítulo 26




Quatro meses depois...

Folheei uma revista, deitada no sofá com as pernas sobre o colo de , que assistia TV bem concentrado. Já se passava das dez da noite, era uma sexta-feira, então ninguém precisava acordar cedo no dia seguinte. Johnny estava no sétimo sono e nós, bom, estávamos sem sono e então resolvemos assistir TV, na verdade, quis ver TV.
- Amor, que horas vamos ver a casa amanhã? – perguntei, lembrando-me que tínhamos que dar uma passada na nossa nova casa, que tinha que estar pronta quando o bebê chegasse. Decidimos comprar uma casa, porque a família estava crescendo e nem o meu apartamento e nem o dele estava mais nos cabendo lá.
- Hm, após o almoço. – respondeu, sem desgrudar os olhos da TV. Fitei a televisão para ver o que ele estava assistindo. Futebol. Arght, homens! Voltei a fitar . Ele estava de regata preta, uma cueca boxer também preta e o cabelo ainda estava um pouco molhado devido ao banho que acabara de tomar. Mordi os lábios, largando a revista de lado.
- , você já ouviu falar sobre os quatro meses de gravidez? – perguntei. Ele fez um barulho com a boca, em negação. – Larga essa TV! – pedi, chacoalhando os pés sobre ele, que riu, olhando pra mim.
- Que foi, amor? São os hormônios de novo? – segurou minhas pernas. Fiz uma careta, assentindo. – É? Hormônios da irritação? – neguei. – Hormônios da carência? – neguei novamente. – Ah, não? Esses são novos?
- Sim, esses são os hormônios dos quatro meses. – ele levantou a sobrancelha, esperando uma explicação. – É quando a mulher fica numa fase mais, erm, excitada. – ri, mordendo o lábio inferior. deixou surgir um sorriso safado, aquele que ele adora dar, meio de ladinho.
- Ah, é? Hm, isso me interessa. – ele soltou as minhas pernas e ficou de joelhos no sofá, sendo mais exata, sobre mim. – Continue, sou todo ouvidos.
- Então, a mulher fica meio pra frente, sabe? Meio... – encostei a boca na orelha dele. – Meio tarada. – sussurrei, fazendo-o rir. – Ela quer sexo o tempo todo, sabe?
- O tempo todo? – perguntou, passeando os olhos pelo meu corpo.
- O tempo inteiro! – afirmei, passando a minha perna na dele.
- Hm, bom. Bom saber. – sorriu, apoiando o braço sobre o sofá, ao lado da minha cabeça. Aproximou o rosto do meu e deu uma leve suspirada. – Então, quanto tempo dura isso mesmo?
- Vem cá! – falei, puxando-o e o beijando, finalmente. A mão de deslizou pela minha perna, subindo até a curva do meu bumbum. Estremeci. Enfiei meus dedos no seu cabelo, puxando-o enquanto ele guiava o beijo. cortou o beijo para retirar a minha blusa do pijama, jogando-a no chão e voltando a me beijar. – Oh, ...
- É, eu sei. – sussurrou entre meus lábios. Beijou meu pescoço e meu colo. Fechei meus olhos, sentindo a sensação dos seus lábios sobre a minha pele.
- Ai, ai, ai. – resmunguei alto.
- Eu te machuquei? - se afastou, preocupado.
- Não, tudo bem. Me dá sua mão! – pedi, e ele atendeu. Coloquei sua mão sobre a minha barriga e sorri.
- Mas o que... – ele se interrompeu quando sentiu algo. – O bebê tá chutando? – perguntou sorrindo. Eu assenti, sentindo junto com ele aquela sensação. – É a primeira vez que ele faz isso, né?
- É sim, amor. – ri.
- Cara, eu sou bom nisso! – riu, colocando as duas mão sobre a minha barriga. – Isso parece chute de menino, hein?
- Mas pode ser chute de menina também. – rebati, rindo. – Uh, esse foi forte!
- Você tá se sentindo bem? Quer ir ao médico? – perguntou preocupado, se ajeitando no sofá.
- Está tudo bem, . É só o bebê chutando! – tentei tranquilizá-lo. – Eu já passei por isso antes.
- É claro! Só eu que sou inexperiente nessa área, né? – riu, rolando os olhos.
- Mas tá se saindo muito bem, uh? – belisquei o braço dele de brincadeira. – Esse bebê vai ter um ótimo pai. Assim como Johnny.
- Será que é menino ou menina? – pensou alto, acariciando a minha barriga.
- Sabe, acho que já está na hora de descobrirmos, não acha? – mordi o lábio inferior, fitando-o. Ele sorriu.
- Acho que você tem razão. – me deu um selinho. – Vamos marcar uma consulta para descobrirmos o sexo do nosso bebê.
- Você tem alguma preferência? – perguntei curiosa. Ele sorriu.
- Ah, o que vier eu tô feliz, mas se vier uma menininha eu vou ficar ainda mais feliz. – confessou. – Assim a gente tem um casal, enfim.
- É? Confesso que eu também quero uma menina dessa vez. – mordi a boca, confessando. – Espero que ela também puxe os seus olhos. – segurei o rosto dele entre as minhas mãos, fitando aqueles olhos imensamente .
- Por mim, tudo bem, se ela tiver a sua boca. – segurou minhas mãos em seu rosto. Fiz uma careta.
- Prefiro a sua boca. – mordi o lábio inferior dele, que riu, balançando a cabeça.
- Quer continuar de onde a gente parou? – acariciou meu joelho com a ponta dos seus dedos. Balancei a cabeça, assentindo. Ele riu. – Quer, né? – se aproximou de mim, beijando a minha barriga. – Fica quietinho agora, tá? Deixa o papai brincar um pouquinho também. – falou para o bebê, mas olhou diretamente pra mim. – Você é linda e tá ainda mais linda.
- Para, seu bobo! – o puxei pela camisa, trazendo-o para mais perto de mim. – Para de falar e me beija logo.
- Sim, senhora! – riu, grudando os lábios aos meus. Posso dizer que a noite foi curta pra gente. Ou melhor, a noite foi curta para saciar todos os meus hormônios.

***


- Eu vou matar você e o ! – Nath falou, sentada no sofá, dentro do provador, tomando uma taça de champangne. Ri, ouvindo-a de dentro trocador.
- O que a gente fez? – perguntei, terminando de vestir o meu vestido.
- Vocês não decidiram se casar mais cedo. – respondeu. – Era para o seu vestido de noiva ficar perfeito, no seu corpo perfeito. Mas, não, você tinha que esperar a barriga aparecer.
- Nathalie! – falei alto, abrindo a cortina que nos separava. – Não fala assim do seu sobrinho. – ela arregalou os olhos e depois sorriu. – O que foi?
- Retiro o que eu disse... – se aproximou de mim. – Você tá perfeita.
- Você acha? – perguntei, virando-me para o espelho e fitando o meu reflexo. – Não fiquei parecendo um botijão de gás com vestido? – ela riu.
- Claro que não, . – sorriu, ficando ao meu lado, fitando-nos no espelho, também. – Você tá linda!
- Obrigada. – agradeci, segurando a sua mão. – Arght! Eu tô nervosa!
- É claro que você tá. Você se casa em duas semanas! – falou alto, entusiasmada. Quem a visse, poderia jurar que quem iria se casar era ela. – Ah, meu Deus! Eu nem acredito nisso, amiga. Eu tô tão feliz por você! – sorriu, entrelaçando o braço ao meu.
- Eu também estou, Nath. – nos olhei no espelho, sorrindo. Virei-me para ela. – Obrigada por tudo, ok? Por sempre estar ao meu lado.
- Que nada! – abanou o ar. – Eu sempre vou estar com você, ok? Sempre! – me abraçou, beijando minha bochecha, após. – Te amo, sua chata.
- Te amo também, sua linda. – nós rimos. – Ok, temos que ser rápidas. Tenho que ir buscar meu filho na escolinha. – me olhei mais uma vez no espelho. – Ok, ficou bom mesmo? Essa é a última prova, Nath. – coloquei a mão sobre a minha barriga. – Espero não ganhar mais quilos até o casamento.
- Você tá perfeita, . Confia em mim! – sorriu, jogando-me uma piscadela. Sorri, assentindo.
- Eu confio. – devolvi a piscada. Um pouco mais tarde, depois de finalmente irmos buscar Johnny, eu voltei para a minha casa. Johnny não parava de falar sobre os novos coleguinhas, sobre a professora, sobre os desenhos, sobre as brincadeiras. Eu nunca vi meu pequeno tão feliz e isso encheu meu coração de alegria. Sorri, deitando-me no sofá, observando meu filho pular e contar sobre o seu dia.
- Aí, a tia pediu pra gente contar sobre a nossa família... – contava sorrindo. – Eu falei que vou ter um irmãozinho.
- Ou irmãzinha, meu amor. – sorri. De repente, eu tive um estalo de memória. O sexo do bebê. e eu iriamos descobrir o sexo do bebê hoje. – Você está animado pra ter alguém pra brincar, filho?
- Aham. – respondeu somente, virando-se e andando corredor adentro. Suspirei, fitando o teto. Alcancei o telefone e o tirei da base, ligando para , logo após.

’s POV

- Fala, Kim! – atendi ao telefone, colocando no viva voz, sem tirar a atenção do meu laptop.
- Sr. , a stra. na linha dois. – avisou.
- Ok, obrigado. – agradeci rapidamente e apertei o botão para mudar de linha. – Oi, linda.
- Oi, . – falou com aquele tom de voz rouco e sexy que ela tinha, mas insistia em dizer que não. – Está muito ocupado?
- Não, não. Pode falar! Tá tudo bem? Aconteceu algo? – perguntei, fitando o telefone.
- Não, tá tudo bem. Só queria te lembrar que temos que ir ao médico hoje.
- Ah, é? O que temos hoje? – franzi o cenho, apagando algo que eu havia escrito errado no laptop.
- , você já se esqueceu? Vamos descobrir o sexo do bebê! – falou num tom bravo. Eu ri, porque eu não tinha esquecido, mas adorava provocá-la.
- Eu sei, meu amor. Eu estava brincando! Eu estou ansioso para saber o que está vindo por aí. – avisei. O telefone fez um barulho de “beep”, avisando outra ligação. - , eu tenho que atender outra ligação. A gente se encontra mais tarde, ok? Eu passo aí e te pego.
- Ok, honey! Até. – e desligou.
- Kim. – falei, após apertar o botão e mudar de linha, de novo.
- Sr. , o sr. Towsled confirmou a reunião agora, as duas horas. – lembrou-me.
- Ok, obrigado, Kim. Diga a ele que estou a caminho. – e desliguei novamente. Fechei a tela do meu laptop, levantei-me da cadeira, rumei até o banheiro do meu escritório e joguei um pouco de água no rosto e no pescoço. O dia estava especialmente quente aquele dia. Passei a mão no cabelo e ajeitei o colarinho e a gravata que eu vestia. Andei até a porta, mas antes peguei as chaves do carro sobre a mesa, e sai do escritório, rumando para o restaurante onde havíamos combinado de fazer a reunião. Assim que cheguei, pude visualizar a mesa onde Ryan Towlesd estava sentado e, ao seu lado, de costas para a entrada, uma mulher de longos cabelos ruivos e pele branca. Sorri, me aproximando deles. – Ryan!
- , meu homem de negócios! – ele sorriu, levantando-se e me cumprimentando. – Como vai, meu rapaz?
- Eu estou ótimo, obrigado. – apertei a sua mão, cordialmente.
- Lembra-se da minha filha, a Samantha? – perguntou, apontando-a. Meu sorriu travou. É, sim. É claro que eu lembrava.
- Samantha?! É claro! Como vai? – fui educado, lançando um breve sorriso. Ela sorriu de lado, levantando-se e se aproximando de mim, dando-me um beijo no rosto.
- É um prazer revê-lo, . – colocou uma mecha do seu cabelo ruivo atrás da orelha.
- Não sabia que iria trazer sua filha, Ryan. Achei que a reunião seria com a grife de qual falamos. – falei, confuso. Ele riu, sentando-se e nós o acompanhamos.
- Exatamente. Sam agora comanda uma grife muito famosa em Londres e em alguns outros países, o marketing é pra ela e sua grife. – explicou, orgulhoso da filha. Ah, Ryan, Ryan!
- Compreendo. Bom, vamos falar de negócios, então. – afrouxei a minha gravata. O celular de Ryan começou a tocar.
- Oh, me desculpem! – visualizou a tela do celular. – Eu preciso atender essa ligação. Com licença! – pediu, levantando-se e saindo da mesa, rapidamente.
- Certo, Samantha, o que você tem em mente? Alguma coisa concreta já? – perguntei, cruzando as mãos sobre a mesa. Ela sorriu.
- Qual é, , não precisa ser tão formal comigo. – colocou a mão sobre a minha. – Nós somos bem íntimos já. – fitei a sua mão sobre a minha e a puxei, soltando-as.
- Samantha, eu estou aqui para falar de negócios e só. – expliquei, sendo firme, porém educado. Ela fez um bico, desaprovando.
- Poxa, eu estava tão animada com nosso reencontro. Quanto tempo não nos víamos! – cruzou os braços sob os seios, levantando-os. Gemi, desviando os olhos. Damn it! - Vai dizer que não se lembra de como foi bom da última vez?
- Samantha! – a impedi de continuar. – Sam, olha, aquele era o antigo , ok? Eu não faço mais aquilo.
- O quê? Você não faz mais sexo? – sorriu, provocativa. – Ah, vamos, ! Eu soube que você finalmente largou aquela vadia da Emma.
- Não fala assim dela. – pedi, fechando o semblante. – Não que isso lhe interesse, mas, sim, eu não estou mais com a Emma. – seu sorriso se intensificou. – Eu estou com outra pessoa. Inclusive, vamos nos casar em duas semanas. Ah, e ela está gravida do nosso segundo filho. – sorri, levantando-me. – Agora, se me der licença, eu preciso ir encontrá-la. – expliquei. Ela abriu a boca, mas nenhum som saiu dela. – Avise ao Ryan que não vai dar para fazer o marketing da sua grife, ok? Mas foi um prazer. – dei uma batidinha no seu ombro, sorri e sai. Acontece que eu estava orgulhoso de mim mesmo. Sim, eu estava. Samantha foi um dos meus casos fora do casamento. Ela era uma ruiva linda e quente. Nos encontramos várias vezes e, obviamente, seu pai não sabia de nada. Eu a resisti, eu não senti nada. Eu só conseguia pensar na e no quanto eu a queria pra mim, agora e para o resto da minha vida.


- Toc, toc! – alguém bateu na porta do meu escritório. – Caralho, , você ainda tá trabalhando?! Vamos, levanta essa bunda branca daí. – Eddie falou alto, entrando de uma vez.
- Cara, eu tenho que terminar isso. – expliquei, apontando para o meu laptop.
- Tem o cacete! – veio até mim, puxando meus braços, levantando-me. – A gente vai sair agora, ir num pub legal, pegar umas gatinhas e comemorar o velório do Tony. Ops, quer dizer, o casamento. – nós rimos. – Anda logo!
- Eu tô cansado, Ed. – fiz uma careta, espreguiçando-me.
- O que é isso? cansado demais para uma festinha com os amigos? – abriu os braços, fingindo surpresa. Eu tive que rir. – Vamos lá, despedida do Tony.
- Tá bom, tá bom! – dei-me por vencido, pegando o meu paletó e jogando no ombro. – Vamos logo pra essa zoeira.
- Assim que se fala, mate! - sorriu, dando um tapinha na minha cara. – Faz assim, vai indo para o Diablo Pub que eu vou falar com o Tony e a gente te encontra lá daqui uns minutos, ok?
- Ok, mas não demorem! – concordei. Logo estava dentro do meu carro, dirigindo-me para o tal pub, que não ficava muito longe da empresa. Parei em um semáforo, o rádio tocava uma música de rock qualquer, batuquei os dedos sobre o volante, no ritmo. Fitei minha mão e minha aliança brilhou. Não pegava nada bem eu usar aquela aliança em um pub. Tirei-a rapidamente e a guardei no bolso do meu paletó, que estava sobre o meu banco. Quando cheguei ao local, fitei meu reflexo no retrovisor do carro, passei os dedos pelo cabelo, dando uma arrumada. Vi meus dois amigos parados, conversando na entrada do pub. Andei até eles.
- A boneca chegou! – Tony falou, rindo.
- Como vocês chegaram primeiro? – perguntei, confuso.
- Você deve ter pegado o caminho mais longo, . – deu um tapa na minha testa, empurrei-o.
- Sai fora! – ri, dobrando as mangas da minha camisa. – Vamos entrar ou a festa é aqui fora?
- A festa só começa quando a gente chega, belezinha. – Eddie disse, rindo. Logo estávamos dentro do lugar, não estava cheio e nem vazio. O clima estava ótimo. Sentamo-nos à uma mesa e pedimos algumas rodadas de cerveja. Conversa vai, conversa vem, risos, palavrões e várias cervejas depois, Tony avistou uma mesa mais adiante da nossa com três mulheres, todas lindas, por sinal.
- Cara, olha aquela loirinha?! – assobiou de uma forma pervertida. Nós rimos. – Dá pra ver daqui o tamanho daquelas belezinhas. – fez um gesto com as mãos, imitando seios grandes. Esses meus amigos não prestavam!
- Esse é o meu amigo que vai se casar! – falei, rindo. – Tão comportado. A Jessie tem muita sorte, não é?
- Cala a boca! – riu, me dando um soco no ombro. – Você é o último que pode falar alguma coisa aqui, .
- Não está mais aqui quem falou. – levantei os braços, dando-me por vencido. Voltei a fitar a mesa das tais garotas. Uma morena, sorridente, me chamou a atenção. Era a única com uma roupa descente. Enquanto suas amigas gesticulavam e riam alto, ela parecia estar na dela, apenas segurando seu drink e rindo das amigas. Além de tudo, cara, como ela era linda.
- Já descobri meu presente de casamento, rapazes! – Tony anunciou, apontando para a mesa das garotas. – Eu quero aquela loira pra mim.
- É? Eu quero aquela morena! – Eddie avisou, olhando-a de uma forma perversa.
- Eddie, cara, tá querendo roubar a mulher dos amigos? Aquela lá não, aquela eu vi primeiro. – avisei, sendo sacana.
- Tira o olho, . Aquela morena vai pra casa com o papai aqui. – bateu no peito, convencido. Neguei.
- Faço o seu relatório do mês que vem completo, se você desistir dela. – negociei. Tony soltou um “uhhh”. – O que me diz?
- Sério? Você vai fazer isso por causa de uma mulher? – dei de ombros, concordando. – Mais do fechado, meu garoto. – sorri, confiante. Voltei a fitar a mesa delas. A tal morena olhou rapidamente para o nosso lado. Sorri. Ela fingiu não ver e desviou o olhar, mas depois sorriu, olhando para baixo. Pedimos um garçom para que levasse algumas bebidas para elas, assim que ele as entregou, decidimos nos aproximar.
- Boa noite, meninas! – Tony falou, assim que nos aproximamos da mesa. – Vejo que receberam nosso presentinho.
- Oh, sim, obrigada. – a loira que ele estava de olhou, agradeceu, sorrindo. – Querem se sentar com a gente?
- Nah, tava pensando em dar uma voltar, sei lá... Não quer me acompanhar? – ele estendeu a mão para ela e ela lançou um olhar para as amigas, sem saber o que fazer. – Não se preocupe com as suas amigas, elas ficarão em boa companhia, não é mesmo, rapazes?
- Se depender da gente! – garanti, jogando uma piscada para a morena. Ela abaixou a cabeça e sorriu.
- Viu, só? – a loira sorriu, mordendo o lábio e continuou em dúvida.
- Vai lá, Emily! – a outra loira falou. – A gente vai ficar bem.
- Ok, não vou demorar. – levantou-se e saiu de mãos dadas com Tony. Finalmente sentamo-nos à mesa com as outras garotas.
- Então, como vocês se chamam? – Eddie perguntou, sentando-se ao lado da loira.
- Eu sou Ashley e essa é a . – se apresentaram.
- Prazer, meninas. – sorriu. – Eu sou Eddie e esse é o meu amigo . – sorri, após ser apresentado. Não consegui tirar os meus olhos da garota ao meu lado, que agora eu sabia que se chamava . Era possível eu me sentir tão atraído assim por uma pessoa? Há quanto tempo eu não queria tanto assim uma mulher? Ela sorriu pra mim, tímida. Eu não sabia se era possível, mas eu tinha certeza que eu a queria pra mim... Várias vezes, por muito tempo.


’s POV Off

***


- ? – ouvi o meu nome ser chamado. Levantei a mão, chamando a atenção para mim. Fitei ao meu lado, apertando nossas mãos. – Ei, por aqui. – nos levantamos, seguindo a enfermeira, que nos levou até a sala da dra. Owen.
- , como vai? – ela perguntou, assim que nós entramos em seu consultório.
- Estou ótima, só um pouco ansiosa. – confessei, sentando-me na cadeira a sua frente. riu, sentando-se ao meu lado.
- Um pouco? Ela devorou dois potes de sorvete enquanto víamos para cá de puro nervosismo. - me entregou, rindo. Fiz uma careta, beliscando a sua perna. – Outch!
- É normal essa ansiedade toda. – ela sorriu, confortando-me. – E você, ? Está nervoso em saber se é menino ou menina?
- Confesso que estou! – falou, passando a mão no cabelo. – Mas eu estou feliz com o que vier.
- Certo! Então, vamos descobrir? – perguntou, levantando-se da sua confortável poltrona de couro preto. – Por favor, sigam-me! – pediu, quando nos levantamos também, rumando para uma sala reservado ao fundo. – Ok, , pode se deitar na cama e levantar a sua blusa, tá bom? – pediu, ligando os equipamentos ao lado. Fiz o que ela pediu, deitei-me na cama calmamente e desci os suspensórios do meu macacão até embaixo, levantando minha blusa até a altura dos seios, logo após. A Dra. Owen se sentou ao meu lado, fazendo alguns testes rápidos no aparelho de ultrassom. – Ok, vou colocar um pouco de gel na sua barriga, tá bom? Ele é um pouquinho quente, não se assuste.
- Ok. – respondi, apenas. Ela pôs o gel sobre a minha barriga, pegando um aparelhinho e colocando sobre ela, após. Ela o mexia para cima e para baixo, enquanto apertava alguns botões e olhava fixamente para a tela do aparelho a sua frente. Mordi o lábio inferior, fitando , que estava com o rosto apreensivo. Sorriu pra mim, tentando me acalmar. De repente, um som alto de batidas ecoou pela sala. Sorri, emocionada, pois sabia que eram as batidas do coração do meu bebê.
- As batidas estão normais, isso é ótimo. – avisou, fitando-me rapidamente e voltando a olhar para a tela do computador. Moveu mais algumas vezes o aparelho sobre a minha barriga. – Bebê colabora com a titia Owen, tá muito preguiçoso. – ela falou, rindo. – Opa, eu vi.
- Ah, Deus! Viu? - perguntou, aproximando-se de nós.
- Vi, sim. – ela sorriu, apontando para um ponto na tela. – Está vendo isso aqui?
- Acho que sim. - falou, apertando os olhos, como se tentasse enxergar direito.
- Bom, isso quer dizer que vocês vão ter uma menina. – ela sorriu, fitando e depois a mim. Abri a boca, não acreditando. – Parabéns pela menina.
- É uma menina, amor. - falou entusiasmado. – Uma menina!
- É sim, . – sorri, colocando a mão na boca. – Meu Deus! Vamos ter uma menininha.
- Já tem um nome? – a Dra. Owen perguntou. e eu nos entreolhamos, culpados. Não havíamos pensando em um nome ainda.
- Ainda não, mas vamos trabalhar muito bem nisso agora. – respondi, sorrindo. – Não é, amor?
- Pode apostar que sim. – concordou, segurando a minha mão. – Na verdade, eu já tenho uma ótima sugestão.
- Ah, é? Eu posso saber qual é? – perguntei, curiosa. Ele negou.
- Te conto depois. – piscou pra mim, sorrindo.
- Poxa, vou ficar curiosa! – fiz bico.
- Segura a curiosidade, aí, gravidinha. – ele riu, aproximando o rosto do meu. – Te amo.
- Eu também te amo. – lhe dei um selinho demorado. – Ei, temos que contar essa novidade para a família.
- Temos, mas como a gente conta pra todo mundo? Não é pouca gente. – riu.
- Hm, que tal um chá de bebê? – sugeri. – Nossa menininha merece, não é mesmo?
- Eu concordo!
- Ótimo, eu vou agendar uma data! – sorri, feliz. Finalmente eu sabia que uma menina estava a caminho. Tantas coisas para planejar de agora em diante; vestidinhos, lacinhos, sapatinhos rosas, decoração para o quarto etc. Uma irmãzinha para Johnny. Oh, Deus! Eu vou ter uma menina! – Se cuida, ! Vai ter muito marmanjo querendo ser seu genro.
- Eles que tentem! – brincou, rindo.


Depois de abrir vários presentes, finalmente pude me sentar. Sentei-me ao lado de , que conversava animado com irmão, que viera de Blackpool só para o chá de bebê da sobrinha, o que, por falar nisso, ninguém ainda sabia da novidade. Passeei os olhos pelo salão de festas da casa do meu pai, observando meu pai conversando com Bob; Nathalie e Rafael brincando com Johnny; Kate e Sophie rindo de algo. Sorri, pois estava satisfeita com as poucas pessoas presentes ali. Faltou a minha mãe, mas ela não pode vir do Brasil dessa vez.
- Ganhamos muita coisa? - perguntou, desviando a atenção pra mim.
- Nós? Não, nós nada. Nosso bebê, sim. – brinquei, beliscando o nariz dele, quando ele fez uma careta. Johnny veio correndo até nós, parando a minha frente e abraçando a minha barriga. Ele agora estava com essa mania. Ele sentiu o bebê chutar uma vez e agora acha que vai sentir sempre. – Tá sentindo alguma coisa, meu amor?
- Barulhinhos! – falou, rindo. Nós rimos também. colocou a mão sobre a minha barriga e a acariciou, distraidamente, voltando a conversar com o irmão. Sorri, apreciando o carinho.
- Ah, está cada dia mais difícil me sentar e levantar dos lugares. – Sophie comentou, irritada, sentando-se ao lado do marido. Fiz uma careta, entendendo-a perfeitamente. – Esse menino acha que minha bexiga é um brinquedo, só pode. – levantou-se de novo. – Eu preciso ir ao banheiro, arght! – e saiu. Nos entreolhamos e rimos.
- Ela anda meio nervosa nesses últimos meses de gravidez. – Ethan explicou, dando de ombros. – É nessas horas que a gente entende o que é casamento.
- Você não vai ficar assim, vai, ? - perguntou, em dúvida.
- Vai se preparando, meu bem. – bati em sua perna, rindo da careta que ele fez.
- Ei, e o sexo do bebê? Já sabem? – Ethan perguntou, curioso. e eu nos entreolhamos. Estava na hora.
- Sabemos, e vamos revelar agora pra vocês. – avisei, levantando-me. – Gente, atenção aqui! – pedi, chamando a atenção de todos. se levantou, postando-se ao meu lado, abraçando a minha cintura. - e eu temos uma notícia para dar a vocês. – sorri, respirando fundo. Coloquei a mão sobre a minha barriga, acariciando-a.- Nós descobrimos semana passada o sexo do nosso bebê.
- Sério, ? – Nathalie perguntou, surpresa. Concordei com a cabeça. – Sua vaca! Nem me contou.
- Nathalie! – a repreendi, rindo. Ela fez uma careta, tampando a boca.
- Desculpa! – pediu.
- Não contamos a ninguém, queríamos deixar para hoje. – olhei rapidamente para , e ele acenou a cabeça, incentivando-me a ir em frente. – Bom, de qualquer forma, nós vamos ter uma menina!
- Awn! – Nathalie fez, vindo me abraçar. – Uma menina, amiga. Que coisa mais fofa vai ser!
- Agora eu vou ter um de cada! – sorri, animada.
- Eu vou ter uma netinha! – meu pai falou, emocionado, abraçando-me.
- Vai, sim, papai. – sorri, beijando sua bochecha. – Aliás, eu e temos outra coisa pra contar. – segurei suas mãos. – Amor? Pode vir aqui? – chamei , fazendo-o se soltar do abraço do irmão e vir até nós. – Acho que o meu pai deveria saber a outra novidade.
- É claro! – sorriu, colocando a mão sobre o meu ombro. – Charlie, nesses últimos anos, antes de eu saber da existência do meu filho. Você ajudou a a cuidar do Johnny, você esteve ao lado dela em todos os momentos em que eu não pude estar. – meu pai sorriu, fitando-me.
- E faria de novo, sem pensar. – ele sorriu, tocando o meu nariz, rapidamente.
- Eu sei, e por isso que eu sei que, além de avô, você foi um verdadeiro pai ao meu filho. Eu agradeço muito, de verdade. - soltou-me e deu um tapinha no ombro do meu pai. – E bem, por isso eu e a decidimos colocar o nome da nossa filha de Charlotte. A nossa pequena Charlie. Porque eu tenho certeza que ela será tão amada quanto o Johnny já é por você.
- Oh, Deus! Isso é sério? – meu pai perguntou, não acreditando. Colocou a mão no peito, emocionado. – Ah, querida! – sorriu, abraçando-me novamente. – Isso é maravilhoso! Eu fico tão feliz em ouvir isso.
- Você merece muito mais, pai. Eu tenho certeza que a Charlie vai adorar quando souber que o avô dela tem o mesmo nome que ela. – pisquei, sorrindo.
- Charlies! – rimos. – Obrigado, filho. Fico feliz em saber que minha filha está em boas mãos. – pegou a mão de . – Você já faz parte da família.
- Valeu, Charlie!
- Ouviram isso? A criança vai ter o meu nome! – falou alto, orgulhoso. – Não fique com inveja, Bob! – apontou para o pai de , rindo. – Ei, pequeno! – andou até Johnny, pegando-o no colo. – Você vai ter uma irmãzinha. Tá feliz?
- Irmãzinha? – perguntou, arregalando os olhos. – Ela vai ser uma princesa? – nós rimos.
- Vai, sim. Se você é um príncipe, ela será uma princesa. – meu pai falou, jogando uma piscadela pra ele, que riu.
- Ueba! – levantou os braços, animado.
- Vem cá, meu amor! – fui até ele, para pegá-lo, mas antes que eu pudesse o fazer, o fez. – Ei!
- O Johnny tá pesado, . Você não pode pegá-lo! – alertou, ajeitando o filho no colo. Fiz uma careta, assentindo.
- Só queria apertar meu filhinho! – sorri, mordendo a bochecha dele, que protestou.
- Mamãããe! – fez, limpando o local.
- Lindo! – ri, apertando sua barriguinha.
- O que eu tenho que fazer pra ganhar uma mordida? - falou baixo, sorrindo malicioso. Balancei a cabeça, rindo.
- De você eu cuido mais tarde. – beijei sua bochecha.
- Ouch! – ele fez. – Malvada! – falou alto, enquanto eu me afastava, rindo.
- , ! – Nathalie acenou, chamando-me. – Vem cá! – fui até ela, que estava acompanhada de Sophie. – Estávamos combinando a sua despedida de solteira.
- Tá brincando, né? – ri, negando. – Vocês não vão fazer isso!
- Claro que vamos! – Nathalie protestou. – Por que não?
- Nath! – apontei para a minha barriga. – Seria bem estranho, não?
- Ah, isso é só um detalhe! – avisou, dando de ombros. – A Sophie também está gravida e vai. – eu ia protestar, mas ela continuou. – Está decidido! Você não manda em nada. Então, quem você quer convidar? – sorriu, largamente.
- Ai, Nathalie! – revirei os olhos, dando-me por vencida. – Ok, eu não quero muita gente nesse mico todo, não. Eu te passo depois os nomes de algumas amigas, ok?
- Certo! Eu vou cobrar, hein? Quero isso o mais rápido possível. – exigiu.
- Bossy! - Rafael falou, aproximando-se e a abraçando pela cintura. – Eu adoro!
- Que bom, porque eu sou assim mesmo. – Nath riu, beijando a bochecha dele.
- Fico feliz que estejam se dando tão bem. – comentei, sorrindo. – Torço por vocês.
- Obrigado, . Isso significa muito pra mim! – Rafael falou, sorrindo. Depois de uma tarde maravilhosa, cansativa, mas maravilhosa do chá de bebê da Charlie, finalmente voltamos para o meu apartamento. Fui entrando e me jogando no sofá. riu, jogando-se ao meu lado, colocando os meus pés sobre o seu colo e massageando-os.
- Hm, isso é bom! – suspirei, fechando os olhos. – Foi bom hoje, né?
- Foi ótimo! – concordou. – A Charlie ganhou muitas coisas.
- Mas estou morta! – choraminguei. – Meus pés estão me matando!
- Você não parou, também. – avisou.
- E as meninas ainda querem organizar uma despedida de solteira pra mim, acredita?
- Acredito, porque estão organizando uma pra mim também! – abri os olhos, fitando-o. – O quê?
- Eu tenho medo dessas despedidas de homens. – confessei. – Eu lembro muito bem de uma, e no que ela deu.
- , relaxa! Isso é passado, ok? Você sabe que eu não sou mais assim. – beijou meus dedos do pé. – Eu literalmente estou beijando os seus pés agora. – nós rimos.
- Eu sei, desculpe. – suspirei, voltando a fechar os olhos. Espero que a Nathalie tenha senso e noção na hora de preparar essa festa.

***


- Ok, eu não estou enxergando nada e ainda não entendi o porquê da máscara! – comentei, enxergando completamente nada e sendo guiada por Nathalie.
- Shh! Para de reclamar e anda. – falou, enquanto me arrastava para algum lugar que eu não tinha ideia de onde era.
- Vai demorar muito? – perguntei, já aflita. Ela suspirou. – Desculpa, mas eu estou agoniada.
- Já estamos quase lá, ! – explicou. – E... pronto! – falou, retirando finalmente a máscara de mim. Olhei para o salão iluminado com luzes coloridas, poás para todos os lados, uma mesa de bebidas e várias das minhas amigas de faculdade e ex-trabalho ali. Comecei a rir.
- Isso é sacanagem! – dei um tapinha nela.
- Amiga, pode apostar que é! – riu, me puxando pelo braço. – E espero que você aproveite, porque tem muita coisa pra rolar.
- O quê? Como assim? – perguntei curiosa. Ela só riu. – Nathalie!
- Vai cumprimentar suas amigas, , anda. – me empurrou para o restante das garotas.
- ! – Emily falou, vindo me abraçar.
- Oh, meu Deus! Você veio! – sorri, aceitando o abraço. – Quanto tempo!
- Pois é, olha pra você! – sorriu, fitando-me. – Está linda gravida. Parabéns!
- Obrigada, Ems! – sorri, agradecida. – Ash! – ela se aproximou. – Obrigada por vir.
- Imagina, não perderia isso por nada! – sorriu, piscando para mim. Fui cumprimentar mais algumas garotas que estudaram comigo e depois fui ao encontro de Nathalie, que estava grudada no telefone.
- Nath? – chamei sua atenção.
- Ahm, ok. Depois a gente se fala! Mas tudo certo, né? Aham, ok, então. – e desligou. Franzi o cenho. - ! E aí, tá gostando? Você viu que tem suco pra você, né? Como você tá grávida, não poderíamos fazer algo muito agitado, mas eu dei meu jeitinho. – sorriu, puxando-me para uma mesa cheia de presentes. – Inclusive, a gente poderia abrir os presentes das meninas antes da surpresa.
- Que surpresa? – perguntei, levantando a sobrancelha. Ela deu de ombros. – Nath, Nath!
- Relaxa, ! Aproveita! – pediu, sorrindo. – Ei, meninas, a vai abrir os presentes. Venham! – pediu, chamando o restante das convidadas. Sentei-me em uma poltrona muito confortável e o restante sentou-se num tapete felpudo no chão, enquanto eu abria os presentes e adivinhava quem havia dado. Foi divertido.
- Espera, aí. O que é isso? – levantei uma espécie de chicote. – Isso é realmente um chicote? – rimos. – Hm, isso só pode ser coisa da Ashley!
- O vai adorar, ! – ela comentou, rindo.
- É, se ele for um mau menino! – fingi cochichar, fazendo todas rir. – Ok, ultimo presente! – avisei, pegando um pacote quadrado. Desembrulhei e observei o presente, disparando a rir. – Um vibrador? – passeei os olhos pelas garotas, tentando descobrir de quem era. – Nath?
- Claro! – ela riu. – Para os dias que o estiver cansado, amiga.
- Ok, eu vou esconder isso dele. – balancei a cabeça, rindo.
- Certo, chega de presentes. Vamos para as festividades. – levantou-se, vindo até mim. - , meu amor, eu vou ter que te vendar de novo.
- Ah, de novo? Mas por quê? – choraminguei.
- Faz parte da surpresa, oras! – falou como se fosse óbvio. Logo eu a senti me vendando novamente. E tudo ficou escuro de novo. – DJ! – falou alto, e de repente, You Can Leave Your Hat On começou a tocar alto. As meninas gritaram.
- Oh, meu Deus! – falei, colocando a mão na boca. – O que você está aprontando Nathalie? – ela não me respondeu. Só ouvi murmúrios e gritinhos. Senti duas mãos sobre os meus ombros e um suspiro perto do meu ouvido, fazendo-me arrepiar. – Nathalie?
- Tsc, tsc! Não é. – apenas ouvi. E, ei, não parecia voz de menina! A pessoa pegou minhas mãos e me puxou, levantando-me e colocando meus braços em volta de seu pescoço, dançando comigo conforme a batida da música. Eu não acredito que ela contratou um stripper!
- Eu vou te matar, Nathalie! – gritei, rindo.
- Você vai me agradecer um dia, ! – ouvi sua voz ao longe, rindo. O tal stripper desceu minhas mãos até o seu bumbum, fazendo-me apertá-lo.
- Jesus! – suspirei. Senti sua respiração no meu pescoço, descendo até o meu colo. Mordi meus lábios. Malditos hormônios!
- Aproveita, ! Passa a mão à vontade! – alguém gritou, provocando gritinhos e risadas. Ri, negando.
- O vai me matar! – comentei. O stripper riu, mordiscando o lóbulo da minha orelha, beijando o meu pescoço e mordendo meu queixo. Segurou minhas mãos e pôs sobre o seu peito, fazendo-me abrir os botões de sua camisa. – Oh, não, não!
- Sim! – ele murmurou, ajudando-me a abrir completamente sua camisa, e passando a mão sobre o seu peitoral e abdômen. Tirou o sweater que eu vestia por cima do vestido, colocando os dedos para abaixar a alça do meu vestido, mas eu o impedi.
- Isso, nem pensar, rapaz! – comentei, fazendo que não com o dedo.
- Poxa! – falou baixo, aproximando o rosto do meu, porque eu senti sua respiração a milímetros da minha boca. Afastei-me, rindo.
- Comporte-se! – pedi, colocando a mão sobre o seu peito. Ele riu, puxando a minha mão até o cinto da sua calça. Mordi meu lábio inferior.
- Abre, vai. – pediu, suspirando no meu ouvido.
- Não posso! – choraminguei. – Eu vou me casar amanhã!
- Pode, sim. – rebateu, segurando a venda e a puxando para cima, fazendo-me enxergar novamente. Abri a boca surpresa.
- ! – gargalhei, estapeando. – Seu louco, era você o tempo todo! – ele riu, dando de ombros.
- Você aproveitou bem, hein, safadinha?! – ele balançou a cabeça, fingindo desaprovação.
- Idiota! – o empurrei. – Você me paga! – apontei para Nathalie, que estava rindo abraçada a Rafael. Olhei em volta, Ethan e outros amigos de estavam lá também. – Que vergonha!
- Amor, para! – segurou minhas mãos. – Foi engraçado!
- Porque não foi com você. – falei.
- Não? Olha pra mim! Eu fiz um strip-tease para todo mundo ver. – comentou, apontando pra ele, que estava sem camisa e de calça aberta. Espera, eu tinha aberto a calça?
- E por falar nisso, cubra-se! – mandei, autoritária. Ele riu, pegando a camisa do chão e a vestindo. – Então, você sabia disso o tempo todo, uh?
- O tempo todo não. – explicou, abraçando-me me cintura enquanto nos guiava até a mesa de bebidas. – Soube agora pouco. Estávamos na minha despedida, quando o seu amigo Rafael me contou o que a Nathalie estava pretendendo. Ela ia contratar um stripper de verdade, sabia? Mas o namoradinho dela que deu a ideia.
- Poxa, podia ter sido um de verdade! – brinquei, pegando uma taça de suco e tomando, observando o semblante dele fechar. – Brincadeira, amor.
- E aí, amanhã é o dia. Nervosa? – perguntou, servindo-se de um copo de whiskey.
- Um pouco. – confessei, fitando-o. – E você?
- Também! – falou, sorrindo. – Vai dar tudo certo.
- Vai, sim. – concordei. – Você vai dormir no loft hoje, né?
- Vou, né. – fez uma careta, bagunçando o cabelo. – Essas tradições esquisitas de não poder dormir com a noiva antes do casamento.
- Larga de manha, ! – pedi, rindo. – É só uma noite, a gente vai ter o resto da vida depois. – ele sorriu largamente.
- Repete isso! – pediu.
- O resto da vida! – repeti, sorrindo, enlaçando seu pescoço com os meus braços, ficando na ponta dos pés e alcançando seus lábios, cobrindo-os com os meus, levemente.
- Ô casal! – Nathalie bateu palmas, chamando nossa atenção.
- Que madrinha mala eu fui arranjar. – falei, rindo. Ela mostrou o dedo do meio, depois sorriu.
- Só queria dizer que estou feliz por vocês, e espero que sejam imensamente felizes um com o outro. – sorriu, abraçando-nos. – E, amiga, o tem um belo gingado para gogo-boy!
- Não é? Já disse isso pra ele! – rimos da careta de .
- , daqui a pouco a gente tem que ir, ok? Você precisa descansar para amanhã. – avisou, deixando-nos a sós depois. Fitei meu futuro marido, suspirando.
- Até amanhã, lindo. – falei.
- Até amanhã, amor. – falou, beijando minha testa. Acompanhei se afastando, dando uma última olhada para trás. Acenei e ele finalmente sumiu de minhas vistas.
- Pronta? – Nathalie perguntou, enroscando o braço no meu. Sorri, afirmando.
- Mais do que pronta! – e que venha o dia mais esperado da minha vida.


’s POV

- Então, ela já chegou? – perguntei pela milésima vez. Ethan suspirou, cansado de ouvir a mesma pergunta.
- Não, , ela ainda não chegou. Acalme-se! – pediu, dando um tapinha no meu ombro. Concordei, arrumando a minha postura e ajeitando a gravata. Passeei os olhos pela igreja, não achei que viriam tantas pessoas. Logo a frente, meus pais estavam sentados, fitando-me. Dei um sorriso nervoso para eles. Olhei no relógio novamente. estava uma hora atrasada. É normal, certo? Virei-me novamente para Ethan, que estava logo um degrau a cima de mim.
- Não é normal tanto atraso assim, é? Porque, veja só, se pensarmos que... – fui interrompido pela música de entrada. Suspirei alto, virando-me. Todos presentes na igreja se levantaram. Meu coração disparou. Dei um passo à frente, me postando no meu lugar. Nathalie, Emily e Ashley entraram, suave e vagarosamente, sorrindo. Andaram até o meu lado oposto, postando-se lá. Minha respiração acelerou quando fecharam as portas da igreja. Enfim, tocando a marcha nupcial. A porta foi aberta. Um clarão tomou a igreja, iluminando todo o local. Foi quando eu a vi. Meu sorriso apareceu e se alargou no mesmo instante. Ela caminhava até mim guiada por seu pai, Charlie. Ela sorriu ao me ver. Senti uma mão sobre o meu ombro.
- Ela tá linda, mate! - Ethan comentou baixo. Eu assenti, sem tirar os olhos dela.
- Ela é linda! – comentei, vendo-a se aproximar de mim. Mesmo grávida, ela havia ficado linda com aquele vestido de noiva. Aproximei-me dela, sorrindo. – Charlie!
- ! – falou, depois virando-se para a filha. – Eu te amo, filha.
- Eu te amo, pai. - falou, deixando que seu pai entregasse-me a sua mão. Beijei o dorso da mesma e sorri.
- Você está incrível! – sussurrei.
- Você também! – sorriu, suspirando. Viramo-nos para o padre, para que enfim ele pudesse começar a cerimonia.
- Meus queridos e queridas, estamos aqui hoje, reunidos, para celebrar a união matrimonial desses dois jovens apaixonados. e . – ele começou. Eu não conseguia parar de olhar para ela. Ver seu sorriso naquele momento me confortou tanto, olhar para a sua barriga e saber que a nossa filha estava ali, participando do nosso casamento. Cara, isso era mágico! - ... E diante da Igreja, vou, pois, interrogar-vos sobre as vossas disposições. – o padre continuou. Nos viramos um para o outro. – Agora, filho e filha, peço-lhes que citem seus votos para toda a igreja. – sorri, virando-me para Ethan, para que ele pudesse me entregar o papel onde estavam escritos os meus votos. - .
- , meu amor. Hoje, aqui, em frente a todos, em frente a Deus, estamos começando uma nova vida juntos. Eu lembro da primeira vez que te vi, de como eu quis ter você pra mim. Que você a resposta de todas as vezes que eu pensei “será que serei realmente feliz um dia?”. Você é a mulher da minha vida, a mulher que eu sempre sonhei. Antes mesmo de te conhecer, eu já pensava em você. Eu não acreditava em milagres, não até conhecer você, meu amor. – sorri, observando-a colocar a mão sobre a boca, tentando não chorar. Ato falho, por sinal. – Você, Johnny e a Charlie... – coloquei a mão sobre a sua barriga. – Fizeram um milagre em mim. Se hoje eu sei o que é amor puro e sincero, foi causa de vocês. Eu achava que você tinha que me aceitar como eu sou, mas você me fez enxergar que eu podia ser bem melhor. Graças aos meus pais eu estou aqui hoje, mas se tinha algum proposito de eu estar vivo hoje, foi porque eu tinha que te conhecer, eu tinha que te amar. – suspirei, tentando não chorar. Sorri, limpando um pouco de suor que começou a escorrer pelo meu rosto. – Eu só quero te fazer a mulher mais feliz do mundo, se você deixar. – ela gesticulou um sim, sorridente. – Eu te amo, . – terminei, segurando a sua mão.
- , por favor. – o padre pediu. Ela suspirou, sorrindo, pegando os seus votos com a Nathalie e virando-se para mim.
- , meu grande amor, mesmo após anos juntos, você ainda me faz contar cada segundo até você chegar. Meu coração ainda dispara toda vez que eu te vejo. Minhas mãos suam toda vez que você sorri pra mim. Hoje, aqui, olhando pra você, eu tenho certeza que eu estou olhando para o grande amor da minha vida. Sem virgulas. É você e ponto final. Não existe nenhum outro lugar no mundo onde eu queria estar, é aqui o meu lugar, ao seu lado, na sua vida. Você me deu as duas coisas mais preciosas da minha vida. O nosso filho Johnny e a nossa princesa que estar para chegar, Charlotte. – ela colocou a mão sobre a barriga, sorrindo. – Eu quero estar ao seu lado a cada nova conquista, a cada novo conhecimento, prazer, dor, alegria, saúde e doença. Se tem algo que eu aprendi com você, meu amor, foi a nunca desistir. Passamos por tanta coisa juntos e as enfrentamos, de frente, por isso estamos aqui juntos, nos unindo, finalmente, na frente de todos. , você me faz sentir a mulher mais protegida e amada do mundo. Você não é o príncipe encantado que a minha contava pra mim, quando lia as histórias de princesas, não, você não é. Você tem defeitos, você erra, assim como eu também. E é por isso que te amo tanto, porque você é igual a mim, você é humano. Quando eu te conheci, você era um garotão, não parecia ter a idade que tinha. Mas agora, poxa, agora você é um homem feito, você é um pai maravilhoso, você é companheiro incrível. Nesse momento, a única coisa que eu quero te oferecer é o meu amor. Você o tem hoje e sempre. Então, muito obrigada… Pela vida que eu nunca imaginei que ia ter um dia, pelo amor que eu nunca imaginei que fosse capaz de sentir... Eu te amo.
- Uma vez que é vosso propósito contrair o santo Matrimónio, uni as mãos direitas e manifestai o vosso consentimento na presença de Deus e da sua Igreja. – o padre continuou a cerimonia. Fizemos o que ele pediu, segurando nossas mãos direitas. - , repita depois de mim: Eu, , recebo-te por minha esposa a ti, , e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida. – repeti a mesma frase logo após ele. - , repita depois de mim: Eu, , recebo-te por minha esposa a ti, , e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida. – e depois foi a vez de repetir. - Confirme o Senhor, benignamente, o consentimento que manifestastes perante a sua Igreja, e Se digne enriquecer-vos com a sua bênção. Não separe o homem o que Deus uniu.
Uma nova música começou e a porta foi aberta novamente. Um pequeno ser de smoking preto, segurando um pequeno porta-joias vermelha, com as alianças dentro, caminhou até nós. e eu sorrimos, vendo Johnny se aproximar de nós, sorrindo, animado.
- Oi, meu amor! – ela falou, acenando.
- Mami! – ele falou alto, fazendo todos rirem. Agachei-me até ele, pegando as alianças. Beijei sua bochecha e o coloquei ao meu lado, no altar. Entreguei as alianças para o padre.
- Abençoai e santificai, Senhor, o amor dos vossos servos, para que, entregando um ao outro estas alianças em sinal de fidelidade, recordem o seu compromisso de amor. – o padre abençoou as alianças.
- Amém! - e eu falamos juntos. O padre me entregou uma aliança. Peguei a mão esquerda de , colocando o anel em seu dedo anelar.
- , recebe esta aliança como sinal do meu amor e da minha fidelidade. – falei, terminando de colocar o anel em seu dedo. Depois, foi a vez dela colocar o anel em mim. O padre prosseguiu:
- Filhos e filhas, pelo poder concedido a mim, eu vós declaro marido e mulher. – ele sorriu, juntando as mãos. – Pode beijar a noiva, filho.
- É claro! – falei, sorrindo. Aproximando-me dela, segurei seu queixo e sorri. – Eu te amo.
- Eu te amo. – ela repetiu, antes de finalmente nos beijarmos. A igreja explodiu em palmas. Sorri, nos virando para o restante dos convidados. segurou a minha mão com força, a fitei.
- Vamos para a festa, esposa? – ela riu.
- Vamos a festa, marido! – piscou, feliz.


’s POV Off

Observei, toda boba, meu marido conversando com o pai e o irmão mais à frente, com uma mão dentro do bolso e a outra afrouxando a gravata. Eles conversavam animados sobre algo que eu não tinha ideia, mas eu estava sorrindo junto. Eu nunca sorri tanto na vida.
- Olha isso, Lizy, ela não para de sorrir! – ouvi a voz de Nathalie ao meu lado. Balancei a cabeça, rindo.
- Deixa ela, Nath. Minha filha está feliz! – minha mãe disse, abraçando-me. – E eu estou feliz por você, querida. – beijou minha bochecha.
- Obrigada, mãe. – sorri, fitando-a. – Eu não teria conseguido sem você.
- Claro que teria! – abanou o ar. – Eu te criei pra ser forte e você é.
- Mamããe! – Johnny correu até mim.
- Oi, príncipe! – tentei me agachar até ele.
- Sam e eu queremos comer doce! – pediu, puxando a barra do meu vestido.
- Ok, eu te levo lá!
- Não se preocupe, filha. Eu cuido disso! – minha mãe falou, segurando a mão do neto. – Vamos lá, querido. Vamos comer doces!
- YAY! – Johnny vibrou, fazendo-me rir.
- Bom, o seu maridinho vem, aí. Vou deixá-los a sós. – Nathalie cochichou, saindo de fininho. Sorri, vendo se aproximar.
- Oi. – falou, enfiando as duas mãos dentro do bolso, postando-se ao meu lado. Ri, entrando no jogo.
- Oi. – respondi, apenas.
- Estava pensando aqui, te achei a moça mais bonita da festa! – comentou, fingindo aleatoriedade.
- Ah, é? Pois muito obrigada! Sabe, também te achei bastante interessante. – comentei, sorrindo. Ele me fitou longamente, retirando uma mão de dentro do bolso e estendendo para mim.
- Aceita dançar comigo? – pediu. Observei sua mão e sem hesitar, aceitei. segurou em minha cintura, e eu descansei a cabeça em seu peito, deixando-o nos guiar. Esqueci-me completamente que existiam outras pessoas ali. Era só eu e ele. – Se eu não disse antes, você está linda. – ri.
- Você já disse algumas vezes, mas eu aceito ouvir mais uma vez. – fitei seus lindos olhos . – Se eu não disse antes, eu te amo.
- Você já disse algumas vezes, mas eu aceito ouvir mais uma vez. – me imitou, rindo. – Você realmente é a mulher da minha vida, na minha vida. – beijou-me, lentamente.
- , hora de jogar o buquê! – Nathalie avisou, falando alto. Ri, do desespero dela.
- Ok, garotas, fiquem atrás de mim. – pedi, buscando o buquê e virando-me de costas para a multidão de garotas. – Um... Dois... TRÊS! – falei, jogando o buquê. Houve gritinhos e risadas. Quando me virei para ver quem tinha pegado, qual foi a minha surpresa? – MÃE!
- Erm, isso aqui tá errado! Pode jogar de novo, filha. Eu nem estava na roda! – falou, sem graça.
- Não, senhora. Só vale a primeira vez! – rebati, aproximando-me dela. – Quem sabe dá sorte, uh? – pisquei pra ela, que riu.
- Boa mira, ! – Emily falou, cruzando os braços.
- É, valeu! – Nathalie fez o mesmo.
- Meninas, sinto muito! – as abracei. – A hora de vocês vai chegar.
- Estou no aguardo! – Nathalie avisou. – Vou beber. Quem me acompanha?
- Eu! – Emily, Ashley, Debbie e Kim responderam. Ri, empurrando-as para o bar da festa.
- Sejam felizes! – falei alto, rindo. Senti um par de mãos na minha cintura e um beijo no meu pescoço.
- E aí, quer dar o fora daqui, senhora ? - falou, sussurrando em meu ouvido.
- E os convidados? – perguntei, mordendo o lábio inferior.
- Eles vão ficar bem sem a gente, eu juro. – beijou novamente meu pescoço.
- Ok! – concordei, entrelaçando os dedos aos dele, deixando-me ser arrastada para fora do salão de festas, para o carro alugado nos esperando lá fora.
- Para o Hilton. – falou ao motorista. Em menos de quinze minutos estávamos no corredor do hotel, andando até o nosso quarto.
- Esse hotel é fantástico! – comentei, vislumbrada.
- O melhor pra nós. Hoje a gente pode! – falou, de repente, pegando-me no colo.
- , eu tô pesada, você não me deixar cair. – alertei, segurando-me forte em seu pescoço.
- Tá me chamando de fraco? – levantou a sobrancelha.
- Não, tô me chamando de gorda! – ri.
- Não se preocupa, eu dou conta! – piscou pra mim. – Só pega o cartão e abre a porta. – pediu, assim que chegamos em frente a porta do nosso quarto. Fiz o que ele pediu, abrindo finalmente a porta. Assim que entramos, me colocou no chão, que estava coberto de pétalas vermelhas, assim como a cama.
- Que lindo, amor! – falei, virando-me para ele. se aproximou de mim, jogando meu cabelo para trás, beijando a área descoberta do meu pescoço e colo. Fechei os olhos, apreciando o contato. Senti as mãos habilidosas de indo de encontro ao zíper do meu vestido, abrindo-o e o deixando cair no chão. Segurei na sua gravata, andando de costas até encontrar a cama. Ele sorriu, livrando-se da gravata, da camisa e chutando os sapatos para longe. me beijou ferozmente. Não foi doce, não foi gentil. Foi com desejo. Os meus músculos se retesavam sob o toque dele, mordiscava a minha pele quente e descoberta. subiu os beijos, cobrindo a minha boca com a dele, seu beijo era urgente. Deslizei as mãos sobre a suas costas, passando a unha por sua pele, até chegar aos seus cabelos. Um calor insano tomou conta do meu corpo. terminou de se despir, voltando a focar em mim e em minha lingerie. Puxando e jogando a renda e cetim para longe. Com os músculos rígidos, a respiração alterada, o balançar de quadris e os corações acelerados ali consumamos a nossa primeira noite de casados.


Cinco meses depois...

- Johnny, pelo amor de Deus, para de fazer bagunça! – falei alto, catando os brinquedos espalhados pelo chão. – Haja paciência!
- Vem cá, . Eu cuido disso! Senta e descansa. – minha mãe falou, puxando-me pela mão e me fazendo sentar no sofá. Minha barriga estava enorme, estava no último mês de gestação, a qualquer momento Charlie poderia nascer. Mamãe decidiu passar esse último mês comigo, pois não queria que eu estivesse sozinha caso a minha bolsa estourasse. estaria trabalhando e poderia complicar pra mim.
- Eu vou ficar louca com outro filho, não vou? – perguntei, suspirando alto, passando a mão sobre a minha barriga. Minha mãe riu.
- Não vai ser fácil no começo, mas você vai dar conta. – sentou-se ao meu lado. – Além disso, você não estará sozinha, você tem o seu marido para te ajudar a cuidar.
- está quase me expulsando de casa, nem eu estou me aguentando mais. – fitei minha barriga. – Querida, saia logo, por favor.
- Ela vai sair, quando for a hora certa, filha. – beijou minha testa, levantando-se. – Vou dar banho no Johnny. Descanse até o chegar.
- Obrigada, mamãe. – sorri agradecida. Me ajeitei no sofá, suspirando e fechando os olhos. Sem perceber, eu peguei no sono. Acordei bem mais tarde com a vozes de e minha mãe.
- Ela tava muito cansada, né? – perguntou.
- Estava, sim. Deitou e apagou rapidamente. – minha mãe explicou. – Bom, eu combinei de ir jantar com o Charlie. Vou deixá-los à vontade.
- Charlie, é? Hmm, vai lá, sogrinha! - riu. Ouvi a portar bater e finalmente abri os olhos. – Ei, boa noite, bela adormecida.
- Oi, amor! – falei manhosa. sentou-se ao meu lado, acariciando a minha barriga. – Como vocês estão?
- Estamos bem. – coloquei a minha mão sobre a sua. – Só a sua filha que não para de mexer. Deve estar querendo sair já.
- Ah, é? Ela deve estar querendo conhecer o pai lindo e sexy que ela tem. – brincou, jogando uma piscadela pra mim, que ri.
- Senti saudades, meu amor. – fiz biquinho. Ele riu, depositando um beijo nos meus lábios.
- Quer ir se deitar na cama? – perguntou, ajudando-me a levantar.
- Primeiro eu preciso tomar um banho. – fiz uma careta. – Me ajuda?
- Claro. – sorriu. Andamos até o nosso quarto, da nossa mais nova casa, que, por sinal, estava linda. – Senta aqui, eu vou encher a banheira pra você.
- Obrigada. – agradeci, sentando-me na cama, despindo-me. – A minha mãe falou que ia sair com o meu pai, ou eu entendi errado?
- Entendeu certo! – falou do banheiro. – Eles iam jantar juntos.
- Hmm. – fiz, estranhando. Desde quando eles jantam juntos assim, sem ocasião? Dei de ombros. Não era da minha conta, de qualquer forma.
- Vem! - apareceu, só de cueca. Sorri, levantando-me e pegando a sua mão, deixando-me ser guiada até o banheiro, ou mais exatamente, a banheira. Entrei e esperei que ele também entrasse, após retirar a última peça de roupa. sentou-se atrás de mim. Suspirei, sentindo meu corpo relaxar. pegou a esponja de banho e passou pelas minhas costas, ombros, braços e barriga. – Sabe o que a minha mãe me contou hoje? – esperei ele continuar. – Emma vai adotar uma criança. – abri os olhos.
- Sério? Sozinha? – perguntei, surpresa.
- Não, parece que ela ainda está com aquele cara, o Nathan, acho que eles vão oficializar a união no civil. – deu de ombros. – Fico feliz por ela.
- Eu também, de verdade. – sorri. – Espero que essa criança os façam felizes.
Após quase nos enrugar debaixo d’água, resolvemos sair da banheira e ir nos deitar. Até aquele momento, minha mãe ainda não havia chegado. Coloquei minha camisola mais fresquinha e me deitei na cama, sendo abraçada por . Bocejei e fechei os olhos. Eu sentia sono o tempo todo, então foi fácil dormir de novo mesmo após ter dormido por muito tempo antes. O que não durou muito tempo. Senti o colchão molhado, bem molhado durante a noite. Não lembrava de querer ir ao banheiro. Só me dei conta do que estava acontecendo quando senti a primeira contração. Gemi alto, acordando .
- , você tá bem? – perguntou preocupado, sentando-se na cama.
- Minha bolsa estourou, . – suspirei alto. Sorri, nervosa. – Está na hora!
- Sério? Oh, meu Deus! – levantou-se depressa. - Consegue se arrumar sozinha? Eu vou pegar as coisas do bebê e as chaves do carro.
- , amor, não esquece de colocar a sua calça! – avisei, apontando para a sua cueca. Ele riu, nervoso, vestindo uma calça qualquer. – Tudo bem, não precisa se apressar tanto. Minhas contrações não estão tão continuas.
- Ok, eu vou pegar a bolsa da Charlie. – assenti, levantando-me devagar. Tirei a camisola e troquei por um vestido simples e fácil de vestir. Andei lentamente até o quarto de hospedes e abri a porta devagar, só para saber se a minha mãe estava em casa. E sim, lá estava ela, deitada, dormindo. Fiquei tranquila, ela ficaria com Johnny. Não iria acordá-la agora, deixarei a surpresa para depois. Andei até a sala, esperando aparecer, o que não demorou muito. – Pronta?
- Aham, vamos lá! – sorri, pegando em sua mão e sendo guiada para o carro, que nos levou direto para o hospital. Charlie, prepare-se para conhecer o mundo! Depois do corre-corre até o hospital, de ligações para amigos e parentes, gritos e contrações, quarenta e oito horas depois, Charlotte veio ao mundo com 3,5kg, e 49 cm. Cabelos ralinhos, pele da cor do pai, assim como também é inquieta. Ainda não descobrimos a cor de seus olhos, porque ela ainda não os abriu. Mas estou torcendo para também ter puxado o pai.


- Se eu falar que ela é linda, eu vou estar sendo uma madrinha muito coruja?- Nathalie cochichou, segurando Charlie no colo. Rimos.
- Não, não vai. Pode falar, porque eu também acho. – concordei, observando as duas.
- Claro que é linda! É minha filha, né?! - falou, babando na filha.
- Larga de ser pretencioso, ! – falei, balançando a cabeça. Ele deu de ombros.
- Awn, , ela tem os olhos ! – Nathalie comentou, fitando-a. – Deu sorte, .
- Eu tô falando, essa menina vai me dar muito trabalho! – falou, derrotado. Rimos.
- Mamãe, eu posso segurar a Charlie? – Johnny entrou no quarto da irmã.
- Pode, mas vem cá, senta aqui. – ele se sentou na poltrona. – Toma cuidado, ok? – pedi, indo até Nathalie e pegando-a no colo. Charlie se remexeu, piscou algumas vezes e fechou os olhos. – Faz tipo uma conchinha com as mãos, meu amor. – ele fez meio atrapalhado, mas fez. Ri, colocando-a em seus braços devagar, ajudando-o a segurá-la.
- Ela é tão pequena! – ele comentou, fitando-a. Aproximou a cabecinha dela e beijou sua testa. Sorri, fitando , que olhava todo babão as suas crias.
- Você vai me ajudar a cuidar dela, Johnny? – perguntei, fitando-o. Ele respondeu sem tirar os olhos da irmã.
- Eu vou. – sorriu, observando-a abrir os olhos novamente. – Os olhos dela são iguais aos meus, mamãe. – falou como se fosse a maior descoberta de todas. sorriu, aproximando-se.
- Agora nós três temos algo em comum, uh? – falou, apertando o narizinho dele, que riu, concordando. Fitei a minha família ali, junta, finalmente. Mais do que completa. Inteira. Eu me sentia assim também: completa. Não me faltava nada, nenhum pedaço. Todas as minhas partes estavam ali, comigo, naquele momento. Se eu pudesse escolher um momento do tempo e congelar. Seria esse. Mesmo que eu não possa congelá-lo, eu vou guarda-lo pra sempre comigo. Para o resto da minha vida.



Epílogo




- Charlie, eu vou contar até três, se você não abrir essa porta, eu vou derrubar! – Johnny falou, esmurrando a porta da irmã mais nova.
- Sai daqui, Johnny! – gritou de volta.
- Só saio depois que você devolver a minha camiseta do Guns! – revidou.
- Eu não peguei essa camiseta idiota! – falou alto.
- Claro que pegou! Anda logo, me devolve! – esmurrou de novo a porta.
- Que confusão é essa aqui? - chegou, tentando acabar com aquela briga entre os filhos.
- Mãe a Charlie pegou uma camiseta minha e não quer me devolver. – Johnny explicou, cruzando os braços.
- Charlie, isso é verdade? – perguntou, batendo na porta. A porta se destrancou e a porta foi aberta. Revelando uma adolescente alta, de longos cabelos loiros e umas mechas rosas e de olhos extremamente .
- Não, é claro que não! – rebateu, fitando o irmão.
- Garota, garota! – Johnny falou, perdendo a paciência.
- O que tem essa camiseta, Johnny? Você tem tantas outras, escolhe outra, depois você acha essa. - tentou achar uma solução.
- Porque eu quero essa! Eu vou sair com a Delilah daqui a pouco, mãe. – explicou, bagunçando o cabelo. riu, porque ele ficou a cara de quando fez aquele gesto.
- Querido, vamos até seu quarto. Vamos achar algo extremamente sexy pra você usar. – entrelaçou o braço no do filho.
- Mãe! – repreendeu. – Você não pode falar isso pra mim!
- Claro que posso, sou sua mãe, posso tudo! – riu. Virou-se para a filha. – E você, a gente conversa daqui a pouco! – avisou. A garota bufou, voltando para o quarto. – Então, filho, como vai a Delilah? Você quase não a traz aqui em casa.
- Ah, mãe, ela tá ocupada com a faculdade. – deu de ombros. – Quando der, eu peço pra ela vir. – entraram no quarto dele.
- Assim que você chegar, por favor, arrume o seu quarto, ok? Isso aqui tá uma zona, filho. – fez uma careta, chutando uma cueca. Andou até o closet dele e abriu, vasculhando as camisas do filho. – Aqui, olha essa! – mostrou uma camisa azul clara. – Eu acho essa linda em você.
- Não vale, mãe. Você acha tudo o que eu faço lindo! – ele riu. – Você é minha mãe!
- Nem tudo, ok? Não acho nada bonito essa bagunça aqui, ok? E nem achei bonito os seus desleixos com os estudos.
- Ok, já entendi. – deu-se por vencido. – Vai, me dá essa camisa mesmo.
- Ótimo, vai ficar lindo! – sorriu, satisfeita. – Agora, deixa eu cuidar do meu jantar.
- Valeu, mãe! – beijou a bochecha da mãe.
- Antes de sair, me avisa, ok? – o filho concordou e ela saiu, voltando para a cozinha. continuou a picar as cenouras, cantarolando enquanto o fazia.
- Hm, que cheiro bom! – ouviu a voz do marido invadir a cozinha, sorriu sentindo as mãos dele apertar a sua cintura. – Acho que tá vindo daqui. – cheirou o pescoço dela, que se arrepiou.
- Oi, lindo! – sorriu, virando-se para ele e enlaçando o seu pescoço com os braços.
- Oi, linda! – beijou delicadamente os lábios da esposa.
- Cansado? – perguntou.
- Um pouco. A reunião me quebrou hoje. – fez uma careta.
- Coitadinho do meu maridinho. – falou, distribuindo beijos pelo rosto dele.
- Arght! Arranjem um quarto! – Charlie falou, entrando na cozinha. e riram.
- Você deveria ficar feliz por seus pais ainda se amarem, sabia? - falou, indo até a filha. – E cadê meu beijo?
- Pai, eu não tenho mais cinco anos. – revirou os olhos. levantou a sobrancelha.
- Vou ter que te obrigar de novo? – falou, aproximando-se dela.
- Nem vem, pai! – ela riu, tomando distancia dele.
- Vem cá, mocinha! – falou, pegando-a no colo de uma vez. Charlie soltou um gritinho, rindo. beijou todo o rosto da filha e mordeu o braço dela.
- Canibal! – falou, rindo. – Cê ainda me mata, pai.
- Larga de drama, menina! – a colocou no chão. – E coloca uma roupa descente. Esse short tá muito curto!
- Não tá. – rebateu.
- Eu concordo com ele, Charlotte! - Luana aprovou o marido.
- Mas eu só vou na casa do meu avô! – avisou, abrindo a geladeira e pegando um copo d’água.
- Que avô? - perguntou.
- Charlie. – respondeu, sentando-se na bancada ao lado da mãe.
- O que tanto você visita seu avô? - levantou a sobrancelha, desconfiada.
- Ué, preciso de motivo pra ver meu avô? – deu de ombros.
- Aham, eu sei que você tá indo pra ver o vizinho do Charlie. – Johnny entrou na cozinha, falando.
- O quê? - falou alto, fitando a filha. – Isso é verdade, Charlotte?
- Claro que não, pai. – fuzilou o irmão, que apenas ria. – Ele tá mentindo!
Tô? Liga pro Charlie e pergunta, então. – deu de ombros, indo até a mãe e a abraçando pelos ombros.
- Cala a boca, Johnny! – Charlie mandou, quase voando no pescoço do irmão.
- Vocês dois, parem agora! - mandou, falando alto e autoritária. Eles a olharam, quietos. – Ótimo! Agora, Charlie, você não vai a lugar nenhum, vai ficar aqui em casa com a gente e Johnny, não volte tarde!
- O quê? Que injustiça! – Charlie falou. – Por que ele pode sair e eu não?
- Porque você só tem quinze anos, Charlie! - respondeu. – Sua mãe tá certa! Anda, vai lavar as mãos pra gente poder jantar juntos.
- Vocês me odeiam, só pode! – bufou, e saindo marchando em passos largos para fora da cozinha. Johnny riu.
- Não ria, mocinho! - repreendeu. – Quero você em casa cedo! E quando eu digo cedo, eu não tô falando às seis da manhã, igual da última vez.
- Pai, qual é! Você já foi jovem, sabe que eu tô na idade de aproveitar! – tentou rebater.
- Eu era jovem e inconsequente! Não quero que você siga os meus passos. – revidou, autoritário.
- Ok, pai. Já entendi! – deu-se por vencido. Beijou a testa da mãe. – Vou indo, então.
- Se cuida, querido. - pediu.
- Juízo, moleque! – deu um tapinha nas costas do filho.
- Juízo aqui também, meu velho! – sorriu, andando até a porta. – Aproveita e dá um trato na dona , aí.
- JOHNNY! - repreendeu. Johnny riu, sumindo das vistas. – Esse garoto tá abusado!
- É a idade, ! - riu, aproximando-se da esposa, segurando-a pela cintura. – Mas sabe, acho que não é uma má ideia, uh? Sabe, eu posso te dar “um trato” mais tarde, não acha?
- , como você está levado hoje. – riu, entrando na brincadeira. – A gente revolve isso mais tarde! – mordeu o lábio inferior dele.
- Eca! – Charlie fez, voltando a cozinha. revirou os olhos e voltou a cozinhar. Nada fácil ter um casamento saudável com filhos adolescentes.


acordou no meio da noite, sentindo um malestar, um sentimento ruim. Suspirou, levantando-se, resolvendo ir até a cozinha tomar um copo de água. Quando chegou a sala, viu o cômodo escuro a não ser pela TV ligada. Johnny estava sentado, sozinho, encarando a TV ligada. estranhou, olhando o relógio na parede. Ainda era cedo para os padrões do filho.
- Filho, tá tudo bem? – perguntou, aproximando-se dele. Johnny a olhou com o semblante cansado. Balançou a cabeça, negando. – O que houve?
- A Delilah tá grávida, mãe.



FIM



Nota da autora: Coloquei Johnny de volta ao site. Quem nunca leu, agora pode ler. Quem já leu, pode ler de novo. HAHAHA
Beijos pra todas. <3





Outras Fanfics:
Long: HER
Short: Lovin' Arms
Short Especial Behind The Scenes: The One About 2006


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