Última atualização: 17/10/2017

1. Nem Tudo é o Que Parece

apertava o urso de pelúcia nos braços um pouco mais a cada pequena brisa que lhe atingia. Havia acordado com a campainha tocando de manhã cedo daquele sábado, porém quando abriu a porta, tudo o que pôde encontrar fora uma caixa com um post-it verde colado nela. Provavelmente o porteiro havia recebido e deixado lá. Coçando os olhos, ainda sonolenta, ela abaixou-se para ler o recado.
“Parabéns, , era o que estava escrito. Imediatamente ela tratou de rasgar o embrulho, sabendo que aquilo só poderia ter vindo de seu namorado, visto que ele era o único que sabia o dia de seu aniversário. Encontrou um Rilakkuma dentro da caixa e não pôde conter um sorriso ao ver o presente.
Não estava esperando ganhar nada naquele dia e ficou realmente grata por ele ter se lembrado e ter tido a consideração de dar-lhe um presente.
Fora suficiente para deixá-la feliz e sorrindo boba toda vez que lembrava daquele momento.
Era fim de tarde e já começava a esfriar, mesmo que não fosse inverno ainda. Estava a ponto de xingar a si mesma por ter esquecido seu moletom em casa, quando finalmente pôde avistar o carro se aproximando de onde ela se encontrava naquela pequena pracinha. Iria passar a noite e o dia seguinte com seus sogros na casa de campo que possuíam não muito longe da cidade. Chamavam a tal casa de “MoonHouse” e não entendia bem o porquê, mas havia achado a casa realmente encantadora desde a primeira vez que havia ido lá, meses atrás.
Já era acostumada a passar a maioria de seus finais de semana lá, junto de seus sogros e o primo de seu namorado, que morava com eles.
sorriu ao ver o carro se aproximar e parar logo ao seu lado. A janela de trás foi aberta e ela pôde ver fazendo uma careta para ela, o que a fez rir. Logo, ele desceu do carro e ela não entendeu direito o porquê.
— Eu fico com a janela, tampinha — falou, enquanto segurava a porta para ela entrar.
tirou a mochila das costas com uma das mãos, já que a outra usava para segurar o Rilakkuma que ganhara, e ainda olhando para , jogou-a dentro do carro, entrando, em seguida. E, assim que o fez, pôde constatar o motivo pelo qual havia saído de dentro do carro.
A outra janela estava ocupada também.
Um par de olhos pequenos a encaravam sorridentes.
Ele estava de boné e usava uma máscara preta, cobrindo parte do rosto. Retirou a máscara assim que o carro voltou a andar e antes que ela pudesse terminar de assimilar aquilo direito, pôde ver o sorriso retangular que tanto amava.
! — exclamou, fazendo ele e todos que estavam no carro rirem.
Ela realmente deveria ter feito uma expressão engraçada ao vê-lo ali, mas estava realmente surpresa.
— Ei, quando foi a última vez que você me viu?
Duas semanas recém completadas, se as contas dela estivessem certas — e sempre estavam.
— Cadê o meu abraço? — cobrou ele, e ela apertou o Rilakkuma mais uma vez, nervosa, antes de enfim soltá-lo para abraçar o namorado — Não achou mesmo que eu fosse te deixar sozinha hoje, não é? — ele acrescentou, fazendo-a corar.
Ela involuntariamente apertou-o mais contra si e se arrepiou quando sentiu ele depositar um leve beijo em seu pescoço.
Sentiu os olhos arderem e piscou rápido, antes que as lágrimas viessem.
Estava, com certeza, emotiva naquele dia e ao mesmo tempo em que se sentiu bem pelo carinho, também se sentiu mal, pois sabia que era tudo uma farsa.
Tudo parte de uma encenação para a família dele.
Porém, para ela não era.
Tratava os pais dele como verdadeiros sogros, e desde que ela não tinha uma família, a dele era a mais próxima disso para ela.
não era uma pessoa má, apenas temperamental vez ou outra.
Ele havia sido a única pessoa a ajudá-la no momento que ela mais precisou e ela era eternamente grata a ele por tudo o que fez para ela.
Quando soltou-o, vários cumprimentos de aniversário voaram em sua direção e então ela soube que havia contado para eles.
Timidamente, ela agradeceu. entrelaçou sua mão à dela e novamente olhou para ele, que ainda sorria para ela. Tinha certeza que estava corando novamente e a única coisa que pôde fazer foi pegar o Rilakkuma deixado de lado com a mão livre e esconder o rosto nele.
riu baixinho com o pequeno ato e fez um carinho com o polegar na mão dela.
reprimiu um sorriso por um momento, antes de começar a puxar assunto com ela.

Quando chegaram à MoonHouse, e ajudaram a Sra. a abrir as portas e janelas da casa, antes de caminharem para o único quarto restante da casa.
O quarto pertencia à e era lá que costumava dormir todas as vezes que estava lá. Porém, aquela era a primeira vez que ia junto com eles.
Não tinha muito tempo para a família por causa do trabalho e quando ainda estavam no carro, havia comentado que estava ali apenas porque estavam agora promovendo na cidade e ele havia recebido uma pequena folga.
Os pais de sabiam da história dela e como a havia ajudado, inclusive sabiam que ela morava no atual apartamento dele. Embora mal aparecesse por lá, eles moravam juntos para todos os efeitos.
Os pais dele, por incrível que pareça, não faziam o tipo conservadores típico da sociedade mais tradicional e, para eles, e eram dois adultos morando juntos, que acabaram por se apaixonarem um pelo outro.
Visto que agora eram um casal dividindo um apartamento, era de se esperar que os pais dele imaginassem que os dois eram mais íntimos do que realmente eram.
Seguindo essa perspectiva, eles nem comentaram nada a respeito dos dois dividirem o mesmo quarto enquanto estivessem naquela casa.
Claro que hoje em dia, ela já era independente dele; Nos seis meses, quase sete, que se passaram, ela conseguira arrumar um emprego e planejava contar a ele que havia achado um pequeno apartamento para si, mesmo que quase nunca dormisse no próprio e, talvez por falta de tempo, ela não tinha certeza, ele preferia ficar com os outros rapazes no dormitório do grupo.
Para ela, ele a via apenas como uma irmã mais nova e tinha quase certeza de que era realmente assim, coisa que a deprimia.
Antes ele a visse apenas como amiga; mas irmã já era demais.
Talvez ele gostasse mesmo da outra namorada dele, a da mídia.
O rumor havia surgido logo após a saída de um membro do grupo, quase dois meses depois que ele a havia encontrado. lhe explicara na época que a empresa havia proposto aquele acordo para ele, como uma forma de desviar atenção e ele acabara aceitando.
Nessa época, os pais dele já sabiam que os dois namoravam.
a pedira em namoro — não de verdade, é claro —, quando não aguentou mais perguntando uma forma de como retribuir o que ele tinha feito por ela.
Ele sempre negava, é claro, até que um dia surgiu com a proposta e explicou a ela que sua família sempre perguntava quando ele iria finalmente apresentar-lhes uma namorada, e parecia ser a garota perfeita para agradar-lhes.
não pensou duas vezes em aceitar. Não tinha nada a perder.
Ela só não esperava realmente se apaixonar pelo falso namorado.
Desde então, haviam se beijado algumas vezes, na presença dos familiares, mas só. Isso quando se beijavam pois, na maioria das vezes, eles apenas fingiam.
não tinha amigos e, como passava muito tempo sozinha, tomara o hábito de desenhá-lo.
Costumava desenhar antes de conhecê-lo, mas desenhava-o como uma forma de sentir como se ele estivesse presente ali. Tinha um portfólio repleto de com vários , de diferentes maneiras, desde a retratos de fotos à animações fofas.
Queria a companhia dele, nem que fosse apenas assim.
Obviamente, ele não sabia daquilo.
Ela nunca mostrava seus desenhos para ninguém e sempre tomara cuidado para que ele não visse nada, das vezes que estava em casa.
Porém, naquela noite ela simplesmente esquecera.

Assim que os dois entraram no quarto, sem encararam meio sem graça; havia apenas uma cama ali, de casal — era espaçoso, segundo a Sra. .
Ele pigarreou e caminhou até o armário, tirando de lá alguns cobertores e travesseiros, jogando-os no chão, de modo a fazer uma cama improvisada.
— Você pode ficar com a cama hoje à noite, vou dormir aqui — ele anunciou.
— Não. Você deve estar cansado, deixe que eu durmo aí, eu não me importo.
riu e beliscou a bochecha dela.
— Eu posso até estar cansado, você está certa. Mas eu não vou deixar uma mulher dormir no chão enquanto eu fico com a cama só pra mim.
— Então nós podemos dormir juntos, a cama é grande o suficiente — ela falou, sem pensar.
Ótimo, o que ele ia pensar dela agora?
apenas fingiu não escutar o que ela havia dito e continuou a arrumar sua cama improvisada.
— Vou tomar um banho — disse ele, assim que acabou.
Caminhou de costas, sem olhar para ela.
sentiu-se irritada com aquela atitude. Irritada e rejeitada.
— Você prefere dormir no chão à dormir comigo, não é? — indagou meio irritada — Eu sou tão feia assim? — tomou coragem de perguntar.
Sabia que não era a garota mais bonita do mundo, mas comparada a outra namorada dele, ela se sentia como um patinho feio.
… — chamou-a, ainda de costas.
Mas ela não deu tempo para ele falar algo, simplesmente pegou sua mochila e tirou de lá, sua pasta com material de desenho e saiu de lá, caminhando para fora da casa. Segurou-se até chegar ao lugar onde ia quando queria ficar só, as lágrimas começaram a cair antes que ela chegasse a abrir sua pasta.
Estava envergonhada e magoada.
E a única coisa que pôde fazer foi desenhar, enquanto chorava.
Desenhou um chibi de uma garota triste, pois era assim que se sentia, e acabou molhando o desenho com as lágrimas que ainda caíam rápido.
seguiu a garota quando viu ela saindo. Se sentiu mal por ela, mesmo sabendo que a mesma havia tirado conclusões precipitadas. Ele estava tentando ser educado, droga!
Certo que ele havia fingido não escutar a proposta dela. Estava claro que ela havia dito aquilo sem pensar, mas ele não entendia o porquê dela ter chegado àquela conclusão sem fundamentos.
Não a achava feia, pelo contrário.
Percebeu que era uma garota bonita assim que a viu pela primeira vez.
Sabia que ela era insegura e bastante tímida, mesmo que tivessem passado vários meses que eles se conheceram.
Ele nunca havia dito que ela era feia ou dado a entender aquilo. E, se tivesse, não fora propositalmente.
Tudo bem que só a elogiava verbalmente na frente de sua família.
Ele tinha medo de fazer coisas assim e ela pensasse que ele estava tentando se aproveitar dela e da situação ou sabe-se lá o quê.
era uma pessoa desconfiada, porém inocente.
Quando a encontrou, quase pôde sentir o dilema que ela encarava entre confiar ou não nele.
Na época, ela não o conhecia, por incrível que pareça. Mesmo que seu rosto estivesse estampado por todos os lugares junto aos outros membros do Exo.
Agora ela até gostava das músicas do grupo.

respirou fundo e enfiou as mãos no bolso da calça que vestia.
Sentiu a caixinha que havia colocado lá mais cedo e ficou em dúvida, se iria até ela agora ou deixava para dar o presente no jantar, como havia planejado.
Observou-a sem que ela notasse por mais alguns instantes até, por fim, caminhar lentamente até ela.
.
Ela se assustou ao ouvi-lo e rapidamente passou a mão no rosto, tentando afastar as lágrimas e, em seguida, tratou de fechar sua pasta de desenhos, verificando rapidamente se não havia deixado nada de fora.
suspirou e se aproximou mais, sentando-se ao lado dela.
Ficaram em silêncio durante alguns minutos, ela encarando as próprias mãos e ele, olhando para frente, para nada em específico.
— Por favor, não chore mais — pediu — Eu não gosto de te ver assim.
— Desculpa, — respondeu, fazendo olhá-la e então ela cobriu o rosto com as mãos, parecendo se lembrar de algo — Ah, droga… Meu rosto deve estar horrível agora.
A voz saiu abafada.
quis rir por um momento, mas resolveu aproveitar que ela não estava vendo e pegou a caixinha que trazia dentro do bolso, colocando-a de lado.
— Ei… — ele pegou as mãos dela, descobrindo seu rosto — Olhe pra mim, .
E assim ela o fez. passou os polegares pelas maçãs do rosto dela, limpando quaisquer vestígios de lágrimas que ainda restavam.

— Shh… Apenas escute, okay? — ela assentiu e ele continuou — Não é porque eu não te elogio quando estamos à sós que você tem que pensar que eu te acho feia. Isso não é verdade.
E então, rapidamente, ele se aproximou e depositou um pequeno beijo na bochecha dela, o que a fez corar e olhá-lo surpresa, desviando o olhar do dele, em seguida.
— Ei, você acha mesmo que eu arrumaria uma namorada feia para apresentar aos meus pais? — ele riu, com a expressão dela — Eu tenho bom gosto, sabia?
Um mínimo sorriso ameaçou surgir no rosto dela e então ele lembrou-se do presente.
— Eu tenho algo pra você — ele colocou a caixinha em cima da pasta dela — Abra e veja se gosta.
obedeceu ao pedido dele e encontrou um colar de ouro com um pingente de coração, lindo, fofo e delicado ao mesmo tempo.
— É lindo — murmurou finalmente, tocando o pingente com o indicador.
— Feliz aniversário. É o seu presente.
Ela o olhou.
… Você já me deu um presente e eu gostei muito. Não precisava de outro, muito menos algo caro assim — ela suspirou — Eu não me sinto confortável com você gastando seu dinheiro comigo.
Era verdade.
sempre queria retribuir de alguma forma o que lhe ajudara.
Sempre tentava agradá-lo quando ele estava no apartamento, ainda que ela não fosse boa em puxar assunto com ele. Sempre esperava que ele o fizesse primeiro, assim tinha certeza de não estar sendo entediante ou incômoda.
olhou risonho para ela.
— E quem te garante que eu não roubei aquele Rilakkuma da coleção do ?
— Ele estava lacrado e veio na caixa — falou, como se fosse óbvio.
— Ele também recebe presentes lacrados, sabia?
Ela o olhou, cética.
— Ei! Você… — ele riu, sabendo que não iria conseguir convencê-la — Querida… — chamou, com a voz doce e fofa — Você vai ter que aceitar e não falamos mais nisso.
levantou-se um pouco e ficou de joelhos.
— Vire-se. Vou colocá-lo em você, — ele pediu. Assim que ela se virou, ele pegou a caixinha da mão dela e tirou o colar de dentro.
levantou o cabelo para ajudá-lo e esperou.
Sentiu quando ele, delicadamente soltou o colar e, com a mão leve, ele deslizou dois dedos pela extensão do pescoço dela até o ombro.
se arrepiou, não só pelo carinho mas também pela proximidade dele.
Já não segurava mais o cabelo, porém ele mantinha-se de lado; afastou-o e deixou assim.
Ele se aproximou mais e ela pôde sentir seu hálito quente, fazendo-a se arrepiar mais ainda. Seu coração bateu forte, fazendo-a ofegar e ela pensou que fosse ter um treco no instante em que sentiu depositar um beijo no seu pescoço, pouco atrás de sua orelha.
Involuntariamente, ela mordeu o lábio inferior.
Não era como se aquela fosse a primeira vez que isso acontecia.
Ele a beijava ali na maioria das vezes.
Mas não quando estavam apenas os dois sozinhos e isso a deixou confusa.

tomou um banho e saiu do banheiro,segurando uma pequena toalha, usando-a para secar o cabelo. Caminhou até a cozinha e encontrou ajudando sua mãe com o jantar.
Usava agora uma calça de moletom cinza com uma blusinha branca de alças. O cabelo estava preso em um nó e ele pôde ver o colar brilhando em seu pescoço.
Aquele era o primeiro, ou melhor, segundo presente que ele comprava para ela.
Não que não quisesse, mas ele tinha que ter um motivo para que ela entendesse, não é?
Achara-o casualmente na vitrine de uma joalheria enquanto passeava com em Londres e quando pusera os olhos nele, não pôde deixar de lembrar dela. Assim comprou-o para dar-lhe em eu seu aniversário de vinte anos.
— Coloque duas colheres de chá… Isso… — a mais velha dizia.
— Sim, mãe.
observou as duas por um instante, sem que elas percebessem e sorriu, ainda acabando de secar o cabelo.
Ele gostava que seus pais a acolhesse como faziam, mas, eventualmente, ele sentia-se mal por estar há meses mentindo para eles sobre um relacionamento que não existia de verdade, ao menos não na prática.
Era como seu outro relacionamento.
Porém, o da mídia se tornava ainda mais falso, visto que mal via sua “namorada”.
Era um fã dela, era verdade. Ela era sua ídolo e continuava sendo, mas eles eram apenas amigos e não passava disso.
Sem contar que mal se falavam.
Já ela, , ele via sempre que podia, quando ia para seu apartamento, para dormir lá.
E às vezes, eles conversavam.
Ela não era uma desconhecida como antes e sua família a amava quase como uma filha também.
Até os membros queriam conhecê-la.
Para todos, com exceção de , ela era sua verdadeira namorada.
Ele poderia facilmente apresentá-la à eles, bastava que o levassem durante a noite até seu apartamento quando tivessem algum tempo livre. Mas, por algum motivo, ele sempre inventava uma desculpa.
Para eles, não passava de um ciúmes bobo vindo de .
E talvez fosse isso mesmo.

caminhou silenciosamente até , sendo notado por sua mãe, a qual ele fez um sinal de silêncio.
A mais velha prendeu um riso e os observou.
se mantinha concentrada, o que foi muito oportuno para ele.
pendurou a toalha no ombro e abraçou-a por trás, beijando-a no pescoço descoberto.
pulou com o susto e antes que pudesse dizer algo, ouviu a risada da sogra e dele mesmo, que ainda abraçava.
! — exclamou, fazendo ele e a Sra. rirem mais ainda.
colocou o cabeça no ombro dela, olhando o que ela estava fazendo.
— Só não coloque veneno aí, .
Ela deu um tapa no braço dele, fazendo com que ele a soltasse e se virou, um pouco enfezada.
— Você fica tão fofa concentrada, que eu sente vontade de apertar — falou com uma voz fofa, enquanto beliscava a bochecha dela.
deu-lhe outra tapa no braço e o olhou irritada, e um pouco envergonhada até, por causa da mãe dele.
— Eu não gosto quando você faz isso — reclamou, massageando a bochecha dolorida.
— E é exatamente por isso que eu continuo fazendo — retrucou ele, como um moleque birrento.

***


Quando o jantar ficou pronto, os cinco se juntaram à mesa e ajudou a sogra a servi-los.
Sentou-se em frente à e logo o jantar se seguiu.
Partiram um pequeno bolo de aniversário juntos, quando se levantara e caminhara até a geladeira para pegá-lo.
Aquela era a primeira vez que passava um aniversário em família, com direito a bolo de aniversário e tudo, já que no orfanato onde viveu as coisas eram bem diferentes.
cantou parabéns para ela de um jeito meigo e doce. Era a primeira vez que ele cantava especialmente para ela.
Naquele momento, em meio a felicitações e risos, emocionou-se.
Não podia dizer o momento certo em que as lágrimas começaram a cair, onde por um instante ela riu e chorou ao mesmo tempo e depois cobriu o rosto com as mãos.
ainda terminava de cantar a música e caminhou até ela para abraçá-la, enquanto acabava de cantar. Tentou tirar as mãos dela do rosto, mas assim q o fez, agarrou-se a ele, abraçando-o forte, porém mais calma.
Naquele momento ela só estava com vergonha por ter chorado e escondeu o rosto no pescoço de .
— Desculpe — murmurou baixinho, e sorriu para a família, que os observavam.
separou-se dele e agradeceu à sua família por terem se lembrado do seu aniversário. E também pediu desculpas por ter chorado.
— Você é muito molenga, tampinha — brincou, abraçando-a , em seguida — A voz do nem é assim tão legal, sabia?
Ela riu. Claro que era legal.
Era sua voz favorita em todo o mundo.
Gostava até de apenas ouvi-lo falar, quanto mais cantar.

***


jogou algumas partidas de videogame com o pai e o primo, que acabou virando mais algumas outras partidas enquanto e sua mãe assistiam algum filme juntas.
Provavelmente alguma comédia romântica.
Mais tarde, se preparou para dormir quando o filme acabou. Escovou os dentes e depois se deitou na cama já que insistira em dormir no chão.
Não demorou muito para que sentisse os olhos pesarem e logo cair num sono profundo.
entrou no quarto alguns minutos depois, à procura de uma roupa para se trocar. Porém, quando foi pegar sua mochila, acabou derrubando a pasta que havia deixado ali, em cima da escrivaninha.
Aquilo causou um barulho alto e era tudo o que não precisava depois de ver que ela já dormia. Estava tentando não fazer barulho, mas o mundo pelo visto não estava conspirando a favor dele.
Olhou para a garota e, felizmente, ela ainda dormia.
Apanhou a pasta do chão e uma folha que caíra de dentro. Seu peito doeu um pouco quando viu o esboço de uma garota chorando e desconfiou que era aquilo que ela estava desenhando à tarde quando percebeu algumas manchas no desenho do que pareciam ter sido provocadas por lágrimas.
Aquela era a pasta de desenhos de , cuja qual ela nunca lhe mostrara.
Tendo isso em mente, a curiosidade bateu à sua porta e ele não pensou duas vezes em abri-la.
Entretanto, ele não esperava que iria encontrar a si mesmo em diversas folhas de desenho.
De diferentes formas e cores, alguns apenas esboços.
Ele estava lá na maioria das páginas, enquanto que apenas alguns outros desenhos eram mais comuns, o que ele esperava encontrar de início.
Passou página por página e observou cada um com atenção.
Agora sabia o porquê dela nunca ter lhe mostrado nada.
Ela não queria que ele soubesse que ele era o que ela mais desenhava.
não sabia como se sentir sobre isso. Fora surpreendente para ele, e mais ainda, quando chegou ao último desenho, que parecia ser o mais recente, feito há algumas semanas e encontrou um retrato de si mesmo com uma pequena e simples frase escrita embaixo:
“Aprecio a sua companhia.”
Respirou fundo e fechou a pasta, colocando-a no local que estava e encarou brevemente a garota adormecida.
era solitária, ele sabia, mas não imaginava que fosse tanto já que ela trabalhava há alguns meses e via seus pais e primo algumas vezes na semana, já que sua mãe fazia questão de visitá-la em seu apartamento.
Talvez ela precisasse de amigos.
Talvez ele pudesse ficar mais tempo com ela agora que ia ficar um pouco mais na cidade, para as promoções do novo albúm.
E talvez — essa seria, provavelmente, a última opção da lista —, ele pudesse apresentar seus amigos à ela.
Caminhou até o banheiro, onde escovou os dentes e trocou de roupa.
Entretanto, quando retornou ao quarto, acabou por pegar seus travesseiros, ignorando a colcha que ficara no chão, e caminhou até a cama onde a garota dormia.
Quando viu que ela não acordaria, colocou os travesseiros ao seu lado e deitou-se na cama, cobrindo-se com o cobertor.
E, sem nenhuma razão aparente, ele a abraçou pela cintura e a puxou mais para o meio da cama, junto dele.
Respirou fundo, finalmente relaxando depois de uma semana cheia e sentiu o cheiro de frutas que exalava dos cabelos da mais nova, coisa que ele adorava sentir toda vez que a abraçava.
passeou com a mão pelo braço descoberto dela e chegou até a mão, a qual segurou com a sua, e entrelaçou os dedos aos seus, fazendo um carinho com o polegar, como fizera quando conversaram mais cedo naquele dia.
A garota dormia profundamente, sem perceber a presença dele.
E, pensando nisso, adormeceu também.

mexeu-se na cama, e tentou se espreguiçar, porém sentiu uma mão lhe apertando pela cintura.
Olhou para baixo e congelou.
Conhecia aquelas mãos, conhecia tanto quanto o dono delas.
Mas o que diabos estava fazendo ali, abraçado a ela?
Seu coração acelerou e ela tentou levantar-se, mas em vão. a apertou contra si na minha tentativa.
Ela prendeu a respiração.
Será que ele estava acordado?
? — chamou, mas não obteve resposta.
Tentou sair dali pela segunda vez e novamente ele apertou-a contra si.
— Só mais cinco minutos, — ela escutou sua voz rouca e sonolenta dizer.
Oh. Meu. Deus.
Ela estava tendo um colapso mental!
Ele havia dito aquilo mesmo ou era somente sua imaginação?


2. Eu Também...

— Por que você quer se levantar agora? — perguntou, com a voz sonolenta.
! Nós temos que levantar, olhe a hora!
— Por quê? Eu não quero. A cama está quentinha e você também.
O coração de deu um salto dentro do peito quando o ouviu dizer isso.
— Por que você está aqui, afinal? — quis saber.
— Você me convidou, lembra?
— Mas você disse que não queria.
— Mas eu quis. Eu estava tentando ser um cavalheiro, mas você não coopera.
— Então você você aproveitou o convite?
— Sim. O chão não era tão convidativo e essa cama parecia ser grande demais pra você.
— Entendo — ela respondeu, apenas para dizer algo.
Na verdade, não sabia bem o que dizer, então respondeu apenas para que não ficasse algum tipo de silêncio constrangedor.
Ainda mais quando ainda a abraçava contra ele.
— Hmm… Fazia tempo que eu não dormia tanto assim — ele comentou, de repente.
— Então fique mais um pouco, se quiser. Mas eu tenho que levantar.
— Por quê?
— Como assim ‘por quê’? Olhe que horas são. O que seus pais vão pensar de mim? — ela retrucou, preocupada.
revirou os olhos por um instante, antes de responder com bom humor.
— Eles vão pensar que somos um casal apaixonado e bem dorminhocos.
— Eles vão… ! — ela exclamou, vermelha de vergonha.
Teria ele se referido mesmo ao que ela pensava que ele tinha?
queria mesmo era enfiar sua cabeça em um buraco.
— Ah, que fofa! Você ficou vermelha — ele riu, colocando a mão no rosto dela.
! — ela o olhou zangada.
— Você não é uma criança, — ele disse, falando sério, dessa vez — É uma adulta e não tem porque sentir vergonha disso, ainda que nós não tenhamos feito nada além de dormir juntos.
— Mas você fala como se estivéssemos mesmo dormindo juntos — ela respondeu, sentindo o rosto esquentar mais ainda.
— Para eles, é como se estivéssemos. Mas sabe de uma coisa? Embora meus pais sejam mais liberais, eu acho que eles esperam que tenhamos algo mais sério no futuro.
suspirou.
— Eu tenho medo de magoá-los. Me sinto mal por isso, às vezes — ela disse, com a voz mais baixa e sentiu o braço do rapaz apertar ao redor dela.
— Eu também, . Eu também.
, eu tenho que ir — ela disse, depois de um tempo.
— Não — ele se agarrou a ela e, mais uma vez, ela corou. Sorte que dessa vez estava de costas.
Acabara ficando assim quando tentou fugir da última vez e ele a impediu novamente.
bufou, perdendo a paciência.
— Você está estranho.
— E por que você acha isso?
— Porque sim — ela se desvencilhou dele e virou-se para encará-lo — O que houve com você? Tem algo errado.
ficou em silêncio por alguns segundos.
— Você me conhece, não é? — ele riu baixo, sem humor.
— Você vai me contar ou não?
— Eu vi seus desenhos. Deixei cair, sem querer, quando fui pegar minha mochila e acabei vendo. Desculpe.
— Você… — ela não sabia o que dizer — Você viu tudo?
Ele balançou a cabeça, afirmando.
— Sim, eu vi. E acho que foi mais do que eu pensava que seria — ele olhou-a, significativamente.
fechou os olhos se amaldiçoando por ter esquecido de guardar a pasta.
A verdade é que estava tão acostumada a ficar ali sozinha, que nunca se preocupou e, por causa disso e em meio de toda a confusão que estava em sua cabeça na noite anterior, ela acabou por esquecer que também estava ali.
… Me desculpe — ele pediu, novamente.
— Por quê? — perguntou, com os olhos ainda fechados.
— Olhe pra mim — ele segurou o rosto dela, fazendo-a abrir os olhos — Me desculpe por te deixar sozinha.
— Você não tem que se desculpar por isso, — ela respondeu, tirando a mão dele de seu rosto — Eu entendo que você é uma pessoa ocupada e trabalha muito.
— Mas às vezes eu não estou e mesmo assim eu te deixo sozinha naquele apartamento.
— Você precisa descansar, eu entendo.
, pare de criar desculpa pra mim, ou para você mesma. Eu poderia muito bem ir descansar na nossa casa.
— Você não tem porque estar me dizendo isso, não é como se você tivesse alguma obrigação comigo e-
, cale a boca e me deixa falar — ele a interrompeu — Em minha defesa, eu quis te deixar à vontade, porque tenho medo de te assustar com algo que eu diga ou faça. Eu não sei, mas você parece ser tão sensível que tenho a impressão de que isso poderia acontecer com facilidade. Eu tenho medo de te magoar com alguma coisa, embora eu sinta que já fiz isso, mesmo sem perceber.
o encarou por alguns segundos e respirou fundo, tentando criar coragem para responder.
… Eu… Você não me assusta. Eu gosto de quando você está em casa e conversa comigo — ela falou, meio acanhada.
sorriu.
— Isso é bom de se ouvir. Vou aparecer mais, então. E talvez eu leve alguns dos membros para que eles te conheçam. Para eles, você é minha verdadeira namorada também. Exceto o , pois só ele sabe de tudo. Com ele você não vai precisar fingir algo.
— Tudo bem, então. Vou adorar conhecê-los.
— Sim, só espero que você não goste tanto deles, huh? Eu ainda sou seu namorado — brincou, fazendo-a rir.

***


e acabavam de entrar pela porta do apartamento onde viviam. O final de semana passara rápido, assim como o constrangimento de ao levantar naquela manhã e ser tratada com naturalidade pelos pais de , após desculpar-se por ter dormido muito.
Era domingo à noite e ele tinha ligado no caminho para uma pizzaria, pouco antes de chegarem em casa. resolveu tomar um banho, logo que chegou enquanto aguardava a comida. Ele havia comentado sobre trazer os meninos ali no final de semana e novamente, antes de chegarem, ele havia dito que talvez trouxesse no dia seguinte, já que eles iam ensaiar de dia e teriam a noite livre.
Ela assentiu, animada, quando ele falou isso.
Claro que não gostou muito daquela animação dela e ele bem desconfiava o porque daquilo.
Na verdade, estava quase assumindo para si mesmo a realidade que vivia nessas ocasiões: ele sentia ciúmes dela.
Com isso em mente, ele pensou que realmente fosse por causa disso que nunca havia apresentado ninguém a ela.
Mas havia prometido, e agora teria de cumprir a promessa.
Quando terminou de se arrumar, já pronta com uma roupa para dormir, ela saiu do quarto. Aparentemente, a pizza havia demorado mais que o previsto, já que ainda se encontrava sentado no sofá olhando pro nada.
Parecia tão faminto que ela considerou cozinhar algo para ele, mesmo ele insistindo que não precisava, antes de chegarem em casa.
— A pizza ainda não chegou? — ela indagou, querendo puxar papo.
Ele balançou a cabeça sem falar nada e estendeu o braço para ela, chamando-a para perto.
segurou a mão quente de , oposta a sua gelada após o banho, e se aproximou dele. Ficou à sua frente por um instante, antes de sentar-se ao seu lado.
, inconscientemente, segurou a mão da garota e entrelaçou seus dedos aos dela.
sentiu um calafrio no mesmo momento que isso aconteceu. Sentiu um pouco de vergonha e tinha quase certeza que estava corando, mas agradecendo mentalmente que continuava a parecer distraído.
— Quer ir tomar banho? Eu fico aqui e espero.
olhou para ela e, em seguida, encarou o corpo da menor descaradamente, antes de sorrir brincalhão.
, seu pijama é muito fofo, mas não é muito apropriado para atender campainhas, ainda mais para estranhos.
O quê? O que tinha de errado com a roupa dela? Era apenas uma blusa e um short. Ele achava aquilo indecente? Ela usava roupas daquele… Tamanho do dia a dia.
Não era indecente. E ele nunca tinha reclamado antes.
Por que reclamar agora?
— Minha roupa é comum, . Não tem nada de errado com ela. Você já me viu outras vezes com roupas assim e nunca reclamou.
— Você tem razão, mas é um pijama e é curto. Não vou deixar você atender a campainha assim.
o encarou, boquiaberta.
— Por quê? — ela perguntou, mas não obteve resposta.
fora salvo pela campainha e aproveitou a deixa para desviar do assunto.
A verdade que não queria admitir, é que não se tratava da roupa em si, mas sim da dona.
parecia sexy e inocente ao mesmo tempo, e era algo que o atraía nela desde sempre. Era involuntário ele não ter um pouco de ciúmes, como se ela o pertencesse de verdade.
não queria bem sentir essas coisas, mas sentia.
Ele sentia muitas outras coisas mais. Coisas que não tinha coragem de verbalizar para ela, com medo de assustá-la, porque por mais que ele pudesse tentar negar a si mesmo, ele havia se apegado à ela nos últimos meses a partir de quando a encontrou na rua.

Sete meses atrás…

Era uma noite chuvosa e ele tinha saído de casa para comprar algo para jantar. Encontrara a garota sentada debaixo de um aparador de chuva, com uma mala ao lado, ambas estavam molhadas e ele logo notara que os ombros da menina balançavam a cada soluço do choro que ela tentava conter à todo custo, em vão.
— Com licença… Ei, menina. O que está fazendo aí sozinha, nessa chuva?
levantou a cabeça, um pouco atordoada e olhou para o rapaz de olhos pequenos que segurava um guarda-chuva próximo a ela.
— Eu te fiz uma pergunta. Você fugiu de casa? Onde estão seus pais?
— Eu não fugi. Não tenho casa ou pais.
— Como assim, não tem? — ele perguntou, incrédulo — Olhe, você vai acabar pegando um resfriado aí.
— Talvez seja melhor mesmo. Quem sabe eu não morro logo de vez? Eu não tenho ninguém mesmo, de que adianta viver se ninguém me quer?
não entendeu muito bem o que ela quis dizer com aquilo e, por um instante, achou que fosse algum drama de adolescente em fase de amadurecimento, mas se enganou pouco tempo depois.
— Tudo bem, então que tal você vir comigo e comer algo, hein? Você parece estar infeliz aqui sozinha, de qualquer forma. Venha, minha casa fica próxima daqui — ele estendeu a mão para ela, tentando parecer simpático e não assustá-la.
não soube dizer porque aceitou aquele convite inesperado e muito menos, por fazê-lo. Ela apenas aceitou a mão que lhe fora estendida e pegou sua mala enquanto que ele apenas a observava.
A casa dele realmente ficava próxima, o que ocasionou que eles logo chegassem ao local. No caminho, eles não conversaram nada um com o outro e só resolveu perguntar algo à garota quando entraram em seu apartamento.
— Você pode deixar a mala aí no canto — ele apontou, para o lado de porta — Eu comprei comida para jantar acho que é suficiente para nós dois. Venha, vamos à cozinha.
Ela o acompanhou acanhada, observando-o tentar ser simpático, mas ela podia ver claramente a curiosidade que o rondava.
— Você pode perguntar, se quiser. Eu não me importo. Mas eu falei, não tenho nada, nem ninguém. E se você quiser me fazer algum mal, saiba que não vai fazer diferença.
a olhou, surpreso antes de respirar fundo e sorrir para ela.
— Tudo bem, vamos pelo início. Eu sou , prazer em conhecê-la.
— Eu me chamo — fez uma reverência — Prazer em conhecê-lo.
— Tudo bem, . Você pode me contar, se quiser.
E ela contou. E foi quando mudou sua visão a respeito da garota que no início parecera uma adolescente problemática.
Mas não.
Era apenas uma jovem, já adulta, que morava em um orfanato e quando ficou maior de idade teve que deixar o local, pois o mesmo não tinha condições de ficar mantendo-a lá. Crescera no local e nunca fora adotada por ninguém, e a única consideração que as pessoas do orfanato que a viram crescer tiveram foi de juntar alguns trocados guardados para dá-la, de modo a ajudá-la no começo, quando saísse dali.
A questão é que ela tinha sido pega de surpresa. E agora preferia morrer do que ser abandonada mais uma vez. Já bastava ter sido deixada no orfanato quando criança, não precisava se outro abandono eu sua vida.
O fato de nunca ter sido adotada, era o que mais na machucava. Ninguém a quisera e apenas não sabia o porquê. Talvez ela fosse apenas azarada na vida mesmo.
Mas naquela noite, tudo mudou ao encontrar o rapaz de olhos pequenos. era um sujeito bonito, não muito alto, porém com um sorriso encantador. ficou mais do que grata a ele por tê-la oferecido passar a noite em sua casa, no quarto de hóspedes e lembrou de pedir desculpas pela forma como o respondera mais cedo, por ter sido tão rude.
Ela só não sabia que sua vida iria mudar de vez no dia seguinte, quando deixou-a ficar alguns dias em sua casa e semanas depois ele viera com a tal proposta, que ela acabara aceitando e perdurava até hoje.
— Está com um cheiro bom — ele comentou com um sorriso, enquanto fechava a porta com o pé.
sorriu, sem graça, ao perceber que ele não queria falar sobre aquilo.
— Você pode pegar os refrigerantes para nós?
— Claro.
Eles comeram sem muita conversa, entretanto, o silêncio permanecia confortável.
— Que horas virá amanhã? — ela perguntou.
pareceu desconfortável ao ouvir a pergunta, mas não notou isso.
— Acho que de noite. Por quê? — ele a encarou.
— Eu pensei em fazer algo para comermos amanhã. Uma sobremesa, ou coisa do tipo. O que você acha de eu fazer aquele creme de chocolate e morangos que você gosta? Você acha que irá gostar também?
— Por que está tão interessada nele? Você gosta do ?
— Gosto.
— O quê?
— Eu me tornei fã de vocês e eu gosto muito da voz e do jeito dele. O é legal e eu quero passar uma boa impressão ao conhecê-lo — ela riu — É como se você estivesse me apresentando para meu ídolo.
— É? Então o é o seu favorito? — ele perguntou, quase como se estivesse acusando-a de algo.
corou e desviou o olhar para a latinha de refrigerante que tinha em mãos.
— Não, ele não é — respondeu, baixo.
— E então, quem é?
corou mais ainda. Ele estava brincando com ela? Ou realmente não sabia?
não é meu favorito, nem os outros. Você é, . Você é o que mais gosto.
— Por que está envergonhada, ? — Droga, ele tinha percebido — Você sempre fica assim comigo. Pode me dizer isso olhando nos meus olhos?
respirou fundo e levantou a cabeça, encontrando o olhar sério, porém calmo, dele. Diferente dela, não tinha nenhuma latinha de refrigerante a qual se agarrar. Suas mãos estavam vazias e ele parecia absolutamente confortável. , entretanto, sentia seu coração bater rápido e um frio na barriga tomando conta dela.
Respirou fundo, mais uma vez, encarando os olhinhos pequenos que a aguardavam, ansiosos.

— Eu gosto de você, . Você não é apenas meu favorito. Eu gosto de você, de verdade. E eu sinto muito por isso, pois eu sei que não era para ser assim e que o que temos não passa de uma fachada, uma mentira. Portanto, você pode esquecer isso agora mesmo, se quiser. Apague de sua memória.
… — ele se aproximou e tirou a latinha de refrigerante das mãos dela, que estava um pouco amassada, por sinal, por ela apertá-la enquanto falava.
segurou suas mãos, aquecendo os dedos gelados, sentindo-os tremer.
Ela não disse mais nada. Seu nível de vergonha já tinha passado dos limites que tinha. tocou em seu rosto, ainda vermelho, e falou baixinho com ela:
— Acha mesmo que eu posso e quero apagar isso da minha memória?
congelou.
Isso significava o que ela achava que significava?
… — ela murmurou, mas antes que pudesse criar coragem para perguntar a ele o que ele quis dizer, se aproximou mais e colou sua testa à dela, assim calando-a.
Fechou os olhos por um momento e fez o mesmo ao vê-lo.
Então, abriu os olhos novamente e vendo a reação dela, pôde fazer o que queria.
Beijou-a delicadamente, como se tivesse medo de que ela fugisse, mesmo depois de dizer que gostava dele.
achou que realmente haviam borboletas em seu estômago de tão nervosa que estava.
Entretanto, quando ele a beijou, ela se sentiu em casa e mesmo que já o tivesse beijado antes, naquele momento pareceu diferente.
Sentiu-se aliviada e tranquila por ter dito o que tanto queria e não ter sido rejeitada.
não sabia dizer direito o que estava sentindo, apenas que estava alegre e aliviado, ao mesmo tempo, por saber que era dele que gostava e não de ou qualquer outro homem.
era sua, ao menos naquele momento, e ele só queria que ela continuasse assim.

***


Depois que jantaram, e sentaram no sofá para conversar, enquanto pegava a sobremesa que fizera.
Estava mais calma agora que tinha conhecido o melhor amigo de e, assim como ela tinha pensado, havia muito agradável e simpático com ela.
Quando colocou a bandeja na mesinha da sala, ela sentou-se ao lado de , que sorriu para ela.
— E então, ? me falou muito sobre você.
— É mesmo? E o que ele falou? — ela perguntou, lançando um olhar para .
— Primeiro disse que você é bonita, também falou que você é fofa, mas não é uma bonequinha. Mas me diga, você não acha que ele é um pervertido?
riu e olhou feio para .
— Não sou um pervertido! E eu falei que meus pais amam ela.
— Que bom que eles gostam de mim, — ela disse — Tivemos sorte, caso contrário o plano não daria certo.
teve sorte, realmente — comentou, ganhando uma cotovelada do amigo.
A garota riu da careta de , enquanto que se fazia de inocente.
e não haviam conversado ainda sobre o beijo que ocorrera na noite anterior.
Depois que se separaram, ambos não souberam o que fazer. , do jeito que estava, acabou inventando uma desculpa para sair dali e ir para seu quarto. No fim, ela mesma amaldiçoou-se quando o fez; principalmente por não ter tido coragem suficiente de olhar no rosto dele por mais tempo e escutar o que ele tinha a dizer, se é que ele tinha.
ficara por mais alguns minutos na sala antes de ir para seu próprio quarto, para então cair no sono enquanto sua cabeça maquinava, pensando no ocorrido, chegando à conclusão de que falaria com ela na noite seguinte.
, você trabalha em um café? — perguntou.
— Sim, gosto muito de lá.
— São ambientes agradáveis. Meus pais são donos de um, eu vou lá sempre que posso — sorriu.
— Eu vi sua irmã na TV, vocês realmente se parecem — disse ela.
— Wah, isso é verdade — concordou — O sempre diz que se o colocar uma peruca, ele fica idêntico a Yoora.
riu, imaginando, de peruca, e eles a seguiram.
— Ei, . Quem você trará aqui da próxima vez, huh?
— O quê? Não basta o ? Você ainda tá achando pouco? — ele perguntou, com falsa indignação.
— Ei! Você disse que ia trazer todos, !
— O quê? Eu não disse isso.
deu um tapa em seu braço.
— Não se faça de besta! Você disse sim!
apenas observava a cena calado, rindo da pequena discussão entre o casal. realmente tinha encontrado uma boa garota e mesmo sabendo que era tudo uma farsa, achava que os dois combinavam.
Desde que vira chegar com a notícia de que tinha encontrado uma garota na rua e a estava ajudando, percebera certas mudanças de comportamento do amigo. Não era nada muito grande, mas ele havia se tornado mais responsável, ainda mais quando arranjara alguém com quem cuidar, mesmo que não precisasse.
A verdade é que por mais falso que aquele relacionamento fosse, ainda havia algumas verdade nele. a tratava como uma namorada, e a única diferença é que não tinham a mesma intimidade que namorados tem, quando estavam sozinhos.
Eram como amigos apaixonados um pelo outro, que se preocupavam mais do que amigos fariam, além de que nenhum dos dois tinha coragem de admitir que possuíam sentimentos além de amizade.
os via assim, e suspeitava estar realmente certo agora que tinha os visto juntos.
Já fazia alguns meses que gostava da garota, mas sempre que tentava fazê-lo admitir, ele se esquivava e, na maioria das vezes, dava a desculpa que tudo não se passava de uma fachada.
— Você acha mesmo que o jeito como você a trata é fachada? Abra os olhos, meu amigo — ele dissera da última vez.

olhou para pelo canto do olho, enquanto fingia pensar em algo realmente difícil.
— Tudo bem, acho que vou trazer e , provavelmente. Eles não os mais novos e acho que você irá gostar deles. Mas não se aproxime demais, nem goste muito deles. Também não abra nenhuma brecha para eles, porque os dois são duas pestes a partir de qualquer brecha de intimidade que derem. Mas nada de ficar amiguinha dos dois.
— Falou o santo do grupo. Bastava dizer que está com ciúmes com antecedência, comentou, zoando o amigo.
— Não estou com ciúmes!
— Você só está em fase de negação, isso sim.
— Olha, , eu só tô fazendo isso porque prometi e pra você parar de ser chata, entendeu? Não estou com ciúmes.
olhou para ele, tentando prender o riso.
— Tudo bem — respondeu, mas parecia realmente ter se irritado com o que dissera.
Não é à toa que se levantara do sofá, quase no mesmo instante, dizendo que ia para casa e pediu para acompanhá-lo até a saída do prédio.
— Bom descanso, disse, mesmo que não quisesse que fosse embora naquele momento, mas o maior se desculpara dizendo que estava cansado e eles teriam ensaio no dia seguinte.
— Obrigado.
acompanhou até o carro, enquanto os assistia pela janela. Por um momento, achou que estivessem discutindo algo, devido a ter empurrado o amigo. Entretanto, se despediram com um toque de mãos, então se virou para voltar para casa.
estava lavando a louça na cozinha quando escutou-o entrar e trancar a porta do apartamento.
foi até a cozinha e começou a secar a louça. Não era algo fora do comum; embora fosse preguiçoso, ele havia criado o hábito de ajudá-la nesses tipos de tarefas simples, quando estava em casa.
Como não havia muito para fazer, ele logo terminou, enquanto ela acabava de secar a pia.
O que ele fez, em seguida, foi de certa forma, involuntário. De repente, ele estava ali atrás dela, com as mãos em sua cintura.
assustou-se a princípio, pois não esperava nenhum contato. Mas passado isso, ela permaneceu imóvel enquanto sentia novamente o frio na barriga e o coração acelerar em expectativa.
passou um braço ao redor dela e puxou seu corpo para si, fazendo-a encostar-se nele.
respirou fundo.
Foi então que ele levou uma mão ao rosto dela e colocou o cabelo atrás de sua orelha, de modo a ter livre acesso ao pescoço da garota.
Correu a mão levemente pelo local até o ombro dela e, em seguida, depositou um beijo em seu pescoço. Encostou o queixo no ombro dela e permaneceu ali, descansando por um momento, até quando resolveu virar-se para ficar frente à frente com ele, olhando-o com atenção.
Levou uma mão ao rosto do rapaz e observou- por alguns segundos, antes dele se aproximar mais e acabar com a distância que separavam suas bocas.
Dessa vez, não foi tão delicado. Havia urgência naquele beijo, e era a primeira vez que a beijava de tal forma, a ponto de fazê-la perder o ar.
Ele não ficou muito tempo separado dela, entretanto, quando teve que respirar um pouco. E quando o ar se fez presente mais uma vez, ele beijou-a novamente, aprofundando o beijo.
Depois de alguns minutos, os dois já ofegantes, se separaram entre pequenos beijos.
… — ele a chamou — Eu também gosto de você.


3. Para... Para... Paradise...

pensou que seu coração sairia pela boca a qualquer momento. Ele, , seu salvador de meses atrás, estava mesmo falando aquilo para ela?
Por um instante, ela quis se beliscar para ver se aquilo realmente era real e não algum sonho.
— Eu quero ter um relacionamento real com você, — Meu. Deus. Ela estava prestes a enfartar.
congelou e prendeu a respiração por um momento.
, você está bem? — ele perguntou e a sacudiu um pouco, fazendo-a voltar à realidade.
— Hã? Vo-você tem certeza, oppa? — ela indagou e sorriu.
— Eu pareço não ter? — ele respondeu, rindo e a abraçou, em seguida.
escondeu o rosto no pescoço dele e ficaram abraçados até ele sentir algo molhando-o.
, está tudo bem. Não chore — ele disse e a balançou como se fosse uma criança — Eu sou tão emocionante assim? Bom saber que você não resiste aos meus charmes e… ai! — ele pulou quando sentiu o beliscão na barriga.
— Não se gabe — ela disse, se afastando e secando as lágrimas.
virou-se para a pia para terminar o que estava fazendo, mas logo sentiu os braços de a envolverem, mais uma vez.
— Você é tão fofa — disse e a apertou forte contra si.
— Yah! Não me deixe sem ar!

***


estava assistindo TV com na sala, os dois abraçados no sofá. estava aconchegada ao peito dele, enquanto tentava pensar em como os dois acabaram naquela posição.
Alguns dias tinham se passado e eles pareciam estar cada vez mais confortáveis na presença um do outro. principalmente, pois já não ficava mais tão nervosa ou envergonhada em relação a ele, exceto pelas vezes em que as coisas entre eles avançavam um pouco mais, especialmente quando se tratava das mãos bobas de .
Com toda certeza, aquele tipo de skinship ainda a deixava um pouco assustada; tanto porque ela gostava e queria, mas também porque ao mesmo tempo que isso acontecia, ela também tinha um pouco de medo, pois não era algo com que ela estava acostumada. Apenas havia beijado algumas vezes, enquanto falsos namorados, mas nada muito intenso. E agora que havia intensidade, ela se sentia um pouco nervosa e ao mesmo tempo feliz por ter ele para ela.
— Esse dorama parece ser legal — comentou, enquanto eles assistiam a um episódio de Healer.
— Principalmente por causa do ator. Ji Chang Wook é muito másculo, mas ao mesmo tempo se parece com um menininho.
— E eu sou o quê?
— Você parece um menininho.
— Só isso? Eu também não pareço másculo?
— Só quando você cuida de mim.
— Eu sou sempre másculo, então — ele disse, fazendo-a rir.
— E irritante também. Você seria um péssimo genro — ela comentou, com um sorriso que logo desapareceu ao fim da frase.
olhou para baixo, calada e distraída.
— Jagiya, você já tentou encontrar seus pais?
— Sim, quando eu era mais nova, mas não consegui nada. Apenas me deixaram na porta do orfanato e tudo o que eu tinha era um bilhete com nome, data e local de nascimento, acho que para facilitar para que fizessem meu registro de nascimento. Na época, eu fiquei triste de não encontrar nada, mas depois eu simplesmente me conformei. Se eles quisessem saber de mim, teriam me procurado, se é que estão vivos ainda.
— E se eles procuraram? Será que seu nome é mesmo? Alguém pode ter simplesmente dado um nome falso para que ninguém te encontrasse.
refletiu durante alguns segundos sobre o que dissera.
— Talvez você tenha razão, oppa. Mas não tenho muitas esperanças.
— Eu acho que você deveria tentar. Começe pesquisando os nomes das crianças nascidas em Seul no dia do seu aniversário; depois procure saber onde elas estão agora, eu acho que isso deve ajudar e, se por acaso, houver algumas criança desaparecida ou que você não a encontre, pode ser que ela seja você mesma. O que acha?
— Ótimo! Obrigada, oppa — disse, dando-lhe um beijo na bochecha.
— Ei, se for para ser recompensado assim, me fale que eu te ajudo mais vezes — ele disse, fazendo-a corar.
— Como se você precisasse disso — ela resmungou.
— Tem razão, por você… — ele começou, tocando no nariz dela, apertando de leve — é toda minha — completou beijando-a, em seguida.

***


Do outro lado da cidade, verificava mais uma vez as fotos recém enviadas por seu detetive particular.
Estava esperançoso daquela vez, depois de muitas tentativas fracassadas.
lhe dissera antes de morrer que tivera uma filha sua e tudo o que ele pôde saber foi o local onde a menina havia sido deixada, que se tratava de um pequeno orfanato de Seul.
Tudo ocorrera rápido, tanto que ele nem ao menos pôde xingar a mulher fraca ao seu lado.
Contara que a família a havia obrigado a fazer aquilo e depois de descobrir que estava doente, ela tentou procurar pela criança, mas soube que a garota já havia saído do orfanato.
então tratou de procurar todas as garotas chamadas que tinham a idade de sua filha.
Depois de quase três meses de procura, ele achou que finalmente a havia encontrado. entretanto, não ficara muito contente com o que encontrara. Recusava-se a acreditar que sua filha já vivia com um homem naquela idade, tão nova e sem ao menos ser casada.
E ainda mais quando o homem em questão tratava-se de um idol famoso que aparentemente tinha uma namorada, também famosa.
O que era aquilo, afinal?
Ele estava com medo de descobrir e talvez se decepcionar, ainda que aparentemente ela estivesse vivendo bem e feliz, como dissera seu detetive.
Temia que a garota tivesse arrumado outros “métodos” de ganhar a vida, já que não tivera uma fácil.
sentia-se enjoado só de pensar na possibilidade de sua filha ser algum tipo de amante.
Balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos e continuou a ler o relatório.
trabalhava em um café, atualmente, um emprego de meio período, e vivia sempre em casa durante seu tempo livre.
começou a considerar um método de chegar perto da garota e contar-lhe da possibilidade de ser seu pai ao mesmo tempo que rezava para que ela fosse realmente sua filha, pois as tentativas estavam esgotando-se.

***


Alguns dias depois, saía do hospital onde havia nascido, segundo as informações deixadas quando ela foi abandonada.
Depois de muito trabalho, conseguiu descobrir que no dia de seu nascimento, o seu nome realmente constava nos registros.
Aquilo era bom, mas não foi tanto quando descobriu o nome de sua mãe e, pior ainda, quando leu que ela havia morrido alguns meses antes de encontrá-la, naquele mesmo hospital.
Ainda que guardasse certa mágoa por ter sido abandonada, chorou pela morte de sua mãe e perguntou-se se aquilo havia acontecido por coincidência ou se fora alguma pegadinha do destino que fez com que ela fosse abandonada mais uma vez, antes mesmo de descobrir o porque de ter sido abandonada na primeira vez.
Para a surpresa de , quando ela chegou em casa, encontrou esperando-a no sofá com um sorriso no rosto. Entretanto, assim que a viu, o sorriso retangular que ela tanto amava desapareceu, dando lugar a uma expressão preocupada.
levantou-se rapidamente e foi até ela, entretanto para foi como se ela estivesse vendo tudo acontecer em câmera lenta de tão distraída que estava.
Quando chegou perto dela, a única reação que ela pôde ter foi entregar-lhe o papel que tinha em mãos. deu uma rápida lida para entender do que se tratava, antes de puxá-la para um abraço.
— Eu sinto muito — ele sussurrou, depositando um rápido beijo em sua cabeça — Sinto muito, .
— Ela me abandonou de novo, . Algumas semanas antes de eu conseguir encontrá-la.
— Sinto muito, amor. Sério, a culpa foi minha. Se eu não tivesse sugerido que você procurasse seus pais, isso nunca teria acontecido.
— A culpa não é sua, — ela murmurou entre soluços, ainda abraçada a ele — Não é culpa de ninguém o fato de eu não ter sorte.
— Shh, vai ficar tudo bem, meu amor. Vai ficar tudo bem, eu te prometo.
levou-a até o sofá, onde sentaram-se por alguns minutos; ele a abraçava, procurando consolá-la, meio sem jeito.
Depois de um tempo, resolveu ir tomar um banho e, em seguida, preparou algo para ela e comerem. Quando acabaram de jantar, se ofereceu para cuidar da cozinha e pediu para que ela fosse descansar.
deitou-se na cama, cansada e a única coisa que ela podia fazer era ficar imóvel.
Estava a ponto de adormecer quando ouviu batidas na porta.
colocou a cabeça dentro do quarto, observando-a, antes de entrar, fechando a porta atrás de si.
Caminhou lentamente até a cama e deitou-se junto dela, puxando-a para perto, abraçando-a.
— Está com sono? — ele perguntou.
apenas assentiu com a cabeça, se aninhando a ele.
beijou o topo de sua cabeça e descansou o queixo nela.
— Durma — ele disse.
foi pega pelas profundezas do sono, quase logo que ele disse aquilo.
Quando ela acordou, pôde ver a posição nada fofa que ela e se encontravam.
Os dois estavam esparramados na cama com as pernas entrelaçadas e dormia de boca aberta ao seu lado, com o cabelo completamente bagunçado.
Seu próprio cabelo não devia estar muito diferente e por isso, ela agradeceu por ter acordado antes dele.
Teve vontade de rir da situação, mas se segurou.
entretanto, quando tentou sair da cama, viu-se presa por dois braços que a agarraram, de repente.
Começou a rir, pega de surpresa.
— Onde pensa que vai?
— Tomar banho.
— Me leve junto — ele brincou, ainda de olhos fechados.
— Yah! — ela bateu nele — Você quer morrer?
— “Você quer morrer?” — ele imitou — Olha esse tamanho de gente me ameaçando.
— Como se você fosse muito alto, seu tampinha.
— Yah, quem você está chamando de tampinha? — ele perguntou, começando a fazer cócegas nela.
— Você!
— Como é? Repete!
— Pára! , pare!
— Diga: “oppa, me desculpe, não vai mais acontecer e eu gosto de você do jeito que é.”
— Isso não é muito grande? — ela perguntou, ofegante.
— Você não vai dizer? — ele fez cócegas novamente — Tem que fazer aegyo também.
— OK! — ela disse e ele parou, esperando.
disse a frase, entre risos, tentando fazer uma voz fofa.
— Agora pode ir — ele disse, como um rei esnobando um súdito.
— Você é louco.
— Obrigado. As melhores pessoas são loucas, sabia? Você também não é nenhum exemplo de sanidade. Sabia que você até fala dormindo?
O quê? Aquilo só podia ser mentira.
não falava dormindo. Ou, pelo menos, nunca ouviu ninguém dizer isso.
— Eu não falo dormindo.
— Fala sim. “Oppa, eu gosto de você” — ele imitou.
— Você está brincando. Isso não é verdade.
— Pense o que quiser.
apenas riu, incrédula e saiu dali para tomar banho.
Mas sabia ela que , por mais brincalhão que havia parecido, não mentira.

***


— Eu vou trazer e hoje, ok? — perguntou.
— Sim, eu lembro. Já preparei a sobremesa de hoje, mas o jantar e por sua conta. Soube que eles gostam de frango frito. Por que não compra?
— Acho que sim.
— Eu fiz uma sobremesa mais leve, principalmente por causa de . Ele não me parece o tipo que gosta de comer muitos doces.
— E como você sabe disso?
— Um palpite. Eu também sou assim.
Aquilo era verdade. Ele já havia notado que era sempre ele que comia mais das sobremesas que ela fazia.
— E você e tem mais alguma coisa em comum? — ele perguntou, sentindo uma pontada de ciúmes.
— Eu não sei. Porque você não me diz?
pensou sobre aquilo e se assustou com o que percebeu.
Sim, eles tinham outras coisas em comum.
Tanto que era quase uma versão feminina de .
Oh, meu Deus! Ele havia se apaixonado por uma versão do .
Aquilo daria uma ótima fanfic. As shippers ficariam loucas com um daqueles.
não pôde evitar rir dos próprios pensamentos, entretanto não compartilhou-os com , quando a mesma perguntou porque ele ria.
Mas depois que o acesso de riso passou, ele começou a raciocinar novamente.
Aquilo significava que era uma ameaça!
e eram as maiores ameaças dentro do Exo e ele estava trazendo os dois de uma vez para conhecer sua namorada.
voltaria atrás se pudesse, mas havia prometido aquilo a ela.
Só teria que ficar de olho naquela maknae line e tratar de mantê-los longe de sua garota.

se deu bem com e desde o primeiro momento.
Por um tempo e, por incrível que pareça, se sentiu como um intruso ali no meio deles.
Mas não era isso que o estava incomodando.
Como ele previra, e se aproximaram quase que instantaneamente um do outro e isso despertou nele uma pequena, bem pequena e inofensiva vontade de estrangular .
E para controlar essa vontade, ele se agarrou ao que ele tinha de mais próximo a ele que, no caso, se tratava da própria .
passou a agir mais naturalmente a partir do momento em que a abraçou. Se tranquilizou um pouco através daquela pequena marcação de território e concentrou-se apenas em ficar observando o que eles conversavam.
fora o primeiro a perceber o comportamento do mais velho e fez um sinal para , que apenas sorriu divertido.
Os dois se divertiram vendo aquele hyung ciumento e mais ainda, quando resolveu provocá-lo.
— Sua sobremesa estava realmente muito deliciosa, — ele comentou, meio galante, arrancando um sorriso dela.
— Obrigada, -ssi. Eu fiz pensando em você, soube que não gosta muito de coisas doces, então resolvi optar por um creme de frutas.
riu.
— Fico honrado em saber disso, que você fez pensando em mim. Para compensar seu trabalho, eu me ofereço para secar a louça do jantar. O que acha?
Mas negou imediatamente e a encarou, confuso.
— Então, o que eu posso fazer?
— Você pode dançar pra mim — ela disse, dando de ombros.
se remexeu um pouco desconfortável ao ouvir a sugestão da namorada.
Como assim dançar? Você sabe o quanto ele é sexy dançando?!, ele quis gritar.
Claro que ela sabia.
Ela deve estar brincando comigo, pensou.
— E eu posso escolher a coreografia ou você escolhe?
— Você escolher. Me surpreenda — ela disse, fazendo sorrir.
sabia que ali, por trás daquele sorriso, tinha coisa. Aquele pequeno cínico estava aprontando algo, ele tinha certeza.
Ah, , me aguarde. Me aguarde!
Segundos depois, Baby Don’t Cry começou a tocar e só faltou pular no pescoço bronzeado daquele seu dongsaeng.
Por outro lado, assistia dançar como se estivesse hipnotizada com aquilo, tanto que mal podia piscar.
quase se pôs a reclamar, tal como queria, assim que finalizou a coreografia, mas o interrompeu quando pediu, eufórica, para que ele e se juntassem ao moreno para dançarem os três juntos enquanto ela continuava a assistir.
Porém, daquela vez, foi quem escolheu a música em seu próprio celular e poucos segundos depois, Exodus pôde ser ouvida.
Por alguma razão não tão difícil de se imaginar, não conseguia tirar os olhos de e o modo como ele a encarava enquanto dançava não ajudava nem um pouquinho na sua situação.
Ela achava que depois daquela música, ao ver os três dançando, não tinha como ficar melhor.
Entretanto, enganou-se.
Ela mal percebeu que Exodus havia acabado até que, então, o trio começou a dançar Playboy, sem música, apenas com a voz de cantando.
Aquilo era o paraíso, um pequeno paraíso.
Disso, ela tinha certeza.


4. Um Toque de Amor e Descobertas

conseguiu avistar de longe, através da vidraçaria do café onde ela trabalhava. Terminava de limpar uma mesa e pelo o que ele via, só havia mais um cliente no local. Despreocupado, caminhou calmamente até a entrada e encontrou um tanto distraída, à ponto de demorar um pouco para notar sua presença.
Mas assim que ela fez, ele sorriu.
— Oppa…
— Olá.
— Pensei que estivesse trabalhando.
— E eu estava, mas a prática acabou um pouco mais cedo hoje e eu resolvi vir de buscar para irmos para casa juntos.
— Oh, obrigada — ela disse e deu uma olhada para o homem sentado a poucas mesas dali.
— É o último cliente?
— Não é bem um cliente. -ssi, aquele homem disse que quer falar comigo. Eu não o conheço, mas ele diz que é sobre , minha mãe. Eu... estou um pouco nervosa.
— Você quer que eu vá com você?
— Eu gostaria disso, oppa.
— Tudo bem. Vamos descobrir quem é esse homem. Você já acabou?
assentiu com a cabeça e estendeu a mão para ela. Os dois caminharam até o homem e o cumprimentou brevemente.
— Minha disse que o senhor deseja falar com ela. Creio que não haverá problema se eu ficar, não é?
— ele falou e, sem esperar resposta, sentou-se na mesa com .
respirou fundo para não ter que responder aquela insolência do rapaz.
— Eu vou direto ao ponto. Meu nome é — disse e fez uma pausa antes de continuar — -ssi, eu soube que você procurou no hospital e isso me trouxe até você. Há alguns meses, um pouco antes de falecer, me disse que teve uma filha e acontece que eu sou o pai da criança. Desde então, eu venho procurando todas as garotas da sua idade com o seu nome que foram adotadas ou não. Infelizmente, todas as que encontrei, nenhuma é minha verdadeira filha. Entretanto, o fato de você ter procurado me fez pensar que talvez minha filha seja você e eu gostaria que fizéssemos um exame de DNA para sabermos. Se você concordar, é claro.
ouviu tudo sem demonstrar nenhuma reação. Ela simplesmente não sabia o que fazer e milhares de pensamentos se passavam pela cabeça dela.
percebendo isso, colocou sua mão em cima da dela na mesa e apertou, tentando dar apoio.
Porém permanecia distraída, foi então que ele gentilmente tocou no rosto dela e o virou para que ela o olhasse.
— Você está bem? — perguntou, um pouco preocupado.
Foi então que ela pareceu retornar à realidade.
encheu os pulmões de ar e o soltou de uma vez. Uma lágrima solitária caiu de seu olho e ela rapidamente a colheu e olhou para o homem à sua frente.
— Eu farei o exame. Mas eu tenho uma condição.
— Sim, claro. Prossiga — respondeu, com um sinal de mão.
— Se o senhor for realmente meu pai, quero que saiba que eu tenho uma vida e que não quero que você ou quem quer que seja se intrometa nela. Eu vivi sozinha por toda a minha vida e estou feliz assim.
— Mas... Como pode dizer isso?
— Eu sou adulta e posso fazer o que eu quiser. É isso que quero dizer.
E naquele momento, pareceu uma outra pessoa. Entretanto, não se surpreendeu com aquela reação porque até mesmo com ele, ela reagia assim, de forma independente.
era do tipo que não gostava de dever favores e ela reagir para com o homem daquela forma era especialmente compreensível visto que, mesmo que ele fosse pai dela, ainda era uma pessoa estranha que ela havia acabado de conhecer.
respirou fundo mais uma vez antes de finalmente assentir com a cabeça, concordando com a garota.
— Sim, eu entendo.
— Creio que estamos de acordo, então — ela disse — Se o senhor não se importa, eu tenho que fechar o café agora.
O homem assentiu e minutos depois, e caminhavam juntos de volta para casa.
Andavam de mãos dadas até que puxou-a para mais perto, abraçando-a de lado. sorriu para ela sem mostrar os dentes e ela retribuiu da mesma forma. Caminharam assim durante todo o resto do percurso, sem falar nada.
Quando enfim chegaram em casa, o rapaz trancou a porta e virou-se para , que estava parada de costas para ele há alguns passos de distância.
Chegou perto dela e a abraçou por trás, enterrando o rosto no pescoço da garota, livre por conta do rabo de cavalo que ela usava. Depositou um beijo no local, fazendo a garota arrepiar-se e sorriu internamente com aquilo.
— Você está bem? — ele perguntou, mais uma vez.
virou-se para ficar de frente com ele e levou as duas mãos ao rosto dele, envolvendo-o com elas e fazendo um carinho suave enquanto olhava dentro daqueles olhinhos pequenos.
Sentiu vontade de sorrir, de repente, e foi o que ela fez.
— Obrigada por existir, oppa. Eu não sei o que seria de mim se você não tivesse aparecido, o que eu teria feito ou onde eu poderia estar agora. Você me ajudou para que eu me reconstruísse nesses últimos meses e, independente do que possa acontecer daqui para frente, eu quero que você saiba que eu nunca vou esquecer de tudo o que você fez por mim. Você me faz feliz, sabia?
— Ei — ele chamou-a, em um tom meio repreensivo, colocando uma mão no rosto dela — Não fale assim, . Desse jeito, você me assusta e eu começo a pensar em um monte de coisas desnecessárias. Você não vai me deixar, vai? Você disse que eu te faço feliz, certo? Pois então, você também me faz feliz desde o dia em que eu te encontrei naquela rua, no meio daquela chuva toda. Eu não sei o que poderá acontecer daqui para frente, mas a única coisa que eu quero que realmente aconteça é que você permaneça comigo.
— Oppa… — ela murmurou, com a voz cortada — Eu… também quero a mesma coisa que você. Na verdade, eu penso mais no contrário do que você pensa. Em você perceber que cansou de mim e querer colocar um fim nisso, de uma vez por todas.
E então a expressão de suavizou-se, ao conseguir entendê-la depois de sua explicação.
— Jagiya… — sorriu — Se depender de mim, isso não vai acontecer nunca.
olhou pra ele, sentindo os olhos lacrimejarem.
— Eu… — ela tentou dizer algo, mas sabia que se falasse qualquer coisa, choraria no mesmo instante.
… Por acaso, eu te deixo tão insegura assim? Você ainda se sente desconfortável comigo de alguma forma? — perguntou, preocupado, afastando-se um pouco dela.
balançou a cabeça, negando, no mesmo instante.
— Não é que você me deixe insegura… Eu sou insegura, entende? E além disso, eu sei que você pode ter alguém melhor e mais bonita do que eu como, por exemplo, aquela garota. Estou sendo apenas realista quanto a isso.
suspirou.
Sabia que aquele acordo ridículo nunca daria certo.
E não era sobre o acordo dele com que ele estava pensando.
Agora, por causa daquilo, daquela bagunça, ele via sua insegura, ainda que soubesse que, desde sempre, ela talvez fosse mais acanhada quando falavam daquele assunto.
Ele tinha que dar um ponto final naquilo, e faria isso em breve.
Aquele joguinho havia durado tempo demais.
— Jagi… Você sabe que aquilo não é verdade, certo? Não quero que pense nisso, . Não é algo importante e, se você quer saber, eu mal vejo aquela garota. E não estou interessado por nenhuma outra, ainda mais quando tenho certeza de que meu coração escolheu você. De todas as garotas, você é a única que eu desejo ter para mim. Às vezes, eu acho que foi o destino que te colocou na minha vida, que me fez te encontrar naquela rua. Você parecia tão indefesa e frágil que, imediatamente, eu quis te proteger.
“Entretanto, diferente do que eu havia imaginado no começo, você não era tão indefesa assim — ele riu, de leve — Na verdade, você pareceu bem arisca e aquilo só despertou mais minha curiosidade. Eu quis te conhecer mais, mas eu sabia que não podia me aproximar muito para não se assustar. Parecia que qualquer coisa que eu fizesse, sem pensar duas vezes antes, te espantaria para longe de mim. E então, em um belo dia… de fato, na vez que viajamos com meus pais no seu aniversário, eu sem querer deixei cair sua pasta de desenhos. Você escreveu ‘aprecio sua companhia’ em um deles. Aquilo me fez perceber o quanto você, na verdade, se sentia sozinha e o espaço ao qual eu procurava te dar para tentar te fazer ficar mais a vontade, apenas te fazia mais desconfortável, principalmente em relação a mim. Eu me senti honrado em saber que você me queria mais por perto, porque eu queria ficar mais perto. Assim como você, eu também me sentia mal por mentirmos para meus pais e eu queria que fôssemos reais, às vezes. Até que chegou o dia em que realmente fomos. Nos tornamos reais. E eu posso dizer, jagi, que desde aquele dia, todos os dias que tive o prazer de passar com você, têm sido os mais felizes da minha vida.
não soubera dizer, exatamente, quando as lágrimas começaram a cair de seus olhos. Talvez quando começou a falar-lhe ou pouco depois disso.
Chorava silenciosamente ao ouvir as palavras do rapaz à sua frente. Contudo, não era de tristeza e sim de emoção ao saber, finalmente, que seus verdadeiros sentimentos eram retribuídos.
Ela queria poder congelar aquele momento para sempre, mas como não era possível, ela sabia que eternizar aquela memória em sua mente e coração lhe bastariam.
— Eu te amo, sussurrou, com o rosto próximo o dela, como se dissesse um segredo.
riu e o abraçou, enterrando rosto no pescoço dele, sentindo o cheiro amadeirado do perfume que gostava de usar.
a envolveu em seus braços, retribuindo o abraço, quase no mesmo instante.
— Eu também te amo, oppa. Muito mesmo — ela disse, sentindo-o abraçá-la forte.
— Okay, você pode parar de chorar agora. Estou ficando sem saber o que fazer — ele disse, fazendo-a rir, enquanto assentia ao pedido ao mesmo tempo que secava as lágrimas.
— Eu devo estar muito feia agora, com o rosto inchado — ela comentou, envergonhada.
— Só um pouquinho — ele brincou e acabou levando um tapa em resposta, que o fez rir, ao mesmo tempo que reclamava da dor — Que mão pesada! E eu aqui achando que você era delicada. Que ilusão!
— Ei! — ela reclamou e sorriu ao vê-la irritada.
Abraçou-a pela cintura e, sorrindo, puxou-a para que ela colasse o corpo ao seu.
Se aproximou devagar, brincando, mas sem cerimônias. Quando seus lábios tocaram-se tudo parecia certo e só existiam eles dois no mundo e os dois sentiam-se da mesma forma.
Aos poucos, à medida que se beijavam, ambos sentiam-se sendo consumidos por uma espécie de calor que percorria seus corpos. De repente, os beijos de desceram para o pescoço da garota e ele mordiscou ali vez ou outra, arrancando alguns pequenos gemidos da mesma. apertava-o contra si, em busca de mais contato; logo, voltou a tomar a boca da garota, que o retribuiu com a igual urgência que se fez presente para ele.
As mãos então começaram a passear e logo sentiu tocar-lhe na barriga, ao adentrar as mãos em sua blusa. Cada toque parecia queimar-lhe um pouquinho e ela apenas conseguia pensar que queria mais e mais daquilo. Repetiu o mesmo com ele, adentrando as mãos pela camisa do rapaz e arranhando-lhe o abdome de leve, fazendo-o retrair-se um pouco em resposta.
partiu o beijo no mesmo instante. Se aquilo continuasse, ele não poderia se controlar.
Ofegou, ainda de olhos fechados, tentando recuperar o fôlego enquanto fazia o mesmo e quando, enfim, olhou para ela ele preferiu não ter abertos os olhos, pois ao ver os de , só sentiu mais vontade ainda de continuar o que estavam fazendo e colocar aquilo adiante.
E quase suplicou por piedade quando a garota voltou a beijar-lhe nos lábios e depois no pescoço, afundando os dedos em seus cabelos platinados e arranhando sua nuca de leve, enquanto ele mantinha-se parado enquanto tentava se controlar.
… — ele chamou-a, quase que em um suspiro.
— Hm? — foi o que ela respondeu, ainda beijando-o.
trincou os dentes e se forçou a dar um passo para trás, se separando da garota e só assim, chamar sua atenção.
— Se não pararmos agora, eu não vou conseguir me controlar — ele falou, baixo — Não quanto a você, jagi, mas você não está me fazendo ficar em uma situação muito confortável, se é que me entende — ele disse, sugestivamente.
quis rir, mas não o fez. Deu um passo em direção a e encostou seu corpo ao dele, mais uma vez.
— Eu não quero que você se controle — ela disse.
… Você não sabe o que está dizendo.
— Eu quero que seja com você, oppa. Só você e mais ninguém. Eu quero que você me faça sua, em todos os sentidos e só resta você decidir se quer ou não.
Era verdade.
tinha certeza. Tinha certeza desde os últimos meses desde que estavam realmente juntos e até antes disso.
Ela já era dele.
— Jagi… — ele disse, pensando que aquelas palavras, naquele momento, soaram como músicas para seus ouvidos — Se vamos fazer isso, então vamos fazer direito — completou, acariciando o rosto da garota antes de puxá-la pela mão em direção à seu quarto.
encarou a sua frente. Queria fazer tudo de maneira calma para não assustá-la. Ele sabia que ela não era uma garotinha frágil, mas ainda parecia uma aos seus olhos, talvez isso fosse o que fazia com que ele gostasse ainda mais dela. Por mais inocente que fosse, já era uma moça adulta e madura para sua idade.
Isso o encantava.
E o fato de poder tê-la para si, mais ainda.
E foi pensando nisso que ele levou uma mão ao cabelo dela e puxou o elástico de cabelo, desfazendo o rabo de cavalo que ela usava.
aproximou-se e depositou um beijo na testa de , delicadamente, antes de beijar-lhe no rosto e, em seguida, na boca.
Começou com um simples encostar de lábios que, aos poucos, acabou se tornando algo mais urgente, o que o fez aprofundar o beijo.
então passou a percorrer o pescoço da garota e, tal como fizera minutos antes, mordiscou o local novamente. sentia-se praticamente a mercê do rapaz, sentia-se derreter em seus braços com cada toque que ele lhe proporcionava, fazendo com que ela ansiasse cada vez mais por tê-lo completamente para si.
Sentiu se afastar dela e abriu os olhos para encará-lo, vendo-o sorrir de modo travesso.
Foi então que ele tocou-lhe na cintura, adentrando as mãos por sua blusa, sugestivamente. sorriu, um pouco envergonhada e levantou os braços acima da cabeça como forma de dar a deixa para ele fazer o que pretendia.
Ainda sorrindo, ela fechou os olhos e esperou.
Sentiu aos poucos, sua blusa sendo levantada e logo ser passada por sua cabeça. Ela usava uma lingerie simples, de cor preta, sem nada muito especial nela. Porém, pelo modo que olhava para ela, ele parecia gostar do que havia descoberto.
Aproveitando o momento em que ele parecia distraído, ela levou as mãos à camisa do mesmo e começou a desabotoar botão por botão, chamando assim a atenção dele. esperou ela terminar, até empurrar a camisa por seus ombros para que ele se livrasse da peça de uma vez.
observou o tronco desnudo do rapaz e mordeu os lábios, inconscientemente. Levou as mãos até a barra da calça dele e brincou com o elástico da cueca que aparecia, revelando ser da marca calvin klein. sorriu malicioso e pôs suas mãos em cima das dela, não para pará-las e sim para guiá-las até o botão de sua calça.
desabotoou a calça timidamente, sentindo parte do volume ali escondido. Podia sentir suas bochechas queimando naquele momento, entretanto, não perdeu a coragem, por incrível que pareça. Segurou o zíper e deslizou-o para baixo, sem tentar tocar realmente em . Não sabia o que fazer depois disso, então apenas olhou para em busca de ajuda.
O rapaz segurou pelos dois lados da calça e empurrou-a para baixo, se livrando dela ele mesmo. Após isso, ele repetiu o mesmo com ela, mas fez questão de deslizar e calça da garota para baixo ele mesmo, tendo o prazer de revelar com suas próprias mãos, as pernas delas, vagarosamente.
Aos invés de levantar-se depois de tirar a calça da garota, continuou ajoelhado à sua frente e, olhando para ela, ele segurou nas laterais de suas pernas e depositou um beijo em uma de suas coxas, testando a reação da garota. Entretanto, nada fez. Parecia hipnotizada sob o olhar e o toque de e, percebendo isso, ele continuou a espalhar beijos por suas pernas, às vezes dos lados mais internos, onde mordiscava vez ou outra, fazendo-a estremecer de ansiedade.
— Oppa…
olhou novamente para a garota e viu-a estender as mãos para que ele se levantasse. Assim ele o fez, mas antes que pudesse falar algo com ela, sentiu-a tomar-lhe os lábios em um beijo quente.
Ele percorreu as mãos pelo corpo da garota até chegar nos seios, onde apertou de leve. Em seguida, não perdeu tempo antes de segurar a garota pela cintura e pressioná-la forte contra si, fazendo com ela sentisse sua excitação.
É isso que você faz comigo, ele quis dizer, mas estava ocupado demais para isso.
cortou o beijo e ofegou, assim como . Ele se abaixou um pouco, para dar-lhe impulso para que ela ficasse em seus braços, com as pernas ao redor de sua cintura e deu alguns passos até chegar à cama, onde a colocou, ficando por cima dela, ao mesmo tempo em que recomeçava a espalhar beijos por seu corpo.
já estava chegando ao seu limite.
Não aguentava mais tanta espera e, por mais prazeroso que aquilo fosse, ela queria que acabasse com tudo aquilo de uma vez. Queria senti-lo dentro de si e descobrir se era como ela imaginava que fosse.
Queria senti-lo e ser sentida da mesma forma, de modo que ambos tivessem prazer e focando nisso, ela o chamou.
mantinha-se bastante ocupado espalhando beijos molhados pelo corpo de , mas assim que ouviu seu nome ser proclamado, ele a olhou.
— Acabe logo com isso. Por favor, eu não aguento mais esperar — ela disse, ainda sentindo-se ofegante.
achou aquilo no mínimo irônico, já que era ele quem deveria estar dizendo aquilo. Entretanto, tudo o que fez foi sorrir antes de, sorrateiramente e ainda olhando para , levar uma de suas mãos até a intimidade da garota, ao percorrer o corpo da mesma.
Quando isso aconteceu, ele sentiu-a se contrair contra sua mão, involuntariamente. E sentiu a excitação da garota, ultrapassando a calcinha molhada.
Pressionou de leve a região e gemeu, quase que em agonia. Sentia-a a intimidade da garota pulsar contra sua mão e ele não se encontrava muito diferente dela, tanto que, assim como ela pedira, ele resolveu acabar de uma vez com aquela espera.
Despiu a garota de uma vez por todas e afastou-se, sem tirar os olhos dela, para desfazer-se de sua própria roupa íntima. Sentindo o olhar da garota sobre si, ele caminhou até o criado-mudo ao lado da cama e abriu uma gaveta, tirando de lá um preservativo.
Após proteger-se adequadamente, ele voltou à cama.
apertou o lençol da cama com as mãos, em expectativa, à medida que ele se aproximava.
O simples olhar de fazia com que seu corpo quase entrasse em combustão. Sentia-se tão excitada que sequer teve tempo de pensar em estar envergonhada por encontrar-se nua na frente do rapaz. Sem contar que, apenas o modo como ele a olhava, a fazia se sentir realmente bonita do jeito que ela era.
Isso foi o que tornou tudo mais especial.
voltou a ficar por cima da garota e beijou-a nos lábios mais uma vez.
Sem cerimônias, ele começou a penetrá-la aos poucos, e quando a penetrou por completo, sentiu partir o beijo e a viu ofegar durante alguns instantes e ele, sabia que ela estava tentando se acostumar com ele dentro dela.
Não se mexeu nenhuma vez durante esse tempo, até que ela o pedisse para continuar e, quando o fez, ele começou a se mexer devagar dentro dela, para não machucá-la e só depois de um tempo, aumentou a velocidade.
pensou que doeria durante sua primeira vez, mas tudo o que sentiu foi uma leve fisgada quando entrou dentro dela pela primeira vez e não demorou muito para que ela passasse e fosse substituída por uma onda de prazer, que logo fez com que ela o pedisse para continuar.
aumentou a velocidade aos poucos e, alguns segundos depois, os dois gemiam juntos sentindo o prazer que aquele ato despertava.
Eles beijaram-se o quanto puderam, apertaram-se e mordiscaram-se até quando foi possível, pois depois de um tempo, a única coisa que conseguiram fazer foi se agarrarem um ao outro, enquanto chegavam cada vez mais próximos ao ápice.
sentiu-se cada vez mais quente até que, por fim, tudo transbordou. Gemeu alto, chamando por durante todos os instantes que sentiu o ponto máximo daquela relação. Entretanto, quando ela achou que passaria, tudo recomeçou novamente.
ainda bombeava-se para dentro dela e ambos os corpos já encontravam-se suados. Ele mantinha a mandíbula trincada, enquanto parecia acelerar cada vez mais seus movimentos dentro da garota, sentindo que ele mesmo estava próximo do êxtase.
E foi quando gemeu alto seu nome, mais uma vez, que ele então derramou-se de uma vez.
Apertou o corpo da garota com força enquanto sentia tremê-la junto a si e, por fim, deixou-se cair por cima dela, sentindo-a abraçá-lo, acolhendo-o em seu corpo.
Quando sentiu sua respiração normalizar-se um pouco, ele rolou pela cama, saindo de cima dela.
Encararam o teto durante um tempo e depois viraram a cabeça para encararem-se.
De repente, os dois começaram a rir.
Simplesmente.
E nem eles sabiam o porquê. Talvez fosse de felicidade ou apenas alegria do momento ou até mesmo porque não sabiam o que dizer naquela hora e, pelo menos para , a vergonha começava a dar as caras, o que fez com que ela rapidamente entrasse para debaixo dos lençois da cama de .
aproveitou o momento para ir até o banheiro e livrar-se do preservativo que havia usado, minutos antes.
Quando voltou para a cama, deitou-se e cobriu-se, tal como fizera e a puxou para que se deitasse em seu peito.
— Você está bem? — ele perguntou, pela terceira vez naquela noite, mas diferente das outras vezes, aquela era uma circunstância inteiramente diferente.
— Quero enfiar minha cabeça em um buraco — foi o que ela respondeu.
— Por quê? — ele perguntou, surpreso com a resposta, com um sorriso apontando em seu rosto.
— Estou bem, mas agora estou com vergonha — ela disse, fazendo-o rir com vontade.
— Ora ora, você não parecia com vergonha minutos atrás — zombou.
— Mas agora estou — retrucou , meio emburrada — E pare de me encarar!
— Por quê? Eu gosto de olhar para você. O que você vai fazer contra isso? — brincou ele.
E como se fosse fazer algo realmente sério, olhou para ele somente mais uma vez, antes de puxar o lençol para cima, cobrindo seu próprio rosto.
— Agora você não pode me ver — justificou a atitude, o que apenas fez com que gargalhasse alto.
Aigoo! Tão fofa! — exclamou ele, enquanto puxava o lençol dela, revelando seu rosto outra vez.
— Ei! — ela reclamou, tentando puxar o lençol novamente, mas ele não deixou.
abraçou-a tão forte que quase sentiu-se sufocar, mas antes que pudesse reclamar, ele se afastou e beijou-lhe na testa.
— Eu te amo, . Muito mesmo — ele disse, antes de selar seus lábios aos dela.
Mais uma vez.


5. Cada Peça No Seu Lugar


se espreguiçou na cama e rolou nela, percebendo que já havia levantado. Sonolenta, olhou o relógio ao lado da cama e demorou alguns minutos tentando criar coragem de se levantar e ir tomar um banho.
Quando finalmente terminou de se arrumar já tinha se passado quarenta minutos desde que se levantara. Caminhou até a cozinha e acabou encontrando por lá, tentando cozinhar alguma coisa. Imediatamente, as lembranças da noite anterior lhe vieram à mente e na mesma hora ela parou de andar e ficou onde estava, travada, sem saber o que fazer.
Ela nunca sabia o que fazer quando estava perto de e agora muito menos, ainda mais depois do que tinha acontecido entre eles.
pensou em voltar para o quarto e ficar lá por mais um tempo até que fosse sair de casa ou algo do tipo, mas ela só teve tempo de dar um passo para trás quando ele percebeu sua presença e chamou sua atenção.
— Ei, acordou dorminhoca? Eu fiz café da manhã para nós e ainda resolvi te esperar pacientemente, embora meu estômago não esteja tão paciente como eu — ele disse, em tom brincalhão enquanto passava a mão pelo estômago.
— Eu… obrigada, oppa. Não precisava — ela disse, desviando olhar para seus próprios pés.
notou que tinha algo errado e foi até ela. prendeu a respiração sem mesmo perceber assim que viu os pés dele parados à sua frente. Estava nervosa e seu coração parecia que ia sair pela boca a qualquer momento.
então levantou o queixo dela gentilmente, para que pudesse olhá-la no olhos. Contudo, olhava para qualquer outro ponto atrás dele e não para ele, tal como queria.
— ele chamou e dessa vez, ela olhou para ele, corando logo em seguida, antes de baixar a cabeça rapidamente.
soltou uma risada nasalada achando aquilo fofo. Ele se abaixou um pouco para que pudesse ver o rosto dela e começou a falar, provocando-a.
— Yah, . Você está com vergonha?
arregalou um pouco os olhos e virou de costas para ele no mesmo instante.
— O-o quê?
— Você está com vergonha — não era mais uma pergunta — Que fofa — concluiu, passando a mão no cabelo dela, carinhosamente.
— Eu n-não… Eu… Oppa… — ela suspirou, um tanto frustrada por nem conseguir falar direito.
— Ei — ele virou-a para que ficasse de frente a ele — Não precisa de envergonhar. O que aconteceu ontem foi algo muito bonito e totalmente normal, você sabe disso, não é? — ela assentiu com a cabeça, ainda calada — Você é linda, . Não se esqueça disso nunca e, de qualquer forma, eu entendo que esteja se sentindo estranha ou algo do tipo, ou ainda ache toda essa situação estranha. Mas tudo o que aconteceu ontem é parte agora do que nós somos, e embora tenha acontecido, isso não muda nada entre a gente. Não quero que você se distancie de mim porque ficou com vergonha, tente agir normalmente, ok? Nós só atingimos basicamente o maior nível de intimidade que um casal pode alcançar e… nossa, eu me sinto muito estranho falando isso com você — ele riu, sem jeito — Eu sei que me enrolei um pouco, mas acho que você entendeu o que eu quis dizer, certo?
assentiu com a cabeça mais uma vez, só que agora mais calma, ela tinha um pequeno sorriso querendo escapar de seus lábios. Sem dizer nada, ela apenas passou as mãos em volta do rapaz à sua frente, abraçando-o forte ao passo que sentia-o retribuí-la.
— Agora nós já podemos comer, certo? Porque eu ‘tô morrendo de fome — disse, depois de alguns minutos e ela riu com ele, antes de se dirigirem à mesa de café da manhã que ele tinha organizado.
Muito fofa, por sinal.

***


Alguns dias depois, tentava sair dos braços de sem acordá-lo. Ele havia chegado tarde na noite anterior e merecia dormir o quanto pudesse já que dali a algumas horas ele teria que voltar ao trabalho.
Sorrateiramente, ela escorregou para fora da cama, trazendo um dos lençois junto ao seu corpo para cobri-lo. Seu plano era tomar um banho quente e preparar um café da manhã para ela e , enquanto ele dormia.
Entretanto, não foi bem isso que aconteceu.
Assim que deu um passo em direção ao banheiro, sentiu um puxão no lençol que usava em volta do corpo, o que a fez parar no local. Sem olhar para trás, tentou andar de novo, mas novamente sentiu o puxão, dessa vez mais forte.
Tentando esconder um sorriso, ela olhou para trás e encontrou deitado, sorrindo maroto com o braço que puxara o lençol suspenso no ar. Apenas um de seus olhos estava aberto, provavelmente devido a preguiça, mas quem visse pensaria que ele estava apenas fazendo um wink.
— Oppa — ela puxou o lençol de volta, fazendo-o soltar.
se sentou na cama, espreguiçando-se. Vestia apenas uma cueca box vermelha e teve que controlar-se para que seu rosto não ficasse da mesma cor ao vê-lo daquela forma pois ainda não tinha se acostumado.
virou-se novamente, pronta para sair, mas dessa vez não só sentiu outro puxão no lençol como também braços fortes lhe rodeando.
— Aonde a senhorita pensa que vai?
— T-tomar banho…
Andwae — sussurrou-lhe no ouvido, desafiando-a — A não ser que você me deixe ir junto, é claro — acrescentou, antes de mordiscar-lhe a orelha, fazendo estremecer.
puxou mais forte o lençol, pegando-a na distração, mas o reflexo de fora mais forte e o impedira de completar a ação.
— Yah! — ela reclamou, de repente, fazendo-o rir.
abaixou-se um pouco e depositou um beijo em suas costas, logo abaixo da nuca.
— Bem, se assim não dá certo, eu não vejo outra forma senão... — ele deixou no ar e quando foi perguntar o que era, ele a atacou com cócegas.
Contudo, o ataque durou pouco. Foi questão de segundos para o corpo de debater-se involuntariamente, o que fez ela acabar acertando o cotovelo nas costelas de .
Ele parou imediatamente, é claro.
caiu na cama gemendo de dor, todo encolhido enquanto mantinha a mão no local afetado pela cotovelada.
— Oppa! Eu te machuquei? — quis saber, alarmada.
— Estou bem, mas não precisava ser tão drástica... Ai — gemeu, outra vez — Vá logo tomar seu banho, rápido — ele disse, fazendo um sinal com a mão para que ela saísse — Antes que eu mude de ideia e resolva te perseguir de novo até conseguir de trazer de volta para a cama.
Ele nem precisou falar duas vezes.
A garota riu, finalmente conseguindo chegar ao banheiro.

— Ainda está doendo? — a garota tornou a perguntar ao ver a cara meio emburrada de enquanto terminava de comer — Quer que eu faça uma massagem? — ofereceu.
Ani — negou prontamente, mas então uma luz pareceu se acender em sua mente e sorriu, antes de se virar para e fazer um bico — Ppoppo! — pediu, fazendo aegyo para ela.
praticamente arregalou os olhos para ver se aquilo realmente estava acontecendo.
Claro que o aegyo de era algo bem conhecido, mas ele nunca havia feito para ela, especificamente.
se manteve de olhos fechados, fazendo bico enquanto esperava a namorada.
sorriu meio encabulada, ainda que ele não pudesse ver — sorte dela — e se aproximou encostando seus lábios nos dele por alguns segundos, mas quando ela se afastou, a puxou de volta e a beijou novamente, fazendo-a rir entre o beijo.
— Minha — sussurrou, antes de selar seus lábios uma última vez.
— Você pegou tudo, não está esquecendo de nada, certo? — ela perguntou, depois de alguns minutos.
iria passar duas semanas fora, por causa de sua agenda e estava de saída com a mala na mão enquanto seu manager o esperava no estacionamento do prédio onde moravam.
— Ne, tudo pronto, eu acho. Te vejo em duas semanas — disse e se despediu dela com um abraço e um beijo na testa.

Mas claro que nem tudo era simples assim.
Não fazia nem meia hora que havia saído de casa, quando recebera uma ligação do próprio.
— Eu esqueci meu passaporte em cima da cama, pode vir me entregar? Estou na empresa, te mando o endereço pelo kakao. Ah, eu já falei com o segurança para te deixar entrar. Eu mostrei uma foto sua para ele saber quem é você.
revirou os olhos. Ele sempre esquecia algo.
Foi até o quarto e pegou o documento, mas antes de sair, tratou de buscar uma das máscaras de .
Em sua mente, provavelmente era melhor manter sua identidade a salvo naquela empresa. Apenas alguns dos membros do EXO a conheciam pessoalmente, enquanto que os outros talvez só por fotos... ou não.
Levou exatamente quinze minutos para que chegasse em frente ao enorme prédio da SM Entertainment.
Suspirou, encarando-o, e caminhou até a entrada.
— Pode entrar, agassi — o segurança disse, simpático.
— Kamsahamnida — ela agradeceu e foi até o primeiro elevador que encontrou, apertando o botão do 3° andar, onde disse que estaria.

! — gritou no grande corredor, indo até ela que parecia perdida ali.
Ele, que até então sorria, fez logo uma careta quando a viu de máscara.
— Aqui está — ele estendeu os documentos, rapidamente — Acho que é melhor eu ir agora, certo? Okay. Tchau, oppa — ela disse, sem esperar uma resposta e teria conseguido sair dali rapidamente se não tivesse puxado a gola de sua camisa, arrastando-a de volta, assim que ela estava prestes a alcançar o elevador.
Jeogiyo! Onde você pensa que vai? — ele disse, ainda segurando a blusa da garota, que tentou escapar mais uma vez, em vão.
— Oppa! — ela reclamou.
— Ani! Eu gostaria que você ficasse um pouco, antes de ir. Nós só vamos partir daqui a duas horas. Eu te prometi que te apresentaria aos membros, certo? Vamos lá.
— N-não! Eu posso conhecê-los depois. Você pode levá-los ao seu apartamento, sim?
— Não. Eu cansei de levar esses caras para nossa casa e ver você cozinhando para eles. Não mesmo. Eu ainda não superei a sua quedinha pelo ! — ele disse e arregalou os olhos, surpresa — Aha! Achou que eu não tinha percebido, não é? Pois bem, eu percebi! E não chegue mais perto dele quando entrarmos na sala. Melhor, finja que ele não existe! — ele completou, puxando-a pelo braço até o final do corredor, onde cruzaram a esquerda e entraram em uma sala.
tentava não rir durante o caminho.
estava com ciúmes dela.
Dae~~~~bak!
Todos os garotos estavam espalhados pela sala, que descobriu ser de dança. E todos eles viraram em direção à porta, assim que entrou com um sorriso no rosto.
Ah, é claro. Ele havia feito apenas um pouco de barulho ao entrar, batendo a porta na parede, sem querer (ou não).
! — gritou, indo até eles — Como vo-
Ohooo! o interrompeu, empurrando o rosto de com a mão — Mantenha distância! Todos vocês, olhem mas não toquem, Ok? Principalmente você — disse a .
— O que aconteceu? — perguntou.
— Nada. Só olhem e não toquem. Pessoal, essa é minha namorada, . Alguns de vocês já a conhecem pessoalmente, infelizmente — ele disse e fez uma careta para .
estava prestes a explodir de vergonha, é claro.
Tanto que mal percebeu quando segurou seu rosto entre as mãos e lhe retirou a máscara a qual usava.
— Oh, que fofa — alguém que ela não viu, mas julgou ser pela voz, disse.
— É sim — viu concordar, com um sorriso.
— Ah. Obrigada — ela agradeceu, tímida — Eu sou , prazer em conhecê-los.
— Olá, — eles responderam, em coro.
— Ay, o hyung é realmente ciumento — disse.
— É mesmo — concordou.
— Ele guardaria a em um potinho, se pudesse — provocou.
— Yah! ! — gritou, em tom de advertência.
— O quê? — perguntou, fazendo-se de desentendido — Estou mentindo?
— Você…!
— Que seja, então. Na verdade, nós já desconfiávamos disso — contou .
— Sim — concordou — demorou meses para mostrar uma foto sua, imagine trazer você para nos conhecer.
— E não traria mesmo — disse, birrento — Só estou cumprindo uma promessa.
— Acho que já cumpriu, oppa — disse, tentando evitar um sorriso devido a cara de emburrado que fazia.
Por acaso, ele tinha consciência de que também estava batendo o pé no chão?
Heol! Ele parece um personagem de anime, ela pensou.
— Eu acho que devo ir agora. Vocês vão viajar daqui a pouco — ela continuou.
“Andwae””Já?”, alguns meninos disseram.
-ah — chamou, baixinho — Por que quer ir? Não está confortável? Achei que quisesse conhecer os garotos, ainda que desde que eles não toquem em você…
— Sim, eu queria. Foi ótimo conhecê-los, oppa. Não estou desconfortável por causa deles, é só que… não me sinto confortável aqui… nesse lugar. Acho que não é bom que você seja visto comigo aqui — explicou.
— Não precisa se preocupar com isso. Jinjja! Não precisa! — enfatizou — Veja, eu tive uma reunião hoje e-
— Mesmo assim, acho melhor deixarmos para outro dia — ela interrompeu — Você pode levar eles de novo para seu apartamento, quem sabe todos de uma vez… eu não seria capaz de dar atenção a todos, seria vantajoso para você, não acha? — ela brincou.
— Yah, eu não sou tãããão ciumento assim.
— Tudo bem, não se preocupe. Vou indo agora, oppa.
— Espere, eu vou te acompanhar até o térreo.
despediu-se dos rapazes e a pegou pela mão e a acompanhou até o elevador, ao qual tiveram que esperar por um momento.
— Yah, você colocou isso de novo? — ele reclamou, quando a viu de máscara mais uma vez.
— Oppa…
— Tudo bem, que tal brincarmos um pouco? — ele sorriu, com cara de quem vai aprontar.
— O quê? Brin-
Mas não pôde terminar de fazer a pergunta.
aproveitou a proximidade dos dois e em um movimento rápido, segurou o rosto da garota e a beijou na boca, por cima da máscara.
— O que está fazendo? — empurrou-o, olhando para os lados para ver se tinha alguém e riu.
— O quê? Você é minha namorada — ele justificou.
— Mas não aqui.
— Aqui e em qualquer outro lugar — retrucou — Vamos! O elevador está quase chegando — ele disse, segurando novamente a mão dela e apontou para a tela que indicava.
riu baixo e alguns segundos antes do elevador parar, a virou novamente, mas dessa vez abaixou a máscara que ela usava, antes de beijá-la devagar.
— Eu acho que gosto do perigo — ele sorriu, colocando a máscara dela no lugar.
Ele ainda segurava o rosto de , sorrindo, quando o elevador apitou e as portas se abriram.
Entretanto, o sorriso de ambos se desfez assim que viram quem se encontrava no elevador.
ficou tensa no mesmo instante e se afastou de , um pouco constrangida.
Não era nada mais, nada menos que a outra namorada dele.
suspirou e a puxou pela mão para dentro do elevador, sem falar nada e a apertou mais quando tentou soltar-se dele.
manteve-se olhando para frente, agindo normalmente.
olhou por um instante para seu lado direito e viu que a mais velha a olhava e fez um breve cumprimento com a cabeça, ao qual respondeu.
Não parecia zangada.
Mas não sabia bem como funcionava aquilo, então não sabia também o que pensar.
Quando chegaram no segundo andar do prédio, a garota saiu e ficou novamente a sós com .
Não falou nada, porém.
Suspirou baixinho e apenas esperou até que as portas do elevador abrissem novamente.
— Acho que agora é oficial — ele disse e a abraçou, assim que chegaram ao térreo — Te vejo em duas semanas, .
— Certo — ela deu um sorriso pequeno.
… não tem porque ficar chateada. Não temos mais tempo para falar, mas você logo vai entender o que quero dizer. Coma e durma direito e qualquer coisa mande uma mensagem para mim. Se eu puder te ligar, ligarei.
— Ok. Você também… se cuide.
— Certo, agora eu quero um abraço de verdade — ele disse e abriu os braços.
riu baixo, mas o atendeu, jogando-se nos braços do maior que a envolveu em um abraço apertado, beijando o topo de sua cabeça.

***


não queria abrir aquela correspondência.
Não sozinha.
Uma semana havia se passado desde que viajara e uma semana era o que faltava para que ele voltasse.
Ela não tinha tanta curiosidade assim — embora estivesse nervosa — para saber o resultado daquele teste de DNA.
Iria esperar por para que ele abrisse junto com ela, afinal aquilo só estava acontecendo por causa dele.
E foi o que disse na mensagem do kakao que enviara para ele e para , seu possível pai.
Sua maior ansiedade era referente ao próprio , depois de ler a notícia que a deixara chocada no dia seguinte ao que ele viajou.
Logo de manhã quando foi trabalhar, viu algumas garotas no café comentando sobre o fim do namoro de . Aparentemente, a notícia era verdadeira e logo pensou que talvez fosse àquilo que se referira quando falou que precisava conversar algo com ela.
Ela não perguntou nada a ele, entretanto. Mas na noite do mesmo dia, recebeu uma mensagem dele no kakao.
“Você soube?”
“Sim…”, ela respondeu apenas.
“Quando eu chegar, conversaremos sobre isso.”
“Okay.”

Depois disso, eles conversaram sobre coisas aleatórias até que disse que precisava ir.
Durante os últimos dias, ele se mantivera muito ocupado e as mensagens que trocavam não passavam de frases típicas, como: “você comeu? ou “dormiu bem?”.
mal podia esperar para vê-lo novamente.

***


— Aigoo, eu senti sua falta! — disse, assim que abraçou quando chegou em casa.
Jogou a mochila no chão em um canto qualquer e se jogou no sofá, abrindo os braços para convidar a se deitar ali com ele.
— Estou tão cansado, não consegui dormir direito no avião e o ainda me fez de travesseiro de novo.
— Ele sempre te faz de travesseiro e você nunca reclama, sem contar que você é um ótimo travesseiro — ela disse, se aconchegando mais nele e sentindo o cheirinho de rosas que exalava dele, provavelmente do sabonete que usara.
— Sim, mas das outras vezes eu estava dormindo. Então, eu não ligava. Waaah — ele se espreguiçou, bocejando antes de voltar a falar — Sabe, , se não fosse por você eu teria ficado no dormitório logo após tomar banho e apagado por lá mesmo. Mas… Como eu sou um ótimo namorado e estava com saudades, eu vim ficar com você — ele completou de um modo brincalhão e a apertou mais em seus braços, como se tivesse segurando um ursinho de pelúcia.
— Aah, oppa! — ela reclamou — Assim eu não consigo respirar direito. Você devia ir dormir agora e descansar bem.
— Sim, eu deveria, certo? — ela fez que sim.
— Durma bastante. Eu vou fazer sua sobremesa de morangos enquanto isso.
— Omo! O que eu fiz para merecer tamanha recompensa? — brincou, fazendo revirar os olhos, antes de se levantar.
— Vai ficar aí? Vista uma roupa confortável e vá dormir logo.
— Ay, o que é isso? Está me expulsando agora? — ele se sentou no sofá, sorrindo para ela.
— Estou mandando você ir descansar.
— Ne, ne. Mas antes… — ele passou um dedo por um passante da calça dela e a puxou, fazendo sentar-se em seu colo, com uma perna de cada lado de sua cintura — Meu beijo — ele disse, antes de tomar os lábios dela.
escorregou a mão por debaixo da blusa da garota, ora apertando a cintura dela, ora fazendo carinhos de leve com o polegar. sentiu-o aprofundar o beijo, fazendo com que suas línguas brincassem juntas em perfeita harmonia; era como estar em casa. como se fosse seu verdadeiro lar.
Dias atrás, provavelmente estaria constrangida depois de beijá-lo e ainda se sentia com um pouco de vergonha diante daquele tipo de afeto, mas não como antes. Agora, parecia tudo mais natural e talvez o fato de não ter visto em semanas tivesse contribuído para isso.
A saudade era definitivamente um bom tempero para a fome que sentiam um do outro, naquele momento.
Entretanto, ela não permitiu que o desejo de ambos fosse saciado naquela hora. Embora fosse difícil, ela conseguiu se afastar dele e ambos estavam ofegantes; se olharam por um segundo, antes de sorrirem um para o outro.
— Tem certeza que não quer vir comigo? — perguntou.
— E você vai dispensar a sobremesa? Porque ela não vai se fazer sozinha.
— Bem, o que fazer quando eu arrumei uma nova sobremesa favorita? — ele sorriu malicioso, fazendo corar.
— Yah — ela o empurrou de leve pelo ombro — Vá dormir. Agora. Mais tarde, talvez possamos entrar em um acordo sobre isso — ela disse, enigmaticamente.
— Wah, você acabou de flertar comigo? — ele perguntou, fingindo espanto — Quem é você e o que fez com a minha .
— Ah, pare com isso e vá logo — ela retrucou, saindo do colo dele e fazendo-o se levantar — Até mais tarde, durma bem.
E então, ela foi em direção à cozinha, onde tinha separado todos os ingredientes da receita em cima da mesa. observou a cena com carinho, um instante antes de ir para seu quarto e livrar-se de suas roupas, ficando apenas de cueca para, por fim, capotar na cama.
Estava quase anoitecendo quando deslizou pelos cobertores da cama de , ficando ao lado dele, que ainda dormia. Estava meio coberto e de barriga para baixo; agarrando uma parte do edredom junto de si. levou uma mão até os cabelos deles e afastou alguns fios que caíam em seus olhos. Em seguida, deslizou suavemente o dedo indicador da testa até a ponta do nariz dele.
Como ele pode ser tão bonito?, pensou.
Mas talvez fossem os olhos dela. Afinal, era isso que todos falavam a respeito do amor, certo? Ele nos deixa cegos e nos faz amar até os defeitos da outra pessoa. Se bem que ela e provavelmente nunca haviam brigado seriamente; talvez porque nem tempo havia para isso, levando-os a viver em harmonia quase sempre que estavam juntos.
Porque a saudade era maior do que qualquer desentendimento, ou era assim que parecia.
Alguns minutos se passaram e começou a se remexer na cama até que, enfim, abriu os olhos sonolentos e um sorriso preguiçoso para a garota ao seu lado.
— Eu senti sua falta — disse, com voz fofa.
— Você já disse isso — ela riu.
— E estou dizendo de novo porque é verdade. Nós temos tanta coisa para conversar, mas eu ‘tô com tanta preguiça… — ele disse, com os olhos quase fechados, pesando de sono.
— Oppa, você tem que acordar para comer. Vamos se levante e, quando você comer, poderá dormir de novo. Podemos conversar amanhã quando você estiver mais descansado.
— Acho que tudo o que eu preciso é de um banho — respondeu, ainda com a voz preguiçosa e lenta — Para despertar.
— É uma boa ideia — ela riu, tirando a franja dele da frente dos olhos e contornando sua sobrancelha com o polegar.
— Se você continuar fazendo isso, eu vou é dormir de novo — ele sorriu de lado, com os olhos fechados.
— E o que eu tenho que fazer para você despertar? — ela perguntou, mas imediatamente se arrependeu quando viu abrir os olhos e sorrir maliciosamente para ela — Quero dizer, eu deveria te empurrar da cama ou algo assim…? — ela tentou corrigir, mas já tinha saído de onde estava e se colocado próximo a ela, encurralando-a com os dois braços.
— Eu acho que tenho uma ideia melhor…
— Você disse que estava cansado… — ela tentou contornar.
— Bem, você sabe como é… Dizem que exercícios nos deixam bem dispostos — ele falou no ouvido dela, com a voz rouca, fazendo-a se arrepiar.
era bastante sensível naquela área e corou ao escutar aquilo; era inevitável. mordeu o lóbulo de sua orelha de repente, fazendo-a gemer baixinho em surpresa.
Ah! Como ele adorava descobrir os pontos mais sensíveis da garota.
se perguntava se algum dia iria se acostumar com aquelas sensações que ela sentia quando estava com ; porque todas as vezes eram como se fosse a primeira.
a beijava com delicadeza ainda que, e sabia disso, ele tentasse se controlar com ela. Queria fazer as coisas calmamente, queria desfrutar de cada pedacinho dela e poder lembrar de tudo depois.
E com essa intenção, ela a beijou calmamente. Se perdeu por algum tempo no pescoço da garota, provocando-a ali ao morder vez ou outra, fazendo a garota se arrepiar a cada toque. Ele adorava o fato de que tinha aqueles efeitos sobre ela e ela, por si, mal sabia que ocorria o mesmo com ele.
Sentia-se tão à vontade quando estava com ela como nunca estivera com outra pessoa. podia falar qualquer coisa com , porque eles tinham uma conversa fácil; mesmo no início de tudo, quando a garota ainda era extremamente tímida - ainda que um pouco arisca -, a conversa fluía facilmente.
lembrou então, enquanto a beijava, de todos os momentos que passara ao lado dela nos últimos meses. Não pensou em nenhum específico; era como se apenas um flashback de imagens aleatórias fosse passando rapidamente por sua cabeça e a única coisa que ele conseguia pensar era se era aquilo o que as pessoas tanto chamavam de amor; porque tudo o que ele queria naquele momento era poder ficar ao lado dela para sempre.
Poder acordar e vê-la ao lado dele, como muitas vezes acontecia. Poder tê-la o esperando em casa quando ele estivesse voltando de viajem do trabalho e cumprimentá-lo com um abraço apertado que demonstrava a saudade que sentira dele, tanto quando ele sentira a dela. Queria conversar, brincar e brigar com ela, sempre que pudesse. Irritá-la até que ficasse emburrada, porque ele a achava extremamente fofa assim e, depois, se desculpar com ela por tê-la irritado, seduzindo a garota com sua carícias e piadinhas que a faziam rir na maioria das vezes, envergonhada.
Porque não era acostumada a receber elogios, principalmente vindos de um homem e isso só a fazia mais especial ainda para ele, que sentia-se orgulhoso de si mesmo por ser o primeiro homem da vida dela. Não somente no sentido amoroso, embora neste, ele esperava ser o último também.
se afastou de e sentou-se na cama, puxando-a para que sentasse também e, assim, pudesse se livrar da blusa da garota, que o ajudou sem protestar.
sentia-se febril de tão quente que estava e cada toque se parecia deixar um rastro de chamas em sua pele, que a fazia ansiar por mais e mais. tomou seus lábios com os dele e a beijou com certa urgência que correspondeu com a mesma intensidade. Instintivamente, levou as mãos aos cabelos dele e as perdeu ali, acariciando e puxando-o mais o mais perto possível dela.
foi parando os beijos aos poucos, espalhando-os pelo rosto da garota até que se afastou e sorriu para ela, com os olhos repletos de desejo. Desenhou pelos círculos com o dedo nas costas da garota, antes de chegar ao fecho do sutiã que ela usava e soltá-lo, sem pensar duas vezes. Baixou uma das alças e beijou o ombro dela, antes de se livrar da peça, finalmente.
Empurrou-a para que se deitasse novamente na cama e a encarou como se fosse um predador com sua presa à sua mercê. Naquela altura, já não conseguia sentir mais vergonha, pelo contrário. O olhar de sobre si só a fazia sentir-se mais confiante e bonita cada vez mais.
sorriu malicioso e levou as mãos direto ao short jeans que ela usava, desabotoando-o. levantou os quadris para ajudá-lo a tirá-lo e achou que ele fosse fazer o mesmo com a calcinha de renda que ela usava, mas apenas preferiu rasgá-la de uma vez, como se fosse um pedaço de papel.
Pegou o pedaço de tecido que agora era inútil e girou-o no dedo, sorrindo vitorioso. agarrava os lençois com as mãos, em expectativa. Queria tocá-lo, mas não conseguia se mexer com em cima dela, então o que lhe restava era que ele se aproximasse para que enfim pudesse tocá-lo.
Entretanto, o mais velho pareceu prever aquilo e prendeu os braços dela acima da cabeça e, por um momento, apenas brincou e provocou-a o quanto quis, beijando e mordiscando seus seios.
As mãos de foram libertadas apenas quando precisou ir mais longe, descendo os beijos pela barriga dela até chegar em seu baixo ventre e pular direto para a coxa dela, onde mordiscou na parte interna, perto da virilha.
, naquele momento, se encontrava tão excitada que choramingava pedindo para ele se apressar e acabar logo com aquilo. O que era uma pena, já que ainda queria brincar.
E foi isso que ele fez.
Beijou a intimidade da garota, acariciando-a com a língua, fazendo gemer alto e se contorcer contra sua boca, levando as mãos inconscientemente aos cabelos dele, mas antes que pudesse fazer algo, agarrou seus braços e os prendeu, impedindo-a de tocá-lo.
Ele sabia que isso a estava deixando-a cada vez mais frustrada e ele próprio tentava ao máximo se controlar, mas queria que por enquanto fosse daquela forma e, só então, deixaria que ela o tocasse.
Alguns segundos depois, ficou tensa e tremeu com o orgasmo que lhe atingira. brincou mais um pouco, a deixando incrivelmente mais sensível, antes de afastar e beijá-la rapidamente na barriga, no pescoço e na boca, soltando- um risinho satisfeito.
-ah, você tá bem? — ele provocou, com a voz rouca no ouvido da garota.
— Ya, eu vou te matar, — ela disse, meio molenga ainda com os olhos fechados.
— Falando informalmente comigo? — ele riu — Sorte sua que estou de bom humor. Agora, vamos. Eu quero tomar banho… — ela abriu os olhos, confusa — … com você. Não pense que se livrou de mim, porque eu ainda estou numa situação não tão legal — e apertou seu corpo contra o dela, para que pudesse sentir sua ereção — Se é que me entende.
saiu de cima dela e se levantou da cama, indo até o criado-mudo ao lado da cama à procura de um preservativo.
— Eu vou andando para o banheiro — disse, enquanto ele rasgava o pacotinho com os dentes.
Está certo que ela havia o visto fazer aquilo algumas vezes, mas… ainda era um pouco constrangedor.
“E aqui estou eu tímida de novo, enquanto que age como se estivesse calçando meias.”
Ela riu com o pensamento, não tendo certeza se aquela era uma escolha certa de palavras. puxou o lençol da cama para cobrir-se sem nem perceber, já que costumava fazer aquilo. Contudo, não deixou daquela vez e puxou de uma vez o lençol dela, deixando-a completamente exposta novamente.
E então ele sorriu, observando-a ficar vermelha de vergonha novamente. , com certeza, tinha essas variações de timidez e ele achava que demoraria mais tempo até ela se acostumar realmente com ele vendo-a nua daquele jeito e não somente quando estivessem juntos e a excitação fosse grande o suficiente para não deixar espaço para a timidez, como havia acontecido com ela minutos antes.
— Você sabe… — ele começou a dizer, vendo-a ficar de lado e cobrir os seios com os braços, involuntariamente, sem olhar para ele — Não tem nada aí que eu já não tenha visto, amor.
— Não é porque eu quero, é involuntário. Não estou acostumada a ficar pelada sem mais nem menos na sua frente assim como você fica. Eu… ainda tenho vergonha — ela admitiu.
sorriu, mas ela não viu.
— Seu corpo é lindo. E, algum dia, vou conseguir fazer você amá-lo, tanto quanto eu amo.
Sem responder nada, foi para o banheiro e ligou o chuveiro, enfiando-se debaixo da água morna, com as palavras de martelando na sua cabeça.
Sim, às vezes ela perdia um pouco da timidez, mas no fundo ainda sentia vergonha de seu corpo. Talvez porque ela própria não estivesse acostumada a observá-lo e agora tinha uma pessoa que adorava fazer aquilo por ela.
E pensando nisso, ela saiu do chuveiro por um momento e se colocou em frente ao espelho, para observar a si mesma. Ficou parada, sem nenhuma expressão no rosto e só percebeu a presença de quando ele se colocou atrás dela e a abraçou, apoiando o queixo em seu ombro, com um sorriso no rosto. Ele também estava nu, constatou, ao ver a linha de seu quadril enquanto ele a abraçava.
— Está vendo? Você é linda, . Observe bem e veja como você é linda.
não concordava bem com aquilo; mas ele a fazia se sentir daquela forma. lhe passava uma segurança sem tamanho, não somente em relação ao corpo dela, mas praticamente com tudo o que ela precisava.
beijou o pescoço dela com delicadeza, fazendo quase derreter em seus braços. observou o reflexo dos dois no espelho, pensando em quanto aquilo lhe parecia erótico e sexy.
massageou a área de cintura por um momento antes de subir os toques até seus seios, arrancando suspiros dela. virou-se de frente para ele e o beijou até que o ar fez falta e se separaram, ambos ofegantes.
encarou a garota à sua frente por um instante apenas, antes de pegá-la no colo e colocá-la na bancada da pia. começou a beijar seu pescoço e foi a vez dele se arrepiar com os toques da garota e observar tudo aquilo pelo reflexo do espelho, deixando-o ainda mais excitado, se é que era possível.
… — ele murmurou baixo, ofegante — Preciso de você agora. Mas eu quero que você veja isso, assim como eu.
E sem esperar resposta, ele tirou da bancada e a virou, fazendo-a olhar novamente para o espelho.
— Quero que se incline para frente e não feche os olhos — … — ele murmurou baixo, ofegante — Preciso de você agora. Mas eu quero que você veja isso, assim como eu.
E sem esperar resposta, ele tirou da bancada e a virou, fazendo-a olhar novamente para o espelho.
— Quero que se incline para frente e não feche os olhos.
Assim que atendeu seu pedido, a penetrou lentamente, tentando ele próprio não fechar os olhos e se manter como estava, observando as reações dela pelo espelho. Se movimentou algumas vezes e então aumentou um pouco a velocidade e intensidade pela qual entrava e saía dela.
sentia penetrá-la com força, enquanto seus músculos o apertavam. viu o rosto de se contorcer em prazer a cada movimento que ele fazia, com algumas gotas de suor escorrendo de sua testa; o que só a excitava cada vez mais, até chegar um momento que ela não aguentou e chegou ao seu limite junto com .
Os dois tremeram juntos, enquanto ele a apertava com força contra si e provavelmente haveria uma marca em sua cintura, mais tarde, que a faria lembrar daquele momento.
ofegou contra as costas da garota, tentando acalmar sua respiração antes de, então, sair de dentro dela.
sentiu suas costas doerem um pouco pela posição que se encontrava, assim que se pôs em sua postura normal. Voltou para o chuveiro, que ainda se encontrava ligado e não demorou até que se juntasse a ela, depois de se livrar do preservativo. Ele a empurrou para frente, colocando ele dois embaixo da água que caía e a beijou profundamente.
— Você… é tão… gostosa — ele murmurou entre um beijo e outro, fazendo-a rir baixo e ele também, junto com ela.
— Acho que agora temos que tomar banho mesmo, já gastamos água demais — ela disse, com um ar brincalhão — Se eu soubesse que íamos demorar, eu teria desligado o chuveiro.
— Seu desejo é uma ordem, querida — ele disse, cheio de pompa, puxando a mão dela para beijá-la.

***


— Isso está realmente bom. Realmente — disse de boca cheia, enquanto comia um pedaço de torta salgada que havia feito — Eu senti falta da sua comida.
— Você mal come da minha comida — ela retrucou.
— Deve ser por isso que eu gosto tanto, então.
— É muito fácil te conquistar, oppa. É só começar pelo estômago e você se entrega todinho — ela riu — Por que você é tão fácil assim, huh? — ela provocou.
— Porque eu amo comer — ele disse, como se fosse óbvio.
riu, enquanto ele continuava a mastigar parecendo um filhotinho de cachorro. Quem visse naquele momento, não imaginaria o cara sexy que ele havia se tornado minutos atrás no quarto e no banheiro. Agora ele usava roupas confortáveis e largas e balançava a cabeça hora ou outra para tentar tirar a franja que lhe caía nos olhos.
encostou a cabeça sobre os braços na mesa e o observou, com um sorriso bobo no rosto.
— O que é isso? — ele perguntou, sorrindo de leve enquanto pegava outro pedaço de torta — No que está pensando?
— Em você. Você fica muito fofo comendo, nem parece aquele cara sexy do banheiro, meia hora atrás — ela disse e ele riu, meio sem jeito.
— Omo, você está admitindo que sou sexy? Que evolução. Mas só tem uma coisa que eu ficaria mais feliz ainda se você admitisse.
— O quê?
— Que você é sexy.
sorriu, sem graça. Às vezes, ela se irritava por nunca saber como agir em relação a elogios. Então, ela foi para o clichê dos clichês e desbloqueou a tela do celular, tentando fugir daquele assunto.
E teria conseguido, se não tivesse tomado o celular das mãos dela.
— Não sei o que fazer para te convencer disso. Para te fazer aprender a gostar do seu corpo também.
— Não é que eu não goste do meu corpo, é só que sinto vergonha de me expor, ainda. Mesmo que às vezes, você… me faça esquecer disso — ela corou.
— Acho que vamos ter que treinar mais um pouco então — ele sorriu, sugestivo — E eu não estou falando apenas de sexo.
— E você quer que eu ande pelada pela casa? — ela perguntou, meio incrédula.
— Exatamente. E eu posso fazer isso também. Só tem eu e você aqui e não tem nada em mim que você já não tenha visto e nada em você que eu não tenha visto. É o plano perfeito, sem contar que eu já faço isso.
— Faz… onde?
— No dormitório.
— Você anda pelado pelo dormitório?! Na frente dos outros membros? E eles não ficam constrangidos? — ela riu — Eu ficaria.
— Eu diria que eles já se acostumaram — ele respondeu, fingindo um ar pensativo, mas riu, logo em seguida.
— Tudo bem. Mas no meu tempo; não quero ficar completamente nua, ainda.
— Como quiser — ele sorriu — Eu vou aproveitar cada segundo, de qualquer forma.


6. Imperfeitamente Perfeito


— Vamos, , faça logo de uma vez — provocou — É só tirar a blusa e pronto. Você ainda tá de lingerie; finja que não estou aqui.
— Meio difícil de fingir que você não está aqui — ela resmungou — Não tem como eu ignorar você de cueca, na minha frente — riu com a explicação, mas não disse nada, apenas esperou.
prendeu a respiração e fechou os olhos, tentando tomar coragem. Num impulso, ela puxou a blusa, revelando uma lingerie preta com renda e alguns segundos depois se livrou do short que usava.
— Você já pode abrir os olhos, jagi — disse, divertido, vendo a garota travada no meio da sala.
respirou fundo e abriu um olho de cada vez, encarando que sorria abertamente para ela, com os braços cruzados. Em seguida, olhou para baixo, para o próprio corpo. Era magra e pequena, não muito volume nos seios ou no quadril, mas seu corpo era proporcional. Não o achava feio, apenas não estava acostumada a observá-lo ou ter alguém observando.
Talvez fosse porque no orfanato nunca tivera tanta privacidade por muito tempo, então acabara não prestando atenção em si mesma durante sua adolescência, sem contar que não tinha intimidade com ninguém, nem as poucas amigas que fizera, a ponto de ficar à vontade para expor seu corpo.
— Certo, então. Eu… vou pegar o envelope — Sim, o envelope com o resultado do teste de DNA. Agora que ela lembrava daquele pequeno pedaço de papel, estava ansiosa.
Encarou um pouco nervosa, antes de entregar o envelope a ele, para que abrisse.
, curioso, não demorou para rasgá-lo e tirar a folha de dentro. Sem mais delongas, ele simplesmente abriu e começou a ler, enquanto aguardava silenciosamente ao seu lado.
Ao chegar ao resultado, ele sorriu. Sorriu de felicidade por ela, ao mesmo tempo em que se amedrontava um pouco, com medo do futuro.
Mas tudo ia depender das decisões dela e ele prometera jamais interferir de forma alguma que viesse a pressioná-la; as escolhas que ela faria seriam inteiramente dela.
virou o papel e apontou para o resultado com o dedo indicador.
Positivo.
Era isso. tinha uma família para encontrar, algo que desejou a vida inteira quando estava no orfanato, mas só agora tinha a chance de ter.
encarou o resultado e não conteve as lágrimas de alívio e ansiedade sobre o que aconteceria dali para frente. Abraçou tão logo quanto leu a palavrinha a qual ele havia apontado.
Chorou um pouquinho nos braços dele, pensando que agora teria que encontrar .
Seu pai.

— Eu estou com medo — ela disse, de repente.
Estava deitada no sofá com que, por incrível que pareça, estava quieto naquele momento. Brincava com o cabelo dela, enrolando-o no dedo e estava tão pensativo quanto a garota.
— Você precisa se encontrar com ele, agora. Não adianta ficar tão nervosa, . Não é como se ele fosse te obrigar a fazer algo, só porque ele é seu pai. Ele é seu pai sim, mas de sangue — suspirou, antes de continuar — Ouça, não estou dizendo para você ignorá-lo, mas ele é um homem que você não conhece, como um estranho. Nem sabemos que tipo de pessoa ele é e independente do que ele queira que você faça, eu quero te dizer que você tem total direito de escolha sobre tudo.
— Você tem razão. Mas ainda assim é assustador.
— É claro que é, eu também ficaria assustado no seu lugar. Mas você não é mais uma criança e você nunca dependeu dele para nada; na verdade, você não depende mais nem de mim. Tanto que queria deixar esse apartamento — ele disse, sem conseguir esconder a mágoa.
— Como você…?
— Eu vi uns papeis que você deixou em cima da bancada, uma vez. Eu vim em casa, mas você estava trabalhando. Quando ia me contar?
— Eu… — ela baixou o olhar, sem saber como falar — Eu não queria ser um peso para você. Por isso, cogitei… alugar um quarto e morar sozinha, para não dar trabalho a ninguém.
, até uma mosca dá mais trabalho que você. Se formos falar de quem dá mais trabalho para quem, basta que você olhe para mim. Você cuida de mim, quase como minha mãe e, eu tenho certeza, que muita coisa você aprendeu com ela nas horas que passavam juntas. O ponto é que: a) você não é um peso; b) não quero que se sinta assim e; c) não quero que vá embora, mas se essa for a sua escolha, eu vou respeitá-la.
suspirou e desviou o olhar para um ponto qualquer, sem falar nada.
Precisava decidir, porque pensar nas possibilidades ela já fazia desde que recebera aquele envelope com o resultado. Mas antes tinha que se encontrar com e tirar aquele assunto a limpo.
— Obrigada por me apoiar, oppa. É muito importante para mim.
— Bem, é como eu disse… Vou respeitar suas decisões, mas… — ele a olhou de canto de olho — Não pense que vai se livrar de mim tão fácil, ouviu? — acrescentou, tentando fazer cócegas na barriga dela.
riu, alegre e grata por poder contar com o apoio dele.
De todas as coisas boas que haviam acontecido na sua vida até aquele momento, ela acreditava que havia sido a melhor.
E teve certeza disso, quando ele a puxou para mais um beijo.

***


batucava com os dedos na mesa, olhando o relógio em seu pulso a cada dois minutos.
havia mandado uma mensagem perguntando se ele podia encontrá-la e lá estava ele, no café onde ela trabalhava, esperando que os últimos dez minutos do turno da garota acabasse para que assim ela pudesse fechar o café e eles pudessem conversar.
Obviamente, ele viu o resultado do exame tão logo quando o recebeu. Entretanto, atendeu o pedido de que disse que iria esperar mais alguns dias e só então entraria em contato com ele.
nunca sentiu uma semana passar tão devagar como aquela. Mas ao menos, tivera tempo para pensar no que poderia acontecer dali para frente.
Só não tinha certeza de como encararia suas sugestões.
O sininho da porta soou, revelando um rapaz de boné e máscara que tinha acabado de entrar. resmungou sozinho; tudo o que ele menos precisava era que tivesse que atender outra pessoa quando o café estava prestes a fechar.
Observou o rapaz caminhar até o balcão e aguardar por , que havia ido trocar de roupa. Assim que o viu, ela sorriu e foi quando finalmente percebeu que aquele não era um cliente, mas sim , o namorado dela.
Seu genro.
fez uma careta ao pensar naquilo. Tinha acabado de descobrir que era sua filha e não tivera nem tempo para se acostumar com aquela realidade e já tinha outro lembrete sobre o que também teria que se acostumar.
era um cantor famoso. realmente estava curioso em saber como aqueles dois haviam se conhecido, levando em consideração que o rapaz vivia viajando por conta do trabalho que tinha.
Aquilo era algo que lhe consolava um pouco, para falar a verdade; eles se viam eventualmente, embora morassem juntos. Claro que nos tempos atuais, não era nenhum inocente para pensar que nada acontecia entre eles, mas preferia ignorar essa parte.
Ao que parecia, havia cuidado de sua filha quando ela não tinha ninguém e ele já era grato ao rapaz por isso.
Observou ir até a porta e girar a plaquinha do local para mostrar que estava fechado. Assim como da última vez que se encontraram ali, a garota havia ficado responsável de fechar o estabelecimento, como sempre era nas segundas, quartas e sextas à noite.
se tirou a máscara e o boné e passou a mão nos cabelos, depois que havia fechado o local. Havia notado sentado em uma mesa reservada nos fundos do café, um local ao qual o olhar das pessoas que passavam não alcançava.
Caminhou com até o homem que os encarava sério e, arriscava dizer, meio ciumento ao ver que ele segurava a mão de sua filha.
Sentiu vontade de rir, é claro. Mas prometeu a si mesmo que tentaria manter um bom relacionamento com o sogro, mesmo que não tivesse ido muito com a cara do homem.
Sem contar que a recíproca era verdadeira e ele sabia que não o via como um genro em potencial e que provavelmente o havia julgado sem nem ao menos o conhecer, pois era o que havia notado desde a outra vez que haviam se encontrado.
Mas isso era só pensamentos de , que ele não havia compartilhado com , é claro. Ela não precisava saber que ele já trocava faíscas com o sogro, sem nem ao menos se conhecerem direito.
— Annyeonghaseyo — cumprimentou o homem, assim que chegou a mesa e a seguiu, fazendo o mesmo.
assentiu com a cabeça e apontou para o banco a sua frente, em um pedido silencioso para que sentassem.
— Então… você deve ter visto o resultado, certo?
— Sim.
— Bom, eu pensei muito e gostaria de primeiramente te sugerir que nos conhecêssemos melhor. Você pode morar na minha casa, a partir de agora também e fazer faculdade, se quiser. Na verdade, eu queria muito que fizesse, mas o curso fica por sua escolha, não irei te pressionar a nada. Ainda é tudo novo para mim e você é a única filha que tenho, então eu não sei bem como agir como um pai de uma moça de 21 anos de idade.
— Ahjussi… eu sinto muito, mas vou ter que recusar algumas coisas. Eu concordo que devemos nos conhecer melhor, afinal somos estranhos um com o outro. Fico grata pelo senhor ter me oferecido a oportunidade de fazer faculdade, que é algo que sempre quis. Entretanto, vou ter que recusar morar com o senhor e não se sinta mal por isso, certo? Como você disse, ter uma filha é novidade e o senhor não está acostumado, ainda mais quando ela já é uma adulta. Então, que tal se fingirmos que eu estou em um dormitório próximo da faculdade? Acho que seria mais confortável para nós dois.
— Então, você vai continuar… morando com ele? — olhou para , que o encarava sem expressão alguma no rosto.
— Sim, ela vai continuar morando comigo, ahjussi — falou, de forma neutra, porém provocou uma pontada de irritação no homem à sua frente — Não quero que pense que obriguei a ficar comigo ou algo parecido. Da mesma forma que o senhor fez, eu disse que as escolhas eram inteiramente delas e independente do que ela decidisse, eu iria apoiá-la.
— É verdade — ela confirmou.
— Há quanto tempo vocês estão juntos para já estarem morando no mesmo apartamento? — quis saber.
— Cerca de um ano. Nos conhecemos alguns dias depois que eu tive que sair do orfanato — respondeu.
— Que tipo de relação vocês tem? Porque você — ele olhou para , não muito amigável — tinha uma namorada, até onde sei.
— Sim, o senhor está certo. Mas a minha única e verdadeira namorada foi durante todos esses meses — disse e sorriu irônico — Se o senhor pesquisou tanto sobre mim, deveria saber que faço parte de uma grande indústria que ganha muito dinheiro com marketing, se é que me entende.
— Eu não… — pensou em negar, mas se corrigiu — O que você quer dizer… é que aquela outra garota… que vocês eram um casal de marketing?
— Espero que o senhor mantenha essa conversa por aqui porque não tenho permissão de falar sobre isso. Mas a resposta é sim — sorriu — E além disso, conhece meus pais e eles a adoram, caso o senhor esteja interessado em saber.
— Então, seus pais sabem que vivem juntos?
— Sim e estão perfeitamente bem com isso. Não é como se eu ou fôssemos adolescentes irresponsáveis que decidiram fugir e viver juntos.
— Não, claro que não — disse, meio sem jeito.
Não queria que pensasse mal dele, era só curiosidade de saber sobre a filha; ainda mais quando ela morava com o namorado. O instinto paternal dele às vezes esquecia que ela já era uma adulta.
— Então… — tornou a falar — Acho que antes de tudo, devemos realmente nos conhecermos aos poucos e, quem sabe, daqui a algum tempo… as coisas… estarão mais… hm, confortáveis, eu acho.
— Mas você não disse que queria fazer faculdade?
— Sim, mas preciso me preparar para isso, talvez no ano que vem, sim? Assim terei mais tempo e posso continuar a trabalhar até lá — ela sorriu — Me desculpe, mas agora não é um bom momento para mim. Eu não me sinto, nem nunca me senti à vontade com alguém gastando dinheiro comigo.
— Mas eu sou seu pai e quero fazer isso por você.
— Mesmo assim. é meu namorado e eu nem mesmo deixo ele arcar com as despesas sozinho, por mais que ele queira.
— Ahjussi, sinto muito — sorriu —, mas o senhor não vai conseguir convencê-la. Essa aqui é cabeça-dura, pior que eu — ele acrescentou, bagunçando os cabelos da garota que riu, automaticamente enquanto tentava dar um tapa na mão ligeira dele.
riu também, tentando esconder a mão e até , mesmo sem perceber, também riu daquela cena.

***


começou a sair com a partir daquele dia. Estavam se conhecendo aos poucos e já eram praticamente como amigos.
Entretanto, era apenas isso. não achava que conseguiria um dia chamá-lo de pai, então “ahjussi” era o mais adequado e respeitoso que ela conseguia usar. ansiava por ser chamado de pai, entretanto não era algo vital para ele; ele podia viver sem aquilo, desde que ainda tivesse a presença de em sua vida, então ele a respeitava também.
Com o passar do tempo, foram ficando mais íntimos e em certo dia, descobriu finalmente como ela e se conheceram e como os dois desenvolveram uma relação amorosa.
, inclusive, estava presente naquele dia, mas deixou que contasse a maior parte da história da maneira que achou melhor.
contou sobre como ele a encontrou na rua, chorando, com fome e com frio por não ter para onde ir e sem poder voltar para o orfanato por conta de sua idade e a única coisa que possuía era a mala pequena com as poucas roupas que tinha.
Já era muito tarde da noite, quando voltava de uma loja de conveniências após um dia fatídico de ensaios na empresa e a encontrara em seu caminho, sentada na própria mala, com a cabeça enfiada entre os joelhos e completamente molhada.
sentiu seu coração apertar a cada vez que lembrava daquilo; e sentia a estranha vontade de abraçar bem forte, em forma de agradecimento por ter cuidado de sua menina.
Embora ele achasse que não iria aceitar bem um abraço vindo dele. Então, tudo o que fez depois de saber de toda a história foi agradecer com palavras ao seu genro que, mesmo metido e com a língua um pouco solta, ainda tinha um coração enorme.
Agora percebia o porque de ser tão grata a e também entendia o que ela quis dizer todas as vezes que mencionou que ele a havia ajudado no momento em que mais precisou. deu-lhe casa e comida e a paz que ela nunca tivera; ele lhe deu carinho da forma como pôde, já que no início eles não eram muito próximos já que tinha medo de assustá-la, pelo fato dele ser um homem ou algo do tipo.
Era verdade que no começo ele a via apenas como uma irmã, uma amiga, alguém para fazer companhia já que ele não gostava de ficar só. Mas tudo havia mudado de pouquinho em pouquinho, quando eles iam se aproximando cada vez mais e passara a ser mais presente na vida dela, ainda mais depois de descobrir os desenhos que fazia, onde ele costumava ser seu personagem principal. Nessa época, é claro, já era apaixonada por ele, mas eles não conviviam tanto quanto agora e o único contato que ela tinha era com os clientes dos café e os outros funcionários e com a família dele, a qual ela costumava ver aos finais de semana, quando estava trabalhando.
E , embora não admitisse, já gostava dela tanto quanto ela gostava dele. Às vezes, ele sentia vontade de se aproximar, mas se controlava ao máximo; mesmo que havia houvesse vezes que ele não conseguia como, por exemplo, no aniversário dela ao entregar o colar que havia comprado.
Claro que eles omitiram essas partes de . Era desnecessário que seu sogro soubesse daquele tipo de coisa particular entre ele e .
Tudo o que precisava saber era que ele amava a garota e ponto.
Era isso.
a queria para si por tempo indeterminado. Ele não gostava muito de pensar no futuro, mas não imaginava um sem ela por perto. Nem que, se por algum acaso do destino, fosse apenas como sua amiga.
Talvez aquele fosse o verdadeiro significado de amar.
Talvez fosse querer ter a pessoa para si, mas se não for possível, se contentar em apenas vê-la feliz. De um jeito ou de outro, se contentaria apenas com isso, mesmo que ele tivesse que ficar longe dela, se assim fosse, por mais que doesse só de pensar em algo do tipo.
Já era ruim o bastante ter que ficar longe por causado trabalho, mas ele ainda tinha um motivo para voltar para o apartamento e tinha sido assim desde quando ele havia a encontrado na rua. era o motivo principal dele retornar para casa já que, antes de conhecê-la, ele só ia pela privacidade de ter um local só dele e isso quando dava tempo, pois às vezes estava com tanto cansaço e preguiça que ir com os membros para o dormitório era mais cômodo.
E ele continuou fazendo isso mesmo depois de , porém não com a mesma frequência, especialmente quando eles dois começaram, enfim, a ter um relacionamento de verdade, no sentido amoroso.
Ele sorriu sozinho, distraído e olhou para a garota ao seu lado, que conversava animadamente com o próprio pai.
não disse nada; apenas admirou a animação dela, logo no momento em que começara a falar da faculdade que havia acabado de começar.
estava cursando Artes em uma universidade de Seoul, coisa que já imaginava que ela fosse fazer, referente ao curso. Talvez um dia, se tornasse uma verdadeira artista e seus desenhos estariam presentes em um galeria para exposição.
Ele torcia para que isso acontecesse.
Quanto à , ele também parecia feliz com a escolha dela. Afinal, o que ele queria era que ela fizesse faculdade, mas o curso ficava por conta dela; ele não ia interferir nessa decisão.
No fim das contas, decidiu cursar Artes.
não se surpreendeu. Conhecia o talento da garota e sabia que ela queria se aperfeiçoar mais e mais em suas técnicas. Quanto à , que até então não conhecia bem a garota, ficou bastante satisfeito após ver os desenhos da filha.
Por mais que fosse pai de , ele era mais como um amigo. Inclusive para , quando eles começaram a se entender melhor.
Claro que entendia as apreensões de com ele; teria ficado da mesma forma se os papeis fossem invertidos.
Mas ao que tudo parecia, as coisas iam se ajeitando aos poucos.

O tempo em Seoul começou a esfriar depois de algumas semanas, indicando o inverno que se aproximava. Era possível ver constantemente as ruas cheias de folhas caídas e sendo levadas pelo vento, no final daquela estação.
Era sexta-feira e estava com um tempo livre. Havia combinado de ir com para a casa de campo de seus pais naquele final de semana e marcou de encontrá-la no parquinho onde ela era acostumada a esperar por seus pais, todas as vezes que ia para lá com eles. Estava no dormitório há alguns dias com os membros e, para poupar tempo, decidiu se aprontar lá mesmo e só então encontrá-la.
Aquela era a segunda vez que a acompanhava até lá. A primeira, meses atrás, com seus pais, no aniversário dela para fazer uma surpresa.
Contudo, daquela vez eram apenas eles dois.
A MoonHouse, como assim chamavam a casa, tinha agora um significado especial para , já que foi lá onde praticamente o seu real relacionamento com começou. tinha boas lembranças daquela casa desde a sua infância e adorava o fato de ter mais algumas com incluída nelas.
Ah, MoonHouse…
“Por que vocês chamam a casa assim?”, havia perguntado uma vez. Estavam deitados juntos na cama do quarto dela, estava com a cabeça em seu peito e as pernas entrelaçadas às dele naquele dia, enquanto ele usava um braço para abraçá-la e usava o outro para brincar com as mãos dela.
— Meus pais nunca te disseram? — a garota negou com a cabeça.
— Eu nunca perguntei — ela disse. — Imaginei que fosse algo pessoal, talvez, e não queria parecer intrometida ao perguntar, mas sempre tive curiosidade em saber — justificou.
sorriu. Claro, era cuidadosa daquela maneira, mesmo depois de meses praticamente fazendo parte da família.
— Aquela casa era da família da minha mãe. Ela costumava ir para lá todos os finais de semana com meus avós. A casa não tinha um nome daquela época ainda, até o dia em que meus avós receberam um casal de amigos e seu filho, que tinha a mesma idade que minha mãe — ele disse e olhou para , sugestivamente.
A garota fez uma expressão surpresa.
— Era seu pai? — assentiu.
— Foi assim que eles se conheceram. Naquela época, havia lua cheia nos dias em que meu pai ficou hospedado com seus pais lá. MInha mãe estava conversando com ele um dia, na varanda, no mesmo local em que eu e você estávamos. Você sabe que meu pai é um cara engraçado… Por algum motivo, a lua estava realmente linda naquele dia, e a visão no campo é bem melhor, você sabe, porque fica longe de todas as luzes da cidade… Meu pai disse então que aquele deveria ser o nome da casa, em homenagem à lua, já que ela parecia sempre tão bonita vista de lá. Parece bem bobo, mas foi assim que aconteceu e foi lá onde tudo começou entre eles. É especial para eles, tanto que mantiveram a casa após minha mãe herdá-la.
sorriu.
— Isso é, com certeza, algo muito especial, . Obrigada por me contar, foi melhor saber por você… Acho que eu iria me sentir realmente intrometida se perguntasse à um deles — riu, baixinho.
— Pois eu tenho certeza que eles adorariam te contar, se você tivesse perguntado.

E era verdade. Os pais de a amavam como uma filha, realmente; adorariam compartilhar aquela história com a garota.
Já fazia meses que queria voltar na casa, apenas com ela; porém, sua agenda até então não havia permitido e, quando o fez, ele agarrou-se na primeira oportunidade que se apareceu e lá estava ele a caminho de encontrá-la.
viu de longe, com a mochila nas costas, esperando-o. Lembrou-se da última vez que a vira ali, na mesma posição, com a exceção de que da outra vez carregava o Rilakkuma que ele havia dado de presente. Fora isso, parecia a mesma de meses atrás e a única coisa em sua aparência que havia mudado era o cabelo que se encontrava um pouco maior agora, mas só isso. Diferente dele, é claro, que no momento estava com o cabelo cor-de-rosa.
A garota sorriu para ele assim que ele parou o carro e se abaixou para ficar na altura da janela e vê-lo. estava sem máscara naquele dia, mas também não precisava. Os vidros do carro eram escuros e a partir dali eles só veriam asfalto, após alguns minutos depois de saírem da cidade.
rapidamente entrou no carro e eles partiram.
— Você trouxe comida? — ele perguntou.
— Ora, bom dia para você também, oppa. Você dormiu ontem comigo?
— Como poderia? Se faz uma semana que nos vimos… — ele sorriu.
— Exatamente. Quanta cortesia — ela disse, fingindo estar brava.
riu.
— Oi, amor. Senti saudades de você também, você está linda hoje — ele corrigiu, começando tudo de novo. — Eu tenho algo para dizer hoje, ou melhor, para te dar — ele disse, sem rodeios e tirou uma caixinha do bolso.
— O que é isso? — ela quis saber, curiosa.
abriu a caixinha, revelando dois aneis.
— Acho que você já ouviu falar de aneis de casal.
— São lindos, oppa! — ela sorriu para ele.
sorriu também, mas em seguida fez uma careta.
— Infelizmente, há uma terceira pessoa que tem um igual, espero que não se importe. Mas é para facilitar para que eu não chame atenção sozinho.
— Que pessoa?
. Na verdade, nós ganhamos os aneis de uma fã, então eu resolvi comprar um igual do seu tamanho. Sério, eu sei que soa muito esquisito, mas espero que você não se importe com isso. Eu sempre quis ter um anel com você, mas você sabe que não posso usar esse tipo de coisa assim, sem mais nem menos… Chamaria atenção — ele explicou.
— E o está bem com tudo isso? — assentiu. — Então, por mim, tudo bem também — ela disse e em seguida, fez uma cara pensativa. — Fiquei curiosa agora.
— Sobre o quê?
— Sou eu ou o que está segurando vela? — riu.
— Nenhum dos dois — ele respondeu. — Porque eu sou todinho seu.
tentou segurar um sorriso, mas foi em vão.
— Odeio quando você faz isso. Eu nem consigo ter raiva de você, , até mesmo quando você é extremamente irritante — e colocou as mãos no rosto, envergonhada após dizer aquilo.
A risada de ecoou no carro, mais uma vez, achando a garota fofa.
puxou uma das mãos dela e a beijou, encarando a garota.
— Mal posso esperar para chegarmos e eu te ter só para mim — ele disse, fazendo a garota corar.
sorriu, ainda com uma das mãos no rosto e virou a cabeça, evitando olhá-lo ao mesmo tempo em que tentava esconder um sorriso.
Felizmente, não demorou muito.
Tão logo eles chegaram, a teve só para si, assim como a garota e foi perfeito. Era perfeito.
Eles eram um do outro.




FIM



Nota da autora: (05.11.2017) E é assim que finalizo as atts dessa fic xodó. Espero que vocês tenham gostado ♥ Comentem o que acharam da última att. XxAlly





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