Última atualização: 18/10/2020

EXO PLANET

Eu já estava ficando extremamente irritada com essa coisa que acordar tossindo e toda molhada. Ainda era noite, porém a brisa fresca tocava minha pele como seda. Abri os olhos passando a mão no rosto, tinha um homem me olhando de forma estranha. Seus traços asiáticos eram nítidos assim como seu olhar curioso.

— Onde estou? — perguntei de imediato, olhando em minha volta.
— Você não sabe? — o homem riu de mim.

Olhei para os lados, pela arquitetura da cidade, eu não tinha voltado para casa. O que me deixou chateada e apreensiva. Voltei meu olhar para baixo, minhas roupas medievais chinesas encharcadas de água estavam mais frias, talvez uma consequência do tecido úmido. Eu me esforcei para me levantar, porém senti uma pontada de dor em meu tornozelo. Era só o que faltava! O homem se aproximou de mim e me ajudou a levantar.

— Está tudo bem mademoiselle? — perguntou ele — Sente dores?
— Meu tornozelo, obrigada por me ajudar. — o olhei e sorri com gentileza — Quem seria meu salvador?
— Sehun, Oh Sehun. — disse ele — Não é francesa, mas possui traços coreanos.

Seu comentário foi pertinente e bem observado. 

— Sim, tenho antepassados coreanos e meu nome é . — assenti — Onde exatamente estou? 

Indaguei novamente.

— Olhei para trás e saberá. — sugeriu ele.

Só então eu olhei para trás de mim e vi o grandioso monumento parisiense, a Torre Eiffel. Fiquei mais ainda em choque. Voltei meu olhar para o cavalheiro em minha frente e analisei suas roupas, pelos trajes não estávamos nem mesmo no século XX.

— Em que ano estamos? — perguntei a ele.
— Acho que bateu forte a cabeça, quando caiu no lago da torre. — ele riu baixo, porém demonstrando todo respeito de um lorde — Estamos em 1889, me admira fazer tal pergunta.

A Belle Époque da saudosa Paris. Agora estava explicado, avancei alguns anos para os finais do século XIX. Não era de tudo ruim, eu poderia ter ido parar no Egito Antigo e ser escravizada como os hebreus. Seu eu havia avançado tanto assim, ainda havia esperanças para retornar ao meu tempo. Olhei para minha mão e o cordão estava amarrado ao meu pulso. Respirei aliviada por aquilo.

— Sehun. — olhei para ele — Preciso de um lugar para ficar, até retornar para minha casa.
— Está esperando o navio que parte para o oriente? — perguntou ele.
— Sim, estou. — evitei ter que contar toda a minha história de viajante do tempo.

Pouparia tempo e desgaste explicando tudo. 

— Bem, acho que pode se abrigar no lugar onde trabalho. — sugeriu ele — A madame François sempre abriga donzelas bonitas.
— Legal da parte dela, vou levar como elogio. — brinquei.

Legal? Ou preconceituoso? Segurei o riso e o segui. Eu não tinha muito o que fazer, se o colar só funcionava em noite de lua cheia, eu teria que esperar pelo menos um mês para tentar meu retorno para casa. E enquanto isso? O que eu faria? Não poderia morrer de fome ou ficar no relento. Se os homens não respeitam as mulheres em pleno século XXI, imagine nas épocas passadas. Agradeço a Deus por esse pingente não ter me mandado para uma aldeia Viking. Imagina o terror.

Assim que chegamos à frente do lugar onde Sehun trabalhava, me deparei com um cabaré parisiense. 

— Tá explicado o lance de donzelas bonitas. — sussurrei.

Desta vez o passado se superou. Entramos pelos fundos, na entrada dos funcionários. Sehun era um dos garçons que servia as mesas dos nobres, instigando-os a consumir mais e gastar mais, nada novo sob o sol. Ele me apresentou a espalhafatosa madame François, uma loira de quase 1,80 de altura e extremamente charmosa e bonita. Segundo os comentários baixos de Sehun, ela era acompanhante de luxo de vários nobres franceses e grandes burgueses britânicos. Ele pediu ajuda para mim em seu nome e inventou algo para explicar minhas roupas molhadas.

— Eu juro senhora que não ficarei em Paris por muito tempo, mas preciso de onde ficar e não disponho de dinheiro algum. — disse tentando me parecer com o dialeto cordial da época.

O que Orgulho e Preconceito ou Razão de Sensibilidade, não faz para ajudar amantes de romances de época. Nem só de dorama vive meu coração romântico.

— Por isso lhe peço por um emprego temporário. — continuei.
— Quem você disse que ela era? — madame olhou para Sehun desconfiada.
— Ela é uma prima distante, veio me visitar e parte em um mês. — disse ele mentindo para me ajudar.
— Muito bem, deixarei você encarregada pela limpeza do salão e das mesas. — disse ela demonstrando aprovação — À noite, ajudará os garçons a servir os clientes, mantenha-se de boca fechada e olhos abertos.
— Sim madame. — assenti.

A reputação e status da madame François sobrevivia dos segredos que ela coletava e escondia da alta sociedade europeia. Não era somente franceses que frequentava seu cabaré, e me lembrando bem como foi Paris nessa época da história, o mundo estava concentrado nesta cidade. Me deu até uma vontade forte de conhecer algum pintor famoso por aqui. Sehun me levou no quarto aos fundos do porão, seria meu lugar de descanso após o dia de trabalho duro. Mais um momento de aprendizado em minha vida.

— Então, não é muita coisa, mas acho que dará por um mês. — disse ele assim que abriu a porta e entramos — A madame sempre reserva os quartos do porão para quem não tem onde repousar.
— Isso é muito gentil da parte dela. — admiti.
— Sim, as últimas donzelas que ficaram neste quarto se tornaram dançarinas e agora possuem cavalheiros que as patrocinam. — comentou ele.
— Será que ela está pensando que eu vou virar uma dama de companhia como as outras? — olhei para ele meio receosa.
— Talvez, ela fez questão de dizer que sua beleza é diferente e exótica por não ser francesa e nem britânica. — respondeu ele com um olhar preocupado — Mas, fique atenta e faça direito seu trabalho, ela costuma alegar dívidas que não existem para prender as meninas aqui.
— Serei cuidadosa. — assegurei a ele.

Era o que eu tinha para o momento, mesmo com os riscos de acabar sendo escravizada pela madame. Mas enfim, eu tinha meu cordão e o pingente, o que significava que eu iria para casa na próxima lua cheia, ela querendo ou não. Na manhã seguinte, acordei bem cedo com a ajuda de Sehun e segui para minhas funções iniciais. Nunca vi um lugar tão difícil de limpar e tão grande. Meu novo amigo me ajudou bastante nesse início, claro que escondido da madame.

— Aqui. — disse ele me entregando um pequeno cesto com pão e algumas frutas — Você merece.
— Quando vai me custar? — brinquei pegando de sua mão.
— Não se preocupe com isso. — ele deu um sorriso reconfortante — De onde exatamente é?
— Da Coréia…

Logo me lembrei que nessa época estava ocorrendo a Primeira Guerra Sino-Japonesa em disputa pelo território Coreano. Não foi uma resposta muito boa.

— Como conseguiu sair do país? — perguntou ele — Tenho família lá ainda, fico preocupado com eles de tempos em tempos, mas não posso retornar.
— Entendo, é meio complexo a forma que eu saí, nem vale a pena mencionar. — assegurei a ele.

Mentindo eu não estava.
Continuamos conversando sobre algumas coisas. Sehun me contando sobre sua infância difícil em que se escondeu em um navio britânico e veio para a Europa. Foi interessante conhecer sua vida e ver que também não era fácil viver naquele tempo, quando não se nasce em berço de ouro.

--

Dias foram passando com rapidez. Era final de outono na Europa. Confesso que nunca trabalhei tanto na minha vida por um prato de comida e uma cama para dormir. Nunca mais reclamarei do estágio na biblioteca da Universidade de Yonsei. Olhei no calendário e faltava um dia para lua cheia. O cabaré estava mais cheio que o normal, devido a eventos que aconteciam pela cidade. Ao servir um nobre espanhol, o homem cismou com minha cara e me ofereceu dinheiro para acompanhá-lo em um dos quarto. Recusei de imediato e me afastei de sua mesa rapidamente.

— O que foi? — perguntou Sehun ao se aproximar de mim.
— Aquele nobre espanhol, me fez uma proposta indecorosa. — respondi irritada — Quero me manter longe dele.
— Se tiver algum problema, me chame. — disse ele já se preocupando.
— Tá tudo bem, amanhã será meu último dia aqui mesmo. — assegurei a ele.

Continuamos nossa jornada de servir as mesas e sorrir forçadamente para os clientes. Eu evitava ao máximo passar pela mesa do nobre espanhol. Ao final da noite, madame François me chamou em seu escritório próximo a cozinha. Ao entrar, tinha um vaso quebrado em cima de sua mesa, não entendi direito, mas ao seu lado estava uma das garotas vip dela.

— Sim. — disse — O que deseja madame?
— Chegou ao meu conhecimento sua falta de cuidado com os artigos do salão. — iniciou ela — A senhorita sabe quanto custou-me esse vaso?
— Não. — disse a ela confusa pela situação.
— Foi um lorde chinês quem me vendeu, é muito valioso para mim e a senhorita o derrubou. — alegou ela.
— O que? Como assim? Eu não derrubei nada. — afirmei.

Eu seguia à risca todo o cuidado na limpeza do salão.

— Bem, Fantiny está aqui do meu lado como testemunha. — ela apontou para moça — Ela viu quando derrubou e escondeu os cacos.
— O que? — eu estava boquiaberta com aquilo.

Então esse era o golpe que ela dava para endividar as pobres garotas.

— Me desculpe madame, mas isso não aconteceu por minhas mãos. — assegurei a ela.

Mesmo sem sucesso.

— Bem, podemos fazer um acordo, você me paga e eu lhe deixo ir, caso contrário, chamarei as autoridades. — disse ela.
— Eu não te devo nada, e não vou pagar. — levantei minha voz mais do que nervosa por aquilo.
— Fantiny, chame os guardas. — pediu madame.

Pensei comigo, a lua cheia é amanhã, se eu for presa eles poderia pegar meu cordão. Não podia deixar isso acontecer.

— Espera. — disse segurando a raiva — Quando eu devo?
— Hum… — ela sorriu de canto — Tenho uma oferta, preciso fazer uma entrega em um endereço, mas não posso pedir a pessoas estranhas.
— E você quer que eu entregue?! — conclui.
— Sim. — disse ela.
— Quando?
— Amanhã ao amanhecer. — disse ela.
— Tudo bem. — assenti.

Eu já estava com a revolta à flor da pele, mas aceitei o trato. Em 24 horas eu já sairia dali mesmo. Voltei para o grande salão e contei tudo a Sehun, que ficou mais revoltado que eu. Naquele um mês ali, tínhamos desenvolvido uma amizade legal e saudável. Claro que ele demonstrou interesse em mim há dois dias atrás, mas assegurei a ele que não poderia ficar e que meu coração pertencia a outro. 

Na manhã seguinte, peguei um envelope com a madame e segui para o endereço que ela me pediu. Sehun foi comigo, segundo ele, precisava ter certeza que não tinha nenhuma armação da madame para mim. Fui recebida pela criada, que ordenou que eu entrasse sozinha. Quando cheguei na sala, aí que entendi que o envelope em minha mão era uma desculpa. A casa pertencia o nobre espanhol, que estava à minha espera como uma cobra pronta para dar o bote. Aquela serpente da madame havia me enviado para o covil do lobo, como uma ovelha para o abate.

— Eu disse que seria minha, poderia ter aceitado o dinheiro. — disse o nobre.
— Jamais. — dei um passo para sair de lá.

Contudo, a criada maldita fechou a porta e trancou pelo lado de fora. 

— Não podes escapar de mim. — ele se impulsionou vindo em minha direção.

No mesmo instante me lembrei do que havia aprendido com o Lay. O nobre nojento me agarrou tentando retirar minhas roupas, eu me esforcei para me livrar dele enquanto gritava por ajuda. Aquelas roupas ordinárias do século XIX me impediam de ser mais ágil e habilidosa em minha defesa pessoal. De repente, a porta foi arrombada e Sehun apareceu, ele feio em confronto com o nobre e o socou. O nobre por sua vez retirou uma arma de trás da almofada e tentou atirar em Sehun, que foi mais rápido e o desarmou o socando novamente. 

Sehun segurou em minha mão e aproveitando o nobre desmaiado no chão, me tirou daquele lugar. Antes de ir, olhei de relance para a criada cúmplice e só então notei que ela tinha alguns hematomas a mostra sendo escondidos pela maquiagem mal feita. Senti um pouco de empatia, mas estava em processo de fuga e não tinha cabeça para ajudá-la. Eu pedi para que ele me levasse novamente ao lado da Torre Eiffel, era o lugar mais apropriado para minha partida. Ele me achou maluca a princípio, porém assentiu e me ajudou.

— E agora? — perguntou ele.
— Esperamos até anoitecer. — disse a ele.

Eu precisava da lua cheia para ir embora.

— Serão minhas últimas horas com você? — perguntou ele.
— Sim.
— E não vais voltar?! Não é?
— Não.

Seu olhar estava triste.

— Sei que tens o coração ocupado por outro homem, mas saiba que estarás sempre em minhas lembranças. — garantiu ele num tom melancólico.
— Você também. — sorri de leve.
— Quero lhe dar uma coisa. — ele retirou um anel do bolso e colocou na palma de minha mão — Para se lembrar sempre de mim.
— Eu não posso aceitar. — disse a ele.
— Nunca gostei tanto de alguém em tão pouco tempo, quanto gosto de você, por favor, fique com ele. — disse com sinceridade no olhar.
— Tudo bem. — peguei o anel e coloquei em meu dedo.

Curiosamente o objeto se encaixou perfeitamente como se tivesse sido feito sob medida para mim. Ficamos ali, sentados na grama esperando pelo pôr do sol. Ao cair da noite, me despedi de Sehun e pedi que se virasse, para que eu fosse embora. Não queria correr o risco dele me achar ainda mais louca e me salvar de novo. Respirei fundo, entrei no lago e deixei meu corpo flutuar. De repente um vendaval começou a tomar conta do lugar, uma chuva forte fez as águas do lago se agitarem de forma estranha e inesperada.

Lancei meu olhar para lua e coloquei a mão no pingente no cordão amarrado ao meu pulso. 

Pedi no mais profundo do meu coração para voltar para casa.

Eu desejava encontrar Baekhyun novamente.

Você me fez arriscar meu coração numa oportunidade única.
Agora, todos estão olhando para nós com pipoca na boca. 
- Lotto / EXO

Tempo: Essa é a história que eu não quero lembrar, esta é a história que eu quero viver.” - by: Pâms



FIM?! Continua em Half Moon...



Nota da autora:
Hello gente!! Mais uma saga maluca que saiu da minha cabeça, sempre quis escrever mais histórias de viagem no tempo e aqui está uma aproveitando o conceito do EXO de vários mundos!!! Espero que gostem.
Bjinhos...
By: Pâms!!!!
Jesus bless you!!!




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