Finalizada em: 15/08/2023

Capítulo Único

Deitada no colo do seu melhor amigo enquanto assistiam a um daqueles filmes esquisitos que ele tanto gostava, você estava completamente desligada do momento, pensando e sentindo as coisas erradas. Já fazia algum tempo que você se imaginava com ele, fazendo… algo que vocês nunca haviam feito. Ou melhor, algo que você não tinha feito. Ele já. Com outras garotas.
Os dedos de entravam e saíam do meio dos seus cabelos devido ao cafuné que ele costumava lhe fazer quando estavam nessa posição. Porém, desta vez, você sentia arrepios espalhados por todo o seu corpo sempre que o sentia traçando pequenos trajetos pelo seu couro cabeludo.
Antigamente, você preferia não dar nome aquelas sensações, pois, assim, elas não se tornariam reais. Depois de algum tempo em negação, começou a se questionar se estava se apaixonando por ele. Não, com certeza não, você concluiu ao perceber que não havia ciúmes e nem gostaria que sua relação deixasse de ser uma amizade, com cumplicidade e apoio mútuo. Até que, por fim, você entendeu que era só tesão mesmo.
Atração, fogo no rabo, desejo.
Afinal, como não seria nenhuma destas definições se todas as vezes que ele te encostava, você sentia seu corpo pegar fogo e, à noite, sempre que se masturbava pensava única e exclusivamente nele?
Os créditos do filme estavam passando quando você finalmente se deu conta que te encarava segurando uma risada.
― Que foi? ― Suas bochechas queimaram levemente.
― Você não prestou atenção no filme de novo, né?
― Você devia experimentar me deixar escolher de vez em quando.
― Tenho certeza de que iríamos assistir um monte de comédias românticas.
― É bom se alienar de vez em quando, sabia?
― Ok. ― Riu. ― Da próxima vez, você escolhe, tá? ― Desligou a televisão.
Sem movimentos bruscos, o homem acendeu um cigarro e colocou seu cinzeiro sobre o braço do sofá, dando as primeiras tragadas.
― O que era tão importante assim pra você não poder gastar duas horas do seu precioso tempo assistindo algo com seu amigo aqui?
Tomada de uma coragem que você nem saberia dizer de onde vinha, levantou-se, sentando-se de frente para ele, as pernas cruzadas sobre o estofado.
, você acha que tem algo de errado comigo?
― O que quer dizer? ― Encarou-a, pondo o tabaco entre os lábios.
― Bom, eu tenho 21 anos e devo ser a única pessoa nessa idade que é virgem. ― Viu-o franzir a testa.
― Idade é apenas um número. Não tem nada de errado com você, talvez você só não estivesse preparada.
― Eu tento me convencer disso, mas nunca nem… cheguei perto de acontecer.
― Você pode achar que não, mas as outras pessoas sabem quando você está hesitante, por isso, talvez nunca tenha acontecido.
Nervosa, seus pensamentos estavam acelerando, tentando concluir qual era a melhor maneira de dizer o que queria sem que isso causasse em um acesso de risos ou que ele, de alguma forma, se sentisse ofendido.
― Entenda, você é linda, minha querida, e não há nada de errado com você. ― Bateu a ponta do cigarro do cinzeiro, voltando a tragá-lo em seguida.
― Se você acha isso, então, por que você não é meu primeiro?
Sério, fitou-a por alguns segundos no fundo dos seus olhos. Diferente do que achou, ele não riu, não levou como brincadeira nem se sentiu ofendido. Apenas continuou a encará-la, então, desviou o olhar para o cinzeiro, batendo a ponta do cigarro novamente.
― Você deveria fazer isso com alguém que você goste. A não ser que você esteja tentando dizer que… ― deixou no ar.
― Não, não estou me declarando. Nada contra você, mas, convenhamos, que também não dá para ter nada a favor. ― Trocaram um meio sorriso. ― É só porque… às vezes, parece que isso é um peso que me impede de ter algo com outras pessoas. É só me ouvirem dizer que sou virgem e, automaticamente, parece que estou pedindo em casamento.
― Mas, se você está tão disposta assim que aconteça de uma vez, quer só… ― Deu de ombros. ― deixar de ser virgem, pode ser com qualquer pessoa e você pode ser franca, certo? Por que eu?
― Eu não vou transar com um estranho qualquer. ― Uma risadinha escapou enquanto aspirava a fumaça do tabaco, fazendo-o tossir de leve.
Pronto, agora vou sair como a palhaça da história, pensou já se preparando para o que viria em seguida.
Pressionando a bituca do cigarro contra o fundo do cinzeiro, soprou a fumaça para o alto, virando-se de frente para a amiga.
― Tem certeza?
― Você acha que eu estaria te pedindo abertamente para transar comigo se eu não tivesse certeza?
― Você tem um ponto. ― Franziu os lábios.
― Mas tenha poucas expectativas. Como eu disse, nunca fiz nada parecido com ninguém.
― Não precisa se preocupar. ― Deu um meio sorriso. ― Eu cuido de você. ― Pôs uma mecha do meu cabelo atrás de sua orelha.
Olhando-a nos olhos, o homem segurou seu rosto entre suas mãos, aproximando-se lentamente. Era quase como se estivesse lhe dando tempo para refletir se realmente estava decidida sobre aquilo.
Ao sentir os lábios dele nos seus, algo dentro de você se revirou, se acendeu. As borboletas no seu estômago davam voos rasantes e a fogueira que estava se apagando conforme vocês se afastaram fisicamente estava reacendendo, como se alguém tivesse jogado lenhas embebidas em álcool.
Devagar, aqueles lábios com gosto de nicotina a tomavam e a realidade era muito melhor do que sua imaginação em noite abafadas entre as quatro paredes silenciosas de seu quarto. A forma como a língua dele roçava na sua fazia as coisas no meio das suas pernas ficarem quentes, animadas, úmidas.
Você mal podia se conter, mas, quando uma das mãos de subiu pela sua coxa e encostou levemente em um dos seus seios, foi quase impossível não sobressaltar. Afastando-se dele, pôs-se de pé, calçando os chinelos.
― Acho que eu… é melhor eu… ― você gaguejava enquanto que, sem compreender, o homem franziu a testa.
Encaminhando-se para a porta, você saiu sem nem se despedir.
Idiota, você é uma idiota! É óbvio que você não ia conseguir com ele! Você acha mesmo que isso tinha como dar certo? Seus pensamentos eram um turbilhão, tanto que mal conseguiu apertar o botão do elevador sem tremer.
Entretanto, quando as portas se abriram à sua frente, automaticamente, você se arrependeu, porque, talvez, só talvez, ninguém mais fosse ter o mesmo zelo e carinho que seu melhor amigo teria com você. Além do mais, todo mundo faz isso, é só deixar se levar, certo? Não deve ser tão difícil, convenceu a si mesma, caminhando de volta para a casa de .
Sem bater na porta ou anunciar seu retorno, adentrou na sala, encontrando-o fumando outro cigarro, praticamente, recém-aceso.
― Hã, oi? ― Deu um sorrisinho de quem estava prestes a soltar alguma piadinha da qual ela não riria e soprou a fumaça.
― Tá, agora é sério. Vamos fazer isso. ― arqueou as sobrancelhas.
― Tem certeza que você quer que seja hoje?
― Nem que você tenha que me amarrar na cama.
― Uau! ― Riu. ― Mas eu não vou fazer isso, é um pouco demais pra uma primeira vez, não acha? ― Você riu de nervoso, sentindo-se desarmada.
É, ninguém vai ser como ele, foi tudo o que você pensou.
Apagando o cigarro no cinzeiro, o homem se levantou, dando alguns passos em sua direção. Parado à sua frente, pegou uma de suas mãos, beijando o dorso e, em seguida, beijando seu rosto.
― Não vou te amarrar, mas eu sei o que fazer pra isso ― Apontou com a cabeça para a porta. ― não acontecer de novo. ― Só isso já foi o suficiente para fazer seu rosto e sua nuca queimarem.
A verdade é que você nunca o tinha visto daquele jeito. As feições suaves, o tom de voz aveludado e um sorriso paquerador, que, em outra situação, você não saberia distinguir se ele estava flertando ou apenas sendo legal.
Guiando-a pela mão, levou-a para seu quarto.
― Senta. ― Por um segundo, você agradeceu por ele ter lhe dado uma ordem, afinal, seu cérebro parecia prestes a entrar em parafuso.
Dando a volta na cama, subiu na mesma, ficando de joelhos atrás de você. ― Fecha os olhos, querida ― falou bem baixinho perto de um dos seus ouvidos e você apenas o obedeceu, como se já estivesse acostumada a fazer isso.
Não demorou até que você sentisse seus dedos calejados sobre seus ombros, massageando-os com a quantidade certa de pressão em cada ponto. Você amava massagens em qualquer parte do corpo. Elas te faziam relaxar e amolecer quase que instantaneamente. , mais do que ninguém, sabia disso.
Deslizando as mãos por um de seus ombros, passou a massagear um de seus braços por alguns minutos, seguindo para o outro. Após finalizar, voltou a concentrar-se em seus ombros e pescoço pouco depois.
Serpenteando ao seu lado, a beijou novamente, desta vez, de forma mais breve, sem te dar muito tempo para sentir todos aqueles fogos de artifício no fundo do estômago.
Sentando-se encostado na parede, gesticulou para que você se sentasse no meio das pernas dele, encostada em seu peito. Sentindo tudo dentro de si tremular, mais uma vez, você o atendeu, porém com um pouco de dificuldade de relaxar. Nem parecia que acabara de receber a massagem que quase lhe transformou em uma massinha de modelar derretida.
Beijando seu ombro, a lateral da sua cabeça e, por fim, sua orelha, aproveitou a proximidade para sussurrar em um tom de voz ainda mais aveludado:
― As minhas mãos são suas. Use elas como quiser, exatamente como você faz quando está sozinha. ― Meio surpresa, o ar ficou preso em seus pulmões por alguns segundos.
― Eu não… acho que eu não.. não sei como… quer dizer, acho que não consigo ― concluiu a frase que parecia estar engasgada em sua garganta.
― Feche os olhos e se imagine no seu quarto, sozinha. Só você e suas… mãos amigas. ― Ouviu o tom de risada que tomou sua voz nas últimas palavras. Ele se acha muito engraçado.
Respirando fundo, você resolveu seguir o conselho dele. Fechou os olhos e tentou se imaginar no escuro do seu quarto, o silêncio da noite a envolvendo, os únicos pensamentos eram apenas os mais pecaminosos possíveis. Somente aqueles que faziam suas coxas molhadas resvalarem após um orgasmo de gemidos reprimidos.
Pondo as mãos sobre as do homem, levou-as primeiramente aos seus seios, fazendo-as se fecharem ao redor deles, apertando-os com vontade. Deixando uma sobre seu peito, você arrastou a outra mão por todo o seu torso, estacionando-a em meio às suas pernas. Vagarosamente, segurando aquela mão em uma posição firme, passou a rebolar sobre ela, fazendo um calafrio subir da planta dos seus pés até seu couro cabeludo.
Ao mesmo tempo que, no fundo da sua cabeça, algo constantemente te lembrasse que aquelas não eram as suas mãos, que talvez fosse melhor deixá-lo tirar sua roupa de uma vez e fazer com você o que quisesse o mais rápido possível, você também estava começando a tomar consciência do seu próprio corpo. Você o sentia por inteiro, cada micro sensação, até mesmo, do que era apenas uma extensão da sua pele, como suas roupas. Era como se você conseguisse sentir a fricção entre os tecidos todas as vezes que você se esfregava nas mãos de .
Como se a vergonha já não fizesse mais parte daquele momento, você já o queria mais perto, sentir sua pele na dele. Queria sentir como seria a sensação, por exemplo, daqueles calos tocando áreas extremamente sensíveis. Por isso, você abriu os olhos e os focou no cós do seu short, para abri-lo. Tão logo conseguiu, pegou a mão de novamente, enfiando dentro de sua calcinha e, posicionando os dedos sobre seu clitóris, desajeitadamente, a fez se mover ali.
Era um movimento sem coordenação alguma, mas tinha ritmo e isso a fez apertar as pálpebras umas contra as outras de prazer. Mordendo o lábio inferior, você reprimia os primeiros gemidos baixos que se formavam na sua garganta. Talvez a vergonha estivesse superada em relação ao homem, mas era difícil largar alguns velhos hábitos, como o de não fazer barulhos que pudessem acordar as pessoas que dormiam na sua casa.
― Você pode gemer se quiser. Aliás, é assim que eu vou saber se você está gostando ou não, ok? ― sussurrou de novo, mas aproveitando para lamber sua orelha.
E foi desse jeito que, sem pensar sobre o que aquilo significava, você deixou o primeiro gemido escapar. Quase como um suspiro de alívio. Mais alto. Mais melodioso. Mais voluptuoso.
Depois do primeiro, vieram outros. Mais finos, mais baixos, mais roucos ou mais parecidos com um clamor.
Seu corpo, principalmente, pedia por mais. Mais velocidade, mais força. Você nem sabia mais o que fazer com as mãos dele para conseguir o que queria. Naquela situação, raciocinar não era a tarefa mais simples.
No entanto, quando seu corpo começou a estremecer com mais frequência e os espasmos das suas pernas estavam acontecendo em intervalos cada vez menores, tirou delicadamente a mão da sua boceta. E você nunca ficou decepcionada tão rápido.
Desencostando-se dele, você o viu levar os próprios dedos à boca, chupando-os instantes antes de te puxar para mais um beijo. Agora, além do gosto de cigarros, a boca dele também tinha, muito discretamente, o seu gosto e isso te fez ficar ainda mais excitada, querendo cobri-lo com seu corpo, se esfregar nele até que você esquecesse o seu próprio nome.
Ajoelhando-se na cama, afastando-se somente o suficiente para se ajeitar, sentou-se em seu colo, com uma perna de cada lado de seu quadril. Assim, você conseguia não só se esfregar nele, bem como sentir o volume que marcava suas calças.
Iniciando um novo beijo, lhe segurava pela cintura, explorando sua boca com mais voracidade, como se estivesse faminto. Então, é por isso que todas ficam choramingando pelos cantos quando ele não as quer mais?, foi o único pensamento que ecoou na sua mente enquanto você se agarrava ao pescoço dele.
Desamarrando sua blusa, ele encerrou o beijo para ver o exato momento em que o tecido deslizava pelos seus braços, deixando seus peitos à mostra. Sua primeira reação involuntária foi tentar cobri-los meio sem jeito.
Comparada às garotas com que seu amigo estava acostumado a ficar, seu corpo era de menina. Uma menina boba e sem curvas interessantes. Refletir sobre isso quase a fez querer vestir-se de novo e ir embora. Entretanto, cuidadosamente, segurou seus braços pelos pulsos, afastando-os de seu tórax.
― Você não precisa ter vergonha ― falou baixinho, buscando pelo seu olhar.
― Até porque você já deve ter visto coisa bem melhor, né? ― respondeu em um tom de piada, tentando esconder o fundo autodepreciativo.
― Não. Você não precisa se esconder porque você é linda. ― Segurou seu rosto entre aos mãos dele, acariciando suas bochechas com os dedões.
Encarando-o, você via a verdade estampada naqueles olhos castanhos brilhantes. Sim, ele realmente te achava linda e só de pensar nisso seu rosto ficava febril, provavelmente, se visse o seu reflexo no espelho, veria suas maçãs do rosto avermelhadas.
Superando qualquer expectativa, envolveu-a em um abraço, confortando-a em meio aos seus braços. Permitindo-se recostar a cabeça sobre o ombro dele, você concluiu pela quinquagésima vez só naquela tarde que ninguém faria como ele. Estava explícito que não era só sexo e isso você jamais teria com qualquer outro.
Desvencilhando-se, olhou-a por mais alguns segundos nos olhos antes de se inclinar sobre você para que vocês dois se deitassem. Tão logo teve a oportunidade, ergueu-se somente o suficiente para tirar o resto das suas roupas.
Você sentia o tecido do short passando pelas suas pernas, o que a fez sentir um arrepio de ansiedade. Mesmo o olhando e tendo uma mera noção de como as coisas costumavam acontecer durante o sexo, não era o mesmo que na vida real. Aquela era uma ocasião completamente diferente das quais você já havia se encontrado com . O mais próximo que ele havia chegado de te ver sem roupa era quando vocês iam para a piscina na casa do pai dele. E geralmente você era a única garota de maiô, nunca de biquíni.
Os pensamentos estavam rápidos. A mil por hora. O que vinha depois, o que você devia fazer, será que devia fazer algo, ele sabia mesmo o que estava fazendo… Eram tantas perguntas sem resposta que você parecia sufocar soterrada embaixo de todas elas.
Todavia, milésimos de segundos após ele sumir em meio às suas coxas, tudo pareceu sumir da sua mente. A boca dele estava em ação e seu corpo, de repente, pareceu borbulhar por dentro. Você jamais poderia imaginar que essa era a sensação de um oral. Aliás, como você conseguiu viver 21 anos sem sentir aquilo?
Era como se você estivesse deitada à beira-mar com as ondas quebrando sobre você e prestes a te levar. No entanto, aos poucos, era como se você se tornasse parte do oceano, só que com ondas de prazer que só aumentavam de tamanho e força.
A língua dele ia e voltava ao redor e sobre o seu clitóris. Às vezes, você até sentia vontade de gritar, mas tinha plena certeza de que não sairia nada, pois seus pulmões queimavam e sua respiração pesava uma tonelada.
E a pior parte certamente não era quando sua língua roçava sobre o ponto mais sensível em sua boceta, fazendo-a trancar sua respiração, mas quando ele decidiu distribuir lambidas e beijos pelas partes internas de suas coxas. Suas mãos se agarraram à roupa de cama, apertando-as em meio aos seus punhos.
Ao senti-lo novamente em sua boceta, um gemido muito alto saiu da sua garganta. Talvez aquele fosse o som mais primitivo que você produziu em toda a sua vida, o que até poderia te envergonhar, só não aconteceu porque serviu para que entendesse em qual ponto deveria continuar a trabalhar por um tempo.
Mesmo se segurando muito, às vezes, você meio que se debatia. Os espasmos faziam suas pernas quererem se fechar, porém não as deixava. Com os braços praticamente enrolados ao redor de suas coxas, ele as segurava separadas o suficiente para que coubesse confortavelmente ali.
Seu ventre tremulava cada vez mais violentamente e sua cabeça se levantava involuntariamente quanto mais próxima você ficava de alcançar o orgasmo.
Inesperadamente, o homem ergueu-se e, por um segundo, você desejou muito ter forças para xingá-lo, mas estava tão ofegante que tinha certeza que mal conseguiria pronunciar uma única palavra.
Pondo-se de pé, tirou a própria roupa devagar e, por mais que a intenção não fosse um strip tease ou algo do gênero, você mal conseguia desviar os olhos. Tudo em sua figura parecia atrair ainda mais o seu olhar. Os cabelos compridos quase cobrindo o rosto conforme sua cabeça abaixava, a camisa deslizando pelos ombros, o peito desnudo, as mãos puxando as calças junto com a cueca para baixo. Neste momento, inclusive, suas bochechas pegaram fogo ao mesmo tempo que sua boca salivou.
E este era mais um fato engraçado sobre o corpo humano: como as reações sexuais eram bem semelhantes às que temos quando estamos com fome. Talvez faminta fosse a palavra certa para descrever como estava se sentindo.
Sentando-se outra vez na cama, ainda remexeu em uma gaveta do armário ao lado de sua cama antes de voltar a olhar para você. Com uma embalagem de camisinha nas mãos, lhe direcionou um sorriso antes de deslizar o conteúdo do pacote sobre o próprio pênis. Você não queria encará-lo demais, mas era meio impossível desviar os olhos.
Com o apoio das mãos, engatinhou até você, posicionando-se sobre seu corpo, sem soltar todo o peso de uma vez só. Olhando-a nos olhos, selou seus lábios algumas vezes e, por fim, beijou-a. Não como nas primeiras vezes. Agora, era muito mais tranquilo, como se tentasse reconectar vocês após os poucos minutos que haviam ficado longe um do outro. E funcionou. Era como se ele nunca tivesse se levantado dali.
Vagarosamente, você sentiu algo na entrada da sua vagina e, apesar de ter se preparado para a dor, ardência, sangue ou qualquer coisa que haviam lhe dito que poderia acontecer, nada disso realmente aconteceu. Ele a penetrou por inteiro e, sim, a sensação foi estranha no início. Era… diferente de quando eram só seus dedos ali.
― Tudo bem? ― Deu um beijo na ponta de seu queixo, esperando pela sua resposta.
Com um meio sorriso, você assentiu e, assim, começou a se movimentar, entrando e saindo devagar.
No princípio, você ficou se perguntando se conseguiria ter um orgasmo só com penetração. Pelo menos, nunca tinha acontecido quando você se masturbava. E você ficou constrangida de pedir algo a ele, por isso, passou a torcer para que as coisas fossem diferentes quando era outra pessoa fazendo “sua mágica”.
À medida que o homem aumentava a velocidade, você tentava relaxar um pouco mais, deixando o som dos gemidos dele preencherem os seus ouvidos. A sensação de bem-estar em seu baixo ventre estava crescendo e você queria que ela se espalhasse por todo o seu corpo, o que só seria possível se você se permitisse senti-la, desse passagem para que ela viajasse pela sua corrente sanguínea.
Durante todo o tempo que permaneceu sobre você, não quebrou o contato visual entre vocês. E, por um instante, você compreendeu porque talvez o corpo não fosse a parte mais importante para ele. O que seu amigo buscava estava no olhar e, daquele momento em diante, você passou a se sentir uma mulher interessante, capaz de prender a atenção de alguém. Você, inclusive, se sentia um pouco mais confiante quando pensava que ele estava gemendo por sua causa.
Erguendo o tronco, se ajeitou para continuar a penetrá-la, porém, aproveitou a distância para estimular seu clitóris junto. Mentalmente, você agradeceu por não ter precisado dizer nada ou esgueirar sua mão para fazer aquele “trabalhinho sujo”.
Aos poucos, o que você sentia em seu ventre, se espalhou para todas as extremidades de seu corpo, fazendo com que, novamente, você tivesse consciência de cada pedacinho dele. Seus dedos formigavam, seu coração parecia prestes a estourar sua caixa torácica, sua boceta pegava fogo. Você não tinha nem forças para gemer, sua respiração estava curta como se tivesse corrido uma maratona.
Suas pernas tremiam e o homem, mais uma vez, a segurava com a mão livre para impedir que se mexesse demais.
Seus músculos se retesavam na mesma medida que suas costas se arqueavam em uma resposta desesperada do seu corpo, como se quisesse fugir. Dentro de sua cabeça, você implorava para que seu corpo voltasse a te obedecer e permanecesse onde estava para que conseguisse gozar em paz.
aumentou a velocidade dos dedos calejados sobre o seu clitóris, fazendo-a gemer alto mais uma vez segundos antes de chegar ao orgasmo. Quando aconteceu, seus músculos e ossos pareceram derreter, quase como se você estivesse virando uma onda quebrada que seria carregada de volta para o oceano.
O homem entrou e saiu algumas vezes de dentro de você antes de soltar um gemido baixinho e rouco. Deitando-se sobre seu corpo, beijou-a lentamente.
Encarando-a, sorriu carinhosamente e você correspondeu.
― Tudo bem?
― Bem ― sussurrou, quase como num sopro, sorrindo. ― Ótimo, não sei. ― riu, ofegante.
Saindo de cima de você, o homem sentou-se na beirada da cama, de costas. Alguns segundos depois, vestiu a cueca de volta e saiu do quarto.
Na sua cabeça, aquela era a sua deixa para se vestir e ir embora, portanto, rapidamente, levantou-se da cama, catando suas roupas e colocando-as o mais rápido possível antes que ele retornasse.
Parado na porta, arqueou as sobrancelhas, soando confuso.
― Onde você vai?
― Pra casa. Nossa “conversa” ― fez aspas com os dedos. ― acabou, certo?
― Bom, você não… precisa ir. Se não quiser, claro.
― Achei que esse fosse meio que… sei lá… a etiqueta do sexo casual. ― Riu, nervosa. ― Você até se levantou.
― É, mas essa foi sua primeira vez e… bem… nós somos amigos. A não ser que pra você seja estranho. E… hã… eu fui jogar a camisinha fora. ― Apontou sobre o ombro, fazendo-a abaixar a cabeça para rir mais um pouco.
― Ok. ― Sentou-se novamente na cama.
― Você quer me contar como foi? ― Sentou ao seu lado, batendo com o ombro no seu em tom de brincadeira.
― Pra você se achar ainda mais fodão do que você já se acha? Não, obrigada.
― Só nessa resposta eu já sei tudo o que eu queria saber. ― Riu.
― O que você sabe?
― Que foi exatamente como você queria e, nas próximas, você vai dar aula, porque teve um bom professor. ― Rindo alto, foi sua vez de bater com o ombro no dele.
― Idiota. ― Olhando-o nos olhos, você continuou: ― Na verdade, foi um pouco melhor do que imaginei que seria. Mas só um pouco.
Abraçando-a, os impulsionou para que caíssem deitados na cama de novo. Aconchegando seu rosto próximo ao peito dele, você ficou extremamente feliz pela escolha que fez, pois, no fim das contas, não foi só sexo. Você foi amada.




FIM.



Nota da autora: Sem nota.




CAIXA DE COMENTÁRIOS
DEPOSITE SEU SURTO AQUI




comments powered by Disqus