Envio: Julho de 2021

SUKHA

Para mim.




Sukha , a felicidade genuína e duradoura, independentemente das circunstâncias na língua sânscrita.

Sorriu dócil para um dos homens que estavam guardando a porta, eram bonitos, pensou consigo mesma. Sentia-se ansiosa demais para chegar ao salão onde as pessoas estavam e enfim vê-lo, apesar de quase sempre estarem juntos, todo momento longe parecia uma tortura sem fim. O salão era bonito e bem iluminado e sentiu o corrimão gelado da escada quando o segurou com firmeza. Concentrava-se nos pés, era quase comum que tropeçasse em si mesma, mas naquela noite tudo devia ser perfeito, não podia cair.
Ao alcançar o último degrau, levantou o olhar ao notar a figura masculina bem vestida que estava parada diante dela.
- Estava te esperando. – Ele sorriu.
- Que bom. – sorriu aberto. – Seria péssimo chegar aqui e ficar sozinha.
- Eu nunca permitiria isso. – sorriu e segurou a mão dela entrelaçando os dedos, puxando-a sutilmente para o salão e já dando início a uma valsa alegre e suave.
- Esperou por muito tempo? – Ela quis saber, aproveitando para memorizar a sensação das mãos quentes dele contra sua própria mão, enquanto a outra segurava firmemente sua cintura.
- Alguns segundos. – Ele confessou piscando e ela abriu a boca incrédula. – Me esforcei para não me atrasar desta vez, odiaria perder sua entrada triunfal.
- Não foi uma entrada triunfal, eu estava com medo de cair, não enxergava nada. – Contou e ele gargalhou.
- Você é tão adorável. – Disse sorrindo e em seguida roubou um beijo rápido, fazendo sorrir.
- Cuidado, . – Ela o encarou com um sorriso singelo nos lábios e olhar. – Sendo romântico assim serei obrigada a pedi-lo em casamento.
- O casamento é uma instituição falida. – Ele respondeu sem perder a leveza.
- Não, não é. – argumentou. – Não deseja se casar?
- Já tive a experiência. – deu de ombros e percebeu o semblante da mulher mudar, seus olhos se estreitarem e seus lábios se torcerem infantilmente, como sempre faziam quando era contrariada. – Não, não faça assim. – Ele sorriu aberto. – Sorria, eu sou enfeitiçado por seu sorriso. - Pediu e ela sorriu grande, mostrando quase todos os dentes como fazia nos sorrisos mais verdadeiros.
- O casamento é algo bom, eu sei. Amor, apoio mútuo, respeito. – argumentou e a conduziu a um rodopio sútil que fez com que a saia de seu vestido se movimentasse.
- Tudo que já temos, fazemos e somos, sem precisar de um papel ou testemunhas. – Ele arqueou uma sobrancelha, mostrando que aqueles argumentos não o convenceriam.
- Bom...mas...certo, mas o casamento... – Ela mordeu o lábio inferior, tentando encontrar argumentos para convencê-lo, enquanto pensava sobre como ela era perfeita para ele. - É sobre amor e sobre amar tanto alguém que quer passar o resto de sua vida ao lado dessa pessoa, compartilhar a vida. Juntos para sempre. - contrapôs.
- O casamento não pode garantir isso. – Ele replicou e ela viu seu argumento ser vencido. – Mas se você quer isso, podemos nos casar. Amanhã se quiser. – Sorriu mais uma vez e balançou a cabeça negativamente, com o coração quente.
- Não é assim que funciona. – Ela sorriu, rodopiando mais uma vez e percebendo a presença de outras pessoas além deles. – Eu desejo me casar com alguém que anseie tanto isso quanto a respirar. Que mal possa esperar para dividir seu sobrenome comigo, que queira passar o resto da vida ao meu lado e que para garantir que pertenceremos apenas um ao outro, anseie se casar.
- Eu já sou essa pessoa, e nem precisei de um casamento para ter certeza. – Ele a provocou de novo, sorrindo e tentando beijá-la mais uma vez, mas recuou sorrindo. – Devíamos ir para fora. – Sugeriu . – Já me cansei de dançar e tem algo que que descobri que com certeza você vai gostar.

assentiu sorridente, acostumada ao jeito dele de não conseguir fazer a mesma coisa por muito tempo. Ao saírem do centro do salão pode notar com mais detalhes o ambiente, mulheres com lindos e grandes vestidos alaranjados, vermelhos, azuis, rosados, com muito brilho ou sem brilho algum, muitos bordados, homens vestidos elegantemente, outros que na tentativa de parecerem elegantes estavam apenas exoticamente engraçados.
De mãos dadas, passaram ao lado de uma longa e abarrotada mesa de iguarias, de onde um casal fugia de mãos dadas, correndo do salão para um dos corredores adjacentes, sorrindo um para o outro. Ao passar pela grande porta que levava ao exterior, puderam ver a meia luz, frente a porta ao lado, outro casal que se beijava como se fosse a primeira vez que faziam aquilo.
ofereceu o braço a , guiando-a para fora por uma longa e estreita escada, e enquanto desciam, podiam ouvir risos vindos de um labirinto do lado de fora do castelo.
- Ao que parece, é uma noite muito romântica. – comentou.
- Ainda não o suficiente. – sorriu olhando para ela.
- Estou curiosa, o que quer me mostrar? sorriu e nada respondeu.

Assim que os degraus acabaram, a guiou por um caminho curto de pedras entra a relva, por onde podiam observar a área externa do labirinto com suas tramas de rosas vermelhas.
- Não sei se consigo imitá-lo em sua calma e paciência. – Ela o provocou e apenas sorriu, se divertindo com a ansiedade dela. – Espero me lembrar de tudo amanhã. – Disse e ele a observou com curiosidade. – Quero contar sobre o quão maravilhoso isso foi. Aliás, o que mesmo disse sobre casamentos? – perguntou, girando o corpo para que pudesse caminhar de costas, enquanto o encarava.
- Certas coisas só cabem entre nós e é melhor deixar assim. – Respondeu sorrindo, guardando as mãos nos bolsos quando uma rajada de vento um pouco mais frio os atingiu.
- Não pretendo contar tudo. – Ela mentiu. – Mas algumas coisas, para mostrar o quão incrível é estar aqui. Queria que todos pudessem vir.
- Eu não. – gargalhou. – Minha intenção é ficar a sós com você. – riu incrédula. - É aqui. – Ele indicou com o olhar e girou em seu próprio eixo, dando as costas a ele.

Arcos de ferro fincados ao chão paralelamente se curvavam, criando um túnel coberto por flores pendentes e roseiras de várias cores.
- Eu...é tão lindo...mágico. – declarou admirada e segurou sua mão.
- Sabia que ia gostar. – Ele sorriu. – Vamos entrar, é ainda mais bonito por dentro.

e adentraram ao túnel juntos, apreciando cada tipo diferente de flor e suas cores, até que chegaram em um ponto onde o túnel se dividia em quatro caminhos diferentes, e no centro, uma fonte onde um pequeno cupido cuspia água e ali os dois pararam. - Você está linda. – sorriu admirando mais uma vez a bela acompanhante que tinha.
- Estou, mas fico feliz em saber que você também acha. Obrigada. – desviou o olhar, fingindo observar mais atentamente o pequeno cupido. – Esse lugar...é tão lindo.
- Eu sei, mas fico feliz em saber que você também acha. – Ele devolveu e o encarou sorrindo, sendo pega em suas próprias palavras.

não a olhava desta vez, mas parecia procurar algo por entre as paredes de flores, até que se aproximou de uma grande e aveludada rosa vermelha.
- O que vai fazer? – perguntou curiosa.
- Presentear uma dama. – Ele sorriu, tentando quebrar o caule da flor, mas ela apenas se dobrou, sem qualquer sinal de que se soltaria do ramo e deixou cair as mãos paralelamente ao corpo, bufando comicamente frustrado e gargalhou, aproximando-se dele, tentando ajuda-lo. – Ai. – Ele reclamou quando um espinho o furou o dedo, em uma nova tentativa de colher a flor.
- Tenha cuidado. – Pediu a ele, ainda sorrindo com a cena atrapalhada.
- Consegui. – Declarou puxando a flor. – Não, ainda não consegui.
- Vamos ser expulsos por destruir as flores. – gargalhou mais uma vez, olhando ao redor, garantindo se não estavam sendo vistos.
- Essa é a graça. – piscou, enfim conseguindo separar a flor de seus ramos espinhentos. – Não há nada mais excitante do que roubar rosas para a mulher amada.
- O que está fazendo agora? – indagou ao perceber que ele friccionava o pequeno resquício de caule da flor contra o ferro do túnel.
- Tirando os espinhos para você. – Contou com simplicidade e sentiu o coração derreter um pouco mais. Então aproximou-se dela e a entregou a rosa, sorridente.
- Obrigada. – Ela sorriu da maneira aberta e sincera que ele tanto amava. – Hoje é mesmo uma noite romântica.

declarou e se prestasse atenção, podia ouvir do lado de fora, dentro do labirinto, coisas como “você precisa ser mais rápido que isso”, “não vai conseguir fugir de mim por muito tempo”, “Estou indo para você”, “quero que me encontre”, atravessadas por muitos risos e gritinhos de deleite. Enquanto que através de uma das janelas iluminadas em uma das muitas salas daquele castelo, a silhueta de amantes que se amavam fervorosamente podia ser vista na contraluz, ao mesmo tempo em que o casal da varanda agora dançava intercalando rodopios com beijos, sussurros e risos que deixavam certamente a maior parte dos convidados com inveja.
- Devíamos dançar. – propôs.
- Achei que já estivesse cansado de dançar.
- Nunca com você. – Ele sorriu.
- Mas não quero dançar agora. – olhou em seus olhos azuis, tentando se concentrar no que diria e não nos tons intensos. – Neste momento gostaria apenas de senti-lo, memoriza-lo para que me lembre quando não estivermos juntos.

Pediu e ele assentiu sorrindo, concentrando-se nas mãos dela e deixando que as memórias do toque de suas mãos finas e macias se cristalizassem em sua mente, para que assim como ela, quando não estivessem juntos, ele pudesse se lembrar da sensação que era tê-la entre seus braços, ao alcance de seu coração.





E assim...



Nota da autora: Há algum tempo conheci três mulheres incríveis por intermédio do mundo das fanfics e da Fórmula Um. Nós dividimos felicidades, tristezas, brigas, risos e passamos por várias coisas juntas, cada uma a sua maneira, ensinando e aprendendo.
Percebi que desde então, quase tudo que faço e para elas, então aqui vai mais uma dessas coisas, que no final, acabam sendo também um presente para mim.
E essa foi para mim.

São quatro textinhos pequenos, esse é o último, talvez te interesse ler os outros também.

I.Tarab
II. Wunderbar
III. Yuan bei
IV. Sukha
Motive uma autora hoje, se quiser, deixe um comentário e me faça feliz. É só clicar aqui.







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