Última atualização: 12/03/2018

Capítulo Único

You know I never ever believed in love
I believed one day that you were gonna come along


acompanhou os outros passageiros para a saída voo, sentindo as mãos suarem mesmo que Porto Alegre apresentasse uma temperatura baixa o bastante para deixar o rosto gelado mesmo com as camadas de roupa extra que tinha colocado para se prevenir. Tinha passado tantos meses planejando aquela viagem que a ideia de desistir lhe parecia absurda, mesmo que o maior motivo para se deslocar de São Paulo até ali fosse uma incógnita para ela desde que o dedo anelar perdera a aliança que carregava desde que conseguia se lembrar. Mesmo sabendo da realidade por trás da viagem ela dizia para si mesmo, e para todos que a conheciam, que só iria para a cidade para o show do Aerosmith, uma de suas bandas favoritas, já que os ingressos para São Paulo haviam esgotado antes que ela pudesse comprar.

Já tendo o carrinho com as malas em mãos, se encaminhou para o saguão, os olhos atentos nas pessoas que esperavam pelos passageiros do voo no qual ela tinha vindo. O coração disparava no peito e ela sentia uma súbita vontade de chorar ao pensar que tinha passado tanto tempo imaginando um momento que não aconteceria. Como era esperado não encontrou o rosto já conhecido no meio de tantas pessoas, o que fez com que a garota sentisse outra vez um aperto no peito, tendo que morder o lábio para não acabar se deixando levar pela emoção do momento e desabar em público. Se encaminhou para um canto mais sossegado do local, pegando o celular no bolso do casaco e escolhendo enviar uma mensagem para tranquilizar o pai em vez de ligar, sabia que a voz estaria trêmula por conta da vontade de chorar e não queria preocupá-lo.

— Você é ainda mais baixa do que eu imaginava.

O corpo inteiro estremeceu ao ouvir a voz já tão conhecida sussurrada daquela maneira, tão perto de seu ouvido. Deixou que o celular caísse no chão tamanha a surpresa que foi ouvir aquelas palavras, se virando com uma expressão surpresa no rosto, ainda sem conseguir pronunciar uma palavra que fosse.

.

— Aposto que escolheu o voo da noite para que não tivesse que acordar cedo, dorminhoca. — por mais que tentasse era quase impossível se concentrar nas palavras ditas por , só conseguia focar em analisar os detalhes do rosto da mulher, desde os olhos escuros até os lábios que formavam o sorriso mais lindo que a loira já tinha visto em toda a sua vida.

Sem se importar com as pessoas em volta, pulou nos braços daquela que chamava de sua amada, passando os braços ao redor do pescoço da morena e a abraçando apertado, o primeiro abraço das duas depois de tantos anos separadas por todos aqueles quilômetros entre Porto Alegre e São Paulo. Fechou os olhos, encaixando o rosto no pescoço da maior e se deixando por um minuto aproveitar o cheiro do perfume de , os dedos sentindo a textura macia da pele das costas dela ao mesmo tempo que todo o corpo formigava ao sentir o toque morno da mulher ao ter o abraço retribuído com o mesmo carinho. Não precisou dizer nada naquele momento, as duas sabiam o quanto aquele abraço era precioso para as duas. O quanto aquilo significava.

— Não achei que você viesse. — sussurrou, o tom de voz denunciando as lágrimas que tinham passado a brotar em seus olhos. A ideia de ter ali mesmo depois do término violento, o décimo só naquele ano, parecia mais fantasiosa do que aquele momento que estava se tornando real naquele aeroporto.
— Eu não poderia deixar a minha garota perdida por Porto Alegre. — abriu um novo sorriso ao falar, se apressando em pegar o carrinho de malas da garota para que pudessem sair de perto de toda aquela gente. — E meus pais não gostariam de saber que eu te deixei sozinha. — completou, sabendo que gostaria de saber que Paulo e Maria ainda lembravam dela.

passou ambas as mãos nos olhos, limpando as lágrimas que ameaçavam cair e tentando ganhar novamente um pouco de estabilidade, a mesma que tinha perdido por completo minutos atrás. Milhares de pensamentos conflituosos inundavam a mente da loira, que se questionava sobre o que viria a seguir. Teriam as duas reatado? Se não, como seria ficar no mesmo espaço que a mulher que tanto amava sabendo que não poderia se deixar levar pelos sentimentos que a dominavam por completo? Os pensamentos tinham passado a deixá-la completamente confusa e conflituosa com os próprios sentimentos sobre o que estava acontecendo entre as duas.

A atenção, e também a preocupação, de sumiram ao sentir os dedos de pressionando os seus, entrelaçando-os e deixando que a loira sentisse o toque das mãos da morena sem camadas de roupas atrapalhando o toque entre as duas. Finalmente se permitiu sorrir, decidindo mesmo que de maneira inconsciente que aproveitaria as poucas horas que teria junto da mulher que amava, antes de ter que voltar para São Paulo e deixar que a distância continuasse atrapalhando o relacionamento entre as duas.

— Já deixei tudo pronto no apartamento, você deve estar cansada do voo. Amanhã eu te levo para ver os meus pais. — parecia tranquila, como se tivesse se esquecido de todas as brigas explosivas que as duas vinham tendo desde que terminaram, como se só quisessem se agredir e magoar ainda mais uma a outra.
— Não precisava. Eu nem pensei que ficaria com você... Tinha feito uma reserva em um hotel perto do local do show. — explicou, só então se lembrando que deveria cancelar a reserva do quarto, pegando novamente o celular para que pudesse telefonar para o hotel.
— Nada do que você fizesse me faria perder essa oportunidade, pequena. — voltou a sentir a mesma vontade de chorar ao ser chamada de pequena, o apelido que tanto amava ouvir. Era como se, finalmente, seu coração e mente estivessem no lugar. Como se todo o amor que vinha sentindo a tanto tempo a dominasse por inteira, deixando-a finalmente tranquila e em paz.

A viagem de carro seguiu acompanhada por uma conversa casual, mas que deixava claro em suas entrelinhas o quanto as duas nutriam um sentimento mais do que forte uma pela outra. Já passava das onze da noite, quase meia-noite, quando as duas chegaram no condomínio onde morava. As duas subiram para o apartamento da mais velha de mãos dadas, rindo baixo de qualquer besteira que uma delas dissesse. Nada de assuntos sérios, nada de brigas ou qualquer coisa do tipo naquele momento, ambas haviam encontrado a paz no olhar uma da outra.

— Vou te deixar tomar um banho enquanto faço para você algo melhor do que aquela comida de avião. — disse, sempre cuidando de como de costume. As duas já tinham deixado as malas da mais nova no quarto onde ela passaria aquele final de semana e, por conta do pouco tempo que ficaria por ali, não tiveram que se preocupar em desarrumar as malas da garota.
— Não precisa de tanto, . Eu estou mesmo cansada, provavelmente vou dormir antes de você terminar de cozinhar. — disse, sorrindo para a morena antes de buscar o roupão e toalhas limpas dentro de uma das malas.

Sobre os protestos da mais velha, que parecia insistir em mimá-la o máximo que conseguisse, a loira seguiu para o banheiro, agradecida por poder aquecer no chuveiro o corpo que tinha enfrentado o frio da noite de Porto Alegre, que era ainda mais gélida do que ela estava acostumada a enfrentar por São Paulo. Deixou que a água levasse todas as preocupações que tinha naquela noite, lavando-a de corpo, alma e coração, como se todos os sentimentos e noites ruins dos últimos meses tivessem sumido por estar ali.

Quando saiu do banho, secando os cabelos e já vestida para dormir, a esperava na sala com uma garrafa de vinho e massa o bastante para agradar a parte italiana de . Se aproximou do sofá, encostando as costas no encosto dele e jogando as pernas em cima das pernas de , em um claro gesto de folga e despreocupação. A morena por sua vez pareceu não se importar, se dando o trabalho de apenas servir duas taças e entregar uma delas para a mais nova.

— Deveria comer antes que esfrie. — a última coisa na qual pensava naquele momento era no jantar, mesmo que tivesse sido preparado com tanto carinho. Revirou os olhos, se contentando em passar a bebericar o vinho tinto enquanto deixava que a atenção fosse tomada pelo filme que passava naquele horário.

A atenção foi roubada outra vez para ao ter a taça arrancada de sua mão, logo sendo depositada ao lado da outra na mesa de centro da sala. Antes que pudesse elaborar um protesto, deixou que o primeiro suspiro escapasse pelos lábios ao ter o pescoço sendo beijado pela outra, que se inclinava sobre o corpo pequeno da mais nova, encaixando uma das mãos da lateral da coxa da garota. Os beijos demorados e molhados percorreram todo o pescoço da loira, que fechava os olhos, se deixando aproveitar daquela sensação gostosa pela primeira vez.

O primeiro abraço, a primeira vez que as mãos se tocaram e os primeiros beijos.

Os lábios da morena seguiram para o queixo de , que em resposta soltava murmúrios desconexos e suspiros baixos, deixando que a manha dominasse seu corpo por completo. Aquele momento entre as duas pareceu durar uma eternidade antes que os lábios de ambas se tocassem em um beijo demorado e repleto com os sentimentos que vinham carregando desde o momento que tinham se apaixonado uma pela outra. Os lábios das duas se encaixavam de uma maneira que só poderia descrever como sendo perfeita, parecia que haviam sido moldados para aquele beijo, que a garota desejava que durasse por toda a eternidade.

— Isso com certeza foi melhor do que eu imaginava. — sussurrou quando o beijo foi quebrado, encaixando a mão na lateral do rosto de e passando a fazer um carinho lento ali.
— Muito melhor. — a resposta foi breve, sendo seguida de um novo beijo que, por mais que parecesse ser algo impossível, pareceu ser ainda melhor do que o primeiro.

As horas seguintes se arrastaram, com as duas entre massas, beijos, vinhos e carinhos naquele sofá, aproveitando o contato que finalmente tinham uma com a outra e da distância tão brutal que havia desaparecido por aqueles dias. Quando terminaram de comer, e deram-se por satisfeita de se sentirem como pré adolescentes que namoravam no sofá de casa, as duas lavaram a louça do jantar, dividindo as tarefas como um verdadeiro casal. Já era de madrugada quando foi pega no colo de surpresa, sendo carregada para o quarto em meio a risos e brincadeiras das duas. deixou-a em cima da cama, fazendo questão de deixar um abajur aceso, sabendo como a loira temia o escuro. apenas ficou deitada, observando como a amada tinha tanto cuidado e carinho com ela, cobrindo-a e ajeitando os travesseiros de maneira confortável para a garota.

— Dorme aqui comigo. — pediu de maneira manhosa, sabendo como adorava quando ela ficava daquela maneira.
— Você quer? — a morena parecia ao mesmo aliviada e surpresa com o pedido feito pela mais nova, que em resposta apenas sorriu e bateu de leve no espaço ao seu lado na cama.

Ao ter ao seu lado, se enroscou por completo no corpo da mulher, envolvendo o corpo dela com uma das pernas e um braço, o rosto encaixado na curva do pescoço alheio para que pudesse adormecer sentindo o cheiro da mulher que amava.

Não soube o exato momento em que as duas adormeceram juntas naquela cama, enroladas uma no corpo da outra ainda sem realmente acreditar que, finalmente, estavam dividindo a mesma cama e dormindo debaixo do mesmo teto. Sem acreditar que estavam tendo o momento pelo qual tinham esperado tanto, que tinham imaginado e fantasiado em todas as noites que haviam passado juntas em ligação para tentar suprir a necessidade que tinham de dormir juntas.

Os sonhos de se desfizeram em uma nuvem confusa quando foi desperta por uma sensação de prazer que a fez gemer manhosamente, ainda sonolenta e despertando do sono profundo em que estava. Demorou para abrir os olhos e reconhecer o lugar em que estava, tentando assimilar o despertar súbito e a sensação de prazer ao ter a língua quente de passando pelo ponto mais sensível de seu corpo, fazendo com que a loira mexesse os quadris de maneira inquieta e gemesse outra vez.

Quando finalmente se deu conta do que estava acontecendo, agarrou os cabelos escuros da mais velha, sentindo a intimidade ficando cada vez mais úmida com todas as carícias que recebia da mulher. O corpo, mesmo que despido, assim como o de , era aquecido de maneira eficiente pelas provocações da mulher, que a olhava atentamente enquanto mantinha o rosto encaixado no meio das pernas da mais nova, que correspondia as carícias de maneira manhosa, remexendo os quadris para que pudesse roçar a intimidade contra os lábios da morena, exigindo por mais de maneira silenciosa.

— Ah, ... — chamou pelo nome da morena, gemendo em seguida ao sentir a língua invadindo-a de uma vez por todas, espalhando a sensação de prazer pelo corpo de e fazendo com que as pernas da garota tremessem de prazer.

Os dedos finos agarraram o cobertor com força, as cortas se arqueando no colchão ao ter o clitóris sensível sendo tocado pelo polegar alheio, que se movia em círculos de puro prazer. Mordeu o lábio inferior com força, passando uma das pernas pelo ombro da mais velha para que pudesse aumentar o contato entre a intimidade e a boca da morena.

— Mais, por favor, mais... — implorou, movendo o quadril para baixo e passando a rebolar rápido contra os lábios da mulher, que parecia querer torturar com a lentidão de suas carícias.

Os pedidos pareceram ter sido ouvidos ao ter o clitóris sendo acariciado com mais força e rapidez, provocando gemidos altos na garota, que passou a contorcer o corpo em cima da cama, não parando de mover o quadril com rapidez. A respiração já tinha se tornado completamente ofegante e pesada enquanto era acariciada pela língua da mulher, que provocava sensações até então desconhecidas no corpo de . Começou a contrair a própria intimidade, sentindo o topo da parte interna das coxas molhados tamanha era a excitação naquele momento, sendo notável que estava prestes a atingir o ápice do prazer.

Gemeu alto ao sentir a intimidade sendo invadida pelos dedos de , que passou a movê-los de maneira violenta dentro de , acariciando-a e preenchendo-a por inteira. O corpo da mais velha passou a ficar deitado sobre o da mais nova, que gemia de tanto prazer, movendo os quadris e arfando, sem conseguir formar qualquer palavra tamanho era o prazer que a preenchia violentamente, fazendo com que a loira arranhasse com força as costas e ombros da outra, cravando as unhas na pele já marcada da morena.

— Goza, meu amor. Goza pra mim. — o sussurro de provocação da morena atingiu os ouvidos de , que virou o rosto para olha-la. Em seguida teve os lábios sendo invadidos pelo polegar livre da mulher, que parecia estar em pleno prazer por ter a loira naquele estado.

Atingiu o ápice de maneira violenta, gemendo alto e apertando o corpo alheio com as unhas, movendo os quadril e sentindo o corpo estremecer na cama tamanho era o prazer que sentia naquele momento. Quando parou de estremecer, ouvindo apenas o som da respiração pesada e extremamente ofegante, teve novamente o desejo despertado ao ver levando os dedos para a boca, passando a chupá-los de maneira lenta, provando de todo o gosto de que tinha ficado ali após a garota ter atingido seu ponto máximo de prazer.

Os dedos se enroscaram nos cabelos de , puxando a cabeça da mulher para perto da sua de maneira violenta, os lábios sendo pressionados contra os dela e a língua invadindo sua boca sem aviso prévio, provando do próprio gosto. O beijo era cheio de desejo, tesão e deixava claro como estava extremamente dominada pelo prazer que tinha sentido naquele momento.

não sabia definir quanto mais tempo passaram se amando naquela cama, os corpos entrelaçados e os lábios colados para abafar os gemidos de prazer. Terminou a noite extremamente exausta e dolorida depois de ter o prazer provocado de maneira tão violenta pela mais velha, a respiração completamente ofegante e o corpo suado e tremulo depois de tantos orgasmos seguidos. Teve o corpo envolvido pelos braços da mulher, que deixava os lábios encostados em um de seus ombros enquanto as duas tentavam se recuperar daquela noite de prazer, normalizando as respirações e deixando que os tremores passassem.

— Isso foi... Uau, amor. — foi tudo o que a loira conseguiu dizer, voltando a deixar o cansaço e a sonolência aparente em meio a todo o torpor provocado pelo sexo.
— Eu te disse que um dia iria te acordar assim. — a resposta a fez se lembrar de antigas provocações feitas por , fazendo com que as duas rissem baixo juntas, mantendo os corpos encaixados, aproveitando aquele momento que parecia ser único.

Outra vez adormeceu, dessa vez embalada nos braços da mulher que amava, tendo certeza de que seu lugar feliz tinha nome, sobrenome e o sorriso mais lindo que poderia existir no mundo. Em ela encontrava a paz que o mundo tirava, o amor que pensava nunca ser capaz de sentir e que não cabia em palavras e gestos. Mais do que isso, a transbordava.


Fim



Nota da autora: Obrigada por ler até aqui, espero que tenha gostado. Até a próxima fanfic!





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(Un)Lost (Outros/Finalizada)
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