A rádio do ônibus em que estava tocava algum country que ele, sinceramente, não tinha a mínima vontade de ouvir. A única coisa que interessava para ele era chegar em casa e poder ter alguns minutos de paz sem seu pai por perto. “Casa” era como ele chamava o pequeno trailer em que vivia com seu pai, que aparecia esporadicamente para reclamar de alguma coisa, ou quando estava bêbado demais para alguma de suas prostitutas o aceitar.
era bolsista em uma instituição de ensino de prestígio, bolsa conquistada por seu triunfo e extrema dedicação no time de futebol. Além dessa bolsa, ganhava um incentivo em dinheiro, que era sua única renda. Com isso, era obrigado a ser um aluno e atleta exemplar. Sua vida acabava por ser agitada e regada ao suor de seu esforço, mas ele não poderia reclamar. As portas estavam abertas para ele, as oportunidades chegando sempre e os frutos de todo o trabalho acabariam sendo colhidos uma hora ou outra. Além disso, ele tinha amigos com quem compartilhar e, claro, seu raio de sol que lhe iluminava toda vez que ria de suas piadas sem graça. Raio de sol que estava ansioso para ver novamente.
não podia deixar de sorrir ao lembrar dela. Ela ficou tão triste quando soube que ele viajaria aquela semana e que eles não se veriam de novo nesse meio tempo. Ele, por vezes, ligava à cobrar para ela, enquanto estava na estrada, e ela não se importava, só queria poder ouvir a voz dele e saber que estava tudo bem. Ela nunca se importou por estar sempre sem dinheiro para qualquer coisa, e nem ficava com ciúmes quando ele saía com os amigos. Ela já fez tanto por ele. Desde coisas simples, como levá–lo para casa quando estava bêbado demais para dirigir ou sequer conseguir um transporte, até motivá–lo quando estava prestes a desistir de tudo.
– Eu estou chegando, princesa – ele sussurrou para si mesmo.
A viagem pareceu demorar séculos dentro de um período de três horas. desembarcou em meio a estrada cercada por areia e pequenos barracos com certa distância entre si. O trailer era visto mais a frente, um pouco destacado na paisagem, mas, ainda sim, não parecia algo de outro mundo na região, apenas… Sofisticado.
chegou ao trailer e entrou, se deparando com a cena que menos gostaria de ver: seu pai deitado desleixado na poltrona e o aroma do álcool preenchendo o ambiente. O garoto suspirou e jogou a mochila pesada em suas costas de canto.
– Pirralho – o velho ralhou – Eu chego e a casa está essa merda. Onde está a comida?
– Velho abusado – ele respondeu, carrancudo – Nenhuma vadia sua te aceita caído desse jeito, não é? Patético.
– Meça suas palavras, – ele levantou da poltrona cambaleante, mas, ainda assim, ameaçador.
– Vai fazer o que? Me matar como fez com a minha mãe? – aumentara seu tom de voz. Ele estava, claramente, perdendo a paciência.
– Você não sabe de nada, moleque! – o mais velho gritou a plenos pulmões, socando a parede do trailer – Eu não matei sua mãe!
– Não – ele riu, debochado – Ela colocou as suas mãos em volta do pescoço dela por vontade própria e se sufocou sozinha, não foi?
O pai de se aproximou rapidamente do garoto, pronto para lhe dar um soco. Entretanto, se aproveitou de seus reflexos mais lentos por conta do álcool para segurar o punho do pai em sua mão. O mais velho tentou novamente com o outro punho, que também foi contido por .
– Você já pode voltar pra aquele buraco podre de onde você saiu – o garoto segurou os punhos do mais velho com mais firmeza, soltando–os bruscamente em seguida – A porta da rua é serventia da casa.
O velho saiu em disparada em direção a porta, batendo–a com toda a força ao sair. passou a mão pelos cabelos e suspirou, irritado. Tudo o que queria era um momento de paz, mas parecia que os problemas o perseguiam como maior alvo. Ele estava cansado de tudo, e só queria poder respirar sem que isso lhe trouxesse novas mil barreiras para atravessar.

––x––


– Você está indo muito bem, ! Logo poderá voltar ao time! – a fisioterapeuta sentenciou, animada com os avanços de sua paciente. Mas mal sabia que a mente dela estava longe dali.
. Seria extremamente mais fácil dizer seu nome do que descrevê–la, afinal, a garota dispensava qualquer tipo de apresentação. Sua presença forte falava por si. A garota irreverente não tentava ser diferente ou um floquinho de neve especial, apenas se apresentava como era, seguia como pensava e não se calava perante qualquer censura.
fazia parte do time de cheerleaders da instituição em que estudava, e também de grupos de debate, adorando mais a segunda opção. A garota gostava muito de ver opiniões e argumentos apresentados de diversos pontos de vista, mesmo que não concordasse ou que achasse absurdo (o que, no final, lhe renderia uma boa discussão). Ela queria abrir seus próprios horizontes e os horizontes das pessoas a sua volta, mantendo um discurso saudável, e poderoso ao mesmo tempo, durante esse caminho.
Entretanto, mesmo a garota que se demonstra tão forte em presença, tem a sua parte sensível, afinal, isso não é proibido. E essa parte sensível se mostrava com uma pessoa em especial: . era seu ponto de paz e energias positivas. Quando estava com ele, sentia todo o peso ir embora e dar lugar a um fluxo de positividade. Parecia que os destinos de ambos estavam traçados desde o momento em que ela notou o garoto do time de futebol, que preferia sentar com os caras do xadrez.
e não eram o casal perfeito de cheerleader e jogador do time que os filmes vendiam. Eles apenas deixavam as coisas fluírem como deveriam, sem querer manter uma imagem superficial ou perfeita demais do seu relacionamento para que outros vejam. Ela amava a imagem simples que tinha de ambos, e era a única coisa que importava.
, você está me ouvindo? – a fisioterapeuta perguntou, tirando a garota de seus devaneios.
– Ah, sim… Desculpe, o que disse? – ela sorriu sem graça.
– Sua mãe chegou para te buscar. Não esqueça de fazer os exercícios que eu te passei, sim?
– Tudo bem. Obrigada!
entrou no carro já cantarolando o CD do Dance Hall Crashers que tocava. Sua mãe cantarolava junto a ela, animadamente. Ambas seguiram, indo direto da fisioterapia para o estudo. Seria uma sexta–feira longa, mas estava ansiosa para chegar à instituição, afinal, veria hoje no treino. Sorriu sozinha só de pensar em matar a saudade de seu namorado. Ela mal podia esperar.

––x––



O dia parecia se arrastar para . Seu joelho parecia ter escolhido lhe incomodar ao máximo hoje, deixando–a com o humor bem mais ácido do que o normal. Pelo menos metade do dia havia se passado e já era hora do intervalo. A garota seguiu com suas amigas até a mesa onde os atletas e cheerleaders da instituição se reuniam. não gostava muito de comer ali, mas ela fazia por suas amigas, que insistiam em querer sua presença ali.
As garotas cumprimentaram todos a mesa e se sentaram. Os garotos voltaram a conversar, e o assunto ali começara a embrulhar o estômago de e a coçar sua língua.
– Mas com certeza ela deve ter ficado com metade do time – uma cheerleader se referia a uma garota caloura. O rumo que a conversa levava não estava agradando , que permanecia quieta comendo.
– Aquela garota se veste como uma vadia qualquer. Está pedindo… – o capitão do time de basquete debochou. sentiu seu sangue começar a ferver em suas veias. Ela não podia mais aguentar.
– Pedindo pelo o que? – perguntou, desafiando o garoto. Todos a mesa olharam surpresos para , que nunca se manifestava a mesa.
– Para ser assediada. Não se desfila com carne em meio a um bando de cães com fome – ele deu de ombros.
– Tadinho dele, não consegue conter o instinto né? – a garota debochou, colocando seu lanche de lado. Já tinha perdido a fome há tempos – Que desculpa mais esfarrapada, garoto.
– Não é desculpa. Ela apenas deve se por no lugar dela como mulher.
– Isso é um absurdo – interviu. Nesse momento, a maioria do refeitório já observavam a discussão que se tornava acalorada – O lugar dela é onde ela quiser estar, e não venha querer cagar regra pra cima dela ou de qualquer mulher, seja para como ela se veste, se porta ou qualquer coisa. Nós somos livres para sermos o que quisermos.
– Dá um tempo, defensora – o garoto revirou os olhos – Você poderia pedir pro seu namoradinho do gueto te foder direito, quem sabe você se colocaria no seu lugar.
Todos ali olharam apavorados para ele, que sabia que estava cutucando onça com vara curta. viu em sua mente a cena em que arrastava a cara dele pelo chão do refeitório, jogando soda cáustica em cima e depois, quem sabe, colocando fogo e retirando aquele sorriso cínico e nojento do rosto dele. Mas ela resolveu ser um pouco menos radical.
– Foder… Tá aí a solução pra desigualdade. Pras guerras mundiais. Pra fome. Foder… O mundo é tão falocêntrico quanto você pensa, não é mesmo? Mas ainda bem que não é tão pequeno quanto esse amendoim que você tem entre as suas pernas e que, pelo jeito, é o centro do seu pensamento curto – os risos contidos e exclamações preencheram o ambiente – Bom, meninas, vejo vocês depois.
sorriu para as pessoas em volta da mesa e saiu como se não estivesse querendo socar a cara daquele garoto até que desfigurasse. Ela não observou a reação do garoto após o que disse, pois apenas queria sair dali antes que cometesse algum crime.
O sinal de término do intervalo soou e sorriu verdadeiramente. Estava na hora do treino do time de futebol e hora de chegar. Era hora da sua aula, mas ela mal poderia esperar para o momento em que lhe fosse disponível a quadra. Ela só queria abraçar novamente e renovar suas energias.

––x––


O treino estava a todo o vapor. Os gritos do treinador, barulhos de bola rolando, chutes, trombadas, apitos, dava o clima de final de campeonato ao local. Todos estavam ansiosos para o jogo que aconteceria na próxima semana, que trazia consigo o cobiçado troféu da copa masculina interescolar. era uma das peça–chave para que o jogo acabasse em triunfo. O garoto dava cem por cento de si em treino para que, em jogos, pudesse dar cento e cinquenta por cento, ou quem sabe mais. O futebol era uma de suas maiores paixões, e ele não se cansava jamais.
O apito final se deu. O breve amistoso entre o time da instituição, com titulares contra reservas, deu vitória aos titulares. Os garotos estavam fervendo.
– Ok, maricas, descansar! – o treinador gritou, dando o aval para que o time saísse de campo.
tirou a camisa encharcada de suor, colocando–a sobre seu ombro. Dirigiu–se até o quiosque onde havia as bebidas tonificantes e se refrescou.
– Mas que passe incrível foi aquele, hein, perna–de–pau? – , melhor amigo de , brincou.
– Ainda bem que você saca as jogadas, não é mesmo, fominha? – ambos riram. parou por um momento, olhando para uma região atrás de e sorriu malicioso.
– Chegaram as panteras – voltou–se para onde seu amigo lhe apontava e não pode deixar de sorrir.
Um grupo de garotas atravessavam os portões da quadra conversando entre si. O grupo parecia animado, mas andava a passos diminutos. A razão disso viria logo atrás à aquela bagunça de garotas, com seus cabelos volumosos, sua inseparável camiseta do Unwritten Law, jeans e tênis surrados. Mal parecia que a garota pertencia ao grupo das cheerleaders que agora se direcionava aos bancos, ainda conversando animadamente.
O olhar de prendia–se a garota de cabelos volumosos. . Seus passos vacilantes se davam por uma lesão no joelho causada em um dos treinos, lesão que o preocupara muito ainda, mas que a garota conseguia tirar de letra. Ela era extremamente ativa, inteligente e independente, na concepção de . Ele a via como uma aspirante a heroína, sempre querendo salvar o dia. É claro que isso incomodava muitos a sua volta, fazendo ter batido de frente com muitos de seus colegas, mas o encanto que tinha pela garota parecia apenas crescer. Ele aprendia muito com ela a cada momento que estavam juntos. não era a concepção de perfeição, mas não se importava com aquilo, afinal, ele também estava muito longe disso.
– Limpa a baba, mané – , melhor amigo de , deu um tapinha em sua cabeça, fazendo–o voltar para o mundo real, mas sem deixar de admirar sua garota por nenhum segundo.
– Fica na tua, babaca – ele ficou carrancudo, desviando o olhar de sua namorada por um momento, ficando de costas para a região onde as garotas se encontravam e voltando–se para – Eu poderia te xingar de todos os palavrões possíveis, mas você teve sorte que o meu humor foi melhorado em cem por cento.
, segura essa – gritou para o garoto que amarrava a chuteiras perto dos dois – Quando a gente precisar amansar a Fera aqui antes do jogo, já sabemos quem chamar.
– Mas isso todos nós já sabíamos, não é mesmo? – ele perguntou para outros do time, que confirmaram com a cabeça ou deram risada – Quem melhor pra amansar a Fera?
– Vocês vão ver quem é a… – se interrompeu quando sentiu mãos tamparem seus olhos com delicadeza e sorriu. Ele tinha certeza de quem era – Hm, quem pode ser? – ele colocou suas mãos sobre as mãos geladas que cobriam seus olhos, encontrando o anel que saberia que estaria lá – Provavelmente é a Gwen Stefani, ou a Kate Moss… Madonna? – ele ouvira o riso contido de sua garota, que era música para seus ouvidos – Mas essa risadinha eu conheço muito bem.
se virou rapidamente, segurando os pulsos da garota em suas mãos. Ao se virar se deparou com o rosto sorridente de . A garota logo tratou de se lançar para um abraço caloroso. Ele a acolheu em seus braços e beijou sua testa.
– Senti sua falta – ela confessou, apertando mais seus braços em volta dele.
– Eu também, princesa – ele levantou o queixo da garota com a ponta dos dedos, de forma que pudesse alcançar e matar a saudade daqueles lábios.
Ambos se beijaram famintos de saudade. estava tão feliz em ver novamente, e o sentimento era totalmente recíproco. A semana se arrastou para ela sem a companhia dele. Os breves contatos que eles tinham eram baseados em ligações a cobrar enquanto estava longe, mas ela não se importava, só de ouvir sua voz tudo valia a pena. Ela amava estar apaixonada por ele.
– Temos menores no recinto, se comportem! – cutucou, fazendo–os parar de se beijar e arriscar um tapa na cabeça dele, que não fora bem sucedido. riu e beijou a bochecha de seu amado.
– Eca, , ele está suado! – uma das cheerleaders disse. apenas revirou os olhos, voltando–se para a garota.
– Ele é meu namorado, não tem razão ter nojo dele – olhou para e sorriu marota, sussurrando para o garoto – Tanta coisa que fazemos que nos deixa suados, seria louca de ter nojo disso – soltou um riso sacana e apertou mais seus braços em volta da garota.
– Já falei que te amo? – ele sussurrou de volta, entrando na brincadeira.
– Já… Mas eu não ligo de ouvir de novo – ela lhe roubou um beijo rápido.
– Eu… Te… Amo – ele disse intercalando suas palavras com beijos.
– Para com isso que eu quero vomitar – simulou que estava vomitando, sendo imitado por . riu e mostrou a língua para ambos.
– Vocês são um pé no saco, puta merda – jogou sua camisa encharcada de suor nos garotos, que saíram correndo para não serem atingidos.
O sinal de término de treino do time de futebol e intervalo entre as aulas se deu. As exclamações de desanimação preencheram o recinto. O time de futebol sairia da quadra, dando lugar ao treino do time de cheerleaders, que teria uma competição em breve.
– Agora seria hora do meu treino… Se eu pudesse treinar – a garota suspirou triste.
– Logo você vai melhorar, anjo – ele beijou a testa da garota – Eu preciso ir… Mas amanhã estarei cedinho na sua porta, pronto pro nosso dia.
– Não quer mais aparecer de madrugada? – sorriu maliciosa, e não resistiu em morder sua bochecha.
– Já foi bem constrangedor aquela vez que eu me escondi e sua mãe sabia que eu estava lá.
– “O café está pronto, … Os tacos sumiram da geladeira… Bom dia, !” – a garota imitou a voz de sua mãe e gargalhou, fazendo rir – Te esconder no banheiro nunca dá certo quando você come alguma coisa da geladeira.
– Eu estava com fome – ele fez bico – Enfim, eu te vejo depois, princesa. Te amo.
Ambos trocaram beijos e saiu da quadra, indo direto para os vestiários. sentou–se no banco, observando o treino das garotas. Ela se entristecia por não poder participar, mas dava todo o suporte possível que conseguia, com gritos de incentivo e gestos exagerados com as mãos. Aquela era sua parte favorita do dia, mesmo que não pudesse participar totalmente como gostaria.
Logo o término do treino e do dia letivo se deu. caminhou a passos curtos para onde o carro de sua mãe estava. Conversaram sobre o dia, sobre o joelho da garota e, claro, sobre . A mãe sempre brincava e implicava sobre as visitas de madrugada que ele fazia, mas tranquilizava–a dizendo que não aconteceria mais, por mais que no fundo ela quisesse. Ela dormia muito melhor com os braços de ao seu redor.

––x––


estava acordada àquela hora, como sempre. A madrugada de sexta para sábado era o momento do seu ritual semanal: assistir Vacation, pintar as unhas e comer qualquer coisa do Sombrero’s, contato que tivesse muita pimenta. Seu estômago não agradecia muito, mas o seu paladar sim. Como sempre, seu cachorro estava consigo no quarto, observando todo o movimento e, quando conseguia ser esperto, pegava algum resto de comida que caía pelo chão.
Ela estava quase pegando no sono enquanto assistia a TV quando começou a ouvir alguns estalos no vidro da sua janela. Olhou no relógio ao lado da cabeceira de sua cama e constatou: três da manhã. Provavelmente era que jogava pedrinhas na janela, mas o que ele fazia ali se disse que não iria mais visitá–la de madrugada? Levantou–se da cama e abriu a janela, observando enquanto escalava pela árvore ao lado da casa.
pulou pela janela e, sem cerimônia, abraçou a garota tão forte como pode, enterrando a cabeça em seu ombro. Ela estava sem entender o que estava acontecendo, mas retribuiu o abraço na mesma intensidade. Sentiu suspirar e algo quente molhar o tecido de seu pijama na região do ombro. Lágrimas. sentiu seu coração quebrar em milhões de pedacinhos.
Decidiu permanecer abraçando em silêncio enquanto ele chorava. Era melhor que ele descarregasse todo aquele peso antes que ela perguntasse qualquer coisa, e se perguntasse. Ela, no fundo, sabia que era alguma coisa relacionada ao pai de . Só ele para deixá–lo tão desnorteado e tirá–lo dos trilhos.
Quando o choro de se tornou menos intenso, ele elevou seu rosto até que pudesse olhar para . Ela secou o rosto molhado de seu namorado, aproveitando para acariciar. fazia com que ele repensasse cada vez que queria desistir e que sentia seu mundo desabar. Ela renovava suas energias e deixava seu coração mais leve.
A garota fez com que os lábios de ambos se encontrassem. As mãos de desceram para a cintura da garota, enquanto as dela subiram por sua nuca, acariciando seus cabelos. foi parando o beijo aos poucos, interrompendo–o com selinhos intercalados.
– Eu te amo – ele sussurrou com os lábios ainda roçando aos dela – Por favor, não me deixe também.
– Nunca. Jamais – ela sussurrou de volta, acariciando o rosto dele – O que aconteceu afinal, ? – o diálogo foi interrompido por um momento pelo latido do cachorro de – Não você, , o outro – isso acabou por arrancar um riso do garoto.
– Nada aqui é mais estranho aqui do que seu cachorro ter o meu nome – ele limpou as lágrimas remanescentes em seu rosto, andando até a cama de e se sentando.
– A culpa é sua – riu – Ele veio antes de você.
– Mas com um nome bonito desse, só nós dois pra sermos os amores da sua vida, não é mesmo, ? – o cachorro abanou o rabo e latiu, andando até onde o garoto estava e pedindo por carinho – Mas, voltando ao assunto… Meu pai, de novo – ambos suspiraram cansados.
– Eu bem desconfiei – sentou–se ao lado do garoto, acariciando suas costas em conforto.
– Ele foi parar no hospital. Apanhou daquele bando de animais bêbados que vive com ele naquele pub podre… Eu estou tão cansado, – ele suspirou e abaixou a cabeça.
... – o cachorro novamente latiu – , eu vou te colocar pra fora!
– Mas o que eu fiz? – o garoto olhou confuso e gargalhou.
– Não é você, é ele – ela apontou para o cachorro que olhava para ela com a cabeça levemente tombada.
– Temos um impasse aqui, grandão – ele acariciou a cabeça do cachorro, que abanou o rabo em felicidade.
– Voltando… Querendo ou não, é seu pai. Ele está cego pelo vício, que não faz o ver que ele precisa ser salvo – ela virou o rosto de de forma que ele pudesse olhá–la – Mas, ainda sim, você não pode deixar isso te afetar a esse ponto que eu sempre vejo acontecer. Tantas vezes eu te vi chegar ao precipício por causa dele… Não se negative por isso, . Não destrua seus sonhos. Eu te amo e quero te ver feliz. Você é incrível e tem um futuro incrível pela frente.
– Um futuro que tem você nele – ele pegou as mãos de e beijou. Ela sorriu com ternura.
– Está com fome? Acho que sobrou alguma coisa do Sombrero’s – ela disse acariciando seus cabelos.
– Você disse comida mexicana? – abriu um sorriso e não pode deixar de gargalhar.
– Eu já volto – ela beijou a testa dele e se foi, sendo acompanhada por seu cachorro.
ajeitou–se melhor na cama, observando o quarto em um todo. Os posteres de Unwritten Law e Dance Hall Crashers se encontravam em toda a parte, forrando as paredes do cômodo. Um autógrafo que havia conseguido do guitarrista do Unwritten Law, após um show que a levara, tinha um lugar especial emoldurado perto aos troféus que a garota conseguira pela equipe de cheerleaders. Mas, ainda mais especial, era uma foto que tinha na mesinha de cabeceira que ficava próxima a sua cama e ao despertador, colocada em uma moldura cheia de corações que, em um primeiro olhar, parecia o objeto mais cafona do planeta, mas que tinha a sua significância pelo o que carregava. Era uma foto de ambos no baile de formatura do irmão mais velho dela. Ela beijava a bochecha dele, que sorria tímido para a câmera abraçando a cintura dela.
Ele fechou os olhos e passou a refletir sobre o tempo em que estavam juntos. A garota sempre esteve ali por ele, mesmo com todas as dificuldades, todas as diferenças. Tanto ela, como sua família, o acolheram extremamente bem. nunca deixara de ser seu porto seguro desde que aquele sentimento estranho se apossou de seu coração. Era tão estranho falar de amor sendo tão jovem, e ainda achava pouco para expressar o que sentia por ela. Não era só amor, era uma mistura de emoções que faziam seu corpo e mente produzir algo que gerava tanto prazer quanto a endorfina. Talvez uma endorfina genérica, com efeitos ainda mais fortes e duradouros. A questão em si era a cumplicidade entre ambos e o quão confortável ele se sentia ao lado dela. era a casa que nunca teve.
Ele sentiu um peso repentino ao seu lado na cama e algo lamber sua bochecha. Ouviu a risada contida de e abriu os olhos, se deparando com o cachorro olhando para ele com a cabeça levemente inclinada. Sentiu o cheiro da sua comida mexicana favorita que parecia ter acabado de ter sido feita e sorriu.
– Acho que o tem ciúmes da cama – argumentou, aproximando–se de seus dois amores.
– Ainda mais se na cama estiver outro que não seja ele, não é mesmo, grandão? – acariciou os pelos negros do cachorro, que se rendeu a carícia, lambendo o pulso do garoto em agradecimento.
se juntou a ambos no espaço pequeno, encolhendo seu corpo entre o de seu namorado e o de seu cachorro, que não sairia de lá tão cedo. Ela deitou–se sobre o peito de , envolvendo seus braços em seu tronco. Ele a acolheu, beijando o topo de sua cabeça. A garota fechou os olhos e suspirou, segurando um bocejo teimoso que queria escapar.
– Deixei a comida ali na escrivaninha se você ainda quiser – ela disse, em seguida deixando aquele bocejo sair. acariciou seus cabelos.
– Nah, você está confortável aí, não vou levantar por enquanto – observou por cima do ombro de e percebeu que o cachorro havia deitado sua cabeça nas coxas dela. Seria bem difícil para ele sair dali de qualquer forma.
– Vai esfriar – avisou , cutucando sua costela.
– Eu não ligo – ele retribuiu o cutuque.
– Teimoso – ela riu levemente e ele a acompanhou. voltou a bocejar e apertou mais em seu abraço.
– Dorme, princesa – beijou a cabeça da namorada novamente – Eu te amo
– Eu te amo – respondeu sonolenta, beijando seu peitoral.
dormiu rapidamente nos braços de . Ele sentia algo como uma energia que fluía entre os dois e trazia a serenidade que necessitava. Apenas por olhar o lindo rosto de às três da manhã fazia com que ele se transportasse para um lugar melhor, e soubesse que tudo ficaria bem.


Fim.



Nota da autora: (30/12/2015)
Sem nota.




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