Finalizada em: 29/12/2016



Capítulo Único


A melodia se forma em minha mente, os pensamentos se transformam em versos e a essência do momento é o que eu tento captar.
veste um vestido branco simples, que vai até acima dos joelhos, valoriza seu busto, ainda que seja sustentado por finas alças de tecido e a sua franja está presa atrás de sua cabeça, no penteado que eu sabia ser um de seus favoritos. O salto alto, sua marca registrada, não a permite a conquista de ser mais alta que eu.
A brisa californiana que entra pela janela sopra seu longo e escuro cabelo, alguns fios voam enquanto ela fala palavras que eu não consigo ouvir, apesar de entender o que ela diz. Ela segura o dedo indicador da mão direita com a outra mão a sua frente, de modo que eu sei que ela está passando aquela imagem que ela passa sempre que acha que está exposta de alguma forma, falando em tom suave, claro, tentando ser o mais gentil possível, mesmo que sua fala pode contradizer tal coisa. Ela sempre assumia essa postura para evidenciar que não era sua intenção causar qualquer tipo de sentimento negativo. Isso não é o suficiente para neutralizar a acidez da situação.
Eu poderia dizer que ela passara pouca maquiagem antes de vir para cá, nem sequer se dando ao trabalho de contornar os olhos castanhos com lápis de olho, como eu a assistira fazer milhares de vezes. E isso só significava que achava que choraria, então não queria borrar a maquiagem, porque isso era o tipo de coisa idiota que pensa ao se arrumar. Ela sempre pensa muitas coisas idiotas.
O fim da tarde cai do lado de fora do hotel, era possível ver a claridade alaranjada do Sol de crepúsculo se infiltrar pela janela, se misturando com o tecido branco da cortina, tingindo-o suavemente de laranja enquanto ele balança tranquilamente, gozando de minha situação. A janela está atrás de , um pouco mais à minha direita e me distrai da figura que está parada a minha frente, ao lado da cama enorme forrada com grossos lençóis brancos. Do nosso outro lado, eu posso estender a mão para pegar um pacote de amendoins que pagaria mais tarde na recepção do hotel, quando fizesse o check-out. Há o pacote de amendoins e mais alguns petiscos na mesa, que está acima de um frigobar tentador.
Eu não falo nada e vejo seus olhos marejarem. Oh, … Está tudo bem chorar, não é sua culpa. Eu sei que ela não quer me magoar, ela disse isso várias vezes até agora, mas seria isso possível? Nosso relacionamento durou mais do que eu pensara que faria, na realidade.
Eu consigo ver os vestígios varrerem todo o seu corpo, os traços marcados com tinta invisível que ele deixou. E eu sei que ela não vai se desculpar, ela não se arrepende. E eu não tenho coragem de culpa-la, porque sei que foi um momento de fraqueza, sei que ela afastou o cara depois do beijo, virou de costas e saiu andando.
Eu não precisava que ela me contasse aquilo, havia me contado e ela imaginou que ele o faria. Tenho certeza que imaginou, pois não me explica o que houve e age como se eu já soubesse de tudo. Aposto que ela nem ao menos o procurou para tentar persuadi-lo a manter em segredo o que ele vira.
É claro que eu a perdoaria, sem sequer pensar duas vezes, afinal, a quantas eu já não havia feito a mesma coisa? Dessa vez, não deixara que eu fosse o primeiro. E também se adiantou ao dar um passo a frente e vir falar comigo, afinal não era o tipo de garota que relutava em tratar esse tipo de coisa.
Eu quero dizer a ela que eu entendo que a culpa é minha. Bem, na realidade, não é minha. Era uma questão de carreira, ficar fora por tanto tempo é difícil, eu entendo. Só que eu não quero de verdade, porque ela deveria entender que as vantagens superam as desvantagens de ser cantor, mas ela não é cantora, não posso exigir isso. O que as pessoas que me cercam devem ou não entender, o que eu posso ou não posso exigir, não importam. Sou eu que devo relevar essas coisas, esses tipos de obrigações dos outros comigo eram delimitados por uma linha turva demais para eu saber o que era o quê, como se a linha fosse a feita por um pintor envelhecido, de mãos trêmulas demais para conseguir realizar a atividade.
Sem querer, dou um passo para frente, deixando minha ânsia de tocar escapar como o ar numa panela de pressão. Desejo tocar sua bochecha, pegar seu rosto, porém, assim que me movimento, a vejo se encolher. O término está a desolando tanto quanto afeta a mim mesmo e, apesar de eu querer gritar para a garota que não precisamos encerrar as coisas por aqui, não consigo ver caminho algum para seguirmos juntos. É hora de nos separarmos e eu tenho que lidar com isso. Eu sempre lido.
Mas é demais para ela, lidar com encontros às escondidas e os rumores que me cercam semana após semana. Ela quer o casamento que planejara desde os seus 13 anos, vários filhos e uma casa na praia. Ela quer uma grande família feliz, em seu mundinho milimetricamente planejado. aceitava que tudo não saísse conforme ela idealizou, contudo, eu sou um desvio de planos muito grande para suportar, eu não caibo nesse mundo. Apesar de não passarmos dos nossos vinte anos brilhantes, a juventude ardente, é imbecil pensar que um namoro não acabará em noivado e um noivado não acabará em casamento, pelo menos, é isso que tem em mente. Ela é assim, ou você aceita por completo, ou você fica com nada.
Ela funciona nesse paradoxo de tudo ou nada e é ótima com coisas ocasionais, tão indiferente como alguém pode ser, parecia ser perfeita. Quando não se liga sentimentalmente com alguém, o físico é físico, o físico é nada. Nós começamos assim, como o nada. Eu, idiota, cometi o erro de querê-la por inteiro.
É óbvio que foi ótimo por algum tempo, só que todos têm seu limite, atingira o dela. E, quando você já teve tudo, você não consegue voltar ao nada. Eu sei disso, é impossível que eu volte a tocar em sem sentimentos, sem desejar em tê-la completamente para mim. Ela é boa em demasia e, depois que você a prova, não tem como não querer devora-la por inteiro.
Ela fala sem pausas, sabe que ela precisa dizer tudo sem interrupções, já que, se vacilar uma vez, ela tropeçará e a coragem escapará de si. Meus pensamentos sorriem, eu a conheço bem demais.
E ela também me conhece, então quando eu volto a me aproximar, ela permite que minha mão se encoste em sua bochecha, deposito-a ali e deixo meu dedão acariciar seu rosto. Seus olhos marejados me olham, pequeninos e perdidos. Aceno com a cabeça, em sinal para que ela se cale, eu já havia entendido sua mensagem. E sua voz morre aos poucos, no mesmo ritmo que meu rosto se aproxima do seu e, no momento em que nossas bocas se tocam, ela já mão fala mais nada.
Antes, seu beijo tinha gosto de indiferença. Em um determinado momento, ela o interrompia e saía andando, se perdia na multidão. Até que eu entendi que você tinha que beija-la fervorosamente até que ela ficasse confusa sobre o que fazer, beija-la no meio de uma fala e, quando fosse embora, agarrasse seu braço e a beijasse novamente. Se você faz isso, o beijo passa a ter gosto de paixão, os toques tem tom de desespero e os olhares ardem sob sua pele. Ela ama quando o beijo tem gosto de paixão. E, se você depois quiser ama-la, as coisas têm que desacelerar. A calma é o que ela chama de amor. Calma, suavidade, maciez.
Agora, seus lábios tem gosto de despedida. Eles estão molhados pelas lágrimas e ela deve achar que não cabe o coração no peito, porque é assim que eu me sinto também. É como se começassem a assoprar um balão e pausassem o momento quando ele estivesse prestes a arrebentar, esticando-se ao máximo, o material se expandindo tanto que arrebentaria. Só que ele não arrebenta. Não arrebenta, pois eu consigo continuar a beija-la e ela continua a corresponder.
Eu nunca mais verei essa garota, não pessoalmente. Eu a amo e, daqui algum tempo, não a amarei mais. Verei suas fotos no Instagram ainda, sem comentar em nenhuma; mencionará que a encontrou aqui e ali, fingirei não estar com inveja; receberei seu convite de aniversário, falarei que ele se perdeu no correio. E eu sei que ela poderia se gabar que já namorou um integrante da One Direction, entretanto não fará nada, porque gosta de açucarar suas lembranças a sua própria medida.
Seu corpo dá um solavanco e sei que ela se segura desesperadamente, amarrando os trapos que ela se tornou, para não cair totalmente em prantos, para não ajoelhar no chão do hotel, marcando os joelhos com o carpete, e fazer tanto barulho que reclamarão na recepção. Ela sempre chora ruidosamente quando as lágrimas derramadas são pelo seus próprios problemas e não de algum personagem que ela se apegou por aí. Eu sei de muitas coisas sobre .
Minha mão direita desliza sobre sua bochecha, descendo até segurar seu ombro, enquanto a mão esquerda sobe para fazer a mesma coisa. Eu a seguro quando seu corpo estremece pela segunda vez.
Ela se separa de mim e eu abro os olhos, ela tenta procurar o verde dos meus, então deixo que ele se encontre com o marrom dos dela. Deixo que as duas cores se choquem violentamente e se abracem em despedida.
Suas palmas se esparramam em meu peito quando dou outro pequenino passo e permito que nossos corpos se encostem de verdade.
Olhamos-nos e tentamos memorizar a íris um do outro, sabendo que isso só nos trará mais dor em alguns dias, quando estivermos nos recuperando e tentando nos recompor, um processo que possivelmente durará mais alguns meses. Tentamos não deixar o outro ir embora completamente, também sabendo que é a única coisa que devemos fazer.
Seu dedo indicador toca delicadamente meu rosto, contornando meus traços. Deixo uma lágrima escorrer pela bochecha esquerda e encosta nela, a água salgada se dispersa em seu dedo. dá um pequeno sorriso, simples, que só é um sorriso porque as pontas de seus lábios de levantam quase imperceptivelmente e seu olhar triste se suaviza. Ela está feliz que é importante para mim suficientemente para que eu chore. É óbvio que eu me importo com ela.
Sua mão esquerda se levanta também e sente a textura de meu cabelo, quase como se quisesse se recordar para sempre do quão macio ele é ou de como ele se comporta conforme ela move a mão. Ela o observa por um instante, a saudade a assola tanto quanto me corrói saber que nunca mais ela reparará em meus detalhes.
Eu não suporto o momento e acabo por beija-la novamente. Desta vez, eu tenho fervor. Minhas mãos descem e apertam seus braços, a puxo para mim. Esse gosto nunca se manifestou entre os nossos beijos, nós nunca nos despedimos assim, é uma sensação inédita e não me decido se gosto de descobri-la. De qualquer forma, e eu nos aventuramos nela e avançamos as nossas ações. A necessidade nos varre e logo permito que a voracidade nos consuma. Eu devoro sua boca como nunca, esquecendo-me que necessito de ar para sobreviver, parece que a única coisa que preciso é ela. Suas mãos se entrelaçam em minha nuca e ela dá passos para frente sem de fato se mover, empurrando-se em meu corpo, em claro sinal de desejo. Minha mão direita agarra seu cabelo e a esquerda envolve a sua cintura. Suas lágrimas empapam o próprio cabelo e se misturam com o suor ao chegarem em seu pescoço. Chegamos a um ponto sem volta, o último ponto, a última vez. Sua coluna se entorna, pois me projeto para frente. Não me contento com o que tenho. Suas mãos se agarram em meu rosto e me puxam para ela, também não é o suficiente e a proximidade é insatisfatória.
É então que percebe para onde estamos indo e começa a desacelerar o beijo. Permito que ela puxe o freio, colocando minha mão sob a dela para segurar a alavanca. Parece que o ato se encerra como se fosse um suspiro.
As lágrimas em seus olhos continuam a escorrer quando ela dá um passo para trás e suas mãos voltam a se entrelaçar em sua frente.
“Eu deveria ir embora.” sussurra olhando para os meus pés descalços, sem coragem de quebrar a magia do momento ao falar alto demais.
Eu hesito, desejo que fique. Só então noto que ela não diz que tem compromissos, inventando desculpas para me deixar aqui. Ela também não anuncia sua saída simplesmente. Ela, assim como eu, deseja que jamais precise sair, já que, assim que ela estiver no corredor, estamos acabados, é oficial. Um momento de término eterno é melhor que os incontáveis e imprevisíveis momentos seguintes ao término.
“Você pode ir amanhã.” eu comento, como se não fosse nada demais, mesmo que o meu tom baixo de voz, equivalente ao dela, indique que não sou tão indiferente assim quanto a sua estadia.
Seu olhar sobe pelo meu corpo, parando quando encontra os meus olhos. Ela nega sem fazer um movimento, sem dizer uma coisa, deixa o castanho se expressar, e tudo o que vejo nele é um não.
Não consigo aceitá-lo.
“Por favor.” peço, ainda mais baixo que antes. Minha voz soa quebradiça até para mim.
Naquelas duas palavras, permito que a tristeza exploda e eu grite silenciosamente para que aquilo está acabando comigo. Odeio términos. Não conheço alguém que goste deles, mas eu odeio términos. Principalmente esses que são irremediáveis e que vejo que são definitivos.
Seu olhar se volta para baixo enquanto seu braço esquerdo vai até atrás de sua cabeça e ela tira a presilha que segura sua franja, ela respira fundo e fecha os olhos, deixando a presilha cair, antes de acenar com a cabeça, encolhendo os ombros. O cabelo cai e se acomoda. É exatamente no instante que ele para de deslizar para frente que eu elimino a distância que o passo de colocara entre nós. Eu a pego no colo e a coloco no centro da cama enorme. Apoiando-me em meu antebraço esquerdo, com a mão direita em sua cintura, a beijo antes de deslizar para baixo para tirar seus sapatos de salto. Eles tinham cerca de 10 centímetros e sei que este é um dos mais baixos dela. Beijo seu dedão direito e ela contrai os dedos, porque sei que odeia seus pés. Subo-os pelo peito do pé e chego no tornozelo.
.” ela chama num suspiro. Meu olhar vai até seu rosto, ela faz que não com a cabeça. “Me beije.” ela pede e assim eu o faço.
Passo a ponta de meu nariz por sua panturrilha e depois sorrio ao ver que ela me encara. Nosso beijo é doce, calmo e terno. inverte nossas posições, minhas mãos se pousam em sua cintura, e ela desce seus beijos para o meu pescoço. Conforme vai descendo, sinto seu corpo deslizar sobre o meu, ela tira minha camiseta com calma, ainda em meio aos seus beijos e chega um ponto em que a única coisa que consigo sentir é o atrito de sua roupa com o meu quadril. Ela nota o meu desconforto e sorri, sentando-se para abrir meu cinto ao mesmo tempo em que rebola propositalmente sobre mim. Minhas mãos descem até a barra de seu vestido e o retiram, puxando-o para cima, ela se movimenta com um pouco mais de intensidade e preciso voltar a agarrar sua cintura. Olho para ela e seus olhos não deixam de me observar reagir a seus encantos, ela usa um sutiã branco rendado e uma calcinha da mesma cor cujas tiras laterais me fazem querer enroscar meus dedos nelas ou rasga-las com os dentes. Não aguento mais, portanto minhas mãos sobem pelas laterias de e chegam em sua nuca, a puxo para outro beijo. Coloco-a de modo que fique abaixo de mim novamente, me apoio em meus antebraços outra vez para beija-la e ela arranha minhas costas. Interrompo o beijo e deslizo meu nariz por seu pescoço, desço entre seus seios e espalho beijos por sua barriga, arrancando risadas dela, já que ela tem cócegas.
“Você definitivamente sabe apertar meus botões, .” ela provoca, esquecendo-se do término por alguns segundos.
Eu beijo seus lábios.
“Definitivamente.” sussurro com os lábios pairando sob os seus e vejo que a tristeza está presente novamente.
Assopro atrás de sua orelha e a vejo arrepiar, deposito um beijo ali e começo a trilhar por seu pescoço, passo para seu braço direito, sentindo o perfume de sua pele, depois seu ombro e o busto. Torço o nariz para o sutiã, nos levantamos juntos e o tiro vagarosamente, não reclama já que a entretenho com meus lábios passeando por ela. Volto a deita-la e seus olhos estão fechados, os meus estão bem abertos para vê-la o quanto puder. Beijo cada um de seus mamilos, dando uma leve mordida no esquerdo, que a faz gemer. Massageio seus seios que estão rijos sob meu toque, volto a descer meus beijos, dou uma lambida abaixo de seu umbigo e suas pernas se enroscam ao meu redor. está ofegante e suas mão procuram o meu cabelo. Quando o encontram, sou puxado para um beijo e, como uma gata, ela rapidamente inverte as posições.
Seus beijos pelo meu pescoço e tórax são mais molhados do que o costume, acredito que seja pelas lágrimas que derramou e umedeceram seus lábios. Ela dá pequenos chupões pelo meu abdômen e suspeito que não poderei ficar sem camisa pelos próximos dias. Meus dedos se entrelaçam em seu cabelo enquanto sua língua dança em minha pele, minha respiração se acelera quando sua boca se aproxima de minha virilha. abre o botão de minha calça e o zíper também, coloca os dedos indicador e médio de cada mão dentro dela e a puxa juntamente com a minha cueca. Ela as abaixa até meu tornozelo, de modo que eu me contorço para tira-las por completo. Os dedos de passeiam em minhas pernas, se aproximando cada vez mais de meu membro. Ela sabe que isso está me enlouquecendo. Assim, sem aviso prévio, quando eu estou prestes a coloca-la de costas, sua delicada mão envolve o meu pênis e começa a me estimular. Solto um longo gemido e, vendo que naquele ritmo eu não aguentaria muito mais, a lanço na cama e a beijo até que o nosso fôlego se esvai, minhas mãos percorrem seu corpo cada vez mais forte e ela deixa marcas exatamente onde mais me enlouquece cada vez mais veloz.
Tiro sua calcinha devagar, dando beijos por suas coxas, mesmo que isso quase me mate em expectativa. Introduzo-me nela com cuidado e sua cabeça pende para trás, seus olhos se fecham e eu me delicio com a visão. Faço questão que meus movimentos sejam calmos e controlados, aumentando o ritmo pouco a pouco.
Aquilo não era meramente sexo e, apesar de querer me matar se me ouvisse falando tal coisa, aquilo era amor.
O que havia sobrado dele.
Ela volta a ficar em cima de mim e nós dois nos sentamos, seus seios deslizam em meu peitoral enquanto ela cavalga e eu beijo seu pescoço, que está tombado para o seu lado direito. Perto de atingir o ápice, finca suas unhas em meu ombro e os gemidos que ela dá não são contidos. Ela nem sequer tenta fazer isso, o ar sai de minha boca rápido e ruidoso, o que nos torna ainda mais barulhentos. Quando alcançamos o orgasmo, nosso corpo se contrai com alguns segundos de diferença. Deito para trás e a puxo comigo, recuperando o fôlego. Ela lentamente se afasta e cai de costas ao meu lado, soltando um suspiro.
Meu rosto se vira para vê-la e, antes de me encarar, ela puxa o lençol sob o próprio corpo. Respiro fundo três vezes, olhando-a, antes de me cobrir também. Nos viramos para ficar um de frente para o outro. Não há palavras que possamos dizer, então só nos encaramos. Ela estica o braço e toca minha bochecha, dá um singelo sorriso e observa minha pele sumir sob lençol. Fecho os olhos por um momento ao sentir seu toque. Gostaria de puxa-la para mim em um abraço, porém não o faço e continuo imóvel.
Poderíamos preencher o vazio com assuntos bobos como usualmente faríamos ou então mascarar o término comentando sobre nossa agenda para os próximos dias, não proferimos uma palavra. Era inútil. Não falamos do nosso futuro, porque simplesmente não há um, ao passo que não falamos do nosso passado, porque ele já não importa mais. Não interessa quem fomos, quem somos e quem seremos. Acabou.
Enquanto meus olhos começam a pesar, assim como os dela, minha mente se enche de lembranças nossas. Não as colocarei em porta retratos e pendurarei em meu apartamento quando ela se mudar comigo, já que ela não vai se mudar. Não comigo. Nunca.
E todos os lugares que visitamos terão sua marca estampada para sempre, só que agora dar-lhes-ei novas marcas também, com outras pessoas ou então sozinho. se tornará apenas uma pessoa qualquer que, há algum tempo, fiz algumas coisas.
É difícil aceitar que não teremos mais um ao outro, não correrei para ela quando chegar em sua cidade, não a telefonarei depois de um dia difícil, não farei uma chamada de vídeo no jantar só para fingir que estamos num encontro, mesmo estando quilômetros e quilômetros um do outro. É difícil, no entanto, não é impossível e sei que aceitarei isso.
Só não agora.
Por ora, minhas memórias me embalam numa canção de ninar, que acompanha os dedos de massageando meu couro cabeludo, um hábito automático que ela consegue realizar mesmo que esteja quase adormecida. Quando os sonhos me engolem, sua mão pende e fica imóvel, ela adormece também.
Dali algum tempo, acordo novamente. continua a dormir. Tiro sua mão de cima de minha cabeça e a coloco entre nós dois, segurando-a. O espaço na cama entre nós ainda existe, mesmo que agora que pareça menor, ainda que nenhum de nós se moveu, quase que por medo de virarmos de costas um para o outro e desfazer por completo o laço que temos. Ele está tão frágil agora…
Os lábios de estão entreabertos e só então noto o quanto a região de seus olhos está inchada e vermelha, será que ela chorou mais depois que eu dormi? Espero que não. Alguns fios de cabelo caem em seu rosto, desejo afasta-los e coloca-los atrás de sua orelha, mas tenho medo que isso a acorde. Se ela acordar neste exato momento, se levantará, se vestirá e irá embora. Não quero assistir essa cena. Ela parece cansada, imagino como ela pareceria se eu acendesse a luz para vê-la melhor... A luz da lua a banha, é um brilho fraco demais e não me dou por contente.
O sono me abate outra vez, consigo senti-lo invadir meu corpo pela ponta de meus dedos. Até tento lutar contra ele, contudo o dia foi exaustivo demais. Minhas emoções, minha mente e meu corpo estão em frangalhos, consequentemente não resisto muito contra o sono. Meus olhos se fecham e sou sugado outra vez para o véu preto do cansaço, sabendo que, da próxima que eles se abrirem e eu acordar, não ocupará o espaço ao meu lado e eu não a verei mais.




Fim.





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