Última atualização: 28/05/2018

Prince of Persia

Quero te apresentar o mundo onde reis e nobres disputam o poder entre os desertos da Pérsia, enquanto o povo permanece faminto, a sabedoria é subjugada pela ganância. Onde um garoto tímido herdará o trono mais cobiçado e uma especial garota ajudará em sua proteção.

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Pérsia - 530 a. C.

A primeira vez que a vi, tínhamos somente 9 anos, naquele dia eu estava escondido embaixo da mesa de banquetes observando os nobres entregarem seus presentes em comemoração do meu aniversário. Foi quando o comandante da Ordem Secreta entrou acompanhado de uma criança, não consegui ouvir o que falava ao meu pai, o rei, pois meu curioso olhar assim como atenção, estava nela.

Uma garotinha encapuzada e retraída, senti uma certa vontade de me aproximar para descobrir seu rosto, porém permaneci onde estava. Vendo-a de longe tinha motivos para achá-la comum e simples, até que ela virou sua face em minha direção, seus olhos escondidos por um breve instante foram atingidos por um feixe de luz, que me deixou ver. Eram brancos como se não tivessem vida, comecei a imaginar o que haveria acontecido para que ela ficasse assim.

Em instantes, ela estendeu a mão em minha direção apontando para mim, como ela sabia? Meu pai se levantou do trono e olhou, chamando-me pelo nome com sua voz alta e grossa de sempre, saí rapidamente debaixo da mesa e corri até minha mãe que estava em pé ao lado do trono. Me agarrei ao seu vestido, mantendo minha atenção ao naquela menina que seguia meus movimentos com a face de uma forma intrigante. Seguimos para a câmara onde os assuntos graves eram discutidos, então meu pai se pronunciou.

, como já lhe contei, este é o comandante Tus da Ordem Secreta, os responsáveis por manter a proteção da realeza e dos nobres da cidade de Alamut. — disse meu pai me empurrando para mais perto da garota — E este é seu presente.
— Quem é ela? — assim que ergui minha mão para tentar retirar seu capuz, ela segurou firme em meu pulso, imobilizado meu braço — Me solte, eu ordeno.

A garota logo soltou e deu um passo para trás.

— Alteza, jamais toque em um guardião sem que ele permita. — aconselhou o comandante.
, esta é a sua guardiã, ela ficará com você em todos os momentos te protegendo. — explicou meu pai.
— Eu não preciso de uma garota para me proteger. — resmunguei a olhando contrariado, eu queria ver seu rosto direito.
— Querido, todos os grandes reis do passado possuíam guardiões, o seu pai também. — minha mãe colocou a mão no meu ombro e sorriu — Quando crescer irá entender.

Eu não queria entender, só queria saber realmente quem era ela, a garota que sempre permanecia de capuz com a cabeça baixa, mas sempre sabia o que estava acontecendo ao seu redor e comigo. Era estranho tê-la ao meu lado todas as horas do dia, até mesmo à noite quando dormia, lá estava aquela pequena criança sentada na janela olhando a lua, silenciosa e atenta ao meus mínimos movimentos. , este era o nome que eu havia escolhido para ela, combinava com os raros sorrisos que dava ao ser sair bem em seis treinos.

— Não deveria tentar me enganar para vir a cozinha. — disse ela cruzando os braços, aquela havia sido a primeira vez que falava em sete ciclos lunares que estava comigo.
— Estou com fome, sabia que me acharia. — dei de ombros pegando uma maçã que estava em cima da mesa.

Ela permaneceu em silêncio abaixando um pouco mais sua face para que eu não visse seu rosto, como sempre sendo tampado por aquele capuz que me dava raiva. Um estrondo surgiu quando eu já estava prestes e a assaltar as cestas de pães de mel, o barulho parecia ser a região leste do castelo, então os gritos começaram a surgir. Imediatamente, ela pegou em meu pulso e me arrastou pelos corredores, no caminho encontramos minha mãe que me procurava aflita e seguimos para meu quarto por um propósito.

— O que está acontecendo mamãe?! — eu estava um pouco assustado e temeroso por meu pai não estar por perto.
— Estamos sendo atacados, querido. — ela retirou seu brasão com o selo real do pescoço e colocou no meu — Não poderei ir com você nem seu pai, então jamais perca este selo, é a prova que você é o verdadeiro herdeiro do trono da Pérsia.
— Mas mãe?! — meus olhos se encheram de lágrimas, não queria acreditar que me separaria deles.
. — ela olhou para minha guardiã — Cuide do nosso herdeiro com sua vida.

Senti uma entonação forte de autoridade na voz de minha mãe, prontamente assentiu e pegando em meu braço me arrastou novamente pelos corredores do castelo. O caos já estava instalado no reino e tropas inimigas invadindo todos os cantos do castelo, após tomarem os vilarejos ao redor.

Entramos em um corredor úmido e escuro que não imaginava que existisse algo assim, descemos algumas lanças de escada, até que parou bruscamente, pois havia ouvido vozes ao fundo. Escorregamos pela parede até agachar, aquele ponto estava mais escuro o que ajudaria para ninguém nos ver, respirei fundo e tentei fazer o máximo de silêncio possível, por um momento admirei a frieza e precisão de em tomar decisões rápidas.

Ela estava mesmo muito concentrada em me tirar dali, assim que dois homens passaram, ainda segurando em meu pulso com força foi me guiando até a outra escadaria, que dava na ala dos servos. Entramos por uma porta secreta escondida dentro de um dos armários dos caldeirões, por um momento me perguntei como ela sabia sobre todos aqueles corredores e passagens que utilizamos.

Realmente era uma criança especial, o que me deixava ainda mais fascinado por ela. O túnel daquela passagem deu na lateral oeste do jardim, quase rastejando, seguimos até o grande pátio, onde dava vista para a entrada do castelo. Nós posicionamos atrás de alguns arbustos para ver o que acontecia, certamente estava mesmo pensando qual o caminho seria mais seguro para sair dali.

Então avistei uma movimentação das tropas inimigas, dando a visão para um homem estranho que trajava vestes pretas com bordados de fios de ouro, em frente a ele estava meu pai ajoelhado e amarrado, minha mão ao lado sendo segurada por mais dois homens. Em um piscar de olhos, o homem de preto levantou a espada e lançou sobre meu pai, o grito da minha mãe soou em todo o lugar.

Senti um forte aperto no coração e tomei impulso para ir até eles, mesmo sendo uma criança inconsequente queria ajudá-los, queria salvar meus pais, porém me segurou forte e tampou minha boca para que não fizesse barulho e chamasse atenção para nossa direção. Havia alguns soldados perto de nós e com extrema dificuldade, ela me tirou dali, assim que saímos do castelo pela passagem secreta que havia no canal do rio, seguimos seu curso até o primeiro vilarejo.

Com astúcia ela roubou um camelo para fugirmos e seguimos pelo rio até chegar ao deserto. Eu não entendia como ela conseguia continuar tão focada em meio a todos aqueles acontecimentos e agora ao frio do deserto à noite. Foi um longo tempo que parecia estarmos andando em círculos, assim que o sol surgiu no horizonte ao terceiro dia veio também com ele uma forte e inesperada tempestade de areia.

se apressou em pegar os tecidos que estavam na cesta que veio junto com o camelo e nos cobrindo, ficamos nós dois e o animal naquela tenda improvisada. Ela se manteve todo o tempo com sua cabeça abaixada e respiração lenta, como se analisasse tudo ao seu redor.

Não me contive em manter minha atenção nela, desde o dia em que a vi pela primeira vez debaixo daquela mesa até ali, algo dentro de mim estava me fazendo querer conhecê-la ainda mais, saber quem era aquela pequena, porém extraordinária garota que estava me protegendo. Ela era tão esperta e astuciosa para uma criança, o que me fazia admirá-la ainda mais.

— Acorde alteza. — disse ela ao chutar meu braço.

Abri meus olhos devagar e logo percebi que não estávamos sozinhos mais, vários homens encapuzados se colocaram diante de mim, o que me levou a querer entender como haviam nos encontrado em meio ao deserto.

— Alteza. — reconheci o rosto do homem, era o comandante da Ordem Secreta.

Logo todos os outros homens se curvaram diante de mim, virei meu olhar para que mantinha sua face abaixada. De repente me lembrei da cena do meu pai sendo cruelmente assassinado por aquele homem mau, senti um pouco de medo de imediato sem saber o que seria de mim dali para frente. Neste momento, ergueu de leve sua face como se soubesse como eu estava me sentindo, finalmente pela primeira vez estava vendo seus olhos brancos nitidamente.

O comandante informou que me levaria a um lugar seguro, onde o usurpador Miraz não me encontraria. Seguimos pelo deserto por mais alguns dias, novamente dividi o camelo com , já não estava me sentindo bem, sol e frio já estavam mexendo com minha mente, ao amanhecer do sexto dia eu já não conseguia mais sentir o que acontecia ao me redor. Com minha visão já embaçada tive a sensação de ver um oásis, meus olhos foram pesando até que meu corpo não conseguiu mais se manter erguido, foi tombando em direção a areia.

que estava atrás de mim, logo me segurou com seu braço.

— Estamos chegando. — sussurrou ela.

Sua voz estava mais doce, foi a única coisa que percebi até ficar completamente inconsciente.

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15 anos depois…

O sol nem havia nascido e ela já estava treinando em meio as areias do deserto, sua dedicação estava ainda mais intensa no decorrer do tempo, depois de todos esses anos convivendo, meu coração sempre se acelerava sempre que a via assim, séria em treinamento.

— Majestade. — disse o comandante Tus ao se colocar ao meu lado.
— Ainda não sou o rei. — disse um pouco desconfortável pela forma que me tratavam, não havia me acostumado nem admitia a morte do meu pai, o verdadeiro rei.
— Para nós, você é o único rei agora. — ele voltou seu olhar para — E logo chegará a hora de reivindicar o trono e fazer justiça a morte do seu pai, é por isso que ela está treinando com mais intensidade.
— Eu deveria fazer o mesmo. — adimiti voltando meu olhar para ela — Mas a olhando, sinto que preciso aprender mais com ela.
— Todos precisamos, ela acabou superando seu mestre como esperado. — Tus riu e se virou — Acho que essa é uma boa oportunidade para isso.

Assim que ele se afastou adentrando mais o oásis, desaparecendo do meu campo de visão, me aproximei de a fazendo parar de forma automática.

— Posso me juntar a você?! — perguntei.

Ela riu de início, não era comum eu pedir, pois sempre chegava cruzando espadas com ela.

— E consegue me acompanhar?! — ela jogou a espada que estava em sua mão e pegando outra que estava fincada na areia, veio em minha direção já erguendo suas mãos.

Eu só conseguia perceber a dimensão do quanto ela era habilidosa em nossos treinos juntos, mesmo não tendo a força de um homem, sua rapidez e agilidade em manusear a espada era totalmente superiores, o que lhe dava vantagens sobre mim. Divertido e algo mesmo tempo sério para ambos, sua face exalava concentração impecável.

Nossas espadas se cruzavam constantemente, até que ela ao se abaixar em um giro rápido me derrubou ao chão, jogando seu corpo em cima do meu, fincou a espada ao lado da minha cabeça.

— Não está com sua atenção ao treino. — advertiu ela — Nem sempre o adversário serei eu.
— Esse é o problema, minha atenção sempre estará em você. — admiti sem medo.
— Não diga bobagens. — ela se levantou e esticou a mão para me ajudar.
— Não é bobagem. — eu peguei em sua mão e a puxei para cima de mim, segurando em sua cintura.

Novamente meu corpo se arrepiou ao olhar para seus olhos brancos e profundos, mesmo sabendo que ela não podia me ver naturalmente, sentia que lá no fundo de alguma forma ela me enxergava. Levei minha mão até seus cabelos e acariciei sua face por alguns instantes.

— Acho melhor voltarmos ao treino majestade. — sugeriu.
— Já disse para me chamar de . — a corrigi — Você tem permissão.
— Então… — ela se levantou — Temos que manter o foco, .

Ela pegou a espada e se afastou tranquilamente.

— Não vai me ajudar a levantar?! — perguntei inocente.
— Existem momentos em que o rei deve se levantar sozinho. — respondeu ela ainda de costas.

Em um piscar de olhos ela se voltou para mim deixando sua face mais séria, com precisão lançou a espada horizontalmente em minha direção, no impulso eu lancei meu corpo para trás deitando sobre a areia, em segundos a espada passou por cima de mim já partindo uma flecha que vinha em minha direção.

— Fiquei abaixado. — gritou ela já pegando o arco e a flecha que estava sobre alguns tecidos na areia.

Fazendo um rápido movimento lançou a flecha para o leste, meus olhos acompanharam o movimento até ver um homem sendo acertado por sua flecha.

— O que foi isso? — perguntei erguendo meu corpo novamente.
— Fique aí! — ordenou ela ao passar por mim pegando a espada e seguindo em direção ao homem.
— Claro que não. — retruquei me levantando e a seguindo.
— Rei teimoso, — resmungou ela.

Assim que nos aproximamos do homem que tinha rolado pela duna de areia, analisou para ver se ainda estava vivo.

— Então?!
— Morto. — constatou ela — Pelas vestes é um mercenário, não é um qualquer.
— O que um mercenário estaria fazendo aqui?
— É o que vou descobrir. — assegurou.

Levamos o corpo do homem para Tus, que se espantou logo ao ver.

— Não é possível. — sussurrou ele.
— Este não é um mercenário qualquer, olhe as faixas vermelhas no braços. — observou .
— Quem são?! — perguntei.
— Os mercenários que trabalham para Miraz. — respondeu ela.
— Como chegaram aqui? Esta é a questão… Pois, este oásis é muito bem localizado e escondido, só quem já esteve aqui sabe como chegar. — garantiu Tus.
— A menos que tenha um traidor entre nós. — sugeriu ela — Aquela flecha era para o rei.
— Quem seria tal pessoa?! — indaguei.
— Não imagino. — Tus pensou por um momento — Devemos ser mais cuidadosos de agora em diante, até o momento em que atacaremos Miraz.
— Sim senhor, garanto que quando descobrir quem é o traidor. — ela fincou o punhal sobre a mesa — Cabeças vão rolar.

Meu coração pulsou mais forte, mesmo que fosse de uma forma discreta e quase imperceptível, eu já conseguia notar suas mudanças de humor e temperamento. estava furiosa e mais do que eu, temendo que pudesse ter acontecido o pior comigo.

Os dias seguiram com Tus traçando nosso plano de ataque, por mais que eu não me sentisse preparado para a guerra, não poderia mais adiar o inevitável. A melhor defesa era o ataque diante da aproximação do inimigo, seria nosso elemento surpresa apesar de haver um traidor entre nós.

— Gostaria de saber seus pensamentos. — disse ao me sentar ao seu lado na areia.
— Para que?! — ela manteve seu olhar no pôr-do-sol — Não é óbvio?!
— Óbvio?! O que seria óbvio?!
— Sempre vou estar pensando em uma forma de te proteger. — explicou ela.
— Não é bem a resposta que eu queria. — dei um suspiro fraco.
— E que resposta queria? — ela me olhou.
— Que você só pensa em mim, como eu só penso em você. — direto e honesto com meu coração — Queria que sentisse o mesmo que sinto.
— Não acho que seja o momento para isso. — ela respirou fundo.

Eu virei meu corpo para sua direção e tocando de leve sua cintura, a fiz reclinar seu corpo se deitando sobre a areia, então aproximei mais meu corpo do dela permanecendo com minha mão em sua cintura. Meu coração já estava acelerado por somente tocá-la daquela forma suave.

— Diga que não está sentindo nada. — a confrontei deixando meu rosto próximo ao dela.

Seus olhos brancos mais uma vez me hipnotizaram, ela segurou firme em meu braço porém fechou os olhos, ao mesmo tempo que me desejava também queria resistir a mim, o que me levava a ter certeza de que sentia algo por menor que fosse, mesmo lutando para não demonstrar.

— Majestade. — sussurrou ela, ainda resistindo.
— Por favor, me diga o que sente. — sussurrei de volta.
— Majestade. — uma voz forte e grossa surgiu próximo a nós, era Tus — Estamos prontos.

Logo escorregou dos meus braços se voltando e virou de costas como se estivesse envergonhada pela presença de Tus, eu voltei meu olhar para ele que permanecia com sua atenção voltada para ela.

— Vamos iniciar o ataque. — anunciei.

Ele assentiu com o rosto e se retirou, eu o segui com o olhar até chegar próximo aos camelos, quando voltei minha atenção para , ela já estava de pé com seu olhar sério de sempre.

— A partir de agora, mantenha seu foco na coroa. — advertiu ela num tom de ordem.
— Meu foco sempre será você. — retruquei sem receio me levantando.
— Isso só dificulta meu trabalho. — resmungou ela ao passar por mim e seguir em direção ao Tus.

Respirei fundo, não iria desistir dela e nem dos meus sentimentos, ainda que não fosse o rei, eu a queria ao meu lado para sempre. Seguimos pelo deserto até encontrarmos alguns mercadores que seguiam para as festividades que aconteceriam em Alamut, finalmente voltaria a cidade onde nasci e perdi meu pai, a capital do reino da Pérsia.

Foi neste momento que tive conhecimento da dimensão da minha responsabilidade como rei, tudo o que meu pai construiu havia sido destruído por aquele usurpador do Miraz, o reino que era próspero para todos, se tornou rentável para um só e sua corja de mercenários. O povo sofria enquanto os nobres desfrutavam do suor do trabalho deles, um governo cruel que surgiu através do sangue de inocentes, o sangue do meu pai entrava entre eles.

Isso me fez querer ainda mais fazer justiça ao que aconteceu a anos atrás.

- x -

— Tem algo de errado aqui. — alertou assim que entramos silenciosamente na sala do trono e a mesma estava vazia.
— Sempre perspicaz. — observou Hannah, uma arqueira que havia crescido junto conosco, ao se afastar da formação e seguir em direção ao trono — Acho que é tarde demais para perceber isso.
— Do que está falando Hannah? — perguntou Tus.
— Ela é o traidor entre nós. — concluiu levantando sua espada.
— Agora sim. — concordou Hannah.

Em segundos, vários mercenários que trabalham para Miraz entraram na sala acompanhados do próprio.

— Olhem, se não é o herdeiro fugitivo. — disse Miraz se aproximando de Hannah e que beijando de forma bárbara e forçada — Você os trouxe para mim.
— Por que nos traiu?! — perguntou Tus.
— Porque eu não seria a rainha. — Hannah olhou diretamente para com ódio e fúria, o que me deixou intrigado.
— Nem nunca será. — assim que fez o sinal com o reflexo do sol que batia na lâmina de sua espada, uma flecha acertou um dos mercenários, era o nosso reforço.

Miraz veio em minha direção, seus olhos negros de fúria me mostraram que todo aquele tempo planejava me matar com a ajuda daquela arqueira. Tus e outro arqueiro ficaram encarregados dos outros mercenários, assim como nosso reforço, enquanto acertaria as contas com Hannah.

Mesmo com aquele combate na sala do trono, a outra parte do nosso plano estava sendo executada em outro lugar. Miraz havia escravizado todas as tropas do meu pai, soldados leais que jamais se curvaria diante do falso rei, eles agora seria libertados pelos outros cavaleiros da Ordem. Tomar o castelo não seria mais uma dificuldade. Essa era a parte que somente a elite da Ordem sabia, em nome do meu pai o verdadeiro rei, entrariam nas masmorras e libertariam todos os soldados escravos para que lutassem agora em meu nome, o herdeiro legítimo.

Seria a batalha definitiva naquele castelo, o caos estava novamente armado, enquanto isso na sala do trono a luta continuava. Em um piscar de olhos com a atenção de todos voltada para seu próprio combate, Miraz me desarmou jogando-me ao chão, no mesmo instante me lembrei de todas as palavras de sobre minha atenção estar na coroa, teoricamente ela estava certa e eu como sempre, jamais deixaria de me preocupar mais com ela do que comigo.

— Eu deveria ter te matado quando era uma criança. — pronunciou ele ao levantar a esperada para cortar minha cabeça — Mande lembranças ao seu pai.

Assim que ele moveu sua mão, soltou um grito alto desarmando Hannah para vir me socorrer, de uma forma estranha toda a minha vida passou diante dos meus olhos, porém só conseguia focar minha visão em minha guardiã. se esquivou de mais um mercenário para pegar o arco que Tus havia lançado para ela no ar, e girando um pouco com precisão ela acertou a flecha na mão de Miraz, o fazendo soltar a espada.

Rapidamente eu peguei a espada e cravei no abdômen dele, senti raiva naquele momento ao me lembrar do meu pai.

— Isso é pelo meu pai. — disse soltando a espada da minha mão.

Miraz deu alguns passos para trás com a boca já despejando sangue e logo caiu morto. Os dois mercenários que ainda sobreviveram soltaram suas espadas e ajoelharam, então Hannah se levantando impulsivamente retirou um punhal das costas e veio em minha direção, pegou a espada e correndo cruzou a lâmina com o punhal dela.

— Saia da minha frente. — a fúria estava impregnada em seus olhos — Eu te odeia.
— Jamais será a rainha. — concluiu com convicção, forçando a espada contra ela e conseguindo fazer um pequeno corte em seu rosto, finalmente a desarmando.

Então socou sua cara jogando-a no chão, precisamente chutou o punhal para frente.

— Não posso te matar, o que é uma pena, mas a justiça será feita. — completou minha guardiã.
— Eu mesmo cuidarei disso. — Tus se aproximou e a pegou pelo braço — Você será julgada pela Ordem e pagará o preço pela traição.

Neste momento os soldados entraram na sala do trono e se ajoelharam ao ver que Miraz estava morto, e que o selo de meus pais estava em meu pescoço, era o reconhecimento de que o verdadeiro rei havia retornado para Alamut. Um dos mercenários em troca de perdão me contou que minha mãe ainda estava viva, trancada em um calabouço que ficava abaixo do castelo na parte sul, imediatamente ordenei para que fizessem as buscas e a resgatassem.

Tudo estava caminhando para a ordem, porém ainda haviam questões que me intrigaram de uma forma intensa. ordenei que todos saíssem da sala, exceto , assim que ficamos a sós comecei a dar alguns passos pela sala.

— Pergunte logo. — disse ela direta, me conhecia muito bem para saber todos os meus mínimos movimentos.
— O que a Hannah quis dizer em não ser a rainha?! — perguntei — Por acaso já estou destinado a alguém?!
— Na teoria, sim. — assentiu mantendo sua face para frente em direção ao trono.
— E que é? — insisti.

Já estava um pouco desconfiado, porém temeroso que isso fosse a causa dela me evitar e resistir aos seus sentimentos por mim.

— Um reino só é forte quando possui um rei forte e sábio. — disse ela de forma enigmática.
— Mas como o rei consegue ser forte e sábio?! — questionei.
— Quando possui uma rainha forte e sábia ao seu lado. — respondeu de forma cabisbaixa olhando para o chão.
— Meu pai era forte e sábio. — conclui me aproximando mais dela — Então, minha mãe era…

Aos poucos comecei a juntar as peças, a forma tímida com que ela estava agindo naquele momento me ajudou a encaixar tudo.

— A coroa só se casa com a Ordem… Eu deveria ser completa como sua mãe… — ela respirou fundo, como se reprimisse seus sentimentos — Mas vim incompleta e com defeito, quando perdi a visão, já era tarde para treinarem outra arqueira para você.
— Você é maravilhosa. — toquei de leve em seu rosto a fazendo olhar para mim, com aqueles lindos olhos brancos — Jamais diga isso novamente, nem se sinta assim, você é perfeita para mim.
— Eu nunca poderei te ver… — sussurrou ela suspirando fraco.
— Engano seu. — acariciei seu rosto — Você consegue enxergar além dos meus olhos, ainda que eles não possam ver, seu coração me verá.
— Majes… — eu toquei com o indicador em seus lábios.
— Meu mundo ideal é aquele em que você está ao meu lado. — afirmei.

Sorri de leve e sem rodeios, não me conteria mais perto dela, me aproximei aos poucos para que sentisse cada detalhe em minha respiração e meus movimentos, envolvendo meus braços em sua cintura a beijei de forma fome e intensa, com todo o amor que estava guardando dentro de mim.

“Um mundo todo novo
Um lugar deslumbrante que eu nunca conheci
Mas quando eu estou aqui no alto
É um cristal claro
Que agora eu estou num mundo todo novo com você.”
- A Whole New World

Olhar: Devemos continuar mantendo nossos olhos em nosso alvo, pois ainda que não saibamos o propósito final, tudo irá se esclarecerá no momento certo. Não perca o foco, ainda que todos ao seu redor ache que é bobagem!” - by: Pâms



The End...



Nota da autora:
O que dizer sobre essa música linda que foi lançada no ano que eu nasci, e agora pude escrever uma história dela *-* Aladdin é um dos meu desenhos favoritos da Disney, junto com O rei Leão, A bela e a fera e A princesa e o Sapo. Espero que coração que tenham gostado!!!
Bjinhos...
By: Pâms!!!!
Jesus bless you!!!




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*as outras fics vocês encontram na minha página da autora!!


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