Finalizada em: 28/06/2018
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Capítulo Único

- Aqui é a aeronave PT-MOC, pedindo autorização para pouso. Repito, aeronave Papa Tango Mike Oscar Charlie, pedindo autorização para pouso na Base Aérea, na pista
Um ruído de microfonia veio do outro lado do sinal, enquanto o comandante olhou para seu co-piloto, ao seu lado. Ficou silêncio por alguns instantes, até o ruído começar novamente e uma voz ser transmitida.
- Papa Tango Mike Oscar Charlie, pouso autorizado na pista 27L.
Com a ajuda do comandante, diminuindo os números no altímetro do avião, o piloto mais experiente fez uma curva à esquerda e alinhou com a 27L à sua frente. Quanto mais perto do chão se aproximava, um aparelho de segurança alertava da distância que faltava para uma possível colisão até que um tranco forte foi sentido, na posição traseira do avião, e logo o nariz se nivelou ao resto do corpo, onde todas as rodas estavam no solo, e sentindo força, a aeronave perdia velocidade e logo saía por uma das ramificações da pista em direção ao pátio.
- O comandante quer falar com você – foi o que ouviu no rádio, antes de desligar os motores da imensa aeronave por completo.

***


Ela sempre foi uma criança diferente. Nunca quis brincar com bonecas na infância, nem acreditava em contos de fadas nem que era uma princesa. Cresceu olhando para o céu, e seu maior sonho sempre foi andar de avião.
A criança de cabelos pretos bem curtos cresceu. Foi para a escola de aviação militar, enfrentou barreiras e preconceito, simplesmente por ser mulher, e se formou com honras. Aprendeu a bater continência para seus superiores, e aprendeu sobre disciplina. E foi a primeira mulher a tirar um avião militar do chão.
Mais do que fazer seus pais sentirem orgulho, ela sentia orgulho de si mesma.

***


- Eu tomei a minha decisão – o homem mais velho falou, sentado em sua cadeira.
Ele fez sinal, para que os dois militares em pé a sua frente, que estavam em forma, se sentassem, e então foi a vez dele ficar em pé.
- Major – se referiu para o homem a sua frente – E Major – disse para a mulher – Vocês são duas pessoas extremamente competentes, e eu queria poder o cargo de comando do esquadrão para os dois, mas infelizmente, apenas uma pessoa ocupará a sala principal do hangar.
A Major estava incomodada. Desde quando soube que estava sendo cotada para a vaga de comando, devido a sua capacidade, tem ouvido bobagens do Major . Que lugar de mulher era em casa, não sentada atrás de mesa de comando, muito menos tirando avião de mais de 34 toneladas do chão.
, como era chama a Major , nunca teve a ambição de comando. Era uma mulher que pilotava avião, como sempre sonhou desde criança, e aquilo era o suficiente para ela. Ficou surpresa quando soube que era uma forte candidata ao comando do maior esquadrão da base aérea, não esperava por aquilo, e tinha certeza que em algum momento, algo certo ela estava fazendo em sua carreira militar.
agradeceu ao homem mais velho a oportunidade, e depois de uma noite refletindo sobre, pensou em negar. Não precisava daquilo, já era realizada o suficiente. Mas quando , como se chama o Major , ficou sabendo que era sua concorrente, foi o suficiente para que toda disciplina e respeito que ele aprendeu nos anos de academia, fossem embora, e o machismo tomou o espaço.
Então, a partir daquele momento, decidiu não negar a vaga que estava concorrendo, e passou a ouvir os comentários maldosos de cabeça baixa. Voar com como seu co-piloto, ou apenas pegando uma carona em seu avião, era uma tortura. O mansplaining tomava conta, e ele explicava coisas básicas sobre pilotar, para .
Ela aguentou tudo aquilo de cabeça abaixada. Até aquele momento em que estavam. Ou seria comandante do maior esquadrão, ou ficaria de cabeça baixa e aceitava que a partir daquele momento, iria ouvir zoeiras para sempre sobre sua capacidade.
- Major , o comando do esquadrão é seu.
Sem delongas nem meias palavras, o comandante falou. fechou os olhos por poucos segundos, quando ouvia a respiração animada de ao seu lado. Ela então abriu os olhos, assentiu com a cabeça para seu comandante, e então estendeu a mão, para cumprimentar Major .
- Meus parabéns.
De cabeça erguida, estava aceitando a derrota da mesma forma que fez quando decidiu que iria invadir aquele antro masculino, e que nada nem ninguém, iria impedir de realizar seu sonho.
- Obrigada, Major não conseguia esconder o sorriso do rosto – Isso prova para nós dois, que mulher e comando são duas coisas que não combinam na mesma frase.
Naquele momento, o sangue de ferveu. Ela deu um sorriso amarelo, para não desrespeitar o superior à sua frente.
- Obrigada comandante – bateu continência – Vou comemorar hoje!
- Essa reunião ainda não acabou – o mais velho informou – Como vai ser comandante do esquadrão por algum tempo, eu gostaria de convidar você, , para ser adida na Base Aérea de Ramstein, na Alemanha, por dois anos...
Naquele momento, as palavras do comandante viraram um zumbido em sua cabeça, e não conseguia mais processar seus pensamentos. Ela estava sendo convidada a fazer um intercâmbio em uma das maiores e principais bases aéreas do mundo?
- Durante seu ano como adida, você vai fazer um curso preparatório, e quando voltar, há grandes chances de você se tornar não comandante do esquadrão, mas da Base Aérea. O que me diz?
Era impossível falar quem tinha a boca mais aberta naquela sala: , por ter recebido o convite, ou , por perceber que de repente, ele não estava mais tão interessado em seu cargo de comandante de apenas um esquadrão.
O nome que se dava para aquele sentimento, era inveja.
não tinha o que pensar. Percebeu que depois de tanto tempo após realizar seu sonho de se tornar piloto, aquele era seu novo sonho, e não tinha nem o que pensar. Sua família a apoiaria, seu marido a chamaria de louca se negasse, e seu filho de dois anos era o maior fã da própria mãe. Sim!
- Sim! Ah meu Deus, coronel, sim! – ela sorriu para o homem e se levantou, apertando sua mão – Desculpe a falta de postura, mas obrigada pela oportunidade, meu Deus, Ramstein – ela não parava de rir – Jamais agradecerei o suficiente.
- Ótimo, tenho certeza que você não vai me decepcionar na Alemanha – o comandante falou – Você está dispensada pelo resto do dia. Vai para casa, racionalize o convite, converse com sua família. Nos vemos amanhã.
E sem falar com , saiu direto para o vestiário a procura de sua bolsa, para pegar a chave do carro e ir embora. Iria de macacão de voo mesmo, não se importava. Estava animada para fazer as malas, mesmo sem saber quando iria embarcar.
- Coronel... Eu não quero questionar suas decisões, mas não seria alguém mais experiente, do sexo masculino, ir para Ramstein?
- Você não está falando de você, está, Major ?
- Não... Não estou – o homem gaguejou – Mas seria uma honra se o senhor decidisse me enviar para lá, no lugar da Major .
- Não, a minha decisão está feita. Você queria o comando do esquadrão, ele é seu. Tenho certeza que quando a Major voltar da Alemanha, ela vai ter muito mais a me mostrar e me orgulhar em questão de integridade, que você. Agora ande, volte ao trabalho.
E de cabeça baixa, aceitando a derrota e evitando o desacato, saiu da sala do coronel.

Que o machismo esteja cada vez menos presente e enraizado na sociedade.

With all the strength as a raging fire
Mysterious as the dark side of the moon.


FIM



Nota da autora: Oi pessoal. Confesso que quando eu me inscrevi no projeto do Mixtape, achei que iria conseguir desenvolver uma história bem melhor sobre essa música, e de repente, minha vida deu uma guinada, e eu me encontrei sem tempo. Então se vocês chegaram aqui e se decepcionaram, mil desculpas.
Para quem gostou, espero que deixem seu comentário. É a primeira fanfic mais girl power que eu escrevo, e confesso que gostei da brincadeira.
Um beijo para vocês, Liih.





Outras Fanfics:
Espelho - Futebol, André Schürrle, shortfic.
Dortmund, Alemanha - Futebol, Marco Reus, shortfic.
04- Walking in the Wind - One Direction, shortfic.
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Treat You Better - Futebol, André Schürrle, em andamento.
Face to Call Home - Futebol, Olivier Giroud, shortfic.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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