Fanfic finalizada: 30/10/2019
Music Vídeo: J-Hope - Daydream

Capítulo Único

- Ei... Olá! Qual é o seu nome, amiguinho?
O pequeno bichinho assustado ergueu a cabeça, as lágrimas ainda escorrendo pelo rosto, atingindo o focinho rosa em formato de coração. O que ele viu, foi um ser humano que brilhava tanto quanto o sol, sorrindo de maneira carinhosa e amável. O bichinho estava com medo, era verdade, mas algo naquele sorriso o fazia se sentir um pouco mais seguro.
- Meu nome é ! - O ser humano comentou, abaixando-se ao lado do pequeno bichinho. Este se encolheu cada vez mais, como se estivesse com medo de ser tocado. - Calma, amiguinho! Eu não vou te machucar! Você não sabe falar, né? Consegue me entender...?
Aquele ser humano, , pendeu a cabeça para um lado, sem fazer movimentos bruscos enquanto o bichinho continuava com o coração acelerado, com medo de qualquer tipo de interação. Observando com seus grandes olhos marejados de lágrimas, aos poucos fez que sim com a cabeça. Aquilo pareceu animar mais ainda.
- Que bom! Você é novo por aqui, né? Está machucado? Te vi chorando e fiquei preocupado com você... - Ele mal terminou de falar e o bichinho correu até ele, abraçando os joelhos de e escondendo o focinho de coração no meio destes. - Ah, o que foi? Você está com medo?
estava um pouco surpreso com aquela reação, afagando a cabeça do bichinho enquanto o mesmo confirmava com a cabeça.
- Shhh, não precisa ter medo. Eu tô aqui e não vou deixar nada de ruim acontecer, ok? - E sempre mantinha o sorriso no rosto enquanto falava com o bichinho. - Ok, ? Gostou desse nome?
O bichinho ergueu os olhos, um pouco mais animados, as bochechas corando com o que podia prever que seria uma grande amizade. Não sabia o motivo, mas algo naquele animalzinho o lembrava dele mesmo.
- Bem vindo ao World, . - E sorriu de maneira mais brilhante que o sol.
- Ei, ! Acorda!
E quase caiu da cadeira com chacoalhando-o para que voltasse à vida real, em seu estúdio, produzindo suas músicas.
- Já não basta ter quebrado a cadeira, você também quer me quebrar agora? - murmurou de volta, mal abrindo os olhos enquanto se colocava de pé. - Bruto.
- Não é minha culpa que de cinco em cinco minutos ou você cochila ou fica sonhando acordado com o seu próprio mundinho. - deu uma pequena risada, sentando-se em uma cadeira ao lado de . - Precisamos continuar aquela track que estamos trabalhando desde o início do mês. A intenção é lançar...
- Nesse fim de semana, eu sei... - se espreguiçou, estalando o pescoço. Em seguida, pegou um caderno e anotou algumas coisas enquanto já abria os arquivos em que trabalhariam no computador.
- Mais ideias pras suas músicas? - perguntou sem olhar para o amigo. Escrever era um processo que exigia privacidade.
- Yep. Logo logo eu termino e lanço alguma coisa... - Com essa frase, começou a murmurar um ritmo que animou .
- Parece bom. É de uma delas...?
- É sim. Espero que seja tão boa quanto estou esperando, ainda falta muita...
- Gente, desculpa o atraso! - E uma voz esbaforida os interrompeu, entrando de maneira escandalosa no estúdio e fazendo congelar no lugar. tirava o cachecol e suspirava, fechando a porta da sala com dificuldade enquanto tentava equilibrar uma grande sacola de papel pardo nos braços. - Acordei super tarde e me atrasei no banho! Quando saí, tava tão frio que quase congelei na minha bicicleta!
- Oi, . - sorriu, acenando para a moça, no que imitou o gesto. Ele não sabia que ela estaria ali e o coração estava disparado. - Não precisa se preocupar, o tava cochilando.
- Respeita meu sono, . - suspirou, fazendo-a dar uma boa risada. Aquilo o fez sorrir de volta e sentir as bochechas corando.
- Pra compensar o meu atraso, eu trouxe bebidas quentes e doces! - Ela imediatamente levantou a sacola de papel pardo após descansar a bolsa, o casaco e o cachecol na cadeira de .
- Ah, não precisava, ! Seu coração é lindo! - Ele não conseguiu ficar sem reagir na hora, fazendo lançar um olhar um tanto suspeito e dar uma risada um tanto envergonhada.
- O seu que é, . - Ela respondeu com as bochechas róseas. A sorte era que estava correndo no frio, então parecia que o tom das bochechas era pelo esforço físico na baixa temperatura. - Eu trouxe seu café preferido e um pote de churros com chocolate... O mesmo pra você, ! Seu café e um pote de churros, porque sei que vocês gostam!
- Ah, muito obrigado...! - não podia estar mais agradecido enquanto pegava os doces. - Você sempre sabe como animar nossos dias puxados de trabalho... Ei. O que é o seu?
E percebeu que ambos a encaravam com sobrancelhas erguidas. Ela começou a rir enquanto dobrava a sacola para deixar junto com as coisas e levar de volta para casa.
- É chá! - A moça colocou um feixe de cabelo atrás das orelhas, gesto que sempre fazia sorrir inconscientemente. - Chá preto com cranberry e jasmim e bolo de semolina com calda de flor. É exótico, mas é bom!
- Parece interessante... - se aproximou cuidadosamente, com o cuidado de não tocá-la, pois se o fizesse, provavelmente seu coração iria explodir. o observou com uma sobrancelha erguida enquanto ele farejava o aroma de flores por cima do ombro dela. - O cheiro é muito bom!
- Quer experimentar...?
- Ah, posso?! Não quero te incomodar, ! Mas parece tão bom, você tem um ótimo gosto pra comida! - sorria de maneira radiante e provavelmente falava mais alto que o recomendado. - Quer dizer, seu gosto é bom pra tudo, inclusive pra comida...!
Apesar de rir da reação do rapaz, o celular de tocou no mesmo momento e ela saiu do estúdio para poder atender. Foi só ela deixar o recinto que respirou fundo como se estivesse sentindo aquela ansiedade louca que surgia em seu estômago sempre que a via o deixar em paz pela primeira vez em semanas. Ele se sentou em uma terceira cadeira próxima de , balançando a cabeça e respirando fundo.
- Sabe... Não dava pra ser mais óbvio que você gosta dela. - O amigo finalmente comentou, reprimindo uma risada que queria surgir no fundo da garganta.
- Cala a boca, . - E claro, só podia lançar um olhar de morte.
- Vamos precisar trabalhar rápido hoje. - No momento seguinte, entrou novamente no estúdio após desligar o celular, enquanto o guardava no bolso. - Do que vocês estão falando?
- Nada! - se virou para ela com um sorriso enorme nos lábios, parecendo que havia acabado de levar um choque e a voz duas oitavas acima do normal. - Faremos tudo o mais rápido possível! Tudo bem por aí, ?!
- Tudo ótimo! Só uma amiga que não vejo há muito tempo que resolveu marcar um jantar comigo e me ligou pra me lembrar do compromisso! - sorriu de volta, sentando-se em uma cadeira com rodinhas e escorregando para perto de , que a segurou prontamente. - Temos até a noite pra terminar.
- Não se preocupe! Até de noite é tempo suficiente! - fez joinhas com as mãos, o coração batendo desenfreadamente enquanto ela somente ria do amigo.
balançou a cabeça, sorrindo. não conseguiria ser mais óbvio nem se quisesse.

- Você é um ser de outro planeta produzindo música, . - comentou com um suspiro enquanto salvavam o arquivo em três pen drives diferentes: um para ela, um para e um para . A noite já havia chegado e logo ela teria que correr até o restaurante para se encontrar com a amiga, mas, como prometera, o tempo fora suficiente para terminarem o que tinham que fazer.
E aquele elogio da parte dela o deixou completamente sem palavras, vermelho como um pimentão e com um sorriso enorme no rosto.
- E eu? Tudo bem que você gosta do , mas né...! - resolveu se manifestar, quase fazendo tanto quanto se enfiarem embaixo do sofá do estúdio de vergonha.
- Não! Não é isso! É que, eu...! - Ela começou a gaguejar, sentindo as bochechas corando novamente. E dessa vez não tinha a desculpa da bicicleta. - Ele teve ótimas ideias hoje, mas você também é genial, ! Não é nada...!
- Eu sei, eu sei, estava brincando. - sorriu de volta para a moça. - Obrigado pelo café e pelos doces. Agora vai antes que você se atrase para se encontrar com a sua amiga.
- Ok, ok! Você tem razão! - Ela deu uma risada sem graça e, pegando tudo que precisava para ir, parou à porta para se despedir. - Vejo vocês amanhã então?
- Yep. Amanhã! - fez joinha com as mãos, fazendo uma risada surgir nos lábios dela.
- Ah, e não esquece seu caderno de músicas! - entregou o objeto para ela, fazendo-a suspirar em alívio.
- Obrigada, ! Até amanhã! - E, sorrindo, deixou o estúdio.
- Sério. Se você não parar com essa mania de falar que a gente se gosta, eu vou te jogar do prédio um dia desses. - rolou os olhos e comentou com o amigo quando tinha certeza que ela já estava longe.
- Eu espero que um dia vocês se joguem nos braços um do outro! - E, com essa frase, foi acertado pelo caderno de músicas de .
No que ela estava em seu jantar, voltou para casa para uma boa noite de sono e descanso. Finalmente deitando na cama após o banho, pegou seu caderno de músicas, abriu em uma página aleatória em branco e começou a rabiscar o rascunho de um bichinho.
O focinho em forma de coração, os olhos sinceros e as patinhas fofinhas, fora trazido à realidade. pegara uma boa feição dele. Deitando o caderno sobre o peito e fechando os olhos, deixou-se levar pelo sono até o seu próprio mundo, World.
- Ah, olá, ! - Ele acenou para o bichinho assim que o avistou. acenou de volta de maneira animada, correndo com pequenos passinhos para se aproximar de e fechar as patinhas em volta da panturrilha do rapaz. deu uma boa risada, abaixando-se como podia para acariciar a cabeça de . - Como você está? Já fez alguns amigos?
somente o observou, os olhos contentes. Tinham alguns flamingos por perto e parecia ter feito uma boa amizade com eles. Como era de se esperar, as aves cor de rosa estavam brincando de surfar na água do lago azul esverdeado com as grandes e compridas patas enquanto alguns outros as observavam por cima de óculos escuros de aros grossos feito de plástico multicolorido.
- Ah, os flamingos surfistas! Eles são ótimas companhias, ! - se abaixou ao lado do mais novo amiguinho, abaixando o tom de voz e chegando mais perto, como se para confidenciar um segredo. aproximou-se animado, feliz de que resolvera confiar nele. - Mas te digo, tome cuidado com os de óculos escuros! Eles são uma elite que fala com um sotaque metido, da mais alta sociedade, cheios de intrigas e que gostam de julgar os surfistas. Ah, além disso eles curtem muito mais jogar críquete do que aproveitar o tempo sobre as ondas e não se deve confiar muito no críquete deles. Principalmente porque já tentaram usar coquinho laranja das árvores como bolas e todo mundo sabe que essa é uma ideia realmente frustrada.
olhou para ele com estranheza, fazendo sussurrar mais ainda, uma das mãos cobrindo a boca.
- Coquinhos só funcionam pra esportes de araras. Os flamingos são muito grandes e precisam de bolas maiores pros esportes, mas a elite insiste em achar que têm as mesmas dimensões de araras! - No que ele comentou, reprimiu uma risadinha, fazendo o coração de arder em alegria. - Mas não diga isso para eles, ou ficarão magoados. Apesar de tudo, são criaturas amigas.
- , meu caro! Que deleite vê-lo por aqui! - Um flamingo de óculos branco cumprimentou de maneira cortês, abaixando levemente os óculos pelo bico arredondado. - Fazendo uma visita prolongada, eu espero?
- O tanto quanto meu sono me autorizar, Sr. Travers! - cumprimentou com um aceno elaborado e respeitoso com a mão.
- Se o seu sono lhe autorizar um bom tempo, junte-se a nós para uma xícara de chá, meu rapaz! - O flamingo respondeu, colocando os óculos de volta no lugar e sorriu de volta.
- Pode deixar, Sr. Travers! Esse chá está marcado! - Dizendo isso, ele estendeu uma das mãos para segurar a patinha de e os dois começaram a caminhar juntos pelo colorido World. - Viu? Bons flamingos. Mas a mania do sotaque e o chá da tarde, é algo realmente a se prestar atenção!
Pela primeira vez, ouviu a risada entusiasmada de . Parecia com a dele quando ele mesmo começou a aprender a ter esperança e abrir o coração novamente para pessoas que pudesse amar e deixar que o amassem de volta. Após algum tempo caminhando, sentiu puxando sua mão e apontando para um canto.
- Quer ir pra lá? Está com fome? - Era como uma praça: colorida, cheia de avisos em neon, risadas, invenções criativas e as mais variadas pessoas e criaturas caminhando rindo entre si. Mesmo assim, não era bagunçado ou lotado: tudo espaçado de maneira perfeita para que você se sentisse em casa. - Aqui fica o que eu chamo de praça de alimentação. Podemos comer um bom hambúrguer, você gosta de hambúrguer?
acenou afirmativamente com a cabeça de maneira entusiasmada. somente riu, levando-o até a praça com tanta atividade e tanta vida. Puxando novamente a mão de , apontou para ele e depois para a praça.
- Hã? Ah, sim! Eu que criei tudo isso! - sorriu de volta, parecendo orgulhoso. - Tudo fruto da minha imaginação, um mundo de sonhos que eu chamo de World.
estava maravilhado - e, mais importante, sentia-se seguro. World era a sua casa e ele tinha certeza que nunca sairia de lá, aproveitando para observar a praça e as grandes árvores que os rodeavam, os passarinhos cantando no céu azul, o chão de tijolos amarelos embaixo dos pés enquanto o ajudava a subir em uma cadeira colorida da praça de alimentação. Algumas pequenas girafas brincavam por perto, um astronauta caminhava destemidamente para uma estação espacial que logo lançaria um foguete, duas garotas com roupas renascentistas e flores e pequenas frutinhas vermelhas nos longos cabelos esvoaçando ao ar passeavam no entorno.
- , meu grande amigo! O que podemos fazer por você hoje?
- Dois especiais do World completos, por favor, Hwang! - respondeu com um sorriso e arregalou os olhos ao perceber que quem fizera a pergunta era um peixe dourado que nadava em pleno ar, claramente garçom da lanchonete iluminada de azul e rosa neon perto deles.
- Ah, olá! E quem é esse novo amiguinho? - O peixinho dourado deu o que parecia ser um sorriso e sorriu de volta, mexendo o focinho de coração. - Meu nome é Hwang, é um enorme prazer conhecê-lo!
- Esse é o ! - apresentou de maneira orgulhosa, fazendo se sentir completamente alegre com aquela introdução. - Ele é o mais novo habitante do World!
- Legal saber disso! Vou falar pro pessoal caprichar lá na cozinha! - Hwang piscou de volta para eles e saiu navegando pelo ar. - Liam! Pega o pessoal que hoje temos uma visita nova pra atender!
- Eles são muito legais! Se você quiser, é até capaz de acharem um emprego legal pra você na lanchonete. - piscou para , fazendo-o dar pequenos pulinhos em seu banco. Aquilo o fez dar uma boa risada. - Você é muito fofo, sabia?
Repentinamente, o celular de começou a tocar. Com as sobrancelhas franzindo, ele pegou o aparelho do bolso, sem notar que tinha deixado cair algo sobre a mesa. escorregou as patinhas para conseguir alcançar o que parecia um pedaço de papel, enquanto checava o aparelho.
Era uma foto. conseguia ver ao lado de uma linda moça, ambos sorrindo animadamente, no que parecia ser algo espontâneo. Ao que pôde notar, eles tinham saído para se encontrar em algum lugar, o que resultou naquela foto dos dois rindo juntos, de uma maneira que aquecia o coração de . Era quase como se ele conseguisse ouvir a voz da moça rindo e conversando animadamente com . Ao virar a foto, encontrou algo escrito “Feliz Aniversário, ! Continue sempre com esse sorriso lindo! Enquanto você não me apresenta seu World, pode me carregar no bolso até ele! - ”.
- O que você está olhando? Encontrou algo...? - perguntou com curiosidade, deixando o celular sobre a mesa. mostrou a foto e ele imediatamente sorriu, as bochechas corando levemente enquanto o coração acelerava. - Ah! A foto da ! Ainda bem que você encontrou, não posso ficar sem ela!
apontou para o próprio coração, para e em seguida para a foto - sabia exatamente o que ele queria dizer. Com um pequeno suspiro e um sorriso nos lábios, ele se deixou responder, afinal não havia motivos para mentir para .
- Sim. Eu gosto dela... Mas não consigo achar uma boa maneira para falar isso. - Os dedos de encontraram a foto e ele se pôs a apreciar a maneira como ria. Aquele sorriso que, se dependesse dele, queria ver todos os dias. - Meu coração sempre acelera perto dela e eu começo a agir como se tivesse tomado três litros de café, completamente descontrolado.
Em seguida, apontou para a foto e abriu os bracinhos para mostrar a praça na qual estavam. arregalou os olhos.
- Trazê-la aqui?! Você acha que seria uma boa ideia?! - No que começou a falar de maneira desembestada, finalmente ouviu uma alegre risadinha da parte de , o som mais bonitinho que ele já tinha ouvido em seu World. entendia o que ele tinha dito sobre ficar completamente descontrolado perto de .
- Aqui estão, dois especiais! - Porém, ambos foram interrompidos por Hwang e Liam trazendo as bandejas com as comidas que tinham acabado de pedir. começou a farejar o ar enquanto eram deixadas sobre a mesa colorida. - Caprichados para nosso novo amigo, ! Bem vindo!
E começou a fazer pequenos sons animados, como um bichinho de pelúcia sendo apertado, como agradecimento por todo aquele tratamento. Nunca em sua vida sentira que pertencia a um lugar - mas estava sentindo aquilo no World.
- Ei, Hwang, me diz uma coisa... - chamou, cutucando o peixinho dourado a seu lado. - Esse doce... É de quê?
- Semolina e calda de flor. Adição nova da casa! - Hwang piscou para ele. - Aparentemente, você teve ótimas memórias com ele!
Dizendo isso, os dois peixes riram enquanto nadavam de volta para seus afazeres. somente observava enquanto olhava pasmo para o doce, lembrando-se de quando guiara um pedaço do mesmo até a boca dele naquela tarde.
- Ok... - Ele suspirou, olhando para de maneira decidida. - Talvez você tenha razão. Talvez... Talvez eu deva trazê-la para cá.
levantou os bracinhos, apitando em alegria enquanto pequenos corações cor de rosa borbulhavam de seu focinho. imediatamente começou a rir, querendo abraçar aquela pequena criaturinha e não soltá-la nunca mais.
- Eu disse talvez! - voltou a falar, rindo por cima dos adoráveis guinchos de . - Talvez! Quem sabe ela gosta de tomar chá com o Sr. Travers, não?!
E ele até resolveu ignorar o celular tocando novamente enquanto aproveitava sua refeição com , acordando meia hora atrasado no dia seguinte. Mas valera a pena.

- Hmmm... ? - Ele ouviu a voz de entrando cuidadosamente em seu estúdio. girou na cadeira, virando-se para ela e tirando os fones de ouvido. - Estou te atrapalhando? Posso voltar depois, se quiser!
- Não, não! De jeito nenhum, pode entrar! - sorria de maneira desajeitada, um tanto nervoso de tê-la no estúdio. - Tudo bem? O que houve? Quer um chá?
- Oi? - Eram muitas perguntas e piscou algumas vezes, rindo em seguida. Aquilo fez rir também.
- Rápido demais, né...?
- Só um pouquinho. - respondeu com um riso engraçadinho que achou simplesmente adorável. Até ouvir a pequena risada característica de e franzir as sobrancelhas. Olhando por cima dos ombros da moça, encontrou o bichinho sentado no sofá do estúdio, brincando com as próprias patinhas e cheio de carinho nos olhos enquanto observava . A imaginação de era realmente fértil, principalmente quando se tratava de sonhar acordado.
A verdade é que ele passara a última hora conversando com sobre a própria música que estava produzindo para seu primeiro álbum solo, World. Como estava fazendo tudo sozinho e não queria mostrar para os colegas do grupo como para não estragar a surpresa, resolvera pedir a ajuda de , que ficara dançando sobre a mesa de durante a última hora enquanto ele sonhava acordado. Para qualquer outra pessoa, estaria falando sozinho. Para ele mesmo, trocava ótimas ideias com .
- Então, você está com o seu caderno de músicas...?
- Estou, por quê? - estranhou a pergunta dela, alcançando o caderno sobre a mesa.
- Porque eu estou com o diário do World, . Esse aí é o meu caderno. - sorriu enquanto tirava o caderno dele de dentro da bolsa. arregalou os olhos imediatamente e começou a folhear, encontrando milhares de anotações de e desenhos. Muitos desenhos.
- Meu Deus...!
- Pode deixar que eu não olhei nada. Quando percebi uma letra que não era a minha, vi a capa e, quando li “ World”, sabia que era seu diário de anotações. - Ela falou rapidamente, como se para pedir desculpas antecipadas por algo que nem era culpa dela.
- Obrigado! Mas , me desculpa... - suspirou, sorrindo de maneira envergonhada. - Eu desenhei no seu caderno.
- Ah, tudo bem. Quando precisar do que tá nele pode me avisar, se quiser tirar alguma foto também... - deu de ombros, entregando o caderno de volta a . - Mas tenho que falar que fiquei curiosa com o World. Faz tempo que você comenta dele pra mim e não chegamos em nada. Quando vai sair seu álbum?
imediatamente ficou atento, as orelhinhas empinadas prestando atenção em . sabia que aquele seria o maior argumento do novo amiguinho: queria visitar World.
- Então, logo logo... Ainda tenho muitas coisas a corrigir, muitas coisas para refinar... - suspirou, apoiando-se na mesa de mixagem e deixando o caderno sobre a mesma, parecendo um pouco desconfortável. - Será esse ano ainda! E claro, vou ter que gravar um clipe, planejar várias coisas... Você sabe, o de sempre.
- Sei, sei sim. - Ela sorriu de maneira compreensiva. - Se precisar de qualquer ajuda com a arte ou som, já sabe, né? Pode me gritar.
- Ok! - E deu um radiante sorriso para a moça. - Pode deixar! Você vai ser uma das primeiras a ver o World!
- Ah, obrigada! - riu de volta e checou o horário no celular. - Bom, de volta ao trabalho. Te vejo depois, !
- Ok, bom trabalho, ! - Ele acenou para ela e, assim, deixou o estúdio.
pulou de onde estava, segurou a mão de e começou a puxá-lo insistentemente até a porta. franziu as sobrancelhas, sem mover um músculo.
- O que foi, seu doido? - Foi só perguntar que começou a acenar insistentemente com uma das patinhas até a porta. arregalou os olhos. - Ir atrás dela?! Pra fazer o quê?! Chamá-la pra sair?! - E confirmou veementemente com a cabeça. - Mas de jeito nenhum! Eu não vou fazer isso! Você não pode me forçar!
E passou uma boa hora parado no lugar, imaginando puxando-o por uma das mãos enquanto ele grudava à mesa de mixagem feito um gato reclamando que não chamaria para sair nem se o arrancasse de lá com uma legião de flamingos surfistas.

****


acordou relativamente cedo. Tinha trabalho para fazer e dissera que precisaria dela o mais cedo que ela conseguisse. Espreguiçando-se, a moça saiu da cama e foi preparar seu chá matinal.
Pegando o celular na bancada da cozinha - tinha esquecido lá por algum motivo que a escapava - colocou a água para ferver e começou a checar as mensagens não lidas. Todas eram de . 12 mensagens.
: Bom dia, !
: Tudo bem?
: Lembra que pedi pra você vir pro estúdio cedo?
: Então, não é bem o estúdio. Vou te mandar o endereço
: Aliás
: É melhor você checar suas correspondências :)
: As físicas, quero dizer
: Não e-mails
: Cartas
: Me avisa quando checar, ok?
: Ok, vou parar de falar e esperar você acordar
: Desculpa. Bom dia!
riu consigo mesma, achava adorável quando ele se comportava daquela maneira. Mesmo assim, franziu um pouco as sobrancelhas com o suspense, tirou a água do fogo e juntou com as folhas de chá, indo para a porta de entrada logo em seguida. Era raro receber alguma correspondência que não era alguma conta a pagar, então não esperava nada de mais.
Mas havia um envelope branco, que fora colocado por debaixo da porta. Ela não sabia que horas havia sido deixado lá, mas sabia que fora - a letra dele escrevera o nome dela com cuidado no envelope para não ser extraviado e não encontrar a pessoa errada caso se perdesse por algum motivo.
Abrindo o grosso papel branco, encontrou o que parecia um passaporte dentro. Estranhando ainda mais, ela viu uma arte toda colorida, um mundo de cores, objetos e criaturas adornando um céu cor goiaba no qual ela podia ler “Passaporte World”.
abriu o passaporte com avidez, encontrando uma cópia da foto dela e de rindo em uma festa - que ela tinha dado para ele de aniversário um ano antes - como se fosse a identificação dela naquele documento. As informações dela estavam escritas cuidadosamente em letras cor de goiaba e a caligrafia de podia ser lida em uma das páginas em branco do passaporte dizendo: “Você quer conhecer o World? Estou gravando Daydream no endereço abaixo. Ia adorar se você passasse por lá para ver um pouquinho como está ficando!”
Ela nunca sentiu tanta animação e expectativa queimando na base do estômago. Correndo, foi de maneira desembestada para o quarto, sabendo que enfiaria todo aquele chá em uma garrafa e beberia no caminho. Prioridades.
: ! EU RECEBI O PASSAPORTE!
: Não acredito que serei admitida no famoso World!
: Seu tonto, por que demorou tanto?!
: E por que fez tanto suspense comigo com Daydream?!
: Só de ouvir aquelas samples eu tô doida pra ouvir a música toda!
: Você me aguarde, senhor , porque eu vou chegar aí como um furacão!
: Pode vir que estamos te esperando!!
começou a dar pulinhos de alegria aos pés de , enquanto ele analisava um pouco da conversa e sorria, sentado em sua cadeira para descansar entre uma take e outra da gravação do MV.
- Calma, calma... Ela já vai vir pra cá. - Ele sorriu para , que saiu dançando pelo estúdio. somente ria.
- Ela quem? A ? - E se sentou ao lado do amigo descompromissadamente. somente ergueu uma sobrancelha.
- Eu achei que você já tinha ido embora.
- Ah, estava quase... - suspirou. - Mas quando te ouvi falando dela, resolvi ficar.
- Qual é a sua com o meu relacionamento com a , hein? - Apesar da pergunta e das mãos na cintura, ria. Era padrão dele: sempre que ficava um tanto irritado, dava algumas risadas fora de contexto.
- Vocês dois se gostam, . Por que você não fala pra ela de uma vez? - respondeu sem rodeios, abrindo a barrinha de Twix que tinha entre os dedos. - De verdade, eu não entendo. É óbvio que a gosta de você também. A maneira que ela te olha, que vocês conversam... Só a energia de vocês dois quando estão um ao lado do outro grita: “SOMOS UM CASAL”. E você quer que eu não fique te importunando porque você não toma atitude nenhuma?
- É mais complicado, ok...? - suspirou, massageando o pescoço levemente. - Eu sei algumas coisas da , ela sabe algumas de mim, e, sinceramente, relacionamentos não são o nosso forte.
- Não precisa ser. Vocês se gostam. Isso já é suficiente. - empurrou o amigo com o ombro, fazendo dar um sorriso sem graça.

Ele se lembrava claramente daquele dia chuvoso em que mandara uma mensagem no grupo reclamando que estava sem guarda chuva e, consequentemente, ilhada sem conseguir voltar para o estúdio. imediatamente respondera que podia buscá-la, levando um enorme guarda chuva e correndo embaixo dos pingos de água para resgatá-la.
Estavam em uma cidade em que normalmente não passavam muito tempo - fosse gravando, produzindo ou passando férias. Encontraram um estúdio pequeno, mas bom o suficiente para que pudessem viver em paz durante um tempo - a vantagem, era que ninguém conhecia ou o grupo dele, o que fazia com que fosse possível para ele andar livremente na rua e buscá-la do toldo em que se protegia da água.
- Olá, bela dama! - Ele disse com um enorme sorriso nos lábios, fazendo-a sorrir de volta e parar de se preocupar. - Gostaria de passear comigo nessa adorável chuva?
- Adoraria! - Ela respondeu com uma breve risada, segurando a mão que estendeu e se enfiando embaixo do guarda-chuva com ele.
A caminhada durou mais do que esperavam - simplesmente porque ambos tinham um amor profundo por passear pela chuva sempre que podiam. Sabendo que o outro apreciava aquele tipo de passeio, resolveram que podiam voltar ao estúdio somente quando parasse de chover.
Além de que a conversa sempre fluía de maneira fácil e animada entre e . Como se ambos fossem complementares, melhores amigos que podiam gastar horas e horas trocando ideias sem ao menos se cansar. podia ouvir a voz de o dia todo e ela podia apreciar as histórias que ele tinha a contar o tempo que fosse.
- Ah, é tão bom estar em uma cidade em que eu posso simplesmente caminhar por aí... - respirou fundo, aproveitando o ar que parecia com liberdade para ele. - Imagina. Se estivéssemos no nosso estúdio, provavelmente já teria mil notícias espalhando que estamos namorando. Seu namorado não ficaria nem um pouco feliz com isso.
- Meu namorado? - franziu as sobrancelhas. - Que namorado?
- Ué... Você não namora? - Ele franziu de volta, confuso com a reação dela. - Quer dizer... Você é inteligente, talentosa, bonita e simpática... Achei meio óbvio que teria um namorado, não?
- Ah... - E ela imediatamente ficou vermelha como um pimentão. - Obrigada pelos elogios. Mas não, não tenho namorado. Nunca namorei.
- O quê? - E agora estava em choque. - Não me entenda mal, nada de errado nisso, mas é que você é tão... E nunca... O mundo não faz o menor sentido!
- Não faz mesmo! - respondeu com uma risada, fazendo-o ficar mais calmo. Tinha o receio de que a ofendera com a reação. - Mas é que... Ai, como falar? É uma história meio longa... São várias na verdade... - Ela suspirou, olhando para os pés e tentando se achar nos próprios pensamentos. - Bom, eu gostava de um cara na escola. Minha “melhor amiga” foi lá e ficou com ele. Sofri um bullying desgraçado de todo mundo que se dizia meu amigo, fiquei com depressão porque basicamente perdi todo mundo que amava, comecei a odiar seres humanos e prometi nunca mais gastar tempo com gente que não merecia. Anos depois, eu comecei a achar que gostava de um amigo muito próximo meu e a cogitar a possibilidade de me abrir pro mundo e pras pessoas novamente, que nem todo mundo queria meu mal e eu podia amar sim... E minha melhor amiga da época ficou com ele. As duas sabiam que eu tinha sentimentos pelos caras, então não foi algo “sem querer”. Só depois eu percebi que as duas eram relacionamentos completamente tóxicos e manipuladores, em fases diferentes da minha vida. Moral da história: resolvi nunca mais me abrir para ser humano nenhum e achei muito melhor construir minha carreira do que gastar tempo com relacionamentos e dramas de “ain, meu namorado não tá me dando atenção, será que ele tá com outra” enquanto eu podia estar produzindo músicas ao invés de ter crises existenciais estúpidas. Pelo menos, sei que me encaixo no mundo das minhas músicas... Esse é o resumo mais rápido que eu consigo fazer!
- Nossa, ! - parecia chocado, sentindo algo diferente no peito, que nunca sentira antes. - Por que você nunca me contou? Isso é horrível! Essas pessoas foram ruins com você, te traíram, te machucaram e fizeram com que você se fechasse para o mundo... Você pelo menos deu umas nas caras delas, né?
- Não! - respondeu rindo, achando aquela reação de claramente muito engraçada... E ele não entendia o motivo. - É kármico, . O que tiver que voltar para elas, vai voltar. Eu resolvi só largar o rancor e o ódio, porque isso me envenenava e fazia mal. Elas que vivam as vidas delas e eu a minha, porque o Universo não vai deixar barato. Tenho certeza.
- Ah, você é muito piedosa... - Ele rolou os olhos, fazendo-a dar uma breve risada.
- Você nunca passou por algo assim? Em que achou melhor simplesmente deixar de lado e seguir com a vida?
ficou em silêncio durante alguns segundos, pensando enquanto ouvia a sola do tênis contra a calçada molhada. Ela somente aguardou, sem querer forçar nada em relação a ele. - Já... Já aconteceu algo assim... - suspirou. - Minha ex namorada. A gente se divertia bastante, eu era bobo, apaixonado e mais novo... Fazia tudo por ela, buscava em casa, guardava meu dinheiro pra sairmos pra uma lanchonete legal, nunca deixava que ela pagasse. Claro, gastava muito tempo dançando, mas ela sempre ia me assistir nas competições e torcia por mim. Eu achava que era aquilo, sabe? Que esse era o amor da minha vida, minha história de filme de romance, daqueles livros que a gente lê e sempre se pergunta “será que um dia eu vou viver algo assim?”. Eu gostava muito dela, mas... Aparentemente não era tão recíproco assim. Ela me deixou pra ficar com meu melhor amigo. Não via futuro para nós e eu era sempre muito distante. Entrei numa crise tão grande de “será que só eu via o bom no relacionamento, será que sou tão ruim assim?”, que deixei pra lá e nem tirei mais satisfações, nem dele, nem dela... Nem quis saber se eles já estavam juntos antes que ela terminasse comigo, mas provavelmente sim.
- Ah, eu entendo... É uma droga. - suspirou de volta, vendo como deu um pequeno sorriso triste em seguida.
- É, né... Mas pelo menos eu tive tempo pra ensaiar e chegar até aqui! - Com essa frase, ele parecia mais animado. - Parece que não somos tão diferentes assim, não é mesmo?
- Parece que não... O me disse que você era bem mais sério e meio fechado no começo. - deu um pequeno sorriso, fazendo corar como um tomate até as pontas das orelhas. - Mas que foi melhorando aos poucos, apesar de ainda ser bem sério quando precisa.
- Bom, eles precisam de alguém pra botar ordem no circo, né? - Ele perguntou de volta como se fosse óbvio, fazendo-a rir. Vendo uma oportunidade para mudar de assunto e deixar o clima mais leve, continuou. - É sério! Você já viu como aquele bando de criaturas que trabalham comigo conseguem deixar o mundo um completo caos? Se não sou eu, os ensaios não saem!
E o resto da caminhada foi entre risadas e conversas animadas, até que voltassem sequinhos ao estúdio. Mesmo assim, nunca iria esquecer da maneira como os olhos de carregaram o sentimento de vazio que ele mesmo tinha com suas próprias memórias doloridas - queria poder dar a um lugar em que ela se encaixasse que não fosse somente na solidão das próprias músicas.
não queria machucá-la. Depois de tudo aquilo, demoraria para se abrir novamente a outro ser humano - como ele mesmo precisou de muitos anos ao lado dos amigos para voltar a sorrir e se animar como antes, além de achar que existia alguma esperança no quesito relacionamentos.
O amor nem sempre precisava ser uma mentira. aprendera aquilo, também. Mas algo nela não aceitava aquela premissa 100% - ele sabia que ela precisava de alguém que a mostrasse aquilo, que segurasse as mãos dela com cuidado e tocasse o coração dela com calma para que a moça finalmente voltasse a acreditar que sim, o amor podia existir sem ser enlaçado de mentiras e traições.
estava com as patinhas apoiadas nos joelhos de , os olhos marejados de lágrimas enquanto o focinho em coração tremia levemente, trazendo de volta das próprias memórias.
- Você também passou por isso, não...? - Ele murmurou e fez que sim com a cabeça, entendendo perfeitamente tanto o coração de quanto o de .
- Hã? Passei pelo quê? - franziu as sobrancelhas, sem entender uma palavra do amigo. Porém, no mesmo momento, foi chamado para voltar à gravação.
- Nada. - sorriu como se tudo fizesse perfeito sentido. Em seguida, deixou o caderno em cima do colo de . - Segura aí, eu vou lá gravar e já volto!
- Doido... - deu uma pequena risada, balançando a cabeça enquanto começava a folhear o caderno de .
Não podia mentir. Quando escutou o álbum pela primeira vez, ficou realmente impressionado com a qualidade e a atenção aos detalhes de . O amigo demorara muito tempo trabalhando para lançar aquele álbum, colocando todo seu mundo em músicas que cuidara de maneira tão paciente e dedicada. Era até melhor do que as músicas de quando ele resolvera lançar seu álbum solo.
- Esse filho de um inhame... - Repentinamente, ouviu uma voz raivosa atrás de si e viu borbulhando com uma mistura de raiva e orgulho. - Ele não me mostrou nada! Durante todo esse tempo, pediu minha ajuda, ideias para algumas partes, mas não me mostrou nem trinta segundos! E agora olha só!
- Oi, ! Senta aí! - indicou a cadeira em que estava sentado anteriormente, mas ela estava indignada demais para se sentar.
Como era de se esperar, brilhava em seu próprio MV. A parte da música que estava gravando ecoava por todo o estúdio enquanto ele aproveitava, dançava e cantava entre as milhares de cores do MV. World logo seria lançado para todos e aqueles sonhos e viagens enquanto acordado que tinha estavam prestes a se tornar realidade.
- Inhame desalmado... - observava com olhos semicerrados, apesar de começar a rir logo em seguida. Ela viu quando olhou na direção dela e começou a sorrir, cantando para a câmera de maneira mais convencida que antes. Ela finalmente se sentou ao lado de e fechou os olhos, escutando a música. - Mas...
- É boa, né? - comentou de maneira orgulhosa. - E a letra. Você precisa ler a letra depois. Sobre o escapismo do dia a dia para poder aguentar uma vida que nem a nossa, um lugar só seu em que você pode ir mesmo quando acordado para rir, chorar e se divertir da maneira que quiser. Um lugar sem as amarras de ser uma figura pública, mas só você mesmo...
- Sem nunca estar mal agradecido pelo sucesso que tem. Só uma válvula de escape mesmo. - deu um pequeno sorriso, escutando a letra muito bem. somente confirmou com a cabeça: devia saber que ela interpretaria até melhor que ele. - O realmente é um ser humano precioso nesse mundo...
somente suspirou. Era até irritante o quanto eles eram perdidos um no outro e não faziam nada.
- Ei, . Quando você vai falar pro que gosta dele?
- Oi...?! - abriu os olhos, completamente chocada com a pergunta de . Mas a expressão que tinha era de “como você sabe disso” não de “isso é um absurdo”. O que deixou mais satisfeito ainda.
- ! Você chegou! - Mas a voz de e o silêncio da música interromperam qualquer discussão que poderiam ter. - Estou tão feliz que você está aqui! Bem vinda ao World!
- Ah, ! - Ela se levantou imediatamente, correndo para o abraço que ele nitidamente queria dar para cumprimentá-la. Assim que o alcançou, a prendeu entre os braços de maneira carinhosa e apertada. - Tá sensacional! Esse passaporte?! Essa roupa?! Essas cores?! Essa música?! E esses flamingos de óculos escuros?!
- O World não seria o mesmo se não fossem os flamingos de óculos escuros! - piscou para ela, soltando-a do forte abraço. imediatamente começou a rir.
- Imagino, devem desejar ser os seres mais estilosos... - Ela analisou como se estivessem falando da coisa mais normal do mundo. - Com certeza já se acham sensacionais por ter penas cor de rosa e pernas compridas. Aposto que tomam chá no meio da tarde enquanto discutem dos acontecimentos do dia.
imediatamente fingiu desmaiar ao lado de , coraçõezinhos cor de rosa borbulhando do focinho. O bichinho estava cada vez mais convencido de que era perfeita para - e, consequentemente, para o World - e seu pequeno coração não estava mais aguentando. teve que segurar uma risada com o exagero de .
- Um dia eu te levo pra visitar tudo com detalhes. - comentou com um pequeno sorriso no rosto enquanto soltava um guincho de empolgação como um bichinho de pelúcia apertado com muita força.
- Por favor, seu de-sal-ma-do! - E no que falou, era uma batida no braço de com o passaporte que ele fizera especialmente para ela. não entendeu o motivo da agressão repentina, quase indo se proteger atrás de . - Você me deixou no limbo durante meses! Como sua amiga eu tinha o direito de saber de alguma coisa! Te dei tantas ideias e você não me mostrou nem uma linha de baixo!
- Eu queria que fosse surpresa! Queria ver a sua reação quando ouvisse a primeira vez! - Ele começou a explicar rapidamente, enquanto somente se entregava às risadas. - Me perdoa, não quis te magoar! Só queria que você tivesse uma experiência completa, não uma coisa inacabada e sem sentido! Queria que estivesse bonito pra você!
- Ah... - E imediatamente começou a corar após as palavras de . - Poxa, . Obrigada... Aliás! O meu caderno! - Ela tirou o mesmo da bolsa, mudando de assunto rapidamente para não ficar tão envergonhada. - Tinha um desenho... Esse aqui! Você que fez, não? O é parte do World?
- É sim! Ele é recém-chegado, pra falar a verdade. Mas é uma fofura. - sorriu de volta para ela, ouvindo a respiração em expectativa de enquanto o bichinho agarrava a batata da perna dele.
- Ele é muito bonitinho... Você podia me apresentar quando me levar no tour do World, não? - E foi só terminar a frase que começou a dar pulinhos de alegria, com leves apitos de comemoração. Adorava o fato de que ela o achou bonitinho.
- Posso sim, quando você quiser... - Ele segurou o caderno para ver melhor o desenho, tocando levemente na mão de e se aproximando da moça.
- ! Vamos para a próxima cena! - Foram interrompidos por um assessor, que fez com que ele começasse a se arrumar no mesmo momento e guardar o caderno, acenando para que conversassem depois. - O que você está fazendo? Você sabe que ficar perto dela desse jeito é péssimo e pode trazer consequências!
- Eu sei, eu sei... - E somente rolou os olhos, enfiando as mãos nos bolsos do casaco.
somente sentiu os ombros afundando com aquele comentário do assessor. Esse era o problema: ela não queria que seu coração se abrisse novamente para ser jogado fora de maneira fria e cruel.
- Não liga pra isso, . - repousou uma das mãos no ombro dela, parando ao lado da amiga, percebendo que ela já não brilhava tanto quanto antes. - Você sabe que os assessores vão sempre fazer esse mesmo discurso, que temos uma imagem pra cuidar e etc. Você sabe que não concordamos com todo esse controle, mas também...
- Sim, eu sei... - Ela suspirou. - Sei que qualquer um pode tirar uma foto de nós dois e inventar um boato de que estamos namorando. Isso acabaria com a imagem e a sanidade mental do ... Eu sei. Não estou ofendida.
Com isso, ela voltou a observar em toda sua glória de artista, brilhando como a estrela que deveria ser. Aquele era ídolo, o homem que subia no palco e brilhava para as fãs. Era diferente do pessoa que ela conhecia dos dias no estúdio dando risadas e trabalhando incansáveis horas para montar uma música. E ela amava ambos, pois os dois formavam o mesmo homem.
- Só um pouco triste. - Ela murmurou em complemento e aquilo acabou com o coração de .
Observando de longe, não entendeu o motivo, mas abraçava a perna de , esfregando a cabeça nela com os olhinhos fechados como se quisesse consolá-la.

O dia foi repleto de tentando falar com , mas sendo chamado para gravar ou retocar a maquiagem. Ele via enquanto dançava em volta dela ou abraçava as pernas da moça enquanto curtia a gravação e fechava os olhos enquanto movia os pés timidamente no lugar.
Ela até se aventurou a dar opiniões na produção - escolha de cores, luzes, ângulos das câmeras... Em pouco tempo, ela estava imersa no mundo de , ajudando a tornar todo aquele sonho realidade. Ele não podia estar mais satisfeito e não podia ter gostado mais dela.
Afinal, toda vez que estava perto de , pequenos corações borbulhavam inconscientemente de seu focinho e aquilo fazia rir enquanto gravava suas cenas.
- Pausa de quinze minutos! - O diretor gritou no fim da tarde. - Temos mais uma cena para gravar! , tenta não estragar o cabelo e a roupa. ! Preciso da sua opinião sobre alguns enquadramentos da próxima take, acho que você terá bons insights.
- Ah... Ok! - Ela disse com um sorriso, olhando para de uma maneira um pouco triste. - Bom, vou ajudar a criar seu World. Mas... Você acha que vai estar muito cansado quando terminar aqui?
- Depende. Você quer sair pra comer alguma coisa? - perguntou com um sorriso, aproximando-se somente o recomendado. - Eu nunca estou cansado o suficiente pra jantar com você.
- Ok! Então eu te espero terminar aqui! - sorriu de volta, dessa vez de maneira contente, as bochechas corando levemente. Logo, ouviram o diretor chamando-a novamente. - Vou lá, mas...
- Sairemos após as filmagens, pode deixar. - piscou para ela e, com isso, correu atrás do diretor para conversar sobre a próxima take.
Enquanto isso, olhava para o teto, suspirando como se tivesse feito algo horrivelmente estúpido.
- Eu falei que nunca estava cansado para ir jantar com ela? - Ele olhou para baixo, encontrando com as patinhas nas bochechas, contendo uma risadinha. - Fala que eu não fiz isso...
Mas somente acenou veementemente com a cabeça, fazendo querer se esconder embaixo da cama do set e não sair de lá nunca mais.
Percebendo que não tinha como voltar atrás, ele se deu por vencido e deitou na cama, ajeitando o travesseiro para que pudesse observar enquanto todos se preparavam para a próxima take. subiu na cama com certa dificuldade, escalando o corpo de e deitando sobre a barriga dele, fechando os olhinhos como se fosse a primeira vez em tempos que se sentia seguro daquela maneira. sorriu, descansando uma das mãos na cabeça do bichinho.
Seus olhos, porém, se atentaram à . Ele se impressionava como ela brilhava aos olhos dele, como se um de seus sonhos tivesse se tornado realidade. Sentia que podia rir e chorar com ela, assim como podia fazer em seu próprio mundo imaginário. Podia ser ele mesmo - a maneira como ela se deslumbrava com cada uma das coisas que ele tinha criado e agora trazia à realidade o fazia ter certeza que sempre o aceitaria por inteiro, não pela metade como a maioria das pessoas o faria.
- Consegue imaginar, ...? - perguntou de maneira meio distraída. - Como seria se ela fosse nos visitar...?
fez um tipo de barulho que era certamente de uma satisfação um tanto sonhadora, enquanto se aninhava ainda mais em . Ele, por sua vez, se deixou viajar durante alguns minutos, pensando naquela possibilidade que animara tanto ele quanto .

****


- É uma cama, . Como vamos para World assim?
Era uma cena perfeita, na imaginação dele. estava com uma grande blusa velha e um shorts de esportes rosa claro que usava de pijama, parada na varanda de sua casa, enquanto estava sentado em sua cama branca brilhante, flutuando pelo céu de um azul profundo do meio da noite - assim como Aladdin e Jasmine, conforme ele assistira quando era pequeno.
A única diferença era que Aladdin tinha um tapete voador. Aquilo passava um pouco mais de credibilidade do que uma cama voadora, ele tinha que admitir.
- Confia em mim, . - Ele estendeu a mão para ela, sorrindo. - Teremos que passar pelas estrelas e ir mais além, mas te garanto que a cama voadora é o melhor meio de transporte para chegar ao World.
o observou durante um tempo. Ele sabia o que ela estava pensando, conseguia ver nos olhos da moça: confiança. Aquela palavra a assustava. Segurar a mão dele era muito mais do que só uma viagem aleatória a um mundo que era somente de - teria que se abrir, confiar e ser vulnerável a outra pessoa novamente. Teria que fechar os olhos e se segurar em , precisando acreditar que ele não iria largá-la no meio do caminho - e era isso que ela tinha medo.
Porém, os olhos dele tinham exatamente o que ela precisava - esperança. Era . Ela o conhecia, ela sabia como ele era. E tinha certeza que ele nunca a machucaria - ou pelo menos era o que gostava de acreditar.
- É bom eu não cair disso daí no meio do caminho. - Ela avisou enquanto segurava a mão dele e tomava impulso no parapeito para subir na cama. sorriu ainda mais, puxando-a com alegria para que se sentasse junto com ele. - Se você me perder no meio da Via Láctea, vou jogar uma estrela na sua cabeça!
- Pode deixar que não vou te perder! Comigo não há perigo! - piscou para ela e, de repente, ambos ouviram um guincho de alegria e pequenos corações cor de rosa flutuando para lá e para cá. - Ah! Está na hora de vocês se conhecerem!
De trás de , saiu de maneira até envergonhada, porém certamente apaixonada, para conhecer . A moça imediatamente começou a sorrir, a voz ficando mais doce do que antes.
- Ah, é o ! Você é mais fofo do que no desenho! É um prazer imenso te conhecer! - Ela estendeu os braços para o bichinho, esperando que ele fosse cheirar as mãos dela para depois se aproximar.
Mas já morria de amores por , correndo até ela e se jogando no colo da moça, fazendo-a quase cair na cama. ria, abraçando-o com carinho e, pela primeira vez, se sentiu seguro nos braços de outro ser que não fosse .
Ele, por sua vez, observava a tudo com um sorriso nos lábios e um sentimento no coração que não sabia muito bem como definir. Só sabia que aquilo o deixava cada vez mais apaixonado - talvez por , ou por , ou pela vida em si. somente sabia que estava sentindo amor.
- Então vamos? Segurem-se passageiros, pois a jornada será empolgante! - Dizendo isso, a cama começou a se mexer como se a estivesse dirigindo.
Eles flutuaram pelo céu noturno, sempre mantendo em segurança em seus braços. O bichinho não poderia estar mais contente, enquanto guiava o caminho pelo firmamento azul. As cores começaram a ficar cada vez mais escuras e o mundo cada vez mais distante até finalmente alcançarem as estrelas - a Terra embaixo deles, as estrelas espiralando coloridas em volta dos três.
fez questão de olhar para nesse momento - e não pôde deixar de se perder na expressão dela. A moça estava maravilhada, as próprias estrelas refletindo nos olhos dela enquanto sorria como se aquele fosse o mais maravilhoso dos sonhos em forma de realidade que ele levara a ela.
- Quer parar um pouco por aqui?
- Podemos? - perguntou impressionada e ele fez que sim com a cabeça. A cama logo perdeu a velocidade e eles se encontraram flutuando em meio ao mar de estrelas da Via Láctea. - , isso aqui... É maravilhoso...!
- Bonito, né? Às vezes eu gosto de ficar por aqui... - Ele suspirou, observando os pontos de luz que brincavam em volta deles.
- Imagino... É um bom lugar pra relaxar. Ei! - E ficou alerta quando tentou se soltar dos braços dela para brincar entre as estrelas. - Cuidado! Você pode cair!
- Não se preocupe, ele sabe nadar por aqui. - respondeu de maneira calma com uma breve risada.
franziu um pouco as sobrancelhas, mas em seguida soltou . O bichinho saiu navegando pela imensidão do Universo, brincando em frente a eles como se estivesse nadando. sorriu de maneira contente e maravilhada, voltando a prestar atenção em somente quando ele segurou a mão dela.
- Eu gosto de ficar sentado assim, acho que você também vai gostar... Vem cá. - E ele a puxou cada vez mais para a beirada da cama. Ambos colocaram as pernas para fora desta, balançando-as contra o ar do Universo. tinha as pernas consideravelmente mais curtas que as de - o que ele achava simplesmente adorável - balançando-as de maneira divertida enquanto fechava os olhos e respirava fundo.
- Você passa muito tempo aqui?
- Só quando preciso de paz de espírito... - comentou de maneira pensativa, observando enquanto brincava com algumas pequenas estrelas que espiralavam em volta dele. - Quando preciso colocar a minha mente no lugar e voltar a ser eu mesmo.
- É aqui que você vem quando quer chorar...? - perguntou cuidadosamente, fazendo-o se virar para ela. A moça tinha um olhar compreensivo, que o fazia se sentir seguro. O mesmo tipo de sentimento que teve ao ser abraçado por ela.
- É. Eu venho pra cá. É uma liberdade que normalmente não tenho. - sorriu levemente para ela. - Não que eu esteja reclamando, nada disso. Sou extremamente agradecido pela minha vida e pelas coisas que tenho, mas é que às vezes...
- Ei, ei... - E ela começou a afagar a mão de . O coração dele imediatamente acelerou ao sentir o toque aveludado da mão dela. - Não precisa se explicar pra mim, eu entendo. Todo mundo precisa chorar de vez em quando. Eu estou feliz que você é humano.
sentiu as bochechas corando e a incerteza do que fazer em seguida batendo em seu coração. Ele estava com um impulso quase insuportável de beijá-la - ali, entre as estrelas, seria um ótimo lugar para se fazer aquilo. Mas não sabia se ela aceitaria e tinha medo de ser rejeitado - além de levar as coisas muito rapidamente e assustá-la. queria tudo, menos assustá-la.
Como se pressentindo o desespero dele, chegou flutuando entre ambos, estendendo para uma pequena estrela brilhante que tinha entre as patinhas. Era como uma pedra, a mais cintilante de todas, que ele pegara para dar de presente à moça.
- Para mim? - E ela parecia genuinamente impressionada e lisonjeada com o presente. - Muito obrigada, ! Eu nem sei o que dizer! Você é maravilhoso!
Com isso, ela deu um forte abraço no bichinho, que como sempre apitou e borbulhou seus corações cor de rosa, aninhando-se em . Ela ria, com a pequena estrela em mãos, maravilhada com aquela realidade criada por .
- Hmmm, me empresta a estrela um pouquinho? Já sei o que fazer. - Ele disse enquanto tirava uma correntinha de prata do próprio pescoço.
não discutiu e, logo que tinha a estrela em mãos, ela não sabia como ele o fizera, porém ficara maravilhada: os dedos dele trabalharam habilmente com a corrente e a estrela e logo o colar tinha o pingente mais brilhante de todos: uma estrela para brilhar até nas noites mais escuras.
- Aqui! - sorriu para ela. - Um colar com a estrela do para você! Quer que eu te ajude a colocar?
- Isso é lindo, ! Como você faz essas coisas? - nem precisou responder: somente tirou os cabelos do caminho e se virou de costas para que pudesse prender o colar no pescoço dela, algo que ele fez com cuidado, porém de maneira que ela ainda conseguisse sentir os dedos quentes dele contra a pele levemente gelada do pescoço dela.
- Lembre-se que tudo isso daqui fui eu quem criou. - Ele piscou para assim que a moça se virou novamente para ele. - Você ficou linda. Foi uma boa escolha de estrela, !
O bichinho somente acenou com a cabeça, abraçando com mais força e fazendo-os rir.
- Mas você já está ficando muito gelada, acho que precisamos tomar um sol! Além de que o Sr. Travers e seus amigos flamingos estarão nos esperando para o chá! - Dizendo isso, a cama começou a se mover novamente enquanto eles se moviam para o meio desta. - , , segurem-se firme!
- O que ele quer dizer com isso...? - Mas foi só perguntar que a cama começou a voar em uma velocidade muito maior que a anterior. - AH, , VAI COM CALMAAAA!
Ele somente riu enquanto ela estava sentada atrás dele e se segurava com força nos ombros de . abraçava a cintura de e a viagem não demorou tanto tempo assim: em questão de segundos, adentraram um céu azul cristalino, com nuvens das mais diversas cores em tons pastéis, enquanto o ar era preenchido por uma música animada e certamente gostosa de se ouvir. A cama tomou uma velocidade mais calma, fazendo-os aproveitar o calor do sol dourado que atingia a pele e o grande mundo embaixo deles: rios, mares e lagos das mais variadas cores, florestas e cidades multicoloridas com pessoas, animais e criaturas convivendo de maneira animada. A praça principal era o centro que dava vazão a muitas outras ruas, para muitos outros lugares e casas, sendo o local no qual a cama se estacionou calmamente e parou de brilhar.
- Bem vinda ao World. - abriu os braços logo que se levantou, parando no meio dos tijolos amarelos da praça principal. estava boquiaberta enquanto os residentes do mundo de a observavam com curiosidade, enquanto conversavam e continuavam seus afazeres.
- ... É sensacional. - estava embasbacada. Aquele era o mundo de , um pedacinho dele em cada canto que havia criado. E ele estava mostrando para ela. - Você é sensacional. Eu amei esse lugar!
- Mas você ainda não viu nada! - Ele deu uma boa risada, sentindo um pouco de vergonha enquanto segurava a mão dela, pronto para levá-la em um tour.
- Mas tudo isso é você! - explicou, rindo que nem ele, enquanto caminhava com . - Eu sei que vou amar!
se pegou em choque com as palavras da moça - mas ela parecia não ter percebido o que acabara de falar. Após alguns segundos processando, correu atrás dela e de .
- Bom, precisamos ver o que você quer fazer! Temos muitas atividades em World! - E ele tentava esconder as bochechas coradas. - Podemos visitar o Centro de Animais, a Praça de Freestyle, almoçar na Praça de Alimentação, precisamos falar com o Sr. Travers no lago dos Flamingos Surfistas, talvez...
- Olá, ! Olá, ! E olá... Nossa! Temos uma nova residente por aqui? - Eles ouviram uma voz animada atrás de e se chocou ao encontrar um astronauta segurando o capacete e os observando com gentis olhos azuis.
- Ah, Arthur! Tudo bem? - perguntou de volta com um enorme sorriso. - Essa é a ! Ela queria visitar o nosso...
- Essa é a famosa ?! - E Arthur não podia ser mais direto. simplesmente congelou no lugar, sem coragem de olhar para ela. - Ouvimos muito sobre você, o simplesmente te adora! É uma honra finalmente te conhecer, !
- É uma honra estar aqui e te conhecer, Arthur! - Ela segurou a mão que ele estendia em um animado aperto de mão. - Você vai em alguma missão espacial hoje?
- Vou! Estou em uma missão muito importante de recuperar algumas estrelas para estudos sobre energia! - O astronauta respondeu de maneira orgulhosa, apontando para o colar que pendia no pescoço dela logo em seguida. - Vejo que você mesma foi fazer as suas próprias pesquisas no cosmos!
- Presente do e do . - pegou a estrela entre os dedos, observando-a com carinho. ainda não tinha coragem para descongelar e olhar para ela.
- As vantagens de ser amiga deste homem incrível, acredito. - Arthur deu um bom tapa nas costas de , quase o fazendo perder o ar. tentou não rir quando ele arregalou os olhos. - Tente ver o lançamento do nosso foguete, acho que você irá adorar! Estaremos na Plataforma de Lançamento daqui a quatro horas, vocês são nossos convidados! Até mais, famosa !
- Até mais! Prazer te conhecer, Arthur! - A moça acenou de volta, sorrindo placidamente, virando-se para com uma sobrancelha erguida assim que o astronauta estava longe o suficiente. - “Famosa”...?
- Sabe como é, você é minha amiga e passo muito tempo com você... - tentou explicar da melhor maneira possível. - Naturalmente o pessoal aqui já ouviu falar.
Quando ela somente sorriu de volta, finalmente pôde se acalmar e respirar fundo novamente.
- Então... Qual é o itinerário? - Ela perguntou em expectativa, fazendo-o se animar.
- Você confia em mim para te guiar, então? - Ele perguntou de volta, sorrindo quase tanto quanto sentia a animação agitar o pequeno coração.
- ... Eu subi em uma cama voadora com você e atravessei o Universo. Sim, eu confio em você pra me guiar! - Dizendo isso, nem hesitou em segurar a mão dele.
E, com certeza e carinho, a segurou de volta.

- Ah, você vai gostar daqui...! - exclamou com empolgação, começando a andar mais rápido e praticamente arrastando atrás de si. A moça segurou , que decidira sentar em seus ombros, com mais força para que o bichinho não caísse. - Você vai adorar! Tenho certeza...!
- Espera, espera! O chão...! - tentou segurá-lo, porém era mais forte.
Somente quando adentraram uma parte que tinha uma vegetação e certamente casas, flores e um céu definitivamente fora do comum é que parou e se virou para ela, confuso.
- O que foi? - As sobrancelhas dele estavam franzidas, mas o rosto... colocou as mãos na boca, observando-o em choque. - O que foi, ?!
- Você! - Ela apontou de volta. - Parece uma pintura! Do Monet! Seu rosto parece que foi feito com pinceladas!
- Sim, sim! Essa é a mágica desse lugar especificamente, a Vila Monet! - abriu os braços, sorrindo de maneira radiante para ela. - Vamos! Tem muita coisa para ver na vila!
- Mas... - E tocou a mão de com cuidado. Era tão sólida e acetinada quanto antes. - Achei que você estaria molhado de tinta como uma pintura!
- Aqui só afeta a aparência, as cores e como as coisas se apresentam. A textura continua a mesma, não se preocupe. - piscou para ela enquanto somente apitava. - E você também não precisa se preocupar. Continua lindo como sempre, meu .
riu, adorando como parecia completamente à vontade em seu próprio mundo - além de estar completamente radiante de apresentar tudo aquilo a alguém. Mal sabia ela que o motivo da empolgação dele era poder mostrar à moça - que ela era quem fazia tudo aquilo ainda mais maravilhoso.
Continuaram o caminho por uma rua não muito grande de terra, ladeada da grama mais verde, até alcançarem a vila. Ela fervilhava de pessoas em seus afazeres diários - quase como no início de filmes da Disney.
- Eu sei que você vai ficar maravilhada com tudo, mas tem uma pessoa que precisa conhecer... - murmurou, focado em encontrar uma simples casa à distância: um senhor barbado trabalhava em um atelier, deixando suas pinturas para secar ao lado de fora no sol enquanto a rua era tomada pelo cheiro aconchegante de muffins de damasco. - Ali! Gael, boa tarde!
- ...? - O senhor perguntou de volta, abaixando os óculos em meia lua na ponte do nariz para identificá-los melhor à distância. Em seguida sorriu. - , meu filho! É bom te ver por aqui! , também estou feliz em vê-lo! E essa é... Não pode ser.
- Não pode ser o quê...? - pareceu um pouco assustada, parando à frente do homem com os olhos arregalados enquanto ele se levantava emocionado de seu banquinho. somente franzia as sobrancelhas. - O que houve...?
- Você é a ? - Gael perguntou e novamente lá estava congelado, sem saber o que fazer e completamente em pânico. - Minha filha, nós te esperamos por muito tempo.
- Jura? - perguntou com um sorriso impressionado nos lábios. - Não é a primeira vez que eu ouço isso.
- E definitivamente não será a última. O me disse muito sobre você. - O senhor suspirou e começou a procurar em suas telas por algo que precisava mostrar a eles. - Por favor... Quero que leve isso... Assim que eu achar... Ah! Aqui está!
Nisso, Gael resgatou um rascunho em aquarela numa folha A4 em que desenhara ninguém menos que , entregando-o para a moça enquanto ela e observavam boquiabertos. só queria morrer.
- Uma tarde ele se sentou aqui comigo e me contou de uma moça tão radiante quanto o sol, misteriosa como a lua e apaixonante como as estrelas. A moça que o fez criar essa vila inteira na qual eu moro pela paixão que ela tem por Monet. - Gael colocou uma das mãos no coração, observando-a com carinho. questionava-se se cavar um buraco e se enfiar dentro demoraria muito tempo. - Eu me senti inspirado pelas palavras e pelos sentimentos dele, tentando retratá-la em um pedaço de papel. Claro, o desenho não faz jus a você. Mas gostaria que o levasse como um presente de boas vindas.
- Muito obrigada, Gael. Vou guardar com muito carinho, disso você pode ter certeza. - sorriu de volta, de maneira gentil. O senhor suspirou.
- Realmente, . Radiante como o sol. - Ele comentou e, assim que olharam para , perceberam o criador daquele vasto mundo ficando tão vermelho quanto um tomate.
- Pois é. - E deu um sorriso desajeitado. - Agora acho que é melhor continuarmos a explorar, ou não conseguirei mostrar as coisas mais importantes daqui para ela.
- Ah, sim! Melhor seguirem em frente! Um dia quando tiverem mais tempo, parem um pouco por aqui para que possamos desenhar juntos. - Dizendo isso, Gael se sentou de volta em seu banco, acenando para eles enquanto e acenavam de volta animadamente.
não sabia onde se enfiar. Liderava o caminho, mas sentia perto demais enquanto ela brincava com as patinhas de apoiadas em seus ombros. Os coraçõezinhos que borbulhavam do bichinho voavam como bolhas ao redor da cabeça de e, apesar da vergonha ocasional, ele nunca se sentira tão feliz em finalmente ter mais alguém junto com ele em World.
- Então quer dizer que você criou uma vila inteira só porque eu gosto de um artista específico? - finalmente emparelhou com e ele deu um sorriso um tanto envergonhado.
- É... Lembro de algumas pinturas que você me mostrou uma vez, alguns desenhos que você fez. Gostei muito e acabei criando a vila para me lembrar. - Ele respondeu de maneira desajeitada. - Tanto é que as casas são principalmente azuis e amarelas, do jeito que você me mostrou.
- Fico muito feliz que você tenha gostado tanto, . - sorria não somente com os lábios, mas com os olhos. De uma maneira que ele sabia que ia se apaixonar cada vez mais por ela.
Estavam tão entretidos com a conversa que nem perceberam que deixaram a vila das pinturas e adentraram outra parte do mundo que parecia uma cidade grande como Los Angeles - porém com prédios repletos de pinturas de rua, grafites das mais variadas cores, carros brilhantes em cores berrantes dirigindo pelo asfalto com músicas animadas tocando e batalhas e mais batalhas de dança ocorrendo nos mais variados cantos.
- Deixa eu adivinhar... Praça de Freestyle? - Ela perguntou assim que viu as pessoas dançando e riu de volta, parecendo energizado de uma maneira diferente.
- Exatamente! Você sabe que não dava pra faltar dança no meu mundo, não? - Ele piscou para ela, novamente segurando uma das mãos de . Como ela e já sabiam o que lhes aguardava, segurou a patinha do bichinho com a mão livre e ele apitou em agradecimento assim que começaram a ser levados por . - Você vai adorar a música por aqui! O objetivo é se divertir, é curtir como se não houvesse preocupação nenhuma! Como se eu não fosse famoso, como se você não fosse uma produtora, como se nós dois não fôssemos workaholics que mal temos tempo para descansar!
- Olha só, você está me fazendo gostar demais do conceito desse lugar! - Ela respondeu animadamente, tentando acompanhar os passos largos de até o lugar onde vários grupos competiam com improvisações de coreografias. - Se continuar assim, é capaz que eu queira ficar aqui pra sempre!
O coração de bateu mais forte e percebeu, soltando um leve guincho - o que fez dar uma risada adorável, apesar de não entender a reação do bichinho. Aquele lugar era como o coração de : as paixões dele, quem ele era, suas raízes e sentimento de pertencimento eram daquele lugar - e nada poderia mudar aquilo. Saber que se sentia tão confortável em um local em que conseguia fechar os olhos e se deixar sentir sem restrições era como saber que ela se sentia confortável dentro do coração dele.
- ! Vai dançar hoje, meu lindo? - Uma mulher que só podia definir como incrível, saiu de um dos grupos para chamar . A pele dela era negra, os cabelos afro cuidados com muita atenção e carinho, as roupas em tons diferentes de neon. Ela exalava confiança e dança em cada passo que dava na direção deles. - Estávamos te esperando! Hoje o... Ah, você trouxe uma amiga de fora? Meu nome é Tina!
- Olá, Tina! Eu sou a ! - A moça estendeu a mão para apertar a de Tina, tentando permanecer confiante em cada palavra que falava. Mas não podia negar que toda a confiança de Tina era certamente intimidante... E magnética. - Prazer!
- Ah, você tem que vir dançar com a gente, minha querida! Ainda mais depois que...
- Depois de nada! Eu vou dançar! - imediatamente se colocou no meio do assunto para que mais uma pessoa não dissesse algo como “ainda mais depois de ouvirmos falar tanto de você”. somente trocou olhares com e ambos reprimiram uma pequena risada enquanto ela o ajudava a chegar ao chão. - Quero ver o que vocês prepararam dessa vez! Cada dia é algo novo, eu podia ficar aqui o tempo todo!
- Imagino. Você já fica na sala de dança o dia todo até de madrugada, se não sou eu pra te arrancar de lá pra comer alguma coisa, você vai direto pra cama, dormindo suado mesmo. - comentou de volta, fazendo Tina dar uma boa risada enquanto parecia indignado. tentava levá-la mais rapidamente para a roda de dança, animado para entrar no ritmo da batida.
- Gostei de você, mulher! - Tina respondeu, batendo de leve no braço de como se fossem melhores amigas. - Alguém precisa colocar esse aí nos trilhos, ou é um caminhão desgovernado!
- Ah, vocês duas vão se juntar contra mim agora, é isso? - parecia indignado, porém e Tina simplesmente confirmaram com a cabeça. - Ok, ok. Vamos ver o que vocês podem fazer então!
Dizendo isso, abriu os braços, aproximando-se da roda de dança e sendo recebido com gritos animados. Ele não demorou a se sentir imediatamente em casa, tomando conta do ritmo e dançando da maneira apaixonante como sempre dançava - o próprio ficou observando animadamente, completamente hipnotizado pela maneira como se movia.
não podia deixar de observá-lo com admiração e carinho - algo que Tina percebeu nos olhos da moça. Outra coisa que Tina também sabia é que não tinha mais uma queda por , era um precipício, e ele nunca parecia tomar coragem para dizer a ela - quando a moça claramente correspondia. Enquanto ele dançava, assim que apontou para as duas, Tina deu um empurrão em .
- O quê?! Eu?! Mas eu não posso...!
- Você deve, mulher! - Tina respondeu, empurrando-a novamente quando tentou voltar para a orla da roda, evitando ao máximo encontrar com no centro da roda de dança. - Você tem força suficiente pra botar esse homem em ordem, então consegue ir lá e brigar com ele em uma dança! Se solta! E vai!
No meio da roda, com todos gritando, respirou fundo e olhou para - que sorria com expectativa em frente a ela. A moça não queria desapontá-lo e ele queria ver o que ela faria. aceitaria qualquer coisa de , mas nunca esperava o que aconteceu: sorrindo de volta, a moça se soltou no ritmo da música de uma maneira que ele nunca vira antes.
- Isso aí, mulher! Acaba com ele! - Tina gritou animadamente, emprestando à mais ainda de sua confiança. - Mostra o que nós podemos fazer!
jogou os cabelos para trás e começou a misturar os passos que tinha aprendido de maneira tão envergonhada com com os passos que soube desde sempre de jazz e ballet. Ele estava completamente impressionado e sabia a cada batida da música que seu coração não podia pertencer a mais ninguém que não fosse ela.
estendeu uma das mãos e sorriu ao segurá-la. Ele a puxou mais para perto de si, começando a dançar com a moça em perfeita sincronia, como se o ritmo de um complementasse o outro. O pessoal da roda gritou em animação, Tina torcia como se nunca tivesse visto dançando tão bem - e provavelmente nunca vira. Pela primeira vez ele parecia apaixonado de uma maneira completamente diferente, aproximando o rosto do pescoço de enquanto ela fechava os olhos e jogava a cabeça para trás - completamente imersos um no outro.
Tina repentinamente viu corações como bolhas explodindo a sua volta e, ao olhar para baixo, viu com as duas patinhas unidas, balançando no ritmo da música, completamente apaixonado pelos dois que dançavam à sua frente.
- Concordo com você, . - Tina comentou com um pequeno sorriso, fazendo o animalzinho dar uma risadinha de volta. - Eles realmente são apaixonantes. Fico tão feliz pelo ter encontrado alguém que nem ela.
Quando a música chegou ao fim, descansou as mãos na cintura de , ambos de frente para o outro, os olhares presos nos olhos um do outro, a respiração pesada tentando recobrar o ritmo enquanto os outros dançarinos torciam.
Os olhos de eram sinceros e, pela primeira vez em que não estava propositalmente se distraindo para saber se comportar em torno dela, ele notou como todos os sentimentos dele eram espelhados na maneira que ela o observava. sentiu as mãos formigando e as pernas ficando cada vez mais moles ao perceber pela primeira vez que era tão apaixonada por ele quanto ele por ela.
Repentinamente, as bochechas dela ficaram cada vez mais vermelhas e a moça começou a rir, aproximando-se dele em um abraço enquanto agradecia à torcida dos outros dançarinos. Ele a segurou como se não quisesse soltá-la, até que segurou a mão de , levando-o para a orla enquanto outra dupla entrava para uma batalha. pulava animadamente ao lado de Tina.
- Você foi incrível! - A mulher exclamou, abraçando assim que se aproximaram. Já a considerava uma grande amiga. - O que foi que eu disse?! Quando você se solta, não tem erro, querida!
- Obrigada, Tina. - respondeu simplesmente, abraçando-a com mais força. Tina teve alguns segundos de choque com aquela reação, porém entendeu e sorriu em seguida. Afinal, ela vira a maneira como ambos se olharam ao fim da dança. - E obrigada a você também, ! Eu podia te ouvir torcendo daqui!
E, enquanto ela brincava com , somente a observava, sem dizer nada - somente com o carinho interminável nos olhos. Tina parou ao lado dele, cruzando os braços e dando um pequeno sorriso.
- ... Você tem que falar pra ela.
- Hmmm? - Ele perguntou de maneira meio avoada, voltando o olhar para ela. Porém Tina não ia se repetir: havia ouvido muito bem e ela sabia daquilo. - Ah, Tina... - E ele suspirou. - Não existem palavras suficientes.
Voltando a observar dançando de mãos dadas com e divertindo-se como nunca enquanto o bichinho parecia tão feliz e seguro nos braços dela, solidificou aquela convicção em si: não havia palavras suficientes em nenhum idioma para traduzir o que precisava dizer; havia somente sentimentos.

- Sabe que eu fiquei muito interessada no tal Centro dos Animais... - começou a falar fingindo desinteresse enquanto segurava uma patinha de , que corria atrás de uma borboleta verde brilhante. O bichinho parou no mesmo momento, olhando com receio.
- Eu sei e acho que você vai gostar muito. Principalmente de ser perseguida por um rebanho de cachorrinhos amarrados em balões coloridos. - respondeu, vendo a maneira como os olhos de começaram a brilhar. - Porém, alguém ficou com medo de perder a sua atenção e me pediu pra não te levar lá hoje.
franziu as sobrancelhas e no mesmo momento apontou para . O bichinho observou a moça com grandes olhos pidões e ela imediatamente deu uma risada enquanto os olhos se enchiam de lágrimas.
- Seu bobo! Eu nunca vou te dar menos atenção! Eu te amo, meu ! - imediatamente o abraçou, tirando-o do chão enquanto o girava no ar e fechou os bracinhos em volta dela, começando a soluçar. - Por que você está chorando? Nunca te falaram que você é maravilhoso e só merece amor? Porque é exatamente isso. E não importa o que aconteça, eu sempre vou estar aqui ao seu lado, !
O bichinho escondeu o pequeno focinho em forma de coração no pescoço de e começou a chorar copiosamente. Fazia muito tempo que não se sentia amado e querido daquela maneira. Sentia-se seguro, como se realmente pertencesse àquele mundo, ao lado de e . Ela o recebera tão bem, sem preconceitos e de braços abertos, fazendo-o amá-la mesmo após conhecê-la oficialmente somente naquele dia.
O próprio tentava não demonstrar muito seus sentimentos com aquilo - ele e passaram por coisas parecidas que os deixaram machucados. Ver que alguém podia receber de maneira tão carinhosa e desprovida de qualquer julgamentos dava esperanças a . Ele sabia que não seria o tipo de pessoa que o machucaria da maneira como ele fora machucado - e ele mesmo não a machucaria como ela esperava de qualquer relacionamento que iniciava.
Só que já tinha entendido tudo aquilo - como ele faria para que entendesse?
Repentinamente, porém, o chão começou a tremer.
- O que é isso?! - perguntou assustada, protegendo com os braços. - Um terremoto?!
- Não... - franziu as sobrancelhas, estranhando assim que a terra parou de tremer. Em seguida, seu rosto se iluminou. - Não! É o lançamento do foguete do Arthur! Vem comigo, você vai amar!
Segurando a mão de , começou a correr. Ela teve que segurar com força para evitar problemas, mas o próprio bichinho já sabia que quando a levava junto, era melhor segurar firme.
- Eu esqueci completamente o horário que o Arthur tinha me falado! Temos que correr pra chegar à Plataforma!
- Ok, sem problemas!
conseguia ouvir a animação na voz de . Ela o seguia sem questionar, correndo por um campo de grama magenta repleto de borboletas cintilantes que espiralavam como as estrelas no Universo. Eles atravessaram com pressa, fazendo-as revoar animadamente enquanto tentavam chegar à Plataforma o quanto antes.
De repente, o celular de começou a tocar. Retirando do bolso enquanto corriam, viu que era uma chamada de Arthur que, quando atendeu, fez surgir somente uma tela amarela com os dizeres “sem pânico!” em preto na tela. Ambos franziram as sobrancelhas, até chegar à Plataforma: um vasto campo de lançamento em um ambiente que lembrava o Grand Canion, o céu alaranjado colorindo tudo com a mesma cor. Assim que alcançaram o lugar, uma engenheira de cabelos igualmente laranja se aproximou deles com um sorriso no rosto.
- Chegaram bem a tempo! O Arthur pediu para que esperássemos vocês para poder lançar o foguete! - A moça os cumprimentou enquanto segurava um rádio colorido em uma das mãos. Aproximou-o dos lábios e apertou um dos botões. - Base, podemos lançar! O , o e a já chegaram!
- Copiamos, Ellen! Começaremos a contagem regressiva!
- Vamos, vamos! Não temos muito tempo! - Ellen respondeu, segurando a mão de que soltara e começando a caminhar com a moça e até a beira do cânion, podendo observar o gigante ônibus espacial de perto. - Não se preocupe, é completamente seguro!
- Não existe um habitante desse mundo que não saiba quem eu sou...? - perguntou com uma sobrancelha erguida e Ellen imediatamente reprimiu uma risada.
- Não quando o mundo é feito pelo . - A moça piscou de volta para , fazendo-a corar como um tomate enquanto agitava as perninhas nos ombros dela.
- Qual é a contagem, Ellen? - perguntou assim que se aproximou.
- Faltam cinco segundos!
- Ok, melhor colocarmos isso então! - Com essas palavras, distribuiu abafadores coloridos para colocarem nos ouvidos, que somente ele sabia de onde tinham saído.
- Três! Dois...! - Ellen começou a contar junto com a base. - Um! Segurem-se firme!
não entendeu muito bem o que ela queria dizer até o foguete começar a decolar, irradiando uma forte onda de vento. A moça segurou a mão de , sentindo os cabelos voando furiosamente em volta de si.
Mas era a coisa mais linda. Enquanto o ônibus espacial alçava voo com o nome de World em sua carcaça, a fumaça que saía dele era nada menos que azul do tom mais vibrante que ela já tinha visto. O foguete subia lentamente, tomando velocidade aos poucos, enquanto pintava tudo a sua volta de azul.
E, quando finalmente disparou aos céus e todos os envolvidos naquele lançamento começaram a gritar de alegria comemorando o sucesso do início da missão, finalmente notou que ela mesma estava completamente azul.
Ao olhar para , desatou a rir.
- ! Você parece um smurf!
Nem ele se aguentou e começou a rir junto com ela.
- Ora, muito obrigado, minha smurfette! - E ele abraçou , compartilhando todo o azul que tinha com ela e .
- Vocês podem seguir para o lago dos Flamingos Surfistas pra tirar toda essa fumaça, não é muito longe daqui. - Ellen sugeriu, balançando um pouco os cabelos cor de laranja, agora manchados de azul. - Tenho certeza que eles não iriam se importar. E ainda vão pegar o horário do chá do Sr. Travers.
- Ah, verdade. Ele não vai parar de falar nunca mais. - rolou os olhos, porém tinha um pequeno sorriso nos lábios.
- Ah, só sugiro pegarem o caminho à esquerda, pois o da direita tem algo que ainda não identificamos muito bem o que é. - E Ellen parecia preocupada. e imediatamente ficaram alerta. - Parece...
- Um espaço vazio. Não tem problema eles irem pra lá comigo, mas é bom que você lembre os outros de ficar longe, Ellen. Obrigado pelo aviso. - respondeu de maneira séria e ela confirmou com a cabeça.
- Vejo vocês mais tarde! - Com um último aceno, Ellen se pôs de volta à base enquanto novamente segurava a mão de para guiá-la por World.
Entretanto, dessa vez não havia pressa. Ele passeava ao invés de correr, já acostumado em segurar a mão da moça.
- Então quer dizer que existe um espaço completamente vazio aqui em World? - perguntou com interesse, fazendo-o confirmar com a cabeça.
- É... Ainda não descobri o que fazer com ele. - E suspirou, olhando para o céu. - É como se alguma coisa estivesse faltando. Algum pedaço de mim, talvez...
- Você quer me mostrar? Às vezes, consegue descobrir o que fazer quando eu estiver lá. - Ela sugeriu, fazendo-o observá-la durante um tempo.
- Pode ser... Vamos lá! - E, com um sorriso, mudou de direção, levando-a para o único lugar de World que mais ninguém além dele já tinha pisado.

- Pode vir sem medo... Não vai acontecer nada. - comentou assim que começou a caminhar por um lugar que era completamente branco.
Não havia nada. segurou a patinha assustada de e caminhou com ele pelo chão branco, completamente estéril e sem vida. Era exatamente o que comentara antes com Ellen: vazio. Ele caminhava distraidamente, com as mãos nos bolsos, vezes olhando para cima, vezes para baixo. Era como se estivessem flutuando em um grande espaço branco e sem nada: nem música, nem cores, nem formas... Nada.
- Você nunca teve vontade de criar nada por aqui? - perguntou enquanto soltava para que ele pudesse explorar aquele lugar vazio.
- Já tive... Inclusive tenho. Mas não consigo fazer nada. - suspirou, olhando para ela em seguida e dando um pequeno sorriso que parecia até triste. - Acho que já acabou a minha criatividade em relação ao World.
- Não fala isso. Você tem uma criatividade incrível, . - Mas ela notou que as palavras não foram suficientes para convencê-lo, enquanto dava de ombros. - Você é incrível, .
- Oi? - E claro, ele foi pego de surpresa.
- Nunca vi alguém fazer as coisas da maneira como você faz. , tudo isso... Você é incrível e cada dia que passa, eu te admiro cada vez mais. - segurou uma das mãos dele, sem notar que estava corando como as pétalas de uma cerejeira. - Tenho certeza que você vai arranjar algo lindo pra fazer com esse lugar, porque tudo que você toca, é tratado com carinho e vira algo maravilhoso. Inclusive...
Mas ela parou de falar. pendeu a cabeça um pouco para o lado, aproximando-se de e segurando a outra mão da moça. estacou onde estava e observava a tudo de olhos arregalados e com o pequeno coração pronto para explodir em milhares de corações.
- Inclusive...? - perguntou de volta, abaixando um pouco a cabeça para incentivá-la a falar. levantou os olhos e, ao encontrá-lo, abriu um de seus belos sorrisos que ela não cansava de ver, fazendo-a sorrir enquanto as bochechas coravam.
- Inclusive, foi o que você fez comigo, não percebeu? - A moça deu uma breve risada ao ver o choque de com toda aquela sinceridade repentina, começando a afagar levemente as mãos dele. - Você pegou uma pessoa completamente amarga como eu e me fez perceber novamente que há esperança nesse mundo. Que há pessoas que nem você.
sentia pequenas lágrimas formando no canto dos olhos. Sem pensar duas vezes, ele repousou uma das mãos no rosto de e finalmente se aproximou, beijando-a da maneira que sempre quis.
apitou e coraçõezinhos borbulharam de seu focinho enquanto caía no chão de emoção. O mundo explodiu em cores e sons em volta deles no momento em que os braços de se enlaçaram em volta do pescoço de , correspondendo cada sentimento do beijo. Ele a abraçou pela cintura, trazendo-a mais para perto, sem querer soltá-la. Por muito tempo quiseram viver aquilo, mas não diziam ao outro. Enquanto o mundo à volta deles ganhava pradarias, casas, pessoas, animais multicoloridos, os mais diversos tipos de plantas, flores, cores e músicas, tanto quanto se esqueceram por qual motivo negaram aquilo durante tanto tempo.
- ... - finalmente desgrudou os lábios dos dela, ainda sem perceber o que tinha acontecido em volta deles. - Você fala isso, mas você nem sabe... Eu dou esperanças pra todo mundo, mas guardo poucas a mim mesmo. Mas você, bom. Você também me fez acreditar de novo que existe...
- Amor? - perguntou de volta com uma pequena risada e concordou animadamente com a cabeça, impressionado.
- Como você...? - Mas, antes que ele pudesse terminar a pergunta, ela apontou para algo atrás dele.
Um mundo todo havia surgido. O mais próximo era uma vila pavimentada com belas pedras bege e casinhas coloridas, repleta de flores para todos os cantos, passarinhos e borboletas multicoloridos voando por todos os lados - bem como balões em formato de coração nas cores vermelhas e cor de rosa, infestando o brilhante céu azul com todas as suas cores enquanto os habitantes da vila conversavam entre risadas e soltavam mais e mais balões.
- Puxa vida. Não tinha como ficar mais óbvio, né...? - Ele perguntou de maneira até envergonhada e somente concordou com a cabeça, segurando a mão de . - Acho que eu vou ter que dar uma boa desbravada nessa parte de World depois.
- Por quê? O mundo não é seu?
- Essa parte não. Essa parte é sua. - deu uma pequena risada, abaixando um pouco a voz. - Porque uma parte do meu coração é sua, né?
arregalou os olhos com a frase de , finalmente notando o que aquilo significava. Teria reagido de maneira diferente, porém finalmente surgiu e, correndo, agarrou as pernas de ambos e começou a chorar de alegria enquanto borbulhava seus coraçõezinhos cor de rosa pelo focinho no mesmo formato.
- Bom... Parece que alguém ficou muito feliz com tudo isso! - A moça comentou animadamente, pegando no colo. - A gente demorou, não...?
Foi só ela perguntar que disparou em uma profusão de sons ininteligíveis, mas que certamente tratavam de como ele ficou esperando por aquilo durante tanto tempo. começou a caminhar com ele pelas novas pradarias de World, dançando aos poucos com para acalmá-lo e distrai-lo de toda aquela reclamação.
Observando toda aquela nova criação enquanto ela dançava com em um lugar que acreditava que ficaria vazio até praticamente o fim de sua vida, ele abriu um grande sorriso e fechou os olhos.
Tinha certeza que amaria descobrir aquela parte de seu mundo - e que ela não poderia ser melhor, mesmo com todas as suas imperfeições.

****


- ! Ei, ! Acorda!
- Oi?! - Ele perguntou um tanto assustado, olhando para o assistente da produção ao seu lado que praticamente o chacoalhava.
- Você estava dormindo de olhos abertos? Faz cinco minutos que eu te chamei! - O homem respondeu enquanto balançava a cabeça. - Precisamos terminar as filmagens de hoje!
- Ah, me desculpa, eu estava... - Fechando os olhos, se lembrou do lugar que tinha acabado de surgir em World. O mesmo lugar que ele fora forçado a deixar para acordar no mundo real. - Com a cabeça nas nuvens...
- Era de se esperar. - O homem resmungou, virando-se para a equipe. - Ele está pronto! Podemos ir?
- Podemos! Última take do dia, pessoal!
deixou cuidadosamente em cima da cama - o bichinho ainda estava um pouco desnorteado de voltar de World daquela maneira e não queria que ele se machucasse. Levantando do colchão, ele se espreguiçou levemente e voltou para o set a fim de concluir a filmagem - que consistia nele dançando em um ambiente com uma tela branca, completamente vazio.
Encontrando animada e fazendo sinais positivos para ele ao lado do Diretor, sorriu animadamente, acenando para ela. Somente ele sabia que aquele lugar vazio não existia mais em World - era de , sendo que ela o criaria desde o início até o fim. Junto com ele e ao lado dele.
E aquilo fez a árdua missão de gravar aquele MV muito mais fácil - principalmente por ter no backstage sorrindo para ele quando se sentia cansado.

- Eu adorei as filmagens de hoje. O dia foi cansativo, mas gostoso... Ah, e o jantar estava ótimo também. - sorriu enquanto caminhavam pela rua na madrugada. - Você é a melhor companhia.
- Também adoro a sua, . - respondeu enquanto mantinha as mãos nos bolsos da calça.
A lua refletia no rio ao lado do qual ambos caminhavam. A noite tinha acabado de iniciar no céu mais negro e límpido de maneira que pudessem observar as estrelas. se lembrava do colar que havia dado para com a pequena estrela que encontrou para ela e desejava poder fazer aquilo também na vida real.
Em momento algum ele mencionara a aventura deles em World enquanto estavam jantando - só sabia que agora observava com um olhar diferente ao conversarem. Talvez ela tivesse notado ou talvez permanecesse alheia como sempre ficava em assuntos do coração. E não podia culpá-la, já sabia muito bem com quem estava lidando.
Como a própria colocava, ela não era uma princesa de contos de fada e filmes de romance. Mas ele também não era um príncipe encantado e tinha plena consciência que vivia na realidade.
- Eu só não entendi aquele lugar branco e vazio na última take... - suspirou repentinamente. pareceu mais interessado no assunto, tirando as mãos do bolso e mal percebendo que queria segurar a mão dela. Aquilo parecia quando apresentou seu mundo a ela. - Se o World é você e surgiu das suas vontades e dos seus sentimentos, aquele lugar...
- É um vazio dentro de mim. - respondeu simplesmente, porém apressou-se em corrigir. - Ou melhor, era.
- Era? - franziu as sobrancelhas, sem perceber que havia parado no caminho, de costas para o rio à luz do luar.
- É... Eu descobri muitas coisas sobre esse lugar. E agora ele é um dos mais novos espaços que eu nunca desbravei antes, apesar de ser muito interessante. - se aproximou dela, sem perceber o sorriso que tinha nos lábios. observava com interesse.
- Bom... - E ela sorriu de volta, da mesma maneira de quando estavam no mundo dele. - Tenho certeza que deve ser algo lindo. Porque tudo que você toca, é tratado com carinho e vira algo maravilhoso...
Nesse momento, arregalou os olhos. Ele nunca esqueceria daquelas palavras - mas achava que era algo que sua mente somente tinha inventado para que ele se contentasse em sonhar acordado com um amor que nunca poderia acontecer.
- Inclusive... - E a voz de sumiu. se aproximou dela, levantando o rosto da moça com uma das mãos, segurando-a como se fosse um cristal que pudesse quebrar a qualquer momento se fosse tratada com movimentos bruscos. E ela não precisou de encorajamento de palavras: a expectativa nos olhos de e o sorriso bobo que ele tinha nos lábios eram suficientes. - Foi o que você fez comigo, não? Eu era amarga e desacreditada do mundo todo, achando que todo mundo que vinha falar comigo só queria se aproveitar ou tirar algo de mim, até que você... Fez com que eu visse que há esperança no mundo. Que você existe.
- Que você existe. - respondeu, repousando as mãos no rosto de . Tentava conter as lágrimas que surgiram nos olhos, mas tinha certeza que não conseguiria por muito tempo. - Eu dou esperanças para todos a minha volta, mas não guardo pra mim. , você me fez ter certeza de novo que existe...
Mas as palavras de foram cortadas pelos lábios de , que se encontraram com os dele em um beijo que não poderia ser melhor em nenhum outro mundo fictício. Quando seus lábios se separaram, riu ao ver uma lágrima escorrendo pelo rosto de , limpando-a com a manga do aconchegante moletom.
- É bom você me levar para tomar chá com os flamingos, conversar com astronautas, brincar com as estrelas... E tudo mais que existe em World. Eu quero conhecer tudo. - Ela finalmente respondeu, fazendo-o rir animadamente enquanto enxugava o excesso de lágrimas.
- Pode deixar, . Eu te levo pra conhecer tudo, apesar de que você vai ter que me apresentar uma parte nova também. - a olhou de maneira carinhosa. - Eu ainda não conheço muito bem o meu espaço que era vazio.
- Tudo bem... Eu não conheço muito o meu também. - piscou para ele. - Aliás! Vou querer altas conversas com o !
- Não se preocupe, ele já está abraçando a sua perna com corações borbulhando pelo focinho. - Ele apontou para a perna dela, esperando rir da brincadeira e seguir como se nada estivesse lá, pois essa era a realidade.
- Ah, ! Eu também te amo! - Mas ela olhou para a própria perna e falou com carinho, fazendo sorrir e apitar de alegria. - Vamos para casa?
- Ah, era isso que eu ia falar... Se você quiser, claro... - parecia um pouco envergonhado, fazendo erguer uma sobrancelha enquanto subia nos ombros dela assim como fizera em World. - Podemos ir pra minha casa. Aí eu posso te mostrar tudo sobre o álbum, as músicas, o World... Mas só se você quiser. Não quero te...
- Ok. - respondeu simplesmente, fazendo comemorar de maneira animada enquanto sorria um tanto pego de surpresa com aquela resposta.
- Ok! - O coração dele batia um pouco mais forte, animado em finalmente poder mostrar tudo que trabalhara, todos os seus sentimentos e sonhos, para a pessoa a quem pertencia uma parte de seu coração. Com isso, ele estendeu a mão para ela. - Vamos?
- Vamos! - E segurou-a sem titubear, assim como fizera em World. - E já aviso que vou dormir com a sua blusa do Snoopy. Ela é muito confortável para que eu finja que não existe.
- Você pode dormir com a roupa que quiser, contanto que deixe as suas dobradinhas em um cantinho e não espalhe pelo quarto. - respondeu de maneira analítica, rolando os olhos em seguida. - Sério. O deixa tudo espalhado para cima e para baixo e é um caos. Às vezes eu quero esganar aquele cara.
- Já era de se esperar de vocês dois! +- Ela riu de volta, entrelaçando os dedos com os de . Por algum motivo, segurar a mão dele daquela maneira parecia o certo a se fazer.
e se sentiam em casa - como se tivessem passado muito tempo em busca de algo que sempre estivera lá e, por algum motivo que agora os escapava, eles sempre evitaram aquilo.
Mas agora, caminhavam juntos, de mãos dadas, à beira do rio em que a lua refletia como se estivesse sorrindo para eles. Nenhum dos dois poderia ter imaginado uma melhor maneira de finalmente constatar o que sentiam pelo outro - nem que daria tão certo e seriam correspondidos.
Enquanto caminhavam naquela madrugada de volta para casa pela primeira vez, e sentiam como se estivessem em paz, o mesmo sentimento que tinham quando sonhavam acordados ao se encontrar - porém, aquela era uma das raras vezes em que a realidade era melhor do que qualquer sonho que poderiam ter.





Fim.



Nota da autora: Olha eu aqui de novo escrevendo fics de MVs praticamente impossíveis!
Mas eu tenho um fraco pelas músicas desse homem, não posso fazer nada.
Espero que tenham gostado de Daydream! Usei muito da letra e do álbum inteiro pra ser sincera, ou não tinha muito como traduzir o mundo dele em algum tipo de história.
Além disso, dois personagens que aparecem são referências a livros/filmes/cantores: o querido Sr. Travers é uma homenagem à escritora de Mary Poppins, P.L Travers, a Ellen é uma referência à Ripley, de Alien, e a Tina como uma abreviação à Tinashe. Já o Hwang e o Liam... São nomes que eu realmente curti pra peixinhos dourados.
Queria explorar mais um pouco desse mundo, mas não tinha páginas suficientes. Talvez fica para uma próxima? Afinal, ele tem que descobrir o que preencheu o vazio.
E perdão pelas lágrimas no final à beira do rio iluminado pela lua, mas eu estava escutando A Whole New World do Aladdin e não deu pra segurar xD
Então fica aqui a minha homenagem para essa música maravilhosa, com um MV mais lindo e criativo ainda, que eu simplesmente amo de paixão!
Espero que tenham aproveitado muito desse mundo! Me falem se gostaram, o que gostariam que eu desenvolvesse mais e até a próxima!

XX

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Não gosto de falar essas coisas, mas como já tive problemas antes, acho bom deixar avisado. Nem tudo que tá na internet é do mundo, minha gente. Quer postar em outro site? Fala comigo! Eu não mordo! Hahaha a gente vê de me dar o crédito e linkar para o original aqui no FFObs! Só me mandar um e-mail ou pedir aí nos comentários!



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