Capítulo Único
Mais uma vez eu fui visitar nosso café favorito só para ver se nos esbarramos sem querer, as vezes eu sinto sua falta de todas formas possíveis, as vezes faço isso inconscientemente.
Eu vi alguém parecida com você naquele dia, naquele mesmo café, o nosso café favorito. Engraçado, ela usava o seu mesmo corte de cabelo e até o mesmo vestido amarelo que eu vi você usando quando nos conhecemos o que me deixou em choque por alguns minutos, acho que não te superei como achei que havia superado, as vezes eu me pego treinando as coisas que eu te falaria se tivéssemos a oportunidade de conversar outra vez.
— Qual o seu pedido? — A voz da atendente me tirou de meus devaneios enquanto eu a observava, acho que ela notou meu estado de choque e sorriu preocupada, acho que ela era nova, pareceu não entender a situação. Diferente de Meilin que olhava a cena de antes.
Você ainda se lembra de Meilin, certo? Eu espero que sim.
— Um ice americano, por favor — eu sorri ainda demonstrando confusão e constrangimento.
Não pude deixar minha curiosidade de lado, talvez tivesse a pequena chance de que realmente fosse você, foi o que eu pensei na hora, quem sabe, mesmo eu tendo esse medo louco de que se realmente for você eu teria minha chance, pior seria se não fosse. Meu coração encolheu um pouco com o mínimo de negatividade que passou pela minha mente e por isso, eu pensei em escrever sobre esse momento e meus pensamentos, talvez de alguma forma minhas palavras chegassem a você.
Por isso me lembrei da primeira vez em que nos vimos, eu não pude tirar meus olhos de você e quando você sustentou o mesmo sorrindo do outro lado da mesa, soube que não era o único a sentir aquela energia entre nós.
— ! — A mãe de chamou pelo nome da amiga animada, abrindo o portão branco com rapidez.
— ! — a outra respondeu na mesma animação — quanto tempo minha, querida amiga.
— venha — ela gritou pelo garoto que jogava vídeo game dentro da casa em silêncio — venha conhecer sua madrinha e — a mãe olhou chocada para a garota atrás de si — meu deus , você está enorme, tão linda — disse fazendo a mais nova sorrir tímida — E você minha querida , você está tão crescida faz anos que não vejo esse rostinho.
— Obrigado tia ! — as garotas respondem sorrindo.
tirou seus fones de ouvido e os colocou em cima da mesa junto com os controles.
— Estou tão feliz de tê-las por perto outra vez — a mãe de disse — esse é — ela continuou assim que viu ele se aproximando — já o conhece, já que ela o viu nascer mas acho que não se lembra que eles brincavam juntos quando eram menores, ou .
— Oí! — disse tímida.
— Oi! — respondeu do mesmo jeito.
Naquele dia, nem ou imaginariam que na realidade eles se tornariam bem mais do que apenas conhecidos de infância.
Como sempre eu me encontrava desenhando seus traços em meu pequeno journal, era um costume para mim, mesmo pensando inúmeras vezes que eu havia te superado.
Olhar do outro lado da mesa e ver aquela pessoa usando um vestido exatamente igual ao que você usava quando nos conhecemos me fez lembrar de tudo que passamos, desde o começo até o fim. Você amava ver meus desenhos e eu amava a sua voz quando você decidia cantar para mim mesmo sendo tímida. Lembrei de nossos abraços que simplesmente faziam meu coração acelerar todas as vezes, sua presença era espetacular.
Parte de mim esperava que nós ainda tivéssemos uma chance de conversar, afinal, todas as vezes que eu achava que poderia te encontrar, antes eu ensaiava no espelho de casa o que eu te falaria.
Eu realmente pensei que havia te superado, irônico pensar isso agora, olhando para a forma que eu me abalei.
O contraste de como as coisas eram no passado e de como as coisas são hoje é tão surreal, eu olho para todos os cantos e vejo você, vai ver esse era o motivo de não suportar mais viver naquela casa.
Faltava você, em todo canto, em todo momento, inclusive em mim.
Agosto era sempre deprimente, para qualquer um dos dois, eram horas e horas maratonando filmes e séries, horas e horas comendo comidas que no futuro provavelmente se arrependeriam. Dali a uma semana eles se mudariam para os dormitórios da faculdade e estavam aproveitando enquanto podiam a liberdade.
Por sorte iam para a mesma.
— O que você espera da faculdade? — ela perguntou de repente.
— Festas — ele disse brincando.
— É sério, o que você espera da faculdade? — ela perguntou.
— Nada muito diferente da escola? — ele respondeu mais como uma pergunta — talvez mas puxado porém, conciliável.
— E você? — ele perguntou.
— O mesmo, talvez um tempo para trabalhar meio período e organizar a minha vida para um futuro sem incertezas — ela respondeu pensativa.
— Vai dar tudo certo, não precisa ficar nervosa — ele respondeu deixando um beijo no topo de sua cabeça.
— Também espero que ela não nos afaste — ela disse baixinho.
— Isso nunca aconteceria — ele a beijou.
— Espero! — ela respondeu para si mesma.
Me lembro todos os dia onde errei e a verdade é que eu nem sei ao certo o que aconteceu, nosso primeiro ano foi tranquilo, no segundo você estava focada mas nada nos impedia de ter tempo para nos. No terceiro tudo foi por água abaixo, você havia criado uma insegurança absurda, algo que nunca te pertenceu e eu o mesmo, mas com impaciência. Eu não aguentava mais esperar pelas coisas, acho que nada melhorou vendo que você se destacava bem mais do que eu nas coisas, o que me trouxe o pensamento se insuficiência.
Eu continuo achando que não era o suficiente para você e nem o melhor, mas, tão pouco te superei.
Aquela nossa última conversa na banheira me fez perceber o quanto você estava estressada e se cobrava, eu deixei com que as nossas brigas tomassem o melhor de mim enquanto você apenas precisava de apoio e carinho.
Foi naquele mesmo dia que você disse que já não aguentava mais.
Você tomou o último gole do líquido enquanto eu te observava tentando entender o significado daquelas palavras, você me deu o último beijo e partiu sem uma despedida concreta.
Acho que o pior da situação fui eu, porque eu não tentei impedir que você se fosse, eu apenas deixei com que acontecesse.
E olhando para aquela pessoa sentada na minha direção o mesmo vestido que você estava usando quando nós vimos pela primeira vez e que se parece tanto com você, eu percebi o quanto errei. Anos se passaram e eu continuei aqui percebendo que eu não te superei como eu achei que havia te superado.
Junto da decepção de saber que aquela pessoa no nosso café favorito, de fato não era você.
FIM
Nota da autora: sinceramente era impossível criar um final feliz para essa história aqui! Ele passa completamente a vibe de uma pessoa que errou e se arrependeu nela, o que infelizmente me leva a escrever apenas as lamentações dele mesmo mostrando que ele perdeu a oportunidade e que provavelmente ela era o amor da vida dele.
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