Finalizada em: 02/05/2021
Music Video: Falling Asleep The At Wheel - Holly Humberstone

Capítulo Único

Desde que acordara não estava entendendo muita coisa do que estava acontecendo. Estava deitado em uma maca de hospital, porém não fazia ideia de como tinha ido parar ali. Sentada em uma das poltronas ao meu lado direito, estava . Seus olhos estavam esvaziados de emoções. Não havia nada para me agarrar ali.
O médico e a enfermeira entraram e saíram algumas vezes ao longo do dia, sempre fazendo checagens a respeito do meu estado.
saiu uma única vez do quarto para que meu pai pudesse entrar em seu lugar. Por ainda não me lembrar do que havia acontecido comigo, não sabia qual reação esperar por parte do mais velho, entretanto, não consegui evitar me surpreender com o fato de que tão silencioso quanto entrara, permanecera.
Abraçou-me forte e depositou um beijo na minha têmpora, dizendo que estava feliz em me ver bem. Não entendi exatamente o que aquilo significava. Resolvi não questionar, pois não achei que seria apropriado, visto que o homem estava tão emotivo com qualquer que fosse o motivo.
Naquele dia mais tarde, o médico voltou para anunciar minha alta e que poderia me arrumar para ir embora.
Com a ajuda da ainda silenciosa , troquei de roupa e peguei meus objetos pessoais. Após assinar a documentação de alta na recepção, entramos em em seu carro e seguimos para casa.
Ao sair de dentro do veículo, em pé em frente a casa que morávamos, como uma avalanche que me engoliu por inteiro, todas as lembranças da noite passada pareciam muito vívidas. chegando em casa e me encontrando muito chapado. irritada por estar fazendo aquilo comigo mesmo de novo. gritando que iria embora. Eu, irritado, saindo e batendo a porta para não ter aquela discussão outra vez apenas com o celular e as chaves do carro em meu bolso.
Dirigindo pela cidade sem rumo, meus pensamentos não se focavam em absolutamente nada. Não conseguia prestar atenção nem mesmo na estrada que se estendia à minha frente.
Tendo o vislumbre de um vulto passando correndo em meu campo de visão, virei o volante todo para esquerda, a fim de desviar, porém não consegui manobrá-lo rápido o suficiente para desviar do poste que surgiu. Depois disso, tudo ficou escuro.
, eu… sinto muito. ― Minha voz saiu como um fio.
Suas feições ainda estavam vazias. Seus olhos verdes estavam opacos e não tinham aquele calor que geralmente me aqueciam em noites frias como aquela.
― Vamos entrar. Não vamos discutir isso aqui ― censurou-me, dando as costas e entrando na casa.
… ― Segui-a para dentro, fechando a porta atrás de mim. ― Eu sinto tanto.
― Não sinta. ― Passou uma das mãos pelo rosto. ― É um pouco tarde pra isso agora.
― Do que você tá falando?
― Acabou, . É isto. ― Cruzou os braços em frente ao peito. ― Eu não aguento mais.

― Não, chega. Eu não quero ouvir. Eu cansei. Faz dois meses que você teve uma overdose. Agora, um acidente. O que te falta mais? ― Sua testa se franziu, tensa. ― Pra mim, essa foi a gota d’água.
― Por favor, , me dá uma chance. ― Quase implorei.
― Mais uma? ― Deu uma risada sem humor. ― , quantas chances eu já te dei? Você prometeu que ia mudar, que não ia mais usar, que ia se tratar e o que você fez? Isso mesmo, sofreu um acidente de carro porque cheirou tanto pó que estava completamente fora de si. ― Suspirou, passando a mão pelo rosto outra vez, como se tentasse se acalmar. ― Se você quiser continuar trilhando esse caminho como um kamikaze em busca da morte, você pode, mas eu não quero. ― Meneava a cabeça lentamente enquanto falava.
Deu alguns passos até o sofá, pegando uma mala que estava posta sobre e rumou para a porta.
, não, por favor, eu te imploro. O que você quer que eu faça? Faço qualquer coisa. ― Parou de andar, ainda com a mão segurando a maçaneta.
― Deveria ter feito quando ainda havia salvação para nós. ― Deu uma última olhada em mim e saiu.
Indo atrás dela, não consegui impedi-la de entrar no carro, muito menos de sair dali acelerando o máximo que pôde, desaparecendo pelo asfalto poucos segundos depois.
Não sei quanto tempo fiquei ali, na calçada, olhando para o horizonte na direção em que ela havia partido. Não sabia para onde tinha ido nem se iria voltar um dia, mas nunca torci tanto para estar sonhando ou estar morto.
Sentindo as lágrimas preencherem meus olhos e o choro produzir uma pressão na minha cabeça que fazia os cortes do acidente da noite passada doerem como o inferno, nada se comparava a sensação de estar sufocando que sentia se formando em meus pulmões.
Haveria uma vida sem ?




Fim?



Nota da autora: Pois é, APARENTEMENTE, vem aí uma continuação dessa fic. Então, me aguardem!!!!
Me sigam nas redes (ig e tt) pra saber quando vai rolar.
bjbj <3


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