Finalizada em: 17/04/2018

Prefácio

Fazia frio na pacata aldeia de Eguisheim. Com pouco mais de trezentos habitantes, tudo o que acontecia ali virava notícia entre os vizinhos. E foi nessa pequena aldeia, onde o outono começava a dar lugar para o inverno rigoroso que se aproximava, que ocorreu a maior quebra de acordo da história da França. Edmund , um singelo comerciante de invenções, dono de uma pequena casa no vilarejo e pai de uma jovem e bonita moça, assinara um contrato para conseguir patrocínio em um de seus mais ambiciosos inventos, uma máquina capaz de produzir gelo e água quente na mesma hora. Era algo arriscado, ele sabia, mas não poderia lutar contra essa ideia fantástica que lhe pareceu apetecível naquele momento. Tudo o que Edmund jamais poderia saber é que seu invento não apenas daria errado, como atrasaria suas contas e lhe deixaria de mãos atadas quanto ao contrato assinado.
- Você não pode fazer isso, papai. – dizia incisiva, a jovem de vinte e dois anos era dona de muita opinião para sua pouca idade. Ela sabia o que havia acontecido, e ainda assim não concordava com os rumos que aquele assunto estava tomando.
- Não tenho opção, . – O pai rebatia com dor. No tal acordo assinado Edmund deveria servir a um homem rico e desconhecido que comandava mais da metade dos negócios de Paris. Seu nome, seu rosto e personalidade eram completamente desconhecidos, apenas um sobrenome fazia toda a sua fama, , um homem cruel, cheio de artimanhas e capaz de maiores atrocidades e Edmund deveria deixar tudo o que tinha para trás e se prostrar para serví-lo pelo resto de sua vida. Para sobraria apenas Héber Guerin, um exímio caçador dono de um bar muito requisitado e cheio de arrogância que lhe cortejava há mais de um ano. Ela, é claro, se recusava a ficar com alguém que sequer compreendia a beleza e a intensidade de uma poesia.
Numa noite congelante de inverno, exatos três dias depois do rompimento do acordo, Edmundo deixou sua pequena casa, sem se despedir da filha e partiu rumo ao castelo localizado depois da densa e temida floresta que circundava o vilarejo.


Capítulo 1 - Selando um novo acordo

São muitos os meus defeitos, mas nenhum de compreensão espero. Quanto a meu temperamento, não respondo por ele. É, segundo creio, um pouco ríspido demais… para a conveniência das pessoas. – Mr. Darcy – Pride & Prejudice

foi surpreendida com o silêncio que reinava na casa, não havia som sequer do bule sobre o fogão de lenha que ela ajudara o pai a construir. Tudo parecia pacato e sem vida, algo estava errado e ela temia saber a resposta para todas as perguntas que começavam a surgir em sua mente. Depois de se arrumar e deixar o quarto, a garota andou pelos pequenos cômodos e se deparou com o nada. A vista da janela era a de sempre; o campo se abrindo para um precipício mais adiante, grama antes verde, agora começava a perder a cor, os poucos animais em seus nichos e a falta do pai. Esse era o grande problema, quando o som de um relincho cortou a quietude e a figura de Philip, o cavalo da família, surgiu cansado em meio ao pasto se desesperou.
- Onde está meu pai, Philip?
O pobre animal parecia abatido, se limitando a aproximar-se da baia onde sua água estava exposta; a jovem entrou na casa as pressas, pegou sua capa e retornou para fora. Iria de encontro ao pai, enfrentaria o tal senhor fosse ele quem fosse e traria o pai são e salvo para casa, era uma promessa, manter Edmundo a salvo era o mínimo que poderia fazer depois de tudo o que ele fizera por ela ao longo da vida desde a morte de sua mãe. Sem pestanejar, a garota montou sobre o lombo do cavalo e agitando as rédeas, exigiu que o cavalo a levasse até onde seu pai estava.

-X-

O cavalo trotava com velocidade, os cabelos da garota voavam junto da capa que lhe cobria o corpo, pouco lhe protegendo do frio. não sabia o que poderia ter naquele lugar, mas não podia ceder ao medo. A vida de seu pai estava em risco e foi com esse pensamento que ela se viu parada diante de uma propriedade gigantesca, rodeada de muros e com um portão de ferro gravado com um brasão imponente.
O Sol havia dado lugar a nuvens carregadas que deixavam o céu escuro quando a garota desceu do cavalo e se aproximou da construção de ferro, puxando o animal pela rédea com uma mão e com a outra empurrou o portão, que para sua surpresa estava aberto. Adentrou o pátio com alguma resistência de Philip e o prendeu pela rédea no corrimão da escada de pedras que se abria para entrada do imenso castelo disposto em sua frente. Com passos silenciosos, a jovem se dirigiu para o alto da escada e girou a grande maçaneta, que assim como o portão estava destravado. A imponente porta rangeu sob seu toque quando entrou. O lugar parecia ainda maior por dentro, parcialmente iluminado por uma lareira acesa mais na sala onde o fim do corredor em que estava daria. A garota caminhou desconfiada olhando ao redor, o menor ruído poderia lhe assustar e avisar ao tal dono do castelo que ela estava ali.
- Papai! - Chamou ansiosa, seu coração martelava enlouquecido no peito. Os som de vozes cochichando lhe fizeram arregalar os olhos. - Quem está aí? - Indagou preocupada, tomando um vaso de flores vazio que achou sobre uma mesa.
Ninguém lhe respondeu e ela prosseguiu.
Caminhou sem rumo até se deparar com uma escada grande de pedra semelhante a da entrada, porém dez vezes maior. Com pressa ela subiu até se deparar com o que lhe parecia uma prisão, o lugar era grande e continha ao menos sete celas, em uma delas a figura pequena e rechonchuda de seu pai despontava. precipitou-se na direção da cela e agarrou-se as grades.
- Papai, o que aconteceu? Quem lhe prendeu aqui? Por que está neste lugar? - A jovem disparava perguntas sem pausa, aflita pela cena que via.
- Oh, , você não deveria estar aqui. - Ele apoiou suas mãos sobre as dela. - Vá para casa, esqueça de mim, aqui não é seguro. - Os olhos tão parecidos com os dela refletiam um terror absoluto.
- Não vou deixá-lo. - Anunciou de pronto. E então um vento frio soprou pelas janelas apagando os candelabros que iluminavam o lugar. Uma escuridão absoluta tomou conta do ambiente, deixando o medo ainda mais pulsante. - Quem está aí? - Indagou assustada a moça, seus sentidos gritando perigo.
- O que faz em meu castelo? - A pergunta feita por uma voz grave, quase bestial, que a assustou. Na profunda escuridão ela viu dois olhos brilharem.
- Vim libertar meu pai. - Disse confiante, ainda que seu corpo não concordasse com essa palavra.
- Ele deve a mim, é meu prisioneiro. - A resposta veio tão fria quanto a própria neve.
- Eu fico em seu lugar, deixe-o ir e eu tomarei o lugar como devedora.
- Não, , você não pode fazer isso. - Edmund gritou desesperado.
- Ficaria no lugar dele? - A voz misteriosa questionou. Ela assentiu. - Para sempre? - A jovem sentiu o peito afundar, mas não recuou. Com um sinal positivo de cabeça ela ouviu quando o ser moveu-se ao seu lado e abriu a cela de seu pai. Antes que pudesse ir de encontro ao genitor, o dono do castelo o levou para longe de seu toque, e sem dizer um último adeus, presa em meio à escuridão, ela ouviu seu pai partir para liberdade que ela viera lhe ofertar.


Capítulo 2 – Descobrindo algo novo

A partir desse momento, a sua existência não foi mais do que um amontoado de mentiras, em que ela envolvia o seu amor como que em um véu para o esconder. Era uma necessidade, uma mania, um prazer, a tal ponto, que se ela dissesse ter passado ontem pelo lado direito da rua, devia-se acreditar que passara pelo esquerdo.” - Madame Bovary

Oito dias, esse era o tempo que estava presa no castelo. A mando do dono do lugar, ela havia sido guiada até um quarto, assombrosamente seu guia fora um candelabro que fala, anda e tem um sotaque mais do que carregado. Num primeiro momento a garota se assustou e até tentou acertá-lo com um pedaço de madeira que havia por perto, foi preciso alguns momentos antes que a jovem se acalmasse e entendesse que não era uma brincadeira. E agora ela sabia que todo o lugar era encantando, o motivo não lhe cabia dizer, mas xícaras que falam relógios que andam e guarda-roupas que cantam não são algo que se encontre todos os dias. Todavia, algo ainda mais inusitado havia acontecido, a garota recebera um papel enrolado como um pergaminho, ao desdobrá-lo encontrou o que lhe parecia um contrato de casamento contendo seu nome como a noiva e o de como o noivo, o que lhe confirmou que ele era o dono do castelo e a pessoa que a mantinha cativa. Num primeiro momento a jovem riu, na verdade gargalhou, a ideia de se casar com o desconhecido era tão absurda quanto estar presa num castelo a mercê desse estranho, depois do riso veio o desespero e então a raiva. As normas do casamento eram simples:

- Não poderia vê-lo.
- Não poderia tocá-lo.
- Não poderia senti-lo.
- Ela deveria se recolher todas as noites ao escurecer.

As regras eram tão ridículas quanto o contrato, mas dada a situação ela se viu forçada a assinar. O bule, ou Madame S, como ela costumava chamar, disse que o Sr era um bom homem atormentado por más escolhas do passado. Horli, ou o relógio, disse que havia mais coisas sobre o misterioso dono da propriedade do que a garota pudesse suspeitar. Sua curiosidade estava aflorada, seus instintos aguçados e tudo o que ela queria era saber quem aquele homem realmente era, se realmente era um homem ou um monstro como imaginara ter visto algumas vezes pelas janelas do castelo. Tudo era confuso e os dias pareciam intermináveis, tudo o que queria era sumir, colocar um fim naquela história de uma vez por todas. E, sem saber, estava mais perto disso do que imaginava.
Era a tarde do nono dia desde que a jovem se entregara para salvar o pai. já havia lido alguns livros que Horli lhe trouxera, conversara com madame S e até dançara com Lumiére, o candelabro, mas tudo havia esgotado seu interesse, nada parecia saciar a curiosidade que se infiltrava em seu corpo. Contrariando todas as recomendações que recebera desde que chegara no castelo, a garota deixou o quarto assim que o Sol se pôs, com passos silenciosos se locomoveu pelos imensos corredores como uma sombra, sempre alerta para o menor dos ruídos. A garota andou sem rumo até encontrar uma sala aparentemente vazia, todos os utensílios/funcionários estavam ocupados com o jantar e o guarda-roupa dormia tranquilamente. Nem sinal do Senhor , então sucumbindo à curiosidade ela entrou na sala. Tudo ao redor parecia destruído, mesas e cadeiras quebradas, cortinas desfiadas e alguns quadro desfigurados; todavia, nada atraíra tanto sua atenção quanto uma redoma belíssima que jazia sobra uma mesa de carvalho, dentro dela uma flor vermelha flutuante, nada mais deveria assustá-la depois de conhecer aquele castelo, mas com certeza a bela e intrigante flor a deixou surpresa. Pelos céus, era de tirar o fôlego, e a cada passo que a jovem dava a rosa parecia lhe atrair mais, até que a mesma estivesse parada diante daquele peculiar objeto tirando-o de cima da planta e tocando-a com delicadeza. A primeira coisa que sentiu foi o coração disparar, a flor passava uma energia sem igual, seu corpo arrepiou e una voz suave sussurrava palavras em seu ouvido repetidamente:
"Saiba seu passado", "Entenda sua dor", "Olhe além da casca". A moça franziu o cenho diante das frases. "Sinta sua dor", e então um rugido alto vindo de algum lugar atrás de si a fez recuar dois passos aos tropeços antes da imagem mais assustadora que já vira na vida surgir diante de seus olhos. Uma fera, grande, com garras e chifres se prostrou entre a flor e ela, seus olhos de um tom absurdamente verdes a fizeram recuar ainda mais.
- Eu avisei para nunca vir aqui. - A frase saiu em meio a um rosnado, já estava apoiada na porta, os olhos arregalados e o choque percorrendo seu corpo. - Como ousou desobedecer a mim? - O rugido estava mais alto, seus passos descoordenados a levaram para fora as pressas. Correndo como se não houvesse amanhã a garota passou pela primeira porta que viu aberta, indo parar em um jardim absurdamente esplendoroso, repleto de flores vermelhas e brancas estendidas ao longo de todo lugar até perder de vista.
- Ele é... Ele é um... - As palavras voavam de seus lábios como um cântico aterrorizado. O desespero a preenchia quando a voz suave que lhe sussurrou coisas desconexas surgiu em meio a sua mente e a fez estancar no lugar. "Sinta o que ele sente, veja sua verdadeira face...". E então tudo sumiu, seus sentidos foram amortecidos pela magia que a tomou, seu corpo foi erguido do chão por nada mais do que o vento, com giros suaves em um único eixo à moça foi levada para um mundo que desconhecia.

sentiu o peso do mundo cair sobre suas costas quando percebeu o terror nos olhos da garota. Ele sabia que a havia perdido antes mesmo de tentar tê-la quando a viu passar pela porta aos tropeços.
- Amo, o senhor precisa vir conosco, é a , ela...
- Eu sei, ela não vai voltar. - A amargura em sua voz era palpável.
- O quê? Pelos céus, ela precisa voltar, ela é a escolhida. - Madame S dizia afobada.
- Como você saberia de algo assim? - Questionou o Sr .
- Ela está no jardim, está flutuando e...
- Espere um momento, ela está o quê? - O barulho dos passos de Horli e Lumiere indicava que logo o quarto estaria cheio de visitantes. Com uma coragem que desconhecia correu como um lobo em direção à saída; passou pelos amigos no caminho e se apressou em pular de um andar para o outro. Se havia algo que pudesse prender ali para que em algum momento ele tivesse a chance de mostrar o que sentia não havia esforços à serem medidos, ele o faria.


Capítulo 3 - Esse segredo descoberto

“O dever é sentir o que é grande, querer o que é belo, e não aceitar todas as convenções da sociedade, com as ignomínias que ela nos impõe.”

Era uma madrugada fria de abril, o inverno já mostrava sua face ao preencher de neve todo o chão. A aldeia estava em festa pelo retorno do Rei ao castelo, depois de uma viagem que durara seis meses por terras estrangeiras o benfeitor estava de volta, ao menos era o que todos achavam. Depois da última exploração Pierre voltara doente, suas forças se esvaíram na medida em que retornava para França, sua esposa, que viajara com ele, desta vez também não detinha boa saúde. Os serviçais fizeram o melhor, trataram os dois com remédios caseiros, chás, banhos quentes e muito repouso, tudo o que o médico receitara fora cumprido à risca, mas nada os salvaria do destino fatal. Salini e Pierre morreram duas semanas após o retorno ao castelo, deixando para trás seu bem mais precioso, o pequeno de apenas oito anos. O garoto não tinha ninguém além dos empregados da casa.


- Ela precisa acordar, precisamos fazer algo, ela precisa acordar.

Um alto e bonito jovem corria pelo jardim do castelo com a companhia de uma moça alta, ruiva e de olhos azuis brilhantes. A mocinha sorria para ele de forma encantadora. Eles não deviam ter mais do que dezesseis anos, mas havia sentimento no olhar deles. O Sol estava alto no céu, o tempo fresco apesar do verão era deliciosamente convidativo para um passeio ao ar livre. Os dois caíram sobre a grama quando ele a alcançou.
“Acho que te amo” Foi a frase que voou dos lábios dele antes que pudesse refrear, o sorriso deixou os lábios da moça tão rápido quanto havia surgido. Havia algo errado.


- Três dias que ela está assim, isso não pode ser normal. – Ele estava sentado em uma cadeira de madeira jazida no quarto, as mãos na cabeça e tudo o que ele conseguia pensar era que gostaria de ter falado com ela antes, ter sido honesto em relação a sua vida e seu passado, ter dito que havia se apaixonado por ela antes mesmo de vê-la, porque de alguma forma muito bizarra eles já se amavam e se conheciam. Não havia tempo ou oportunidade para dizer, três dias e dormindo e tudo o que lhe restara era dor.

Anos depois de uma declaração de amor frustrada e se tornou o maior e mais esnobe príncipe que a França já viu, cercado de mulheres e sempre arrogante com aqueles que o amavam. Não havia nada a ser dito, tudo o que era argumentado era refutado, apenas os dias se passavam sem controle.

- Vou preparar um chá, meu amo.
- Nada parece consolá-lo.

O baile estava lindo, repleto de pessoas bem vestidas e com perucas pomposas. O maestro comandava o som do piano, sua esposa era a bailarina principal, ajudando os casais a juntar quem estava só. Estava tudo perfeito, até que algumas batidas na porta acabarem com todo ar de felicidade.
Uma mulher.
Uma rosa.
Um pedido.
Uma maldição.
O fim.


Ele é uma alma ferida dentro de um monstro, preso numa cadeia da qual não pode pedir condicional.
Ela sabia que era verdade, sabia que durante anos sonhara com um homem pelo qual se apaixonara e desistira de encontrar, esse homem era alguém que ela viu naquele sonho estranho que tivera com alguém de olhos tão bonitos quanto os do sonho estranho que tivera.
- Ela sabe a verdade, amo. – A voz de Horli foi a primeira que ouviu.
- E como sabe disso? – A voz que respondeu não era bestial como a que gritara com ela, mas melodiosa e delicada. Seu corpo repousava sobre algo macio, todavia não parecia ser um colchão, na verdade lembrava-lhe muito com o do homem do sonho.
- A feiticeira disse que um grande amor o salvaria, um grande amor o entenderia e um grande amor sentiria o que você sente. – Lumiere disse. – sabe do seu passado porque a feiticeira a levou até lá, amo. Quando ela acordar diga a verdade. – Pediu.
Pálpebras tremeram e os olhos dela se abriram.


Finale

Havia mistérios naquele castelo que apenas um amor verdadeiro poderia revelar, havia um passado encoberto que fora mostrado para ela. E agora ali, olhando diretamente para o homem com quem sonhara por anos, com quem se casara em segredo, de quem fora cativa não apenas de corpos, mas de alma, ela sabia que havia um mundo a desbravar se quisesse libertar não apenas ele, mas todos os que viviam naquele castelo.


Fim da parte I



Nota da autora: Oi gente! Eu já venho dizendo que vai ter parte 2 pra vocês não se preocuparem, não me matem, vou fazer a parte 2 em um dos ficstapes que estou inscrita, por favor, não desanimem. Quero muito agradecer todo carinho e espero que comentem bastante, pois logo vem a parte final. Para mais informações procurem por mim no facebook no grupo Escritas da Mary Lira.
Xx Até breve amores.





Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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