Fanfic Finalizada
Music Video: Let's Be Friends - Emily Osment

Capítulo Único

Finalmente pude respirar profundamente quando botei os pés no gramado do campus. Duas semanas repletas de provas, testes, trabalhos, seminários e muito, muito café. Senti o calor do sol aquecer minha pele e me permiti sorrir com os olhos fechados. Fazia um dia lindo, provavelmente um acordo entre Apolo e o fim do período na faculdade. O campus da UCLA estava lotado de estudantes sorridentes, dando graças a todos os deuses por sobreviverem a mais um semestre. Avaliei minhas opções e resolvi que merecia uma recompensa: torta de limão da cafeteria.

— Eu juro que ainda caio no soco com o Senhor Wayne. — Uma ruiva baixinha se aproximou batendo os pés.
— Ele tem quase 90 anos, Naomi. Não sabia que agredia idosos por aí — respondi a ela, empurrando a porta da cafeteria.
— Ele é uma múmia, não conta. — Ela revirou os olhos e segurei um riso.
— Relaxa, Nomi, certeza que vai tirar nota máxima — tentei acalmá-la. Entrei na fila e observei as opções de doces no mostruário.
— Ele é meu nêmesis. — Ela continuou reclamando.
Fingi escutar enquanto procurava uma mesa vazia e encontrei uma perto da janela. Pelo vidro, pude observá-lo andando do lado de fora. E minha mente pareceu entrar em câmera lenta. O vi dar aquele sorriso que sempre me tirava o fôlego e bagunçar os cabelos escuros. Ele usava calça jeans escura, um tênis preto e a camisa do time de basquete da faculdade. Juro que ele nunca esteve tão bonito assim. A pessoa com quem conversava se despediu e ele olhou ao redor, percebendo que eu o observava. Um sorriso de canto tomou seus lábios enquanto retribuía meu olhar. Senti meu coração acelerar e a respiração falhar, mas só desviei o olhar quando Naomi me cutucou – ou enfiou um dedo entre minhas costelas – para chamar minha atenção.
— Ai porra. — A olhei brava, alisando o lugar onde perfurou meu pulmão.
— Daqui a pouco molha o chão com a baba escorrendo. — Naomi riu maliciosa.
— Não sei do que está falando. — Me fiz de tonta e prestei atenção no cardápio em cima do caixa.
— Ele terminou com a Maddison há um tempo, sabia? — Ela comentou e eu sabia que esperava uma reação minha. Me controlei e murmurei alguma coisa. — Quem sabe agora vocês não voltam?
— Não vamos voltar, Naomi. — Cruzei os braços, já nervosa.
— Duvido, vocês são perfeitos juntos.
— Se fossemos tão perfeitos assim, a gente não teria terminado.
— Você que terminou — ela apontou.
— Tanto faz. — Ficamos quietas até a fila andar e chegar minha vez de pedir.
Fiz o pedido da minha desejosa torta de limão, uma garrafa d'água e um café para Naomi, que obviamente me fez pagar. Com a bandeja em mãos, fomos devagar até o lugar vago que tinha visto antes. Coloquei tudo na mesa e me sentei com Naomi na minha frente. Olhei para a janela como quem não quer nada e ouvi uma voz soar ao meu lado.
— Procurando por mim? — O maldito surgiu ao meu lado com aquele maldito sorriso ladino.
— Por que estaria procurando por você?
— Pela minha beleza irresistível. — Ele inclinou um pouco a cabeça para o lado. Rolei os olhos e peguei os talheres para comer.
— Não sei como consegue andar sem ficar arrastando esse ego gigante. — Sorri falsamente e comi da torta. Maravilhosa. Seria melhor se pudesse desfrutar do meu doce em paz.
— Às vezes eu acho que esses seus coices gratuitos são puro amor encubado. — Ele se aproximou mais. Passei a língua pelos lábios e percebi que ele acompanhou meu movimento. Sorri vitoriosa.
— Você fica mais bonito de boca fechada, . — Enfiei o garfo com um pedaço de torta na boca dele, deixando um pouco de chantilly em sua bochecha. Peguei o chantilly com o dedo indicador e levei até a boca, com os olhos dele acompanhando de perto. — Tem certeza que sou eu que tenho amor incubado?
Ele ficou em silêncio, mastigando a torta. Olhei para frente e Naomi bebericava seu café segurando uma risada. Abri a garrafinha d'água e tomei um gole. Como eu não estava tremendo era um mistério do universo.
— A gente se vê por aí, — ele falou ao pé do meu ouvido e me xinguei pelo arrepio que correu no meu pescoço. Ele pareceu notar, porque seu sorriso era de quem tinha conseguido o resultado que almejava. se afastou e levantou da mesa. O maldito ainda teve a pachorra de me lançar uma piscadinha antes de sair da cafeteria.
— Ele é meu nêmesis. — Soltei o ar que nem percebi que tinha prendido.
— Aham. — Naomi riu. — Eu podia cortar a tensão sexual com uma faca.
Resolvi ignorá-la e comi minha torta em silêncio, com Naomi ainda reclamando do Senhor Wayne. Apesar de escutar o que minha amiga falava, minha mente estava longe. Por que brincava assim comigo? Eu sabia que ainda tinha sentimentos por ele, nunca tinha parado de gostar dele. Lembrei de como era nosso relacionamento e do motivo por terminarmos. Começamos a namorar logo quando cheguei na faculdade, ele era um dos veteranos do curso de economia e fazíamos aula de cálculo avançado juntos. Um dia ficamos até mais tarde na biblioteca realizando um projeto e acabamos ficando trancados lá dentro. Demos o primeiro beijo entre as sessões de literatura francesa e russa. Ficamos juntos por quase três meses até ele me pedir em namoro.
Suspirei pesado.
— Nomi, você acha que eu errei? — Interrompi o monólogo dela.
— No que exatamente? Você erra em muitas coisas — ela brincou e sorri de lado, lhe mostrando o dedo médio.
— Em terminar com o ?
— Não. — Levantei os olhos e a encarei. Ela deu de ombros. — Você sentiu que era o certo no momento.
— Às vezes eu penso que fui precipitada.
. — Ela segurou minha mão sobre a mesa. — Quando vocês começaram a namorar, você tinha acabado de sair de um relacionamento longo. Acho que você não se deu tempo, sabe? E o não entendeu isso, acho que porque você foi a primeira namorada séria dele. — Ela bebeu um pouco do café. — Eu acho que vocês são a personificação de “pessoa certa no momento errado”.
Pensei no que ela disse. Naomi estava certa, não que eu fosse dizer isso em voz alta, claro. Ela tinha um ego tão grande quanto o do primo, vai ver era alguma coisa na família . Não nos demoramos na cafeteria e fomos para nossos alojamentos no campus. Assim que abri a porta do meu quarto, senti raiva de mim mesma por deixar tudo uma bagunça. Coloquei a mochila no gancho da porta, prendi o cabelo e parti para a ação. Juntei as pilhas de roupas sujas espalhadas no chão dentro do cesto – atividade da noite: lavar roupa –, passei um aspirador de pó no carpete, arrumei minhas maquiagens na escrivaninha e limpei a mancha de batom de Naomi no meu notebook. Passei um pano nos móveis e coloquei tudo no lugar. Fiquei satisfeita com o resultado e me joguei na cama, ligando o ar condicionado no máximo. Minha porta abriu de supetão e mechas vermelhas surgiram no quarto.
— Eu já me arrependo de ter te dado uma chave. — Ainda deitada na cama, olhei para Naomi.
— Alyssa ainda tem prova, não quero ficar sozinha.
— Será mesmo que ela tem prova? Ou foi uma desculpa da sua namorada pra ficar longe de você? — Alfinetei.
— Ah, vai se fuder, . — Ela se jogou na cama, mais precisamente em cima de mim. — Isso aí é tudo tesão acumulado. Você precisa transar.
— Vai você se fuder. — A chutei de leve.
— Ei, quer ir pro píer? — Ela mudou de assunto. — Todo mundo vai se reunir lá daqui a pouco. — A olhei desanimada. — Eu deixo você dirigir. — No segundo seguinte eu já estava de pé. — Sabia.
Troquei a calça jeans por um shorts e quase corri para o estacionamento, pulando que nem uma criança que ganhou algodão doce. Encarei o mustang branco e não consegui controlar o sorriso que surgiu. Eu amava aquele carro, e como eu era uma pobre camponesa, aproveitava que Naomi era uma princesa burguesa e dirigia meu sonho de consumo. Sentei no banco do motorista e abaixei a capota logo que liguei o motor. Abracei o volante e fingi um choro.
— De vez em quando eu acho que você gosta mais desse carro do que de mim. — Olhei para Naomi no banco do carona.
— Nunca escondi isso. — Ela bateu no meu braço com tanta força que tenho certeza que ficaria roxo. — Ai, cacete! Eu vou te empurrar do carro em movimento.
Coloquei os óculos escuros e tirei o carro da vaga. Assim que passei por perto do campus, diversas cabeças se viraram para observar o carro. Acho que era por isso que Naomi não gostava de dirigir, ela nunca gostou muito de receber atenção generalizada. Eu nem me importava, bastava ligar o rádio no volume máximo e que o mundo se explodisse. Durante o trajeto até a praia, pensei no acontecimento da cafeteria. estava solteiro e claramente tinha flertado comigo. Eu ainda tinha sentimentos por ele e Nomi garantia que ele sentia o mesmo por mim. Talvez eu pudesse fazer um movimento? Se ele mostrasse interesse… quem sabe o que poderia acontecer? E se ele recusasse, outra pessoa supriria minha falta de sexo. Decidi que tentaria algo na festa de hoje a noite.
Estacionei em uma das vagas perto da orla e observei o muro de pedra perto do píer com algumas pessoas reunidas. Eu e Naomi descemos do carro e vimos um grupinho de colegas parados perto de uma caminhonete preta com caixa de som. Cumprimentei todos e procurei em uma análise rápida pela orla. Vi que ele saía da areia ao lado de Maddison, a ex. Ou será que eles teriam voltado? Resolvi não prestar atenção nos dois e me inteirei no assunto da rodinha sobre algum filme que tinha lançado recentemente.
Prestei atenção na conversa por exatos três minutos antes de virar a cabeça na direção de e ver Maddison se afastar e abraçar um homem de regata azul, com uma tartaruga marinha estampada nas costas. Ele desviou o olhar e me encontrou, pela segunda vez no dia, o encarando de longe. Dessa vez consegui reagir e sorri para ele. Naomi comentou alguma coisa comigo e concordei. Quebrei nosso contato visual quando me fizeram uma pergunta sobre arquitetura.
Quando voltei a olhar para ele, Maddison andava com o cara de volta para a areia. Reconheci o homem de imediato e entendi a intenção que ela tinha. Maddison tirou a camisa, ficando somente com a parte superior do biquíni e olhou maliciosa para . Engoli a vontade de rir e avisei ao pessoal da roda que voltaria logo. Caminhei na direção dele, sentindo minhas mãos suarem de nervoso, mas não deixei transparecer uma insegurança sequer. Passei a língua sobre os lábios quando vi que ele observava eu me aproximar. Ele sorriu quando encostei no muro de pedra ao seu lado.
— Sua namorada está tentando te fazer ciúmes.
— Quando disse que isso tudo era amor incubado, eu não estava mentindo. — O desgraçado sorriu e meu coração pulou uma batida.
— Não terminei de falar. — Sorri e revirei os olhos. — Sua namorada está tentando te fazer ciúmes com o Kyle. Ele é gay. — Ri baixo quando ele arqueou uma sobrancelha.
— Maddison não é minha namorada — ele falou baixo e com firmeza, me olhando nos olhos. — E não me importo se ela quer fazer ciúmes, eu tenho outros planos. — Borboletas, se comportem!
— Hum, que pena. Vocês faziam um casal bonito. — Que idiota! Tentando arruinar sua chance, ?
— Não acho. A gente era um casal bonito. — O sorriso de canto dele aumentou. se aproximou e sussurrou no meu ouvido. — E ainda podemos ser. — As borboletas no estômago já estavam fora de controle.
Encarei aqueles olhos verdes cristalinos e me vi sem fala. tinha esse efeito sobre mim, quase como um feitiço, que me deixava vidrada, sem fala e sem conseguir respirar. Ainda estava dividida entre puxá-lo para um beijo e empurrar seu ombro quando Naomi se aproximou com o grupo que estava na caminhonete. Soltei o ar devagar e sorri para meus colegas. Deus, por favor, me encha de saúde e não me deixe surtar agora. Por favor.
Alguém surgiu com o assunto das provas e trocamos opiniões sobre as avaliações e professores. A todo momento eu sentia o olhar dele me queimando e evitava a todo custo me virar em sua direção, porque eu sabia que poderia agarrá-lo ali mesmo. Alyssa chegou um tempo depois e abraçou Naomi por trás. Sorri observando a cena, aquelas duas formavam um casal lindo, elas se encaixavam perfeitamente.
— Vem comigo. — tocou minha cintura e falou ao pé de minha orelha.
Virei meu rosto em sua direção e não consegui decifrar sua expressão. Concordei com a cabeça e ele segurou minha mão, me puxando para longe do grupo. Nós andamos em silêncio pela areia, cada um recluso em seus próprios pensamentos, mas ainda estávamos de mãos dadas. Eu não sabia o que pensar daquilo. Era um simples ato que me deixava cheia de dúvidas.
— Valerie perguntou por você esses dias. — Ele começou a dizer, olhando para os pés. — Ela sente saudades.
— Também sinto falta dela. — Sorri com o comentário. — Como ela está?
— Bem. — me respondeu monossilábico, agora encarando o horizonte.
Me sentei na areia e puxei a mão dele para que me acompanhasse. Ele se sentou ao meu lado e largou minha mão, juntando as suas sobre os joelhos enquanto observava as ondas quebrarem.
— Lembra de quando me apresentou à sua família? — Perguntei, admirando a paisagem à minha frente. O ouvi rir antes de falar.
— Foi um bom dia. — Concordei brincando com os dedos na areia.

Eu já tinha ido ao banheiro pelo menos umas quatro vezes, e não fazia ideia de como ainda tinha alguma coisa para sair. Respirei fundo e joguei uma água no rosto, encarando meu reflexo no espelho. Meu cabelo já estava preso em um coque baixo, com algumas mechas caindo propositalmente pelos ombros. Eu nunca tinha tentado usar aquele tipo de penteado, odiava penteados de madame. E ainda tinha posto extensão para deixar o penteado elegante.
Peguei a necessaire e comecei a me maquiar. Não queria nada muito marcante ou chamativo naquela noite, era a primeira vez que conhecia os pais de . Tinha que causar uma boa impressão. Quando terminei, avaliei o resultado. Meus olhos tinham um leve tom de rosa salmão, com um pouco de máscaras de cílios. Acho que era a primeira vez que fazia uma maquiagem que não tinha sombra preta ou delineador. Minhas bochechas tinham um tom rosado que parecia que tinha tomado banho de sol, e meus lábios comportavam um liptint tão claro que nem sabia se era possível perceber. Eu com certeza parecia alguém completamente diferente.
Peguei minhas coisas e voltei para meu quarto, já encontrando Naomi esparramada na minha cama. Quando me olhou, ela soltou uma risada tão estridente que tenho certeza que a ouviram do outro lado do campus.
— Aonde vai, Kate Middleton? — Ela perguntou ainda rindo. Mostrei o dedo médio e andei até meu armário.
— Eu vou conhecer os pais do , preciso causar uma boa impressão, Naomi.
— Desse jeito? , você tá parecendo que veio direto do palácio de Buckingham.
— Isso é uma tentativa falha de fazer piada do lugar de onde vim? — Arqueei uma sobrancelha.
— Claro que é, Duquesa de Cambridge. — Naomi mordeu um pedaço de chocolate que não percebi que segurava. — , relaxa. Vai dar tudo certo! É só um jantar de ação de graças. E eu vou estar lá com Alyssa para te dar apoio.
— Me dar apoio ou rir da minha cara? — Questionei enquanto esticava meu vestido sobre a cama.
— É a mesma coisa. — Nomi rolou os olhos e se levantou. Ela apoiou a mão no colchão para tomar impulso e se assustou quando viu minha cara pálida. — ? Que foi?
— Você. Sujou. A. Minha. ROUPA! — Gritei a última palavra. Eu ia surtar.
— Ai cacete! — Naomi olhou para trás e viu a marca da mão dela no tecido rosa claro. — Eu vou limpar, termina de se arrumar.! — Ela puxou a peça e correu para o banheiro no fim do corredor do alojamento.
Respirei fundo tentando reprimir minha vontade de matar Naomi. Não era possível! Ok, ela ia arrumar a bagunça que fez, eu precisava me concentrar em terminar de me arrumar. Coloquei brincos, cordão e o anel de formatura de meu pai. Já pensava em ir atrás de Naomi quando ela entrou no quarto com cara de assustada.
— Conseguiu tirar a mancha? — Me aproximei dela.
— Hum, não. — Ela me mostrou o tecido com uma mancha marrom gigantesca na parte de trás. — Mas ninguém vai perceber.
— Ninguém vai perceber? PARECE QUE EU CAGUEI NAS CALÇAS, NAOMI! — Gritei nervosa.
— Você meio que já fez isso hoje. — Ela comentou baixo mas se calou quando recebeu meu olhar raivoso.
— O que eu faço agora? — Perguntei sentada na cama. Eu queria chorar.
— Calça jeans.
— Sério? Eu, a única estrangeira, a única mal vestida, em um jantar com os pais do meu namorado? Sério, Nomi? — Meu tom de deboche e raiva era palpável. — Eu não tenho nenhuma outra roupa.
— Tem aquele vestido da Ralph Lauren…
— Que é tão curto que dá pra ver meu útero. Não vou usar isso para conhecer meus sogros — reclamei e deitei meu corpo no colchão. — Eu vou ligar pro e cancelar.
— Não! — Nomi tirou o celular da minha mão. — Ele tá doido para que você conheça Albert e Valerie. — Ela mexeu no meu celular e o colocou na orelha. — Vou pedir para Alyssa trazer algo aqui.
Ela esperou um pouco e conversou com a namorada. Não muito tempo depois Alyssa bateu na porta de meu quarto com uma sacola cheia de roupas. Ela tirou uma saia lápis branca e uma blusa rendada rosa bebê que combinavam perfeitamente com a maquiagem que eu tinha feito.
— Eu só não sei se vai dar em você… — Naomi comentou baixo e foquei meu olhar nela. — O quê? Você tem uma bunda enorme, !
— Naomi! — Ralhei e apontei com o queixo para Alyssa, que estava sentada na cadeira da minha escrivaninha.
— Tem mesmo, . — Alyssa comentou rindo, sendo acompanhada por Naomi. Senti meu rosto queimar de vergonha. — Amor, melhor a gente ir se arrumar também, prometi à sua tia que a ajudaria com a torta de abóbora.
— Tudo bem. — Nomi ficou de pé e as duas foram até a porta. — , a gente se encontra lá, e não surta, por favor — ela pediu e saiu do quarto, me deixando sozinha.
Suspirei e encarei a roupa na cama. Fazia tempo que não conhecia os pais de um namorado. A última vez foi ainda em Londres, quando Caleb me levou para casa. E tinha sido caótico. Afastei a lembrança. não era Caleb, os dois eram completamente opostos.
Vesti primeiro a blusa, que encaixou perfeitamente. Na hora de vestir a saia, senti que ficou justa no quadril e nas coxas. Certo, eu só não podia fazer movimentos bruscos e ficaria tudo bem. Quando terminei de calçar os saltos bege, ouvi uma batida na porta. Girei a maçaneta e estaquei. Ele estava lindo, sapatos sociais pretos, calça de alfaiataria azul marinho, camisa de botão branca e um blazer da mesma cor da calça. Aquele homem era divino. Quando cheguei ao seu rosto, percebi que ele também me analisava, e um sorriso malicioso permanecia sobre seus lábios.
— Você não tá nada mal. — Me aproximei e lhe dei um selinho rápido. Voltei para dentro do quarto e juntei carteira, celular, chaves e um brilho labial de retoque dentro da bolsa minúscula.
— Você também não. — Ele se aproximou e me abraçou por trás. — Sua bunda tá uma delícia nessa saia. — sussurrou e mordiscou o lóbulo de minha orelha. Senti meu corpo arrepiar e joguei o pescoço para trás. — A gente podia cancelar e ficar aqui a noite toda.
— Proposta tentadora… — Me virei e encarei seus olhos. — Mas marcamos um compromisso com seus pais. — Beijei de leve seus lábios, mas ele me empurrou até me pressionar sobre o armário e aumentou a intensidade do beijo. Sua mão foi possessivamente para minha cintura e sua língua invadiu minha boca com agressividade na medida certa. Separei nossas bocas quando o ar se tornou escasso e abri os olhos. As íris verdes dele me encaravam de perto, com um desejo tão claro que até meus amigos de Londres poderiam enxergar. Puxei o ar com dificuldade e espalmei seu peito, o afastando de mim.
— Não me faz mudar de ideia, . — Ajeitei meu cabelo e roupas em frente ao espelho. Ouvi a risada dele, enquanto se abaixava para pegar minha bolsa, que tinha caído momentos atrás.
— Vem, . — Ele me puxou pela mão e saímos do quarto.
No carro, retoquei o brilho labial, e ainda bem que tinha decidido usar liptint, porque se fosse meu batom vermelho costumeiro com certeza estaríamos com o rosto completamente sujo. parou o carro na frente da casa gigantesca e deu a volta para abrir minha porta.
— Madame. — Ele me estendeu a mão, com um sorriso lindo no rosto. Saí do carro e ele entrelaçou os dedos nos meus, me levando até a porta da frente. Meu coração começou a bater rápido quando ele tocou a campainha. — Fica calma, . Eles não vão te morder. — Concordei com a cabeça no momento em que a porta se abriu, revelando uma senhora loira, gordinha e um pouco menor do que eu sem salto alto.
! — Ela avançou e puxou o rosto do meu namorado em sua direção, beijando suas duas bochechas e deixando uma marca de batom. — E você deve ser ! — Ela se aproximou e fez a mesma coisa comigo. Será que eu também tinha uma marca de batom nas bochechas? — Bem-vinda, minha querida!
Ela abriu mais a porta e nos deu passagem. A casa era gigantesca. A porta dava direto na sala de estar, que sem brincadeira era maior do que a casa de meu pai em Londres. Dali eu conseguia ver um corredor que levava a algum lugar que acreditei ser a cozinha ou sala de jantar, porque ouvia vozes vindas daquela direção. Também vi uma enorme escadaria, com um tapete vermelho no centro. Por acaso aquilo era um palácio?
— Venham! Faltava só vocês! — A senhora nos guiou pelo corredor.
— Ah, desculpe pelo atraso, senhora . Foi culpa minha. — Me apressei em me desculpar e vi reprimir um riso.
— Atrasados? Não, não! Naomi que é esfomeada e veio antes! — Ela brincou. — E por favor, querida, somente Valerie. — No fim do corredor chegamos a uma cozinha que era de dar inveja.
— Eu ouvi, tia. Esfomeada? Sempre. Mas dessa vez a gente veio ajudar com o jantar. — Naomi se defendeu assim que surgimos no ambiente, já segurando uma taça de vinho.
— Ah, por favor. Você só ficou sentada nos olhando trabalhar, menina. — Um homem saiu de um local que eu nem tinha reparado. Aquilo era uma adega? — Ah, vocês chegaram! — O senhor se aproximou e abraçou . — Essa é sua namorada? — Ele olhou para mim. — Não podia ter arrumado nada melhor?
— Pai! — falou em pânico e senti meu coração pesar.
— Estava falando com ela, filho. — Ele revirou os olhos e se aproximou de mim. — Se precisar de ajuda para terminar com ele, pisque duas vezes. — Ele brincou e senti meu coração voltar a bater. Sorri e pisquei duas vezes, entrando na brincadeira. — Donzela em perigo! — Ele gritou e se inclinou para me abraçar. — Bem-vinda, .
O respondi e me guiou para a mesa enorme. Sério, eles moravam em alguma espécie de castelo? Naomi sentou do meu lado e observei o Senhor servir algumas taças de vinho. Alyssa e Valerie trabalhavam em alguma coisa, que acreditei ser a torta de abóbora. ficou ao lado do pai e pude perceber como os dois eram parecidos. Ambos tinham o mesmo verde nos olhos, o mesmo sorriso deslumbrante e a mesma estatura. Se ficasse assim quando mais velho, eu não iria reclamar.
— Desculpa meu tio, ele tem umas piadas péssimas. — Naomi falou ao meu lado.
— Seus pais vêm hoje? — Perguntei como quem não quer nada, mas estava preocupada com minha amiga. Fazia pelo menos sete anos que não conversava com os pais; eles tinham dito que viriam hoje, que estavam com saudades da filha e que queriam retomar o contato. Desde que Naomi se assumiu lésbica, os pais a expulsaram de casa, e ela passou a morar com os tios - pai e madrasta de - e foi criada como irmã do meu namorado.
— Não, surgiu alguma coisa que eles não podiam adiar. — Ela soltou e observei sua expressão. Não parecia triste, ressentida, com ódio ou raiva. Ela parecia aliviada. Concordei com a cabeça e não perguntei mais nada. voltou trazendo duas taças de vinho. — Obrigada, priminho.
— Não é pra você, Nomi. — Ela revirou os olhos. — Vem, , vou te mostrar meu quarto.
Peguei a taça e andamos juntos pelo corredor de volta à sala de estar. Ele começou a subir as escadas e fui atrás dele. Reparei que o corrimão era de madeira com detalhes dourados. Se me dissessem que era ouro, eu acreditaria. tinha me dito que a madrasta era uma chef de cozinha bem reconhecida nos Estados Unidos, e que o pai trabalhava em uma empresa muito boa de advocacia. Agora eu já achava que o pai dele era o dono da tal empresa.
No segundo andar, passamos por algumas portas até que ele parou perto de um mini corredor com um porta no fundo. Quando entramos no ambiente, reparei na decoração de quando ainda era adolescente. Alguns posters de banda estavam presos na parede. Uma bateria ficava em um canto, próxima a uma porta aberta, que percebi ser o banheiro. A cama era enorme e ficava do lado da janela. Uma escrivaninha gigante ocupava o restante do quarto, com um computador, livros e uma coleção de bonecos de heróis. Me aproximei dos bonecos e ri baixo. Nosso primeiro encontro foi assistir ao último Vingadores no cinema, mas não fazia ideia de que ele era fã da Marvel. Se ele soubesse que meu pai já havia trabalhado com Tom Hiddleston, ele ia ter um ataque de fanboy.
— O jantar ainda demora um pouco. — Ele deixou a taça sobre a escrivaninha e abraçou meu corpo.
— Então toca um pouco de bateria pra mim. — Fugi de seus braços. Não ia fazer nada ali, ainda mais com a família dele no andar de baixo. Ele sorriu e se sentou atrás do instrumento.
— Essa é pra minha gatinha. — Ele piscou e bateu em um dos pratos. Cerrei meus olhos em sua direção, ele sabia que eu odiava aquele apelido. Sua risada foi silenciada pelo som horrível que ele produziu. Tentei sorrir, mas minha cabeça zumbia com o som alto. Quase dei graças aos céus quando ele parou. — E aí?
— Maravilhoso — tentei dar suporte e ele riu alto.
— Eu sou péssimo. Por isso não levei adiante. — Ele passou por mim e pegou a taça. — Mas achei lindo que você não me detonou. — Ele deu um beijo no canto de minha boca e sorriu. — Vem, vamos lá pra baixo.
Descemos no momento em que a mesa era posta. Coloquei a última travessa e me sentei ao lado de . Fizemos uma oração, com o Senhor comandando, e começamos a nos servir. A comida estava deliciosa e a conversa super agradável. Estava aliviada que tudo estava dando certo e os pais de pareciam gostar de mim. Ajudei a tirar os pratos com Valerie e Naomi e a preparar tudo para a sobremesa. Eu separava os talheres sobre a bancada e me abaixei para pegar um garfo que deslizou para baixo do fogão. Assim que ajoelhei no chão ouvi o barulho de tecido rasgando. Não! Não, não, não, não, não. Fiquei de pé em um pulo e passei a mão na parte de trás da saia. Consegui tocar minha pele e arregalei os olhos. Não era possível! Eu estava, literalmente, de bunda de fora na cozinha dos meus sogros. E em um jantar de ação de graças. E ainda mais na primeira vez que os conhecia. Valerie se aproximou de mim, preocupada com a provável cara de pavor que eu exibia.
? O que foi? — Ponderei minhas opções. Eu podia ficar andando com a mão na bunda para lá e para cá e parecer uma tarada na frente deles, ou pedir ajuda.
— Minha saia rasgou — sussurrei.
— Tá de bunda de fora? — Naomi apareceu atrás de mim e falou tão alto que , Alyssa e Albert se viraram na nossa direção. Tive vontade de enfiar a cabeça de Nomi em uma das panelas do fogão.
— Nomi, fica quieta! — A Senhora brigou com a sobrinha. — Nada para ver aqui, queridos. — Minha sogra se dirigiu aos três na mesa, que voltaram a conversar. — Venha, , eu te empresto alguma roupa de Naomi.
Ela me indicou um outro caminho, que não me fazia passar perto da mesa. Subimos as escadas e entramos em um quarto cor de rosa. Mentira que Naomi tinha um pôster autografado da One Direction! Ela adorava me zoar por ser fã deles até hoje! Ah, mas ia ter volta. Valerie entrou no closet e voltou trazendo uma saia rodada bege. A saia era horrorosa, mas não podia reclamar de nada.
— Quer procurar por outra peça? — Ela ofereceu. — Acho que essa não faz muito seu estilo.
— Não, está ótimo, Valerie. Obrigada. — Sorri.
— Sabe, , não precisa se vestir de uma forma que não é o seu convencional. — Ela sorriu docemente. Arregalei os olhos e cocei o pescoço, pensando no que falar. — já tinha me mostrado fotos de vocês, eu sei que não se veste assim normalmente.
— Desculpe. Eu quis causar uma boa impressão em vocês.
— Ah, minha querida. E você já causou! — Ela segurou minhas mãos. — Não fica preocupada com nossa opinião. Nós já a temos como uma filha. — Valerie sorriu e senti meu coração se aquecer. Era assim que era ter uma figura materna? — Naomi tem umas roupas que acho que fazem mais seu estilo, mas, se quiser usar essa saia feia, prometo não dizer nada. — Ela riu e me deixou no quarto.
Levantei da cama e andei até o closet. Tinha algumas roupas que faziam meu estilo. Peguei um vestido preto de mangas longas e vesti. Reparei mais tarde que ele tinha um decote nas costas que o deixava elegante e sexy. Resolvi que tiraria aquele aplique ridículo do cabelo e parei em frente ao espelho do banheiro de minha amiga. Desfiz o penteado e deixei meus cabelos curtos de novo. Odiava ter cabelo grande, cortava desde pequena acima dos ombros. Achei que passar sombra preta seria um pouco demais, então só saí do quarto, me sentindo confortável nas minhas roupas normais. Essa foi a primeira vez que senti que não precisava mudar quem eu era para agradar outras pessoas.
Quando voltei à mesa, todos me esperavam para comer a sobremesa. Valerie sorriu quando viu o que eu vestia. Alyssa e Naomi assobiaram baixinho, o Senhor bateu palminhas e fingiu tirar fotos. Entrei na brincadeira e fiz poses para as “fotos”. Sentei rindo ao lado do meu namorado e os reconheci como família. Acho que pela primeira vez, vi como uma família podia ser amorosa e amistosa.

Eu lembrava daquele dia com muito carinho. Depois do jantar, eu e Valerie nos aproximamos muito, e qualquer dúvida que eu tinha, ou quando simplesmente precisava de colo, recorria a ela. Albert também havia se tornado importante em minha vida. Sempre conversávamos sobre algum caso interessante em que ele tinha trabalhado ou sobre alguma dúvida que eu tinha sobre alguma aula. Contei a eles de quando meu pai fez um projeto de arquitetura para um dos atores da Marvel e não foi somente que entrou em curto-circuito. Pelo jeito a família toda era fã dos filmes de heróis. E desde então criei uma amizade com meus sogros que eu nunca tinha imaginado ter.
— Valerie sente saudades — ele repetiu. Quando o olhei, a frase parecia ter outro significado. Será que… será que era ele que sentia saudades?
— Também sinto. — Dei a mesma resposta, esperando que ele entendesse meu recado.
— Queria descobrir onde que erramos. — O olhei confusa e esperei que continuasse. — Por que a gente terminou. — Ele deu de ombros e pegou uma conchinha da areia. Pensei por um tempo.
— Naomi me disse uma coisa hoje que ficou na minha cabeça. — Abaixei as pernas e deixei minhas mãos caírem sobre minhas coxas. — Ela disse que somos as pessoas certas, mas que foi no momento errado.
— Você concorda? — Ele perguntou de cabeça baixa.
— Você concorda? — Devolvi a pergunta e o olhei pelo canto dos olhos.
— Sempre fui adepto de segundas chances. A gente podia ter a nossa. — Ele se virou para mim. Levantei os olhos surpresa e o encarei séria.
— Não brinca assim, . — Pedi e meus batimentos estavam tão rápidos que meu ouvidos latejavam.
— Eu falo sério, . E-eu queria tentar de novo — ele gaguejou e me senti derreter. — A gente pode fazer direito dessa vez. Eu mudei, você mudou. Por que não tentar? — Ele segurou minhas mãos e eu fiquei sem fala. Não sei por quanto tempo fiquei estática, mas foi o suficiente para a esperança que rondava seus olhos desaparecer. — Ah, tudo bem. A gente pode manter uma amizade, se preferir.
— Não! — Intervi com urgência. — Acho que podemos tentar de novo. — Sorri e os olhos verdes dele brilharam pra mim.
Lentamente, se aproximou mais de mim. Estávamos tão próximos que podia sentir sua respiração contra meu rosto. Nossos narizes se tocaram e me movi devagar, fazendo um carinho em seu rosto. A mão dele subiu devagar pela minha cintura, trilhando um caminho por meu braço até chegar no meu pescoço. puxou meu pescoço e colou nossas bocas. De início não consegui reagir, fazia tempo que não sentia aqueles lábios macios contra os meus. Apoiei uma mão em seu ombro largo e a outra foi em direção ao seu cabelo quando senti a língua dele invadir minha boca.
A saudade era latente. Na nossa pequena bolha, senti amor, carinho, respeito e muita saudade. aprofundou o beijo e envolveu alguns fios meus entre os dedos, me puxando ainda mais em sua direção, o que me fez arfar. Percebi que ele sorriu quando deixei o ar sair e sorri de volta. Ainda de olhos fechados, puxei seu lábio inferior e me levantei um pouco para sentar em seu colo. Coloquei as duas mãos nos seus cabelos, fazendo carinho — ou apenas bagunçando seu penteado perfeito. A mão direita dele tomou posse de minha cintura, apertando forte minha pele; sua mão esquerda foi para minhas costas, me prendendo em um abraço que eu não fazia a mínima questão de sair. Deslizei meus lábios para seu pescoço, beijando de leve o local e vendo sua pele se arrepiar. A mão dele, que estava em minha cintura, deslizou para baixo e senti um aperto em minha bunda. Nos separei e observei seu rosto com um sorriso divertido.
— Sério? — Perguntei, me referindo à mão boba. — Local público, seu tarado. — Brinquei com seus fios escuros. Nossa, que saudade eu tinha disso.
— Você que sentou no meu colo e atacou meu pescoço. — Ele sorriu e deitou um pouco a cabeça para o lado. Ele passou a mão de meu pescoço para minha bochecha e fez um carinho com o polegar. Fechei os olhos e aproveitei a carícia.
— Aí estão vocês! — Ouvi a voz de Naomi perto e desci tão rápido do colo de que caí na areia. — Atrapalhamos alguma coisa? — Ela arqueou a sobrancelha, com tanta malícia que me senti em 50 Tons de Cinza. Alyssa reprimiu o sorriso e apertou a mão da namorada.
— Não. — Respondi.
— Sim. — respondeu ao mesmo tempo que eu. O olhei nervosa. A gente não tinha conversado nada! Só que queríamos tentar de novo e depois nos beijamos. O que a gente era? Namorados? Ficantes? Sexo casual? Amizade colorida? De repente, me senti tonta.
— Acho que vocês precisam se resolver antes de contar ao mundo.
— Ninguém contou nada ao mundo, você que é fofoqueira e empata foda. — resmungou do meu lado e eu nunca quis tanto enfiar minha cabeça em um buraco.
Alyssa e Naomi se afastaram rindo e cobri meu rosto com vergonha. Joguei minhas costas na areia e gargalhou. Chutei sua perna e ele riu mais alto. Tirei as mãos do rosto e o olhei irritada, na mesma hora ele prendeu os lábios e parou de rir.
— Eu te odeio — murmurei, ainda deitada.
— Não, você me ama. — Ele se inclinou sobre mim e senti o peso de seu corpo sobre o meu. afastou uma mecha de cabelos dos meus olhos e me beijou mais uma vez.
Mais uma vez, nos separamos quando o ar faltou em meus pulmões. Ficamos deitados na areia trocando carinhos por incontáveis minutos. Logo mais o sol daria adeus e a lua se tornaria o centro das atenções.
— Acho melhor voltarmos, Naomi já deve estar esperando irritada — comentei enquanto passava os dedos pelo braço de .
— Problema dela — ele comentou e finquei as unhas em sua pele. — Ai, caralho. Tá, melhor a gente ir.
Ri e me levantei com a ajuda dele. Balancei meu cabelo igual a um cachorro, tentando tirar a areia de mim. Não funcionou. me estendeu a mão e voltamos para o estacionamento com os dedos entrelaçados. Ainda não fazia ideia do que éramos, mas tentei priorizar o agora. O que importava é que eu estava ali com ele, de mãos dadas, depois de uma tarde de beijos, carinhos e confissões de saudades.
Naomi estava encostada em seu carro, mexendo no celular, quando nos aproximamos. Seus olhos foram de nossos rostos para nossas mãos e de volta para nossos rostos. Ela sorriu verdadeiramente. Eu sabia que ela era a maior fã de quando éramos um casal. Naomi sempre tentou nos apoiar e sempre tentava, de alguma forma, nos aproximar de novo. Aquela anã ruiva era, com toda a certeza do mundo, a melhor amiga que já tive. Ela entrou no banco do carona sem dizer nada e apenas me lançou um olhar que entendi como “não demora ou eu te atropelo”.
Me virei para , que agora tinha as mãos nos bolsos da calça. Ele parecia tão perdido quanto eu, sem saber o que fazer, dizer ou pensar. O puxei para um abraço apertado. Senti suas mãos se juntarem em minhas costas e colei meu rosto em seu peito. Inspirei fundo e senti o aroma de seu perfume amadeirado. Eu sentia saudade até do cheiro dele. Nos separamos do abraço e nos encaramos por um tempo.
Pulei de susto quando Naomi buzinou de dentro do carro, já impaciente pela espera. Mostrei o dedo médio e sorri amarelo para , que ainda me observava de perto. Deixei um beijo em sua bochecha e abri a porta do motorista. Antes que pudesse entrar, ele se aproximou e me beijou uma última vez. Dessa vez calma e delicadamente. Sorri quando nossas bocas ganharam distância e sussurrei uma despedida antes de entrar no carro.
— Você vai na festa hoje no píer? — Ele se debruçou na janela. Abri a boca para responder mas Nomi foi mais rápida.
— Vai, priminho. Agora desencosta do meu carro que eu quero voltar pra minha namorada. — Ela fez um gesto de descaso com a mão e a ignorou. Ele se inclinou e deixou um beijo na minha testa.
— Te encontro no nosso lugar — ele sussurrou e se afastou até o outro lado, para entrar em seu próprio carro.
Respirei fundo e o observei sair da orla. Esfreguei as mãos no rosto, ainda tentando absorver tudo o que aconteceu. Naomi deu um tapa em meu braço, chamando minha atenção.
— Nem uma única palavra. — Levantei um dedo ameaçadoramente.
— Eu sabia. — Ela disse de qualquer jeito e sorriu vitoriosa.
Balancei a cabeça e escondi um sorriso. Ela sabia que estava certa, ela sempre estava. Saí do estacionamento e dirigi alegre, mesmo pegando um pouco de trânsito na avenida principal. Não me importava com nada, meu nível de felicidade explodia o medidor. Quando parei na garagem da faculdade, já era noite. Subi a capota do carro e saí junto com Naomi, que já estendeu a mão pedindo a chave de volta. Às vezes eu tinha vontade de nocauteá-la e roubar o Mustang para mim. Bati em sua mão com a chave e dei língua.
— Muito adulto, . — Ela revirou os olhos e andamos juntas em direção aos alojamentos femininos. Paramos primeiro no quarto dela, e, antes de entrar, ela se virou sorrindo para mim. — Eu sabia que vocês iam se acertar. Vocês merecem, .
Sorri de volta, sem saber o que dizer. Andei até o fim do corredor e destranquei minha porta. Me joguei na cama, sorrindo como uma boba e me sentindo como uma adolescente de novo. Tinha esquecido como era ter borboletas no estômago. Olhei as horas e ainda tinha tempo de sobra até a festa. Vasculhei todo meu armário atrás de algo que pudesse vestir e fiquei animada quando encontrei meu vestido preto favorito. Era o mesmo que Naomi queria que usasse no dia que conheci meus sogros. Meus sogros… será que eles ainda eram meus sogros? Tratei logo de afastar os questionamentos, isso tudo poderia ficar para o dia seguinte. Separei na escrivaninha as maquiagens que usaria. O batom vermelho foi a primeira coisa que tirei da necesáire. sempre me dizia que eu ficava muito sexy de batom vermelho. Mordi o lábio ao pensar nele e as borboletas no estômago se manifestaram. Debaixo da cama tirei um par de saltos que me deixavam da mesma altura que ele, e os deixei próximos da roupa. Demorei tanto tempo nesse processo que, quando olhei as horas de novo, precisava tomar banho no mesmo minuto ou me atrasaria demais. Talvez fosse o costume inglês dentro de mim, mas eu detestava chegar atrasada nos lugares. Voltei para meu quarto depois de quase quinze minutos e comecei a me arrumar.
Encarei meu reflexo no espelho de corpo todo no canto do quarto e sorri satisfeita. Meu cabelo tinha ondas pequenas no curto comprimento; o vestido preto era de um ombro só, e cobria menos que metade de minhas coxas; os saltos Louboutin completavam o look perfeitamente, e a sola vermelha dos sapatos combinava com o vermelho nos meus lábios. Resolvi fazer uma maquiagem um pouco mais pesada, com um esfumado preto que destacava meus olhos cor de mel. Eu estava linda, eu me sentia linda. Poderosa talvez se encaixasse melhor. Não era todo dia que usava uma roupa assim para assistir às aulas, normalmente era jeans e camiseta, tênis, um rabo de cavalo e a única maquiagem era rímel e delineador.
Mandei uma mensagem para Nomi, perguntando se ela já tinha saído, mas não tive resposta. Provavelmente ela estava se arrumando. Decidi que iria na frente e pedi um carro por aplicativo de carona. Em festa, ninguém nunca ia dirigindo porque saíamos completamente bêbados, então pedir um carro ou táxi era a melhor escolha. Praticamente desfilei pelo corredor até chegar nos portões do campus e não consegui deixar de notar alguns olhares sobre mim. Cogitei em mandar todos para a merda, mas não quis me estressar, pensava no momento em que veria de novo.
Entrei no carro e a viagem foi curta e rápida. Indiquei ao motorista que a festa era um pouco mais à frente do píer. Normalmente nossos eventos eram afastados do píer porque assim poderíamos escutar música alta e fazer merda à vontade sem que os moradores se incomodassem tanto e sem que recebêssemos tantos olhares desaprovadores.
Assim que saí do carro, a música que estourava nas caixas de som alcançou meus ouvidos, que zuniram por alguns segundos. A maioria das pessoas já tinha um copo de bebida na mão e dançavam na parte de concreto da orla. Logo que alcancei a mesa com garrafas de bebida, virei dois shots de tequila. Precisava de coragem no momento.
— Eu não vou segurar seu cabelo se você vomitar. — Naomi surgiu com Alyssa atrás de mim.
— Te mandei mensagem e você não respondeu.
— Celular descarregou. — Ela explicou. — Acabei vindo com Alyssa mesmo, a gente não pretende demorar.
Concordei com a cabeça e olhei ao redor, à procura dele. Será que ele apareceria mesmo? Enchi um copo com vodka e coca-cola e entreguei para Naomi. Peguei uma garrafa de cerveja e abri na borda da mesa. Alyssa tomou só água, já que estava dirigindo. Pensei por um segundo que nunca tinha visto Alyssa bebendo, provavelmente era a única pessoa sóbria em quase meio quilômetro. Me virei, sentindo que alguém me olhava e encontrei Maddison me encarando com raiva. Por meio segundo senti pena dela, até me lembrar que Emily tinha me dito que ela tinha chifrado durante todo o relacionamento. Resolvi ignorá-la e continuei a beber e conversar trivialidades com minhas amigas.
Olhei as horas no meu celular, já fazia quase 40 minutos que estava ali. Olhei para a casa dos salva-vidas e não vi ninguém. Será que estava brincando comigo? Eu juro que, se ele estivesse, eu nunca mais olharia na cara dele. Encarei o local por pelo menos cinco minutos, ignorando minhas amigas por completo.
— Procurando por mim? — A voz dele veio de trás de mim e senti sua mão no meu quadril.
— Por que estaria procurando por você? — Virei um pouco meu pescoço e repeti a pergunta que fiz de manhã.
— Pela minha beleza irresistível. — Ele imitou nosso diálogo de mais cedo e mordeu meu pescoço de leve. Me virei e cruzei minhas mãos atrás do pescoço dele.
— Pensei que não vinha — confessei baixinho.
— E perder tudo isso? — Ele passou uma das mãos pela minha bunda e ri baixo. — Sua bunda fica deliciosa assim, sabia? — Ele sussurrou no meu ouvido. — Certeza que ficaria melhor sem esse vestido.
— Não sou fácil de levar para a cama, . — Brinquei e arranhei de leve seu pescoço com minhas unhas. Senti sua pele arrepiar e sorri.
— Tá bebendo o quê? — Ele resolveu mudar de assunto.
— Cerveja. Mas tomei dois shots de tequila. — Dei de ombros. — E Maddison não parece muito satisfeita com a nossa situação aqui — comentei e olhei para o lado, onde ela saía furiosa.
— Não me importo nem um pouco. — Ele voltou a olhar para mim. — Não era pra ser. Era um sinal do universo para que eu tentasse de novo com você. — Ele sorriu e foi impossível não acompanhá-lo. Afe, não era justo ele ser tão bonito assim.
— Boa noite pra você também, . — Naomi estourou nossa pequena bolha e ele se virou.
— Boa noite, querida prima. Como a senhorita se sente em uma festa tão adorável? — Ele debochou e se aproximou dela, deixando um beijo no rosto dela e de Alyssa. Percebi que Alyssa sussurrou alguma coisa no ouvido dele e deixou alguma coisa em suas mãos.
serviu alguma bebida em um copo e me deu outra cerveja, que só percebi que já tinha acabado quando ele me entregou uma nova garrafa. Sugeri que fossemos para a parte das pedras, onde podíamos ver toda a festa. entrelaçou os dedos nos meus enquanto me puxava pela multidão e me ajudou a subir uns poucos pedregulhos, ficando só um pouco distante da areia. Assim que ele sentou ao meu lado, senti minhas dúvidas voltarem. Disse a mim mesma que me acalmasse, faziam poucas horas que “aquilo” (nós) estava acontecendo. Não queria fazer perguntas demais e estragar tudo. Não agora que o tinha de volta. Olhei para as estrelas e as observei, como uma forma de fuga de uma possível conversa. Eu não sabia ficar de boca fechada, Naomi sempre reclamava disso — não que ela soubesse guardar segredos também —, e se eu fizesse alguma pergunta estúpida sem querer, eu não ia parar até perguntar toda a minha lista.
— O céu está lindo hoje — comentei, agora olhando o brilho prateado da lua.
— Hoje mais que todos os dias. — O ouvi dizer e desci o olhar para seu rosto, que me encarava sorridente. Empurrei seu ombro de leve quando percebi que ele não falava sobre o céu. Deitei minha cabeça em seu ombro e aproveitamos o silêncio e o contato físico. — ?
— Sim? — O instiguei a falar, confirmando que o ouvia.
— Você também sente que tudo tem um propósito? — Levantei a cabeça e o olhei, esperando que continuasse. — Lá embaixo eu disse que ter terminado com a Maddison foi um sinal do universo. Eu estava brincando, mas, pensando aqui agora, até que faz sentido.
— Hum, não tô te acompanhando. — Ri, ainda completamente perdida. Ele esboçou um sorriso e brincou com um dos anéis.
— Quando a gente ainda namorava, eu achava que íamos ficar juntos pra sempre. — Ele suspirou e franziu a testa. — E aí a gente terminou por uma briga tão besta.
— A gente não tinha diálogo. — Concordei com ele. Nosso relacionamento era saudável, mas chegou um momento em que os dois guardavam pensamentos e sentimentos que uma hora explodiram e não dava mais para voltar atrás, era o fim. Ele concordou com a cabeça e voltou a falar.
— Pouco tempo depois eu fiquei com a Maddie. — Revirei os olhos com apelido. — E você teve aquele lance com o Kyle.
— Você sabe? — Arregalei os olhos. Ai cacete, não era pra ninguém saber.
— Naomi me contou. Ela é muito fofoqueira. — Sabia! Aquela linguaruda… eu ia fazê-la lamber a tampa da privada do alojamento masculino. Ele riu da minha reação.
— Não tem problema, não vou contar pra ninguém que você pegou o chefe dos monitores. — Ele piscou e senti meu rosto queimar. — E aí hoje eu acordei pensando na gente, na saudade que eu tinha de nós. E percebi que queria tentar de novo. — Ele levantou o rosto e me fitou. Demorei um pouco para absorver suas palavras e me inclinei, deixando um selinho demorado sobre seus lábios.
— Eu acho que nunca te superei completamente. — Sorri e fiquei um pouco surpresa por ele não brincar com minha fala. — Também já pensei várias vezes: e se tivéssemos uma segunda chance? A gente funcionava, se dava bem, se divertia, o sexo era incrível. — Rimos juntos. — E o principal: éramos amigos. Acho que é nisso que se baseia um relacionamento, não é? — Fiquei quieta quando terminei de falar.
— Quer voltar a ser minha amiga? — Ele perguntou e mordi o lábio.
— E tem outra resposta que não seja sim? — Sorri e o beijei. Essa pergunta já tinha sanado metade de minhas dúvidas, e bastava por enquanto. Era um novo começo, um novo relacionamento, uma nova amizade, um novo companheirismo.
Descemos das pedras depois de um tempo. De mãos dadas, chegamos à pista de dança improvisada, onde diversas pessoas já pulavam suadas e muito bêbadas. foi buscar mais uma bebida e eu fiquei na pista.

(n/a: coloca essa música para tocar)

Comecei a mover meu corpo devagar quando escutei as primeiras batidas da música. A música falava sobre drogas? Sim. Mas algumas partes se encaixavam no que eu queria falar para e não tinha coragem. O procurei perto das bebidas e não o encontrei, o vi de costas para mim, conversando com alguém e fechei os olhos, me entregando à música. A batida ritmada me deixava energética. Sentia outras pessoas dançando perto de mim, mas me desliguei da realidade e mergulhei no meu interior. As duas primeiras estrofes faziam juz ao meus sentimentos tão fielmente que parecia que eu tinha escrito aquilo.

I don’t like anyone better than you, it’s true
(Eu não gosto de ninguém mais do que de você, é verdade)
I’d crawl a mile in a desolate place with the snakes, just for you
(Eu me arrastaria por uma milha em um lugar desolado com as cobras, só por você)


Abri os olhos e ele me encarava de longe. Sorri de canto e cantei a última estrofe da primeira parte.

You are my citadel, you are my wishing well, my baby blue
(Você é a minha fortaleza, você é meu poço dos desejos, meu amor melancólico)


Cantei as outras estrofes com os olhos grudados nele, sentindo seu desejo de longe. Passeei com minhas mãos pelo corpo, apertando os locais que desejava que ele fizesse. Meu corpo já suava de calor — ou de tesão — e o jeito que me encarava não ajudava nem um pouco. Mordi o lábio inferior e passei uma das mãos pelo meu pescoço, apertando de leve, imaginando (e desejando) que fizesse o mesmo o mais rápido possível. Com o lábio inferior preso entre os dentes, ele parecia que poderia me devorar ali mesmo, na pista de dança da praia, no meio de todo mundo. O chamei com o dedo, um movimento silencioso para que se aproximasse.

Cause I’m already high enough
(Porque eu já estou suficientemente chapada)
You got me, you got me good
(Você me faz ficar, você me faz ficar bem)


Cantei em seu ouvido quando se aproximou e senti seu aperto forte na minha cintura. Lambi a pele de seu pescoço antes de continuar.

I’m already high enough
(Eu já estou suficientemente chapada)
I only, I only, I only got eyes for you
(Eu só, eu só, eu só tenho olhos para você)


Senti os dedos dele se embolarem nos fios de minha nuca e puxar com a força necessária para me atiçar. Arfei quando senti a boca dele pressionar meu pescoço. Arranhei a parte de seus braços que estava à mostra e ele me fez encará-lo. Ele sorriu de canto quando colou a boca no pé de meu ouvido e cantou junto com a música.

Do you see anyone other than me?
(Você vê alguém que não seja eu?)
Baby, please
(Querida, por favor)
I’ll take a hit of whatever you got
(Vou tomar um gole do que quer que você tenha)
Maybe two, maybe three
(Talvez dois, talvez três)
Oh you’re phenomenal, feel like a domino, fall to my knees
(Oh, você é fenomenal, me sinto como um dominó, caindo de joelhos)


puxou meu lábio antes de continuar.

I am a malady, you are my galaxy, my sweet relief
(Eu sou uma uma doença, você é minha galáxia, meu doce alívio)


Interrompi a cantoria e o puxei para um beijo urgente. Enfiei minhas unhas nos cabelos escuros de e o puxei para o mais perto que consegui, quase nos fundindo em um único ser. A saudade agora cedia espaço para o desejo mais carnaval possível. A mão dele não se contentou em ficar parada em minha cintura, uma logo desceu para minha bunda e apertou tão forte que precisei separar nossas bocas por um segundo. Desenhei o contorno de seus lábios com a língua de forma provocativa e me afastei um pouco quando ele avançou para me beijar. A outra mão dele subiu para meu pescoço e me enforcou. Sorri com a surpresa e ele me puxou em sua direção.
— Eu quero te enforcar quando estiver te fudendo tão forte que não vai nem conseguir gritar meu nome. — Meu corpo se arrepiou com a promessa/ameaça.
No segundo seguinte ele colou de novo nossos lábios. Nossas línguas se encontravam e dançavam com tanta destreza que nem parecia que fazíamos isso há poucas horas. Eu tinha ciência de que estávamos no meio de uma multidão e que poderíamos estar parecendo um filme pornô ao vivo. Mas não me importei. A única coisa que importava no momento era que ele estava ali, comigo, me desejando tanto quanto eu o desejava. Nada além disso tinha relevância.
Quebrei o beijo e colei minha testa na dele, tentando respirar fundo. Abracei seus ombros, tentando me apoiar porque já sentia minhas pernas trêmulas. Se ele cumprisse sua fala, eu tinha certeza que teria que ser carregada. Expirei pesadamente e cantei a parte final da música, esperando que ele entendesse o que eu queria dizer.

Don’t try to give me cold water
(Não tente me dar água fria)
I don’t wanna sober up
(Eu não quero ficar sóbria)
All I see are tomorrows
(Tudo o que vejo são amanhãs)
Oh, the stars were made for us
(Oh, as estrelas foram feitas para nós)


Pensei em dizer que o amava, mas não quis estragar o momento. Apenas encarei de perto os olhos verdes inquietos dele e sorri sincera. Não queria ficar sóbria, não queria que aquilo fosse um sonho e acordasse no dia seguinte sem ele ao meu lado. Ficamos o resto da música abraçados, nos encarando de perto, ainda no meio da pista de dança. O lado positivo é que ninguém prestou atenção em nós, ou seja, nosso pequeno show de antes devia ter passado despercebido.
— Vem comigo. — Ele segurou minha mão e me puxou para longe da pista.
Atravessamos a festa e chegamos na faixa de areia. Segurei nos braços de e tirei os saltos, era impossível andar na areia fofa com salto fino. Ele segurou minha mão de novo e me guiou até o posto de salva-vidas. Até o nosso lugar.
Na primeira vez que nos declaramos, estávamos sentados na varanda do posto, observando as estrelas. Lembro que comentei como Vênus estava brilhante naquela noite, e minha obsessão com mitologia romana serviu para algo. Contei a que Vênus era o nome da deusa do amor (uma versão romana de Afrodite), e que ela nasceu da espuma do mar. perguntou se Vênus brilhava especialmente para nós, respondi que esperava que sim. E disse o primeiro “eu te amo”. Ainda sentia meu estômago se revirar de ansiedade quando lembrava dessa noite.
Não tive tempo de pensar em mais nada, porque, no momento em que terminamos de subir a rampa, prensou meu corpo contra a parede da casa e deixei meus sapatos caírem no chão. Arfei sentindo a superfície fria contra minha pele e avancei para os lábios dele, mas se desviou com um sorriso de lado.
— Não parece tão divertido agora, né? — Ele me empurrou de volta para a parede e juntou minhas mãos acima de minha cabeça.
Ele se aproximou como se fosse beijar meu pescoço e se afastou de novo. Me irritei e soltei minhas mãos bruscamente, o puxando pela camisa na minha direção. Nossas bocas se chocaram com violência, mas ninguém pareceu incomodado com isso. Tomei o controle do beijo, ditando um ritmo agressivo que pareceu gostar. Sua língua deslizou por cima da minha no mesmo momento em que senti suas mãos apertarem minhas coxas, um pedido mudo para que tomasse impulso. No segundo seguinte tinha me segurando pela bunda, com minhas pernas entrelaçadas em sua cintura e presa entre seu corpo e a parede. Não tinha lugar melhor para estar no momento.
Segurei em seu pescoço com as duas mãos e inclinei sua cabeça para longe do meu rosto. A boca dele era um resumo de batom vermelho borrado, e eu não devia estar muito diferente. Trilhei um caminho de beijos do pé da orelha dele até sua mandíbula e arranhei de leve seu queixo com os dentes. Observei vitoriosa ele fechar os olhos, me lembrava bem que aquele era um de seus pontos fracos. Deslizei minha boca de volta para seu pescoço e deixei um beijo mais molhado, ao mesmo tempo que afundava minhas unhas em seus ombros largos. prensou mais ainda meu corpo contra a parede e pude sentir o início de sua excitação. Eu também não estava muito diferente, sentia que já estava escorrendo. Quando puxei seu cabelo, deixando mais um beijo molhado em sua pele sensível, me desgrudou da parede e andou até a pequena porta. Continuei brincando com seu pescoço sem prestar muita atenção, até que me dei conta de que já estávamos dentro do posto salva-vidas.
me botou sentada sobre uma pequena bancada e se enfiou entre minhas pernas, voltando a me beijar vorazmente. Deslizei uma das mãos por seu tronco malhado e subi a barra de sua camisa, sentindo seu sorriso contra meus lábios. Tateei seu abdômen, o sentindo arrepiar a cada toque meu, o que me deixou satisfeita. Uma das mãos de me segurava pela nuca e a outra apertava minha coxa com firmeza. Levantei a blusa dele e nos separamos para passar a peça pela cabeça dele. Observei — ou admirei — seu corpo musculoso, mordendo os lábios de desejo. Ele se aproximou de novo, mas direcionou os lábios para meu pescoço, beijando a pele descoberta e descendo até meu colo, aproveitando o decote aberto do vestido. Suas duas mãos subiram para meus ombros e começaram a deslizar devagar, levando junto as alças da peça.
A boca macia de causava arrepios por toda a extensão de meu corpo. Puxei seus cabelos com força e ele me encarou com um sorriso tão lindo que poderia morrer ali mesmo. Ele voltou a me beijar e desci uma das mãos por suas costas, arranhando sua pele enquanto puxava seu lábio inferior. Apertei sua bunda por cima da calça jeans e ele riu com a boca colada na minha. Nos encaramos e gravei na memória sua expressão de puro desejo e luxúria, sendo iluminado apenas pelo prateado do luar. Ainda nos olhando, desci o resto do meu vestido, deixando o tecido preso na minha cintura.
O olhar carnal de sobre meu corpo foi eletrizante. Suas duas mãos se encheram com a carne de meus seios descobertos e abri minha boca em surpresa. Ele me puxou pelo queixo na direção de seu rosto, mas não me beijou, apenas sussurrou.
— Eu te amo. — Estagnei de surpresa, mas não tive tempo de responder.
A boca dele avançou no mamilo direito e gemi baixo, segurando seu cabelo com força. Sua língua investia contra meu ponto sensível enquanto sua outra mão apertava o bico de meu peito com força. Fechei os olhos aproveitando o contato e ofeguei quando a mão livre de abriu caminho por entre minhas pernas.
Pulei da mesinha e desci o resto do vestido, ficando apenas com uma calcinha minúscula. Quase senti vergonha pelo jeito que me olhava, mas tinha certeza que eu o olhava do mesmo jeito. Senti o tecido entre minhas pernas ficar ainda mais molhado quando me virou com brutalidade e deu um tapa ardido em minha bunda. Mordi minha boca com tanta força que senti o gosto metálico de sangue. empurrou meu corpo e me dobrei sobre a pequena bancada, ficando com a bunda empinada em sua direção. Mais um tapa e não segurei o gemido baixo que saiu de meus lábios. Presumi que ele sorria enquanto me dava tapas e voltei a morder meus lábios com a visão que criei. Ele afastou meu cabelo e beijou minha nuca. começou a arrastar a língua pela minha coluna, me causando diversos arrepios. Ele arranhou com os dentes a base de minha coluna e deixou um beijo em cada uma de minhas nádegas antes de abaixar minha calcinha.
— Já tá molhada — ele falou baixo e pude perceber que sorria.
Ouvi barulho de tábuas rangendo e pressupus que ele tinha se ajoelhado. afastou as bandas de minha bunda e assoprou sobre meu sexo. Não consegui conter o tremor que me ocorreu quando senti o ar frio contra minha buceta. Quase gozei na hora em que sua língua quente entrou em contato com minha intimidade e agarrei a madeira que me apoiava com força. Meu gemido saiu descontrolado quando ele começou a movimentar sua língua contra minha entrada, e para me dar ainda mais prazer, empurrou minha perna esquerda para cima e masturbou meu clitóris com o indicador. Abri os olhos e consegui arrumar uma posição em que conseguia ver o topo da cabeça de enquanto ele me chupava e quase vi estrelas quando dois dedos me penetraram.
— Caralho, . — Xinguei, completamente entregue a ele.
— Eu quero você sentada na minha cara. — Ele parou de me chupar e ordenou.
Antes que ele deitasse no chão, me ajoelhei e o puxei para um beijo. Pude sentir meu próprio gosto na boca dele, o que me deixou com mais tesão ainda. Minha língua dançava com a dele em minha boca enquanto abria sua calça com um certo desespero. Quando desci os jeans até seus joelhos, pude sentir que seu pau já estava duro. Sorri durante o beijo e passei minha mão devagar sobre sua cueca, apertando seu membro de leve. A boca dele tremeu contra a minha em um gemido rouco. envolveu minha mão com a sua e fez movimentos leves de vai e vem, estimulando ainda mais sua ereção. Abaixei sua cueca também e reprimi outro sorriso quando ele arrepiou ao meu toque direto em seu pau. Acariciei seu membro devagar, tentando provocá-lo ao máximo.
Antes que pudesse fazer outro movimento, empurrei seu corpo contra o chão e sorri maliciosa com a surpresa que vi em seu rosto. Beijei uma última vez a boca dele e espalhei beijos molhados por sua mandíbula, pescoço, colo e peitoral. Desci por sua barriga até alcançar seu baixo ventre e o vi prender a respiração em excitação. Passei as unhas compridas pelo interior das coxas de e lambi sua pele até chegar no ponto principal, mas não o chupei. Joguei a perna esquerda sobre seu corpo e o fiz encarar minha buceta melada. Apoiei minhas mãos no piso de madeira no momento em que sua língua entrou em contato com meu clitóris e gemi seu nome alto o suficiente para toda a praia escutar e saber que só ele sabia me chupar direito. Uma de suas mãos subiu pela minha barriga e agarrou meu peito com força, e eu sabia que teria marcas roxas de manhã. Mas não importava.
Resolvi que dava para os dois saírem no lucro naquela posição e comecei a masturbá-lo. Primeiro deixei um beijo na cabeça de seu pau e desci minha língua por toda sua extensão. Por meio segundo ele parou de me chupar para gemer contra os lábios de minha buceta e sorri em satisfação. Comecei a chupá-lo no mesmo momento que ele e me senti mais incentivada do que nunca em dar um boquete que ele jamais esqueceria.
Afastei minha boca por poucos minutos e espalhei beijos em volta de seu pau, o masturbando com as mãos. meteu três dedos dentro de mim e rebolei contra sua cara, sentindo que meu ápice começava a se aproximar. Me movimentei mais rápido e segurei com as duas mãos em suas coxas, me apoiando para ter mais mobilidade.
… — Gozei chamando por seu nome e finquei minhas unhas em sua pele.
Ele continuou a me chupar, tomando todo o meu gozo e me senti fraca por um momento. Tentei puxar o ar com dificuldade e desmontei de seu corpo. desferiu mais um tapa em minha bunda e se debruçou sobre meu corpo no chão.
— Seu gosto é tão maravilhoso quanto eu me lembrava — ele sussurrou contra a pele de minhas costas e murmurei algo inaudível.
beijava meu pescoço enquanto eu me recompunha e me senti molhada de novo quando senti seu pau duro contra minha bunda. Com uma última tomada de fôlego, o deitei contra o chão e me direcionei até o meio de suas pernas. Senti suas mãos enroscarem em meus cabelos e sorri ladino. Lambi toda sua extensão mais uma vez, agora fitando os olhos verdes que sempre me deixavam sem ar. O aperto de ficou mais forte quando o coloquei por inteiro na boca. Seus olhos reviraram e sua boca se abriu, soltando um gemido que me deixou louca pra que ele me fudesse.
Comecei a movimentar minha boca e usei minha mão direita para massagear a parte que não alcançava. A respiração dele ficava cada vez mais irregular, o que me incentivava a continuar e aumentar a velocidade de meus movimentos. O masturbei com as mãos, desci meus lábios e chupei suas bolas. Ouvi um gemido sôfrego e puxou minha cabeça com força.
— Chega. — Ele declarou e me afastou.
Fiquei de joelhos e o ajudei a tirar os sapatos, a calça e a cueca, que estavam presas nos joelhos. O vi pegar um pacote de camisinha no bolso da calça e deslizar o látex sobre seu membro antes de me virar contra seu corpo. Sua mão esquerda segurava minha barriga com possessividade enquanto a direita segurava meu pescoço. Estiquei minhas mãos para trás e o segurei pelos braços. provocou um pouco, esfregando seu pau contra minha bunda até se enterrar dentro de mim. Arfamos ao mesmo tempo com o contato.
Me mexi antes dele, empurrando meu corpo mais para trás, o fazendo deslizar mais fundo. começou a se movimentar devagar. Tentei nos imaginar naquele momento e guardei mais uma visão daquela noite que já estava incrível. começou a se mover mais rápido, e o barulho de nossos corpos se chocando era como uma sinfonia para meus ouvidos. Ofeguei quando ele empurrou meu tronco contra o chão de madeira e desferiu dois tapas seguidos em minha bunda. Certeza que acordaria com as marcas de seus dedos ali.
Espalmei minhas mãos contra o piso e empinei minha bunda o máximo que consegui, o sentindo ir cada vez mais fundo. puxou meu cabelo e gemi em surpresa. Suas investidas eram rápidas e ritmadas; quando percebi que ele estava começando a se cansar, nos separei e o empurrei pelo peito. Sentei em seu colo, dessa vez virada para seu rosto, e o encaixei dentro de mim. Me movi rápido sobre seu corpo, segurando em seu peito em busca de apoio. apertou meus mamilos duros e me senti ainda mais molhada. Diminui os movimentos como provocação e ele retomou o controle de novo, se mexendo embaixo de mim.
Joguei meu corpo para trás, o trazendo comigo e entrelacei minhas pernas atrás de suas costas, deixando que ele me fudesse do jeito que desejei desde que nos encontramos no início da noite. Fitei seus olhos verdes de perto e fiz um carinho com o dedão em sua bochecha, o puxando para um beijo calmo, contrastando com seu movimento frenético. Abri os olhos em surpresa quando me enforcou mais uma vez, e o vi sorrindo em pura luxúria. Revirei os olhos, sem aguentar de tesão, mas voltei a encará-lo quando seus lábios tocaram os meus de leve e entendi que era um aviso. Ele ia gozar, e eu também. Pela segunda vez. aumentou ainda mais o ritmo e colei nossas testas. Eu queria gozar olhando nos olhos dele.
Gemi contra a boca dele enquanto gozava, e pouco tempo depois, ele me alcançou no estado de êxtase. Devagar, ele saiu de dentro de mim e deitou ao meu lado, tentando recuperar o fôlego. Observei o teto, tentando absorver todos os sentimentos que me inundavam de uma única vez. De rabo de olho, percebi que mantinha os olhos fechados e se esforçava para controlar a respiração.
— Eu também te amo. — Confessei ainda sem conseguir encará-lo.
Ouvi sua respiração parar por um momento, mas no segundo seguinte, seu rosto surgiu em meu campo de visão. tinha um sorriso contagiante, e não consegui deixar de sorrir também. Ele se abaixou e me beijou, dessa vez com ternura, carinho e amor. Fiz um carinho na lateral de seu rosto quando nos separamos e ele deitou de novo, me puxando para recostar a cabeça sobre seu peito. Ficamos em silêncio apenas aproveitando o carinho um do outro.
— Sabe, amanhã eu vou acordar com dor nas costas. — Ele falou depois de um tempo e me fez rir. — Péssima ideia transar no chão.
— Ainda nem sei como conseguiu a chave daqui — comentei com um tom de pergunta, torcendo para que ele matasse minha curiosidade.
— E nem vai saber, esse é um segredo meu. — Ele brincou e beijou meus cabelos. — Seu cabelo tá com gosto de suor. Precisa tomar banho todos os dias, , não sabia disso?
— Palhaço. — Dei um tapa fraco em seu peito e sorri em seguida. Levantei meu rosto e encarei o verde de seus olhos, que há muito tempo tinha se tornado minha cor favorita. — Eu te amo, . — Falei mais uma vez. Era bom dizer isso em voz alta.
— Eu te amo, . — Ele sorriu e nos beijamos mais uma vez.




FIM



Nota da autora: Oi, oi, oi! Essa é a primeira fic restrita que escrevo, espero que tenham curtido. Devo confessar para vocês que não foi muito fácil desenvolver a história desses dois sem me apegar, os dois são tão cativantes que queria que existissem na vida real. Me contem o que acharam da história aqui embaixo! E não deixem de ler minhas outras histórias. Beijooooo! <3

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