Finalizada em: 27/04/2019
Music Video: BIGBANG - Let's Not Fall In Love

Prólogo

Melancolia;
A melancolia é a felicidade em estar triste.

Seus olhos abriram em piscadas rápidas que fizeram os cílios longos fazerem suaves cócegas na parte superior de suas bochechas. Parecia que havia acordado por conta de um susto, mas não estava nem dormindo, mesmo depois de ter estado deitado durante toda a noite naquela cama, naquela mesma posição, com os dedos cruzados em cima do abdômen e a barriga pra cima. Inclusive, ele perdera as contas de quantos dias fazia desde que não conseguia pregar os olhos direito, mesmo depois da resposta que estava lhe deixando ansioso nos últimos dias.
A verdade era que estava conformado que nada naquela situação seria capaz de lhe deixar completamente bem. Tudo serviria apenas como uma anestesia, adiando o momento ao qual tudo daria errado e então sentiria ainda mais dor. Achava irônico como esse pensamento deveria lhe dar coragem e impulsionar a fazer logo o que deveria fazer, mas não, na realidade apenas se sentia cada vez mais desmotivado e inútil, por mais idiota que fosse quando o seu objetivo era extremamente trivial.
Tudo o que queria era ter coragem de pressionar a tela do celular em cima do ícone que enviaria aquela mensagem para ela. Aquela simples mensagem que demonstrava uma tristeza que nunca havia surgido em seu ser quando a garota era o assunto. Entretanto, desistiu da mensagem depois de observar a tela por alguns minutos. Colocou na sua cabeça que aquilo não era algo que deveria falar por mensagem, afinal, tinha que ter coragem de contar para ela pessoalmente, por mais difícil que estivesse parecendo.
Antes de ir dormir de uma vez, não resistiu em abrir a foto de perfil para admirá-la, e então um sorriso vagarosamente foi fazendo com que seus lábios se esticassem quando o aparelho atualizou a página automaticamente e revelou uma imagem mais recente. Ela tinha mudado a cor do cabelo novamente, e ele disse a si mesmo que aquela era a sua favorita. Assim como anteriormente o verde tinha sido, e antes do verde, o roxo, e antes do roxo, o rosa.
Porque a questão ali nunca fora a cor do cabelo. A questão era que era a sua garota favorita, então tudo nela se tornava automaticamente perfeito para ele. Ela era quem deixava as coisas bonitas. Mas daquela vez, ele estava com medo de ser capaz de deixá-la melancólica. E era por isso que hesitava tanto em apertar para enviar aquela mensagem.

Capítulo Único

não estava esperando receber uma mensagem de naquele fim de semana, não quando ele estava tão esquisito nas últimas duas semanas. Nos primeiros dias, chegou até mesmo a questionar a si mesma, se perguntando se havia feito alguma besteira que o deixara chateado, e cogitou até a possibilidade de questioná-lo sobre isso, mas com todas as provas finais acontecendo e seu cronograma de estudos sendo tão apertado… Bem, ela esqueceu. E isso nem era muito surpreendente.
No fim, assumiu que só precisava de um tempo para si mesmo, e ele voltaria quando se sentisse mais confiante. E se demorasse muito, ela daria um jeitinho de conversarem para colocar panos limpos naquela história. Não estava tão preocupada porque eles ainda estavam conversando, mesmo que menos, mas o que mais martelava na sua cabeça era o fato dele estar parecendo tão desconfortável e inquieto na sua presença. Isso não era só coisa da sua cabeça, não é? Ele realmente estava estranho…
Mas bom, o que quer que estivesse acontecendo, deviam estar perto de resolver. Inclusive, devia até mesmo ser por isso que havia lhe chamado até ali, a pequena quadra de basquete com uma cesta só que ficava nos fundos da escola infantil do bairro, mas que deixavam aberta durante os fins de semana para as crianças brincarem. começou a sorrir apenas de chegar naquele lugar, as lembranças invadindo a sua mente. Quando ela e eram crianças, costumavam passar o dia brincando ali, mesmo que os dois fossem péssimos em basquete e voltassem completamente ralados para a casa por serem dois desastrados. Eles também haviam estudado juntos naquele jardim de infância, e desde aquela época eram melhores amigos inseparáveis.
ainda não estava ali, então não tinha muitas opções além de se sentar no único banco instalado próximo a entrada para esperá-lo chegar.
Puxou o celular do bolso da calça para confirmar se o amigo não havia mandado nenhuma mensagem no tempo que levara de casa até chegar, mas antes que tivesse tempo de desbloquear a tela ou de se sentar, dois braços rodearam seu corpo e lhe deixaram parcialmente imobilizada, incapaz de mover os seus próprios. não costumava gostar de abraços, principalmente os que vinham sem aviso prévio e tinha vergonha de contato físico excessivo, mas a verdade era que o abraço de lhe incomodava nem um pouco. Talvez por ser uma ação extremamente rara, uma vez que ele também não era muito fã de demonstrações afetuosas físicas.
A garota aproveitou os segundos aos quais passou entre os braços de com os olhos se fechando automaticamente, assim como os dele, mesmo que os de fossem muito mais para disfarçar o brilho de frustração que os dominavam. Ele se sentia péssimo, culpado e um amigo horroroso. Perguntava a si mesmo como tivera coragem de deixar as coisas chegarem naquele nível, mas agora já era meio tarde para se sentir mal, porque isso não mudaria nada da besteira que havia feito. Apenas o que lhe restava era aproveitar aquele dia ao lado dela, e memorizar tudo o que pudesse de , desde o seu cheiro agradável e doce até como era a sensação de tê-la abraçada a si.
não queria soltá-la de forma alguma, mas se obrigou quando seus olhos começaram a ficar mais úmidos. Não era a hora ainda. Tinha que se segurar.
Soltou a garota a contragosto, e antes que ela virasse para lhe olhar, passou as costas das mãos pelos seus olhos, tentando melhorar sua situação, mesmo sabendo que era praticamente impossível. Sua cara estava péssima, e a expressão confusa que tomou as feições femininas apenas confirmou isso. ignorou essa parte e usou o seu tempo para analisar como sua sobrancelha se movia e sua testa se enrugava levemente quando fazia aquela expressão de quem não estava entendendo nada, tentando memorizar o máximo que conseguia de seus traços.
― Então… ― a voz dela fez com que despertasse parcialmente, e parou de se afundar em sua face para pensar em como sentiria falta de ouvir sua voz. ― , você tá bem? ― ah, claro que aquela pergunta viria, e nem estava surpreso por isso, na verdade estava feliz de ser recebido com preocupação ao invés de mágoa depois de evitar por duas semanas.
Precisava lembrar de pedir desculpas por isso, aliás.
― Eu… Eu tô sim. ― se obrigou a se recompor mesmo que não quisesse. Tinha que estar feliz. Um sorriso preencheu seus lábios, muito um daqueles que servia para incentivar a sua mente a se animar do que um realmente sincero. Sorrir ajudava, sempre, era o que diziam, então sorriria. ― Eu preparei um fim de semana especial pra gente. ― se sentou no banco ao qual estava perto quando chegou, aproveitando para esticar os braços ao céus e se espreguiçar.
― Ah, é mesmo? ― a curiosidade brilhou nos olhos escuros da garota que se sentou ao seu lado com o corpo virado para si, e sentiu-se incentivado a continuar com o que havia planejado ao ver o quão empolgada havia ficado. ― O que foi que você pensou?
― Nós vamos fazer… O que quisermos fazer. O que você quiser fazer. E vamos prometer que não vamos ter vergonha um do outro e nem mesmo pensar duas vezes sobre nada. Simplesmente vamos fazer o que vier a nossa cabeça. Que tal? ― inclusive, estava colocando aquilo em prática naquele exato momento, tentando não se sentir se sentir muito ridículo ao fazer a proposta.
― M-mas… O que você quer fazer? ― questionou sem entender direito o ponto. Não que essa fosse a única pergunta que viera na sua cabeça, mas foi a que seus lábios pronunciaram mais rápido. Ela, sinceramente, tinha imaginado que um fim de semana especial para eles seria se entupir de comer besteira sem pensar no quanto passariam mal depois de ingerir tanto açúcar.
― Agora?! Bom, agora eu quero… ― ok, era óbvio que ele não havia pensado direito antes de falar, mas tudo bem, estava fazendo certinho então, não?! Escaneou todo o ambiente ao seu redor com o olhar, tentando encontrar alguma inspiração que lhe auxiliasse o mais rápido possível. ― Agora eu quero te levar pra comer alguma coisa porque eu saí de casa sem ter tempo de fazer isso e aposto que você também.
― Começou bem, gostei. ― se levantou sorrindo largamente, e seu humor pareceu decolar como um foguete assim que ouviu a palavra comer. estava certo, não tivera nem tempo de tomar café da manhã porque estava atrasada, então o amigo acertou em cheio em seu primeiro… Como devia chamar aquilo… Desejo?
se levantou também, sentindo-se mais confiante ao vê-la entusiasmada, o suficiente para que seus lábios se abrissem espontaneamente. Talvez houvesse tido alguma boa ideia, finalmente. Se tinha que se despedir de , que fizesse com que aquele dia fosse memorável, e que tivessem o máximo de memórias boas possíveis para recordarem quando sentissem saudades um do outro.
Quando começaram a andar para fora da pequena quadra, a mão de timidamente segurou a de para guiá-la até onde queria ir, e seus dedos se entrelaçaram um de cada vez de forma vagarosa. sentiu suas bochechas ficando violentamente vermelhas em um espaço muito curto de tempo, então abaixou o rosto para que seus cabelos longos o escondessem enquanto outro nó se formava na sua cabeça e as outras tantas perguntas que pensara antes voltarem de uma só vez em sua mente, juntando-se com diversas outras novas.
O que estava fazendo? Por que estava fazendo aquilo que estava fazendo?!
Estava confusa e não conseguia parar de remoer tudo o que estava acontecendo ali, e quando se sentou em uma das cadeiras de uma mesa descoberta de uma lanchonete conhecida deles do bairro, a sua expressão não disfarçou em nada.
― Nova regra! ― falou alto demais para a proximidade entre os dois, fazendo dar um pequeno pulinho na cadeira e lhe encarar de olhos arregalados. ― Não pensar demais sobre o que o outro falar ou fizer. Se você quiser algo, eu vou assumir que é porque você quer e pronto, e não vou ficar arrumando justificativas.
Ele a deixou por um minuto sozinha naquela mesa para ir fazer os pedidos, e, naquele pequeno espaço de tempo de sessenta segundos, tudo o que ela conseguia pensar era em uma justificativa para as ações tão malucas do seu melhor amigo.
, isso é tão estranho! Nós nos conhecemos há tanto tempo, eu não consigo não pensar que tem algo de errado acontecendo com você. ― e então sua indignação se transformou em palavras assim que ele chegou perto, a forma tão sincera que falara aquilo ao mesmo tempo que batia com a mão na testa e apoiava o cotovelo na mesa de acrílico arrancou uma risada de do quão dramático ela havia acidentalmente soado.
― Então vamos fingir que não nos conhecemos. Finge que isso é… Sei lá, um encontro? ― ele não soube bem porque havia falado essa segunda parte, mas não era exatamente uma pessoa conhecida por ter muito filtro naturalmente, inclinado a não pensar no que iria dizer, então… ― Quer dizer, é… É! Tipo isso, um encontro.
― Um encontro? Mas por que eu iria a um encontro com um desconhecido? ― franziu o cenho, olhando desconfiada para o mais novo que riu outra vez de como a amiga estava levando aquilo à sério quando a proposta era exatamente a contrária, sem perceber que ela só estava daquela forma porque queria disfarçar o quão tímida e confusa estava.
Por que queria ir a um encontro consigo? Ele estava mesmo pensando no que estava falando, ou apenas estava dizendo as primeiras coisas que vinham em sua mente?
― Ah, é mesmo, sua mãe não ia gostar disso! ― a pior parte disso era que nem mesmo estava sendo debochado, mas simplesmente listara aquilo como a razão mais plausível a qual impediria de realmente sair com um desconhecido, logo a frente do bom motivo "medo de morrer". ― Bom, então… Meu nome é , eu tenho quinze anos e moro na frente da entrada do Teatro que está sendo construído aqui perto. Você pode identificar fácil a minha casa porque é a única da rua que tem uma árvore grande bem na frente. Estudo na escola da rua aqui detrás e meus pais são pintores. ― ele contou praticamente toda a sua vida naturalmente, e a garota não conseguiu segurar a risada quando ele terminou, revirando os olhos. ― O que foi, esqueci alguma coisa?
Os dois pausaram o assunto por um momento enquanto a moça que trabalhava no lugar trazia os dois lanches que havia pedido, porque sabiam bem que o que estavam falando podia não soar muito normal na cabeça de outras pessoas, o suficiente para deixar eles mesmos envergonhados.
― Sim. ― ela pontuou calmamente após agradecer a funcionária e prontamente atacar as batatas fritas, levando uma até a boca e inclinando sua cabeça lateralmente para dar ainda mais ênfase ao que iria questionar no próximo segundo. ― Por que você quer sair com uma desconhecida, ?
― Sei lá, fetiche? ― arregalou os olhos e quase engasgou ao ouvir aquilo, o riso ficando preso na sua garganta porque estava ocupada demais comendo, e ao perceber a besteira que havia soltado, ele rapidamente ergueu ambas as mãos espalmadas para o alto e as balançou incansavelmente. ― Não, não é isso! Você sabe, eu só tô brincando!
limpou a garganta com um pigarro e tomou um longo gole de refrigerante para se ajudar a se recuperar, e então balançou os ombros como se aquilo não importasse.
― Se for mesmo, eu não posso te julgar e você não pode sentir vergonha, lembra? Essa é a regra. ― ergueu ambas as sobrancelhas para o alto, puxando outra batata frita e a mordendo pela metade enquanto se controlava para não rir da expressão ainda mais desesperada de .
― É… É verdade, você tá certa. ― ele se conformou enquanto acalmava seus próprios nervos, se sentindo um idiota em descumpriro que ele próprio havia falado. A intenção era falar o que queria e fazer o que queria durante o dia inteiro. Não tinha porque se preocupar ou se sentir envergonhado, por mais que aquilo fosse difícil para duas pessoas tão naturalmente tímidas e retraídas como os dois.
Além disso, eram melhores amigos desde as fraldas, quando choravam juntos no berçário. Suas mães eram tão próximas quanto eles dois, então não fora surpresa quando eles simplesmente se tornaram unha e carne. Depois de quinze anos de amizade, quanto pudor ainda podiam ter um com o outro? O certo não era eles simplesmente não se importarem mais com coisas triviais? Mesmo que eles sentissem vergonha de todo o resto do mundo, um com o outro era o lugar que tinham para se sentirem cem por cento confortáveis e acolhidos, não?
― Você não respondeu a pergunta. ― murmurou depois de alguns minutos simplesmente comendo consigo mesma. Já tinha visto que simplesmente havia "desligado" e se inundado em um mar de pensamentos, provavelmente coisas muito mais profundas do que deveriam ser, mas achou que se desse algum tempinho pra ele, ele voltaria sozinho. Parecia estar errada, então fez as vezes de religá-lo. ― E está pensando demais. Não pode.
― Qual o problema de querer sair com uma desconhecida quando ela é tão bonita quanto você? Eu aposto que não seria o único. ― e então, em compensação aos minutos que passou simplesmente pensando, o que não deveria fazer, não o fez por mais nem um milésimo para decidir qual resposta séria deveria dar àquela pergunta.
ergueu os olhos em sua direção, deixando o seu copo de refrigerante por um segundo em cima da mesa e buscando alguma coisas na expressão ou no olhar firme dele que evidenciasse que ele simplesmente estava brincando e não queria dizer o que havia dito. Mas não tinha nada, e por mais que ela tivesse tentado disfarçar que aquilo a deixara sem graça e suas bochechas estavam ficando vermelhas, nem toda a lerdeza incrustada no ser de fora capaz de impedi-lo de perceber aquilo, e ele sorriu satisfeito consigo mesmo.
Quando percebeu que havia apenas aceitado sua resposta, mas não tinha intenção alguma de debatê-la, teve a brilhante ideia de puxar uma parte do seu próprio sanduíche e elevar sua mão no ar para oferecê-lo para a amiga. Demorou um pouco até que ela erguesse a cabeça, mas quando o fez, arqueou a sobrancelha lhe encarando desconfiada. Definitivamente, não estava muito bem da cabeça. Dividindo comida…? Mas não era ela que ia recusar também, então levantou a mão para pegar o que lhe era oferecido, só para o garoto girar a mão e ele mesmo comer o pedaço.
― I-idiota! ― sua boca se abriu em um "o" chocado enquanto o xingamento fora praticamente automático, o assistindo mastigar calmamente a comida enquanto lhe olhava com um sorriso satisfeito de quem estava se divertindo. ― Seu ridiculo! ― ele não aguentou e começou a rir da expressão brava da melhor amiga, que ao escutar sua risada teve que reprimir a própria e fingir que também não ficara com vontade de sorrir.
― Então… Já pensou no que você quer fazer? ― ele questionou depois de terminar de provocá-la, pegando a garota de surpresa outra vez e a fazendo parar de beber o refrigerante para lhe olhar confusa. ― Eu já escolhi, agora é sua vez. ― constatou como se não fosse nada demais, mas a expressão de que foi se emburrando aos pouquinhos demonstrou que era sim.
Aquilo era mais difícil do que parecia. Tinham tantas coisas que falavam que queriam fazer, mas nunca tinham coragem. E agora que, teoricamente, era pra ter coragem, todas essas coisas haviam sumido da sua cabeça e dado espaço a um enorme monteiro de nada. O que queria fazer, afinal? Tinha alguma coisa que realmente queria fazer?!
Aquilo era difícil!
― Tudo bem, porque eu sou uma ótima companhia, eu vou te deixar pensar mais um pouco. ― ainda não sabia direito se ela estava com vergonha de algo que queria ou só não sabia o que fazer ainda, mas de qualquer forma, viu que ainda não estava confortável e então achou melhor deixá-la, e soube que essa era a opção certa quando os ombros da garota caíram, se desfazendo da tensão de antes. ― Eu já sei o que nós vamos fazer.
― O que? ― ela rapidamente esqueceu-se do que lhe deixou tão travada há poucos segundos, e seus olhos se abriram mais, curiosa para saber o que havia pensado. Se perguntava se ele tinha planejado aquilo, ou se estava puramente inventando tudo na hora, mas percebeu que aquilo estava tomando a sua mente, então só ignorou e deixou pra lá. Talvez perguntasse depois.
― É uma surpresa. ― ele piscou um de seus olhos na direção, pegando o guardanapo e limpando o canto de sua boca depois de terminar de comer. ― Mas é uma coisa que casais costumam fazer em encontros.
― Você realmente está levando isso à sério, não está? ― balançou a cabeça negativamente com a insistência do mais novo, sorrindo de canto e tomando o resto de seu refrigerante enquanto se levantava e esticava os braços para cima preguiçosamente.
― Eu não estou levando à sério, isso é sério, , isso é um encontro. ― ele tentou convencê-la outra vez, mas pela cara da garota viu que não tinha dado certo ainda, o que, na verdade, não era um problema. Quanto mais tempo em estado e negação ela ficasse, mais divertido seria quando ela realmente percebesse que estava falando sério.
Saiu por algum tempo para ir pagar a conta e, enquanto isso, a garota levantou para jogar os copos e as embalagens fora com um sorriso tremendo em seu rosto. havia acordado aquele dia obstinado a lhe encher o saco e deixá-la envergonhada, só podia ser. Sabia que ele tinha apreço por isso, porque estava constantemente lhe provocando com elogios aleatórios, mas hoje parecia estar pior.
Respirou fundo e balançou a cabeça, ajeitando os longos cabelos coloridos em tom de loiro para trás e então sorrindo para si mesma enquanto o observava vindo em sua direção depois de falar com a caixa. Se queria brincar, bom, então iria entrar na brincadeira dele. Se ele queria mesmo que aquilo fosse um encontro, então seria um.
― Vamos? ― o mais novo chamou quando chegou ao seu lado, lhe oferecendo a mão para que pegasse antes mesmo que começassem a andar. Mas dessa vez, não ficou vermelha. Ok, não tão vermelha quanto antes, e fez questão de manter a cabeça erguida quando aceitou a mão do garoto e entrelaçou os seus dedos.
― Tá, tá bom, mas onde é que você tá me enfiando, ? ― perguntou, muito mais curiosa do que preocupada, mas tentando disfarçar para não deixá-lo muito metido, iniciando uma caminhada tranquila para acompanhar o ritmo dele que guiava o caminho.
― Nós só vamos até o cinema, não vou te levar pra nenhum lugar ilegal, eu juro. ― ele revirou os olhos com uma risadinha, achando toda a desconfiança de divertida. sendo lerdo o suficiente para não entender que aquilo não era exatamente desconfiança.
― Cinema, é? ― tudo bem que ela até mesmo estava disfarçando bem, mas não era novidade que era um pouco tapado para perceber o que outras pessoas estavam pensando, e, com aquele tom que usou para questioná-lo, ele gelou por dentro e quase parou de andar para encará-la.
― Por que? Você não quer?! ― engoliu em seco, de repente andando um pouco mais devagar para conseguir observá-la melhor, mesmo que a filha da mãe estivesse rindo levemente de seu desespero e sem nem mesmo fazer questão de disfarçar.
― Quero sim. ― respondeu naturalmente, voltando a andar no ritmo de antes e indo a frente agora que sabia para onde deviam caminhar. ― Mas acho bom você ser bom em escolher filmes. Porque eu sou péssima.
― Bom, isso você vai me dizer depois que sairmos de lá.
A verdade?
era tão ruim em escolher filmes quanto , e aproximadamente cinquenta minutos depois eles se deram conta disso, nem mesmo precisaram esperar até saírem do cinema. Aquele filme era horrível, tão ruim que, em meia hora, a sala de cinema que já começara meio vazia pra um sábado a tarde se tornou completamente deserta, e só os dois continuaram ali, sentados bem na primeira fileira e alheios a esse fato.
― Qual é o nome desse filme, mesmo? ― começou a tentar puxar assunto, querendo, na verdade, uma desculpa para distrair a sua mente da péssima atuação dos atores que preenchiam a enorme tela em alta definição.
― Eu não faço a mínima ideia. ― quase agradeceu ao garoto quando ele finalmente lhe chamou, fazendo aquilo que queria fazer há um tempo, e então automaticamente seu corpo virou na direção de que também já estava igualmente direcionado a si. ― E sinceramente, eu nem quero saber também, é ruim demais. ― ela não resistiu em constatar quando viu a cara de constipação na atriz principal quando ela teve de dividir um beijo com o protagonista, e concordou com uma risada alta. ― Você ganhou, é ainda pior que eu escolhendo filmes, que horror.
― Eu aceito a minha derrota, porque você está certa, é péssimo. ― não que houvesse se esforçado para escolher um que prestasse também, na verdade, ele nem prestou atenção, simplesmente comprou os ingressos para a sessão que começaria mais rápido. ― Eu aposto que nós dois faríamos melhor que eles.
O riso de sumiu instantaneamente enquanto todo o sangue pareceu desaparecer de todo o seu rosto com exceção de suas bochechas e ela deixava a pipoca entre seus dedos cair. lhe encarava obstinado, e nem por um segundo aquela expressão determinada desapareceu do rosto perfeitamente desenhado, não dando nenhum espaço para que visse algum resquício de brincadeira, o que a deixou completamente perplexa, assim como mais cedo.
― O… O que você quer dizer com isso? ― praticamente sibilou, o nervosismo sendo o suficiente para que ela começasse a gaguejar e tivesse que se concentrar na pronúncia das palavras antes que começasse a misturá-las.
― Não é óbvio? ― , por outro lado, respondeu no mesmo segundo e sem pestanejar, apenas deixando-a ainda mais tensa, até que ele fez um bico nos lábios, fechou os olhos e aos poucos começou a inclinar o rosto em sua direção.
teve um ataque de pânico naqueles segundos que seu cérebro teve para pensar. O que caralhos aquele garoto estava pensando?! Ele queria mesmo… Ele estava mesmo tentando lhe beijar?!
Quase que por instinto, uma resposta automática do seu corpo e sua mente naquela situação, ergueu sua mão aberta que deu um leve tapa nos lábios de , o forçando a interromper a aproximação e abrir os grandes e curiosos olhos brilhantes na sua direção, praticamente lhe questionando do porquê havia feito aquilo, e então teve outro colapso mental conforme piscava exageradamente os cílios longos.
Não era que os lábios de não pareciam extremamente convidativos ou macios, já que eles eram como havia acabado de comprovar ao tocá-los com seus dedos. Não era como se ele não fosse lindo, porque isso era óbvio que ele era, e ela sempre achara. Era por que a cabeça da garota dava um nó enorme e ficava completamente branca toda vez que insinuava algum tipo de algo a mais entre eles, e ele estava o fazendo muito naquele dia. Estava tão confusa! Afinal, queria ou não beijar ? E se quisesse, havia acabado de perder a oportunidade? Não podia esquecer que ele era seu melhor amigo, como poderia querer beijá-lo?!
― O que você acha de nós sairmos daqui e irmos procurar outra coisa mais interessante pra fazer? ― questionou depois de ajeitar outra vez sua postura em seu lugar como se nada tivesse acontecido, ainda com o corpo sentado na direção da amiga, mas agora a uma distância segura para deixá-la respirar.
achou que estava ficando louca quando o viu falando tão calmamente, como se não tivesse feito nada demais. Será que o problema era si mesma, que estava exagerando? Ou era ele que realmente não estava colocando peso nenhum em suas ações?
― É… Eu acho… ― sua mente ainda não havia voltado a funcionar cem por cento, pelo contrário, ainda estava pausada em um colapso que não parecia querer ir embora, mas se forçou a responder apenas para não parecer ter ficado assim tão tensa.
― Então vamos! ― levantou assim que teve a confirmação da garota, a pegando pela mão e a obrigando a fazer o mesmo, deixando o pacote de pipocas no apoio da cadeira estofada já que ele havia acabado depois de prestar mais atenção em comer do que no filme. ― Acho que tive uma ideia de onde a gente pode ir.
― Vai ser tão bom quanto o filme? ― questionou, usando a mão livre para bater levemente nas próprias roupas e desamassá-las e limpá-las das migalhas.
― Não, vai ser bom de verdade agora, eu prometo. ― ele riu ao responder, deixando um sorriso ao canto dos seus lábios. ― Lembra aquele ferro velho abandonado que nós morríamos de medo quando éramos crianças? Nós sempre quisemos entrar lá, mas nunca tivemos coragem. ― começou o discurso cuidadosamente, já esperando a hora que seria interrompido com um grito e uma bronca, junto com uma recusa ao seu convite.
― Você não está pensando em ir lá, não é?! , isso é invasão de propriedade! ― bom, e essa hora realmente chegou bem rápido, com parando de andar depois de saírem da área restrita do cinema e lhe obrigando ao fazer o mesmo já que ainda estavam com as mãos conectadas.
― Não é invasão se a gente não invadir, ué. ― replicou com o óbvio, e a forma que lhe assassinou com os olhos fez com que quisesse muito rir, o que só não o fez para não levar outro daqueles tapas ardidos.
― Ah, não me diga, gênio! ― bateu com a mão livre na testa enquanto o ar se desprendia de seus pulmões e seus olhos se fechavam em uma prece de súplica aos céus, em partes questionando o que havia feito para merecer aquela criatura em sua vida, e em partes, pedindo paciência para aguentá-lo. ― E como você pretende não invadir uma propriedade que não é nossa?
― Teoricamente não é de ninguém, está abandonada. E se ninguém nos ver entrando, então a gente não esteve lá. ― ergueu ambas as sobrancelhas de forma insinuativa, e revirou os olhos mesmo que por dentro estivesse extremamente derretida, principalmente quando ele viu que ter feito aquilo havia surtido efeito e repetiu a mesma ação, brincando de erguer e abaixar as sobrancelhas para provocá-la. ― Tem um portão quebrado atrás, você nem vai precisar pular o muro. Vaaai.
― Meu Deus, como você é idiota, ! ― riu baixo, afastando levemente o corpo do rapaz com um passo para o lado e balançando a cabeça negativamente com a babaquice dele.
― Vou levar isso como um sim, então. ― ele apertou a mão de carinhosamente, e deixou-a balançar no ar junto com a sua de forma leve enquanto dava o primeiro passo em frente para sair do mini shopping que ficava no bairro.
― Não me mete em encrenca, viu garoto. ― se aproximou outra vez do mais alto quando sentiu-o apertando sua mão, empurrando-o levemente com o seu ombro e fazendo com que ele desse mais um pequeno passinho para o lado.
― E quando foi que eu já fiz isso, ein? ― antes que se afastasse, soltou sua mão jogou o corpo para cima dela, passando o braço por trás de seus ombros em um abraço meio atrapalhado e torto enquanto deixava um sorriso largo estampar seu rosto de tê-la tão perto outra vez, o suficiente para conseguir sentir o cheiro agradável de seus cabelos que flutuaram pelo ar com o movimento.
― Mais vezes do que eu posso contar nos dedos das mãos. ― ok, talvez estivesse um pouco difícil de andar daquela forma quando nem conseguia olhar para frente e só conseguia ver o chão mudando do piso de mármore para cimento batido, mas guiava relativamente bem os passos e sorriu para si mesma quando não esbarrou em nada, só pareciam bêbados, se aconchegando melhor no ombro dele.
― E isso é uma calúnia. ― tentaria olhar para o rosto de para refutar aquilo, mas tudo o que conseguia enxergar eram os cabelos longos dela.
― Ah, com certeza é. ― usou um tom de voz sarcástico, mas não o suficiente para que o cérebro de conseguisse computar, e ele ficou meio confuso se ela estava mesmo falando sério. ― Você sabe bem que se minha mãe não te conhecesse ela teria me proibido de sairmos juntos quando você me empurrou forte no balanço e eu caí de cara.
― Você tinha que lembrar disso?! ― ele desfez o abraço de uma vez, a largando para cruzar os braços e para conseguir encará-la e atacar a garota com um olhar ofendido.
― Eu posso lembrar de muitas outras coisas mais. ― ignorou completamente a forma a qual ele lhe encarava que praticamente fazia sua pele queimar, assim como também ignorou a vontade que teve de reclamar quando seus corpos se separaram e sentiu falta daquele contato e do calor de , mesmo que fizesse menos de um minuto que ele houvesse lhe soltado.
― Pra quê? Não precisa, o importante é que você chegou até aqui viva, então eu nunca devo ter feito nada muito grave. ― concluiu convencido, virando a esquina da rua que levava até o beco da entrada alternativa para dentro do ferro velho.
― É, por enquanto. ― retrucou com um tom de voz suspirado beirando o desespero que arrancou uma risada dele.
Como era de se esperar, o beco estava completamente vazio, com os contêineres de lixo milagrosamente também vazios, e ela deixou com que ele fosse na frente até chegar no muro de arame vazado que possuía uma porta do mesmo material em um dos cantos, mas fechada com diversas correntes enroladas por cima de uma fechadura. Antes que reclamasse e falasse que estava trancado e eles já podiam ir embora, ele rapidamente foi até as correntes e desfez a espécie de nó que haviam feito com elas, abrindo o portãozinho sem dificuldade alguma.
― Como foi que você descobriu isso?! ― ela questionou arregalando os olhos com a artimanha daquele filho da mão, o observando empurrar o arame como se estivesse completamente ambientado com aquele espaço e, era óbvio que não era a primeira vez que havia indo ali.
― Nunca subestime um adolescente curioso, entediado e que quer um lugar pra passar um tempo sozinho. ― ele virou para esperar lhe seguir, e quase riu da expressão em misto de assustada e desconfiada que as feições delicadas ostentavam, e que pioravam a cada passo que ela dava em frente para sair de entre as duas paredes que escondiam parcialmente a extensão do terreno.
― Queria tanto ficar sozinho que nem pra mim você contou! O que você tava vindo fazer aqui que era tão sigiloso que eu não podia fazer?! ― questionou ofendida e, mesmo que fosse uma pergunta que um comentário sarcástico facilmente lhe livraria de responder, sentiu a saliva descendo em sua garganta seca de uma forma dolorosa, pensando em como disfarçar seu desconforto. Mas para sua sorte, a própria garota mudou de assunto quando saiu de entre as paredes de uma vez e viu tudo o que tinha ali. ― Quer dizer que na infância a gente tinha medo disso?! Um lugar sem nada?!
― Não é exatamente sem nada… Tem essas coisas aqui. ― apontou para algumas cadeiras e móveis velhos que estavam jogados na frente da edícula do local, a parede do lado esquerdo que tampara a sua visão e algo que provavelmente funcionava como o escritório dali antes de abandonarem o terreno. andou até o seu lado para encarar toda a bagunça daquele pequeno canto, a única em todo o lugar que estava tão limpo no resto da extensão que era até esquisito.
― Você entendeu o que eu quis dizer! A gente achava que tinha até corpos aqui! ― bufou, cruzando os braços à frente dos seios e assistindo o melhor amigo puxar uma cadeira de plástico azul com rodinhas que estava sem a parte do recosto para deitar de barriga pra baixo nela, ignorando completamente a sua expressão que se dividia em julgá-lo e desprezá-lo ao mesmo tempo.
― Talvez tenha e a gente só não esteja vendo. ― ele respondeu, e ainda balançaria os ombros despreocupado se não estivesse ocupado demais pegando impulso com a ponta dos pés para se jogar para frente e fazer com que a cadeira deslizasse metade do quintal.
! ― ela repreendeu-o, mas o garoto ignorou o tom de bronca para virar a cadeira e repetir o processo, só que dessa vez, jogando-a na direção a qual a mais velha estava.
revirou os olhos e esperou que ele chegasse perto o suficiente para parecer perigoso, e então inclinou seu corpo para frente e segurou pelos ombros, jogando parte do peso de seu corpo em seus braços e fazendo força para que conseguisse pará-lo. O problema foi que fazendo isso, seus rostos ficaram tão próximos e alinhados quanto mais cedo, e ela reprimiu o palavrão que rasgou a sua garganta quando percebeu o que havia feito, se xingando por não ter percebido ante que aquilo aconteceria.
Fora inevitável para que seus olhos não descessem até os lábios cheios e coloridos em um tom rosa de , e, daquela distância, conseguia até mesmo sentir o cheiro de morango que eles tinham. A vontade que tinha era claramente de beijá-los, e, quase como se suplicasse por uma permissão, ele ergueu seu olhar até o dela para encontrar suas orbes arregaladas e piscando exageradamente, que, em conjunto com a forma que o ar saia de forma entrecortada pelo nariz da garota, acenderam um sinal vermelho em sua mente.
― Pega uma cadeira pra você também. Vamos apostar uma corrida.
quebrou o clima que estava comprimindo o ar nos pulmões da melhor amiga antes que ela tivesse mais um colapso mental e surtasse outra vez, e assentiu positivamente com a cabeça, empurrando o corpo de para trás e o obrigando a segurar nas bordas da cadeira que deslizava para trás para não cair.
― Quem ganhar escolhe a próxima coisa que vamos fazer. ― propôs a aposta enquanto escolhia a cadeira em melhor estado e menos suja entre as outras, se sentando normalmente nela. Sujar o jeans preto tudo bem, mas a camiseta branca traria alguns xingamentos de sua mãe que era melhor prevenir.
Ela sinceramente queria ganhar. Os lugares e convites de estavam ficando cada vez mais esquisitos, não queria ter que arriscar conhecer um próximo.
― Combinado! ― ele aceitou empolgado, guiando a cadeira até próximo ao muro alto do fim do quintal e se preparando ao se levantar e também sentar direito para que ninguém ficasse em desvantagem, esperando a amiga fazer o mesmo. ― Quem parar do outro lado com a mão no muro primeiro, ganha. ― anunciou as regras, focando os seus olhos na "linha de chegada".
Precisava ganhar! Ainda tinha mais uma coisa que queria mostrar para ali antes de irem embora.
― Ok. ― ela confirmou que tinha entendido, esticando as pernas para pegar impulso após parar ao lado de . ― Um… Dois… Três!
O impulso que deu com as pernas não durou muito, e o que deu com os pés muito menos, e logo os dois estavam desesperadamente mexendo os membros inferiores para trás e para frente, tentando percorrer a maior distância que conseguiam com cada vez que empurravam seus corpos em direção ao muro. Mas, no fim, desenvolveu uma boa estratégia, virando de costas para o ponto final e dando alguns passos antes de jogar o corpo para trás e deslizar por uma boa distância até chegar primeiro e bater com a mão na parede.
― Ai, que merda! ― praguejou praticamente ainda na metade do caminho, se levantando e empurrando com raiva a cadeira que escorregou pelo chão até o aglomerado com as outras e só parou quando bateu em alguma delas.
― Não fica brava! Você não caiu, isso já é uma vitória. ― levantou também, esquecendo da comemoração só porque irritar a melhor amiga parecia muito mais convidativo naquele momento.
― Seu puto! ― ela já se aproximava com o braço erguido para acertá-lo um tapa. mas conseguiu fugir da agressão correndo um pouquinho. A verdade era que ela não ficara irritada só com a provocação, mas também com a pequena voz no fundo de sua mente que dizia que ele estava certo e lhe obrigava a concordar.
― Vamos, eu quero te mostrar uma coisa. ― ele chamou depois de parar de correr e rir ao julgar ser seguro de se aproximar outra vez da amiga sem ser agredido.
o seguiu até uma escada que ficava na lateral do galpão um pouco a contragosto, e não conseguia não achar graça na forma que as bochechas dela estavam infladinhas de ar e seus lábios juntos em manha. As escadas não eram difíceis de subir, mas ele deixou com que fosse primeiro para se certificar que ela não acabaria sofrendo um acidente. Os dois chegaram rapidamente ao telhado de laje, e ela tinha que dar o braço a torcer que, em pelo menos um lugar que haviam ido naquela aventura do dia, ele havia acertado em cheio.
A visão elevada que tinham do parque do bairro que ficava do outro da rua era linda, principalmente em conjunto com o pôr do sol que se iniciava entre as árvores e pintava o céu de diversas cores diferentes. Chegou até a beirada para observar melhor a beleza da natureza, e se sentou na mesma, mas com apenas uma parte das pernas para fora da segurança, enquanto fazia o mesmo, mas só conseguia observar a sua beleza, contemplando o seu rosto iluminado magicamente naquele nuance de tons de amarelo, laranja e vermelho.
sentiu uma dor rasgar seu peito naquele exato segundo, porque sabia que o momento estava chegando perto.
Sentia uma saudade antecipada, um aperto em seu coração mesmo que ainda estivesse na sua frente.
Como seria a sua vida quando não a tivesse mais tão perto como agora, quando podiam se encontrar assim que mandasse uma mensagem pedindo? Como seria ficar sem vê-la por meses, e correr o risco de que quando tivesse tempo, já não fizesse mais diferença na vida dela? Será que doeria tanto como estava doendo agora?
Tinha medo de que não. Era irônico, não era? Não queria sentir a dor de perdê-la, mas quando acontecesse, porque sabia que não podia evitar, não queria parar de sentir a dor de tê-la perdido. Tinha medo de que tudo fosse cauterizado, cicatrizasse simplesmente, e então não doesse mais. Se não doesse, iria querer dizer que esqueceram tudo o que haviam vivido juntos?
Um sentimento melancólico pairou em seu coração quando desviou o olhar do parque e o pousou em seu rosto.
Mesmo naquela situação que estava vindo, ele estava feliz de estar ali com ela. Não sabia como conseguia sentir os dois ao mesmo tempo, aquela felicidade em estar triste, porque sabia também que, se não fosse aquela situação os forçando, nunca teria passado e estaria passando aqueles momentos com ela, com a coragem de se tornar tão desinibido em tentar demonstrar todo o amor que sentia.
É… Sabia que não devia nunca ter se apaixonado pela sua melhor amiga. Mas agora já era meio que tarde demais para se repreender por algo que já estava mais do que feito e confirmado.
riu de nervoso com a forma vidrada que a encarava, voltando a olhar para frente, e em um impulso parou de apoiar seu corpo para trás para se aproximar dela, inclinando-se para a direção da garota que, quando foi olhá-lo outra vez, se assustou com toda a proximidade repentina e riu outra vez, agora quase em um tom de desespero, virando-se para o lado contrário e usando o braço para tentar afastá-lo levemente.
Entretanto, daquela vez não cedeu, e ao invés de recuar, se achegou ainda mais perto dela, e foi impossível não abrir um sorriso e esquecer toda a parte triste que tomava a sua mente quando viu o quão vermelha as bochechas de estavam em conjunto com todo o seu rosto. sorriu largo e aproveitou que ela estava ocupada rindo para encostar seu nariz contra a bochecha da mais velha, acabando com toda a distância que tinha entre seus rostos, mesmo que ainda não fosse da forma que queria acabar.
Inconscientemente seu olhar caiu outra vez para a boca dela por alguns segundos, e ela parecia ainda mais atraente do que mais cedo, lhe fazendo morder seu lábio para tentar comprimir o desejo que estava sentindo de beijá-la de uma vez.
sabia que agora tudo havia ido longe demais para tentar disfarçar e fingir que não estava acontecendo, ela só não entendia… Só não conseguia processar aquilo. Não haviam mais perguntas concretas em sua mente, apenas branco e uma confusão enorme que se dividia em questionar os seus próprios sentimentos, e os sentimentos de .

― Você é melhor que eu nesse negócio de ser sem vergonha. ― ela sussurrou com o tom tão baixo e pra dentro que quase não saiu, cortando o que ele queria dizer para fazê-lo rir e deixá-lo com ainda mais vontade de a envolver em um abraço apertado.
― É porque eu tenho um motivo. ― murmurou em resposta, mas seu tom não foi macio ou doce como o dela. decidiu que tinha que falar, e tinha que ser agora, enquanto aquela onda de coragem ainda preenchia seu ser. ― Sabe, eu queria te contar… Eu vinha aqui para compor, e para treinar. Estar sozinho sempre me ajudou a me manter calmo, e a paisagem sempre ajudou a me manter inspirado.
― Treinar? ― ela perguntou, sem entender direito o que ele queria dizer com isso, e se afastou novamente de conforme suas mãos começaram a tremer, sentindo sua garganta secando com o nervosismo ao ver os olhos grandes e brilhantes lhe encarando, esperando que contasse qual era o motivo que estava lhe incentivando tanto.
Sabia que aquilo estragaria tudo e mancharia as memórias daquele dia. Era como segurar uma ferida aberta, com medo de que doesse quando soltasse, porém, soltar ou não, não era uma escolha que podia fazer.
― Treinar para as audições das empresas de entretenimento. Eu fiz algumas, . Pra algumas empresas maiores, sabe, SM, JYP, YG, Cube… E então eu passei em uma, na Pledis. ― quando terminou de contar a breve história, sua voz não era muito mais do que um sussurro, tão baixo que o próprio som do vento poderia cobri-lo ou misturar-se a ele. ― Eu vou embora, . Amanhã.
O silêncio que recaiu entre os dois junto com a surpresa que estampou o rosto dela fez com que virasse o rosto para frente, escondendo-o com as suas duas mãos, a coragem que tinha aos poucos se esvaindo e não lhe dando nem mesmo o suficiente para continuar olhando-a. Tudo o que tinha, naquele momento, era para se envergonhar, e não ficar orgulhoso.
Por que havia deixado as coisas irem tão longe? Por que não contou para o que estava planejando, afinal?
O céu pareceu se escurecer assim como o humor dos dois, e a noite trouxe nuvens carregadas que descarregavam trovões nas proximidades, em principal no parque a frente que os chamava por conta das árvores. Naquela mesma posição, não sabia qual era a reação que ela estava tendo. Não até ouvir passos e arregalar os olhos, os descobrindo para poder vê-la e se levantando rapidamente para segui-la e descer aquelas escadas tão rápido quanto os raios que rasgavam o céu.
, espera!
Na verdade, a própria não sabia que reação ter, mas a primeira coisa que veio em sua mente fora que queria ir embora dali o mais rápido possível, Como podia fazer aquilo consigo?! A questão não era ele ir embora, mas por que ele não contou o que queria fazer, por que não contou que estava treinando e fazendo aquelas merdas daquelas audições?! Por que ele não disse que havia passado quando recebera o resultado?! Por que ele passou o dia inteiro brincando com seus sentimentos, lhe fazendo acreditar que gostava de si quando simplesmente queria contar que estava indo embora?!
― Calma! ― ele pediu quando chegaram em segurança no quintal, sendo veementemente ignorado e então apertando o passo para alcançá-la e parar em sua frente, impedindo a garota de desviar de si enquanto primeiros pingos de chuva começavam a cair em suas roupas.
― CALMA, ?! Você quer que eu fique CALMA?! ― ela gritou a palavra com uma força tão grande que tudo o que ele conseguiu fazer foi encolher os ombros, abaixando a cabeça. Ela estava certa, já estava certa antes mesmo dele abrir a boca para contar…
― Olha, eu juro, não é tão longe assim! Nós podemos nos ver mes-
― Não seja um imbecil! Não mais do que você já foi. ― ela interrompeu a desculpa esfarrapada que ele estava lhe dando, erguendo uma das mãos no ar como se o pedisse para parar, e outros pingos agora começavam a molhar seus rostos. ― Você sabe bem que não é isso. Por que você não me contou antes?!
― Eu… Não sei. ― ela tentou dar um passo para o lado para passar e ir embora quando ouviu aquilo, e o fez também, novamente ficando em sua passagem e se desesperando completamente. ― Eu achei que se eu não contasse, a hora nunca ia chegar!
― Mas chegou, ! A PORRA DA HORA CHEGOU! ― explodiu de uma vez, e não conseguiu mais engolir o choro preso em sua garganta e as lágrimas desceram de uma vez por suas bochechas, se misturando com os pingos da chuva o suficiente para disfarçá-las, mas o tom embargado da sua voz tornou óbvio. ― E mais! Você achou que era uma boa me contar depois de passarmos o dia inteiro juntos com você me fazendo acreditar que gostava de mim?!
― NÃO, não, você não entendeu! ― arregalou os olhos quando a ouviu falando aquilo, e ouvir o timbre choroso que ela tentou disfarçar a todo custo lhe fez automaticamente levantar as mãos para tentar segurar pelos ombros e fazê-la olhar nos seus olhos em um contato desesperado, mesmo que ela já estivesse olhando, porém recusou o toque, dando dois passos para trás. ― Eu só não queria me arrepender…
― Não entendi o que?! O QUE você queria com isso?! QUE INFERNO! ― talvez gritar com ele e xingá-lo fosse a melhor forma de disfarçar não só o quanto estava chorando, mas também o quanto estava doendo. Ela simplesmente odiava se envolver em brigas por isso, o choro e os sentimentos sempre falavam alto o suficiente para que não conseguisse manter por muito tempo a raiva e os argumentos. ― Você brincou comigo O DIA INTEIRO! Você por acaso se importa com os meus sentimentos? ESPERA, não precisa responder essa! É claro que não! Você não queria se arrepender do que, de me fazer mais um pouco de trouxa?!
, ME ESCUTA! Só me escuta, por favor! ― também perdeu a paciência, mas não com ela, e sim com aquela conclusão que ela havia assumido como correta e eatava dizendo quando era tudo ao contrário. Não podia culpá-la, também, porque não havia pensado direito nas consequências que aquilo traria, o que era na verdade, uma coisa que ele não estava fazendo há um tempo. Pensar nas consequências. ― Eu não queria me arrepender de te dizer que eu amo você! Eu não quis te fazer acreditar nisso, é a verdade, . ― seus dedos se entrelaçaram entre seus próprios cabelos molhados, os puxando levemente em um ato desesperado de descarregar toda aquela adrenalina.
― Amor pra você é fazer isso, ? ― uma parte de si esperava que aquilo amolecesse o coração de para que ela não ficasse tão brava, mas a outra gritava que não merecia isso. Havia sido mesmo um idiota, e merecia ouvir tudo o que ela queria esbravejar naquele momento. Mas ouvi-la sussurrando aquela pergunta em um tom de dor e decepção tão genuínos fez com que ele engolisse seco e tentasse segurar o choro.
― Não. ― respondeu sinceramente, e não soube dizer se já estava chorando ou não, dado a quantidade de água que despencava do céu e também escorregava por seu rosto, mesclando-se com as lágrimas que haviam enchido seus olhos. ― Amor não é isso. Amor é o que você representa pra mim, e eu fui um total idiota com você e com o sentimento que eu estou dizendo ter.
― Eu não… Não consigo entender. Nós fizemos planos juntos, ! Nós pensamos no que íamos fazer no final do ano, nós combinamos até que queríamos ir juntos para o baile! Você teve tantas oportunidades, você… ― não conseguiu mais falar quando um soluço interrompeu a sua frase, seguido de outro e então de um choro profundo que fez com que não conseguisse se segurar mais e corresse para abraçá-la apertado, os dois completamente encharcados pela chuva.
A garota estava tremendo, mas não era de frio, e sim de raiva, frustração. Não conseguiu retribuir o abraço de , apenas ficou com os braços abaixados ao lado do corpo enquanto ele rodeava seus ombros e enterrava a cabeça em seu pescoço.
― Me perdoa, por favor, me perdoa. A última coisa que eu queria era isso. ― era praticamente impossível ouvir a voz dele, abafada pela chuva e pela pele da garota, mas estava próximo o suficiente de seu ouvido para que ela entendesse, e isso a fizesse chorar ainda mais. ― Eu… Não sabia como te contar, sei que isso não é desculpa, mas eu estava com medo. Não estava acreditando que eu realmente ia passar, e quando passei eu fiquei ainda mais assustado em pensar em ir embora, em te deixar aqui. Eu adiei e adiei porque não queria que esse momento chegasse. Eu sei que eu estou errado e que se você soubesse antes talvez não doesse tanto agora, mas eu fiz essa merda e agora eu só posso pedir desculpa, por favor… ― moveu seu rosto para conseguir olhá-la, mas então foi que cobriu o rosto com as mãos, não querendo que lhe visse naquela situação, e por ele a escondeu em seu peito para tentar deixá-la mais confortável. ― Eu não quero perder você, por favor…
Após esse pedido que beirava o desespero, havia entre eles apenas o barulho dos pingos de chuva batendo contra o chão. tentava organizar todos os seus pensamentos de uma forma coerente, mas tudo o que conseguia concluir era que ainda era seu melhor amigo mesmo que houvesse sido um idiota, e mesmo que quisesse matá-lo por isso, o peso de saber que a partir do dia seguinte não o teria na sua convivência presencial lhe deixava quase que inconsolável, com vontade de ficar com ele o máximo possível para poder aplacar aquela saudade mesmo antes dela começar.
Entendia que nunca fora uma pessoa muito ortodoxa e também compreendia aquela forma dele de lidar com as coisas, por mais que estivesse magoada. Queria ter coragem de chutá-lo, e queria ter forças para chorar sozinha sem sentir necessidade de estar com ele, mas no final, não era assim que ela era, ou pelo menos, não depois de ouvi-lo e ver o estado ao qual ele ficara, ao qual podia sentir o arrependimento tremendo em suas palavras.
Quando sentiu suas lágrimas secarem, mesmo sabendo que era temporariamente, inspirou fundo o ar ao seu redor para se recuperar, e se afastou de um passo para passar as costas das mãos pelos olhos. E foi só então que ela percebeu que aquilo não adiantava, porque a chuva não deixara nem mesmo um milímetro da sua pele seco para auxiliar a enxaguar nada, e nem mesmo havia parado de cair para ajudar.

― Olha, … ― ela o impediu de continuar falando, erguendo a cabeça para encará-lo, e paralisou quando a escutou lhe chamando, os olhos redondos arregalados em expectativa. ― Eu não posso dizer que eu não estou magoada com você e que se eu te dizer que te desculpo aqui agora, eu não vou continuar chateada com toda essa situação, porque ela podia ter sido evitada. Mas já que não foi… ― tentou passar as mãos nos cabelos apenas perceber o quão molhados eles estavam, e, sem conseguir puxar a franja para trás, acabou jogando-o todinho para as costas. ― Eu te perdoo, é claro que sim, você é meu melhor amigo, eu amo você e vou sentir a sua falta. Mas se é esse o caminho que você quer seguir, eu te apoio e estou feliz por você.
Quando ela terminou de falar, teve vontade de abraçá-la outra vez, com ainda mais força do que antes, mas se controlou e apenas deixou um sorriso pequenininho de alívio escapar. Sabia bem que ela ainda estava brava, e com toda razão, mas estava extasiado de ter lhe desculpado inicialmente.
― Eu vou te compensar, eu juro! ― ele garantiu quando terminou de ouvi-la, passando a mão pelo rosto para limpá-lo depois de todo o choro, e no seu caso, a água até mesmo ajudou a "lavá-lo". ― Vou me desculpar por isso pelo resto da vida, se você deixar.
― Ah, você vai mesmo, porque essa é uma coisa que eu NÃO vou esquecer tão cedo. ― cruzou os braços à frente dos seios, revirando os olhos e se sentindo melhor quando sua respiração finalmente se regularizou depois de tanto tempo. ― Acho melhor irmos pra casa. Tá ficando tarde e minha mãe deve estar preocupada comigo na rua com essa chuva.
― Não, espera! Antes tem uma última coisa que eu queria te pedir. ― se atreveu assim que viu que queria ir embora. Sabia que o foco naquele momento não era mais nos sentimentos românticos que nutria pela garota, mas não queria ir embora com a sensação de que deixara dúvidas no ar quanto a isso, e havia uma coisa em especial que queria propor que poderia lhe ajudar nisso. murmurou uma sílaba desconexa, dando a permissão que queria para continuar mesmo que de um jeitinho meio inseguro. ― Você me daria à honra?
Era verdade que eles haviam feito planos de irem juntos no baile de primavera daquele ano, apenas para rir dos casais de roupa combinando enquanto , secretamente, queria ser um deles… Talvez só a parte do casal, não da roupa. E ele planejava fazer exatamente aquilo durante a festa: quando estivesse tocando uma música mais lenta, e a luz estivesse mais baixa com a pista de dança mais vazia, ele iria erguer a mão para com um sorriso assim como estava fazendo agora, e seu coração iria palpitar de ansiedade exatamente como estava acontecendo, com medo de que ela olhasse bem em seus olhos e começasse a dar risada ou qualquer outra coisa que significasse rejeição.
por alguns segundos realmente fez isso, o olhando como se ele estivesse completamente fora de seu juízo, até que lembrou que aquela era a última oportunidade que tinham para dividir a sua primeira e última dança. A garota suspirou, deixando o ar sair com força, e então após alguns segundos canalizando coragem, ergueu sua mão também e aceitou o convite de , que se sentiu mais leve assim que sentiu a mão dela tocando na sua.
A música deles foi a tempestade, e os ditadores do ritmo foram os trovões. Era mentira dizer que eles dançaram perfeitamente, porque claramente isso não aconteceu. A única parte que fora em ordem fora o início, quando a mão de segurou na cintura molhada de por cima das roupas e ela apoiou uma das mãos em seu ombro ao mesmo tempo que as outras se encontravam com os braços esticados em uma postura tradicional. E, assim que os dois pra lá e dois pra cá começaram, começou também a competição para descobrir quem é que pisaria mais no pé um do outro. estava ganhando, e não conseguia evitar rir toda vez que seu pé esmagava o tênis branco de que já estava completamente encardido, desistindo até mesmo de pedir desculpas.
O céu não parecia que iria parar nunca de desabar, mas aos poucos as pernas dos dois começaram a se mover mais preguiçosamente, assim como as duas mãos de agora seguravam a cintura de e ela deixou seus dois braços descansarem nos ombros do garoto, com as risadas sumindo lentamente conforme seus olhos se encontravam.
― Sabe o que eu percebi? ― questionou após estarem nessa situação há um tempo e ergueu as sobrancelhas na direção dele, o incentivando a continuar. ― Você ainda não escolheu nada pra gente fazer hoje. Não tem nada que você queira fazer? ― os pés da garota praticamente pararam de se mover quando ela ouviu essa pergunta, e então ela se atrapalhou um pouco para voltar ao ritmo, fazendo rir.
― Na verdade… ― precisou de alguns segundos para juntar coragem e admitir para si mesma que sabia bem o que queria fazer naquele momento, e mordeu a parte interna da sua bochecha pela vergonha que queria lhe tirar aqueles pensamentos. ― Tem sim…
respirou fundo e então ergueu o olhar para nivelá-lo com o de , que lhe encarava com a expectativa e curiosidade estampadas em seu rosto. sinceramente não acreditava que ele podia ser tapado a ponto de não ter entendido o que era, mas nem mesmo devia se surpreender depois de conhecê-lo por tanto tempo…
De repente deu um passo em frente, encostando seus corpos e fazendo-o parar de balançar para os lados, e, no mesmo segundo esticou um pouco o seu pescoço para alcançar os lábios de com os seus, demonstrando de uma vez o que queria fazer quando o beijou, transformando outra vez o mundo melancólico de em uma paisagem bonita.


Fim.


Nota da autora: Primeiro, quando a Thata me passou o MV e o pp, na hora a minha cabeça pensou: NOSSA, VAI SER TÃO FÁCIL! Trouxa né, porque não foi. É uma short bem mais simples do que eu to acostumada, do que eu gostaria que fosse e do meu estilo, então acho que por isso a Thata disse que ia ser um desafio DISAHDOSIHDOSIA Sofri demais pra escrever essa ficcccc, porque eu não queria fazer nada muito triste porque na minha cabeça a história tinha que representar um pouco do que você é na minha vida, e você é muito mais alegria do que drama. Mas ai eu me lembrei de quando eu li basicamente todas as suas fics e pensei: TÁ TUDO CERTO ASSIM MESMO, VAI DSIOHIOSHDOSHIDIOSH Isso porque eu já tava na metade da fic, mas exclui, porque era pro Hansol estar doente, mas fiquei com dó e mudei o plot pra esse DIOSAHODASHODHIS
Escrevi cada linha pensando em você e torcendo pra você gostar dela, fiquei super ansiosa, nervosa e com medo de ficar entediante ou chata por ser um capítulo só, e provavelmente quando você ler isso aqui eu AINDA vou estar com o cu na mão de medo de não ter sido a sua altura OPDJSPAJDSPJODAS Mas eu real espero que você goste, porque foi feito de coração pra tentar demonstrar um pouquinho do tanto que você sabe que eu te amo. Ironicamente, to escrevendo isso no seu aniversário, então vou aproveitar pra dizer também que você é uma pessoa maravilhosa e eu tenho muita sorte de te ter na minha vida.
Obrigada por tudo, eu lhe amo ♥ SAHSUHAUHA





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