Capítulo Único
Entrei correndo no hospital, estava ofegante, meu coração parecia que iria parar de tão acelerado, minha mente estava uma bagunça. Parei na recepção e perguntei a recepcionista para onde levaram uma garota atropelada que havia acabado de chegar, ela indicou o corredor, corri na direção e após virar à esquerda entrei em um dos leitos, procurei em cada cama e não a encontrei, voltei para o corredor e virei a direita, vi uma movimentação intensa em um dos quartos, tentei entrar mas alguns médicos tombaram em mim, por causa da correria,, me recompus e consegui atravessar a porta, foi quando vi a pior cena da minha vida: ela estava deitada na cama, seu rosto estava irreconhecível, mas eu a reconheceria em qualquer circunstância, ela estava ligada aos aparelhos e os médicos tentavam reanima-la. A minha garota estava ali, entre a vida e a morte e era tudo culpa minha. Senti alguém me puxar e quando percebi já estava fora do quarto, tentei entrar novamente mas fui impedido, foi aí que desabei, sentei naquele chão frio e senti as lágrimas descerem pelo meu rosto, o medo e o desespero invadiram ainda mais o meu corpo.
- O senhor não pode ficar sentado no chão do corredor – um dos funcionários do hospital falou. Eu tentei me levantar, mas minhas pernas estavam fracas, ele entendeu e me deu a mão, segurei sua mão, fiz força e levantei.
- Obrigado – foi o que consegui dizer.
- Você tem algum parente internado nessa ala ou está precisando de atendimento?
- Minha namorada está nesse quarto – apontei para a porta a minha frente.
- Você pode aguardar na sala de espera, não pode ficar no corredor, siga em frente e vire à direita que irá achar a sala de espera.
- Tudo bem, obrigado.
Segui o caminho que foi indicado, logo achei a sala de espera e sentei na primeira cadeira que encontrei. Eu deveria ligar para a mãe dela? Não, ela morava em outro estado e não iria adiantar nada, a sairia dessa, não iria precisar ter a presença dela aqui. Minha mente estava totalmente confusa, a palavra “CULPADO” piscava incansavelmente nela, eu estava totalmente arrependido, como pude fazer aquilo com a minha garota? Jogar tudo para o alto depois de tudo que já passamos, depois de tanto tempo juntos. Um flashback da nossa trajetória veio à tona, desde o momento em que nos conhecemos.
18 de Julho de 2015
Dia ensolarado na cidade de Los Angeles, lá estava eu na praia com meus amigos, Francisco e Brian, aproveitando nossas férias, estávamos encantados com a cidade, planejando como seria nossa noite, Los Angeles era uma cidade incrível para passear tanto durante o dia, quanto durante a noite. Porém Francisco queria passear próximo ao hotel que ficava na praia de Santa Monica, Brian queria ir até uma boate e eu estava ali no meio para decidir. Quando iria dar minha resposta vi algo que chamou minha atenção, uma linda garota, com lindos cabelos castanhos e olhos da mesma mesma cor, ela estava com outra garota que nem prestei atenção, só consegui olhar para a morena, seu lindo sorriso e, como não sou de ferro, o corpo também. Ela estava caminhando a poucos metros de nós, parou em um ponto, estendeu uma canga na areia e se sentou. A partir daí não tirei mas os olhos dela, até Brian chamar minha atenção.
- Hey cara, presta atenção aqui, precisamos decidir para onde vamos, para de secar a garota.
- Me deixa, Brian! – dei um empurrão no ombro dele – vamos conhecer a noite de Los Angeles da melhor forma, vamos a uma boate.
Brian fez uma dancinha comemorativa, Francisco resmungou mas logo abriu um sorriso também. Eu desviei o olhar e voltei para a garota, ela ainda estava sorrindo, a amiga dela estava de frente pra nós e percebeu que eu estava olhando para lá e comentou alguma coisa com a garota que virou, olhou pra nós e quando percebeu que eu estava olhando virou o rosto rapidamente.
- Seu primeiro passo deu certo, quero ver qual será o segundo – disse Francisco.
Ok, a garota havia percebido que eu estava olhando para ela, ou para ela e a amiga, agora eu poderia tomar uma atitude, mas não sabia qual.
- Vai lá, gostoso, convida as duas para sair mais tarde com a gente e diz para a morena que seu amigo Brian está solteiro e cheio de amor pra dar – disse Brian com a maior cara safada.
- Primeiro que eu não vou lá, segundo que eu estou de olho justamente na morena, a loira pode ficar para você – respondi.
- Ótimo também, agora só falta você ir lá, mas como eu sei que você é devagar quando quer, eu vou lá e convido as garotas pra sair.
- Eu acho que você vai tomar um fora e será merecido, você é folgado demais – disse Francisco, Brian deu dedo para ele e levantou.
- Torçam pelo amigão aqui.
Ele limpou a bermuda suja de areia e começou a caminhar em direção as garotas, logo a loira percebeu e comentou algo com a morena, Brian chegou perto das duas e começou a conversar, elas responderam e sorriram para ele, logo ele se sentou no meio delas, queria saber o que estavam falando, Brian apontou em minha direção e as duas olharam. Conversa vai, conversa vem, vi Brian levantar, apertou a mão das duas, falou algo e se despediu. Quando virou para nós abriu o maior sorrisão.
- Me agradeça, – disse ele convencido – a morena se chama , a loira Kendra, são do Texas mas se mudaram para Los Angeles para conseguir um emprego legal, convidei as duas para sair conosco, disse que precisava de guias turísticos, elas ficaram um pouco relutantes mas aceitaram, me passou o telefone dela, como você está interessado, eu passo o numero e você fala com ela.
- Não estava muito confiante em você não, mas devo admitir que sua lábia é boa – disse Francisco e Brian sorriu convencido.
Eu olhei novamente para a morena, de nome , ela estava olhando para nós e sorriu para mim, sorri de volta e peguei o celular de Brian para passar o número dela para o meu.
•••
Ao chegar no hotel, corri para o banheiro para tomar banho primeiro, tomei um banho gostoso e relaxante, quando sai Francisco já tava na porta para entrar, me enxuguei direito e deitei na minha cama.
- Vamos sair por volta das 21h, a gente deve achar um lugar legal para ficar nesse horário – disse Brian, que estava jogado no chão.
- Ótimo, vou falar com a garota agora.
Peguei meu celular, digitei “Olá , meu amigo falou com você e sua amiga na praia hoje”. Minutos depois chegou a resposta.
“Olá, um dos garotos da praia”
Pelo menos ela não deu o número errado.
“Pode me chamar de , tudo bem com você?”
Ela logo respondeu:
“Ok , estou bem e você?”
Respondi:
“Estou bem, estarei melhor mais tarde quando estivermos curtindo a noite de Los Angeles”
E ela respondeu:
“Ainda estou tentando decifrar se vocês não são maníacos que vão nos atacar, mas ainda assim estou animada para a noite”
Eu ri e digitei:
“Não somos maníacos, pelo contrário, talvez sejamos os caras mais bobões que vocês vão conhecer na vida”
Poucos segundos depois ela respondeu:
“Hahaha essa eu quero ver, já conheci vários bobões na vida, tá? Mas enfim... que horas e para onde vamos?”
Respondi rapidamente:
“Queremos sair por volta das 21h, está bom para vocês? E para onde vamos não temos ideia, vamos seguir vocês”
E ela respondeu:
“21h está ótimo, então vamos levar vocês a um lugar ótimo, mais tarde te passo o endereço e a gente se encontra lá, ok?
Respondi:
“Ok, estarei aguardado”
Ela por fim disse:
“Ok, até mais tarde”
Depois disso deixei o celular de lado e resolvi tirar um cochilo.
Flashback end
Sorri lembrando de como foi o nosso primeiro contato, me encantei por ela desde o primeiro momento em que a vi, agora eu estava ali naquela sala chorando, me sentindo tão culpado por, de certa forma, ter colocado a garota mais importante da minha nessa situação, mas as lembranças continuavam vindo a minha mente.
Ainda no dia 18 de Julho de 2015
Era por volta das 21:30, os garotos e eu estávamos no local marcados, chegamos um pouco antes das garotas para não fazê-las esperar, mas pelo visto elas se atrasaram, ficamos conversando e observando a movimentação, parecia um local bem frequentado e agitado, dava para ouvir de longe a música tocando, quando Brian avistou e Kendra descendo de um carro, virei imediatamente para olhar e fiquei feliz demais com a visão, ambas estavam lindas, mas estava maravilhosa com um vestido preto com renda, um salto não muito alto da mesma cor, seus cabelos estavam soltos e o batom vermelho chamava atenção nos seus lábios.
Assim que nos viram elas caminharam até nós três.
- Olá, garotos, boa noite – disse Kendra num tom animado.
- Boa noite, garotos da praia – disse .
- Boa noite – respondemos os três ao mesmo tempo.
- Animados para curtir a noite de Los Angeles com as melhores companhias – disse .
- Estávamos ansiosos para isso – Brian respondeu.
- Vamos entrar logo, quero beber como nunca mais fiz – disse Kendra.
As garotas foram na frente, entramos na fila que estava enorme, mas elas conheciam o segurança que nos deu as pulseiras e entramos sem esperar muito. Nesse tempo Kendra explicou que já havia trabalhado ali e tinha acesso facilitado por conhecer todos os funcionários do local. Ao adentrar na boate a música alta invadiu meus ouvidos, tocava Rihanna, Kendra foi logo até o bar e Brian se ofereceu para ajudar, ficamos , Francisco e eu curtindo a música em um dos cantos, começamos a conversar, perguntei a algumas coisas sobre ela, ela disse que tinha 20 anos, havia se mudado para Los Angeles há quase dois anos pois era o sonho dela e de Kendra, ela trabalhava em um escritório de advocacia como secretária, mas seu sonho era ser atriz, antes que prosseguíssemos Brian e Kendra voltaram com garrafas de cerveja nas mãos, dali iniciamos uma noite memorável, conversa vai, conversa vem, Brian e Kendra estavam flertando, Francisco já estava em outro canto beijando uma garota e eu estava conversando com , mas já queria algo mais.
- Posso te confessar uma coisa? – falei próximo ao ouvindo dela e ela balançou a cabeça, autorizando – Desde o momento em que te vi na praia eu te achei uma garota linda, agora conversando percebi que é boa de papo também, uma mulher extraordinária, nesse momento eu queria muito te dar um beijo.
- Eu iria amar beijar sua boca agora – ela respondeu,
Sorri e me aproximei, ela fechou os olhos e entreabriu os lábios, antes de iniciar o beijo parei e admirei seu rosto, ela era realmente linda, não resisti e logo juntei nossos lábios, meu corpo todo esquentou, passei meus braços por sua cintura e ela colocou os seus no meu pescoço. Não sei quanto tempo o beijo durou, só sei que eu não queria sair dali mas foi preciso, finalizamos o beijo com um selinho e nos afastamos.
- Estou procurando defeitos em você mas até agora não encontrei – falei e ela sorriu.
Flashback end
Eu jamais esqueceria esse momento, nosso primeiro beijo, não sei explicar mas acho que comecei a me apaixonar por ela ali, curtimos tanto aquela noite e no final ficou um gostinho de quero mais, ainda conversamos por mensagem ao chegar em casa, marcamos de nos encontrar no dia seguinte, fomos almoçar em um restaurante, demos mais alguns beijos, a noite Kendra e ela foram até o hotel, jogamos jogo de cartas, bebemos e comemos. No dia seguinte e eu marcamos de sair para jantar e foi assim durante todos os dias das minhas férias, conheci lugares incríveis, saímos, fomos nos conhecendo ainda mais, eu sentia que estava diante da mulher mais incrível do mundo, tivemos diversos momentos que seriam inesquecíveis para mim, e em meio aos nossos encontros tivemos nossa primeira noite juntos, uma noite maravilhosa que se estendeu até a manhã do dia seguinte, nunca me senti tão bem ao acordar ao lado de uma pessoa, Mas as férias não duraram para sempre, o dia de ir embora chegou e a despedida doeu, e Kendra foram nos levar até o aeroporto, nos despedimos com um beijo demorado e ao entrar no avião eu senti um vazio e uma tristeza enorme. Achei que perderíamos contato mas ao chegar em Denver eu recebi uma mensagem dela. continuamos conversando todos os dias, durante meses, ela falava sobre sua rotina e eu sobre a minha, fazíamos videochamada e foi em uma delas que resolvi tomar uma atitude.
26 de outubro de 2015
- Olá, baby boy – disse ao atender a ligação.
- Olá, baby girl – respondi.
- Como você está? Seu dia foi tranquilo? – ela perguntou.
- Foi ótimo, fiz algumas coisas que estavam pendentes e adiantei outras, e o seu?
- Trabalhei bastante, o dia foi bem produtivo também.
- Realmente, você tá com uma cara de cansada, parece que foi atropelada por um caminhão – brinquei e ela me xingou.
- Você é um idiota, pelo menos eu continuo linda com cara de cansada.
- Realmente, você fica linda de qualquer jeito – falei e ela sorriu – posso te falar uma coisa?
- Da última vez que você disse algo parecido, nos beijamos na Select – ela disse sorrindo – mas pode falar.
- Eu achei que depois de voltar para casa eu iria seguir minha vida normalmente, mas não consigo, só penso em você o dia todo, sinto saudade dos nossos momentos, de você, da sua boca, dos seus beijos e não consigo tirar isso de mim – desabafei e ela ficou surpresa com a revelação.
- Nossa, eu não esperava por isso – ela falou ainda surpresa – eu achava que só eu sentia falta dos nossos dias juntos, não vou mentir, tentei sair com outros caras mas tudo que vinha a minha mente era você e suas brincadeiras que me tiravam várias risadas, eu sinto saudade de você e dos nossos momentos.
- Queria muito morar próximo a você, para estar ao seu lado todos os dias – falei.
- Eu também, você me proporcionou os melhores dias da minha vida, queria viver isso sempre.
- Eu acho que vou para Los Angeles novamente nas minhas próximas férias ou em algum feriado prolongado – sugeri.
- Eu vou amar, sério – ela respondeu animada.
- Enquanto isso a gente namora virtualmente – brinquei.
- Sério? Namoro virtual? – ela questionou, parece que levou a sério, eu nunca pensei nessa possibilidade.
- Você acha que daria certo?
- Nunca fiz isso, nem passou pela minha cabeça.
- Na minha também não, mas se você quiser tentar...
- Você quer? – ela falou e dava pra ver expectativa em seus olhos.
- Quero – respondi rapidamente.
- Então somos webnamorados a partir de hoje.
- Sim, webnamorados.
Flashback end
E foi assim durante 1 ano, ficamos namorando virtualmente, eu ia até Los Angeles pelo menos uma vez ao mês, em um feriado ela veio até Denver me visitar, mas com o tempo a saudade começou a apertar, queríamos passar mais tempo juntos, eu já não tinha mais vontade nenhuma de ficar em Denver, foi aí que decidi morar em Los Angeles, planejei tudo, guardei minhas economias, conversei com meu chefe que conseguiu uma vaga para mim em uma grande empresa em Los Angeles e seis meses depois eu me mudei de vez pra cá, no início morei junto com e Kendra mas com o tempo aluguei meu próprio apartamento, veio morar comigo e passamos de namorados a praticamente casados, tínhamos nossa rotina, nossos empregos, conseguiu um cargo melhor na empresa em que trabalhava, nós tínhamos um salário que dava para ter uma boa qualidade de vida, estava tudo indo bem, com três anos de namoro fizemos uma viagem a Orlando, era fã de Potter e chorou ao entrar no parque temático na Disney, durante essa viagem tivemos uma grande descoberta: estava grávida, fiquei extremamente feliz, comemoramos muito, guardamos a notícia para contar a todos apenas quando descobríssemos o sexo, mesmo sendo ansiosa, mas aos três meses de gestação tivemos a pior notícia: ela havia sofrido um aborto espontâneo. Foi horrível para nós individualmente e como casal, mal olhava para mim, não nos beijávamos como antes, não tínhamos relações sexuais, ela se enfiou no trabalho e só chegava em casa para comer e dormir, haviam noites em que ela levantava para chorar em outro cômodo, eu a respeitava e apenas ficava dentro do quarto escutando. Mas um dia eu cansei de ver a situação da minha namorada, chamei ela para conversar, no início ela resistiu mas depois de toda minha insistência ela desabafou em meio as lágrimas e contou que estava se sentindo deprimida, ficava a todo momento pensando no nosso anjinho e isso a deixava totalmente abalada, decidimos que ela começaria a fazer terapia com uma psicóloga. No início ela piorou, falar sobre o acontecido a machucava, mas aos poucos as coisas foram melhorando, com quatro meses de terapia ela já estava bem melhor, estávamos voltando com nossa rotina aos poucos, em passos lentos, mas estávamos voltando. E foi aí que aconteceu o acidente, estávamos na primeira festa após o ocorrido e eu cometi o pior erro da minha vida, me arrependo de tudo, até do dia em que a convidei para ir.
11 de Maio de 2019
Eu havia acabado de chegar em casa, estava cansado do dia de trabalho, como sempre já estava em casa, sentada no sofá assistindo uma série, cheguei perto dela e dei um beijo na bochecha, ela sorriu e virou-se para mim
- Boa noite, amor – disse ela.
- Boa noite, meu amor – respondi – vou tomar um banho rápido e volto.
Ela assentiu e eu fui em direção ao banheiro, entrei, tomei um banho rápido, logo estava na sala novamente, ela estava na cozinha mas logo voltou para sala com um bolo em uma mão e uma jarra de suco em outras, ajudei a colocar as coisas na mesa de centro e ela foi a cozinha pegar o resto, voltou e se juntou a mim no sofá.
- Como foi seu dia? – perguntei me servindo com uma fatia de bolo.
- Foi tranquilo, nada muito agitado, e o seu?
- Tive alguns problemas, mas Ted me ajudou a resolver. A propósito, amanhã é aniversário dele, ele nos convidou, você quer ir?
- Há meses não vamos a uma festa, se você quiser ir, nós vamos – ela respondeu.
- Eu adoraria, mas só se você realmente se sentir confortável de ir.
- Eu estou, vai ser bom para nós – ela respondeu e eu dei um selinho demorado nela.
As coisas ainda não voltaram ao normal entre a gente, aos poucos voltávamos a conversar como antes, a nos beijar, a nos tocar, mas parecia que ela estava com medo de engravidar novamente, em quatro meses tivemos não mais que três relações sexuais, eu respeitava o espaço dela mas tinha minhas próprias vontades, era obrigado a optar pela masturbação, mas não era a mesma coisa, eu queria tentar fazer sexo com ela, mas não queria mais uma vez receber um não.
- Amor? No que está pensando? – falou tirando-me dos meus pensamentos.
- Coisas do trabalho, não se preocupe.
- Que horas é a festa? – ela mudou de assunto e eu agradeci mentalmente.
- Amanhã nós teremos reunião de tarde, deve acabar por volta das 18:00, eu venho em casa, tomo um banho rápido e a gente vai.
- Então preciso escolher minha roupa logo hoje, afinal, preciso da sua opinião e amanhã não vai dar tempo – ela falou levantando do sofá, antes que eu respondesse algo ela correu para o quarto.
Fiquei na sala e aproveitei para mudar de canal, achei um que estava passando futebol e deixei nele. Logo voltou com dois vestidos na mão e parou em minha frente.
- Qual dos dois? – ela falou estendendo-os para mim um vestido vermelho e um verde esmeralda..
- Acho que é melhor você vestir, assim vejo qual fica melhore.
Ela não disse nada, apenas foi para o quarto com os vestidos em suas mãos e alguns segundos depois voltou vestindo o vestido verde.
- Não gostei muito desse, não é para a ocasião, o que você achou?
- É, um pouco chique para uma festa na casa do Ted – respondi e ela caminhou de volta para o quarto. Logo voltou com o vestido vermelho.
- O que achou? – disse ela colocando o pé com um tênis em cima da mesa de centro, fiz uma careta negando, ela riu e se jogou no sofá ao meu lado.
- Tenho uma terceira opção que acho que vai ficar perfeito, mas você só vai ver amanhã.
- Tudo bem, Dona Mistério – brinquei e a abracei.
•••
Eu estava atrasado, a reunião demorou mais que o previsto, olhei no relógio e já eram 19:00, cheguei em casa apressado e ao entrar me deparei com parada em frente ao espelho da sala, ela estava linda com um vestido preto, uma jaqueta por cima, um conturbo preto com um salto baixo e o cabelo preso em um rabo de cavalo. Ela sorriu ao me ver na porta e veio até mim.
- Demorou, hein?
- A reunião foi mais longa do que eu esperava, vou tomar um banho rápido e a propósito, você está linda – ela sorriu e me deu um selinho.
Corri para o banheiro, tomei um banho rápido, peguei a primeira roupa de sair que vi no guarda roupa, passei perfume, calcei o sapato e voltei para sala. estava sentada no sofá, ao me ver levantou e pegou as chaves na mesa de centro, saímos de casa, descemos para a garagem e logo estávamos na rua, a casa de Ted não era muito distante da nossa, mas até para ir na esquina eu ia de carro. Logo chegamos a rua de Ted, estacionei em uma das poucas vagas disponíveis, caminhamos até a casa, que dava para ouvir o barulho do outro lado da rua, e ao entrar nos deparamos com várias pessoas, a casa estava cheia, cada canto tinha uma pessoa. Cumprimentei alguns conhecidos e fui procurar por Ted, a casa dele era grande, mas logo o achei na cozinha, assim que nos viu ele veio nos cumprimentar.
- ! ! – falou animado – estou feliz por tê-los em minha festa.
- É um prazer estar aqui, Ted, feliz aniversário – disse abraçando-o.
- E aí cara, feliz aniversário – também o abracei.
- Querem beber o quê? Tem de tudo um pouco – disse ele pegando um copo e enchendo com um liquido de procedência duvidosa.
- A gente procura algo para beber depois, vamos dar uma volta e cumprimentar alguns conhecidos.
Saímos da cozinha e fomos andar pela casa, à medida que andávamos, falávamos com algumas pessoas, até que encontrou uma colega de trabalho que era casada com um dos amigos de Ted, as duas engataram uma conversa e eu resolvi deixa-las à vontade, peguei uma cerveja e me juntei a alguns colegas de trabalho, um tempo depois eu já estava misturando outras bebidas, fui até a porta que dava para sala e procurei por , ela estava dançando com sua colega, estava feliz, sorrindo bastante e isso me fez sorrir, antes que eu desse um passo até ela Garrett, o chefe do setor de materiais da empresa, me puxou para a cozinha. Lá estavam algumas pessoas que eu não conhecia, reconheci apenas uma garota que era da empresa também, uma novata, havia conversado pouco com ela mas sabia que seu nome era Diandra. Garrett me empurrou até a garota que sorriu e me abraçou.
- Olá , como você está? – disse ela após me soltar.
-Oi Diandra, estou bem e você?
- Estou ótima – ela sorriu e deu uma golada na cerveja que estava em sua mão – toma, bebe isso aqui, tá uma delicia – ela pegou um copo, colocou uma bebida que parecia licor e me entregou.
- Obrigado – falei antes de virar o copo, a bebida era forte mas era gostosa, bebi mais uma dose, depois outra, e outra, e outra... Quando me dei conta já estava bêbado.
Minha mente estava bagunçava, eu estava conversando com Diandra e as palavras saiam sem eu pensar direito, ela ria e se aproximava mais de mim, as vezes acariciava meu braço ou meu rosto mas eu estava bêbado demais para interpretar aquilo, foi quando ela me puxou para um canto.
- Eu quero te beijar – disse ela se aproximando, me afastei um pouco, mas não o suficiente.
- Eu não posso, sou casado – falei tentando me afastar ela me puxava de volta.
- Não vai fazer mal, só um beijo, por favor – ela insistiu, tentei negar, mas ela me puxou ainda mais, foi aí que cedi e quando me dei conta estávamos nos beijando.
Ao finalizar o beijo olhei para o lado e meu coração parou ao encontrar parada nos encarando, me afastei rapidamente de Diandra mas antes de falar com ela balançou a cabeça em negação e correu, tentei ir atrás mas algumas pessoas atrapalharam a passagem, Garrett apareceu e me abraçou pelo ombro.
- Calma cara, depois vocês se resolvem , toma aqui outra bebida – disse colocando um copo na minha mão mas eu neguei.
- Não, tenho que procurar a , você pode me dar licença? – pedi e ele se afastou.
Sai da cozinha, procurei por ela na sala, nos quartos, no banheiro e não a achei um lugar algum, procurei pela colega dela que me disse que não sabia onde ela estava, eu já estava desesperado, fui pra rua ver se ela estava lá, haviam algumas pessoas na porta, perguntei se viram uma garota saindo da casa, eles disseram que sim mas não viram a direção que ela havia ido. Foi quando vi duas viaturas passando correndo, tive uma sensação ruim, um arrepio estranho pelo corpo, minha reação foi ir pelo caminho que a viatura seguiu. Não precisei andar muito, logo vi uma movimentação intenção em uma rua, ao me aproximar vi um carro parado, rastro de sangue no chão e alguns policiais próximos.
- O que aconteceu aqui? – perguntei a uma mulher que estava parada ao meu lado.
- Um acidente, uma garota foi atropelada, mas já foi levada para o hospital, pelo impacto foi bem grave – a mulher respondeu e meu coração gelou, não podia ser.
- Sabe o nome da garota? Como ela era? estava com qual roupa? – perguntei já ficando desesperado.
- Não sei nome, ela tinha cabelos longos e escuros, o rosto estava coberto por sangue, estava vestindo um vestido preto e uma jaqueta jeans.
Foi aí que eu me desesperei completamente, comecei a tremer, a mulher percebeu e perguntou se eu a conhecia, não respondi pois corri até um dos policiais, perguntei para qual hospital levaram a garota, ele não queria passar a informação mas informei que poderia ser minha namorada e ele me passou o nome do hospital, voltei correndo para a rua da casa de Ted, fui até meu carro, liguei e acelerei em direção a rua principal, durante o caminho desviei de vários carros, quase bati em alguns, mas não estava me importando. Cheguei no hospital pouco minutos depois, estacionei na garagem e corri para a porta de entrada.
Flashback end
Foi assim que a merda toda aconteceu, se ela está aqui agora a culpa é toda minha, me arrependo de tudo, de ter ido a festa, de ter bebido tanto, de ter a traído, uma mulher tão incrível como não merecia isso e essa culpa estava me sufocando, me matando, eu merecia toda dor eu estava sentindo. Não estava mais aguentando ficar ali, levantei e fui em direção ao corredor, eu precisava me desculpar, precisava pedir pra ela ficar, pedir mais uma chance. A porta do quarto estava fechada, abri lentamente, não havia ninguém além dela lá dentro, entrei rapidamente e fechei a porta. Caminhei até ela e senti uma dor imensa no coração ao encarar seu rosto, peguei sua mão machucada e segurei com delicadeza.
- Eu sei que cometi o pior erro do mundo, sei que você não merecia isso, mas quero pedir desculpa por isso, na verdade quero pedir desculpa por todos os momentos que falhei como namorado, quando não dei o apoio necessário quando perdemos nosso bebê, eu acho que dei espaço quando deveria ter ficado mais próximo mesmo contra sua vontade, eu sinto muito pelos últimos meses. Estou pedindo muito a Deus para você sair dessa, que você sobreviva, que me perdoe, que a gente construa nossa família no futuro, que possamos realizar todos os nossos sonhos e que esse episódio horrível fique para trás. Eu te amo muito, não me deixe, por fav...
Antes que eu pudesse terminar, as maquinas começaram a apitar, fiquei desesperado, uma enfermeira entrou no quarto e logo em seguida dois médicos, um segurança foi chamado para me tirar do quarto, tentei lutar contra, gritei, me debati mas em meio ao meu surto escutei o som que não queria e eu parei, olhei pela ultima vez para ela, a maquina indicava que ela havia partido, meu mundo havia acabado, eu perdi a pessoa que mais amava no mundo.
- O senhor não pode ficar sentado no chão do corredor – um dos funcionários do hospital falou. Eu tentei me levantar, mas minhas pernas estavam fracas, ele entendeu e me deu a mão, segurei sua mão, fiz força e levantei.
- Obrigado – foi o que consegui dizer.
- Você tem algum parente internado nessa ala ou está precisando de atendimento?
- Minha namorada está nesse quarto – apontei para a porta a minha frente.
- Você pode aguardar na sala de espera, não pode ficar no corredor, siga em frente e vire à direita que irá achar a sala de espera.
- Tudo bem, obrigado.
Segui o caminho que foi indicado, logo achei a sala de espera e sentei na primeira cadeira que encontrei. Eu deveria ligar para a mãe dela? Não, ela morava em outro estado e não iria adiantar nada, a sairia dessa, não iria precisar ter a presença dela aqui. Minha mente estava totalmente confusa, a palavra “CULPADO” piscava incansavelmente nela, eu estava totalmente arrependido, como pude fazer aquilo com a minha garota? Jogar tudo para o alto depois de tudo que já passamos, depois de tanto tempo juntos. Um flashback da nossa trajetória veio à tona, desde o momento em que nos conhecemos.
Dia ensolarado na cidade de Los Angeles, lá estava eu na praia com meus amigos, Francisco e Brian, aproveitando nossas férias, estávamos encantados com a cidade, planejando como seria nossa noite, Los Angeles era uma cidade incrível para passear tanto durante o dia, quanto durante a noite. Porém Francisco queria passear próximo ao hotel que ficava na praia de Santa Monica, Brian queria ir até uma boate e eu estava ali no meio para decidir. Quando iria dar minha resposta vi algo que chamou minha atenção, uma linda garota, com lindos cabelos castanhos e olhos da mesma mesma cor, ela estava com outra garota que nem prestei atenção, só consegui olhar para a morena, seu lindo sorriso e, como não sou de ferro, o corpo também. Ela estava caminhando a poucos metros de nós, parou em um ponto, estendeu uma canga na areia e se sentou. A partir daí não tirei mas os olhos dela, até Brian chamar minha atenção.
- Hey cara, presta atenção aqui, precisamos decidir para onde vamos, para de secar a garota.
- Me deixa, Brian! – dei um empurrão no ombro dele – vamos conhecer a noite de Los Angeles da melhor forma, vamos a uma boate.
Brian fez uma dancinha comemorativa, Francisco resmungou mas logo abriu um sorriso também. Eu desviei o olhar e voltei para a garota, ela ainda estava sorrindo, a amiga dela estava de frente pra nós e percebeu que eu estava olhando para lá e comentou alguma coisa com a garota que virou, olhou pra nós e quando percebeu que eu estava olhando virou o rosto rapidamente.
- Seu primeiro passo deu certo, quero ver qual será o segundo – disse Francisco.
Ok, a garota havia percebido que eu estava olhando para ela, ou para ela e a amiga, agora eu poderia tomar uma atitude, mas não sabia qual.
- Vai lá, gostoso, convida as duas para sair mais tarde com a gente e diz para a morena que seu amigo Brian está solteiro e cheio de amor pra dar – disse Brian com a maior cara safada.
- Primeiro que eu não vou lá, segundo que eu estou de olho justamente na morena, a loira pode ficar para você – respondi.
- Ótimo também, agora só falta você ir lá, mas como eu sei que você é devagar quando quer, eu vou lá e convido as garotas pra sair.
- Eu acho que você vai tomar um fora e será merecido, você é folgado demais – disse Francisco, Brian deu dedo para ele e levantou.
- Torçam pelo amigão aqui.
Ele limpou a bermuda suja de areia e começou a caminhar em direção as garotas, logo a loira percebeu e comentou algo com a morena, Brian chegou perto das duas e começou a conversar, elas responderam e sorriram para ele, logo ele se sentou no meio delas, queria saber o que estavam falando, Brian apontou em minha direção e as duas olharam. Conversa vai, conversa vem, vi Brian levantar, apertou a mão das duas, falou algo e se despediu. Quando virou para nós abriu o maior sorrisão.
- Me agradeça, – disse ele convencido – a morena se chama , a loira Kendra, são do Texas mas se mudaram para Los Angeles para conseguir um emprego legal, convidei as duas para sair conosco, disse que precisava de guias turísticos, elas ficaram um pouco relutantes mas aceitaram, me passou o telefone dela, como você está interessado, eu passo o numero e você fala com ela.
- Não estava muito confiante em você não, mas devo admitir que sua lábia é boa – disse Francisco e Brian sorriu convencido.
Eu olhei novamente para a morena, de nome , ela estava olhando para nós e sorriu para mim, sorri de volta e peguei o celular de Brian para passar o número dela para o meu.
Ao chegar no hotel, corri para o banheiro para tomar banho primeiro, tomei um banho gostoso e relaxante, quando sai Francisco já tava na porta para entrar, me enxuguei direito e deitei na minha cama.
- Vamos sair por volta das 21h, a gente deve achar um lugar legal para ficar nesse horário – disse Brian, que estava jogado no chão.
- Ótimo, vou falar com a garota agora.
Peguei meu celular, digitei “Olá , meu amigo falou com você e sua amiga na praia hoje”. Minutos depois chegou a resposta.
“Olá, um dos garotos da praia”
Pelo menos ela não deu o número errado.
“Pode me chamar de , tudo bem com você?”
Ela logo respondeu:
“Ok , estou bem e você?”
Respondi:
“Estou bem, estarei melhor mais tarde quando estivermos curtindo a noite de Los Angeles”
E ela respondeu:
“Ainda estou tentando decifrar se vocês não são maníacos que vão nos atacar, mas ainda assim estou animada para a noite”
Eu ri e digitei:
“Não somos maníacos, pelo contrário, talvez sejamos os caras mais bobões que vocês vão conhecer na vida”
Poucos segundos depois ela respondeu:
“Hahaha essa eu quero ver, já conheci vários bobões na vida, tá? Mas enfim... que horas e para onde vamos?”
Respondi rapidamente:
“Queremos sair por volta das 21h, está bom para vocês? E para onde vamos não temos ideia, vamos seguir vocês”
E ela respondeu:
“21h está ótimo, então vamos levar vocês a um lugar ótimo, mais tarde te passo o endereço e a gente se encontra lá, ok?
Respondi:
“Ok, estarei aguardado”
Ela por fim disse:
“Ok, até mais tarde”
Depois disso deixei o celular de lado e resolvi tirar um cochilo.
Sorri lembrando de como foi o nosso primeiro contato, me encantei por ela desde o primeiro momento em que a vi, agora eu estava ali naquela sala chorando, me sentindo tão culpado por, de certa forma, ter colocado a garota mais importante da minha nessa situação, mas as lembranças continuavam vindo a minha mente.
Era por volta das 21:30, os garotos e eu estávamos no local marcados, chegamos um pouco antes das garotas para não fazê-las esperar, mas pelo visto elas se atrasaram, ficamos conversando e observando a movimentação, parecia um local bem frequentado e agitado, dava para ouvir de longe a música tocando, quando Brian avistou e Kendra descendo de um carro, virei imediatamente para olhar e fiquei feliz demais com a visão, ambas estavam lindas, mas estava maravilhosa com um vestido preto com renda, um salto não muito alto da mesma cor, seus cabelos estavam soltos e o batom vermelho chamava atenção nos seus lábios.
Assim que nos viram elas caminharam até nós três.
- Olá, garotos, boa noite – disse Kendra num tom animado.
- Boa noite, garotos da praia – disse .
- Boa noite – respondemos os três ao mesmo tempo.
- Animados para curtir a noite de Los Angeles com as melhores companhias – disse .
- Estávamos ansiosos para isso – Brian respondeu.
- Vamos entrar logo, quero beber como nunca mais fiz – disse Kendra.
As garotas foram na frente, entramos na fila que estava enorme, mas elas conheciam o segurança que nos deu as pulseiras e entramos sem esperar muito. Nesse tempo Kendra explicou que já havia trabalhado ali e tinha acesso facilitado por conhecer todos os funcionários do local. Ao adentrar na boate a música alta invadiu meus ouvidos, tocava Rihanna, Kendra foi logo até o bar e Brian se ofereceu para ajudar, ficamos , Francisco e eu curtindo a música em um dos cantos, começamos a conversar, perguntei a algumas coisas sobre ela, ela disse que tinha 20 anos, havia se mudado para Los Angeles há quase dois anos pois era o sonho dela e de Kendra, ela trabalhava em um escritório de advocacia como secretária, mas seu sonho era ser atriz, antes que prosseguíssemos Brian e Kendra voltaram com garrafas de cerveja nas mãos, dali iniciamos uma noite memorável, conversa vai, conversa vem, Brian e Kendra estavam flertando, Francisco já estava em outro canto beijando uma garota e eu estava conversando com , mas já queria algo mais.
- Posso te confessar uma coisa? – falei próximo ao ouvindo dela e ela balançou a cabeça, autorizando – Desde o momento em que te vi na praia eu te achei uma garota linda, agora conversando percebi que é boa de papo também, uma mulher extraordinária, nesse momento eu queria muito te dar um beijo.
- Eu iria amar beijar sua boca agora – ela respondeu,
Sorri e me aproximei, ela fechou os olhos e entreabriu os lábios, antes de iniciar o beijo parei e admirei seu rosto, ela era realmente linda, não resisti e logo juntei nossos lábios, meu corpo todo esquentou, passei meus braços por sua cintura e ela colocou os seus no meu pescoço. Não sei quanto tempo o beijo durou, só sei que eu não queria sair dali mas foi preciso, finalizamos o beijo com um selinho e nos afastamos.
- Estou procurando defeitos em você mas até agora não encontrei – falei e ela sorriu.
Eu jamais esqueceria esse momento, nosso primeiro beijo, não sei explicar mas acho que comecei a me apaixonar por ela ali, curtimos tanto aquela noite e no final ficou um gostinho de quero mais, ainda conversamos por mensagem ao chegar em casa, marcamos de nos encontrar no dia seguinte, fomos almoçar em um restaurante, demos mais alguns beijos, a noite Kendra e ela foram até o hotel, jogamos jogo de cartas, bebemos e comemos. No dia seguinte e eu marcamos de sair para jantar e foi assim durante todos os dias das minhas férias, conheci lugares incríveis, saímos, fomos nos conhecendo ainda mais, eu sentia que estava diante da mulher mais incrível do mundo, tivemos diversos momentos que seriam inesquecíveis para mim, e em meio aos nossos encontros tivemos nossa primeira noite juntos, uma noite maravilhosa que se estendeu até a manhã do dia seguinte, nunca me senti tão bem ao acordar ao lado de uma pessoa, Mas as férias não duraram para sempre, o dia de ir embora chegou e a despedida doeu, e Kendra foram nos levar até o aeroporto, nos despedimos com um beijo demorado e ao entrar no avião eu senti um vazio e uma tristeza enorme. Achei que perderíamos contato mas ao chegar em Denver eu recebi uma mensagem dela. continuamos conversando todos os dias, durante meses, ela falava sobre sua rotina e eu sobre a minha, fazíamos videochamada e foi em uma delas que resolvi tomar uma atitude.
- Olá, baby boy – disse ao atender a ligação.
- Olá, baby girl – respondi.
- Como você está? Seu dia foi tranquilo? – ela perguntou.
- Foi ótimo, fiz algumas coisas que estavam pendentes e adiantei outras, e o seu?
- Trabalhei bastante, o dia foi bem produtivo também.
- Realmente, você tá com uma cara de cansada, parece que foi atropelada por um caminhão – brinquei e ela me xingou.
- Você é um idiota, pelo menos eu continuo linda com cara de cansada.
- Realmente, você fica linda de qualquer jeito – falei e ela sorriu – posso te falar uma coisa?
- Da última vez que você disse algo parecido, nos beijamos na Select – ela disse sorrindo – mas pode falar.
- Eu achei que depois de voltar para casa eu iria seguir minha vida normalmente, mas não consigo, só penso em você o dia todo, sinto saudade dos nossos momentos, de você, da sua boca, dos seus beijos e não consigo tirar isso de mim – desabafei e ela ficou surpresa com a revelação.
- Nossa, eu não esperava por isso – ela falou ainda surpresa – eu achava que só eu sentia falta dos nossos dias juntos, não vou mentir, tentei sair com outros caras mas tudo que vinha a minha mente era você e suas brincadeiras que me tiravam várias risadas, eu sinto saudade de você e dos nossos momentos.
- Queria muito morar próximo a você, para estar ao seu lado todos os dias – falei.
- Eu também, você me proporcionou os melhores dias da minha vida, queria viver isso sempre.
- Eu acho que vou para Los Angeles novamente nas minhas próximas férias ou em algum feriado prolongado – sugeri.
- Eu vou amar, sério – ela respondeu animada.
- Enquanto isso a gente namora virtualmente – brinquei.
- Sério? Namoro virtual? – ela questionou, parece que levou a sério, eu nunca pensei nessa possibilidade.
- Você acha que daria certo?
- Nunca fiz isso, nem passou pela minha cabeça.
- Na minha também não, mas se você quiser tentar...
- Você quer? – ela falou e dava pra ver expectativa em seus olhos.
- Quero – respondi rapidamente.
- Então somos webnamorados a partir de hoje.
- Sim, webnamorados.
E foi assim durante 1 ano, ficamos namorando virtualmente, eu ia até Los Angeles pelo menos uma vez ao mês, em um feriado ela veio até Denver me visitar, mas com o tempo a saudade começou a apertar, queríamos passar mais tempo juntos, eu já não tinha mais vontade nenhuma de ficar em Denver, foi aí que decidi morar em Los Angeles, planejei tudo, guardei minhas economias, conversei com meu chefe que conseguiu uma vaga para mim em uma grande empresa em Los Angeles e seis meses depois eu me mudei de vez pra cá, no início morei junto com e Kendra mas com o tempo aluguei meu próprio apartamento, veio morar comigo e passamos de namorados a praticamente casados, tínhamos nossa rotina, nossos empregos, conseguiu um cargo melhor na empresa em que trabalhava, nós tínhamos um salário que dava para ter uma boa qualidade de vida, estava tudo indo bem, com três anos de namoro fizemos uma viagem a Orlando, era fã de Potter e chorou ao entrar no parque temático na Disney, durante essa viagem tivemos uma grande descoberta: estava grávida, fiquei extremamente feliz, comemoramos muito, guardamos a notícia para contar a todos apenas quando descobríssemos o sexo, mesmo sendo ansiosa, mas aos três meses de gestação tivemos a pior notícia: ela havia sofrido um aborto espontâneo. Foi horrível para nós individualmente e como casal, mal olhava para mim, não nos beijávamos como antes, não tínhamos relações sexuais, ela se enfiou no trabalho e só chegava em casa para comer e dormir, haviam noites em que ela levantava para chorar em outro cômodo, eu a respeitava e apenas ficava dentro do quarto escutando. Mas um dia eu cansei de ver a situação da minha namorada, chamei ela para conversar, no início ela resistiu mas depois de toda minha insistência ela desabafou em meio as lágrimas e contou que estava se sentindo deprimida, ficava a todo momento pensando no nosso anjinho e isso a deixava totalmente abalada, decidimos que ela começaria a fazer terapia com uma psicóloga. No início ela piorou, falar sobre o acontecido a machucava, mas aos poucos as coisas foram melhorando, com quatro meses de terapia ela já estava bem melhor, estávamos voltando com nossa rotina aos poucos, em passos lentos, mas estávamos voltando. E foi aí que aconteceu o acidente, estávamos na primeira festa após o ocorrido e eu cometi o pior erro da minha vida, me arrependo de tudo, até do dia em que a convidei para ir.
Eu havia acabado de chegar em casa, estava cansado do dia de trabalho, como sempre já estava em casa, sentada no sofá assistindo uma série, cheguei perto dela e dei um beijo na bochecha, ela sorriu e virou-se para mim
- Boa noite, amor – disse ela.
- Boa noite, meu amor – respondi – vou tomar um banho rápido e volto.
Ela assentiu e eu fui em direção ao banheiro, entrei, tomei um banho rápido, logo estava na sala novamente, ela estava na cozinha mas logo voltou para sala com um bolo em uma mão e uma jarra de suco em outras, ajudei a colocar as coisas na mesa de centro e ela foi a cozinha pegar o resto, voltou e se juntou a mim no sofá.
- Como foi seu dia? – perguntei me servindo com uma fatia de bolo.
- Foi tranquilo, nada muito agitado, e o seu?
- Tive alguns problemas, mas Ted me ajudou a resolver. A propósito, amanhã é aniversário dele, ele nos convidou, você quer ir?
- Há meses não vamos a uma festa, se você quiser ir, nós vamos – ela respondeu.
- Eu adoraria, mas só se você realmente se sentir confortável de ir.
- Eu estou, vai ser bom para nós – ela respondeu e eu dei um selinho demorado nela.
As coisas ainda não voltaram ao normal entre a gente, aos poucos voltávamos a conversar como antes, a nos beijar, a nos tocar, mas parecia que ela estava com medo de engravidar novamente, em quatro meses tivemos não mais que três relações sexuais, eu respeitava o espaço dela mas tinha minhas próprias vontades, era obrigado a optar pela masturbação, mas não era a mesma coisa, eu queria tentar fazer sexo com ela, mas não queria mais uma vez receber um não.
- Amor? No que está pensando? – falou tirando-me dos meus pensamentos.
- Coisas do trabalho, não se preocupe.
- Que horas é a festa? – ela mudou de assunto e eu agradeci mentalmente.
- Amanhã nós teremos reunião de tarde, deve acabar por volta das 18:00, eu venho em casa, tomo um banho rápido e a gente vai.
- Então preciso escolher minha roupa logo hoje, afinal, preciso da sua opinião e amanhã não vai dar tempo – ela falou levantando do sofá, antes que eu respondesse algo ela correu para o quarto.
Fiquei na sala e aproveitei para mudar de canal, achei um que estava passando futebol e deixei nele. Logo voltou com dois vestidos na mão e parou em minha frente.
- Qual dos dois? – ela falou estendendo-os para mim um vestido vermelho e um verde esmeralda..
- Acho que é melhor você vestir, assim vejo qual fica melhore.
Ela não disse nada, apenas foi para o quarto com os vestidos em suas mãos e alguns segundos depois voltou vestindo o vestido verde.
- Não gostei muito desse, não é para a ocasião, o que você achou?
- É, um pouco chique para uma festa na casa do Ted – respondi e ela caminhou de volta para o quarto. Logo voltou com o vestido vermelho.
- O que achou? – disse ela colocando o pé com um tênis em cima da mesa de centro, fiz uma careta negando, ela riu e se jogou no sofá ao meu lado.
- Tenho uma terceira opção que acho que vai ficar perfeito, mas você só vai ver amanhã.
- Tudo bem, Dona Mistério – brinquei e a abracei.
Eu estava atrasado, a reunião demorou mais que o previsto, olhei no relógio e já eram 19:00, cheguei em casa apressado e ao entrar me deparei com parada em frente ao espelho da sala, ela estava linda com um vestido preto, uma jaqueta por cima, um conturbo preto com um salto baixo e o cabelo preso em um rabo de cavalo. Ela sorriu ao me ver na porta e veio até mim.
- Demorou, hein?
- A reunião foi mais longa do que eu esperava, vou tomar um banho rápido e a propósito, você está linda – ela sorriu e me deu um selinho.
Corri para o banheiro, tomei um banho rápido, peguei a primeira roupa de sair que vi no guarda roupa, passei perfume, calcei o sapato e voltei para sala. estava sentada no sofá, ao me ver levantou e pegou as chaves na mesa de centro, saímos de casa, descemos para a garagem e logo estávamos na rua, a casa de Ted não era muito distante da nossa, mas até para ir na esquina eu ia de carro. Logo chegamos a rua de Ted, estacionei em uma das poucas vagas disponíveis, caminhamos até a casa, que dava para ouvir o barulho do outro lado da rua, e ao entrar nos deparamos com várias pessoas, a casa estava cheia, cada canto tinha uma pessoa. Cumprimentei alguns conhecidos e fui procurar por Ted, a casa dele era grande, mas logo o achei na cozinha, assim que nos viu ele veio nos cumprimentar.
- ! ! – falou animado – estou feliz por tê-los em minha festa.
- É um prazer estar aqui, Ted, feliz aniversário – disse abraçando-o.
- E aí cara, feliz aniversário – também o abracei.
- Querem beber o quê? Tem de tudo um pouco – disse ele pegando um copo e enchendo com um liquido de procedência duvidosa.
- A gente procura algo para beber depois, vamos dar uma volta e cumprimentar alguns conhecidos.
Saímos da cozinha e fomos andar pela casa, à medida que andávamos, falávamos com algumas pessoas, até que encontrou uma colega de trabalho que era casada com um dos amigos de Ted, as duas engataram uma conversa e eu resolvi deixa-las à vontade, peguei uma cerveja e me juntei a alguns colegas de trabalho, um tempo depois eu já estava misturando outras bebidas, fui até a porta que dava para sala e procurei por , ela estava dançando com sua colega, estava feliz, sorrindo bastante e isso me fez sorrir, antes que eu desse um passo até ela Garrett, o chefe do setor de materiais da empresa, me puxou para a cozinha. Lá estavam algumas pessoas que eu não conhecia, reconheci apenas uma garota que era da empresa também, uma novata, havia conversado pouco com ela mas sabia que seu nome era Diandra. Garrett me empurrou até a garota que sorriu e me abraçou.
- Olá , como você está? – disse ela após me soltar.
-Oi Diandra, estou bem e você?
- Estou ótima – ela sorriu e deu uma golada na cerveja que estava em sua mão – toma, bebe isso aqui, tá uma delicia – ela pegou um copo, colocou uma bebida que parecia licor e me entregou.
- Obrigado – falei antes de virar o copo, a bebida era forte mas era gostosa, bebi mais uma dose, depois outra, e outra, e outra... Quando me dei conta já estava bêbado.
Minha mente estava bagunçava, eu estava conversando com Diandra e as palavras saiam sem eu pensar direito, ela ria e se aproximava mais de mim, as vezes acariciava meu braço ou meu rosto mas eu estava bêbado demais para interpretar aquilo, foi quando ela me puxou para um canto.
- Eu quero te beijar – disse ela se aproximando, me afastei um pouco, mas não o suficiente.
- Eu não posso, sou casado – falei tentando me afastar ela me puxava de volta.
- Não vai fazer mal, só um beijo, por favor – ela insistiu, tentei negar, mas ela me puxou ainda mais, foi aí que cedi e quando me dei conta estávamos nos beijando.
Ao finalizar o beijo olhei para o lado e meu coração parou ao encontrar parada nos encarando, me afastei rapidamente de Diandra mas antes de falar com ela balançou a cabeça em negação e correu, tentei ir atrás mas algumas pessoas atrapalharam a passagem, Garrett apareceu e me abraçou pelo ombro.
- Calma cara, depois vocês se resolvem , toma aqui outra bebida – disse colocando um copo na minha mão mas eu neguei.
- Não, tenho que procurar a , você pode me dar licença? – pedi e ele se afastou.
Sai da cozinha, procurei por ela na sala, nos quartos, no banheiro e não a achei um lugar algum, procurei pela colega dela que me disse que não sabia onde ela estava, eu já estava desesperado, fui pra rua ver se ela estava lá, haviam algumas pessoas na porta, perguntei se viram uma garota saindo da casa, eles disseram que sim mas não viram a direção que ela havia ido. Foi quando vi duas viaturas passando correndo, tive uma sensação ruim, um arrepio estranho pelo corpo, minha reação foi ir pelo caminho que a viatura seguiu. Não precisei andar muito, logo vi uma movimentação intenção em uma rua, ao me aproximar vi um carro parado, rastro de sangue no chão e alguns policiais próximos.
- O que aconteceu aqui? – perguntei a uma mulher que estava parada ao meu lado.
- Um acidente, uma garota foi atropelada, mas já foi levada para o hospital, pelo impacto foi bem grave – a mulher respondeu e meu coração gelou, não podia ser.
- Sabe o nome da garota? Como ela era? estava com qual roupa? – perguntei já ficando desesperado.
- Não sei nome, ela tinha cabelos longos e escuros, o rosto estava coberto por sangue, estava vestindo um vestido preto e uma jaqueta jeans.
Foi aí que eu me desesperei completamente, comecei a tremer, a mulher percebeu e perguntou se eu a conhecia, não respondi pois corri até um dos policiais, perguntei para qual hospital levaram a garota, ele não queria passar a informação mas informei que poderia ser minha namorada e ele me passou o nome do hospital, voltei correndo para a rua da casa de Ted, fui até meu carro, liguei e acelerei em direção a rua principal, durante o caminho desviei de vários carros, quase bati em alguns, mas não estava me importando. Cheguei no hospital pouco minutos depois, estacionei na garagem e corri para a porta de entrada.
Foi assim que a merda toda aconteceu, se ela está aqui agora a culpa é toda minha, me arrependo de tudo, de ter ido a festa, de ter bebido tanto, de ter a traído, uma mulher tão incrível como não merecia isso e essa culpa estava me sufocando, me matando, eu merecia toda dor eu estava sentindo. Não estava mais aguentando ficar ali, levantei e fui em direção ao corredor, eu precisava me desculpar, precisava pedir pra ela ficar, pedir mais uma chance. A porta do quarto estava fechada, abri lentamente, não havia ninguém além dela lá dentro, entrei rapidamente e fechei a porta. Caminhei até ela e senti uma dor imensa no coração ao encarar seu rosto, peguei sua mão machucada e segurei com delicadeza.
- Eu sei que cometi o pior erro do mundo, sei que você não merecia isso, mas quero pedir desculpa por isso, na verdade quero pedir desculpa por todos os momentos que falhei como namorado, quando não dei o apoio necessário quando perdemos nosso bebê, eu acho que dei espaço quando deveria ter ficado mais próximo mesmo contra sua vontade, eu sinto muito pelos últimos meses. Estou pedindo muito a Deus para você sair dessa, que você sobreviva, que me perdoe, que a gente construa nossa família no futuro, que possamos realizar todos os nossos sonhos e que esse episódio horrível fique para trás. Eu te amo muito, não me deixe, por fav...
Antes que eu pudesse terminar, as maquinas começaram a apitar, fiquei desesperado, uma enfermeira entrou no quarto e logo em seguida dois médicos, um segurança foi chamado para me tirar do quarto, tentei lutar contra, gritei, me debati mas em meio ao meu surto escutei o som que não queria e eu parei, olhei pela ultima vez para ela, a maquina indicava que ela havia partido, meu mundo havia acabado, eu perdi a pessoa que mais amava no mundo.
FIM
Nota da autora: Sem nota.
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