Finalizadas em 16/07/2022
Music Video: Touch My Body - Mariah Carey

Capítulo 1


Após virar quase toda a madrugada participando de um campeonato de jogo online, o que se esperava para o dia seguinte era acordar atrasado e chegar tarde no trabalho. E foi exatamente o que aconteceu. trabalhava em uma empresa de instalação de câmeras de segurança, e o seu chefe não ficou nada contente com o seu atraso, já o recebendo com a cara fechada e lhe falando do primeiro serviço que prestaria logo cedo.
— What’s up, ? — Isaac, um grande amigo de e que trabalhava junto com ele, o cumprimentou com uma animação incomum.
— E aí, beleza? — Os dois fizeram o cumprimento de mãos especial deles, e o mais novo prosseguiu. — Você sabe quem vai comigo agora?
— Não, eu nem sabia que você ia atender cliente agora cedo. — Isaac respondeu. Era apenas três anos mais velho que , mas igualmente nerd. Os dois se deram bem logo que se conheceram e, tendo tanto em comum, era de se esperar que logo ficassem amigos.
continuou a caminhar até a sala de sua supervisora, para saber melhor sobre o cliente que atenderia logo cedo. Taylor era uma mulher de trinta e poucos anos, que aparentava ser muito mais nova. Era inteligente, loira e de olhos claros, e recebeu o mais jovem com um sorriso doce no rosto. Era muito mais fácil lidar com ela do que com o Sr. Peters, o dono da empresa.
— Meu benzinho, o serviço de hoje nem era para você, mas ele decidiu te mandar porque se atrasou. — Taylor falava de maneira carinhosa, em um tom de lamento. — Então, deixa eu te resumir: Houve uma queda de luz na região, e as milhares de câmeras de segurança dessa mansão começaram a falhar depois que tudo normalizou. Preciso que você verifique o que houve, e tente consertar logo. O pedido da cliente foi bem claro: urgência e discrição. Com o único inconveniente de ser bem longe daqui, e esse foi o motivo que o Peters resolveu te “castigar” e te mandar para esse serviço.
— Tudo bem. Eu errei, não tenho do que reclamar. Onde seria? — O rapaz a observou fazer uma pequena pausa antes de responder.
— Long Beach. — Falou, por fim, fazendo-o arregalar os olhos.
— Long Beach? Mas… Mas… fica há umas seis horas daqui. — A empresa onde trabalhavam era a mais antiga e conhecida da Califórnia naquele ramo, e possuíam outras filiais. trabalhava em uma das primeiras fundadas, que residia em São Francisco, onde ele nasceu e vive até hoje.
— Eu sei, benzinho. — Respondeu a mulher, com um tom de pesar, lamentando a situação do mais novo. — Recebemos o pedido aqui, e eu ia enviar para a nossa filial de Santa Barbara resolver... — Ela explicava, mas ele logo a cortou.
— Era o mais óbvio a se fazer, né?! Lá é muito mais perto do que aqui. — Seu tom de indignação era claro, mas ele jamais teria coragem de falar assim com seu chefe.
— Mas infelizmente são ordens do patrão. Eu tentei convencê-lo, te juro.
— Eu sei. Acredito em você, Tay. — Respondeu, ainda de braços cruzados e a cara fechada. A loira sorriu docemente, tentando confortá-lo de alguma forma.
— Olha, hoje o Sr. Peters vai embora logo depois do almoço, então fazemos assim: vai logo resolver isso, e quando você voltar fica dispensado por hoje e amanhã, tudo bem?
— Não quero te arrumar problemas...
— Eu me resolvo com ele depois. Aliás, é capaz de que ele nem descubra porque amanhã ele não vem aqui.
— Então é melhor eu ir logo. Quanto mais rápido for, mais rápido volto.
— Isso! — Disse, feliz por tê-lo animado um pouco. — Ah, você vai com o carro da empresa, mas caso acabe demorando e ficando tarde pra voltar, procure uma pensão ou algum lugar pra dormir. Vou colocar na conta da empresa, já que essa ideia idiota de te mandar para um lugar longe foi do Sr. Peters. — Os dois riram com a pequena vingança que ela planejou contra o homem que submeteu a tal esforço.
era muito querido na empresa. Sendo o caçula, sua inteligência e timidez eram alguns de seus charmes, e era tratado sempre com muito carinho por todos, como se fosse um irmão mais novo. Bem, quase todos. O senhor Peters gostava do rapaz, o achava prestativo e inteligente, mas tinha lá suas implicâncias, e isso era com todos os funcionários que desrespeitavam minimamente alguma regra.
O garoto despediu-se de Isaac, e pegou o equipamento necessário, buscando o carro da empresa que iria dirigir e seguiu seu longo e demorado caminho até Long Beach. Não pegou trânsito, pelo menos, e colocou músicas para tocar no rádio e isso fez com que o caminho fosse menos tedioso, fazendo-o ficar mais calmo e simplesmente aceitando o que precisaria fazer, evitando se aborrecer por algo que não poderia desfazer ou mudar.
Chegou mais rápido do que imaginava, e admirou-se com o tamanho da mansão que iria atender. O grande portão cinza abriu somente após ele se identificar na portaria, e então entrou com o carro pelo extenso e bonito jardim, estacionando próximo à entrada. Saiu do veículo, segurando a caixa de ferramentas e equipamentos mais importantes em mãos – voltaria ao carro para buscar outra coisa, caso fosse necessário – e seguiu até a grande porta de entrada. Foi parado por um segurança, e precisou se identificar novamente, mostrando o seu crachá e fazendo o homem encarar o objeto e o seu rosto por muitas vezes, até que finalmente começou a falar.
— A senhorita está descansando e não deseja ser incomodada. Portanto todo o silêncio é pouco. O caminho para a sala das câmeras é: vire a direita e siga reto, até encontrar uma porta escrito "Sala de segurança. Área restrita". — O homem, que devia ter uns dois metros de altura, indicou. Sua voz grossa e sua cara de mau humorado assustaram um pouco. O segurança o deu passagem, e o mais novo começou a seguir o caminho indicado.
era o sobrenome da dona da mansão em que estava. Será que ela morava sozinha naquele lugar imenso? Devia ter muito dinheiro, isso era óbvio. Aquele sobrenome lhe era muito familiar, pois pertencia à uma atriz muito conhecida pelo rapaz. Mas embora a menção ao sobrenome o tenha feito automaticamente lembrar da mulher, ele sequer cogitou a possibilidade de estar na casa dela.
Virou à direita e seguiu reto até o fim do corredor, não encontrando a tal porta que lhe fora indicada. Chegou até a cozinha, onde a porta da geladeira estava aberta e parecia ter alguém ali. Decidiu se aproximar com cuidado, e perguntar num tom baixo, com medo de que sua voz ecoasse naquele imenso lugar e acabasse acordando a dona da casa.
— Com licença, boa tarde! Pode me dizer onde fica a sala da segurança?
— Por que está sussurrando? — Perguntou a mulher, ainda atrás da porta da geladeira.
— Para não acordar a dona da casa. — O rapaz respondeu, num tom igualmente baixo, e a dona da voz saiu de trás do eletrodoméstico que a cobria, mostrando quem era.
— Acho que ela já está acordada. — Respondeu sorrindo, num tom de voz um pouco mais alto, e a primeira reação de foi abrir a boca e arregalar os olhos.
era a dona da voz com quem ele falava. Uma atriz muito famosa em Hollywood, responsável por dar vida à uma personagem icônica no cinema: uma princesa de outra galáxia, em uma saga de filmes. Era super linda, sexy e muito querida pelos fãs. Tanto a atriz, quanto a personagem. Querida especialmente pelos rapazes fãs de fantasia científica, que enxergavam a mulher como uma deusa. Inclusive, de todas as paixões platônicas por atrizes que já teve, a que tinha por aquela mulher fora a mais duradoura e significativa de todas. Isso justificou sua reação de ficar petrificado ao encontrá-la ali, falando diretamente com ele.
Para melhorar – ou piorar, depende do ponto de vista – ele começou a reparar no que ela estava vestindo. Uma lingerie roxa, coberta por um roupão com mangas compridas de seda da mesma cor, que estava amarrado porém deixava uma parte de seu colo à mostra, fazendo com que ele reparasse em seu sutiã. O robe, entretanto, era comprido até os joelhos, de forma que suas belas pernas não estavam ao alcance dos olhos de . Engoliu em seco, nervoso com a situação e envergonhado com seus pensamentos. Não era o tipo de cara que objetificava mulheres, mas ver ali tão de perto, ao vivo e a cores, a mulher que tem sido parte importante de seus sonhos – eróticos e românticos – nos últimos sete anos, era difícil não ficar imaginando coisas.
— M-me desculpa, senhorita . Eu não... — Ele desviou o olhar, encarando o chão. Talvez assim conseguisse falar melhor, sem encarar a bela mulher à sua frente. — Não queria acordá-la. Me desculpe.
— Tudo bem, não foi você quem me acordou. — Respondeu enquanto ria, achando graça da reação do garoto. Não era primeira vez que um rapaz reagia assim perto dela, mas era sempre engraçado e divertido. Não de uma maneira debochada, mas achava encantador como um rapaz adulto poderia ficar desconcertado perto dela. — Como você se chama?
. . — Apresentou-se, mexendo com as mãos nervosamente na alça da maleta que carregava consigo, e ainda encarando o chão, vez ou outra erguendo o olhar à ela para não parecer rude. — Eu vim consertar as câmeras de segurança.
— Ah sim, estávamos mesmo esperando. Demoraram… — A atriz comentou, dando um gole no suco que segurava em mãos e se aproximando um pouco mais dele.
— É porque eu sou de São Francisco. Vim de carro.
— E não tinha uma filial mais perto? Eu jurava que tinha uma em Santa Barbara… — A mulher disse, franzindo o cenho.
— E tem. Meu chefe me mandou como castigo, porque cheguei um pouco atrasado. — Não resistiu a revirar os olhos ao confessar, o assunto o fazendo distrair-se e ficar um pouco menos tenso diante daquela situação.
— Que babaca! — respondeu, com um tom irritado por imaginar o ocorrido, e o garoto riu. Dessa vez ergueu o olhar de vez e fitou-a nos olhos. Ela sorriu, e ele sorriu junto, de maneira automática, encantado em como ela parecia ainda mais linda do que ele imaginou. Ali tão simples e natural, diferente do que todos veem na mídia. — Você está meio perdido aqui, não é? A sala das câmeras de segurança é do outro lado.
— Mas eu segui pelo lado direito, como me indicaram. — comentou, franzindo o cenho. Tinha certeza que havia seguido o caminho certo.
— Foi o Kevin quem te indicou, não foi? — Ela perguntou retoricamente, já revirando os olhos. Ele não saberia responder o nome do homem, mas não precisaria, pois ela sabia que a resposta era sim. — Aquele cara precisa aprender a diferença de direita e esquerda. Ele era meu motorista e perdeu essa função porque me atrasou umas dezessete vezes para gravação, entrevista, ou algo assim. Vem cá, deixa eu te levar onde você vai ficar.
seguiu caminho, e ele virou para segui-la, indo para a direção oposta de onde ele veio antes. Continuaram a seguir o extenso corredor, até no fim encontrarem a tal porta preta com os dizeres que o segurança havia indicado. A atriz abriu a porta, e deu espaço para ele passar.
— Fique à vontade. Qualquer coisa, você já sabe onde fica a cozinha, e o banheiro é logo aqui ao lado. — Apontou. — Eu só peço discrição, por favor. A casa está tranquila e sem paparazzis porque a mídia acha que viajei de férias. Então, por favor, nada de enviar mensagens ou postar em alguma rede social sobre isso, tudo bem? — Pediu educadamente, com o sorriso mais gentil possível, e o rapaz apenas assentiu positivamente com a cabeça. — Bom, vou voltar ao meu merecido descanso. Bom trabalho, . Foi um prazer te conhecer. — Ela sorriu, e fechou a porta para ir embora. O rapaz apenas acenou com a mão, ainda muito surpreso com toda a situação.
pensou naquele momento, e tomou a atitude mais rápida que já teve em sua vida. Pensou que aquela oportunidade era única, e ele jamais teria outra chance tão incrível quanto esta. Abriu a porta, e avistou a mulher quase na metade do corredor. O jeito que ela andava era tentador, e alguns poderiam dizer que ela rebolava de propósito, mas aquele era simplesmente seu jeito de caminhar. Sua sensualidade era natural, genuína. A silhueta bem marcada na lingerie, e o roupão de seda amarrado na cintura deixava claro o quão definida era aquela região de seu corpo. Demorou alguns segundos para criar mais coragem, respirando fundo, até que finalmente gritou seu nome.
! — Gritou, fazendo sua voz ecoar por todo o corredor. A mulher parou de andar, e virou-se para ele, esperando que falasse. correu até ela, e com um sorriso bobo no rosto, acabou confessando. — Desculpe chamar pelo seu nome, a gente não tem nenhuma intimidade. Eu sei que a senhorita pediu para não ser incomodada, mas é que eu sou muito fã do seu trabalho, especialmente da Princesa Lena. — A personagem que ela fazia, a mulher sorriu com o comentário, enquanto o rapaz continuava a tagarelar, enquanto mexia com as mãos nervosamente. — Eu te acompanho há uns sete anos, sempre fui ao cinema assistir aos seus filmes, vejo suas entrevistas, sei tanto sobre você. Eu até tenho um pôster do seu filme na porta do meu quarto. — Ele deixou escapar uma risada envergonhada, e ela riu junto. — Eu sei que eu devo estar soando como um maníaco agora, mas é que… Você deve conhecer fãs o tempo inteiro, mas essa é uma oportunidade única na minha vida que não sei se vai se repetir, então eu gostaria muito de pedir uma coisa. Se houver possibilidade, é claro. Eu gostaria muito de um autógrafo, ou uma foto, qualquer coisa. Qualquer... qualquer lembrança desse dia. Mesmo que seja algo que eu guarde só para mim, eu nem quero sair por aí espalhando sobre isso, é só… só para eu não esquecer. Que eu te conheci. E que te vi assim, tão de pertinho.
a encarou com expectativa, os olhos chegavam a brilhar e isso arrancou um sorriso verdadeiro de . A mulher parou um tempo, analisando o rapaz. Sentia sinceridade em sua fala, e era sempre agradável quando um fã lhe tratava com respeito, o que era bem difícil se tratando de homens. Já havia lidado com alguns que lhe pediam foto e tentavam roubar-lhe um beijo, alguns eram mais caras-de-pau e pediam o beijo, e outros ainda mais ousados já lhe pediram alguma peça de roupa íntima. Já chegou a um ponto onde precisou prestar queixa à polícia por assédio. Era muito mais fácil lidar com as fãs mulheres, até mesmo as que eram atraídas sexualmente por mulheres, porque elas sempre se respeitavam mais. Então, percebendo a sinceridade e em gratidão ao respeito de , ela sorriu de maneira simpática, ficando encantada com a gentileza e inocência do olhar rapaz.
— Eu acho que tenho uma ideia. — Falou com um sorriso animado, e fez o mesmo. Era inevitável sorrir ao ver os belos dentes expostos de enquanto o fitava. Ela o encarou por mais alguns segundos, e só então completou sua fala: — Algo que você, certamente, não vai esquecer. — A mente do rapaz viajou rapidamente em diversas possibilidades, mas nunca em nenhuma delas poderia imaginar o que realmente viria a acontecer nas horas seguintes.

Capítulo 2


caminhou em silêncio pela enorme mansão, enquanto a seguia lado a lado igualmente silencioso, embora em sua mente rodeasse diversas perguntas que optou por mantê-las apenas para si, por enquanto. Passaram pelo longo corredor, e chegaram a uma escadaria onde a mulher subiu primeiro e o mais novo a acompanhou. Logo que chegaram ao fim, ficou ainda mais surpreso com a quantidade de portas que viu, e preocupado com o quanto mais precisaria andar até chegar ao destino que a atriz planejou. Para sua sorte, ela parou de frente a uma das primeiras portas, e virou-se para encará-lo, estampando um sorriso singelo em seu rosto.
— Eu tenho um pouco de ciúmes desse quarto, e não trago qualquer um aqui. Então, espero que goste. E não quebre nada, por favor! — Seu tom era sério, ao mesmo tempo tão delicado que era impossível se chatear ou sentir pressionado. apenas concordou com a cabeça e assentiu positivamente, animado e ansioso.
abriu a porta, e entrou no local, dando espaço para ele entrar em seguida. Fitava o rosto do rapaz na intenção de captar a sua reação, e ficou feliz por vê-lo com os olhos brilhando e um sorriso bobo no rosto. Tratava-se do quarto de recordações da atriz, onde ela guardava prêmios, estatuetas, cartas e presentes de fãs, pôsteres enormes e oficiais, além de uma réplica idêntica da roupa da personagem mais famosa dela, a qual foi responsável por fazer – e quase todos os garotos da idade dele – apaixonar-se por ela. A roupa da Princesa Lena ficava dentro de uma enorme caixa de vidro bastante limpa, e o mais jovem aproximou-se lentamente, admirado e com as mãos coçando para tocar. Passeou os olhos por todo o local, vendo tudo o que era possível alcançar com sua visão, embora sua real atenção sempre se voltasse para o enorme vidro contendo o icônico figurino da mulher. Tantos anos sonhando em vê-la ao vivo o usando, e agora só de ver a vestimenta já lhe dava uma sensação maravilhosa.
— Gostou? — Perguntou a atriz, depois dos minutos de silêncio.
— Se eu gostei? Eu adorei! — Falou animado, ainda olhando ao redor. Voltou o seu olhar para ela em seguida. — Isso é incrível, senhorita . Meu sonho é ter um quarto assim, cheio de coleções de Star Battle. — Falou sobre o filme que a mulher estrelava.
— Que bom que gostou!
— Ei, isso daqui não são coisas do filme? — Perguntou num tom curioso, sua atenção novamente voltada aos objetos ao redor.
— São sim. Eu pego algumas coisinhas de lembranças do set. Nem sempre tenho permissão, então isso é um segredo nosso, tudo bem?
— Claro! — Os dois riram, e sentiu uma sensação boa por saber algo pessoal da mulher que tanto admirava. E era realmente um segredo, e não aqueles segredos que colocam em capas de revistas: “Descubra segredos de ”, quando na verdade só dizia coisas que todos já sabiam. Aquilo sim era algo pessoal da mulher, e além dela, apenas ele era o guardião daquele segredo.
— Você gosta de ler os quadrinhos e os livros? — Ela perguntou, enquanto ele ainda fuçava com os olhos o que mais tinha no quarto.
— Gosto muito. Faço coleção. Pelo menos dos que posso comprar.
— Você tem o quadrinho número um do Star Battle?
— Quem me dera! Esses primeiros são muito raros, consequentemente, muito caros. — Respondeu, em tom de lamento. Não observou quando a mulher se afastou brevemente, e quando notou ela já estava ao seu lado, segurando um pequeno bloco com algumas HQs.
— Esses são os cinco primeiros quadrinhos de Star Battle. Se você quiser, são seus. — A mulher ofereceu, com um sorriso nos lábios. arregalou os olhos, e gaguejou um pouco antes de realmente conseguir dizer algo.
— M-mas… senhorita , eu não posso aceitar. Como conseguiu isso?
— Ok, primeiramente, vamos cortar isso de senhorita. Me chame de . E segundo, bem… ganhei da editora. Eu nunca os li, para ser sincera.
— Você não gosta de Star Battle? — Perguntou, surpreso e chocado.
— Eu adoro Star Battle! Amo trabalhar com essa história, amo a minha personagem e todo o universo criado pelo autor, mas eu não era uma fã antes de ser chamada para atuar nos filmes. Não me entenda mal, eu adoro o que faço, mas não sou um exemplo de pessoa ligada no mundo geek. Acredito que você fará um proveito muito melhor desses quadrinhos do que eu. — Esticou os braços para lhes entregar as revistas, mas ele receou em receber.
— Senhorita , eu não posso…
. — Ela o interrompeu. — E sim, você pode, e deve! Você foi tão gentil comigo, deixa eu te retribuir e te dar uma lembrança do dia de hoje. — Depois da insistência dela, alguns segundos mais e pegou as cinco HQs da mão da mulher, que sorriu com a atitude. Ele sorriu de volta, um sorriso extremamente animado, quase infantil, e aquilo aqueceu o coração da intérprete da princesa Lena.
— Obrigado, senhori… — Ele mesmo se interrompeu quando viu a careta reprobatória dela, com uma sobrancelha arqueada. — . Obrigado, .
— Por nada. Quer comer alguma coisa? Antes de voltar ao trabalho. — Ofereceu, e ele assentiu timidamente com a cabeça.


Os dois desceram de volta, e no curto caminho até a cozinha, ela respondeu algumas dúvidas que ele tinha sobre como funcionava o set. Coisas básicas que se perguntam em entrevistas, e ele, como um bom fã, já tinha assistido à todas e sabia das respostas, mas ouvi-la dizer pessoalmente e diretamente à ele era uma outra sensação, e ele estava aproveitando cada segundo.
Chegaram ao cômodo, ele se sentando depois da mulher quase insistir. Sua timidez e nervosismo o deixando extremamente acanhado. Sentia-se como se estivesse invadindo a privacidade de alguém ou sendo mal educado. Primeiro porque a chamara de , como ela mesma pediu, e segundo por sentar-se numa cadeira em sua cozinha, ainda que ela própria tenha oferecido. Embora estivesse adorando estar ali, corroía-se por dentro a todo momento ao pensar na possibilidade da atriz o achar um folgado. Ela jamais pensaria isso, mas temia que pudesse acontecer.
falou algumas opções do que poderiam comer, e depois de decidirem, levou os alimentos à mesa onde os dois se serviam; sempre com seu jeito bastante tímido e contido. Preparou um pão com queijo e presunto, enquanto ela optou por umas torradas com creme de ricota, e serviu os dois copos de suco. gostava de comer coisas leves e precisava manter seu corpo em forma, enquanto não poderia se importar menos com quantas calorias seriam ingeridas ou não durante aquela refeição.
— Quantos anos você tem mesmo, ?
— Tenho vinte e um. — Ele não perguntou de volta porque imaginou que não seria delicado, e além do mais, ele sabia que ela tinha vinte e seis.
— E você está na faculdade?
— Eu só comecei no ano passado. — Respondeu sem entrar muito em detalhes sobre os seus problemas financeiros terem interferido na sua entrada em uma universidade. — Eu curso Engenharia Elétrica.
— Hum, então você é mesmo inteligente. — Comentou, admirada. — Eu sou péssima com qualquer coisa relacionada à matemática. Uso calculadora até para conferir troco, mesmo que seja pouco dinheiro. — Admitiu, soltando uma risada e o outro a acompanhou.
Os dois alternavam entre mastigar os seus sanduíches e conversar. E assim levaram os próximos minutos, falando sobre coisas aleatórias da vida, contando brevemente da infância e ela perguntando muito mais do que ele porque, como um bom fã, ele já a conhecia o bastante. Sabia que sempre havia mais o que descobrir, mas ele ainda não teria coragem de lhe fazer certas perguntas íntimas. Ela era uma estrela de Hollywood, afinal, não era como se estivessem em um encontro e ele pudesse perguntar certas coisas.
— Não acredito que você seja tão boa no vídeo game como diz. Eu aposto que te ganharia em uma partida de Fifa. — comentou, assim que os dois acabaram de comer e continuaram a conversar aleatoriedades sem perceber o tempo passar. semicerrou os olhos, parecendo indignada por ele ter dito aquilo.
— Está me desafiando, ?
— Desculpe, senhorita. N-não foi minha intenção. — Sua expressão mudou, e ficou sério, quase petrificado e com medo de ter estragado a boa relação que os dois pareciam estar construindo.
— Eu estou brincando, . — Desmontou a pose e caiu na gargalhada. Ele suspirou aliviado, e soltou uma risada em nervosismo. — Mas, se você me chamar de e não de senhorita, eu posso te levar até a minha sala de jogos e te mostro que estou dizendo a verdade.
— É sério? — Perguntou o rapaz, sempre no seu tom surpreso e animado. — Mas, eu ainda preciso consertar as câmeras. Já está ficando tarde.
— Ah, depois você vê isso. Eu aposto que é um problema que você resolve fácil. E aí, vai perder a oportunidade de perder para mim no vídeo game? — Perguntou num tom desafiador, com a sobrancelha erguida.
— Olha, não pense que só porque eu tenho crush em você eu vou pegar leve, hein? — Ele falou animado, e só então se deu conta do que disse, fechando o sorriso e arregalando os olhos. — Quer dizer…
— Tudo bem, eu também não vou pegar leve só porque você me elogia e é um fã da princesa Lena, ok? — Respondeu de uma maneira que não desse ênfase no que ele disse, tentando evitar constrangimento. Logo agora que ele estava sentindo-se um pouco mais espontâneo e falando sem gaguejar ou sem receios de dizer algo, não queria estragar tudo trazendo novamente à tona a fala dele. estava gostando da conversa, e de descobrir um lado mais descontraído de . Mas algo martelou em sua mente, e fora justamente o fato de ter gostado de ouvir sobre o sentimento do mais novo a respeito dela. Era incomum ter sentido aquela sensação estranha no estômago ao escutar aquilo, já que não era a primeira vez que ouvia isso de um fã. Mas, por algum motivo, aquele momento parecia diferente. Aquele garoto parecia diferente.
— Fechado! — Ele respondeu, aliviado e voltando a se animar.


Foram até a sala de jogos, que era enorme e super tecnológica, contendo até mesmo jogos mais simples como uma mesa de sinuca, uma de pebolim e outra de air hockey. Uma grande televisão e os aparelhos de videogame estavam do outro lado, e os dois chegaram até ali animados enquanto pegavam os controles sem fio para iniciar uma partida de FIFA. era péssimo com futebol, mas quando se tratava de jogá-lo no videogame, ele era incrivelmente bom. O rapaz só não contava com o fato da atriz ser ainda melhor, e ter vencido com maestria na primeira rodada.
— Seis a dois. Que surra, hein? — Ela brincou, mas ele como um bom perdedor que sempre era, apenas riu de sua derrota, achando a atriz ainda mais incrível e se encantando por ela mais a cada minuto.
— Isso é um talento seu que eu jamais imaginaria. Quer dizer, eu já te vi dizer numa entrevista que gostava, mas existe uma grande diferença entre gostar de videogame e ser tão boa a ponto de vencer um cara que a única coisa que fez durante toda a infância e adolescência foi jogar vídeo game. — Apontou para si, indicando que era dele mesmo que falava.
— Mas você é um ótimo jogador. Só que eu tenho três irmãos mais velhos que faziam piada de mim por não jogar direito. Eu sou uma péssima perdedora, devo confessar, e aquilo mexeu com meu ego. Eu virei noites treinando, escondida deles, e aí um dia apostei com os três e ganhei. — Contou a história, fazendo uma pose orgulhosa no fim. — Comprei um belo par de sapatos no fim de semana que ganhei alguns bons dólares com aquela aposta. Eles nunca mais me zoaram, e eu ainda ganhei um hobby. — Finalizou, deixando o rapaz surpreso com o que ouvira.
— ‘Tá aí uma coisa que você nunca disse em entrevista.
— Acho que não é bem o tipo de história que gostam de ouvir. — Ela deu de ombros, ao confessar. Seu tom mudou para um mais cabisbaixo, e ele não entendeu o porquê.
— Eu não acho. Eu, por exemplo, adorei saber disso.
— Porque você é um tipo de fã diferente. Existem poucos como você por aí. A maioria só quer mesmo saber do profissional, como assuntos dos bastidores ou momentos com o elenco, e até aí tudo bem, eu não me importo em responder. Mas os outros que querem saber da vida pessoal, só perguntam sobre os caras que eu saio, ou as confusões que falam sobre mim na mídia. Até sobre a minha roupa íntima já perguntaram, sabia? — Revirou os olhos ao explicar, lembrando-se de entrevistas que passou por momentos de saia justa.
— Eu lembro daquela entrevista vergonhosa que o cara perguntou se você usava calcinha por baixo do figurino da Princesa Lena. Como se isso fizesse alguma diferença na nossa vida. — dizia, lembrando-se como se sentiu aborrecido pela pergunta indiscreta.
— Ah, então você assistiu… Mas, bem, eu não fiquei quieta daquela vez. — Podia-se notar um certo tom de orgulho em sua fala.
— Eu lembro, e achei o máximo. — Os dois riram, lembrando-se de como o entrevistador ficou constrangido com a resposta irônica da atriz. — Hollywood pode ser bem suja às vezes, pelo visto.
— Infelizmente, sim. Muitas vezes. — Assentiu tristemente com a cabeça, mas então ajeitou sua postura, bateu uma palma e forçou um sorriso. — Mas não vamos perder tempo falando sobre podres da mídia. Vamos nos divertir!
Voltaram a jogar mais uma partida, e dessa vez deixou qualquer sentimento de bondade de lado e direcionou todo o seu foco para vencer o jogo. O resultado não foi exatamente ótimo, apenas conseguiu alguns gols, mas ao menos havia vencido dessa vez. Três a dois. Pela primeira vez em sua vida, não se sentiu irritada por perder, e aquela sensação boa de leveza e risadas era estranhamente boa. Apoiou o controle do vídeo game no próprio colo e virou-se para ele.
— E então, , eu já te disse muito sobre mim e você é sempre muito vago sobre você. Já sei onde trabalha, o que estuda, que seu chefe é um babaca, que tem a Taylor, sua supervisora que você adora e ela adora você, Isaac é o seu melhor amigo… Mas eu quero algo novo. Me diga algo interessante. O que você faz por hobby além do vídeo game?
— Ah, eu… — Pensou se deveria dizer, e certamente não parecia uma boa opção. — Gosto de ler, assistir filmes, maratonar séries… — A atriz o interrompeu.
— Pode parando! Está dizendo coisas óbvias. Me diga algo diferente, algo incomum. Eu sinto que você está escondendo algo. — Ela o instigou a dizer, e ele sentiu as bochechas esquentarem no mesmo instante. Certamente estava corado, e ficou em silêncio alguns segundos, pressionando os lábios um contra o outro, antes de decidir, enfim, responder.
— Eu faço cosplay. Isaac e eu temos um grupo de amigos que sempre vai nesses eventos, e a gente combina o que vestir.
— Isso parece divertido! Me fala quais você já fez. Por favor, me diga que já fez de Star Battle! — Disse animada. Conhecia o talento das pessoas que se dedicavam à isso, porque todas as vezes em que ia a alguma Comic-Con ou eventos parecidos, tinha alguém com algum cosplay interessante, inclusive da própria saga a qual ela participava.
— Já fiz o Ash, do Pokemón, o Itachi, do Naturo, e o meu favorito: o Homem-Aranha. — Contava animado, deixando a timidez de lado. Não tinha porque se envergonhar, afinal era um bonito e trabalhoso hobby, deveria se orgulhar de sua dedicação. — E em Star Battle, eu já fiz o Dan Solo, e uma amiga minha foi a Princesa Lena.
— Amiga? Só amiga? — Perguntou, curiosa, e sentindo um estranho incômodo. Não era ciúmes de sua personagem, porque adorava os fãs que se vestiam com a roupa de sua protagonista.
— É, ela é namorada do Isaac agora. — Respondeu, sem perceber nenhuma alteração na mulher.
— Ah, sim… — Disse com o sorriso aliviado. — E você não tem namorada?
— Não tenho. — respondeu pressionando os lábios, e ela sorriu. Ele não entendeu.
— Você tem um sabre de luz? — mudou de assunto de repente, e o rapaz franziu o cenho enquanto uma risada divertida escapava.
— Eu? Quem me dera. O valor daquilo está totalmente fora do meu alcance. — explicou, em tom de lamento. — Pelo menos daqueles que parecem com os do filme. Quando fizemos o cosplay em grupo, meus amigos e eu assistimos aqueles vídeos do Youtube e tentamos fazer. Ficou péssimo, mas deu para o gasto. — Comentou, rindo enquanto se lembrava dos momentos com os amigos.
— Então vem cá. — levantou-se rapidamente do sofá, enquanto o rapaz unia todas as suas forças para manter seu instinto de querer olhar o corpo da mulher coberto apenas pelo roupão de seda.
Foi atrás dela logo depois, e a observou abrir uma enorme caixa presa na parede e retirar dois sabres de luz de lá. Os olhos do rapaz chegavam a brilhar, e ela sorria animada quando apertou no botão que deixava acesa a luz roxa do objeto, a mesma cor do sabre de luz de sua personagem na franquia.
— Uau! Parece muito real! Eu… eu posso? — Pediu, receoso, e ela prontamente esticou o outro para ele.
segurou o sabre de luz e acendeu, vendo a luz azul acender. O ambiente em que estavam era claro, mas era possível perceber o quão forte a lâmpada do objeto era, a ponto de conseguir enxergar perfeitamente bem. Os detalhes eram incríveis, exatamente como ele imaginava que seriam os do filme. ganhava muitos daqueles itens de colecionadores, e mesmo não sendo aquele tipo de fã, ela adorava manter o que considerava importante, e os sabres de luz certamente faziam parte desse grupo.
— Um dia eu vou conseguir comprar todos esses. De todas as cores. — Comentava baixinho, sabendo que ela poderia ouvir, mas falava mais consigo mesmo. Seus olhos ainda estavam focados no item em suas mãos.
— Uma pena que esses sejam de vidro, porque seria divertido uma luta de sabres de luz com você. Eu te venceria, com certeza. — disse, confiante, e só então ele a fitou.
— A Princesa Lena me venceria com certeza. Já você… Não sei não. — Ele provocou de volta, e riu depois ao perceber a reação indignada dela. Ao mesmo tempo, a atriz gostava dessa versão do rapaz menos contido e mais natural, sem agir tão timidamente perto dela.
— Lá vem você me desafiar de novo… Vou te dar uma surra de sabre de luz igual te dei no vídeo game. — Ela deu alguns passos mais perto dele, o mais próximo que já haviam estado desde que se conheceram. Não era o suficiente para que seus corpos se tocassem, mas conseguia sentir o perfume da mulher, e rapidamente retesou as costas em demonstração de nervosismo pela proximidade. — Não pense que seus olhinhos sedutores e sorriso adorável vão me fazer fraquejar, viu? Não vou facilitar para você, . — A brincadeira quase não era perceptível devido ao tom de voz sério da mulher, os olhos castanhos fixos nos dele, que por mais apreensivo que estivesse, se via preso naquele olhar e não conseguia desviar sua visão para nenhum outro lugar.
— E-eu também não vou. Facilitar. Não vou facilitar para você… senhorita? Não! Quer dizer, . Ou melhor, . É, vou te chamar pelo sobrenome também. — Enrolou-se com as palavras, fazendo a atriz sorrir e achar adorável o que, se fosse com outra pessoa, possivelmente acharia bobo. — Não vou facilitar para você, . — Repetiu a fala, com um pouco mais de firmeza. A atriz deu um passo à frente, e por mais que o instinto ansioso de o fizesse dar um passo para trás, ele se forçou a se manter imóvel.
— Ah, não vai, ? — Mais um passo, e agora era possível ouvir a respiração pesada do rapaz. sentia o hálito quente dela, e aquilo o deixou inebriado. — Então me mostre como você não vai facilitar para mim. Deixe-me ver o seu talento com o sabre de luz.
A fala de era quase explicitamente sexual, e o seu tom de voz baixo e aveludado deixava isso claro para qualquer um. Exceto para , que jamais imaginaria que a mulher lhe diria qualquer coisa com aquela intenção. E o que estava acontecendo com , afinal? Quem a conhecia ou a acompanhava pela mídia, sabia o tipo de homem que ela estava acostumada a sair: altos, fortes, cheios de personalidade, dinheiro, carros do ano e sempre com seus nomes em listas de “os homens mais gatos de Hollywood”. O sorriso malicioso e o olhar sedutor da mulher eram instigantes, mas o técnico de informática apenas enxergava aquilo como uma provocação, e nem em seus sonhos mais insanos conseguiria imaginar uma realidade onde desejaria beijá-lo. E só Deus sabe o quanto ela queria aquilo. engoliu em seco, ansioso e esforçando-se para não voltar a gaguejar, quando deu dois passos para trás, afastando-se e esticando o sabre de luz.
— Tudo bem. Vou te mostrar. Olha só, essa é a cena do treinamento dos Jedi.
E foi assim que o rapaz começou a simular a cena de um dos aprendizes enquanto treinavam. Conhecia o filme bem o suficiente para saber cada movimento que o ator fazia, e então ele representou com maestria. prendeu o riso quando reparou o que estava acontecendo. Sua risada não continha ironia ou deboche, mas com certeza estava surpresa pela atitude do rapaz. Talvez ele não tenha entendido suas intenções, mas também era possível que ele não quisesse se envolver com ela por algum motivo. Poderia estar apaixonado por outra, ou simplesmente não queria estragar a imagem que tinha da mulher. Seja qual fosse a opção, aquele havia sido o momento em que cortou o clima que tentou estabelecer.
Mas estava enganado quem pensasse que ela desistiria assim.
E agora ela o assistia encenar o momento do treinamento, com um sorriso bobo no rosto e reparando o quão parecido com o ator do filme eram os movimentos dele. Realmente um fã. Mas se achava que a mulher iria desistir de beijá-lo, estava enganado.

Capítulo 3


Alguns minutos mais e a pequena encenação de havia chegado ao fim, e aplaudiu a curta performance. Elogiou o empenho e mencionou o quão parecido havia ficado com a cena real. Talvez, com o diretor certo e as câmeras posicionadas adequadamente, o rapaz conseguiria ser um bom dublê. Sua expressão corporal era incrível, além da desenvoltura. Nem parecia o garoto tímido que acabara de gaguejar por nervosismo ao receber uma investida de , uma mulher deslumbrante e mais velha que ele; consequentemente, era mais experiente, e aquilo assustava um pouco.
— Você pratica exercícios? — Foi a pergunta da atriz, que ficou curiosa para entender sobre a habilidade dele.
— Não muito. Às vezes eu gosto de correr com o Isaac. E eu fazia ginástica na época da escola. — explicou-se, enquanto arrumava o sabre de luz para guardá-lo. Não fitava a mulher, o que era bom para sua timidez, já que se ele a visse naquele momento, encararia uma que o fitava com um olhar ferino, desejoso.
A atriz já havia saído com ginastas, e sabia bem como o corpo deles era perfeitamente bem definido, e aquilo a deixou apenas mais curiosa para saber o que escondia debaixo daquela camiseta. Levou o dedo mindinho à boca, balançava o corpo enquanto o observava guardar o sabre de luz e esboçava um sorriso despudorado em seu rosto, imaginando um pequeno plano para instaurar novamente um clima entre os dois. Talvez devesse, primeiro, deixá-lo confortável, e já havia percebido que quando ele jogava parecia muito mais leve e despreocupado, então foi assim que a ideia começou.
— Quer jogar mais alguma coisa? Video game de novo? — ofereceu, assim que percebeu que ele já havia guardado o sabre de luz em seu devido lugar. — Ou quer perder para mim na sinuca? Quem sabe o pebolim ou o air hockey? — Ela instigou, com o sorriso zombeteiro nos lábios. semicerrou os olhos, forjando uma expressão de indignação.
— Na sinuca ou no pebolim, talvez eu perca, mas no air hockey sem chance. — Ele dizia, confiante, e ela sorriu como se sentisse orgulho.
— Hum, ok. Então vamos no air hockey, já que você está se achando o bonzão. — A mulher provocou novamente, e os dois rumaram em direção à mesa de air hockey.
Cada um se posicionou de um lado, e pegou o pequeno disco e o pôs sobre a mesa. Jogou o taco dele e lançou um último olhar desafiador, murmurando um “boa sorte” e então começaram a jogar. Foram preciso poucos minutos para que marcasse sete pontos e nenhum, e então ela pediu uma pequena pausa para dar continuidade ao seu plano.
— A gente pode tornar isso mais interessante. Uma aposta, que tal?
— Não posso apostar dinheiro. Nem tenho tanto assim.
— Tudo bem, podemos apostar, por exemplo, um shot de tequila? — Sugeriu, como se a ideia tivesse surgido naquele momento.
— Nunca tomei tequila. Acho que não seria bom eu me embebedar. Eu ainda estou aqui a trabalho, inclusive… — Ele dizia, mas ela o cortou.
— Inclusive nada, esquece isso. Relaxa que não temos pressa sobre as câmeras. Agora sobre você se embebedar: qual é? Estou levando uma surra, não marquei nenhum pontinho. Certeza que vou beber mais do que você. — dizia, confiante de que ele iria aceitar. titubeou um pouco, mas deu de ombros e concordou.
A dona da mansão buscou dois copos, colocou um próximo a ele e o outro próximo à ela, e então os preencheu com o líquido da garrafa de tequila. Voltou à sua posição na mesa, e então começaram mais uma partida. Seis minutos depois, ela já estava tomando sua segunda dose. estava acostumada com bebidas, de forma que sabia que aquilo demoraria a surtir algum efeito sob seu corpo e sua mente, mas o seu plano não estava funcionando. A ideia era fingir ser péssima para ele aceitar a aposta envolvendo bebidas, mas o que ela não sabia era que mesmo ela dando tudo de si, ainda era muito melhor do que ela no air hockey, então ela decidiu mudar de tática.
— Olha, esse é o meu quarto shot seguido. — reclamou, após beber pela quarta vez seguida. Haviam passado mais alguns minutos do jogo, e ela ainda não conseguira marcar um pontinho sequer. — Esse jogo não está justo. Você deveria tomar pelo menos um shot. Ou então vamos para a sinuca e aí sim eu te faço tomar vários shots.
— Olha, eu… eu não sei. Acho que… — Ele próprio se interrompeu, quando percebeu que ela caminhou rapidamente em sua direção e estava próxima demais.
— Você disse que topava o jogo das bebidas, não pode dar para trás agora. — Ela dizia firme, mas no segundo seguinte mudou o tom para um mais meigo. Até mesmo fez um biquinho, aquele que usava para conseguir o que queria de alguém. — Por favorzinho, .
— Está bem, está bem. — Ele cedeu, e sorriu quando a viu sorrir.
Os dois caminharam até a mesa de pebolim, e em quinze minutos havia tomado mais um shot e estava indo para o seu terceiro. Não era acostumado a beber, e logo após o primeiro já se sentia diferente. O que foi muito bem aproveitado por , que se beneficiou da repentina visão levemente turva de para meter dois gols seguidos, o que significava dois shots seguidos. Mais alguns minutos e o terceiro gol estava lá, rendendo o terceiro shot do técnico de informática. Haviam perdido a noção do tempo, mas certamente estava indo para seu sétimo shot, enquanto permaneceu no shot número cinco. O rapaz começou a rir à toa, e parecia cada vez mais leve e descontraído. ria junto. Não pela situação dele, mas por seu plano estar funcionando e de bônus por estar vendo o sorriso lindo e adorável de seu novo amigo.
— Senhorita , acho que eu deveria parar. — Dizia ele, sem conseguir parar de rir.
— Ih, voltou a me chamar de senhorita? Acho que precisa beber mais então. Ok, nova regra: a cada vez que me chamar de senhorita, mais um shot.
— Então estou devendo um. — brincou, pegando o shot e virando mais um. Os dois riram logo depois, e o clima espontâneo estava se construindo ali aos poucos. — Eu não tinha visto aquilo! É seu também? — Apontou para a enorme pista de carrinhos com controle remoto, já caminhando em direção.
— Não, é do meu sobrinho. Eu deixo aqui para quando vier me visitar.
— Sempre quis ter um quando era criança.
Assim que ele falou, já agachado no chão e olhando o brinquedo, usou o pé para empurrar o controle dos carrinhos na direção dele, já segurando o seu próprio e com uma sobrancelha erguida, o olhar insinuando que aquela seria mais uma competição valendo shots de tequila. Sem dizer nada, ele demonstrou concordar no minuto em que apertou o botão para iniciar, e ela fez o mesmo. A pista não tinha um fim, então não havia como saber quem venceria, e eles só perceberam isso depois de quase três minutos apertando o botão e observando os carrinhos se moverem pela pista. Os dois riam, encontrando divertimento em algo simples e que, qualquer pessoa que visse a cena, não entenderia o humor. Talvez a bebida estivesse influenciando, ou talvez eles apenas se divertiam na presença um do outro sem precisar de muito.
O carrinho dele alcançou o dela, e com o choque entre os dois objetos, o carrinho que a atriz conduzia estava fora da pista. voltou a rir, e ela fez uma expressão fingida de quem estava irritada. Sem que ele percebesse, ela levantou e foi buscar sua Nerf e rapidamente voltou, já apertando para lhe atirar um dos objetos no braço. A visão turva por conta do álcool fez com que ela acertasse em sua perna, o que fez com que ele levasse a própria mão até a região atingida e massageasse. Olhou para ela com uma expressão de quem sentia dor, mas logo substituiu por um sorriso quando viu a risada dela como uma criança que estava prestes a aprontar alguma travessura. Mais uma vez, ele presenciava a mulher em um momento totalmente diferente do que ela se mostrava para a mídia: doce, gentil, divertida, e com um sorriso encantador e brincalhão. Muito diferente da mulher sempre sexy e super sexualizada que a mídia imprimia.
jogou o outro lançador de dardos de brinquedo na direção dele, que pegou no ar um pouco desajeitado, quase deixando cair, o que arrancou mais algumas risadas dos dois. Ofereceu mais um shot a ele, que tomou logo depois de vê-la fazer o mesmo. O corpo dos dois se esquentou ainda mais, no mesmo segundo, e logo começaram a atirar enquanto se afastavam para direções opostas. Não era uma brincadeira muito justa, se fôssemos analisar friamente. não conhecia a casa como , o que facilitava para que ela se escondesse. Além de ambos estarem alcoolizados, o rapaz havia bebido alguns shots a mais somado ao fato de que era completamente inexperiente com álcool. O que resultava em um de visão turva e muito perdido, sendo pego totalmente de surpresa quando apareceu por trás de si com sua risada alta. No susto, o rapaz virou-se rapidamente, mas não estava com o corpo firme o suficiente, e a consequência havia sido os dois estirados no chão.
O corpo da atriz repousava sobre o dele, e ambos começaram a rir da situação. Nenhum dos dois havia percebido ainda o quão arriscado era que seus corpos estivessem com tanta proximidade, e foi a primeira a notar. A mulher mordeu o lábio inferior, fitando sua boca com um olhar de desejo. Só então pareceu acordar para a realidade, e sentir muito claramente a sensação do corpo quente da atriz sobre si. O robe que ela vestia pareceu não cobri-la tão bem, de modo que ele conseguia sentir sua pele macia em contato direto com a pele dele. largou a Nerf que segurava e apoiou a mão no chão, a outra repousava sobre o peitoral dele, ainda coberto pela camiseta. Os cabelos caíam por seus ombros, pelo lado direito. Aproximou o rosto lentamente do rosto dele, os olhos bem abertos mirando profundamente no olhar assustado dele. Seus narizes se encostaram, era possível que sentissem a respiração um do outro, e isso foi o suficiente para que ele se quedasse completamente paralisado. A mão de que estava sobre o peito dele conseguia sentir os batimentos cardíacos do rapaz. A sensação a fez sorrir, segundos antes de finalmente fechar os olhos no mesmo momento em que seus lábios se encostaram.
Foram necessários alguns segundos até que pudesse compreender o que estava acontecendo, e só então fechou os olhos para aproveitar do beijo. era intensa, como em tudo o que fazia na vida, e o desejo que passou a sentir pelo técnico alguns minutos atrás, cresceu rapidamente dentro dela, de forma que o beijava como se o desejasse há anos. Suas mãos ágeis percorriam pelos braços dele, apertando levemente algumas regiões e sentindo cada músculo bem desenhado do mais jovem. O beijo, que havia começado suave, agora era mais ardente, cheio de energia e luxúria. , por outro lado, tocou a cintura da mulher, completamente envergonhado e sem saber muito bem o que fazer. Não, ele não era virgem ou totalmente inexperiente, mas nem mesmo em seus sonhos eróticos conseguia ser um exemplo de homem que sabia o que fazer durante uma sessão de amassos com a maior paixão platônica de sua vida.
E foi então que as coisas mudaram. A ansiedade nos toques de , o desejo de sentir cada pedaço do corpo de , o fez realizar o que estava acontecendo ali. E um receio de fazer algo errado e decepcioná-la o dominou. De repente, o coração disparado dele não era mais de um bom nervosismo, e sim o tipo ruim, o tipo de nervosismo que lhe deixava mal. separou o beijo, um pouco assustado, e empurrou gentilmente a atriz para que ele pudesse se afastar. A respiração de ambos estava descompassada, mas a decepção de era maior do que qualquer outra coisa. Não pela atitude dele, mas por pensar em qual seria o motivo para que ele não quisesse mais beijá-la. Por ser um fã que, inclusive, já havia admitido ter uma paixão platônica por ela, acreditou que não seria um problema e que aquilo seria como um sonho realizado para ele. Então, qual seria o motivo dele para que quisesse parar? Será que ela beijava tão mal assim?
não se explicou, e também não perguntou. Ele tinha medo de que ela perguntasse, e ela tinha medo de ouvir a resposta. Geralmente, a atriz sabia como sair bem de uma situação embaraçosa, porque como uma mulher forte, independente e sensual vivendo em Hollywood, ela precisou com urgência aprender a lidar com esse tipo de momento. E eles aconteciam com bastante frequência, pode acreditar. Mas ali, onde ela estava cheia de expectativas de que seria um cenário agradável e tranquilo, havia se tornado um momento constrangedor o qual ela não havia se preparado. Abriu e fechou a boca umas duas vezes, sem conseguir emitir som algum. Pensava em como continuar com o assunto sem deixar o clima ainda mais esquisito, mas quem acabou tomando essa iniciativa - surpreendendo à ela e a si mesmo - foi .
— Sabe a… — Ele fez uma pausa, limpando a garganta. — A roupa da Princesa Lena?
— Claro. O que tem ela?
— Você já… — Mais uma pausa, dessa vez ele desviou o olhar e encarou os próprios dedos, que brincavam, nervosamente, um com o outro. — Já usou? Alguma vez?
— Aquela, em especial, não. — o olhou com os olhos semicerrados, reprimindo um sorriso. Era sempre adorável vê-lo tão tímido. A mulher ficou curiosa para entender as intenções dele. — Por que a pergunta?
— Nada, eu… eu… Só fiquei me perguntando se você usaria. E se me deixaria tirar uma foto com você usando o figurino. Seria incrível! — falou, agora mais animado. sorriu junto, feliz com o pedido. Sua mente devassa e seu corpo carregado de desejo a fizeram pensar que poderia ser uma boa oportunidade para tentar alguma coisa novamente. Quem sabe ele não estava, indiretamente, pedindo que ela usasse a fantasia porque era um fetiche sexual? Bom, não era mentira dizer que sim, a achava extremamente sensual com a roupa, por mais que não fosse decotada ou algo do tipo, mas certamente o seu pedido não havia sido feito com essas intenções. Seu pedido havia sido puro e ingênuo.
— Acho uma ideia excelente! — O sorriso largo de dentes brancos e alinhados da atriz se expandiu por sua face, fazendo o técnico sorrir junto. Os dois se levantaram, ele com um pouco de dificuldade, ainda tonto pela bebida.
pediu que ele a esperasse ali na sala de jogos, e ele sentou-se no sofá com os pés batucando no chão, tamanha sua ansiedade. A enorme caixa de vidro impecavelmente limpa que continha o figurino da Princesa Lena estava em outro andar, na sala onde ela guardava recordações de seu trabalho, e ela teve todo um cuidado para vesti-lo antes de descer alguns longos minutos depois. Estava completamente vestida, até mesmo o penteado ela havia feito, e buscou o sabre de luz para complementar e ajudar a mente fértil de a fantasiar com a cena. estava confiante de que, agora, conseguiria finalmente terminar o que havia começado, e mal sabia ela o quão mais nervoso ainda o rapaz ficava por estar de frente à ela com aquela roupa específica.
Desceu sorridente, e assim que entrou na sala de jogos, percebeu sua presença e virou embasbacado para fitar a mulher. Boquiaberto, ele a olhava de cima a baixo com os olhos brilhando, percebendo-a aproximar-se aos poucos de onde ele estava. As pernas bambearam, e ele caiu no sofá quando ela estava perto o suficiente. sorriu com a cena, mas sentou-se amigavelmente ao seu lado.
— E aí, vamos tirar as fotos? — Ela sugeriu, animada. Só então ele caiu em si e pegou o celular que havia deixado apoiado em uma mesinha de centro. — Como você prefere? Sentados, em pé, selfie… — Ofereceu algumas opções, e quando percebeu que ele não parecia pensar em uma boa opção, ela mesma pegou o aparelho da mão dele. Pediu que ele colocasse a digital para desbloquear, e então foi até a câmera.
posicionou o celular em um móvel, e acionou o temporizador. Buscou no sofá, puxando-o pelo pulso e sorrindo animadamente. Ficou de frente para a câmera, e então passou a mão pelos ombros dele para que pudessem sair bem próximos na foto. Apesar do nervosismo, sorriu largamente, e a câmera fez um barulho anunciando que os dez segundos do temporizador haviam acabado. , acreditando que a primeira foto havia sido tirada, deu um passo à frente para ir até o celular e ver o resultado, mas o puxou pelo punho.
— Espera aí. Coloquei para tirar mais de uma foto. O celular já vai bater as outras, vamos continuar aqui, só mudar de pose. — confiou, e voltou a sua posição. Agora ela pegou as mãos dele e colocou em seu quadril para a suposta próxima foto.
A verdade era que a atriz havia colocado a câmera para filmar, ela sequer sabia se era possível tirar várias fotos de uma vez. também não questionou. Ela só fez isso porque precisava de um tempinho a mais ali, bem próxima à ele. fingiu que a segunda foto havia sido tirada, e então condicionou o rapaz para a próxima pose. Abraçou-o pelo pescoço e puxou o seu queixo suavemente para que ele beijasse sua bochecha. Ficaram na posição por algum tempo, até os supostos dez segundos acabarem e eles partirem para a próxima pose.
— Podemos, hum… fazer o contrário agora? — sugeriu, e concordou prontamente com a cabeça, vendo ali uma oportunidade. O rapaz continuou a segurar a cintura fina da mulher, e não resistiu a dar um leve aperto na região assim que sentiu os lábios carnudos da atriz tocarem a sua face.
Continuaram na posição por alguns segundos, e foi então que perderam a noção do tempo e esqueceram-se das fotografias. Ou melhor, do fato de que o celular estava filmando-os. separou os lábios da bochecha dele, apenas para continuar com uma trilha de beijos até o canto dos lábios dele, onde deixou um selinho mais demorado. Ele virou o rosto para fitá-la, nervoso porém ansioso, e ficaram se encarando por uns três segundos, pois ela não demorou a beijá-lo novamente. Assim como na outra vez, haviam começado lento, sentindo novamente o gosto um do outro. continuava a segurar a cintura dela, ousando puxá-la um pouco mais para perto, e ela acariciava sua nuca.
continuava a ser quem tomava as iniciativas, e começou a empurrá-lo de leve até o sofá, sem separar o beijo. Assim que os pés de encontraram o móvel, ele parou e começou a se deitar, os lábios ainda colados nos dela, sentindo o corpo da mulher repousar sobre o seu. A atriz posicionou os joelhos um de cada lado do corpo dele, de forma que suas intimidades se encontrassem, ainda que muito superficialmente pelas roupas no caminho. E no mesmo segundo que aquilo a incomodou, ela desceu as mãos até as dele, deslizando por sua nádega e pedindo que ele a acariciasse naquela região. No instante seguinte, ela deixou as mãos dele ali, e foi para a barra da camiseta dele, puxando-a para cima.
Mas sequer teve tempo de ver o que o pedaço de pano escondia, pois ele novamente separou o beijo, nervoso com a voracidade que ela o beijava. A ansiedade com que ela agia o deixava tenso, e ele se sentiu extremamente envergonhado por, novamente, separar-se dela. Como era idiota, ele pensou sobre si mesmo. Estava tendo uma oportunidade única, e duas vezes havia ferrado com tudo. Dessa vez, era a última, ele tinha certeza disso, e jamais teria novamente uma chance como aquela. se sentou quando ele ameaçou levantar, e saiu do colo dele, sentando-se ao seu lado. A mulher o olhava, mas ele não tinha coragem de ver seus olhos, então levou as mãos ao rosto, cobrindo-o, envergonhado.
— Me desculpa, . É que eu… — Ele começou a falar, a voz abafada pela mão, mas ela o interrompeu.
— Ei, está tudo bem! — Ela garantiu, apoiando a mão em seu joelho e acariciando inocentemente. — Eu é quem tenho a mania de achar que todo garoto nerd me deseja. — Ela riu ao admitir que o seu ego era bastante inflado nesse assunto. — Eu é quem tenho que pedir desculpas por ficar forçando a barra. Você não precisa pedir desculpa por não querer me beijar. — E foi com essa última fala que ele tirou a mão do rosto e, finalmente, a encarou, um tanto aflito.
— Mas não é isso! Longe disso, na verdade. Eu quero. Quero muito. — Admitiu, surpreso consigo mesmo por dizer tão claramente e sem gaguejar, ainda olhando nos olhos dela. — Eu só… — Não conseguiu completar, mas ela o fez.
— Fica nervoso? — disse, e ele assentiu com a cabeça.
— Para você, agora, só está beijando um cara qualquer. Mas, para mim, você não é uma mulher qualquer. Eu estava beijando a mulher com quem eu sonho há anos. — Ele disse, e ela sorriu docemente com tamanha honestidade, os olhos chegando a brilhar.
— Eu realmente não sou uma mulher qualquer. — A atriz dizia, com seu típico ego inflado de muitas celebridades. Ela riu, e ele a acompanhou. chegou um pouco mais perto dele, no sofá, buscando sua mão para acariciar. — Mas você está errado quando diz que é um cara qualquer. Você pode não ser uma celebridade, mas, definitivamente, não é um cara qualquer.
Os dois ficaram alguns segundos se olhando nos olhos, os dedos se entrelaçaram sem que percebessem, e sorriam um para o outro. Era, possivelmente, o primeiro momento em que os dois estavam na mesma sintonia, ambos apenas curtindo o momento sem segundas intenções, sem nervosismo, apenas carinho e ingenuidade. Era inexplicável o que estava acontecendo ali. Para , era comum que ficasse agindo como um cara apaixonado, afinal, ele realmente se sentia assim por ela durante anos. Mas como , uma mulher mais velha, mais madura, que viveu diversos relacionamentos, estava agindo como uma menina de quinze anos que se apaixonava pela primeira vez? Ela tinha razão quando dizia que ele não era um cara qualquer, e soube naquele momento que ele a marcaria para sempre.
— Está com fome? Sei que comemos há algumas horas, mas eu estou. Vamos lá na cozinha. — Ela disse, já levantando-se. — Se não quiser comer, pelo menos me faz companhia. — Chegou onde estava o celular, e só então se recordou de que estavam sendo filmados. Ela deveria apagar aquele arquivo, com toda a certeza, mas ela sorriu e desistiu. Finalizou o vídeo e deixou salvo, apoiando o celular no móvel e virando-se para ele. — Depois você vê as fotos. Ficaram ótimas! — Mentiu e então fez sinal com a cabeça para que fossem até à cozinha.
sequer trocou de roupa, apenas rumou até o local e abriu a geladeira vendo as opções para que os dois pudessem comer. Não poderia mentir e dizer que havia desistido de tentar algo com ele, mas agora o seu plano era outro. Apesar de suas intenções completamente pervertidas, ela percebeu que, se quisesse qualquer coisa com , precisaria ter calma e paciência. Restava saber se ela conseguiria controlar seu próprio instinto.

Capítulo 4


Com todo o cuidado necessário para não estragar o figurino da Princesa Lena, analisava as opções para um lanche e então se lembrou do armário da despensa. Confirmou os biscoitos que tinham ali e disse as opções para que escolhesse o que preferia. Voltou até à mesa com um enorme pacote de Doritos para ele, e o pote em formato cilíndrico de uma Pringles para si. Ao chegar à bancada, percebeu que ele já havia servido o suco para os dois e ela agradeceu. justificou que foi para evitar que acontecesse um acidente e ela manchasse o figurino especial. Sorrindo, ela agradeceu e então sentou-se ao seu lado.
Os dois começaram a comer em silêncio, e aquilo os incomodou por motivos diferentes, e em níveis diferentes. Antes que pudesse acabar de mastigar e pensar em algo para dizer, o próprio se pronunciou. Iniciou um assunto sobre filmes favoritos, perguntando se ela realmente era sincera nas entrevistas quando perguntavam esse tipo de coisa, e ela confirmou. Contou, ainda, que escondia o fato de que adorava filmes clichês de romance adolescente, e filmes como Meninas Malvadas ou As Patricinhas de Beverly Hills que ela poderia ver mil vezes, já até conhecia as falas, mas que se sugerissem assistir novamente, ela assistiria feliz. disse que não julgaria, pois ele era exatamente assim com seus filmes favoritos.
Chegaram ao tópico músicas favoritas, e encontraram diversos gostos musicais em comum. era bastante eclética nesse ponto, o que facilitou para que eles encontrassem algo que ambos gostavam. Falaram também dos amigos, riram das histórias sobre Isaac, o melhor amigo de , e ele conheceu um pouco mais sobre Katie, a melhor amiga de infância de , a única amizade que veio antes da fama e resistiu à todas as polêmicas, distância e nem o mundo de Hollywood conseguiu criar intrigas entre elas. Diferentemente de outras brigas em que se meteu com outras celebridades ou paparazzis, não resistiu a perguntar sobre algumas, as quais a atriz respondeu sem nenhum problema.
A mulher já não estava mais embriagada, e aos poucos voltava ao seu completo normal. Conversaram por bastante tempo, até que o assunto Ensino Médio veio à tona, e ele descobriu sobre ela coisas que a mídia não falava, contando também suas próprias experiências. Os dois viveram experiências completamente opostas: enquanto sempre foi bonita, rica e popular, era excluído, sofria bullying e só tinha dois amigos. Entretanto, encontraram dois pontos em comum: as notas quase impecáveis e o fato de que nenhum dos dois foi ao último baile do colegial. era um típico nerd que adorava estudar, nem tanto assim, mas era inteligente, e havia combinado com os pais que eles só lhe dariam permissão para gravar o seriado que ela estava gravando se suas notas fossem sempre altas. Por isso tanta dedicação. E sobre o baile, bem, não teve coragem de convidar alguém para ser seu par, e ficou em casa jogando RPG com os amigos, enquanto não foi pois estava gravando o seriado que participou antes de fazer o teste para viver a Princesa Lena.
— Eu acabei de ter uma ideia brilhante! — disse, animada. — E se a gente fizesse um baile aqui e agora? — Ela completou, sorrindo, e ele arregalou os olhos.
— Vai chamar os seus antigos colegas de classe para cá? Agora?
— Não, bobo. Só nós dois. Tem bastante espaço no hall de entrada da casa, uma escadaria linda. Vai ser típica cena dos filmes de romance melosos que eu adoro! — A atriz dizia como uma garotinha animada, e ele sorriu ao vê-la daquele jeito.
— Então você era uma das meninas que sonhava com o baile perfeito?
— Mas é claro! Coisa de garotinha, eu sei, mas eu era bastante clichê nesse assunto, admito.
— Não vejo problema nenhum nisso. Só não entendo como você, podendo realizar esse desejo com qualquer um, iria querer fazer isso comigo. Mas eu me sinto honrado.
— Isso é um sim? — mordeu o lábio inferior, reprimindo mais um sorriso contagiante de animação. Ele revirou os olhos, em divertimento, mas cedeu. É claro que cederia. Faria qualquer coisa por ela.
— Tudo bem, eu aceito.
bateu algumas palminhas em comemoração, e os dois riram da cena logo depois. Ela levantou-se animada, e foi até o andar de cima buscar pelo que precisaria. Antes de subir, a mulher avisou onde haviam alguns ternos de festa para os seguranças, para que ele pudesse buscar um que coubesse nele. não conhecia muito a casa, e mesmo estando ali há horas, ainda sentia-se tímido de sair por aí sozinho mexendo nas coisas, mas achou o lugar indicado e pegou um dos ternos que parecia ser o seu tamanho, vestindo-o ali mesmo. Não precisava se preocupar com câmeras, afinal estava ali justamente para consertá-las, o que rapidamente o fez lembrar que precisava terminar o seu trabalho. parecia empenhada em tomar o tempo dele somente para ela e, honestamente, ele não se importava nem um pouco.
Voltou pelo caminho de onde veio, chegando ao hall de entrada da casa, como combinado com a atriz. Enquanto esperava por ela, sentia aquele nervosismo como se estivesse realmente indo a um baile de formatura do ensino médio. Deixou escapar um risinho baixo quando seus olhos encontraram um vaso com algumas flores. Seria muito abuso se pegasse uma para lhe dar? Bem, o bouquet já era dela, não seria propriamente um presente, mas talvez a intenção valesse de alguma coisa. Então pegou a flor cor-de-rosa, que ele não saberia dizer de que tipo era, mas parecia encantadora o suficiente. Ouviu alguém pigarrear, e olhou para cima, encontrando no topo da escada, esperando que ele a olhasse para que ela descesse.
A mulher optou por um vestido azul turquesa, sem alças para realçar os seus seios e com uma abertura na perna que dava um ar de sensualidade muito característico dela. Não parecia bem um vestido que uma adolescente usaria em um baile de escola, mas ela não teria nenhum nesse estilo em seu armário, de qualquer forma. O queixo de quase caiu, a expressão embasbacado parecia ter sido perfeitamente escolhida por um diretor de cinema durante uma cena de filme de romance, mas não estava atuando em nenhum papel, era apenas o jovem nerd demonstrando toda a sua admiração por aquela mulher belíssima descendo as escadas em sua direção, com aquele sorriso que poderia apaixonar qualquer um.
— Você… Uau! Você consegue ficar tão linda com qualquer roupa! — Ele comentou, não conseguindo conter o instinto de deixar os olhos passearem pelo corpo da atriz. Sentia como se estivesse sendo ousado demais. Ela, por outro lado, adorava.
— Esse vestido ajuda, é claro. É bem bonito, não é? — perguntou. apenas balançou a cabeça em sentido positivo, impossibilitado de dizer qualquer outra coisa. A mulher sorriu com a reação. — Não vai me chamar para dançar?
— Ah… claro! — Esticou a mão, depois virou-se para procurar um rádio, então lembrou-se da flor, tudo ao mesmo tempo, tão nervoso como estava. sendo . — Desculpe. Isso é para você. Não fui eu que comprei, já estava ali, eu só…
— Tudo bem. Eu adorei. — Ela disse, pegando a flor. respirou fundo, como se estivesse tentando se acalmar e se preparar para o que viria.
— Quer dançar comigo? — Ergueu a mão.
— Vou adorar. — respondeu, segurando a mão dele e retribuindo o sorriso.
Não havia música. E não precisava. Os dois estavam em uma sintonia tão grande que dançavam no mesmo ritmo, como se a melodia que tocasse em suas mentes fosse a mesma sem que eles sequer precisassem falar. No primeiro momento em que se viram, ele era um fã emocionado, enquanto ela apenas enxergava uma situação comum e usual. Depois, ela passou a desejá-lo tão intensamente que deixou o corpo falar mais alto, enquanto ele apenas queria aproveitar do momento conhecendo um ídolo. Agora, os dois estavam ali pelo mesmo propósito: ter uma experiência que, por motivos diferentes, não tiveram na adolescência. Não era exatamente um baile, nem um sonho tornado realidade, mas a intenção era pura e genuína, até mesmo vindo de , que, acostumada com pessoas mesquinhas e interesseiras, dificilmente encarava uma situação com tanta inocência e sinceridade. Aquilo parecia ser um bom primeiro passo. Como se pela primeira vez desde que se falaram, eles estivessem em harmonia.
— Eu gosto dessa música. — Ele brincou, os dois riram e continuaram a dançar.
— Eu gosto de você. — Ela respondeu, e ele ficou sem fala. — Você me encanta de uma maneira diferente, . Faz tanto tempo que eu não encontro alguém como você.
— Como eu? — Perguntou, confuso.
— Puro, honesto, genuíno. Sabe, quando você se acostuma com o show business, tudo fica tão… calculado. A gente precisa tomar cuidado com quem anda, com o que diz, o que vamos assinar, onde vamos estar.
— Mas quando você conversa com outros fãs não é assim? Tipo, você não consegue ser você mesma?
— Nem sempre. Geralmente quando conheço fãs estou cercada por câmeras, seja paparazzis ou as dos próprios fãs. E não é uma crítica, eu entendo que eles queiram registrar o momento, mas por conta de contratos, eu preciso prestar muita atenção. A gente se limita tanto que às vezes esquece que tem coisas que tudo bem serem ditas. — Uma risada baixa, sem muito humor, escapou dos lábios da atriz após o pequeno desabafo.
— Você nunca fala disso, não é? — Ele deduziu.
— Com a terapeuta, às vezes. Mas parece impessoal. Com você é como conversar com um amigo. E, além da minha mãe, eu só tenho uma única amiga que confio de verdade. Somos amigas desde antes da fama.
— Eu também só tenho um amigo de verdade, mas por motivos diferentes. — Os dois riram. Sempre encontrando pontos em comum, mas por razões distintas.
— Agora você tem a mim. Se quiser ser meu amigo.
— Está brincando? Eu adoraria! Só acho que a senhorita nem vai lembrar de mim amanhã.
— Impossível, ! Aliás, voltamos ao “senhorita”? Não vamos poder ser amigos assim. Me chame de .
— Está bem… . Vou tentar.
Ouvir o apelido a fez sorrir. Aquela sensação de coração aquecido, a sensação de estar em seu lar. Sentia isso com poucas pessoas, e parecia que estava prestes a se tornar um desses em sua lista. Naquele momento, não sentia mais aquele desejo de antes, quase incontrolável, querendo beijá-lo de maneira tão ardente. Mas seria mentira se dissesse que não o queria mais, de uma maneira diferente agora.
Os dois ficaram se encarando nos olhos por alguns segundos, os corpos dançando naquele mesmo ritmo que criaram para eles, então ela aproximou o rosto, encostando os narizes e ainda o encarando nos olhos castanhos. Chegou ainda mais perto, o corpo encostando quase completamente ao dele, as respirações se misturando enquanto os braços dela que estavam em volta do pescoço do rapaz o envolveram ainda mais. decidiu se manifestar, por mais que já tivesse explicado que agiu com aquele pensamento egocêntrico de que qualquer homem - especialmente um fã - daria qualquer coisa por um beijo dela.
— Me desculpe se te constrangi mais cedo. Não queria forçar nada. — Dizia sussurrando.
— Tudo bem. Mas eu… preciso confessar uma coisa. — Ele respondeu, imitando o tom de sussurro.
— Pode dizer.
— Eu acho que vai ser difícil ser seu amigo e ignorar o que aconteceu hoje. Nunca vou esquecer aquele beijo.
mordeu o lábio inferior tentando conter o sorriso. estava nervoso, com a respiração quase ofegante.
— Não precisa esquecer. E nem precisa ser o último. Amigos também se beijam. — Ela brincou, ele riu baixinho.
A mão que segurava na cintura feminina a puxou um pouco mais para perto, apertando de leve a região. Os braços da atriz que envolviam o pescoço dele afastaram-se e desceram para o peitoral, repousando ali e deixando que ele guiasse a situação como se ele se sentisse mais confortável. Passeou com a outra mão pelo braço da mulher, os olhos acompanhando cada caminho que ele percorria pelo corpo alheio. Ela, no entanto, observava o rosto dele e suas reações enquanto, finalmente, tomava alguma atitude ali. O rapaz levou a mão até a nuca dela, o polegar passeou pelos lábios carnudos e avermelhados, o olhar desejoso, então o dedo repousou na bochecha.
Aproximou o rosto aos poucos. Primeiro beijou o maxilar, e foi distribuindo beijos vagarosamente por toda a extensão até chegar ao queixo. Subiu os beijos para o canto do lábio, depois o outro, por fim selou os lábios de ambos na maior lentidão possível. Como se quisesse evitar que o cérebro fritasse com tanta informação de uma só vez.
O beijo, agora, era lento e demorado, carregando toda a ternura e calmaria do momento. Ele nunca teve pressa, e ela, dessa vez, também não teve. Apesar de toda a voracidade de seu desejo, havia entendido que nada conseguiria com ele se tivesse pressa. Porque agora, para ela, aquele não era mais um garoto qualquer, e nem um beijo qualquer. , depois de toda a tarde que passaram juntos, passou a significar para ela muito mais do que um fã apaixonado ou um garoto gentil que ela conheceu. Por mais que ali ainda não tivesse dimensão disso, ela sentia algo em seu interior que lhe alertava que eles não sairiam mais da vida um do outro.
Um pouco mais à vontade, ele deslizava os dedos suavemente por partes do corpo dela, mas ainda não se sentindo tão confortável para tocar em partes muito íntimas. tentava se controlar para não estragar tudo novamente, mas quando o beijo tomou um ar um pouco mais intenso - por vontade dele mesmo - os dois precisavam se afastar por alguns segundos para respirar. não perdeu muito tempo e começou a distribuir beijos pelos pescoço dela, que inclinou a cabeça para dar total liberdade para ele.
, eu não quero estragar o momento de novo, mas… É só se você quiser, é claro, mas…
— Eu quero. — Ele a interrompeu, sussurrando em seu ouvido.
segurou em sua mão e, apesar do sorriso completamente safado em seu rosto, o levou até o segundo andar, em direção ao seu quarto e, mais uma vez, deixou que ele guiasse o momento. já não estava tão travado, então não levou tanto tempo para beijá-la novamente, agora com uma intenção diferente. Os dois seguiam com a mesma sintonia, desejando a mesma coisa e seguindo o mesmo ritmo. Como uma dança que nenhum dos dois precisou ensaiar para entrar no ritmo. Finalmente haviam encontrado o seu equilíbrio.

Capítulo 5


Nota da autora: Essa parte contém descrição gráfica da noite de sexo dos protagonistas. Caso não curta esse tipo de conteúdo, é só passar para o próximo capítulo para ler o final da história.
segurou em sua mão e, apesar do sorriso completamente safado em seu rosto, o levou até o segundo andar, em direção ao seu quarto e, mais uma vez, deixou que ele guiasse o momento. já não estava tão travado, então não levou tanto tempo para beijá-la novamente, agora com uma intenção diferente. Os dois seguiam com a mesma sintonia, desejando a mesma coisa e seguindo o mesmo ritmo. Como uma dança que nenhum dos dois precisou ensaiar para entrar no ritmo. Finalmente haviam encontrado o seu equilíbrio.
não costumava ser uma pessoa memorável; às vezes, nem os seus antigos colegas de classe se recordavam dele quando o encontravam por aí. O rapaz nunca havia se importado muito de cumprir esse papel, mas naquela noite ele não queria ser apenas mais um. Ele facilmente se lembraria daqueles momentos com , mas não queria que ela o esquecesse, por mais que um lado mais obscuro e pessimista de seu coração lhe dissesse que era exatamente isso o que iria acontecer. Não adiantava fingir uma experiência que não tem, porque ela notaria, então tentou ao menos curtir o momento de uma forma que não se arrependeria. Mas como acalmar os nervos e aproveitar a companhia dela ao seu lado na cama?
A atriz tratou de logo responder a pergunta que havia feito mentalmente a si mesmo. Seus toques mais decididos não o assustavam mais e ele não recuava. Pelo contrário, aquilo era exatamente o que ele precisava para ter a coragem de agir com mais naturalidade e tocar o corpo da mulher sem receios. Apesar da pouca experiência, o desejo que sentia mostrava-se muito mais importante. O beijo quente que trocavam precisou cessar por alguns segundos para que ambos pudessem respirar. Mas não manteve-se longe dela por muito tempo, levando a boca até o pescoço dela e deixando uma trilha de beijos e alguns leves chupões pelo caminho até o maxilar dela, onde deu uma mordida tão leve quanto sensual, que arrepiou os pelinhos da nuca da .
Os corpos basicamente caíram na cama, e os dois tiraram alguns segundos para rir da pequena queda. Os olhos dos dois se encontravam e a risada dela deu lugar a um mordiscar em seu próprio lábio inferior assim que sentiu o aperto em sua cintura a puxando para ainda mais perto do corpo dele. Já era possível sentir o volume crescendo nas suas calças. Vê-la morder o lábio, genuinamente afetada com o seu toque, amaciava um pouco o ego do rapaz. Não o suficiente para que se sentisse o cara mais foda do mundo, mas o bastante para que tomasse coragem de girá-la na cama e deitar-se por cima dela.
Surpresa com tanta atitude, sorriu e continuou a deixar que ele guiasse a situação da forma que mais se sentisse confortável. Ela sabia que iria gostar de qualquer forma, porque ele parecia mais do que empenhado em fazê-la não se esquecer daquela noite.
A expressão no rosto de tinha uma mistura de impaciência e interesse; queria que ele lhe arrancasse a roupa de uma vez, ao mesmo tempo em que queria saber quais planos ele tinha antes de finalmente poder ver o volume que havia sentido há alguns segundos. Descendo com uma trilha de beijos pelo pescoço até o colo, ele abriu o robe que ela usava, podendo ver um pouco mais daquele corpo que ele tanto ambicionava tocar vestido com a lingerie que a deixava incrivelmente sensual. Era uma visão maravilhosa, mas ele mal via a hora de tirar tudo aquilo e conhecer cada pequena parte da pele que ainda não havia visto. Tudo aquilo que ele não encontraria facilmente na Internet.
Continuou a descer os beijos pelo tronco, na barriga, até chegar às coxas e tomar um pouco mais de tempo ali. Deslizou com os lábios em selinhos molhados e demorados por toda a região, algumas mordidas que a faziam encolher os dedos dos pés em inquietação, abrindo as pernas para lhe dar mais liberdade. Não tirava os olhos dele, observando cada ação, e não deixou de perceber o quão diferente ele parecia. O seu olhar, o seu toque, os beijos. O toque superficial dos dedos, ainda por cima da calcinha, lhe causou uma sensação de ansiedade e impaciência. Nunca desejou tanto o toque de outra pessoa, por mais excitada que pudesse estar. Porque ele realmente não era qualquer um. Era um rapaz tímido e sensível, completamente devoto a ela, que estava ali derrubando as barreiras de sua timidez e insegurança para lhe proporcionar prazer, descobrindo um lado de si desejoso e selvagem. Era como se ela fosse a primeira a presenciar, e isso era muito especial.
, então, tirou com pouca delicadeza a calcinha rendada e estupidamente pequena pelas pernas da mulher, jogando-as em qualquer parte do chão do quarto que nenhum dos dois se importou em olhar. O calor que subiu pelo corpo da latina a fez puxar o mais jovem pela camisa para que ele subisse com o corpo e ela selou os lábios aos dele em um beijo carregado de desejo. , entretanto, afastou suavemente e começou a distribuir beijos por todo o corpo da mulher, começando pelo pescoço, demorando um pouco entre os seios ainda cobertos pelo sutiã, então na barriga, até finalmente chegar às pernas. Parou por dois segundos para retirar a própria blusa, já sentindo o mesmo calor que estava desde que chegaram ao quarto. Começou a beijar o interior das coxas, demoradamente, como se quisesse torturá-la um pouquinho. Estava se deliciando com as expressões sôfregas da mulher, que se intensificaram quando os lábios úmidos alcançaram o seu monte de Vênus.
Lambeu uma primeira vez sem qualquer pressa, mesmo que cada pedaço do próprio corpo insistisse para que ele fosse mais rápido. Então pressionou a língua quente contra seu clítoris, sentindo o corpo alheio tremer sob cada um de seus toques. Chupou o local antes de movimentar com mais rapidez a língua nas partes mais sensíveis dali, onde podia sentir e ver a forma como o corpo dela respondia, deixando claro que estava tocando nas partes certas. Observou-a arquear a coluna, as mãos segurando o lençol, e precisou segurar suas pernas, que tentavam se fechar, involuntariamente. Então a mão direita apertou sua coxa, ainda soltou um ruído satisfeito antes que o toque subisse e encontrasse a intimidade tão molhada, não apenas pela sua saliva, mas pela lubrificação natural. O dedo médio alcançou o clitóris da atriz, fazendo movimentos circulares, enquanto ele mantinha os olhos erguidos o suficiente para ser agraciado com visão das expressões dela.
Não tardou, no entanto, para que aquele mesmo dedo deslizasse pela extensão molhada e a invadisse. Passou a movimentar o punho para frente e para trás, pouco antes do anelar acompanhar os movimentos. Enquanto estimulava com os dedos dentro dela, a língua cuidava do exterior, alternando entre lamber e chupar, atrevendo-se até a mordiscar levemente o local. não conseguia mais controlar os gemidos, que ainda soavam baixinhos e alternados com a respiração entrecortada. A calça dele começava a ficar desconfortável enquanto o volume crescente insistia em lutar contra a cueca que o prendia. Especialmente agora, que seus ouvidos e olhos estavam sendo agraciados com a visão da mulher tão entregue ao momento. O braço esquerdo abraçou sua perna direita, garantindo que ela se mantivesse aberta e afastada, para ele seguir com total liberdade de continuar o que fazia.
Por sorte não havia ninguém na casa, porque se continuasse naquele ritmo, ela precisaria cobrir os lábios para conter os próprios gritos que travavam em sua garganta para não escapar. Não ainda. Os barulhinhos sensuais que fazia ao sentir cada toque da língua em sua intimidade incentivaram o rapaz ainda mais, que segurava as pernas dela que tentavam se fechar, involuntariamente. O braço mais firme e definido do que ela poderia imaginar. A calma dele era quase uma tortura, mas manteve-se disposta a seguir o mesmo ritmo de quem saboreava cada momento sem pressa. Afinal, não sabiam quando se veriam novamente e aquela era uma experiência que ambos queriam vivenciar pelo máximo de tempo possível.
Um gemido mais alto acabou escapando, a latina precisando cobrir os lábios com uma das mãos, enquanto a outra agarrou o seu cabelo e puxou com certa força. Não o suficiente para pará-lo, entretanto. A respiração acelerava a cada segundo, e a mão que segurava os cabelos castanhos do rapaz mostrava aprovação quando a língua tocava em partes específicas. Sentia o corpo tremer, indicando que estava perto de seu ápice, quando sentiu o olhar dele sobre si, completamente hipnotizado pela figura feminina entregue ao prazer que ele lhe proporcionava. Nem em suas maiores fantasias aquela imagem era tão sensual.
— Se continuar assim…— A mulher disse, pausadamente, a respiração ofegante. — Eu vou gozar antes que você consiga me foder. — Falou, sem receio algum de soar vulgar. Estavam num momento muito íntimo para ela usar palavras bonitas ou elegantes.
Ergueu um pouco o tronco para que pudesse conectar suas orbes castanhas às dele, retribuindo o sorriso que ele lhe deu assim que separou os lábios de sua intimidade. Cada pelo de suas pernas se arrepiou conforme ele subia o corpo, deslizando com a ponta dos dedos desde o calcanhar, até o final da coxa, segurando com firmeza em sua bunda e a puxando um pouco para si.
Para uma mulher experiente, estava entregue demais. Talvez fosse toda a atmosfera que construíram desde o momento em que se conheceram, as dificuldades que precisou enfrentar para que conseguisse, finalmente, tê-lo em sua cama. Nem mesmo a falta de experiência dele poderia deixá-la menos excitada.
A fala dela, entretanto, não tinha a intenção de fazê-lo parar. parou de propósito. Interrompeu o que fazia, quase indelicadamente, observando a expressão dela que misturava frustração e ansiedade. Ergueu o corpo para, finalmente, retirar a última peça, ficando inteiramente nu e enfim libertando o membro que suplicava por algum alívio. Os olhos de quase brilharam ao ver, pela primeira vez, o que ele escondia dentro das calças. O sorriso safado em seu rosto, seguido da mordidinha no lábio inferior, não apenas pelo tamanho ou a grossura, mas o quão duro ele estava, e ela nem o havia tocado ainda. O rapaz levou a destra até o volume para movê-la por toda a extensão molhada e igualmente pulsante da mulher. Tocou a si mesmo por alguns instantes, enquanto a observava com um sorriso no canto dos lábios.
Mas antes que ele pretendesse se fazer de difícil e torturá-la por mais tempo, esticou a mão para a mesa de cabeceira ao lado da cama, abriu a primeira gaveta e pegou uma camisinha. Abriu-a com facilidade, e ela mesma colocou nele, com igual lentidão. Se ele podia provocá-la, ela também iria um pouquinho. No entanto, não foi capaz de manter distância por tempo demais, retirando a mão dela e deitando-se sobre seu corpo nu, os olhos buscando os dela para manter contato durante o momento que ambos aguardaram desde que se conheceram mais cedo.
Os olhos de ambos quase brilhavam de desejo, quando ele posicionou o pau em sua entrada, deslizando com facilidade, considerando o quão excitada ela estava. Todo o seu trabalho com a língua se mostrou bem útil agora. Começou com o movimento devagar, atingindo-a o mais fundo que podia, observando suas reações para medir até onde poderia ir. Movia-se num ritmo dolorosamente lento, distribuindo alguns beijos pela curva de seu pescoço. As pernas dela envolveram a cintura masculina, como se quisesse impedir que ele saísse dali. As mãos dela passeando pelos braços e ombros dele, tensionados por segurar o peso do próprio corpo.
— Não faz isso comigo, … — Pediu, a respiração ainda ofegante, quase uma súplica para que ele fosse mais rápido. O rapaz sorriu, alcançando a orelha dela para sussurrar.
— Você sabe o quanto eu imaginei esse momento? — Dizia com a voz falha, metendo num ritmo ainda lento. — Quantas vezes eu fiquei mal pensando que nunca iria acontecer de verdade? — Foi um pouco mais fundo, antes de sair quase por completo. — É sua vez de ser torturada um pouco. — Então foi de uma só vez, até onde a extensão dela permitia.
As unhas arranharam, com certa força, o braço do rapaz, um gemido alto que ela não conseguiu conter. Onde estava aquele o tempo todo?
— Agora eu sou sua, não sou? — Ela perguntou, provocando novamente. Era um jogo arriscado o que ele propôs, ela era muito melhor naquilo. — Então me faça sua, como você sempre sonhou.
Aquela fala desencadeou uma série de memórias em , que rapidamente sentiu o seu sangue ferver de tesão. Começou um joguinho de provocações que nem ele conseguiu manter por mais do que um minuto, e agora já estava totalmente entregue. Aumentou a velocidade um pouco mais, ainda penetrando com toda a intensidade de seu desejo. Beijou o queixo dela, deixando uma mordida ali que, provavelmente, deixaria uma pequena marca. Em retribuição, ela lhe sugou a pele no peito, deixando uma outra marca ali.
Os movimentos de seu quadril passaram a ser gradativamente mais ágeis, até atingirem um ritmo consistente que o permitia ouvir os sons de onde os corpos se chocavam com certa força. A mão direita buscou a perna da mulher, erguendo-a o máximo que a elasticidade alheia permitia, o que o fazia ir ainda mais fundo. Os dois gemiam quase no mesmo tom, murmurando palavras inaudíveis que, certamente, eram palavrões. A expressão sôfrega nos rostos de ambos, a sensação de prazer espalhando como se fosse um veneno que se expandia pelas veias.
Apoiado pelos joelhos e antebraço, alcançou com a mão esquerda a nuca da atriz, onde os dedos perderam-se nos fios escuros e os segurou com firmeza. Poderia se manter ali, na posição em que se encaixavam tão grosseiramente bem, mas parecia ansiosa por algo diferente. Queria explorar o corpo do outro, outras posições que eles também tivessem a mesma química e, principalmente, queria ser ela, agora, a impor o ritmo deles. Empurrou o outro levemente pelo ombro, erguendo o quadril e, sem precisar dizer nada, num movimento ágil, trocou a posição dos corpos, e agora ela sentava sobre seu colo.
— Minha vez! — clamou, sentindo a mão ansiosa dele alcançar sua cintura.
Com uma das mãos no ombro do rapaz, a outra segurou na base da piroca brilhante com o líquido que sua vagina produziu, quando sentou de uma vez só vez, arrancando outro gemido alto de ambos. Repetiu a pequena tortura dele e sentou devagar, erguendo o corpo e o descendo novamente, de maneira tão vagarosa que poderia irritá-lo, mas ele apenas sorriu, da forma mais sacana que já fez em toda a sua vida. Os corpos já suados e quase tremendo de tanto tesão, beijaram-se tão ardentemente quanto as unhas dela que fincavam na pele dele, ou os dedos dele que apertavam sua bunda com tanta força que chegava a causar dor. Mas ela continuava gostando, e a incentivava ainda mais a continuar sentando, dessa vez mais rápido e intenso, enquanto ele admirava os seios que subiam e desciam conforme ela sentava.
Abraçou o corpo dele, deixando agora marcas em suas costas, enquanto ele ocupava de deixar sua marca no pescoço e nos seios dela. Sugava-os com tanta dedicação que acabara de achar mais um ponto fraco da mulher, ao vê-la afastar um pouco o corpo, jogando a cabeça para trás e segurando em sua nuca, o impedindo de se afastar. Levou uma das mãos ao outro seio, apertando-o enquanto a língua brincava com o mamilo do outro. , por outro lado, manteve-se firme em seu movimento de sobe e desce, aumentando o ritmo conforme suas pernas permitiam.
A panturrilha começou a queimar, o ápice quase chegando, então ela decidiu mudar o ritmo. Rebolou vagarosamente, sentindo o pau delicioso dele dentro de si. O indicador alcançou o clitóris, roçando e pressionando um pouco onde ela bem sabia que gostava. Nada como conhecer o próprio corpo. Aquela cena era extremamente deliciosa para a visão de , um rapaz jovem e inexperiente, com uma mulher tão decidida, independente, sensual em tudo o que fazia, de forma tão natural.
continuou a rebolar, dessa vez pegando o polegar dele e o ensinando onde tocá-la, o ritmo e a pressão a impor. A mulher fechou os olhos para sentir o movimento, dançando em seu colo como se houvesse uma música muito sensual lhe inspirando e tocando ao fundo. Não queria nenhuma distração externa, visual ou auditiva, queria apenas o foco total na sensação que tinha em seu baixo ventre. , por outro lado, jamais fecharia os olhos e perderia a oportunidade de registrar cada detalhe daquele momento que, admitia tristemente, sabia que não teria outra oportunidade. Mas, naquele momento, aquilo não lhe importunava. Não quando a visão daquela deusa grega rebolando em seu colo e tão entregue ao tesão que ele lhe proporcionava era a coisa mais maravilhosa que ele já havia visto.
A mulher soltou um gemido mais alto, e parou os movimentos como se quisesse evitar que seu ápice chegasse. Colou o seu corpo ao dele, a respiração ofegante em seu ouvido, os corpos suados se encontrando. afastou um pouco seus cabelos suados e distribuiu beijos em seus ombros.
— Você é maravilhosa, . — Ousou chamá-la pelo apelido que ele já havia visto em alguma entrevista dizer que a chamavam. Sentiu as unhas dela em suas costas, como um incentivo para que ele continuasse. — É a mulher mais gostosa, mais sensual que eu já conheci.
A respiração descompassada de ambos parecia estar num ritmo perfeito, combinando com os corpos suados e o colo avermelhado do rapaz, que tinha a pele tão pálida que logo aparentava traços do seu esforço. Em um ato ágil, a pegou pela cintura, os braços firmes mostrando seus músculos levemente definidos enquanto trocavam de posições. Era incrível como ele não parecia mais o menino tímido e desajeitado que ela conheceu há poucas horas. Quando se está com a pessoa certa, ela sabe atiçar seus instintos e qualquer falta de experiência parece não afetar tanto assim.
Jogou o corpo dela na cama, deitando-se sobre ela, voltando a penetrá-la de uma só vez. Diferente de antes, ele não queria provocá-la ou torturar por mais tempo, então começou os movimentos com a cintura de maneira rápida, intensa, segurando suas pernas para que ficassem mais abertas, dando maior espaço para ele invadi-la por inteiro. nunca teve tanto autocontrole como naquele momento, vendo-a cobrir os lábios para reprimir os gritos de tesão, o barulho do encontro dos corpos e a sensação deliciosa de estar dentro dela.
— Goza para mim, . — Ele falou, a respiração entrecortada. O apelido proferido, demonstrando intimidade, carinho, aquilo que eles construíram tão rápido, em tão pouco tempo. E assim, como um pedido, quase se desse permissão para ela explodir, ela o fez.
O gemido que saiu dos seus lábios foi quase um grito, um suspiro de tesão e alívio por atingir o seu orgasmo. Queria fazer aqueles míseros segundos durarem ainda mais, embora a sensação fosse de que nunca havia gozado daquela forma. Enquanto ele se deliciava com a cena absurdamente sensual, se retirou de dentro dela, e distribuía beijos por sua clavícula e seios enquanto o corpo da mulher se contorcia e tremia na cama.
— Meu Deus, … Onde você esteve esse tempo todo? — Ela brincou, sorrindo.
— Na minha casa, sonhando em fazer tudo isso com você. — Respondeu, quase como uma confissão, com aquele sorriso bobo no rosto que tinha um certo teor de malícia. Tamanha sinceridade soou instigante para ela, quase como se seu corpo se reacendesse e pedisse por mais.
Mas agora era a vez dele. Com nenhuma delicadeza ou sutileza, ela o empurrou para que trocassem de posição. Aquele sorriso carregado de desejo, sem tirar os olhos dele enquanto descia com o próprio corpo. Repetiu o ato dele de minutos atrás, distribuindo beijos por todo o seu tronco, que se retraiu ao sentir os beijos molhados dela, fazendo com que ela sentisse cada marquinha de um abdômen que começava a se definir. Apoiou uma das mãos na coxa, a outra alcançou o membro rijo e deslizou com a língua por toda a sua extensão, deixando um rastro de saliva. Selou os lábios em beijinhos na glande, a mão masturbava o restante do membro, trocando depois pela língua que brincava, lambia, torturava-o um pouquinho. Sorriu brevemente quando o viu xingar baixinho, cobrindo o próprio rosto como se tentasse se controlar e não gozar agora mesmo. Mais uma vez, provando a si mesmo que tinha, sim, autocontrole.
Lentamente, o engoliu quase por completo, a mão lhe ajudando na parte que a boca não alcançava. Os movimentos da cabeça para cima e para baixo, os olhares atentos e conectados, porque assim como era instigante ver a mulher que foi seu objeto de desejo durante anos lhe chupar com tanta voracidade, era igualmente excitante ver um rapaz tão apaixonado e tão entregue ao que ela lhe provocava. Ele se atreveu a alcançar os fios escuros e volumosos dela, tirando qualquer empecilho que cobrisse seu rosto e lhe impedisse de apreciar aquela cena. Como se guiasse sua cabeça e a ajudasse no processo, embora todo o mérito de deixá-lo tão excitado fosse dela. Sua excitação já latejava, desesperada por alívio, o peito subindo e descendo com mais rapidez conforme a sensação crescia dentro dele. Quando ela percebeu, afastou os lábios, sem deixar de estimulá-lo com as mãos.
— Goza para mim. Eu quero sentir o seu gosto. — Pediu, e sua fala foi o limite do que ele precisava para explodir. Fincou as unhas com pouca força em sua coxa, voltando a devorar o pênis.
Jogou a cabeça para trás ao gozar, sentindo o alívio e a sensação enervante do prazer que se espalhava por seu corpo. A boca dela foi preenchida com o líquido quente, ao qual ela fez questão de engolir sem deixar de encará-lo. Mordeu o lábio inferior para conter o sorriso de satisfação ao ver o corpo dele como o dela estava segundos atrás: relaxado, cansado, suado e satisfeito. soltou os fios de cabelo dela, conforme o corpo relaxava, permanecendo ali deitado enquanto se recuperava. A mulher subiu uma trilha de beijos de volta por seu abdômen, até chegar ao seu pescoço, então deitou-se ao seu lado. Os dois suspiraram longamente, em uníssono, e riram logo depois pela sintonia se mostrando presente mais uma vez.
Sem esforço algum, os dois provaram um ao outro que nunca tiveram uma experiência daquela, um orgasmo daquele. E, agora, nenhum deles parecia disposto a conversar sobre o fato de que, talvez, aquilo nunca mais fosse ocorrer. Não agora quando ela estava apoiada nos cotovelos e o encarando com aquele sorriso lindo, de tão perto. Não agora quando ela via o rapaz mais adorável olhar para ela com tanto carinho e devoção. Talvez fosse o brilho nos olhos de satisfação de um intenso e maravilhoso orgasmo, ou talvez ela simplesmente fosse aquela mulher que ficava ridiculamente bonita em qualquer situação.
— Fala alguma coisa. — Ela pediu, como uma garotinha de quinze anos que acabava de ter sua primeira vez. sorriu, mas logo a expressão mudou.
— Eu ainda não consertei as câmeras.
… — Ela cobriu o rosto e riu. — Fala sério…
— Desculpa, eu meio que não sei o que dizer. — Esticou a mão para fazer carinho nos cabelos dela, ao mesmo tempo em que ela levou os dedos para desenhar figuras abstratas em seu peitoral.
— Por que você não conserta as câmeras só amanhã?
— Só amanhã? Mas são seis horas de viagem, eu teria que ir, e depois voltar, e… — Ele interrompeu sua própria fala quando viu o olhar dela, como se esperasse ele raciocinar o que ela havia proposto. — Ah, você quer dizer eu…
— Sim, dormir aqui. Comigo. Na minha cama. Abraçadinhos. Quer que eu seja mais clara? — Perguntou, selando os lábios nos dele, enquanto ele sorria.
— Não, tudo bem, eu já entendi. — Respondeu, um pouco mais tímido novamente, sentindo a mulher se afundar na curva de seu pescoço e lhe encher de beijos.
aproveitou para cheirar seus cabelos, percebendo que mesmo suados tinham o aroma tão cheiroso quanto ele imaginou. Tanto quanto outros fãs que a conheceram diziam pela Internet. As pernas se entrelaçaram, os corpos ainda nus trocando carícias. Ele pegou em sua mão, cruzou os dedos aos dela e ergueu seu braço, distribuindo beijos por sua pele, vagarosamente, como quem pintava um quadro com cuidado excessivo. Deixou alguns selinhos antes da ponta da língua se atrever a tocar sua pele, mordiscando em seguida, o que arrancou uma risada dela, que tirou o rosto do pescoço dele.
— Então é verdade que você sente cócegas aqui? — Perguntou, quase incrédulo. Lugar esquisito para se ter cócegas.
— Eu odeio que você me conheça tão bem, e eu quase não te conheço. Agora é justo que me diga onde você sente cócegas.
— Jamais saberá, . Jamais saberá. — Ele brincou, e ela o mordeu, de leve, no ombro.
— Gosto quando me chama de . — Comentou, agora ela com o sorriso bobo no rosto.
— Gosto quando você sorri para mim assim. — Se a pele da atriz não fosse morena, agora seria o momento em que ele veria o rubor em seu rosto.
depositou um beijo em sua bochecha, curiosamente sensual e delicado ao mesmo tempo, e depois os dois selaram os lábios, em um beijo carinhoso e terno. Com lentidão, saborearam o que viria a ser o último beijo deles, logo após se deitaram e dormiram, um nos braços do outro.

Capítulo 6


Após caminharem até a cama, incapazes de afastar os lábios um do outro, foram para debaixo do edredom e viveram uma noite incrível para ambos. A naturalidade e falta de amarras sociais que ela não via há anos. O momento que ele tanto idealizou acontecendo de maneira ainda melhor do que em suas fantasias. Cada toque, cada beijo, troca de olhares, sorrisos… Tudo com uma cumplicidade de quem se conhecia há muito tempo, mas não fazia nem 24 horas que eles se encontraram. Aos poucos entendendo o corpo um do outro, conhecendo suas preferências e aprendendo onde tocar, o que fazer.
Não foi o sexo mais fantástico da vida de ambos, afinal ela ainda era muito experiente e ele estava muito nervoso. Mas havia sido inesquecível, com certeza. Nenhum dos dois seria capaz de esquecer o que aconteceu ali, aquela esquisita e maravilhosa intimidade que surgiu em tão pouco tempo. O sentimento que desenvolveu mais rápido que eles poderiam prever, aquela coisa que pensavam que acontecia apenas nos filmes, mas aconteceu com eles.
Então, após o cansaço, dormiram. Abraçados, trocando carícias gentis e delicadas, sentindo e ouvindo as respirações. O silêncio preenchendo o quarto, mas dessa vez, não havia sido nem um pouco constrangedor.

No dia seguinte, acordou exasperado. Havia mesmo dormido no quarto de ? Ou melhor: havia mesmo transado com ela? Opa! Por que ela não estava ali? Tudo bem, deve ter descido para tomar café. Ele também precisava de um. Talvez um remédio para dor de cabeça também. Não deveria ter se deixado levar e tomado tantas tequilas, porque jamais estava acostumado com isso. Bem, não deveria ter feito muitas coisas, mas abriu um sorriso bobo quando lembrou-se de todas elas. Por mais que as memórias estivessem confusas e um pouco turvas.
A cabeça latejava quando ele se levantou, e foi pego de surpresa pelo segurança que entrou no quarto e o viu apenas com a samba canção. Os olhos se arregalaram, a boca abriu prestes a dizer algo mas nenhuma palavra saiu. O homem, alto e intimidador, o olhou de cima a baixo, com uma expressão de quem queria comer o fígado do rapaz. Não era o mesmo homem que o recebeu no dia anterior e havia lhe indicado o caminho errado, sem querer.
— Senhor, eu… eu posso explicar. — Disse, nervoso.
— Kevin não viu você indo embora ontem. Achamos que tinha saído após consertar as câmeras, mas cheguei hoje para meu turno e as câmeras continuam com problemas, o seu carro estacionado no jardim e… Bom, isso que estou vendo agora. — Apontou para o garoto, que lembrou-se agora que estava seminu.
— M-me desculpe, senhor. Eu estava com a… com a senhorita .
O homem franziu o cenho ao escutar aquilo. quase suspirou de alívio, pensando que naquele momento ele iria pedir desculpas e sair do quarto. Mas o segurança cruzou os braços e deixou um sorriso de deboche estampar o seu rosto.
— Ah, é mesmo? A senhorita não se encontra na residência há quase duas semanas.
— O que? C-como assim?
— Ela nem está na Califórnia, mas está chegando. Por isso a pressa em consertar as câmeras hoje.
— Isso não faz sentido nenhum. Eu…
— O que não faz sentido é você estar aqui, seminu, no quarto da senhorita . — O homem o interrompeu.
— Mas eu estava com ela, eu juro. Pode perguntar ao Kevin. É esse o nome do segurança, não é?
— Garoto, você vai me tirar a paciência insistindo com isso.
— Senhor, eu não mentiria sobre isso. Eu… — foi novamente interrompido.
— Só um minuto. — Ele pegou o celular, discou algum número e então colocou no viva-voz. Ambos ouviam o tom da chamada, até que outro homem atendeu, com a mesma voz grossa e firme do segurança que estava no quarto. — Kevin, por onde está?
— Chegando em Long Beach com a senhorita . — O homem do outro lado da linha informou. arregalou os olhos, sem entender nada, e o segurança que estava no quarto sorriu, irônico.
— Posso confirmar que ela está ao seu lado?
— O que você quer, Richards? — Perguntou a mulher, impaciente. reconheceu a voz e imediatamente os ombros caíram em decepção.
— Só confirmar se a senhorita esteve na sua residência ontem.
— Que pergunta estúpida! Não sabe que estou longe de casa há dias?
Não era possível que tivesse sonhado a noite anterior e nada daquilo aconteceu. Foi tudo tão verdadeiro e real. Será que estava ficando maluco? Talvez houvesse bebido sozinho e fantasiou tudo? Era uma história estranha e ele não conseguia entender, mas não teve tempo de viver o seu pequeno luto e confusão mental, pois logo o homem desligou a ligação e voltou a falar com ele, agora ainda mais alto.
— Satisfeito? A senhorita sequer estava em casa. Agora vista-se, rapaz, e vá finalizar o seu trabalho. Para a sua sorte, eu estou de bom humor e não vou prestar nenhuma reclamação. Agora vamos logo. — Então saiu do quarto e esperou que ele viesse depois.
vestiu as roupas, repassando todo o dia anterior na sua mente e era absolutamente impossível que tudo houvera sido uma ilusão de um bêbado. Talvez ele realmente a conheceu, beberam juntos, mas todo o resto foi fantasia de sua mente fértil e alcoolizada: os beijos, as brincadeiras, a dança com roupa de gala, a noite que passaram juntos. Então realmente, essa parte, não aconteceu. Pensou que as lembranças estivessem turvas em sua mente por conta da tequila, mas talvez fosse porque apenas foram fruto de sua imaginação. Ainda assim, ele a havia conhecido. Ela estava em casa. Por que o segurança mentiu? Ou melhor: por que ela havia mentido na ligação como se não estivesse lá?
O técnico desceu as escadas, devidamente vestido, e foi até a sala de segurança, sendo supervisionado pelo tal do Richards. Levou algumas horas para deixar tudo no perfeito estado, as câmeras voltando a funcionar normalmente, então despediu-se meio sem jeito e entrou no carro da companhia para voltar para São Francisco.
Sua viagem de quase seis horas foi repleta de suspiros frustrados, sem entender o que estava acontecendo. Já quase anoitecia quando ele chegou em casa, como combinado com Taylor, ele não trabalharia aquele dia e poderia levar o carro para a empresa no dia seguinte. Pegou sua bolsa no carro, sentindo-a mais pesada do que o normal. Logo que estava em casa, decidiu verificar o que tinha na mochila.
O sorriso se abriu no mesmo momento em que viu o que era.
Um bilhetinho em cima de uma enorme caixa.
“Que bom que as câmeras de segurança não estavam funcionando. Você foi maravilhoso! Obrigada pela noite incrível! Espero que tenha sido inesquecível para você também. Beijinhos,
da sua .”
Da sua .
Da sua.
Sua.
.
Aquela parte ecoava na sua cabeça. Ou talvez a parte em que ela afirmava que havia sido inesquecível para ela. O “maravilhoso” também lhe arrancou um sorriso. Não saberia dizer qual daquelas havia sido sua parte favorita. Ou quem sabe a caixa em que o bilhete estava apoiado. Uma caixa com um sabre de luz desmontado dentro. O que ele havia usado lá, como uma confirmação de que o que viveram não havia sido uma mentira ou uma ilusão de sua mente.
Então ele se lembrou do momento em que ela os fotografou e filmou. Pegou o celular, quase desesperado, confirmando que estavam todas lá. não havia apagado, porque ela sabia que ele jamais publicaria ou faria qualquer coisa contra ela. Era uma lembrança deles, nenhum dos dois faria nada para arruinar aquilo. assistiu os vídeos vezes demais, ficou bons minutos analisando cada detalhe das fotos, com aquele sorriso bobo no rosto que logo amou. E como ela daria qualquer coisa naquele momento para estar o admirando.
não entendeu de primeira, mas o segurança o seguindo o tempo todo, e o acompanhando até a saída, não era por implicância, mas a mando da senhorita , sua patroa. Havia sido muito bem recomendado para que o tratasse bem, e repetiu o discurso de que não estava em casa porque ele não sabia. Além dos dois envolvidos, o único que sabia do pequeno segredo era Kevin, o outro segurança. jamais saberia, mas ela estava bem de perto, o observando, apenas fingiu que estava longe. Ela se preocupou de algum paparazzi vê-lo e que sua vida se tornasse atribulada, como a dela, por conta do episódio. Os dois agiam como se fosse a única vez, e tratavam o momento como se fosse o último contato deles. Mas o que haviam sentido, a conexão que tiveram, era inegável e não se podia deixar passar tão facilmente. Seria difícil, mas os dois esperavam que o destino brincasse com eles novamente e os unisse mais uma vez.
Se não acontecesse, bem, ao menos tinham aquela noite.
A noite só deles.
Uma noite para se lembrarem para sempre.



FIM



Nota da autora: Oiii gente! Apesar de inspirada no clipe, a história contém cenas que são diferentes, como também o fato da protagonista não ser cantora, e sim atriz. É a primeira história curta que consigo finalizar, após muitos anos sem conseguir escrever, muito menos postar. Depois de meses travada, eu consegui voltar para finalizar, e a animação foi tanta que talvez tenha deixado passar algum erro ou incoerência. Qualquer coisa, podem me avisar. Espero que você que esteja lendo tenha gostado, ou mesmo que não tenha, que considere deixar um comentário, para me incentivar ou me fazer uma crítica construtiva. Obrigada por fazer parte desse momento tão importante para mim, como autora, que é conseguir voltar a escrever. <3

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Conflito com o Destino


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