História por Aline Patzz | Revisão por Sofia Queirós

Prólogo

Ando tão perdido em meus pensamentos
Longe já se vão os meus dias de paz
Hoje com a lua clara brilhando
Vejo que o que sinto por ti é mais
Quando te vi, aquilo era quase o amor
Você me acelerou, acelerou, me deixou desigual
Chegou pra mim, me deu um daqueles sinais
Depois desacelerou e eu fiquei muito mais
Sempre esperarei por ti, chegue quando
Sonho em teus braços dormir, descansar
Venha e a vida pra você será boa
Cedo que é pra gente se amar a mais
Muito mais perdido, quase um cara vencido
À mercê de amigo ou coisa que o valha
Você me enlouquece, você bem que merece
'inda me aparece de minissaia
Sério, o que eu vou fazer, eu te amo
Nada do que é você em mim se desfaz
Mesmo sem saber o teu sobrenome
Creio que te amar é pra sempre mais (Acelerou – Djavan)

Capítulo Único

Esse já era o terceiro dia em que eu caminhava tranquilamente pelo Hyde Park, um dos maiores e mais movimentados parques de Londres, e não era importunado por pedidos de autógrafos, de mordidas ou de fotos. E, principalmente, não estava cercado de fãs histéricas que não se cansavam de gritar meu nome, ou melhor, o nome do meu personagem mais famoso.
Vocês devem estar se perguntando quem sou eu, não é? Pois bem, sou Robert Pattinson, atualmente mais conhecido como Edward Cullen. E como eu estou conseguindo essa proeza em pleno mês de dezembro, a poucos dias do Natal? Bom, digamos que eu tive uma idéia brilhante.

Flashback on

Eu tinha acabado de chegar a Londres para passar as festas de final de ano com minha família e, mais uma vez, tive que enfrentar uma multidão no aeroporto, outra pelo caminho e mais outra na entrada da minha casa. Não que eu não gostasse disso, pelo contrário, era ótimo saber que meu trabalho estava sendo reconhecido e os filmes nos quais eu trabalhava estavam atingindo o sucesso esperado e desejado. Mas eu sinto muita falta da minha antiga vidinha, de poder sair por aí e comer um hot dog na rua sem ser interrompido a cada dois minutos para tirar uma foto. Sei que isso faz parte do estrelato que consegui, mas puta merda, sou humano também, né? E um humano mais pro lado dos tímidos do que pro lado dos extrovertidos. Queria um pouco de sossego outra vez, só um pouquinho. Será pedir muito?
Ok, talvez seja mesmo. Talvez eu tenha que realmente me acostumar com essa condição de pop star seguido e perseguido 24 horas por dia. Talvez eu tenha que encarar a realidade de que minha vida nunca mais voltará a ser a mesma, mesmo se eu abandonar a carreira de ator. Acho que tenho que me acostumar com isso e tentar viver minha vida da melhor maneira possível.
Foi com esse pensamento que eu me larguei em minha enorme cama, no apartamento ainda cheirando a tinta que eu acabara de comprar, num bairro não muito distante de onde ficava a casa dos meus pais. Obviamente os fãs e os paparazzis já sabiam meu novo endereço, mas pelo menos da cobertura e com todas as janelas fechadas, o barulho já ficava menos intenso.
Liguei a TV em um canal qualquer e logo começou uma reportagem sobre as várias lendas do Natal, dentre elas as lendas sobre os Papais Noéis: imagens, fantasias, origens e mais um monte de coisas. E por fim alguns relatos sobre convenções desse personagem em várias partes do mundo.

Flashback off


E cá estou eu, fantasiado de Papai Noel e distribuindo algumas guloseimas para uma ou outra criança inocente que se aventura a chegar perto de mim. Incrivelmente não fui reconhecido ainda, não sei se por mérito da fantasia perfeita que minha irmã Victoria me arrumou, ou se pelo fato de ninguém nunca cogitar que eu me arriscaria numa brincadeira dessas. O fato é que passei os últimos três dias praticamente anônimo, podendo tomar um belo café numa Starbucks, caminhar tranquilamente pelas ruas de Londres e sentir um pouco da paz que eu não senti ao longo desses últimos meses.
Eu estava parado perto de um banco quando uma mãe me chamou e me estendeu sua filhinha de uns dois anos, toda encapotada em um agasalho rosa, para que eu tirasse uma foto. Aceitei de bom grado esse pedido e pude ver a satisfação nos olhos da mãe, enquanto a menininha tinha um olhar desconfiado, mas divertido. Eu nunca tinha reparado na fascinação que os adultos sentem pelo Papai Noel; algumas crianças gostam, outras têm crise de choro, mas quem mais se diverte são os pais, sem sombra de dúvidas. Era até cômico perceber isso. Devolvi a garotinha para os braços da sua mãe, que me agradeceu com um sorriso encantado e voltei a observar o movimento no parque. Foi quando tudo aconteceu.
Ela caminhava distraidamente enquanto lia um jornal e não reparou que já estava na pista de ciclismo. Eu nem tive muito tempo para pensar na verdade, pois num segundo eu a vi indo de encontro a uma bicicleta que se aproximava em alta velocidade e no segundo seguinte meus braços a puxavam dali, desviando-a do perigo.
- Wow! – ela disse com um olhar meio assustado, sem entender direito o que tinha acontecido.
- Você está bem? – eu perguntei encontrando um lindo par de olhos . – Machucou-se?
- Hum... Não. – ela respondeu com os olhos fixos nos meus. – Na verdade nem vi o que aconteceu.... – ela olhou ao redor. – ...ou deixou de acontecer. – e abriu um lindo sorriso tímido.
- Bom, acho que eu a salvei de ser atropelada por uma bicicleta. – eu respondi, sem conseguir desviar meu olhar. Havia algo ali, naqueles olhos, que me prendia, que me hipnotizava.
- Nossa! – ela espantou-se um pouco. – Acho que eu não deveria andar com a cara enfiada num jornal. – e percebi um pequeno rubor em sua face. – Obrigada.
- Disponha. – eu respondi alargando meu sorriso, mas por causa da barba falsa, acho que ela não percebeu isso.
Só aí eu fui reparar em como nossos corpos estavam colados, como meus braços se encaixavam perfeitamente ao redor daquele belo corpo – mesmo com minha barriga fajuta de espuma – e como eu estava gostando daquela sensação. Ela pareceu também tomar consciência da nossa posição e, ainda com as bochechas coradas, afastou-se do meu corpo e soltou as mãos que seguravam firmemente em meus braços.
- Quer dizer então que além de Papai Noel você também é um herói, é? – ela disse, retirando uma mexa de cabelo que cruzava seu rosto.
- Sabe como é, nos dias de hoje uma única profissão não é suficiente. – eu respondi entrando no seu jogo.
- É, sei bem como é isso. – ela sorriu outra vez e ficamos em silêncio por alguns minutos. – Bom, muito obrigada mais uma vez por ter me salvado. Tenha um Feliz Natal, Super Papai Noel.
- Espere! – eu pedi quase sem pensar. Não sabia o que estava dando em mim, mas ainda não queria me despedir dela. – Você ainda não fez seu pedido de Natal.
- Oh! – ela sorriu. – Não sei se estou em posição de pedir mais alguma coisa. – pausa. – Você já me salvou hoje.
- Ah, mas essa foi a missão do super herói. Ainda tenho a missão do Papai Noel para cumprir. – ela soltou uma gargalhada muito gostosa.
- Desculpe. – ela respirou fundo. – Não se ofenda, mas acho que estou grandinha demais para acreditar em Papai Noel.
- Ah, não. Assim você fere meus sentimentos. – eu disse com uma voz brincalhona e ela sorriu outra vez. – Mas no coelhinho da Páscoa você acredita, né?
- Humm, não. – ela respondeu fazendo uma careta divertida.
- Putz, ele vai ficar triste quando eu contar isso a ele. – eu a encarei com um olhar pensativo. – Gnomos? Fadas?
- Hum... também não. – ela sorriu tímida. – Desculpe.
- Não é possível, deve ter alguma coisa. – eu ainda insisti, pois estava gostando da companhia daquela estranha. – Bruxas? Monstros assustadores? Bicho-papão?
- Bom... – ela parou para pensar um segundo. – Talvez em bruxas. – e alargou o sorriso. – Sempre tem alguém fazendo maldades por aí.
- Ah, eu sabia que ia achar alguma coisa do meu mundo em que você acreditaria. – eu respondi triunfante. – Só não precisava ser uma coisa ruim, né. – ela fez uma carinha meiga de desculpas e ia falar alguma coisa, mas eu a interrompi. – Bom, mas independente disso, se você acredita em bruxas, então deveria acreditar em mim e fazer seu pedido de Natal. Quem sabe eu não posso realizá-lo?
Ela me encarou novamente, de modo profundo, analisando suas opções e mordeu o lábio inferior enquanto ria de algum pensamento. Uau, como ela ficava linda ao fazer aquele gesto! Ah, qual é, Robert! É só uma moça no parque, por favor! Fui interrompido pelo som da sua voz.
- Ok, você venceu. – e alargou o sorriso. – Já que "acredito" em bruxas e tudo o mais; e estou conversando com um Super Papai Noel, não custa nada fazer meu pedido.
- Vá em frente. – eu a encorajei.
- Bom, para manter a conversa nessa linha. – ela novamente mordeu o lábio num meio sorriso. – Gostaria muito que o Príncipe Encantado fizesse parte da minha vida. – hum, acho que não esperava por esse pedido, nem tinha cogitado a hipótese de uma mulher daquelas estar solteira, e à procura de um amor. Mas, por que diabos eu estou pensando nisso? É melhor parar com isso, Robert!
- Acompanhado pelo cavalo branco? – eu indaguei, só por diversão.
- Humm..... seria muito romântico, mas acho que nos dias de hoje, um Volvo prata seria mais interessante. – oh-oh! Por que diabos ela falou em volvo prata? Será que ela me reconheceu? Será que assistiu aos filmes e está tirando uma com a minha cara?
- Volvo prata? – indaguei despretensiosamente, mas no fundo eu tinha que descobrir mais.
- É. Acho um modelo de carro muito bonito. E adoro carros prata. Por quê?
- Nada. – eu respondi rápido e aliviado, para não dar chance a ela de aprofundar o assunto. – Curiosidade do bom velhinho. Afinal, tenho que saber todos os detalhes para o pedido sair perfeito.
- Ah, claro. – ela riu, parecendo engolir minha desculpa esfarrapada. – Bom, Super Papai Noel, agora eu realmente tenho que ir. – eu acho que ela percebeu minha cara de interrogação e emendou. – Tenho que alimentar meu casal de unicórnios. Sabe como é, eles são muito carentes e sentem minha falta. – ela tentava segurar uma gargalhada.
- Ah, com certeza. Unicórnios são muito sensíveis. – eu respondi. – Tenha um Feliz Natal.
- Igualmente. – ela respondeu e virou-se para atravessar a ciclovia. – E mais uma vez, obrigada! – ela gritou já do outro lado da rua. Eu acenei e a observei voltar à sua rotina desaparecendo pelo parque gelado.
Fiquei mais algum tempo por ali, mas a imagem dela não saía da minha mente. Decidi encerrar aquela tarde de anonimato e voltei para meu apartamento de metrô, a fim de testar mais um pouco meu disfarce e funcionou: ninguém me reconheceu. Ao chegar em casa coloquei o saco vermelho de guloseimas sobre a mesa, me livrei da barba, bigode, peruca e gorro e finalmente daquela barriga de espuma enorme. Logo o telefone tocou – Vic – querendo saber da minha tarde. Contei superficialmente os acontecimentos e logo nos despedimos. Aproveitei o telefone na mão e liguei para meu restaurante japonês favorito, encomendando meu jantar e logo depois fui para o banho. Jantei esparramado pelo sofá e então capotei ali mesmo, ficando todo torto no móvel.
Tudo doía quando eu acordei no meio da madrugada: costas, pescoço, braços. Isso que dá ficar de qualquer jeito no sofá ao invés de ir dormir na sua grande e confortável cama, panaca! Tentei me espreguiçar e alongar, mas não ajudou muito. Olhei para o relógio e ainda era 4 da manhã, mas eu inexplicavelmente estava sem sono, então fui até a cozinha caçar alguma besteira para comer. Por falar em besteira, tenho que reabastecer meu saco de doces para a criançada amanhã. Fui até a mesa em que havia deixado o saco vermelho e me preparei para enchê-lo com as guloseimas que eu havia separado, mas então notei alguma coisa diferente ali. Enfiei o braço pela abertura e encontrei o que parecia ser uma agenda. Uma agenda feminina por sinal. Mas o que uma agenda feminina estaria fazendo no meu saco de doces?
Foi quando tive um insight e imediatamente a imagem da linda moça do parque surgiu em minha mente. Será que aquela agenda era dela? O objeto coçava em minhas mãos e a curiosidade para abri-lo e ler o conteúdo era enorme, mas isso não era exatamente legal. Ah, que se dane, ninguém vai ficar sabendo mesmo! Sentei numa das cadeiras e passei a folhear a agenda. Havia um nome ali: . Será esse o nome dela? Bom, combina perfeitamente com aquele rosto delicado. Havia também um endereço, telefone residencial, escritório e celular. As páginas não continham muitos compromissos, o que me dizia que ou ela não tinha uma vida muito agitada, ou não costumava marcar tudo nas páginas do caderno. Mais para o final do ano as páginas estavam mais cheias com nomes de pessoas e horários, às vezes algum endereço, mas nada que me desse muitas pistas da vida daquela linda estranha. Nas últimas páginas do ano havia uma anotação: HOME! Seria ela estrangeira? Estaria fazendo o quê em Londres? Apenas uma viagem turística? Mas seu sotaque não denunciava nada, bom, talvez uma ou outra palavra à qual eu não dera importância durante nossa pequena conversa. Sei que passei algumas horas lendo incansavelmente aquelas páginas e imaginando como seria a vida daquela linda mulher que agora era presença constante em minha mente.
Logo o dia chegou e me arrumei para mais um dia de diversão no parque, encarnando o Bom Velhinho. Como não havia nada marcado para aquele dia, eu não sabia se ela poderia passar novamente pelo parque ou não. Esperei ansiosamente ao longo da manhã, mas ela não apareceu. Fui almoçar num fast food e decidi.
- Alô? – eu pude ouvir sua linda voz do outro lado da linha.
- Por favor, esse é o número da moça dos unicórnios?
- Super Papai Noel? – ela sorria do outro lado da linha.
- Ahá! – eu gargalhei. – Estava receoso de que não fosse você e eu fizesse papel de idiota.
- Bom, sou eu sim. – ela riu também. – Mas, como conseguiu meu telefone? Além de super herói e Papai Noel você é adivinho também? – ela continuava divertida.
- Quase isso. – eu ri. – Acho que fiquei com sua agenda ontem.
- Oh, nossa! – ela reagiu com espanto. – Não acredito que ficou com você! Achei que tivesse perdido em algum lugar.
- Bom. Acho que perder, você perdeu, né? – ah, não tive como não zoar.
- É... – senti que sua voz falhou um pouco, teria ela ficado corada? – Mas, como de costume, você a encontrou e vai me salvar mais uma vez.
- Isso já está virando rotina. Terei que começar a cobrar?
- Bom, espero que não.... – ela riu divertida. – Se bem que do jeito que sou, é bem capaz de isso acontecer.
- Bom, liguei na verdade para avisar que a agenda estava comigo e saber como posso devolvê-la.
- Você vai estar no parque no fim da tarde? Posso passar para te encontrar.
- Claro. Ficamos combinados assim. – eu respondi, sentindo que ela precisava desligar. – No mesmo local do salvamento?
- Perfeito. – ela riu mais uma vez. – Nos vemos à tarde então. Ah, e obrigada pela segunda vez.
- Disponha. – eu ri e desligamos.
Passei a tarde toda com um frio na barriga que eu não sabia bem como explicar. Ok, sabia sim: ansiedade pelo reencontro com aquela garota. Como eu já disse, sou um cara um pouco tímido e nem sabia explicar direito como tinha conseguido ligar assim do nada para falar com ela, mas algo naquela mulher me deixava seguro – e inseguro ao mesmo tempo – para fazer o que era certo. O fato é que a tarde se arrastou até que a luminosidade começou a diminuir.
- Demorei? – ela perguntou atrás de mim, me dando um leve susto.
- Não. – eu respondi assim que passei os olhos pelo seu rosto. Estava iluminado.
- Que tal um café? Está começando a esfriar um pouco. – ela sugeriu com os olhos brilhando.
- Claro. – eu respondi. – Um café seria ótimo.
Seguimos até uma Starbucks ali perto e nos sentamos numa mesa mais ao fundo do estabelecimento, que nem estava tão cheio.
- E então, como foi seu dia? Salvou muitas mocinhas de serem atropeladas por ciclistas desvairados?
- Não. Hoje foi mais tranqüilo. – eu respondi alegre. – A situação mais emocionante foi tentar acalmar o choro de um garotinho de um ano e pouco. Mas confesso que eu o entendo; devo dar medo nas criancinhas.
- Talvez. – ela disse depois de uma sonora gargalhada.
- E o seu dia, muito agitado?
- Um pouco. – ela respondeu antes de tomar um gole do seu cappuccino. – Tenho algumas coisas para organizar ainda nesse fim de ano.
- Coisa tipo trabalho ou tipo férias?
- Tipo viagem. – ela sorriu, mas não desviou os olhos da xícara. – Mas você deve ter lido isso na agenda. – ok, parei agora. Como ela sabia que eu tinha lido a agenda? Será que eu tinha dado na cara minha estripulia? Apesar de ter razões para ficar brava, seu tom não era de recriminação.
- Como? – eu engasguei, tentando descobrir como lidar com o flagra.
- Ah, qual é? – ela me encarou divertida. – Vai dizer que não folheou nem umas paginazinhas da agenda! Tudo bem. – e seu sorriso era sincero. – Eu também não conseguiria me segurar.
- Bom, já que você está levando numa boa.... talvez eu tenha visto uma coisa ou outra. – não tive escapatória.
- Sem problemas. Não há nada ali confidencial ou que eu tenha vergonha de partilhar. – e voltou sua atenção para a xícara. – Aliás, minha vida não é muito diferente daquilo que você viu.
- Como assim? – eu perguntei, ficando curioso novamente.
- Bom, digamos que minha rotina seja casa-trabalho-casa; com alguns intervalos para um ou outro encontro com algum colega de trabalho. Nada muito estimulante ou criativo.
- Entendo. – eu disse apenas para responder alguma coisa. Eu não podia acreditar que ela tivesse mesmo aquela vida. Ela era divertida, alegre, espontânea; merecia ter uma vida menos "certinha" e engessada. E eu podia ver em sua expressão que ela não era feliz com aquilo.
- E quanto a você? – ela interrompeu meus pensamentos. – O que faz fora da temporada de Natal? Como você mesmo disse, hoje em dia está meio complicado sobreviver com um único emprego. E não vale dizer que é super herói em tempo integral.
- Bom... – óbvio que eu não podia dizer a verdade, dizer quem eu era – ou será que podia? Ela não parecia ser alguém que surtaria com um astro do cinema – então tentei enrolar. – Tenho uma vida normal também.
- Ahã. – ela me encarou com os olhos estreitos. – Você não parece ter nada de normal. Sem ofensas. – e sorriu divertida.
- Hum, então qual seria sua teoria? – ok, já que ela não tinha engolido essa desculpa esfarrapada.
- Ainda não sei. Mas de uma coisa eu tenho praticamente certeza: essa é sua primeira vez como Papai Noel. – eu apenas arqueei a sobrancelha interrogando-a. – Apesar de ficar pelo parque, você não tem sininho para chamar atenção para você e sua postura não é exatamente de quem esteja querendo ganhar a atenção da garotada. Sou capaz de apostar que só conversou com crianças que foram "empurradas" pelos pais para uma foto. – ok, eu estava completamente chocado com as observações dela.
- Humm... – eu deixei escapar para que ela continuasse com sua teoria, que até agora estava correta.
- Eu diria que você está se disfarçando aqui, apenas querendo curtir o momento, andar sem preocupações, livre de problemas. – ela respirou profundamente, abaixou os olhos e depois me encarou. – Estou perto?
- Mais do que imagina. – eu respondi sem pensar, abismado demais com sua perspicácia.
- Seu segredo está seguro comigo. – ela disse quase num sussurro e depois deu uma gargalhada divertida. Eu a acompanhei na gargalhada.
- E você deve ter uma vida dupla também. – eu disse depois de nos recuperarmos. – No mínimo é detetive da Scotland Yard!
- Touché! – ela disse com um sorriso lindo, entrando na minha brincadeira. Era tão fácil ser espontâneo e leve com ela!
Ela deu um último gole em seu cappuccino e desviou os olhos para o relógio, o que alertou que já estava tarde realmente. Nem vi o tempo passar durante essa nossa conversa.
- Bom, acho que está ficando tarde. – eu disse, de modo gentil.
- Um pouco talvez. – ela disse, parecendo querer prolongar a conversa. – Talvez eu pareça abusada ou oferecida, mas achei que poderíamos, bom.... continuar essa conversa num restaurante ou lanchonete, não sei. – ai, ela me pegou de surpresa dessa vez. Eu adoraria sair para jantar com ela, continuar conversando e desfrutando da sua companhia, mas eu não podia simplesmente tirar a barba e me revelar, podia?
- Eu adoraria, mas receio que hoje não seja possível. – eu disse quase num fio de voz ao ver o brilho de seus olhos apagarem um pouco.
- Claro. – ela disse com uma voz mais formal. – Obviamente você tem outros compromissos como salvar alguma donzela de algum perigo iminente.
- Podemos marcar outro dia. – eu tentei arrumar, não queria que ela pensasse que não queria vê-la outra vez. – Tenho seu telefone. Se não se importar eu gostaria de ligar, . – ela abriu e fechou a boca assim que ouviu seu nome sendo pronunciado.
- Eu adoraria. – ela disse finalmente, com um sorriso sapeca depois que lhe entreguei a agenda. – Sabe, você sabe meu nome. Não é justo que eu não saiba o seu. – e agora? Dizer ou não dizer? Ela me encarou mais uma vez e balançou a cabeça sorrindo, dirigindo-se ao caixa e pagando nossas bebidas. Eu ia protestar, mas ela impediu. – Você me salvou duas vezes, a conta é minha. – eu não tive alternativa a não ser concordar.
Saímos do café e seguimos até um ponto de táxi. Eu abri a porta para que ela entrasse e logo a fechei.
- Gostei da nossa conversa. – eu disse, não querendo que ela fosse.
- Eu também. – ela disse sorrindo. – Bom, ligue-me quando estiver livre.
- Eu ligarei, . – eu respondi.
- Estarei esperando, Rob. – ela disse e o táxi saiu.
Rob? Como assim, Rob? Então ela sabia quem eu era? Por que não tinha dito nada? Por que me deixou pensar que eu a estava enganando? Por que não agiu como todas as pessoas ao meu redor? As perguntas giravam em minha mente e eu não encontrava respostas para elas. Peguei o táxi seguinte e rumei para casa, ainda perturbado com aquilo tudo. Mas no meio do caminho mudei de idéia e segui para sua casa – tinha decorado o endereço, que não era difícil, na verdade – na esperança de entender o que tinha acontecido.
O carro parou diante de um sobradinho simpático e havia luz na varanda de entrada e também numa janela no segundo andar. Tive um surto súbito de pânico. E se ela não quisesse falar comigo? E se preferisse continuar levando a brincadeira do papai Noel adiante? E se ela não ficasse à vontade sabendo quem eu realmente era? Percebi o olhar confuso do motorista pelo espelho e acabei descendo do veículo, parando estático diante da campainha. Respirei fundo duas vezes e apertei o botão: seja o que Deus quiser!
- Quem é? – ela perguntou, numa voz monótona.
- Ho ho ho? – foi a melhor coisa que pensei e fechei os olhos, como se isso fizesse alguma diferença no caso dela me mandar embora.
- É você mesmo? – agora seu tom era curioso e até divertido.
- Pode abrir, por favor? Está congelando aqui fora! – eu disse tentando parecer divertido, mas o nervosismo era visível. Ouvi um estalo metálico e a porta lentamente abriu uma fresta. Ela terminou de abrir a porta e me encarou num misto de espanto, curiosidade e diversão.
- Achei que estaria ocupado essa noite. – ela disse rindo enquanto me dava passagem.
- Erm... bom... sua última frase me fez mudar de idéia em relação ao meu compromisso. – eu disse numa rajada só, alertando-a que sabia que ela sabia.
- Mesmo? Posso saber o que minha frase tinha demais para fazer com que mudasse seus planos? – ela se divertia às minhas custas. Mas eu não consegui ficar bravo com isso.
- É que, bom, você me chamou de Rob. – resolvi dizer logo de uma vez e acabar com aquilo tudo.
- Sim. É seu nome, não é? Robert Pattinson? – ela disse com a maior naturalidade.
- Urgh.... então você sabe quem eu sou? – encarei-a ainda meio tonto. – Como soube?
- Honestamente? – ela perguntou e me ofereceu um lugar ao sofá. Eu apenas assenti. – Eu tinha quase 90% de certeza, mas não certeza absoluta, então resolvi arriscar. – e sorriu inocentemente. – E então, como mágica, você apareceu na minha porta.
- Sério? – sério que ela não tinha certeza e eu vim aqui confirmar isso? Não acredito!
- Ahã. – ela continuou sorrindo. – Agora, você poderia, por favor, tirar essa barba falsa para eu confirmar plenamente minhas suspeitas?
- Bom, por que não? – eu gargalhei e me desvencilhei da barba e da peruca brancas, deixando meu rosto à mostra. – Satisfeita? – eu sorri e ela teve uma reação que eu não esperava: abriu um pouco a boca, como se o queixo estivesse caindo e logo em seguida fez o movimento contrário, corando imediatamente e balançando a cabeça, como se voltasse à realidade.
- Erm.... bem melhor agora. – e sorriu timidamente. – Então muito prazer, . – ela disse me estendendo a mão.
- O prazer é meu, Robert Pattinson. – eu segurei sua mão e algo aconteceu: senti uma corrente elétrica passando entre nossas mãos e percorrendo todo o meu corpo.
- Ok, apresentações feitas, aceita um chá? Chocolate quente? – ela disse ainda segurando minha mão e com aquele brilho lindo em seus olhos.
- Acho que chocolate, obrigado. – e só então ela soltou minha mão.
dirigiu-se até a cozinha e eu acabei me levantando e indo passear pela sala em que me encontrava. Era bem decorada, num estilo mais casual e moderno, mas com alguns traços românticos e delicados. Havia alguns porta-retratos sobre a lareira e fiquei um tempo ali os observando: um casal e um bebê num jardim nevado, o mesmo casal e uma linda menininha no que parecia ser uma praia, ela já com os traços atuais e um senhor em um chalé coberto de neve e ela com uma bela mulher no que parecia ser a mesma praia.
- Um pouco da minha história. – ela disse ao se aproximar com duas canecas. – São meus pais. Ele é italiano e ela é brasileira. Separam-se quando eu tinha 14 anos.
- Sinto muito. – eu disse, mas ela não parecia trazer tristeza na voz.
- Tudo bem. Eles se dão até que bem. – e sorriu com alguma lembrança. – Morávamos todos no Brasil e depois da separação eu fiquei lá com minha mãe, enquanto meu pai voltou para a Itália. Todas as férias eu vinha para a Europa passar um tempo com ele. Quando eu fiz 18 anos decidi morar com ele, mas ele estava com uma nova família e eu acabei vindo para a Inglaterra terminar meus estudos, aprimorar o inglês, essas coisas. Passo mais tempo com ele agora, já que estamos mais perto, e nas férias volto para o Brasil.
- Uau! – eu exclamei depois do seu relato. Apesar das descendências, acho que o fato de ter estudado aqui fez com que seu sotaque fosse amenizado. – E quanto tempo faz que você está por aqui?
- Cinco anos. – ela sorriu e voltamos para o sofá. – E então minha teoria estava certa afinal: você está se disfarçando de Papai Noel.
- Pois é. – eu exclamei e me recostei no sofá. – Tive essa idéia uma semana atrás, mais ou menos, logo que voltei de LA. Eu queria poder andar de novo pelas ruas sem ter uma multidão me perseguindo e gritando meu nome. Achei que era um bom disfarce, dada a época do ano em que estamos.
- Foi uma boa idéia. – ela disse solidária à minha situação. – E você conseguiu seu objetivo ou teve mais alguém que te desmascarou?
- Não, você foi a única. – eu respondi rindo. – Aliás, como descobriu?
- Bom... – ela corou um pouco. – Seus olhos o denunciaram. Praticamente todo o seu rosto estava escondido, mas seus olhos... são inconfundíveis. – e abaixou o rosto depois disso.
- Bom, acho que entendo agora. Ninguém tinha me encarado tão de perto antes de você aparecer.
- Eu fiquei em dúvida no começo, achei que era uma peça da minha imaginação, mas aí você teve aquela reação meio exagerada quando eu falei sobre o volvo e minha curiosidade ficou aguçada. – ela largou-se no encosto do sofá e continuou. – Daí, quando você ligou e nos reencontramos, a cada momento eu ia juntando as pistas. Não precisei ser Sherlock Holmes para descobrir.
- Engraçadinha. – eu respondi rindo. – Mas você disse que foram meus olhos que me denunciaram. Como? Você é uma fã? – ela enrugou a testa em sinal de confusão. – Não me entenda mal, mas é que você não parece com o tipo de fã que eu estou acostumado a lidar.
- Hei, não existe só um tipo de fã. – ela tentou ficar brava, mas o sorriso brincava em seus lábios. – Eu sei bem que você é, sou fã do seu trabalho, mas não é por isso que vou sair por aí gritando feito uma maluca ao te ver. Existem muitas fãs por aí que não curtem um escândalo e conseguiriam conversar com você como duas pessoas normais e civilizadas. – e soltou uma risada gostosa.
- Wow! O mundo não está perdido afinal! – eu disse rindo, mas pensando que realmente nunca considerei esse lado. Talvez porque o único que consiga chegar até mim seja o das meninas histéricas.
- Não, eu acho que não. – ela soltou uma risada sincera.
Ficamos em silêncio por algum tempo, mas não era constrangedor. Era reconfortante, na verdade. Estar ao lado de uma pseudo desconhecida, fã do meu trabalho, mas que não teria um ataque ou me pediria para mordê-la, perceber que era possível ter esse momento com alguém que não fosse minha família ou colegas de trabalho; isso era muito bom realmente.
- E então, muito ocupado para uma pizza? – ela disse, um pouco ansiosa.
- Nem um pouco. – eu respondi sincero e ela logo foi para o telefone. – E então, Edward ou Jacob? – eu perguntei depois que ela voltou.
- Boa pergunta. – ela fez cara de pensativa. – Eu torcia pelo Edward, então assisti New Moon e o Jake me ganhou. – e riu divertida. – Mas não por completo. Ainda sou mais Edward.
- Ah, você está falando isso só porque estou aqui. – eu ri.
- Não. – ela me corrigiu. – Eu sempre gostei de vampiros; desde Drácula até Angel. O Edward já tinha uma vantagem natural.
- Sério? Então não foi por minha causa que você começou a gostar de vampiros? – eu indaguei.
- Desculpe, mas não. – e riu divertida. – Você tem feito um bom trabalho, mas eu e os vampiros já temos um caso há muito tempo. – e gargalhou.
- Mas você disse que não acreditava nessas coisas. – eu disse lembrando-me da primeira conversa no parque.
- Ah, mas vampiros são vampiros. – ela gargalhou.
- Sei. – e gargalhei junto.
Fomos interrompidos pela pizza e passamos aquele tempo comentando sobre os prazeres da cozinha italiana.
- E os planos para o Natal? Vai passar com seu pai?
- Na verdade não. – ela pareceu um pouco triste. – Ele já foi para a Nova Zelândia com a nova família. Minha madrasta tem dois filhos adolescentes e eles queriam curtir algo mais radical. Ele até me convidou, na verdade, mas eu não sou muito de pular de penhascos ou voar só com um pedaço de pano debaixo do braço.
- Garota inteligente. – eu tive que dizer. Confesso que morro de medo desses negócios muito arriscados e cheios de adrenalina. – E sua mãe?
- Vou para o Brasil depois do Natal, que é quando ela vai chegar da lua-de-mel. – e riu, mas o sorriso não chegou aos olhos. – Fico feliz por eles terem encontrado novos amores e estarem refazendo suas vidas, mas às vezes me sinto meio que em segundo plano, sabe?
- Imagino. – eu respondi, sem conseguir atingir realmente a profundidade daquele sentimento.
- E você, vai ficar com sua família ou pretende bancar o Papai Noel até no dia de Natal?
- Ah, não. Acho que pra mim já deu. – e ri com a hipótese de aparecer fantasiado para minhas tias. – E começo a correr riscos, já que fui descoberto uma vez.
- Realmente. – ela disse e sorriu. – Engraçado, não te imaginava tão falante e divertido.
- Por que não?
- Bom, você sempre fez questão de dizer que era chato e tímido.
- E eu sou. – eu disse de cara. – Mas talvez a companhia ajude a amenizar isso. – ok, flertei com ela agora. E sem nem pensar. Não que não valesse à pena, muito pelo contrário, pois ela é linda, inteligente, divertida, sexy – ops, imagens impróprias começaram a se formar em minha mente – mas não sei se sou uma boa pessoa para se relacionar ainda mais com essa vida que eu levo.
- Sei. – ela sorriu um pouco constrangida. – Nesse caso, talvez você devesse encontrar novas companhias. – e mordeu o lábio inferior. Ela flertou comigo agora? Ah, não, não faz isso, não agora que estou prestando muita atenção nesses lábios rosados e tão bem delineados. Ai, ai, ai, isso não vai acabar bem.
- Estou começando a considerar isso. – eu disse, já perdendo o controle sobre minha mente e deixando que o desejo que havia sido despertado dominasse meu corpo.
- Mesmo? – ela se mexeu minimamente no sofá, inclinando o tronco na minha direção. Eu me mexi não tão sutilmente, demonstrando qual era minha intenção e me aproximei um pouco mais dela.
- Mesmo. – eu respondi quase num sussurro, chegando mais perto ainda enquanto ela umedecia os lábios. Faz isso não!
Mas, como tudo o que é bom dura pouco, fomos interrompidos pelo meu celular e, pelo toque, sabia que era a Vic. Ótimo, o clima foi quebrado legal e agora ela já estava novamente em seu cantinho no sofá. Atendi a chamada e só então me dei conta de que já era quase meia noite.
- Acho que está na hora de ir. – eu disse sem vontade alguma.
- Nem tinha reparado no horário. – ela disse e seu tom de voz concordava comigo. Mas eu tinha que ir.
- Gostei muito de ter esclarecido as coisas com você, .
- . – ela me corrigiu. – Pode me chamar de .
- Ah, claro. – eu ri. – E pode me chamar de Rob mesmo, já que Spunk Ranson não pegou.
- Ainda bem! – ela disse depois da gargalhada. – Isso lá é nome de gente?
- Justamente por isso. – eu respondi brincando.
Ela ligou para um taxi e nem demorou para ouvirmos a buzina.
- Realmente gostei dessa noite. – eu disse sincero.
- Eu também. Quem diria que um dia VOCÊ jantaria pizza comigo? – e seu tom era de um espanto fingido.
- Ainda bem que essas coisas acontecem. – eu respondi e senti novamente a tensão entre nós. – Gostaria de repetir outra noite dessas.
- É só me ligar. – ela respondeu, dando a entender que também sentia a corrente elétrica que nos ligava.
- Eu ligarei. – eu disse e me aproximei mais de seu rosto. Ela também se inclinou e finalmente nossos lábios se tocaram, num selinho suave e delicioso.
Obviamente fomos interrompidos pelo taxista e sua buzina e apenas nos despedimos com o olhar. Entrei no carro e logo estava em casa, largado em minha cama, sonhando com aquela mulher maravilhosa.
Acordei tarde naquele dia, depois de ter passado a noite toda deslumbrado em sonhos dos mais variados tipos com aquela linda mulher que eu acabara de conhecer: . Não era normal eu me sentir desse jeito com relação a uma mulher. Ops, isso soou meio gay, o que quero dizer é que normalmente, eu me sentia atraído e só, alguns beijos depois – e talvez algo mais numa noite qualquer – e tudo já tinha passado, sem envolvimento, sem sentimentos mais nobres, sem muita emoção. Vic sempre dizia que eu estava com medo de me envolver de verdade com alguém, aliás, que eu SEMPRE tive medo de me envolver de verdade. E eu já estava até começando a acreditar nessa teoria doida dela, mas aí veio a : uma linda mulher que eu salvei de ser atropelada no parque e agora não saía da minha cabeça. Claro que eu também estava tendo as "piores" intenções em relação à ela, ainda mais depois de ter provado – ainda que rapidamente – aqueles belos lábios, mas não era só isso. Ela despertava em mim um lado leve, brincalhão, divertido, sem medos, sem neuroses. Ela fazia com que eu me lembrasse de como é ser normal, mais uma pessoa nesse mundo e somente isso. Meu coração deu um leve salto em meu peito e eu quase entrei em pânico! Não, não podia ser! Eu não estava me apaixonando por uma mulher que eu mal conheci há apenas dois dias! Não tinha espaço para isso na minha vida atual, na minha rotina maluca de estar em 3 países ao mesmo tempo! Por outro lado... seria tão bom se isso acontecesse, se eu tivesse um porto seguro para recorrer, alguém para quem voltar, alguém para sentir saudade e ligar no meio da noite. Oh, droga! Eu ESTOU me apaixonando por ela!
Levantei da cama e fui até a cozinha tomar um copo de água para ver se dissipava aquele turbilhão de emoções que estavam me dominando. Não funcionou muito. Observei a fantasia esparramada sobre o sofá e tive uma vontade súbita de falar com ela, ouvir sua voz, sentir seu sorriso. O que ela estaria fazendo agora? Olhei para o relógio e já estava quase na hora do almoço. Ligar? Não ligar? Mas se eu ligar, vou falar o quê? Melhor não ligar. Talvez convidá-la para almoçar? E se ela tiver outros compromissos? E se estiver trabalhando? Melhor não ligar.
- Alô? – ela atendeu e parecia sorrir.
- Bom dia, . – eu disse com a voz ainda trêmula.
- Boa tarde, Rob. – ela sorriu abertamente. – Tudo bem?
- Tudo certo. – eu respondi. – Erm, bom, sei que está meio que em cima da hora, mas pensei em te convidar para almoçar. Mas se você não puder, tudo bem, fui um pouco impulsivo agora.
- Respira, Rob. – ela disse num tom doce e divertido. Eu sorri involuntariamente. – Eu adoraria. – ela disse com o mesmo tom doce. – Ainda tenho algumas coisas para fazer aqui. Acho que em meia hora termino e podemos almoçar sim.
- Perfeito. – eu não contive o largo sorriso em meus lábios.
Marcamos num restaurante que eu gostava muito e então fui para o banho. Logo depois estava parado diante do meu armário, tentando decidir qual roupa usar. Acabei optando pela mesma combinação de sempre: calça jeans, camiseta branca, uma camisa xadrez e meu casaco de couro marrom; o boné e os óculos escuros para completar e estava pronto para enfrentar a rotina dos paparazzis à minha porta. Eu já tinha chamado um táxi – na verdade, sempre calhava de ser o mesmo motorista: Andrew – e fiz como sempre fazia, acenando rapidamente e me jogando no veículo enquanto Andrew arrancava com tudo. Disse o destino e ele estacionou na porta dos fundos, enquanto um dos garçons já me aguardava para facilitar a entrada. Sentei numa mesa mais escondida e esperei pela .
- Demorei muito? – ela perguntou, cerca de 20 minutos depois.
- Nem um pouco. – eu respondi enquanto ela se sentava. – Muita correria no seu escritório? Aliás, no que você trabalha?
- Correria normal de fim de ano. – ela abriu aquele lindo sorriso, aliás ela estava deslumbrante. – Sou paisagista. E estamos acertando os últimos detalhes de alguns projetos para o ano que vem.
- Paisagista? Será que já vi algum trabalho seu? – eu fiquei curioso.
- Bom, fiz alguns jardins para prédios residenciais nos últimos meses. Mas acho difícil você ter visto algum, afinal, você não fica muito em Londres, né.
- É, tem esse lado. – eu respondi meio constrangido. – Eu gostaria de ver algum de seus trabalhos.
- Claro. Qualquer dia te mostro. – e me encarou profundamente. Puta merda, que olhos eram aqueles? Praticamente impossível de desviar.
Passamos algum tempo decidindo nossos pratos e ficamos o almoço todo falando sobre nossas profissões. Ela falou bem mais, já que minha vida profissional era conhecida pelo mundo todo. Fiquei impressionado com o brilho em seus olhos ao falar do seu trabalho: ela realmente amava o que fazia. Aquelas duas horas passaram rápido demais e ela tinha que ir embora.
- Sabe, não achei que entraria em contato tão rápido ou mesmo que entraria em contato novamente. – ela disse quando já nos preparávamos para ir embora.
- Por que não? – eu perguntei curioso.
- Não sei. – ela desviou o olhar. – Não pensei que você se interessaria em querer conversar mais com alguém como eu.
- Como assim alguém como você?
- Alguém normal, Rob. Alguém que não vive num mundo glamuroso, alguém que não tem muito a oferecer.
- Pode parar, . – eu a interrompi quase incrédulo com suas palavras. – Justamente por você não fazer parte desse mundo de ostentação é que me interesso por você. Sua vida "normal" me ajuda a me lembrar que eu também sou alguém normal e não um objeto de desejo simplesmente. – eu ergui seu queixo, para que nossos olhos se encontrassem. – Você faz com que eu seja o Rob, somente o Rob, o ser humano Rob.
- Eu... – ela ia dizer alguma coisa, mas não deixei.
- Você é alguém especial, . Muito além da normalidade. – e fiz o que meu coração pedia: acariciei a lateral de seu rosto enquanto ia me aproximando e selei nossos lábios num beijo doce e urgente. Ela retribuiu, mas de repente se afastou.
- Eu não posso, Rob. Desculpe. – e começou a se afastar, mas eu a segurei pelo braço.
- Por que não?
- Porque eu me iludo demais com as coisas. Porque eu sempre saio machucada de situações assim. Hoje você está aqui, lindo na minha frente, dizendo coisas perfeitas, mas amanhã estará de volta à sua rotina, ao seu mundo e eu ficarei aqui. Com a lembrança de um momento lindo, mas que não passa disso: um momento.
- eu... – não é bem assim.
- É melhor para ambos que isso não prossiga. – ela tentou sorrir, mas ela estava triste. – Todo conto de fadas chega ao fim, Rob. Melhor que acabe com o gosto de um doce beijo. – ela acariciou meu rosto e seguiu para a porta do restaurante.
- ... – eu ainda a chamei, mas estava absorto demais naquelas palavras para tomar qualquer atitude. O garçom veio avisar que meu táxi estava a minha espera e fui para casa em estado quase letárgico.
- Tudo bem, Sr. Pattinson? – perguntou Andrew ao volante.
- Não sei, Andrew, não sei.
Caí no sofá ainda com suas palavras em meus ouvidos: "...eu me iludo demais com as coisas e sempre saio machucada... "; "...amanhã estará de volta à sua rotina e eu ficarei aqui... ". Droga! Nem por um momento pensei que pudesse causar isso a ela. Não cogitei a hipótese dela também se envolver. Fiquei todo empolgado com o fato de EU estar me apaixonando, que não pensei nas conseqüências disso. Era lindo estar apaixonado, mas nem um pouco prático, não no meu caso, não com a minha vida. Ela tinha razão: depois das festas eu voltaria para LA, para novos projetos, para novas filmagens, para viagens de divulgação; e quanto a ela? Seria justo pedir que largasse tudo e me acompanhasse? Seria justo pedir que ficasse aqui me esperando? Não, não era justo. Ah, que merda!

's POV

Ok, eu estava sendo a pessoa mais idiota da face da Terra, com certeza! Quem em sã consciência dispensaria AQUELE homem com medo de se machucar? Exato, eu mesma! Ao invés de dar uma de irresponsável e aproveitar o momento, eu tinha dito que era melhor acabar com aquilo! Ah, sua estúpida! Mas o que posso fazer se já estou cansada de sofrer por amores impossíveis? E eu não sabia até que ponto aquele jeito doce e meigo dele era verdadeiro, até que ponto ele estaria envolvido. Ok, ele tinha me beijado duas vezes, mas o que isso significava exatamente? Um passatempo no Natal ou alguma coisa mais séria? Ele tinha dito as coisas perfeitas, as coisas que eu sempre sonhara em ouvir, mas eu poderia realmente acreditar nele? Puta merda, ele era ELE, Robert Pattinson, o cara mais desejado dos últimos tempos. O cara que arrasava corações até de homens! Poderia ele ter se interessado de verdade por mim? Sou uma pessoa normal, bonitinha talvez, mas nem chego aos pés das mulheres com as quais ele está acostumado a conviver. Como minha vidinha normal poderia ser interessante para ele? Oh, Deus! Como eu queria não estar tão apaixonada por ele! Como eu queria ser igual a essas mulheres que conseguem simplesmente aproveitar a vida, curtir o momento e ficarem bem com suas vidas depois! Mas essa definitivamente não sou eu. Eu sou aquela romântica inveterada que ainda sonha com o príncipe encantado, que ainda acredita no "felizes para sempre", que quer apenas amar e ser amada. Mas e se... e se ele fosse o meu príncipe? E se meu conto de fadas tivesse começado desse jeito torto, sendo salva por um desconhecido que se revelaria o homem dos meus sonhos? Ok, essa história tinha tudo para ser o roteiro dos filmes água com açúcar que eu adorava! Oh, merda! Será que eu consegui estragar a MINHA história perfeita?

/'s POV


Não sei quanto tempo passei largado no sofá só revivendo aquele almoço que tinha começado perfeito e terminado com um fora. E eu era quem tinha levado o fora! Saí dos meus devaneios com o telefonema da Vic e decidi ir de vez pra casa dos meus pais, já que já era 23 de dezembro! Liz ainda não tinha retornado de uma turnê, mas ela garantiu que chegaria a tempo para a ceia no dia seguinte, então ficamos nós quatro tagarelando até tarde da noite.
- Você está muito quieto, maninho. – disse Vic apontando a cabeça na porta do meu quarto.
- Vai acreditar se eu disser que é porque levei um fora?
- Sem chance! – ela sorriu e sentou-se na cama. – Detalhes, agora!
Contei resumidamente a história toda e a cada frase minha irmã ia fazendo caras e bocas das mais estranhas possíveis. Terminei o relato com o episódio do almoço e contando como eu achava que estava me sentindo, afinal era a primeira vez que algo assim acontecia comigo.
- Já pensou em tentar conversar com ela? – Vic perguntou.
- Pensar eu até pensei, mas não sei. E se eu levar outro pé na bunda? Minha auto-estima, que já não é lá essas coisas vai pro fundo do poço de vez. – eu respondi cogitando aquela possibilidade.
- Mas é exatamente assim que as coisas funcionam, Rob! – ela sorriu compreensiva. – Quando você se interessa por uma pessoa e não sabe o que esperar de volta, você arrisca. Ela pode tanto não estar nem aí para você e te dar mesmo um pé na bunda, como pode estar tão confusa quanto você, sem saber o que fazer, com medo de arriscar.
- É, né? – algum tipo de esperança surgiu em meu peito com as palavras da minha irmã.
- Tenta falar com ela outra vez. O pior que pode acontecer é ela te ignorar. – Vic sorriu novamente e foi saindo do quarto.
Demorei um bocado para dormir e quando isso finalmente aconteceu, meu sono foi tumultuado por inúmeras situações envolvendo o rosto de anjo da . Acordei no meio da manhã e passei o dia todo reunido com minha família. Vez ou outra sua imagem invadia minha mente, mas eu ainda não tinha decidido o que faria ou como faria para falar com ela, então fui adiando a decisão. Liz chegou no começo da noite e, com a família reunida, tivemos nosso momento particular para comemorar aquela data.
Depois da ceia eu já tinha decidido o que faria, tinha que vê-la de qualquer maneira. Vic saiu com meu carro para despistar os paparazzis que estavam de campana por ali e eu saí com o seu carro, conseguindo não ser seguido. Passei rapidamente pelo meu apartamento – que não estava sendo vigiado, já que eu estava na casa dos meus pais – e segui para a casa da .
- Quem é? – ela perguntou no interfone.
- Ho ho ho ho! – eu respondi, exatamente como tinha feito na outra noite.
- Rob? – ela perguntou um pouco receosa.
- Sim, . Gostaria muito de falar com você. – eu disse logo, assim ela podia decidir ali mesmo se me daria outro fora ou não.
Ouvi o barulho metálico e em seguida a porta sendo aberta. Ela estava com uma calça jeans e o que parecia ser a parte de cima de um pijama, os cabelos meio bagunçados e sua expressão de surpresa a deixava mais linda ainda. Meu coração deu um salto e senti a adrenalina correndo pelas veias. Para quê ir até a Nova Zelândia para sentir a adrenalina? Só essa insegurança toda já vale por um belo salto de bungee jump.
- Oi. – ela disse com os olhos fixos nos meus.
- Oi. – eu respondi, tentando disfarçar o nervosismo.
- Entre. – ela disse me dando passagem e fechando a porta. – Aceita um chocolate quente, chá, vinho?
- Vinho, obrigado. – e sentei no sofá enquanto ela se encarregava da bebida. Voltou logo com duas taças de vinho tinto e a expressão curiosa em seus olhos.
- Você disse que... – ela começou, acho que me encorajando a falar. Dei um gole na bebida, respirei fundo e comecei.
- Não sei bem por onde começar, na verdade, . – pausa. – Acho que te assustei ontem com o que eu disse. Mas é a verdade. Eu descobri que quando estou com você, não me importo com o resto do mundo. Com quem eu sou ou deixo de ser. – outra pausa, para olhar mais firmemente em seus olhos. – Toda minha atenção fica voltada para você, com esse jeitinho meigo e seguro, divertido, alegre. Eu... – ok, agora é a hora. – ...eu me apaixonei por você. – pronto, falei! Agora é com ela. Aqueles olhos me encaravam quase com incredulidade. O que será que estava se passando naquela cabecinha?
- Rob... – ela sussurrou e voltou a atenção para suas mãos, dando um meio sorriso que eu não soube dizer se era de alegria ou desculpas. Alguns instantes se passaram enquanto ela formulava sua resposta, e eu comecei a me preparar para a bomba que viria. Ela voltou a me olhar. – Eu só posso estar sonhando. – e seu sorriso ainda era de incredulidade. – Você aqui, na minha sala na noite de Natal dizendo que está apaixonado por mim? É bom demais para ser verdade!
- Não é sonho, . – eu decidi dizer, ela tinha que acreditar em mim. – É exatamente isso que está acontecendo. E eu vou provar. – eu disse indo em sua direção e segurando seu rosto em minhas mãos.
Senti seu corpo tremer ao meu toque, mas ela não desviou seu olhar. Eu me aproximei mais, fazendo com que minha respiração encontrasse sua pele macia. Ela fechou os olhos nesse momento e eu a acompanhei. Fui aproximando lentamente meus lábios dos seus e iniciei um beijo delicado, mas decidido. Contornei lentamente seus lábios com minha língua antes de pedir passagem e finalmente beijá-la mais intensamente. Ela cedeu ao meu carinho e quando percebi, seus braços estavam enroscados em meu pescoço, enquanto suas mãos brincavam em meus cabelos. Minhas mãos já tinham ido parar em sua cintura e passeavam por suas costas. Tivemos que nos afastar para respirar e percebi que ela tinha um sorriso bobo nos lábios.
- Acredita em mim agora? –eu perguntei ainda afagando seu rosto.
- Ahã. – ela soltou quase num sussurro e alargou aquele sorriso lindo. Mas então sua fisionomia mudou um pouco, ficando apreensiva.
- O que foi? – tentei parecer o menos assustado possível, mas era como eu estava, afinal ela ainda não tinha falado como se sentia. Ok, "devo estar sonhando" já um bom indicativo de como ela se sente, mas ela ainda não tinha dito nada de concreto.
- Eu tenho que te pedir desculpas. – ela desviou o olhar. – Fui muito rude com você ontem, mas é só porque eu estava assustada demais com tudo isso. Eu não sabia se o que você estava dizendo era verdade ou não, e não queria acreditar que tinha me deixado envolver tanto em tão pouco tempo. – ela fez uma pausa. – Entenda, eu já passei por alguns maus bocados por ser tão sonhadora e acreditar em tudo o que as pessoas diziam. Eu só não queria me machucar mais uma vez. Mas depois daquele beijo eu percebi que já estava num caminho sem volta. Eu já tinha me entregado, já estava apaixonada.
Eu não deixei que ela falasse mais nada. Ela gostava de mim e eu gostava dela e era só aquilo que importava naquele momento. Selei nossos lábios novamente e dessa vez foi ela quem "partiu para o ataque", surpreendendo-me quando finalizou o beijo com uma mordidinha no meu lábio inferior. Ai, ai, assim eu não me seguro! Nós nos afastamos outra vez para respirar e percebi nossas respirações aceleradas; não segurei uma risadinha.
- Que foi? – ela perguntou me olhando curiosa.
- Nada não. – eu disse brincalhão. – É só que é muito bom te beijar.
- Concordo plenamente. – ela respondeu com um meio sorriso bem malicioso. Ah, faz assim não! Sou homem! Se ela continuar com isso, vou avançar o sinal legal por aqui!
- , ... – eu disse em tom de advertência, mas com um sorriso bem dos maliciosos nos lábios.
Ela gargalhou e pegou sua taça para tomar mais um gole de vinho, eu acabei imitando-a, para tentar desviar um pouquinho a atenção, mas ela parecia me provocar, enquanto degustava lenta e deliciosamente aquele gole de vinho. Meu "amigo" aqui de baixo deu sinal de vida enquanto eu analisava aquela mulher à minha frente, deixando que meus olhos percorressem toda a extensão do seu corpo. Uau!
- No que está pensando? – ela me tirou dos meus devaneios.
- Para ser bem honesto, acho que o horário ainda não é apropriado para eu te contar meus pensamentos. – eu disse rindo. Óbvio que horário não tinha nada a ver com aquela situação, mas foi o jeito "delicado" que encontrei para dizer que já estava com quintas intenções. Ela soltou outra gargalhada muito divertida.
- Sério que já chegou nesse nível? – ela continuava divertida.
- Ahã. – eu soltei. – Rápido demais? – e a insegurança voltou a bater, apesar dela não dar sinais de que não gostaria de um pouco mais de "ação".
- Humm.... depende. – ela respondeu pensativa. – Quão conservador você é? – e deu outro gole no vinho.
- Não muito, na verdade. Procuro não julgar ninguém, já que não quero ser julgado pelos meus atos. – e era isso mesmo, ainda mais em se tratando de uma figura pública. Tudo, absolutamente tudo o que eu dizia tinha que ser muito bem pensado, pois eu não queria ofender nem desrespeitar nada nem ninguém.
- Então as coisas não estão rápidas demais. – ela respondeu umedecendo os lábios novamente e me encarando com um olhar extremamente sedutor. Talvez em qualquer outra situação eu a acharia um pouco atiradinha, mas não ali, não depois de ambos termos dito que estávamos nos apaixonando um pelo outro.
Não resisti àquilo e me joguei sobre seu corpo, beijando-a avidamente enquanto pressionava meu corpo contra o seu. Suas mãos passeavam livremente pelas minhas costas enquanto ela me deixava louco com seus beijos. Meu "amigo" latejou de prazer com aquele carinho e eu me pressionei ainda mais sobre seu corpo, ajeitando-me melhor entre suas pernas, que estavam ligeiramente posicionadas ao redor das minhas coxas. Ela soltou um pequeno e delicioso gemido quando ela sentiu o tamanho da minha vontade ali e eu aprofundei ainda mais aquele beijo.
Ela desceu as mãos até a barra da minha blusa e começou a subi-la, enquanto eu fazia quase o mesmo, mas me contentava em apenas passear minhas mãos pela pele quente e macia da sua cintura e barriga. Não demorou muito para que ela se livrasse do meu agasalho e me deixasse apenas com a camiseta, deslizando seus dedos finos e compridos pelo meu braço. Eu desci minha boca para seu pescoço e senti sua pele se arrepiar enquanto meu queixo com uma barba por fazer roçava pela região.
- Que tal sairmos daqui? – ela sugeriu.
Eu nem respondi, apenas a puxei pela cintura, colocando-a sentada no sofá e logo estávamos de pé, caminhando meio que sem rumo – entre beijos e mãos bobas – pela sala em direção à escada e depois ao que devia ser o seu quarto. Logo chegamos ao quarto e pude notar uma bela cama de casal ao centro. Era o que importava naquele momento. se afastou um pouco de mim, olhando-me de um jeito safado e me empurrou para a cama, fazendo com que eu caísse de costas. Logo depois ela já estava sentada sobre meu quadril, pressionando meu membro contra seu corpo e provocando descargas hormonais em minha corrente sanguínea.
Ela desceu o tronco sobre o meu e direcionou sua boca suculenta para meu pescoço, depositando ali beijos e lambidas que estavam me deixando mais louco ainda. Minhas mãos corriam pela lateral do seu corpo, dançando em suas costas por baixo da blusa do pijama e seguindo até o cós da calça, brincando ali com as peças de roupa. As suas mãos estavam em meus cabelos e foram descendo pelo meu tórax enquanto ela roçava os lábios pela linha da minha mandíbula, chegando ao lóbulo da minha orelha. Caralho! Ela deu uma leve mordidinha ali e logo depois passou a sugá-lo delicadamente, voltando a mordê-lo em seguida. Não contive um gostoso gemido de prazer, o que a fez sorrir em minha pele no mesmo momento em que encontrou a barra da camiseta. Lentamente ela foi subindo a camiseta, enquanto seus dedos deixavam rastros de desejo em minha pele, até que num movimento mais rápido ela se livrou da peça, deixando-me com o tronco nu.
Ela subiu o seu tronco, e seus olhos arderam de desejo com o que viu. Ela sorriu outra vez e começou a desabotoar o pijama, impedindo-me quando tentei ajudá-la e me torturando mais um pouco enquanto fazia mínimos movimentos com sua pelve. PQP! Desse jeito vou gozar sem nem ter tocado direito nela! Foco, Rob, foco! Ela finalmente terminou de tirar a blusa e jogou-a em qualquer lugar, revelando seios perfeitamente delineados – ainda cobertos pelo sutien – assim como sua cintura e barriga. Que corpo era aquele, puta merda? Não me contive e forcei nossos corpos até que inverti as posições e me posicionei sobre ela.
Caí de boca em seus lábios enquanto ela brincava livremente com suas mãos em minhas costas, tórax, pescoço e cabelos. Fiz a mesma tortura com ela e forcei meu quadril sobre o dela, roçando nossos corpos e provocando uma falha em sua respiração. Sorri com aquilo. Desci para seu pescoço, imitando-a, e fiz o mesmo percurso: passando pela linha da mandíbula e chegando a sua orelha. Eu mal encostei meus lábios em seu lóbulo e ela gemeu em meu ouvido, engolindo em seco logo em seguida enquanto eu dava uma mordidinha estratégica.
- Rob... – ela sussurrou deliciosamente, o que me fez querer voltar imediatamente para seus lábios e a beijei com muita vontade.
Tivemos a mesma idéia no momento seguinte, pois ambos descemos nossas mãos até o cós das nossas calças, a fim de abrirmos os botões. Sorrimos com a coincidência e para ganhar tempo, cada um cuidou da sua calça, mas eu fiz questão de tirar a dela, deixando que aquelas lindas pernas fossem aparecendo aos poucos, revelando lentamente sua beleza. Ela pareceu gostar da idéia, pois deliciava-se com cada expressão que eu fazia.
- Linda demais. – eu soltei depois de poder olhá-la por inteiro. Aquela mulher me hipnotizava completamente.
- Então vem cá, vem. – ela me instigou e no segundo seguinte eu já estava sobre ela novamente, agora tendo pouquíssimas roupas separando nossos corpos.
Passei mais um tempo brincando em seu pescoço enquanto ela brincava em minhas costas, quando ela decidiu brincar com o cós da minha boxer, passando os dedos por toda a extensão do elástico. O que me deu a idéia de brincar com sua lingerie também. Aquilo estava bom demais, mas meu corpo pedia por mais e sentia que o dela também, então me apressei em me livrar do sutien e pude me deliciar com aqueles seios maravilhosos, fazendo com que ela aumentasse a freqüência dos gemidos de prazer. Ela então pousou sua mão sobre meu membro, ainda por cima da boxer, e começou a me acariciar, fazendo com que eu pulsasse de desejo e excitação. OMFG! Gemi alto ao seu toque. Decidi então descer meus lábios pelo seu corpo e quando cheguei ao seu ventre, fui levando comigo a calcinha, deixando seu corpo pronto para o meu. Eu deslizei até quase descer da cama e aproveitei para me livrar da boxer e deixar a camisinha preparada. Ela me observava com luxúria nos olhos, mordiscando o próprio lábio e sorrindo de lado.
Comecei meu caminho pelo pé e fui subindo lentamente, fazendo um rastro de beijos e lambidas. Quando cheguei na dobra do joelho, dediquei alguns carinhos a mais ali e fui recompensado por um gemidinho gostoso. Fui subindo lentamente meus lábios pelo lado interno da sua coxa e senti seu corpo se contrair ao meu toque, revelando que ela também estava muito excitada. Ela prendeu a respiração quando cheguei à virilha e soltou um gostoso gemido quando minha boca encontrou sua "menina". Fiquei mais um pouco ali, dedicando-lhe preciosos carinhos, enquanto minhas mãos ocupavam-se de seus seios maravilhosos. Quando eu senti o primeiro espasmo em seu corpo, suspendi as carícias e ela me olhou quase suplicante. Meu "amigo" latejou novamente e eu sabia que estava na nossa hora. Coloquei o preservativo e me posicionei sobre seu corpo, beijando-a lenta e profundamente quando comecei a penetrá-la.
Ela agarrou minhas costas e forçou seu corpo contra o meu, pedindo por mais, então passei a movimentos mais ritmados e rápidos. Oh, fuck! Que delícia! enlaçou minha cintura com suas pernas e apertou-me com força quando o orgasmo chegou.
- Oh, Rob! – ela gemeu alto.
- ! – eu gemi afundando meu rosto em seu pescoço.
Ficamos ainda um tempo na mesma posição, ainda sentido nossos corpos se completando perfeitamente. Foi então que ela puxou meu queixo até que eu a estivesse olhando nos olhos.
- Feliz Natal, Rob! – e seu sorriso era de uma felicidade sincera.
- Feliz Natal, . – eu respondi antes de selar nossos lábios novamente.
Depois de me livrar do preservativo, eu a puxei para junto de mim, mantendo-a aninhada em meu corpo. Podia até parecer que aquela era só mais uma transa casual, mas ali, naquela hora, tendo-a em meus braços, eu senti que tinha encontrado o que procurava, a pessoa certa para mim. Não só por causa da nossa combinação perfeita na cama, mas principalmente pela nossa sincronia de pensamentos.
Eu estava quase dormindo ao som da sua respiração quando ela começou a rir com alguma coisa.
- O que foi? – eu perguntei curioso.
- Nada demais. – ela respondeu e voltou seu rosto para poder me olhar. – É só que quando pedi ao Papai Noel que me desse o príncipe encantado no Natal, não imaginava que ele realmente realizaria o meu desejo.
- Eu te falei que era para acreditar em mim. – eu disse depois de me recuperar da divertida gargalhada que demos juntos.
- Nunca mais vou duvidar. – ela disse e selou mais uma vez nossos lábios, confirmando para mim que ela era a mulher da minha vida.

FIM

N/A: Feliz Natal, minhas lindezas!!!!!! E aí, o que acharam dessa fic de Natal???? Espero que tenham gostado do que eu aprontei com nosso amado Rob e a sua garota sortuda!!!!! Rsrsrsrsrsrs.....Comentem, ok????? Sempre fico muito feliz com os coments de vcs!!!! Bjo enorme, Line! =D
PS: Para quem se interessar, fiz uma espécie de continuação dessa fic, contando como será o Réveillon desse casalzinho... chama-se "Nem mais um dia", mas como não sei quando vai entrar no site, fiquem de olho, ok????? Bjokas!!!!