Só mais um aniversário
História por Camila Rodrigues | Revisão por Sarah C.


- Qual é, Edward! - dizia , batendo o pé no chão. - Não é todo dia que é seu aniversário! - ela ia andando.
-Eu já disse que não, ! Eu realmente já enjoei disso! Quando já se fez mais de 100 festas de aniversário, a coisa já começa a parecer comum demais! - Edward disse, cruzando os braços e chutando uma latinha que havia na calçada.
- E daí? Mais uma não vai te matar, Cullen. - ela disse com ironia.
- Não, ! - Ele disse.
- Pense na Alice! O quanto ela ficaria magoada com a falta de sua presença naquele salão que ela alugou e montou todo, especialmente para você. - A garota insistiu.
- Há! Problema dela! Eu não conheço a maioria das pessoas que vão estar lá. - Ele continuou negando.
- Edwaaaard! Vai custar o quê? - ela o encarou.
- Meu tempo. - ele disse, pegando as chaves do carro e destravando o alarme do Volvo prateado que estava estacionado perto de uma praça.
- Eu pelo menos vou poder te dar um presente? - ela perguntou.
- Nem venha com idéias mirabolantes, ! - ele a repreendeu, quando ela entrou no carro.
- Mas eu nem cheguei a falar nada! - ela exclamou e ele a lançou um olhar sarcástico. - Tá, tá! Eu penso em algo menos exagerado do que um leão-da-montanha de pelúcia gigante. - ela pareceu chateada.
- Você não me daria um desses. - ele disse por fim.
- Que seja. Você pode me levar pra casa logo? - ela perguntou curta e grossa.
- Claro. - ele disse e a encarou. - Não fique chateada, ! Eu só não quero ir a mais uma festa chata.
- Primeiro, a festa não ia ser nenhum pouco chata, afinal, eu estaria lá. Segundo, eu não estou chateada. Terceiro, eu quero que você me deixe logo em casa porque eu estou com medo de ter alguma idéia fantástica pra te dar de presente e estar com você na hora, porque aí você já vai saber e vai deixar de ser surpresa. - ela disse, olhando para frente. - Anda, Edward! Tá esperando o quê pra me levar pra casa?
- Ih... calma! Eu já estou indo! Ah, olha, é o crepúsculo de novo... - ele comentou, olhando pela a janela do carro.
- E mais um dia se vai - ela disse.
- E mais outro vem... - ele disse simplesmente.
-Sabe, eu me pergunto... Tá que a gente, principalmente você, no caso, já viveu bastante, mas, pra sempre, como será? Porque, tipo, por mais que a gente viva, nós nunca saberemos como é o pra sempre no fim das contas, porque... Isso nunca vai acabar... Sinceramente, isso me incomoda um pouco... Pelo resto da eternidade, é um pouco demais pra mim... - Ela disse, olhando-o cautelosamente.
- Você tem razão... Essa coisa toda de para sempre é exagerada... Mas quando se tem uma razão para poder enfrentar todo esse tempo, o "exagerada" não parece ser tanto assim, parece até ser um tanto quanto justo, entende? Parece algo que, por mais que seja grande demais, vale a pena... - ele disse, tirando uma mão do volante e segurando a dela, que se encontrava em cima do banco.

Ela deu um simples sorriso e voltou a olhar para frente.

- Edward... - ela começou.
- Eu já disse que não, ! - ele falou frustrado.
- Só mais essa festa! - ela disse com voz de choro. - Por mim!
- Não comece! Eu não quero ir! - ele disse.
- Nem sempre a gente faz o que quer! - ela falou. - Por favor!
-Não, ! - ele falou.
- Ótimo, na próxima vez que você for sair no seu querido carrinho, você vai notar um pequeno arranhão nele, ou quem sabe mais de um, não é mesmo? - ela disse marotamente.
- Ah, você não faria isso! - ele tirou os olhos da rua e a encarou incrédulo.
- Ah, faria sim! - ela o olhou e deu um sorrisinho debochado.

- Eu odeio você, sabia? - ele perguntou, enquanto abotoava um bracelete no pulso da garota a sua frente, que teimava em ajeitar algo no cabelo, de frente para um espelho na recepção do salão, fazendo-a revirar os olhos.
- Você sabe que me ama! - ela disse, passando pela porta que dava no salão principal. -Oh, Esme! - ela acenando. - Vá falar com eles. - não era um pedido, era uma ordem.
- Vai mandar em mim também? - ele ergueu uma sobrancelha.
- Agora. - ela acrescentou, saindo dali quando Edward bufou e foi falar com sua família.

- Sério, eu e a formaríamos uma ótima dupla! - Alice comentou com Jasper.
- Do que você está falando? - ele a olhou.
- É! Nós planejamos algo, ela convence as pessoas a participarem e eu monto o resto! - Alice sorriu.
- Sabe... as vezes eu penso que você não é muito coerente com o que fala... - Jasper disse rindo.
- Jasper, você deveria me apoiar! - Alice reclamou.
- É, Jasper! Você deveria apoiá-la! - Emmett se meteu na conversa.
- Quer deixar de ser intrometido, Emmett? - Rosalie apareceu, estonteante como sempre.
- Mas, Rose! Eu só fiz um comentário! - ele se defendeu.
- Vai ser assim o resto da noite! - Edward falou baixinho ao ouvido de , por mais que tivesse certeza que seus irmãos estavam ouvindo.
- Pare de reclamar e aproveite a festa, Edward! - falou em tom normal, puxando-o pelo braço para o meio da pista de dança.
- Você não vai me fazer dançar! - ele riu nervoso.
- Você é quem pensa. - ela sorriu e começou a dançar, puxando-o junto, fazendo com que ele dançasse também.

- , a gente já pode ir embora? - Edward perguntou impaciente.
- Edward, se você me perguntar isso mais uma vez... - ela ameaçou.
- O que? - ele quis saber.
- Você fica sem presente! - ela disse.
- Eu já sei o que é! - ele sorriu.
- Não, não sabe, eu não estou pensando nele agora! - ela disse.
- Oh sim, você está. - ele disse.
- Que seja! Você pode saber, mas não pode ter! - ela riu.
- Ah, sua sem graça! - ele acusou.
- Anda logo! - ela o puxou para fora do salão. - Ok, eu não sei porquê eu ainda vou perder o meu tempo com esse discurso, sendo que você já sabe o que eu quero dizer, mas acho que é algo que faz bem para nós mesmos dizer o que pensamos, por mais que a outra pessoa já saiba o que é...

"Há algum tempo atrás, 44 anos pra ser mais exata, eu não lembro muito bem como foi, mas relevaremos esse fato. Há 44 anos, você me encontrou numa calçada, de frente pra um bar, completamente bêbada, tendo algo que, no mínimo, era um AVC e... Por mais que eu não passasse de mais uma humana que tem problemas e sai pra beber, você simplesmente parou o seu carro, foi até onde eu estava, me tirou de lá e me levou pra sua casa. E hoje, quando eu penso nisso, eu tenho certeza que eu posso dizer que, sinceramente, isso foi a melhor coisa que alguém já fez por mim, seja nos meus 17 anos como humana, ou nos meus 44 como vampira."

"E eu não sei como você fez, ok, sei sim, mas você entendeu. A questão é: você fez uma reviravolta, bem grande, diga-se de passagem, na minha vida. Um dia, eu perco meu estágio, descubro que meu namorado era um pedófilo e sou expulsa do campus da faculdade e da mesma, e, três dias depois, eu acordo com uma vontade absurda de beber sangue, como se fosse algo pra minha completa vitalidade, ou o que quer que isso signifique."

"Aí você aparece e toda e qualquer coisa que eu estava pensando naquele momento simplesmente desaparece, e, maior do que a vontade que eu tinha de beber sangue, era a vontade que eu tinha, e ainda tenho, de poder estar com você pelo resto da minha vida, ou mais do que a vida, pelo resto da eternidade. E tudo o que já havia acontecido perdeu o significado, eu não conseguia entender como eu tinha conseguido fazer algo com coerência, se antes eu não tinha você comigo. Foi como se antes daquele momento, eu só tivesse passado por coisas totalmente insignificantes. Quando eu estava perto de você, qualquer desejo, dor, emoção, ou o que fosse, se tornava simplesmente... nada."

"E você estava lá pra mim, sempre me apoiando, ensinando, tendo toda a paciência do mundo comigo, mesmo quando eu ficava descontrolada e batia em você, é, eu confesso que era muito bom ser mais forte do que você. Mas, em momento algum você se deixou vacilar, ou melhor, ME deixou vacilar. Não me abandonou em nenhuma hora, até que eu me acostumasse com a coisa toda de "humanos são apetitosos, mas deixe-os na deles" e "vá caçar nas florestas!". Eu nunca havia me imaginado caçando animais, tampouco pra comê-los."

- Há! Você me deixa completamente louca, Cullen! - ela disse, sentando-se no colo dele e pegando um pequeno embrulho de dentro de sua bolsa de grife. - Feliz aniversário! - e lhe entregou o pacote.

Ele a olhou e sorriu, mostrando os dentes perfeitamente alinhados e muito brancos, logo, voltando-se para o embrulho e rasgando o papel, no que recebeu um gemido de reprovação dela. Por baixo daquele papel cor-de-vinho, havia uma pequena caixa preta, e dentro da caixa, havia um cordão de ouro e um pingente, que era algo mais para uma "plaquinha" do que para um pingente.

- Eu pensei em escrever algo como "Eu já tenho dona" ou "Em caso de perca, ligar para xxxx-xxxx", mas o que está aí faz mais sentido. - ela disse e ele a entregou o cordão e lhe deu um leve beijo nos lábios. Ela colocou o cordão envolta do pescoço dele e o ajeitou, lendo o que havia escrito na "plaquinha".

"And it's you and me and all of the people, and I don't know why... I can't keep my eyes off of you"

- Agora a gente pode ir embora! - ele sorriu e se levantou, no que ela fez o mesmo.
- Chato! - ela disse sorrindo.
- Eu te amo. Amo com toda e qualquer parte de mim, amo por cada mízero segundo da minha insignificante existência. Eu te amo além de qualquer um, de qualquer tempo, de qualquer coisa, eu te amo mais que a mim mesmo, é algo tão forte que não importa quantos séculos se passem, ou até milênios, se você quiser, nunca vai mudar. - ele falou sorrindo e ela o abraçou.
-É, eu sei! - ela segurou a mão dele e eles foram em direção ao carro.

-"Forever young, I want to be forever young... do you really want to live forever, forever?" - ele cantou baixinho.

Fim