Por: Elisa Zandoná | Beta: Ju Rodrigues | Revisão: Sofia Queirós



Cap. 1 – Despedidas e Apresentações.

Lá estava eu, na minha bela e constantemente cinza, Londres. Olhei pela a janela do meu quarto para uma vista privilegiada da bela cidade. Simplesmente, não acredito que daqui a pouco mais de uma hora eu vou ser a responsável por mim mesma, enquanto meus pais loucos, extravagantes e amorosos fazem uma segunda viagem de lua de mel pela América do sul.
Bom, talvez não vá ser bem assim, vou ficar na casa de uma amiga da minha mãe, uma tal de Esme Cullen, que eu mal sabia da existência até a semana passada. Mas pode ser uma coisa boa, eu acho. Fui arrancada dos meus devaneios, pela voz da minha mãe.
- Lizzy, vamos meu anjo. Você não vai querer ir até o aeroporto conosco? Daqui a quinze minutos nos temos que estar lá pra fazer o check in.
- Ok, já estou quase pronta. – Coloquei um vestido florido e sapatilhas rosa, puxei meu cabelo pra cima com uma fita da mesma cor e arrastei as três pesadas malas e a frasqueirinha que iam comigo para a casa da Sra. Cullen pela enorme escada de granito, que estava absurdamente brilhante hoje.
- Wow. Lizzy tem certeza que não quer levar o telhado? Ele pode ser útil, sabe.
Tive que rir da piadinha espirituosa do meu pai. Ah, como vou sentir falta disso! "São apenas seis meses", disse a mim mesma tentando me reconfortar, porém aquela data "seis meses" ficou cravada na minha mente como se fosse a minha cruz, e a tentativa de me confortar não deu muito certo.

Chegando ao aeroporto, eu mal pude me despedir deles, porque os gênios haviam se enganado com o horário do vôo, e claro, estavam atrasados. Peguei o primeiro táxi que vi indiquei o endereço ao motorista, que após alguns minutos de transe olhando para o meu rosto, só respondeu com um sonoro grunhido. Peguei o espelhinho que estava na minha bolsa, pra checar se tinha alguma coisa esquisita no meu rosto. Analisei meticulosamente todo o meu rosto, os cabelos estavam arrumadinhos com a franjinha caindo delicadamente sobre o rosto, meus olhos não estavam borrados, é com certeza o motorista tava doidão. Ri por um segundo, pensando no que meu pai, Charlie, havia dito semana passada sobre minha nova franjinha. "Parece que voltou a ter quatorze aninhos de novo, ah minha princesinha nem acredito que você está prestes a completar dezessete anos. "Ok, ok. Vou ter que concordar que a franja me deu um ar juvenil, mas quatorze anos é demais.
- Chegamos. São 17.95 – Falou o motorista que encara suas passageiras me trazendo de volta pra realidade. Tirei uma nota de 20 dólares da bolsa e entreguei para ele.
- Pode ficar com o troco – disse enquanto saia do carro e arrastava com dificuldade minhas malas. - WOW, que casa linda.
E no mesmo segundo apareceu uma mulher muito bonita, com os cabelos levemente acobreados os olhos claros e uma pele de marfim, se aproximando de mim – Aquela não podia ser Esme Cullen, ela parecia ser bem mais nova que minha mãe e olha que a Dona Renée é conservadíssima!
- Olá, você deve ser Lizzy, sou Esme, amiga de sua mãe. Vamos, querida entre, deixa que eu te ajudo com as malas, você deve estar exausta.
- Ahn, é, obrigada - Isso Lizzy, isso é que é ser educada.
- Vamos deixar suas malas aqui perto da escada, daqui a pouco os garotos vão chegar e eu peço para eles levaram suas malas até lá em cima.
- Ah, não, Esme, pode deixar que eu levo. Não quero incomodar – murmurei, enquanto uma baixinha que mais parecia uma fada nos seus passos de bailarina e cabelinho espetado se aproximava de mim e me dava dois beijinhos no rosto.
- Oi Lizzy, sou Alice. Você quer descansar? Eu te mostro o teu quarto num segundo. Eu e mamãe vamos ao supermercado.
Nossa, vou precisar de slow motion aqui. [/n.a: câmera lenta galere]
- Ah, oi. Eu não estou tão cansada assim, posso ir com vocês.
- Que bom! Vou só trocar de roupa, me esperem. – falou a fashionista.
Enquanto Alice e Esme se afastavam eu desmoronei no sofá, estava realmente um pouco cansada, afinal tinha acordado seis da matina para deixar Renée e Charlie no aeroporto. Abri meus olhos para um jardim fantástico com flores coloridas das mais diferentes espécies, uma fonte jorrando água cristalina, porém o que mais chamou minha atenção foi um arco de madeira muito bem trabalhado com flores por cima.
Não, na verdade o que chamou minha atenção foi a criatura gloriosa parada debaixo do arco.
Os olhos verdes mais profundos que eu jamais havia visto me convidavam para mais perto, assim como tudo nele. Eu me aproximei mais e senti uma mão carinhosa afastando o cabelo do meu rosto e tocando lentamente minha face. Abri meus olhos, só que dessa vez para a realidade e vi aqueles olhos de novo. Pisquei aturdida mais umas cinco vezes e constatei que a imagem a minha frente era real. Me sentei, pois tinha estado deitada, e apenas o encarei.
- Desculpe ter te acordado. Você deve ser Lizzy Swan, Sou Edward, filho da Esme. – Quando ele viu que eu não ia falar nada apenas continuou – Minha mãe e Alice foram ao supermercado sem você, quando viram que estava dormindo. Daí me pediram para vir pra casa e ficar aqui até você acordar.
- Nossa, realmente não sei como peguei no sono, eu ia ao supermercado com elas e me sentei aqui rapidinho e puf, dormi – respondi, já corando.
- Sem problema, é de se esperar que você esteja cansada. Vem, deixe-me mostrar o seu quarto. Já levei suas malas lá pra cima.
- Tudo bem. – levantei em súbito e sem mais nem menos senti uma tontura, que, se não fosse os fortes braços de Edward e o seu ótimo reflexo, eu teria caído no chão e ficado por lá mesmo.
- Lizzy, Lizzy? – a voz subindo algumas oitavas. – Você está tão pálida.
- Ah, é só que eu não comi nada ainda, foi só uma tontura, nada sério, eu garanto.
- Mesmo assim é bom você pôr alguma proteína pra dentro, vem eu te preparo um sanduíche. – embora fizesse pouco mais de alguns minutos que nos conhecíamos ele se preocupava comigo, uma preocupação genuína. Com certeza, Edward Cullen era uma das pessoas mais gentis e atenciosas desse mundo.
- Tudo pronto. Agora coma, moça – Falou com um sorriso brincalhão escapando por seus lábios.
Nesse momento, a porta da sala se abriu e por lá vieram Esme, Alice, um grandão de cabelo escuro, e um que parecia ser um pouco mais velho, mas não deixava de ser belo.
- Ah, Lizzy, que bom que você já conheceu Edward. Estes são Carlisle e Emmett - Falou gesticulando para os dois.
- E mãe... - começou Edward, e eu já prevendo que ele iria falar sobre meu quase-desmaio, lancei a ele um olhar suplicante, entendendo se calou.
- O que, Edward? – falou Esme.
- Ah, er, eu ia dizer pra vocês irem mostrar o quarto à Lizzy, mas pode deixar que eu faço isso. – Falou enquanto puxava minha mão, e me conduzia escada acima.
- Wow, que quarto bacana. – Falei analisando meticulosamente o quarto largo e espaçoso todo na cor bege, com um guarda-roupa I-M-E-N-S-O e uma cama king-size no meio.
- Agora, vou te deixar descansar um pouco. Afinal, amanhã tem aula, e... Você vai continuar na sua antiga escola, ou vai pra nossa durante esses meses? – Edward falou cauteloso, como se aquela resposta fosse muito importante.
- Vou pra de vocês – falei, agora, repentinamente feliz com essa possibilidade, só me preocupava o fato dessa alegria súbita ter nome: Edward.
"Vai com calma Lizzy, vai com calma". Alertava a mim mesma, afinal, que tipo de magia o rodeava que o fazia ser tão... Bem, irresistível. Pois, nunca gostei de ninguém, e agora essa!
- Ah, que bom – eu vi um brilho em seus olhos? – Enfim, se precisar de ajuda, me chame. – ele falou enquanto saia e fechava a porta.


Cap.2 – Esmeraldas em chamas.

Durante meu curto cochilo durante a manhã, eu sonhei de novo com Edward Cullen. Nesse sonho, eu via o mesmo arco de flores e ele estava lá de novo, só que dessa vez nós ficávamos embaixo do arco com as mãos entrelaçadas.

Toc toc toc

Acordei em sobressalto e sussurrei um "entre". Deparei-me com aqueles olhos extremamente brilhantes de novo, porém dessa vez havia uma faísca de algo que eu não conseguia distinguir.
- Lizzy? Desculpa, eu não queria te acordar... é só que eu trouxe isso pra você - estava na mão dele uma bandeja repleta de frutas e um sanduíche, o meu sanduíche.
- Ah, Edward – uma corrente elétrica passou por todo o meu corpo quando pronunciei o nome dele – er... eu estou sem fome, sério mesmo.
- Por favor Lizzy, não torne as coisas mais difíceis – e naquele momento eu soube que já não se tratava mais do lanche da manhã, mas também não sabia o real significado das palavras dele. Na verdade, nada mais fazia sentido senão os olhos dele, que agora pareciam pegar fogo. Esmeraldas em chamas.
- Edward eu não... – minhas palavras foram interrompidas pela mão dele que pousou de leve no meu rosto e ficou afagando de leve. Eu estava hipnotizada por aqueles olhos.
- Com que você estava sonhando? – ele perguntou com a voz macia, que fez meu coração parar por um segundo.
- Com você – respondi sem pensar, meu Deus, o que estava havendo comigo? Será que é isso que chamam de amor à primeira vista? – ele riu – droga não devia ter falado nada.
- Eu também sonhei com você, antes de você chegar aqui – ah, devia sim – parece loucura, Lizzy, mas acredite é a mais pura verdade. - Eu fiquei atônita.
– Edward... isso é impossível, quer dizer eu também sonhei com você antes de te ver, antes de te conhecer – A boca dele se abriu num ‘O’ perfeito.
- E como era o sonho? - Perguntou com a voz cautelosa. Pensei em mentir, mas optei pela verdade
- Tinha um jardim, um jardim enorme e com as mais variadas espécies de flores, e no meio dele havia um arco, e você estava debaixo dele e estendendo a mão pra mim, então nós dois ficávamos sob o arco com as mãos entrelaçadas olhando um nos olhos do outro – ops, falei demais. Eu corava enquanto explicava a ele meu sonho.
- Você acabou de descrever o meu sonho – ele falou com uma expressão chocada, enquanto sentava na cama e me puxava para perto. – e a porta é escancarada por uma Alice saltitante.
- AAAAAAAAAAAAH, Lizzy. Vamos fazer compras, mamãe deixou como esse é o últi... – A fadinha se interrompeu quando nos viu sentados na cama, com a palma dele sobre a minha mão.
- ah, eu... hmm, volto depois. - Alice falou lançando-me um olhar cheio de significados enquanto um sorriso malicioso surgia em seu pequeno rostinho de fada.
- Não Alice, tudo bem. Edward só veio aqui me trazer um lanche. O que você estava dizendo? - Falei olhando para a Alice, enquanto mordia uma maçã com uma naturalidade forçada.
- É, só que, eu ia te chamar pra fazer compras comigo. Vamos? - disse Alice.
- Ok. Vou pegar minha bolsa e já vou. – Alice assentiu com a cabeça e saiu.
- Boa sorte com as compras, acredite em mim em se tratando da Alice você vai precisar - Edward falou. – não disse nada apenas dei meu melhor sorriso brincalhão e peguei minha bolsa.

Edward’s Point of view.

Acordei sobressaltado com o som do meu celular tocando, olhei no visor e vi que era minha mãe adotiva, mas que não deixava de ser minha mãe, minha verdadeira mãe. Imaginei que só poderia ser alguma emergência, ela não me ligaria às 7:15 de uma manhã de sábado sabendo que eu havia dormido na casa de Jasper.
- Mãe, o que houve? Algum problema? – perguntei assim que atendi.
- Ah, Ed, nenhum problema. Desculpa te acordar, filho. Você lembra da filha daquela minha amiga, Renée Swan, que eu disse que iria passar uma temporada lá em casa enquanto os pais viajavam?
- Ah, claro. Quer que eu vá buscá-la em algum lugar? – perguntei tentando ser prestativo.
- Na verdade, Edward, é que ela já está aqui. Só que eu preciso ir ao supermercado, e depois vou deixar Alice na aula de dança, Carlisle levou o carro dela para uma revisão hoje cedinho. Você poderia ficar aqui com ela?
- Aham, estou indo.
- Obrigada filho, tchau.
Me despedi, fechei o visor do celular. E acordei Jasper para avisá-lo que eu não iria poder ficar para o segundo ensaio da banda.
Abri a porta e no sofá da sala encontrei uma moça deitada. Ela tinha a pele alva e as maçãs do rosto coradas. O cabelo castanho e liso escorria por sobre os ombros magros e delicados e uma mecha estava em frente ao belo rosto da garota. Os lábios rosados e cheios estavam entreabertos. Me aproximei e sem resistir tirei o cabelo do seu rosto, para poder contemplá-lo por inteiro. Ela deu um sorriso enquanto dormia, e então acordou. E eu me deparei com aqueles olhos cor de chocolate. Eles pareciam ter algum tipo de magnetismo, eu não conseguia olhar para outra coisa que não fosse ela, os olhos dela. Ela piscou algumas vezes, como que para se certificar que estava acordada.
- Desculpe, ter te acordado. Você deve ser Lizzy Swan, Sou Edward, filho da Esme. – esperei alguns momentos para que ela respondesse, o que ela não fez, então eu continuei – Minha mãe e Alice foram ao supermercado sem você, quando viram que estava dormindo. Daí me pediram para vir para casa e ficar aqui até você acordar.
- Nossa, realmente não sei como peguei no sono, eu ia ao supermercado com elas e me sentei aqui rapidinho e puf, dormi – ela respondeu, enquanto um rubor lindo se espalhava por seu rosto.
- Sem problema, é de se esperar que você esteja cansada. Vem, deixe-me mostrar o seu quarto. Já levei suas malas lá pra cima. – eu falei enquanto gesticulava para a escada de granito.
- Tudo bem - ela falou enquanto levantava numa velocidade surpreendente. Porém, suas pernas pareceram fraquejar, o que a faria cair, se eu não a tivesse segurado. Agradeci internamente pelo meu bom reflexo, a última coisa que eu iria querer ver era a garota de olhos cor de chocolate cair por eu não ser rápido o suficiente para segurá-la.
- Lizzy, Lizzy? – falei preocupado. – você está tão pálida.
- Ah, é só que eu não comi nada ainda, foi só uma tontura, nada sério, eu garanto.
Embora na maioria das, Lizzy, fosse totalmente imprevisível, eu havia aprendido algumas coisas sobre a Lizzy, nos poucos minutos que eu estava em sua presença. Uma delas era que ela não gostava de demonstrar fraqueza.
Eu estava realmente preocupado com ela, então me ofereci para preparar-lhe um sanduíche. Após alguns minutos, Minha mãe, Alice, Emmett e meu pai chegaram. E minha teoria sobre não demonstrar fraqueza foi confirmada. Tentei dizer para Esme, do quase desmaio de Lizzy, porém ela me interrompeu, e eu tive que inventar uma história na hora, e fui lhe mostrar o quarto.
- Wow, que quarto bacana – ela disse que um lindo sorriso se formando nos seus lábios rosados.
-Agora, vou te deixar descansar um pouco. Afinal, amanhã tem aula, e... Você vai continuar na sua antiga escola, ou vai pra nossa durante esses meses? – Ponderei, pois realmente queria ficar na companhia dela o tempo que fosse possível. Quando me peguei nessa linha de raciocínio, logo me repreendi. Eu havia prometido a mim mesmo que nunca me deixaria envolver por uma garota antes de saber se ela não me machucaria, se ela merecia o meu sentimento. Eu sabia que, não só as mulheres, nem os homens, mas as pessoas em geral podiam sem cruéis quando queriam, mas então essa garota de olhos magnéticos apareceu e tudo que eu sei, toda a minha concepção de certo e errado, bem e mal, tudo foi pelos ares tudo que importava era ela.
- Vou pra de vocês – provavelmente, quando tive minha desejada confirmação, minha alegria ficou estampada na minha cara, distorcendo-a numa máscara de felicidade.


Cap. 03 – Míseros momentos

O sol nem sequer havia raiado completamente, apenas uma luz fraquinha havia invadido o quarto, pudera, eram apenas 05:15 da manhã!
Estava com o coração aos pulos, e a palma das mãos suadas. Nervosa e ansiosa, as duas palavras mais corretas quanto a minha definição naquele momento. Mas não havia nada a ver com o fato de ser meu primeiro dia de aula numa escola estranha, era mais com o sonho que eu acabara de ter, sonho não, pesadelo...
Uma neve espessa cobria o chão, as árvores, que antes me pareciam tranqüilas e serenas no seu habitual balançar com o vento, agora me pareciam ameaçadoras, os galhos me lembravam garras de criaturas malignas que só esperavam o momento certo para atacar a todos. Desviei meu olhar para baixo,porém o que deveria me trazer um pouco mais de conforto abriu um buraco no meu peito, o ar não chegava aos meus pulmões. Edward estava dentro de um caixão, com flores a cobrir seu belo rosto, agora sem vida. Eu não suportava aquela cena, não podia viver sem a minha vida.
Eu me perguntava o tempo inteiro o que tinha significa esse pesadelo, seria alguma premonição? Eu e Edward, juntos. E ele naquele caixão – comecei a sentir um nó a se formar na minha garganta, não conseguia nem sequer imaginar Edward morto.
No final, resolvi apenas ignorar o sonho, sempre tive uma imaginação fértil, quem me garantia que não fosse só isso? Fechei os olhos para um sono tranquilo e sem pesadelos, acordei com uma mão macia acariciando meu rosto, abri os olhos e me deparei com Esme que me encarava como quem estivesse muito curiosa, eu só não entendia por quê.
- Lizzy, meu bem, você vai se atrasar já são quase 8 horas – ela disse enquanto saía do quarto, e fechava a porta.
Saí em disparada em direção ao banheiro, e como não havia sequer percebido a cadeira enorme e sólida na minha frente tropecei nela e dei de cara com o chão, a história da minha vida. Fui resmungando algumas coisas inaudíveis enquanto finalmente conseguia entrar no banheiro.
Fui descendo as escadas cuidadosamente, com a mão firme no corrimão. Uma queda já é o suficiente por uma manhã, eu poderia dizer pelo dia, mas não sou tão otimista assim.
Edward estava parado na soleira da porta, nunca havia reparado nas roupas dele antes, meus olhos não conseguiam se desviar do seu rosto. Ele vestia uma calça jeans escura, uma blusa de gola alta vinho e uma jaqueta caramelo.
- Estamos atrasados, mas nem pense que você vai escapar de um café da manhã reforçado no refeitório do colégio – ele falou tentando parecer sério, enquanto estendia sua mão para mim.
- Logo hoje fui dá uma de bela adormecida – falei, realmente lamentando ter perdido um café da manhã com os Cullen.
Fomos num jeep enorme para o colégio, era de Emmett, eu havia descoberto o nome dele apenas durante um dos monólogos de Alice durante as compras. Era incrível, o fato dele me fazer sentir como se fosse sua irmã mais nova, em apenas algumas conversinhas bobas durante o trajeto.
- Já sabe né Liz, se algum cara chegar perto de você... – Emmett falou, deixando a frase suspensa enquanto batia com o punho na outra mão.
- Claro que sim, eu vou usar todo o meu conhecimento de karatê e judô – Rimos todos em uníssono.
Saí do carro, me despedindo dos três e fui caminhando em direção à sala com um plaquinha escrita "secretaria". Mãos fortes puxaram meu ombro, e eu me virei.
- Não tão rápido Lizzy. Antes de ir para a sua primeira aula, que por uma coincidência do destino é comigo, você terá direito a um vale café da manhã comigo também - isso, é claro, se você se dispor. - Edward falou, imitando perfeitamente um gentleman de fim de século.
- Eu adoraria, mas sabe, primeira aula, 5 minutos para o primeiro toque... – falei gesticulando para o relógio no meu pulso.
- Bem, não que eu faça isso regularmente, mas o nosso primeiro horário de hoje é educação física teórica, ou seja o professor vai falar em como é importante a ingestão de proteínas, que devemos evitar gorduras saturadas e fazer exercícios físicos diariamente. Como eu acredito, que eu, você e toda a população terrestre já saiba disso, consegui que a Sra. Barney nos liberasse. – ele falou enquanto tentava estampar um ar convencido no rosto, por fim se rendeu e deu um sorriso torto que qualquer um daria a alma para ter.

- Edward, você vai pro céu, conseguiu me dispensar da aula de educação física teórica.
- Talvez eu já esteja no céu – ele murmurou essa última parte muito baixo, provavelmente não queria que eu escutasse, mas mesmo assim, não pude deixar de ficar vermelha que nem um tomate.
Seguimos num silêncio amigável até o refeitório, porém nossos olhares não se separaram nem por um segundo até lá, até que Edward passou a minha frente e abriu a porta. Era algo que eu achei que estivesse ficado para trás, o cavalheirismo. Eu apenas observava enquanto ele enchia a bandeja gasta com todo tipo de coisa.
- Edward, você realmente acha que eu vou comer pelo menos um terço de tudo isso?
- Eu espero que você coma pelo menos metade – disse ele enquanto gesticulava para uma mesa próxima e puxava a cadeira para mim. Depois de alguns segundos com um silêncio meio incômodo, daqueles que você percebe que há coisas para serem ditas, mas não há palavras que tornem mais fácil, eu comecei a falar...
- Sabe, eu ainda não consegui entender aquela história toda dos sonhos, como eu sonhei com você antes mesmo de te conhecer e principalmente o fato de você ter tido o mesmo sonho que eu – Tentei falar com casualidade, mas o assunto era sério ou místico demais para minhas palavras.
- Na verdade, Lizzy, eu também não entendi, ou melhor, compreendi o significado disso tudo, quero dizer, porque parece que há um, entende? uma vez alguém me disse que coincidências não existem, e eu realmente não acredito nelas. Acho que há um significado para tudo, o problema é se o significado diz respeito a nós mesmos – Ele parecia lutar com as palavras, enquanto mexia nos cabelos cor de bronze.
- É fácil acreditar em tudo isso na teoria, na verdade é bem fácil. O problema é colocar na realidade, não, na verdade, o difícil é conseguir chegar a uma conclusão... – E a sineta tocou, mostrando que a segunda aula já ia começar e que minha vida parecia uma novela mexicana, quando realmente havia algo importante para ser dito, algo te interrompe.
- Vamos, Lizzy? – Perguntou, enquanto estendia a mão para mim. Um sorriso abobalhado surgiu no meu rosto enquanto eu segurava a mão dele. Quando paramos em frente a minha sala de Biologia I, ele aproximou a mão do rosto, e ficou apenas acariciando. Tirou uma mecha de cabelo que estava caída no meu rosto e depois sorrio para mim.
- Te vejo no recreio – Ele sussurrou no meu ouvido.

O resto do dia passou normalmente, algumas pessoas se apresentaram a mim, dentre elas um rapaz loirinho chamado Mike e uma garota de cabelos escuros e ondulados que o nome me fugiu. Eu já reconhecia vários rostos nos corredores, até cumprimentava alguns. A verdade era que eu estava muito ansiosa para o almoço, seria ali que eu veria Edward. Ah, eu me recusava a pensar na palavra, mas é incrível a influência que ele já exerce sobre mim. Até mesmo o tempo passava com umas guinadas estranhas, alguns momentos passavam como um borrão, mas ao mesmo tempo lentos demais, já em outros todo o tempo do mundo não era suficiente e cada segundo ficava gravado na minha mente. O sinal tocou estridente, e eu fui logo me adiantando pelos corredores e acabei me dirigindo ao elevador tamanha era a minha pressa de chegar ao refeitório.


Cap. 4

Pulei para dentro do elevador, me adiantando logo para apertar o botão do andar térreo. Senti algo mexendo no meu cabelo, e me virei abruptamente para ver quem era. Arrependi-me no mesmo instante, pois acabei esbarrando no Edward, que estava numa proximidade perigosa de mim, e cai no chão do elevador, fazendo com que ele parasse com um baque surdo. Comecei a gargalhar alto, e Edward já me acompanhava. Não tinha certeza se estava rindo da minha falta de habilidades motoras, ou da improbabilidade do momento, era apenas... hilário.
- Poxa, Edward, me desculpa, eu não sei como consigo todas essas proezas... – falei, tentando me desculpar, após passado o acesso de riso.
- Te desculpar pelo o quê? Eu deveria era te agradecer, afinal, consegui o que eu queria, estar perto de você, só de você... – Ele falou enquanto olhava intensamente nos meus olhos, fazendo com que cada osso do meu corpo parecesse gelatina. Ele passou a mão pela minha cintura, me puxando para mais perto, quando me dei conta, poucos centímetros nos separavam. E eu não conseguia desviar o olhar de seus olhos, que mais uma vez, pareciam estar pegando fogo, incandescentes, derretendo meu coração.
- Você faz tudo isso parecer muito fácil, é tão fácil te amar como contar 1, 2, 3,4. E agora, só há três palavras que eu quero te dizer... – Ele foi diminuindo o tom da voz até restar apenas um sussurro, sem agüentar, fui me aproximando do seu rosto, extinguindo a distância que nos separava, até que ele tocou seus lábios nos meus.
- Lizzy... - ele sussurrava contra meus lábios enquanto acariciava minha nuca, mas sem nunca quebrar o beijo. Seu hálito doce invadia minha boca, meus cinco sentidos pararam de funcionar e minhas pernas fraquejavam. Eu mesma não esperava pela minha reação. Agarrei com força seus cabelos cor de cobre e diminui mais ainda a distância que nos separava, que agora chegava a ser medida milimetricamente. Ele me puxou mais para si, enquanto uma de suas mãos descia até minha cintura De súbito Edward me soltou, com os olhos verdes brilhantes contendo algo mais do que um mero desejo.
- Me desculpa, Lizzy, isso foi um desrespeito, eu... – Ele falou enquanto mexia as mãos de um modo nervoso. Pelo quê ele estava se desculpando? Seria necessário que eu revelasse agora, dentro de um elevador, todo o desejo que ele despertava em mim? Sentindo-me subitamente mais ousada, cortei sua frase com um selinho, que ele logo correspondeu.
Ouvi um barulhinho irritante e constatei que o elevador voltara a funcionar. Eu e Edward nos separamos abruptamente, ainda com a respiração entrecortada e meu coração a ponto de sair pela boca. Edward me olhou com um olhar meio cúmplice e segurou minha mão, fazendo uns círculos com seu polegar na minha palma, provavelmente ele percebeu o quão alterado meus batimentos cardíacos estavam. A porta se abriu se abriu vagarosamente e um senhor meio caquético com os cabelos brancos puxados para trás de uma maneira até engraçada perguntou se nós estávamos bem e disse que iria consertar o elevador, enquanto isso todos deveriam descer pelas escadas.
Vamos sentar nessa mesa mais afastada? - Edward perguntou quando chegamos ao refeitório e eu já me dirigia para mesa que estavam sentados meus novos conhecidos.
- Claro – Respondi prontamente e provavelmente com uma cara de boba alegre aliás, ele era a única pessoa com quem eu queria passar todo o meu tempo.
Eu e ele conversamos todo o intervalo, sobre os mais variados assuntos, a maioria envolvendo a minha infância e as pessoas que me cercavam, na verdade eu não gostava de falar muito sobre mim, me sentia exposta, vulnerável, mas com ele era diferente, eu tinha vontade de abrir minha alma, revelar coisas ainda não reveladas para mim mesma. Estava tão absorta na conversa que só percebi que a sineta havia tocado quando Edward estendeu sua mão e abriu aquele tipo de sorriso que não merecia nada menos do que capa de revista, me chamando para acompanhá-lo.
Andávamos no corredor mais longo, seguindo para a sala 308 de química I, enquanto uma das garotas que eu lembrava de ter conhecido em uma das primeiras aulas conversava animadamente com uma morena que eu também reconhecia o rosto e logo depois lembrei do nome, Leah. A mais baixinha agora fazia o formato de uma concha na mão e falava algo para Leah, que abriu a boca e ficou com uma cara estranha enquanto nós passávamos por elas.
- O quê? Mas, o que essa coisinha pensa que é... – Leah falou num tom enfurecido, sendo logo interrompida por uma mão bastante ágil da baixinha que só agora eu recordava o nome, Jéssica. Leah lançou-me um olhar mortal que realmente parecia valer qualquer uma daquelas expressões piegas que dizem algo como um olhar pode matar. Ri internamente, a garota com certeza era pirada. Parei na porta da sala pretendendo me despedir de Edward. Ele retirou uma mecha de cabelo que estava no meu rosto e acariciou com o polegar do meu maxilar até meu queixo, levantando-o levemente pra que nossos olhos se encontrassem. Ele beijou o cantinho da minha boca e saiu. Entrei na aula atrasada com o rosto em chamas.
- obrigada por se juntar a nós Senhorita Swan. – disse a espirituosa professora de química.
O resto das aulas passou como um borrão, embora eu tentasse me concentrar não conseguia, as matérias eram todas muito básicas, então não havia nada de novo para aprender, logo nada no que se concentrar. Ou melhor, nada didático, porque minha mente tinha muita coisa a assimilar como por exemplo o fato do meu coração praticamente saltar do peito quando há um simples pensamento relacionado ao Edward, ou como eu fiquei quando seus lábios encostaram nos meus pela primeira vez. Eu sabia que não era saudável, depender tanto de uma pessoa em tão pouco tempo, mas o que eu posso fazer? Deve ser isso que as pessoas chamam de amor, algo que eu sentia pela primeira vez.

Cap. 5 - Revelações

- É lógico que sim, Alice! Nem adianta discutir, lá lá lá – Emmett falava em um tom brincalhão enquanto tapava os ouvidos com as duas mãos.
- Emmett, seu ridículo, só cala a boca ta? Hmpf. – a fadinha já fazia uma cara emburrada que era realmente cômica.
- Crianças, agora chega, certo? – disse eu, fingindo um ar maternal e irritado.
Eu estava na minha nova casa, porém provisória, havia apenas uma semana. Mas, já via Alice e Emmett como os dois irmãos que eu nunca tive. Esme, se tornara uma espécie de segunda mãe para mim, assim como Carlisle, que o via como um segundo pai. E toda essa facilidade que eu tinha para me relacionar com os Cullen, me surpreendia, pois desde pequena, eu sempre fora uma pessoa muito reservada, pode-se dizer até desconfiada, que demorava muito para confiar um sentimento a uma pessoa, mas essas regras não se encaixavam com eles, especialmente com Edward.
- Olá meus amores, tenho notícias... – Esme falou, quando entrou em casa e nos encontrou sentados no chão jogando xadrez. – hmm, mas onde está Edward?
- Sofrendo com a solidão longe da amada... – Emmett não conseguiu terminar porque eu dei um soco com a maior força que tinha no braço dele, que, é claro, não foi muito grande, porque ele só riu, sendo logo acompanhado por Esme e Alice.
- Assim você deixa a gatinha acanhada Emmett - falou a fadinha do mal, lançando uma piscadela a mim – Foi na casa do Jazz mãe, ia ensaiar, eu acho... – Ela falou.
- Jazz né Alice? HMMMMMMMM. – falamos eu e Emmett em uníssono, não poderia deixar minha vingançinha escapar e Emmett não poderia perder a chance de deixar alguém sem graça.
- Ah, gente! Pára, ok! Jazz é apelido de Jasper, qual o problema? Seus infantis.
Caímos todos juntos na gargalhada, de novo.

Pouco tempo depois, a grande porta de vidro da sala se abriu e por ela, Edward passou. Tão absurdamente lindo, com os olhos verdes tão flamejantes, que por um momento, achei que estivesse tendo uma visão da perfeição. Ele me lançou um lindo sorriso para então se dirigir à mãe.
- Já que todas as minhas crianças estão aqui, eu tenho ótimaas notícias para vocês – Esme falava com enorme excitação,mas sério, juro que só faltava ela bater palminhas. – Dia 24 de julho é feriado, e, obviamente, vocês sabem disso, mas, a parte boa é que eu e Carlisle conseguimos reservas em um ótimo hotel à beira de um lago belíssimo, para todos nós, e, bem, vocês podem levar mais dois amigos, já que sobraram lugares.

- Lizzy, tem certeza que tem uma curva à direita? Eu ainda não consigo ver nada, acho que era a passagem de trás... – Edward falou num tom meio cômico, fingindo que estávamos perdidos.
Eu estava com Edward no carro dele à caminho do lago, pois o carro de Esme não coubera a todos nós, já que foram também Jasper e Rosalie, uma nova amiga de Alice das aulas de balé.
- Edward, sério, já tá quase anoitecendo, para de brincar – falei revirando os olhos.
- Eu juro como queria estar brincando, mas é que... eu me perdi deles, eu não vi qual a entrada que eles pegaram e agora nem vejo mais os faróis. – Falou com a voz subindo algumas oitavas
- Jura? se isso for uma brincadeira não tem a mínima graça, mas enfim, liga pro celular da sua mãe, ela disse que ia estar ligado o tempo inteiro. – Eu falei, com o pânico já quase se apoderando de mim
- Eu já tentei inúmeras vezes, mas tá fora de área, com certeza é por conta do sinal fraco da estrada.
- Mas, e agora, o que a gente faz? Será que não é melhor parar um pouco no acostamento e esperar ela nos ligar, ou pelo menos o sinal voltar?
- Acho que sim, mas Lizzy, será que não é melhor a gente procurar um restaurante ou pousada só pra esperar esse tempo?
Concordei com um aceno de cabeça, já visivelmente preocupada. Seguimos até uma pousada e decidimos ficar lá esperando. Esperamos, esperamos e esperamos, pois é, ficamos lá um longo tempo, a verdade é que eu tinha gostado, eu e Edward havíamos conversado várias amenidades, ele se mostrava bastante interessado na minha infância, as pessoas que eu amava e tudo mais, mas preferia que tivesse ocorrido em outras circunstâncias, eu estava muito apreensiva.
Perto das 21:00 horas o celular de Edward tocou, ele olhou o visor e logo abriu o fone para colocar no ouvido. Ele falava em uma voz calma e baixa,m quase inaudível.
- Lizzy, hmm... não fica nervosa tá, mas é que eu acabei de falar com a Esme, nós realmente pegamos a entrada errada e estamos ainda mais distantes do lago, Esme achou melhor que nós dormíssemos aqui hoje, e amanhã, a gente continua a viagem até lá. O que você acha?
- Que eu sou a pior co-piloto desse mundo!
- ah, bonequinha, vamos logo pegar os quartos... – Ele falou me puxando para a recepção.
Aquela fora a primeira vez que ele me chamara de bonequinha, mas eu tive uma estranha sensação de déja vu, como se ele já me chamasse assim há muito tempo e que fosse algo totalmente natural entre nós.
- Lizzy? – Edward olhava com uma cara meio preocupada para mim, provavelmente eu estava com olhar vidrado mais uma vez enquanto pensava em teorias estranhas. Sorri imediatamente para mostrar que estava acordada, ainda.
- Desculpe, mas nós só temos um quarto disponível, todos os quartos do terceiro andar estão em manutenção e o restante está ocupado. Mas, vocês não iriam se incomodar de ficar no mesmo quarto apenas por uma noite não é mesmo? – a moça da recepção disse com um ar meio irônico que me irritou.
- Nós vamos conversar e já resolvemos. Obrigado de qualquer forma. – Edward falou com toda a sua cortesia aparente enquanto me levava ao grande sofá bege que era destinado aos hóspedes.
- Lizzy, você se incomodaria? Quer dizer, lá tem um sofá cama também, então você pode dormir na cama...
- Ah, por mim, não tem problema algum... – Eu falei meio atrapalhada, o interrompendo.
Assim que saí do banheiro, devidamente vestida com meu amado e surrado moletom cinza, praticamente corri para a cama, sem chegar lá, porque antes disso eu bati o tornozelo na mesinha do telefone e acabei caindo, levando a mesa comigo. Edward, que havia acabado de entrar no quarto, correu para me ajudar.
- Você tá bem? Oh, acho que isso vai ficar roxo, vem, é melhor eu trazer gelo pra pôr no seu tornozelo – Ele falou me levando no colo para a cama.
- Awn, não, me solta vai, eu consigo andar... Edward, me solta, isso é ridículo, eu não vou andar no corredor da pousada assim e...
- Ah, você não vai andar não, eu te carrego. – Ele falou enquanto mostrando um lindo sorriso torto no canto da boca.
- Há há há, engraçado – foi o que eu consegui dizer. – Mas, não é necessário, sério, eu tenho experiência com quedas e luxações, acredite.
- Tá bem então, eu pego o gelo e você espera aqui – ele falou me colocando na cama, e já batendo a porta atrás de si.
Dois minutos depois, lá estava Edward, com um saco de gelos na mão e um sorriso engraçado. Ele se aproximou e ajoelhou-se aos pés da cama, pegou meu tornozelo machucado com uma das mãos e com a outra o massageou enquanto deixava os gelos de lado por uns instantes. Minha mente foi levado para um mundo distante daquele e de uma forma tão natural, como uma brisa fresca em um dia de verão, que eu não me incomodei...
"Eu olhava apaixonada para o meu Edward, estávamos apenas eu e ele em um carrossel do parque de diversões da cidade... Nós havíamos nos beijado, pela primeira vez, naquela noite. As borboletas inquietas começavam a bater as asas no meu estômago todas as vezes que eu pensava nos lábios macios de Edward indo de encontro aos meus, nos seus olhos guardando um pouco de hesitação antes de nos beijarmos, ou em como eu me sentia quando estava com ele. Nós íamos nos casar, Edward já havia ido falar com meu pai, que concedera minha mão a Edward, porém nós dois estaríamos mortos se nos descobrissem fora de casa aquela hora..."
Em súbito, recobrei a consciência para o mundo ao meu redor, para Edward pressionando o saco de gelo no meu tornozelo e todas as outras coisas palpáveis ao meu redor. O que será que estava havendo comigo? Todos esses sonhos estranhos, e agora isso...
- Edward, eu queria conversar com você...
- Claro, a qualquer momento – ele falou sentando-se ao meu lado na cama.
- É que, bem... vem acontecendo umas coisas estranhas comigo, e a maioria delas envolve você, são sonhos estranhos , como aquele que te contei certa vez, eles parecem tão reais.
Contei novamente o sonho que havia tido com ele antes de nos conhecermos só que bem mais detalhadamente e também do pesadelo, em que eu o via em um caixão.
Edward parecia abismado e intrigado.
– Lizzy, sempre fui meio cético em relação a vidas passadas ou coisas do gênero, mas todos esses seus sonhos e mais... Vem cá, quero te mostrar algo, não havia mostrado antes, pois achei que você poderia me achar um psicopata ou algo do gênero. – Ele me pegou no colo e colocou-me cuidadosamente sobre a poltrona. Reclinou-se sobre a sua mochila tirando de lá um caderno de desenhos com a capa de couro gravada com suas inicias e o estendeu para mim.
Fiquei completamente fascinada pelos seus desenhos, o primeiro deles mostrava uma garota magra, com a pele pálida ruborizada, os cabelos castanhos cuidadosamente arrumados e os olhos também castanhos cintilando, demorei um pouco a perceber que eu era aquela garota só que estava vestida com roupas que combinariam perfeitamente com o século XIX, olhei para a data, havia sido desenhado há exatamente quatro meses, mas eu e Edward nem sequer nos conhecíamos.
- Tudo isso Lizzy, os meus desenhos, seus sonhos, a conexão instantânea que eu senti com você, só pode significar, que nós nos conhecemos de vidas passadas, que nós somos ... bem, destinados um ao outro.
A voz de Edward ia diminuindo gradativamente, até que em suas últimas palavras sua voz era apenas um sussurro, e ele se aproximou de mim, hesitante, levantou meu queixo com o dedo indicador me fazendo encarar seus olhos fumegantes, encostou seus lábios macios nos meus mais uma vez . Ele me segurou no seu colo, fazendo uma linha de fogo onde seus lábios percorriam o caminho da minha clavícula até a minha boca, demorando-se no meu pescoço e então me pôs na cama, ficando ao meu lado.
- Lizzy, você quer ser minha namorada?

N.A- hey jude, haha, pois é meninas, demorei baastante pra escrever esse capítulo, mas não culpem a mim e sim ao meu colégio. AISUA. enfim, agora, como tenho mais tempo livre sobrando vou voltar minha atenção a minha fic tão amada, hehe. Então é isso, hehe, comentem comentem e deixem essa autora feliz! bjs, elisa :)

Cap. 6

Edward me abraçava fortemente. Nós estávamos abaixo de uma árvore sinuosa com suas lindas e delicadas folhinhas cor-de-rosa caindo sobre nós.
- Sempre imaginei a felicidade desta forma. Tudo fica tão magnificamente encaixado que a única coisa que você pede a Deus é que tudo permaneça como está... – Edward disse em um tom de voz pensativo, sábio até.
- Isso me dá medo.
- A inevitabilidade que nos cerca? Ou o fato de você nunca poder se separar de mim – Ele disse em um tom brincalhão,o que mais me pareceu um subterfúgio para a seriedade da conversa. Parecia que carregava muitos significados, que estavam até agora obscuros. - Sorri fraco.
- Tenho medo de perder você.

[ Sem ponto de vista ] Narrador Observador.

22 de fevereiro, 1872

O coração da bela garota na ponta do precipício estava mais escuro e sombrio do que a noite que a rodeava. Era quase palpável o buraco em sua alma. Ela sentia que, por ele, suas forças se esvaiam. Quase que sugados por uma força demoníaca. Era isso, uma força demoníaca, que havia tirado tão abruptamente seu amado desta vida.
O vento frio e úmido da maresia mordia-lhe o rosto e fazia seus longos cabelos castanhos se embaralharem junto ao vento. Ela ainda não havia percebido que lágrimas quentes e espessas cobriam-lhe o rosto e que suas mãos tremiam, pois sua atenção estava focada em um tempo próximo, mas distante, dois dias atrás. Um balanço branco, com lindas peônias ao seu redor, Annie e James sentados juntos. Os braços de James ao redor da cintura da garota, eles se olhavam nos olhos e sorriam discretamente um para o outro. Essa feliz, porém, breve visão de um mundo perfeito apagou-se quase que tão subitamente quanto veio. E em seu lugar, Annie, via agora os lindos olhos em chamas de seu amado, bem a sua frente... Como se fossem reais.
Seus pés, agora descalços, se adiantaram sobre os pedregulhos do precipício, não havia mais solo sob as pontas enrijecidas de seus dedos. Ela estendeu sua mão e encontrou o vazio onde deveria estar James. Voltou em um rompante para a dura e cruel realidade, que mais parecia sorrir diante da desgraça de dois jovens corações.
Annie ajoelhou-se e encarou o vazio a sua frente. Como posso viver sem a minha vida? Como posso viver sem a minha alma? Eu e James somos apenas um, como podem querer que alguém viva sem sua metade?

Lizzy’s POV.

- Alice, meu anjo, não é que eu ache toda essa coisa de misticismo, tarô e coisas do gênero besteiras, é só que... Bem, elas são. – Falei rapidamente, rezando para que Alice não entendesse e desistisse, mesmo assim, de me levar a uma consulta com uma cigana ou algo do tipo.
- Lizzy, se é besteira, você não vai se incomodar em ir, vamos, por favor? Falou e fez uma cara de cachorrinho sem dono que logo você quer acolher.
- Mas... o Edward, nós combinamos de ir ao teatro, última exibição de Hamlet – Fiz última tentativa de tentar convencê-la do contrário.
- Ah. Tenho dois ingressos para a exibição de amanhã. Agora, sem desculpas. Vamos.
Avistei cortinas púrpuras a cobrir uma grande janela, onde estavam dependurados vários prismas. Obviamente, logo me dei conta de que havíamos chegado à casa da tal cigana. Fui pisando duro até a porta de entrada com Alice saltitando atrás de mim.
Sem tirar os grandes olhos, também cor de púrpura, das cartas de tarô estendidas sobre a mesa, a delicada jovem por trás da frágil armação nos saudou.
- Sou Ava, vocês jovens, querem apenas uma consulta rotineira, não é? – Falou a tal Ava, como se fosse muito mais velha que nós.
- Ér... bem, na verdade, é uma consulta rotineira, mas só para minha amiga aqui... Lizzy Swan. – Alice falou, desviando os olhos da luz dos prismas.
Ava levantou o rosto e me encarou com olhos que pareciam ler minha alma, sua boca ficou entreaberta. Voltando o olhar para suas cartas e novamente para mim, ela levantou-se abruptamente e sussurrou " A força... A eternidade " Para então desmaiar.

n/a: A fic agora começa a mudar um pouquinho de rumo, depois dessa loonga apresentação de personagens e introdução, vamos ao que interessa! E mais uma vez, desculpem pela demora ):
Elisa Zandoná