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Última atualização: 17 de março de 2025

Capítulo 1


null balançava incessantemente uma das pernas, em uma tentativa falha de reduzir a tensão que aumentava em seu corpo. Ela se sentia assim, desde o momento em que despertou, durante todo o caminho rumo àquela clínica até o momento que ela se encontrava agora, preenchendo os formulários finais para a permanência de sua mãe.
De alguma forma a jovem tentava acalmar seu coração, repetindo que desde o início ela apenas estava cumprindo um combinado a muito tempo feito com sua mãe. A mãe de null, Danika, sempre a alertou que quando chegasse a uma certa idade era o seu desejo que sua filha a encaminhasse para determinada instituição de longa permanência.
Porém null, nunca se agradou com essa ideia, mas nunca iria contra um desejo de sua doce mãe. Ela encarava as inúmeras linhas, com pequenas perguntas, que pareciam apenas aumentar. A cada momento que passava sentada, encarando os papeis a sua frente, ela imaginava um cenário catastrófico, onde paparazzis encontrassem sua mãe, ou os enfermeiros a tratassem mal, ou até mesmo que em algum momento Danika mudasse de ideia e quisesse retornar a sua casa, porém não conseguisse comunicar isso a filha.
Então a jovem de cabelos escuros fechou por um breve momento os olhos, respirou fundo, tentando acalmar todos aqueles pensamentos insistentes. Ao abrir vagarosamente os olhos, teve a sensação de que alguém a encarava… E isso se confirmou. Alguém tocou seu ombro suavemente, na tentativa de chamar sua atenção.
– Hey… Está tudo bem? – ela ficou por alguns segundos encarando o jovem ao seu lado, que tinha um cabelo perfeitamente penteado para trás com uma quantidade significativa de gel, e pequenos olhos, escuros e densos.
– Ah… Acho que só são muitos papeis, para assinar de uma vez. – null desviou sua atenção para os papeis os embaralhando em suas mãos.
– Sei como é. Quando vim aqui pela primeira vez com o meu pai, me senti meio desconfortável e confuso com tudo também.– confessou de forma simples para ela, isso a fez relaxar. Deixando os ombros agora menos tensos, porque afinal ela não era única então com aquele sentimento estranho. – Prazer, me chamo null… – estendeu sua mão para null que apertou e viu nos lábios dele um sorriso pequeno crescer.
null…pode me chamar de null. – preferiu não falar seu sobrenome, porque temia ser descoberta ou reconhecida.
null, ficou encantado com o nome da moça a sua frente, mas o que realmente chamou sua atenção foram os olhos castanhos e marcantes, ele poderia escrever um poema só sobre como eles brilhavam naquela manhã nublada e aqueciam suas mãos geladas
Ele não queria confessar, mas os 10 minutos que passou tentando tomar coragem para falar com null, valeram a pena, só por renderem a visão de olhos tão bonitos.
– Pode parecer estranho, mas tenho a sensação que te conheço de algum lugar. – null, tentava puxar em sua mente da onde aquele sorriso pequeno era familiar, será de uma foto? Será que já foram colegas de sala? Será que era apenas sua ansiedade?
null, soltou um riso pelo nariz. Não imaginou que seria reconhecido, não que era famoso, mas era difícil depois de tanto tempo frequentando ali alguém ainda se surpreender com sua presença. Isso não o incomodou, mas fez o seu coração dar um pequeno salto, talvez, ela realmente o reconhecesse ou até acompanhasse seus campeonatos
– Bom, você pode reconhecer a mim ou ao meu p…– foi cortado por uma voz que se fez mais alta naquele ambiente, chamando a atenção da jovem a sua frente.
null Espinosa. – o homem trajado todo de branco a chamou, e null viu a moça se levantar, porém nesse movimento rápido, ela acabou derrubando a papelada e ele logo se prontificou a ajudá-la.
– Merda… – disse se agachando para pegar os papeis que haviam caído e assim batendo sua cabeça com o seu novo conhecido. – Ai meu Deus! Me desculpa. – null levou a mão até a cabeça do jovem em sua frente, na tentativa de amenizar aquela situação.
– Relaxa, não foi nada. Aqui está, olha vai dar tudo certo. – ele disse essa última parte em um tom mais baixo para que só ela escutasse, e em forma de retribuição ela abriu um sorriso confiante.
– Ao se levantar e se recompor, o médico que a esperava, pegou os papeis de sua mão. – Pode me acompanhar, por favor.
Quando a figura da jovem de cabelos escuros sumiu de sua visão, null, rapidamente sacou seu celular em mãos e confirmou a hipótese, que de alguma forma ele tinha certeza, sobre null.
Ao ouvir o médico chamar seu nome completo, ele teve certeza que também a conhecia… E dando uma pequena pesquisada isso apenas se confirmou.
Ela era filha de Danika Espinosa, que por acaso, era uma ex-integrante da banda em que seu pai Alexandre Casillas fez parte, durante toda sua adolescência e parte da vida adulta.
Ainda pesquisando sobre Danika, ele se lembrou dos rumores de romance entre seu pai e ela, e o fim abrupto do sexteto que era sucesso mundial.
Com essas informações em mãos, algumas recordações se fizeram nítidas em sua memória. Como por exemplo, quando era menor, e seu pai o levou em um jantar de “reencontro” do grupo, se lembrou também de interagir com os filhos dos outros integrantes, porém pouquíssimo com null, já que seu pai preferia manter certa distância de Danika.
Agora ele se sentia mais confiante de certa forma, porque a mulher que tinha despertado o interesse dele, pelos olhos cativantes, não era uma completa estranha e com isso, eles teriam muito o que conversar
Ele não queria ser invasivo, mas resolveu esperar ela retornar e talvez a chamar para um café.
Quando null retornou a recepção e percorreu rapidamente o seu olhar sobre ela, notou que null ainda estava ali, lendo um pequeno livro. Então ela resolveu que não seria nada demais, ir até ele se despedir e agradecer pelo apoio mais cedo.
null. – ela o chamou, ao olhar para ela, ele novamente abriu aquele pequeno sorriso. – Vim te agradecer, pelo apoio hoje mais cedo, muito obrigada.
– Ah que isso, não precisa agradecer. Para falar a verdade, eu fiquei te esperando. – ele pareceu ficar envergonhado de repente, mas respirou fundo e continuou. – Quem sabe a gente poderia tomar um café, aqui tem uma cafeteria ótima.
null, de alguma forma, se sentiu feliz pelo convite, porque percebeu que o interesse que sentia pelo rapaz, era recíproco.
– Claro, vamos. – então ele se levantou e ela apenas o seguiu.
Após os pedidos de ambos chegarem, o silêncio reinou entre eles, apenas se escutava o barulho da mastigação. E a jovem notou um leve tique que null demonstrava, parecia estar ansioso? Ele estava piscando mais frequentemente, do que quando conversavam mais cedo, e isso a intrigava.
– Tenho uma coisa para te contar. – colocou sua xícara sobre a mesa.
– Esse é o momento que você diz que é um repórter e quer escrever a biografia da minha mãe, certo? – após ela dizer isso, ele acabou rindo, e ela gostou muito de como a risada dele era de certa forma rouca.
– Ohh… Você me descobriu. – disse levantando os braços para o alto, em tom de “rendição”. – Lembra que hoje mais cedo você comentou que me reconhecia de algum lugar? - null concordou com a cabeça, enquanto dava mais uma golada de seu chocolate quente. – No começo eu pensei que fosse por eu ser skatista profissional… – ele viu a testa dela se enrugar e percebeu que definitivamente ela não o acompanhava no esporte. – Aí o médico foi lá e te chamou e quando eu escutei o Espinosa, tudo fez sentido. – agora ele tinha total a atenção dela. – Não falei mais cedo, mas o meu pai é Alexandre Casillas Von. – sorriu ao final.
Ela demorou um pouco para conectar essa informação, mas quando percebeu de quem se tratava tudo fez sentido. Era claro que ela o reconhecia, ainda mais aquele sorriso, havia fotos em todos os lugares da internet de seu pai com a sua mãe, e null definitivamente tinha o mesmo sorriso de seu pai, era identico as fotos e a forma como Danika descrevia.
null, não acredito que você é filho do Ale. – sem pensar ela esticou seu corpo sobre a pequena mesa, e o abraçou.
O sentimento que tinha agora em seu peito era de ternura, porque neste momento ela recordou das inúmeras conversas que teve com a sua mãe e de como sempre Dan, elogiou cada integrante, principalmente o Ale. Sendo assim, de alguma forma, null sentia esse apreço por ele e agora por seu filho também.
Fazia muito mais sentido ainda, ela talvez não estar atraída por ele, mas apenas estar o reconhecendo e vendo nele os inúmeros sentimentos que sua mãe relatava durante as histórias.
Após o pequeno abraço, null se sentou novamente e agora havia um brilho em seu olhar ainda mais cintilante que antes.
– Sei que de todos os filhos dos integrantes, eu sou o que menos interage com o restante, mas é estranho como Madri realmente é pequena. Quem diria que eu iria te encontrar aqui…Depois de, sei lá, 15 anos?
– É acho que é… O último reencontro, eu ainda tinha minha naninha debaixo do braço. – e novamente ambos riram – E agora eu estou me sentindo a pior filha do mundo por estar autorizando minha mãe ficar em um asilo.
– No começo eu também me senti assim, mas como você retira uma promessa que fez para um Casillas?
– Sério? Também estou fazendo isso para cumprir uma promessa que fiz à minha mãe. Bom, vai entender esses dois. – retornou a petiscar um pão de queijo.
– Cara, é muito estranho eu estar aqui na sua frente. Porque foram anos, vendo montagens nossas bebês para edits dos nossos pais e isso era louco demais na minha cabeça. – ele confessou, porque de alguma forma sabia, que ela entenderia o que ele sentia.
– Sim, eu ficava “gente o meu pai é o Paco… Deixem disso”, mas no fundo eu meio que entendia que, nossos pais tinham certa química. – ela deu de ombros, depois de tanto conviver com os fãs de sua mãe, ela de alguma forma compreendeu a fissura deles. – E outra, minha mãe de fato nunca se importou com isso, ela dava todo o seu amor e carinho para meu pai e ponto.
– É meu pai também, mas a minha mãe não soube lidar muito bem com isso. Eles sempre discutiam, não só pelos fãs, mas pela forma como a imprensa sempre distorcia os fatos e cai matando em cima dela. Isso a deixava mal, até que enfim… Acabou. – ao olhar de relance para null ela percebeu seus olhos um pouco vermelhos, mas rapidamente ele fez questão de passar a mão para disfarçar qualquer lágrima que fosse se formar ali. – E o seu pai, como está?
– Meu pai… Faleceu, já faz 3 anos.
O coração dela ficou um pouco apertado, por mais que a dor da perda tenha cicatrizado, a da falta de seu pai no seu cotidiano ainda estava aberta e agora com essa mudança da sua mãe, ela temia se sentir ainda mais sozinha.
– Então eu resolvi morar com a minha mãe quando isso aconteceu, e agora… Agora estamos aqui. – ela sorriu fraco, e quando null percebeu isso, tratou de confortá-la. Tocou sua mão a fazendo o encarar.
null, você não tá sozinha, agora eu estou aqui. – ela concordou com a cabeça e deixou que uma lágrima solitária escorrer por sua bochecha. – A gente sabe que não é fácil passar por tudo isso e ainda ter um monte de urubu babaca fotografando a gente, mas agora eu estou aqui para o que você precisar. – com isso, ela apertou ainda mais a mão dele e esboçou um sorriso.
– Acho que a pior parte são os paparazzis, não quero ter que encontrar nenhum, mesmo sabendo que esse é um local distante e discreto, tenho medo de me deparar com eles e ter uma enxurrada de perguntas.
– Eu sei, eu sei, mas fica tranquila. Meu pai está aqui há mais de um ano e nunca descobriram nada, confesso, que no começo eu também tinha receio, mas aqui todo mundo é muito profissional. Nunca saiu nada na mídia, sobre a doença do meu pai.
Essa última parte chamou a atenção de null, nem ela e muito menos sua mãe sabiam que Alexandre estava passando por uma doença
– Seu pai está doente? – uma pontada de preocupação se estabeleceu nela.
– Sim, há seis meses, acabamos descobrindo o início do Alzheimer. – ele se recostou na sua cadeira e respirou fundo.
Eram poucos assuntos que null não gostava de tocar e com certeza a doença e a forma avassaladora que ela estava tomando seu pai era um deles.
– No começo, não era muito evidente, mas agora tá cada dia pior, as crises de localização, o esquecimento… E hoje ele… – seu olhar se abaixou para encarar seus pés, era difícil para ele lidar com o que ocorreu mais cedo. – Ele não se lembrou de mim.
– Ela notou a mudança abrupta no semblante do seu novo amigo, a tristeza que estava nele logo também chegou a ela. – Eu sinto muito… De verdade. Se eu puder ajudar em alguma coisa.
Ela gostaria de ter uma forma de reverter isso, mas sabia que não era possível. O que ela poderia oferecer a ele agora, era apenas o conforto de sua amizade.
A conversa entre ambos continuou a fluir, porém null optou por mudar o assunto principal, e focar mais em suas vidas particulares, por exemplo, contou a ele sobre as composições que ela estava trabalhando para o seu novo álbum, e como ela estava usando de referência a era pop/rock da sua mãe.
Ele detalhou um pouco mais sobre os treinos intensos que estava tendo e o quanto ele esperava chegar nas etapas finais do concurso. Contou também, a jovem, que quem o incentivou mais no esporte foi seu pai, e que ainda tinha esperança de ele poder assistir pelo menos uma última competição sua.
null, estava abalado após o pai não reconhecê-lo e por mais que médicos e especialistas o tivessem avisado sobre esse estágio, nada o preparou para isso. Alexander e ele sempre foram grudados, melhores amigos e confidentes. A prova disso foi que quando sua mãe resolveu se separar, sem pensar muito ele escolheu continuar morando com o pai.
Casillas, foi um bom pai e acima de tudo um ótimo amigo. Sempre o apoiando em seus projetos e escolhas de vida. E agora com as competições finais se aproximando o jovem se sentia solitário, pois não havia com quem compartilhar seus medos.
Por mais que sua mãe quisesse preencher de alguma forma o papel que antes era desempenhado pelo seu pai, ainda assim, não era o suficiente.
– Se você quiser posso te levar para casa. – ele disse ao ver a jovem à sua frente colocar a bolsa sobre o ombro e se levantar.
– Ah, muito obrigada, mas eu vim de carro. – ela se aproximou de sua cadeira, null se levantou e ambos se abraçaram por poucos segundos. – Obrigada pelas palavras de apoio, foi muito bom não ter que passar por tudo isso sozinha…
– Bom… Enquanto eu estiver aqui, você não vai estar sozinha. – null abaixou seu olhar rapidamente depois de se dar conta do quanto aquela fala parecia desesperada ou até mesmo emocionada demais. – Quan-quando você quiser conversar, claro! – após gaguejar um pouco, o maldito tique dos olhos havia voltado.
– Tá bom, até! – null se foi.



Capítulo 2


O quarto de Danika estava um completo breu, mas seus olhos estavam abertos pela falta de sono. Embaixo de seu travesseiro ela apertava com força uma pequena paleta de violão pela metade. Segurava o objeto tentando acalmar de alguma forma seu coração que se via confuso e temeroso naquele momento
Toda sua trajetória de vida tinha sido completa e realizada, ela se sentia feliz com seu antigo marido e o amava. Porém, a mulher não poderia negar que em seu coração a promessa que ela havia feito ao seu colega de banda no auge dos seus 21 anos sempre cercou seus pensamentos
Ela lembrava de como tudo tinha ocorrido… Se lembrava que em meio às lágrimas ao saber da decisão do fim da banda e assim do afastamento forçado de ambos, ele propôs a Danika seu maior valor: A fidelidade do seu amor.
Então os dois jovens após comporem a música mais profundo e sincera, prometeram sobre uma paleta de violão, o que fez Danika sorrir um pouco com a inocência de ambos na época, que quando estivessem bem velhinhos e caso estivessem sozinhos, iriam deixar suas almas se reencontrarem e viverem aquilo que foi negado.
Ali estava ela no local combinado e em suas mãos a prova de uma promessa na adolescência. Ela amou outro, assim como ele também amou, mas ela não podia negar que o amor platônico existente entre ambos era algo maior do que ela podia explicar
O amor de Danika e Alexander sempre foi uma brasa que nunca se apagou, se mantendo ali forte o suficiente para cortar o tempo e se fazer presente até esse momento. Mesmo sabendo disso, e tendo certeza desse sentimento, para ela Alexander ainda era uma incógnita porque havia anos que não se falavam, se viam ou que ela tinha notícia sobre o homem e isso a deixava assustada.
Os pensamentos tomaram conta de sua cabeça o suficiente para que o sono chegasse, então ela apenas cedeu e seus olhos começaram a pesar e quando estava prestes a iniciar um bom sono… Um barulho a retirou do estado de tranquilidade.
Ao se virar na cama pode constatar que vinha do corredor que agora tinha luzes acesas e havia sombras passando de forma rápida. De súbito a mulher se levantou, calçou seus chinelos macios e abriu a porta
Observou que no final do corredor havia três enfermeiros parados em frente a uma porta aberta, ela caminhou de forma vagarosa até eles, não queria parecer enxerida, mas queria saber o que estava acontecendo ali e naquele horário
Quando estava a poucos passos da porta, o seu coração veio a boca, ela acabara de ouvir a voz que por tantos anos apenas havia estado presente em seus íntimos sonhos. Era a voz dele, de Alexander Casillas, e agora sua voz estava mais rouca e mais clara do que nunca em seus ouvidos
A mulher não viu o momento em que fez isso, mas só se deu conta que havia passado pelos enfermeiros na porta e se colocado na cena que chamou sua atenção. Ela pode observar dois enfermeiros perto dele, tentando o acalmar, enquanto o homem pedia a eles algo que eles não compreendiam
Compreendeu que Alexander estava sem paciência, pela forma que ele passou a mão sobre os cabelos, da mesma forma que ele fazia há anos atrás
– Eu já disse que quero a paleta do meu violão agora. – o homem disse de forma irritada.
– Senhor Casillas, essa é a única paleta que nós temos do senhor. – o enfermeiro disse, entregando nas mãos do homem mais velho o pequeno objeto preto. Porém, Casillas fez questão de arremessar o objeto longe. – Por favor senhor, se controle estamos tentando te ajudar.
– Ale… – Danika disse de forma suave e calma, a atenção de todos no local se voltaram a ela, inclusive de Alexander que agora tinha se virado para o local de onde vinha a voz.
Seus olhares se encontraram e a mulher teve certeza que o seu coração se aqueceu depois de anos de um longo inverno. Ela resolveu não dizer nada, apenas estendeu a mão e mostrou para ele, o que ele tanto procurava
– Aqui está.
– Dan, eu disse a eles, disse que você viria para nosso ensaio. – ele pegou a paleta da mão dela e abraçou.
Alexander, ao olhar o rosto de Danika sentia que há muito tempo esteve longe de casa e agora junto dela, em um abraço, retornava ao seu verdadeiro “eu”. Ele se sentia cansado, mas perto dela, estava disposto o suficiente para ensaiar a noite toda e iniciar uma turnê.
Amá-la permitia ele fazer o extraordinário, sem perceber o feito. Danika era o combustível para seu coração e alma. Agora se sentia seguro, confiante. Desfez o abraço e foi até o canto de sua cama, retirou seu violão da capa e se sentou
Olhar para a mulher que ele amava fazia ele sentir que a vida valia a pena e que a música era a única forma de expressar seus sentimentos, e era isso que ele faria agora, que Danika estava de volta a banda



Capítulo 3


null gostaria de ter pegado o número de sua nova amiga, para que assim pudesse arranjar uma desculpa e poder mandar uma mensagem corriqueira a ela
Depois daquele encontro, ele passou ainda alguns dias a stalkeando cada publicação atentamente dela, escutou as músicas lançadas e depois que terminou todo o albúm, o colocou em um loop infinito
Talvez os vizinhos reclamassem, mas ele não se importaria com isso, porque depois de muito tempo o coração dele batia de forma compassada junto a voz suave de null. As visitas que fazia ao seu pai se tornaram mais longas e repetidas, toda vez que adentrava a clínica havia uma ponta de esperança de encontrá-la
Mas em toda essa felicidade, havia um fato infeliz, ele gostaria de poder contar isso para o pai, sabia que se houvesse lucidez ele daria um belo conselho, indicaria uma forma de conquistá-la
Nas suas últimas visitas as conversas não eram longas, porque além de não o reconhecer, Alexander havia voltado abruptamente ao tempo em que ainda fazia parte do sexteto. null, buscou se informar se o pai havia recebido ou entrado em contato com Danika. Talvez isso fosse um dos disparadores dessa regressão
Mas, de certa forma, os profissionais da clínica ainda zelavam pela autonomia de Alexander e não deram muitas informações. null, então pediu de forma gentil para que eles não deixassem que isso acontecesse, permitir que o pai desenvolvesse uma relação com Danika a essa altura, era tudo o que ele menos queria
Primeiro, que isso poderia vazar para a média e seria uma grande confusão. Segundo, que isso poderia respingar em sua amizade com null e terceiro e mais importante, era que isso o afetava sentimentalmente, uma vez que, se lembrava das inúmeras brigas entre seu pai e sua mãe por conta de rumores de traição. As manchetes eram nojentas: “O bom filho à casa torna: Alexander Casillas e Danika Espinosa estariam tendo um caso novamente”, “Há também rumores de que Danika e Alexander se envolveram nos bastidores da novela ' também durante a banda.”, “Um relacionamento a três, seria o perfeito para Alexander Casillas agora que se casou, mas ainda troca mensagens com sua ex-parceira de banda via internet”
null, tinha que confessar que a imagem de Danika Espinosa era um fantasma em sua vida, lembrar o nome dela fazia com que ele retornasse a um lugar de dor, sofrimento e ansiedade. E nesse momento, ele não estava disposto a isso, já estava passando uma barra com seu pai, não queria mais “problemas
Não era nada contra a pessoa de Danika, mas o que ela representava para ele e sua mãe. Ele tentaria evitar a qualquer custo o contato dela com seu pai, mas não impediria de se envolver com ela ou com null, não havia nada de errado em pensar assim certo?
Porque o problema era apenas a interação entre seu pai, Danika, e o público. Fora isto, não havia nada naquela mulher que o incomodava. Seu pai, nunca falava muito sobre ela, em específico, ele sabia disso, porque em relação aos outros companheiros de banda ele sempre comentava, contava histórias e até mantinha contato com alguns
Mas sobre ela, nunca foi dito nada. E isso também não importava, não importava para null se Casillas tinha tido ou não uma relação com Espinosa, porque tudo isso foi em um passado, muito antes dele e de sua mãe. Um passado, que não voltaria, que não tinha dado certo. E como seu pai dizia aos fãs “superem” e era isso que ele queria para sim também, superar tudo sobre essa história ou coisa relacionada
Afinal, nessa altura de suas vidas, nada pior que tentar retornar a assuntos fracassados do passado


***


Naquele dia como em todos os outros, null estava com saudades de sua mãe. Porém, hoje ela havia conseguido uma pausa em seus ensaio em estúdio para uma visita Danika, e era isso que ela estava fazendo agora, dirigindo rumo ao colo aconchegante de sua mãe
Ela não via a hora de encontrá-la e contar sobre suas novas composições, ela queria saber sobre a opinião da mãe. Também gostaria de saber sua opinião sobre o encontro inusitado que teve no dia da internação de Danika
null não tinha comentado com ninguém, mas desejava poder falar mais uma vez com null, porque de alguma forma se sentia à vontade com ele, era alguém que tinha uma história parecida com a dela, alguém em que ela pensava que poderia confiar, e em um futuro ser um amigo… Ou algo a mais. Essa última parte ela não podia negar, ele era muito atraente, seus traços, seus olhos, a pinta abaixo do seu olho, tudo tinha chamado atenção dela
Esse feito do rapaz sobre ela, “atrapalhou” de certa forma a produção de seu álbum, que tomou um rumo diferente, porque agora ela não gostaria mais de falar sobre assuntos tristes, gostaria de falar sobre paixão… Havia até uma música que ela tinha começado a compor.
Ela escutava de forma atenta o que a mãe contava sobre seus dias na clínica, como tudo parecia harmonioso, Dan também fez questão de contar sobre as atividades extras, em que fez muitos amigos
– Tudo parece muito bom, até melhor que em casa, mãe.
– Ah, lunita, não se sinta assim. – deu um abraço de lado na filha. – Casa é onde nosso coração está, e o meu está meio aqui e meio com você. Falando nisso filha, eu gostaria de conversar sobre algo com você. – Danika nesse momento assumiu um tom de voz mais cauteloso, tinha receio de como a filha poderia reagir àquele assunto.
Gostaria de ter contado antes de vir para a clínica, mas não houve um momento que ela achou “adequado” para isso, ainda mais depois da morte de seu marido, momento no qual a filha ficou mais apegada a ela.
– Você sempre soube que eu tive grande desejo de vir para cá. Fiz até você prometer que me traria… Isso não foi planejado por agora, querida. – Houve uma pausa, como se ela quisesse decifrar qual seria a próxima reação da filha, com isso, decidiu prosseguir o assunto – Filha, quando eu era jovem, na mesma idade que você agora, prometi a um amig… Prometi ao Alexander, meu parceiro de banda e namorado da época, que se um dia estivermos bem velhinhos e sos iremos nos encontrar e tentar viver o que não pudemos naquela época.
Danika optou por não falar, a filha a encarava de forma firme, como se fosse um erro perder cada palavra da mãe. A idosa não sabia como prosseguir, tinha medo de magoar a filha e de certa forma a imagem do velho falecido marido
Queria deixar claro que por toda vida amou o pai de null, amou ele desde a primeira vez que o viu, se apaixonou ao primeiro beijo e teve certeza que era ele, quando as borboletas que viveram presas em seu estômago por tanto tempo, voaram e pousaram sobre os olhos de Paco e seu coração.
A filha tocou sua mãe de forma suave e esboçou um pequeno sorriso, como se desse permissão para continuar a história
– Você sabe o quanto a mídia é podre, e quando se tem vinte anos isso se torna pior, porque de alguma forma você sente que o que as pessoas dizem sobre seu coração é a verdade, não aquilo que você é. Durante toda a banda, todos ouviram coisas horríveis, mas para mim a forma que ditavam sobre meu relacionamento com Alexander era o pior, era duro, frio… E com o tempo entendemos que a gente não iria conseguir suportar aquilo, que o amor que era bonito se transformaria em algo podre. Então decidimos colocar ele no casulo, o proteger, se firmar e aí sim…deixar ele voar. – Danika se ajeitou sobre a poltrona. – Quando seu pai morreu, foi como se eu entendesse que o casulo havia se aberto, eu poderia escolher para onde voar e eu escolhi estar aqui.
– Mãe, eu entendo o que quer dizer, é muito lindo e puro o que falou e independente de qualquer coisa, eu apoio você. Porque eu te amo, e sei que o meu pai também falaria para você seguir seu coração e se o seu coração está aqui com o Von, é onde eu quero estar com você então. – A jovem não se segurou e abraçou sua mãe.
Danika derramou lágrimas, porque se sentiu leve, agora que havia compartilhado o segredo com a filha. Também agradecia mentalmente pela forma que Paco e ela haviam criado null, uma jovem doce e compreensiva
– Sendo assim filha, o que tenho para te dizer é que Alexander…
– Ele está aqui, não é? – Viu a mãe concordar com a cabeça com os olhos um pouco arregalados. – E eu sei que ele está com Alzheimer também.
Então null sentiu que agora era o momento dela contar o que tanto ansiava, e assim o fez. No final sua mãe estava espantada. Como podia o mundo ter unido o filho dos dois em uma mesma recepção?
– Tem mais alguma coisa que queira me falar, lunita?
– Eu senti algo, senti algo por ele mãe. Tive até vontade de compor por ele.
– Filha, isso é lindo, eu desejo muito ouvir o que você for compor.
null também sabe sobre essa história, mãe?
– Não sei ao certo, Alexander, está confuso e não comentou nada sobre nossa promessa. Então realmente não sei se ele falou disso para alguém. Agora é esperar… – disse isso e deu uma longa expirada.
– Fica tranquila, ele parece ser ótimo, compreensivo, aposto que a gente vai se reunir ainda para almoçar. – Sorriu esperançosa.



Capítulo 4


Rod, o produtor de null levantou a mão e fez um sinal de joia para ela. Com isso, a garota retirou seus headphones e deu suspiro de alívio, ambos estavam ali a mais de dez horas gravando um mesmo trecho, e agora finalmente tinham chegado ao resultado esperado
Ela confessava que hoje estava mais complicado de se concentrar, do que costumava, havia algo em sua mente, uma melodia, da qual ela não conseguia esquecer. Longe dela querer esquecer aquela melodia, mas o que a incomodava é que não tinha nenhuma letra “digna” dela
O namorado de Rod adentrou a cabine que ela estava e confirmou o que ela queria de almoço. Após isso, ela caminhou até uma sala de descanso que havia no estúdio, e lá ela encontrou seu produtor e também amigo
Não era a primeira parceria musical de Rod e ela, ambos gostavam de criar juntos e isso acalentava o coração de null, porque era incrível trabalhar com alguém tão apaixonado pelo seu trabalho como seu amigo, ele se jogava de cabeça junto dela em cada trabalho e estrofe
null, tinha que confessar que hoje havia sido cansativo, mas o resultado final iria agradá—la com certeza, ela se sentou em um puff e fechou seus olhos, havia uma dor de cabeça querendo se iniciar
– E aí vai me contar o que tá rolando na sua cabeça?
A jovem abriu os olhos e encarou o rapaz à sua frente, era tão perceptível assim?
– Ela se endireitou e iniciou— Hoje de manhã quando eu acordei, tinha uma melodia na minha cabeça, e eu não consigo parar de pensar nela…
– Me diz ai como é, podemos criar alguma coisa em cima.
– O problema é que ela vai totalmente contra a proposta deste álbum. O sin compromiso fala sobre desamor, se encontrar sozinha, despedidas… E ela me parece mais uma melodia romântica, sabe?
– Ué, isso é perfeito, null. Se você criou todo esse álbum e essa estética para entregar pro seu público algo sin compromiso com eles, mas que seja fiel a você, faz total sentido se a gente tiver uma música de quebra dentro dele. — A jovem pode ver um brilho de paixão crescer nos olhos de Rod, a ideia tinha despertado a criatividade— Ele deve acompanhar seu coração.
– Uau, agora estou empolgada para criar. — Ela sorriu de forma confidente para o amigo.
– Tá, me conta o que tá rolando, quem é essa pessoa?
– Como você sabe, que tem alguém?
null, você me ofende desse jeito. Eu te conheço a tempo suficiente para saber o quanto você é leal ao que sente, e se você tá querendo falar sobre amor, eu sei que você deve estar apaixonada. — Havia certa satisfação na fala de Rod, por saber que estava certo.
– Tá bom, você tem razão. Eu conheci ele quando fui levar a minha mãe, você sabe… — Houve uma troca de olhares de cumplicidade nesse momento. — e ele estava lá na recepção, a gente começou a conversar. — Soltou um longo suspiro — Ele me entende, é gentil, e tenho que confessar que achei ele gostoso. — Ela corou após confessar isso ao amigo.
– E aí, vocês estão conversando? Como está sendo?
– Acabou que eu nem peguei o telefone dele nem nada do tipo. Vai fazer uma duas semanas que eu não encontro. Agora você nem desconfia de quem ele é filho…
Assim, a jovem explicou sua breve ligação com null e pode observar a cara de espanto de Rod
– Como assim ele é filho de Alexander Casillas Von? Como vocês foram parar lá? Sério, se isso não é destino, eu não sei o que é.
– Mas eu nem sei se ele gostou de mim. Então não dá nem para saber no que isso vai dar, pode só ficar assim mesmo. — Deu de ombros.
– Me dá o seu celular, preciso pelo menos saber como é o rosto dele. — Um pouco relutante Milli entregou o celular a ele.
Houve um momento de silêncio, enquanto encarava o amigo mexer no seu celular. Ele não dizia nada e isso a deixava um pouco ansiosa, por saber o que ele estava achando de null, caso tivesse achado alguma rede social do rapaz
– Pronto, agora vamos descobrir qual é a dele. — Esticou o braço devolvendo o celular para a amiga, e observou o semblante de dúvida dela. — Que foi? Eu apenas fui prático e comecei a seguir ele, null.
– Meu Deus, Rod! — Se levantou e começou a caminhar de um lado para o outro — Se alguma página de fofoca ver que eu comecei a seguir ele, podem criar teoria, manchetes… Você não pensou nisso? — Falava em um tom raivoso.
– Claro que eu pensei nisso, null, por isso comecei a seguir ele pelo seu perfil privado, o Lunita. Agora quando ele te seguir de volta, você posta um story e vamos ver no que dá. — disse de forma simples.
Ela apenas encarava o amigo, pasma em como ele tinha feito de forma tão simples o que ela procrastinou por duas semanas: falar com null. Quando o som de notificação do instagram invadiu o local, Rod correu para o lado da amiga e os dois encararam null deseja te seguir”
– Por nada. — disse Rod dando um largo sorriso. — Vai, aceita logo. — Viu a amiga tocar a tela do celular. — Agora posta um story, para ele saber que é você né, porque o nome Lunita e a foto de perfil de um quadro não ajuda né.
null, não sabia o que postar, queria interagir com ele, mas de forma simples, sem parecer proposital. Ela levantou o olhar para encarar Rod, e como em um passe de mágica, pareceu que ele havia entendido o que a amiga pensava
– Tive uma ideia, vem cá. — Puxou ela pela mão até a cabine de gravação, colocou os headphones nela novamente.— Apenas não olhe para mim… Pronto! Sei que você não quer ser óbvia, null. Então posta essa foto falando que eu tirei ela, com algo engraçadinho e assim ele pode interagir com você.
– Será? — Mordeu os lábios com certo nervosismo.
Estava feito, ela havia postado a foto que Rod tinha tirado, acompanhada de “trabalha y trabalha” era o melhor que ela conseguia, agora era esperar. O namorado de Rod havia chegado com as sacolas do almoço e os três estavam sentados no chão com suas pequenas embalagens de comida
null, conferia de minuto em minuto as notificações do celular, mas nada de uma interação de null, talvez ele poderia pensar que aquilo era um perfil qualquer, ou uma página de frases motivacionais, afinal não tinha nada que identificava que aquele perfil era dela. Apenas os mais próximos identificariam algo, por conta, do nome “Lunita” o apelido que Danika havia dado para ela desde pequena
null, é você?” ela engoliu de uma vez só toda a garfada que tinha colocado na boca, ele respondeu seu story como esperado. Ela prontamente o respondeu com um áudio “para provar” que era ela
Após concluir a mensagem de voz, percebeu o sorriso que estava nos lábios e os dois homens a encarando e os três apenas riram de forma cúmplice, por concluírem que null estava tendo uma quedinha por null Casillas
Depois daquela mensagem, os dois jovens continuaram a conversar, sem demora para resposta de ambos os lados. Compartilharam durante a conversa, sobre seus trabalhos, null contou como estava indo o seu próximo projeto, mas sem muito detalhe
Enquanto null, contava como tinha sido seu último treino, e o que precisaria melhorar para as finais. Eles também compartilharam o quanto gostaram de se conhecer, e de certa forma ambos ficaram felizes com isso
Quando a conversa estava prestes a terminar, null se encheu de coragem e convidou null para sua casa, pensou algum tempo antes de enviar a seguinte mensagem “sei que deve estar corrido para você, mas eu saio umas 21h do estúdio, Rod e o namorado dele vão lá para casa comer uma pizza, caso você queira ir, está convidado”
Quando ela enviou aquilo, no mesmo instante se arrependeu, porque talvez ela poderia estar interpretando mal, talvez ele só estava sendo educado em respondê—la, talvez não gostasse desse tipo de interação. Sua ansiedade foi tão grande, que ela rapidamente entrou no chat da conversa enviou seu endereço e desligou o celular
Não queria criar expectativa, e para isso, a ideia era esperar ele não ir. Caso ele fosse, seria uma surpresa para ela, uma vez que, ela não veria sua resposta
Os três estavam abrindo uma taça de vinho para acompanhar a pizza que deveria estar a caminho. null desprendeu o pensamento de null, uma vez que, já passava das dez da noite e ele não tinha vindo ainda
Bom era isso, ele não via, não tava tão afim…
– Você quer que eu abra? — null voltou a prestar atenção quando Miguel tocou seu braço. — O interfone tá tocando, você quer que eu abra?
– Não, pode deixar eu abro. — Sorriu e foi em direção a porta. — Nossa essa pizza demorou hein — comentou com os amigos, enquanto destrancou a fechadura.
Ele estava lá, com um caso e um cachecol enrolado no pescoço, seu nariz estava um pouco vermelho, e em suas mãos tinham três caixas de pizza. Quando Milli encarou seus olhos, ela pode perceber seu tique voltar, então ele começou a piscar copiosamente
— Chegaram junto comigo, então seu porteiro já pediu para trazer. — falou de forma rápida.
Agora ele estava ali, e a garota não conseguia disfarçar sua satisfação por isso.


Capítulo 5


null não conseguia disfarçar o sorriso que brotava em seus lábios todas as vezes que seus olhos se encontravam com os de null. Porém, mal sabia ela que null tinha aumentado seu tique para conter os sorrisos que queriam ficar surgindo apenas por estar ali com ela
A noite tinha sido agradável para todos, Miguel e Rod se deram bem com o novo rapaz a roda, e eles rapidamente se enturmaram e isso foi uma das coisas que null mais gostou nele, esse jeito meigo que conquista as pessoas ao seu redor. Inclusive ela
Os quatro devoraram as três pizzas e acabaram com duas garrafas de vinho, tudo estava mais leve, engraçado e fácil para todos. Era mais de 1h da manhã quando o casal de amigos de null resolveram que era a hora de ir
– Bom vamos Miguel, estou cansado e vou acabar dormindo aqui se a gente demorar mais 10 min. – Rod disse recolhendo sua bolsa no sofá.
– Sim amor, vamos, já consegui achar um uber para gente. – disse enquanto conferia alguma coisa no celular e ambos se encaminharam para porta.
Foi nesse momento que de forma cúmplice null e null se entreolharam, o jovem coçou a cabeça um pouco sem graça, ele não queria deixar a companhia dela. Mas, ficar ali seria sem noção da sua parte. null, iniciou uma caminhada para acompanhar até os amigos na porta, foi quando Rod disse em um tom de voz para que só ela ouvisse
– Nós já conhecemos a saída, null, agora acho que ele ali – Indicou com a cabeça. – Está meio perdido nesta casa, será que você não quer mostrar para ele? – Deu um pequeno riso para ela
– Tá bom, tchau para vocês. – A jovem sorriu para o amigo e se virou para null enquanto escutava à porta da frente se fechar.
– Bom, acho que já está na minha hora também null. – Começou a caminhar em direção a ela. – Hoje foi muito bom, faz tempo que eu não me sentia bem como aqui. – confessou, agora a poucos centímetros da jovem.
– Que bom que gostou, eles são incríveis, eu os amo. – Sorriu ao lembrar da presença dos amigos mais cedo.
– Você também é, você me fez muito feliz hoje com o convite. – Ele se aproximou mais um pouco de null.
– Eu te fiz?
Ela havia se aproximado mais, não havia distância entre eles, ela notou que null olhava fixamente para sua boca e percebeu que os lábios dele estavam um pouco abertos, ao subir o seu olhar pode observar que agora ele piscava rapidamente
Ela deu um longo suspiro, o que fez com que o ar quente de sua boca batesse contra a do jovem, ela se perguntava porque ele não a beijava? Será que ele não queria? Era cedo demais? Ela não queria pensar sobre essas coisas agora, não agora. Um formigamento surgiu no pé do seu estômago e uma corrente quente percorreu seu corpo
Eles precisavam disso. Então vagarosamente ela se aproximou e colou seus lábios, foi o necessário para o que null, chocassem seus corpos de forma abrupta, enroscou uma de suas mãos em seus cabelos, e ela abriu mais a boca para que a língua quente dele adentrar
O beijo de início foi lento e progressivamente aumentou a velocidade, as mãos dele pousaram sobre a bunda dela e as delas percorriam o abdômen dele. O momento em que desgrudaram seus lábios para respirar, foi o necessário para null tomar coragem e fazer aquilo que tinha vontade
Ele pegou com força a bunda de null e a impulsionou para que ela subisse elas para sua cintura, as entrelaçando, então a garota retomou o beijo com ele. null caminho sem desgrudar seus lábios com os de null, com ela ainda em seu colo apoiou a jovem no sofá
Tudo estava indo rápido, null percorreu seu abdômen e se encontrava com a mão no zíper da calça do jovem… Então os seus pensamentos foram invadidos por uma vibração no cômodo.
– Quase sem fôlego, o jovem desgrudou seus lábios – Tá ouvindo? – Com os olhos fechados null acenou afirmando com a cabeça.
Então ambos se levantaram e procuraram pela vibração, até que encontraram o celular de null tocando sobre a bancada, foi quando o jovem pegou o aparelho na mão que percebeu que sua ideia não seria executada
null quando soube que era seu celular que tocava, pensou em apenas desligá-lo e voltar para null, mas essa decisão foi deixada para trás quando viu que havia três ligações da clínica de seu pai perdida, e essa era a quarta
Quando retornou as ligações, o enfermeiro não deu nenhum detalhe apenas disse para ele ir para lá. Todo seu tesão evaporou, e agora seu coração estava apertado, o medo percorria seu corpo de forma incontrolável, o que poderia ter acontecido com seu pai?
– É o meu pai, null. Eu tenho que ir.
– Claro.
A jovem percebeu que algo o tinha pego repentinamente, ela gostaria de ir com ela, fazer companhia, mas como ele não detalhou nada, achou melhor da o espaço dele. Ele recolheu seus pertences e eles caminharam até a porta em silêncio. Uma sensação estranha adentrou o coração da garota, ela se sentia desapontada, quase como traída?
Ela engoliu seco, gostaria muito que ele a levasse junto, e ela pudesse fazer companhia a ele. Era como se ela estivesse apaixonada? Não, era apenas tesão frustrado só isso
– Bom, espero que esteja tudo bem lá. Tchau. – falou de forma trêmula a última palavra.
null, tcha… Ah foda-se
null beijou a jovem de forma voraz, ele queria deixar claro que a estava deixando, mas que voltaria e terminaria da melhor forma o que começaram. Já para null, aqui apenas piorou, porque agora ela gostaria mais e mais que ele ficasse ali. Então de súbito ele apenas saiu e se despediu apenas quando estava a uma certa distância dela, tudo para garantir que ele conseguiria deixar sua morena.




Continua...



Nota do autor: Sem nota.



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