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Capítulo Único

Era uma vez dois reinos que possuíam um inimigo em comum: o Reino de Adhon.
Vyncent Horne era um rei ambicioso, cruel e destemido. Sua primeira ação quando conseguiu seu lugar ao trono, foi espalhar uma onda de terror por onde seu exército passava.
As más línguas diziam que ele havia feito um pacto com Aniyah, deusa da magia e do caos, e por isso Vyncent sempre saía vitorioso de suas batalhas.
A cada reino conquistado, sua força aumentava.
E foi por isso que Nargulor e Gothrine selaram um acordo: casariam o príncipe Soray, de Gothrine com a princesa , de Nargulor.
Eles sabiam que juntos poderiam vencer Adhon e trazer a luz em meio às trevas. Uzziel, deus soberano abençoaria aquela união.
O bem venceria o mal e a paz reinaria entre os povos.
Só que aquilo tudo era uma tremenda injustiça com , porque o príncipe era profundamente arrogante, egocêntrico, mulherengo, patife e assanhado.
Talvez profundamente não seja a palavra correta, ele era o pior de todos eles.

- ! - a voz de Sybil me repreendeu ao me ouvir ditar as últimas frases. A encarei com uma sobrancelha arqueada e dei de ombros.
- O que foi, Sybil? Estou apenas falando a verdade. - retruquei, sem me abalar com o olhar dela.
- E está falando do seu marido, futuro rei de...
- Bla-bla-bla, todo mundo sabe da reputação mesquinha de - a interrompi, com teimosia.
- Alimentar os boatos irá ajudar Nargulor e derrotar Adhon? - Sybil também me cortou, com rispidez.
- Acho que já está bom de livro por hoje. Pode se retirar - ignorei sua pergunta, utilizando o mesmo tom e lhe lançando um olhar cortante.
- Gostando ou não do príncipe, Vossa Alteza precisa fazer o melhor para o reino. Tente conhecer de verdade antes de acreditar em tudo o que os boatos dizem - ela soltou, com seriedade, então me obedeceu e se retirou de meus aposentos.
Sybil era minha criada de maior confiança. Ela era filha de minha ama de leite e nós havíamos nascido em datas próximas, por isso crescemos juntas e desde sempre eu tinha que aturar aqueles conselhos dela que me deixavam irritada por ela estar certa.
Eu era realmente teimosa e não iria negar, mas eu tinha motivos para não gostar daquela ideia toda de casamento arranjado.
Assim como Sybil era minha melhor amiga, eu odiava desde a primeira vez em que nos vimos, quando tínhamos apenas seis anos de idade.
Ele havia rido de mim quando pisei em meu vestido, caindo diante de toda corte e isso fez com que gargalhadas se espalhassem por todo o salão.
Depois disso ele aproveitava cada oportunidade para me pregar peças e eu odiava todas as vezes em que tive que estar no mesmo ambiente que ele.
Graças a Uzziel, com o passar do tempo, nos vimos com menos frequência.
Até que meus adorados pais resolverem fortalecer a aliança com Gothrine.

***


O espartilho estava tão apertado que eu sentia que meus órgãos saltariam para fora toda vez que respirava, mas não era aquela peça de meu vestuário que me preocupava. Na verdade, aquele era o menor de meus problemas.
Eu aguardava a chegada de meu futuro esposo e rei, sentada junto aos meus pais na sala do trono.
Rezava para todos os deuses que eu conhecia, pedindo que uma outra solução mágica brotasse na mente brilhante de meus progenitores ou que de repente um raio caísse sobre a cabeça de , assim eles teriam que me casar com Hector, seu irmão mais novo e seu completo oposto, mas eu sabia que nesse caso minhas preces seriam todas em vão.
Além do fato de não conseguir respirar, eu precisei conter a expressão de profundo descontentamento quando a chegada do príncipe foi anunciada.
Me obriguei a me colocar de pé quando meus pais o fizeram e abri um sorriso encantador, sabendo que enganaria perfeitamente meus futuros sogros, mas então meus olhos se abriram mais em surpresa quando adentrou a sala.
Fazia alguns que eu não o via, já que eu evitava a todo custo que nos encontrássemos, então eu fiquei genuinamente surpresa quando notei o quanto sua aparência havia mudado.
Veja bem, ele nunca foi feio, mas eu nunca parei para reparar os detalhes dele e fazendo isso naquele momento eu entendi porque ele era alvo de tantos comentários nos reinos.
Defini-lo como um belo homem era muito pouco.
Porém, o que ele possuía de bonito, também possuía de mesquinharia e isso ficou extremamente nítido quando ele sorriu convencido na minha direção.
Me praguejei mentalmente porque isso queria dizer que ele notou meu olhar sobre ele e precisei contar mentalmente milhares de vezes para não revirar meus olhos e mandá-lo plantar batatas.
- Rei Conrad, não imagina a honra que é recebê-los em nossa corte - meu pai foi o primeiro a falar, lhes sorrindo receptivo e se aproximando para trocar um abraço com o Rei Conrad.
- Honrados estamos nós com vossa hospitalidade, Rei James. - o outro respondeu, no mesmo tom amistoso, se direcionando então para minha mãe. - Encantado em revê-la, Margeary.
Não poderia negar que os pais de eram pessoas adoráveis e talvez não fosse uma tortura tão grande ter que conviver com eles.
Isso se não existisse, é claro.
- Princesa , estou fascinado em revê-la. Está mais bela do que nunca - ele se inclinou, segurando uma de minhas mãos e tocando os lábios nas costas da mesma, enquanto me lançava um olhar travesso que me fez precisar conter um arrepio esquisito.
- - respondi, estreitando os olhos em sua direção e querendo socar cada centímetro de seu corpo. - Não posso dizer o mesmo - resmunguei para que somente ele pudesse ouvir.
- Não foi isso que seus olhos me disseram assim que adentrei o salão - ele me lançou uma piscadela enquanto arrumava sua postura.
- Não sei do que está falando. Talvez um bom descanso não lhe permita imaginar coisas - retruquei, com azedume.
- Fico lisonjeado por se preocupar com meu bem-estar, Vossa Alteza. Nos vemos no jantar do nosso noivado - ele me encarou dos pés à cabeça, então se virou na direção dos pais para acompanhá-los até seus aposentos.
Fiquei tão entretida em meu ódio ao príncipe que me surpreendi levemente pela repentina despedida, mas dei graças aos céus por me ver livre daquele patife por pelo menos algumas horas.
Meus pais estavam radiantes por termos nos mantido civilizados no primeiro momento.
Me retirei para que pudesse também descansar e reunir forças, já que eu ia precisar. Adentrei meus aposentos e me joguei em minha cama.
Suspirei, sabendo que teria uma longa noite pela frente.

***


Minhas bochechas doíam do tanto que precisei sorrir e até temia ficar o resto da minha vida com aquela expressão em meu rosto.
Algumas pessoas se indignariam se ouvissem meus pensamentos, mas às vezes eu gostaria de não ser da realeza.
A ideia de poder ir para onde eu quisesse sem alguém vigiando todos os meus passos, não precisar fingir gostar de cada nobre que frequentava a corte eram sonhos distantes.
- Me concede essa dança? - uma voz conhecida me despertou dos pensamentos eu pedi mentalmente que estivesse enganada quanto ao dono dela.
Me virei em sua direção e dessa vez não escondi o desgosto ao encarar .
- Tenho certeza que há diversos rabos de saia dispostos a passar a noite toda com você. Esse não é o meu caso, com licença. - soltei, com rispidez e passei por ele para atravessar o salão e quem sabe sair para tomar um ar fresco. Não gostava de ficar em meio à multidões, eu sempre me sentia sufocada.
soltou uma risada petulante e me segurou pelo braço, o que fez com que eu o encarasse novamente e erguesse uma sobrancelha.
- Solte-me - ordenei, indignada com o seu gesto. Homem algum me tocava daquela forma.
- A corte inteira está esperando para ver os futuros reis de Gothrine dançarem em seu baile de noivado. - ele também havia me erguido uma sobrancelha e encarei seu olhos por alguns segundos, sabendo que por mais que eu quisesse distância daquele príncipe metido, eu não tinha escolha.
- Uma dança, . Então você me deixará em paz - o fuzilei com o olhar e deixei que ele me guiasse para o meio do salão.
De fato, a corte inteira parou para nos observar quando nos posicionamos. Toquei o ombro de com uma mão e segurei a sua com a outra enquanto sentia ele tocar minha cintura. Os músicos deram início a uma valsa agradável e nós começamos a dançar.
Eu esperava que fosse um dançarino horrível e pisasse meus pés, mas no fundo eu sabia que não teria mais esse desejo realizado. Como eu, ele aprendera a dançar de berço e com toda a relutância do universo eu precisava concordar que parecíamos ter sido feitos para dançar um com o outro.
Ele me conduzia com sutileza pelo salão e meu corpo parecia flutuar no ritmo da música, que nos levava de ponta à ponta do ambiente.
Me senti menos irritada pela presença do príncipe, mas isso durou apenas os segundos em que ele manteve a boca fechada.
- Para uma princesinha mimada que só sabe reclamar, até que você dança bem - me encarou com um sorriso de canto e eu precisei me conter para não socar seu belo rosto.
Belo rosto? O que estava acontecendo comigo?
- Para um ogro mesquinho e arrogante, que só sabe falar asneiras, até que você dança bonitinho. Não está à minha altura, mas dá para o gasto - menti descaradamente e vi seu sorriso se desfazer, o que fez com que eu soltasse uma risadinha.
- A senhorita pode pensar que não, mas é uma péssima mentirosa, princesinha. Consigo ver em seus olhos que está gostando tanto de nossa dança quanto eu - ele me desafiou, me deixando desconcertada por alguns segundos.
- Quem lhe disse que estou gostando? Nem todas caem de amores ao seus pés, . Se consegue ler tão bem o que meus olhos dizem, tenho certeza que uma coisa está bem clara: eu não gosto de você. - a atenção dos convidados havia se dispersado, então eu esperava que nossa discussão não atraísse curiosos.
- Não se preocupe, amor. A recíproca é verdadeira, mas eu faço o certo para meu povo, sem visar meu bem-estar. E se isso quer dizer aturar vossa alteza, pagarei o preço. - aquilo havia soado como uma bofetada em minha face. Como ele ousava me acusar estar olhando somente para o meu bem-estar? Eu não estava ali aturando as mãos dele em mim?
- És um tolo se pensa que eu sou mimada e não faço sacrifícios pelo meu povo. Uma dança já basta. Passar bem. - soltei, com a voz dura, então me afastei dele sem lhe dar brecha de resposta.
Atravessei a multidão, sentindo alguns olhares sobre mim, porém parei apenas quando estava nos jardins do castelo, sentindo o ar puro tocar meu rosto.
Inspirei profundamente, apreciando o cheiro das rosas que minha mãe fazia questão de cultivar ela mesma e mordi minha boca, reprimindo uma vontade súbita de me esvair em lágrimas ao perceber que meus dias em Nargulor estavam contados.
Me casar com soava terrível, mas deixar minha terra amada era ainda pior.
Encarei o céu repleto de estrelas e encontrei a lua resplandecente, admirando-a fascinada com o quanto brilhava naquela noite.
- Psiu! - me virei rapidamente ao ouvir aquele som, procurando sua origem e localizando-a atrás de um arbusto quando o som foi repetido.
- Arryn! - um sorriso bobo se formou em meu rosto e eu corri em sua direção, vendo-o retribuir meu sorriso.
- Venha comigo - estendeu uma de suas mãos, esperando que eu a segurasse e assim eu fiz, deixando que ele me levasse para onde pretendesse, mas tomando os devidos cuidados para que ninguém nos visse.
Eu lembrava exatamente da primeira vez em que havia visto Arryn. Ele fora promovido a escudeiro de meu pai logo após defendê-lo de uma tentativa de homicídio.
Nunca descobrimos a mando de quem aquilo havia acontecido, mas graças a Arryn nosso reino pode descansar sossegado com seu soberano são e salvo.
Me peguei observando-o com cada vez mais frequência em seus treinos e no final de um deles acabei sendo flagrada.
Passamos a nos encontrar às escondidas, mas durante algum tempo nada além de conversas longas aconteciam entre nós.
Quanto mais eu ouvia as histórias dele, mais me sentia encantada e apaixonada por Arryn. Pensava nele dia e noite e por isso não consegui resistir e me rendi aos seus braços.
Desde então, conversávamos menos em nossos encontros.
Chegamos a uma parte mais distante dos jardins e logo alcançamos o celeiro, onde sabíamos que ninguém nos encontraria.
- Tem certeza de que não fomos vistos? - lhe questionei, mas ele mal me deixou responder sua pergunta. Senti seus lábios pressionarem os meus com urgência e eu retribuí com entusiasmo, tocando seu peitoral com meus braços e levando minhas mãos até suas calças.
Nós ainda não havíamos avançado àquele ponto, mas naquela noite em especial meu corpo gritava pelo dele de uma forma diferente, quase desesperada e eu não queria mais resistir.
Ouvi desde pequena que deveria me guardar para meu futuro rei, mas a verdade era que eu não me importava com nada disso.
Eu sempre havia me guardado para mim mesma.
Nada daquilo havia sido premeditado e não havia nenhuma decoração romântica, mas ainda assim eu me sentia a mulher mais feliz do mundo.
Deixei que Arryn me despisse e minhas bochechas ruborizaram quando seus olhos queimaram de desejo ao ver meu corpo, então me permiti observá-lo também, apreciando cada centímetro de sua pele descoberta.
Ele estendeu uma de suas blusas sobre a palha e então eu me deitei, vendo-o sorrir radiante antes de se juntar a mim.
Nossos lábios voltaram a se unir e eu senti as mãos dele me apalparem com cada vez mais desejo, explorando lugares que antes não haviam explorado.
- - ele murmurou, se contendo para não avançar e eu neguei com a cabeça, não querendo que ele parasse.
- Não pare, Arryn - quase ordenei, fazendo-o rir e calando-o com outro beijo.
Ele desceu seus lábios por meu pescoço e então me encarou nos olhos com genuína expectativa.
Me entreguei a ele por completo e nós nos tornamos um só.

***


Eu sabia que havia permanecido desaparecida por mais tempo do que deveria. Mais alguns segundos e guardas procurariam desesperados por mim a mando do rei, então me obriguei a me desvencilhar de Arryn e despertá-lo para que nos vestíssemos e saíssemos dali.
- Meu amor, precisamos ir ou seremos flagrados juntos - eu lhe disse, assim que o vi abrir seus olhos.
- Certo. Por que a senhorita não vai na frente? Levantaremos menos suspeitas se sairmos separados - alguma coisa no tom dele me incomodou, mas ignorei porque provavelmente Arryn só estava sonolento.
- Tudo bem - concordei com ele, lhe beijei os lábios brevemente e assim que terminei de colocar minhas vestes me dirigi para a saída, mas fui detida por mãos segurando minha boca enquanto um corpo pesado me encurralava.
- Os guardas estão revistando lá fora feito loucos à sua procura, princesinha. Perdeu o juízo? - me repreendeu e eu arregalei meus olhos ao reconhecê-lo ali.
Ele havia me visto com Arryn, tudo estava perdido.
Eu tinha certeza que ele me entregaria, ele sempre havia feito questão de me humilhar perante a corte, não perderia uma oportunidade de ouro como essa.
- Esconda-se entre as palhas e só saia quando ouvir o sinal da Guarda Real. - ele se dirigiu a Arryn, que assentiu prontamente, então voltou a olhar para mim. - Recomponha-se, . Ninguém me viu deixar a corte quando sentiram sua falta.
Então ele entrelaçou seus dedos nos meus e me levou para fora do celeiro, caminhando calmamente, como se estivéssemos fazendo um passeio noturno durante esse tempo todo.
Fiquei atordoada, confusa, embasbacada.
Ele estava me dando cobertura? Não ia contar à toda corte que a princesa e sua futura noiva havia se entregado ao escudeiro do rei?
- Por que está fazendo isso? - questionei, sem conseguir me controlar.
- Porque preciso fazer o que é certo ao menos dessa vez. - ele respondeu, apenas. Me deixando ainda mais confusa.
- Não está... raivoso com o que aconteceu? - não sabia se queria ouvir sua resposta e também não fazia ideia do porquê aquilo de repente importar tanto.
- Se estou raivoso por encontrar minha futura rainha nos braços de outro? É claro que eu estou, . Mas não estou surpreso. Você o ama? - questionou, e ainda aérea eu apenas concordei com um aceno de cabeça. - Nós iremos nos casar porque nossos pais querem unir nossos reinos, eu não vou te privar de estar com quem ama por isso.
Ele estava mesmo dizendo aquilo?
- Está dizendo que...
- Que quero que nossa união dê certo e quero vê-la feliz. Não importa com quem esteja - suas palavras me pareciam sinceras e aquilo me assustou profundamente.
Nunca havia imaginado como alguém altruísta.
Quando os Guardas Reais nos encontraram e ele contou uma história de como havíamos passado agradáveis horas juntos, pela primeira vez eu me senti culpada na presença do príncipe.

***


Procurava Arryn por todos os cantos do castelo, disposta a contar a ele sobre o acordo que eu e havíamos feito, mas eu não o encontrava de maneira alguma.
Já haviam se passado alguns dias e depois daquela noite eu havia resolvido ser um pouco mais maleável com príncipe, permitindo que algumas conversas amistosas fossem trocadas em alguns momentos, já que ele ficaria hospedado no palácio até o nosso casamento.
Havíamos descoberto alguns interesses em comum, como o apreço pelos treinos com arco e flecha e partidas de gamão.
Na noite anterior, havíamos experimentado disputar xadrez e ou ele era extremamente amador ou havia me deixado ganhar por cavalheirismo, o que eu não gostei muito porque odiava esse tipo de coisa.
Ao final da partida, eu lhe fuzilei com meus olhos e exigi que na próxima partida jogássemos com igualdade e soltando aquele sorriso mulherengo de sempre ele acabou por concordar.
Poderíamos desenvolver uma amizade saudável, se não fosse por todas as mulheres com as quais ele se envolvia.
Eu nunca havia visto com nenhuma delas, mas os boatos só faziam crescer e eu inclusive ouvi algumas contando vantagens sobre ele umas para as outras.
Não tinha direito algum de cobrar fidelidade de , mas por algum motivo aquilo me incomodava.
Talvez fosse o sumiço de Arryn que mexia constantemente com a minha cabeça.
Dobrei um dos corredores numa porção mais afastada do castelo, sabendo que me aproximava cada vez mais das masmorras e olhando em volta para ter certeza de que não estava sendo seguida.
No fim do corredor, havia uma porta entreaberta e eu sabia que ali era depósito de alguma coisa que não me interessava.
Ia voltar pelo corredor e tentar outra direção, mas algo me deteve. Na verdade um som bastante conhecido.
A risada de Arryn.
Estreitei meus olhos, ergui um pouco a barra de meu vestido para caminhar mais rapidamente e assim que parei diante da porta, abrindo-a um pouco mais para ver o que havia dentro da sala senti meu coração ser estilhaçado em mil pedaços.
- Princesa! - a criada exclamou em surpresa ao ser a primeira a me ver, se desvencilhando de Arryn e abaixando o vestido erguido. Eu a reconheci de imediato, embora não lembrasse muito bem de seu nome. Ela trabalhava na cozinha.
- Saiam! - ordenei, com rispidez. Arryn estava atônito e me encarava apavorado.
- , eu posso... - começou a se justificar, porém eu o interrompi.
- Eu o quero bem longe desse castelo, escudeiro. Vocês dois vão dar o fora daqui imediatamente, ou mandarei cortar as cabeças dos dois! - isso se eu mesma não pegasse uma foice e o fizesse. Sentia as lágrimas querendo descer descontroladas de meu rosto, mas eu não me permitiria chorar diante daquele ser mesquinho que um dia eu achei merecer meu coração.
- Por favor, , não faça isso - Arryn tentou implorar.
- Vossa Alteza para você, escudeiro. E minha decisão é final. - dei as costas aos dois e saí correndo na direção de meus aposentos.
Eu sabia que talvez estivesse sendo injusta com a garota da cozinha, talvez ela não fizesse ideia do quão calhorda Arryn era e estivesse sendo tão enganada por ele quanto eu fui, mas consegui agir diferente, não com aquele sentimento terrível de dor e mágoa que se alastrava em meu peito.
Estava quase alcançando a porta de meu quarto quando senti as lágrimas me vencerem e descerem pelo meu rosto.
- ? - e de novo estava ali, num instante me encarando surpreso por me ver chorar e no outro caminhando rapidamente na minha direção e me envolvendo em seus braços.
Nunca havíamos tido muito contato físico, mas de repente eu descobri que me sentia segura nos braços dele e minhas lágrimas se transformaram em soluços.
- Vamos sair daqui, não podem vê-la nesse estado - entramos em meus aposentos e ouvi ele dispensar as criadas, exigindo que nenhuma palavra fosse dita a ninguém sobre meu estado.
Ele me colocou sentada sobre sua cama com cuidado e suas mãos limparam as lágrimas de minhas bochechas inutilmente, já que eu não conseguia parar de chorar.
não me questionou em nenhum momento sobre o que havia acontecido, apenas deixou que eu me aconchegasse em seus braços novamente e chorasse tudo o que precisava chorar.
Não sei ao certo quanto tempo permanecemos ali, ele apenas ouvindo meu pranto enquanto me acalentava, mas em determinado momento as lágrimas foram secando e meus olhos pesaram de sono, porém eu sentia que lhe devia uma explicação.
- , eu sinto muito - minha voz ecoou rouca, e ele negou com a cabeça de imediato.
- Não precisa me contar nada se não quiser, . Eu ainda estarei aqui quando sentir que pode confiar em mim - me surpreendi com o tom gentil dele, diferente de todas as outras vezes em que ele carregava sempre uma nota de sarcasmo.
- Eu confio em você - balbuciei, sentindo com espanto que era verdade. havia adquirido minha confiança no momento em que guardou meu segredo e mentiu para protegê-lo.
Ele permaneceu em silêncio, esperando o momento em que eu me sentisse confortável para falar.
- Arryn estava com outra - contei, por fim, sentindo meu peito querer se sufocar novamente em lágrimas, então sua expressão se tornou raivosa.
- Ele o quê? - questionou e eu pude sentir o quanto aquilo havia lhe deixado chateado.
- Me traiu, talvez me traísse desde o início, mas eu fui uma tola e nunca suspeitei de nada. Eu me entreguei a ele e ele me trocou por outra - meus lábios tremeram e tocou meu queixo com uma de suas mãos, me fazendo encará-lo nos olhos.
- Escute bem o que eu vou lhe dizer, . Você é uma mulher extraordinária e será uma rainha diante da qual todos os reinos se curvarão. Arryn irá pagar por ter quebrado seu coração, isso não ficará assim - me prometeu, sem desviar seus olhos dos meus e eu senti algo aquecer meu coração ferido.
- Não, você não precisa fazer. Eu já o expulsei do reino. Não quero sonhar em vê-lo em Nargulor - minha voz soava meio trêmula. Ele me apertou contra seus braços novamente, me abraçando com uma força que confortava, eu não sabia explicar como.
- Eu sinto muito, . Achei que fazia o certo por você. - lamentou, como se ele fosse o culpado pelo que havia acontecido e não eu por ser tão ingênua e tola.
- Você não tem que se sentir culpado. Você tem me apoiado quando menos imaginei que o faria. Tem estado ao meu lado quando poderia me apunhalar em benefício próprio. Não sei como poderei agradecê-lo por isso. - soltei, sincera.
- Pode começar me deixando juntar cada pedacinho de seu coração quebrado. Você será minha rainha, . E eu quero ser um rei digno de você.
Não conseguia acreditar que era ele dizendo aquelas palavras. Não conseguia assimilar todas aquelas atitudes dele com as do garotinho que tinha me humilhado perante a corte, mas então eu me dei conta de que eu havia passado minha vida toda formando uma opinião sobre ele baseada em boatos.
E ao ajudar a espalhar os boatos sobre ele, nunca lhe dei a chance de me mostrar quem ele realmente era.


***


- Não é possível que você seja boa em absolutamente tudo! Eu exijo saber quais são suas fraquezas! - exclamou, indignado ao perder a corrida que apostamos em nossos cavalos.
- Uma rainha não tem fraquezas. Se as têm, nas as revela - retruquei, como se recitasse um poema e aquilo o fez soltar uma adorável gargalhada.
- É mesmo? Nem para seu amado e dedicado rei? - provocou, me lançando um olhar convencido.
- Amado e dedicado? Algum dia desses vai se afogar com seu ego, majestade - provoquei de volta, erguendo uma sobrancelha.
- Meu ego é realmente grande, tenho certeza que a senhorita vai adorar ver, princesinha - a malícia escorreu de suas palavras e eu gargalhei.
- Aposto que não faz nem cócegas - pisquei para ele, sabendo que havia atingido uma fraqueza sua. O jogo havia virado.
- Aposta mesmo? Olha que eu vou ganhar. Me parece que você está louca para descobrir - ou não.
- Eu? Claro que não - dei de ombros, virando o rosto na direção oposta, como se não me importasse.
- Vamos ver se não - pelo canto de olho, o vi se preparar para correr novamente e rapidamente aticei meu cavalo a voltar a correr, vendo disparar atrás de mim e soltando um grito misturado a uma gargalhada de surpresa.
- Corre mesmo, princesinha! Pode correr! Vou pegar você! - ele gritou, enquanto também ria.
Eu havia descoberto que me fazia todo o bem que eu precisava.
Ele era inteligente, gentil, engraçado e divertido e eu me conhecia o suficiente para entender o que todo o meu encantamento por ele significava.
Tinha um medo absurdo de ser enganada novamente, de descobrir que na verdade estava pregando uma peça e rindo da minha cara com todas as mulheres do reino, mas não podia negar o que estava estampado em meu rosto.
Estávamos a uma semana de nosso casamento e de repente eu já não odiava com todas as minhas forças.
Estava apaixonada por ele.
Paramos os cavalos perto de um lago para beberem água, então eu me permiti sentar na grama mesmo, sem me importar se sujaria meu vestido ou não.
Apoiei minhas mãos atrás de meu corpo e inclinei um pouco minha cabeça ao esticar minhas pernas, sentindo uma brisa gostosa tocar minha pele e suspirando por isso.
Permaneci nessa mesma posição por alguns segundos, então senti sentar ao meu lado e quando abri meus olhos notei que ele me encarava.
- Gosta do que vê? - perguntei a ele, abrindo um meio sorriso presunçoso que o fez despertar e erguer uma sobrancelha.
- E há como não gostar? - sua resposta me pegou de surpresa porque não imaginei que ele fosse admitir.
- É, eu sou linda. Sei disso - resolvi brincar, o olhando com uma expressão convencida.
- ... - ele me repreendeu, me fazendo rir.
- O que foi, princepezinho? Eu disse alguma mentira? - continuei naquele jogo, sabendo que ia acabar perdendo uma hora ou outra.
- Não sugira a verdade se não souber como lidar com ela - me advertiu, lançando um olhar astuto em minha direção. Aquilo me deixou mais intrigada e ele sabia muito bem disso. parecia me conhecer de uma forma que eu nunca havia imaginado que ele conhecia.
- E quem lhe disse que não sei lidar com a verdade? Talvez você é que esteja com medo dela - o desafiei, instigando-o a prosseguir e ele se ajeitou, virando seu corpo em minha direção.
- A verdade, Yartell, é que eu gostei do que vi desde a primeira vez que coloquei meus olhos em você. Eu agi minha vida toda como um garoto estúpido e depois como um homem estúpido porque queria chamar sua atenção, mas ao mesmo tempo não queria admitir para mim mesmo o quanto você mexe comigo. A verdade é que mesmo antes dessa aliança ser formada eu sempre quis que você fosse minha rainha e mesmo quando você amava outro meu coração nunca desistiu de nós dois.
A enxurrada de palavras me pegou de surpresa e de repente eu senti que meu corpo inteiro começou a tremer em resposta às palavras dele.
Definitivamente, eu não estava preparada para a verdade.
- Eu... Eu... - senti meu coração palpitar de um jeito estranho que nunca senti antes, então me levantei meio atordoada e minhas pernas dispararam a correr pela grama, me levando para longe de .
Me recostei em uma árvore, sentindo o ar fugindo de meus pulmões e escorreguei meu corpo até o chão, sentindo vontade de chorar, mas não conseguindo derramar uma lágrimas sequer.
Eu não conseguia entender o que estava sentindo.
Sabia que estava apaixonada por ele, já havia aceitado e declarado aquilo para mim mesma, mas descobrir que ele sentia o mesmo por mim desde sempre havia me deixado tão surpresa que o mundo parecia estar girando como os moinhos de vento.
- Oh, Uzziel! O que eu devo fazer? - levei minhas mãos aos meus cabelos e os puxei, me sentindo completamente perdida.
E se tudo desse errado? E se ele descobrisse que seria mais feliz com todas as outras mulheres?
Desde quando eu era tão insegura?
Desde quando eu desistia do que queria?
Eu queria , eu queria o “nós dois” que ele havia mencionado.
Então por que estava fugindo feito uma covarde?
Não podia correr assim da minha chance de ser feliz, da chance de salvar o meu reino e o meu coração.
Levantei, disposta a voltar até e consertar a burrada que havia acabado de fazer, mas não precisei caminhar muito, porque como nas outras vezes que precisei dele ele estava ali.
Envolvi meus braços em seu pescoço e deixei que ele me puxasse para um beijo, o nosso primeiro beijo.
Seus lábios se enroscaram gentis sobre os meus e me deixaram provar seu gosto antes de sua língua adentrar a minha boca e entrar em contato com a minha para acariciá-la com ternura.
Beijar era delicioso, sentir seus braços apertarem minha cintura era talvez a melhor sensação do mundo e eu puxei seus lábios com meus dentes, sugando-os antes de separarmos o beijo.
- Eu sou uma boba, . Me perdoe por fugir de você - o vi sorrir para mim ao ouvir minhas palavras.
- Só perdoo se me permitir beijá-la outra vez, princesinha - ele sabia que não precisa me pedir permissão alguma para isso, mas eu a concedi, sentindo de novo aquela onda de sensações que espalhavam arrepios pelo meu corpo.
Edmundo me apertou contra si e eu me enrosquei cada vez mais nele, desejando fundir nossos corpos. Conforme o beijava, sentia a intensidade aumentar e meu desejo por ele também crescia.
Todos aqueles anos eu acreditei que o odiava, quando na verdade eu o desejava ardentemente.
Estava disposta a me entregar de corpo e alma para ele, disso eu tinha certeza e passei meus beijos para seu pescoço, tentando adentrar sua camisa com minhas mãos para arranhar seu abdome, mas ele me parou, com a respiração ofegante.
- Por mais que eu deseje você desesperadamente, nós não podemos. Não aqui e não agora - me olhou receoso, como se sua atitude me fizesse fugir novamente.
- Por que não agora? - apenas o questionei, mais curiosa do que chateada por ele ter me parado.
- Porque eu esperei a minha vida toda por você, . Tenho certeza que posso esperar mais um pouco. - ele me surpreendeu com suas palavras e com espanto eu consegui entender de fato o que ele queria dizer.
nunca havia estado com ninguém.
- Mas e aqueles boatos? E todas aquelas mulheres? - o encarei confusa, sem conseguir evitar que aquilo escapasse.
- Nunca existiram mulheres na minha vida dessa forma, princesinha. Eu deixei que os boatos acontecessem porque não ligo para eles. - ele deu de ombros e de repente uma onda ainda maior de admiração cresceu dentro de mim.
Assim como uma vergonha absurda por tê-lo julgado sem conhecê-lo de verdade.
- Você é real mesmo ou eu estou tendo algum sonho estranho com você? - sorri encantada para ele, que retribuiu e me beijou calmamente outra vez.
- Nós dois somos reais e nossos cavalos também, precisamos encontrá-los.
Caminhamos de volta ao lago e voltamos a nos sentar em frente a ele porque ainda não queríamos nos despedir um do outro.
Conversamos enquanto o sol ia embora e além dele, deitamos na grama e me aconcheguei nos braços de .
E quando o sono apareceu, não me dei conta disso e acabei me rendendo.

***


Quando meus olhos voltaram a se abrir, senti a grama pinicar meu rosto, então levantei rapidamente, assustada por perceber que havia passado a noite fora de meus aposentos.
Provavelmente todos no castelo estavam loucos à minha procura, mas não foi isso que me preocupou.
Ao olhar à minha volta percebi que estava completamente sozinha.
Nada de cavalos perto do lago.
Nada de .
Meu coração se apertou e meu primeiro pensamento foi que ele havia me enganado da mesma forma que Arryn havia feito. Provavelmente estava naquele momento rindo às minhas custas no castelo, depois de me humilhar novamente, como ele havia feito desde a primeira vez em que nos vimos.
Mas então suas palavras na noite anterior ecoaram em minha cabeça e algo em mim dizia que ele não estava mentindo sobre aquilo. Ele não havia me enganado coisa alguma, mas onde estava ele?
Será que havia resolvido fazer algum tipo de surpresa para mim? De repente um piquenique à beira do lago, algo romântico?
Resolvi deitar mais um pouco e esperar o retorno dele, eu estava neurótica demais desde o momento em que descobri sobre Arryn.
Ouvi um estalo de um galho e voltei a levantar rapidamente, me sentindo até meio tonta por isso, mas não dei de cara com e sim com Leroy, um dos Guardas Reais.
- Princesa , finalmente a encontramos! - ele exclamou aliviado, se aproximando e chamando os outros que o acompanhavam. - Encontrei a princesa, graças a Uzziel! Seu pai estava desesperado achando que haviam lhe levado também - estranhei suas palavras de imediato e estreitei os olhos em sua direção.
- Me levado também? O que quer dizer com isso, Leroy? - questionei, praticamente exigindo uma resposta.
- Recebemos informações de que o príncipe foi levado por mercenários. Uma camponesa o avistou sendo arrastado há poucas horas. - suas palavras desceram como um balde de água fria sobre meu corpo.
- Mercenários? Que mercenários, Leroy? Precisamos fazer alguma coisa! - soltei, desesperada.
- Mercenários de Adhon, Vossa Alteza. Nós precisamos levá-la ao castelo com segurança. Depois disso...
- Não vou a castelo algum! Nós precisamos salvar o príncipe! Precisamos... Onde mora essa camponesa? - o cortei e disparei a falar, andando de um lado para o outro, completamente nervosa.
- Infelizmente, ir até lá não irá resolver muita coisa, princesa. Precisamos ao menos reunir uma equipe preparada para agir. Não podemos arriscar a vida da princesa. - as palavras do guarda me irritaram profundamente.
- Minha vida não importa no momento. Nós não vamos desistir do ! - gritei, sentindo as lágrimas embaçarem meus olhos, então eu as sequei, procurando o cavalo que certamente os guardas haviam trazido para mim.
Me adiantei para ele quando o encontrei e montei com rapidez.
- Me dê o arco dele e não precisaram se preocupar com minha vida. Onde? - apontei para o arco que outro guarda carregava e questionei Leroy, ordenando que me levasse até à camponesa. Eles não hesitaram mais, me entregaram o arco e logo estávamos diante da casa por onde supostamente havia passado.


***


Segundo as informações da mulher, eles haviam seguido para o sul, o que significava que os mercenários realmente estavam trabalhando para Vyncent Horne, o que queria dizer que ele sabia dos nossos planos de unir Gothrine e Nargulor e que de fato éramos uma ameaça para seu império.
Ele queria se livrar de , porque assim acreditava que sobraria o elo mais fraco, só que ele havia subestimado a princesa de Nargulor. Nunca fui apenas um rostinho bonito.
Enquanto meus pais acreditavam que eu treinava apenas os serviços de uma boa matriarca, eu também aprendia como me defender e como governar um reino caso meu marido fosse incapacitado de alguma forma.
Afinal, por que a rainha devia ficar à sombra do rei? Por que não governar ao lado dele?
As patas de meu cavalo trabalhavam sem descanso e passei então por um casebre que me parecia cair aos pedaços.
Teria passado reto por ele, se não ouvisse o barulho de um grito abafado, então soube que estávamos no lugar certo.
Desci do cavalo e fui me aproximando com cautela, começando a ouvir as vozes dos bandidos e percebendo com um sorriso no rosto que eram apenas três.
Estávamos em cinco, uma boa vantagem numérica.
- Quando eu contar três, vocês invadem - murmurei para meus guardas, esperando que me obedecessem e Leroy concordo, se posicionando para o ataque.
- Um... - respirei fundo, esperando que não tivessem ferido . - Dois... - posicionei o arco, esperando abrirem a porta para acertar quem estivesse na minha frente. - Três!
Leroy chutou a porta, que caiu com um estrondo, fazendo os mercenários nos encararem surpresos, mas então avançarem em nossa direção.
O da direita foi mais rápido que um de meus guardas e o acertou em cheio no pescoço. Fiz uma careta horrorizada ao ver seu sangue jorrar enquanto ele se afogava, mas precisei agir rápido e me desviar porque o bandido partiu pra cima de mim.
- Ora ora, o que temos aqui. O Rei Vyncent vai adorar receber o príncipe e a princesa como sacrifício para Aniyah. - desdenhou e isso me encheu de raiva.
Lhe acertei uma cotovelada no queixo e um chute em suas partes íntimas, vendo-o urrar de dor.
Ele me deu uma rasteira, me fazendo cair com um estrondo doloroso no chão e partiu pra cima de mim, agarrando meu pescoço e tentando me esganar.
- Maldito! - resmunguei, sentindo meu corpo começar a implorar por oxigênio e antes que pudesse fazer qualquer coisa o mercenário tombou sobre mim. Leroy atravessado a espada em seu peito.
- Você luta bem, Vossa Alteza. Mas nunca abaixe a guarda - me aconselhou, estendendo a mão para que eu me levantasse depois que joguei o corpo do mercenário para o lado.
- Obrigada - vi ele assentir e um grito esganiçado mostrou que mais um dos nossos havia sido atingido.
Os mercenários eram sim em três, mas eu os havia subestimado. Eram fortes e provavelmente eram servos de Aniyah.
Uzziel não me abandonaria também, disso que tinha certeza.
Meus olhos então encontraram , amarrado e desacordado sobre uma cadeira, seus cabelos empapados em sangue e seu rosto machucado.
Eu faria pior com aqueles bandidos.
- Argh! - gritei, com raiva, preparando uma flecha no arco e lançando na direção de um dos mercenários, acertando-o em cheio na cabeça e deixando meus guardas cuidarem do último para correr na direção de meu príncipe.
- ! - o chamei, desamarrando-o da cadeira e segurando em seu rosto com as duas mãos, tentando despertá-los. - Vamos lá, meu amor. Por favor, acorde! - sua cabeça estava mole, pendendo sobre minhas mãos e meu coração sangrava, denunciando que a qualquer momento se despedaçaria em pedaços novamente.
Ouvi o barulho de algo tombando no chão e descobri que Leroy havia dado conta do outro mercenário, mas isso não me importava mais.
- , por favor! - insisti, sentindo as lágrimas escorrerem de minha bochecha. Aproximei meus lábios dos dele e o beijei, acariciando sua bochecha e rezando mentalmente a Uzziel para que não levasse o meu príncipe.
- Por favor, . Não desista de nós dois! Volte pra mim, acorde! - insisti, me recusando a perder as esperanças e notando que meus guardas nos encaravam com pena e aflição.
- - a voz fraca de espalhou o alívio por todo o meu corpo e ele foi recobrando a consciência, me encarando com uma careta de dor e confusão. - O que você fez?
- Matei um mercenário por você. - soltei uma risada nervosa e voltei a juntar meus lábios nos dele, desesperada de felicidade por ele não ter partido. - Você voltou, meu amor. Você voltou.
- Eu sou seu amor? - ele abriu um sorriso torto, exclamando de dor e eu neguei com a cabeça.
- Ajudem-me a carregar o príncipe, precisamos levá-lo ao curandeiro - pedi a Leroy, que de imediato me obedeceu.

***


Olhava na direção de com um sorriso orgulhoso enquanto a coroa era posicionada sobre sua cabeça.
Nós havíamos conseguido sobreviver e ali estávamos unidos nos laços do matrimônio, recebendo dois reinos unidos para derrotar Adhor.
- Com esse gesto, passo agora a coroa de Gothrine para o Príncipe , agora proclamado Rei I. - ele ficava absurdamente bonito com aquela coroa e eu sabia que ele também apreciava o mesmo em mim quando seus olhos miraram a coroa em meus cabelos.
- Apresento à corte o Rei I e sua esposa, a Rainha , que seu reinado seja longo e próspero - e uma salva de palmas foi ouvida, celebrando nossa pequena vitória.
- Como se sente? - ouvi a voz de me questionar, enquanto caminhávamos no meio da multidão.
- Com vontade de gritar e rasgar suas roupas ao mesmo tempo - olhei sugestiva para ele brevemente e ouvi sua risada maliciosa ecoar.
- Não se deve deixar uma rainha passar vontades. Seu desejo é uma ordem, minha rainha. Vamos apenas chegar aos nossos aposentos primeiro - ele piscou para mim e eu sorri radiante por estar com alguém como ele.
- Obrigada - murmurei, antes que pudesse me refrear.
- Pelo quê? - ele perguntou, confuso.
- Por não ter desistido de nós. Foi assim que descobri que eu amo você - era a primeira vez que eu declarava aquilo para ele, mas fiquei feliz por dizer em voz alta.
- Eu também amo você, minha rainha. E eu jamais desistiria de nós dois.
Alarguei meu sorriso e permiti que me beijasse assim que finalmente estávamos a sós.
Nós dois sabíamos que teríamos muito o que enfrentar dali para a frente, mas estávamos juntos e éramos mais fortes daquela forma.
Nada nos abalaria, nada nos faria desistir um do outro.
Nem mesmo Adhor.




Fim!



Nota da autora: Olá, loves! Primeira vez que eu escrevo algo envolvendo realeza e fantasia, sos! Espero de coração que vocês tenham gostado. Quem sabe não surjam mais trabalhos nessas categorias!
Obrigada por lerem e não deixem de comentar!
Entrem no meu grupo, espero vocês por lá!




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