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Fanfic Finalizada

Ato Único


Told me, told me
I'm your only
It's all unfolding, babe
Slowly, slowly lies you sold me all saw the light of day


Dez anos, três mil seiscentos e cinquenta e dois dias. Na verdade, quase cinquenta e três. Não que alguém estivesse contando além de mim. Sabe, essa é a coisa que a maioria das pessoas negligencia em nos contar sobre ter o nosso estúpido coraçãozinho partido: existe uma versão nossa antes e depois do momento em que tudo muda.
No auge dos meus 20 anos eu já tinha encarado uma grandessíssima quantidade de merda, com o perdão da palavra, não vou amenizar. Mas finalmente pensei que o universo estivesse satisfeito, havia sido o suficiente, não? Depois de passar a maior parte da minha infância e adolescência pulando de lar adotivo em lar adotivo, eu finalmente tinha uma família para chamar de minha. Éramos Robert e eu contra o mundo, construindo um futuro e prontos para realizar todos os nossos sonhos.
Ao menos, era nisso que aquele cretino tinha me deixado acreditar desde os meus 16 anos, quando legalmente consegui que meu pai adotivo assinasse a minha emancipação e pude me libertar de mais um dos inúmeros lares adoecidos em que me encontrava, e passei a morar com Robert, inicialmente, na casa dos seus pais, por quem sempre terei um grande carinho, apesar de há anos não ter notícias deles.
Mas depois, com os papéis cada vez mais frequentes de Rob nas peças e comerciais londrinos, e eu, fazendo alguns turnos em lanchonetes e bares para conseguir contribuir com as contas, acabamos optando por alugar um apartamento pequeno no Centro de Londres, conhecido por The City. Era simples, mas eu acreditava que era o começo das nossas conquistas.
Robert tinha um histórico muito diferente do meu, a começar pelo fato de ter sido criado em uma família funcional, mas foi na paixão em comum pela atuação que nos encontramos. Até encontrá-lo, meus poucos momentos de paz e felicidade eram todos colecionados dentro do Teatro Distrital de Soho, e foi lá onde nossos olhares se cruzaram pela primeira vez, quando Professor Finneas nos apresentou seu novo assistente de palco, que passaria a acompanhar nossas aulas dali em diante: Robert Pattinson.
Esse nome provavelmente te soa familiar, o que claramente já conta parte da história: Robert conseguiu chegar lá. Mas o que talvez quase ninguém saiba é que eu fui o maior ato de atuação da sua carreira.

2009

Eu repassava uma última vez as falas da personagem para a qual faria um teste na manhã seguinte, esperando Rob, que estava desde o início da tarde em uma reunião com seu agente. Ele não parecia muito animado ao sair de casa, depois de milhares de reuniões que nunca davam em nada, é normal que ele não estivesse tão confiante assim. Eu, por outro lado, sentia que a cada reunião ele estava mais perto do papel que mudaria toda a sua carreira. Não só por amá-lo, mas um dia o mundo aplaudiria o trabalho de Robert como eu venho aplaudindo pelos últimos quase 5 anos.
Já estava separando minhas roupas para o turno no cinema na manhã seguinte, onde cuidava da bilheteria do cinema em plantões que cabiam nos meus horários malucos: aulas de teatro, testes para papéis e a faculdade de Business em que havia conseguido bolsa por participação no clube de Teatro. Ouvi a porta da frente destrancar e rapidamente parei o que estava fazendo e corri, animada, para receber Robert.
— Lindo, você voltou! Já estava começando a ficar preocupada, as reuniões com Louis estão ficando cada vez mais longas, sim? — O cumprimentei com um beijo suave, como de costume, mas Robert não me olhou diretamente nos olhos e mal esboçou uma reação. — O que aconteceu, amor?
— Nós precisamos conversar.
E tão somente essa frase fez com que meu coração fosse parar nos meus pés, Robert ainda não me encarava, o que significa que o que quer que tenha acontecido, não foi uma simples negativa. Ele apoiou a mochila na mesa da sala e me puxou pela mão, completamente em silêncio, até nosso sofá de dois lugares.
— Eu consegui um papel, . — Eu prendi a respiração e estava pronta para saltar em cima dele, o parabenizando, aquela era uma boa notícia, não era? Mas antes que eu pudesse reagir, encontrei seus olhos verdes mais frios do que eu já havia visto. Ele me segurou pelos pulsos, impedindo que o abraçasse. Sem entender nada, relaxei sobre o assento do sofá e esperei que continuasse. — É para personagem principal em uma franquia de 4 filmes, o contrato possui duração de pelo menos 5 anos, com possibilidade para estendê-lo a 7, se for necessário. Na Pensilvânia. E eu assinei, hoje pela tarde.

2019

Simples assim, naquele mesmo dia, descobri que Robert havia sido aprovado para o papel meses antes e era apenas uma questão de organizar toda a burocracia para que pudesse assinar o contrato, o que, de fato, havia feito naquela tarde. Descobri também que em nenhum momento fui parte do plano, uma vez que seu agente me considerava um empecilho em sua carreira, pois Robert quase sempre expressava não estar aberto a papéis fora da Inglaterra se eu não pudesse acompanhá-lo. Durante toda a minha vida, ouvi que as pessoas tinham um preço. Quatro filmes em uma franquia que mais tarde se tornaria bilionária, foi o de Rob.
Posso dizer que os 10 anos seguintes da minha vida foram determinados por aquele momento, até... bem, hoje. Os pais de Robert se ofereceram para continuar me ajudando com a parte dele nos gastos da casa até que eu conseguisse me reestruturar em um lugar menor e que eu pudesse me sustentar sozinha. Mas, honestamente, aquilo era humilhação demais até para mim. Como uma das decisões mais difíceis da minha vida, meu curso de teatro ficou cada vez mais de lado e os testes, cada vez mais distantes, já que eu precisava de cada vez mais tempo ocupando turnos em empregos para continuar me mantendo. Era hora de ser racional uma vez na vida, se ser atriz era um conto de fadas do qual eu não poderia fazer parte, finalizar minha graduação e ter uma carreira sólida era algo que eu poderia facilmente gerenciar.
Sem modéstia, poucos dariam conta de chegar aonde eu cheguei, com todas as circunstâncias desfavoráveis com as quais me deparei. Robert Pattinson não foi o único a cruzar a linha de chegada. No fim das contas, fazer parte da indústria cinematográfica parecia estar no meu destino. Talvez não da forma como inicialmente sonhara, mas honestamente, me saí muito bem.
Prazer, , ou somente , como sou conhecida por toda Hollywood, atualmente, maior agente de atores e atrizes com as carreiras em crise. Essa não é uma história de amor, essa é uma história de vingança. Ou, pelo menos, foi o que eu pensei quando comecei a contá-la.
You been wasting time on the other side
If you're satisfied, touché

A pasta recheada de papéis em minha frente praticamente me encarava de volta, provavelmente se perguntando quando eu iria ter a decência de abri-la. Fazia uma semana desde que Donna, minha assistente, a havia deixado em cima da minha mesa.
Desde a última vez em que estive frente a frente com Pattinson, tudo o que soube sobre ele foi consequência de ele ser um ator de sucesso, e depois, consequência de estar envolvida no backstage da indústria. Quando tive minha primeira oportunidade em trabalhar com uma atriz em crise, confesso que não esperava gostar tanto daquele trabalho.
Em pouquíssimo tempo, meu trabalho se tornou muito mais do que um pretexto para, de alguma forma, me inserir na cinematografia: eu passei a amar ser a responsável por colocar profissionais talentosos de volta nos trilhos e dá-los uma oportunidade de não perder, por decisões muitas vezes imbecis, seus próprios sonhos.
Imaginem minha surpresa quando Donna me deixou uma pasta transparente com uma etiqueta escrito “Dossiê Pattinson” em letras garrafais vermelhas. Posso jurar que minha reação ao ler aquela etiqueta foi semelhante à de quem acabou de ver um fantasma, porque, de certa forma, era o que tinha acontecido. Desde então, a pasta continuou exatamente no mesmo lugar, até hoje.
— Bom, vamos ver então o que o Sr. Robert “preciso focar na minha carreira” Pattinson andou fazendo. O que o impediu tanto de focar na carreira a ponto de trazê-lo até mim? — falei em voz alta para mim mesma amargamente, finalmente abrindo a pasta.
Como todos os dossiês que eu costumava receber, aquele continha um resumo da trajetória do profissional, o que foi bem doloroso de encarar em um primeiro momento. As informações passavam por mim como se fossem memórias, exceto pelo fato de que eu não estava lá em nenhuma delas. Tinha sido pateticamente abandonada. Mas se eu sequer consideraria aceitar aquele contrato, eu deveria saber exatamente onde estava pisando. Me dediquei a estudar os documentos por quase todo o meu dia, fazendo anotações e pesquisando mais informações sobre fatos específicos até que finalmente cheguei a uma decisão: era hora de forjar uma coincidência e encontrar Robert Pattinson novamente.
— Donna, descubra em qual festa privativa o Sr. Pattinson marcará presença no próximo final de semana e me agende um almoço com Joseph para o final dessa semana, por favor. – Foi o que falei quando ela atendeu seu telefone. Donna sabe que gosto de ver com meus próprios olhos o tipo de problema que meus possíveis clientes se metem, mas, dessa vez, eu tinha uma razão especial.
Sempre fui uma mulher linda e consciente da minha própria beleza, o problema é que antes era também uma mulher boba. Hoje, além de consciente da minha beleza e do meu sucesso, sou também consciente de que grande parte do meu poder mora na minha segurança.
Mais tarde naquela semana, eu já tinha toda a minha programação e um acompanhante à altura. Donna havia, a meu pedido, sinalizado ao atual agente de Pattinson sobre meu interesse em agenciá-lo temporariamente, ao menos, por tempo o suficiente para que seu nome parasse de ser associado a escândalos pelos contratantes, como é a situação do momento, e, segundo ela, o homem parecia mais do que empolgado pela possibilidade de se livrar desse problemão.
Quando entrei no ambiente intimista do restaurante Providence, logo avistei Joseph em uma das mesas mais afastadas do salão, absorto em alguma informação na tela do seu celular. Rapidamente sinalizei à hostess que me recebeu na entrada de que me juntaria ao homem loiro que me esperava. Somente quando estava muito próxima à mesa, Joseph ergueu seu olhar, abrindo imediatamente o sorriso ladino que é sua marca registrada, ao me encarar com os olhos azuis mais bonitos que eu já tinha visto.
! — chamou, se levantando para me cumprimentar com um abraço caloroso e puxando a cadeira para que me sentasse em seguida, o que fiz de bom grado. — Fiquei feliz quando recebi a ligação de Donna perguntando sobre a minha disponibilidade. Sabe que para você, sempre vou ter uma hora ou duas, ou dez — brincou, piscando para mim enquanto voltava a se sentar em seu lugar.
— É exatamente por isso que você é um dos poucos para quem sempre encontro um espaço para encontros casuais na minha agenda também, amor. — Pisquei de volta com o meu melhor sorriso nos lábios.
Na realidade, Joseph Morgan é um dos meus poucos amigos em nosso mundo, o melhor deles, sem dúvidas. Não que eu seja uma mulher solitária, é exatamente o contrário disso, estou sempre cercada de pessoas e não me faltam eventos sociais ou companhias sempre que me der vontade. Mas em Morgan confio com os olhos fechados, o que foi um pouco difícil de encontrar depois de Robert.
Ele é, ainda, a única pessoa que faz parte da minha vida que sabe meu passado em detalhes. Eu nunca planejei contar, porque falar daquela vida parecia não me pertencer mais, mas um dia, descobri que Joseph havia sido escalado para a mesma campanha comercial da Dior que Robert e, em pânico, despejei tudo de uma só vez para o meu amigo. Essa é, inclusive, a razão pela qual Joseph e Robert se deram tão mal durante toda a duração da campanha.
Na época, Joseph e eu já éramos amigos há mais de 2 anos e aquela foi a primeira e última vez em que me permiti perder o controle desde que assumi o trabalho de Gerente de Carreiras em Crise, mas foi o suficiente para que ele formasse toda uma opinião sobre Pattinson que nem um milhão de anos e todos os acontecimentos do mundo conseguiriam mudar.
— Tenho um convite para lhe fazer, sei que você vai querer dizer não, mas preciso muito que você me diga sim — fui direta e o vi me analisar. Antes de qualquer coisa, sinalizei para um dos garçons e tanto eu quanto Joseph fizemos as mesmas escolhas de sempre.
— O teor deste convite me preocupa um pouco. Você não costuma me avisar que eu vou negar alguma coisa, apenas me lança um olhar de filhote de cachorro que caiu da mudança e já sei que vem merda pela frente — me confessou com a voz mais sóbria do que o normal, o que apenas fez com que seu sotaque britânico se sobressaísse. Outra coisa que amava na companhia dele: por compartilharmos a mesma nacionalidade, era sempre comum me sentir um pouco mais ligada ao país em que vivi a maior parte da minha vida, quando estava ao lado dele. Joseph tinha o poder de me transportar um pouco para uma sensação de casa, ainda que pela maior parte da minha vida eu não tenha tido exatamente uma.
— Preciso ir à uma festa amanhã em Hidden Hills e quero que você me acompanhe. — Apoiei meu cotovelo na mesa, amparando o queixo em minha mão, me esforçando para que meu rosto assumisse a expressão angelical que eu utilizava sempre que precisava convencer Joseph de alguma das minhas ideias, como a vez em que precisei fingir que dormíamos juntos para me livrar de um cara chato que não conseguia me deixar em paz depois de uma noite.
— Viu? Aí está! Maldito filhote que caiu da mudança — me acusou com tanto vigor que não pude deixar de escapar uma risada, culpada. — Mas ser seu acompanhante em eventos sociais é algo que eu faço sempre com muita boa vontade. O que só pode significar uma coisa… — Morgan estreitou os olhos ao me encarar e um sorriso amarelo surgiu em meus lábios. — Quem vai estar nessa festa, ?
Touché.
O mal de Joseph era me conhecer bem demais. Por isso, poupei minhas palavras e apenas dei com os ombros, no exato momento em que o garçom que nos atendia se aproximou da nossa mesa com uma garrafa de vinho branco e duas taças. Virei minha atenção ao homem que nos servia, agradecendo ao final, mas sentia que o olhar de Joseph não havia saído de mim por um milésimo de segundo que fosse.
— Pode falar em voz alta, . Quero acreditar que estou errado.
— Robert vai estar nessa festa. — Joseph cerrou os punhos em cima da mesa e posso jurar que o vi inspirar todo o ar à nossa volta, pesando a atmosfera, mas continuei antes que ele pudesse demonstrar toda sua insatisfação. — Tenho um motivo para isso, Jo.
— Duvido que seja bom o suficiente para ir atrás dele — rebateu com a voz cortante.
— Não estou indo atrás dele. Ele veio até mim. — Dizer isso em voz alta preencheu meu peito com uma satisfação inesperada, o sorriso inseguro pela reação do meu melhor amigo foi rapidamente substituído por desafio. Puro desafio brilhando em meus lábios e olhos. Joseph reconheceu.
— Você quer dizer que…?
— Recebi seu dossiê na semana passada, ao que parece, sou a última opção para salvá-lo de perder o papel em Batman. Seu agente atual tem conseguido manter os escândalos longe da mídia, mas não longe do backstage. Os produtores estão começando a se questionar se vale a pena o risco, exigiram que eu assumisse para assinarem o contrato. — Gargalhei ao ver a expressão no rosto de Joseph mudar para divertimento, quando ele pegou sua taça e ergueu em minha direção, brindei prontamente antes de tomar um gole do líquido. Delicioso.
Você é o demônio — Morgan cantarolou satisfeito levando a própria taça aos lábios, apreciando mais aquele gole do que apreciaria antes da minha notícia.
— E estou pronta para mandá-lo ao inferno.
Now you say you hate all the empty space
And if you could go back, you'd stay
Didn’t think about it when you let me down
Sábado

Estava na frente do espelho conferindo mais uma vez minha escolha de peças para essa noite. Se seria vista por Robert, me certificaria de que ele saberia no momento em que pousasse seus olhos em mim que eu não era mais a ingênua que o implorou em meio aos soluços de um choro histérico para lhe deixar ir para a Pensilvânia com ele, certa de que daríamos um jeito. Completamente patética. O vestido curto preto brilhante com o decote que iniciava entre meus seios e se estendia até a altura do meu estômago mostrava para o mundo a mulher segura que lutei muito para me transformar nos últimos anos. Coloquei meu scarpin vermelho preferido, no exato mesmo tom do batom que escolhi, sabia que chamaria atenção e era exatamente essa a minha intenção. Foi apenas o tempo de transferir os itens que levaria para a bolsa de mão, e meu melhor amigo me avisou que já me esperava do lado de fora.
O percurso da minha casa até a mansão onde a festa estaria acontecendo era de aproximadamente 45 minutos e grande parte dele eu e Joseph conversamos sobre o novo projeto dele. Estava envolvido em dirigir um spin-off da série em que era protagonista e eu não poderia estar mais animada para ver seus resultados, será o primeiro trabalho como diretor titular e sei o quanto se esforçou por essa oportunidade. Estava até estranhando a demora para Jo trazer o assunto de Robert à tona, quando ele finalmente o fez:
— Tem certeza de que quer fazer isso? Se a qualquer momento mudar de ideia, é só me avisar que damos meia-volta imediatamente. — Sorri pequeno e alcancei a mão dele que estava pousada levemente no freio de mão, a puxando para mim.
— Você é meu melhor amigo. Sabe disso, não sabe? — O vi abrir um sorriso que automaticamente fez com o que o meu aumentasse, era claro que ele sabia. — Então acredite em mim quando digo que estou bem sobre isso, até animada, para falar a verdade. Há um pouco de satisfação em saber que alguém que me descartou no passado, agora precisa de mim. Especialmente se tratando dele.
— Acredito em você, mas quero que saiba que só preciso de um olhar para pedir o carro de volta e te levar embora de lá. — Ele apertou minha mão, como se quisesse me transmitir segurança, o que ele talvez não soubesse, era que bastava estar perto dele e eu já me sentia o mais segura possível.
O homem ao meu lado se tornou minha casa quando eu já estava convencida de que não haveria algo assim para mim neste mundo, e eu nunca conseguiria agradecê-lo o suficiente por isso.
Joseph entregou a chave para o manobrista e estendeu sua mão para mim, que a agarrei com a minha com satisfação, antes de encarar a mansão à nossa frente. A arquitetura vitoriana imponente do imóvel o tornava intimidador e o observando de fora, era como se não houvesse uma festa gigantesca acontecendo em seu interior. Essa era uma característica sempre presente nos eventos privados com estrelas de Hollywood: eles eram extremamente discretos, na maior parte do tempo, o problema não era o que as pessoas faziam durante eles, mas sim, quando saiam de lá.
Eu e Jo nos identificamos na entrada e, como planejado, nossos nomes já constavam na lista — graças à Donna, é claro. Em festas como a que acabamos de entrar, é onde vemos os artistas que costumamos ver nas grandes telas como realmente são. Não vou romantizar nada disso, inclusive, posso dizer que, conhecer o lado obscuro de Hollywood foi um dos fatores que me deixou em paz sobre ter uma carreira por trás dos holofotes. A maioria dos atores e atrizes têm algum tipo de vício por trás do sucesso, alguns legais, quero dizer, do ponto de vista jurídico, outros… nem tanto. A festa parecia estar rolando há algum tempo, considerando o estado de sobriedade de alguns dos convidados.
— Vou buscar algo para beber, dar uma volta, talvez ir lá fora fumar um cigarro e estudar o terreno, se é que você me entende. Você ficará bem sem mim? — perguntei ao pé do ouvido de Joseph.
— Claro que sim, se precisar de algo, pode me ligar. Sim? — ele respondeu, depositando um beijo carinhoso no meu rosto.

Robert

Um gole maior do que eu estava preparado para dar no meu copo de whisky rasgou a minha garganta e uma careta involuntária se formou em meu rosto. Enfiei uma das mãos no bolso do meu blazer, em busca da minha carteira de cigarros, quando, por um milésimo de segundos, meu olhar congelou no perfil de uma mulher que cochichava alguma coisa no ouvido de um homem.
O homem, eu reconhecia, era Joseph Morgan, ator com quem dividi as gravações de uma campanha para a Dior de que participei alguns anos atrás, não me lembro exatamente quando. O que sei é que esse homem me odeia por qualquer razão que seja. O que congelou o meu olhar foi o perfil da mulher, eu poderia jurar que era alguém do meu passado. Mas não poderia ser ela. O cabelo curto, com mechas loiras e uma franja… Nunca seria dela, ousado demais.
Foi quando seu rosto se virou para frente, sem olhar na minha direção, e Morgan a beijou na bochecha, que deixei o copo que estava em minha mão cair e se espatifar sobre os meus pés.
Impossível. Sem chances. Nem. Fodendo.
Olhei para baixo, encarando os pedaços de vidro do copo e o líquido âmbar que ensopou meu tênis branco, chacoalhando meus pés, um de cada vez, para me livrar dos cacos de vidro que estavam em cima dos meus pés. Quando voltei a olhar para a frente, era como se ela nunca tivesse estado lá. Eu devo estar muito louco, talvez até tendo alucinações, não seria a primeira vez. Chutei o ar mais algumas vezes, inutilmente tentando secar meus tênis, e decidi ir para a área exterior da casa fumar o meu cigarro, o que era meu plano inicial, até minha mente resolver pregar peças nem um pouco engraçadas em mim.
Já ao ar livre e com meu isqueiro em mãos, acendi o cigarro entre meus lábios com uma tragada profunda, tentando limpar a minha mente não só do fantasma que mais uma vez aparecia para mim.
. Minha . Dez anos se passaram e ela continuava invadindo meus pensamentos sem qualquer autorização. Fosse quando eu caía bêbado no banheiro de uma festa qualquer, fosse quando eu estava a ponto de incorporar o personagem que mudou a minha vida, ou quando meu agente gritava a centímetros de distância do meu rosto completamente impassível de ressaca que não dava mais para continuar limpando a minha bagunça.
Mas, dessa vez, alguma coisa sobre a sua presença era diferente. Quase real demais. Seus cabelos não apareceram longos e escuros em ondas que emolduravam seu rosto e iam até o meio de suas costas, e sim quase totalmente loiros, na altura dos ombros, poderia até dizer, rebeldes demais para pertencerem a ela. O vestido curto e preto que meus olhos capturaram em poucos segundos também não fazia jus à memória de inocência que eu tinha de .
Traguei mais uma vez o cigarro, na esperança de que a nicotina substituísse a sensação inebriante que me ocupava toda vez que eu pensava que a tinha visto. Sem dúvidas seria meu karma pela forma que fui embora sem deixar que me seguisse, fisicamente falando, porque, de todo modo, ela continuou me seguindo em cada maldito passo do caminho. E eu? Covarde demais para buscar qualquer notícia sobre ela, apavorado pela ideia de encarar a possibilidade de que tenha ficado presa na vida em que a deixei.
Incerto de quanto tempo se passou desde que iniciei o primeiro cigarro, já no terceiro ou quarto, senti uma presença se aproximando cada vez mais de mim, mas mantive meus olhos encarando o horizonte, convencido de que a acompanhante de algum artista me abordaria naquele momento, com uma desculpa para puxar assunto, como de costume. Talvez Daniel, meu agente, esteja certo quando diz que eu preciso tomar jeito, até esse tipo de evento, que sempre valorizei, estava começando a perder a graça. Mas por onde começar a tomar jeito?
— Alguma chance de você me emprestar o isqueiro? — Ao ouvir aquela voz, meu cérebro travou pela segunda vez nos últimos minutos. Eu definitivamente preciso parar de misturar o álcool com a maconha e a nicotina, porque aquela voz me arrastou subitamente de volta para 2009, quando me perguntava se eu poderia acender seu cigarro. Eu me esforcei para me concentrar para estender o isqueiro na direção à minha esquerda, com medo de olhar para o lado e encontrar o rosto que eu mais desejei e temi ver nos últimos dez anos. Eu pude senti-la pegar o objeto com delicadeza e todo o mundo a minha volta passou a operar em câmera lenta, ao mesmo passo em que meu coração passou a usar muito mais força do que o necessário para bombear o sangue pelo meu corpo. Talvez eu esteja à beira de um infarto, pelos meus hábitos, não seria exatamente uma surpresa.
Eu pude ouvir o isqueiro sendo ativado, seguido do som que a mulher ao meu lado soltou ao inspirar. Meu cigarro pela metade estava parado entre os meus lábios e nada no mundo poderia me preparar para a frase que eu ouviria a seguir:
— Eu nunca sei onde enfiei o isqueiro.
Minha mente me teletransportou para um momento há mais de 10 anos.
vestia apenas uma camisa azul clara minha que ia até o meio de suas coxas, ela estava sentada no parapeito da nossa varanda minúscula, do apartamento que havíamos acabado de alugar no centro de Londres e parte de mim poderia abandonar qualquer sonho para reviver aquele momento de novo e novo. Ela ria de alguma coisa que eu não me lembrava exatamente o quê e era como se eu estivesse observando a cena em terceira pessoa. Linda para caralho.
Um Robert muito mais novo, sem camisa, com uma calça de moletom, se aproximava da morena a abraçando por trás. Os dois pareciam felizes. Muito mais felizes do que eu fui após deixar a capital britânica.
— Eu poderia te observar na nossa mini-varanda pelo resto da minha vida — disse a versão jovem de um Robert Pattinson que ainda não havia sido corrompido pela fama.
levou o cigarro que brincava em seus dedos à boca e com uma risada pairando no ar, falou:
— Você fala isso até descobrir que eu não sei onde está o isqueiro de novo. — Ela jogou a cabeça para trás, apoiando-a em um dos ombros do Robert da memória, com o cigarro ainda apagado entre seus lábios.
— Você nunca sabe onde enfiou o isqueiro, ! — O Robert mais jovem reclamou carrancudo, mas não deixou de alcançar o isqueiro que sabia que estava no bolso de sua calça, e acender o cigarro da menina.

Foi aquela mesma voz que me trouxe de volta ao presente, ao me agradecer, e, dessa vez, não pude evitar de virar o rosto em sua direção e finalmente olhá-la.
Acho que parte de mim já sabia o que iria encontrar ao virar o rosto, outra parte, por sua vez, tentava a todo custo se convencer de que havia, finalmente, enlouquecido. Meus olhos esquadrinharam seu rosto, que foi assumindo uma expressão surpresa, seus olhos castanhos-escuros pularam um pouco de órbita, sua boca pequena e perfeita, tão perfeita quanto me lembrava, coberta por um batom vermelho vivo, formavam um “O” ao me encarar de volta. Meu coração estava na minha garganta, eu abri a boca para dizer algo, mas era como se uma barreira física me impedisse de emitir qualquer som. Eu sentia como se fosse vomitar se eu me esforçasse demais.
— Robert? — falou em um sopro, como se estivesse tão surpresa quanto eu, com este encontro. Seus olhos piscavam repetidamente, presos em meu rosto, que dado o quanto formigava, deveria estar completamente sem cor.
Eu ainda buscava a minha voz, sem sucesso, quando um sorriso tímido apareceu em seu rosto, aquecendo toda e qualquer parte de mim de forma arrebatadora. A última coisa que eu esperava ao encontrá-la, era um sorriso. Isso era melhor do que em qualquer um dos pesadelos que tive sobre esse reencontro.
— Meu Deus, Robert! É realmente você? — E antes que eu pudesse reagir, ela jogou os braços em volta do meu pescoço em um abraço caloroso que muito provavelmente foi o que impediu minhas pernas de cederem. Em questão de minutos eu me sentia sóbrio, mas totalmente fora de órbita.
O seu cheiro não era nada do que me lembrava, era ali, em Los Angeles, me abraçando como se eu não a tivesse deixado aos prantos no sofá velho do pequeno apartamento que dividíamos. Sabia que era ela, mas tudo sobre essa nova parecia completamente diferente do que me recordava.


Tão simples quanto possível, o abracei. Para mim, aquele abraço era praxe, como abraçar qualquer pessoa que acabara de conhecer, mas, pela reação do homem em minha frente, claramente o peguei de surpresa. Não com o abraço, mas estando ali. Aquilo era melhor para o meu ego do que eu pude planejar, uma parte de mim, ainda que mínima, temia não ser reconhecida. Temia a indiferença. Mas a reação de Robert era exatamente o oposto da indiferença. Era como se ele não acreditasse em seus próprios olhos, como se tivesse imaginado aquele momento milhares de vezes antes e ainda assim não estivesse pronto para vivê-lo. Ponto para mim.
O soltei e sorri de forma aberta.
— Meu Deus! Não pensei que te encontraria de novo nessa vida — menti, com uma empolgação na voz que até mesmo eu acreditei.
! — Robert engoliu em seco. — É você. Você mesma — falou após aparentemente ser removido do transe em que o coloquei, ainda claramente desnorteado. — Você está ótima — constatou correndo os olhos em mim, dos pés à cabeça, e, em seguida, olhando em nossa volta, apenas para voltar a me encarar, como se tentasse garantir que eu era real.
— É claro que estou! Sempre fui — gargalhei da forma mais natural possível. — Mas sei que estou melhor. — Ele riu em resposta, começando a acreditar que não estava vendo coisas, e soube naquele momento que, de alguma forma, havia conseguido a proximidade que queria. — Você também não está nada mal… Parece que conseguiu exatamente o que procurava, sim? — joguei de forma ousada, o que foi confirmado pela maneira com que, ao invés de concordar, colocou o cigarro de volta na boca e exalou a fumaça distraidamente, assentindo com um movimento da cabeça.
— Podemos dizer que sim… — Seus olhos verdes me encararam, faiscantes, e precisei me concentrar para me lembrar de que não o conhecia. Não essa versão, nem mesmo a versão de 10 anos atrás. — Mas e você? Está em Hollywood! Fico feliz por ver que você conseguiu chegar até aqui — finalizou com a voz incerta.
— Podemos dizer que sim — o imitei e nós dois rimos longamente.
Contei uma história bonita, e nada verdadeira, sobre como vim parar em Los Angeles e uma um pouco mais verdadeira sobre a minha profissão. Gerente de carreiras? Sim. Apenas escondi um pouco mais sobre o tipo de artista com que trabalho e também sobre o tempo que estava na jogada. Para Robert, era tudo novidade, e estava nessa festa justamente a fim de fazer um networking e me apresentar para outras pessoas.
Diferente do que imaginava, conversar com Robert foi realmente agradável e estava orgulhosa de mim por conseguir compartimentalizar todos os sentimentos que este encontro deveria me causar. Mas ali, naquele momento, ele parecia apenas Robert. Um pouco bêbado, sim, mas apenas isso. Não o Robert problemático de quem eu deveria cuidar uma vez que assumisse seu caso, o que definitivamente não era muito esclarecedor.
— Bom… Minha taça está vazia, acho que essa é a minha deixa — comentei, balançando minha taça em demonstração. — Contra todas as probabilidades, Robert, foi bom vê-lo, te vejo por aí — sorri da forma mais inocente que consegui e virei as costas, me direcionando para o interior da casa, onde pretendia encher meu copo e conversar com mais algumas pessoas, corroborando a história que havia acabado de contar. No entanto, mais rápido do que imaginei, Robert me alcançou rapidamente, me segurando pelo braço, e me fazendo virar de frente para ele, com uma proximidade perigosa entre nós.
— Se eu pudesse voltar atrás, eu nunca teria ido embora, . — Aquela afirmação me pegou de surpresa. Imaginei que ele pediria para me ver novamente, o meu telefone ou qualquer coisa do tipo. Olhando melhor em seus olhos, quase senti pena, ele parecia desesperado por algo que eu não conseguia determinar muito bem o que era, tampouco poderia dá-lo. Ou queria.
Respirei fundo, consternada, antes de respondê-lo.
— Você não sabe do que está falando, Robert. Eu não sou mais a pessoa de quem você se lembra. Dez anos se passaram, as coisas são o que são. — Puxei meu braço, me desvencilhando rapidamente do seu toque, mas sem me distanciar completamente dele.
— Então me deixe conhecê-la. — O vi tirar o celular do bolso da calça, desbloqueá-lo e estendê-lo em minha direção. — Por favor.
— Posso apostar que você não vai gostar do que vai encontrar, mas, se insiste… — Sem pensar muito, coloquei meu telefone pessoal em seu aparelho e o devolvi, dando de ombros.
— Tudo o que sei é que teríamos sido mais felizes se eu tivesse ficado. Cada droga de conquista que tive ao longo desses anos parecem não significar nada, te vendo aqui hoje é como se o mundo estivesse tentando me dar uma segunda chance. — Meu coração quase se partiu ao ouvi-lo falar daquela forma. Lá estava o Robert com quem eu trabalharia, seus olhos tão frios quanto da última vez que os encarei. Desesperançoso. Desesperado. Vazio. Mas eu disse quase.
— Você não parece ter pensado sobre isso quando partiu meu coração, querido. — Dessa vez, o sorriso que se instalou em meus lábios não tinha nada de inocente, ele era diabólico, porque tinha acabado de me dar conta de que as coisas com Robert seriam muito mais emocionantes do que uma simples vingança, o desgraçado simplesmente havia se arrependido do que fez. Nem nos meus melhores planos as coisas seriam tão divertidas. — Mas prometo deixar isso entre nós dois. — Pisquei e notei que minha reação o causou certa confusão.
Sem esperar por uma resposta, segui o meu caminho, decidida: se Robert queria me conhecer, tudo bem, mas algo me dizia que ele estava prestes a se arrepender amargamente do seu desejo.
Hurts to see me out of you reach
Bet u wanna touch me now

Durante o resto da festa, fiquei na companhia de Joseph e nos divertimos de verdade, já havia conseguido o que queria quando decidi comparecer a essa festa. Vez ou outra, enquanto dançava com meu melhor amigo, meu olhar e o de Robert se encontravam e eu fazia questão de unir ainda mais meu corpo ao de Joseph, que, sabendo do que se tratava, entrava no jogo, me tocando muito mais do que seria necessário em um momento de descontração nosso.
Amava ter esse tipo de liberdade com Jo, tanto que o deixei afundar seus lábios na curva do meu pescoço enquanto dançávamos ao som de Vigilant Shit, quando senti que estávamos sendo observados, e corri meus olhos pelo salão para encontrar Robert nos encarando, interessado. Aproveitei e espalmei propositalmente uma das mãos de Joseph na minha coxa, fazendo o caminho até a barra do meu vestido e o fazendo subir discretamente. Morgan riu no meu ouvido, porque sabia exatamente o que eu estava fazendo.
— Tenho certeza de que ele cometeria crimes para estar no meu lugar — ele sussurrou enquanto percorria livremente com as mãos pela pele livre da minha coxa, me fazendo rir alto do quão empenhado ele estava para pirraçar Robert.
Durante todo o resto do tempo em que fiquei na festa, percebi que Pattinson se manteve sóbrio, o que era inesperado, pelo que encontrei sobre seu comportamento em festas. A boca do meu estômago se agitou em excitação pela satisfação de saber que, provavelmente, a minha presença o desconcertou em algum grau.
Quando decidi ir àquela festa, não sabia o que exatamente encontraria ou que tipo de interação ela me possibilitaria ter com Robert. Na mais discreta das hipóteses, o observaria de longe para saber com qual perfil lidaria profissionalmente, mas a parte sádica de mim não pôde resistir à aproximação e a surpresa pela forma como Robert reagiu à minha presença adicionou nuances que não estavam planejadas a essa história.
But the lights are off
Your so-called friends are gone
Oh, I know what you're 'bout to say

No início da semana, pedi a Daniel, atual agente de Robert, até o final da semana de trabalho seguinte para me organizar e agendar a primeira reunião com Rob, e ele me garantiu que se certificaria de enviar o contrato assinado antes da primeira reunião. Eu só não esperava já me deparar com a assinatura de Robert Pattinson na minha mesa no primeiro horário da terça-feira.
Em paralelo, desde Domingo recebia notificações de mensagens de texto de Robert que, até aquele momento, ainda não havia decidido o que fazer sobre isso. Em poucos dias, ele teria uma surpresa muito maior do que a que foi nosso encontro para ele, mas, de forma desavisada, insistia para que pudéssemos nos encontrar para “colocarmos o papo em dia”, como se fôssemos velhos amigos.
Uma parte generosa de mim estava verdadeiramente curiosa para ter proximidade o suficiente dele para descobrir onde exatamente as coisas começaram a desandar para Rob e, apesar de uma vozinha na minha consciência me dizer que eu estava fazendo uma movimentação perigosa, foi com os olhos focados na sua assinatura à minha frente que aceitei o convite.
Entre as muitas coisas que sou, uma boa profissional está entre o topo delas, e o almoço que acabei de marcar com Robert, ainda que ele não saiba disso, será o único encontro não-profissional que teremos.

Robert

Quando acordei na manhã seguinte ao meu encontro com , sentia como se estivesse com a maior ressaca havia tempos, o que, incrivelmente, não correspondia em nada com a quantidade de substâncias que usei durante a festa. Não me lembrava a última vez que tinha voltado de uma festa sóbrio o suficiente para me lembrar de tantos detalhes. Ainda assim, minha mente parecia estar me convencendo de coisas que não eram reais e isso fazia minha cabeça latejar e meu estômago embrulhar como se eu estivesse intoxicado.
Daniel estava infernizando a minha vida sobre o último acontecimento, que só não se transformou em um grande escândalo porque gastei dinheiro a perder de vista com as pessoas certas para que ficassem caladas, mas, aparentemente, abafar o caso não foi o suficiente dessa vez. Nem para meu agente, nem para o meu contratante, mas também não para mim. Não era novidade para mim me sentir um merda quando a ressaca moral me atingia e frequentemente me lembrava de como eu costumava ser um homem melhor no início da minha carreira. Mas, definitivamente, encontrar em Hollywood me fazia pensar que talvez eu tivesse alguma chance de ser um cara decente outra vez na vida, como se o destino ou seja lá o que coordena o script da minha vida, estivesse esfregando na minha cara que eu deveria agarrar com braços e pernas a chance que Daniel estava me apresentando de consertar a minha carreira e, talvez, como consequência, consertar um pouco a minha vida.
Foi por isso que encontrei com meu agente atipicamente cedo na segunda-feira e aceitei assinar o contrato com o tal gerente que a equipe do meu novo filme exigiu que me acompanhasse ao longo das gravações.
Eu já estava convencido de que havia mesmo enlouquecido e que a do Sábado era mais uma vez fruto da minha imaginação, ainda porque, quando buscava por na internet, as únicas informações que eu encontrava eram sempre de anos atrás, ainda em Londres. Era como se aquela não existisse mais.
Para o bem da minha escassa sanidade mental, finalmente me respondeu na terça-feira, aceitando meu terceiro convite para um jantar. Seguindo as orientações de me manter low profile, sugeri que jantássemos na minha casa e, nesse momento, estou nervoso como a porra de um adolescente em seu primeiro encontro, verificando com meus funcionários se tudo estava absolutamente de acordo com o planejado, mesmo que tenha frisado mais vezes do que o necessário que aquilo não era nada como um encontro, apenas um jantar entre duas pessoas que precisavam se atualizar.
Em tempo recorde, contratei toda uma equipe de cozinheiros especializados em frutos do mar, algo que a que conheci amava, mas os dispensei quando tudo estava pronto, pois queria garantir que teríamos privacidade para conversar e, talvez, para que pudesse de algum modo impressioná-la, sendo o responsável por servi-la. Se ela estava acostumada a conviver com atores, sem dúvidas já estaria mais do que acostumada a ter funcionários a servindo e, dessa vez, por razões completamente irracionais, queria que a noite fosse diferente do que ela estava habituada. Já mencionei que sou patético?
Fazia um pouco de frio e isso foi o que me impediu de organizar o espaço do terraço para o jantar, mas ainda me aproveitei o suficiente da vista privilegiada que minha cobertura possuía de LA. A mesa estava posta na varanda envidraçada, apenas para nos proteger do vento típico dessa época do ano. Acendi a tela do meu relógio com um toque e marcava 19h58, se ainda restasse algo da que conheci, a portaria me avisaria em breve que ela estava subindo.
Confirmando minhas suspeitas, menos de um minuto depois estava nervoso para um caralho na frente do elevador que dava acesso direto ao primeiro andar do meu apartamento, quando ouvi a voz feminina e robótica anunciando a chegada do mesmo ao andar: 38º andar, aguarde a total abertura da porta para desembarcar ou embarcar.
Meus olhos pairaram sobre a mulher à minha frente e quase se perderam ao observá-la. Estava mais casual do que na festa em Hidden Hills, com uma calça jeans, saltos pretos com tiras douradas e um sutiã de renda composto na mesma cor, com um blazer vermelho, aberto, o cobrindo.
Os 10 anos a fizeram bem como a ninguém mais, os cabelos curtos e tingidos em loiro expressavam a mesma ousadia que habitava seus olhos ao encarar os meus.
— Seja bem-vinda à residência Pattinson, querida — a cumprimentei, forjando uma formalidade completamente desnecessária, e estendendo uma mão em sua direção para que ela segurasse. Quando o fez, beijei sua mão demoradamente, de forma propositalmente teatral.
se agachou e fingiu estar erguendo uma saia invisível em resposta, o que nos fez rir.
— Imagino que aqui seja onde acontecem as melhores festas do famoso Robert Pattinson — ela comentou, olhando em volta, captando os detalhes do ambiente cuidadosamente decorado com os palpites de minha mãe.
O que pensaria Claire ao saber que eu havia reencontrado a nora que ela tanto amava?
— Na realidade, não costumo fazer eventos em casa. É íntimo demais — respondi de maneira sugestiva, mas o olhar que me lançou com uma sobrancelha arqueada claramente dizia que ela não acreditava em nenhuma palavra daquilo, apesar de ser a verdade.
— O que você planejou para nós hoje? — perguntou enquanto eu a conduzia pela ampla sala, em direção às escadas em caracol que davam acesso aos cômodos da cobertura.
— Teremos um jantar com frutos do mar simples para acompanhar nossa conversa, vinho branco para a dama, se ainda for o seu preferido, e, para mim, água tônica com gelo e limão. — virou o rosto para me olhar e parecia genuinamente surpresa com alguma parte da minha fala, preferi tentar adivinhar com a que parecia mais óbvia: — Se vinho branco ainda for o seu preferido, se não, tenho infinitas opções no bar, você quem manda.
Ela negou com um aceno de cabeça, ainda me olhando indecifrável.
— Vinho branco ainda é a minha bebida preferida.
Chegamos à área que estava preparada para receber o jantar e puxei a cadeira para se sentar, em seguida, declarei:
— Me dê alguns minutos que vou nos servir. — Outra vez, pude ver surpresa faiscar nos seus olhos. Talvez ela esperasse algo diferente de mim, se é que esperava alguma coisa. Pensar nisso me deixou um pouco decepcionado comigo mesmo: que tipo de imagem tenho deixado por aí?
Finalmente, terminei de posicionar todos os pratos na mesa de apoio, as entradas e saladas e o prato principal dentro da cuba de metal aquecida, para manter a temperatura adequada, servi a taça de com o vinho e a minha com água tônica, e engatamos em uma conversa informal enquanto iniciamos a refeição.
Estava verdadeiramente interessado em saber sobre a vida de e, adicionalmente, evitar falar tanto sobre a minha e ter que admitir que alcançar o sucesso na atuação tinha me custado muito caro.
Descobri que ela terminou a faculdade que tinha começado na época em que estávamos juntos e foi em prol disso que largou os teatros e as audições para papéis na televisão e no cinema. Em momento algum mencionou que essa escolha foi consequência da minha decisão de ir embora de Londres, mas ela não precisou mencionar para eu saber que era sobre isso. Me senti um merda durante toda essa parte da conversa e me perguntei por que, depois de tudo, ela ainda estava disposta a se sentar na mesma mesa que eu. Mas, se para o que fiz naquela época estava no passado, talvez fosse um sinal de que, para mim, também deveria estar. Eu teria feito tudo diferente se tivesse outra oportunidade, não teria?
— Fiquei curioso sobre algo — comecei a falar quando já estávamos quase finalizando o prato principal, ela murmurou um “sim?” e eu continuei: — Busquei seu nome no Google, confesso. Mas… não encontrei muito sobre você e seu trabalho.
— Tenho certeza de que buscou por — falou com divertimento nos olhos. — Eu avisei que não era a mesma pessoa de antes, Rob. Falei sério. Além disso, os artistas com quem trabalho exigem uma certa discrição. Até prefiro dessa forma. — Foi simplesmente o que disse, mas não parecia disposta a elaborar, eu apenas aceitei a meia resposta.
— E, me perdoe se for um pouco indiscreto da minha parte… mas Joseph Morgan? Sério?
— O que tem ele? — me respondeu, reativa pela primeira vez naquela conversa. Péssima escolha de palavras, seu imbecil.
— Vocês pareciam íntimos no Sábado. Só isso. — Levantei as mãos em sinal de rendição. — E ele é meio idiota. — me fuzilou com intensidade.
— Nós somos íntimos, ele é o meu melhor amigo. — Compreensão me atingiu. — E você é meio idiota — rebateu sem qualquer preocupação com como eu me sentiria com aquela resposta, o que me fez sorrir. A nova parecia não se importar nem um pouco com o que os outros pensavam dela, acho que gosto disso.
— Justo, eu mereci. Mas vocês pareciam íntimos demais para serem só amigos.
— Não que qualquer pessoa tenha algo a ver com a minha intimidade e de Joseph. Mas… já parou para pensar que talvez você não saiba o que é ter um melhor amigo?
Autch. Essa doeu e deixou uma mensagem clara: envolver Joseph no assunto estava fora de cogitação, se quiséssemos continuar no campo agradável.
— Não está mais aqui quem falou… — Ela sorriu, satisfeita.
— Mas e você? Amigos íntimos? Relacionamentos? Seus anos devem ter sido muito mais agitados do que os meus. — exagerou no muito e, ao notar que tínhamos ambos acabado de comer, decidi convidá-la para fumar um cigarro no espaço aberto do terraço.
— Podemos falar sobre mim durante um cigarro, mas não tem nada diferente do que você já consegue encontrar na internet — menti. É claro que tinha, mas nada interessante o suficiente para compartilhar com ela. Eu havia perdido o controle da minha vida, não tinha muitos amigos em quem podia confiar, sinceramente… meu melhor amigo deveria ser Daniel. E ele era literalmente pago para me aturar.
— O que te faz pensar que te procurei na internet? — perguntou, me desafiando, enquanto afastava a cadeira para se levantar, se colocando ao meu lado. Apoiei a mão cordialmente em sua cintura, mas o contato não foi bem-vindo, pois retirou a minha mão de si, ainda que um sorriso preenchesse seu rosto, e seguiu por si pelo caminho que fizemos até a porta de acesso ao terraço.
Dali do alto era possível ver o letreiro de Hollywood durante o dia, no entanto, à noite, o que se destacava eram as inúmeras luzes coloridas dos prédios agitados pela cidade. disse que não havia me procurado na internet e me incomodou pensar que nosso reencontro não a abalou tanto quanto a mim. Não sei que tipo de resposta esperava para a pergunta que fiz a seguir, mas, ainda assim, a fiz:
— Não pensou em me procurar quando chegou em LA? — Soprei a fumaça do cigarro com o olhar fixo no horizonte, sem muita coragem para encará-la.
— Não — falou, direta, com um riso anasalado. Quando notou que eu esperava que ela continuasse, foi o que fez: — Eu sempre soube onde você estava, Robert. Mas não fui eu quem fui embora, se lembra?
Lá estava, o assunto que passamos as últimas horas contornando.
— Não pensou em me procurar nos últimos anos? — ela perguntou de uma forma que quase parecia a de 10 anos atrás, mas ainda existia uma barreira imensa entre elas, tão grande que era praticamente possível tocar.
— Pensei. Mas… acho que tinha medo. Algo do tipo. — Inspirei a fumaça densa, sentindo-a esquentar e expandir meu peito, ironicamente me impedindo de sufocar com o rumo daquela conversa. Sentia o olhar atento de me queimando, assim como fiz com ela segundos atrás, aguardando por mais da minha resposta: — Tinha medo de descobrir que você não era feliz… — A olhei de soslaio e não consegui identificar o que seu rosto queria dizer. De fato, ela não brincou quando disse que não era mais a mesma, pois anteriormente eu saberia tudo o que se passava em sua cabeça sem que ela precisasse emitir uma só palavra. Aquela parecia um quadro em branco quando não estava falando.
— Eu me saí muito melhor do que você pode imaginar Rob. Diria ainda, me saí melhor do que você consegue ver nesse momento.
Não sei porque, mas o jeito que me disse aquilo fez um arrepio sombrio se espalhar por todo o meu corpo. Algo naquela frase deixava subentendido que as surpresas com o nosso reencontro ainda não haviam acabado.


Nessa noite, me permiti me divertir com Robert e conhecer a versão atual dele, certa de que precisaria me esforçar muito para não deixar transparecer nenhum rancor, que, na realidade, me acompanhou silenciosamente pelos últimos anos. A incômoda surpresa foi me deparar com uma versão de Rob que se parecia muito com a que eu conheci quando estivemos juntos, era uma versão engraçada, preocupada com o meu bem-estar e com quem eu conseguia conversar despreocupadamente por horas.
Se existiu algo que precisei me esforçar para lembrar, foi a razão pela qual estava fazendo o que estava fazendo.
Ajudaria Robert Pattinson a recuperar sua carreira, mas não sem um pouco de sofrimento e não sem antes garantir que ele jamais esqueceria que, apesar de todo o talento, era eu quem o teria permitido que continuasse fazendo o que amava. E eu poderia, de uma vez por todas, finalmente deixá-lo para trás.
Ficamos tantas horas conversando e fumando naquele terraço que somente quando a queda brusca de temperatura do início da madrugada me fez tremer os lábios, me dei conta de que deveria encerrar a noite.
— Bom… a noite foi ótima, mas é melhor eu ir. Amanhã devo estar bem cedo no escritório, vou receber um novo cliente — joguei perigosamente, o novo cliente era ele.
— Calma, a noite só acaba depois da sobremesa, sempre foi a nossa regra. — Revirei os olhos e o repreendi silenciosamente. — Eu comprei tiramisù.
Desgraçado, mil vezes desgraçado, eu amo tiramisù e a escolha dele não foi em nenhum grau uma coincidência, ele costumava saber disso. Desarmei minha guarda mais uma vez naquela noite, um docinho não mataria ninguém. Ele notou que havia me convencido com a sobremesa e me levou até a cozinha.
— Se importa se comermos aqui? É onde me escondo nas madrugadas, nessa bancada aqui. — Neguei e ele dispôs uma forma média de acrílico e duas colheres de sobremesa em cima da bancada, tirou os tênis e pegou impulso, se sentando em cima do balcão. Desamarrei meus saltos e fiz o mesmo, tomando uma das colheres de sua mão e já atacando a primeira colherada. — E me conta… você não sente falta de atuar? Nunca pensou em tentar depois que chegou aqui?
— Senti falta por um tempo. — Me deliciei com a colher de doce. — Mas não demorou muito para tomar gosto pelo meu trabalho atual, continuei porque sou boa no que faço e me tornei melhor muito rapidamente. Meus artistas sempre conseguem alcançar o objetivo que tinham ao assinar comigo e honestamente? — O encarei e vi que Robert me ouvia com atenção com a boca suja de chocolate. Insuportavelmente adorável, se me perguntassem. Foco, . Foco. — As coisas que vi por trás das câmeras nos últimos anos me fizeram questionar se eu realmente gostaria de estar do outro lado. — Procurei por qualquer vacilo da parte dele atentamente e vi quando engoliu em seco e lentamente, pelo movimento do seu pomo de Adão.
— As coisas podem ser muito boas do lado de cá, . Mas elas também podem sair do controle facilmente. Eu mesmo tenho tido alguma experiência com isso nos últimos meses. — Nos últimos anos, você quer dizer. O corrigi mentalmente, pois as primeiras confusões em que Robert havia se metido datavam de quase 3 anos atrás.
Continuamos comendo lado a lado, mas em silêncio, até que a travessa estivesse completamente vazia. Limpei minha boca com um guardanapo que estava na bancada, descendo dela e já me preparando para me despedir de Robert. Por alguma razão que nem todos os astros poderiam explicar, me aproximei de Robert com um guardanapo limpo em mãos, fiquei nas pontas dos pés e passei o guardanapo na lateral da sua boca, que ainda estava suja de chocolate.
— Você continua parecendo uma criança quando come doce, é quase fofo — comentei, me arrependendo amargamente quando ele visivelmente tencionou sob o meu toque.
Bet you miss me
Bet you're reminiscing
I bet you hate the way that you said goodbye
And you still can't even tell me why

Estou sendo 100% verdadeira ao dizer isso, mas, até esse maldito momento, não havia nenhuma tensão sexual entre nós. Agora, com o olhar de Robert descendo dos meus olhos à minha boca e se fixando nela, amaldiçoei intensamente meu ato impulsivo. Tudo sobre aquilo era arriscado. Trabalharia com ele, e fazer da sua vida um inferno no trabalho definitivamente não deveria incluir a vontade ridícula que estou de descobrir se seus lábios ainda tinham o mesmo gosto.
— No que você está pensando? — perguntei, quase inaudivelmente, e Robert desceu da bancada, pousando no pequeno espaço entre eu e ela, perto demais.
— Me lembrei de que sempre que nos olhávamos dessa forma acabávamos transando onde quer que estivéssemos. — Direto demais, para a minha sorte, jogando a realidade na minha cara.
Dez anos se passaram, de forma alguma ele teria sobre mim o mesmo controle de antes.
— Preciso realmente ir. — Me afastei abruptamente, me abaixando para pegar meus saltos no chão antes de retornar à postura normal e olhá-lo. Ele continuou imóvel, avaliando cada movimento meu com puro desejo nos olhos. — Robert, esse tipo de encontro entre nós… não vai mais acontecer.
, vamos lá. Você se divertiu tanto quanto eu, tenho certeza de que não foi somente na minha cabeça que a noite de hoje relembrou como éramos bons juntos. — Ele andou na minha direção enquanto eu me afastava na direção da saída da cozinha. Parei de andar apenas para olhar bem nos seus olhos enquanto falava o que queria.
— Me lembro bem de como éramos bons juntos, Robert. Me lembro ainda mais como tudo terminou para mim.
— Eu realmente odeio a forma como as coisas ficaram entre nós, . Mas me diga que a coincidência do nosso reencontro não te faz pensar que algo de bom pode sair disso? Porque me faz.
— Eu não acredito em coincidências, Robert. E, logo logo, você também não vai acreditar. — Antes que ele pudesse me questionar de qualquer coisa, ajustei o tom da minha voz para a total casualidade. — Me acompanha até o elevador? — Ele assentiu, decepcionado e decidiu me acompanhar até o térreo.
Dentro do elevador a atmosfera era tão densa que poderia ser cortada com uma faca, a cada andar o elevador emitia um apito agudo que alimentava uma ansiedade crescente no meu peito, inferno de prédio alto. O visor marcou o número 12, acompanhado de mais um apito igual a todos os outros e um tranco leve fez o elevador parar.
Mais rápido do que eu consegui acompanhar, vi a mão de Robert na alavanca que parava o elevador e, em milésimos de segundos, ele estava sobre mim. Literalmente sobre mim, me prensando contra o espelho. Pega completamente de surpresa, prendi a respiração, também em um movimento para tentar evitar inalar seu perfume com tanta proximidade.
— Robert. O que você está fazendo? — Me odiei por não conseguir manter a segurança na voz e ainda mais por não fazer nenhum esforço para afastá-lo.
Robert aproximou seus lábios dos meus, ao mesmo tempo em que levou uma das mãos à lateral do meu pescoço, com firmeza. Foi inevitável não soltar um suspiro por meus lábios entreabertos, o que fez com que um sorriso sacana aparecesse no rosto dele, antes de desviar sua boca, cada vez mais próxima de mim, para um ponto entre minha mandíbula e meu pescoço, onde finalmente me tocou. Somente com aquele toque eu precisei prender um gemido no meio do caminho, não daria a ele esse gosto.
Consegui afastá-lo apenas o suficiente para espalmar uma mão em seu peito, mas quis me jogar no poço daquele elevador, quando quis, na realidade, puxá-lo para ainda mais perto de mim.
— Você disse que não nos encontraríamos novamente, isso me parece um ótimo motivo para não terminarmos essa noite com motivos para nos arrependermos do que não fizemos — ele sussurrou contra minha boca, percorrendo a mão que estava em meu pescoço até o meu queixo, de maneira impositiva.
— Eu disse que não teríamos encontros como este, não que não nos veríamos. — Consegui, dessa vez, soar um pouco mais firme, mas não o suficiente para que Robert perdesse a prepotência.
— De qualquer forma, me parece uma oportunidade que não podemos perder, a menos que você me diga que não quer. — Me odiei pela milésima vez na noite, dessa vez porque a boca dele parecia um imã ao qual a minha estava atraída, quando me inclinei um pouco mais na sua direção.
Avaliando as minhas opções: poderia acabar de uma vez com a palhaçada, empurrar Robert e ir embora, sem pisar em nenhum terreno desconhecido — ou talvez conhecido até demais, a depender do ponto de vista — ou poderia brincar com fogo, tomar o controle da situação e adicionar um ingrediente a mais a toda ela. Apesar de perigoso, seria divertido, não seria?
Dar a Robert a melhor foda dos últimos 10 anos de sua vida e poucas horas, enquanto ele ainda estivesse absorvendo toda a situação, revelar o verdadeiro motivo por trás do meu aparecimento. Seria apenas um grau de complexidade a mais, simplesmente para prová-lo que, independentemente de quanto tempo tenha se passado e de quanto sucesso ele tenha conquistado, o mundo girou apenas para que eu estivesse no centro de sua vida novamente, mas, dessa vez, totalmente fora de seu alcance e controle.
Encarei novamente os olhos verdes que me fitavam, mas dessa vez sorri (quase) inocentemente.
— Tem uma câmera apontada para nós nesse momento — comentei, apontando com a cabeça na direção do equipamento em um dos cantos do cubo metálico.
— O elevador é privativo, somente eu tenho acesso às imagens, até que julgue necessário que mais alguém tenha.
— Isso deveria me fazer sentir melhor? — o desafiei.
— Não muito, mas talvez isso faça. — Para a minha surpresa, Robert removeu o pulôver de gola alta preta que vestia com uma velocidade impressionante e propositalmente o pendurou na câmera, bloqueando completamente a lente.
Indiscretamente, lancei um olhar que descia de seu peito até o final de sua barriga, que agora estavam cobertos somente por uma camiseta branca justa que revelava demais sobre o que tinha abaixo dela.
Era isso. Ia acontecer. Mas, se de fato ia acontecer, o controle seria totalmente meu.
O pegando completamente desprevenido, empurrei Robert sobre a parede à nossa direita e colei nossas bocas antes que ele tivesse tempo para processar. Antes que eu tivesse qualquer tempo para processar e repensar, também. Como se nunca tivesse ficado um único dia sem fazê-lo, beijar Robert novamente combinava reconhecimento com o desespero de quem não sabia exatamente o que fazer primeiro. A língua dele explorava a minha com maestria e nenhuma gentileza, assim como suas mãos exploravam meu corpo com a força de quem queria deixar marcas em mim, se aparentes ou não, não saberia dizer, mas sem dúvidas as marcas daquele beijo me acompanhariam para fora do elevador.
Os dedos de uma das mãos de Robert avançaram através da renda do meu sutiã e o simples toque na base do meio seio me fez gemer vergonhosamente contra sua boca. O desgraçado sorriu tão largamente que comprometeu a continuidade do beijo.
Como não estava nada disposta a ficar para trás, aproveitei a quebra no beijo para apreciar demoradamente o pescoço de Rob, beijei a região com uma calma que não sei definir bem de onde a tirei, inspirei o perfume de fragrância amadeirada com um fundo que identifiquei como lírio, tão delicioso quanto o sabor que me golpeou quando o toquei com a língua, em movimentos circulares, mordiscando o mesmo espaço delicadamente. Em resposta, Robert beliscou meu mamilo entre seus dedos, fazendo com que a força da mordida aumentasse e ele gemesse meu nome, ocupando a mão livre com meu outro seio e o massageando avidamente.
A umidade entre as minhas pernas era vergonhosa, mas a única coisa em que conseguia pensar era na minha necessidade de aliviar a necessidade de ser tocada por ele. Por isso, me posicionei propositalmente com uma das pernas de Rob entre as minhas e rebolei de encontro à sua coxa, já sentindo sua elevação pressionando a lateral do meu quadril quando ele correspondeu, me segurando pela cintura, me movimentando contra si em um vai e vem delicioso. Se ainda restava qualquer orgulho dentro de mim, naquele momento eu o deixei para trás.
Robert projetava seu quadril para a frente como se estivéssemos fodendo ainda com nossas roupas e eu jurei que poderia gozar somente daquela forma, e, pelos gemidos de Rob, ele não estava muito diferente. Sem qualquer preocupação em parecer desesperada — porque naquele momento, estava mesmo —, pausei os movimentos e me afastei apenas o suficiente para subir a camiseta dele até a metade do abdômen. Entendendo o recado, ele passou a camiseta pela cabeça, ao mesmo tempo em que me livrei do blazer, largando-o no chão, e abri o sutiã, libertando meus seios inchados e duros de prazer, que imediatamente captaram a atenção do homem boquiaberto à minha frente, cujos olhos verdes cintilavam de luxúria.
Abri um sorriso diabólico quando ele avançou em minha direção, me empurrando com força na face do elevador que continha o espelho e voltando a me beijar com voracidade, com suas mãos alternando entre apertar meus seios e dedicar parte de seu tempo a tirar primeiramente meu cinto e em seguida a minha calça, deixando à mostra a minha calcinha minúscula que em pouco tempo ele descobriria estar completamente encharcada.
… — Rob ofegou quando adentrou o espaço da minha calcinha, afastando-a para o lado, finalmente acessando minha boceta, com gentileza demais para o meu gosto. Ele esfregou três dedos na extensão, sem inserir nenhum, me fazendo rebolar impaciente. — Os meus melhores sonhos sobre você nos últimos 10 anos não fariam jus a esse momento — ele comentou enquanto levava os mesmos três dedos à boca. Desgraçado gostoso do caralho.
Sem nenhuma dificuldade, após percorrer minhas unhas distraidamente pelo caminho até o cós da sua calça, a abri e a deixei cair por suas pernas, o volume que a cueca falhava em esconder me fez salivar, quando fui pega de surpresa por Robert friccionando meu clitóris com o dedão, como se tivesse todo o tempo do mundo e, maldita fosse eu, desejei que ele, de fato, tivesse. Mordi meu lábio inferior com força, instintivamente rebolando contra sua mão, em busca de mais e mais contato. Rob chutou a calça para o lado e sorri vitoriosa quando ele precisou se concentrar para não perder o equilíbrio no momento em que agarrei seu pau, ainda coberto, iniciando um vai e vem com a mão, limitado pelo tecido.
Por minutos nos estimulamos e provocamos, mantendo o contato visual, hora prendendo gemidos em nossas gargantas, hora soltando-os sem nenhum pudor. Arfei quando senti um orgasmo se aproximar, e, para minha desagradável surpresa, Robert afastou seus dedos de mim, que grunhi, insatisfeita, em resposta.
Ele tirou sua cueca e, tão rápido quanto, finalmente se livrou da minha calcinha. Minha boceta pulsava e meu clitóris chegava a doer, tamanha a necessidade de receber atenção novamente. Meu corpo praticamente agia por conta própria, se inclinando na direção de Robert e emitindo sons que eu mal podia acreditar que saiam de mim. Ele finalmente buscou uma camisinha no bolso de sua calça jogada no chão e me ergueu, me apoiando na barra de metal logo abaixo do espelho, o contato gelado me fez resmungar e ele gargalhou. Naquele momento, não haviam 10 anos de mágoa alimentada entre nós. Só desejo, vontade de nos satisfazermos um com o outro, dois adultos entregues ao momento, sem importar o que exatamente aquilo poderia significar. Me sustentando somente com o contato entre os nossos corpos enquanto ele vestia o preservativo, Robert praticamente sussurrou, com a rouquidão denunciando seu estado de excitação:
— Eu vou te foder de um jeito que você vai desejar que nenhum outro cara tivesse te fodido nos últimos anos, querida.
Eu ri histericamente. Não só porque queria que ele o fizesse, mas porque sabia que, em menos de 24 horas, Robert também desejaria não ter fodido mais ninguém naquele tempo.
— Não esperaria outra coisa de você, querido.
Mal terminei de falar e Robert estocou de uma só vez toda a extensão de seu membro rígido dentro de mim, pausando por alguns segundos para se assegurar de que estava tudo bem. Ele espalmou as duas mãos nas minhas nádegas, me dando maior sustentação para me movimentar. E foi exatamente o que fiz.
Comecei a cavalgar em Robert em perfeita sincronia com suas investidas, ele gemia mais alto a cada estocada, que ficavam mais intensas e igualmente deliciosas, ao final de cada uma, eu rebolava e meu clitóris atritava, mas nunca o suficiente, o que só me deixava mais desesperada por aquele contato. Rob apertava minha bunda sempre me puxando contra si, respirando com dificuldade com o aumento da intensidade dos nossos movimentos. A atmosfera que nos envolvia era insana, quase selvagem, e combinava com as marcas das minhas unhas que com certeza estariam nas costas e pescoço de Pattinson na manhã seguinte.
Eu subia e descia em seu pau, com meus seios na altura perfeita para serem capturados pela sua boca. Como se lesse meus pensamentos, Robert abocanhou um deles, lambendo, chupando, mordiscando, alternando sempre entre um e outro, já deixando pequenas marcas visíveis.
Robert saiu de dentro de mim, me permitindo alcançar o chão com os dois pés, mas rapidamente me virou de costas para ele, encarando nossos reflexos através do espelho.
— Eu quero que você se veja enquanto goza em mim. Para mim.
Ele se posicionou atrás de mim, tão lentamente que a expectativa tomou meu ventre e meus músculos internos se contraíram. Robert me venerava, com as mãos percorrendo minha nuca, descendo pelas minhas costas, nossos olhares silenciosos se sustentando através do espelho. Sem aviso, mais uma vez me invadiu com força e foi impossível não gritar, o filho da puta sorriu seu melhor sorriso torto com satisfação, metendo forte, fundo, de forma ritmada enquanto me segurava pelo cabelo.
Tentei levar uma mão ao meu clitóris para aliviá-lo, mas Rob me impediu com um tapa forte e ruidoso em minha bunda.
— Você vai gozar só com o meu pau, — rosnou, estocando e rebolando quando seu membro atingia meu ponto g. Dez malditos anos se passaram e ele ainda sabia exatamente como me levar ao orgasmo através da penetração. Quando minhas pernas começaram a falhar, Robert enlaçou a minha cintura com um dos braços, reduzindo a velocidade das estocadas, mas aumentando a força e a pressão. Passei a apertar sua ereção, contraindo ritmadamente, e conforme sentia meu orgasmo se aproximar, toquei meus seios, os apertando com a mesma intensidade com que Robert me fodia, chamando seu nome, o implorando ridiculamente para me fazer gozar. Empinei minha bunda e passei a rebolar violentamente contra ele, estava quase lá, com a pulsação entre as minhas pernas chegando a doer, foi quando Rob estocou e espalmou outra vez um tapa em minha bunda que o orgasmo me tomou. Eu estava tão consciente de todo o meu corpo, que praticamente sentia o sangue se acumular em minha boceta, soltei um gemido alto e contínuo e precisei fechar os olhos para me manter firme o suficiente para sustentar minhas pernas.
Abri os olhos quando ouvi Robert ofegar de um jeito que anunciava seu ápice, o observei jogar a cabeça para trás através do reflexo. Ele fechou os olhos, entreabriu os lábios e estremeceu, me puxando contra ele com força, mantendo apenas um vai e vem residual, cada vez mais devagar, até finalmente parar.
Os minutos seguintes foram estranhamente silenciosos, não fosse pela crise de riso que tivemos quando nos encaramos pela primeira vez depois que Robert saiu de dentro de mim. Comecei a recolher minhas roupas e me vestir, e ele me acompanhou. Quando já estava preparada para avisá-lo que agora, realmente iria embora, Rob voltou a acionar o funcionamento do elevador, vestindo o pulôver que cobria a câmera em seguida.
No térreo, enquanto esperava o Uber, trocamos poucas palavras sem significado, e, quando ele me abraçou para se despedir de mim, falou próximo ao meu ouvido:
— Se essa realmente for a última vez em que nos veremos, tenha certeza de que essa noite está entre as memórias mais marcantes que tenho de você.
— Querido, algo me diz que você ainda terá memórias muito mais marcantes sobre mim. — Pisquei ao soltá-lo.
— É o que espero.
— Cuidado com o que deseja, Rob.

Robert
I hate the way that you left me dry
But I'll keep that between you and I

Quando meu agente começou a encher meu saco para que eu assinasse temporariamente com um especialista em gerenciamento de crises para recuperar minha imagem diante dos produtores do meu novo filme, me lembro de tê-lo chamado de patético ou alguma coisa nesse sentido.
Tudo isso foi antes do meu reencontro com . Reencontrá-la foi como se o universo quisesse me dar uma chance de parar de fazer merda, talvez começando por consertar a maior merda que eu já fiz: deixá-la.
Meu celular vibrou e verifiquei com expectativa se era uma resposta de à mensagem que a enviei antes de sair de casa para minha reunião com meu novo gerente, mas me frustrei ao ver que era apenas Daniel querendo se certificar de que eu não estava atrasado. Não estava, na realidade, naquele momento esperava em uma recepção no andar privativo ser chamado para iniciar a reunião.
A mesma mulher a quem me apresentei na chegada veio de um corredor, com os saltos finos a anunciando e me fazendo olhar em sua direção.
— Sr. Pattinson, a senhorita está pronta para recebê-lo. Pode me acompanhar, por favor? — Senhorita? Por um milésimo de tempo, me dei conta de que eu posso ser tão cretino que sequer sabia que a nova responsável pela minha carreira era uma mulher, não um homem, como havia assumido. Assenti e passei a segui-la, até a última porta do corredor. — É só entrar, ela já está te esperando — disse antes de se virar e voltar pelo mesmíssimo corredor.
Ajeitei a gola da camisa que estava utilizando e me preparei para tentar causar uma boa primeira impressão, apesar de saber que a senhorita , com certeza, possuía as piores informações sobre mim e talvez não fosse tão simples assim mostrar que estava disposto a cooperar com ela para os melhores interesses das duas partes.
Dei apenas um toque na porta, já a abrindo. Antes que eu pudesse dar bom dia, a voz da mulher começou a listar acontecimentos muito conhecidos por mim.
— Brigas em festas diversas, com o saldo de um supercílio aberto, dois traumas em narizes, sendo um deles o seu. Pego dirigindo bêbado ou sob efeito de alguma droga 13 vezes, atrasos incontáveis em reuniões e eventos sociais onde era a atração principal, e muitas vezes, também bêbado. Mas acho que as coisas saíram de controle no dia em que você atropelou uma adolescente tentando estacionar em cima de uma ciclovia, que, por sorte, não teve nada além de alguns arranhões ao cair da bicicleta, mas, se os registros estão certos, você tentou subornar os pais para que não te denunciassem. — O mais assustador daquele momento não eram todas aquelas informações escrotas para um caralho, que eu sequer poderia negar, mas sim o fato de que eu conhecia bem aquela voz, a voz que estava gemendo meu nome horas atrás.
girou a cadeira de escritório, me dando completa visão de si, vestida socialmente, com uma pasta em mãos — que eu assumi ser um arquivo com os fatos que acabara de ler. Pelo olhar de divertimento em seu rosto, minha feição deveria entregar a completa confusão que se passava em minha cabeça.
— Se sente, querido, você parece que viu um fantasma. — O sorriso nos lábios de era muito diferente de qualquer outro sorriso que já havia me lançado, ele não era inocente, luxurioso ou determinado, era um pouco assustador, para dizer a verdade, porque ele era sádico.
Sem conseguir elaborar muito, me sentei em uma das poltronas posicionadas na frente de sua mesa, me segurando nos braços como se eu estivesse no topo de uma montanha-russa, prestes a cair em queda-livre.
— C-c-omo? — Foi tudo o que consegui me obrigar a dizer, sentindo a boca e a garganta seca e inclinou a cabeça um pouco para o lado, em um movimento que seria adorável, não fosse por aquele maldito sorriso que me causava arrepios que não tinham uma boa razão.
— Eu te falei que não acreditava em coincidências, meu bem. Te dei tantos sinais, mas você queria tanto acreditar que nosso encontro significava alguma coisa…
De repente, me lembrei de todas as frases enigmáticas que ela disse ao longo das nossas conversas e tudo pareceu dolorosamente óbvio. Abri e fechei a boca algumas vezes, sem encontrar o que dizer, e, ao notar, continuou:
— Quando recebi seu dossiê há 3 semanas, tinha certeza de que negaria o trabalho. Estava preparada para pedir que Donna enviasse um e-mail padrão de recusa. Mas alguma coisa em mim queria saber. Eu te distraía, certo? — Ela usou a justificativa repugnante que dei quando fui embora de Londres. — Você precisava focar na carreira, chegar onde queria, e eu aparentemente te impediria disso.
… — supliquei sem nenhuma vergonha em deixar a dor transparecer em minha voz.
— Não terminei. — Ela ergueu a mão com o dedo indicador apontado para cima e me calei imediatamente. — Foi realmente satisfatório ver que, no meio de todo o sucesso e glória do senhor Robert Pattinson, você parecia tão, tão, tão perdido que colocou em risco tudo o que você mais quis.
Ela estava certa, exceto ao mencionar tudo o que eu mais quis, porque naquela época eu também estava errado sobre isso:
— Mas, ainda mais satisfatório, foi ter justamente o que você prezou acima de tudo… — fechou os olhos, respirando profundamente com um sorriso de pura satisfação, antes de abri-los para me encarar. — Bem. Nas. Minhas. Mãos. — Ela finalizou pausadamente e eu entendi do que aquilo se tratava: vingança. — Lembra que te falei que me saí muito melhor do que você notou? — Era uma pergunta retórica. — Basta eu te declarar como caso irrecuperável, Rob… nenhum outro gerente arriscará te ter na própria carreira, nenhuma produtora correrá o risco de te manter no cast de um filme, nenhum outro diretor colocará a credibilidade em cheque por você.
Engoli em seco, estava completamente fodido.
— Mas… e ontem? — arrisquei e senti meu coração apertar quando sua gargalhada ecoou pela sala.
— Dez anos atrás eu me auto denominei o maior ato de atuação da sua carreira… Hoje, eu oficialmente te declaro o meu. Fique tranquilo, eu vou deixar isso entre eu e você.




Fim.



Nota da autora: Mergulhar na escrita de bet u wanna foi um desafio e tanto pra mim. Essa é minha segunda história publicada aqui no FFOBS, e surgiu de forma completamente diferente de The Chosen One, a começar pelo fato de que eu não fazia a menor ideia de nada sobre ela quando me comprometi a escrevê-la, os personagens são completamente diferentes e com personalidades também muito diferentes do que eu costumo escrever, fora a proposta de ter um prazo determinado, o que foi o mais desafiador de tudo. Porém, fiquei bem satisfeita com tudo e principalmente com o desfecho. Espero que gostem, comentem, opinem. Leiam The Chosen One, minha longfic em andamento



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