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Última atualização: Maio/2024

Prólogo

Aquela era a terceira noite em que Marc Spector era compelido a vagar pelas ruas sombrias de New York. Seu manto ondulava banhado pelo luar, enquanto o vigilante permanecia parado no alto de um telhado, seu olhar fixo no horizonte.
Marc não fora recrutado por Khonsu, tampouco Steven foi, e, no entanto, ambos simplesmente despertaram ali, com seus batimentos cardíacos acelerados, seu corpo dando sinal de alerta e uma sensação esquisita de que o lugar era, de fato, onde deveriam estar.
O conflito gritava em suas mentes exaustas. De um lado, aflorava a indignação, porque Khonsu não cumprira sua promessa de libertá-los. De outro, um desejo de justiça tornava quase prazerosa a sensação de mais uma vez vestirem o traje.
Marc só lembrava de ter se sentido daquela forma quando frustraram os planos de Ammit. Antes disso, nunca havia se orgulhado pelos seus feitos. Ele era um escravo de Khonsu, o guerreiro que deveria ser seu punho de justiça, porém não passou de mero peão.
A máscara do traje impedia que seu ressentimento ficasse exposto. No entanto, Steven Grant o via e estava ali, sussurrando palavras de incentivo para deixar claro que Marc não tinha culpa de nada. Khonsu o usou.
Spector discordava, mas não queria discutir. Não tinha forças para aquilo. Ele só queria entender como ainda acordava em lugares inusitados e qual o seu propósito. Enquanto isso, tentava recompensar todo dano infligido por seus punhos. Colocaria a justiça em seu devido lugar, se um dia aquilo fosse possível.
Eu ainda acho que continuar batendo nos outros, mesmo as pessoas criminosas, não recompensa nada, Marc. — O comentário de Steven o fez revirar os olhos.
— Bom, essa é a dança que vamos precisar fazer até descobrirmos a merda que está acontecendo.
Grant estava prestes a retrucar, determinado a mudar a estratégia de Spector, quando algo chamou a atenção de ambos.
Gritos.
O vento frio soprou violento contra o corpo do Cavaleiro da Lua quando, sem hesitar, ele seguiu em direção ao que poucos segundos revelaram ser um pedido de socorro.
Marc?
— Quieto, Steven.
Precisava se concentrar para encontrar o lugar certo. Era ele quem estava no controle, não importava quantas vezes Grant protestasse.
Eu só ia dizer que os gritos parecem vir daquele beco ao lado da Dunkin Donuts. — A voz em sua cabeça estava um tanto ressentida.
— Ah, achei que ia reclamar de novo… — Marc ficou ligeiramente sem graça, porém não tinha tempo para aquilo.
Steven estava certo. Os gritos vinham mesmo do beco ao lado da Dunkin Donuts. A iluminação do local era péssima e ele precisou se esforçar para distinguir as sombras ali, mas, ainda assim, a imagem encontrada era inconfundível. Aquilo era…
Um homem batendo em uma mulher.
Sentiu seu sangue ferver.
— Ainda acha que não se deve bater nesse tipo de gente? — A revolta estava explícita em sua voz.
Steven se sentiu desapontado com a humanidade. Em uma rara ocasião, não soube o que dizer, porém o comentário de Marc chamou atenção do homem. Este o encarou com o punho no ar, prestes a acertar a mulher mais uma vez.
— Não se mete. Essa vadia me deve tudo o que tem.
— Na verdade, sou eu que te devo — Spector rosnou. O nojo quis subir por sua garganta e ele avançou impiedoso.
Sem dar chance para o cara responder, ou até mesmo pensar, Marc o puxou com violência, o afastando da mulher. Não mediu sua força porque não fazia questão e o resultado foi uma porrada violenta do corpo contra a parede.
Aparentemente, o homem parou de respirar. E, mais uma vez, Spector não se importou.
Se aproximou, o pegou pelo colarinho e socou seu rosto com fúria. A sensação de seu punho quebrando o queixo dele era estranhamente satisfatória, ainda mais quando imaginou Steven tapando os olhos com as mãos diante da cena. Gostava de irritá-lo, especialmente quando ia contra os tais princípios que Grant dizia ter.
Pare! Pare, por favor, você vai matá-lo! — Marc achou que estava sonhando quando ouviu a voz feminina em completo desespero.
— Isso é sério? — Indignado, Spector jogou o homem desacordado no chão.
Ela não respondeu, se aproximou e se debruçou no homem para chorar copiosamente.
Suspirou.
Deixe-me ajudá-la, Marc.
— Steven…
Sua especialidade não funcionou. Deixe eu tentar a minha.
Bufando, Spector assentiu.
Steven se sentiu aliviado ao receber o controle mais uma vez. Seu traje mudou para o terno bem alinhado e, quando ele se aproximou para tocar o ombro da mulher com toda a delicadeza, ainda assim ela se assustou.
— Você pode muito mais do que isso. Não deixe ninguém te tratar como esse homem faz. Eu vou chamar uma ambulância para vocês e a polícia…
Os olhos dela se arregalaram.
— Não! Sem polícia, por favor, eu…
Grant parou de ouvi-los. De repente, se sentiu observado e virou bruscamente, bem a tempo de perceber um par de olhos vermelhos o encarando.
Piscou assustado.
A mulher o sacudiu para que voltasse a olhá-la. Steven se afastou de seu toque e arregalou os olhos.
— Ok, tudo bem! Sem polícia, mas vocês precisam de cuidados médicos, moça…
Marc bufou.
Que merda você está fazendo, Steven? Ela vai voltar para esse merda e ele vai continuar batendo nela. Me deixe acabar com ele!
— Calado! Você já fez o suficiente, olha o estado do homem? — Fez uma careta ao ver o rosto do homem todo ensanguentado. — Tudo bem, tudo bem. — Ele procurou o celular no bolso do casaco e, trêmulo, discou o 911.
Ao seu lado, a mulher chorava copiosamente, enquanto um filete de sangue escorria do canto de seus lábios inchados.
— 911, qual é a sua emergência?
— Tem duas pessoas muito machucadas aqui. Acho que foi briga, uma delas está desacordada, então sugiro que venham rápido.
Ele aguardou o tempo necessário para pegarem a localização e tentou ignorar o choro da mulher, que ainda implorava para não acionarem a polícia.
— Pronto. Agora só vai vir a ambulância e…
Steven… STEVEN! — A voz ansiosa de Marc o interrompeu e Grant sacudiu a cabeça, como se o gesto fosse o suficiente para tirá-lo dali.
— O que é?
Como ele queria não estar mais envolvido naquelas coisas. Não lidar com ambulâncias e com a culpa horrível de saber que pessoas se machucaram por sua culpa. Queria apenas trabalhar com a equipe de arqueologia que o havia contratado mesmo sabendo da loucura que aconteceu no Museu Metropolitano de Arte.
Steven, ainda estão nos observando! — O rosnado de Spector deixava clara a urgência que a situação pedia..
Outra vez, Grant se virou em alerta.
Marc estava certo. Era um par de olhos sinistros e uma sensação horrível percorreu seu corpo. O que era aquilo? Estava o seguindo? E se quisesse matá-lo?
Vai investigar, ou vai ficar aí parado que nem um idiota?
Antes, porém, que Steven pudesse tomar uma atitude. Os olhos vermelhos desapareceram e o vulto negro a quem pertenciam se afastou correndo.
— Mas o que é isso? — Grant estava espantado e receoso porque sabia no que aquilo ia dar.
Eu não sei. Vai logo atrás pra descobrir!
Não. Ele não ia. Se recusava a correr atrás de uma sombra esquisita.
— Não! — Tentou firmar seus pés no chão.
Marc bufou.
Maldita hora que havia cedido o controle para Steven.
Juro que um dia consigo acabar com a sua raça. Mas se não formos atrás da sombra, há uma grande chance de ela vir de novo atrás de nós.
— Como você sabe disso?
Vai, Steven!
Ele suspirou, então obedeceu.
O vento voltou a atingi-lo com força. As vestimentas cedidas por Khonsu o permitiam saltar com destreza de um prédio para o outro e a velocidade da corrida logo os aproximou da sombra.
Estavam prestes a alcançá-la e descobrir do que aquilo tudo se tratava, e Grant se pegou ansioso. Uma dose de confiança se infiltrou, lhe dando a certeza de que não descansaria enquanto não tivesse respostas.
Até que tudo se apagou.
Quem assistisse de fora, veria os olhos de Steven Grant se revirando nas órbitas enquanto seu corpo se contorcia sem que ele sequer se desse conta daquilo.
Então Marc Spector voltou a despertar em sua cama, ouvindo o som estridente de seu despertador, como se nem houvesse saído dali para começo de conversa.


Continua...



Nota da autora: É, eu não resisti e aqui estamos com mais uma fanfic Marvel só pra aproveitar e explorar esse universo da mitologia egípcia.
Estou doida pra saber o que acharam, então comentem muuuito!

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Beijos e até a próxima.
Ste. ♥



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