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Última atualização: 28/01/2025

Prólogo


Há séculos, as cordas da lira ecoaram pela noite, suas notas sombrias arranhando o véu do tempo. Ninguém mais ouviria aquela melodia fatal — ou, pelo menos, assim ele esperava. Sob o brilho fraco das tochas, o bruxo ajustou os dedos nas cordas negras uma última vez, antes de selá-la nas profundezas. Seu olhar, cansado e sombrio, carregava o peso da responsabilidade: o que ele escondia não era apenas uma relíquia, mas um poder que nenhum bruxo deveria controlar.
O lugar estava frio e úmido, as sombras dançavam nas paredes enquanto as tochas vacilavam. O bruxo avançou, seus passos ecoando suavemente no silêncio sombrio. No centro do altar de pedra, a Lira de Érebo repousava, inerte, mas emanando um poder invisível e pulsante.
Ele parou à sua frente, as mãos tremendo levemente. A responsabilidade que carregava era esmagadora; aquele artefato já havia causado desastres antes, e agora ele seria o último a vê-lo, a ouvi-lo… O Fiel do Segredo. Um sussurro do passado ecoava em sua mente — histórias de outros bruxos que sucumbiram à maldição.
— É agora ou nunca — sussurrou, fechando pesadamente os olhos.
Com a determinação renovada, o bruxo ergueu sua varinha, os olhos fixos na lira. A sensação da magia ancestral pulsando no ar era quase sufocante, como se a própria lira soubesse o que estava para acontecer. Ele respirou fundo, fechando os olhos e começou o encantamento do Feitiço Fidelius, um feitiço que selaria para sempre o segredo da localização da lira dentro dele.
— Fidelitas Immortalis…
Sua voz era firme, mas pesada, ressoando naquele lugar tão escondido e ao mesmo tempo tão próximo, como um eco distante. As palavras antigas fluíam de sua boca, impregnadas com a energia de proteção. As sombras ao redor começaram a se mover, como se fossem atraídas pelo poder da magia que ele invocava.
A varinha brilhou com uma luz intensa, um feixe dourado que se estendeu até a lira, envolvendo-a em uma teia brilhante, enquanto o feitiço começava a se formar. Os fios de luz entrelaçaram-se lentamente, como teias de aranha intricadas, envolvendo completamente o artefato e selando seu poder.
— Que o segredo deste artefato permaneça para sempre escondido dentro de mim — murmurou o bruxo, com uma reverência solene.
Agora, o fardo do segredo era dele; sua mente seria o único cofre capaz de conter a localização da lira.
De repente, uma dor aguda atravessou sua mente, como se algo estivesse sendo gravado em suas profundezas, um segredo tão poderoso que era quase tangível. Ele cambaleou por um momento, mas se manteve firme. Sabia que o feitiço estava funcionando.
As sombras do local pareceram crescer, comprimindo-se em torno dele, como se o espaço estivesse se fechando. O ar tornou-se pesado, carregado com a energia sombria da lira. Ele sentiu o peso do segredo que agora guardava, como uma âncora presa ao seu próprio coração.
O último fio de luz desapareceu na escuridão, e a lira se apagou, como se tivesse sido sugada para fora da realidade.
— Está feito.
Ele guardou a varinha, o coração batendo forte. Agora, só ele sabia o paradeiro da lira, e essa responsabilidade pesava em sua alma. A partir daquele momento, o poder da lira estava oculto no mundo, mas ele sabia que, algum dia, alguém de sua linhagem seria chamado para enfrentar esse segredo mais uma vez.

Atualmente:

As cordas soaram ao longe, como um sussurro perdido no vento, mas, ainda assim, as sombras pareceram se aproximar, encostando na pele de null com um arrepio.
A escuridão envolvia tudo. null se movia por entre os corredores de Hogwarts, mas algo estava errado — terrivelmente errado. As paredes, outrora majestosas, estavam agora em ruínas, rachaduras profundas serpenteando como cicatrizes ao longo das pedras antigas. O ar estava pesado, denso como uma sombra viva, e o silêncio absoluto era quebrado apenas por um som… um som que arrepiava sua alma.
A melodia.
Aquela melodia fatal, ecoando como um sussurro cortante, atingia cada canto do castelo. Era alta e penetrante, uma composição sombria e agonizante. Os gritos dos alunos ecoavam nas paredes destruídas; cada nota da melodia arrancava deles um lamento de dor, como se suas almas fossem despedaçadas.
Horrorizada, null correu pelos corredores, vendo rostos conhecidos contorcidos em agonia, alunos caídos, retorcendo-se no chão, suas mãos segurando as cabeças como se tentassem bloquear o som, mas sem sucesso. Ela tentava gritar, tentava parar aquilo, mas não saía som algum de sua boca. Seu coração batia forte, o terror crescendo a cada passo.
O som que fazia os outros sofrerem não a afetava. Ela parou, ofegante, percebendo o que isso significava. O horror invadiu seus pensamentos. Por que ela? Por que só ela era poupada daquela dor infernal?
Ela seguiu pelos corredores destruídos, o castelo desmoronando ao redor, até que as grandes portas do salão principal se abriram com um som oco e retumbante. O Grande Salão agora era um cenário de caos. As longas mesas de banquete estavam tombadas, pratos e cálices espalhados como destroços de uma festa arruinada. E no centro de tudo, Gui Weasley.
Seus cabelos ruivos estavam bagunçados, e os olhos, habitualmente calorosos, agora estavam tomados por um medo profundo. Ele ficou parado, os punhos cerrados, o peito subindo e descendo rapidamente enquanto os gritos continuavam ao redor.
— O que foi que você fez, null? — A voz dele tremeu, um misto de choque e dor.
O som das palavras perfurou sua mente. O que ela tinha feito? Ela não conseguia entender, não conseguia… até que sua atenção foi desviada para um dos pratos prateados caído ao lado.
Com as mãos trêmulas, ela o levantou e olhou para seu reflexo.
O choque a atingiu como uma rajada de vento gélido. Seus cabelos escuros estavam presos firmemente, a pele pálida quase etérea, e seus olhos… seus olhos estavam tomados por uma sombra que não reconhecia. Sua aparência era fria, sombria, como se a própria escuridão estivesse enraizada nela. O terror se apossou de seu corpo, a verdade piscando na borda de sua consciência.
Ela era a causa daquilo. Era como se o poder da Lira de Érebo estivesse fluindo através dela, transformando-a no próprio instrumento de tormento.
— Não… — sussurrou para si mesma, horrorizada, os olhos arregalados.
Mas, antes que pudesse reagir, ouviu a voz. Uma voz familiar, que a perseguia desde que tinha entrado em Hogwarts. Aveludada, rouca, escorregadia como um veneno doce. A voz que vinha daquele garoto da Sonserina.
— Ele jamais vai nos entender — sussurrou em seu ouvido, próximo demais, fazendo sua pele arrepiar, o tom carregado de uma certeza fria. Ele estava lá, em algum lugar nas sombras, observando.
Ao abrir os olhos, o peso daquele sonho ainda estava com ela, pressionando seu peito como se as sombras tivessem atravessado a realidade.
O que aquele sonho poderia significar? Será que o seu quinto ano em Hogwarts estava realmente em perigo de ser o melhor como ela mesma havia prometido e desejado?
Elara não sabia as respostas daquelas perguntas, mas nada jamais a impediria de retornar a escola onde ela se sentia mais em casa do que em seu próprio lar.
Ela retornaria para o seu quinto ano. Elara enfrentaria aqueles pesadelos, que achava serem apenas sonhos. Enfrentaria também o amor platônico que sentia por seu melhor amigo: Gui Weasley. E, claro, enfrentaria aquele sujeitinho da Sonserina, o qual sempre fazia questão de estar presente em sua vida.
O quinto ano estava prestes a começar.


Capítulo 1

Obsessões e poções

Ainda era madrugada quando null acordou sobressaltada, o coração disparado como se tivesse corrido quilômetros. Ela sentiu o suor frio escorrendo pela nuca, enquanto o ar à sua volta parecia gélido, pesado, sufocante. Na penumbra do dormitório da Grifinória, o som de respirações calmas das outras garotas contrastava com a inquietação que pulsava dentro dela.
Aquele sonho… ou melhor, aquele pesadelo. As paredes desmoronando, os gritos de dor, o olhar de espanto de Gui. Cada detalhe permanecia vívido na sua mente, como se ela ainda estivesse lá, presa na ruína. E, pior, a voz — aquela voz rouca e aveludada que parecia ter um lugar permanente em sua cabeça.
null respirou fundo e fechou os olhos, tentando afastar a sensação de que algo a observava.
null virou-se pela milésima vez na cama, o travesseiro agora amassado contra o peito, enquanto seus pensamentos se debatiam como tempestades. O silêncio do dormitório parecia gritar, e a escuridão não trazia descanso, apenas ampliava o nó que apertava seu coração. Seus olhos, ardendo pela falta de sono, vagaram pelo quarto até pararem na prateleira ao lado. Com mãos trêmulas, alcançou o pequeno quadro. A luz suave da lua revelava o movimento da foto, onde ela e Gui Weasley riam, jogando neve um no outro. O som de sua risada parecia ecoar em sua memória, aquecendo um pouco o frio que havia se instalado em sua alma. O nó em seu peito afrouxou, e pela primeira vez naquela noite, null sentiu o peso da angústia dar lugar a uma melancolia branda, quase doce. Ela ficou ali, perdida na imagem, até que o cansaço finalmente a encontrou.
Quando a primeira luz do amanhecer infiltrou-se pelas janelas altas do dormitório, null sentiu a familiar agitação de Hogwarts ganhar vida. A sonolência ainda a acompanhava, mas o castelo, em sua grandiosidade peculiar, parecia respirar de forma própria, como um ser vivo que a acolhia em sua rotina mágica. No caminho para o Salão Principal, ela passava pelas escadarias que mudavam de posição com uma precisão caprichosa, os quadros cochichando e opinando sobre qualquer movimento ao alcance de suas molduras. O cheiro quente de pão recém-assado e bacon flutuava pelo corredor, guiando os passos apressados dos alunos esfomeados.
Ao entrar no Salão Principal, null foi recebida pela visão majestosa do teto encantado, onde o céu claro da manhã refletia o que acontecia lá fora, trazendo uma sensação breve de conforto. As mesas estavam lotadas de alunos rindo, discutindo tarefas de feitiços ou simplesmente reclamando das primeiras aulas do dia. Ela avistou Gui Weasley rindo com os amigos na mesa da Grifinória, seu cabelo ruivo queimando como uma chama contra o cenário animado. Ele lançou um olhar casual na direção dela, mas voltou rapidamente à conversa, sem perceber a leve tensão que o gesto trouxe ao peito de null.
Enquanto tomava seu lugar na mesa da Grifinória, um arrepio percorreu sua espinha. Foi então que percebeu os olhos intensos de null null, um aluno da Sonserina, fixos nela do outro lado do salão. Seu olhar era calculado, distante, mas profundamente perturbador, como se ele soubesse mais do que demonstrava. Por um breve instante, null sentiu o peso de tudo o que carregava ameaçar romper a ilusão de normalidade que Hogwarts criava. Ainda assim, com o barulho alegre ao seu redor e a comida quente à sua frente, ela tentou ignorar as sementes de inquietação que começavam a brotar.
— Estou com algo sujo? — perguntou null ao seu melhor amigo Gui. — null não para de me encarar… parece que derrubei suco de abóbora em mim e não percebi! — reclamou rolando os olhos e devolveu o olhar feio de null.
O garoto riu, maldosamente e desviou o olhar para os outros amigos da Sonserina, — os quais null achava porcos imundos, mesmo considerando uma ofensa aos porcos.
— Relaxa, null — disse Gui, com um sorriso meio travesso, enquanto empurrava uma mecha de cabelo para longe dos olhos. — Talvez ele só esteja encantado com seu charme irresistível. Ou… — ele fez uma pausa dramática, o rosto iluminado por uma expressão exageradamente séria — …talvez você seja a próxima vítima de algum plano sinistro da Sonserina. Melhor começar a dormir com uma varinha embaixo do travesseiro.
Ele deu uma risada abafada, claramente se divertindo mais do que deveria com a situação, enquanto roubava um pedaço de torrada do prato dela.
— Ou, quem sabe, ele só quer uma desculpa pra levar outro feitiço seu na cara. Honestamente, acho que ele curte a emoção.
null tentou rir da brincadeira de Gui, mas a gargalhada dele, tão despreocupada, pareceu ecoar em seu peito de um jeito desconfortável. “Encantado pelo meu charme irresistível…” A ideia deveria fazê-la revirar os olhos, mas, ao contrário, ela sentiu o rosto esquentar. Desejava que Gui fosse o único afetado pelo suposto charme que ele mencionara. Seria tão ruim assim se, por um instante, ele notasse como os olhos dela brilhavam mais para ele do que para qualquer outro?
Ela apertou os lábios, tentando conter um suspiro que insistia em escapar, mas falhou, soltando-o de maneira suave e involuntária. Gui, distraído com sua torrada recém-roubada, não pareceu notar o pequeno som, o que a fez respirar fundo, aliviada e frustrada ao mesmo tempo. Enquanto ele mastigava, ainda rindo da própria piada, ela se pegou pensando que talvez fosse ela quem estivesse encantada demais por ele, e não o contrário.
— Poderia ter mais duelos para eu dar uma surra naquele abusado. Ele não tem outra pessoa para importunar, não? — null finalmente conseguiu responder o amigo, rindo em seguida e comendo a outra torrada que Gui tinha deixado. — Qual motivo será da obsessão, né?! — Fiz uma careta.
— Obsessão? — Gui arqueou uma sobrancelha, um sorriso brincando nos lábios enquanto se inclinava levemente na direção dela. — Ah, null, vai ver ele só gosta de desafios impossíveis. Quem não ia querer irritar a garota que poderia derrotá-lo num duelo com os olhos fechados? — Ele deu de ombros, pegando outra torrada do prato dela, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Depois de mastigar calmamente, ele completou, com um brilho travesso nos olhos:
— Mas se ele continuar olhando assim, talvez eu mesmo precise resolver isso. Não vou deixar ninguém roubar o meu lugar de te provocar.
As palavras de Gui foram ditas com o tom despreocupado de sempre, mas para null, acertaram como um feitiço direto no peito. Seu coração deu um salto, como se estivesse tentando escapar, e o mundo ao redor pareceu ficar embaçado, com apenas os olhos dele focados nela. Eles brilhavam com aquele misto de travessura e sinceridade que só Gui conseguia carregar, e null sentiu como se estivesse perdendo o chão.
Ela tentou manter a compostura, mas o sorriso dele, o jeito que ele a olhava como se estivesse completamente à vontade ao seu lado, tornou impossível desviar o olhar. O calor subiu pelas bochechas dela, e, por um segundo, os seus pensamentos fugiram do controle. “Será que ele sabe o efeito que tem sobre mim?”
Gui estava tão perto, e sua presença era esmagadoramente familiar e, ao mesmo tempo, estranhamente nova. null percebeu que seu coração acelerado não era só uma reação ao momento; era uma confissão silenciosa de tudo o que ela sentia. E naquele instante, com as risadas ao redor deles no Salão Principal desaparecendo, ela soube que estava irremediavelmente apaixonada por seu melhor amigo.
— Você? Indo tirar satisfações com o null, por minha causa? — Ela ergueu as sobrancelhas, tentando recuperar a compostura.
null riu de uma forma debochada, tirando onda com Gui, mas sabendo que ele tinha coragem suficiente para fazer algo assim.
— Aliás, tenho Poções hoje… Terei que aturar ele por mais tempo. Talvez seja melhor eu ser a que vai confrontá-lo.
— Tá bom, tá bom — Gui cedeu, levantando as mãos em rendição teatral. — Mas, ó, só porque você quer resolver as coisas sozinha, não vá acabar duelando de verdade com ele em Poções. O Snape vai me culpar se você explodir alguma coisa por lá.
— Quem sabe ele não precisa mesmo levar uma explosão no caldeirão? — null deu de ombros, pegando mais uma torrada. — Mas, relaxa. Se eu fizer isso, prometo que vou culpar você.
Gui soltou uma risada alta, mas antes que pudesse responder, a voz familiar de Carlinhos Weasley cortou a conversa.
— Ei, Gui! — chamou ele, aproximando-se com passos largos. — Preciso de uma ajuda lá fora. Coisa rápida, prometo. Gui suspirou, balançando a cabeça com um olhar de quem sabia que “coisa rápida” para Carlinhos geralmente significava o contrário.
— Já volto — disse a null, levantando-se. Ele ainda lançou um último sorriso brincalhão na direção dela. — Não vá causar confusão sem mim, hein?
null apenas revirou os olhos com um sorriso no rosto, observando os irmãos Weasley se afastarem. O peso do dia parecia mais leve, mas o coração dela, bem, esse ainda batia acelerado.

[…]


Os corredores de Hogwarts estavam mais silenciosos do que de costume naquela manhã, exceto pelo eco distante de passos apressados e conversas abafadas vindas de outras alas do castelo. null apertou os livros contra o peito, seus dedos levemente trêmulos. O caminho para o calabouço, onde a aula de Poções seria ministrada, sempre a fazia sentir-se um pouco desconfortável, mas hoje parecia pior. Havia algo no ar, um peso estranho que ela não conseguia explicar.
Ao passar por uma das paredes antigas, coberta por trepadeiras secas e um leve musgo, uma onda de frio percorreu sua espinha. Ela parou, franzindo a testa, enquanto um murmúrio quase imperceptível chegou aos seus ouvidos.
null…
O som era tênue, quase como o suspiro de uma corrente de ar, mas tinha uma clareza perturbadora que fez seus olhos se arregalarem. Ela girou nos calcanhares, esperando encontrar alguém ao seu redor. O corredor, no entanto, estava vazio, exceto por uma tapeçaria balançando suavemente no fim do corredor, como se tivesse acabado de ser tocada.
Ela deu um passo hesitante em direção à parede, sentindo o frio aumentar. Passou a mão pelos tijolos, tentando descobrir se havia alguma passagem oculta ali, mas encontrou apenas a pedra áspera e irregular sob seus dedos. O sussurro não se repetiu, mas a sensação de que algo — ou alguém — estava ali com ela não desapareceu.
— Deve ser minha imaginação… — murmurou para si mesma, afastando-se apressadamente.
Mas enquanto descia os últimos degraus rumo ao calabouço, um pensamento insistente não a abandonava: Por que só ela ouviu?
Enquanto null descia os degraus em direção ao calabouço, o som surgiu, quase imperceptível no início. Uma melodia baixa, que parecia se misturar com o próprio murmúrio das pedras antigas ao seu redor. Ela parou no meio do corredor, seu coração disparando, e os pelos de sua nuca se eriçaram. A música era hipnótica, bela de uma forma perturbadora, mas havia algo profundamente errado nela, como se cada nota carregasse um eco de escuridão que fazia sua pele arrepiar.
Ela fechou os olhos por um instante, tentando afastar o pânico crescente, mas, ao fazê-lo, a melodia ficou mais nítida. null sentiu um calafrio percorrer sua espinha quando percebeu de onde conhecia aquela música. Seu pesadelo. A mesma melodia, a mesma sensação de frio e vazio que a perseguira enquanto corria por corredores intermináveis em sua mente, como se fugisse de algo que não podia ver, mas que sabia que a seguia.
Agora, no silêncio de Hogwarts, aquela canção parecia ainda mais real, como se sempre tivesse estado ali, escondida nas profundezas de sua mente, esperando o momento certo para despertar. Algo dentro dela se apertou em pavor, mas ao mesmo tempo, de forma inexplicável, uma parte distante de si reconhecia aquela música. Não apenas como algo aterrorizante, mas como uma lembrança esquecida — ou pior, como uma canção de ninar antiga, cantada para ela antes mesmo que pudesse entender seu significado.
null abriu os olhos, ofegante, e deu um passo para trás, sentindo as costas tocarem a parede fria. A melodia sumiu tão repentinamente quanto começara, deixando um silêncio quase sufocante no ar. Ela respirou fundo, forçando-se a recompor. A sensação de que algo a observava ainda estava ali, mas ela se obrigou a seguir em frente.
— Não é real. Só estou cansada— sussurrou para si mesma, apertando os livros contra o peito com mais força.
Mas o tremor em suas mãos dizia o contrário. Ela sabia que havia algo muito real naquela melodia.
null parou abruptamente ao ouvir a voz dele, a melodia perturbadora ainda ecoando em sua mente como uma sombra persistente. null null estava encostado na parede à frente, a postura casual em completo contraste com a intensidade de seu olhar. Ele parecia estar à espera dela, como se soubesse exatamente por qual caminho ela viria.
— Algo está diferente em você, null — disse ele, sua voz baixa e calculada, cada palavra como uma lâmina afiada cortando o silêncio. Seus olhos, sombrios e insondáveis, não desviaram dela nem por um instante. — Acho que você percebeu também.
null engoliu em seco, o coração ainda pulsando freneticamente com o peso do que acabara de experimentar. Ela manteve a postura firme, porém, tentando esconder qualquer sinal de vulnerabilidade.
— Não sei do que você está falando, null — respondeu, a voz mais estável do que esperava.
Ele inclinou a cabeça levemente, como se estudasse cada detalhe do rosto dela, o que só aumentava a sensação de que ele sabia mais do que deveria. Um sorriso quase imperceptível curvou seus lábios.
— Claro que sabe. — Ele deu um passo para o lado, permitindo que ela passasse. — Cuidado, null. Coisas que estão adormecidas geralmente não gostam de ser despertadas.
— Do que é você tá falando? Está ficando cada vez mais perturbado, é isso? Ou é essa sua obsessão esquisita comigo? — null confrontou null, erguendo a cabeça e o olhando por inteiro agora.
null sorriu, aquele sorriso enviesado e cheio de intenção que fazia null sentir que ele sempre sabia algo que ela não. Ele descruzou os braços lentamente, ajustando o cachecol verde e branco da Sonserina com um gesto despreocupado, mas o brilho calculado em seus olhos não desapareceu.
— Perturbado, null? — Ele inclinou a cabeça, deixando as mechas de cabelo bagunçadas caírem ligeiramente sobre os olhos, que pareciam analisá-la com uma calma desconcertante. — Talvez. Ou talvez eu só esteja… curioso.
Ele deu um passo para mais perto, o suficiente para null sentir o peso de sua presença, mas não invadir completamente seu espaço.
— Você prefere acreditar que é obsessão, mas acho que isso diz mais sobre você do que sobre mim. — Ele fez uma pausa, o tom de sua voz caindo para algo quase íntimo. — Quem sabe eu só veja algo em você que ninguém mais viu. Ainda.
Com isso, null se virou, as pontas do cachecol balançando levemente enquanto ele seguia pelo corredor, deixando null ali com suas palavras, tão irritante e intrigante quanto ele próprio.
Ela estreitou os olhos para ele, sem responder. Cada fibra de seu ser queria ignorar aquelas palavras, mas algo dentro dela — algo que parecia ecoar a mesma melodia perturbadora — sussurrava que ele estava certo.
O cheiro acre de ingredientes fervidos e ervas esmagadas enchia o ar abafado do calabouço. As tochas nas paredes lançavam sombras dançantes sobre os rostos tensos dos alunos, todos em silêncio sob o olhar penetrante do professor Snape. Ele caminhava entre os caldeirões com a graça de um predador, sua capa esvoaçando como um corvo negro.
— Hoje vamos estudar algo que, francamente, é muito mais avançado do que a maioria de vocês está preparada para lidar — começou Snape, com aquele tom de desdém que parecia destinado a esmagar qualquer confiança. — A Poção da Verdade. Uma mistura sutil, perigosa e, se feita incorretamente, potencialmente letal. É claro que não espero milagres, mas espero que pelo menos sigam as instruções corretamente.
null engoliu em seco, sentindo o suor escorrer pela nuca. Seus dedos estavam gelados, apesar do calor do calabouço, e sua mente parecia lutar para manter o foco nas palavras de Snape enquanto ele escrevia os ingredientes no quadro com movimentos rápidos e precisos. Ela nunca se sentia confiante em Poções; era a única aula em que sempre parecia um passo atrás de todos.
Ela abriu o livro tremendo levemente e começou a separar os ingredientes, lutando para ignorar o olhar ardente que sabia estar vindo da mesa ao lado. null null. Desde o momento em que se sentara, ele não tirara os olhos dela, e isso a deixava tanto irritada quanto desconcertada.
Tentando ignorá-lo, null começou a mexer o conteúdo de seu caldeirão, concentrando-se no ritmo indicado: três movimentos no sentido horário, dois no anti-horário. Quando ela parou para adicionar as folhas de murtisco, sentiu mais uma vez aquele olhar fixo. Ela ergueu os olhos devagar, e lá estava null, o rosto parcialmente escondido pela sombra do cabelo loiro desgrenhado, mas os olhos brilhando como se estivessem se divertindo com seu desconforto.
Ela estreitou os olhos, encarando-o de volta desta vez. O que ele quer? null arqueou uma sobrancelha, um sorriso quase imperceptível brincando nos cantos dos lábios enquanto ele continuava mexendo sua própria poção, como se não tivesse nada melhor a fazer do que provocá-la.
— Senhorita null — a voz gelada de Snape cortou o ar como um chicote, e null se sobressaltou, derrubando o frasco de essência de mandrágora que estava em sua mão. — Será que você pode fazer o favor de prestar atenção na sua poção em vez de bancar a artista dramática?
O calor subiu para o rosto de null enquanto alguns alunos ao redor abafavam risadinhas. Ela abaixou a cabeça rapidamente, tentando recuperar o controle. Sentindo o olhar ainda mais intenso de null, ela respirou fundo e voltou ao trabalho, mas, quando desviou os olhos por um instante, viu que ele estava sorrindo. Não zombeteiro, mas de uma forma que a desarmou. Como se soubesse algo que ela não sabia.
Determinada a não deixar aquilo mexer com ela, null manteve o olhar fixo no caldeirão, mexendo a mistura com cuidado. Ainda assim, sentia a tensão entre os dois crescer a cada segundo, como se as notas da melodia perturbadora que ouvira antes estivessem ecoando baixinho no fundo de sua mente.


Capítulo 2

Defesa contra as artes dos Weasley

null tentou se perder na rotina, agarrando-se aos estudos e às atividades como uma âncora em meio ao caos silencioso que sentia crescer dentro dela. As aulas de Transfiguração exigiam concentração, e os deveres de Herbologia eram repletos de detalhes complicados. Ainda assim, sua mente divagava. Cada som parecia mais nítido, cada sombra nos corredores mais longos. Era como se o castelo estivesse diferente, vivo de uma forma que ela nunca tinha percebido antes — ou talvez, vivo de uma forma que ela não queria perceber.
Os olhares demorados a incomodavam mais do que deveriam. Não apenas de null null, que parecia surgir em todo lugar onde ela estivesse, mas também de alunos que antes nunca haviam prestado atenção nela. Sussurros surgiam quando ela passava, baixos demais para que pudesse entender, mas suficientes para criar um nó de ansiedade em seu peito. Ela apertava os livros contra o corpo como uma armadura improvisada, tentando ignorar a sensação de que era sempre o centro de algo invisível.
Mesmo nos momentos mais comuns — no Salão Principal, enquanto cortava um pedaço de torta, ou na biblioteca, enquanto fazia anotações — sentia a energia ao seu redor vibrar de maneira diferente. Era sutil, quase imperceptível, mas impossível de ignorar. Os corredores que antes ela conhecia tão bem agora pareciam novos, como se as pedras antigas escondessem segredos que sempre estiveram ali, esperando para serem descobertos.
Ela começou a reparar em coisas que não deveria: como as tapeçarias pareciam balançar mesmo sem vento ou como as paredes pareciam absorver as palavras que sussurrava ao estudar sozinha. As velas, que normalmente tremeluziam de maneira reconfortante, agora lançavam sombras inquietantes.
null lutava para ignorar isso, para sufocar o pavor crescente. “É só cansaço,” dizia a si mesma, como um mantra que soava menos convincente a cada repetição. Mas era mais do que isso. Era uma sensação profunda e visceral de que algo estava errado — algo que não era visível, mas que a seguia a cada passo. Como uma música dissonante que apenas ela podia ouvir, vibrando no fundo da sua mente, inquietante e impossível de esquecer.
E, o pior de tudo, era a ideia que não conseguia afastar: e se o problema não fosse Hogwarts? E se estivesse nela?
O calabouço onde a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas acontecia estava repleto de risos abafados e vozes ansiosas enquanto os alunos se dividiam em duplas. null segurava a varinha com firmeza, mas não conseguia impedir que seus dedos deslizassem levemente, resultado de uma mistura de nervosismo e excitação. Trabalhar com Gui sempre era divertido, mas também desafiador — ele tinha o dom de transformar qualquer situação séria em uma piada.
Quando o professor anunciou que eles começariam praticando o Incarcerous, null lançou um olhar cheio de determinação para Gui, que devolveu com um sorriso travesso.
— Certo, null, faça seu pior — disse ele, colocando as mãos na cintura em uma pose exagerada de coragem.
null não conseguiu evitar um sorriso, mesmo enquanto apontava a varinha para ele.
— Pode deixar, Weasley. E você já está pedindo desculpas por subestimar minha habilidade, ou devo esperar?
— Só vou pedir desculpas se você não conseguir nem me prender direito — provocou, piscando.
Ela revirou os olhos e murmurou o feitiço. As cordas saíram da ponta da varinha e se enrolaram firmemente ao redor de Gui, prendendo seus braços ao corpo e mantendo suas pernas juntas. Ele perdeu o equilíbrio por um instante e quase caiu, mas logo se recompôs — e começou a rir.
— Eu devia saber que você ia aproveitar essa chance pra me prender, null.
null cruzou os braços, fingindo irritação, mas a curva do sorriso em seus lábios a traiu.
— Isso é o que você ganha por ter me feito conjurar Proteções sozinha no ano passado enquanto você ria de cada erro meu.
— Tá bom, tá bom! — Ele se mexeu nas cordas, como se tentasse se livrar, mas isso só fez as amarras apertarem ainda mais. — Mas pode me soltar agora? Isso tá começando a cortar a circulação.
null balançou a cabeça, mas ainda sorrindo.
— Se eu tivesse lançado um feitiço mais forte, você estaria gritando mais alto, sabia? — Ela finalmente murmurou o contra-feitiço, e as cordas desapareceram no ar.
Gui fez uma pose dramática de alívio, esticando os braços como se tivesse acabado de escapar de uma masmorra.
Agora era a vez dele. Ele girou a varinha entre os dedos, com um sorriso autossuficiente que imediatamente fez null levantar uma sobrancelha.
— Pronta para o meu grande talento? Eu vou prender você com estilo — provocou, dando um passo teatral para trás.
— Gui, só faz isso direito, por favor — começou ela, mas não teve tempo de terminar antes que ele conjurasse o feitiço.
As cordas voaram como um redemoinho descontrolado, se enrolando ao redor dos braços, pernas e até mesmo da cintura de null. O nó apertado a imobilizou completamente, e ela soltou um grito indignado.
— Gui! Eu vou me vingar quando sair daqui! — Sua voz saiu mais alta do que ela pretendia, e algumas cabeças se viraram para olhar.
Gui, por sua vez, ria tanto que mal conseguia falar.
— Olha só! É a mais nova tendência em acessórios de moda mágicos. Será que dá pra lançar isso no próximo baile?
— GUI! — Ela se debateu, mas as cordas pareciam ganhar vida própria, apertando ainda mais. — Eu tô falando sério, isso tá apertando!
Ainda rindo, ele ergueu a varinha.
— Calma, calma, eu já resolvo isso… — Ele murmurou o contra-feitiço, mas a pronúncia errada fez as cordas se apertarem mais ainda, quase derrubando null.
O professor apareceu no momento exato, a expressão de desgosto estampada no rosto. Com um simples movimento de varinha, ele desfez o feitiço.
— Sr. Weasley, se eu quisesse um espetáculo de incompetência, teria contratado poltergeists para esta aula. Tente não fazer a próxima vítima de suas tentativas ridículas.
null, finalmente livre, jogou o cabelo para trás com dignidade e lançou um olhar fulminante para Gui.
— Você me deve uma, Weasley. E pode apostar que vou cobrar.
Ele ergueu as mãos com um sorriso envergonhado, mas os olhos ainda brilhavam.
— Tudo bem, talvez eu precise de um pouco mais de prática.
Os dois continuaram praticando o contra-feitiço, mas algo no tom de Gui havia mudado. null estava tensa, tentando acertar o movimento correto com a varinha, mas errava toda vez. Percebendo isso, Gui deu um passo à frente e pousou a mão suavemente no ombro dela.
— Ei, tá tudo bem — acalmou ele, a voz mais calma do que o normal. — Você consegue. Só respira.
Ela sentiu o calor subir pelo rosto ao perceber o quanto ele estava próximo. Tentando não transparecer o quanto isso a afetava, ela assentiu, respirou fundo e se concentrou no feitiço. Quando finalmente scertou, as cordas ao redor de Gui desapareceram em um estalo.
— Sabia que você ia conseguir — confidenciou ele, sorrindo com aquele jeito descontraído e confiante que só ele tinha. — Melhor dupla que eu poderia ter.
null tentou disfarçar o sorriso que se formou em seus lábios, mas as palavras dele ecoaram em sua mente por muito mais tempo do que gostaria de admitir.
Ela abaixou a varinha devagar, tentando ignorar o calor que parecia emanar de Gui. Ele estava perto demais, e a mistura do sorriso fácil dele com aquele jeito descontraído e confiante a deixava inquieta. Seu coração ainda batia acelerado, mas agora não era por causa do feitiço. Era ele.
Gui não parecia notar o que estava acontecendo com ela. Ele ajeitou as mangas do uniforme casualmente, o que só destacou os braços fortes que vinham da prática incansável no Quadribol. Sua popularidade era evidente — alunos sempre queriam estar por perto, professores reconheciam o talento dele, e as garotas… bom, null sabia que elas sempre reparavam. Era difícil ignorar os olhares admirados que Gui recebia por onde passava.
— O que foi? — perguntou ele, inclinando a cabeça para o lado quando percebeu que ela o observava.
null piscou, sentindo as bochechas queimarem.
— Nada — respondeu rapidamente, desviando os olhos e tentando focar no caldeirão vazio à frente. — Só estava pensando que você teve sorte de eu te salvar, considerando como você é péssimo com contra-feitiços.
Gui riu, o som leve e despreocupado.
— Ah, entendi. É isso que você vai usar pra me provocar agora? Bem, pode admitir, null… sem mim, suas aulas seriam bem mais sem graça.
— Ou bem mais tranquilas — retrucou, tentando soar confiante, mas sua voz falhou ligeiramente no final.
Ele se aproximou mais um pouco, apoiando o braço na borda da mesa entre eles, inclinando-se em sua direção. O sorriso dele suavizou, tornando-se algo menos zombeteiro e mais… genuíno. Algo que fez o estômago de null revirar de um jeito estranho.
— Sabe, você pode fingir o quanto quiser, mas eu sei que você gosta de me ter por perto. — A voz dele era baixa agora, quase como um segredo compartilhado entre os dois.
null o encarou, o coração disparando como se tivesse sido pega fazendo algo errado. O brilho divertido nos olhos de Gui parecia menos óbvio agora, substituído por algo mais intenso, algo que ela não conseguia decifrar. Por um instante, todo o barulho da sala — as risadas, o som de varinhas conjurando feitiços, o movimento dos outros alunos — desapareceu. Era só ela e Gui naquele momento, e a tensão que crescia entre eles.
Ela tentou rir, quebrar o silêncio, mas a voz saiu mais baixa do que queria.
— Tá muito confiante hoje, hein, Weasley?
Ele apenas deu de ombros, sem desviar o olhar.
— Só estou dizendo a verdade. Você é minha melhor amiga, null. Ninguém mais entende como a gente funciona juntos.
As palavras eram simples, mas a forma como ele disse fez o peito dela apertar. Ela sabia que ele estava falando de amizade, como sempre. Era isso que eles eram. Só amigos. Mas, naquele momento, com o sorriso dele tão próximo, com o peso do olhar dele sobre ela, era impossível não desejar que fosse mais. Ela segurou o livro com força, como se fosse um escudo contra os próprios sentimentos.
— Bom, alguém precisa salvar você de si mesmo, né? — respondeu finalmente, forçando um tom leve.
Gui riu e recuou, aliviando a tensão no ar. Mas enquanto ele voltava ao trabalho com a varinha, null percebeu que ainda sentia a proximidade dele como uma marca. E mesmo quando tentou se concentrar na aula, o sorriso dele — aquele sorriso descontraído que tantas pessoas admiravam — ficou preso na mente dela. Porque, por mais que ela tentasse se convencer do contrário, sabia que ninguém o enxergava do jeito que ela via.
O corredor estava quase vazio quando null saiu da aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. O som abafado dos passos ecoava nas pedras frias, e ela apertava os braços ao redor de si, tentando afastar a sensação estranha que vinha carregando desde o começo do dia. A aula com Gui tinha sido o ponto alto, mas o resto da manhã parecia envolto em uma névoa de inquietação. Não ajudava que o ar de Hogwarts estivesse mais pesado, como se o castelo respirasse junto com os segredos que guardava.
O corredor estava quieto, exceto pelo som dos passos de null ecoando nas pedras. Ela estava distraída, os pensamentos ainda presos à aula de Defesa Contra as Artes das Trevas e ao sorriso despreocupado de Gui. Era fácil se perder nesses momentos, mas hoje a inquietação parecia segui-la como uma sombra persistente. O castelo estava mais frio do que o normal, e null puxou a capa mais próxima do corpo, como se pudesse se proteger de algo invisível.
Ela virou um corredor estreito, os olhos abaixados, quando uma voz familiar e suave a fez congelar no lugar.
— Não costuma ser tão distraída, null.
O coração de null saltou. Ela ergueu o olhar lentamente e encontrou null null encostado casualmente na parede, um sorriso enigmático curvando seus lábios. Ele parecia perfeitamente à vontade, como se tivesse todo o tempo do mundo para perturbá-la. O cachecol verde e branco da Sonserina estava desarrumado em volta do pescoço, e a luz bruxuleante das tochas dava um brilho quase sobrenatural aos seus olhos claros.
— O que você quer, null? — perguntou ela, erguendo o queixo para disfarçar o desconforto que rastejava pela sua pele.
Ele não respondeu de imediato, apenas a olhou como se estivesse analisando cada detalhe, cada expressão, como se visse algo que mais ninguém podia ver. null apertou os braços contra o corpo, tentando ignorar o calor que subia por seu rosto.
— Nada demais — respondeu finalmente, a voz baixa e calma. Ele inclinou a cabeça, os olhos ainda presos nos dela. — Só me pergunto… como é carregar algo que você nem sabe que tem.
A respiração de null parou por um instante, o peso das palavras dele caindo sobre ela como uma pedra. O que ele quer dizer com isso?
Ela estreitou os olhos, tentando esconder o tremor na voz.
— Se tem algo pra dizer, null, seja claro. Não tenho tempo para seus joguinhos.
— Não são joguinhos, null — disse ele, a voz assumindo um tom quase suave, mas carregado de algo que ela não conseguia decifrar. — É só… curiosidade.
— Sobre o quê? — desafiou ela, mesmo que uma parte sua quisesse sair correndo.
Ele deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles. null não recuou, mas o coração batia forte contra as costelas. Ele se aproximou o suficiente para que a sombra da parede os envolvesse, como um segredo compartilhado apenas entre eles.
— Você — disse ele, simplesmente. A palavra saiu devagar, como se ele quisesse medir o impacto que causaria. — É fascinante observar como alguém pode estar no centro de algo tão grande… e não ter ideia.
O tom dele era sereno, mas as palavras a atingiram como um golpe. Ela tentou manter a postura firme, mas o nó em sua garganta era difícil de ignorar. null a estudava como se esperasse uma reação, um sinal de que ela entendia o que ele queria dizer. Mas ela não entendia. Não totalmente. E isso era o que mais a incomodava.
— Se você está tentando me assustar, vai precisar de mais do que insinuações vagas — respondeu, cruzando os braços em um gesto defensivo.
Ele sorriu, um sorriso pequeno e calculado que só reforçava a sensação de que ele sabia algo que ela não.
— Não estou tentando te assustar. — null se inclinou levemente, sua voz quase um sussurro. — Só estou dizendo que há coisas em Hogwarts… e em você… que talvez você não esteja pronta para descobrir.
null sentiu um arrepio percorrer sua espinha, mas se recusou a desviar o olhar.
— E quem disse que você sabe alguma coisa sobre mim?
Ele recuou um pouco, mas seus olhos continuavam fixos nos dela.
— Digamos que eu tenho um talento especial para notar o que os outros não veem.
Por um momento, o corredor pareceu se fechar ao redor deles. Era como se null tivesse levado todo o ar com ele, deixando-a sozinha com o peso das palavras. Ele a observou por mais alguns segundos, como se quisesse gravar sua reação, antes de se afastar com a mesma tranquilidade de quem acaba de ganhar uma partida.
— Até logo, null — disse ele, o tom casual, mas carregado de significados que ela ainda não conseguia compreender.
null ficou ali, olhando enquanto ele desaparecia na curva do corredor, o som de seus passos se apagando gradualmente. Ela soltou um suspiro trêmulo, percebendo que estava segurando a respiração. As palavras dele ecoavam em sua mente, junto com a sensação incômoda de que null sabia algo que ela não — algo sobre ela. E isso a perturbava mais do que queria admitir.
null ainda sentia o peso das palavras de null null ecoando em sua mente. O encontro no corredor havia sido breve, mas suficiente para deixá-la inquieta. “Como é carregar algo que você nem sabe que tem?” A frase martelava como um feitiço mal conjurado, impossível de ignorar. null a olhara como se já soubesse de algo que ela ainda estava tentando entender — como se ele tivesse todas as respostas, mas se recusasse a entregá-las. Isso a deixava louca.
Ela estava sentada no canto da biblioteca, a cabeça apoiada em uma mão, enquanto fingia ler um livro de Runas Antigas. A verdade era que não conseguia se concentrar em nada. Cada vez que fechava os olhos, a intensidade no olhar de null voltava à sua mente, junto com aquele sorriso calculado. Ele sabia de alguma coisa. Algo sobre ela, ou sobre a conexão que parecia pairar entre eles.
E ela precisava descobrir o que era.
null fechou o livro com força, atraindo olhares de outros estudantes. Ela ignorou e olhou para a mesa à sua frente, onde um pedaço de pergaminho amassado estava coberto de rabiscos que não faziam sentido. null era inteligente, mas também arrogante. Ele não guardaria informações importantes em qualquer lugar. Se ela quisesse respostas, teria que ir direto ao ponto: seus pertences.
A ideia parecia absurda no início, mas quanto mais ela pensava, mais fazia sentido. null null não confiava em ninguém, mas talvez ele confiasse demais em si mesmo. Ele era meticuloso, mas ninguém é perfeito. E se ele realmente tivesse algo importante, estaria escondido em um lugar onde se sentisse intocável: a sala comunal da Sonserina.
null mordeu o lábio inferior, ponderando. Era perigoso, claro. Mas o olhar provocador de null, suas insinuações e seu jeito misterioso estavam começando a consumir seus pensamentos. Se ele queria que ela ficasse intrigada, tinha conseguido. E se ela quisesse respostas, teria que se arriscar.
— Tá pensando tão forte que dá pra ouvir daqui. — A voz descontraída de Carlinhos Weasley a tirou de seus pensamentos.
null ergueu o olhar para vê-lo jogando a mochila sobre uma cadeira ao lado dela, o rosto com aquele sorriso constante de quem parecia nunca levar nada a sério. Ele se sentou como se fosse o lugar mais confortável do mundo, puxando um dos livros que ela havia empilhado na mesa.
— O que você quer, Carlinhos? — perguntou, tentando não soar irritada.
— Nada demais. Só achei curioso você parecer tão… determinada. — Ele inclinou a cabeça, os olhos azuis brilhando com curiosidade. — Então, o que tá tramando, null?
Ela hesitou. Talvez fosse um plano absurdo, mas Carlinhos era exatamente o tipo de pessoa que ela precisava: rápido, esperto e corajoso. Além disso, ele gostava de um bom desafio.
— Eu preciso entrar na sala comunal da Sonserina — disse ela, sem rodeios.
Carlinhos piscou, a expressão de surpresa durando apenas um segundo antes de ser substituída por um sorriso cheio de empolgação.
— Você tá falando sério? Porque se estiver, isso é incrível.
— Não é incrível. É arriscado. — null respirou fundo, tentando manter a seriedade. — Mas preciso fazer isso. Tem algo que o null sabe… algo que pode estar nos pertences dele. Um livro, um diário. Eu acho que tem informações sobre minha família. E eu não vou esperar ele decidir me contar.
Carlinhos inclinou-se para frente, agora genuinamente interessado.
— Um diário de null? Então você quer roubar segredos da Sonserina? Por que você não começou com isso? Eu já tô dentro.
— Não tô pedindo pra você se meter — disse null, embora soubesse que precisava dele.
— Claro que tá — respondeu Carlinhos, já sorrindo de novo. — Porque você sabe que eu sou a única pessoa corajosa o bastante pra ajudar você nessa loucura.
Ela suspirou, mas um sorriso relutante surgiu em seus lábios.
— Tudo bem. Mas isso tem que ser feito rápido e com cuidado. Se a gente for pego, não vou assumir nada por você.
— Justo. — Ele se levantou, parecendo mais animado do que deveria. — Então, qual é o plano?
null se recostou na cadeira, o coração acelerado com a ansiedade e a determinação. Era arriscado. Mas se null queria brincar de provocá-la, ela estava pronta para jogar.
— A gente vai entrar e sair sem deixar rastros. Mas vou precisar que você distraia quem aparecer… enquanto eu encontro o diário.
Carlinhos sorriu, a empolgação evidente. — Tá no papo, null. Vai ser divertido.
E enquanto eles começavam a planejar os detalhes, null não conseguia evitar o pensamento de que null null não fazia ideia do que estava por vir. Mas, em algum lugar no fundo, ela também sabia que isso só complicaria as coisas ainda mais entre eles.

[…]


Os corredores de Hogwarts estavam mais escuros do que o normal naquela noite. As tochas brilhavam fracamente nas paredes de pedra, lançando sombras que pareciam se mover sozinhas. null caminhava com passos firmes, segurando a varinha em uma mão e tentando ignorar o nervosismo que fazia seu coração bater rápido. Ao seu lado, Carlinhos Weasley caminhava com um sorriso despreocupado, como se estivessem indo para uma brincadeira qualquer e não para invadir a sala comunal da Sonserina.
— Sabe, null, eu não vou mentir — disse Carlinhos, empurrando a mecha de cabelo ruivo que sempre caía nos olhos. — De todos os planos absurdos que eu já participei, esse aqui é o melhor. Invadir a Sonserina? Procurar o diário de um dos null? O que pode dar errado, né?
null lançou um olhar irritado para ele, mas não conseguiu conter um sorriso. Carlinhos era a escolha perfeita para essa missão — ousado, rápido e, acima de tudo, sem medo de quebrar algumas regras.
— Nada vai dar errado, Weasley. Contanto que você siga o plano.
— Que é basicamente improvisar tudo, certo? — Ele riu baixinho, colocando as mãos nos bolsos. — Então, o que era mesmo que estamos procurando?
null hesitou antes de responder, os dedos apertando a varinha.
— Um livro. Um diário, na verdade. De um ancestral da família null. — Ela parou e olhou para ele. — Acho que ele pode ter informações sobre… minha família.
Carlinhos piscou, surpreso, mas não fez perguntas.
— Certo, um diário. Facílimo. Aposto que null null deixa isso jogado em cima da mesa de cabeceira, com uma plaquinha escrito ‘Por favor, roube-me’.
Ela revirou os olhos.
— Só me ajuda a entrar. Você vai distrair quem aparecer. Eu procuro o diário.
Eles se aproximaram da entrada da sala comunal da Sonserina, um pedaço de parede lisa sem nenhum indício de onde começava a passagem. null sabia que precisava da senha, mas Carlinhos tinha se preparado.
— Relaxa, ouvi uns sonserinos falando — disse ele, orgulhoso. — É ‘Sangue Antigo’. Bem dramático, né?
null murmurou um agradecimento e repetiu a senha. A parede se abriu lentamente, revelando a sala comunal da Sonserina. Era exatamente como ela imaginava: elegante e sombria, com poltronas de couro verde e prata e uma grande lareira de pedra que lançava sombras pelo ambiente.
— Uau. Eles realmente sabem como ser… assustadores — comentou Carlinhos, olhando ao redor com um assobio baixo.
null ignorou, movendo-se rapidamente para o canto onde imaginava que null guardava seus pertences. Ela se ajoelhou ao lado de uma mesa de madeira escura, abrindo gavetas e folheando livros até encontrar um volume antigo com uma capa de couro desgastada. Gravado na capa havia o brasão da família null, um corvo com asas abertas, envolto por espirais que pareciam garras.
O diário.
Ela o segurou com cuidado, sentindo o peso do momento. Mas antes que pudesse dizer algo, ouviu o som de passos vindo do corredor. Seu coração disparou.
— Alguém tá vindo! — sussurrou Carlinhos, correndo para o lado dela.
null mal havia guardado o diário embaixo da capa quando ouviu passos firmes no corredor. Seu coração disparou, e ela congelou no lugar. null. Claro que tinha que ser ele. Ele sempre aparecia nos momentos mais inconvenientes, como se tivesse um sexto sentido para confusão. Carlinhos ainda estava na entrada da sala comunal, tentando manter sua pose despreocupada.
null entrou na sala, seu olhar imediatamente pousou em Carlinhos. Ele parou, cruzando os braços, e o sorriso que surgiu em seu rosto era metade diversão, metade ameaça.
— Weasley — disse ele, arrastando o nome com um tom carregado de desdém. — O que exatamente você está fazendo na sala comunal da Sonserina? Tentando aprender alguma coisa? Ou só se perdeu no caminho pra Grifinória?
Carlinhos deu de ombros, mantendo a postura confiante.
— Só achei que devia conferir se vocês realmente moram num calabouço. Não decepcionou.
null estreitou os olhos, claramente não convencido, mas antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, sua atenção foi desviada. null tinha saído de trás de uma das poltronas, como se fosse apenas uma espectadora da cena.
— Ele está comigo — disse ela, sem dar tempo para null reagir. Ela cruzou os braços, erguendo o queixo. — Eu o trouxe aqui porque precisamos falar com você.
null arqueou uma sobrancelha, o interesse evidente no rosto.
— É mesmo? E eu deveria acreditar nisso por quê?
null lançou um olhar rápido para Carlinhos, tentando sinalizar que ele deveria aproveitar a brecha. Depois, voltou a olhar para null, dando um passo à frente.
— Porque é verdade. Eu ouvi você falando sobre… algo interessante mais cedo. Algo que pode me interessar. — Ela inclinou a cabeça, o tom carregado de insinuação. — Achei que seria mais fácil resolver isso pessoalmente.
null não pareceu convencido, mas sua expressão mudou, passando de ceticismo para curiosidade. Ele deu um passo em direção a ela, ignorando Carlinhos completamente agora.
— E o que exatamente acha que eu tenho para você, null?
null engoliu em seco, tentando manter a compostura enquanto cada fibra do seu corpo gritava para sair dali. Distrair, só distrair.
— Talvez você seja mais interessante do que eu pensei — continuou null, sua voz baixa e carregada de ironia. — Mas trazer um Weasley para cá? Não é exatamente o que eu chamaria de sutil.
Carlinhos, percebendo que null estava distraído, começou a se mover lentamente em direção à saída, mas null percebeu. Ele virou a cabeça ligeiramente, o sorriso voltando.
— Achou que eu não ia notar?
null pensou rápido, o coração disparado. Se Carlinhos fosse pego, seria desastroso. A Grifinória perderia pontos, e o professor Snape provavelmente faria de tudo para humilhar Gui e a família Weasley inteira por conta disso. Ela respirou fundo e fez o que precisava ser feito.
— Não distraia ele, null. Ele só veio comigo porque eu pedi. — Ela caminhou para mais perto de null, erguendo o queixo para encará-lo diretamente. — Se tem alguém que você quer pegar aqui, sou eu. Não ele.
O sorriso de null desapareceu por um segundo, substituído por uma expressão que null não conseguiu decifrar. Ele parecia estar avaliando a situação, os olhos indo de Carlinhos para ela. Depois de um momento, ele inclinou a cabeça.
— Muito bem, null. Você tem a minha atenção. Mas espero que saiba o que está fazendo.
null mal havia conseguido disfarçar o alívio quando Carlinhos desapareceu pelo corredor. O peso no peito dela aliviou, mas não por completo. null ainda estava ali, parado a poucos passos dela, o olhar fixo como se pudesse ler cada pensamento que passava por sua mente.
Ela tentou se afastar, mas antes que pudesse dar um passo, a voz dele a deteve.
— Você acha que isso acabou, null? — perguntou ele, em um tom suave, mas carregado de significado.
null se virou lentamente, tentando manter a compostura.
— O que você quer, null? Já deixei claro que o Carlinhos não tem nada a ver com isso. Se você quer me punir, então me puna.
Ele sorriu, aquele sorriso enviesado que fazia seu sangue ferver de raiva e… algo que ela preferia não identificar. null deu um passo à frente, os olhos fixos nos dela como se estivesse se divertindo com o desconforto que causava.
— Punir você? — repetiu ele, como se estivesse considerando a ideia. — Não. Isso seria muito previsível, não acha?
null estreitou os olhos, tentando entender o que ele queria dizer.
— Então o que você quer?
Ele ficou em silêncio por um momento, o sorriso desaparecendo, mas os olhos ainda brilhando com uma intensidade desconcertante. Finalmente, ele cruzou os braços, inclinando a cabeça levemente para o lado.
— É simples — disse ele, com a calma de quem sabia que tinha o controle da situação. — Eu deixo você sair daqui sem consequências. Mas há uma condição.
null sentiu o coração acelerar, mas manteve a postura firme.
— E qual seria essa condição?
O sorriso voltou aos lábios dele, lento e calculado.
— Você vai comigo a Hogsmeade no próximo sábado.
O silêncio que se seguiu foi quase ensurdecedor. null piscou, certa de que havia ouvido errado. Ele só podia estar brincando.
— O quê? — perguntou ela, finalmente, a voz saindo mais alta do que pretendia. — Você tá falando sério?
null riu baixinho, mas não respondeu de imediato. Ele se aproximou mais um passo, e null sentiu a garganta secar.
— Totalmente sério. Considera isso um acordo… ou, se preferir, uma troca.
Ela abriu a boca para protestar, mas ele a interrompeu, levantando uma sobrancelha.
— Pense bem, null. O que é pior: passar algumas horas comigo ou lidar com as consequências de ser pega invadindo a sala comunal da Sonserina?
null apertou os lábios, o rosto queimando de frustração. Ele sabia que tinha vantagem, e ela odiava isso. Mas não havia outra saída. Se null fosse até os professores ou até mesmo espalhasse o que viu, ela estaria em sérios problemas. E, pior, Carlinhos também.
Ela respirou fundo, cruzando os braços.
— Tudo bem. Mas não pense que isso significa qualquer coisa.
null sorriu como se ela tivesse acabado de fazer exatamente o que ele queria.
— Eu não esperaria menos de você. — Ele deu um passo para trás, o olhar ainda fixo nela. — Vejo você no sábado, null.
Ele se virou e saiu pela porta, deixando null sozinha na sala comunal, ainda segurando o diário debaixo da capa. Ela soltou um suspiro pesado, o peso da noite finalmente caindo sobre ela. Que tipo de jogo null estava jogando?
Enquanto ela se apressava para sair antes que mais alguém a visse, uma coisa era certa: o sábado em Hogsmeade seria bem mais complicado do que ela havia imaginado.




Continua...



Nota da autora: Olá, bruxos e bruxas! Adoraria saber o que vocês acham da história até agora! Deixem seus comentários, sugestões e expectativas para os próximos capítulos. Sua opinião é mágica para mim!
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