contador de acesso grátis
Última atualização: 20/05/2022
Music Video: Only You — Little Mix & Cheat Codes

Capítulo Único

Era uma vez uma cidadezinha praiana, ao sul dos Estados Unidos, onde não importava qual era o dia da semana, sempre haveria uma festa em alguma residência abarrotada de jovens entusiasmados. Em pleno meio de semestre, esperava-se uma correria para todos os lados, salas de aulas cheias, ao passo que as baladas e pubs ficavam quase desertos, mas isso não era a cara de Sunnydale.
Como o próprio nome já dizia, o sol gostava de ficar por ali o máximo que podia e só se despedia depois das nove da noite, dando carta branca para que seus moradores curtissem suas vidas ao extremo. Era por isso que todos queriam se mudar para aquela que seria apenas mais uma cidade universitária, se não fossem as festas e algumas lendas que rondavam os povoados vizinhos.
Segundo os mais velhos, Sunnydale havia sido o lar de diversas criaturas sobrenaturais antes que os humanos tomassem conta e estabelecessem suas colônias. Após isso, quase todas se extinguiram ou haviam debandado e ido em busca de territórios mais seguros. Apenas uma delas ainda os visitava, embora não se soubesse em qual época do ano, porém a verdade era que nenhum jovem realmente acreditava nisso ou se importava.
podia jurar que aquela era a noite mais quente de toda a sua vida. Não porque aquela festa estava repleta de garotas lindas, mas porque estava calor mesmo, do tipo que faria inveja ao Diabo.
Uma risada escapou de seus lábios quando ele se deu conta do que estava pensando e um gole longo na garrafa de cerveja fez uma careta frustrada aparecer em suas feições porque tinha ficado tanto tempo perdido nos próprios pensamentos, que a cerveja não estava mais gelada do jeito que gostava.
A música alta tornava difícil qualquer conversa que não acontecesse aos berros, então ele nem se deu o trabalho de avisar aos amigos que ia buscar outra cerveja, apenas se embrenhou no meio das pessoas e caminhou pela casa, que parecia não acabar mais de tão abarrotada de gente que estava.
— Até que enfim eu te achei, . Tá gostando da festa? — Ele ergueu uma sobrancelha assim que fechou o grande freezer, reconhecendo a voz e logo em seguida o belo par de pernas da garota que se sentava na bancada da pia da cozinha.
— Você sabe bem que eu não sou muito chegado a essas festas cheias de gente. Prefiro algo mais privado, se é que me entende. — Bebeu um gole da nova cerveja, agradecendo aos céus por dessa vez estar no ponto que gostava.
Imediatamente, a moça lhe abriu um sorriso repleto de malícia.
— Não seja por isso. O lado bom desses eventos é que sempre tem quartos vagos para algo mais reservado, do jeito que você gosta.
desceu seu olhar descaradamente para as pernas da garota e passou a língua pelos lábios de forma exagerada, o que arrancou risadas altas dela.
— Só se for agora. Pelo tamanho dessa casa, eu não duvido que tenha mesmo — comentou, se aguentando para não rir junto com ela, que balançou a cabeça em negação.
— Você não presta, garoto. Uma hora dessas eu vou acabar aceitando essas suas propostas indecentes. — Um biquinho se formou nos lábios da loira e bebeu mais um pouco de cerveja, dando alguns passos na direção dela e lhe lançando um meio sorriso.
— Não vai, não. Todo mundo sabe que você é apaixonada pelo Stanley e ele por você, então se resolvam logo e parem com esse fogo no rabo. — Ela acabou rindo da última parte, fazendo alargar o sorriso.
— Eu não tenho culpa se o seu amigo não toma nenhuma atitude, . Só que também não dá pra ficar o resto da minha vida esperando por ele. — Roubou a garrafa de e deu um gole na cerveja, que já passava da metade. suspirou.
— E onde tá escrito que você precisa esperar o cara tomar alguma atitude, Ally? Não tem nada de errado numa garota tomando a iniciativa. — disse, com sinceridade.
— Você acha mesmo? Não vou parecer oferecida, ou...
— Ei, pare com isso. Vai nessa e não dê corda para o que os outros podem pensar. A vida é tua e o Stanley não é doido de não gostar. — Piscou ao interromper Alyssa, que rapidamente desceu da bancada e abriu um sorriso grande para o rapaz.
— Você é um amigo incrível, . Obrigada. — Deu um beijo no rosto dele e então saiu atrás de Stanley.
— É, eu sei — murmurou, já caçando outra cerveja e resolvendo voltar até seu grupo de amigos.
Atravessou o aglomero quase se arrependendo porque o calor quadruplicava nessas horas, e assim que encontrou metade de seu grupo, nem perguntou onde os outros estavam. Provavelmente estavam chapados por aí ou agarrando alguém.
— Festa nos Portman na sexta, . Você fecha? — Foi interrompido no meio de uma conversa, sentindo que Ross lhe dava um tapa nos ombros.
— O dia que o não fechar uma festa, trocaram ele por um gêmeo sinistro — Brent respondeu por ele, fazendo-o rir.
— Por que tem que ser gêmeo? Não to sabendo de mais um irmão, não, cara. — continuou rindo.
— E falando em irmãos, pode chamar a Kimberly. — Ross nem conseguiu conter suas intenções.
— Já te falei pra passar longe da minha irmã, seu otário — resmungou, revirando os olhos por pura implicância. Sabia que o amigo não seria capaz de fazer mal à sua irmã mais nova.
— É sério, . Chama a Kim — o garoto insistiu.
— Tá, que seja. — Deu de ombros e desviou rapidamente o assunto para qualquer coisa aleatória que não fosse a obsessão repentina de Ross em sua irmã mais nova.
estava escorado em uma das paredes da grande sala, onde haviam improvisado uma pista de dança. A festa não estava de todo ruim, mas no fundo o rapaz já estava entediado, considerando seriamente a ideia de ir para casa passar o resto da noite fumando maconha sentado na janela de seu quarto. Só uma boa brisa seria capaz de fazê-lo sentir que aquela noite valeu a pena.
Conteve o impulso de ir embora, resolvendo dar uma última chance à festa e desviou seu olhar para a pista improvisada, prestando atenção nas pessoas que dançavam. Foi quando seus olhos se fixaram em uma figura que ele podia jurar nunca ter visto em Sunnydale. Claro que gente nova sempre chegava, mas na verdade o que lhe chamou atenção não foi apenas o fato de não a conhecer e sim o de que ele duvidava que já tivesse visto alguma garota mais bonita do que aquela.
Precisaria de muita força de vontade para não a engolir com seus olhos, mas não era conhecido pelo autocontrole, muito pelo contrário. Quando algo lhe atraía, ele ia atrás e por isso mesmo o rapaz, completamente hipnotizado, ajeitou sua postura, pronto para ir até a garota, mas esperando algum sinal da parte dela.
Acompanhou o movimento da cintura da moça de um lado para o outro, como se assim desenhasse ainda mais o arco de seus quadris. Então seu olhar se demorou nas pernas dela e subiu, observando o leve decote e se fixou na boca dela, que parecia tão carnuda e deliciosa que ele soube naquele segundo que precisava experimentá-la e faria de tudo para conseguir o que queria.
Um sorriso ladino se formou nos lábios da garota. Ela sentia diversos olhares sobre si, mas um em particular lhe chamou a atenção. Notou o rapaz encostado a uma parede, quase lhe comendo com os olhos e sentiu vontade de rir. Ou ele era péssimo em disfarçar, ou não fazia nenhuma questão, e as duas opções lhe soavam maravilhosas.
Notando que o olhar dele se fixou em seus lábios, ela os mordeu devagar e continuou dançando, deixando o ritmo da música comandar seus movimentos, mexendo a cintura de um lado para o outro e passando as mãos desde seu decote até quase chegar à sua barriga.
— Puta merda — murmurou, embasbacado pelo desejo absurdo que subitamente crescia nele, como se algo o puxasse com força na direção da garota.
Então ele sorriu de volta, deixando explícito em seu olhar que queria muito juntar seu corpo ao dela naqueles movimentos, por mais que não fizesse ideia de qual música estava tocando. Não era importante.
Ela apenas manteve seus olhos presos aos dele, descendo devagar até o chão num rebolado tão gostoso de se ver que mordeu a própria boca sem nem ao menos se dar conta disso. A moça então tornou a subir e o brilho malicioso no olhar dela fez com que ele entendesse que aquela era a aprovação para se aproximar.
O rapaz então não hesitou, dando alguns passos na direção daquela mulher maravilhosa, sentindo seu corpo vibrar com a adrenalina do primeiro contato e foi num piscar de olhos que de repente ele já não seguia mais na direção dela.
parou no meio do caminho, piscando os olhos mais algumas vezes e então olhando ao redor, procurando qualquer sinal dela, mas, quando não encontrou, se sentiu idiota.
Culpou Bret e Stanley, que passaram na frente dele enquanto ele caminhava na direção dela, e depois franziu o cenho porque ninguém sumia assim do nada. Não havia rastro algum da presença dela e, pensando bem, uma garota como aquela sozinha em uma festa era bom demais para ser verdade.
Lançou um olhar feio para a garrafa vazia em sua mão e cheirou o gargalo, tentando notar se tinha algo de diferente ali, mesmo sabendo que não era assim que acharia vestígios de drogas.
— Certeza que me deram ácido — resmungou, ficando irritado consigo mesmo e com os amigos.
Sem se despedir de ninguém, saiu da festa com uma enorme sensação de frustração ao entrar em seu carro.
Aquela havia sido a melhor e a pior alucinação que havia tido.


🧜‍


Toda vez que precisava se desligar do mundo, agradecia à sua mãe por gostar de grandes janelas nos quartos. A sensação de ficar ali recostado a uma delas enquanto tragava a fumaça lhe trazia paz em deliciosas proporções.
Nem ligou para o cheiro de maconha que se espalhava por seu quarto. No dia seguinte, talvez lhe enchessem o saco, mas ele não queria pensar no dia seguinte. Na verdade, ele não queria pensar em nada.
Fechou os olhos, enquanto sentia cada uma de suas terminações nervosas relaxarem. Logo era como se uma nuvem o carregasse pelo céu e ele riu com isso, cada vez mais calmo e sereno.
Então seu sorriso se desfez quando o rosto da bela garota surgiu em sua mente.
Não conseguia acreditar que era uma alucinação. Tudo parecia tão real. Ela parecia tão real.
O calor estava intenso, mas parecia ainda pior quando ele a observava. Seu corpo reagia aos movimentos dela, como se a acompanhasse involuntariamente, como se fosse impulsionado a tocá-la. não entendeu a necessidade absurda de ter alguém que ele ao menos conhecia. Falar em paixão seria ridículo, era desejo mesmo. Puro e ardente.
De repente, ela parecia tão perto que mais um pouco e ele sentiria seu cheiro, mas queria mais. Ele queria tocá-la, precisava disso.
Mais uma vez, seguiu na direção da moça, seus batimentos até se aceleraram em expectativa ao mesmo tempo em que o receio de ela sumir novamente lhe deixava agoniado.
Ficou surpreso quando isso não aconteceu, mas se recompôs rapidamente e, como se tivesse ensaiado, seu corpo se moldou perfeitamente ao dela, seguindo o ritmo da música que tocava quando ela o acompanhou. E eles permaneceram vários minutos daquela forma, atiçando um ao outro, deixando que o calor se intensificasse ainda mais.
Um sorriso moldou os lábios dele e ela o retribuiu enquanto o silêncio reinava entre os dois porque palavras não eram necessárias, já que os olhares se comunicavam faiscantes. Ele a queria absurdamente e ela estava adorando a fome que o rapaz demonstrava. Tornava impossível para ela não querê-lo de volta.
— O seu nome, qual é? — ele murmurou, ao aproximar seus lábios do ouvido dela para que escutasse sem muita interferência da música alta. De repente, estava doido para ouvir a voz dela.
Mas ela apenas lhe respondeu com uma risada baixa, que teria lhe atiçado ainda mais a descobrir qual era, se a garota não aproximasse seus lábios dos dele em seguida, parando ao ponto de quase se encostarem. Então ela deixou que um suspiro escapasse, indicando que ele podia provar o que tanto desejava.
não hesitou em grudar seus lábios aos dela e franziu o cenho quando não a sentiu beijá-lo de volta.
O berro de um mosquito em seu ouvido fez com que abrisse os olhos e percebesse então que estava de volta à janela de seu quarto e, além de alucinações, agora sonhava com a garota desconhecida.
E enquanto se arrastava até a cama, questionou se não estaria ficando louco.


🧜‍


Esconder o mau humor naquela manhã foi praticamente impossível. Além de ter acordado bem antes do despertador tocar e não ter conseguido voltar a dormir, toda vez que deixava seus pensamentos vagarem, eles voltavam para a garota misteriosa, que o rapaz sabia ser fruto de sua imaginação drogada e fértil.
Tentou de tudo um pouco para se livrar dela. Tomou banho gelado, colocou alguma música para tocar e até pegou um dos livros da faculdade para estudar um pouco, mas nada disso deu certo. Ele se distraía por uns minutos e logo ela estava de volta ali.
acabou se rendendo aos encantos daquela ilusão por mais alguns minutos, até que, num susto, ele percebeu que já estava quase atrasado para a aula e precisou sair correndo de seu quarto.
Quando estava no colegial, nunca tinha pensado muito em ter uma vida acadêmica e essas coisas todas. O maior sonho dele era sair de Sunnydale e viajar pelo mundo, descobrir aqueles paraísos escondidos, explorar os lugares que sempre via nos documentários que os professores passavam. Mas os pais de jamais permitiriam que ele colocasse uma mochila nos ombros e saísse por aí. Cansado de ficar discutindo, ele acabou aceitando ir para a faculdade. Aos menos os possuíam uma empresa no ramo da biotecnologia e o rapaz se viu criando uma certa afinidade pelo curso.
era do tipo festeiro, popular desde os tempos de escola e sempre aparecia em todo tipo de eventos, mas, por maior que fosse sua ressaca no dia seguinte, ele não tinha costume de faltar às aulas. Primeiro porque sabia que qualquer sinal de que ele não se dedicava o suficiente poderia lhe custar a gorda mesada que recebia do pai, segundo que no final das contas ele estava mesmo gostando, e terceiro que quanto mais rápido se formasse, mais rápido poderia se tornar independente.
Passou quase correndo pelo corredor e conteve a vontade de bufar de irritação ao ver que a porta do quarto da irmã estava fechada, sem sinal algum de que ela estava pronta. Não era do feitio de Kimberly se atrasar para a aula, mas ele não tinha tempo para questionar. Bateu à porta rapidamente e alto o suficiente para que fosse ouvido, então esperou poucos segundos antes de bater de novo, porque paciência não era uma de suas qualidades.
— Kim, vamos embora! Tá em cima da hora já. — Sua voz soou mais rouca do que ele gostaria, mas sabia que ela entenderia ainda assim e por isso ficou irritado quando não obteve resposta.
— Kimberly! Morreu aí dentro, foi? — resmungou, tentando girar a maçaneta, mas a porta estava trancada e ele franziu o cenho. Aquilo também não era do feitio dela. — Kim?
Já estava achando que ela não veio pra casa, o que não fazia sentido, porque a porta estava trancada, quando a porta se abriu minimamente e sua irmã apareceu pela fresta com a maior cara de que não havia dormido naquela noite.
— Oi, . — Aquilo quase o fez perder o resquício de paciência que tinha, mas acabou que a preocupação com ela foi maior.
— Kim, tá tudo bem? — questionou, analisando a irmã em busca de sinais físicos.
— Sim. — Ela parecia agoniada. — Quer dizer, não. Não estou me sentindo muito bem. Melhor eu faltar a aula hoje, desculpe. — Fez uma careta.
— Ih, o que aconteceu? Te fizeram alguma coisa ontem na festa? Não te vi mais lá e...
— Não, . Eu só bebi um pouco além da conta e ir pra aula vomitando o mundo não vai ser muito legal. Depois eu me resolvo com o Sr. — cortou o irmão, que, por algum motivo, não estava conseguindo acreditar naquela história de beber demais.
— Kimberly — ele a repreendeu, mas ela negou com a cabeça.
— Você vai se atrasar, irmão. Sai logo daqui. — Riu nervosa e ele acabou se dando por vencido.
— Tá certo. Vê se melhora então. Lá no meu quarto tem umas aspirinas se te ajudar. — Se aproximou para dar um beijo no rosto da irmã, mas parou no ato, fazendo uma careta. — Se tiver alguém com você aí, sugiro que mande dar o fora o quanto antes. Você lembra como foi da última vez. — Piscou para Kimberly e se afastou, seguindo logo para fora de casa.
Os tinham uma política rígida quanto a trazer outras pessoas para dormir em casa. Além da permissão da matriarca, em hipótese alguma o hóspede poderia ser do sexo oposto e mesmo que Kimberly estivesse com alguma amiga, não avisar Rosalind era pedir para ouvir o dia inteiro de sermão.
Enquanto acelerava o carro, não deixou de lembrar o quanto queria ir embora logo daquela casa.


🧜‍


Ao contrário do que desejava, as aulas daquele dia só conseguiram distraí-lo parcialmente. Embora ele não fizesse o tipo que prestava fiel atenção aos professores, tentou o máximo que pôde, mas, quando deu por si, estava mais uma vez parado, observando de longe a garota que dançava sem desviar os olhos dos seus.
Para sua sorte, ou talvez azar, ele não teve aulas práticas naquele dia e até agradeceu porque estava distraído demais e Ross era seu parceiro de bancada. Ele sinceramente não estava com paciência para ouvir o amigo falando eternamente sobre Kimberly e não queria mesmo saber o motivo de ele de repente ter se encarnado nela.
Assim que estacionou o carro na garagem de casa, ficou por alguns minutos dentro do veículo, batucando no volante até que Come as you are, do Nirvana, terminasse. Era um costume que ele tinha de sempre deixar as músicas tocarem até o final antes de desligar o rádio.
Seguiu para dentro de casa, girando o molho de chaves em um dos dedos e passou reto pela sala, sem prestar atenção porque ele só queria tomar um banho e comer alguma coisa.
— Mãe, me desculpe, mas eu realmente não teria trazido a assim se não fosse uma emergência. É um caso de vida ou morte e são só alguns dias, eu prometo. — Escutou a voz de Kimberly implorar, mas não deu muita atenção.
— Você sabe muito bem que não pode trazer as pessoas assim para dentro de casa, Kimberly. Preciso falar com os pais da . Afinal, de onde você a conhece? Da faculdade certamente não é — Rosalind afirmou, e revirou os olhos por isso. Não gostava da maneira arrogante que seus pais se portavam, como se fossem os donos de Sunnydale.
— Eu sou nova na cidade, senhora . Meus pais estão mortos e eu vim conhecer um pouco da faculdade. Falei para a Kimberly que posso perfeitamente ficar em algum outro lugar, mas ela insistiu e...
não soube dizer o que naquela voz o atraiu, mas, quando se deu conta, ele dava meia volta e chegava até a sala, sentindo suas entranhas se revirarem ao dar de cara com ela, a garota da festa.
Entrou ali tossindo feito um louco e atraindo os olhares das três mulheres, mas a moça não demonstrou nada além da surpresa pela interrupção, o que fez ele se sentir um tanto frustrado.
, você está em casa! — Rosalind exclamou, encarando o filho dos pés à cabeça e demonstrando em seu olhar a desaprovação às roupas do rapaz. Por ela, ele andava de roupas sociais como fazia Lincoln, seu filho mais velho.
— Não estava, cheguei agora. O que tá acontecendo? — perguntou, sem nem notar o olhar da mãe, porque não conseguia desviar seus olhos da garota. Será que estava sonhando de novo? Ele tinha cochilado na aula ou no volante?
— Sua irmã nos trouxe uma hóspede. — O tom de voz da mais velha o incomodou.
, essa é a , minha amiga. Ela precisa ficar uns dias aqui em casa, mas sabe como a mamãe é. — desviou seu olhar para Kimberly, que demonstrava uma certa súplica no seu. Era um tiro no escuro, já que o rapaz não tinha muita moral com a mulher, mas ainda assim ele tentou ajudar.
— E qual é o problema, mãe? Tá achando o quê? Que a vai assaltar a gente? Se for o caso, já te digo que eu sei lutar muay thai e tu não vai muito longe, não — se dirigiu à moça, que lhe lançou um meio sorriso e naquele momento ele sabia que a noite anterior não era fruto de sua imaginação, embora ainda não soubesse explicar como ela tinha sumido do nada.
— Entendido — ela soltou, com a voz meio risonha.
— Tá vendo, mãe? São só alguns dias — Kimberly voltou a suplicar e Rosalind soltou um suspiro resignado.
— Que seja, Kimberly. Mas por alguns dias e nada mais. E a senhorita vai me dar detalhes sobre de onde veio. Não sou de hospedar qualquer um na minha casa. — Apontou para e depois saiu sem nem ao menos dar tempo para respostas.
— Me desculpa pela minha mãe, . Ela só não é a pessoa mais arrogante do mundo porque existe o meu pai. — Fez uma careta para a moça.
— Fica tranquila, Kim. Ela não tá tão errada assim — a tranquilizou e percebeu que estava sobrando naquele cômodo, embora não quisesse realmente sair dali. Por ele, ficaria o resto do dia ali parado, só olhando para .
Mulher linda era pouco.
— Bom, já que eu já salvei o dia, tô indo pro meu quarto. — Deu de ombros, chamando a atenção das garotas.
— Obrigada, . Não sei o que faria sem você. — Kimberly sorriu para o irmão.
— Não agradece, não. Tem um preço, você sabe. Outra hora eu cobro. — Piscou. — Prazer em te conhecer, . — Abriu um meio sorriso ao desviar seu olhar para a moça, deixando claro que mesmo ela agindo como se nunca o tivesse visto, ele lembrava muito bem dela.
— É claro que vai cobrar, peste. — Ouviu Kim resmungar, então seguiu para seu quarto, sentindo que era observado. — Limpa a baba, . Tá escorrendo aí. — A voz da irmã foi acompanhada de uma risadinha baixa.
— Eu sou tão transparente assim? — Era .
— Como cristal. E meu irmão também não é o ser mais disfarçado do planeta, mas eu já te aviso: não quero ver ninguém se agarrando pela casa, não.
balançou a cabeça em negação e resolveu parar de ouvir a conversa alheia, por mais que o assunto lhe interessasse, e muito.
Se Kimberly não queria ver, eles iam para algum lugar onde não visse, ele não achava problema nenhum nisso.


🧜‍


— É sério mesmo que você não vem, cara? — Deu risada quando abriu o áudio incrédulo de Stanley. — A Ally tá aqui. — Franziu o cenho com a última parte e tocou a tela para gravar.
— E o que eu tenho com isso, maluco? — Acabou rindo mais, entendendo o que o amigo queria dizer.
— Ué, vocês tão se pegando, não tão? — Stanley era realmente o cara mais burro que conhecia.
— Você fumou maconha estragada, mano? De onde tirou isso? Como é que eu vou pegar a Alyssa se a garota só fala de ti? Você já foi mais esperto, Stanley. — Tentou não gargalhar dessa vez.
A resposta demorou uns minutos para vir e quis socar a cara do amigo quando a ouviu.
— Não é o que parece, . Mas é sério, só falta você aqui. Desde quando você nega luau na praia?
Desde a hora que minha irmã resolveu trazer a maior gata para ficar aqui em casa.
— Já falei que hoje eu tô de boa. Tenho que fazer uns negócios pro meu pai aqui, mas amanhã a gente se fala. Vê se pára de ser mané — encerrou a conversa, sabendo que Stanley mandaria mais áudios insistindo, porém ele não queria ir mesmo e nada o faria mudar de ideia.
Olhou para o teto do quarto e ficou por um tempo ali, jogado na cama e pensando na doideira que tinha acontecido naquela festa. definitivamente não tinha sumido do nada, aquele já era o terceiro dia em que ela estava ali e agora ele sabia que não podia mesmo ter imaginado a garota. Mas por que ela agia como se não tivesse lhe visto antes? Qual era o problema? Não era como se tivesse acontecido algo entre eles.
Droga, ele precisava tirar aquela história a limpo.
Soltou um muxoxo de impaciência.
— Amanhã, . Amanhã — murmurou para si mesmo, se decidindo a confrontar a garota, mesmo que isso lhe custasse responder a milhares de perguntas de sua irmã.
Virou para o lado e resolveu dormir um pouco. Fechou os olhos e disse ao próprio corpo que podia relaxar.
O sono não veio, muito pelo contrário. se pegou ansioso para o dia seguinte, a conversa com rodou várias vezes em sua mente e logo ele já estava lembrando do quanto o corpo dela lhe deixava hipnotizado por aqueles movimentos. Aquela garota havia nascido para deixá-lo perdido.
Como era possível afetá-lo tanto? Era quase como se ela o enfeitiçasse.
De repente, ele se sentou na cama e levou as mãos até suas têmporas, bagunçando seus cabelos como se isso fosse extinguir aqueles pensamentos. Sentiu a boca seca e resolveu descer para pegar uma das cervejas do pai. Ele nunca bebia mesmo.
Nem se preocupou em colocar calçado nos pés ou uma camiseta e saiu do quarto só com a calça de moletom azul escura, gostando da sensação do piso gelado da cozinha em sua pele.
O som da Budweiser abrindo soou como música para seus ouvidos e logo ele deu longos goles na bebida, fechando os olhos momentaneamente, apenas apreciando a sensação boa do álcool passando por sua garganta. Por alguns segundos, conseguiu esvaziar sua mente, então sorriu ao fechar a geladeira e se encostar na bancada da cozinha, voltando a beber mais uns goles.
odiava a ideia de ter que trabalhar na empresa de seu pai, por mais que estivesse gostando de seu curso. Lá teria que viver sob a sombra de Lincoln, o preferido do senhor , e mesmo que nunca quisesse ser o herdeiro, aquela ideia não lhe deixava feliz.
Talvez ele criasse uma cerveja nova e montasse a própria fábrica.
Riu consigo.
A ideia era até legal, mas não havia nascido para viver atrás de uma mesa de escritório.
Terminou a garrafa e não hesitou em pegar mais uma. Talvez seu pai reclamasse quando visse seu estoque desfalcado, mas, no fim das contas, acabaria repondo mesmo.
Ao fechar a geladeira, no entanto, precisou fazer uma manobra exagerada para pegar a garrafa no ar, já que o objeto escorregou de suas mãos. Na direção da porta, olhando para ele assustada e um tanto sem graça, estava .
— Desculpe pelo susto — ela murmurou, levando uma das mãos até seus cabelos e os ajeitando, um tanto nervosa.
— Relaxa. Pelo menos eu consegui não acordar a casa inteira. — sorriu, não conseguindo evitar uma análise rápida ao que a garota vestia. Uma camiseta grande e um shorts pequeno, que ele reconheceu ser de Kimberly, mas não deu importância porque as pernas expostas dela mereciam muito mais.
— Verdade, né. Eu vim aqui só pegar um pouco de água. A Kim estava desmaiada e eu não quis acordá-la. Boa noite, . — Deu meia volta para sair logo dali.
— Ei, espera. Assim vou achar que na verdade você estava era começando o seu assalto — o rapaz brincou, a fazendo encará-lo mais uma vez e rir baixinho.
— Não tenho vocação para roubar casas. Eu sou estabanada demais para fazer silêncio total. — Deu de ombros, entrando na dele.
— Ah, é? Porque eu não escutei você chegando, não. — Fingiu uma cara desconfiada e abriu a garrafinha de cerveja, bebendo um gole. Notou que desviou seu olhar, seguindo o movimento, então estendeu a bebida para ela. — Quer um pouco?
— Talvez você só estivesse distraído demais. — Então negou com a cabeça. — Melhor não. Eu nunca bebi isso.
não esperava aquela resposta e isso quase o fez se afogar.
— É sério? — perguntou, sem disfarçar a surpresa.
— Onde eu morava não tinha cerveja — explicou, deixando-o curioso.
— Um lugar sem cerveja? Não me diga que fugiu de um internato.
arriscou se aproximar um pouco mais e se encostou na bancada ao lado de .
— Mais ou menos isso — ela respondeu, colocando uma mecha de seus cabelos atrás da orelha. Desceu seu olhar para a garrafa novamente, então deu de ombros. — Quer saber? Acho que quero experimentar.
sorriu com aquilo.
— À vontade. — Voltou a estender a garrafa para ela, que dessa vez pegou e levou até seus lábios, bebendo um gole maior do que pretendia.
Alguns segundos de silêncio prevaleceram enquanto sentia o gosto do líquido e mantinha um sorriso como se estivesse adorando, mas aquilo não durou muito, já que a careta veio logo depois e ela tossiu algumas vezes.
— Isso é horrível. Como vocês conseguem beber? — resmungou, vendo fazer uma expressão ultrajada.
— Como ousa insultar o líquido dos deuses? — Sua voz era um misto de indignação e riso.
— Só se for o xixi dos deuses — retrucou, fazendo o rapaz gargalhar, esquecendo por alguns segundos que aquilo poderia acordar a casa inteira. Quando se deu conta disso, fez uma careta e foi até a porta da cozinha ver se ninguém tinha despertado. Ao constatar que não, voltou para perto de .
— Que os deuses não tenham escutado a sua blasfêmia, dona . — Estreitou os olhos na direção da garota, que riu baixo, negando com a cabeça.
— Prefiro água. — Não era mentira e fez uma careta por isso. — Aliás, já que o cavalheiro está aqui, pode me mostrar onde ficam os copos? — pediu.
— Nunca conheci alguém que preferisse água. O que me faz pensar que provavelmente eu vivo no meio de bêbados, mas, sim, deixa que eu pego pra você. — Largou sua garrafa na bancada e foi até o armário, pegando um copo e enchendo com água para depois entregar à moça.
— Obrigada, . — Ela lhe lançou um sorriso e por uns segundos de novo o silêncio veio, permitindo que aproveitasse para observá-la sem ninguém por perto para achar aquilo esquisito.
retribuiu o olhar de , analisando o rapaz também e se repreendendo por gostar do que via. Não podia agir daquela forma, não sabendo que logo ela jamais voltaria a vê-lo novamente.
Foi inevitável lembrar da noite em que a viu pela primeira vez e aquela memória acendeu ainda mais a vontade que ele tinha de obter uma explicação.
— Era você — ele soltou, vendo a expressão confusa dela e voltando a falar. — Aquele dia na festa. Dançando. Era você, .
Por alguns segundos, ela desviou o olhar dele, mordendo os próprios lábios e soltando um suspiro quando viu se aproximar.
— Era — confessou, erguendo o olhar até ele e vendo-o sorrir aliviado por comprovar que não estava louco. — Me desculpe se eu agi como se não fosse, eu só...
— Achei que estava ficando louco. — não conseguiu se conter. — Porque eu vi você lá dançando daquele jeito e, porra, eu fiquei hipnotizado. Mas quando tentei chegar até você, de repente você não estava mais lá.
— Eu sei, só que eu precisei sair de lá e acho que você não acreditaria em mim se eu te dissesse o porquê. — Sabia que era perigoso revelar coisas demais, mas algo em a instigava e ela não conseguia se controlar.
— Não consegui parar de pensar em você desde então. E isso é muito louco, não sei o que você fez comigo. — engoliu em seco, sentindo algo nela gritar que saísse dali, enquanto outra parte dizia que ela não deveria fugir. havia lhe atraído da mesma forma que se sentia atraído por ela.
, eu... — Quando se deu conta da proximidade entre os dois, sentiu o coração disparar de um jeito engraçado que não lembrava ter sentido antes. O cheiro dele era tão gostoso que ela sentiu uma vontade súbita de fechar os olhos e deixá-lo envolvê-la naqueles braços.
Se perguntou como seria a textura da pele descoberta dele e, quando percebeu que encarava o peito descoberto do rapaz de uma forma bem descarada, notou o sorriso de canto dele, que tinha gostado da observação.
— Ah, . — Aproximou seus lábios dos dela, mas, antes que ambos se tocassem, um barulho fez a garota se afastar rapidamente. Seus batimentos aumentaram e, segundos depois, Kimberly irrompeu pela cozinha.
— Amiga, que susto! Acordei, não vi você no quarto e... — Ela desviou o olhar da garota para o irmão e estreitou os olhos. — O que vocês estão fazendo?
nunca desejou tanto esganar a irmã como naquele momento.
veio buscar água e eu estava mostrando onde ficam os copos. Três dias aqui e nem isso você mostrou? Que amigona! — zoou com a garota, notando que havia ficado nervosa pelo quase flagrante. Não entendeu bem o motivo. Será que ela achava mesmo que Kimberly ficaria brava em vê-la com ele?
— Vai à merda, ! — Kim mostrou o dedo para ele, então pegou a amiga pelo braço. — Você já bebeu sua água, né, ? Então vamos lá voltar pro quarto. E, , vê se pára de beber toda cerveja do papai ou eu mesma vou te dedurar. — Ele negou com a cabeça e Kimberly foi puxando a garota para fora da cozinha, que só lançou um olhar rápido na direção dele enquanto se afastava.
— Boa noite, — murmurou, abrindo a geladeira para pegar mais uma cerveja só de raiva. Ele esteve muito perto de tocar os lábios dela, exatamente como no sonho.
estava cansado de se sentir frustrado, mas agora sabia que isso estava prestes a mudar.


🧜‍


Dizer que estava se sentindo idiota era muito pouco. Em todas as vezes que se viram, evitou , e na última vez que isso aconteceu, mesmo frustrado, ele repetiu para si mesmo que talvez o melhor mesmo fosse não insistir. Ela tinha algum motivo e forçar a barra não era coisa dele. Provavelmente ele a assustou com suas palavras e soou como um psicopata.
Parando para refletir, a forma como não conseguia tirá-la da cabeça talvez fosse algum sinal de psicopatia. O melhor era deixar para lá.
Sua decisão veio acompanhada de uma mudança de humor que ele mal conseguiu controlar e, quando lhe questionaram pela quinta vez se algo havia acontecido, resolveu ir para o único lugar capaz de trazer paz genuína aos seus pensamentos.
Apenas o cheiro da maresia já era o suficiente para que tudo dentro dele entrasse nos eixos, mas nada se comparava à sensação de seus pés tocando a areia fofa.
Ele nem ligou se estava sujando uma de suas calças preferidas ou se deixava seus tênis em algum lugar para não andar carregando nada. Só queria caminhar ali, sentir o vento tocando seu rosto e o barulho das ondas acalmando sua mente.
Soltou um suspiro longo, abrindo um sorriso singelo e seus braços se estenderam ao lado do corpo, recebendo toda aquela energia positiva que foi levando embora todos os pensamentos turbulentos.
Nem percebeu quando fechou seus olhos, porém sabia que, quando os abrisse, já estaria mais preparado para seguir em frente e deixar em paz o que poderia ter sido, mas só ficou em seus sonhos.
?
A maior ironia do destino foi ele ouvir aquela voz lhe chamar, mas não deu atenção. Provavelmente, sua mente brincava com ele de novo.
Então sentiu que alguém parava ao seu lado e, por fim, abriu os olhos, encontrando lhe encarando com um sorriso nos lábios.
Seu primeiro pensamento foi o de que ela não podia fazer aquilo, ignorá-lo e depois sorrir para ele daquele jeito, mas depois seus olhos o traíram e ele se viu encantado pelo sorriso dela.
— E a Kim? — acabou perguntando, achando mais seguro desviar o olhar dela para o mar, que estava tranquilo.
— Precisou encontrar o grupo da faculdade. Algo sobre uma coisa que ela deve falar pra turma toda. — achou graça do jeito que ela falava, quase como se não estivesse bem familiarizada com aquilo.
— Um seminário? — ele perguntou e ela assentiu positivamente. — E aí você resolveu que podia falar comigo? — Não conseguiu segurar e ouviu um suspiro escapar da parte dela.
— Acho que eu nunca pedi tantas desculpas a alguém, mas eu sinto muito, . É que... eu fico estupidamente nervosa quando você está por perto e tem a Kimberly...
— Eu sei que ela pareceu convincente quando disse que não queria nos ver juntos, . Mas a Kim é brincalhona e ela realmente não liga pra isso, se esse realmente é o proble... Espera, você disse que eu te deixo nervosa? — Ele não sabia como só tinha captado a última parte da fala da garota.
— Estupidamente — ela repetiu, fazendo uma careta que ele só não perdeu porque desviou seu olhar na direção dela bem a tempo.
Então ficou sem ação, meio extasiado pelo que havia acabado de ouvir e embasbacado pelo quanto ela conseguia ficar ainda mais linda ali, parada diante das ondas. O sol refletia nos cabelos dela, realçando todos os traços de , fazendo-o sentir vontade de fotografar aquele momento, só para ter uma forma de sempre revivê-lo em sua memória.
O que ela havia feito com ele? Só se conheciam há cinco dias, aquilo não era possível.
— Olhar pra mim desse jeito não ajuda muito, sabe — quebrou o silêncio, enfim retribuindo o olhar dele e fazendo sorrir.
— Não consigo evitar. Eu tenho certeza de que você é a garota mais linda que eu já vi. — Ouvir aquilo fazia com que ela também não conseguisse parar de sorrir de volta.
— É porque você não conheceu minha mãe. — Piscou para ele, sendo totalmente sincera.
— Se isso aí é verdade, então realmente você não teria chance — brincou, fazendo a garota rir e lhe dar um tapinha leve.
— Que cafajeste! Seria capaz mesmo de me trocar assim por alguém mais bela? — soltou, em um tom indignado.
— A gente só troca algo que tem, . — ainda sorria, mas a expressão de se fechou em uma careta triste.
... — ela suspirou fundo e desviou o olhar dele. — Eu não posso.
E de repente estava se sentindo idiota outra vez.
— Por que não? — perguntou, tentando decifrar o que tinha nas feições dela.
— Porque eu não posso ser de ninguém além de mim mesma. — Por algum motivo, ouvir aquilo fez com que ele sorrisse.
— Não quero ter você em sentido de posse, . Na verdade, eu não sei em qual sentido é. Só sei que quero você por perto, junto a mim de preferência.
Ela soltou uma risada baixinha, que soou quase como um lamento.
— Nós não podemos ficar juntos, . Em nenhum sentido. Eu não te traria nenhum bem. — Precisava que ele acreditasse naquelas palavras, que não insistisse, mas ao mesmo tempo ela queria que ele insistisse.
— Por que você não deixa eu mesmo descobrir isso? — Tocou o queixo dela com sutileza, aproximando seu rosto.
, por favor. — Ela o segurou pela mão, então fez menção de se afastar, porque precisava sair dali. Não podia se render a ele.
— Eu não vou forçar a barra, . Se você não quiser, eu não vou insistir. Mas se for o contrário, você precisa parar de fugir — o rapaz quase suplicou porque não podia continuar daquela forma. Se em poucos dias ela já tinha mexido com a cabeça e o coração dele daquele jeito, a insistência seria capaz de destruí-lo.
— Não quero. — Aquilo o atingiu de um jeito dolorido, mas necessário. E ele iria superar, por mais que sentisse que jamais conheceria outro alguém como ela.
— Tudo bem. — Sorriu fraco e dessa vez ele mesmo se afastou de .
Seguiu a passos largos, precisando de muita força de vontade para não sair correndo dali. Passou pelos sapatos atirados na areia e por pouco não os deixou ali.
Entrou em casa e foi direto para baixo do chuveiro, necessitando de um banho gelado que fosse capaz de lavar dele toda aquela confusão que havia surgido desde o dia em que apareceu em sua vida.


🧜‍


Por mais que tivesse saído daquele banho mais decidido do que nunca a tocar sua vida para frente, aquela noite não estava sendo muito fácil. se sentia incomodado e até tinha topado sair com os amigos para fumar e esquecer da vida.
Funcionou até o momento em que ele chegou em casa e, sem vontade de ir até o quarto se deitar na cama e acabar sonhando de novo com , ele resolveu que ia se atirar no sofá da sala e assistir algum filme aleatório.
Foi zapeando de canal em canal, se esforçando para de fato prestar atenção naquilo, então sorriu satisfeito quando viu que passava Guardiões da Galáxia. O filme estava praticamente no começo e ele se permitiu mergulhar na história, o que não era muito difícil porque ele gostava pra caramba daquele filme.
Peter Quill acabava de convencer Drax a não matar Gamora, quando sentiu o sofá ao seu lado afundar, e foi assim que percebeu a presença de .
Conteve a vontade de suspirar, depois a de sair correndo dali e acabou ficando em silêncio, prestando o máximo de atenção no filme e respeitando o espaço que a própria garota havia pedido.
Sentiu o olhar dela sobre si, mas ainda assim não a encarou.
suspirou enquanto encarava as feições dele, se sentindo a criatura mais burra do universo por ter dito que não o queria. Como ele havia acreditado naquela mentira?
Sabia que o fascínio dele era em parte culpa de sua natureza, mas havia algo de genuíno ali, não havia?
E ela não devia sentir o mesmo por ele, aquilo não era certo. O que estava acontecendo com ela?
Acabou pressionando os dentes em seus lábios, tentando resolver aquele conflito interno, mas viu rir de algo que passava naquela tela grande e todas as coisas que apontavam para o não de repente sumiram de sua mente.
— O que é isso que você está assistindo?
O rapaz imediatamente olhou para ela, incapaz de ignorá-la, e fez uma expressão de incredulidade.
— Outra hora eu quero que me conte em qual planeta você morava, porque todos os jovens que se prezem já assistiram Guardiões da Galáxia — brincou com a garota, vendo-a rir de forma envergonhada e se praguejando por fraquejar tão facilmente.
— Talvez eu conte se você parar de me zoar por isso. — Fez bico, e notando o qual adorável ela ficava fazendo isso, suspirou.
— Pode assistir comigo, se quiser. — Deu um meio sorriso e ela o retribuiu.
— Eu adoraria — respondeu, se ajeitando no sofá e resolvendo que um filme não faria mal a nenhum dos dois. Eles podiam ser amigos, não podiam?
também arrumou sua posição e de repente ela pôde jurar que o cheiro bom dele tinha se realçado de alguma forma.
Como que ela seria amiga dele daquele jeito?
No fim das contas, não estava vendo filme nenhum, a não ser que o nome do filme fosse .
— Eu fico estupidamente nervoso com você fazendo isso, sabe — de repente, ele disse, deixando claro que a pegou em flagrante.
não soube o que lhe responder, tampouco conseguiu parar de olhá-lo até que seus olhos se encontrassem com os dele. a observou, tentando entender o que se passava na cabeça dela.
Ela havia dito com todas as letras que não o queria, mas a forma como agia lhe dizia totalmente o contrário.
— Eu não menti lá na praia, . Quando disse que não queria.
Ouvir uma vez não era o suficiente. Ela tinha que repetir?
, eu disse que tudo bem, lembra? — Ele tentou parecer sereno, mas sabia que algo nele o trairia.
— Só que você entendeu errado e, por um instante, eu fiz o mesmo.
— Bom, agora mesmo eu não estou entendendo nada — ele confessou, fazendo-a rir.
— Eu... — Tentou acalmar sua respiração, que de repente estava descompassada. — Eu não disse que não quero você. Eu disse que não quero fugir. Não consigo mais e esse pode ser o maior erro da minha vida, , mas eu não quero.
Então ele piscou os olhos rapidamente e até beliscou a si mesmo, como se assim pudesse ter certeza de que não tinha dormido e sonhado com aquilo.
— Isso... isso é sério? — Se viu perguntando, totalmente pego de surpresa.
— Isso é sério — ela repetiu, então não esperou por uma atitude dele porque não conseguiria esperar.
levou uma de suas mãos até o rosto de , sentindo sua pele quentinha e deslizando seus dedos até os lábios dele, que tinham uma textura tão gostosa que ela não resistiu ao impulso de prová-los com sua boca.
abriu o maior dos sorrisos ao sentir o beijo de , então retribuiu no ritmo dela, calmo de início, conhecendo-a aos poucos e a maior prova de que não sonhava era que dessa vez sentiu o gosto dela, tão deliciosamente viciante que aos poucos as línguas foram se tocando com mais intensidade.
Um arrepio gostoso passou pelo corpo dele quando a sentiu tocar seu peito coberto por uma regata fina, mas ela não se deu por satisfeita, passando com suas unhas pelo tecido até adentrar a peça, grunhindo baixinho ao constatar que ele era ainda melhor do que imaginava.
Empolgado pelo gesto, a apertou pela cintura, de forma que o corpo dela ficasse mais e mais próximo do seu. Mal conseguia acreditar que finalmente a tinha em seus braços, que provava cada uma das sensações que ela lhe proporcionava. Sentiu-se cada vez mais instigado, sugando o lábio inferior de e sentindo o quão carnuda sua boca era.
Seus beijos então desceram para o queixo da garota, explorando sua pele e notando que cada vez que seus lábios a tocavam, arrepios se espalhavam. Ele fez questão de levar cada um desses arrepios até o pescoço da moça, onde espalhou beijos mais intensos, recebendo leves arranhões em seu abdômen como resposta. Suas mãos desceram até os quadris de e num impulso ela se sentou sobre o colo dele, adorando a sensação de tê-lo tão próximo de si.
Seu corpo de repente estava em brasa e pela forma como ele ofegava, ainda espalhando beijos em seu pescoço, deixava a garota inquieta, com o meio de suas pernas quase dolorido, então ela experimentou rebolar sobre ele. A sensação de prazer ao fazer isso lhe trouxe a vontade de morder a própria boca e repetir o ato, dessa vez com mais intensidade, se esfregando com mais vontade em e arrancando um gemido baixo dele.
O rapaz imediatamente procurou os lábios de e um beijo tomado pelo desejo foi iniciado. Ele apertou mais os quadris dela, instigando-a a voltar a se mover e a garota não hesitou em fazê-lo, movendo-se com mais intensidade, friccionando seu quadril sobre o dele e aquilo estava tão gostoso que ela soltou um gemido alto, com seus lábios grudados aos dele, que quebrou o beijo rapidamente.
— Assim você vai acordar todo mundo, babe — sussurrou, de um jeito rouco e tão sexy que ela precisou se conter para não gemer de novo.
o olhou de forma travessa e rebolou mais sobre ele, aumentando a fricção e fazendo com que também precisasse se conter.
... — Aquilo havia soado quase como uma súplica porque eles já estavam a um ponto em que não conseguiria parar.
— Então vamos sair daqui — ela pediu, vendo nos olhos dele o quanto estava perdida. Não seria capaz de voltar atrás, ela o queria desesperadamente.
não precisou ouvir aquilo duas vezes, imediatamente deixou que ela se levantasse de seu colo e logo a puxava na direção de seu quarto.
soltou uma risada baixinha quando ele a pressionou contra a porta do quarto assim que foi fechada, mas seu riso foi abafado por um beijo tão cheio de desejo que ela posicionou suas duas mãos no peitoral de , por baixo da camisa, e o arranhou até o abdômen com força. Ela o ouviu grunhir em aprovação e aproveitou para se livrar daquela regata, sorrindo ao atirar a peça longe.
O rapaz a encarou e o brilho em seu olhar era tão intenso que, por uns segundos, ela quase desejou ficar apenas o olhando pelo resto da vida. Acabou não resistindo, porque a vontade de provar sua pele era maior e, quando deu por si, beijava os lábios de num selinho suave antes de descer com sua boca pelo pescoço dele, seguindo por toda a extensão de seu peitoral até o abdômen, parando na base da calça de moletom e mordendo a barra do tecido. Aquilo deixou o rapaz louco e ele fez com que ela se levantasse.
A camiseta e o shorts de seguiram o mesmo rumo da regata dele e ele a beijou mais uma vez só para caminhar com ela em direção à cama e fazê-la cair deitada em seu colchão.
parou por alguns segundos, admirando-a, sentindo o deslumbre ao encarar cada centímetro de seu corpo. Ela não usava sutiã e, ao contrário do nervosismo que antes lhe tomava na presença dele, naquele momento a garota se sentia tão desejada que nada mais existia além da vontade de senti-lo tocá-la por inteiro.
Ele então se deitou por cima de , atacando seus lábios com vontade, enquanto suas mãos se encarregaram de acariciar os seios desnudos, tomando-os por inteiro, explorando cada centímetro da pele macia e brincando com as auréolas de um jeito gostoso que fez a garota se contorcer sob ele.
se sentia cada vez mais excitada e ofegava a cada movimento de , mas ele não parou por ali, desceu ainda mais uma de suas mãos até chegar à barra da calcinha da garota. Ela aproveitou para sugar o lábio inferior dele com força, sentindo que os dedos dele tocavam sua intimidade por cima do tecido e logo o adentravam, brincando com o clitóris dela e lhe deixando louca a um ponto que ela não resistiu e acabou gemendo, retomando o beijo para tentar se conter.
Adorando a forma como ela se contorcia, intensificou os movimentos, acariciando-a em movimentos circulares, explorando o que a lubrificação dela permitia e chegando a penetrá-la com um de seus dedos. No entanto, ele mesmo já não conseguia mais se conter e continuar com as provocações, precisava tê-la por inteiro.
Se livrando do restante das roupas, buscou um preservativo em uma das gavetas, então a vestiu enquanto o observava.
Quando ele voltou a encará-la, de repente, sentiu-se nervoso quase como se aquela fosse sua primeira vez, mesmo que não fosse.
— Tem certeza? — se viu perguntando, sabendo que, por mais que quisesse ir até o fim, por ela, ele pararia caso negasse.
— Sim, . Por favor — ela insistiu, não aguentando mais esperar e, quando finalmente o sentiu por inteiro dentro dela, precisou morder seus lábios com força para não gemer alto.
Era como se cada célula de seu corpo vibrasse em comemoração e precisou de alguns segundos para se recuperar de todas as sensações indescritíveis que tomaram conta de si. Quando conseguiu, ele logo começou a se movimentar dentro dela, primeiro de forma lenta e ritmada, mas aumentando cada vez mais conforme a necessidade clamava.
O calor estava insuportável, sentia seus cabelos ficarem cada vez mais encharcados, mas isso não importava, porque agora ela e eram um só. Seu interior tremia de prazer, suas entranhas se reviravam de satisfação e ela mal conseguia conter o coro que ecoava por sua garganta.
Beijos eram trocados enquanto as estocadas se tornavam mais e mais intensas, mas os lábios não conseguiam se manter por muito tempo unidos.
apertou contra si, cravando suas unhas nas costas do rapaz e deslizando por toda a sua extensão, deixando-o extasiado pela dor misturada ao prazer e fazendo com que ele aumentasse ainda mais a intensidade das estocadas, o prazer aumentando de forma quase dolorosa dentro de si. Queria tocá-la cada vez mais fundo, mais forte, mais rápido.
Sentia que não faltava muito para que o prazer explodisse de si e, notando que para ela o ápice também estava próximo, levou uma de suas mãos até o clitóris da garota, acariciando-o com intensidade até que se contorceu sob ele, contendo o gemido alto ao morder o ombro de com força. Aquele gesto, somado à sensação da intimidade dela apertando seu membro, fizeram com que ele se derramasse em prazer.
O ar quase todo fugiu de seus pulmões e ele desfaleceu sobre ela, ficando por alguns minutos só ali, sentindo o cheiro de enquanto ambos acalmavam suas respirações.
Soltando um longo suspiro, saiu de cima dela e deu um jeito na camisinha antes de voltar para a cama e puxar para se aconchegar sobre ele.
— Se isso aqui for um sonho, eu juro que mato quem me acordar — acabou murmurando, enquanto seus olhos admiravam o corpo nu dela.
— Não é um sonho, . É real. — Ela sorriu com o jeito dele e lhe roubou um beijo rápido.
Pela primeira vez, ela se sentia completamente em paz, esquecendo de tudo ao seu redor ao estar com ele. Não queria nunca mais sair dos braços de .
— Então não suma. Prometa que não vai sumir, — ele pediu de um jeito que a deixou momentaneamente sem palavras, principalmente porque ela não podia prometer aquilo.
Mas adormeceu antes que a resposta chegasse e, em vez do alívio, aquilo fez com que ela se sentisse pior.
Desde o início, sabia que os dois não podiam ficar juntos, que não poderia desejá-lo como o desejava ou não conseguiria voltar para onde agora sabia, jamais deveria ter saído.
Sentiu seus olhos se encherem de lágrimas e conseguia ouvir sua própria espécie lhe recriminando por ser tão fraca. Ela não podia ter cedido a ele, não podia ter se envolvido.
Precisava voltar, ficar mais um minuto ali estava fora de cogitação.
estava perdida, mas se não a visse partir, talvez ele não se perdesse de vez também.
Levantou-se da cama, procurando por suas roupas e as vestindo enquanto tentava controlar as lágrimas. Era ridículo como havia se envolvido com o rapaz em tão pouco tempo. Talvez aquilo fosse mesmo um encanto e quando passasse, ele nem lembraria da existência dela.
Passou pelo corredor e lançou um olhar triste para Kimberly, assim que viu a amiga parada na porta do quarto, como se tivesse sentido que aquela era a hora.
— Obrigada por tudo, Kim — se despediu, não se atrevendo a abraçar a garota ou não teria coragem de fazer o que precisava ser feito.
— Ele não vai te esquecer, . não é assim — Kimberly disse tudo o que ela não queria ouvir.
— Ele precisa. Não posso ficar e quando eu voltar será tarde.
— Então não vá. Nós daremos um jeito, você vai ver.
A insistência a quebrou por dentro.
— Você sabe que não tem jeito, Kim. Eu nunca vou esquecer vocês.
Então correu porque era a única forma de conseguir fazer aquilo de uma vez.
Kimberly tentou ir atrás da garota, mas não era rápida como ela e se sentiu infeliz de uma forma que nunca havia se sentido antes. Por ela, por perder uma grande amiga, e pelo irmão que perdia muito mais do que isso.
— Para onde ela foi, Kim? — Não se surpreendeu quando viu o irmão diante de si. Provavelmente, havia acordado no instante em que ela o deixou. tinha o sono leve como uma pena.
— Embora, . Não há nada que possamos fazer. Ela partiu.
Daria tudo para não ver a expressão de dor nos olhos dele.
— Como assim? Por quê? — questionou, sem conseguir acreditar.
— Porque ela precisa. Porque é o que elas fazem, meu irmão. Visitam Sunnydale, se infiltram entre os humanos e fazem com que eles as amem antes de deixá-los. Talvez essa seja uma forma de nos enlouquecer.
O rapaz a encarou ainda mais confuso, não entendendo o que aquilo queria dizer.
— Kimberly, por Hades, diga logo o que isso quer dizer. Eu preciso saber onde ela foi. Preciso ir atrás dela — insistiu, angustiado.
— Você não pode ir atrás dela, . Mesmo que vá, isso não vai fazê-la ficar. Ela não pertence a esse lugar. — E vendo que o irmão ainda assim não desistiria, ela não conteve mais as palavras. — é uma sereia, .
De início, ele achou que tinha ouvido errado, mas não, Kimberly falava claramente e não brincava quando as coisas estavam sérias.
E, por algum motivo, de repente, algumas coisas se encaixaram. Como o fato de ter sumido de repente na primeira vez em que se viram.
Talvez ele ficasse mais chocado ou incrédulo se algo dentro dele já não tivesse lhe dado pistas sobre essa informação. E não era do tipo que não acreditava nas coisas, as lendas de Sunnydale sempre haviam lhe intrigado.
— Ela... ela tá voltando? — Entendeu do que se tratava e não podia deixar partir, por mais que ela precisasse, por mais que aquele fosse o lugar ao qual ela pertencia.
estava certa quando disse que eles não podiam ficar juntos, porque eram de mundos diferentes, mas não queria saber, ele não a perderia daquele jeito, sem tentar enfrentar aquele destino de merda.
— Sim — Kimberly respondeu, sentindo o coração apertar. — . — Tentou conter o irmão, quando ele seguiu atrás de , mas já sabia que não conseguiria.



sentia seus pulmões implorarem por oxigênio enquanto corria o mais rápido que podia, seguindo em direção à praia e de repente se sentindo zonzo por não encontrar em lugar algum.
— Não. Não. Não. Não! — gritou, sentindo o desespero tomar conta de si, então seguiu correndo pela areia, até que avistou a silhueta dela. — !
No mesmo instante, a sereia, prestes a se deixar levar pelas ondas, olhou na direção de e lhe lançou um olhar triste, onde lágrimas escorriam por suas bochechas.
— Não tem outro jeito, . Eu não posso ficar. Eu te disse isso, lembra?
Ele balançou a cabeça em negação, sentindo que tudo dentro dele desmoronava.
— Por favor. Não vá, . Fica. Fica comigo — suplicou, sentindo que seus joelhos tremiam e faltava muito pouco para que ele desfalecesse.
Um sorriso doído se formou nos lábios dela e ele soube ali que não importava o que ele dissesse, não conseguiria mudar aquele fim.
— Há centenas de anos as sereias visitam Sunnydale, , mas essa é a primeira vez que uma delas preferia ficar.
Então seguiu em direção às ondas, afundando em meio às águas e viu o exato momento em que a longa cauda azul esverdeada surgiu, tornando-a ainda mais bela do que ele já havia visto.
Tão súbita quanto foi sua chegada, também foi a sua partida.
! — O nome da sereia foi entoado, numa lamúria de dor e apenas quando a voz dele já fugia de seus pulmões ele deixou de ser ouvido.
Finalmente, tombou de joelhos na areia da praia e de repente sentiu que braços o envolveram em um abraço que apenas lhe dizia que entendia aquela dor. Ele apertou a irmã com força e deixou-se arrastar de volta para casa, desejando pela primeira vez em muito tempo que aquilo sim fosse apenas um sonho ruim.


🧜‍


Os dias passaram, talvez semanas, não saberia dizer porque se perdeu em meio às datas. A vida seguia seu rumo e o atropelava consigo, fazendo com que cada uma das ações do rapaz fosse mecânica, afastando-o de si mesmo.
Ninguém o reconhecia mais e apenas Kimberly entendia por que o rapaz ia até aquela praia todos os dias, fitava o oceano com melancolia e entoava o nome de .
Nada estava certo sem ela. Tudo o que antes fazia sentido, naquele momento já não fazia mais e nunca mais faria. Só ela poderia consertá-lo, só ela poderia trazer tudo de volta aos eixos.
. — O rapaz ouviu a voz da irmã, mas não se mexeu, continuou sentado ali na areia, observando o mar conforme o sol deixava o céu. — Irmão, ela não vai voltar. Mesmo que queira, ela não pode.
— Não vou desistir dela, Kim. Nunca.
Ela sabia que não conseguiria dissuadi-lo, como não havia conseguido nas outras tantas vezes, mas ainda assim tentava. Não conseguia ver o irmão daquela forma e não fazer nada.
— Eu te amo, tá? Vem pra casa. Amanhã é outro dia — pediu, mas deixou que continuasse ali.
O rapaz permaneceu no mesmo lugar, com o mesmo olhar angustiado em direção ao mar, desejando com todas as suas forças que ela voltasse para ele.
— chamou baixinho, sem forças para continuar gritando.
E, por fim, quando a lua se ergueu no horizonte, tocando seu brilho no mar, finalmente reviu a cauda azul esverdeada de uma sereia.


FIM



Nota da autora: Eu to tão absurdamente apaixonada por esse casal que dá vontade de continuar escrevendo sobre eles sempre! Tava querendo escrever algo com sereias faz um tempo e eu amo o clipe dessa música, então fechou certinho com o que eu tinha em mente. Espero que gostem!
Comentem na caixinha para eu saber o que acharam, sim?
Para saber novidades sobre minhas histórias e interagir comigo, me sigam no instagram e entrem nos meus grupos do whatsapp e facebook.
Beijos e até a próxima.
Ste.



Clique aqui para ler minhas outras histórias!


CAIXINHA DE COMENTÁRIOS

O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.


comments powered by Disqus