Capítulo 51
Encontrar Mister Hopkins no primeiro período da manhã, definitivamente não era a melhor maneira de se iniciar aquela manhã. Zara, a mãe de , definitivamente teve uma conversa com o "querido" diretor. As intromissões da progenitora estava me dando cada vez mais dor de cabeça, a promessa de não envolver nossos pais em nossa rivalidade fora quebrada inúmeras vezes por , embora parecesse que a progenitora estava se metendo aonde não era chamada. Dos inúmeros defeitos que possuía, mentiroso não era um deles; antes eu não o compreendia tão claramente como agora, ultimamente parecia que uma venda havia sido retirada dos meus olhos.
Por ficar presa na sala do diretor, acabei me desencontrando de Becky, nossos horários eram em suma, opostos, compartilhamos duas a três aulas por semana; por conta disso passei a manhã inteira assistindo às aulas com meu aparelho celular vibrando no bolso da minha calça. Apesar da distração, procurei prestar atenção no que meus professores diziam, após as competições nacionais seriam aplicadas as provas finais e duas semanas depois haveriam os vestibulares…Não havia tempo a perder!
— Você me fez uma promessa!
Meu olhar localizou a figura zangada de Becky na entrada do terraço, as suas costas estava Roman que me saudou com um rápido aceno enquanto tentava esconder um sorriso de diversão.
— Eu fiz a minha parte. — Rolei os olhos voltando minha atenção a prancheta em minhas mãos que continha as minhas anotações sobre toda a equipe de natação do nosso colégio. — Vocês dois sempre se resolvem melhor quando eu não me intrometo.
— Ela tem razão querida, você sabe o quão desastroso fica quando ela precisa se envolver. — Roman adocicou a voz para se dirigir a Becky.
— Desastroso…— Lhe dei um olhar ácido antes de voltar meu olhar para as folhas outra vez. — Vocês me dão dor de cabeça, isso sim!
— Uma vez , sempre ! — Becky riu se apoiando na parede ao meu lado.
— Nem ouse Becky, vocês sabem que eu sei exatamente como dobrar os seus egos! — Deixei de lado a prancheta pegando o meu almoço ao meu lado, aonde havia o deixado antes da dupla dinâmica aparecer.
— Falando em ego, o seu rival estava te procurando. — Roman se sentou ao lado de Becky me olhando de forma suspeita.
— E por qual motivo eu iria o encontrar? — Dei a Roman um olhar desentendido, ele estava suspeitando depois de observar a maneira que havia tratado em sua casa.
— Eu gostaria que você me dissesse. — Roman respondeu testando-me.
— Por que você está tão interessado nos dois? — Becky o questionou incisiva.
— Seja lá o que você está pensando Roman, a verdade é que estou sendo punida a levá-lo por causa da mãe dele. — Dei de ombros voltando minha atenção para a minha refeição.
— Por que você seria punida pela mãe dele? — Becky me indagou confusa, olhando de Roman para mim, como se estivéssemos guardando um segredo mortal.
— De forma resumida, Hector ferrou o carro de porque ele não me deixava dormir… Não, não nesse sentido! — Repreendi ambos quando os vi trocar um olhar cúmplice. — O infeliz apareceu na noite anterior ao campeonato estadual, e estacionou seu carro de frente para a janela do meu quarto com a luz acesa dos faróis; Hector acabou se empolgando e passou do limite em sua punição.
— Isso eu não sabia. — Roman comentou um pouco pensativo, seu olhar vagou pelo terraço distraído.
— O que é que eu não estou sabendo? — Becky me perguntou nem um pouco feliz, seu semblante estava fechado em uma expressão quase raivosa, suas orbes faiscavam de indignação.
— Kayron vai se casar com a mãe dele. — Dei de ombros enquanto voltava a comer o meu almoço, ouvi Becky se engasgar diante o choque, era uma reação legítima embora Roman fosse mais apático quanto a esse assunto. — Esse é o tipo de reação que se espera quando se diz algo assim. — Repreendi Roman que riu, ele entregou a garrafa a Becky, ele a carregava consigo toda vez que subia ao terraço.
— Mulheres são exageradas. — Ele mal se pronunciou e Becky começou a bater nele.
— Seu idiota, como eu posso gostar tanto de alguém assim?! — Ela perguntou a ninguém em específico.
— ! Enfim eu te encontrei! — Um desalinhado e sem fôlego atravessou o terraço até parar a minha frente estendendo sua mão para mim.
— O quê? — Eu o perguntei sem nenhuma delicadeza, confusa e levemente perturbada pela beleza bagunçada dele.
— Porque você é tão complicada! — Ele esbravejou antes de me puxar me fazendo ficar de pé. — Só me acompanhe!
Antes que eu pudesse responder me silenciou com um olhar em aviso, ignorei a piadinha infame de Roman enquanto seguia sem saber o que ele queria. prosseguiu seu caminho através da maré de pessoas que havia no átrio central do colégio, sua mão permaneceu segurando a minha enquanto me arrastava com ele até a área mais afastada do estacionamento. A preocupação tomou o meu corpo, não porque segurava a minha mão, mas pelo motivo que ele o fazia!
Na área externa aos portões, um automóvel estranhamente familiar parecia estar nos esperando, o sangue em minha face ficou lívida ao ver os gêmeos naquele carro. Ambos apresentavam um semblante decaído, eles não estavam em seu melhor, inconscientemente apertei a mão de . Eu estava preocupada com eles, mas ainda não me sentia disposta a perdoá-los por compactuar com os planos de Daniel.
— Sirena, apenas nos escute por favor. — Kalil se pronunciou após descer do carro, seu olhar vulnerável me fez desviar os olhos dele, acabei por encontrar o olhar de sobre mim. Sua postura era defensiva, eu não sabia se ele tinha ideia do porquê eu não estar falando com os gêmeos, fosse as razões que o moviam naquele instante, eu senti algo explodir em meu peito, algo forte demais que eu não sabia nomear diante a novidade desse efusivo e estranho sentimento.
— Diga a ela Nessbit. — se intrometeu, sua voz soou baixa, mas igualmente agressiva, um aviso implícito.
— O que há entre vocês dois? — Apollo se posicionou ao lado de seu irmão após dar a volta no carro, seu tom não fora o mais discreto, com um olhar silenciou suas próximas perguntas.
— A mãe de Trina está procurando por você. — Kalil deu ao seu irmão um olhar zangado antes de voltar seu olhar para nós. — Trina acordou chamando por você.
— Trina…ela acordou?! — Quando Kalil disse o nome de Trina senti o gelo em meus ossos novamente, para então ser preenchida pela sensação de alívio que quase me fez perder as forças em meus membros. foi rápido em me oferecer ajuda, seu braço passou pelas minhas costas me dando suporte. Minha voz soou baixa e insegura, era como se eu pudesse respirar tranquilamente outra vez.
— Sim, ela gostaria de vê-la Sirena. — Kalil sorriu sem exibir os dentes, ele parecia cansado, mas aliviado de certa forma.
— Porque os dois ficaram responsáveis em trazer essa notícia a ela? — se pronunciou os assustando momentaneamente.
— Ela odiaria menos se nós fossemos quem lhe entregasse a notícia, ao invés de Wright. — Apollo rapidamente o respondeu, seu tom fora igualmente agressivo como o de .
— O que foi que vocês três fizeram a ela? — deu um passo em direção a eles, mas o segurei no lugar, o forçando a olhar em meus olhos.
— Não aqui, . — O lembrei onde estávamos, mesmo que estivéssemos no lado externo do estacionamento, parcialmente encobertos pelo muro que separava o estacionamento da rua, éramos um grupo chamativo. Me soltei de firmando minhas pernas por mim mesma, antes de voltar a encarar os gêmeos fiz um breve agradecimento aos céus pela notícia que havia recebido. — Passe o meu número a Trina, eu quero vê-la.
— Sirena…— Apollo iniciou sua fala, mas o interrompi em seguida.
— Eu preciso de um tempo, não falem nada desnecessário ao Wrigth. — Sem delongas, retornei a área interna do estacionamento, minhas pernas inquietas não pararam quando atingi o prédio em que seria minhas próximas aulas, eu estava correndo em direção a área esportiva do colégio.
Por alguma razão eu não consegui respirar direito até o momento em que adentrei a área das piscinas, me deitei na borda da piscina, minha respiração era pesada e irregular, eu buscava o ar quase desesperadamente, a carga emocional estava me matando! Entre o alívio, a felicidade, estava também a mágoa e o sentimento de traição; estava feliz por Trina, mas ainda magoada com os gêmeos, queria visitá-la, desejava não ter os gêmeos sobre o meu campo de visão! Um caos que sobrecarregava minha mente, a intensidade dos sentimentos roubava meu fôlego, eu não conseguia focar em um assunto de cada vez…em meio ao caos havia ainda algo que eu estava aprendendo a processar: a declaração de .
Por anos acreditei na ideia de que ele me odiava, sentimentos românticos nunca haviam passado pela minha mente, eu ainda estava confusa, mas aceitando lentamente a intensidade das emoções que havia revelado. A atração massiva entre nós nunca fora cogitada embora a nossa oposição clara um do outro fosse a razão de nós atrair tanto um pelo outro, eu não era hipócrita em negar que o achava atraente, admiti isso a mim mesma fazia algum tempo; talvez fosse por essa razão que permitia sucumbir às investidas de . Ainda que houvesse uma emoção desconhecida, ao menos para mim, em meu peito, algo que nunca sentira e estava receosa em descobrir o que de fato era, mesmo que eu tivesse minhas próprias suposições…
Aos poucos eu normalizava minha respiração, estar perto das piscinas sempre me trazia uma sensação de paz e clareza para a minha mente…talvez fosse essa estranha e inusitada fascinação que eu possuía pela água e como ela me atraia tanto, eu somente sabia que ficava melhor quando estava próxima a ela. Enquanto divagava em meus pensamentos e a respeito dos meus próprios sentimentos, ouvi a porta dupla da entrada da área da piscina abrir antes que ele se pronunciasse, eu sabia que me encontraria. De uma forma que eu não poderia compreender, conhecia as partes mais reclusas que eu não havia apresentado a ninguém e de algum maneira, ele me entendia tão profundamente.
— Eu sabia que a encontraria aqui.
A intensidade dos sentimentos me assustou, havia o misto de alívio e preocupação em seu tom de voz que exprimia o quanto ele se importava comigo. Mesmo que ele tivesse me dito seus mais profundos sentimentos, eu ainda era pega de surpresa pela intensidade deles! O som das portas sendo trancada ecoou pelo lugar, permaneci deitada enquanto ouvia ele se aproximar, eu senti o calor de sua presença ao meu lado antes de sentir o toque de sua mão sobre a minha, gentilmente ele retirou o meu braço que encobria meus olhos, assim me fazendo encará-lo; eu poderia não entender muito sobre emoções, mas eu sabia o que enxergava naquele par de .
Capítulo 52
>
Aquela constatação me deixou abalada e ao mesmo tempo surpresa, porque aos poucos eu enfim conseguia processar com clareza parte do que havia em meu coração. Estava longe de ter respostas concretas, diante a novidade dos fatos, mas ao menos poderia diminuir a carga caótica que confundia minha mente; olhei para a face de antes de me pronunciar, seus orbes ainda estavam fixas em mim, aguardando pacientemente o que eu tinha a dizer.
— Vá em frente, me pergunte o que está te perturbando. — O encorajei me sentando no processo, seu olhar permaneceu no meu como se para garantir que estava tudo bem.
— Você está bem? — Ele decidiu deixar de lado suas indagações, embora parecesse genuinamente preocupado sobre a minha condição.
— Você está se contendo. — Não fora uma indagação, apenas anunciei a constatação com um sorriso tranquilo em meus lábios. — Eu não vou ficar brava com você se me perguntar o que realmente deseja saber. — O empurrei com o ombro tentando quebrar a tensão, dirigi meu olhar para os meus tênis brincando com o cadarço deles. — Os gêmeos foram os meus primeiros amigos que fiz em campeonatos…— Comecei os desamarrar, tirando um pé de cada vez. — Eu apenas não imaginei que a amizade de anos seria trocada pelos desejos egoístas e ambiciosos de Daniel, isso me magoou mais do que eu imaginei. — Tirei as meias e em seguida ergui a barra do meu jeans antes de mergulhar meus pés na água. Enquanto dizia tudo mantive meu olhar distante de , ele veria a vulnerabilidade em meus olhos e de alguma forma isso o machucaria…eu não queria ser um incômodo a ele.
— O que Wright fez a você Love? — ergueu minha face, sua mão suavemente afagou minha bochecha tornando a fuga de seu olhar impossível, a gentileza e preocupação dele me fizeram relaxar e me sentir confortável.
— Ele manipulou os gêmeos e a mim, para conseguir contatos que garantiriam seu futuro no esporte. — Eu sentia como se uma onda de eletricidade houvesse passado dele para mim, de repente eu estava ciente demais da nossa proximidade. Eu ainda estava lidando com toda a mudança, de rivais que se odiavam para rivais que tinham algo/ainda não nomeado ou oficializado/ mas ainda assim tão relevante quanto! — Eu me odeio um pouco por não ter notado tudo com antecedência, eu realmente acreditei que ele era meu amigo…ser feita de idiota é um golpe e tanto quando se está acostumado a identificar babacas como o Wrigth. — me ouvia com atenção, ele não me interrompeu em nenhum momento, deixando que eu desabafasse sobre o que estava me ferindo naquele instante.
— Ele deveria estar fazendo isso desde o momento em que a conheceu. — Não fora uma indagação ou questionamento, ele me abraçou enquanto murmurava algo baixo demais, parecia que ele estava freando algo. Seus braços abraçavam meu torso enquanto sua cabeças estava deitada em meu ombro direito. — Gostaria de ter feito algo para que não passasse por isso. — Como sua boca estava próxima demais, a voz dele reverberou por todo o meu corpo e sua respiração que atingiu a base de meu pescoço fez os pelos da região arrepiar…eu estava consciente demais sobre a nossa proximidade.
— A nossa relação de antes não permitia isso. — Me afastei apenas o suficiente para que eu pudesse olhar em seus olhos, havia um sorriso travesso nos lábios de que quase me fizeram esbravejar com ele… desde que me disse exatamente como se sentia, ele não perdia a oportunidade de me provocar. — Não ouse. — O avisei, ele riu arqueando uma de suas sobrancelhas com um semblante inocente.
— O que eu faria, minha doce e inestimável ? — me respondeu com um brilho astuto em seus olhos enquanto a doçura ardilosa escapava de cada sílaba pronunciada pelos lábios provocantes de .
— Você é uma criatura irritante. — Rolei os olhos me desvencilhando de seus braços, não parecia querer me deixar o afastá-lo.
Isso meio que gerou uma mini batalha entre nós, enquanto eu tentava me soltar ele mantinha-se com irritantemente perto com seus braços me rodeando. Ele parecia um polvo com vários tentáculos, me mantendo presa aos seus membros, quando conseguia soltar um ele me trazia para mais perto com o outro…abertamente resmungava o quanto aquilo estava me irritando, mas ria sem se importar com as minhas reclamações. Repentinamente ele me soltou quando eu me afastei, por estar com meus pés e panturrilhas na água, acabei me desequilibrando caindo de forma desajeitada na piscina. Eu não conseguia acreditar que ele realmente havia planejado me jogar na água, ao subir para a superfície aquele par de perspicazes me olharam em diversão enquanto um sorriso felino surgia naquela boca irritante!
— Eu realmente não posso baixar a guarda ao seu lado — Proferi após sair da piscina, eu estava fingindo estar irritada com ele, ajeitei meu cabelo o desamarrando já que a piscina o havia desalinhado.
— Você fica uma beleza quando está molhada. — O olhar dele desceu pela minha face analisando-me por inteiro, o par de escureceu enquanto seu tom de voz ficou mais grave e baixo.
— Seu pervertido de merda, você acha que vai ficar impune depois dessa?! — Antes que eu pudesse o empurrar, segurou minhas mãos, trazendo-me para perto dele, em sua boca havia um riso sagaz. Tentei me soltar, o que o fez me manter ainda mais firmemente perto dele.
— Minha menina, tão inocente. — Ele aproximou sua face da minha, tentei lhe dar uma cabeçada e ele recuou rindo alto. — Olha a minha garota atrevida, eu adoro o quanto você me instiga a testar os seus limites Love. — piscou para mim passando sua língua por seu lábio inferior, eu queria me bater por ter achado aquele ato sedutor.
— Me solte, . — Grunhi entre dentes parcialmente irritada, embora procurei encobrir o fato de estar me divertindo naquele momento.
— Resposta errada, Love. — O sorriso travesso que ele abriu me deixou em estado de alerta, parecia estar se divertindo as minhas custas. — Quando estivermos a sós querida, me chame de . — Ele segurou meus pulsos com a sua mão esquerda enquanto erguia o meu queixo com a direita.
— Eu te odeio um pouco mais agora, . — O respondi chamando-o pelo seu nome completo, me recusando a ceder.
— Eu sabia que você se recusaria, Love. — Ele parecia estar em êxtase, pronunciou o apelido que havia me dado, uma zombaria com relação a forma como as pessoas me chamavam: .
Ele se levantou sem soltar os meus pulsos, me obrigando a ficar de pé com ele; a diferença de alturas entre nós me deixou um pouco mais irritada naquele momento. retirou seu sapato pisando no calcanhar de seus calçados e antes que eu pudesse lhe perguntar qualquer coisa, ele me ergueu em seus braços, se afastando alguns passos, antes de se jogar na água comigo presa em seus braços. Eu queria o estapear, o amaldiçoar até a sua nonagésima geração, mas aquela maldita boca cobriu a minha assim que atingimos a superfície da água. Eu envolvi minhas pernas na cintura de enquanto correspondia a investida dos lábios dele, estava perdendo a racionalidade me rendendo a intensidade dos seus sentimentos e ações. Um dos braços dele envolvia minha cintura enquanto a sua mão direita segurava a minha coxa, meus dedos da mão direita puxou os fios molhados do cabelo de o obrigando a separar sua boca da minha.
— Eu odeio o quanto essa sua maldita boca é tentadora, . — Aproximei minha face da dele, meu cabelo molhado formou uma cortina entre nós e o exterior. Nossas respirações misturavam-se enquanto nossas bocas recostavam-se a cada nova busca por fôlego. — Eu odeio o quanto me conheça tão bem, eu odeio…— Minha voz foi ficando cada vez mais baixa a cada batida do meu coração, eu sentia que qualquer limite que anteriormente fora traçado entre nós havia desaparecido. — Seu maldito nadador, o que eu faço com você? — Segurei ambos os lados da face dele apoiando minha testa sobre a dele.
— Eu sou seu, , cada batida do meu coração pertence a você. — me respondeu honestamente, sem qualquer dificuldade ele nos aproximou da escada da piscina se sentando num dos degraus mas nos mantendo ainda dentro da água comigo em seu colo. — Eu sou seu antes que você soubesse da minha existência. — Ele levou minhas mãos aos seus lábios beijando o meio da palma delas. — Eu sou inteiramente seu, você é o meu primeiro e último pensamento de cada dia, eu sou inteiramente seu .
— Seu romântico dramático. — Ri antes de unir outra vez nossos lábios, todo e qualquer receio que eu possuísse com relação a desapareceu após suas palavras.
Ele fora o primeiro cara com que me senti confortável em estar, não havia máscaras, barreiras ou limites que o impedisse de enxergar meu verdadeiro eu. Ali estavam apenas e , dois rivais, faces opostas de uma mesma moeda, polos opostos…Não havia timidez em nossos atos, minhas mãos adentraram a camisa dele, tocando seu abdômen e cada músculo que antes eu apenas admirava; também se aventurou em minha camiseta, tocando as minhas costas, passando pelo meu abdômen e desceu para as minhas pernas enquanto sua língua ainda movia-se com a minha, lábios que ora eram mordiscados, ora pressionados um pelo outro, movidos em um envolvimento tão caloroso.
Um palavrão nos despertou do frenesi que era como uma cortina invisível, o qual nos fazia esquecer do lugar em que estávamos. Nós nos separamos sem fôlego enquanto a pessoa que estava tentando destrancar a porta vociferava palavrões cada vez mais alto, olhamos um para o outro, se parecia desalinhado eu temia pelo o meu estado! Sentindo a iminência de que seríamos pegos em flagrante se não nos movêssemos, o empurrei escada acima pegando o meu tênis no processo enquanto indicava o vestiário masculino para que se escondesse. Segui rapidamente até o vestiário feminino arrancando as roupas pesadas as jogando num dos boxes na área dos chuveiros, colocando o maiô que usava durante os treinos de modo apressado, eu não tinha a menor ideia como coloquei a touca e os óculos, antes que a pessoa que havia tentado abrir a porta e adentrar a área das piscinas, me joguei na piscina. Fingi estar nadando seriamente, subindo à superfície ao ouvir meu nome ser vociferado pela treinadora Möretz.
— , quer me explicar o porquê usou as trancas extras para travar a entrada do ginásio? — A treinadora me indagou tentando conter o seu descontentamento.
— Treinadora, acredito fortemente no ideal em que é preciso se previnir do que remediar. — A respondi subindo a escada me colocando para fora da piscina ofegante, meu coração retumbava em meus ouvidos, eu estava quase sem fôlego devido a adrenalina de quase ser pega em flagrante, retirei os óculos como se tivesse passado um longo tempo com ele em minha face antes de erguer meu olhar para ela.
— E do que estaria se prevenindo, ? Se em primeiro lugar você nem deveria estar aqui?! — A treinadora me respondeu em um tom desagradável, controlei o meu mal gênio e forcei a minha melhor expressão de tranquilidade antes de respondê-la.
— Eu queria garantir a minha integridade diante ao caos que é a equipe masculina, você bem sabe treinadora, o quanto e eu não perdemos a oportunidade de nos provocar. — Dei de ombros começando a fazer meus alongamentos, como se estivesse encerrando o treino.
— Eu soube que a nadadora do Boulevard saiu do coma. — Os olhos de gavião da treinadora permaneceram em mim, como se estivesse a espera de apenas um deslize meu.
— Resolvi passar por aqui após receber a notícia através dos gêmeos, Nessbit, treinadora; parece que Trina quer me encontrar e para aliviar o que sentia resolvi treinar, fiz errado, treinadora? — Ergui meu olhar a encarando como se realmente estivesse atrás da aprovação dela, meu tom de voz não vacilou por nem um momento.
— Não faça mais algo como isso sem me avisar com antecedência, , você sabe como Mister Hopkins pode ser uma dor de cabeça insuportável. — Ela me repreendeu acreditando em minhas palavras, ela levou sua mão as têmporas massageando-as como se estivesse imaginando o que aquela situação poderia lhe causar.
— Não farei algo semelhante sem lhe avisar, treinadora Möretz. — Garanti a ela olhando-a diretamente em seus olhos, em um tom firme, ela suspirou e me indicou o vestiário feminino com um aceno.
— Eu quero a sua chave em minha mesa, por precaução, . — Ela me respondeu antes de seguir para fora, eu lhe respondi algo em concordância antes que partisse.
Eu fechei o vestiário feminino com a chave antes de procurar minhas roupas reservas, as quais eu as deixava ali para alguma emergência ou armação se a equipe masculina realizasse. Quando se passa muito tempo pregando peças você acaba adaptando algumas coisas em sua rotina. Tomei um banho rápido, procurando não me demorar muito para que a treinadora não ficasse ainda mais desconfiada. Esperava que tivesse escapado sem qualquer problema, eu não tinha tempo para checá-lo! Segui até a sala da treinadora, que ficava ao lado do ginásio da equipe de natação, separado por um toldo e uma área verde que as equipes usavam como um corredor para passar durante as corridas diárias. Bati na porta da treinadora anunciando minha presença antes de deixar as duas cópias das chaves (vestiário e ginásio), ela ergueu seus olhos da papelada checando o horário no relógio e me dando um olhar que dizia que eu estava liberada. Eu não ousei respirar aliviada, enquanto deixava a sala, a treinadora me chamou.
— Essas são todas as chaves que você possui? — A treinadora me indagou desconfiada, eu também desacreditaria de mim já que como as duas equipes pregavam peças e armações uns com os outros, ter apenas duas cópias das chaves tornava impossível de se acreditar; no entanto sorri tranquilamente antes de respondê-la.
— As outras chaves estão em posse de Valentine, Jass e a Sam. Cada uma delas possui dois pares cada, a senhora pode checar se quiser. — Dei de ombros me apoiando contra o umbral da porta, ela encobriu sua surpresa com uma expressão impaciente, como se o tempo que a estava fazendo perder fosse verdadeiramente precioso.
— Volte para as suas aulas , e, não volte para as piscinas até que falte uma semana para os amistosos. — Ela foi firme em sua decisão.
— Elas são a minha equipe também treinadora. — A respondi cruzando os braços diante meu corpo, eu não entendia a razão dela estar escolhendo me tirar das piscinas ao invés de realmente me treinar.
— Eu não voltarei em minha decisão, eu preciso conhecer a minha equipe antes que você as deixe na formatura. — Ela se recostou em sua cadeira me olhando honestamente. — As garotas são extremamente leais a você , isso mostra o excelente trabalho como capitã, mas isso evidencia o quanto deixei o meu trabalho sobre os seus ombros, eu preciso conhecer as garotas antes que você se forme. — Não havia nenhuma mágoa ou emoções ácidas, a treinadora parecia realmente interessada em finalmente assumir a sua função.
— Fale com Jass, ela é quem será o seu braço direito quando eu me formar. — Ofereci um sorriso confiante a treinadora, ela riu da minha seriedade. — Jass será a minha sucessora no cargo como capitã, peça a ela as cópias das minhas anotações, pressione Betsy para que ela não dê moleza durante os treinos e evite pressionar Valentine, ela ficará fora dos amistosos, mas a deixe treinar, quero manter a confiança recém restaurada nela e não tenho interesse em entregá-la ao tanque de tubarões que será esses amistosos. — Lhe disse tudo mantendo meu olhar no dela.
— Então você soube. — Ela me respondeu sem aparentar surpresa em sua voz, ela não teve o mesmo sucesso em esconder a surpresa de seu olhar.
— Eu agi como a treinadora dessa equipe durante todos os meus anos nesse colégio treinadora, seria impossível eu não ter criado minha rede de contatos. — Eu sabia que os amistosos seriam no Colégio Boulevard, era exatamente por isso que busquei manter minha equipe o mais forte psicologicamente e longe de eventos em que pudessem cruzar com as garotas traiçoeiras do nosso colégio rival. — Algo mais treinadora? — A indaguei vendo-a me dispensar com um aceno, sem mais delongas segui para o prédio principal daquela instituição.
Para a minha sorte, eu havia perdido apenas duas aulas no período da tarde, tendo o meu horário memorizado em minha mente, passei no meu armário para pegar os materiais para a aula e encontrei meu aparelho celular junto a minha prancheta com um bilhete de Becky. Rindo, dobrei o bilhete em meu bolso após lê-lo, junto ao meu celular, e então corri para a minha sala desviando de umas pessoas aqui e ali.
Eu poderia ter uma boa memória, no entanto eu parecia ter esquecido que compartilhava do mesmo período que o meu. Sentado ao lado da única carteira vazia, me esperava sua figura irritante e com um olhar que apenas eu sabia o significado, irritantemente nós não parecíamos mais precisar de palavras para nos comunicar.
"Eu amava odiar aquele sorriso astuto da minha dor de cabeça constante."
Aquela constatação me deixou abalada e ao mesmo tempo surpresa, porque aos poucos eu enfim conseguia processar com clareza parte do que havia em meu coração. Estava longe de ter respostas concretas, diante a novidade dos fatos, mas ao menos poderia diminuir a carga caótica que confundia minha mente; olhei para a face de antes de me pronunciar, seus orbes ainda estavam fixas em mim, aguardando pacientemente o que eu tinha a dizer.
— Vá em frente, me pergunte o que está te perturbando. — O encorajei me sentando no processo, seu olhar permaneceu no meu como se para garantir que estava tudo bem.
— Você está bem? — Ele decidiu deixar de lado suas indagações, embora parecesse genuinamente preocupado sobre a minha condição.
— Você está se contendo. — Não fora uma indagação, apenas anunciei a constatação com um sorriso tranquilo em meus lábios. — Eu não vou ficar brava com você se me perguntar o que realmente deseja saber. — O empurrei com o ombro tentando quebrar a tensão, dirigi meu olhar para os meus tênis brincando com o cadarço deles. — Os gêmeos foram os meus primeiros amigos que fiz em campeonatos…— Comecei os desamarrar, tirando um pé de cada vez. — Eu apenas não imaginei que a amizade de anos seria trocada pelos desejos egoístas e ambiciosos de Daniel, isso me magoou mais do que eu imaginei. — Tirei as meias e em seguida ergui a barra do meu jeans antes de mergulhar meus pés na água. Enquanto dizia tudo mantive meu olhar distante de , ele veria a vulnerabilidade em meus olhos e de alguma forma isso o machucaria…eu não queria ser um incômodo a ele.
— O que Wright fez a você Love? — ergueu minha face, sua mão suavemente afagou minha bochecha tornando a fuga de seu olhar impossível, a gentileza e preocupação dele me fizeram relaxar e me sentir confortável.
— Ele manipulou os gêmeos e a mim, para conseguir contatos que garantiriam seu futuro no esporte. — Eu sentia como se uma onda de eletricidade houvesse passado dele para mim, de repente eu estava ciente demais da nossa proximidade. Eu ainda estava lidando com toda a mudança, de rivais que se odiavam para rivais que tinham algo/ainda não nomeado ou oficializado/ mas ainda assim tão relevante quanto! — Eu me odeio um pouco por não ter notado tudo com antecedência, eu realmente acreditei que ele era meu amigo…ser feita de idiota é um golpe e tanto quando se está acostumado a identificar babacas como o Wrigth. — me ouvia com atenção, ele não me interrompeu em nenhum momento, deixando que eu desabafasse sobre o que estava me ferindo naquele instante.
— Ele deveria estar fazendo isso desde o momento em que a conheceu. — Não fora uma indagação ou questionamento, ele me abraçou enquanto murmurava algo baixo demais, parecia que ele estava freando algo. Seus braços abraçavam meu torso enquanto sua cabeças estava deitada em meu ombro direito. — Gostaria de ter feito algo para que não passasse por isso. — Como sua boca estava próxima demais, a voz dele reverberou por todo o meu corpo e sua respiração que atingiu a base de meu pescoço fez os pelos da região arrepiar…eu estava consciente demais sobre a nossa proximidade.
— A nossa relação de antes não permitia isso. — Me afastei apenas o suficiente para que eu pudesse olhar em seus olhos, havia um sorriso travesso nos lábios de que quase me fizeram esbravejar com ele… desde que me disse exatamente como se sentia, ele não perdia a oportunidade de me provocar. — Não ouse. — O avisei, ele riu arqueando uma de suas sobrancelhas com um semblante inocente.
— O que eu faria, minha doce e inestimável ? — me respondeu com um brilho astuto em seus olhos enquanto a doçura ardilosa escapava de cada sílaba pronunciada pelos lábios provocantes de .
— Você é uma criatura irritante. — Rolei os olhos me desvencilhando de seus braços, não parecia querer me deixar o afastá-lo.
Isso meio que gerou uma mini batalha entre nós, enquanto eu tentava me soltar ele mantinha-se com irritantemente perto com seus braços me rodeando. Ele parecia um polvo com vários tentáculos, me mantendo presa aos seus membros, quando conseguia soltar um ele me trazia para mais perto com o outro…abertamente resmungava o quanto aquilo estava me irritando, mas ria sem se importar com as minhas reclamações. Repentinamente ele me soltou quando eu me afastei, por estar com meus pés e panturrilhas na água, acabei me desequilibrando caindo de forma desajeitada na piscina. Eu não conseguia acreditar que ele realmente havia planejado me jogar na água, ao subir para a superfície aquele par de perspicazes me olharam em diversão enquanto um sorriso felino surgia naquela boca irritante!
— Eu realmente não posso baixar a guarda ao seu lado — Proferi após sair da piscina, eu estava fingindo estar irritada com ele, ajeitei meu cabelo o desamarrando já que a piscina o havia desalinhado.
— Você fica uma beleza quando está molhada. — O olhar dele desceu pela minha face analisando-me por inteiro, o par de escureceu enquanto seu tom de voz ficou mais grave e baixo.
— Seu pervertido de merda, você acha que vai ficar impune depois dessa?! — Antes que eu pudesse o empurrar, segurou minhas mãos, trazendo-me para perto dele, em sua boca havia um riso sagaz. Tentei me soltar, o que o fez me manter ainda mais firmemente perto dele.
— Minha menina, tão inocente. — Ele aproximou sua face da minha, tentei lhe dar uma cabeçada e ele recuou rindo alto. — Olha a minha garota atrevida, eu adoro o quanto você me instiga a testar os seus limites Love. — piscou para mim passando sua língua por seu lábio inferior, eu queria me bater por ter achado aquele ato sedutor.
— Me solte, . — Grunhi entre dentes parcialmente irritada, embora procurei encobrir o fato de estar me divertindo naquele momento.
— Resposta errada, Love. — O sorriso travesso que ele abriu me deixou em estado de alerta, parecia estar se divertindo as minhas custas. — Quando estivermos a sós querida, me chame de . — Ele segurou meus pulsos com a sua mão esquerda enquanto erguia o meu queixo com a direita.
— Eu te odeio um pouco mais agora, . — O respondi chamando-o pelo seu nome completo, me recusando a ceder.
— Eu sabia que você se recusaria, Love. — Ele parecia estar em êxtase, pronunciou o apelido que havia me dado, uma zombaria com relação a forma como as pessoas me chamavam: .
Ele se levantou sem soltar os meus pulsos, me obrigando a ficar de pé com ele; a diferença de alturas entre nós me deixou um pouco mais irritada naquele momento. retirou seu sapato pisando no calcanhar de seus calçados e antes que eu pudesse lhe perguntar qualquer coisa, ele me ergueu em seus braços, se afastando alguns passos, antes de se jogar na água comigo presa em seus braços. Eu queria o estapear, o amaldiçoar até a sua nonagésima geração, mas aquela maldita boca cobriu a minha assim que atingimos a superfície da água. Eu envolvi minhas pernas na cintura de enquanto correspondia a investida dos lábios dele, estava perdendo a racionalidade me rendendo a intensidade dos seus sentimentos e ações. Um dos braços dele envolvia minha cintura enquanto a sua mão direita segurava a minha coxa, meus dedos da mão direita puxou os fios molhados do cabelo de o obrigando a separar sua boca da minha.
— Eu odeio o quanto essa sua maldita boca é tentadora, . — Aproximei minha face da dele, meu cabelo molhado formou uma cortina entre nós e o exterior. Nossas respirações misturavam-se enquanto nossas bocas recostavam-se a cada nova busca por fôlego. — Eu odeio o quanto me conheça tão bem, eu odeio…— Minha voz foi ficando cada vez mais baixa a cada batida do meu coração, eu sentia que qualquer limite que anteriormente fora traçado entre nós havia desaparecido. — Seu maldito nadador, o que eu faço com você? — Segurei ambos os lados da face dele apoiando minha testa sobre a dele.
— Eu sou seu, , cada batida do meu coração pertence a você. — me respondeu honestamente, sem qualquer dificuldade ele nos aproximou da escada da piscina se sentando num dos degraus mas nos mantendo ainda dentro da água comigo em seu colo. — Eu sou seu antes que você soubesse da minha existência. — Ele levou minhas mãos aos seus lábios beijando o meio da palma delas. — Eu sou inteiramente seu, você é o meu primeiro e último pensamento de cada dia, eu sou inteiramente seu .
— Seu romântico dramático. — Ri antes de unir outra vez nossos lábios, todo e qualquer receio que eu possuísse com relação a desapareceu após suas palavras.
Ele fora o primeiro cara com que me senti confortável em estar, não havia máscaras, barreiras ou limites que o impedisse de enxergar meu verdadeiro eu. Ali estavam apenas e , dois rivais, faces opostas de uma mesma moeda, polos opostos…Não havia timidez em nossos atos, minhas mãos adentraram a camisa dele, tocando seu abdômen e cada músculo que antes eu apenas admirava; também se aventurou em minha camiseta, tocando as minhas costas, passando pelo meu abdômen e desceu para as minhas pernas enquanto sua língua ainda movia-se com a minha, lábios que ora eram mordiscados, ora pressionados um pelo outro, movidos em um envolvimento tão caloroso.
Um palavrão nos despertou do frenesi que era como uma cortina invisível, o qual nos fazia esquecer do lugar em que estávamos. Nós nos separamos sem fôlego enquanto a pessoa que estava tentando destrancar a porta vociferava palavrões cada vez mais alto, olhamos um para o outro, se parecia desalinhado eu temia pelo o meu estado! Sentindo a iminência de que seríamos pegos em flagrante se não nos movêssemos, o empurrei escada acima pegando o meu tênis no processo enquanto indicava o vestiário masculino para que se escondesse. Segui rapidamente até o vestiário feminino arrancando as roupas pesadas as jogando num dos boxes na área dos chuveiros, colocando o maiô que usava durante os treinos de modo apressado, eu não tinha a menor ideia como coloquei a touca e os óculos, antes que a pessoa que havia tentado abrir a porta e adentrar a área das piscinas, me joguei na piscina. Fingi estar nadando seriamente, subindo à superfície ao ouvir meu nome ser vociferado pela treinadora Möretz.
— , quer me explicar o porquê usou as trancas extras para travar a entrada do ginásio? — A treinadora me indagou tentando conter o seu descontentamento.
— Treinadora, acredito fortemente no ideal em que é preciso se previnir do que remediar. — A respondi subindo a escada me colocando para fora da piscina ofegante, meu coração retumbava em meus ouvidos, eu estava quase sem fôlego devido a adrenalina de quase ser pega em flagrante, retirei os óculos como se tivesse passado um longo tempo com ele em minha face antes de erguer meu olhar para ela.
— E do que estaria se prevenindo, ? Se em primeiro lugar você nem deveria estar aqui?! — A treinadora me respondeu em um tom desagradável, controlei o meu mal gênio e forcei a minha melhor expressão de tranquilidade antes de respondê-la.
— Eu queria garantir a minha integridade diante ao caos que é a equipe masculina, você bem sabe treinadora, o quanto e eu não perdemos a oportunidade de nos provocar. — Dei de ombros começando a fazer meus alongamentos, como se estivesse encerrando o treino.
— Eu soube que a nadadora do Boulevard saiu do coma. — Os olhos de gavião da treinadora permaneceram em mim, como se estivesse a espera de apenas um deslize meu.
— Resolvi passar por aqui após receber a notícia através dos gêmeos, Nessbit, treinadora; parece que Trina quer me encontrar e para aliviar o que sentia resolvi treinar, fiz errado, treinadora? — Ergui meu olhar a encarando como se realmente estivesse atrás da aprovação dela, meu tom de voz não vacilou por nem um momento.
— Não faça mais algo como isso sem me avisar com antecedência, , você sabe como Mister Hopkins pode ser uma dor de cabeça insuportável. — Ela me repreendeu acreditando em minhas palavras, ela levou sua mão as têmporas massageando-as como se estivesse imaginando o que aquela situação poderia lhe causar.
— Não farei algo semelhante sem lhe avisar, treinadora Möretz. — Garanti a ela olhando-a diretamente em seus olhos, em um tom firme, ela suspirou e me indicou o vestiário feminino com um aceno.
— Eu quero a sua chave em minha mesa, por precaução, . — Ela me respondeu antes de seguir para fora, eu lhe respondi algo em concordância antes que partisse.
Eu fechei o vestiário feminino com a chave antes de procurar minhas roupas reservas, as quais eu as deixava ali para alguma emergência ou armação se a equipe masculina realizasse. Quando se passa muito tempo pregando peças você acaba adaptando algumas coisas em sua rotina. Tomei um banho rápido, procurando não me demorar muito para que a treinadora não ficasse ainda mais desconfiada. Esperava que tivesse escapado sem qualquer problema, eu não tinha tempo para checá-lo! Segui até a sala da treinadora, que ficava ao lado do ginásio da equipe de natação, separado por um toldo e uma área verde que as equipes usavam como um corredor para passar durante as corridas diárias. Bati na porta da treinadora anunciando minha presença antes de deixar as duas cópias das chaves (vestiário e ginásio), ela ergueu seus olhos da papelada checando o horário no relógio e me dando um olhar que dizia que eu estava liberada. Eu não ousei respirar aliviada, enquanto deixava a sala, a treinadora me chamou.
— Essas são todas as chaves que você possui? — A treinadora me indagou desconfiada, eu também desacreditaria de mim já que como as duas equipes pregavam peças e armações uns com os outros, ter apenas duas cópias das chaves tornava impossível de se acreditar; no entanto sorri tranquilamente antes de respondê-la.
— As outras chaves estão em posse de Valentine, Jass e a Sam. Cada uma delas possui dois pares cada, a senhora pode checar se quiser. — Dei de ombros me apoiando contra o umbral da porta, ela encobriu sua surpresa com uma expressão impaciente, como se o tempo que a estava fazendo perder fosse verdadeiramente precioso.
— Volte para as suas aulas , e, não volte para as piscinas até que falte uma semana para os amistosos. — Ela foi firme em sua decisão.
— Elas são a minha equipe também treinadora. — A respondi cruzando os braços diante meu corpo, eu não entendia a razão dela estar escolhendo me tirar das piscinas ao invés de realmente me treinar.
— Eu não voltarei em minha decisão, eu preciso conhecer a minha equipe antes que você as deixe na formatura. — Ela se recostou em sua cadeira me olhando honestamente. — As garotas são extremamente leais a você , isso mostra o excelente trabalho como capitã, mas isso evidencia o quanto deixei o meu trabalho sobre os seus ombros, eu preciso conhecer as garotas antes que você se forme. — Não havia nenhuma mágoa ou emoções ácidas, a treinadora parecia realmente interessada em finalmente assumir a sua função.
— Fale com Jass, ela é quem será o seu braço direito quando eu me formar. — Ofereci um sorriso confiante a treinadora, ela riu da minha seriedade. — Jass será a minha sucessora no cargo como capitã, peça a ela as cópias das minhas anotações, pressione Betsy para que ela não dê moleza durante os treinos e evite pressionar Valentine, ela ficará fora dos amistosos, mas a deixe treinar, quero manter a confiança recém restaurada nela e não tenho interesse em entregá-la ao tanque de tubarões que será esses amistosos. — Lhe disse tudo mantendo meu olhar no dela.
— Então você soube. — Ela me respondeu sem aparentar surpresa em sua voz, ela não teve o mesmo sucesso em esconder a surpresa de seu olhar.
— Eu agi como a treinadora dessa equipe durante todos os meus anos nesse colégio treinadora, seria impossível eu não ter criado minha rede de contatos. — Eu sabia que os amistosos seriam no Colégio Boulevard, era exatamente por isso que busquei manter minha equipe o mais forte psicologicamente e longe de eventos em que pudessem cruzar com as garotas traiçoeiras do nosso colégio rival. — Algo mais treinadora? — A indaguei vendo-a me dispensar com um aceno, sem mais delongas segui para o prédio principal daquela instituição.
Para a minha sorte, eu havia perdido apenas duas aulas no período da tarde, tendo o meu horário memorizado em minha mente, passei no meu armário para pegar os materiais para a aula e encontrei meu aparelho celular junto a minha prancheta com um bilhete de Becky. Rindo, dobrei o bilhete em meu bolso após lê-lo, junto ao meu celular, e então corri para a minha sala desviando de umas pessoas aqui e ali.
Eu poderia ter uma boa memória, no entanto eu parecia ter esquecido que compartilhava do mesmo período que o meu. Sentado ao lado da única carteira vazia, me esperava sua figura irritante e com um olhar que apenas eu sabia o significado, irritantemente nós não parecíamos mais precisar de palavras para nos comunicar.
Capítulo 53
Eu sentia o olhar de sobre mim, um período nunca parecera tão longo quanto aquele. Meu olhar fixou-se na figura do nosso professor durante toda a aula, temia que pudesse revelar aos nossos colegas, uma face que apenas os meus amigos mais próximos conheciam. Ignorando completamente a figura de ao meu lado, nada fora do comum, fiz algumas anotações, apenas o que eu realmente conseguia prestar atenção diante a consciência do quão próximo estava . Ele era uma péssima variável naquele instante, ter ou não assistido aquela aula não possuía qualquer diferença, meu corpo estava presente, minhas mãos moviam-se por força do hábito, como se realmente anotasse algo relevante.
"Precisava conversar seriamente com , caso contrário minhas notas seriam terríveis!"
🏆💙🏆
A sorte não parecia particularmente tentada a me favorecer naquele dia. Após a aula desperdiçada com , voltei a encontrá-lo mais algumas vezes. Sabendo que não conseguiria prestar atenção durante as aulas, aproveitei o tempo extra para revisar minha planilha de anotações sobre a equipe de natação, ambas as equipes; ainda não havia revelado ao meu companheiro de equipe que analisava o desempenho dos garotos sobre o seu comando. Não era algo que eu fazia para prejudicá-lo, eu amava tanto o esporte que não conseguia evitar de reparar na equipe masculina, embora eles me dessem tanta dor de cabeça quanto o seu capitão. Eu adorava organizar rotinas de treinamento, analisar minuciosamente o desempenho dos atletas dentro e fora da água…Fragmentos do que desejava me tornar futuramente se manifestava sem que eu tivesse qualquer controle. Tive algumas conversas e reuniões com ambos treinadores, propondo rotinas e modelos para o aprimoramento do time; se era informado ou não pelo treinador, eu não tinha a menor ideia.
Assim que o último período se encerrou, eu guardei minhas anotações em minha bolsa, saindo rapidamente da sala seguindo em direção ao ginásio da equipe de natação. Passei pela equipe de atletismo pelo caminho, saudando algumas faces conhecidas aqui e ali. Quando se passa tempo demais concentrada em se aprimorar, acaba criando laços com pessoas de outras equipes. Adentrei pela porta lateral do vestiário feminino, procurando em meu armário as roupas molhadas para levar para casa; resolvi levar todas as roupas de banho do armário, ficaria sem visitar o local por algum tempo assim guardei tudo em minha bolsa de esportes e dei o fora dali antes que a treinadora me visse por ali, afinal havia lhe garantido que entregará todas as minhas as chaves em minha posse…
"Não era a minha culpa, se a treinadora não possuía uma boa memória quanto ao número de chaves."
Caminhei tranquilamente na direção oposta, pegaria o caminho mais longo até o estacionamento; eu mal havia atingido as proximidades das quadras fechadas das equipes de vôlei quando meu celular começou a tocar. Em um rápido movimento o levei a orelha, atendendo a ligação sem olhar quem estava me ligando.
— Você deveria prestar mais atenção ao atender uma chamada. — A voz irritante de me saudou levemente rabugenta.
— Você por acaso anda me vigiando agora? — O respondi procurando-o já que suas últimas palavras indicavam que ele estava por perto.
— A esquerda, Love. — Encostado nos fundos da quadra de vôlei, abriu um sorriso, eu poderia imaginar o que se passava pelos seus pensamentos assim que notei o olhar dele sobre a minha bolsa.
Encerrei a ligação guardando o celular em meu bolso, contendo um sorriso em resposta ao seu olhar. Eu não poderia deixar que ele soubesse como me sentia, quando eu mesma não sabia; meu olhar o avaliou de cima a baixo, ele parecia estar se divertindo por eu o observar atentamente, sua sobrancelha arqueou como se me desafiasse…eu estava enlouquecendo! Somente por respirar, me irritava, agora apenas um olhar me deixava querendo sorrir abertamente!!!
"Definitivamente, eu preciso descobrir logo sobre como eu me sinto!"
— Pensei que sua trupe de idiotas o levariam para casa. — Zombei assim que me coloquei ao seu lado, ele me olhou em silêncio antes de abrir um sorriso de canto.
— Meu futuro sogro me convidou para jantar, você não vai acreditar no que ele me contou ao seu respeito Love. — fez mistério rindo do meu olhar em reação ao que ele dissera. — Só para constar: essa sua atitude não me engana mais, eu sei que embaixo dessa sua carcaça teimosa e maléfica, você me ama. — Ele riu da minha expressão se colocando a minha frente, seus braços me prenderam contra a parede enquanto seu olhar me estudava em divertimento.
— Como você consegue ficar ainda mais odioso em um curto período de tempo?! — Resmunguei revirando os olhos em relação a atitude de meu pai.
— Eu já conquistei a sua família querida. — riu do olhar que dei a ele. — Eu só preciso dobrar essa sua teimosia, eu adoro um bom desafio. — Ele ergueu minha face segurando gentilmente meu queixo me fazendo olhá-lo diretamente em seus olhos .
— Eu odeio essa sua confiança excessiva. — Mordi o interior da minha bochecha para evitar sorrir, eu estava enfrentando um oponente a altura e ele sabia que já havia vencido e mesmo assim prosseguiu com a nossa provocação tácita.
— Cada vez que um odeio sai dessa sua boca atrevida, Love, eu entendo como eu amo…você sabe que seus olhos dizem muito mais que esses lábios mentirosos. — passou seu polegar sobre meus lábios aproximando sua face da minha.
— De onde vem tanta confiança, meu caro ? — O provoquei mordiscando a ponta de seu polegar, ele não escondeu o desejo de seu olhar ao levantar seus olhos da minha boca para enfim me olhar diretamente nos olhos.
— Eu já lhe disse para me chamar de , Love. — Ele sussurrou em meu ouvido, antes de mordiscar a ponta do meu lóbulo deixando um beijo na base do meu pescoço.
— O que acontecerá se eu não o chamar? — Indaguei deixando minhas bolsas caírem ao meu lado enquanto sorria de forma inocente.
— Você é realmente teimosa. — Ele riu antes de me erguer sem qualquer dificuldade, minha face ficou na mesma altura que a dele, nossas respirações se misturaram enquanto sustentávamos o olhar um do outro.
— Você não imagina o quanto. — O respondi num sussurro o imitando, vendo-o se empertiguinar enquanto tentava não demostrar que eu causava algum efeito nele. — O gato comeu a sua língua, . — O provoquei pronunciando seu apelido pausadamente, suas mãos seguraram com força minhas pernas enquanto a respiração dele se tornou pesada.
O sorriso desapareceu de seus deliciosos lábios, ele me pressionou contra a parede, eu pude sentir cada maldito músculo dele com seu movimento, ele não parecia estar mais brincando. Aquelas pareciam fogueiras, seu olhar passou da minha face para a minha clavícula e então colo…era como se ele estivesse me tocando por onde seu olhar passava. Ele ajustou a sua pegada, segurando-me com uma pressão maior; nossos batimentos estavam igualmente acelerados, sincronizados tais como nossas respirações irregulares. Podíamos ouvir os gritos e apitos vindo do interior da quadra a qual ele me apoiava; mas como eu, ele não parecia estar preocupado por sermos vistos…A expectativa e iminência de sermos flagrados parecia tornar o clima ainda mais excitante. passeou a ponta de seu nariz pelo meu pescoço, soltando sua respiração próxima a base de meu pescoço, apertei seu ombro em reflexo. parecia estar se divertindo, seu sorriso zombeteiro retornou àquela odiosa boca.
Ainda sem pronunciar qualquer coisa, pressionou sua boca no local em que soltou sua respiração, como para testar algo. Apertei seus ombros em reação, outra vez, ele ergueu sua face arqueando uma sobrancelha em desafio, antes que eu dissesse algo esmagou seus lábios nos meus. Não fora um beijo gentil, muito menos amoroso, se tratava de desejos reprimidos e pura provocação. Ele sugou, mordeu e pressionou meus lábios como se fosse incapaz de parar.
"Eu precisaria de uma boa desculpa para explicar os lábios inchados!"
Sem me deixar pensar por muito tempo, beijou cada parte da minha face antes de explorar meus pontos fracos em meu pescoço, rindo baixo ao encontrar cada um deles. Eu odiava ele estar no comando, mas me odiava mais por estar suspirando e deixando escapar ofegos quando ele pressionava seu corpo contra o meu. Ele não manteve suas mãos quietas por muito tempo, elas estavam tão animadas quanto sua maldita boca! A razão havia sido esquecida naquela piscina, afogada nas águas do desejo, chutada para longe pelo anseio de descobrir os pontos fracos um do outro.
💙🏆💙
Quando ele me colocou no chão eu tive que desviar meu olhar do dele, ele estava uma bagunça porque assim como , eu não fiquei parada por muito mais tempo o deixando fazer o que bem entendesse. me fazia sair da zona de garota certinha para uma versão mais ousada; ele me fazia abandonar a razão e me jogar nos atos impulsivos…Era a segunda vez naquele dia que ele me instigava ao ponto de acabarmos completamente desalinhados, em um local em que qualquer um poderia nos descobrir!
Respirei fundo contando mentalmente até cem, eu precisava de uma dose de bom senso enquanto procurava espantar a névoa dos desejos impulsivos; eu era discreta, com todas as variáveis perfeitamente controladas mas bastava meia dúzia de provocações mútuas para que e eu acabássemos com uma aparência bagunçada. Abri meus olhos lentamente encontrando a minha frente, sorrindo tranquilamente, como se a segundos atrás não estivesse com seus provocantes lábios colados aos meus.
— Eu terei de descobrir uma forma de calar essa sua maldita boca, antes que você acabe com a minha racionalidade . — Disse enquanto amarrava novamente meu cabelo em um rabo de cavalo, os olhos dele se curvaram antes que ele risse. — Do que você está rindo, idiota? — Cruzei meus braços o vendo rir ainda mais.
— Eu não posso estar feliz, querida? — Ele me roubou um beijo segurando minhas mãos antes que eu batesse nele. — Eu adoro te ver perder o controle, você parece menos uma tirana e mais como alguém realmente da sua idade. — Ele apertou a ponta do meu nariz se colocando fora do alcance das minhas mãos após soltá-las.
— Tirana? — Eu lhe indaguei vendo-no voltar sua atenção a mim após recuperar de seu ataque de risos diante minha surpresa.
— Você é chamada de Rainhas das águas por conta desse seu lado controlador. — Ele se abaixou alcançando as minhas bolsas as colocando em seus próprios ombros naturalmente.
— Eu não sou controladora! — O respondi em desacordo estendendo minha mão pedindo as bolsas.
— Me diga qual foi a última vez em que permitiu-se divertir sem ter tudo milimetricamente planejado? — Ele arqueou sua sobrancelha me olhando em desafio.
— Quando…eu te odeio! — O respondi por fim quando não consegui encontrar algo para contradizê-lo, ele riu e estava prestes a sair andando quando o puxei o para a parede cobrindo sua boca com a minha mão enquanto duas garotas do time de vôlei passavam a nossa frente distraídas segurando as garrafas de água.
Em silêncio indiquei o lado oposto que elas haviam saído, aproveitando que estava distraído, recuperei minhas bolsas seguindo a frente dele. Com suas pernas maiores que as minhas, ele me alcançou sem qualquer problema. Com nossas roupas mais alinhadas, evitando áreas mais movimentadas pelas equipes esportivas, tomamos o caminho mais longo para o estacionamento. Meu carro parecia estranhamente solitário em sua vaga sem qualquer outro automóvel ao seu redor, os carros e motos dos membros dos clubes do colégio estavam estacionados na área leste enquanto eu estacionava próximo as vagas dos professores. Era uma forma de garantir a integridade do meu carro, os alunos daquele lugar não eram os melhores manobristas!
— Eu ainda não vi Becky ou Roman durante o nosso trajeto até aqui. — se pronunciou quebrando o silêncio de repente.
— Eles estão atrás do prédio de química. — Indiquei a moto de Roman estacionada do lado oposto em que estávamos.
— Então eles fizeram as pazes. — me ofereceu um sorriso cúmplice, o qual eu apenas ri em concordância.
— Sim, agora aproveite que não uma alma viva por perto e entre logo. — O apressei antes de seguir para os bancos traseiros do carro.
— Tirana. — Ele me provocou uma última vez antes de entrar no carro.
— Irresponsável. — O acusei antes de seguir para o banco do motorista.
— Eu prefiro o termo desfrutador da vida. — Ele me encarou sem qualquer dificuldade.
— O que é um sinônimo para o que acabei de dizer. — Rolei os olhos dando partida no carro.
— Só porque eu me permito ser mais aberto em minhas experiências que você, não significa que eu seja irresponsável. — Ele me respondeu insatisfeito.
— Quatro palavras que provam o contrário: Desastre na Residência Trevisan. — Levantei um dedo de cada vez ao lembrá-lo do incidente que causou o corte severo nos orçamentos dos clubes do colégio.
— Okay, com isso você me pegou. — Ele riu sem qualquer constrangimento. — Falando nesse incidente, aonde você estava naquela noite Senhora Certinha? — Ele me provocou com o apelido que Becky custumava usar para me provocar, no entanto, o sorriso sumiu dos meus lábios ao ouvir sua pergunta.
— Eu não quero falar sobre isso. — Meu tom saiu mais severo do que desejava, me olhou surpreso.
— Por que você não quer falar sobre isso? — Ele reformulou sua pergunta, pelo tom de voz de , ele não deixaria isso de lado.
— Porque está no passado, eu não gosto de desenterrar lembranças desagradáveis. — Tentei ser a mais clara quanto ao meu desgosto ao falar sobre o ocorrido.
— Isso tem a ver com Daniel? — Ele foi incisivo, não deixaria o assunto de lado tão cedo.
🏆💙🏆
A sorte não parecia particularmente tentada a me favorecer naquele dia. Após a aula desperdiçada com , voltei a encontrá-lo mais algumas vezes. Sabendo que não conseguiria prestar atenção durante as aulas, aproveitei o tempo extra para revisar minha planilha de anotações sobre a equipe de natação, ambas as equipes; ainda não havia revelado ao meu companheiro de equipe que analisava o desempenho dos garotos sobre o seu comando. Não era algo que eu fazia para prejudicá-lo, eu amava tanto o esporte que não conseguia evitar de reparar na equipe masculina, embora eles me dessem tanta dor de cabeça quanto o seu capitão. Eu adorava organizar rotinas de treinamento, analisar minuciosamente o desempenho dos atletas dentro e fora da água…Fragmentos do que desejava me tornar futuramente se manifestava sem que eu tivesse qualquer controle. Tive algumas conversas e reuniões com ambos treinadores, propondo rotinas e modelos para o aprimoramento do time; se era informado ou não pelo treinador, eu não tinha a menor ideia.
Assim que o último período se encerrou, eu guardei minhas anotações em minha bolsa, saindo rapidamente da sala seguindo em direção ao ginásio da equipe de natação. Passei pela equipe de atletismo pelo caminho, saudando algumas faces conhecidas aqui e ali. Quando se passa tempo demais concentrada em se aprimorar, acaba criando laços com pessoas de outras equipes. Adentrei pela porta lateral do vestiário feminino, procurando em meu armário as roupas molhadas para levar para casa; resolvi levar todas as roupas de banho do armário, ficaria sem visitar o local por algum tempo assim guardei tudo em minha bolsa de esportes e dei o fora dali antes que a treinadora me visse por ali, afinal havia lhe garantido que entregará todas as minhas as chaves em minha posse…
Caminhei tranquilamente na direção oposta, pegaria o caminho mais longo até o estacionamento; eu mal havia atingido as proximidades das quadras fechadas das equipes de vôlei quando meu celular começou a tocar. Em um rápido movimento o levei a orelha, atendendo a ligação sem olhar quem estava me ligando.
— Você deveria prestar mais atenção ao atender uma chamada. — A voz irritante de me saudou levemente rabugenta.
— Você por acaso anda me vigiando agora? — O respondi procurando-o já que suas últimas palavras indicavam que ele estava por perto.
— A esquerda, Love. — Encostado nos fundos da quadra de vôlei, abriu um sorriso, eu poderia imaginar o que se passava pelos seus pensamentos assim que notei o olhar dele sobre a minha bolsa.
Encerrei a ligação guardando o celular em meu bolso, contendo um sorriso em resposta ao seu olhar. Eu não poderia deixar que ele soubesse como me sentia, quando eu mesma não sabia; meu olhar o avaliou de cima a baixo, ele parecia estar se divertindo por eu o observar atentamente, sua sobrancelha arqueou como se me desafiasse…eu estava enlouquecendo! Somente por respirar, me irritava, agora apenas um olhar me deixava querendo sorrir abertamente!!!
— Pensei que sua trupe de idiotas o levariam para casa. — Zombei assim que me coloquei ao seu lado, ele me olhou em silêncio antes de abrir um sorriso de canto.
— Meu futuro sogro me convidou para jantar, você não vai acreditar no que ele me contou ao seu respeito Love. — fez mistério rindo do meu olhar em reação ao que ele dissera. — Só para constar: essa sua atitude não me engana mais, eu sei que embaixo dessa sua carcaça teimosa e maléfica, você me ama. — Ele riu da minha expressão se colocando a minha frente, seus braços me prenderam contra a parede enquanto seu olhar me estudava em divertimento.
— Como você consegue ficar ainda mais odioso em um curto período de tempo?! — Resmunguei revirando os olhos em relação a atitude de meu pai.
— Eu já conquistei a sua família querida. — riu do olhar que dei a ele. — Eu só preciso dobrar essa sua teimosia, eu adoro um bom desafio. — Ele ergueu minha face segurando gentilmente meu queixo me fazendo olhá-lo diretamente em seus olhos .
— Eu odeio essa sua confiança excessiva. — Mordi o interior da minha bochecha para evitar sorrir, eu estava enfrentando um oponente a altura e ele sabia que já havia vencido e mesmo assim prosseguiu com a nossa provocação tácita.
— Cada vez que um odeio sai dessa sua boca atrevida, Love, eu entendo como eu amo…você sabe que seus olhos dizem muito mais que esses lábios mentirosos. — passou seu polegar sobre meus lábios aproximando sua face da minha.
— De onde vem tanta confiança, meu caro ? — O provoquei mordiscando a ponta de seu polegar, ele não escondeu o desejo de seu olhar ao levantar seus olhos da minha boca para enfim me olhar diretamente nos olhos.
— Eu já lhe disse para me chamar de , Love. — Ele sussurrou em meu ouvido, antes de mordiscar a ponta do meu lóbulo deixando um beijo na base do meu pescoço.
— O que acontecerá se eu não o chamar? — Indaguei deixando minhas bolsas caírem ao meu lado enquanto sorria de forma inocente.
— Você é realmente teimosa. — Ele riu antes de me erguer sem qualquer dificuldade, minha face ficou na mesma altura que a dele, nossas respirações se misturaram enquanto sustentávamos o olhar um do outro.
— Você não imagina o quanto. — O respondi num sussurro o imitando, vendo-o se empertiguinar enquanto tentava não demostrar que eu causava algum efeito nele. — O gato comeu a sua língua, . — O provoquei pronunciando seu apelido pausadamente, suas mãos seguraram com força minhas pernas enquanto a respiração dele se tornou pesada.
O sorriso desapareceu de seus deliciosos lábios, ele me pressionou contra a parede, eu pude sentir cada maldito músculo dele com seu movimento, ele não parecia estar mais brincando. Aquelas pareciam fogueiras, seu olhar passou da minha face para a minha clavícula e então colo…era como se ele estivesse me tocando por onde seu olhar passava. Ele ajustou a sua pegada, segurando-me com uma pressão maior; nossos batimentos estavam igualmente acelerados, sincronizados tais como nossas respirações irregulares. Podíamos ouvir os gritos e apitos vindo do interior da quadra a qual ele me apoiava; mas como eu, ele não parecia estar preocupado por sermos vistos…A expectativa e iminência de sermos flagrados parecia tornar o clima ainda mais excitante. passeou a ponta de seu nariz pelo meu pescoço, soltando sua respiração próxima a base de meu pescoço, apertei seu ombro em reflexo. parecia estar se divertindo, seu sorriso zombeteiro retornou àquela odiosa boca.
Ainda sem pronunciar qualquer coisa, pressionou sua boca no local em que soltou sua respiração, como para testar algo. Apertei seus ombros em reação, outra vez, ele ergueu sua face arqueando uma sobrancelha em desafio, antes que eu dissesse algo esmagou seus lábios nos meus. Não fora um beijo gentil, muito menos amoroso, se tratava de desejos reprimidos e pura provocação. Ele sugou, mordeu e pressionou meus lábios como se fosse incapaz de parar.
Sem me deixar pensar por muito tempo, beijou cada parte da minha face antes de explorar meus pontos fracos em meu pescoço, rindo baixo ao encontrar cada um deles. Eu odiava ele estar no comando, mas me odiava mais por estar suspirando e deixando escapar ofegos quando ele pressionava seu corpo contra o meu. Ele não manteve suas mãos quietas por muito tempo, elas estavam tão animadas quanto sua maldita boca! A razão havia sido esquecida naquela piscina, afogada nas águas do desejo, chutada para longe pelo anseio de descobrir os pontos fracos um do outro.
Quando ele me colocou no chão eu tive que desviar meu olhar do dele, ele estava uma bagunça porque assim como , eu não fiquei parada por muito mais tempo o deixando fazer o que bem entendesse. me fazia sair da zona de garota certinha para uma versão mais ousada; ele me fazia abandonar a razão e me jogar nos atos impulsivos…Era a segunda vez naquele dia que ele me instigava ao ponto de acabarmos completamente desalinhados, em um local em que qualquer um poderia nos descobrir!
Respirei fundo contando mentalmente até cem, eu precisava de uma dose de bom senso enquanto procurava espantar a névoa dos desejos impulsivos; eu era discreta, com todas as variáveis perfeitamente controladas mas bastava meia dúzia de provocações mútuas para que e eu acabássemos com uma aparência bagunçada. Abri meus olhos lentamente encontrando a minha frente, sorrindo tranquilamente, como se a segundos atrás não estivesse com seus provocantes lábios colados aos meus.
— Eu terei de descobrir uma forma de calar essa sua maldita boca, antes que você acabe com a minha racionalidade . — Disse enquanto amarrava novamente meu cabelo em um rabo de cavalo, os olhos dele se curvaram antes que ele risse. — Do que você está rindo, idiota? — Cruzei meus braços o vendo rir ainda mais.
— Eu não posso estar feliz, querida? — Ele me roubou um beijo segurando minhas mãos antes que eu batesse nele. — Eu adoro te ver perder o controle, você parece menos uma tirana e mais como alguém realmente da sua idade. — Ele apertou a ponta do meu nariz se colocando fora do alcance das minhas mãos após soltá-las.
— Tirana? — Eu lhe indaguei vendo-no voltar sua atenção a mim após recuperar de seu ataque de risos diante minha surpresa.
— Você é chamada de Rainhas das águas por conta desse seu lado controlador. — Ele se abaixou alcançando as minhas bolsas as colocando em seus próprios ombros naturalmente.
— Eu não sou controladora! — O respondi em desacordo estendendo minha mão pedindo as bolsas.
— Me diga qual foi a última vez em que permitiu-se divertir sem ter tudo milimetricamente planejado? — Ele arqueou sua sobrancelha me olhando em desafio.
— Quando…eu te odeio! — O respondi por fim quando não consegui encontrar algo para contradizê-lo, ele riu e estava prestes a sair andando quando o puxei o para a parede cobrindo sua boca com a minha mão enquanto duas garotas do time de vôlei passavam a nossa frente distraídas segurando as garrafas de água.
Em silêncio indiquei o lado oposto que elas haviam saído, aproveitando que estava distraído, recuperei minhas bolsas seguindo a frente dele. Com suas pernas maiores que as minhas, ele me alcançou sem qualquer problema. Com nossas roupas mais alinhadas, evitando áreas mais movimentadas pelas equipes esportivas, tomamos o caminho mais longo para o estacionamento. Meu carro parecia estranhamente solitário em sua vaga sem qualquer outro automóvel ao seu redor, os carros e motos dos membros dos clubes do colégio estavam estacionados na área leste enquanto eu estacionava próximo as vagas dos professores. Era uma forma de garantir a integridade do meu carro, os alunos daquele lugar não eram os melhores manobristas!
— Eu ainda não vi Becky ou Roman durante o nosso trajeto até aqui. — se pronunciou quebrando o silêncio de repente.
— Eles estão atrás do prédio de química. — Indiquei a moto de Roman estacionada do lado oposto em que estávamos.
— Então eles fizeram as pazes. — me ofereceu um sorriso cúmplice, o qual eu apenas ri em concordância.
— Sim, agora aproveite que não uma alma viva por perto e entre logo. — O apressei antes de seguir para os bancos traseiros do carro.
— Tirana. — Ele me provocou uma última vez antes de entrar no carro.
— Irresponsável. — O acusei antes de seguir para o banco do motorista.
— Eu prefiro o termo desfrutador da vida. — Ele me encarou sem qualquer dificuldade.
— O que é um sinônimo para o que acabei de dizer. — Rolei os olhos dando partida no carro.
— Só porque eu me permito ser mais aberto em minhas experiências que você, não significa que eu seja irresponsável. — Ele me respondeu insatisfeito.
— Quatro palavras que provam o contrário: Desastre na Residência Trevisan. — Levantei um dedo de cada vez ao lembrá-lo do incidente que causou o corte severo nos orçamentos dos clubes do colégio.
— Okay, com isso você me pegou. — Ele riu sem qualquer constrangimento. — Falando nesse incidente, aonde você estava naquela noite Senhora Certinha? — Ele me provocou com o apelido que Becky custumava usar para me provocar, no entanto, o sorriso sumiu dos meus lábios ao ouvir sua pergunta.
— Eu não quero falar sobre isso. — Meu tom saiu mais severo do que desejava, me olhou surpreso.
— Por que você não quer falar sobre isso? — Ele reformulou sua pergunta, pelo tom de voz de , ele não deixaria isso de lado.
— Porque está no passado, eu não gosto de desenterrar lembranças desagradáveis. — Tentei ser a mais clara quanto ao meu desgosto ao falar sobre o ocorrido.
— Isso tem a ver com Daniel? — Ele foi incisivo, não deixaria o assunto de lado tão cedo.
Capítulo 54
Eu tentei rebater suas palavras, mas no fim fiquei em silêncio aumentando o volume do rádio; por o que parecera infinitas horas, estacionei aos pés da estrada da colina, que nos levaria até a fazenda da minha família, antes de olhar nos olhos. Eu não queria tocar no assunto, não era algo agradável, mas depois de toda honestidade e sinceridade de , não era justo com ele. Olhei para minhas mãos, aquelas eram demais para se encarar naquele instante.
— Em parte, Wrigth levou os gêmeos e a mim numa viagem para fora da cidade naquele fim de semana. — Meus dedos batucavam no volante do carro, o rádio havia sido desligado, apenas nossas respirações eram ouvidas naquele automóvel.
— O que aconteceu naquele final de semana, Love? — me indagou, sua voz era baixa e gentil e eu quis me bater, eu não merecia aquele garoto!
— Eu não fiquei com o Wrigth, ele nunca teve qualquer chance comigo. — Tentei tranquilizar aquela dor no olhar de , eu me sentia a pior pessoa na face da Terra.
— Não respondeu a minha pergunta, Love. — me respondeu olhando diretamente nos olhos, ele parecia determinado a descobrir o que houvera naquele fim de semana.
— Eu conheci o Victor…— tentou esconder a dor, mas ele não fora rápido o suficiente em encobri-la antes que eu a visse. Retirei meu cinto me sentando sobre o colo dele segurando a face dele com as duas mãos. — Eu não queria desenterrar isso porque eu sabia que iria o ferir, eu não estou interessada em ninguém…— Pressionei minha testa com a dele enquanto despejava doses de honestidade como nunca antes. — Eu não sou muito boa com esse lance de relacionamento, mas tudo o que eu sei…— Eu não cheguei a terminar porque antes que eu pudesse explicar a o porquê; o caminhão de entregas do meu irmão parou ao lado do meu carro. — Droga, é o Garrett! — Soltando um palavrão apoiei minha face no ombro de tomando ar, e me preparando mentalmente para enfrentar a figura do meu irmão mais velho.
— Para fora, agora . — Meu irmão falou com o seu semblante nem um pouco feliz após sair de seu automóvel, ele me esperava encostado na lataria do meu carro, ao lado da porta do motorista.
— Não importa o que ele diga, você não sai de dentro do carro. — Olhei para para ver se ele havia entendido e enxerguei um meio sorriso tentando se formar ao ver que eu não estava tentando fugir dele.
— Seus irmãos não me assustam, Love. — piscou para mim, contendo o sorriso por conta da presença de meu irmão e dessa forma me encorajando.
— ! — Garrett bateu na janela do carro, seu olhar se tornou sombrio ao pousar sobre , mordi o interior da minha bochecha para conter a minha língua.
— Eu preciso ir antes que ele tente algo. — Tentei sorrir corajosamente para , embora eu temesse a conversa que me esperava.
— Você é uma , não presuma a derrota ainda. — sorriu para mim me incentivando a ir encontrar meu irmão.
Com um aceno em concordância, sai do colo dele e passei para o lado do motorista antes de deixar o carro. Meu irmão indicou a trilha que nos levaria a praia rochosa antes da faixa de areia que acabaria perto da fazenda. Em silêncio o segui, sentindo-me mais nervosa do que todas as minhas primeiras vezes em competições; a gramínea não chegava as minhas panturrilhas, eu mal me lembrava da última vez em que estive naquela parte da praia. Nas tardes de outono, após a última entrega do dia de Garrett, ele me levava até ali para assistirmos o por do sol após uma competição de quem conseguia lançar mais longe as pedras. Encarei as costas de meu irmão, ele não era o mais rigoroso comigo, mas também não era alguém que me deixava escapar das consequências das minhas atitudes…Eu o respeitava pelo seu caráter, ele poderia por muitas vezes parecer o mais novo em comparação com Hector e Kayron, mas eu sabia que ele não hesitaria em me ajudar se assim eu precisasse. O problema dele ter sido o que havia visto e eu, era por ser justamente o mais ciumento entre meus irmãos, o mais super protetor e o que menos gostava de . Kayron parecia compreender melhor entre eles porque se tornaria seu padrasto, Hector pareceu gostar da forma como me conhecia bem o suficiente para me provocar de maneira certeira, mas Garrett, ele era educado e simpático por natureza mas identificou os sentimentos de como uma possibilidade de ferir sua irmãzinha.
— Gary. — O chamei assim que atingimos a primeira faixa rochosa.
— Me deixe estriar a cabeça monstrinha, eu não quero machucá-la com as minhas palavras. — Ele me olhou sobre o seu ombro, ele se abaixou pegando uma das pedras soltas entre as rochas maiores antes de lançá-la no mar.
— Eu sei que está preocupado comigo, eu entendo o seu senso de proteção mas se, e somente se, quebrar o meu coração, ele tem a minha permissão irmão. — Me aproximei dele após pegar uma pedra a lançando após Garrett lançar a dele.
— Eu o mato se partir o seu coração. — As narinas de Garrett dilataram em irritação, ele estava furioso com a possibilidade, eu não imaginava o quão protetor ele era
— É mais provável que aconteça o contrário Gary, me amou primeiro… — Segurei a mão esquerda de meu irmão vendo sua atenção voltar para mim outra vez. — Confie em mim. — Pedi com sinceridade em meu olhar, eu estava sendo honesta e pela primeira vez em muito tempo eu queria me comprometer com os sentimentos borbulhantes em meu peito.
— Eu não posso proibi-la, é sobre os seus sentimentos, monstrinha, que estamos falando, mas isso não significa que eu confie nele. — Meu irmão falou de forma mais tranquila, embora rigoroso.
— Lembra de quando conheceu Dayse? — Indaguei notando o olhar confuso que Garrett me deu, mas ele acenou em concordância. — Lembra do quanto eu fiquei no seu pé e como eu a odiava, e então você me disse que um dia eu encontraria alguém que fizesse meu coração acelerar com apenas um sorriso, e que um dos meus objetivos seria manter esse sorriso nos lábios dessa pessoa. — Prossegui vendo-no fazer um som em concordância embora balançasse sua cabeça em negação por eu ainda me lembrar de suas palavras. — Eu não tinha visto o verdadeiro sorriso de até a noite anterior ao campeonato estadual Gary, ele não havia me dito como se sentia mas eu percebi naquela noite…— Respirei fundo fugindo de seu olhar e encarando as rochas aos nossos pés. — Eu percebi que talvez eu sentisse algo por ele, porque com apenas um sorriso fez o meu coração acelerar, e isso me assustou até a alma. — Me abaixei pegando outra pedra antes de lançá-la na água, prolongando o silêncio por algum tempo. — Eu não sou muito boa com relacionamentos românticos, você, Kayron e Hector não foram os meus melhores professores quanto a isso, mas Cecília, nossos pais e avós me ensinaram uma coisa ou outra quanto aos assuntos do coração. — Abri um sorriso travesso vendo meu irmão rir baixo, ele se abaixou e pegou uma pedra a lançando em seguida.
— Você o ama, mas não está preparada para admitir isso. — Ele enfim se pronunciou indicando para seguirmos mais a frente, perto das ondas que se chocavam contra as pedras maiores. — Não o faça esperar por sua resposta, você pode acabar deixando o escapar por causa da sua teimosia crônica. — Ele riu da careta que se formou em minha face. — Eu te conheço monstrinha, você é bem inflexível quando se trata dos seus sentimentos. — Meu irmão me abraçou de lado, encaramos o horizonte em silêncio, suas palavras ecoaram em meus ouvidos, principalmente por estarem emocionalmente ligadas a um erro que Garrett cometeu no passado.
— Quem você deixou escapar? — Notei o olhar surpreso de meu irmão, ele não esperava que eu perguntasse algo assim.
— Você não chegou a conhecer, monstrinha, ela está aonde deveria estar. — Ele bagunçou meus cabelos com um sorriso, embora esse sorriso não alcançasse seus olhos.
— Desculpa, eu não deveria ter perguntado. — A dor dos meus irmãos, era como se fossem as minhas, como éramos muito próximos, eu meio que entendia o senso de proteção deles; eu mesma tinha isso em relação a eles e já havia agido de modo insuportável por conta disso.
— Isso já está no passado monstrinha, vamos já está ficando tarde e você sabe bem como a matriarca fica quando alguém atrasa para o jantar. — Ele riu e colocou seu braço sobre o meu ombro antes de retornamos. — Papai e mamãe vão adorar saber que vocês estão juntos.
— Por favor não conte a eles ainda. — Parei de andar forçando meu irmão a olhar em meus olhos. — Eu preciso de mais tempo, não conte a nenhum deles até que eu dê a notícia a nossos pais. — Olhei seriamente para o meu irmão vendo-o abrir um sorriso que me faria trabalhar para ele nas próximas semanas…
— Eu sinto que você não me contou tudo monstrinha. — Garrett me olhou carinhosamente enquanto ria. — Eu espero você contar ao pobre garoto que o ama antes de deixar nossa família descobrir algo que eles esperam há algum tempo. — Ele piscou para mim me deixando em frente ao carro após subirmos a trilha, ele ria sonoramente.
Garrett esperou eu entrar no carro, colocar o cinto e ligar o carro,antes de dar a volta e parar em frente a janela aonde estava. não piscava e eu jurava que podia ver uma gota de suor escorrer pela lateral de sua face diante o olhar inquisidor de meu irmão. Garrett podia ser assustador quando queria, ele aproveitava a situação para pegar no pé de mesmo que ele estivesse se segurando para não rir do pobre garoto.
— Eu estou de olho em você garoto, ouse magoar a monstrinha e saberá o porquê de não se mexer com um . — Garrett o avisou antes de subir em seu caminhão de entregas, ele apontou para o relógio em uma lembrança para que eu não me atrasasse para o jantar e com um último olhar feio para ele partiu.
— Eu não tenho medo dos seus irmãos Love. — O provoquei vendo me dar um olhar ofendido após imitá-lo, acabei rindo desligando o carro no processo.
— Isso não tem graça Love, é de seu irmão mais problemático que estamos falando. — se virou para mim, seu tom zangado acabou me fazendo rir ainda mais.
— Tem sim porque você não tem a menor ideia. — Falei tentando controlar meu riso, suspirei mordendo meu lábio e me virei de frente para olhar nos olhos dele. — Garrett é o mais ciumento, todo mundo sabe, mas minha família te adora, eles manterão Garrett na linha, você não precisa se preocupar. — Admiti vendo o semblante de iluminar com as minhas palavras, eu poderia ver ele segurando o maldito sorriso presunçoso que me tirava do sério.
— Sua família me adora? — Ele questionou incapaz de segurar o sorriso, seu peito estufou com a confiança renovada.
— Nem ouse usá-los para abrir vantagem entre nós. — O avisei e ele apenas riu da minha atitude, sem dizer uma palavra ele se inclinou e silenciou minhas ofensas mordiscando meu lábio inferior enquanto me puxava para perto dele.
— Você me conhece bem demais, . — Ele sussurrou em meu ouvido após me colocar sobre o seu colo, depositando um beijo em minha clavícula erguendo seu olhar com um sorriso tranquilo.
— Meu nome não soa tão mal em sua voz. — Retruquei vendo ele rir, sua mão esquerda segurou minha nuca juntando nossas bocas em um beijo que acelerou os meus batimentos, antes que isso seguisse o mesmo que ocorreu na piscina e atrás da quadra de vôlei, cobri a boca de com a minha mão. — Você já teve o suficiente por hoje , e se não nos apressar terá de enfrentar a fúria da matriarca .
— Eu nunca tenho o suficiente de você Love. — Ele me respondeu em um tom que reverberou por todo o meu corpo, senti minha face esquentar e desviei os olhos dos dele.
— Temos que ir. — Tentei sair do colo dele, mas ele me segurou firmemente, retornei meu olhar ao dele.
— Você é uma graça envergonhada. — plantou um beijo em minha clavícula outra vez, antes de levar sua mão a minha face. — Eu não me canso de ver as suas muitas expressões que eu ainda não conhecia.
— Você é realmente uma graça. — Coloquei minhas mãos em seus ombros o respondendo com gracejo, vi ele arquear a sobrancelha em diversão. — Seu romântico dramático. — Rolei os olhos deixando um beijo em sua testa antes de me soltar pulando para o banco do motorista. — Agora realmente precisamos seguir para a minha casa, você não tem ideia de como minha mãe fica caso um de seus filhos se atrase para o jantar.
— Vejo que as refeições são encontros sagrados para os . — Ele me respondeu de bom humor, seus braços se apoiaram atrás da cabeça enquanto esticava as pernas no painel do carro.
— Você não tem ideia! — Girei a chave na ignição ligando o motor antes de me virar para ele. — Coloque o cinto e tire seus pés do meu painel. — O avisei seriamente.
— Tirana. — Ele me respondeu rindo, mas fazendo exatamente o que eu o havia pedido.
Ignorando suas palavras, nos dirigi para a fazenda no alto da colina; pedindo aos céus para que mantessem a boca de Garrett fechada, e que meu pai e irmãos não falassem nenhuma besteira que fariam me atormentar com elas mais tarde. Com apenas as melodias do rádio, algumas provocações mútuas chegamos a minha casa quase atrasados mais ainda dentro do tempo limite de minha mãe.
— Por pouco mocinha. — Mamãe me saudou na porta de casa, seu olhar seguiu para a figura irritante as minhas costas que tentava não sorrir demais o que não passou despercebido por ela.
— Vou deixar minhas bolsas em meu quarto e já desço para a sala de jantar. — Deixei um beijo em sua bochecha antes de correr para dentro de casa sentindo o olhar dos sobre mim.
Capítulo 55
Meu pai serviu o prato de minha mãe, antes de servir-se; meu avô fez o mesmo com a minha avó. Essas atitudes sempre me faziam sorrir, eu os admirava, notei o olhar de Garrett sobre quase como se esperasse que os imitasse. Hector deu uma cotovelada em Garrett o questionando com o olhar, eu podia sentir o olhar de minha mãe sobre mim. Ela parecia muito atenta as minhas ações, especialmente depois de como se portou assim que chegamos para o jantar. Kayron não havia comparecido ao jantar, a única explicação para isso era que ele deveria estar tendo um encontro com a mãe de .
"Eu duvidava que um dia me acostumaria com isso!"
A benção da matriarca não era fácil de se conquistar; eu a vi expulsar garotas de nossa casa com apenas um olhar. Eu não entendia como ocorreu a aproximação da Sra. e meu irmão, no entanto minha mãe gostava dela tanto quanto adorava . Levei os acompanhamentos para o meu prato, sentindo muitos pares de olhos sobre mim. Respirei fundo e deixei o prato sobre a mesa me mantendo de pé, cruzei os braços encarando meus pais e depois meus irmãos.
— Eu odeio quando vocês prolongam o meu sofrimento ao invés de me perguntarem algo diretamente. — Me dirigi a minha família, ouvindo Hector engasgar pela minha atitude repentina.
— Eu deveria presumir que você notaria isso tão rápido, afinal é minha filha. — Mamãe sorriu limpando a boca no guardanapo me dando um olhar de diversão.
— Ela é igualzinha a você quando mais nova, filha. — Minha avó riu se direcionando a minha mãe, para então voltar a comer normalmente.
— Eu sinto que não vou gostar disso. — Me sentei os observando cuidadosamente.
— Como seu irmão vai se casar com a mãe de seu companheiro de equipe. — Meu pai iniciou sua fala com tranquilidade, havia um meio sorriso querendo despontar em seus lábios que ele tentava a todo custo frear.
— O filho da mãe se deu bem. — Garrett murmurou mal humorado recebendo um olhar de aviso de nossa mãe.
— Por favor, sejam diretos. — Pedi sentindo que havia uma expectativa por parte de meus pais, e que o mal humor de Garrett nada tinha a ver com nosso irmão mais velho.
— Filha, dessa vez não é sobre você. — Mamãe falou suavemente, eu devia estar com uma expressão horrorosa já que Hector engasgou uma risada desviando seu olhar para contê-la após receber um olhar de aviso de nosso pai. — , querido, queríamos saber se você não queria se mudar para a fazenda, você passa mais tempo por aqui do que em sua própria casa de todo modo. — Minha mãe foi sútil com seu pedido, mas eu poderia ver as engrenagens girando em sua mente maquinando inúmeras formas de unir e eu.
Eu realmente tentei não reagir, mas o grito surpreso escapou entre as brechas dos meus dedos que cobriam minha boca naquele momento. Eu respirei fundo procurando controlar meus nervos, eu surtaria a qualquer instante! Eu estava agitada demais e minha reação nada sútil se tornou o objeto de atenção de todos na mesa, me levantei sem ter tocado em um grão de comida. Eu sabia que era o alvo dos olhares, porém o olhar que mais me afetava era o de meu companheiro de equipe; eu imaginava que as razões erradas estavam passando por sua mente, no entanto, eu não poderia dar explicações naquele estado!
— Me desculpem, eu perdi o apetite. — Escapei em direção a porta dos fundos correndo para longe daquela sala, eu não me esperei por autorização ou questionamentos.
Eu queria gritar, era um misto de animação e medo borbulhavam em meu peito enquanto corria pelas árvores do bosque após atravessar todo o caminho para a área externa. Já fazia algum tempo que havia visitado aquele lugar, precisava do meu refúgio para poder colocar minha cabeça no lugar e esclarecer os sentimentos para mim mesma. A faixa de árvores não eram densas, então fora um trajeto rápido até alcançar a outra margem do bosque; o cheiro da maresia me atingiu antes que eu saísse de entre as árvores, respirando com mais calma arranquei meus calçados caminhando pela grama a passos tranquilos, a terra fria e levemente úmida era agradável de se sentir, de alguma maneira sentia que transferia toda a agitação para o solo abaixo de mim. Me aproximei da beirada do penhasco após sair das delimitações do bosque, o horizonte repleto de cores do entardecer sempre me roubava o fôlego, observando as ondas que quebravam contra as formações rochosas abaixo, me sentei balançando as pernas no vazio, refletindo como meus sentimentos eram semelhantes as águas do oceano, às vezes calmos como em dias sem correntes de ar, em outras as revoltosas águas eram movidas pelas tempestuosas mudanças causadas pelo encontro de sentimentos, tais como ocorria quando duas massas de ares diferentes colidiam e causam tempestades terríveis!
— Porra! — Me deitei na grama sorrindo malditamente feliz, eu me odiava um pouco por estar animada com a possibilidade de viver sob o mesmo teto que .
Eu ri me xingando mentalmente enquanto fechava os olhos relaxada, eu sabia que minha família me daria algum espaço antes que meu pai mandasse um dos meus irmãos me buscar. Dificilmente agia de maneira egoísta, naquele momento precisava apenas colocar meus pensamentos no lugar e admitir as verdades que jamais diria a alguém, o qual havia sido convidado para morar ali.
A realidade era que eu estava tão animada que agi por impulso, meu lado teimoso que se recusava a admitir o que sentia brigava com a versão despreocupada que só aparecia sob as provocações de .
— Droga, droga, droga! — Soquei o chão me sentando de repente.
Ter verdades ditas em minha face era mais comum do que jamais admitiria; o mal gênio que herdavamos da matriarca era como uma benção e maldição ao mesmo tempo. Isso nos tornava tão obtusos que não importava a quantidade de vezes que uma verdade fosse dita, a teimosia se recusava a aceitá-la. Ignorei a verdade diante os meus olhos que precisei de me dizendo, com todas as letras que me amava, para que enfim acreditasse em algo que já havia perdido as contas de quantas vezes havia escutado.
Eu era malditamente turrona, intragável na maior parte do tempo e me recusava a admitir algo que já sabia fazia alguns meses…Antes que verdades fossem ditas, antes que desastres ocorressem, antes de tudo virar uma sequência de catástrofes que aproxivam e eu cada vez mais.
"Merda! Não fazia mais que alguns dias desde a declaração de ! O que estava acontecendo com a minha mente tão racional?"
Encarava o horizonte a minha frente observando o ondular das ondas sobre a água antes de atingirem os rochedos, ainda balançando as pernas no vazio, discutindo com o caos em minha mente e me obrigando a ser honesta comigo mesma. Até aquele jantar, havia dado desculpas para a minha ignorância sobre o que estava acontecendo com o meu coração. Eu era verdadeiramente hipócrita comigo mesma, e talvez um pouco covarde; eu…
"Não diria as palavras até que estivesse preparada, deveria ser o primeiro a escutar sobre isso!"
💙🏆💙
Enquanto observava o crepúsculo, ouvi o som das botas familiares de Hector, sua figura esguia atravessou a distância que nos separava em poucos minutos se juntando a mim no píer de madeira. Após admitir algumas verdades, lutando contra o impulso de me auto estapear, me deitei sobre as madeiras do píer no lago, observando os tons do anoitecer colorir o céu. Meu irmão se sentou ao meu lado, permanecendo em silêncio olhando para o céu.
— Eu realmente não gosto que Garrett está escondendo algo de nós, mas principalmente porque assim ele criou uma vantagem. — Hector resmungou, o que me fez rir, eu imaginei que ele iria me dar algum sermão ou agir todo responsável, mas ali estava a figura rabugenta do meu irmão mais velho, e até um pouco infantil, pouco vista pelas pessoas.
— Porque você acha que ele sabe de algo? — Perguntei me sentando por fim, vendo seu olhar rabugento cair sobre mim.
— Garrett é tão transparente que chega a ser irritante por causa disso. — Hector me respondeu revirando os olhos, acabei rindo outra vez o que me fez receber um olhar zangado dele.
— Nem todos conseguem dominar a arte da discrição irmão. — O empurrei de leve com o ombro notando meu irmão conter um sorriso.
— Seu defeito é ser esperta pestinha. — Hector bagunçou meus cabelos rindo da minha expressão, ele me olhou em desafio notando em seguida em como estava perto da beirada do píer. — Se você me empurrar a mamãe vai te matar, ela me mandou te buscar.
— Eu quero ficar mais alguns minutos por aqui Hector, eu tive um dia cheio de emoções. — Respondi voltando a me deitar fechando os olhos, apoiei minha cabeça em minhas mãos enquanto apreciava a brisa marinha.
— O que aconteceu pestinha? — Havia preocupação em seu tom de voz, sorri de modo a tranquilizá-lo.
— Becky e Roman haviam brigado, eu sei, parece quase impossível, mas acontece as vezes. — Abri os olhos notando o olhar de divertimento de Hector, ele riu da maneira como o interrompi antes dele começar a falar. — A treinadora resolveu assumir seu posto e me expulsou das piscinas por um tempo, apenas o suficiente para conhecer a equipe…eu tive um dia que foi como uma montanha russa de emoções irmão. — Sorri cansada suspirando por fim fechando os olhos outra vez.
— Eu sinto que tem algo que você não está me contando, mas que Garrett sabe e eu não gosto disso. — Hector me respondeu um pouco ranzinza.
— Hector, você sabe que é o meu irmão favorito, mas eu não posso te contar tudo, não quando eu preciso dobrar meu lado turrão para admitir algo. — Acabei rindo, me sentei sorrindo em diversão, eu realmente não podia admitir algo antes de dobrar meu lado mais teimoso.
— Você está tentando me fazer te deixar escapar, admitindo isso justamente quando nossos irmãos não estão por perto. — Ele puxou minhas bochechas rindo.
— Não basta você saber, mas quer que eu admita isso na frente deles?! — Resmunguei o empurrando apenas para libertar minhas bochechas, massageei o local lhe dando um olhar bravo. — Eu já falei isso na frente de nossos irmãos. — O lembrei me levantando espanando minhas roupas.
— Não na frente de Cecília, você só me pede ajuda quando sabe que Kayron e Garrett não vão concordar com seu pedido. — Ele se levantou cruzando seus braços me dando um olhar astuto.
— Há um motivo pelo qual eu não disse isso na frente de Cecília. — O respondi reticiente, vendo meu irmão me olhar de maneira analítica em resposta.
— Okay, qual é o segredo entre vocês duas? — Hector questionou adivinhando que Cecília e eu escondíamos algo de todos.
— É mais algo que eu notei antes de todo mundo, e vocês vão ficar sabendo na hora certa. — Pisquei para ele rindo da expressão de insatisfação de Hector.
— Eu odeio como vocês são como duas raposas. — Ele resmungou alguma coisa baixo em seguida antes de voltar seu olhar para cima, passou sua mão pelo seu cabelo antes de tomar uma respiração longa e voltar seu olhar novamente para mim. — O Sr. Base não te contou tudo, ou contou pestinha?
— Não, mas eu consegui adivinhar sobre o que se tratava quando ele achou que eu fosse você, eu te conheço meu irmão. — Pisquei para ele vendo-o balançar a cabeça negativamente. — Suas reações meio que me confirmaram o que eu ainda não tinha concluído, só porque vocês são os mais velhos se acham os mais espertos.
— Ninguém está a salvo desse seu cérebro pestinha. — Hector sorriu bagunçando meus cabelos. — Mas não se esqueça que você não é a única inteligente.
— O que foi que a mamãe disse? — O questionei sentindo um arrepio subir pela minha espinha, a única coisa que eu mais temia sobre a Terra, era como nossa mãe sempre nos lia como se fossemos um livro.
— Nada, ao menos não para mim. — Ele sorriu como se divertindo ao me ver desconfiada.
— Ele aceitou não foi?! — Falei mais como uma afirmação do que um questionamento, vendo meu irmão esconder um olhar de surpresa.
— Depois que nossa mãe conversou a sós com ele. — Meu irmão me respondeu sem precisar nomear a quem se referia, eu estava sendo tão óbvia que me odiava um pouco.
— Merda! — Massageei minhas têmporas tentando controlar os meus batimentos, os quais estavam acelerados com a confirmação de viver sob o mesmo teto que .
— Terá de aturar seu rival no colégio e em casa pestinha. — Eu não precisava ver meu irmão para saber que ele ria em pura diversão. — Eu adoro como esse moleque sabe te tirar da zona de conforto com maestria; não ao ponto de desajá-lo como meu possível cunhado. — Hector me pegou de surpresa, eu engasguei uma risada porque meu irmão ainda não havia sacado algo que estava óbvio até para Garrett, que era o irmão mais desligado entre os .
— Vamos voltar antes que papai venha nos procurar. — Enganchei meu braço no dele procurando mudar de assunto para não acabar rindo dele o fazendo notar a verdade diante os seus olhos.
— Não pense que vou deixar de lado essa coisa com o Gary. — Hector me lembrou antes de saímos do píer em direção ao bosque.
— Você é o meu irmão favorito, o que mais você pode querer? — O respondi rindo, vendo-o bufar procurando esconder um sorriso bobalhão.
— Você admitindo isso para Cecília. — Ele me respondeu contendo o sorriso.
— Vocês são os meus irmãos mais velhos, em teoria não deveriam ser os meus exemplos ao invés de disputar o quão queridos são pela caçula da família? — O questionei vendo meu irmão dar de ombros antes de me erguer em seus ombros e sair correndo comigo para o bosque.
Acabei rindo enquanto meu irmão simplesmente sorria enquanto corria pelas árvores comigo ainda em seus ombros; mamãe e papai saíram pela porta dos fundos para ver o que estava acontecendo e riram ao ver a cena de Hector me carregando em seus ombros enquanto corria em círculos me fazendo gritar para me colocar no chão enquanto tentava não rir. Avistei Garrett vindo pela lateral, de onde ficava o celeiro, ele deveria ter checado os cavalos e precisou trocar de roupa antes de seguir para casa. Eu não sabia aonde estava, mas eu sabia que ele estava observando a cena porque seu olhar era o único que me acrescentava algum peso, era como se eu pudesse o sentir mesmo que não estivéssemos nos tocando.
Eu não sei em que momento Garrett e Hector trocaram olhares, e assim que Hector me soltou Garrett me perseguiu ameaçando com cócegas, eu ouvi meus pais rirem enquanto meus dois irmãos me perseguiam enquanto eu corria tropeçando aqui e ali por estar tonta, fazendo o dobro de esforço para escapar das mãos de meus irmãos que sempre me alcançavam, me fazendo rir tanto que comecei a sentir vontade de fazer xixi.
"Eu era mesmo abençoada com uma família e tanto!"
A benção da matriarca não era fácil de se conquistar; eu a vi expulsar garotas de nossa casa com apenas um olhar. Eu não entendia como ocorreu a aproximação da Sra. e meu irmão, no entanto minha mãe gostava dela tanto quanto adorava . Levei os acompanhamentos para o meu prato, sentindo muitos pares de olhos sobre mim. Respirei fundo e deixei o prato sobre a mesa me mantendo de pé, cruzei os braços encarando meus pais e depois meus irmãos.
— Eu odeio quando vocês prolongam o meu sofrimento ao invés de me perguntarem algo diretamente. — Me dirigi a minha família, ouvindo Hector engasgar pela minha atitude repentina.
— Eu deveria presumir que você notaria isso tão rápido, afinal é minha filha. — Mamãe sorriu limpando a boca no guardanapo me dando um olhar de diversão.
— Ela é igualzinha a você quando mais nova, filha. — Minha avó riu se direcionando a minha mãe, para então voltar a comer normalmente.
— Eu sinto que não vou gostar disso. — Me sentei os observando cuidadosamente.
— Como seu irmão vai se casar com a mãe de seu companheiro de equipe. — Meu pai iniciou sua fala com tranquilidade, havia um meio sorriso querendo despontar em seus lábios que ele tentava a todo custo frear.
— O filho da mãe se deu bem. — Garrett murmurou mal humorado recebendo um olhar de aviso de nossa mãe.
— Por favor, sejam diretos. — Pedi sentindo que havia uma expectativa por parte de meus pais, e que o mal humor de Garrett nada tinha a ver com nosso irmão mais velho.
— Filha, dessa vez não é sobre você. — Mamãe falou suavemente, eu devia estar com uma expressão horrorosa já que Hector engasgou uma risada desviando seu olhar para contê-la após receber um olhar de aviso de nosso pai. — , querido, queríamos saber se você não queria se mudar para a fazenda, você passa mais tempo por aqui do que em sua própria casa de todo modo. — Minha mãe foi sútil com seu pedido, mas eu poderia ver as engrenagens girando em sua mente maquinando inúmeras formas de unir e eu.
Eu realmente tentei não reagir, mas o grito surpreso escapou entre as brechas dos meus dedos que cobriam minha boca naquele momento. Eu respirei fundo procurando controlar meus nervos, eu surtaria a qualquer instante! Eu estava agitada demais e minha reação nada sútil se tornou o objeto de atenção de todos na mesa, me levantei sem ter tocado em um grão de comida. Eu sabia que era o alvo dos olhares, porém o olhar que mais me afetava era o de meu companheiro de equipe; eu imaginava que as razões erradas estavam passando por sua mente, no entanto, eu não poderia dar explicações naquele estado!
— Me desculpem, eu perdi o apetite. — Escapei em direção a porta dos fundos correndo para longe daquela sala, eu não me esperei por autorização ou questionamentos.
Eu queria gritar, era um misto de animação e medo borbulhavam em meu peito enquanto corria pelas árvores do bosque após atravessar todo o caminho para a área externa. Já fazia algum tempo que havia visitado aquele lugar, precisava do meu refúgio para poder colocar minha cabeça no lugar e esclarecer os sentimentos para mim mesma. A faixa de árvores não eram densas, então fora um trajeto rápido até alcançar a outra margem do bosque; o cheiro da maresia me atingiu antes que eu saísse de entre as árvores, respirando com mais calma arranquei meus calçados caminhando pela grama a passos tranquilos, a terra fria e levemente úmida era agradável de se sentir, de alguma maneira sentia que transferia toda a agitação para o solo abaixo de mim. Me aproximei da beirada do penhasco após sair das delimitações do bosque, o horizonte repleto de cores do entardecer sempre me roubava o fôlego, observando as ondas que quebravam contra as formações rochosas abaixo, me sentei balançando as pernas no vazio, refletindo como meus sentimentos eram semelhantes as águas do oceano, às vezes calmos como em dias sem correntes de ar, em outras as revoltosas águas eram movidas pelas tempestuosas mudanças causadas pelo encontro de sentimentos, tais como ocorria quando duas massas de ares diferentes colidiam e causam tempestades terríveis!
— Porra! — Me deitei na grama sorrindo malditamente feliz, eu me odiava um pouco por estar animada com a possibilidade de viver sob o mesmo teto que .
Eu ri me xingando mentalmente enquanto fechava os olhos relaxada, eu sabia que minha família me daria algum espaço antes que meu pai mandasse um dos meus irmãos me buscar. Dificilmente agia de maneira egoísta, naquele momento precisava apenas colocar meus pensamentos no lugar e admitir as verdades que jamais diria a alguém, o qual havia sido convidado para morar ali.
A realidade era que eu estava tão animada que agi por impulso, meu lado teimoso que se recusava a admitir o que sentia brigava com a versão despreocupada que só aparecia sob as provocações de .
— Droga, droga, droga! — Soquei o chão me sentando de repente.
Ter verdades ditas em minha face era mais comum do que jamais admitiria; o mal gênio que herdavamos da matriarca era como uma benção e maldição ao mesmo tempo. Isso nos tornava tão obtusos que não importava a quantidade de vezes que uma verdade fosse dita, a teimosia se recusava a aceitá-la. Ignorei a verdade diante os meus olhos que precisei de me dizendo, com todas as letras que me amava, para que enfim acreditasse em algo que já havia perdido as contas de quantas vezes havia escutado.
Eu era malditamente turrona, intragável na maior parte do tempo e me recusava a admitir algo que já sabia fazia alguns meses…Antes que verdades fossem ditas, antes que desastres ocorressem, antes de tudo virar uma sequência de catástrofes que aproxivam e eu cada vez mais.
Encarava o horizonte a minha frente observando o ondular das ondas sobre a água antes de atingirem os rochedos, ainda balançando as pernas no vazio, discutindo com o caos em minha mente e me obrigando a ser honesta comigo mesma. Até aquele jantar, havia dado desculpas para a minha ignorância sobre o que estava acontecendo com o meu coração. Eu era verdadeiramente hipócrita comigo mesma, e talvez um pouco covarde; eu…
💙🏆💙
Enquanto observava o crepúsculo, ouvi o som das botas familiares de Hector, sua figura esguia atravessou a distância que nos separava em poucos minutos se juntando a mim no píer de madeira. Após admitir algumas verdades, lutando contra o impulso de me auto estapear, me deitei sobre as madeiras do píer no lago, observando os tons do anoitecer colorir o céu. Meu irmão se sentou ao meu lado, permanecendo em silêncio olhando para o céu.
— Eu realmente não gosto que Garrett está escondendo algo de nós, mas principalmente porque assim ele criou uma vantagem. — Hector resmungou, o que me fez rir, eu imaginei que ele iria me dar algum sermão ou agir todo responsável, mas ali estava a figura rabugenta do meu irmão mais velho, e até um pouco infantil, pouco vista pelas pessoas.
— Porque você acha que ele sabe de algo? — Perguntei me sentando por fim, vendo seu olhar rabugento cair sobre mim.
— Garrett é tão transparente que chega a ser irritante por causa disso. — Hector me respondeu revirando os olhos, acabei rindo outra vez o que me fez receber um olhar zangado dele.
— Nem todos conseguem dominar a arte da discrição irmão. — O empurrei de leve com o ombro notando meu irmão conter um sorriso.
— Seu defeito é ser esperta pestinha. — Hector bagunçou meus cabelos rindo da minha expressão, ele me olhou em desafio notando em seguida em como estava perto da beirada do píer. — Se você me empurrar a mamãe vai te matar, ela me mandou te buscar.
— Eu quero ficar mais alguns minutos por aqui Hector, eu tive um dia cheio de emoções. — Respondi voltando a me deitar fechando os olhos, apoiei minha cabeça em minhas mãos enquanto apreciava a brisa marinha.
— O que aconteceu pestinha? — Havia preocupação em seu tom de voz, sorri de modo a tranquilizá-lo.
— Becky e Roman haviam brigado, eu sei, parece quase impossível, mas acontece as vezes. — Abri os olhos notando o olhar de divertimento de Hector, ele riu da maneira como o interrompi antes dele começar a falar. — A treinadora resolveu assumir seu posto e me expulsou das piscinas por um tempo, apenas o suficiente para conhecer a equipe…eu tive um dia que foi como uma montanha russa de emoções irmão. — Sorri cansada suspirando por fim fechando os olhos outra vez.
— Eu sinto que tem algo que você não está me contando, mas que Garrett sabe e eu não gosto disso. — Hector me respondeu um pouco ranzinza.
— Hector, você sabe que é o meu irmão favorito, mas eu não posso te contar tudo, não quando eu preciso dobrar meu lado turrão para admitir algo. — Acabei rindo, me sentei sorrindo em diversão, eu realmente não podia admitir algo antes de dobrar meu lado mais teimoso.
— Você está tentando me fazer te deixar escapar, admitindo isso justamente quando nossos irmãos não estão por perto. — Ele puxou minhas bochechas rindo.
— Não basta você saber, mas quer que eu admita isso na frente deles?! — Resmunguei o empurrando apenas para libertar minhas bochechas, massageei o local lhe dando um olhar bravo. — Eu já falei isso na frente de nossos irmãos. — O lembrei me levantando espanando minhas roupas.
— Não na frente de Cecília, você só me pede ajuda quando sabe que Kayron e Garrett não vão concordar com seu pedido. — Ele se levantou cruzando seus braços me dando um olhar astuto.
— Há um motivo pelo qual eu não disse isso na frente de Cecília. — O respondi reticiente, vendo meu irmão me olhar de maneira analítica em resposta.
— Okay, qual é o segredo entre vocês duas? — Hector questionou adivinhando que Cecília e eu escondíamos algo de todos.
— É mais algo que eu notei antes de todo mundo, e vocês vão ficar sabendo na hora certa. — Pisquei para ele rindo da expressão de insatisfação de Hector.
— Eu odeio como vocês são como duas raposas. — Ele resmungou alguma coisa baixo em seguida antes de voltar seu olhar para cima, passou sua mão pelo seu cabelo antes de tomar uma respiração longa e voltar seu olhar novamente para mim. — O Sr. Base não te contou tudo, ou contou pestinha?
— Não, mas eu consegui adivinhar sobre o que se tratava quando ele achou que eu fosse você, eu te conheço meu irmão. — Pisquei para ele vendo-o balançar a cabeça negativamente. — Suas reações meio que me confirmaram o que eu ainda não tinha concluído, só porque vocês são os mais velhos se acham os mais espertos.
— Ninguém está a salvo desse seu cérebro pestinha. — Hector sorriu bagunçando meus cabelos. — Mas não se esqueça que você não é a única inteligente.
— O que foi que a mamãe disse? — O questionei sentindo um arrepio subir pela minha espinha, a única coisa que eu mais temia sobre a Terra, era como nossa mãe sempre nos lia como se fossemos um livro.
— Nada, ao menos não para mim. — Ele sorriu como se divertindo ao me ver desconfiada.
— Ele aceitou não foi?! — Falei mais como uma afirmação do que um questionamento, vendo meu irmão esconder um olhar de surpresa.
— Depois que nossa mãe conversou a sós com ele. — Meu irmão me respondeu sem precisar nomear a quem se referia, eu estava sendo tão óbvia que me odiava um pouco.
— Merda! — Massageei minhas têmporas tentando controlar os meus batimentos, os quais estavam acelerados com a confirmação de viver sob o mesmo teto que .
— Terá de aturar seu rival no colégio e em casa pestinha. — Eu não precisava ver meu irmão para saber que ele ria em pura diversão. — Eu adoro como esse moleque sabe te tirar da zona de conforto com maestria; não ao ponto de desajá-lo como meu possível cunhado. — Hector me pegou de surpresa, eu engasguei uma risada porque meu irmão ainda não havia sacado algo que estava óbvio até para Garrett, que era o irmão mais desligado entre os .
— Vamos voltar antes que papai venha nos procurar. — Enganchei meu braço no dele procurando mudar de assunto para não acabar rindo dele o fazendo notar a verdade diante os seus olhos.
— Não pense que vou deixar de lado essa coisa com o Gary. — Hector me lembrou antes de saímos do píer em direção ao bosque.
— Você é o meu irmão favorito, o que mais você pode querer? — O respondi rindo, vendo-o bufar procurando esconder um sorriso bobalhão.
— Você admitindo isso para Cecília. — Ele me respondeu contendo o sorriso.
— Vocês são os meus irmãos mais velhos, em teoria não deveriam ser os meus exemplos ao invés de disputar o quão queridos são pela caçula da família? — O questionei vendo meu irmão dar de ombros antes de me erguer em seus ombros e sair correndo comigo para o bosque.
Acabei rindo enquanto meu irmão simplesmente sorria enquanto corria pelas árvores comigo ainda em seus ombros; mamãe e papai saíram pela porta dos fundos para ver o que estava acontecendo e riram ao ver a cena de Hector me carregando em seus ombros enquanto corria em círculos me fazendo gritar para me colocar no chão enquanto tentava não rir. Avistei Garrett vindo pela lateral, de onde ficava o celeiro, ele deveria ter checado os cavalos e precisou trocar de roupa antes de seguir para casa. Eu não sabia aonde estava, mas eu sabia que ele estava observando a cena porque seu olhar era o único que me acrescentava algum peso, era como se eu pudesse o sentir mesmo que não estivéssemos nos tocando.
Eu não sei em que momento Garrett e Hector trocaram olhares, e assim que Hector me soltou Garrett me perseguiu ameaçando com cócegas, eu ouvi meus pais rirem enquanto meus dois irmãos me perseguiam enquanto eu corria tropeçando aqui e ali por estar tonta, fazendo o dobro de esforço para escapar das mãos de meus irmãos que sempre me alcançavam, me fazendo rir tanto que comecei a sentir vontade de fazer xixi.
Capítulo 56
O relógio marcava 05:00 da manhã, os barulhos no segundo andar da casa indicava que toda a família estava desperta. Normalmente despertava próximo as 06:00 da manhã, resolvi acordar cedo porque precisaria passar na casa de Roman que provavelmente odiaria me ver em sua residência por duas manhãs seguidas, era preferível o mau-humor dele pela manhã do que quando eu interrompia sua sessão de amassos com Becky. Eu precisaria de que ele levasse , caso ele ainda estivesse sem carro e porque a piscina de sua casa se tornaria meu lugar para treinar já que havia sido proibida pela treinadora de comparecer aos treinos, até a semana anterior aos amistosos.
Assim que saí do meu quarto para o corredor, pronta para encarar o dia pela frente, encontrei a figura de um recém desperto; cabelos bagunçados, a face amassada, olhos quase fechados por conta do sono, vestindo apenas uma calça de moletom que evidenciava suas entradas e seu peito completamente desnudo me proporcionando uma bela vista de seu peitoral. Não importava a quantidade de vezes que o havia visto completamente descoberto vestindo apenas seu traje de banho para os treinos e campeonatos, ele era sempre uma vista e tanto por conta de seu belo físico. Engoli em seco me forçando a desviar o olhar, antes de descobrir sobre os sentimentos dele e nomear os meus, seu belo porte físico não causava tanto efeito em mim como naquele momento.
— Como você ainda está assim? — O questionei para tentar esconder meu estado de espírito.
— Bom dia para você também Love. — Ele me respondeu acidamente. — Nem todos os quartos possuem um banheiro conjugado! — Ele rolou os olhos antes de passar por mim seguindo na direção do banheiro.
Encarei a direção que havia tomado me batendo mentalmente por ter agido no automático, na noite anterior havia lavado meus trajes de banho antes de seguir para o meu quarto, e como Garrett estava de olho em nós dois não pude ter uma conversa com , com as duas bolsas em meus ombros, a esportiva e a escolar, desci as escadas enquanto verificava se Roman ou Becky visualizaram as mensagens enviadas em nosso grupo do WhatsApp, era mais fácil me comunicar por ali com os dois do que mandar as mensagens separadamente.
— Eu já não te disse para não descer as escadas com esse aparelho em suas mãos filha?! — Papai me repreendeu me surpreendendo, contive o impulso de gritar sentindo meu coração acelerado pelo susto.
— Bom dia pai, dormiu bem? — Sorri o saudando vendo-o amolecer rindo da minha óbvia tentativa de fazê-lo sorrir.
— Você é realmente impossível. — Ele riu me abraçando antes de me indicar a mesa do café da manhã seguindo para a cozinha em seguida.
— Kayron voltou para casa? — Indaguei a Garrett que estava prestes a levar uma torrada a boca quando Hector passou por ele dando um tapa em sua nuca o mandando esperar o resto da nossa família se sentar a mesa.
— Hey! — Ele olhou feio para Hector antes de se voltar para mim. — Bom dia para você também monstrinha. — Garrett me respondeu no mesmo tom mau-humorado que havia me saudado anteriormente, acabei rindo pela estranha reação idêntica dos dois.
— Bom dia irmãozinho. — O respondi ainda rindo, o que fez ele me dar um olhar azedo antes de se voltar para a torrada que ele tentava outra vez levar a boca, quando nosso pai passou por ele batendo em sua cabeça o lembrando para esperar.
— Eu já fiz minhas entregas, adiantei as tarefas de Kayron que não, ele não passou a noite em casa, posso ao menos tomar o café da manhã? Estou faminto caramba! — Meu irmão parecia uma criança que teve seu pedido negado.
— Garrett , você não é mais um bebê então trate de esperar todos se sentarem a mesa. — Nossa mãe surgiu da cozinha com papai atrás dela a auxiliando com o que faltava colocar na mesa, ele puxou a cadeira para ela antes de se sentar ao seu lado.
— Onde estão os nossos avós? — Hector questionou após notar as cadeiras vazias na ponta da mesa.
— Eles estão velhos e não mortos filho. — Nosso pai deu um olhar significativo a Hector que fez eu e Garrett rir baixo recebendo um olhar de repreensão de nossa mãe.
— O que foi que eu perdi? — entrou na sala totalmente a vontade.
Senti um chute em minha canela, olhei para Hector que balançava a cabeça negativamente, era como se ele estivesse me pedindo para não dizer nada desagradável ao meu rival. Rolei os olhos antes de me servir uma xícara de café, me alcançou o açúcar e o leite que estava fora do meu alcance, ouvi Garrett bufar a minha esquerda, mamãe lhe deu um olhar zangado o que fez ele resmungar algo baixo e Hector lhe dar outro tapa em sua nuca o pedindo para ficar em silêncio. Eu engoli a risada tomando o líquido azeviche evitando olhar para todos, caso contrário gargalharia e consequentemente receberia uma punição dos meus pais.
Entre resmungos mal-humorados de Garrett, olhares analíticos de mamãe e Hector, e a cautela no olhar de meu pai em direção a , embora eles tomassem decisões em conjunto, meu pai não parecia o mais animado com o arranjo embora assim como a mamãe houvessem me enchido com o fato de me amar e nós dois acabaríamos juntos. Ofereci um sorriso e um olhar indagando se estava tudo bem a meu pai, ele balançou a cabeça em um aceno concordando antes de iniciar uma conversa com minha mãe. Seu olhar era tomado pelo afeto ao recair sobre a figura da minha mãe, ele sempre parecia encantado com tudo o que ela dizia ou fazia, era interessante observar a dinâmica deles. Perdida em pensamentos, me assustei quando a voz alta e grave de meu irmão mais velho anunciou sua chegada.
— Bom dia minha família linda. — Ele assoviava sorrindo de orelha a orelha, ele parou atrás das cadeiras de nossos pais beijando a lateral da face de nossa mãe e em seguida de nosso pai. — Antes que eu me esqueça. — Kayron se endireitou olhando para antes de lançar para ele um molho de chaves.
— Maldito, teve uma boa noite, bastardo?! — Garrett respondeu Kayron num tom mal-humorado.
— Filho! — Papai o alertou em um tom calmo que indicava a Garrett para ter cautela.
— Hey irmãozinho, vamos com calma o que há para esse seu mal-humor ? — Kayron colocou seu braço nos ombros de Garrett o olhando confuso.
— Não é nada, preciso de um tempo. — Ele retirou o braço de Kayron esse levantou após finalizar sua refeição. — Me desculpem. — Garrett se dirigiu aos nossos pais antes de sair assim que obteve um aceno de concordância de nossa mãe.
— O que deu nele? — questionou confuso, seus olhos ainda estavam fixos por onde Garrett havia partido.
— Ele precisa conhecer uma nova garota, ver casais felizes só o faz lembra de Irina. — Hector respondeu a ninguém em específico.
— Caramba! Ela se casou mesmo? — Kayron estalou um tapa em sua própria testa como se estivesse lembrando de algo importante tardiamente.
— Sim, ele até recebeu um convite. — Hector terminou de comer antes de agradecer pela refeição e se dirigir para onde Garrett havia partido.
— Então era isso que Gary havia se dirigido. — Acabei pensando em voz alta, acabei atraindo a atenção de todos com isso.
— Que tipo de conversa você teve com Gary querida? — Mamãe me indagou curiosa, isso acionou sinos de alerta em minha mente. Tomei o que restava de café em minha xícara me levantando com o sanduíche em uma mão e as bolsas em outra.
— Vejam só, eu vou me atrasar para os treinos da manhã. — Desconversei olhando para o relógio no outro lado da parede.
— Mas a treinadora a proi… — me olhou confuso antes de eu o interromper tampando sua boca com uma das minhas mãos.
— Argh! Você não sabe ficar calado nem por um segundo. — O olhei desesperada, porque naquele instante ele havia revelado a mentira aos meus pais.
— . — O tom firme presente na voz de meu pai indicava seu desagrado e que eu não deveria ser descuidada. — Sente-se.
— Ops! — Kayron engasgou, tossindo ele se ergueu levando para outro cômodo me deixando sozinha com nossos pais.
O olhar da matriarca era um enigma para mim, sua expressão vazia me assustava mais do que quando ela estava nervosa. Meu pai era um espelho de minha mãe, os anos juntos o faziam agir de maneira semelhante, ao mesmo tempo que isso me dava vantagem também me colocava em desvantagem. Respirei fundo me empertiguinando na cadeira, aguardando um deles se pronunciar e quebrar esse silêncio que me deixava cada vez mais tensa.
— Há quanto tempo tem mentido filha? — Havia uma decepção no tom de voz de meu pai que me machucou mais do que ele tivesse gritado a plenos pulmões.
— Depende de para quem o senhor esteja se referindo. — Olhei para o meu sanduíche intacto sobre o prato a minha frente, respirei fundo após notar que eles não diriam nada até que eu contasse tudo. — Eu sei que vocês odeiam mentiras, eu sinceramente peço desculpas quanto a isso. — Comecei de modo nervoso, engolindo algumas sílabas enquanto evitava o olhar deles, com medo de encontrar a decepção. Eu poderia lidar com qualquer emoção que viesse deles, menos sentir que havia os decepcionado. — Eu não sei quantas mentiras contei até agora, eu tenho contado mentiras para mim mesma. — Olhei para os meus dedos inquietos em meu colo, antes de voltar a falar. — Comecei com pequenas mentiras, eu acho, mas já faz algum tempo desde a última mentira. — Sussurrei a última parte ainda evitando o olhar deles.
— Qual foi a última mentira? — Minha mãe resolveu se pronunciar, seu tom de voz inexpressivo, os possuíam o costume de não mentir uns para os outros,criando um espaço para que todos se sentissem acolhidos e pudessem ser quem eram sem medo.
— As minhas últimas duas grandes mentiras foram afirmar que estava bem quando não me sentia assim, logo após o acidente de Trina. — Ergui meu olhar encontrando os de meus pais sobre mim. — Quando visitei Trina no hospital, eu disse que nada havia acontecido…Não foi isso que aconteceu, eu perdi a consciência, me socorreu, não houve nada tão grave mas eu menti porque os senhores sabem como são meus irmãos mais velhos. — Mordi a parte interna da minha bochecha ainda me sentindo nervosa sobre os olhares enigmáticos dos dois.
— Eu pensei que confiava em nós, filha. — Havia uma pontinha dolorosa que indicava que minha mãe estava chateada com meus atos.
— Eu confio, é só que as vezes eu falo sem pensar e acaba escapando uma mentira. Eu sinto muito por isso. — Ajustei meu rabo de cavalo sem saber o que fazer, eu realmente havia falado muita coisa sem pensar e não para magoar minha mãe.
— Você entende a gravidade de suas ações ? — Meu pai se pronunciou, seu olhar firme não revelava como ele estava se sentindo naquele momento.
— Sim, eu realmente entendo que quebrei a confiança de vocês. — Suspirei, baixei o olhar me sentindo uma péssima filha.
— Não minta mais, confie mais em seus pais querida. — Meu pai me respondeu com um sorriso cansado, ele abraçava minha mãe de lado.
— Estabelecermos que não aceitaríamos mentiras para que pudessem sempre se abrir com a gente, sabemos como as coisas lá fora podem ser difíceis, assim vocês sempre poderiam ser quem quisessem e encontrar conforto em seus pais. —Minha mãe complementou a resposta de meu pai, apesar dos sorrisos eles estavam sérios sobre a situação.
— A sua punição será ser sincera com o pobre rapaz. — Papai me surpreendeu, ele estava resoluto sobre o que falava. — Eu quero proteger a minha garotinha, mas eu sempre soube que você gostava dele, não o torture por mais tempo, minha filha.
— A condição dele permanecer nessa casa foi que vocês sempre irão juntos para o colégio, e retornaram da mesma maneira. — Eu olhei para meus pais como se eles houvessem me proibido de nadar, eu não podia expor a minha relação com publicamente porque seria uma dor de cabeça que eu não desejava enfrentar e revelar meus sentimentos…Eu já havia decidido contá-los a mas ter isso como uma punição…
— Os senhores deveriam me orientar e corrigir falhas em meu caráter, punições ligadas a emoções é errado. — Me levantei ainda mantendo um tom respeitoso embora me sentisse ultrajada. — Eu direi a ele quando estiver preparada papai, mãe eu não quero a cidade inteira falando mais do que já dizem ao meu respeito, já é difícil sendo apenas a rival dele mas se aparecermos juntos…
— E o que você acha que dirão quando for dito que estão morando sobre o mesmo teto, minha filha? — Ela indagou em um tom era baixo e calmo.
— A não, Kayron já contou a alguém? — Cai contra a cadeira tampando minha boca sentindo meu estômago agitado.
— Precisamente o contrário, Zara revelou que está noiva de Kayron, agora é uma questão de tempo para que comentem a mudança dos para a nossa fazenda. — Mamãe me respondeu sem se abalar com o meu choque. — Eu não te criei para temer a opinião alheia, meu amor, você é maravilhosa e incrível apesar de descobrir sobre suas últimas ações, no entanto não deixe os outros te impedir de agir como verdadeiramente é!
— A vida é curta demais para deixar oportunidades passar filha. — Papai completou a linha de raciocínio de mamãe, ela sorriu brilhante para ele antes de lhe dar um selinho.
— Você pode até não contar ao pobre garoto como se sente, mas a condição de irem e voltarem juntos ainda permanece valendo. — Mamãe havia sido inflexível em sua afirmação, suspirei rendida entregando a chave do meu carro aos dois.
— Tudo bem, novamente eu sinto muito por contar mentiras, esclarecendo a última: a treinadora precisa se aproximar da equipe então estou proibida de chegar perto da área das piscinas, até que falte uma semana para os amistosos. — Me levantei ajustando minhas bolsas em meus ombros.
— Isso quer dizer que passará as tardes na casa de seu amigo Roman. — Mamãe adivinhou corretamente, seu olhar havia suavizado após tudo esclarecido. — Aproveite para levar com você.
— Mamãe! — Exclamei, lhe dei um olhar significativo.
— Boa aula querida, até o jantar. — Papai riu do ato de minha mãe.
— Eu amo vocês, até mais tarde. — Ri me despedindo deles.
Deixei a sala de jantar passando na cozinha para pegar alguns biscoitos que minha mãe assava, ela sabia que eu tinha o péssimo hábito de estudar comendo eles. Despejei o pote inteiro numa vasilha antes de guardá-la na minha bolsa esportiva. Peguei a saída mais próxima, a dos fundos, dando a volta na casa me escondendo ao notar que Kayron conversava com .
Capítulo 57
Grudar minhas costas na parede fora um ato instintivo, não havia motivos para me esconder mas de alguma maneira eu queria ouvir sobre o que eles estavam conversando. A dinâmica entre eles me surpreendeu também, mesmo que não houvesse muito tempo em que eles se conheciam, Kayron e se davam muito bem.
— Só para eu ver se entendi, você disse com todas as letras, de forma clara que gosta da minha irmãzinha e ela anda evitando o assunto. — Kayron parecia que estava repetindo sua própria fala, eu tive que engolir em seco controlando o ofego de surpresa para não ser notada.
— Exatamente Kayron, eu já não sei mais o que eu preciso fazer para que ela acredite em mim. — rolou os olhos, seus braços cruzados e ombros tensionados…ele estava lutando contra o impulso de checar o que estava havendo dentro de casa.
"Você realmente não sabe disfarçar ."
Acabei sorrindo enquanto os ouvia conversar, sendo preenchida por algo quente em meu peito, eu não estava mais confusa e enfim enxergava as coisas diante os meus olhos. Enquanto ouvia a conversa dos dois notei Hector sair pela porta da frente, atraindo a atenção dos dois.
— O que há com essas porturas defensivas? — Hector os questionou confuso, seu olhar passava por Kayron para sem entender.
— A monstrinha aprontou mais uma e foi descoberta. — Kayron resumiu, Hector riu balançando a cabeça negativamente.
— E porque raios vocês estão esperando alguma catástrofe? — Hector voltou a questionar com uma postura tranquila enquanto a de ficava ainda mais defensiva.
— Supostamente, por ser o irmão dela, não deveria se preocupar? — Havia uma revolta pela postura relaxada de Hector que se ofendera.
— Ela sempre escapa ilesa cara, não precisa causar uma tempestade num copo de água. — Hector deu uns tapinhas no ombro de rindo de sua postura reativa. — Nossos pais pegam leve com , ela é a caçula e dificilmente sofre com grandes punições.
— Isso é verdade.
Garrett me surpreendeu se pronunciando as minhas costas, ele tampou minha boca para que eu não gritasse. Assim que viu que eu já havia me acalmado, ele me soltou rolando os olhos.
— Por quê raios você não pode agir normalmente, ao menos uma vez Gary? — Ri baixo vendo meu irmão revirar os olhos outra vez.
— Não existe uma única pessoa normal entre os ! — Garrett em respondeu como se fosse um fato óbvio.
— Shh! Fale mais baixo ou eles vão nos ouvir! — O recriminei, Garrett indicou as minhas costas, eu pude ouvir um bufar muito familiar. — Eles estão as minhas costas e ouviram o que acabei de falar, não é mesmo?! — Garrett riu concordando com um aceno.
"O universo só podia estar de brincadeira!"
Os três me encaravam, cada qual com uma expressão diferente em suas faces, eu queria gritar de frustração, não havia um momento tranquilo desde que a destruição da residencia Trevisan. Após aquele incidente tudo em minha vida virou de cabeça para baixo; Hector ria, pelo seu olhar trocado com Garrett eles estavam se divertindo com aquele embaraço.
— Eu falei que não havia com o que se preocupar, saiu ilesa outra vez. — Hector olhou para Kayron e pontuando o que havia dito antes.
— Isso não é verdade! — Garrett e eu falamos juntos, me virei surpresa com ele pela segunda vez naquela manhã.
— Explique. — Kayron pediu confuso, ainda se mantinha em silêncio.
— E como você sabe disso? — Hector e eu acabamos falando juntos, olhei para meus irmãos irritada.
— Eu estava nos estabulos, quando resolvi conversar sobre Irina com nossos pais, e a propósito Kayron, muito obrigada seu bastardo por trazer esse assunto incoviniente! — Garrett deu um soco no braço de Kayron.
— Então era lá que você foi se esconder?! — Hector comentou surpreso, o olhei sem entender, em toda a fazenda, Garrett sempre recorria aos seus animais favoritos.
— Mas isso é óbvio! Garrett sempre corre para o estabulo para se acalmar. — Respondi Hector rolando meus olhos, os cavalos eram como uma terapia para Gary.
— Pirralha, nem todos tem uma mente afiada como a sua. — Kayron chamou minha atenção, utilizando o tom de irmão mais velho que eu odiava embora ele estivesse correto.
— Resumindo: é o meu mais novo choffer, pelo menos para me levar e me buscar no colégio. — A compreensão banhou as íris de enquanto ele engolia em seco após as minhas palavras.
— Boa sorte , você vai precisar. — Kayron riu e deu uns tapinhas de encorajamento nas costas de .
— Para aqueles que dizem sentir ciúmes da irmã caçula, competem pelo posto de favorito, encorajam com uma naturalidade esmagadora! — Olhei para eles ofendida.
— Você é uma , o que por si só já é algo que intimida, como se sua personalidade forte e gênio ruim não complicasse tudo. Ele precisa de um incentivo. — Kayron explicou rindo da minha expressão desgostosa.
— Vocês estão se saindo péssimos irmãos, eu queria que Cecília não tivesse me abandonado com vocês. — Passei por Kayron puxando pelo braço seguindo em direção ao carro.
— O que foi que você disse monstrinha? — Garrett questionou, seu humor parecia estar cada vez mais "radiante".
— Eu te disse que o título de irmão favorito não tem qualquer validade se você não admitir isso na frente de Cecília. — Hector me respondeu igualmente irritado.
— Irmão favorito? — Kayron e Garrett pararam e olharam para Hector.
— Corre! — Indiquei o carro, rolou os olhos mas seguiu o que havia lhe pedido.
— A pestinha admitiu mais uma vez, ei pirralha conte a esses dois…Ela está fugindo! — Hector notou a fuga de e eu.
— Não vão mesmo! — O olhar de Garrett indicava que ele iria se aproveitar do que ele havia descoberto recentemente!
— Não pare de correr, confie em mim! — Segurei a mão de enquanto corria no exato instante em que Garrett assoviou dando a ordem para nossos cachorros virem em minha direção.
Eu senti enrijecer mesmo correndo, sua mão quente ficou fria em segundos, seu olhar nublou enquanto se esforçava para correr. O puxei para a porta do passageiro o empurrando para o banco fechando a porta antes que nossos cachorros pulassem para dentro do carro. Encarei furiosa para Garrett, Kayron e Hector; o trio não parecia que possuíam idades superiores a minha. Cruzei meus braços sustentando o olhar deles, eu estava controlando meus nervos, eu sabia como eles eram mas não imaginava que utilizariam o truque dos animais com .
— Nem uma só palavra. — Os silenciei, respirei fundo segurando as palavras afiadas que lutavam para escapar. — Vocês sabiam que ele tem medo de animais! Kayron você deveria estar do lado dele, você vai se casar com a mãe dele! — Exclamei irritada, fuzilando-os com o olhar. — Não repitam isso outra vez, se é para agirem desse modo, eu prefiro ficar com Cecília, ela não jogaria tão baixo! — Suspirei cansada ajustando meu rabo de cabelo, passei pela cabeça de Duque e em seguida de Trex antes de assoviando para eles irem até Garrett.
— O que está acontecendo aqui? — Papai saiu pela porta da frente confuso, seu olhar alternou entre meus irmãos e eu.
— Eles usaram o medo de animais contra , para que eu dissesse quem é o meu irmão favorito. — Eu havia prometido não mentir mais para os meus pais, aliado a raiva que eu estava dos meus irmãos, dizer exatamente como me sentia fora extremamente fácil.
— Sua mãe e eu não podemos ter uma manhã calma?! — Meu pai massageou suas pálpebras, olhou para cada um de seus filhos antes de se pronunciar. — Entra no carro filha, quanto a vocês três entrem e levem os cachorros junto.
Abri a porta do motorista após colocar minhas bolsas no banco de trás; me virei para notando que a porta fora aberta e meu pai conversava com para ver como ele estava. Os observando, coloquei o cinto de passageiro e esperei eles terminarem de conversar para pedir as chaves. Meu pai nos mandou sair da fazenda, caso contrário iríamos nos atrasar, rindo me despedi com um beijo em sua bochecha para então dar a partida no carro.
💙🏆💙
Estacionei o carro no mesmo local do dia anterior, na base da colina, onde Garrett flagrou e eu. Me virei para notando que o par de já estavam sobre mim antes que eu o olhasse, retirei o cinto e fiquei de joelhos beijando a sua testa, controlando o impulso de juntar meus lábios nos dele. Caso eu o fizesse, duvidava que poderia ter a conversa necessária com ele; desse modo me afastei segurando sua mão na minha.
— Como você está? — O questionei vendo ele rir, o som de sua risada era péssimo para o meu coração, fazia ele acelerar sem que eu tivesse controle.
— Não há um só dia entediante em sua casa. — Ele me respondeu com bom humor, apesar do que ocorrera anteriormente, havia recuperado seu humor, seus olhos brilhavam como se estivesse compartilhando um segredo.
— Você se acostuma, me desculpe pela atitude dos meus irmãos. — Levei a mão dele aos meus lábios beijando a sua palma, como ele fizera comigo na piscina da escola.
— É injusto você fazer isso se não vai me beijar corretamente, Love. — me respondeu com a insatisfação presente em seu tom de voz. — Eu não o beijarei até que tenhamos tido uma conversa séria, precisamos esclarecer todos os pontos turvos dessa nossa relação, . — O respondi com um sorriso tranquilo em minha face, ele apertou minha mão assim que eu disse o seu apelido. — Você não joga limpo, Love! — se inclinou após tirar seu cinto de segurança tocando minha face com suavidade pousando sua tez sobre a minha. — Eu quero tanto te beijar, provocá-la, Love você não tem a menor ideia do quanto tive que me controlar por todos esses anos. — Ele sussurrou deixando um beijo abaixo da minha orelha.
— A espera não valeu a pena? — Toquei os lábios dele com o indicador, ele mordeu a ponta dele concordando com um aceno. — Nós precisamos conversar, mas antes temos aula…— Ele me interrompeu segurando minha mão beijando a base da minha orelha antes de morder o lóbulo o puxando com o dente levemente, sua mão em minha cintura me segurou antes de me erguer para que assim eu ficasse sentada sobre as suas coxas. — Nós temos aula. — Falei num sussurro pousando minha cabeça em seu ombro escapando de sua boca ardilosa.
— Eu posso te mostrar a minha casa, ou melhor dizendo, minha antiga casa. — Ele riu enquanto mantinha seus braços em minha cintura, um abraço e uma prisão já que ele não me deixava retornar para o banco do motorista.
— Nós devemos ser o exemplo para as equipes , as provas finais serão um pouco depois do campeonato nacional. — Suspirei sentindo ele me abraçar um pouco mais forte da maneira que estávamos. — Vamos lá, eu ainda preciso dirigir até a casa de Roman, se ele já não estiver com a Becky no colégio.
— Vamos ficar mais alguns minutos assim.— Ele suspirou me fazendo olhá-lo nos olhos.
— Meus irmãos podem descer essa colina a qualquer instante, as coisas não acabaram da melhor forma entre vocês antes, vamos sair daqui. — Segurei as mãos dele retirando-as da minha cintura, em um rápido movimento ele entrelaçou seus dedos nos meus e me puxou para frente, virei a face antes que sua boca tocasse a minha.
— Tirana. — Ele resmungou soltando sua respiração pesada insatisfeito.
— Você realmente age como uma criança quando seus desejos não são atendidos, que fofo. — Rindo apertei a bochecha dele observando a face de desagrado dele ficar ainda mais intensa.
— Love, as chaves. — Ele me pediu com um tom ranzinza, as que me fascinavam estavam em um tom mais profundo, eu poderia me perder facilmente nelas.
— Nã-na-ni-na-não . — Estalei minha língua mexendo meu indicador negativamente, apertei a ponta do nariz dele como fazia comigo antes de pular para o banco do motorista.
— Porque você tem que ser tão teimosa? — Ele revirou os olhos, mas um sorriso travesso descontava naqueles lábios malditamente sexy.
— Porquê mudar se você aprendeu a amar todas as minhas piores partes?! — Pisquei para ele antes de dar a partida no carro, ele riu antes de 1ligar o rádio conectando a sua irritante, mas igualmente boa playlist.
— Só para eu ver se entendi, você disse com todas as letras, de forma clara que gosta da minha irmãzinha e ela anda evitando o assunto. — Kayron parecia que estava repetindo sua própria fala, eu tive que engolir em seco controlando o ofego de surpresa para não ser notada.
— Exatamente Kayron, eu já não sei mais o que eu preciso fazer para que ela acredite em mim. — rolou os olhos, seus braços cruzados e ombros tensionados…ele estava lutando contra o impulso de checar o que estava havendo dentro de casa.
Acabei sorrindo enquanto os ouvia conversar, sendo preenchida por algo quente em meu peito, eu não estava mais confusa e enfim enxergava as coisas diante os meus olhos. Enquanto ouvia a conversa dos dois notei Hector sair pela porta da frente, atraindo a atenção dos dois.
— O que há com essas porturas defensivas? — Hector os questionou confuso, seu olhar passava por Kayron para sem entender.
— A monstrinha aprontou mais uma e foi descoberta. — Kayron resumiu, Hector riu balançando a cabeça negativamente.
— E porque raios vocês estão esperando alguma catástrofe? — Hector voltou a questionar com uma postura tranquila enquanto a de ficava ainda mais defensiva.
— Supostamente, por ser o irmão dela, não deveria se preocupar? — Havia uma revolta pela postura relaxada de Hector que se ofendera.
— Ela sempre escapa ilesa cara, não precisa causar uma tempestade num copo de água. — Hector deu uns tapinhas no ombro de rindo de sua postura reativa. — Nossos pais pegam leve com , ela é a caçula e dificilmente sofre com grandes punições.
— Isso é verdade.
Garrett me surpreendeu se pronunciando as minhas costas, ele tampou minha boca para que eu não gritasse. Assim que viu que eu já havia me acalmado, ele me soltou rolando os olhos.
— Por quê raios você não pode agir normalmente, ao menos uma vez Gary? — Ri baixo vendo meu irmão revirar os olhos outra vez.
— Não existe uma única pessoa normal entre os ! — Garrett em respondeu como se fosse um fato óbvio.
— Shh! Fale mais baixo ou eles vão nos ouvir! — O recriminei, Garrett indicou as minhas costas, eu pude ouvir um bufar muito familiar. — Eles estão as minhas costas e ouviram o que acabei de falar, não é mesmo?! — Garrett riu concordando com um aceno.
Os três me encaravam, cada qual com uma expressão diferente em suas faces, eu queria gritar de frustração, não havia um momento tranquilo desde que a destruição da residencia Trevisan. Após aquele incidente tudo em minha vida virou de cabeça para baixo; Hector ria, pelo seu olhar trocado com Garrett eles estavam se divertindo com aquele embaraço.
— Eu falei que não havia com o que se preocupar, saiu ilesa outra vez. — Hector olhou para Kayron e pontuando o que havia dito antes.
— Isso não é verdade! — Garrett e eu falamos juntos, me virei surpresa com ele pela segunda vez naquela manhã.
— Explique. — Kayron pediu confuso, ainda se mantinha em silêncio.
— E como você sabe disso? — Hector e eu acabamos falando juntos, olhei para meus irmãos irritada.
— Eu estava nos estabulos, quando resolvi conversar sobre Irina com nossos pais, e a propósito Kayron, muito obrigada seu bastardo por trazer esse assunto incoviniente! — Garrett deu um soco no braço de Kayron.
— Então era lá que você foi se esconder?! — Hector comentou surpreso, o olhei sem entender, em toda a fazenda, Garrett sempre recorria aos seus animais favoritos.
— Mas isso é óbvio! Garrett sempre corre para o estabulo para se acalmar. — Respondi Hector rolando meus olhos, os cavalos eram como uma terapia para Gary.
— Pirralha, nem todos tem uma mente afiada como a sua. — Kayron chamou minha atenção, utilizando o tom de irmão mais velho que eu odiava embora ele estivesse correto.
— Resumindo: é o meu mais novo choffer, pelo menos para me levar e me buscar no colégio. — A compreensão banhou as íris de enquanto ele engolia em seco após as minhas palavras.
— Boa sorte , você vai precisar. — Kayron riu e deu uns tapinhas de encorajamento nas costas de .
— Para aqueles que dizem sentir ciúmes da irmã caçula, competem pelo posto de favorito, encorajam com uma naturalidade esmagadora! — Olhei para eles ofendida.
— Você é uma , o que por si só já é algo que intimida, como se sua personalidade forte e gênio ruim não complicasse tudo. Ele precisa de um incentivo. — Kayron explicou rindo da minha expressão desgostosa.
— Vocês estão se saindo péssimos irmãos, eu queria que Cecília não tivesse me abandonado com vocês. — Passei por Kayron puxando pelo braço seguindo em direção ao carro.
— O que foi que você disse monstrinha? — Garrett questionou, seu humor parecia estar cada vez mais "radiante".
— Eu te disse que o título de irmão favorito não tem qualquer validade se você não admitir isso na frente de Cecília. — Hector me respondeu igualmente irritado.
— Irmão favorito? — Kayron e Garrett pararam e olharam para Hector.
— Corre! — Indiquei o carro, rolou os olhos mas seguiu o que havia lhe pedido.
— A pestinha admitiu mais uma vez, ei pirralha conte a esses dois…Ela está fugindo! — Hector notou a fuga de e eu.
— Não vão mesmo! — O olhar de Garrett indicava que ele iria se aproveitar do que ele havia descoberto recentemente!
— Não pare de correr, confie em mim! — Segurei a mão de enquanto corria no exato instante em que Garrett assoviou dando a ordem para nossos cachorros virem em minha direção.
Eu senti enrijecer mesmo correndo, sua mão quente ficou fria em segundos, seu olhar nublou enquanto se esforçava para correr. O puxei para a porta do passageiro o empurrando para o banco fechando a porta antes que nossos cachorros pulassem para dentro do carro. Encarei furiosa para Garrett, Kayron e Hector; o trio não parecia que possuíam idades superiores a minha. Cruzei meus braços sustentando o olhar deles, eu estava controlando meus nervos, eu sabia como eles eram mas não imaginava que utilizariam o truque dos animais com .
— Nem uma só palavra. — Os silenciei, respirei fundo segurando as palavras afiadas que lutavam para escapar. — Vocês sabiam que ele tem medo de animais! Kayron você deveria estar do lado dele, você vai se casar com a mãe dele! — Exclamei irritada, fuzilando-os com o olhar. — Não repitam isso outra vez, se é para agirem desse modo, eu prefiro ficar com Cecília, ela não jogaria tão baixo! — Suspirei cansada ajustando meu rabo de cabelo, passei pela cabeça de Duque e em seguida de Trex antes de assoviando para eles irem até Garrett.
— O que está acontecendo aqui? — Papai saiu pela porta da frente confuso, seu olhar alternou entre meus irmãos e eu.
— Eles usaram o medo de animais contra , para que eu dissesse quem é o meu irmão favorito. — Eu havia prometido não mentir mais para os meus pais, aliado a raiva que eu estava dos meus irmãos, dizer exatamente como me sentia fora extremamente fácil.
— Sua mãe e eu não podemos ter uma manhã calma?! — Meu pai massageou suas pálpebras, olhou para cada um de seus filhos antes de se pronunciar. — Entra no carro filha, quanto a vocês três entrem e levem os cachorros junto.
Abri a porta do motorista após colocar minhas bolsas no banco de trás; me virei para notando que a porta fora aberta e meu pai conversava com para ver como ele estava. Os observando, coloquei o cinto de passageiro e esperei eles terminarem de conversar para pedir as chaves. Meu pai nos mandou sair da fazenda, caso contrário iríamos nos atrasar, rindo me despedi com um beijo em sua bochecha para então dar a partida no carro.
Estacionei o carro no mesmo local do dia anterior, na base da colina, onde Garrett flagrou e eu. Me virei para notando que o par de já estavam sobre mim antes que eu o olhasse, retirei o cinto e fiquei de joelhos beijando a sua testa, controlando o impulso de juntar meus lábios nos dele. Caso eu o fizesse, duvidava que poderia ter a conversa necessária com ele; desse modo me afastei segurando sua mão na minha.
— Como você está? — O questionei vendo ele rir, o som de sua risada era péssimo para o meu coração, fazia ele acelerar sem que eu tivesse controle.
— Não há um só dia entediante em sua casa. — Ele me respondeu com bom humor, apesar do que ocorrera anteriormente, havia recuperado seu humor, seus olhos brilhavam como se estivesse compartilhando um segredo.
— Você se acostuma, me desculpe pela atitude dos meus irmãos. — Levei a mão dele aos meus lábios beijando a sua palma, como ele fizera comigo na piscina da escola.
— É injusto você fazer isso se não vai me beijar corretamente, Love. — me respondeu com a insatisfação presente em seu tom de voz. — Eu não o beijarei até que tenhamos tido uma conversa séria, precisamos esclarecer todos os pontos turvos dessa nossa relação, . — O respondi com um sorriso tranquilo em minha face, ele apertou minha mão assim que eu disse o seu apelido. — Você não joga limpo, Love! — se inclinou após tirar seu cinto de segurança tocando minha face com suavidade pousando sua tez sobre a minha. — Eu quero tanto te beijar, provocá-la, Love você não tem a menor ideia do quanto tive que me controlar por todos esses anos. — Ele sussurrou deixando um beijo abaixo da minha orelha.
— A espera não valeu a pena? — Toquei os lábios dele com o indicador, ele mordeu a ponta dele concordando com um aceno. — Nós precisamos conversar, mas antes temos aula…— Ele me interrompeu segurando minha mão beijando a base da minha orelha antes de morder o lóbulo o puxando com o dente levemente, sua mão em minha cintura me segurou antes de me erguer para que assim eu ficasse sentada sobre as suas coxas. — Nós temos aula. — Falei num sussurro pousando minha cabeça em seu ombro escapando de sua boca ardilosa.
— Eu posso te mostrar a minha casa, ou melhor dizendo, minha antiga casa. — Ele riu enquanto mantinha seus braços em minha cintura, um abraço e uma prisão já que ele não me deixava retornar para o banco do motorista.
— Nós devemos ser o exemplo para as equipes , as provas finais serão um pouco depois do campeonato nacional. — Suspirei sentindo ele me abraçar um pouco mais forte da maneira que estávamos. — Vamos lá, eu ainda preciso dirigir até a casa de Roman, se ele já não estiver com a Becky no colégio.
— Vamos ficar mais alguns minutos assim.— Ele suspirou me fazendo olhá-lo nos olhos.
— Meus irmãos podem descer essa colina a qualquer instante, as coisas não acabaram da melhor forma entre vocês antes, vamos sair daqui. — Segurei as mãos dele retirando-as da minha cintura, em um rápido movimento ele entrelaçou seus dedos nos meus e me puxou para frente, virei a face antes que sua boca tocasse a minha.
— Tirana. — Ele resmungou soltando sua respiração pesada insatisfeito.
— Você realmente age como uma criança quando seus desejos não são atendidos, que fofo. — Rindo apertei a bochecha dele observando a face de desagrado dele ficar ainda mais intensa.
— Love, as chaves. — Ele me pediu com um tom ranzinza, as que me fascinavam estavam em um tom mais profundo, eu poderia me perder facilmente nelas.
— Nã-na-ni-na-não . — Estalei minha língua mexendo meu indicador negativamente, apertei a ponta do nariz dele como fazia comigo antes de pular para o banco do motorista.
— Porque você tem que ser tão teimosa? — Ele revirou os olhos, mas um sorriso travesso descontava naqueles lábios malditamente sexy.
— Porquê mudar se você aprendeu a amar todas as minhas piores partes?! — Pisquei para ele antes de dar a partida no carro, ele riu antes de 1ligar o rádio conectando a sua irritante, mas igualmente boa playlist.
Capítulo 58
As músicas de uma estação do rádio permeou o silêncio do carro, não era mais desconfortável estar na presença de , sua postura paciente de certa forma me impressionava, após a sua confissão eu ainda não havia tido coragem de tocar no assunto, se estivesse no lugar dele com toda certeza tomaria alguma medida. Respirei fundo estacionando em frente à residência de Roman, repousei minha cabeça sobre o encosto após desligar o carro, estava numa sinuca de bico, olhei para que me observava em silêncio, acabei rindo, fazia algum tempo desde que estivemos no mesmo ambiente sem nos provocar.
— Você tem sido paciente. — Tomei a iniciativa ao quebrar o silêncio, meus olhos encontraram os dele, sempre perdia as palavras ao encarar aquele par de .
— Eu sei, esse tipo de atitude vai contra minha natureza, mas o que eu posso fazer? — Ele deu de ombros sorrindo tranquilamente, mesmo após ouvir a sua declaração, eu ainda me surpreendia em ver esse sorriso nos lábios de .
— Obrigada. — Me inclinei para perto dele tomando os lábios dele num beijo suave. — Eu estou feliz por você ter aceitado a proposta da minha mãe, você conhece o quão mal sei me expressar, precisei processar os acontecimentos recentes, mas eu não me arrependi da escolha que tomei. — Sussurrei contra os lábios dele, minha testa estava sobre a dele enquanto a mão dele segurava minha face suavemente.
— Como um enigma eu a desvendarei, não se preocupe , eu não desistiria de você facilmente. — Ele voltou a juntar nossos lábios, sua mão deslizou para a minha cintura enquanto sua língua entremeava minha boca, eu tive de nos afastar após um tempo, devido a intensidade.
— Espero que não se entendie após descobrir o enigma. — Pisquei para que bufou revirando os olhos.
— Isso não aconteceria. — Ele voltou a se aproximar e segurou meu queixo gentilmente. — Você conhece meus segredos mais profundos, seus olhos afiados me fisgaram , eu não a deixaria escapar nem que me custasse tudo, aceite que seu coração me pertencerá porque o meu já é seu. — me respondeu num tom baixo, com seu timbre grave reverberando em cada maldita célula do meu corpo, um sorriso galante, terrivelmente sexy enfeitou os lábios dele quando ele finalizou sua fala.
Engoli em seco, perdendo a habilidade de respondê-lo, as palavras haviam escapado do meu alcance, o tempo parecia estático, como se tudo de repente houvesse parado enquanto aqueles olhos s me embriagavam em seu brilho apaixonado. Meus batimentos estavam acelerados, meus olhos completamente fixados nos dele, incapazes de desviarem, a estática parecia uma corrente elétrica que passava entre nossos corpos, respirar pareceu uma tarefa tão desnecessária, meu corpo se moveu antes que minha mente processasse. Minha boca recaiu sobre a dele, as mãos dele espalmaram-se por baixo da minha camiseta, tocando minhas omoplatas, descendo pela minha coluna estacando na base das costas enquanto seus lábios vorazmente respondiam aos meus. Enquanto isso uma das minhas mãos entremeou os cabelos dele e a outra tocou o ombro, bíceps, antebraço, e fez o caminho reverso caindo sobre o tronco dele e então senti os batimentos dele sob a ponta dos meus dedos, espalmei minha mão sobre o coração dele apoiando minha cabeça sobre o ombro dele em busca de oxigênio apoiei meu peso sobre as coxas torneadas de ouvindo um som escapar dos lábios de , ergui os olhos encontrando-o com uma de suas mãos tampando os olhos enquanto com a outra ele afagava minha lombar abaixo da minha camiseta.
— Será impossível negar a verdade quando eles nos virem. — Acabei rindo vendo concordar em aceno. — O que deu em você? — O questionei curiosa o ouvindo ranger os dentes segurando um som no mesmo instante em que segurou minha cintura com força, não ao ponto de me machucar, mas para me manter quieta me seu colo.
— Por favor, fique parada para que eu possa me acalmar. — Quando olhou novamente em meus olhos eu entendi o que estava acontecendo, arqueei a sobrancelha sorrindo zombeteira.
— Que deselegante, . — Dedilhei os botões da camisa dele, o vendo revirar os olhos outra vez.
— É uma reação natural, . — Ele me respondeu num tom de obviedade.
Eu não entendi o porquê da resposta dele de repente me deixar de mal-humor, mas seu tom foi como um balde de água fria, me movi para fora do carro saindo pela porta do passageiro o ouvindo soltar um palavrão num tom baixo e então segui para a entrada da casa ignorando os chamados de . A minha entrada poderia muito bem ser comparada a uma invasão devido a violência que abri a porta irritada, eu ouvi outra vez palavrões, mas dessa vez havia sido Roman que vinha em minha direção com apenas a calça de seu pijama enquanto Becky vestia a camisa dele.
— A cala a boca Roman, eu mandei mensagem avisando que estava vindo! — Empurrei a porta a fechando na cara de , o qual Roman ainda não havia notado, antes de seguir para a cozinha atrás de algo em que eu pudesse descontar minha irritação.
— Mas que porra?! — Roman gritou ao ser surpreendido pela entrada de .
— Love não foi isso que eu quis dizer. — me seguiu até a cozinha com um tom impaciente.
— "Uma reação natural", canalha! — Me virei ficando de costas para o balcão enquanto cruzava meus braços encarando irritada.
— O que está acontecendo? — Roman exclamou entre a irritação e curiosidade.
— Fique de fora disso baby, vamos deixá-los conversarem. — Becky abraçou a cintura de Roman tentou apaziguar o ânimo dele.
— Essa é a minha casa…— Becky susurrou algo para ele e então os dois saíram da cozinha deixando e eu sozinhos.
Durante todo o tempo mantive meus olhos nos de , o qual era um perfeito reflexo da minha própria postura, seu maxilar se projetava demonstrando sua irritação pelo meu estado de humor, arqueei a sobrancelha enquanto esperava que ele quebrasse o silêncio, o som de um celular tocando nos fez desviar o olhar para procurar a origem do som.
— Desculpa interromper , mas se não sair agora vai perder o horário. — Becky se aproximou agora completamente vestida.
— Vamos, vou precisar de uma carona, meus pais confiscaram meu carro. — A respondi calmamente vendo bufar e segurar meu braço assim que passei por ele.
— Vamos resolver isso agora Love, eu não vou quebrar uma promessa feita aos seus pais. — Ele me encarou ignorando completamente a figura de Becky.
— Eu tenho responsabilidades a cumprir, . — O respondi sem elevar meu tom de voz.
— Love, não vamos continuar com essa bobagem. — Ele suspirou fechando os olhos brevemente antes de voltar a me olhar nos olhos outra vez.
— Prosseguir com o que? — Me virei totalmente para ele, soltei a mão dele do meu braço e voltei a cruzar os braços sobre o meu peito.
— Vocês já se resolveram, podemos ir?— Roman surgiu com as chaves de sua moto em uma mão e o capacete na outra.
— Eu me expressei mal, tudo bem?! — passou as mãos por seu cabelo frustrado suspirando pesadamente. — Você vai mesmo me falar isso na frente deles? — me questionou num tom baixo desviando o olhar para observar Becky e Roman que assistiam a tudo em silêncio.
— Eu não sei do que você está falando. — O torturei mais um pouco vendo até aonde ele iria para se explicar, um pouco covarde, sim, mas eu estava borbulhando com uma emoção que até então eu nunca havia sentido: ciúmes!
— Eu não me referi a outras garotas quando eu disse aquilo. — iniciou sua sentença me fazendo travar meu maxilar em irritação.
— , cara, você não deve em hipótese alguma citar outras garotas ao se explicar. — Roman exclamou balançando a cabeça negativamente.
— Então outras garotas, hein. — O respondi secamente vendo Roman ficar angustiado por .
— Vocês não eram apenas rivais? — Becky questionou confusa.
— , me escute com atenção. — Ele de aproximou deixando uma pequena distância entre nós dois, sua atenção estava completamente voltada para mim.— Aquilo aconteceu porque é uma resposta natural quando se esta com quem ama, caramba! Você é a mulher que eu amo não há o que comparar! — me respondeu seriamente, seu tom de voz grave exprimia seus pensamentos.
— Uau! eu não sei você, mas seja lá que o Sr.Popular aprontou ele me pareceu sincero. — Becky riu abraçando Roman que riu ao ouvir as palavras dela.
— Meu namorado não é adorável?! — Sorri passando meus braços pela cintura surpreendendo a todos com a minha atitude.
— Namorado?! — Roman engasgou tossindo diante a surpresa.
— Namorado! — Becky gritou entre o entusiasmo e a surpresa.
— Namorado?! — indagou com um sorriso travesso em seus lábios.
— O que eu posso fazer? — Dei de ombros rindo. — Você terá que se acostumar ao título .
— Eu posso lidar facilmente com isso. — riu antes de deixar um beijo em minha fronte.
— Mas eu não! — Roman resmungou balançando a cabeça como para espantar de sua mente o que acabou de presenciar. — e , vocês terão muito o que enfrentar.
— Estraga prazeres! — Becky bateu no braço de Roman o olhando em repreensão.
— Minha mãe vai me matar por não ser a primeira a saber. — Ri liderando o caminho para a saída da casa.
— Com a matriarca eu posso lidar, o grande problema será enfrentar os seus irmãos. — riu colocando seu braço nós meus ombros enquanto seguiamos até o carro.
— É , eu não queria estar em sua pele ao enfrentar as versões mais velhas da nossa pequena . — Roman riu recebendo um olhar de aviso de Becky.
— Não vá assustar o pobre rapaz! — Becky o repreendeu, Roman apenas riu ainda mais.
— Pequena? — Me virei para Roman o olhando confusa.
— Seus irmãos são gigantes se comparado a você , sem ofensa. — Roman deu de ombro colocando o capacete.
— Cecília é alta, , você é a mais baixa entre seus irmãos. — Becky abriu a porta de seu carro deixando sua mochila no banco traseiro antes de voltar deu olhar para mim.
— Porque eu perco o meu tempo fazendo perguntas a vocês dois?! — Suspirei exasperada e então abri a porta do motorista do carro de que balançou a cabeça negativamente. — Não me venha com esse acenar negativo , você me deve essa.
— Tirana. — Roman tossiu escondendo o riso.
— Eu te disse que não era o único. — riu estendendo a mão a espera das chaves.
— Se for para enfrentar os alunos do nosso colégio, prefiro ser a eu a estar no volante. — Cruzei meus braços ouvindo um ouch vindo as minhas costas.
— Bexx meu amor, vamos lá, toda a população dessa cidade sabe que a é uma maníaca por controle. — Roman se defendeu.
— Roman! — Becky exclamou seriamente.
— Muito obrigada pelo apoio Roman. — Revirei os olhos ouvindo rir, o olhei me censura o que o fez rir ainda mais.
— A verdade dói , você sabe, eu te amo e tudo mais com esses seus defeitos porque somos amigos mas é um fato, você sabe. — Roman subiu em sua moto dando de ombros.
— Fiz bem em ignorar a opinião alheia. — Entreguei as chaves a e entrei no carro sem dizer mais nada.
— Se eu não disser isso, a Becky vai me matar, depois do seu treino vamos assistir ao seu filme favorito idiota enquanto você e ela ficam criando fins paralelos para cada personagem. — Roman desceu de sua moto e se moveu até o carro de se apoiando na janela ainda com o capacete em sua cabeça.
— Meu treino vai ser na sua casa, eu fui expulsa das piscinas até que a Treinadora crie laços com o time, infelizmente você vai ter me aturar até estivermos próximo dos amistosos, obrigada você é um fofo Roman, mesmo que seja por livre e espontânea pressão. — O respondi sorrindo me divertindo com a careta que se formou na face dele.
— Finalmente algum tempo para mim ! — Becky exclamou sorrindo feliz. — Vamos embora juntas já que o Sr.Popular ainda estará ocupada e sem o carro eu sou sua única alternativa, porque você não me contou?!
— Vocês nunca olham minhas mensagens, não me culpem por não avisar. — Pisquei para Roman antes de ajustar o cinto vendo se sentar rindo.
— Eu realmente espero que os te comam vivo , você pode estar rindo agora mas não tem a menor ideia do quão ferrado você está! — Roman o avisou tranquilamente.
— Vamos deixar isso de lado, estamos todos atrasados, temos mais com o que se preocupar. — Os interrompi chamando a atenção para a realidade.
Como um acordo silencioso, todos ligaram os seus automóveis em conjunto, Roman abaixou a viseira de seu capacete antes de disparar para fora da entrada de sua casa, Becky o seguiu logo atrás enquanto manobrava o seu carro sem pressa, sua expressão neutra escondia a seriedade em seu olhar, com um suspiro me virei para ele apoiando minhas costas na porta.
— Ignore as palavras de Roman, 90% do sai da boca dele você não deve levar a sério. — O vi concordar em um aceno mudo, seu corpo ainda estava tenso. — , não se preocupe, você não está sozinho nessa. — Soltei o cinto para deixar um beijo em sua bochecha o vendo morder o lábio para não sorrir.
— Você está sendo muito generosa Love ou tentando me manipular, eu ainda não decidi. — Ele riu da minha expressão irritada. — Generosa, mas ainda assim sinto que pode haver um pouco da segunda opção.
— Estamos indo anunciar ao zoológico que é o nosso colégio e você está zombando do meu esforço em tentar te acalmar. — Recoloquei o cinto levemente irritada.
— Vamos lá Love, eu estava apenas implicando. — riu enfim relaxando sua postura, sua mão alcançou a minha enquanto dirigia. — Eu te odeio. — Resmunguei, mas acabei sorrindo no processo. — Eu também te amo. — sorriu piscando antes de assobiar animado.
— Você tem sido paciente. — Tomei a iniciativa ao quebrar o silêncio, meus olhos encontraram os dele, sempre perdia as palavras ao encarar aquele par de .
— Eu sei, esse tipo de atitude vai contra minha natureza, mas o que eu posso fazer? — Ele deu de ombros sorrindo tranquilamente, mesmo após ouvir a sua declaração, eu ainda me surpreendia em ver esse sorriso nos lábios de .
— Obrigada. — Me inclinei para perto dele tomando os lábios dele num beijo suave. — Eu estou feliz por você ter aceitado a proposta da minha mãe, você conhece o quão mal sei me expressar, precisei processar os acontecimentos recentes, mas eu não me arrependi da escolha que tomei. — Sussurrei contra os lábios dele, minha testa estava sobre a dele enquanto a mão dele segurava minha face suavemente.
— Como um enigma eu a desvendarei, não se preocupe , eu não desistiria de você facilmente. — Ele voltou a juntar nossos lábios, sua mão deslizou para a minha cintura enquanto sua língua entremeava minha boca, eu tive de nos afastar após um tempo, devido a intensidade.
— Espero que não se entendie após descobrir o enigma. — Pisquei para que bufou revirando os olhos.
— Isso não aconteceria. — Ele voltou a se aproximar e segurou meu queixo gentilmente. — Você conhece meus segredos mais profundos, seus olhos afiados me fisgaram , eu não a deixaria escapar nem que me custasse tudo, aceite que seu coração me pertencerá porque o meu já é seu. — me respondeu num tom baixo, com seu timbre grave reverberando em cada maldita célula do meu corpo, um sorriso galante, terrivelmente sexy enfeitou os lábios dele quando ele finalizou sua fala.
Engoli em seco, perdendo a habilidade de respondê-lo, as palavras haviam escapado do meu alcance, o tempo parecia estático, como se tudo de repente houvesse parado enquanto aqueles olhos s me embriagavam em seu brilho apaixonado. Meus batimentos estavam acelerados, meus olhos completamente fixados nos dele, incapazes de desviarem, a estática parecia uma corrente elétrica que passava entre nossos corpos, respirar pareceu uma tarefa tão desnecessária, meu corpo se moveu antes que minha mente processasse. Minha boca recaiu sobre a dele, as mãos dele espalmaram-se por baixo da minha camiseta, tocando minhas omoplatas, descendo pela minha coluna estacando na base das costas enquanto seus lábios vorazmente respondiam aos meus. Enquanto isso uma das minhas mãos entremeou os cabelos dele e a outra tocou o ombro, bíceps, antebraço, e fez o caminho reverso caindo sobre o tronco dele e então senti os batimentos dele sob a ponta dos meus dedos, espalmei minha mão sobre o coração dele apoiando minha cabeça sobre o ombro dele em busca de oxigênio apoiei meu peso sobre as coxas torneadas de ouvindo um som escapar dos lábios de , ergui os olhos encontrando-o com uma de suas mãos tampando os olhos enquanto com a outra ele afagava minha lombar abaixo da minha camiseta.
— Será impossível negar a verdade quando eles nos virem. — Acabei rindo vendo concordar em aceno. — O que deu em você? — O questionei curiosa o ouvindo ranger os dentes segurando um som no mesmo instante em que segurou minha cintura com força, não ao ponto de me machucar, mas para me manter quieta me seu colo.
— Por favor, fique parada para que eu possa me acalmar. — Quando olhou novamente em meus olhos eu entendi o que estava acontecendo, arqueei a sobrancelha sorrindo zombeteira.
— Que deselegante, . — Dedilhei os botões da camisa dele, o vendo revirar os olhos outra vez.
— É uma reação natural, . — Ele me respondeu num tom de obviedade.
Eu não entendi o porquê da resposta dele de repente me deixar de mal-humor, mas seu tom foi como um balde de água fria, me movi para fora do carro saindo pela porta do passageiro o ouvindo soltar um palavrão num tom baixo e então segui para a entrada da casa ignorando os chamados de . A minha entrada poderia muito bem ser comparada a uma invasão devido a violência que abri a porta irritada, eu ouvi outra vez palavrões, mas dessa vez havia sido Roman que vinha em minha direção com apenas a calça de seu pijama enquanto Becky vestia a camisa dele.
— A cala a boca Roman, eu mandei mensagem avisando que estava vindo! — Empurrei a porta a fechando na cara de , o qual Roman ainda não havia notado, antes de seguir para a cozinha atrás de algo em que eu pudesse descontar minha irritação.
— Mas que porra?! — Roman gritou ao ser surpreendido pela entrada de .
— Love não foi isso que eu quis dizer. — me seguiu até a cozinha com um tom impaciente.
— "Uma reação natural", canalha! — Me virei ficando de costas para o balcão enquanto cruzava meus braços encarando irritada.
— O que está acontecendo? — Roman exclamou entre a irritação e curiosidade.
— Fique de fora disso baby, vamos deixá-los conversarem. — Becky abraçou a cintura de Roman tentou apaziguar o ânimo dele.
— Essa é a minha casa…— Becky susurrou algo para ele e então os dois saíram da cozinha deixando e eu sozinhos.
Durante todo o tempo mantive meus olhos nos de , o qual era um perfeito reflexo da minha própria postura, seu maxilar se projetava demonstrando sua irritação pelo meu estado de humor, arqueei a sobrancelha enquanto esperava que ele quebrasse o silêncio, o som de um celular tocando nos fez desviar o olhar para procurar a origem do som.
— Desculpa interromper , mas se não sair agora vai perder o horário. — Becky se aproximou agora completamente vestida.
— Vamos, vou precisar de uma carona, meus pais confiscaram meu carro. — A respondi calmamente vendo bufar e segurar meu braço assim que passei por ele.
— Vamos resolver isso agora Love, eu não vou quebrar uma promessa feita aos seus pais. — Ele me encarou ignorando completamente a figura de Becky.
— Eu tenho responsabilidades a cumprir, . — O respondi sem elevar meu tom de voz.
— Love, não vamos continuar com essa bobagem. — Ele suspirou fechando os olhos brevemente antes de voltar a me olhar nos olhos outra vez.
— Prosseguir com o que? — Me virei totalmente para ele, soltei a mão dele do meu braço e voltei a cruzar os braços sobre o meu peito.
— Vocês já se resolveram, podemos ir?— Roman surgiu com as chaves de sua moto em uma mão e o capacete na outra.
— Eu me expressei mal, tudo bem?! — passou as mãos por seu cabelo frustrado suspirando pesadamente. — Você vai mesmo me falar isso na frente deles? — me questionou num tom baixo desviando o olhar para observar Becky e Roman que assistiam a tudo em silêncio.
— Eu não sei do que você está falando. — O torturei mais um pouco vendo até aonde ele iria para se explicar, um pouco covarde, sim, mas eu estava borbulhando com uma emoção que até então eu nunca havia sentido: ciúmes!
— Eu não me referi a outras garotas quando eu disse aquilo. — iniciou sua sentença me fazendo travar meu maxilar em irritação.
— , cara, você não deve em hipótese alguma citar outras garotas ao se explicar. — Roman exclamou balançando a cabeça negativamente.
— Então outras garotas, hein. — O respondi secamente vendo Roman ficar angustiado por .
— Vocês não eram apenas rivais? — Becky questionou confusa.
— , me escute com atenção. — Ele de aproximou deixando uma pequena distância entre nós dois, sua atenção estava completamente voltada para mim.— Aquilo aconteceu porque é uma resposta natural quando se esta com quem ama, caramba! Você é a mulher que eu amo não há o que comparar! — me respondeu seriamente, seu tom de voz grave exprimia seus pensamentos.
— Uau! eu não sei você, mas seja lá que o Sr.Popular aprontou ele me pareceu sincero. — Becky riu abraçando Roman que riu ao ouvir as palavras dela.
— Meu namorado não é adorável?! — Sorri passando meus braços pela cintura surpreendendo a todos com a minha atitude.
— Namorado?! — Roman engasgou tossindo diante a surpresa.
— Namorado! — Becky gritou entre o entusiasmo e a surpresa.
— Namorado?! — indagou com um sorriso travesso em seus lábios.
— O que eu posso fazer? — Dei de ombros rindo. — Você terá que se acostumar ao título .
— Eu posso lidar facilmente com isso. — riu antes de deixar um beijo em minha fronte.
— Mas eu não! — Roman resmungou balançando a cabeça como para espantar de sua mente o que acabou de presenciar. — e , vocês terão muito o que enfrentar.
— Estraga prazeres! — Becky bateu no braço de Roman o olhando em repreensão.
— Minha mãe vai me matar por não ser a primeira a saber. — Ri liderando o caminho para a saída da casa.
— Com a matriarca eu posso lidar, o grande problema será enfrentar os seus irmãos. — riu colocando seu braço nós meus ombros enquanto seguiamos até o carro.
— É , eu não queria estar em sua pele ao enfrentar as versões mais velhas da nossa pequena . — Roman riu recebendo um olhar de aviso de Becky.
— Não vá assustar o pobre rapaz! — Becky o repreendeu, Roman apenas riu ainda mais.
— Pequena? — Me virei para Roman o olhando confusa.
— Seus irmãos são gigantes se comparado a você , sem ofensa. — Roman deu de ombro colocando o capacete.
— Cecília é alta, , você é a mais baixa entre seus irmãos. — Becky abriu a porta de seu carro deixando sua mochila no banco traseiro antes de voltar deu olhar para mim.
— Porque eu perco o meu tempo fazendo perguntas a vocês dois?! — Suspirei exasperada e então abri a porta do motorista do carro de que balançou a cabeça negativamente. — Não me venha com esse acenar negativo , você me deve essa.
— Tirana. — Roman tossiu escondendo o riso.
— Eu te disse que não era o único. — riu estendendo a mão a espera das chaves.
— Se for para enfrentar os alunos do nosso colégio, prefiro ser a eu a estar no volante. — Cruzei meus braços ouvindo um ouch vindo as minhas costas.
— Bexx meu amor, vamos lá, toda a população dessa cidade sabe que a é uma maníaca por controle. — Roman se defendeu.
— Roman! — Becky exclamou seriamente.
— Muito obrigada pelo apoio Roman. — Revirei os olhos ouvindo rir, o olhei me censura o que o fez rir ainda mais.
— A verdade dói , você sabe, eu te amo e tudo mais com esses seus defeitos porque somos amigos mas é um fato, você sabe. — Roman subiu em sua moto dando de ombros.
— Fiz bem em ignorar a opinião alheia. — Entreguei as chaves a e entrei no carro sem dizer mais nada.
— Se eu não disser isso, a Becky vai me matar, depois do seu treino vamos assistir ao seu filme favorito idiota enquanto você e ela ficam criando fins paralelos para cada personagem. — Roman desceu de sua moto e se moveu até o carro de se apoiando na janela ainda com o capacete em sua cabeça.
— Meu treino vai ser na sua casa, eu fui expulsa das piscinas até que a Treinadora crie laços com o time, infelizmente você vai ter me aturar até estivermos próximo dos amistosos, obrigada você é um fofo Roman, mesmo que seja por livre e espontânea pressão. — O respondi sorrindo me divertindo com a careta que se formou na face dele.
— Finalmente algum tempo para mim ! — Becky exclamou sorrindo feliz. — Vamos embora juntas já que o Sr.Popular ainda estará ocupada e sem o carro eu sou sua única alternativa, porque você não me contou?!
— Vocês nunca olham minhas mensagens, não me culpem por não avisar. — Pisquei para Roman antes de ajustar o cinto vendo se sentar rindo.
— Eu realmente espero que os te comam vivo , você pode estar rindo agora mas não tem a menor ideia do quão ferrado você está! — Roman o avisou tranquilamente.
— Vamos deixar isso de lado, estamos todos atrasados, temos mais com o que se preocupar. — Os interrompi chamando a atenção para a realidade.
Como um acordo silencioso, todos ligaram os seus automóveis em conjunto, Roman abaixou a viseira de seu capacete antes de disparar para fora da entrada de sua casa, Becky o seguiu logo atrás enquanto manobrava o seu carro sem pressa, sua expressão neutra escondia a seriedade em seu olhar, com um suspiro me virei para ele apoiando minhas costas na porta.
— Ignore as palavras de Roman, 90% do sai da boca dele você não deve levar a sério. — O vi concordar em um aceno mudo, seu corpo ainda estava tenso. — , não se preocupe, você não está sozinho nessa. — Soltei o cinto para deixar um beijo em sua bochecha o vendo morder o lábio para não sorrir.
— Você está sendo muito generosa Love ou tentando me manipular, eu ainda não decidi. — Ele riu da minha expressão irritada. — Generosa, mas ainda assim sinto que pode haver um pouco da segunda opção.
— Estamos indo anunciar ao zoológico que é o nosso colégio e você está zombando do meu esforço em tentar te acalmar. — Recoloquei o cinto levemente irritada.
— Vamos lá Love, eu estava apenas implicando. — riu enfim relaxando sua postura, sua mão alcançou a minha enquanto dirigia. — Eu te odeio. — Resmunguei, mas acabei sorrindo no processo. — Eu também te amo. — sorriu piscando antes de assobiar animado.
Capítulo 59
O rádio ficou mudo após desligar o carro em sua habitual vaga, eu tentei me convencer que não era grande coisa enfrentar todos os estudantes daquela instituição, enfrentar seus olhares, lidar com susssurros e boatos, afinal eu estava acostumada com isso sendo a rival do garoto mais popular daquele lugar mas agora tudo mudaria, ficaria pior, era quase como se eu pudesse sentir. desceu do carro colocando sua bolsa sobre um dos ombros saudando conhecidos, amigos, sorrindo alegremente enquanto dava a volta no automóvel, eu senti a expectativa de quem o observava, não era muito comum chegar acompanhado, seu modus operandi era levar garotas para casa e não acompanhá-las ao colégio. Resistindo ao impulso de fugir alcancei minha bolsa enquanto saia do carro aceitando a mão de ; era quase como um cenário cinematográfico aonde todos paravam para absorver o que seria a maior notícia daquela instuição, eu ouvi ofegos de surpresa, de choque e de desgosto, não se podia agradar a todos então porque tentar?! colocou seu braço sobre meus ombros enquanto alcançava com facilidade minha bolsa a colocando sobre o seu ombro, ele sorriu antes de cobrir seus olhos com um par de óculos escuros enquanto nos dirigia para a entrada do prédio principal, uma benção ou maldição, nossos primeiros períodos de aula eram os mesmos, o que significava que seríamos o entreterimento em cada uma deles.
— Hey .
— .
— Olá .
— , oi.
— Vocês estão juntos?
— Isso é tão estranho de se ver.
— , .
As saudações e perguntas continuaram, atraia muitos olhares por onde passava, normalmente não prestava atenção se havia olhares ou não sobre mim; estava ali para finalizar os meus estudos e vencer as competições de natação com toda a minha equipe e ocasionalmente ensinar bons modos ao capitão da equipe masculina de natação, meu rival e agora namorado. Contive as palavras rudes que quase escaparam de meus lábios ao grupo de garotas liderados por Stacy quando se colocaram a frente de meu armário, após deixar sozinha para buscar seu próprio material, o grupo das populares se posicionaram de modo a me intimidar. Rolei os olhos e esperei pelas palavras que sairiam da bofa delas, Stacy parecia especialmente desgostosa, seu olhar desceu pelo meu corpo em uma análise minuciosa, seu julgamento expresso em sua face quase me fez rir.
— , além do atraso você não consegue ficar longe de problemas. — Mister Hopkings parou ao meu lado interrompendo fosse lá às palavras ácidas que escapariam dos lábios de Stacy.
— Desta vez eu não fiz nada meu caro diretor, as senhoritas a nossa frente estão me impedindo de pegar o material necessário para a aula. — Sorri calmamente respondendo-o cordialmente enquanto via irritação brilhar nas íris das garotas.
— Queríamos apenas parabenizá-la pela conquista, . — Stacy adocicou a sua voz, sua postura intimidante relaxou para algo mais amigável.
Mister Hopkings assim como eu fingimos cair em seu teatro, o diretor do colégio não era alguém que poderia se enganar facilmente, uma troca de meias palavras elas saíram do meu armário deixando-nos sozinhos. Suspirando entendiada alcancei meu material enquanto o diretor permanecia em silêncio, seus olhos estavam distantes, observando interagir com outros estudantes.
— Esperava que isso ocorresse após o campeonato nacional, mas vocês jovens gostam de pisar em meus nervos. — A voz dele saiu baixa mas séria, seu olhar não era os dos mais amigáveis o que me fez rir.
— Não se preocupe Mister Hopkings, o seu segredo está seguro comigo, você não é tão assustador quanto imagina. — Pisquei para ele dando uma batidinha em seus ombros antes de passar por ele.
— 's sempre testando minha paciência. — Eu o ouvi resmungar antes de seguir na direção oposta a minha.
Alcancei rindo das últimas palavras do diretor, Mister Hopkings atuava naquela instituição há muitos anos, ele fora professor de Garret e Hector e quando Cecília estudou por ali Mister Hopkings já era diretor; os sabiam testar os nervos do homem. Eu não podia o culpar por não ser o maior fã da minha família, meus irmãos não foram dos mais exemplaveis estudantes em questão de comportamento, mas sem dúvidas atingiram a excelência nos esportes, e conquistaram muitos prêmios a instituição. se despediu das pessoas ao seu entorno me encontrando na metade do caminho, em seu olhar havia uma curiosidade nata.
— Você está levando todo esse caos muito bem, Love. — comentou casualmente colocando seu braço ao redor da minha cintura.
— Eu lidava com as suas armações quase todos os dias, você acha mesmo que eu gastaria um segundo do meu tempo me importando com o que todos pensam da nossa união incomum?! — Ri diante a expressão que se formou na face dele após ouvir minhas palavras.
— Eu deveria imaginar que se manteria a Tirana de sempre. — me provocou com seu tom desdenhoso, em seus lábios havia um sorriso travesso enquanto arqueava uma de suas sobrancelhas em desafio.
— Eu sei quem eu sou, nada do que os outros pensam ao meu respeito poderá me abalar, eu estou nessa seriamente, estar assumindo isso não é um ato de prepotência ou arrogância. — Nos parei próximo a sala em que teríamos aula. — Quando você quem é e o que quer, nada no mundo poderá alterar isso.
— Você fica sexy agindo toda confiante, é uma pena que seja tão certinha e não pule um só período. — Ele sussurrou em meu ouvido antes de nos levar para dentro da sala, seu modo de andar era confiante, como se estivesse desfilando em uma passarela diante tantos pares de olhos que pareciam holofotes, querendo saber mais sobre o que levou a nossa situação atual.
Engoli os palavrões que desejava dizer em resposta ao atrevimento de , e o segui me sentando na cadeira ao lado da sua, a professora de química parecia estar iniciando a chamada após a nossa entrada. Normalmente nessa aula meu parceiro seria outra pessoa, mas dada as circunstâncias, preferia aturar a figura irritantemente radiante de a encarar um interrogatório dos curiosos estudantes do Colégio D'Antelli. Os susssurros, boatos, invenções das mentes criativas daquela instuição tornou cada uma das aulas em que estive presente impossível para os educadores lecionarem alguma coisa, quase como em um consenso geral, eles se encaminharam até o quadro, enumerararam as páginas de exercícios em nossos livros e o dia para se entregar, aula após aula. e eu possuíamos apenas os três primeiros períodos juntos, assim andamos de sala em sala, nos sentando no fundo da sala, próximos a parede.
— Você realmente é uma boa aluna, Love. — comentou com tranquilidade após anotar as informações repassadas pelo nosso professor voltando sua atenção para mim.
— Prefiro o termo dedicada, procuro fazer o meu melhor em todas as áreas da minha vida, por que não fazer o mesmo no colégio? — Ergui meus olhos do livro encontrando as brilhantes íris de , mordendo o interior de minha bochecha para não sorrir com o suspiro admirado que escapou dos lábios dele.
— Você ainda continua a me surpreender, Love. — Seu tom não passou de um sussurro, mas eu pude sentir o carinho em suas palavras, dei a ele um cálido, mas verdadeiro sorriso antes de voltar minha atenção outra vez para o livro de exercícios.
permaneceu em silêncio na maior parte do tempo, seu braço apoiado na minha cadeira não ajudou a silenciar o burburinho mas a àquela altura eu não poderia me importar menos, eu me sentia assustadoramente a vontade perto dele, ainda havia questões em que eu estava confusa, situações em que precisaríamos ser francos mas eu confiava em , de uma maneira que não imaginava ser capaz! Antes que o último período que antecedia o intervalo da manhã se encerrasse, combinamos um ponto de encontro para almoçarmos juntos e conversar a respeito de como agiríamos a partir de agora.
O colégio D'Antelli possuía seis períodos no total, três antes do intervalo de quinze minutos, na parte da manhã, tendo o retorno as 10:15 seguindo até as 13:15 que então seria o horário do almoço para que as 14:00 da tarde iniciassem as atividades dos clubes, a instituição possuía muitos clubes e todos os alunos deveriam estar inscritos obrigatoriamente em ao menos um. O colégio ainda possuía aulas extras como um reforço para os alunos que possuissem dificuldades em alguma matéria específica, e para os alunos do último ano, as aulas se estenderiam até às 15:00 da tarde, os alunos do segundo ano montavam um planejamento para o terceiro ano voltado para a carreira em que seguriam, então o período de aula após o almoço só terceiro ano eram de acordo com o planejamento feito no segundo ano, era claro que passávamos ao menos uma vez por semana pela sala do conselheiro estudantil para ver se era realmente aquela profissão que queríamos seguir no futuro, era um alinhamento de acordo com as ambições futuras.
Os horários dos clubes eram reduzidos para os alunos que se formariam, bem para a maioria deles, sendo a exceção os atletas que mais se destacavam porque em mais de 90% do caso eles buscariam uma bolsa esportiva e dentre eles, quase 100% dos casos buscariam a profissionalização dentro do esporte. O colégio fechava as portas entre as 18:30 a 19:00 da noite em temporada de campeonatos e amistosos, para os clubes não esportivos as atividades poderiam se estender até as 17:30 da tarde. E cada um dos clubes do colégio deveriam entregar relatórios mensais de resultados, objetivos a curto, médio e longo prazo. Para os clubes esportivos os treinadores se reuniam com o diretor ao invés dos relatórios, facilitava o alinhamento de verbas para transporte, materiais e hospedagem dos atletas durante as competições.
Durante todo o intervalo da manhã me mantive na biblioteca, longe de Becky e seu interrogatório, o qual eu deixaria para responder na casa de Roman, assim aproveitei o tempo para terminar os exercícios passados nos três primeiros períodos. Eu podia sentir o olhar intenso e curioso daqueles que estavam a minha volta, era quase como se eu pudesse ler a afirmação que rondava a mente deles…
Essas quatro palavras pareciam brilhar acima de cada cabeça dos presentes naquele ambiente, refutar essa afirmação apenas me causaria dor de cabeça, assim eu mantive meus esforços para o que poderia controlar: meu desempenho escolar. Assim os quinze minutos daquela manhã foram dedicados a resolver os exercícios passados nós três primeiros períodos, buscaria levar o menos possível de deveres de casa, deixando meus esforços principais a natação, mesmo que fossem apenas amistosos, não era algo que poderia ser levado de maneira leviana.
Com os pensamentos focados, não me importei com as perguntas indiscretas que recebi durante as aulas seguintes, cumpriria o que havia planejado, me envolver com fora repentino mas nada que um ajuste e controle de danos não pudesse dar conta, então assim que a última aula antes do almoço se encerrou eu simplesmente desapareci da sala de aula sem deixar qualquer abertura para os outros estudantes, meus pés tomaram o caminho mais longo, mas menos movimentado, para a área do terraço que Becky e Roman gostavam de se esconder.
— Eu sabia que te encontraria sozinha nessa escadaria. — Stacy estava apoiada contra o corrimão, seu semblante enigmático me deixou intrigada.
— Para quem diz não se importar com ninguém, você anda prestando bastante atenção em mim. — Soltei um bocejo enquanto me encostava no corrimão oposto ao que ela estava.
— Eu realmente não te considerei uma ameaça, afinal os joguinhos infantis entre vocês dois era um entreterimento lucrativo, te provocaria e você o responderia, simples. — O tom dela aumentou gradativamente, a acidez era expressa em cada palavra proferida. — Você é patética , desejando algo que claramente está acima de você.
— Eu olho para você e não sinto nada, nem irritação ou qualquer pingo de desprezo Stacy, é realmente uma pena que Olívia tenha uma irmã como você. — Suspirei entediada a olhando diretamente nos olhos, eu pude vê-la abrindo a boca procurando me interromper quando a alcancei com um passo colocando meu indicador sobre os lábios dela a olhando sem qualquer hesitação. — Eu ainda não acabei de falar, então seja uma boa garota e espere a sua vez. — Pisquei para ela sorrindo tranquilamente. — Entenda, não é uma propriedade ou objeto que você possa reivindicar como seu, não é assim que funciona as relações entre seres humanos, por favor, estamos no século vinte e um! — Rolei os olhos diante a forma absurda em que aquelas garotas ainda pensavam sobre os garotos daquela instituição. — O título de namorada não é como se fosse um troféu, é apenas uma afirmação de laço afetivo entre duas pessoas, um aviso de que a pessoa está comprometida com outra, então não vamos discutir por causa disso, eu tenho muitas responsabilidades para cumprir assim como você, afinal esse é o nosso último ano, vamos aproveitar o tempo que nós restamos como estudantes do ensino médio ao invés de ficar criando situações chatas por causa de garotos. — Me sentei no degrau de cima a olhando despreocupada, expressando com tranquilidade meus pensamentos sobre o assunto.
— Porque você está me transformando na vilã? — Ela rebateu com os olhos marejados.
Ao invés de respondê-la encontrei a figura de alguns degraus acima, eu não sabia a quanto tempo ele estava ouvindo mas sua postura relaxada indicava que não via problemas no que eu havia dito. Com um gesto indiquei que ele poderia se aproximar, me levantei espanando minha roupa ficando ao lado da figura de , o qual colocou seu braço ao redor da minha cintura naturalmente enquanto olhava para Stacy, as possuíam uma clara mensagem de aviso, ele estava dando o aviso a Stacy para não o irritar com seu teatrinho.
— Era apenas isso que queria me falar Stacy? — A indaguei tranquilamente vendo-a se irritar pela minha falta de resposta as suas atitudes.
— você vai deixar essa ai me tratar assim? — Stacy optou pela estratégia errada, a olhou em desaprovação.
— Não me chame assim, e muito menos trate a minha namorada dessa maneira Stacy. — O desgosto banhava cada uma das palavras que dirigia a Stacy. — foi sincera e em nenhum momento a desrespeitou Stacy, agora qualquer garota que eu me relacionar você irá pessoalmente tentar a assustar através da intimidação?
— … não é bem assim…— Stacy gaguejou agora com os olhos verdadeiramente marejados.
— Apenas nos deixe em paz Stacy e deixe avisado a qualquer um que queira se intrometer em meu relacionamento que eles não saíram ilesos de punições. — a respondeu implacável, sem deixar qualquer espaço para ela prosseguir a se explicar, ele pegou minha mochila de emus ombros e segurou minha mão nos encaminhando para cima.
— ! — Stacy grito entre a insastifação e revolta.
não se deu o trabalho de respondê-la e continuou a subir os lances da escada mantendo sua mão na minha, pela veia saltada em sua testa e o maxilar rígido estava irritado, ele estava tentando mantê-la sob controle. O parei antes de atingirmos a porta que nos daria acesso ao terraço, sem dar qualquer explicação apenas o abracei, eu não correria o risco de beijá-lo e alguém espalhar fotos após nós fotografar. Eu não me importava com fotos nossas abraçados, não havia nada de escandaloso ou que pudesse ser levado a aplicação de uma punição, por isso o abraço era a melhor escolha e a mais efetiva naquele momento.
— Eu sabia que nosso relacionamento causaria uma comoção, eu só não consigo me conter quando atentam contra você Love. — apoiou sua cabeça na minha após deixar um beijo no topo dela.
— Eu sei me defender, . — O respondi ouvindo calmamente os batimentos dele. — Entre nós dois você é o mais amado por aqui, embora eu não dê a mínima para isso. — Ri ao sentir se afastar levemente, apenas o suficiente para nos olhar face a face.
— Nunca mais diga isso, Love. — Havia uma determinação nos olhos dele que me fez achar extremamente adorável naquele instante.
— Eu não do a mínima para isso , não se preocupe! — Ri ao vê-lo balançar a cabeça negativamente.
— Você não entende, não é?! — Ele respirou fundo passando as mãos pelos cabelos antes de voltar a encontrar o meu olhar. — Love, você é a uma lenda por aqui, seu talento nas piscinas não atraíram apenas a mim, muitos dos alunos vão as competições apenas para te assistir, você é gentil e receptiva com todos, suas notas são impressionantes assim como as suas performances dentro da água…Você tem ideia do quanto as garotas te invejam porque você reune tudo o que elas tantam anseiam sem qualquer problema!
— Seja razoável, , você não precisa inventar tudo isso. — Ri ainda mantendo minhas mãos nas costas dele.
— Você precisa abrir seus olhos Love, você é bela, inteligente e não o bastante um talento nato nas piscinas…Um tesouro precioso, minha amada. — Ele colocou uma mecha de meu cabelo atrás da orelha sem desviar os olhos do meu.
— Eu não sou perfeita, . — Rolei os olhos deixando um sorriso escapar.
— Eu sei, as suas imperfeições é o que a torna perfeita para mim. — Ele me respondeu sem pestanejar.
— Bobalhão. — Ri deixando um beijo na bochecha dele antes de nos encaminhar para a porta de ferro.
Capítulo 60
Ao abrir a porta metálica, Roman nos olhou de modo preguiçoso, sua cabeça repousava sobre as pernas de Becky enquanto ela lia algo, provavelmente artigos para seu teste de física, apesar de sua aparência despojada, Becky era inteligente, seu sonho era tornar-se cirurgiã cardíaca, mesmo levando a sério os estudos ela também procurava viver o presente…Roman e ela eram literalmente como metades, o que havia em um complementava o outro, eles eram perfeitos e apesar de passarem muito tempo juntos, eram raras as ocasiões em que brigavam.
— Mesmo que eu estivesse desconfiado, ver vocês juntos ainda me surpreende. — Roman comentou assim que nos aproximamos.
— Vocês serão o alvo dos olhares até a formatura. — Becky deixou de lado os artigos voltando seu olhar para nós.
— Eu posso lidar com isso, enfim o que vocês prepararam para o fim de semana? — Indaguei vendo Roman rir antes de se sentar corretamente.
— Não há nada que passe despercebido pelo seu radar, não é mesmo ? — Roman riu puxando sua bolsa para retirar um pote com o que eu supunha ser o seu almoço.
— Eu realmente não faço ideia do que vocês estão falando. — nos olhou confuso.
— Esses dois, de uma forma bizarra, parecem sempre saber algo que o outro está escondendo. — Becky apontou para Roman e eu.
— Hey! Se quer me ofender seja direta e não diga um absurdo desse. — Fiz uma careta antes de retirar o que havia preparado na noite anterior para o meu almoço.
— Não seja tão pragmática , e Bexx não me compare a ela, é ofensivo. — Roman esboçou o mesmo ultraje que havia em minha voz antes de começar a comer o seu almoço.
— Isso é a prova de que os dois são mesmo melhores amigos. — riu da expressão desgostosa que Roman e eu o olhavamos. — Eu aturo esse ser irritante por conta da Becky. — Repliquei após engolir o que havia em minha boca.
— O mesmo, . — Roman revirou os olhos antes de voltar sua atenção para o seu almoço.
— Ah vamos lá! Vocês eram amigos antes de me conhecer, baby, você sempre defende a dos babacas que enchem a boca para dizer merda a respeito dela. — Becky retrucou sem se abalar pelo olhar pedindo silêncio de Roman.
— É verdade, eu já vi isso acontecer. — deu de ombros.
— Até você ?! — Roman exclamou na defensiva.
— Que lado adorável você possui Rom. — Ri ainda mais ao receber o dedo do meio de Roman como resposta.
— Você também é tão leal quanto o Roman . — Becky interrompeu qualquer palavra que eu diria com um olhar. — Quantas vezes eu já te vi conversando com a mãe de Roman tentando persuadi-la a respeito do sonho dele! Você sempre o defende quando ouve alguém o insultar e ainda sempre o ajuda a estudar nós períodos de provas.
— Hey! — Roman e eu falamos ao mesmo tempo, olhamos um para o outro confusos e rindo em seguida.
— Vocês são mais amigos do que pensavam. — Becky deu de ombros enfim alcançando seu almoço.
— Você é como uma caixinha de surpresas, Love. — sorriu piscando em diversão antes de voltar a comer o seu almoço.
— Rom, vamos fingir que essa conversa não aconteceu? — Sugeri para Roman após engolir a comida.
— Definitivamente! — Roman concordou imediatamente.
e Becky riram da nossa atitude antes de engatarem em um assunto ameno, me mantive em silêncio comendo enquanto observava meus amigos interagirem com a figura de , eles integraram tão naturalmente que parecia como se ele sempre almoçasse com a gente. Assim que terminei de comer, guardei o recipiente na bolsa voltando meu olhar para Roman.
— Eu ainda não iniciei os preparativos, estava esperando ter uma conversa com você em seu primeiro tempo livre . — Roman respondeu a pergunta em meu olhar.
— Sua mãe deve retornar pelas 21:00 da noite então podemos começar os preparativos hoje ajustando as luzes da piscina interna e restringir sua festa de aniversário a essa área da sua casa trancando o resto da casa, é possível ter acesso pela área externa então limitados as áreas que podem ser danificadas a menos que você pretenda usar a cabana de pesca perto da colina. — Sugeri retirando meu caderno e duas canetas para começar o planejamento da festa de aniversário de Roman.
— Seu aniversário é no final de semana! — Becky levou a mão a sua testa se dando conta.
— Mais um argumento que prova que vocês são melhores amigos. — nos alfinetou rindo das nossas expressões.
— Eu não sei se é uma boa ideia realizar a festa em casa, meus pais vão viajar na sexta-feira mas você sabe o que minha mãe faria se destruissem qualquer item de sua preciosa decoração , meu pai não liga para festas desde que qualquer estrago em sua cabana seja restaurado depois. — Roman comentou pensativo. — Então é mais seguro organizá-la por lá, podemos usar a área em frente da cabana para montar uma fogueira enquanto no interior podemos apenas levar todos os equipamentos de pesca para a minha casa. — Vou pedir para Kayron nós ajudar no transporte dos equipamentos, o barco você vai tirá-lo da marina ou vai deixá-lo ancorado? — Anotei as ideias que iam surgindo em minha mente.
— Meu pai vai levar minha mãe para uma ilha próxima, eles vão usar o barco, eles retornam apenas na segunda-feira pela manhã. — Roman deu de ombros voltando a deitar nas pernas de Becky.
— É surpreendente que você não tenha uma horda de pessoas o seguindo possuindo tanto dinheiro. — assoviou impressionado.
— Inicialmente havia mas atuou como um cão de guarda afastando àqueles que estavam interessados no dinheiro de Roman, por isso a mãe dele adora ela, você precisa ver as duas juntas. — Becky riu da expressão zangada de seu namorado.
— Podemos deixar minha mãe fora da conversa, por favor. — Roman revirou os olhos bufando insatisfeito.
— Você é filho único, não precisa ter ciúmes! — Rolei os olhos rindo novamente por conta da reação dele, Roman ergueu seu dedo do meio em resposta.
— Você é irritante . — Roman retrucou.
— Eu sei. — Dei de ombros me virando para ao ouvi-lo se engasgar após a minha fala. — Qual é o motivo da sua surpresa ?
— Pega leve com , . — Becky me respondeu ao invés de . — Ele está descobrindo um lado seu que não é muito comum, você não é conhecida pela modéstia.
— Estou de acordo, você nega veemente seus defeitos , apontando que não teria graça você ser perfeita. — Roman saiu em defesa de Becky reforçando seu argumento.
— Que seja. — Resmunguei alcançando minha garrafa de água.
— Mudando completamente de assunto, , quando pretendia nos contar sobre vocês dois? — Becky soltou a sentença sem qualquer problema.
— Sútil Becky, muito sútil! — A respondi após engolir a água com dificuldade.
— Eu acho que posso responder essa Love, conhecendo-a bem, você negaria tudo até que eles nos vissem juntos de uma maneira que você não pudesse argumentar contra. — me olhou arqueando sua sobrancelha me desafiando a contradizê-lo.
— Ela agiria assim mesmo, . — Roman riu em acordo com as palavras de .
— Você tem que admitir , isso soa exatamente como você. — Becky tentou me dissuadir sorrindo em diversão.
— Argh! — Revirei os olhos, mas mordi o interior de minha bochecha para não sorrir. — Eu odeio todos vocês.
— Claro, e a gente também te odeia. — Roman riu dando de ombros.
— Vamos lá Love, eles estão apenas curiosos. — ergueu suavemente minha face de modo que eu o olhasse não olhos.
— Esses dois desconhecem a palavra de discrição, é por isso que estou tentando evitar falar em um ambiente público. — Dei um olhar de aviso aos dois antes de voltar meus olhos para .
— Ela está certa. — Roman riu de acordo recebendo alguns tapas de Becky. — Bexx, você sabe que ela está certa.
— Traidor. — Becky resmungou para então rir com as investidas de Roman tentando fazer cócegas nela.
— Eu lhe disse. — Arqueei minha sobrancelha provando meu ponto.
acenou em acordo rindo em seguida, ele estava completamente relaxado, seu sorriso escapava com mais facilidade, ele estava sendo apenas o adolescente que era, sem máscaras, sem segundas intenções, apenas um adolescente de dezessete anos livre de qualquer fardo e responsabilidades. Permaneci o observando em silêncio, admirada não só pela beleza dele mas por ele, eu não imaginava que um dia gostaria romanticamente do meu rival, eu via o quanto havia sido obtusa, cegada pela minha ignorância, baseando meu ponto de vista em suposições, preconceitos que o verdadeiro não se encaixava. O enxergava! O véu da ignorância havia sido tirado e enfim podia admirar quem ele era, um garoto cheio de falhas mas também de inúmeros defeitos…Eu estava terrivelmente, inegavelmente, apaixonada por .
— Você está muito quieta Love. — sussurrou próximo aos meus lábios.
— Estava apenas pensando. — O respondi brevemente vendo a curiosidade aflorar em suas orbes .
— Estava pensando em o quê? — me perguntou no mesmo instante em que seu celular tocou.
— Você terá que esperar, agora deixe-me adivinhar, é o treinador Reinald o convocando para discutir as estratégias dos amistosos. — Sorri em provocação, tentou roubar um beijo antes de atender a ligação o qual eu desviei vendo-no revirar os olhos antes de se levantar e atender a ligação.
— Vocês dois estão mais íntimos do que eu imaginava, a quanto tempo você está escondendo isso da gente ? — Becky me surpreendeu ao se sentar ao meu lado assim que se levantou.
— Você quer me dar um ataque cardíaco?! — Me virei para ela colocando a mão em meu peito respirando fundo sentindo as batidas do coração aceleradas devido ao susto.
— Agora você entende o quão ruim é ser pego de surpresa. — Roman se sentou logo em seguida sorrindo em divertimento.
— Love, seu irmão e minha mãe estão aqui. — se aproximou suspirando cansado enquanto me observava. — Eles estão nos esperando na sala do Mister Hopkings.
— Boa sorte, . — Roman se levantou dando batidinha no ombro de abrindo a porta para Becky que me abraçou assim que passou por mim e seguiu Roman escadas abaixo.
— O que eles estão fazendo aqui? — Questionei sentindo o nervosismo crescente em meu estômago, não fazia a menor ideia do motivo que levara meu irmão até ali.
— Eu não sei, Love. — me respondeu honestamente, seu olhar esboçava a mesma emoção que eu sentia.
— Vamos descobrir juntos então. — Tentei animá-lo, segurei a mão dele na minha entrelaçando nossos dedos, em troca recebi um sorriso animador de .
Capítulo 61
Havia situações em nossa vida em que avaliamos o que realmente sabemos, uma epifania, um insight, algo espontâneo em que paramos e refletimos sobre fatos e pensamentos em que acreditávamos fielmente. Aquele era um daqueles momentos para mim, sobre o acolchoado da cadeira familiar, quase uma velha amiga diante as constantes visitas feita ao diretor, Mister Hopkings, ao meu lado estava o meu rival, não mais tão rival assim, , com suas esmeraldas perspicazes analisando as faces de meu irmão mais velho, Kayron, sua mãe Zara , e o diretor, Mister Hopkings. Nossa caminhada do terraço do terceiro prédio, até ali fora acompanhada de olhares, mais sussurros e alguns comentários mal disfarçados, variando entre sarcasmo, indignação, inveja, revolta, outros eram direcionados em alto e bom som com o objetivo de nos ofender.
era sem dúvidas minha oposição natural, suas manias e tiques me irritavam em um nível incomparável, seu dom em saber exatamente aonde me pressionar e me tirar do sério intrigava no mesmo nível em que me deixava furiosa, bem na maioria das vezes! Meus pensamentos sobre ele, em suma, basearam-se em uma percepção errônea. Nossas provocações, quase uma guerra repleta de infantilidade, envolveram sabotagens, pegadinhas que beiravam o absurdo e que se mal administrado poderia até mesmo nos levar às autoridades locais…Não foram poucas as vezes em que chegamos nesse ponto, a destruição do carro de facilmente se enquadra em um crime, no entanto, a punição fora algo leve se comparado a prisão. Sendo a primeira vez, em algum tempo, estava feliz por estar errada, minhas impressões sobre meu rival de anos havia caído por terra, um aliado e um parceiro, algo que não imaginei ocorrer tão cedo, me tragou na mesma proporção em que me surpreendeu porque encontrei ambos em aquele que eu julgava me odiar ferozmente!
Portanto, a situação daquela sala, me fez refletir, o silêncio prolongado e falta de explicações por parte dos adultos me levou diretamente aos pensamentos inquietos da minha mente, suspeitava que fosse lá a situação que levará tanto meu irmão quanto a mãe de , era de certa maneira minha culpa; não era o ser humano mais gentil, e de longe me enquadrava no ser mais sociável daquela instituição, uma das minhas maiores realizações e motivações em frequentar aquele colégio era a equipe de natação, a equipe feminina conhecia minha versão menos detestável e que se aproximava mais de quem eu realmente era. Supunha que Mister Hopkings houvesse acionado a mãe de , nossa revelação como casal, deveria ter chocado o pobre diretor, como todo o corpo de estudantes e professores daquela instituição; como Kayron e Zara estavam noivos, então explicava o porque os dois estarem ali.
— Eu realmente estou começando a achar injusto a maneira como o senhor me trata, Mister Hopkings. — Quebrei o silêncio ao notar que os adultos não se pronunciaram tão cedo. — Veja bem, se o senhor equilibrar meu histórico escolar e esportivo mais que compensa as artimanhas contra a equipe masculina de natação e principalmente . — Pisquei para que mordeu o interior de sua bochecha para não rir, meu irmão encobriu seu riso com uma tosse.
— Senhorita ! — Mister Hopkings me deu seu olhar repreensivo enquanto sua expressão tornava-se amarga.
— Estou apenas comentando que o senhor possui apreço por me punir, mesmo quando eu agia em defesa própria! — Dei de ombros voltando a me encostar contra a cadeira piscando em divertimento para .
— Vocês dois não foram chamados para esta sala por causa disso, ! — Mister Hopkings me respondeu seriamente, sua paciência parecia estar por um fio.
— Eu só queria apresentar o meu ponto, enfim, vamos ser diretos e francos, não, isso que há entre e eu não é uma aposta. — O respondi sem me abalar ouvindo meu irmão se engasgar, provavelmente ao tentar conter a risada, pela minha visão periférica vi Zara dar a Kayron um olhar irritado. — Surpreendente, eu sei, mas eu quero que vocês entendam, e a vocês, eu estou me referindo especialmente a você Sra., que estou séria sobre o relacionamento que possuo com o seu filho, não é uma piada ou uma brincadeira de mal gosto, até mesmo alguém como eu pode se apaixonar. — Dei de ombros ouvindo a risada de meu irmão estourar, ele não teve muito sucesso em escondê-la desta vez.
— Love, você está apaixonada por mim ? — me indagou com seus olhos brilhantes presos em meu olhar.
— Já faz algum tempo, mas você sabe, levei todo esse tempo para perceber devido à teimosia crônica. — Pisquei para ele rindo tranquilamente.
— Hran Hran. — Mister Hopkings fez um som com sua garganta para atrair a atenção para si novamente. — Eu não os chamei para que a senhorita, , tomasse o controle da situação. — Mister Hopkings fora preciso em transmitir sua indignação e insatisfação em sua voz. — Os chamei para controle de danos, vocês dois normalmente já causam problemas quando não estão juntos, agora que estão em uma estranha relação, algo que eu ainda não absorvi direito, quero que vocês dois assumam a responsabilidade por qualquer ato que possa vir ocorrer devido a união de vocês dois.
— Queira me desculpar pela interrupção senhor diretor, mas eles são apenas adolescentes, como você ousa jogar a responsabilidade de como as pessoas reagiram a união deles?! — Kayron elevou sua voz mostrando sua desaprovação em seu tom de voz e olhar marcante! — Eles não possuem controle como as pessoas agirão, e como você espera que eles assumam uma responsabilidade dessas?
— Kayron está certo…Hopkings, por favor não faça nenhum alarde por causa disso, mesmo que a situação não me agrade, eles não podem ser responsáveis pela forma que as pessoas reagem. — Zara, a mãe de , se pronunciou em acordo com o posicionamento de meu irmão.
e eu nos entreolhamos enquanto os adultos se encarava seriamente, a tensão naquela sala poderia ser cortada por uma faca, a mandíbula de Mister Hopkings estava travada, em sua testa uma veia saltava, seu olhar enfurecido aos poucos se acalmou retornando a antipatia de sempre. Com um aceno ele concordou, Kayron sorriu satisfeito segurando gentilmente a mão de Zara, indignação e desaprovação passaram pelas íris de Mister Hopkings antes dele disfarçar novamente para a antipatia outra vez…levada por um impulso, repeti o ato de meu irmão olhando para Mister Hopkings em desafio, o qual me respondeu com um olhar enfurecido; era como se sua expressão dissesse " Tinham que ser os malditos 's ". Balancei a cabeça, como se pudesse dizer a ele que nós, os 's, não poderíamos fazer nada quanto aos nossos instintos, agir antes de pensar, mesmo que isso levasse a alguém se zangar conosco. Mister Hopkings revirou os olhos suspirando audivelmente em cansaço, antes de se pronunciar.
— Depois não diga que eu não tentei Zara. — Mister Hopkings direcionou seu olhar sério para a mãe de antes de voltar para nós dois, mas antes ele deu a Kayron um olhar de desprezo. — Quanto a vocês dois, eu não me importo com o que quer que vocês afirmam possuir, não destruam meu colégio ou terei que expulsá-los antes que se formem.
— Eles são estudantes do último ano Hopkings, dê um desconto aos dois! Não é como se você não tivesse sido adolescente alguma vez?! — Kayron tentou amenizar o clima tenso com seu bom-humor característico.
— Você sabe do que é capaz, o mesmo digo ao Zara, enfim agora se vocês puderem se retirar, eu preciso tratar de alguns assuntos. — Mister Hopkings não escondeu sua amargura.
— Você já foi mais educado Mister Hopkings. — Dei a ele um olhar indiferente antes de seguir para fora da sala com minha mochila pendurada em um ombro só.
Mister Hopkings respondeu ao meu olhar indiferente, revirando seus olhos entediado; entrelaçou seus dedos nos meus me mantendo firmemente ao seu lado, impedindo que eu retornasse e dissesse coisas das quais poderia me levar à expulsão diante ao meu estado de humor. Meu irmão se manteve em silêncio, e enquanto andávamos até o estacionamento, os olhares ainda estavam sobre nós, por conta das atividades extracurriculares e clubes havia menos alunos nas áreas comuns, porém os que circulavam por elas não disfarçavam seus olhares. Meu irmão me lançou alguns olhares por sobre seu ombro, verificando se estava tudo bem e analisando como eu estava lidando com aquilo. Não fora até o momento em que chegamos diante a caminhonete de Kayron, que meu irmão e a mãe de se pronunciaram enfim.
— Devo admitir que me surpreendeu o fato de você retribuir os sentimentos de meu filho, . — Zara iniciou sua fala mantendo um tom neutro, seus olhos como os de não eram tão bons em esconder seus verdadeiros sentimentos, eu poderia ver que ela não me aprovava mas por amor ao filho e ao meu irmão, ela estava cedendo. — Imaginei que meu tolo filho tentava conquistá-la pelo cansaço, visto que o interesse dele era óbvio e mal-disfarçado.
— Mãe! — protestou envergonhado.
— Sua mãe está certa, meu caro enteado. — Kayron riu passando a mão pelos cabelos de .
Zara me deu um último olhar antes de acenar para a seguir, olhei para meu irmão confusa, ele me abraçou de lado antes de sussurrar que eu não precisava me preocupar. Em silêncio observamos mãe e filho conversarem, com semblantes neutros, impedindo que pudéssemos entender sobre o que eles falavam. O som da sirene que marcava a mudança de aula para os veteranos, me lembrou que havia mais dois períodos em que deveria comparecer antes de seguir para a casa de Roman e treinar para os amistosos.
— Eu tenho que ir.
— Quando foi que você se deu conta que o amava?
Nos entreolhamos ao nos pronunciar no mesmo instante, acabei rindo apesar da seriedade da pergunta de meu irmão. Desviei os olhos suspirando, estava agitada devido tudo o que ocorreu no dia, inclusive a ausência nas aulas daquela tarde; apesar de meu mau gênio, era uma aluna exemplar. Eu podia sentir o peso do olhar de meu irmão enquanto decidia se o responderia ou não; tomei fôlego me encostando sobre a porta de sua caminhonete antes de voltar a olhá-lo nos olhos.
— Eu sei que é a primeira vez que isso acontece comigo, mas estou séria sobre isso Kayron, não me faça te dizer algo que eu ainda não revelei a ele. — Indiquei com um aceno, meu irmão cruzou e descruzou os braços antes de se render e balançar a cabeça afirmativamente.
— Eu vejo que minha pestinha está se tornando uma mulher adulta. — Ele se colocou ao meu lado sorrindo tranquilamente passando seu braço pelos meus ombros rindo da careta que tomou minha face.
Quando ia respondê-lo, mãe e filho retornaram, faces livres de qualquer expressão, olhares neutros, me despedi de Kayron antes de seguir para a entrada do prédio em que teria a última aula, me acompanhou após se despedir de meu irmão. Eu ouvi a buzina da caminhonete de Kayron antes que ele enfim partisse; mordi o interior de minha bochecha contendo um sorriso. Apesar da curiosidade sobre o que e sua mãe haviam tratado, escolhi dar a ele algum espaço. Se quisesse me dizer algo, ele assim o faria, segurei sua mão notando um cálido, mas belo, sorriso despontar em seus lábios, em seu olhar havia um agradecimento mudo, balancei a cabeça como se o dissesse que estava tudo bem. Poderia ser paciente, ele havia sido todo esses anos, guardando para si sentimentos, os quais eu não tinha ideia se poderia fazer igual se estivesse em seu lugar.
— Te vejo na hora do jantar ? — Ele me indagou assim que atingimos o átrio que se dividia em quatro direções, nossa próxima aula ficava em direções opostas.
— Jantarei na casa de Roman, é uma rara exceção mas às vezes consigo escapar dos jantares de família. — O respondi vendo-o disfarçar sua decepção por uma expressão neutra.
— Roman te levará para casa? — me questionou tentando manter os ciúmes fora de seu tom de voz.
— Roman é o meu melhor amigo, por mais que eu não admita em voz alta perto dele para que seu ego não infle ainda mais, ele é como um irmão e não, ele não me levará para casa. — Me aproximei de rindo de sua expressão ranzinza. — Becky me levará para casa já que meus pais confiscaram o meu carro, Roman faz favores apenas a namorada, a menos que envolva alguma pegadinha com você ele não me ajudará. — Ri ao vê-lo rolar os olhos.
— Deveria ter imaginado que algumas de suas artimanhas possuíam uma participação dele. — bufou mas se aproximou deixando apenas uma fina camada de ar que nos separasse, seus braços permaneciam ao lado do corpo, como se me desafiasse a tomar a iniciativa.
— Nem pense que farei algo bem no meio do corredor, já causamos agitação demais por um só dia, não vamos dar um ataque cardíaco a Mister Hopkings por agir descaradamente em um ambiente público. — Recuei um passo cruzando meus braços sobre meu tronco vendo arquear uma sobrancelha sorrindo zombeteiro.
— Você é muito certinha . — riu e cobriu a distância sem qualquer problema, seu braço envolveu minha cintura enquanto a sua mão direita segurava delicadamente meu queixo, com suas esmeraldas perspicazes me fitava intensamente.
— Não ouse! — Por mais séria que eu tentei soar acabei rindo, me divertindo com a irresponsabilidade dele.
— Eu adoro como você pensa que pode me controlar, é divertido vê-la tentando. — Ele roçou seus lábios em meu pescoço após sussurrar em meu ouvido.
— É realmente fofo o modo como você pensa ! — Acabei rindo quebrando o clima e então me desvencilhei de seus braços ficando a uma distância segura dele. — Temos que comparecer ao menos a uma aula, nos vemos mais tarde. — Pisquei para ele após me despedir, ouvi seu riso e ele sussurrar algo para si antes dele mesmo seguir para sua aula.
Caminhei pelos corredores com um sorriso contido, era o primeiro garoto por quem me apaixonava e isso me assustava na mesma proporção que me surpreendia. Minha única paixão até então era a natação, eu amava estar na água e isso era tão natural para mim quanto respirar, o problema foi que os torneios e competições de tornaram algo ruim, eu gostava de ganhar mas amava mais nadar do que competir, minha paixão era estar na água, me mover nela, a vitória era uma consequência da minha diligência nos treinos…Esse era uma das razões que abandonaria o cenário competitivo, ao menos nas piscinas. Meu coração errou a batida quando então comparei o que sentia por com os meus sentimentos a respeito da natação; como eu poderia dizer que o que eu sentia era amor quando nunca o senti antes?!
Meus pés estacaram no meio do corredor, estava assustada, de certa maneira com medo. Eu não sabia o que fazer, como eu poderia cuspir afirmações tão cheia de confiança quando nunca havia passado por algo do tipo?! Eu não me importava se perderia a última aula, já havia me ausentado das duas anteriores, perder mais uma não faria qualquer diferença! Corri pelo corredor até chegar a área externa, tentando localizar o prédio oeste enquanto sentia meus batimentos ressoarem em meus ouvidos, estava assustada como nunca estive antes! Assim que lembrei em qual prédio Roman estaria me dirigi até ele, correndo como se minha vida dependesse disso!
Capítulo 62
Encarava a porta de madeira do outro lado do corredor, minha respiração estava acelerada, irregular mas não ofegante, o que de certa maneira era um ótimo indicador. Como atleta deveria manter meu físico em perfeito estado, acreditava que estava respirando daquela maneira devido ao pânico crescente que sentia após as conclusões…Seriamente, estava tentando manter meus pensamentos de lado enquanto recuperava o fôlego, não conseguiria as chaves da moto de meu amigo estando naquele estado. Assim que consegui ajustar minha postura e manter tudo sobre controle me dirigi a porta, os nós dos meus dedos atingiram a superfície de madeira enquanto o som ecoava pelo ambiente, ouvi o som de passos aproximando-se da porta e então a professora de idiomas surgiu com uma expressão entre a curiosidade e desconfiança, sem que fosse preciso dizer algo a ela, a professora pediu a Roman que não se demorasse fosse lá o que eu tinha a dizer a ele.
Roman se levantou de sua carteira apressadamente, eram raras as ocasiões em que eu precisava dele, geralmente o procurava quando Becky estava ao seu redor, para que eu fosse até ele durante o período de aula, era porque precisava de ajuda, algo que ele me ofereceria sem questionar. Roman fechou a porta da sala e caminhou comigo pelo corredor até chegarmos a um pátio, seu silêncio era acolhedor e paciente, olhando diretamente para ele resolvi me pronunciar, no entanto fui interrompida por ele.
— O que você precisa ? — Havia uma preocupação não dita em seu olhar que me deixou tocada, por mais que implicamos um com outro, havia um senso de lealdade realmente feroz entre nós, éramos verdadeiros amigos embora falássemos o oposto.
— Da sua moto, eu preciso respirar. — Apesar da resposta vaga e enigmática, ele parecia entender o que estava passando na minha cabeça.
— Deixe seu telefone ligado, Becky vai me matar se assim não o fizer. — Ele riu embora mantivesse o olhar de preocupação em sua orbes ao estender suas chaves assim que as alcançou em seu bolso.
— Tudo bem, não diga nada ao por enquanto, ele acha que estarei em sua casa. — Pedi a ele enquanto pegava as chaves.
— Tudo bem, não faça nenhuma loucura. — Ele me pediu seriamente.
— Eu não farei. — Me aproximei dele e o abracei em agradecimento, ele me abraçou após um tempo, não fazíamos muito isso, Becky era quem fazia isso o tempo todo. — Obrigada por não fazer perguntas.
— É o mínimo que eu posso fazer quando faz o mesmo por mim, você é uma coisa irritantemente importante e constante em minha vida, quase como uma irmã que eu não pedi. — Ele se afastou com um sorriso zombeteiro.
— O mesmo sobre você. — Ri antes de me afastar na direção do estacionamento acenando uma última vez para ele que permanecia ainda no mesmo local.
Sem pensar muito, corri para o estacionamento localizado na moto de Roman sem qualquer problema; com o estacionamento vazio e quase nenhuma pessoa circulando pelas áreas comuns, passei despercebida pela população daquele colégio. Subi na moto colocando o capacete assim que elevei o banco e só então dei partida sentindo o motor ronronar abaixo de mim.
Inicialmente eu não tinha um plano, uma direção para seguir, eu apenas segui pelas avenidas e ruas principais da cidade por algum tempo, me concentrando no momento, os outros automóveis, os xingamentos e buzinas quando ultrapassava e cortava entre os veículos, aos semáforos e postos de gasolina, tudo em que pudesse silenciar as dúvidas e inseguranças a respeito de um relacionamento que mal havia começado. Pilotar não era difícil, Roman havia me ensinado na motocicleta de seu pai, um ano antes dele conhecer Becky e não desgrudar mais do lado dela. Antes deles conhecerem minha rotina era completamente diferente da qual vivia, ambos haviam sido feitos para ficarem juntos, era por conta dessa certeza que brigava tanto com os dois quando eles discutiam, ambos traziam a tona a melhor versão um do outro e de certa forma impulsionaram-se ao seguir seus próprios sonhos. Era por conta disso e alguns outros fatores que eu não ligava em ser a solteira do trio, a vela do casal e a cupido. Desliguei a moto assim que estacionei próximo a faixa de areia que seguindo a direção leste sairia na praia rochosa na base da colina de minha casa. Com a mochila nos ombros e o capacete em minha mão, tirei os tênis guardando o calçado no compartimento do capacete e andei pela areia úmida, pensativa, estar perto da água sempre me ajudou a clarear minha mente e encontrar respostas.
Me sentia tentada a entrar na água gélida do oceano, embora as temperaturas houvesse aquecido a água ainda estava fria demais sem a roupa de neoprene. Deixei minha mochila na areia, guardei a chave da moto e meu celular no bolso antes de dobrar a barra da minha calça me aproximando da água. A confusão era nítida em meus pensamentos, eu sabia que sentia algo por mas como eu poderia catalogar como amor quando nunca havia sentido isso? Como eu pude dizer a ele que estava apaixonada quando isso nunca aconteceu antes? Como eu pude dizer com firmeza a mãe de quando eu mesma não sabia o que estava sentindo?! Sentia a vontade de gritar, frustrada e com raiva da minha incapacidade de entender a mim mesma!
Encarei o mar a minha frente, a água fria alcançava meus tornozelos, o balançar das ondas eram agradáveis, a temperatura fria diminuía a frequência agitada de pensamentos caóticos, eu sentia meus batimentos cardíacos acelerados…eu não tinha a menor ideia do que estava acontecendo comigo, eu mal poderia dizer o que se passava em meus pensamentos, uma solução parecia mais distante do que o final do oceano que se estendia à minha frente, as horas estavam passando, o tempo parecia um juiz e pela primeira vez eu não sabia o que fazer, como me ajudar se mal sabia o que estava acontecendo?! Eu senti o pânico surgir junto com o tremor em minhas mãos, a agitação de meus pensamentos…
Eu senti medo, senti como se tudo o que eu sabia estivesse desmoronando sobre mim; um único pensamento havia desencadeado tudo aquilo. Minha visão se tornou turva e um soluço escapou dos meus lábios, quanto mais agitada e atemorizada ficava mais intenso o choro se tornava. Meus joelhos cederam, senti a frieza da água umedecer o tecido dos meus jeans enquanto prosseguia a chorar, soluços que inicialmente saíram baixos, agora elevavam-se. Um tremor em minha coxa me distraiu por um instante, alcancei desastrosamente o aparelho que vibrava em meu bolso, quase o derrubando no processo, com a visão embaçada apenas atendi sem saber quem era.
— Hey Love, acabei de ver Roman e Becky seguindo para o carro, eles pareciam estar discutindo, você está com a moto dele? — A voz de me saudou como um péssimo anúncio, ele saberia pela minha voz que eu não estava bem.
Eu fiquei em silêncio, a culpa esmagou meu coração, ele não merecia estar apaixonado por mim quando eu nem sabia o que sentia por ele. Palavras absurdamente irresponsáveis escaparam pelos meus lábios, tolos dizeres, baseados em suposições! Como eu poderia ser digna de um coração tão puro quanto o dele?! As lágrimas continuavam a cair enquanto mordia o lábio para evitar que os soluços escapassem.
— , por favor diga alguma coisa. — Em sua voz eu senti a urgência, senti a preocupação e senti o cuidado que ele sentia por mim.
Levei minha mão a minha boca balançando a cabeça negativamente, como se ele pudesse me ver, eu não entendia muito sobre sentimentos, sempre fui melhor com fatos e situações em que pudesse resolver racionalmente mas aquilo que estava sentindo estava esmagando meu coração culpado, meu estômago se revirava e minha respiração falhava. Eu estava uma bagunça, a confusão mental era demais para mim!
— ! Só me diga alguma coisa, qualquer uma, eu não ligo se for uma frase sarcástica ou uma ofensa, apenas fale, por favor. — implorou enquanto eu desabei.
Ergui minha face para o céu tentando conter minhas lágrimas que escorriam pela minha face como um rio, ouvi o ofegar dele quando notou que eu estava chorando, eu notei sua respiração agitar enquanto ouvia ele correr, a ligação não foi encerrada. Respirei fundo, com meus pulsos limpei minhas lágrimas e então tomei coragem para falar com .
— Por favor, não venha. — Minha voz saiu baixa e rouca, mas ainda assim firme.
— Love, não me peça isso. — me respondeu, em sua voz era possível notar sua vontade de vir ao meu encontro.
— eu preciso que você me dê espaço, por favor. — Pedi a ele sentindo as ondas se chocarem contra a minha cintura com a subida da maré.
— não…— Senti que ele tirou o telefone de perto para dizer algo, eu faria o mesmo se estivesse em seu lugar. — O que você precisa? — indagou, estava claro em sua voz a insatisfação.
— Eu te contarei tudo, em algum momento, mas por agora eu só preciso que você seja paciente. — Inspirei a brisa enquanto admirava o horizonte, minha voz ainda permanecia baixa mas eu já me sentia mais calma.
— Eu vou confiar em você dessa vez. — me respondeu contendo-se, eu sentia que ele queria me perguntar o que estava acontecendo e ele tinha total direito ! Por escolher confiar em minha palavra ao invés de agir eu o admirava e o respeitava ainda mais naquele momento.
— Obrigada , cuide da nossa equipe. — Ousei sorrir apesar de como me sentia.
— Irei tentar, suas garotas obedecem apenas a você. — Ele bufou mas senti que ele estava menos tenso pelo tom de sua voz.
— Elas estarão cheias de perguntas, use isso ao seu favor. — Fechei os olhos ao ouvi-lo rir brevemente, aquele som provocava algo em mim.
— Fique bem Love, eu quero vê-la com meus próprios olhos ,então, por favor, não fuja. — Ele me respondeu num tom mais baixo, íntimo, acalentador.
— Eu vou tentar. — O respondi antes de desligar.
Me levantei sentindo minhas calças pesadas, eu me sentia uma bagunça mas de alguma maneira estava mais calma após falar com . Aquele garoto seria meu paraíso ou minha ruína, sentimentos tão fortes e caóticos eram assustadores! Me sentia tão atemorizada quanto antes mas ao mesmo tempo eu me sentia esperançosa, essa dualidade estava acabando com a minha mente, suspirando pesadamente teclei o número de minha mãe para então ser surpreendida pelo meu nome completo soando as minhas costas, passos apressados, semblante enigmático, olhos afiados e fios sendo jogados balançados pelo vento marítimo, a matriarca marchava em minha direção.
— Mamãe. — Eu desliguei meu celular correndo em sua direção, eu não me importava com como eu estava, eu só precisava dela!
— Minha menina, o que houve? — Ela me abraçou com força, seus braços fortes me seguravam exatamente como fazia quando era criança.
— Como sabia…— Eu mal sabia formular uma pergunta diante a confusão que estava.
— Uma mãe sempre saberá quando suas crianças não estão bem. — Ela me respondeu limpando cuidadosamente as lágrimas da minha face, diante seu olhar eu não podia esconder nada.
— Como chegou aqui? — Deitei minha cabeça em seus ombros, apesar da idade, minha mãe permanecia alta, não era exatamente baixa mas toda família dizia que havia herdado a altura de minha avó, entre os era a menor.
— Peguei a caminhonete de Kayron, ele me contou o que houve em seu colégio. — Ela me respondeu calmamente. — Agora me conte o que você tem minha criança. — Ela me pediu nos fazendo sentar na areia ao lado da minha mochila.
— Mãe como você soube o que era o amor? — A questionei olhando em seus olhos, eu ainda me sentia um caos mas sentia que tudo ficaria bem.
— Me conte o que está acontecendo , eu sinto que a sua confusão está diretamente ligada ao que sente pelo menino . — Ela pediu gentilmente, sua mão segurava as minhas afagando-as calmamente.
— Eu não tenho a menor ideia do que é o amor, como posso afirmar que eu o amo quando nunca o experimentei ?! — Iniciei minha indagação desviando os olhos dos dela voltando-os para o oceano. — me entregou seu coração sem pedir nada em troca, seus sentimentos genuínos me espantaram na mesma intensidade que me abalaram, mamãe como eu poderia retribuir sentimentos tão puros quando nem ao menos sei o significado de se apaixonar?! tem sido tão paciente desde que me contou como se sentia a meu respeito, me mostrando faces que eu desconhecia até então, ele é gentil, respeitoso, irritante mas me faz rir com uma facilidade o que me assusta…Eu o estou prendendo a um relacionamento em que ele faz mais do que é retribuído?
— Eu sabia que existia alguma razão para gostar desse rapaz, ele é um menino de ouro. — Minha mãe sorriu antes de me responder. — O amor é um sentimento difícil de ser explicado minha criança, eu sei que você está insegura, posso ver seu apreço e valorização pelos sentimentos do rapaz. — Ela colocou meu cabelo atrás da orelha mantendo a voz calma, não havia julgamento em seu olhar, minha mãe me olhava com carinho. — Minha menina, não se force a tentar entender algo que você aprende a identificar sentindo, o amor é paciente, gentil, altruísta, é quando você coloca a felicidade do outro acima dos seus desejos, quando você oferece o ombro para chorar, quando é paciente e oferece espaço, deixando a pessoa amada lhe contar o que lhe aflige no tempo dela, é ser você mesmo na presença dela, é amar cada defeito do outro entendendo que aquilo o torna quem realmente é. Há inúmeras formas de tentar nomear o que é amor, mas essencialmente o amor está ligado a abnegação, colocar o outro em prioridade, saber deixá-lo ir mesmo que queira estar ao lado dele. — Ela olhou para o horizonte, havia uma certa nostalgia em sua fala que me surpreendeu. — Então minha criança, não se force a entender algo que você deve sentir, acredite em sua mãe, você saberá quando for amor, será instintivo.
— Mas e se eu nunca o sentir? — Questionei confusa, as explicações dela me deixaram ainda mais confusa.
— Isso acontecerá naturalmente querida, você não pode se obrigar a retribuir algo que ainda não conhece mas tratar alguém com gentileza, respeito é uma escolha, confie um pouco mais em si mesma meu amor, você ainda experimentará esse sentimento tão confuso mas verdadeiro. — Ela sorriu piscando antes de me abraçar. — A juventude é uma fase confusa querida, você ainda enfrentará muitas situações difíceis de compreender, mas ainda assim eu sei que conseguirá passar por cada uma delas, eu criei uma menina forte e gentil, não deixe que ninguém arruíne seu coração.
— Obrigada mamãe. — Suspirei me sentindo bem, as preocupações poderiam surgir vez ou outra, mas dessa vez não as deixaria me dominar.
— Agora vamos para casa, você precisa de um banho e descansar. — Ela sorriu embora seu tom fosse sério e firme.
— Mãe, eu tenho que devolver a moto para o Roman. — Me levantei pegando a mochila da areia, espanando a areia de minha roupa.
— Não será preciso, Becky e Roman estarão em casa para o jantar. — Ela me respondeu tranquilamente.
— Porque eu ainda questiono?! — Sussurrei rindo da expressão espantada na face de minha mãe. — Mãe, como vamos pôr a moto na caminhonete?
— É claro que seu irmão fará isso. — Ela riu e juntas caminhamos até o estacionamento onde meu irmão mais velho nos aguardava.
Capítulo 63
Kayron não ousou fazer qualquer pergunta enquanto nossa mãe estava no volante, ele realmente tentou persuadi-la a deixá-lo dirigir, porém ela o relembrou que era perfeitamente capaz de conduzir a caminhonete. Eu senti a preocupação de meu irmão assim que nossos olhares se encontraram, ele estava se segurando para não dizer nada, nossa mãe me fez ir até um comércio trocar de roupa antes de subir no automóvel, as roupas molhadas foram substituídas por peças secas e confortáveis. Eu amava a minha família, sabia que não era todos que poderiam contar com tanto apoio em seu núcleo familiar; me sentia abençoada.
Enquanto as ruas passavam, buscava manter meus pensamentos sob controle, estava mais calma mas não menos temerosa, havia questões que deveriam ser alinhadas com , situações esclarecidas com a minha família. Becky e Roman eram honorários, minha família os adorava e por vezes vi Becky e Roman procurando-os atrás de aconselhamento e opiniões…Poderia odiar a cidade na maior parte do tempo, mas a amava ao mesmo tempo, aquele lugar me trouxe as melhores pessoas ao mesmo tempo em que me ensinou muitas lições valiosas.
Acompanhei a paisagem mudar enquanto nos aproximávamos de casa, apenas o carro de e o de Becky eram visíveis em frente a residência, meus irmãos deveriam ter estacionado seus caminhões no barracão a leste, eu quase podia sentir a ansiedade e preocupação deles antes mesmo de vê-los…Não agia tão impulsivamente e geralmente me abria com a minha família, mas uma situação atípica gerava uma reação incomum. Respirei fundo, duvidava muito que teria conseguido ficar dentro da casa se um dos meus irmãos tivesse agido da mesma maneira, assim agradeci mentalmente pelo espaço que eles estavam me proporcionando antes de sair da caminhonete. Kayron colocou a moto de Roman ao lado do carro de Becky, e então entrei com a matriarca as minhas costas, não podia julgá-la, provavelmente se ela não estivesse ali acabaria seguindo para além do bosque. Assim que adentrei a sala principal, eu senti o olhar de todos sobre minha figura, sorri envergonhada antes de abrir a boca para dizer algo, no entanto meu irmão me interrompeu.
— Não me venha com piadinhas sobre hormônios ! — Hector me parou parecendo ler meus pensamentos.
— Eu não posso nem tentar deixar o clima menos tenso? — O respondi dando de ombros seguindo até meu pai o abraçando no processo. — Eu estou bem agora.
— Você me assustou, . — Becky disse num tom baixo mas sério.
— Eu sei, me desculpe…a todos peço desculpas por preocupá-los, eu só precisava de um tempo para por minha mente no lugar. — Sorri calmamente enquanto me colocava no centro da sala. — Nossa matriarca provavelmente deixou alguém de vocês responsável pelo jantar, então podemos deixar esse assunto de lado e experimentar as delícias preparadas pela melhor mãe do mundo? — Pisquei para ela sorrindo divertidamente notando meus avós balançarem a cabeça escondendo o sorriso.
Garret bagunçou meus cabelos me pedindo para avisá-lo na próxima, Hector me ergueu me apertando no processo tendo que Kayron me ajudar a escapar das garras dele, a mãe de me deu um olhar sério mas pela primeira vez parecia que ela estava me vendo, não havia julgamentos. Meu pai me deu um beijo no topo da cabeça antes de seguir para a mesa de jantar no outro cômodo, ao lado de minha mãe, Roman piscou para mim ao levar Becky para o outro cômodo deixando e eu sozinhos naquela sala.
Desde o instante em que adentrei a casa, havia evitado o olhar, temia o que poderia encontrar naquelas lumes . Ouvi ele se aproximar antes de elevar minha face encontrando o seu olhar sobre mim; perdi o fôlego diante a intensidade de seu olhar, porque eu estava tão preocupada sobre como me sentia quando meu fôlego se perdia ao encontrar seus olhos? Quando meu coração errou a batida? Quando estava inegavelmente apaixonada por ele! Uma tola, medrosa, insegura…faces tão covardes da minha personalidade tão determinada em negar algo tão óbvio quanto o nascer do sol! Um ataque de pânico, questionamentos infundados motivados por fatores impossíveis de se medir…Como evidenciar um sentimento?! Provas não eram tudo na vida, minha natureza racional lutou tanto com as minhas emoções que acabei tendo um ataque de pânico, me acovardando mas enfim conseguia ver o óbvio!
— Me perdoe. — Pedi ao envolver meus braços em volta de sua cintura.
— Apenas não se esconda mais, eu sei que você possui o péssimo hábito de tentar resolver tudo sozinha, estamos juntos nesta Love, não me afaste. — Ele sussurrou beijando minha fronte segurando delicadamente minha face.
— Quem diria que seria eu a preocupar todo mundo. — Acabei rindo escondendo minha face em seu tronco, me abraçou rindo em concordância.
— Logo a senhora certinha deixaria todos assustados com uma ação incomum. — Ele respondeu ainda rindo, respirei tranquilamente, o som de seu riso havia se tornado meu som favorito, acalmava minha alma.
— Exatamente! — Pisquei sorrindo por fim. — Vamos jantar antes que um de meus irmãos apareça nos convocando…Eu ainda terei uma longa noite. — Suspirei dramaticamente ouvindo rir da minha encenação.
— Espero que você reserve algum tempo para o seu namorado minha cara senhorita?! — Ele ficou em minha frente antes de seguirmos para a sala de jantar; seu olhar tinha um brilho encantador ao mesmo tempo que a seriedade banhava aquelas s perspicazes.
— Com toda certeza. — Me coloquei na ponta dos pés alcançando brevemente os lábios dele antes de sair a sua frente para a sala de jantar mordendo a bochecha para não sorrir bobamente.
— Eu não sei se foi uma boa ideia você ter chamado o para morar aqui mãe. — Ouvi Hector reclamar enquanto se servia de uma porção de batatas assadas com queijo.
— Admita Hector que você está fazendo caso porque está sendo super protetor com sua irmã mais nova. — Roman replicou apontando a escumadeira para Hector com uma sobrancelha arqueada após servir o prato de Becky.
— Eu pensei que você estaria do meu lado Rom. — Hector o respondeu num tom ofendido.
— Todo mundo está cansado desse senso de superproteção que vocês três tem com a . — Becky comentou agradecendo Roman com um sorriso.
— Hey! — Garret, Kayron e Hector responderam em uníssono.
— Esse é um fato, vocês deveriam dar algum espaço a garota, deixe a menina viver a vida dela! — A mãe de comentou me surpreendendo no processo.
— É , vamos deixar nossa irmãzinha vivenciar as próprias aventuras! — Kayron prontamente concordou com a fala de sua noiva levando a rir às minhas costas, eu tentei disfarçar mas me uni a ele no processo.
— Obrigada irmãozinho, ficarei mais que feliz por te pedir conselhos sobre garotos. — Pisquei para Becky rindo da careta que se formou na face de Kayron.
— Eu adoro o mas vai com calma também monstrinha. — Kayron olhou de para mim.
— "Vamos deixar nossa irmãzinha vivenciar suas próprias aventuras!" Que besteira! — Garret imitou a voz de Kayron rolando os olhos claramente em zombaria.
— Podemos ao menos ter um pouco de respeito na mesa, por favor? — Nosso pai se pronunciou gerando um coro em concordância.
se sentou ao meu lado, sendo o único lugar disponível a mesa, o silêncio parecia alto demais diante os olhares pesados de meus irmãos sobre ele. Olhei em aviso para os três que permaneceram em silêncio por conta da autoridade de nossos pais, eram três adultos que pareciam adolescentes, no entanto duvidava muito que a mesa não teria se tornado um caos caso Cecília estivesse na casa. Suspirei rolando os olhos antes de pegar o prato de lhe perguntando sem emitir som o que ele iria querer, ouvi um bufar a minha frente onde meus três irmãos estavam me olhando nem um pouco felizes…Não houve uma única vez quando um estava a mesa ao lado de sua parceira que o homem serviu sua companheira primeiro, os olhei suspirando cansada, mas não larguei o prato de até que ele estivesse satisfeito.
— Eu posso muito bem me servir sozinha! — Acabei pensando alto, o que foi o suficiente para que Hector, Garret e Kayron se levantassem.
— Você conhece as regras: damas primeiro! — Eles me responderam em uníssono.
— Nós servimos nossos parceiros primeiro, só porque na minha vez é um homem eu não posso servi-lo?! Vamos lá, estamos no século vinte e um, o ainda não é um , até lá eu posso me servir se quiser! — Me sentei após colocar minha própria comida.
— Eu adoro as refeições em sua casa . — Roman comentou em um tom neutro, no entanto em seus lábios havia um sorriso sarcástico de diversão.
— Calado! — Acabei falando junto com meus irmãos.
— Crianças! — Minha mãe elevou sua voz nos fazendo ficar imediatamente em silêncio.
— 's. — e sua mãe falaram juntos, todos acabaram rindo juntos antes de uma conversa fluir entre os presentes, o clima outra vez agradável surgiu enquanto a refeição era desfrutada.
— Eu não sabia dessa regra. — comentou com um sorriso zombeteiro em seus lábios após engolir a comida.
— Shhh! Esqueça essa regra estúpida, desde que Garret descobriu sobre nós ele te mantém sob supervisão esperando que me sirva, é apenas uma ação voluntária, você não precisa fazer algo quando sou perfeitamente capaz de colocar minha própria comida. — Rolei os olhos ouvindo um bufar a minha frente, Garret me deu um olhar zangado.
— Fico imaginando o que ocorreu no jantar de Natal que recusamos. — Becky acabou pensando alto demais atraindo o olhar dos adultos outra vez.
— Houve apenas a discordância quanto ao anúncio do casamento de Kayron com a Zara. — Minha avó falou num tom pensativo, no entanto eu sentia os olhares de meus irmãos outra vez sobre mim.
— E foi exatamente isso o que aconteceu. — Murmurei de acordo antes de levar mais uma garfada aos lábios deixando tentar responder a pergunta desta vez.
— O que exatamente aconteceu naquele Natal ? — Papai indagou curioso, havia uma diversão em seus olhos castanhos.
— Não estava muito feliz na época com o anúncio e a Love apenas fez o que ela sabe fazer de melhor: me irritar como ninguém. — respondeu de maneira evasiva.
— Vamos deixá-lo escapar com uma resposta tão evasiva quanto essa ?! — Roman agitou os ânimos atraindo o meu olhar mal-humorado.
— Você estava seminu quando eu invadi a casa da Becky, não se esqueça que o pai dela me adora! — O avisei num tom baixo e sério.
— Eu ainda me pergunto como você acabou naquele lago pestinha. — Hector comentou curioso, seu olhar passava da figura de para mim.
— É minha neta, essa casa sem você não teria a menor graça. — Vovô começou a rir apaziguando o clima, meus pais olharam de maneira firme para meus irmãos.
O jantar terminou em um clima ameno, questionamentos e avisos deixados claros, situações que não seriam esquecidas mas o humor estava outra vez presente com a sobremesa sendo servida. Meus irmãos e Roman ficaram encarregados com a louça suja do jantar, meu pai e avô levaram para dar uma volta pela fazenda com a desculpa que eles precisavam conhecer o futuro . Minha mãe convidou Becky a passar a noite, ela falaria com os pais dela se ela quisesse; Zara, a mãe de , indagou se ela poderia utilizar o escritório da casa para ter uma conversa com a namorada do filho. Eu senti a confiança de minha mãe na futura nora, sua permissão significava muito além do que um ato de boa fé, era a prova de sua integração à família . Com um acenar a permissão fora concedida, deixando Becky e minha mãe para trás, guiei a mãe de para o escritório em que me escondia durante a infância…Respirando fundo abri a porta do ambiente me sentindo outra vez uma criança, a nostalgia me tomou enquanto me sentava no sofá na parede oposta a porta. Zara fechou a porta às suas costas tomando uma das cadeiras acolchoadas colocando-a à minha frente.
— Eu queria ter uma conversa com você, , já faz algum tempo.
Capítulo 64
As íris s, idênticas ao do garoto que possuía o meu coração, olhos que carregavam uma história, uma seriedade necessária. Não éramos as mais entusiastas uma pela outra, porém a sinceridade era um ponto em comum além do fato que estamos comprometidas com homens que a outra defenderia com unhas e garras…Éramos diferentes apesar dos pontos em comum, não precisávamos apreciar a figura uma da outra para sermos honestas e buscar manter o respeito, afinal de certa maneira, valorizamos àqueles por quem a outra possuía afeição.
— Sendo honesta, não posso dizer que compartilho do mesmo entusiasmo que a senhora para ter essa conversa. — A respondi calmamente, confiava nas decisões de minha mãe, duvidava que ela autorizaria algo em que me feriria no processo.
— Eu entendo a sua posição minha cara, não posso dizer que fiz algo para que se sentisse confortável em minha frente, devo ter feito o exato oposto. — Ela riu naturalmente, o ar sério até mesmo um pouco taciturno havia lhe deixado.
— Nisso concordamos Sra.. — A respondi ainda no mesmo tom mantendo a surpresa abaixo da superfície.
— Você não precisa me chamar de senhora , logo me tornarei a esposa de seu irmão, não há razão para ser tão formal. — Ela sorriu piscando buscando me deixar confortável, o que me causou o exato oposto.
— Sendo honesta e direta Sra., eu me sentiria desconfortável caso lhe chamasse pelo nome logo que a senhora é a mãe de ; no entanto eu não possuo contra argumentos a respeito de sua união ao meu irmão, Kayron é um adulto perfeitamente capaz de fazer suas próprias escolhas e se responsabilizar por elas. — A respondi sem qualquer máscara, meu tom permaneceu o mesmo enquanto dizia as palavras de modo tranquilo. — Estou feliz pelo meu irmão encontrar alguém que verdadeiramente o ame, eu sei que não tivemos os melhores encontros e situações adversas nos levaram a não detestar abertamente uma a outra mas quanto ao seu casamento com Kayron, a senhora possuí a minha benção.
— não é sobre isso que eu gostaria que conversássemos embora eu me sinta melhor em saber o seu posicionamento a respeito do casamento de seu irmão, vejo que a julguei mal algumas vezes. — Ela me respondeu honestamente. — Minha preocupação sempre fora providenciar o melhor ao meu filho, meu primeiro casamento, do qual é fruto, não fora uma união da qual eu possa me orgulhar. —Ela respirou fundo massageando suas têmporas como se tocar no assunto sobre seu ex marido fosse lhe dar dor de cabeça, Zara exalou o ar duas vezes antes de voltar a me olhar nos olhos. — Eu amo o meu filho, ele é a melhor coisa que me aconteceu apesar do casamento fracassado, o que eu quero dizer é que por me dedicar em dar o melhor a eu lhe enxerguei como a razão que desviaria meu filho de um futuro brilhante, eu não lhe dei uma chance, nem ao menos procurei ver quem você era, ao olhar o seu estado financeiro a cataloguei como meu ex marido fazia e não me orgulho disso…
— Sra., Zara, eu realmente entendo que estava tentando proteger o seu filho, eu não guardo ressentimentos. — Me apressei em garantir que estava tudo bem, eu podia não gostar muito dela mas não significava que eu a odiava.
— A razão dessa conversa é: quais são as suas reais intenções para com o meu filho? — Ela me questionou sem qualquer ressalva, seus olhos me olhavam seriamente.
— Esta tarde fora reveladora, havia lhe garantido que estava séria em relação ao seu filho e isso não mudou, no entanto fora preciso um ataque de pânico para que eu pudesse compreender meus reais sentimentos a respeito de seu filho. — Pausei minha fala deixando que ela pudesse absorver minhas palavras com calma. — Eu sou aquela que preza pela razão, fatos que eu possa explicar com exatidão mas tudo o que envolve o seu filho beirou exatamente o oposto… se revelou a minha oposição perfeita! — Sorri enquanto pensava em o que meu pai e avô deveria estar falando com ele naquele instante. — Eu nunca imaginei que poderia vir a amar aquele que conhece todas as minhas falhas, que sabe todos os meus defeitos e utiliza o que me irrita para me provocar apenas por diversão…Como eu poderia acabar amando alguém assim?! — Passei minha mão pelo meu cabelo ajustando o penteado. — Desde que eu me lembre e toda a equipe masculina sabotaram inúmeras vezes os treinos da minha equipe, e, mesmo que eu nunca admite isso para ele, apesar de ficar furiosa na ocasião eu acabo rindo ao lembrar de cada uma das armações, de alguma forma maluca parece que seu filho tem um livro contendo as informações do que eu mais odeio sobre a Terra. — Ri lembrando da vez em que todas as meninas ficaram com a pele azul devido a uma tinta colocada nos shampoos e condicionadores. — Eu pude me questionar se eu o amo Sra.. Eu verifiquei cada pensamento que contradisse esse sentimento, procurei e questionei o que significa amar quando nunca o senti antes , mas quando olho para o seu filho a única palavra que explique exatamente o que eu sinto é amor.
— Eu posso ver o que ele enxerga em você minha cara. — Zara sorriu piscando seus olhos como se estivesse tentando segurar as lágrimas. — Por anos ele tem recebido o pior daquele que ele recebeu a outra metade de cromossomos…Não posso dizer que consegui o poupar dos atos cruéis provindo da outra metade da família mas ver que alguém o ame ainda mais pelos próprios defeitos…Eu jamais esperei encontrar alguém que pudesse o amar mais pelos defeitos do que as qualidades. — Ela me respondeu num tom sincero e emocionado.
— Eu não tinha intenção de descobrir o que sei, mas tudo o que importa é o ser humano mais irritantemente gentil que conhece minhas falhas mas mesmo assim escolheu me amar…Eu não me importo com nada material além dele Zara, seu filho tem um coração puro apesar da máscara que ele precise vestir para mantê-lo assim. — A respondi calmamente, eu sorria mais a cada palavra.
— Eu vejo isso querida, por ser apenas e eu acabei agindo de forma superprotetora ao invés de olhar que inicialmente você estava devolvendo na mesma medida o que meu filho aprontava. — Ela riu naturalmente enquanto se recostava sobre a cadeira.
—Adolescentes deixam os hormônios tomar conta ao invés de procurar soluções racionais, usando a inteligência para aprontar…Me desculpe pelo carro, eu assumo que passei dos limites ao explodi-lo. — Admiti sendo sincera a respeito de meu arrependimento.
— Peço desculpas pela forma que o tio avô de meu filho a tratou, Hopkings tende a proteger o mesmo de sua linhagem sem questionar quem está certo ou errado. — Ela se mostrou arrependida, eu via que no final possuíamos mais em comum do que diferenças.
— Uau! O Sr Hopkings é mais velho do que eu imaginava! — Cobri a boca rindo em diversão.
— Exato! Não conte a ele que eu te disse algo assim. — Zara riu confortavelmente.
Naturalmente, me deixando cada vez mais surpresa, a conversa fluiu entre a figura que eu julguei mal, a mulher que que tal como seu filho, presumi algo antes de realmente os conhecer. Arrependimentos, sinceridade e diversão foram tratados na conversa mais inusitada, porém precisa. O esclarecimento ocorreu sem qualquer dificuldade, pedidos de desculpa e compartilhamento de fatos vergonhosos surgiu; eu entendia o que Kayron enxergava em Zara, compreendia o porquê minha mãe havia aprovado a mãe de . Minha mãe apareceu logo após Roman levar Becky para casa, deixando recados para checar o celular no dia seguinte. Antes de me recolher ao meu quarto ficamos as três naquele escritório, olhando velhos álbuns de fotos, ouvi e relembrei de fatos que ocorreram na minha infância, ouvi e aprendi mais sobre o garoto que havia me conquistado…O diálogo era uma ferramenta poderosa, capaz de consertar ou arruinar relações!
O som das árvores se balançando de acordo com o vento e as ondas se chocando contra as pedras tornava a madrugada mágica, a ausência de barulhos humanos tornava o espetáculo da natureza encantador. O cobertor envolta dos meus ombros havia sido particularmente desafiador, naquele momento estava sobre o píer observando as estrelas, no entanto fora uma tarefa difícil sair pela janela do meu quarto descendo pelas treliças sem acordar a matriarca ou o Hector que possuía sono leve…Me sentia particularmente agradecida naquela madrugada, apesar da montanha-russa de emoções, tudo havia acabado bem e algumas situações haviam sido explicadas. O que realmente estava faltando era a conversa com , a qual eu lhe devia desde o momento em que aceitei seus sentimentos me surpreendendo e aprendendo no processo. Por conta disso estava ali, o local que era meu refúgio, onde me sentia segura. Respirei fundo fechando os olhos absorvendo mais os sons da natureza até ouvir o som de algo cair, me levantei assustada encontrando uma forma disforme emaranhada no limite entre o bosque e a campina que abrigava o lago e o precipício ao qual o oceano se chocava logo abaixo. Me levantei deixando meu cobertor sobre a madeira do píer antes de investigar o que estava acontecendo.
— Porque parece que a natureza me odeia?
A voz grave e divertida de tranquilizou meus batimentos acelerados devido ao susto, ele riu diante a careta que eu provavelmente exibia, o brilho da lua era a única forma de iluminação naquele lado da fazenda. Me aproximei da figura enroscada de o ajudando a se libertar dos galhos, ele ria como se estivesse vendo a melhor das comédias.
— Se você não se calar vai acordar Hector, meu irmão herdou o sono leve de minha mãe. — O alertei vendo-o rolar os olhos "fechando a boca com um zíper".
— Você é realmente sensível quanto a essa parte da fazenda. — Ele replicou espanando as folhas de seu pijama, chacoalhando o cobertor em seguida.
— Porque você tem que ser tão irritante?! — Exclamei alto demais tampando minha boca instintivamente.
— Como eu disse, você é sensível demais com esse lugar. — Ele arqueou sua sobrancelha jogando o cobertor em seu ombro me olhando zombeteiro.
— Todo mundo possui um local em que se sente mais seguro, essa parte da fazenda é o meu. — Dei de ombros seguindo novamente para o píer.
— Hey, você vai mesmo me deixar por conta própria quando estou aqui após fazer o impossível para sair sem ser notado?! — resmungou me seguindo levemente mal-humorado.
— Um elefante teria mais sorte ao sair daquela casa sem ser notado do que você, provavelmente meu pai está mantendo um dos meus irmãos na casa. — Me virei para ele abruptamente levando-nos a quase um tombo, se no último instante , ele não tivesse recuado.
— Vou lhe dar uma colher de chá Love, esse seu mal-humor deve ser porque esse lugar é algo especialmente importante para você. — cruzou os braços em frente ao seu tronco.
— É uma resposta natural, desculpe. — Suspirei desviando o olhar dos músculos evidentes em sua camiseta voltando meu olhar para o píer. — Prefere se sentar perto do precipício ou no píer? — O questionei mudando o foco dos meus pensamentos.
— Vou fingir que você não sugeriu se sentar próximo da beirada do abismo, você é mais doida do que eu imaginava Love. — me deu um olhar rindo ao colocar seu braço sobre meus ombros nos levando para o píer.
— Você não pode julgar se nunca experimentou. — Repliquei rolando os olhos levemente ofendida.
— Isso se chama bom senso Love. — gargalhou as minhas costas assim que me dirigi para o ponto em que estava deitada antes.
— Porque ainda está acordado? — O questionei me sentando sobre a madeira, me encarou em silêncio, com um breve aceno para si mesmo indicou para me levantar. — Me diga logo o que você quer fazer, dois trabalham melhor que um! — Ri após bufar impaciente.
— Temos dois cobertores, deitamos em cima de um e outro usamos para nos cobrir. — Ele me respondeu contrariado.
— Lembra que concordamos em ir devagar?! — Minha voz soou uma oitava mais aguda, levemente nervosa, eu queria esconder minha face após sentir minhas bochechas ficarem quentes, agradecia por estar escuro o suficiente para que não fosse algo tão evidente.
— Que tipo de pessoa você acha que eu sou Love? — parou a minha frente de agachando, assim sua face ficava num nível mais próximo da minha, seu tom questionador evidenciava a falta de segundas intenções.
— É uma ação instintiva, okay?! — Fechei os olhos respirando fundo antes de voltar a olhar aqueles olhos . — Somos uma combinação desastrosa, unida a minha falta de experiência romanticamente falando, é natural que eu esteja na defensiva.
— . — pronunciou meu nome calmamente. — Respire fundo…isso, agora olhe em meus olhos, eu sei que somos muito diferentes, uma combinação terrivelmente desastrosa. — manteve o tom baixo, calmo, sincero. — Eu quero estabelecer uma relação de confiança com você Love, não irei pressioná-la mas acima disso quero que entenda, estar ao seu lado é o suficiente para mim. — Ele não estava se escondendo atrás de uma máscara, a sinceridade banhava aquelas íris . — Preferia cuidar de todos os animais da sua fazenda à trair sua confiança; somos repletos de defeitos, temos diferenças que irritam um ao outro, mas não estou disposto a te perder .
— Meu nome soa muito bem em sua boca. — O respondi fazendo rir diante a frase inusitada. — Isso foi um elogio, só para constar. — Pisquei para ele antes de me levantar. — Foi um belo monólogo, eu admito, você não para de me surpreender e isso me assusta na mesma intensidade que me fascina. — Chacoalhei meu cobertor o estendendo sobre a madeira ocupando um lugar em seguida.
— Você tinha que usar meu apelido para apaziguar seu péssimo timing para fazer comentários como esses…— Ele resmungou se sentando sobre o cobertor antes de se deitar olhando para o céu.
— Você me conhece, não poderia deixar passar a oportunidade. — Ri me deitando ao seu lado, estar ao lado dele naquela posição não era mais estranho após dividirmos o mesmo espaço nas viagens para o campeonato; arrumei direito o cobertor dele para nos manter aquecidos naquela madrugada.
— Eu sei, você é especialmente boa em atingir meus nervos com suas gracinhas . — se virou de lado apoiando sua cabeça em sua mão.
— É um dom, o que eu posso dizer?! — O respondi num tom de diversão enquanto sorria. — Estou curiosa sobre o que você e meu pai conversaram. — Falei enquanto o encarava diretamente.
— Não vamos falar sobre isso esta noite, vamos aproveitar esse momento para apreciar esse pequeno pedaço do paraíso que temos aqui. — Ele me respondeu sem hesitar, seu tom neutro me deixou ainda mais curiosa.
— E sobre o que falaremos ? — O indaguei esperando que ele tocasse enfim no assunto que estava evitando, me sentia preparada para falar honestamente sobre o que quer que ele me indagasse.
— Me conte algo que eu ainda não sei. — Ele me surpreendeu com seu pedido, cobri a distância entre nossos corpos, ao ponto de sentir o calor que o corpo dele emanava.
— Como quiser…
Capítulo 65
Meus olhos voltaram-se novamente para as estrelas acima de nós, tomei fôlego antes de sorrir com a lembrança que tomou minha mente. Me sentei tornando a olhar para ele, os olhos brilhavam em ansiedade, com uma curiosidade idêntica a uma criança diante a um presente todo embalado, querendo descobrir o que havia debaixo do embrulho.
— Você é mais curioso do que aparenta . — Ri diante a careta que se formou na face dele. — Okay, vamos a história. — Pisquei para ele vendo-o rolar os olhos, mas contendo um sorriso em diversão. — Quando mais nova era muito agitada mas possuía o hábito de observar os meus irmãos mais velhos, eu não entendia-os muito mas queria saber mais sobre eles, entender as piadas ou o assunto do qual falavam. — Olhei para a figura de , seus olhos ainda permaneciam sobre mim, atentos, nunca havia me sentido daquela maneira mas era estranhamente agradável…talvez histórias de romance não fossem tão chatas e sem graça quanto eu pensei. — Minhas aventuras pela fazenda sempre foram algo que deixava meus pais e avós com dores de cabeça, não fui uma das crianças mais quietas tendo um amplo espaço para se descobrir mas o que sempre os assustou foi o precipício perto do lago…— Parei de falar ao encontrar o olhar de , seu olhar irônico refletia as palavras que ele havia proferido antes assim que sugeri nós sentamos na beirada do abismo de rochas. — Você não pode me julgar se nunca tentou!
— Você sabe exatamente o que eu penso sobre isso Love, não há qualquer argumento que possa mudar a forma que eu penso. — Ele se sentou com um sorriso de canto, lábios rosados, a altura de meus olhos, mordi o interior de minha bochecha buscando a razão para prosseguir com a minha história.
— Enfim continuando, por sempre me aventurar por toda a fazenda acabava fazendo de alguns lugares o meu esconderijo , e , por conta disso acabei descobrindo sem querer alguns segredos de meus irmãos. — Observei rir após o que havia dito, seus olhos se curvaram levemente, ele inclinava um pouco sua cabeça para frente ao rir escondendo a face…mesmo se não quisesse havia decorado cada uma de suas reações, minha vida havia mudado quando enfim eu pude enxergá-lo.
— E eu pensava que era o único que sofria com essa sua mente ardilosa Love. — sorria relaxado, confortável, um braço apoiado as suas costas enquanto mantinha seus olhos nos meus, me sentia bem, vista, era como se ele me visse por inteiro, cada parte minha, as boas e ruins e as aceitasse completamente.
— O que eu fiz com você foi fichinha perto do já armei para os meus irmãos. — Pisquei para ele sentindo seu toque sobre minha mão ao som de seu riso espontâneo, a visão dele aquela noite sobre as estrelas me deixava sem fôlego, belo, único, vívido, vê-lo rir era de fato uma das melhores vistas de .
— Que benevolente, minha adorável . — Ele aproximou sua face levando a minha mão até os seus lábios deixando ali um cálido e suave beijo.
— Eu te odeio . — Proferi isso aos risos antes de segurar a face dele e beijá-lo por fim.
Entre alguns suaves encontros de bocas, sussurros trocados com os mais profundos e secretos pensamentos, histórias trocadas enquanto as estrelas brilhavam sobre nós, um momento íntimo sem que houvesse a necessidade de não desnudar…a alma era exposta enquanto nos abríamos, verdades jamais ditas e a honestidade transmitida era o que tornava aquela relação ainda mais real porque confiávamos um no outro. Sobre o brilho do luar e das estrelas pegamos no sono naquele píer, tendo o oceano como a melodia dos nossos sonhos.
Despertei com um leve balançar, o som de uma respiração tranquila unida ao melodioso som das ondas abaixo, me virei encontrando a face serena de , sorria antes de notar que aos poucos o céu clareava!
Retirei o braço que me mantinha perto dele me sentando ainda atônita; nunca havia passado a noite com um garoto e mesmo que e eu não houvéssemos feito nada, ainda não sabia como reagir, sentia as maçãs de meu rosto quentes enquanto tentava parar de sorrir.
Me bati mentalmente enquanto cobria minha face, respirei fundo olhando para cima tentando encontrar uma boa desculpa para explicar a todos do porque havia passado a noite fora. Sorri ao encontrar uma pequena brecha, me virei para que dormia tranquilamente antes de o chacoalhar levemente, ao não obter nenhum resultado após algumas tentativas estiquei minha mão até a água do lago antes de tocar a face dele vendo-o se sentar assustado.
— Você podia ter me acordado como todo mundo faz! — passou a mão sobre a sua face secando-a enquanto grunhiu irritado.
— Você não acordava querido, tive que inovar. — O respondi rindo ainda mais ao receber dele um olhar fuzilante.
— Me dê uma boa razão para não te jogar nesse maldito lago …— se aproximou me fazendo empertiguinar rapidamente ficando atenta aos movimentos dele.
— Nós passamos a noite toda aqui, minha família se não acordou está prestes a despertar então temos duas opções: 1ª) tentar nos esgueirarmos para dentro da casa ou 2ª) assistirmos o nascer do Sol e então admitir que queríamos ver algo assim a sós. — O respondi tranquilamente, lançou seu olhar sobre seus ombros se dando conta do horário.
— Dormimos demais. — Ele resmungou cobrindo sua face enquanto refletia sobre seu próximo passo.
— Sim, então qual opção você escolhe ? — Me aproximei novamente dele tocando as mãos dele descobrindo sua face vendo-o rolar os olhos antes de roubar um beijo.
— Você usa o meu apelido como uma forma de me amolecer. — Ele apertou a ponta de meu nariz para me provocar antes de segurar minhas mãos sussurrando perto do meu ouvido. — Você ainda não me disse bom dia Love, isso não é nada cortês.
— Como você é irritante. — Rolei os olhos tentando encobrir o fato de sua voz grave de recém desperto ter me abalado, me coloquei de pé alcançando meu cobertor e me dirigi até a beirada do precipício. — E só para constar: você não me desejou bom dia, assim sendo, não preciso retribuir sua ação.
— ! — resmungou às minhas costas enquanto me seguia. — Você não vai se sentar tão próxima da morte! — Ele segurou minha mão me fazendo olhar para ele.
— Eu quero ver o nascer do sol, e o melhor lugar é bem ali. — Apontei para o local em que queria me sentar.
— Sem chance! você está querendo me matar? Depois dessa noite eu duvido que seus pais e irmãos me deixaram chegar perto de você outra vez, para reduzir a severidade das punições deles vamos ficar a uma distância segura do penhasco. — Acabei sorrindo ao ouvi-lo, imaginava que ele iria sugerir para retornarmos a casa ao invés de nós mantermos ali.
— Venha. — Segurei na mão dele parando a apenas dois passos do penhasco abaixo. — Um meio termo. — riu antes de se sentar indicando o local à sua frente para que eu me sentasse e apoiasse minhas costas no peito dele.
Contive o impulso de fazer uma gracinha e me sentei à frente dele, riu da minha expressão antes de me puxar para perto, pousando sua cabeça em meu ombro enquanto seus braços circulavam minha cintura. Ergui minha cabeça encontrando os olhos dele sobre o horizonte, o céu aos poucos clareava e mesmo que tivéssemos despertado a pouco, ele era a coisa mais bela em que meus olhos haviam pousado.
Em silêncio, contemplando o belo espetáculo da natureza, enquanto o sol despontava iluminando a paisagem com todo o seu brilho enquanto as belas cores banhavam o céu daquela manhã, naqueles instantes parecia que éramos apenas nós, , eu, o sol e o grande oceano.
— Não, você não pode esconder segredos de seus melhores amigos!
Becky gritava da borda da piscina, ergui minha cabeça ao completar mais uma série de exercícios debaixo da água notando sua expressão indignada. Rolei os olhos erguendo os óculos os deixando sob a toca em minha cabeça.
— Becky, você sabe que eu te amo, mas não vou dizer cada coisinha que acontece entre e eu. — Pisquei para ela me levar para fora da água me sentando ao lado dela. — Eu não peço detalhes dos momentos a sós entre você e o Rom.
— Bexxy você sabe que ela está certa, nós sabemos como a pode ser teimosa quando decide algo nada a fará mudar de ideia. — Roman apareceu caminhando tranquilamente pela área da piscina segurando uma garrafa de água em uma mão e na outra um copo com o que eu supunha ser limonada.
— Eu sei, mas não custava nada nos contar ao menos alguma coisa, mesmo que seja algo pequeno. — Becky sorriu em agradecimento assim que Roman entregou o copo a ela.
— Vocês sabem que é mais fácil arrancar algo de a me fazer dizer algo. — Agradeci a Roman pela água com um aceno antes de abrir a garrafa tomando longas goladas de água.
— Ela tem um ponto, a é teimosa demais, está no sangue baby. — Roman sorriu para Becky vendo-a se animar com algo que lhe passou pela mente.
— Ele virá te buscar, não é mesmo Love? — Becky indagou com os olhos brilhantes em animosidade.
— Com esse seu olhar, me sinto ainda mais convencida a pegar a moto de Roman Becky. — Ri diante a careta que se formou na face dela.
— Infelizmente não minha cara amiga, minha mãe preparará o jantar, até que esteja em sua hora você não poderá sair daqui sem sanar ao menos uma pequena parte das dúvidas da Bexxy. — Roman sorriu zombeteiro.
— Vocês realmente foram feitos um para o outro. — Rolei os olhos antes de tomar mais um pouco de água, fechei a garrafa e então ajustei os óculos sobre os meus olhos antes de me posicionar na borda da piscina. — Agora me deixem treinar, vocês podem assistir algo na sala, sei lá, preciso me concentrar.
— Os amistosos serão no Boulevard. — Becky até tentou esconder sua expressão de surpresa ao entender o porquê da minha severidade na preparação para os amistosos.
— Sim, quando peguei a lista eu quis que fosse apenas um pesadelo, perder mesmo que seja por brincadeira não está na lista, preciso manter a força para lembrar àquelas garotas quem verdadeiramente é a capitã da nossa instituição, elas precisam ser lembradas de tempos em tempos…Minhas meninas estão prontas para enfrentá-las mas temo o que as cobras desse covil vão aprontar nessa temporada. — Respirei fundo erguendo meu olhar para a cobertura daquele espaço, a piscina interna não estava aquecida, precisava manter meu corpo acostumado a temperatura das piscinas das competições.
— Bom treino . — Roman piscou para mim levando Becky para outro cômodo.
Respirei fundo algumas vezes esticando meus membros os alongando novamente, não poderia ser descuidada, ainda mais tão perto dos amistosos, todo o cuidado era pouco! Assim relaxei minha postura antes de me colocar próxima a beirada da piscina. Por passar tempo demais por ali, os pais de Roman haviam arrumado o banco de salto que encaixava na piscina, facilitando o meu treinamento. Dessa forma me coloquei sobre ele inclinando meu corpo ajustando a posição, olhos no horizonte, imagens das piscinas do Boulevard, e então eu estava pronta para saltar! Braços esticados à frente do corpo, de modo a causar uma abertura na água em que pudesse causar o menor impacto entre a água e o meu corpo, com o fôlego preso me mantive o maior tempo submerso antes de subir a superfície tomando fôlego a cada braçada, meus braços subiam e desciam, movimentos que buscavam relembrar o bater de asas enquanto me movia no estilo borboleta pela água, subir e descer, pés nos ladrilhos laterais, o impulso para realizar a volta e então repetir uma, duas, três…
— Love, seu treino está realmente obtendo resultados, seu tempo reduziu alguns décimos.
Havia subido outra vez para a borda da piscina, inalando oxigênio, normalizando a respiração enquanto descansava após mais uma série de exercícios, meus olhos encontraram a figura de encostado na parede próxima as esteiras, em sua mão estava o cronômetro, ele tinha o meu tempo gravado perfeitamente em sua mente assim como o dele estava na minha.
— O aperfeiçoamento só ocorre quando há dedicação. — O respondi calmamente alcançando a garrafa de água enquanto o observava se aproximar.
A última vez que havíamos não visto fora pela manhã, assim que entramos pela porta de casa encontramos meu pai colocando suas botas antes de sair para tratar dos animais. Aquele encontro gerou uma reunião vergonhosa com meus pais e a mãe de , assuntos como proteção e gravidez na adolescência surgiram enquanto eu tentava acalmar a situação deixando claro que era virgem e que não havíamos feito nada; pelo contrário, havia sido cortês e se manteve fiel aos seus princípios…Com um desjejum tenso por conta do mal-humor de meus irmãos mais velhos, a ida ao colégio com Hector me repreendendo ,e seguindo sozinho para a instituição, e os períodos completamente diferentes, não havia visto nem a sombra da figura de .
— É de bom tom ao menos dizer olá ao rever o seu namorado, Love. — comentou com um sorriso travesso se sentando ao meu lado.
— Você é realmente uma coisa irritante. — Ri enquanto fechava a garrafa após ingerir alguns goles de seu conteúdo.
— A sua coisa irritante. — segurou minha mão a levando aos lábios deixando um beijo ali enquanto me dava um olhar zombeteiro tendo suas lumes esmeraldas brilhando em diversão.
— Deixe-me adivinhar Sr.romantico, você está aqui sem que meus irmãos saibam e a ideia de você aparecer por aqui foi do Roman. — Coloquei a toalha nos meus ombros.
— Você poderia ser um pouquinho mais doce Love, dessa forma você fere meu pobre coração. — me respondeu com uma voz afetada dramatizando.
— Esse papel eu deixo para você querido. — Me coloquei de joelhos após retirar os óculos e a touca me deixando na mesma altura que . — Você sabe que eu sou melhor com ações. — Pisquei para ele antes de tomar os lábios dele num beijo suave.
— Definitivamente. — Ele sussurrou contra os meus lábios mordendo-o levemente.
Capítulo 66
Em silêncio, observei Becky questionar com uma enxurrada de palavras, apressada, animada, sedenta por informações…Roman estava deitado em seu divã preto preguiçosamente, aparentemente quase adormecido, no entanto seus olhos não deixavam Becky em nenhum segundo. Era um olhar natural, amável, de adoração a sua amada; eles haviam sido feitos um para o outro, temia exibir o mesmo olhar a , havia se passado algumas semanas desde a sua declaração, a minha versão antes dela era uma oposição a quem havia me tornado, dúvidas e inseguranças foram deixadas de lado.
Assim que subi ao sótão, que era quase uma extensão do quarto de Roman devido a organização do ambiente, depois de finalizar minha série de treinos e passar algum tempo sozinha com , tomei um banho e encontrei meus amigos com o meu ex rival naquele ambiente. Pela postura relaxada, o sorriso de canto como se estivesse desfrutando de uma piada que apenas ele entendia, ouvindo um pouco confuso a quantidade de informações que Becky despejava, parecia pertencer àquele espaço.
— Somos ridiculamente parecidos. — Me dirigi a Roman que acenou positivamente enquanto rolava os olhos.
— parece diferente. — Roman sentou-se espreguiçando seus membros superiores.
— Ele não está mais se escondendo. — O respondi desviando meu olhar de Becky e por algum momento.
— Do que ele se escondia? — Meu amigo perguntou curioso.
— Quem sabe?! — Dei de ombros piscando para Roman antes de me levantar seguindo até Becky.
— Você é realmente insuportável ! — Roman resmungou voltando a se deitar sobre o acolchoado.
— Deixe de ser ranzinza, eu sei que a sua vida sem a minha presença seria tediosamente enfadonha. — Pisquei para ele rindo antes de atravessar o local.
— Quem sabe?! — Ele riu dando de ombros.
— Respira Becky, eu duvido que alguém possa dizer tanta informação em pouco tempo como você. — Me sentei ao lado de Becky sentindo o olhar de sobre mim.
— O que eu posso fazer se você não me conta nada. — Becky me lançou um olhar de indignação.
— Não acredite nela , não há palavras o suficiente que possam alimentar a sua curiosidade Becky. — Alternei meu olhar entre os dois rindo da expressão na face de Becky.
— Você poderia chamá-lo de como todo mundo faz, chega a ser…Estranho, vocês supostamente não são um casal?! — Becky parecia confusa ao mesmo tempo em que me repreendia.
— Não se preocupe com isso Becky, já desisti de fazê-la mudar de ideia, você sabe como um pode ser teimoso. — a respondeu implacável, lábios erguidos em um sorriso presunçoso enquanto a ironia escapava em cada palavra dita, seu olhar provocante me instigando a rebater a sua fala.
— E como! — Roman se pronunciou em concordância enquanto se espreguiçava.
— O que há de errado com o nome dele? Vocês realmente não perdem uma oportunidade mesmo! — Os respondi calmamente deitando minha cabeça sobre a almofada enquanto os ouvia resmungar algo entre si em concordância. — É impressionante, quando o assunto é me provocar vocês parecem estar estranhamente sincronizados, é irritante.
— Você está com fome, logo é o seu mal-humor que está te fazendo responder tanta bobagem . — Becky riu colocando seu braço ao meu redor.
— Porque você não larga a minha namorada e vá agarrar o seu namorado?! — Roman resmungou de repente.
— Eu a conheci primeiro, sou prioridade. — Abracei Becky vendo Roman bufar enquanto sorria ao ouvir a risada de .
— Você também me conheceu primeiro e nem por isso você me reivindica. — Roman se sentou me dando um olhar mal-humorado.
— Que feio Rom, não imaginava que fosse tão possessivo com a minha melhor amiga, devo ter uma conversa com o pai dela? — O instiguei mais um pouco curiosa para saber até onde ele iria.
— Vocês dois parecem irmãos brigando por um brinquedo. — Becky ria ainda com seus braços em meus ombros.
— Que horror! — Roman e eu dissemos ao mesmo tempo.
— Exatamente como irmãos disputando a atenção de alguém. — ria se divertindo com a confusão.
— Eu ouvi resmungos da minha criança ranzinza ? — A mãe de Roman apareceu com um olhar divertido em sua face.
— Sra.Valência. — Me levantei sorrindo docemente e a abracei. — Rom está reclamando só porque Becky estava me abraçando, diga a ele que isso não pode!
— Mãe! Você sabe como a é! — Roman se levantou tentando se explicar.
— Eu não disse, eles parecem mais como irmãos do que amigos. — Ouvi Becky sussurrar para que acompanhava tudo com um olhar zombeteiro em sua face.
— Rom, eu te conheço minha criança, você deve dar um pouco de espaço para Becky, é a conheceu primeiro e elas eram amigas antes de você a conhecer. — A mãe dele estendeu seu outro braço bagunçando o cabelo de seu filho.
— Aha! Eu te disse! — Pisquei para Roman rindo de sua face mal-humorada. — Você é a melhor Sra.Valência. — Plantei um beijo na bochecha dela a ouvindo rir em diversão.
— Crianças. — Ela riu antes de estender sua mão para Roman. — Vim ate aqui para avisá-los que o jantar está pronto e olha só no que me meteram. — Ela sorria balançando a cabeça negativamente.
— Em minha defesa, Rom que começou. — Sorri docemente para ela.
— Você pode ficar quieta, por favor? — Roman resmungou revirando os olhos.
— Não precisa se preocupar Sra.Valência, o está acostumado com todas as piores partes da nossa . — Becky tranquilizou a mãe de Roman, se colocando de pé e em seguida se aproximando da figura ranzinza que era Roman.
— Então você é o garoto que conquistou minha filha postiça? — Ela se aproximou de o saudando com um sorriso admirado.
— Mãe! — Roman exclamou em desagrado.
— Aceite Roman, eu sou a coisa irritante que você não pode se livrar irmãozinho. — O provoquei o vendo bufar.
— Vamos descer primeiro. — Becky cobriu a boca de Roman silenciando suas próximas palavras ácidas, tentando amenizar o clima.
— Obrigada Becky. — Sra.Valência a agradeceu antes de voltar sua atenção novamente para .
— Me chamo , senhora. — a respondeu num tom respeitoso, formal.
— Então, o que acha da minha menina ? — Ela o questionou surpreendendo-nos com sua pergunta inusitada.
— é a garota mais dedicada que já conheci, sua paixão pelo esporte não se compara a veracidade em seu olhar, senhora, enxerga quem verdadeiramente sou e mesmo após descobrir cada ínfimo e grandiosos defeitos se mantém ao meu lado…Eu não poderia desejar outra pessoa além dela a quem pertencer meu coração. — a respondeu honestamente, seus olhos emitem as emoções não ditas em suas belas íris.
—Gostei do que disse, espero que possa manter intacto o coração da minha menina senhor . — Ela o respondeu dando-lhe uma piscada antes de voltar seus olhos para a minha figura. — E quanto a você mocinha, tente manter a sua palavra. — Assim que ela terminou o que desejava falar, a Sra.Valência seguiu até as escadas nos deixando a sós outra vez.
— Agora você conhece mais um pouco da face que ainda não havia visto. — Me aproximei de sorrindo tranquilamente.
— O olhar da mãe de Roman se assemelha ao olhar de seus pais, você e Roman são mais próximos do que eu imaginava. — Ele riu ainda com seus olhos nos meus.
— Ele é como um irmão que a vida me trouxe através do oceano. — O respondi dando de ombros.; antes que ele pudesse me responder, meu celular tocou, um número não identificado, olhei do aparelho para a minha frente, ele acenou para que eu atendesse antes de seguir para as escadas. Deslizei a tela aceitando a chamada, um pouco receosa mas ao mesmo curiosa.
— ?
Apenas uma única palavra havia me deixado fria, congelando, me sentei sentindo meus batimentos acelerados, Trina era a pessoa do outro lado.
— Trina. — O nome dela fora tudo o que consegui pronunciar, minha mente estava agitada demais para formar uma simples frase.
— Eu soube que estava preocupada com a minha saúde, admito que fiquei intrigada. — Ela disse num tom ameno, um pouco confusa.
— Somos estranhas conhecidas Trina, seu acidente naquele campeonato…eu poderia ter acabado da mesma maneira se não houvesse parado a tempo. — Respirei fundo me sentando sobre o sofá fechando os olhos enquanto a respondia. — O que houve naquele campeonato me assustou até os ossos, compartilhamos as mesmas piscinas por anos, Trina, eu estive verdadeiramente preocupada, principalmente porque eu sei que deseja se manter no cenário esportivo. — Encarei o teto a ouvindo respirar. — Você e Anelise são minhas rivais mais antigas, pessoas que compartilhei as mesmas piscinas ao longo dos anos, mas tão pouco nos conhecemos…Está na hora de quebrar esse ciclo, Trina seu acidente me despertou, eu não quero encerrar meu último ano nas competições tendo nada mais que desconhecidas como rivais.
— Estou um pouco surpresa , isso não soa como algo vindo de você. — Trina me respondeu sinceramente, seu tom expressava a surpresa e certa desconfiança.
— Eu sei, e sinceramente não a julgo por não acreditar em minhas palavras. — Soltei o ar num suspiro cansado. — Você conheceu apenas a minha parte espinhosa, é difícil de deixar para trás algo conhecido. — Me levantei começando a andar pelo sótão. — Recentemente eu tive uma experiência semelhante, não podemos julgar sem conhecer primeiro, você foi minha melhor rival antes de Anelise aparecer, eu tenho que te agradecer pelos anos que competimos nas mesmas piscinas, por isso estou disposta a mudar a nossa relação Trina, não quero ser sua inimiga, se você quiser e estiver disposta, gostaria de ser sua amiga.
— Isso é muito para se processar , mas o que eu não entendo é porque isso soa como uma despedida? — Trina parecia agitada, sua severidade característica era evidente em seu tom de voz.
— Sim, eu sei que pode soar assim. — Acabei rindo, parando em frente a grande janela do sótão. — Eu não irei mais competir, deixarei o esporte como nadadora.
— Por quê você faria isso? — Havia uma preocupação e surpresa na voz de Trina que me fez sorrir.
— Eu nunca gostei de competir, sempre adorei estar na água, Trina, competir não era tudo para mim. — Apoiei minhas costas ao lado da janela encontrando alguém agachado na escada, aquela cabeleireira reconheceria em qualquer lugar.
— Mas você sempre foi a melhor, porque desistir logo agora? — Ela indagou ainda confusa.
— Eu me encontrei Trina, sei aonde desejo chegar…Não me sinto mais à deriva, achei o meu lugar. — Sorri calmamente vendo as lumes curiosas entre as madeiras do corrimão.
— Eu realmente não te entendo …você é confusa demais! — Havia bom humor na fala de Trina que me fez rir em concordância. — Você é realmente mais confusa do que eu pensava, bem quanto a sua proposta podemos discuti-la na minha casa, não posso estar presente nos amistosos mas assim que estiver na cidade me faça uma visita.
— Você não é tão má quanto gosta de aparentar. — Impliquei um pouco com ela ouvindo-a rir.
— O que eu posso fazer, aparências enganam. — Trina soou despreocupada. — Mudando completamente de assunto, eu não sei o que houve entre você e o Wright mas tome cuidado, ele não parece nada feliz, você sabe o que acontece quando Daniel está insastifeito. — Havia um alerta em sua voz que me fez empertigar, tentei não estampar o que sentia em minha face, caso contrário a figura que estava se escondendo saberia o que estava acontecendo.
— Obrigada Trina, nos vemos então nós amistosos, até lá lhe desejo melhoras. — Me despedi casualmente.
— Até os amistosos . — Ela riu antes de desligar.
Finalizei a ligação com um tímido sorriso, esse ano era de fato o tempo de surpresas e mudanças. Encarei a figura sentada escondida nos degraus contendo a vontade de rir, quem se esconderia de forma tão tosca?! Me aproximei lentamente, assim não me ouviria e poderia surpreendê-la.
— Não é nada bonito ouvir a conversa das pessoas…
Capítulo 67
— Você poderia ser mais sútil , mas o que eu posso dizer?! — Roman rolou os olhos dando de ombros como se não houvesse se assustado a poucos segundos atrás. — Aconteceu apenas da mãe avisar que a comida estava pronta e me pedir para te chamar.
— A mãe hein, você me considera como sua irmãzinha…— Impliquei um pouco com ele vendo-o rolar os olhos bufando para esconder um sorriso.
— Em seus sonhos , apenas em seus sonhos. — Roman me respondeu antes de descer os degraus olhando sobre o ombro de forma a ver se o seguia.
— Você pode não admitir, mas sei que bem lá no fundo você me considera como uma irmã. — Pisquei para ele sorrindo zombeteira ao passar por ele.
— Eu já te disse o quanto é insuportável?! — Roman revidou o que me fez rir ainda mais.
— Eu sei que você me ama. — Gargalhei da careta que se formou na face de Roman.
— Como eu posso aturá-la por tanto tempo?! — Roman comentou exasperado.
— Que horror! — Embora estivesse fingindo minha indignação acabei rindo ainda mais pelo bufar de Roman e ele então passou por mim seguindo pelo corredor à minha frente.
Alcançamos a sala de jantar antes que eu pudesse o provocar um pouco mais, Roman seguiu para o lado de Becky fugindo o mais rápido que poderia, atraindo os olhares de seus pais, e Becky. Me aproximei da mesa sorrindo tranquilamente passando pela mãe de Roman deixando sobre a bochecha dela um beijo a agradecendo pela refeição, saudei o pai de Roman com um abraço antes de me sentar ao lado de ficando de frente a Becky.
— Se vocês dois fossem irmãos de sangue não teriam um bom relacionamento tal como o que possuem. — Becky comentou sorrindo em diversão antes de se servir após todos agradecerem pela refeição sobre a mesa.
— Sim, não há graça maior do que vê-los se provocarem…quando crianças eram ainda piores. — O Sr.Valência, o pai de Roman, comentou em acordo com Becky.
— Ficamos preocupados com Romam assim que chegamos na cidade, ele não era uma criança que conseguia se enturmar facilmente, mas quando apareceu no nosso jardim após nosso filho visitar a praia algumas vezes, sentimos que havíamos feito uma boa escolha. — A Sra.Valência, a mãe de Roman, sorriu nostálgica com a memória.
— Eu apareci intimando Rom para voltar a praia, ele estava há dias sem ir para a escola e eu não o via no mar então tive de o procurar em sua casa. — Respondi a pergunta silenciosa no olhar de .
— Intimar é um eufemismo para o que você fez naquela época …Realmente não há nada como a teimosia de um . — Roman nos respondeu levemente ofendido.
— Você é muito ranzinza meu filho, o que há de teimoso na nossa há de ranzinza em você. — O Sr.Valência piscou rindo da careta de seu filho.
— " Nossa ", ela ainda é uma . — Roman respondeu ranzinza.
— Eu sou aquela coisa irritante que você não pode ignorar Roman, aceite que eu faço parte da sua família tanto quanto você faz parte da minha. — Apontei o garfo para ele após engolir o que havia em minha boca.
— Exatamente. — Becky concordou apertando a bochecha de Roman. — Seja um bom garoto e relaxe meu ranzinza favorito. — Ela se aproximou deixando um beijo em sua face, Roman rolou os olhos mas deixou um sorriso ladino surgir após o pedido de Becky.
— Vejam só esse menino, eu o carreguei por nove meses e ele não atende um pedido meu, mas basta a namorada lhe pedir algo que acontece instantaneamente. — A Sra.Valência soou "ofendida".
— É o que mulheres fazem conosco , minha dama. — O Sr.Valência a respondeu tomando a mão dela na dele e a levando aos lábios a olhando nos olhos de forma sedutora.
— Pai! — Roman comentou com uma careta em sua face.
— Estou errado em cortejar minha adorável mulher?! — Sr.Valência disse a ninguém específico.
— Claro que não, quem dera a minha dama aceitasse tais cortejos. — o respondeu me lançando um olhar zombeteiro.
— Você deve sofrer com essa minha filha, meu caro rapaz. — O Sr.Valência o respondeu em solidariedade.
— Hey! — Exclamei os olhando indignada.
— é mais como um cacto do que uma rosa, meu caro . — Roman comentou antes de se servir de mais um pouco de comida.
— Até você, Roman! — O acusei vendo-o rir balançando a cabeça em concordância.
— Em termos de romance você não é a mais receptiva amiga. — Becky me respondeu com cuidado.
— Eu avisei que você possui uma reputação, Love. — piscou para mim enquanto os olhava desacreditada.
— Vocês são terríveis! — Revirei os olhos voltando a levar a comida aos meus lábios.
— Eu sei que nos ama. — me provocou exatamente como fazia antes, mas dessa vez incluindo outras pessoas em sua afirmação tão característica.
— Eu te odeio. — O respondi rindo me servindo de um copo de suco.
— Seus insultos não me afetam mais Love. — sorriu levando a todos a mesa rirem.
O jantar prosseguiu com algumas provocações, tendo Roman menos ranzinza e se soltando mais na presença de . Meu melhor amigo possuía um senso forte de proteção em relação a seus pais e namorada, por isso ele acabava ficando ranzinza, mas assim que ele se acostumava com a pessoa em seu espaço privado Roman relaxava. Os observei respondendo algumas provocações aqui e ali enquanto comia tranquilamente o jantar. Ao final da refeição, Roman levou para ver os carros e motos que haviam na casa, os pais de Roman subiram para o quarto deles, enquanto Becky e eu recolhemos a mesa e colocamos as louças na máquina de lavar-louças. Assim que terminamos tudo, nos dirigimos para a área da piscina do lado externo, cada uma escolheu a sua espreguiçadeira.
— Como eu arruinei o aniversário do Rom, estava pensando em organizá-lo naquele barracão perto da praia. — Comentei distraída olhando para o céu acima de nós.
— Rom parece distraído, ele ficou preocupado o tempo todo naquele dia. — Becky me respondeu tranquilamente, em sua voz não havia julgamentos.
— Me sinto em débito Becky, eu quero organizar algo especial para ele, o que poderíamos fazer esse ano para tornar algo memorável? — Indaguei me sentando, olhando-a seriamente.
— Esse é o nosso último ano, todos juntos, podemos fazer algo mais reservado, uma rápida viagem já que estamos em nosso último ano e assim também poderíamos comemorar o aniversário de Rom. — Becky sugeriu ficando animada conforme o que ela pensava tomava forma.
— Isso vai dar trabalho mas concordo plenamente, seria algo diferente dos últimos anos. — Sorri animada.
— Sim, e como você enfim, já estava na hora, arranjou um namorado, tudo estará perfeito! — Becky me respondeu rindo.
— Você não perde uma hein! — Revirei os olhos mas sorri alegre. — Para onde iríamos? — A questionei.
— Podemos aproveitar o seu tempo livre após os amistosos para viajar, algum lugar que não exija tanto trabalho. — Becky soou pensativa.
— Podemos alinhar nossa ideia com a mãe de Roman, tenho certeza que ela vai aprovar! — Me levantei animada.
— Isso! Não há nada que você peça que eles não concordem! — Becky acenou de acordo.
Ficamos discutindo mais alguns detalhes a respeito da ideia enquanto os garotos não retornavam, procurando por lugares ideias que não nos custasse tanto e não atrapalhasse a nossa frequência às aulas. Aproveitamos o tempo para conversar também, diante tantas mudanças em minha vida, os treinos e os estudos árduos, me sobrava pouco tempo para conversar com Becky, assim passamos ao menos, uma hora apenas conversando, nos atualizando sobre tudo o que havíamos esquecido de comentar ou deixado de lado. Após um tempo, ouvimos as vozes dos garotos se aproximando e nos viramos os observando se aproximarem; Roman se sentou na espreguiçadeira ao lado de Becky, enquanto se sentou ao meu lado na espreguiçadeira em que estava.
— Mostrou a ele todos os seus brinquedinhos? — Perguntei a Roman vendo-o rolar os olhos antes de me responder.
— Sim, inclusive a moto que você não para de me encher para lhe dar como um presente. — Roman me respondeu com um olhar azedo.
— Você não desiste daquela Ducati, não é mesmo?! — Becky me olhou em diversão.
— Ela é tão linda! Como eu poderia deixar de tentar a conquistar. — Pisquei para Becky a ouvindo rir.
— Gostaria de saber quando você ficou tão fascinada por motos… — me olhou curioso, seus olhos animados, felizes.
— Por favor, não! Se começar a falar sobre isso nunca mais se calará! — Roman se empertigou na cadeira dando a um olhar de aviso.
Antes que eles pudessem dizer algo, meu celular começou a tocar, me coloquei de pé dando alguns passos para longe de modo a atender o que eu supunha ser meus irmãos mais velhos me perguntando aonde estava, com quem e o porquê. Deslizei a tela após ler o nome de quem estava ligando, tomei fôlego começando a andar pelo gramado antes que a pessoa do outro lado da linha dissesse algo.
Capítulo 68
— Minha criança, estou aqui para te levar para casa. — A voz de meu pai me saudou calmamente, seu tom não fora autoritário, havia apenas o aviso de que ele seria responsável por levar para casa.
— Oi pai, eu pensei que um dos meus irmãos viria me buscar. Estou indo pegar minhas coisas e já te encontro. — O respondi enquanto voltava meu olhar para as três figuras que me observavam curiosas.
— Tudo bem filha, não tenha pressa, eu sei como são os Valência. — Ele riu bem-humorado antes de finalizar a chamada, ele estava certo, a mãe de Roman sempre prolongava despedidas; sorri ao guardar o celular em meu bolso antes de me aproximar outra vez de Becky, Roman e .
— Eu tenho que ir, meu pai está aqui para me levar. — Falei antes que eles dissessem algo.
— Eu pensei que iríamos juntos. — comentou confuso, suas esmeraldas estavam ainda mais brilhantes naquela noite.
— Você sabe o porquê dele estar aqui . — O respondi lhe dando um olhar divertido. — E não, não vou dizer uma palavra sobre isso a vocês dois, eu gosto de manter alguns detalhes do meu relacionamento privado, seus curiosos. — Direcionei minha fala especialmente a Becky e Roman.
— Traidora! — Becky me respondeu num bufar insatisfeito.
— Tirana. — Roman me respondeu em provocação, rolei os olhos em resposta.
— Tenho que ir, ainda terei de me despedir de seus pais e você sabe como a sua mãe é. — Comentei com um sorriso enquanto direcionava a última parte do que havia dito a Roman.
— De fato, só falta lhe oferecer a opção de se mudar para que não vá. — Roman riu em concordância.
— Você deveria se despedir melhor do , ; você parece alérgica a demonstração de afeto. — Becky me repreendeu enquanto indicava que me olhava em diversão.
— Ela é um cacto Baby, você sabe disso. — Roman riu da minha careta enquanto passava seu braço sobre o ombro de Becky.
— Vocês dois poderiam muito bem ficarem quietos. — Resmunguei enquanto segurava a mão de o puxando em direção ao interior da casa.
— Até amanhã , não pense que eu vou deixar esse assunto de lado! — Becky exclamou rindo.
Alcancei o interior da cozinha com o som da risada de as minhas costas, me virei encontrando a expressão mais irritantemente bela me observando em desafio. Definitivamente havia se integrado a mais uma parte da minha vida, os Valência haviam adorado a sua figura, e não demoraria muito para que os pais de Roman começassem a perguntar por ele. Suspirei audivelmente antes de me aproximar de , as suas íris sempre me deixavam sem fôlego, todas as vezes que as encontrava havia uma intensidade indescritível. Eu as amava, principalmente por serem tão transparentes sobre como o dono delas se sentia, como um livro eu poderia ler .
— Sem insultos? — indagou com um sorriso travesso em provocação após eu ficar em silêncio.
— Você é imune a eles, então do que adianta?! — Dei de ombros vendo-o acenar em concordância rindo. — Bem, seremos mantidos sob vigilância após a noite passada, mas isso é bom de certa maneira, vai te ajudar a focar nos amistosos. — Me aproximei dele parando a poucos centímetros.
— Isso vai ser uma tortura . — me respondeu num tom baixo, íntimo enquanto me abraçava. — Estarei nos mesmos lugares que você, mas não poderei me aproximar.
— Nosso colégio é como a droga de um reality show, nosso diretor me "adora" e em casa você tem meus irmãos e pais para te manter sob supervisão. — Ri da careta que tomou a face dele enquanto eu falava.
— Você é realmente irritante, ao invés de animar ou ao menos consolar seu namorado foca na situação. — resmungou feito uma criança, eu o achei adorável com seus lábios comprimidos enquanto me olhava azedo diante o sorriso em meus lábios.
— Um cacto, lembra? — Sussurrei para ele antes de me colocar sobre a ponta dos pés para beijá-lo.
Nossos lábios se uniram suavemente, sem pressa, movendo-se instintivamente, como se fossem apenas um. me envolveu em seus braços me colocando sobre a bancada mais próxima de forma a nos deixar sobre a mesma altura; meus braços descansaram sobre os ombros largos dele, a mão direita de descansava em minha face, a segurando gentilmente enquanto a esquerda estava espalmada entre minhas omoplatas me deixando próxima de seu torso. Me afastei alguns centímetros em busca de ar, sorrindo em satisfação.
— Eu tenho que ir, meu pai está me esperando. — O lembrei antes que voltasse a me beijar.
— Você tem que ir. — disse com pesar, mas sem mover um músculo.
— eu preciso ir. — Segurei a face dele rindo da expressão em sua face.
— Você realmente adora usar isso contra mim. — segurou minha face com as duas mãos rindo antes de plantar um beijo em meus lábios antes de se afastar me colocando sobre o chão.
— Eu uso em apenas em algumas ocasiões. — Pisquei para ele que passou a mão direita sobre os fios de cabelo me respondendo com o olhar. — Okay, eu admito mas não podemos discutir sobre isso agora, eu te vejo mais tarde se tiver sorte, caso contrário até amanhã . — Pisquei para ele me afastando no exato seguinte em que ele ia se mover e me capturar em seus braços outra vez.
— Engraçadinha, te vejo amanhã Love. — replicou com um rolar de olhos.
Continuei rindo enquanto seguia até as escadas encontrando minhas coisas no sótão, após pegá-las segui para o quarto dos pais de Roman batendo na porta, o pai de Roman fora quem a abriu indicando assim que a sua esposa já havia adormecido, me despedi rapidamente dele após rir de suas considerações sobre e então desci para o primeiro andar seguindo para a entrada encontrando enfim meu pai. A figura de meu progenitor aguardava pacientemente sentado sobre o banco, enquanto era possível ouvir o rádio de seu carro tocando, ele parecia relaxado e não havia nada em sua expressão que eu pudesse decifrar e adivinhar o que ele estava pensando.
— Boa noite pai. — O saudei assim que me aproximei do carro, abri a porta do carro deixando minhas bolsas sobre os bancos traseiros antes de me sentar no banco do passageiro. — Pensei que um dos meninos ficaria responsável por me levar. — Comentei distraída enquanto me movia, deixando um beijo na bochecha dele.
— Queria tirar um tempo para nós, minha garotinha. — Ele sorriu piscando para mim antes de dar a partida.
— Eu também sinto falta de passar um tempo com você pai. — O respondi enquanto arrumava o banco, como meus pais andam juntos o banco do passageiro estava ajustado para minha mãe, e ela era a menor em nossa família.
Ele sorriu acenando em acordo, cantarolando a música que tocava no rádio, rindo o acompanhei, meu pai me olhou rapidamente, o cantarolar virou uma performance no carro; costumávamos fazer isso toda vez que estávamos juntos, minha mãe detestava ir ao supermercado, meus irmãos fugiam da obrigação de reabastecer a dispensa, logo a tarefa sobrava para o meu pai e eu. Aos poucos começamos com isso, era sempre a mesma estação de rádio, ele iniciava a canção junto ao vocalista e então me juntava a ele em seguida; o relacionamento com meu pai era muito bom, por conta disso não tive problemas em contar a ele tudo pelo o que passava. Enquanto o carro seguia pelas avenidas da cidade, as músicas se iniciando e chegando ao fim, notei que ele não dirigia para casa, e antes que eu pudesse o questionar sobre o local para o qual ele seguia, meu pai estacionou.
Estávamos no alto de uma colina, o mesmo local em que encontrei no Natal quando eu ainda pensava que ele me odiava; meu pai saiu do carro parando debaixo dos galhos da árvore, seu semblante sereno não revelava o que se passava em seus pensamentos. Abri a porta do carro seguindo até ele, curiosa ao mesmo tempo intrigada.
— Pai, aconteceu alguma coisa? — Indaguei assim que o alcancei.
— Você se lembra que no Natal, encontrou aquele pobre rapaz aqui? — Ele me respondeu com outra pergunta.
— lhe disse alguma coisa? — O respondi confusa.
— Não, minha criança, eu presenciei o seu encontro com ele neste lugar. — Ele me respondeu com seus olhos perdidos no horizonte. — Você conhece a sua mãe, naquele dia eu pude ver o caráter do menino , como pai eu prezo pelo seu bem, desejo que seja tratada como merece. Eu o levei a nossa casa para a ceia de Natal, sempre a terei como prioridade, e é por isso que eu quero que você entenda minha filha, as regras em nossa casa são para preservá-la, a adolescência é um período confuso, repleto de hormônios. — Ele voltou seu olhar para minha figura outra vez. — O ato da última noite nos chateou por conta da mentira, , outra vez você faltou com a sua palavra, como seus pais temos a responsabilidade de ensiná-la princípios e valores para se tornar uma mulher independente, capaz de alcançar exatamente o que deseja. Dormir sob o píer com o seu namorado não fora o que agravou a situação, sua mãe e eu confiamos em você minha criança, buscamos criar um ambiente familiar agradável, para que todos, você e seus irmãos, se sintam confortáveis em compartilhar o que quiserem conosco, sem qualquer julgamento, somos seus pais, temos a obrigação de orientá-los em qualquer circunstância, mas para que isso ocorra, querida, você precisa ser honesta.
— Eu sinto muito, pai. — Olhei para baixo enquanto o respondia envergonhada, arrependida.
— E eu acredito em você minha filha, no entanto mais do que palavras, você precisa expressar seu arrependimento em ações. — Ouvi o som dos passos de meu pai ao se aproximar. — Nós amamos você , na juventude é quando se comete erros, estamos aqui para corrigir e guiá-los, querida. — Ele me abraçou de lado beijando o topo dos meus cabelos.
— Você é o melhor pai que eu poderia receber. — O abracei completamente repousando minha cabeça no tronco dele, podendo ouvir os seus batimentos. — Eu realmente sinto muito.
— Eu sei. — Meu pai respondeu calmamente me mantendo em seu abraço.
— Por falar na ceia de Natal, o quanto você ouviu da conversa que eu tive com o ? — O indaguei curiosa.
— Acompanhei ela por completo, tenho que admitir, o rapaz é persistente. — Meu pai riu em diversão.
— Sim, ele é. — Sorri olhando para a face dele. — Pai o que você conversou com Théo?
— Um pai tem que cuidar da sua criança, o rapaz recebeu suas próprias repreensões e avisos. — Meu pai respondeu-me de modo evasivo piscando um olho em gracejo.
— Você não vai me contar, não é mesmo?! — Eu me colocando ao lado dele.
— Você sabe a resposta para essa pergunta querida. — Ele ergueu e abaixou suas sobrancelhas duas vezes em resposta bem-humorado.
— Kayron herdou seu senso de humor papai. — Ri em diversão.
— Quem poderá dizer?! — Ele deu de ombros assobiando enquanto nos conduzia para o veículo, mas antes deu uma boa olhada no horizonte.
O acompanhei ao admirar a paisagem, o sol havia se posto mas as cores do crepúsculo ainda permaneciam iluminando a cidade abaixo, ela parecia intocável, encantadora, em harmonia, nos movemos ao mesmo instante em direção ao carro. Ele abriu a porta para que eu pudesse entrar, me esperou colocar o cinto para fechá-la, e então entrou no carro, exatamente como fazia quando eu era mais nova, costumava ter dificuldade em engatar o cinto e ele sempre me ajudava, talvez fosse o fato de que para os pais, os filhos nunca crescem, eles sempre os veria como eternas crianças. No caminho para casa o rádio permaneceu desligado, o silêncio preenchido por uma agradável conversa, me sentia arrependida diante as mentiras contadas ao longo das semanas, buscaria ser mais honesta quanto as minhas ações e falas, afinal eles eram mais do que apenas pais, eram como meus amigos.
Capítulo 69
Assim que chegamos, meu pai procurou com os olhos por minha mãe, no instante em que seus olhos pousaram sobre ela, um sorriso despontou em seus lábios enquanto um brilho no olhar surgia ao admirá-la. O amor deles era inspirador, não me cansava de os observar, desviando meu olhar de meu pai, que seguirá até a matriarca , saudei meus irmãos, provocando Hector com uma piadinha, Garret bagunçou meus cabelos e Kayron outra vez não parecia estar em casa, talvez estivesse em um encontro com a mãe de ; meus avós não estavam a vista, supunha que haviam se recolhido devido a horário, eles dormiam cedo. Subi as escadas após desejar boa noite, o corredor silencioso me recebeu de modo aconchegante, estava cansada, na noite anterior havia adormecido mais tarde do que o comum, e o treino de hoje havia esgotado minhas energias, bocejando adentrei meu quarto fechando a porta em seguida; coloquei as bolsas sobre o baú ao lado da minha mesa de estudos, me jogando na cama em seguida chutando os tênis antes de me cobrir com os cobertores, adormecer fora um ato instantâneo.
O toque suave em minha cabeça aos poucos me despertou, pisquei algumas vezes sentindo as pálpebras pesadas devido ao sono, a visão embaçada se adaptando ao ambiente escuro enquanto despertava lentamente, estava confusa, não sabia o que havia me acordado mas assim que identifiquei o perfume eu soube exatamente quem havia me despertado; ainda bocejando me sentei encontrando sentado no chão ao lado da cama, as lumes verdes-esmeralda fitavam-me silenciosamente.
— Você sabe que não devia estar aqui. — O repreendi num sussurro desesperado.
— Eu sei, não consegui resistir a ideia de observá-la enquanto dorme. — me respondeu sem exibir qualquer traço de arrependimento.
— Meus pais e irmãos vão fazer picadinho de você ! — Sussurrei cobrindo minha face exasperada.
— Se você continuar agitada assim, eles irão descobrir que estou aqui. — subiu na cama retirando minhas mãos do rosto. — Respire , eu não mordo. — falou com um sorriso zombeteiro em seus lábios.
— Eu te odeio. — Ri baixo enquanto revirava os olhos. — O que você está fazendo aqui?
— Eu já te respondi, queria a observar dormindo. — me respondeu sinceramente.
— Eu sinto que você não está me contando tudo. — Cruzei meus braços a frente do tronco o vendo rolar os olhos dramaticamente.
— Pensei que estaria estudando quando entrei em seu quarto, como não pude falar com você quando cheguei, imaginei que poderia encontrá-la desperta então acabei a observando enquanto dormia. — Ele me respondeu contrariado.
— Você realmente é um romântico. — O provoquei com um sorriso astucioso.
— E você uma anti romance. — Ele me respondeu arqueando a sobrancelha enquanto sorria de lado.
— Exatamente. — O respondi contendo a vontade de rir.
— Completamente opostos. — suspirou passando a mão pelos fios de seu cabelo. — Mas o que posso fazer? Estou fadado a me atrair por sua natureza antagônica. — me olhou sorrindo galante, seu tom havia ficado mais baixo, sua mão direita alcançou a minha face segurando-a gentilmente.
Nossos olhares se encontraram, respirações que se misturavam diante a proximidade, meu coração martelava em meus ouvidos como um tambor, a boca de repente havia ficado seca, não conseguia explicar o magnetismo que possuía sobre mim. O silêncio não era desconfortável, era como se os olhos dele transbordasse palavras que lábios algum pudesse proferir…Eu estava inegavelmente, perdidamente apaixonada por , o garoto que aprendi a odiar devido a mal-entendidos, aquele que sabia exatamente aonde me atingir para que eu me irritasse, o culpado por inúmeras visitas a sala do diretor, o responsável por me levar além do limite e ainda assim aquele que havia conquistado meu teimoso coração. Não sabia dizer quem se moveu primeiro, a gravidade nos puxava para o outro, tal como a força de atração de polos opostos, assim que os lábios de tocou os meus senti como se uma corrente elétrica fosse passada para mim; ofeguei surpresa ao que ele aproveitou para inserir sua língua dentro da minha boca, conduzindo o beijo com maestria enquanto sua mão esquerda segurava a base de minha cintura me aproximando dele.
Envolvidos em nossa própria atmosfera, como uma realidade alternativa, o som de um assobio no corredor me tragou para a realidade, me separei dele respirando ofegante enquanto me colocava de pé me apoiando na parede oposta a minha cama. Levei alguns segundos para me estabilizar antes de o puxar para banheiro fechando no box, assim que puxei a porta do banheiro me aproximando da janela para fechar as cortinas que havia esquecido de fechar a porta do quarto abriu, a figura de Kayron adentrou o recinto com um sorriso zombeteiro enquanto avaliava o ambiente, ele ligou as luzes acionando o interruptor, olhos como gavião sondava-me em desconfiança; sem dizer uma palavra meu irmão se abaixou olhando debaixo da cama atrás de algo, ele seguiu até o guarda-roupa abrindo porta a porta, antes de me encarar por fim.
— Ele não está aqui. — Me deitei na cama movendo os cobertores antes de voltar a me cobrir.
— Eu ouvi o que a senhorita aprontou na noite anterior. — Kayron me respondeu se sentando sobre o colchão.
— Como se você não houvesse feito isso até pouco tempo atrás. — Rolei os olhos bocejando no processo.
— O que está fazendo acordada, monstrinha? — Kayron perguntou com um olhar perspicaz.
— Estava dormindo até você chegar fazendo barulho, esqueci de fechar as cortinas assim que voltei da casa de Rom. — Voltei a bocejar enquanto o olhava nos olhos.
— Desde que o ambiente esteja escuro a casa pode desabar que você permanecerá dormindo. — Kayron riu enquanto abria os botões da manga de sua camisa a dobrando até os cotovelos.
— Você vai me deixar dormir ou não? — O indaguei sutilmente, se não emitisse uma palavra Kayron se confirmaria a abrir a porta do banheiro e sair em seguida sem o notar.
— Sua versão com sono chega a ser pior que o normal. — Kayron riu bagunçando meus cabelos no processo.
— Kayron! — Resmunguei segurando a mão dele o empurrando para fora da cama. — Eu tenho aula amanhã, me deixe dormir.
— Tudo bem pestinha. — Kayron se agachou ao lado da cama deixando um beijo sobre minha testa. — Boa noite e bons sonhos, monstrinha.
— Boa noite Kayron. — O respondi com um sorriso me virando para o lado oposto da porta.
Ouvi quando ele abriu a porta do banheiro, mentalmente torcia para que ele não descobrisse . Me mantive em silêncio, mantendo a respiração calma enquanto o tempo que meu irmão estava dentro daquele banheiro parecia uma eternidade, não ousei suspirar em alívio quando por fim ele saiu de lá e fechou a porta do quarto. Permaneci deitada ouvindo o som quase imperceptível da porta abrir outra vez, Kayron ainda estava ali, contive o riso, meu irmão realmente não acreditava no que havia dito. Meu irmão deixou o quarto por fim, fiquei na cama por mais alguns minutos para garantir antes de seguir até o banheiro encontrando um colado a parede oposta do box, o qual possuía um efeito blur de modo a não mostrar o que havia em seu interior; mordi o interior da bochecha para não rir, me movi até parar na frente de , agachada.
— Seus irmãos são como cães farejadores, Kayron não foi o único que passou em seu quarto. — me olhou com diversão banhando suas íris esmeraldas.
— Você realmente gosta de se colocar em perigo. — Ri baixo o ajudando a se levantar.
— É um mal necessário, eu queria vê-la ainda hoje. — Ele deu de ombros sorrindo confiante.
Segurei a gola da camisa dele o puxando para um beijo, abraçou minha cintura instintivamente enquanto conduzia a intensidade do beijo, estiquei meus braços entremeando minhas mãos pelos fios de cabelo de . Sorri sobre os lábios dele antes de me afastar, para tomar fôlego.
— Você tem que voltar para o seu quarto, se meus irmãos passearam por aqui, o próximo a me verificar será o meu pai. — Sussurrei na orelha dele apenas para provocá-lo.
— Love. — me respondeu em reação segurando minha cintura um pouco mais firme.
— Boa noite minha dor de cabeça constante. — Ergui meu olhar pronunciando as palavras em um tom de zombaria.
— Você realmente adora testar o meu limite. — Ele resmungou baixinho pousando sua tez em meu ombro.
— Você sabe que sim. — Acariciei os fios de cabelo dele com a mão esquerda enquanto o braço direito o abraçava.
— Nos vemos no café da manhã? — indagou me olhando com um sorriso manhoso em seus lábios tentadores.
— Sim seu bobo, agora saia pelo corredor, Kayron deve ter ido para o lado externo achando que você sairia pela janela. — O respondi beliscando a ponta do nariz dele.
— Te vejo no café, Love. — segurou a ponta do meu queixo pousando seus lábios nos meus em um beijo de despedida.
— Boa noite, . — O respondi piscando para ele antes de fechar a porta.
Suspirei aliviada, me recostei contra a porta cobrindo minha face com as mãos enquanto mordia o lábio contendo um sorriso. Das coisas que poderia acontecer esse ano, me envolver com definitivamente não era uma delas! Mas ali eu estava, sorrindo feito boba enquanto relembrava dos momentos passado com , sentia o amor em cada célula do meu corpo, eu o amava! No final era exatamente como minha mãe disse: eu só precisava sentir! Ri baixo e então procurei pelo meu pijama, havia adormecido assim que cheguei em casa, mas uma vez desperta, só voltaria a dormir com o pijama; ao me deitar deixei o sono me embalar em sua doce canção, me levando a terra da inconsciência.
Pela manhã meus irmãos pareciam cães de guarda ao meu redor, Garret e Hector sentaram-se um de cada lado enquanto Kayron ocupou o assento à minha frente. A incredulidade perante tais ações me deixava abismada, buscando não causar conflitos, ignorando-os por completo me concentrei na refeição. permaneceu em silêncio, com suas bela esmeraldas perspicazes, observava tudo enquanto se alimentava, sua mãe, Zara, possuía uma expressão indecifrável, no entanto as orbes esmeraldas tais como as de seu filho, eram transparentes ao ponto de revelar seus sentimentos tempestuosos. Supunha que Kayron não conseguiu guardar para si seus pensamentos a respeito de , o que poderia ser a causa do humor de Zara.
Meus avós apareceram um pouco mais tarde do que o costume, com sorrisos doces, trouxeram um pouco de ânimo àquela mesa. Minha mãe ora chamava Hector, ora Garret os incluindo na conversa, a qual eles não pareciam muito entusiasmados em participar. No entanto o momento de maior tensão fora a hora de sair da casa para o colégio, meus irmãos se levantaram em sintonia, como se houvessem ensaiado, ambos se "oferecendo" para me levar…A solução que meus pais encontraram diante o problema fora me devolver o carro, encerrando o debate e procurando amenizar os ânimos.
— Pestinha.
Me virei assim que coloquei minhas bolsas no banco traseiro do carro, havia saído a pouco tempo, para não dar mais razão aos meus irmãos superprotetores implicarem com ele por mais tempo, ao me virar encontrei Garret com os braços cruzados, seus olhos eram um enigma.
— Garry eu tive o suficiente de repreensões, o que eu preciso fazer para que você, Kayron e Hector parem de bancar meus guardas-costas ? — O indaguei, soando um pouco mais rude do que pretendia.
— …— Garry suspirou controlando as palavras rudes movidas pelo seu temperamento. — Eu entendo a razão para que esteja agindo desta maneira, no entanto, isso não ameniza as suas ações anteriores, nós como seus irmãos mais velhos queremos apenas te proteger. — Ele soou sincero, em seus olhos não haviam evidências duvidosas.
— Eu sei, mas caramba, vocês poderiam afrouxar esse senso protetor as vezes. — Me apoiei contra a lataria do carro. — Eu os amo e entendo o porquê agem desta forma; eu só quero que me deem um pouco de espaço. — Olhei ao meu redor fixando por fim meu olhar no dele. — As vezes eu sinto sufocada pelo excesso de proteção de vocês, eu sei me cuidar, graças ao que me ensinaram, então confiem um pouco mais em mim…Eu sei que pisei na bola naquela noite, nossos pais me repreenderam com razão, eu quero ter um pouco mais de espaço. — Falei honestamente, despejando uma parcela dos pensamentos que rondavam minha mente há algum tempo.
—Eu sei, pestinha. — Garret sorriu calmo se acomodando ao meu lado. — Sendo a mais nova, acabamos a subestimando, no entanto conhecemos como os homens pensam, queremos apenas te proteger.
— Eu sei, e sou grata por isso. — O respondi sorrindo em diversão. — Eu preciso que vocês me dêem um voto de confiança.
— Quem sabe pestinha?! — Garret riu bagunçando meus cabelos. — Agora vá para a escola, não vai querer manchar seu currículo perfeito com um atraso. — Ele piscou para mim antes de se afastar.
Rolei os olhos desmanchando o rabo de cavalo bagunçado, entrei no carro arrumando o cabelo através do espelho retrovisor, com um coque perfeitamente ajustado, girei a chave na ignição ligando o rádio e em seguida pluguei meu celular dando o play na minha playlist favorita; coloquei o cinto de segurança e então segui para o colégio.
Capítulo 70
Ao estacionar o carro conseguia sentir os olhares sobre mim; as pessoas daquele colégio nunca pareceram tão interessadas quanto aquele dia, por um só momento eu realmente acreditei que poderia ter um dia normal, sem grandes emoções, apenas o velho e comum, um pouco entediante, dia de aula. Ao leste, posicionados sobre o parapeito do terraço, as figuras idênticas acenavam em sincronia; ignorá-los não era uma opção! Eles eram caóticos o suficiente para declinar seus convites, respirei fundo passando pelo grupo de alunos em suas panelinhas, cochichando teorias, inventando fatos inexistentes, misturando a realidade com a imaginação.
Nunca antes subi tantos lances de escadas rapidamente quanto hoje, sobre a luz da manhã, Kalil e Apollo conversavam amigavelmente com um grupo de garotas, um pouco mais afastados, à esquerda dos gêmeos caóticos, estavam Roman e Becky. Segui em direção aos meus amigos pedindo uma explicação com o olhar, Becky estendeu sua mão pedindo a minha bolsa, quase como se ela estivesse controlando os possíveis cenários de caos que aquele encontro poderia gerar. Contendo o ímpeto de discutir , rolei os olhos mas entreguei a bolsa a ela.
— Eles estão aqui para te distrair, Daniel levou assim que ele estacionou o carro. — Becky despejou a informação assim que lhe entreguei também as chaves.
— Me dê as chaves. — Estendi minha mão sentindo a raiva borbulhar sob minhas veias.
— Você sabe que não pode interferir, sirena. — Apollo surgiu ao meu lado, braços casualmente cruzados em seu peito enquanto me olhava cuidadosamente.
— Quando o Sr.Wright chama, tem que obedecer, você conhece as regras sirena. — Kalil se colocou ao lado de seu irmão assim que dispensou as garotas.
— Pro espaço às vontades de Daniel, não é o cachorrinho dele para se submeter às suas vontades. — Roman exclamou irritado.
— Vocês realmente são os lacaios de Daniel. — Becky cuspiu as palavras irritada mas se recusou a me devolver as chaves.
— Não estamos aqui por causa dele. — Apollo respondeu em um tom severo.
— Estamos aqui por ela Rebekah. —Kalil possuía uma expressão indecifrável, Roman se moveu mas o segurei antes que ele fizesse uma besteira.
— Vocês dois são sempre um prelúdio de algo ruim. — Massageei minhas têmporas, olhei em volta antes de soltar Roman. — Eu encontro vocês mais tarde. — Me dirigi aos meus melhores amigos, pedindo para que me deixassem sozinha com a dupla do caos.
— Você não está realmente pensando que eu vou deixá-la sozinha com eles, ?! — Roman exclamou em desagrado.
— Você vai ter que confiar em mim. — Pisquei para ele com um sorriso, passando uma confiança que eu não acreditava mas precisava convencê-los.
— …— Becky me deu um olhar condescendente, antes de dirigir aos gêmeos um olhar fuzilante. — Não confio em vocês, eu juro que se algo acontecer com ela…
— Pode deixar que essa parte da ameaça eu cumpro, baby. — Roman abraçou Becky de lado lançando um olhar mortal aos gêmeos antes de me checar uma última vez. — Tenha cuidado, . — Roman me alertou antes de seguir para as escadarias com Becky ao seu lado.
— Valência continua a ser seu cão de guarda. — Apollo quebrou o silêncio com seu péssimo senso de humor.
— Faça me um favor, guarde seus pensamentos apenas para você! — O respondi sem qualquer delicadeza olhando-o diretamente nos olhos. — Não pensem nem por um momento que isso diminui o que fizeram comigo! — Me aproximei deles erguendo minha cabeça devido a diferença de altura. — Eu confiava em vocês dois, caramba! Vocês eram meus amigos antes de Daniel chegar! O que passou pela cabeça de vocês, quando Daniel passou a me usar como um peão em seu jogo sujo? Crescemos nos campeonatos, vimos o que a soberba e o orgulho faz com uma pessoa, Victor é um claro exemplo! — Tomei fôlego levantando o indicador impedindo Kalil se pronunciar. — Eu não acabei! — Ambos baixaram a cabeça desviando o olhar para qualquer coisa, evitando o meu olhar. — Roman está em um patamar que vocês nunca chegaram, ele não me vendeu a um idiota atrás de benefícios…O pai de Daniel pode comprar pessoas mas vocês sabem que nesse esporte só permanecem quem realmente tem talento ou dedicação, Daniel não possuí qualquer um dos dois, eu pensei que vocês fossem mais do que a aparência mas parece que eu errei em meu julgamento.
— Sirena, não é isso. — Apollo tentou se defender.
— Não iríamos até esse colégio para te alertar, caso não nos importamos. — Kalil me respondeu encontrando o meu olhar, suas orbes exibiam o arrependimento de seus atos.
— Se vocês se importassem comigo, estaria ligando para a única que pode ajudar agora! — O respondi num tom cortante olhando-o com desgosto.
— Sirena…— Apollo tentou outra vez.
— Eu os verei nos amistosos, quanto a nossa amizade…esqueçam que um dia me conheceram, hoje vocês demonstraram a quem pertence a sua lealdade. — Meu tom saiu frio, a indiferença contornando cada uma das palavras cortantes.
Sem me despedir segui para os lances da escada de modo apressado, a raiva ainda borbulhava sobre as minhas veias, mas a decepção também lutava pelo seu espaço enquanto o pânico crescia gradativamente em meu peito. Não possuía a menor ideia do que poderia acontecer com , que tipo de pessoa era aquele que ele evita fortemente! Pulava de dois em dois os degraus ignorando o alerta para o cuidado, o risco de cair e sair rolando o último lance de escada era grande. Não parei de me mover quando cheguei ao térreo, meus pés seguiram para o piso de linóleo do corredor central, com armários de cada lado, passava correndo por cada um dos espaços ignorando o som irritante que meus tênis faziam ao correr.
Afoita, desesperada, atingi a sala do diretor, meus olhos varreram a secretária não encontrando uma única alma viva no local, girei a maçaneta da sala de Mister.Hopkings pedindo aos céus que ele estivesse em sua sala naquele dia. A figura do diretor me olhou de modo perturbador, como se eu estivesse profanando sua sala com a minha presença naquela manhã. Rolei os olhos me movendo em sua direção determinada, com as mãos sobre a madeira da mesa o olhei seriamente.
— Ligue para Zara, agora, o filho dela está com problemas.
Talvez fosse a urgência em minha voz ou o meu estado consternado, ou o meu olhar que o convenceu de que não era um trote, algo para o perturbar por puro capricho. Assim Mrs.Hopkings alcançou o telefone fixo sobre a sua mesa ligando para a mãe de , quando ela atendeu ele me passou o telefone.
— Conte a ela os detalhes que deixou de fora. — Mrs.Hopkings me deu um olhar significativo antes de deixar sua própria sala.
— Hopkings?! Por que você não está dizendo nada? — A voz de Zara soou assim que coloquei o telefone em meu ouvido.
— Sra. é a , o precisa de você, Daniel apareceu por aqui e o levou. — Disse com pesar e receio.
— Eles estavam quietos demais. — Ela me respondeu embora parecesse estar pensando consigo mesma. —Fique aí, não arranje nenhuma confusão, estou indo buscá-lo.
— Mas…— Tentei argumentar.
— Tenha um pouco mais de fé em mim, garotinha. — Ela me repreendeu embora parecesse que estivesse tentando me proteger. — Eu o trarei de volta, tente se concentrar nas aulas.
— Posso tentar, mas não sei se consigo garantir. — A respondi com certo humor. — Diga a ele que estarei esperando.
— Ele sabe querida. — Ela me respondeu antes de desligar.
Coloquei o telefone sobre a mesa me sentando numa das poltronas daquela sala, apoiei minha cabeça contra o encosto da poltrona respirando fundo, tentava não pensar no que poderia acontecer…Deveria ter previsto que Daniel poderia fazer algo do tipo, andava distraída com o meu relacionamento que havia esquecido do que um Wright era capaz de fazer para punir alguém. Suspirei alto antes de me levantar, por mais que desejasse ir até Daniel e trazer de volta, Becky não me entregaria as chaves e proibiria Roman de emprestar a moto; desejava para que Zara o encontrasse antes que os Wright fizessem algo. Sentia-me como uma tola, pega de surpresa por algo que eu poderia ter previsto com antecedência, conhecia Daniel e sabia exatamente do que ele era capaz!
— Você realmente gosta do garoto, .
A voz do diretor soou as minhas costas, sua figura ranzinza me observava silenciosamente há algum tempo, mister Hopkings era uma figura enigmática, assim como sua ligação com a cidade era um grande mistério…Histórias fantasiosas circulavam a respeito do diretor, embora os boatos fossem mais absurdos do que a realidade.
— Sim. — O respondi quebrando o silêncio que havia se instaurado.
— Você sabe que isso acabará mal, um de vocês terá o coração partido no final. — Mister Hopkings passou por mim se sentando em sua cadeira, em seu semblante havia adquirido um peso austero, sisudo.
— Eu sei. — Sustentei o olhar severo do diretor enquanto o respondia honestamente. — Somos opostos, estamos fadados a nos atrair até que um destrua o outro, e mesmo que seja eu a pessoa que terá o coração estilhaçado, prefiro me arriscar e vivenciar cada momento a passar o resto da minha vida questionando o que poderia ter acontecido. — Sorri tranquilamente, apesar da angústia que tomava o meu peito, podia dizer cada palavra com sinceridade, não me sentia fraca ou insegura.
— Tola, pensei que fosse mais esperta . — Mister Hopkings me surpreendeu ao me chamar pelo nome, apesar de suas palavras duras em seu tom frio e estóico, acabei rindo diante a surpresa.
— Me desculpe, eu realmente não tive como controlar… — Enxuguei o canto dos meus olhos tentando conter o riso, arrumei minha postura antes de o responder. — Você realmente me pegou com a guarda baixa chamando pelo meu nome ao invés do sobrenome.
— Porque eu ainda me dou o trabalho de conversar com vocês ?! — Ele soltou um suspiro passando sua mão por seus ralos e finos cabelos.
— Você está subestimando a minha família, meu caro diretor. — Me coloquei à frente da mesa o encarando sem nenhum temor. — Há uma boa razão para evitar irritar um , e você sabe muito bem o porquê. — Pronunciei as palavras com cinismo.
— Eu não preciso que me lembre, . — Mister Hopkings rolou os olhos antes de voltar a se pronunciar. — Agora me faça um favor e siga para suas aulas, Zara trará em segurança, não preciso de mais nenhum problema além daqueles que vocês dois já me causaram.
Contendo uma resposta irônica que poderia me causar problemas, deixei a sala do diretor sem dizer uma única sílaba, refiz todo o caminho que havia feito até a sala acabando no estação onde encontrei os Nessbit no estacionamento.
Capítulo 71
— O que vocês dois estão fazendo aqui ainda? — Os questionei assim que alcancei o carro em que os gêmeos estavam apoiados.
— Sirena. — Apollo me respondeu em um tom calmo, seus olhos antes tão vibrantes me imploravam para que o escutasse.
— Não, não é justo! — O respondi embora ele não houvesse dito nada além do apelido dado após o nosso primeiro encontro em um campeonato.
— Nós sabemos, mas apenas por alguns minutos, nos ouça. — Kalil se pronunciou exibindo o mesmo olhar que Apollo.
— Vocês me traíram, como esperam que agora passe a ouvi-los? — Os questionei indignada.
— Porque você é melhor que isso, sirena, você sempre nos enxergou, soube reconhecer cada um dos defeitos e qualidades e não fez distinção na forma em que nos tratava, sempre agiu de igual modo com todos…, você é a pessoa que não podemos deixar sair de nossas vidas, você é a única coisa decente que conhecemos. — Apollo me respondeu surpreendendo-me pelo teor de suas palavras, eu conseguia enxergar a veracidade em seu tom de voz.
— Você nos conhece melhor que qualquer um, saberia se estivéssemos mentindo. — Kalil se pronunciou em seguida.
Voltei meu olhar para o estacionamento, focando em cada um dos carros estacionados recusando-me a dar um olhar sequer aos gêmeos; estava ferida, me sentia decepcionada, e com uma boa razão, no entanto eu também sentia falta de ter meus amigos por perto. Apollo e Kalil sempre foram uma presença constante, apesar das provocações que evoluíram com o passar dos anos, eles me faziam rir…Odiava o que haviam feito, com o que haviam compactuado, no entanto não era muito boa em ficar magoada com alguém, primeiro precisava fechar as feridas antes de os perdoar.
— Eu vou precisar de tempo. — Olhei diretamente nos olhos deles, primeiro para um depois o outro. — Nada de aparecer sem avisar, eu os procurarei quando estiver pronta.
— Por quanto tempo? — Kalil questionou com um olhar de desalento.
— Eu não sei, vocês vão ter que se afastar. — O respondi notando Apollo ficar cabisbaixo. — Essa é a única maneira.
Apollo abriu sua boca inúmeras vezes e a fechou sem saber o que dizer, Kalil deu um passo para frente mas balancei a cabeça negativamente o impedindo de se aproximar, ele então suspirou e entrou no carro, Apollo o seguiu com um semblante abatido, com um aceno me despedi deles antes de voltar para dentro da instituição; eu não tinha a menor noção sobre quanto tempo havia se passado desde o instante em que pisara ali, antes de atingir os armários encontrei Roman, ele parecia estar me vigiando, como um segurança monitorando se eu estava bem.
— Eu conheço esse olhar. — Comentei enquanto abria o cadeado do armário.
— Então sabe exatamente com o que estou preocupado. — Ele me respondeu em um tom sério, Roman não exibia seriedade facilmente.
— Estou acostumada a ser o alvo Rom, posso lidar com armações, consigo superar pegadinhas, lido com suspensões facilmente mas esperar enquanto a pessoa com quem me importo pode estar sendo o bode expiatório…Isso está me matando! — Fechei os olhos segurando a porta do armário com um pouco mais de força. — Não está em meu direito revelar os segredos de …Posso dizer que a família dele é mais complicada do que as pessoas pressupõem; e Daniel sabe exatamente o que fazer para eliminar dois coelhos com uma cajadada só.
— Se tornar vulnerável não é o seu forte, você está acostumada a ser aquela que se sacrifica…Isso não funciona no amor, não podemos controlar tudo, . — Roman fechou a porta do meu armário me puxando para um abraço, inicialmente eu tentei o afastar antes de me render.
— Eu odeio essa sensação de impotência, deveria ter adivinhado o que aquele canalha faria. — Minha voz baixa ecoou a raiva que sentia ao pensar em Daniel.
— Você realmente o ama. — Não havia surpresa no tom de voz de Roman, apenas constatação, o que tornava tudo ainda mais real.
— Sim, eu o amo. — Encontrei o olhar de Roman sentindo meus olhos marejados. — Amo como apenas um olhar sabe como está o meu humor, como ele conhece todas as minhas manias, seu humor ácido, os olhos dele…Mas principalmente quando ele ri. — Me afastei secando algumas lágrimas que haviam escorrido pela minha face. — Quero proteger o sorriso dele, Rom, eu quero ser aquela que pode confiar.
— O cavaleiro da armadura brilhante dele. — Roman brincou tentando me fazer sorrir.
— Sim, eu não me importo, contanto que eu possa proteger aquele sorriso. — Concordei com um meio sorriso.
— Você realmente mudou, . — No tom de voz do meu melhor amigo havia orgulho, como o de um pai ao ver seu filho crescer.
— A controladora, fria e impassível se foi, ao menos eu acho que ela partiu. — O respondi em um tom espirituoso.
— Eu acho que sempre haverá uma parte dela em você, afinal seus defeitos também fazem parte de quem verdadeiramente é. — Ele me empurrou com o seu ombro enquanto arqueava a sobrancelha com um olhar zombeteiro.
— Eu só não vou discutir porque há sensatez no que acabou de dizer. — O respondi contrariada, mordendo o interior da minha bochecha para não sorrir.
— Você quis dizer que eu estou certo, eu sei, afinal sou o seu melhor amigo e como tal, tenho a função de a corrigir sempre que for necessário. — Ele me respondeu sorrindo em gozação.
— Alguém já te disse hoje o quanto é insuportável?! — Dei a ele um olhar ácido.
— Eu sei que você me adora, . — Ele riu da careta que tomou a minha face, gargalhando diante o olhar irritado que o direcionei. — É um fato, agora que está de volta ao seu normal, deixe-me levá-la para a sua aula. — Roman piscou para mim completamente relaxado.
— Se você não soubesse demais, definitivamente não seria meu melhor amigo. — O respondi contrariada, trancando o armário após pegar o material necessário.
— Você tem que parar de agir como uma senhora rabugenta, . — Roman me respondeu "repreendendo-me".
— Calado! — Revirei meus olhos para ele enquanto o seguia pelos corredores.
— Apenas verdades, minha cara amiga. — Roman me acompanhou com os braços atrás da cabeça andando tranquilamente pelos corredores.
— Eu juro que não tenho a menor ideia do que a Becky viu em você. — O respondi com desgosto.
— Ela encontrou um excelente namorado, completamente apaixonado, disposto a qualquer coisa por ela e que sabe exatamente o que fazer para agradá-la. — Ele sorriu travesso piscando para mim sem se abalar.
— Ugh! Nojento! — Balancei a cabeça negativamente ouvindo Roman gargalhar da minha reação.
— Está entregue. — Ele parou diante a porta do meu próximo período, assim que ele se pronunciou a sirene que indicava a troca de turmas soou.
— Desde quando você possui o meu horário gravado? — O questionei enquanto o fluxo de pessoas passava por nós.
— Apesar do seu ceticismo, eu tenho uma boa memória. — Ele rolou os olhos antes de estalar um peteleco na minha testa. — Agora, minha cara amiga tirana, entre e consiga as notas perfeitas que tanto orgulha os . — Ele piscou para mim.
— Você é impossível! — Acabei rindo antes de seguir para a sala.
— Você sabe que sim. — Roman se pronunciou antes de seguir para aonde quer que fosse, como estávamos quase no fim do ano letivo, ele possuía o péssimo hábito de pular algumas aulas embora fosse inteligente o suficiente para conseguir boas notas.
Segui para um lugar próximo às janelas, não estava com ânimo para interagir com os colegas de classe, principalmente pelos eventos recentes, já bastava os olhares que inicialmente recebia por ser a rival de ; desde então os olhares de curiosidade pioraram com a descoberta do meu relacionamento com ele. A partir de então os burburinhos cresceu de modo desenfreado, pelos boatos eu já havia traído com os gêmeos Nessbit, eu tinha Roman como meu amante regular, tendo Daniel e alguns outros nadadores das regiões vizinhas como meus capachos rotativos… a língua dos estudantes daquela instituição era mais afiada que uma lâmina,ninguém escapava do veneno!
O professor de história adentrou a sala, silenciando os cochichos, minha atenção estava pela metade, o que equivalia a 100% dos meus companheiros de turma, embora estivesse mais tranquila, graças a Roman, não estava menos preocupada do que minutos atrás, genuinamente aflita, me perguntando como estava …Daniel era engenhoso o suficiente para torturar psicologicamente aquele em que havia entregado o meu coração. Daniel era minucioso ao arquitetar seus planos, sua sagacidade e olhar perspicaz fora o que elevou seu status no esporte; ele sabia quando usar a influência de seu pai, escolher aqueles que seriam seus degraus na escalada até atingir o ápice de influência no meio esportivo. A última vez em que havíamos conversado ainda trazia o sabor amargo a minha boca, a relação de amizade se tratava de mais uma de suas ardilosas jogadas para conhecer pessoas no cenário esportivo.
Ser uma atleta com uma carreira consolidada foi o chamariz que atraiu Daniel, conhecer patrocinadores eram uma consequência de competir por tempo demais…Mesmo fora das águas, em meus curtos anos longe do cenário competitivo, consegui manter um bom relacionamento com os meus patrocinadores, havia me classificado a competições nacionais, e por ter uma família de classe média, viagens custavam caro demais. Novos talentos era o tesouro que olheiros buscavam avidamente, em minha infância, em um concurso de uma escola de natação, um desses olheiros abordou meu pai; a partir de então as viagens para competir em outras cidades e estados se tornaram mais fáceis dado ao fato de que meus pais não precisavam se preocupar com os custos.
Uma rede de contatos é essencial, em qualquer área! Aprendi a lição muito nova, com cuidado e perspicácia cresci entre a ganância por vitórias, o esporte que eu amava, e o amor da minha família…A pausa fora extremamente necessária! A pré-adolescência fora a minha fase mais confusa, amar algo não significava que você deveria fazê-lo pelo resto de sua vida. Havia o medo em odiar a natação, algo que sempre fora como respirar para mim; então incisivamente persuadir as pessoas que eu representava e a minha família a me concederem alguns anos longe de campeonatos, havia colecionado troféus e medalhas o suficiente para ter algo com o que barganhar. Assim, a cada semana longe das piscinas, cataloguei profissões que pareciam atrativas, e me dei ao luxo de encontrar novos hobbies, experienciar coisas que nunca pude passar mais tempo com a minha família. Ao final do período acordado, não somente encontrei exatamente o que desejava fazer quando me formasse, mas também sabia quem eu era, havia me encontrado, e isso era algo poderoso, já não me importava com o que as pessoas poderiam dizer sobre mim, ou o que pensavam, saber quem de fato era bastava para mim.
Novamente competindo, acordos e renovações de contratos foram estabelecidos, os patrocinadores me queriam competindo sozinha, e era justamente por isso que entrava em tanto conflito com o diretor do colégio, possuía um sonho, algo alcançável se a instituição financiasse: levar todas as garotas para o campeão nacional. O que havia conseguido com as pessoas que conhecia cobria metade dos custos apenas, com o orçamento do clube reduzido temia pela equipe feminina, afinal a equipe masculina sempre chegava aos nacionais, mesmo que nem sempre vencessem no final, a equipe poderia não vencer mas dificilmente não voltava vitorioso, assim o favoritismo da equipe masculina exercia uma influência maior sobre mister Hopkings do que poderia aceitar. Portanto, nesse ano, estava dando o meu melhor dentro e fora das piscinas, fortalecendo vínculos com a minha equipe, com treinadores de outras instituições, com possíveis patrocinadores, o que eu pudesse atrair para o clube, treinando a Jass para assumir a minha posição, ensinando-a negociar, se relacionar e interagir com as pessoas que eu conhecia há tantos anos!
Meu último ano era como uma lista impossível de ser cumprida, enquanto tentava vivenciar meu último ano no ensino médio, um relacionamento e sair com os meus amigos…O controle era algo que me agarrei por tempo demais, não fora facilmente deixado de lado, parte de mim ainda brigava para exercê-lo, mas desde que comecei a sair com conheci um lado mais relaxado, algo despertado por ele; era precioso, sabia se defender como ninguém, eu confiava nele mas também conhecia o lado sombrio dos Wright.
Estarei o esperando, meu amor.
Cinco palavras, palavras não ditas em voz alta, uma mensagem que soava como uma promessa, uma certeza de que mesmo que o momento não fosse o melhor, no final tudo acabaria bem. Eu o esperaria, buscava pensar nas melhores alternativas, ansiava por notícias, mas até que houvesse alguma novidade, teria de exercer a paciência, controlar a angústia e esperar pelo melhor.
Capítulo 72
Meus olhos pareciam incapazes de permanecerem fixos em meus professores, a cada novo período eles se desviavam para a porta como se pudesse surgir, bem e sem qualquer dano; mas a cada nova troca de sala eu me sentia um pouco menos otimista. Esperar nunca fora o meu forte, acostumada a tomar o controle da situação e lidar com todos os tipos de cenários, aquilo estava me matando! A mensagem que havia enviado permanecia intocada, sem sinal de que havia sido visualizada…me esforçava para não cair no agonizante mar de incertezas, mas com a falta de notícias dele estava sendo difícil.
O sinal sonoro me despertou outra vez de meus pensamentos, minhas mãos se moveram para o material sobre a mesa guardando as anotações da aula atual; entrava nas salas com a esperança de que os professores pudessem cativar minha atenção ao ponto de esquecer do meu problema atual, e em cada uma das aulas me frustrava com isso. Não era culpa deles que eu não conseguia prestar atenção o suficiente, minha mente parecia se recusar a deixar outro assunto a entretê-la até que um problema fosse resolvido. Me levantei pronta a deixar aquela sala quando ouvi meu nome ser chamado, automaticamente olhei para a porta e após não ver ninguém, olhei pela janela a procura tendo outra decepção ao enxergar o estacionamento exatamente da maneira que eu o havia deixado.
— Senhorita .
Me assustei ao ser tocada, ao meu lado estava a professora de biologia, os olhos castanhos dela possuíam uma preocupação que acabou me surpreendendo. Ela se sentou na cadeira ao meu lado pedindo que eu a imitasse, olhei ao redor notando a sala vazia…O horário do almoço havia enfim chegado!
— Não pude deixar de notar que há algo errado com você , não é de seu feitio permanecer tão desatenta em minhas aulas. — Ela quebrou o silêncio sendo direta, talvez fosse exatamente por isso que apreciava as aulas dela, assim como estava me tratando, seu modo de lecionar era direto, focando nos assuntos com uma racionalidade impressionante.
— Sempre direta ao ponto, senhora Avílio. — Comentei respirando fundo em seguida antes de voltar a me pronunciar. — Há algo que estou ansiosamente aguardando respostas. — A respondi honestamente embora não a informasse o que de fato o estava me deixando daquela maneira.
— É realmente uma pena que nada possa ser feito, minha querida. — Ela comentou me intrigando com a sua fala. — Se fosse algo fácil a ser resolvido, ou até mesmo que qualquer um alguém de nós pudesse resolver, você assim teria dito, minha querida. — Ela respondeu a pergunta em meu olhar.
— Você é realmente assustadora professora. — A respondi rindo, a tensão havia ido embora de certa forma.
— Eu sei. — Ela piscou para mim com um sorriso de diversão em seus lábios antes de se levantar. — Se surgir algo que em que eu possa lhe ajudar no futuro, não fique tímida, como sua professora tenho a função de auxiliá-la! — Ela me respondeu em um tom sério, mas sem mudar o clima descontraído do ambiente.
— Obrigada professora. — A respondi com sincera gratidão.
— Olha só a hora, vamos, não me deixe tomar muito do seu tempo! Tenho certeza que seus amigos a esperam. — Ela tocou a cabeça como se estivesse surpresa, acabei rindo de sua dramatização a acompanhando até a porta da sala.
— Tenha uma boa tarde, senhora Avílio. — Me despedi com um sorriso, ela me respondeu com um aceno e um sorriso em reciprocidade, e seguiu na direção oposta a minha.
Meus tênis não ecoavam irritantemente pelos corredores, naquele dia havia escolhido um outro tipo de sapato, sem pressa atingi os armários alcançando minha mochila a qual enfiei cadernos de que precisava revisar as matérias e então segui para o refeitório, acompanhada poderia atrair olhares, mas dado os acontecimentos recentes, até mesmo estando sozinha a atenção dos alunos daquela instituição estavam sobre mim. Caminhei com a cabeça erguida passando pelos alunos até alcançar a máquina de bebidas, coloquei algumas moedas antes de apertar o botão da bebida que desejava; com a bebida em mãos parti dali da mesma maneira em que entrei, aproveitei para caminhar pelo colégio antes de ir de encontro aos meus amigos no terraço do prédio a oeste, estava dando alguma privacidade a Becky e Roman.
Andava distraída pelo lado externo dos prédios até notar que estava me dirigindo à área de esportes do colégio, balançando a cabeça negativamente, guardei o suco dentro da bolsa até alcançar o ginásio de natação a passos calmos; minhas mãos alcançaram o molho de chaves em meus bolsos antes que eu percebesse, destrancando o local automaticamente, empurrei a porta respirando melhor, parecia que quanto mais perto da água estivesse mais tranquila eu ficava, tranquei a porta às minhas costas como precaução, havia garantido a treinadora Möretz que lhe dei todas as minhas cópias das chaves. Os raios solares adentravam o local pelas janelas gigantes do segundo andar, criando uma cascata de luzes sobre a superfície azulada da água, o tempo parecia não existir naquele lugar. Deixei a mochila no chão tirando meus tênis antes de mergulhar os pés na água, a qual estava gelada.
— Eu odeio pensar demais.
A frase ecoou pelo ginásio como uma onda de inquietações, chutei a água para cima observando a luz sobre as gotas que caíram, permaneci por algum tempo balançando meus pés na piscina, dispersa, absorta pelos movimentos da água que pouco a pouco senti as pálpebra pensarem; bocejei esticando o braço acima da minha cabeça antes de me deitar sobre o piso. Permaneci em silêncio, enquanto a névoa do sono me levava à terra dos sonhos, antes que eu percebesse, acabei caindo no sono.
A superfície dura abaixo foi a primeira coisa que percebi assim que o som estridente me levava outra vez para a vida real, tateando às cegas em busca do objeto barulhento estranhei o local em que estava. Me sentei assustada, desnorteada, tentando entender o que estava acontecendo, bocejei enquanto esfregava os olhos. Havia adormecido a borda da piscina, meu corpo agora completamente fora da água, começava a sentir as consequências após dormir sobre uma superfície dura. Procurei pela minha mochila encontrando o aparelho celular perdido entre os cadernos, meu almoço e alguns dos meus livros; a tela exibia o número de chamadas perdidas, acabei rindo atendo a ligação assim que o nome de Roman apareceu.
— Diga a Becky para relaxar. — Antes que Roman dissesse algo me pronunciei, com a voz meio rouca devido ao sono recente.
— Você estava dormindo. — Não era uma pergunta, mas havia a clara diversão no tom de voz do meu melhor amigo. — Quem diria hein?! — Ele zombou.
— Que horas são? — Indaguei preferindo ignorar a provocação, mesmo que eu soubesse que Roman não deixaria isso passar em branco.
— Acordamos a bela adormecida então. — Roman persistiu em sua zombaria.
— Você vai me dizer ou não? — Revirei os olhos colocando a ligação na viva voz enquanto ia atrás dos tênis.
— Você perdeu o restante das aulas, o que significa que está na hora de ir embora. — Roman gracejou.
— Irei direto para casa hoje, podem ir sem mim. — O respondi calçando o último pé antes de me colocar de pé outra vez, alcançando o celular e a mochila.
— Aonde você está? O som está estranho. — Roman perguntou curioso.
— Não importa, logo os alcanço. — O respondi enquanto seguia para os vestiários femininos, checando se não havia nada fora do lugar, era preferível prevenir do que remediar.
— Becky está do meu lado, ela quer falar com você. — O tom de voz de Roman indicava o humor que minha amiga estava.
— Não faça isso, logo chego aí. — O respondi antes de desligar.
Embora as equipes estivessem em um clima amigável, era preferível prevenir do que remediar alguma situação, então chequei cada canto do vestiário feminino antes de sair pela porta traseira trancando-a em seguida. Com passos controlados, mas ainda sim rápidos, me afastei do ginásio olhando à minha volta para garantir que ninguém havia me visto por lá. Supunha que as equipes não teriam treino naquele dia, afinal já estava no horário deles se reunirem por lá e ao invés do meu celular, teria sido acordada pelo som da porta destrancando. Olhei outra vez para o celular encontrando as inúmeras mensagens de Becky, e o número absurdo de ligações perdidas com o nome dela, no entanto a mensagem enviada para permanecia intocada, sem qualquer indício de que havia sido vista, balancei a cabeça para espantar os pensamentos negativos e continuei em direção ao estacionamento. Pelo caminho saudei alguns dos esportistas e treinadores, embora não fosse a maior fã de socialização possuía um bom relacionamento com alguns atletas do colégio.
— ! — Becky atravessou o estacionamento com uma expressão nem um pouco agradável, apoiado em sua moto Roman sorria de maneira debochada.
— Calma, eu estou bem. — Ergui minhas mãos em rendição sorrindo angelicalmente tentando escapar das mãos de Becky, porque eu não tinha a menor ideia do que ela poderia fazer.
— Ah sim, eu posso ver isso claramente! — Ela me respondeu claramente irritada, mas continuava a se aproximar enquanto eu me afastava em direção ao meu carro.
— Becky, respira, foram apenas algumas horinhas fora do ar. — Tentei dissuadi-la do que quer que passasse pela mente dela.
— Eu não sei se você se lembra, mas a última vez em que você ficou fora do ar deixou todos preocupados com o que pudesse ter acontecido com você! — Becky parou em frente a porta do meu carro impedindo minha tentativa de escapar, suspirei antes de a encarar.
— Você está certa, me desculpe. — A respondi me colocando ao seu lado. — Não estava em meus planos tirar um cochilo e matar algumas aulas.
— Isso soa como algo que meu namorado faria. — Becky tentou não sorrir com sua frase.
— Estava procurando uma distração, e dando algum tempo para vocês dois antes de os encontrar, mas acabei cochilando por aí. — Dei de ombros sorrindo, relaxada.
— Vocês dois são iguaizinhos! — Becky murmurou passando a mão pelos fios de seus cabelos evitando me olhar.
— Não me venha com o papo de que ele e eu parecemos irmãos não! — Retruquei ofendida.
— Até nisso são parecidos. — Ela zombou, arqueando as sobrancelhas em gracejo.
— Ugh! Credo Becky! — A movi para poder abrir a porta do motorista deixando minha bolsa no banco do passageiro.
— Vejo que já se acalmou querida. — Roman a abraçou por trás repousando sua cabeça sobre os ombros dela.
— é imprevisível, e isso sempre vai ser um problema para os nossos nervos. — Becky olhou para Roman enquanto falava.
— Você se preocupa demais, até amanhã. — Entrei no carro ignorando o que ela havia dito.
— Falou a pessoa que causou uma comoção na última vez. — Becky rebateu me olhando incisivamente.
— Águas passadas, agora se terminaram de falar estou indo embora. — Alcancei meu celular o conectando ao aparelho de som do carro.
— Você com fome é insuportável, . — Roman falou comentou atraindo minha atenção.
— Não me diga que está a horas sem comer?! — Becky exclamou olhando, novamente, de forma incisiva.
— Obrigada por fazê-la se irritar outra vez Rom! — O respondi controlando a minha vontade de o estapear. — Eu acabei de acordar Becky, lembra?
— Você é realmente impossível, ! — Becky suspirou cansada.
— Você parece minha mãe Becky, bem agora tenho mesmo que ir, vejo vocês amanhã! — Me despedi com um aceno, Roman ria enquanto Becky também acenou em despedida.
Enquanto a canção inundava o carro, observei a figura dos meus amigos seguirem para a moto de Roman, algo pouco comum, no entanto eu não havia visto o carro de Becky naquele estacionamento, logo Roman a deixaria em casa naquele dia. Balancei a cabeça no ritmo da música tentando ocupar minha mente que estava num certo garoto de olhos esmeraldas…
Capítulo 73
coloquem Eye's off you do Prettymuch, confiem em mim!
O silêncio fora interrompido pelos latidos dos cachorros, olhei para fora encontrando meus cães com olhos brilhantes enquanto balançavam os rabos em animação. Sorri acariciando a cabeça deles esticando meu braço sobre a porta, estava prolongando meu tempo ali, temia não o encontrar, me dirigir ao barracão ao invés da fachada da casa fora instintivo, o medo era maior do que a esperança naquele instante…Respirei fundo retirando a chave da ignição, coloquei o aparelho celular no bolso antes de alcançar a mochila saindo enfim do automóvel. Olhei à minha volta uma última vez antes de seguir para a casa. Duque e Trex me seguiam agitados, seus focinhos tocando a lateral das minhas pernas pedindo carinho, distraída os olhava sem prestar atenção no que havia próximo a fachada da casa; ao parar para brincar com eles, ainda ajoelhada brincando com eles algo à minha direita atraiu meu olhar, e então senti a angústia desaparecer quando avistei as esmeraldas que tanto amava! Me levantei com receio que aquele quem via não passasse de uma miragem, no entanto ao avistar o característico sorriso travesso deixei minha mochila no chão antes de começar a correr! Movia-me como se não alcançasse meu coração pararia; próxima o suficiente me joguei nos braços dele que me recebeu de forma terna, eu poderia respirar outra vez!
— Você está aqui! — Sussurrei desacreditada, sentia meus batimentos acelerados, a garganta estava seca de repente.
— Você não vai se livrar de mim tão fácil, Love. — me respondeu em seu tom de provocação.
Eu sorri embora sentisse meus olhos ficarem úmidos, estava aliviada, estava ali, bem, sem qualquer machucado aparente. Ele tocou minha face ainda me segurando, seus olhos verdes-esmeralda estavam fixos nos meus, era como se houvesse apenas nós dois, seu braço esquerdo rodeava minha cintura como se eu pudesse escapar de seu alcance…Não iria a lugar algum sem ele!
— Não chore, eu estou bem aqui. — Ele sussurrou limpando as lágrimas que haviam caído sobre minha bochecha.
— Por favor, não deixe ele se aproximar outra vez. — O respondi com a voz levemente embargada. — Eu nunca me senti assim antes, foi como se estivesse arrancando meu estômago para fora. — Recostei minha testa contra a dele, naquele instante ele havia me erguido de modo que nossas faces estivessem sob a mesma altura.
— Isso não vai acontecer de novo. — soou firme, como um voto, e eu acreditei nele, sentindo as lágrimas de alívio caírem livremente por minha face.
— Droga , como eu te amo! — Segurei a gola da camisa dele antes de o puxar tomando os lábios dele nos meus.
Não me importava onde estávamos, ou com o fato de que meus irmãos poderiam aparecer a qualquer instante, me sentia incapaz de sair do lado dele após o dia torturante, o medo culminou meus nervos, havia passado por algo que nunca imaginei, tudo o que senti desejava esquecer, o que realmente importava era ele estar bem ali. Nunca imaginei amar tanto alguém a menor hipótese dele se ferir me causar tanto sofrimento…o amor antes era algo fantasioso, distante mas agora eu sentia que cada célula do meu corpo amava , eu faria qualquer coisa para mantê-lo sorrindo.
— Ei!
Um grito soou a oeste, me colocou no chão deixando um beijo sobre o topo da minha cabeça. Sorri calmamente apreciando o gesto, meu olhar seguiu a direção do grito encontrando Hector se aproximando, as suas costas estava Kayron que piscou para o que me fez rir levando Hector a se voltar para Kayron com uma expressão amarga.
— Eles são como verdadeiros cães de guarda. — riu nos guiando para a entrada da casa, ele se abaixou para recolher minha mochila passando a mão pela cabeça de Duque no processo.
— Quando? — Não conseguia formular uma pergunta específica, possuía medo dos animais e evitou Duque e Trex o máximo que pode…Estava confusa, um pouco feliz por ele ter superado uma parcela de seu medo.
— Há coisas mais assustadoras do que cachorros. — respondeu num tom baixo encarando Duque enquanto Trex pulava na minha perna pedindo por carinho.
— Não seja tão grosseiro Hector. — A voz de Kayron soou próxima, desviei meus olhos de encontrando a figura de meus irmãos a poucos passos de nós.
— Você ainda está de castigo pestinha. — Hector ignorou Kayron dirigindo sua fala em um tom mal-humorado.
— Amanhã cumprirei isso, poderia esquecer isso apenas hoje? — O olhei implorando com os olhos.
— Vamos lá monstrinha, Hector está querendo bancar o durão, estávamos todos na sala observando vocês…a propósito que belo salto! — Kayron me empurrou de lado com um sorriso travesso em diversão.
— Vocês estavam o que?! — Exclamei cobrindo minha face envergonhada, senti meu rosto esquentar ao me dar conta do que eles haviam visto.
— Eu gostei desse seu lado, Love. — se aproximou segurando minhas mãos de modo que pudesse me olhar nos olhos.
— Ei ei ei. — Hector se colocou entre nós estendendo a mão para que lhe desse a minha mochila. — Vocês tiveram o momento, agora vamos para dentro, o jantar vai ser servido. — Hector era como uma parede me separando de .
— Você está mais chato que o normal Hector! — Olhei indignada para ele cruzando os braços em seguida.
— É que você ainda não viu como Garry está monstrinha. — Kayron riu do olhar atravessado que lhe dirigi.
— Como eu disse: verdadeiros cães de guarda. — se pronunciou atraindo os olhares de meus irmãos, ele riu dando de ombros.
— Ele não mentiu. — Atrai a atenção deles novamente antes de seguir para a casa.
— ! — Hector chamou em seu tom rabugento.
— Você sabe que sim, vamos logo antes que nossa mãe venha atrás de nós. — O respondi sem olhar para trás.
— É bom estar em casa outra vez. — comentou em um tom de voz leve, relaxado, o que me fez sorrir ainda mais.
Alcancei a entrada antes que os garotos, temendo encontrar minha família na sala, não sabia como reagir ao fato deles terem assistido a minha versão apaixonada…Estava envergonhada demais apenas pensando nas reações, não queria nem imaginar o que eles diriam a respeito. Segui em direção ao banheiro optando por ganhar um tempo e lavando a mão no processo, diante do espelho notei as maçãs do rosto rosadas, estava corando! Joguei água na face tentando aliviar o calor que se concentrava nelas, o que não foi de muita ajuda. Por fim sequei a face e segui para a sala de jantar encontrando todos devidamente sentados, meus irmãos deveriam ter lavado as mãos na cozinha.
— Por favor, sem piadinhas. — Pedi olhando diretamente para meus irmãos sentindo o olhar de meus pais sobre mim.
— Devo dizer que você nos surpreendeu hoje, minha neta. — Vovô comentou com uma piscadela em apoio após se servir.
— Vovô! — O respondi envergonhada demais para dizer algo.
— Ela fica tão fofa corando! Há quanto tempo que nossa menina não fica envergonhada?! — A matriarca comentou sorrindo orgulhosa ao olhar para o meu pai.
— Mãe! Por favor, podemos apenas comer? — Pedi desejando que eles mudassem de assunto.
— Foi uma expressão e tanto de amor, . — A mãe de me surpreendeu, em seu tom de voz havia aprovação e diversão de certa maneira.
— Mamãe! — pediu a ela que sorriu ainda mais dando a ele uma piscadela divertida.
— Com a nossa filha e temos então três filhos comprometidos, quando vocês dois arranjaram alguém? Estamos ficando velhos e queremos netos. — Meu pai mudou o foco direcionando-os a Garrett e Hector que até então olhavam de forma rabugenta.
— Pai! — Os dois o responderam de mal-humor.
— Veja só seus avós, eles tiveram muito tempo para aproveitar os netos, não posso desejar o mesmo? — Ele prosseguiu em encurralar os dois.
— Não estou saindo com ninguém pai, quando for a hora você se torna avô. — Hector respondeu mediando sua voz, embora estivesse bravo ele mantinha o respeito ao se dirigir ao nosso pai.
— Sim, não se preocupe papai. — Me sentei ao lado dele depois de dar um beijo na bochecha tanto dele quanto de minha mãe.
— Desculpa a pergunta indiscreta minha querida, mas Kayron não a engravidou, não é mesmo? — Vovó olhou de forma curiosa para Zara fazendo mãe e filho engasgarem de repente, disfarcei uma risada escondendo minha boca com a mão.
— Vovó! Não, Zara não está grávida, não é querida? — Kayron se voltou para Zara um pouco incerto, oferecendo a ela um guardanapo.
— Não, não estou grávida. — Ela respondeu calmamente após tomar um pouco de água.
— É uma pena, nossa netinha falou de forma tão espirituosa que acreditei que ao menos um dos meninos houvesse engravidado alguém. — Vovó balançou a cabeça antes de voltar a comer.
— Porque eu sempre saio como se soubesse de tudo primeiro? — Indaguei a ninguém em particular.
— Porque você é muito boa em descobrir segredos, monstrinha. — Garrett aprontou o garfo para mim como se fosse algo óbvio.
— E como. — soprou por baixo de seu fôlego em acordo, Zara concordou com um aceno discreto.
— Temos uma detetive por aqui então. — Mamãe brincou deixando o clima leve.
Conversas cheias de suposições foram iniciadas a respeito das minhas habilidades, tentou conversar com Hector e Garrett falhando algumas vezes, preferi ficar em silêncio enquanto observava minha família, me alimentando enquanto os ouvia em harmonia…Eles eram tudo o que eu precisava, me sentia grata por cada um, e embora dividisse minha atenção entre eles meus olhos pareciam incapazes de se desviarem por muito tempo de , eu não conseguia tirá-los dele e não havia nada que eu pudesse fazer…Ele me tinha por completo, meu coração era dele no final das contas.
Capítulo 74
Acordei desnorteada, embora o cômodo estivesse no mais profundo escuro reconhecia o cheiro do meu quarto, me sentei sentindo a garganta seca me perguntando como havia acabado na cama quando a última lembrança era estar na sala assistindo alguns filmes com meus irmãos; algo que eu não pude opinar devido ao mau gênio dos . Devido a sede, me levantei encontrando a casa em silêncio, concluindo que todos deveriam estar dormindo, segui silenciosamente pelo corredor, no entanto uma luz no final do corredor atraiu meu olhar. Contei o número de portas, chegando a conclusão que a luz provinha do quarto de Kayron, mordi a ponta do indicador olhando da escada para a luz no final do corredor…
" A curiosidade matou o gato ! "
Me repreendi em pensamento, mas segui em direção ao quarto de meu irmão, a curiosidade era maior naquele momento. Não era do tipo que espionava meus irmãos, já possuía problemas demais para acabar em outros, assim eu os deixava em paz, na maior parte do tempo. No entanto, naquela madrugada eu culpava o sono, por não estar pensando direito, deixei que a curiosidade me guiasse até a porta do quarto pela qual escapava a luz. Em silêncio aproximei meu ouvido da porta evitando a fresta, preferindo me poupar de qualquer cena, afinal estímulos visuais eram os mais difíceis de serem esquecidos!
— Ele não ousou tocar em você ?! — Ouvi a voz de Zara, havia uma preocupação voraz em seu tom de voz me levando a crer que era a quem ela se dirigia. — Me diga que ele não fez isso meu filho.
— Mamãe. — Ouvi resignação no tom de voz de , ele parecia estar mais preocupado com o que Zara faria do que consigo mesmo, confirmando minha suposição. — Não foi nada grave dessa vez, os machucados não deixaram cicatrizes , posso faltar os treinos dessa semana para que as feridas sarem. — comentou tentando acalmá-la, seu tom me deixou furiosa, não com ele mas com quem havia lhe causado os machucados.
— Eu vou matar aquele desgraçado! — Ouvi uma movimentação no quarto, me movi para a parede ao lado da porta, caso a porta fosse aberta não iria cair de cara no chão e nos piores dos casos, ser descoberta.
— O que você está fazendo aqui monstrinha? — A voz de Kayron quase me fez gritar se ele não houvesse coberto minha boca com a sua mão.
— Não faça mais isso! — Sussurrei tentando acalmar meu coração que estava acelerado devido ao susto.
— Você ainda não me respondeu. — Kayron ignorou o que eu havia dito me respondendo no mesmo tom de voz.
— Mãe não! Você sabe que nada será feito, como todas as vezes. — Olhei preocupada para a porta, nunca havia ouvido implorar.
— Eu não posso deixar aquele cretino impune, meu filho. — Zara parecia tão transtornada quanto seu filho.
— O que está acontecendo? — Kayron indagou preocupado, ele queria entrar mas ao mesmo tempo não sabia se poderia.
— Os Wright mexeram pela última vez com os . — Meu semblante tranquilo havia passado para a mais pura irritação.
— O que é que você sabe, ? — A preocupação pareceu aumentar em sua expressão, meu irmão parecia querer saber o quanto sabia sobre os Wright.
— Você não vai querer saber! — O respondi seguindo na direção das escadas, minha garganta ardia pedindo água, amanhã seria um longo dia afinal toda ação possuía uma reação e os Wright a teriam em uma proporção igualitária.
— Monstrinha! — A voz de Kayron soou as minhas costas, parecia que ele não ia desistir tão facilmente das respostas que esperava.
— Você não vai gostar irmãozinho. — O respondi assim que tomei alguns copos de água, ele parecia impaciente com os braços cruzados sobre o peito enquanto estava apoiado no umbral da porta.
— Que se exploda o que irei achar! — Ele me olhava seriamente. — Me diga o que você sabe . — Havia algo em seu tom de voz que eu não consegui identificar, balancei a cabeça negativamente antes de o responder.
— Eu não posso. — O respondi olhando-o de forma séria. — Eu tenho um meio de ficar fora do radar deles, mas não posso dizer o mesmo sobre você Kayron, você terá que confiar em mim. — Eu queria contar a ele tudo o que sabia, afinal ele se casaria com Zara mas havia um linha que eu não poderia cruzar, mesmo que eu quisesse tirar a preocupação do olhar dele.
— Eu não tenho como deixá-la resolver isso sozinha, ! — Ele exclamou uma oitava acima de seu tom de voz.
— Hector provavelmente vai aparecer a qualquer instante graças a você, não direi nada Kayron, apenas guarde segredo, eu preciso que você mantenha isso entre nós, por favor. — Pedi a ele em uma súplica, ao mesmo tempo que olhava para a porta esperando que Hector aparecesse a qualquer momento.
— Algum dia terá que me contar tudo, essa é a minha condição. — Kayron me respondeu de forma que eu não poderia negar, olhei de um lado para o outro em busca de algo que eu pudesse usar como justificativa, mas acabei acenando em concordância.
— Quem sabe?! — Pisquei para ele sorrindo vendo-o rolar os olhos balançando a cabeça negativamente.
— Vocês tem noção de que horas são? — Hector apareceu exatamente como eu esperava, seus resmungos mal-humorados indicava que ele estava com sono mas com ouvidos tão afiados quanto.
— Estou indo para cama. — Sorri angelicalmente, evitando dizer algo que chamasse a atenção dele, Hector era melhor em ler as entrelinhas do que os outros.
— Você realmente é uma pestinha ! — Hector se aproximou antes de estalar um peteleco na minha testa.
— Tenham uma boa noite. — Kayron passou por Hector acenando antes de seguir para as escadas, eu conhecia meus irmãos como ninguém, a troca de olhar entre eles dizia para Hector ficar de olho em mim.
— O que há de errado com ele? — Hector perguntou confuso embora sua curiosidade banhasse suas írises.
— É uma longa história Hector, uma longa história…— O respondi sentindo novamente o sono, bocejei antes de alcançar uma garrafa de água para levar para o meu quarto.
— Não me venha com essa pestinha! — Hector tentou me fazer falar, sorri docemente para ele me esticando para deixar um beijo em sua bochecha.
— A ignorância às vezes é uma benção irmãozinho. — Pisquei para ele com um só olho antes de seguir calmamente em direção às escadas.
— Eu sei, mas quem deve decidir isso sou eu. — Ele me respondeu enquanto me acompanhava até os primeiros degraus da escada.
— Eu amo vocês por sempre tentar me proteger de tudo, mas há batalhas que eu mesma preciso travar. — O abracei antes de subir mais um degrau. — Boa noite irmãozinho. — Sorri para ele vendo-o acenar embora seu semblante demonstrasse que ele discordava do que eu havia dito.
— Boa noite, pestinha. — Ele me respondeu seguindo na direção de seu quarto.
Com passos calmos subi os degraus sem fazer muito barulho, tendo minha em minha mente o que havia dito a sua mãe; não poderia deixar as emoções guiarem minhas próximas ações, não era assim que se derrubava um Wright…eu pensaria em algo nos próximos dias enquanto garantiria ao meu namorado que não faria nada, construiria um álibi sólido demais para que os Wright não pudessem o refutar. Um pouco mais calma alcancei meu quarto, acendendo apenas o abajur para não revelar que estava desperta caso alguém passasse pela porta do meu quarto. Deixei a garrafa ao lado da mesa de cabeceira alcançando minha mochila com meus materiais, revisando algumas matérias antes de voltar a dormir, e pela manhã encontraria Jass e olharia o que ela havia anotado sobre o desempenho atual das garotas. Fazia apenas algumas semanas que havia sido proibida pela treinadora de aparecer nos treinos, mas sentia saudades de treinar minha equipe, suspirei apoiando minha cabeça sobre minhas mãos, com os amistosos próximos demais minha preocupação estava ainda maior e com a situação de eu só queria agir de forma impulsiva…Maldita mania de se deixar levar pelas emoções! Respirei fundo, abri o penal com as canetas e então voltei minha atenção para os cadernos sobre minha mesa, focaria em uma coisa de cada vez.
Os primeiros raios solares adentraram o meu quarto devido ao esquecimento fechar as cortinas na noite anterior, cobri minha cabeça com os cobertores resmungando ainda sentindo o sono em cada célula do meu corpo, e de alguma forma voltei a dormir sendo despertada pelo puxão inesperado de meus cobertores; me sentei com o semblante mal-humorado.
— Está na hora da senhorita acordar bela adormecida. — Garrett enrolou os cobertores o mais próximo de uma bola e os atirou em minha direção.
— Será que vocês não conseguem acordar alguém normalmente? — O respondi em um tom ácido passando por ele alcançando minha toalha no caminho até a porta do banheiro.
— Bom dia para você também pestinha. — Garrett me respondeu rindo antes de sair do quarto fechando a porta no processo.
Rolei os olhos antes de trancar a porta como um ato automático, tirei meu pijama colocando-os no cesto antes de girar o registro esperando a água esquentar antes de entrar debaixo do chuveiro apreciando a sensação da água quente sobre minha pele. Permaneci no banho um pouco mais de tempo do que normalmente, me arrumei sem pressa arrumando meu cabelo em uma trança lateral, seguindo para o desjejum encontrando todos já sentados à mesa. Os saudei com um bom dia geral antes de começar a me servir, a fome falava mais alto do que o senso de cordialidade naquele dia.
— É, você realmente fica intragável quando está com fome. — A voz de Roman me fez dar um pulo na cadeira devido ao susto.
— Rom! Não seja mal educado. — A voz de Becky soou as minhas costas, o que indicou que eles haviam acabado de chegar.
— Becky, Roman, sejam bem vindos, queridos. — Mamãe se levantou seguindo até eles para os cumprimentar.
— Venham crianças, há sempre um lugar para vocês. — Papai os saudou indicando as cadeiras vazias na mesa.
— O que te fez cair da cama tão cedo? — Dirigi minha pergunta a Roman sem o encarar, estava ocupada alcançando um pedaço de bolo.
— Você é realmente um doce com esse mal humor, . — Roman me respondeu no mesmo tom.
— Experimente ter três patetas como irmãos mais velhos, e quero ver se você vai permanecer com esse bom humor. — O respondi num tom baixo, porém repleto de sarcasmo.
— . — Meu pai foi sútil, mas seu tom sugeria que eu deveria parar com aquilo.
— Desculpe. — O respondi antes de levar a xícara aos meus lábios evitando dirigir novas palavras a Roman, a quem lhe dava um olhar aborrecido.
— O que os trouxe tão cedo, queridos? — Vovó perguntou atraindo a atenção para ela, sorri em agradecimento antes de levar um pedaço do bolo aos lábios após engolir o café.
— A mãe do Rom acabou de ser notificada que os terceiros anos não terão aula. — Becky respondeu alegremente.
— Era isso que Hopkings queria tão cedo?! — Zara declarou em constatação.
— Então, quais os planos para hoje? — Hector perguntou curioso.
— Você tem as suas entregas, quanto a mim estarei estudando para as provas do final do semestre e para os vestibulares. — Limpei minha boca no guardanapo me levantando para alcançar um pão, me sentia faminta naquela manhã.
— ! — Becky exclamou em protesto.
— Acho que alguém planejou o dia todo, você não vai querer recusar, confie em mim. — Roman piscou para mim.
— Por quê? — , Garry e Hector perguntaram em uníssono.
— Não! — Roman e eu respondemos cobrindo a face assim que Becky se levantou.
E pelos próximos vinte minutos Becky enumerou todas as razões do porque deveríamos seguir seus planos, detalhou cada uma das coisas que ela planejou fazer durante aquele dia e como ela se sentiria caso não seguissem o que ela organizou com tanto cuidado. No semblante de meus irmãos e havia o arrependimento de ter feito a pergunta, meus avós discretamente deixaram a mesa enquanto Becky falava desenfreadamente. Zara e Kayron se ausentaram assim que minha amiga se calou enquanto meus pais deram uma desculpa qualquer após desejar que tivéssemos um bom dia.
— Eu tentei avisar. — Comentei enquanto ajudava Garry a tirar a mesa.
— Becky realmente é persistente. — Garry me respondeu olhando sobre seus ombros para Roman, e Becky na sala de estar.
— Você não imagina o quanto. — Ri desviando dele após Garry tentar me empurrar de lado.
— Você realmente é uma pentelha! — Garry riu balançando a cabeça negativamente enquanto sorria em diversão.
Capítulo 75
Em meio a provocações e risos terminei a minha tarefa, a louça ficou sobre a responsabilidade de Hector, assim segui para o andar de cima para me trocar; vesti uma calça jeans, uma regata azul- marinho e joguei uma jaqueta marsala, coloquei os all stars da mesma cor da jaqueta e organizei todo o conteúdo da minha mochila em cima da mesa antes de guardar o que precisaria durante o dia. Desci as escadas procurando-os com o olhar, meu pai indicou o lado de fora, o abracei me despedindo antes de gritar um adeus a todos seguindo para o lado externo da casa. Entretanto permaneci parada sobre o umbral da porta de casa, observando brincar com meus cachorros, discretamente alcancei meu celular tirando algumas fotos, eu sentia orgulho do meu garoto, sorrindo me aproximei deles após guardar o celular em meu bolso.
— Vamos no carro de Becky. — abriu a porta para mim assim que me aproximei.
— Obrigada. — Sorri para ele me sentando atrás do banco do motorista e colocando o cinto. — Não é como se tivéssemos alguma escolha. — Dirigi a última parte a Becky que me lançou um olhar rabugento.
— . — Roman rolou os olhos se sentando no banco do motorista após fechar a porta de Becky.
— O que houve pela manhã que te deixou assim? — perguntou curioso, mas em um tom baixo para não despertar a atenção dos meus amigos.
— Garrett e seu péssimo hábito de acordar às pessoas. — O respondi repousando a cabeça sobre o encosto do banco.
— Isso é um mal dos . — Roman comentou demonstrando ter escutado o que havíamos falado. — Você se lembra de jogar um balde de água fria em cada primeiro dia de aula ? — Roman me indagou colocando a chave na ignição antes de dar a partida no carro.
— Isso é diferente, é a nossa tradição. — Acabei rindo ao me lembrar das vezes que o acordei daquela maneira.
— Você não fez isso! — Becky cobriu a boca tentando esconder o riso. — Eu pensei que houvesse parado alguns anos atrás.
— Essa é a razão pela qual Roman parece que quer matar todo mundo no primeiro dia de aula. — riu enquanto falava.
— E não é como se eu não tentasse evitar isso em cada ano, meus pais já passaram para o lado dela e não importa se eu trancar meu quarto, ou dormir em outro lugar , eles sempre vão ajudá-la a cumprir essa tradição que ela inventou . — Roman manobrou o carro antes de seguir para a saída.
— Você fala isso como se não fizesse a mesma coisa em cada último dia de aula. — O respondi olhando de modo incisivo. — Roman tornou impossível usar branco no colégio.
— Vocês são como verdadeiros irmãos. — Becky riu ligando o rádio.
— Não ouse colocar naquela estação ridícula com músicas superficiais. — A avisei notando a forma que ela trocava as estações a procura de algo específico.
— Você é realmente chata para música. — Becky me respondeu tocando na tela do rádio ligando a opção bluetooth.
— Eu quero escolher as músicas dessa vez. — Roman protestou olhando o espelho retrovisor observando o trânsito antes de avançar no cruzamento.
— Você escolheu da última vez. — Becky o lembrou alcançando seus óculos escuros no porta luvas.
— Porque você não escolhe ? — Sorri para entregando meu celular nas mãos dele com o aplicativo de música aberto.
— Eu não acredito, você realmente está deixando ele escolher? — Roman olhou para trás assim que parou no semáforo.
— Você não vai calar a boca se eu as escolher, ele é uma opção neutra. — Dei de ombros contendo o sorriso de aprovação assim que ouvi a música que havia escolhido.
— Você já o testou. — Becky balançou a cabeça pensando em voz alta.
— Não, eu não o fiz. — Ri olhando para que havia procurado por sua playlist no aplicativo em questão.
— Claro, e o céu é rosa agora. — Roman rolou os olhos antes de voltar sua atenção para o trânsito.
Ignorei os resmungos de Roman voltando meu olhar para , sendo surpreendida por o encontrar me observando. Sorri calmamente esticando minha mão para ele, colocou o aparelho sobre a palma da minha mão, balancei negativamente a cabeça deixando o aparelho no bolso da jaqueta esticando outra vez minha mão na direção dele. As íris esmeraldas me deram um olhar confuso, acabei rindo alcançando por mim mesma a mão dele entrelaçando os nossos dedos, ouvi algo parecido com um engasgo vindo da frente do carro, ao erguer meu olhar encontrei Becky cobrindo a boca enquanto nos observava acima das lentes escuras de seu óculos.
— Nem uma palavra! — Articulei as palavras sem emitir um som, ao que ela balançou a cabeça contrariada mas se resignou a deixar de lado.
Deitei minha cabeça no ombro de , desta vez conscientemente, as vezes anteriores havia ocorrido devido a nossa proximidade durante as viagens para as competições; aquela manhã me sentia confortável em estar agindo daquela maneira na frente dos meus amigos, havia decidido demonstrar mais afeto, por mais teimosa que eu fosse, era quem demonstrava mais entre nós dois, então, mesmo que aos poucos, estava tentando me abrir mais para ele.
— Uma moeda pelos seus pensamentos. — Ouvi a voz de me indagar, fechei os olhos por um momento prolongando o silêncio por mais alguns minutos.
— Estou pensando em como eu não tenho a mínima ideia para onde estamos indo. — O respondi ouvindo-o rir em seguida.
— Como você conseguiu ignorar o discurso de sua melhor amiga ? — me respondeu com uma pergunta, em seu tom de voz havia um misto de surpresa e curiosidade nata.
— Experiência, meu caro . — O respondi encontrando seu olhar vendo-o rir ainda mais.
— O que vocês dois estão cochichando aí atrás? — Roman perguntou em um volume acima da música.
— Me diga que eu não sou a única que não tem a menor ideia para onde estamos indo?! — O respondi ignorando o olhar repreensivo de Becky.
— Você realmente gosta de me colocar em situações desvantajosas . — Roman me respondeu escapando dos tapas de Becky.
— Vocês dois são impossíveis! — Becky exclamou desacreditada.
— Meu cérebro desliga toda vez que você começa a nos repreender Becky, não consigo evitar. — Me movi para perto da porta evitando as mãos dela assim que havia me tornado seu novo alvo.
— E ainda se diz minha amiga! — Ela voltou a exclamar irritada.
— Você sabe que eu te amo, mas não consigo evitar, você realmente se empolga em suas repreensões. — Pisquei um olho para ela enquanto sorria zombeteira.
— Eu não consigo acreditar! — Ela bufou cobrindo a face com suas mãos. — Para onde você está nos levando? — Becky dirigiu sua atenção a Roman outra vez.
— Eu não tenho a menor ideia. — Roman riu antes de estacionar o carro no acostamento.
— O que eu faço com vocês dois?! — Becky exclamou num suspiro cansado.
— Agora qual o plano? — perguntou olhando de Roman para Becky e vice versa.
— Descobrir onde estamos. — Becky respondeu saindo do carro sendo seguida por Roman.
— Ela está bem? — indagou olhando de maneira confusa para mim.
— Sim, ela só precisa respirar um pouco para se acalmar. — O tranquilizei antes de voltar a falar novamente. — Não se preocupe, Roman conhece todas as estradas, ele somente precisa identificar qual rodovia estamos antes de seguir o itinerário de Becky.
— Vocês são um trio um tanto incomum. — comentou rindo, seus olhos estavam particularmente brilhantes naquela manhã.
— Eu ouço isso o tempo todo, as pessoas gostam de questionar o porquê de sair com eles só porque eles são um casal. — O respondi com certa indignação, não por causa dele.
— Você realmente está acostumada a ouvir o pior das pessoas. — Meu olhar alcançou a face dele em plena surpresa, em seu tom de voz havia algo que eu não conseguia identificar, emoções profundas demais para serem lidas com facilidade.
— Eu sou uma , eu aguento. — Pisquei para ele tentando o fazer rir.
— Realmente. — Ele concordou esticando sua mão em um pedido mudo. — Mas agora você não precisa aguentar tudo sozinha. — levou minha mão aos seus lábios, eu não sabia dizer o porque sorria feito boba mas havia algo sobre sua ação que me deixava sem palavras.
— Quem diria que a maior das rabugentas estaria sorrindo dessa forma para o garoto que declarava ser o seu inimigo mortal. — Roman surgiu com sua cabeça na janela ao lado de nos pegando de surpresa.
— Roman! — O repreendi vendo-o rir em resposta.
— Eu não sei se você sabe meu caro, mas sou conhecido por ser extremamente encantador. — entrou na brincadeira de Roman passando a mão por seu cabelo de forma teatral.
— Parece que seremos um quarteto a partir de agora, minha cara. — Becky entrou no carro sorrindo satisfeita.
— Quando vocês se aliam se tornam realmente insuportáveis. — Rolei os olhos alcançando meu celular trocando a música para uma que os três detestaram.
— O que houve com "a escolha neutra"?! — Roman entrou no carro exclamando em reclamação.
— Me cansei dela. — Dei de ombros me juntando ao cantor proferindo a canção apenas para provocar meus amigos.
— Me lembre de não deixá-la controlar a música na próxima vez. — Becky falou para como se eles tivessem fazendo um acordo.
— Não ouse! — Estalei um tapa no braço de ouvindo Roman rir.
— Boa sorte , você vai precisar. — Roman ria enquanto dirigia, supunha que ele havia se localizado e agora nos levava pelo itinerário de Becky.
— Por que eu ainda sou sua amiga?! — O respondi com certo drama ouvindo então rir sendo acompanhado por Becky.
— Não precisa se preocupar, Rom, eu já vi todas as partes detestáveis da minha garota. — me abraçou de lado, ergui minha cabeça com as sobrancelhas arqueadas.
— Partes detestáveis, hum. — O respondi balançando a cabeça como se estivesse pensativa.
Pelo meu tom de voz soube que estava zangada, Roman riu dando um olhar de boa sorte a enquanto Becky parecia estar completamente alheia ao que estava acontecendo, o som do carro havia sido desligado naquele momento; enquanto meu olhar o dizia que não deixaria escapar.
Capítulo 76
— Minha garota, vocês realmente são feitos um para o outro. — Becky exclamou animada sorrindo largamente.
— Baby, eu não sei se você entendeu o que está acontecendo ali atrás, estamos prestes a testemunhar a morte do nosso . — Roman a respondeu, enquanto eles conversavam meus olhos estavam sobre a figura de .
— Você sabe que eu amo todos os seus espinhos, Love. — sorriu travesso me testando.
— Detestáveis. — Repeti a palavra como se ela possuísse um gosto ruim. — Você realmente me ama, hein. — O respondi um pouco mais ácida do que gostaria.
— Eu usei a palavra errada. — Ele ergueu as mãos em rendição, embora mantivesse seu sorriso mais irritante.
— Eu já lhe disse o quanto o odeio hoje, ? — O respondi me movendo para longe dele enquanto cruzava os braços sobre o tronco.
— Falta muito para chegarmos? — Ele voltou sua atenção para Roman num pedido mudo por ajuda.
— Infelizmente sim. — Roman tentou segurar o riso enquanto o respondia.
soltou um suspiro em claro desespero antes de olhar para Becky atrás de ajuda, ela balançou a cabeça negativamente e indicou com sua cabeça para ele resolver isso sozinho.
— Love, você sabe que eu adoro cada pequeno ponto insuportável de sua personalidade, é apenas um velho hábito te provocar além do limite. — me puxou para o seu lado dizendo cada palavra próximo demais de meus ouvidos. — E você sabe que fica irresistivelmente linda quando está brava. — A última fala não passara de um sussurro mas com o silêncio do carro duvidava que meus melhores amigos não houvessem escutado.
— Como pode um ser possuir todas as coisas que eu detesto?! — Reclamei me virando para ele no processo. — Você pode ser insuportável, mas é o meu insuportável. — O respondi em um tom de provocação levemente mal-humorado, apenas para manter as aparências de que não estava completamente rendida por ele.
— É tão romântico a forma que você diz que o odeia. — Roman zombou rindo em completa diversão.
— A forma que ela diz o amar são os insultos, baby. — Becky concordou com Roman sorrindo calmamente.
— Vocês dois realmente tiraram o dia para gastar o pouco de paciência que tenho! — Os olhei seriamente embora estivesse mordendo o canto interno da bochecha para não rir.
— Eu não te disse. — Becky deu de ombros como se estivesse provando seu ponto.
— Estamos próximos ou ainda vai demorar muito para chegar? — Me pronunciei tentando mudar de assunto, o que não passou despercebido pelos três.
— Quem se declarou primeiro? — Becky perguntou ignorando minha pergunta.
— Isso é uma pergunta interessante e perigosa baby, nós temos as pessoas mais insuportáveis da cidade que preferiam morrer a estar na presença um do outro. — Roman a respondeu em um tom de alerta e curiosidade ao mesmo tempo.
— Estamos chegando? — Voltei a questionar, preferindo ignorá-los.
— Sim, agora me responda: qual de vocês foi o primeiro a se confessar ? — Roman me respondeu olhando sobre o ombro assim que parou em outro cruzamento.
— Vamos lá , responda! — Becky incentivou enquanto seus olhos brilhavam em expectativa.
— E porque deveríamos responder? — Os respondi com outra pergunta, notando o revirar de olhos de Roman.
— Porque entre amigos não há segredos. — Roman me respondeu em um tom de obviedade irritante que se ele não fosse o responsável por dirigir certamente teria lhe estapeado.
— Porque vocês são interessantes. — Becky respondeu em seguida.
— Você não vai respondê-los, eles não vão parar de falar disso até o final das nossas vidas. — Me virei para que ainda mantinha seus braços ao meu redor.
— Eles só dificultam! — Becky soltou um muxoxo insatisfeita.
— Poderia apostar no , mas conhecendo bem a e o seu jeito, também seria uma opção; é eles realmente dificultam as apostas. — Roman comentou pensativo virando a esquerda antes de estacionar em frente ao parque que ficava no centro da cidade vizinha.
— Não me diga, você preparou tudo de madrugada?! — Me virei para Becky que me olhava com um sorriso largo.
— Fazia algum tempo que nós não passamos um tempo juntos, , você sempre está ocupada com os treinos ou algo para resolver em casa e então me lembrei de quando disse que queria tirar um tempo para descansar e apenas relaxar. — Becky me respondeu honestamente, abri a porta do carro e segui até ela a abraçando forte.
— Obrigada, você realmente é incrível Becky. — Disse enquanto a abraçava.
— Ela tenta manter a pose mal-humorada mas minha garota sempre acaba a surpreendendo. — Ouvi Roman conversar com as nossas costas.
— Eu não fiz tudo sozinha, ele também ajudou. — Becky indicou Roman totalmente alheio, ele pegava as coisas do porta-malas junto de .
— Vocês dois sempre sabem o que fazer para me surpreender. — Sorri seguindo os garotos com ela ao meu lado, estávamos de braços dados.
— Somos seus melhores amigos, . — Becky comentou dando de ombros. — Agora me responda, quem de vocês foi o primeiro a se confessar ? — Ela indagou com os olhos brilhando como uma criança, repleta de curiosidade.
— Prefiro não revelar, você não consegue manter segredos com Roman, embora eu admire isso às vezes me causa dor de cabeça, por conta de o Roman é o Roman. — Pisquei para ela rindo da careta em sua face.
— Você está sendo injusta. — Ela exclamou num suspiro insatisfeito.
— Um dia eu vou te contar, você sabe disso, seja paciente. — Estalei um peteleco na fronte dela correndo em seguida, Becky correu atrás de mim enquanto reclamava.
Fugir dela não fora um problema, como frequentamos o parque com frequência o conhecíamos melhor que nossa própria cidade, antes de Roman e Becky se tornarem um casal, a minha família e a dele costumava organizar piqueniques por ali; então mesmo que perdêssemos os garotos de vista, os encontraria em algum momento. Becky havia sido da equipe de atletismo por alguns anos, ela desistiu do atletismo após uma feira de profissões na qual descobriu o que desejava fazer no futuro, então era divertido correr dela, ajudava a manter a forma. Olhei para os lados me escondendo atrás de um carvalho, me sentei enquanto tomava fôlego, admirei a paisagem à minha frente por alguns instantes. A área daquele lugar era muito bem preservada, o parque na área central da cidade dava a sensação de estar no meio de uma floresta, havia flores pouco comuns por ali, olhei de um lado para o outro conferindo se Becky estava por perto antes de sair de trás da árvore. Andava distraída enquanto observava a paisagem, minhas passadas eram leves e tranquilas, não havia tomado uma direção específica, andava despreocupada sorrindo para algumas crianças que encontrei pelo caminho quando de repente, pega de surpresa fui tirada do chão, o perfume denunciou quem era o meu captor.
— Me coloque no chão Rom! — Bati em suas costas realmente indignada.
— Nã-na-ni na-não! — Ele estalou a língua, ele corria comigo em seus ombros para onde provavelmente estavam Becky e .
— Eu nem fiz a Becky correr tanto assim, vamos lá, me coloque no chão! — Bati nas suas costas enquanto tentava me soltar.
— Você é uma atleta , é claro que teria vantagem sobre a minha namorada. — Ele me respondeu sem dar sinais de que me colocaria no chão.
— Ela continua sendo uma ótima corredora, e você é realmente protetor demais com ela. — O respondi tentando soltar minha pernas, Roman segurava-as a partir dos joelhos tornando difícil me soltar.
— Eu não estou fazendo isso por causa dela, bem não só por causa dela. — Ele parou de andar e me colocou no chão, assim que tentei me debater ele passou a andar ao invés de correr.
— Isso não me parece com você, o que é que está acontecendo? — O questionei cruzando meus braços sobre meu tronco o olhando desconfiada.
— Você ao menos contou ao que não vai mais competir? — Roman me perguntou mudando completamente de assunto.
— Roman, o que está acontecendo? — O questionei realmente séria.
— Os gêmeos Nessbit estão por aqui. — Roman me respondeu bagunçando os fios de seu cabelo.
— Eles deveriam ter passado a noite na casa do Wright. — Cobri a minha face suspirando exasperada. — Me diga que Daniel não está por aqui.
— Não cheguei a vê-lo, mas você sabe que onde tem fumaça há fogo. — Ele me respondeu direto.
— Por quê você perguntou se contei ao que não vou mais competir ? — Indaguei um pouco confusa.
— Ele acha que vocês dois seguiram carreira na natação. — Roman me respondeu honestamente me dizendo de forma subjetiva as expectativas que possuía quanto a isso.
— Ultimamente está sendo realmente difícil ter um dia pacato. — Murmurei rolando os olhos. — Vocês encontraram os gêmeos ou ele os seguiu? — Questionei tentando me concentrar em um problema de cada vez.
— Becky os encontrou enquanto a perseguia. — Por causa do tom de voz de Roman consegui entender o porquê dele estar bravo comigo.
— Eles realmente não perdem a oportunidade de tentar flertar com ela, não é mesmo?! — Acabei rindo diante do olhar azedo que Roman me lançou.
— Isso não importa, os gêmeos terminaram o exercício deles e partiram sem causar problemas. — Roman fez uma careta ao pronunciar gêmeos, o que me fez rir ainda mais.
— Eles sabem que não os perdoarei se aparecerem sem avisar outra vez. — Refleti enquanto seguia Roman para onde estavam e Becky.
— Você conhece muitas pessoas problemáticas . — Roman me respondeu em um tom levemente ácido.
— Você deveria se incluir nesse rótulo, se sua mãe soubesse metade do que já fez garoto! — O olhei em censura.
— Olá minha cara, .
A voz que soou às nossas costas me fez estacar no lugar, fechei os olhos com força desacreditada, como um dia normal poderia se tornar numa tormenta completa! Me virei para Roman o olhando seriamente, de modo silencioso o pedi para manter longe, as coisas apenas se complicariam caso se envolvesse. Enquanto observava Roman correr eu não ousei respirar aliviada antes de encarar a pessoa as minhas costas.
Capítulo 77
— É realmente falta de educação ignorar uma saudação de um amigo, minha querida. — A voz de Victor soou insatisfeita indicando que ele não me deixaria em paz até conseguir o que almejava.
— Nós dois sabemos que você não é um amigo. — Me virei para ele sustentando seu olhar, a frieza e falta de interesse era explícita em meu tom de voz.
— Eu adoro como é arisca, gatinha. — Victor sorriu deliberadamente dando mais um passo ao se aproximar.
— O quão mais clara eu terei de ser para que você entenda que não possuo qualquer interesse, Victor! — Suspirei entediada olhando-o com desdém.
— Esse seu lado petulante deve ser uma dor constante para as pessoas à sua volta. — Victor me respondeu sem sequer piscar, ele permanecia inabalável como sempre.
— Deve ser difícil estar a sua volta, falar com você é cansativo. — Mantive meu olhar desinteressado enquanto dizia cada palavra com indiferença.
— Gatinha, eu sei que isso é apenas uma estratégia para me conquistar. — Ele sorriu travesso, dando mais um passo em minha direção.
— Nem mais um passo, ou farei você ficar fora da competição qualificatória, a qual lhe colocará como um dos candidatos para representar o país nas olimpíadas. — Meu aviso foi contundente, frisando o quanto estava séria sobre aquela ameaça.
— Você cresceu com muitos garotos à sua volta gatinha, mas eu não sou como um desses jovens tolos. — Victor piscou para mim como se eu não houvesse dito nada.
— Victor eu sou a mais nova numa família de cinco filhos, fui ensinada a me defender desde cedo, então acho relevante levar a minha ameaça a sério. — O alertei calmamente, meus olhos sustentam o olhar dele, a percepção do que havia dito enfim permeou suas orbes enquanto Victor absorvia o que lhe foi dito.
— Você se torna mais interessante a cada novo encontro, . — Victor sorriu colocando seus óculos escuros de forma despojada. — Ah, antes que eu vá eu tenho uma mensagem de um velho amigo: ele disse para você ser uma boa garota e não tentar responder o que aconteceu no dia anterior, caso contrário ele tomará medidas mais severas. — Victor me olhou acima da lente de seu óculos escuros o puxando para a ponta de seu nariz. — Realmente me intriga essa relação que vocês dois possuem, Wright parece a conhecer muito bem.
— Então você está na casa dele. — O olhei como se ele fosse o dejeto das piores criaturas existentes sobre a face da Terra. — Você já esteve em melhor companhia, que decadência Victor. — O respondi procurando evitar responder Daniel, ele engoliria cada maldita palavra e aprenderia o porque não se mexia com um .
— Você realmente é única, minha cara . — Victor piscou para mim antes de recolocar seus óculos no lugar, ele seguiu na direção oposta mas não ousei me mover enquanto Roux estivesse em meu horizonte.
Assim que ele desapareceu do meu campo de visão me virei e segui na direção contrária da que Victor tomou. Meu sangue ainda fervia diante a ousadia de Daniel, ele não possuía escrúpulos e muito menos limites; respirei fundo tentando controlar meu nervos, se me visse naquele estado notaria que algo estava errado, massageei minhas têmporas e exalei o ar calmamente, repetindo o processo de inalar e exalar algumas vezes até estar mais calma. Alcancei o celular no bolso da jaqueta discando com um toque o número de Becky, continuei a andar enquanto esperava ela atender.
— , oi, aonde você está? — Ela perguntou tentando esconder o que realmente queria perguntar.
— Eu estou bem, não se preocupe, onde é que vocês estão? — Questionei olhando a minha volta ainda em estado de alerta, o encontro com Victor havia realmente me deixado irritada.
— Você se lembra do chafariz menor? Estamos a alguns metros dele, a oeste. — Desta vez fora Roman a me responder.
— Vocês realmente adoram essa parte do parque. — Acabei sorrindo mudando a direção que estava tomando anteriormente.
— A vista daqui é melhor. — Roman se justificou sem ter muita certeza.
— Porque você só não admite que o lugar se tornou especial depois que pediu a Becky em namoro bem aí. — O respondi provocando enquanto ouvia-o resmungar pego de surpresa.
— Você é uma pessoa irritante .— Roman me respondeu irritado.
— Okay, vejo vocês em alguns instantes. — O respondi rindo antes de desligar o celular, o levei novamente para o bolso interno da jaqueta.
Com o ânimo um pouco mais elevado, caminhei calmamente refletindo a respeito daquele dia, eu sentia que Daniel estava desesperado, buscava me ferir usando o que eu amava, algo fora de seu planejamento o deixava irado…Parei diante uma figueira, observei suas flores pequenas das quais mais tarde seriam trocadas por frutos. Daniel teria sua resposta, ele sofreria as consequências de suas ações, as pessoas não eram peões para satisfazer as vontades dele. Toquei um dos ramos da figueira quando senti que estava sendo observada, me virei assustada encontrando os gêmeos sentados num banco do outro lado em que estava. Suspirei olhando para o céu, olhei de Apollo a Kalil refletindo se iria os ignorar ou não, optando pela opção mais segura alcancei meu celular outra vez ligando para Kalil que se surpreendeu ao ver seu aparelho tocar.
— Seja honesto, foram vocês que trouxeram Roux para esse lugar hoje? — O questionei sendo direta.
— Não, não tínhamos ideia de que estaria por aqui Sirena. — Kalil me respondeu apressado, seus olhos não desviaram de mim.
— Coloque no autofalante. — O observei antes de prosseguir. — Quanto vocês sabiam dos planos de Daniel?
— Apenas o que ele revelava, você sabe como ele não confia muito nas pessoas, então ele não nos contava muita coisa. — Apollo fora quem me respondeu dessa vez.
— Isso soa como algo que ele faria. — Acabei pensando em voz alta.
— Sirena, nós não sabíamos o que Daniel estava fazendo e o tamanho da gravidade até aquela noite. — Apollo voltou a falar após perceber que eu não diria nada.
— Nós cortamos qualquer laço com ele, você é aquela quem somos leais. — Kalil aproveitou a oportunidade e falou logo após os eu irmão.
— Como sabiam de ? — Os questionei me movendo na direção deles.
— Daniel. — Os dois me responderam em uníssono.
Desliguei o aparelho voltando a guardá-lo e então me posicionei na frente deles os observando cuidadosamente, avaliando se estavam sendo honestos ou não. Havia decidido dar-lhes uma segunda chance embora precisasse de um tempo para mim; no entanto eu realmente sentia falta deles, assim como Roman e Becky, Apollo e Kalil eram meus amigos mais próximos, haviam acompanhado cada etapa minha na natação, as competições e campeonatos eram aguardados com ansiedade porque sabíamos que nos encontraríamos…o ato deles havia realmente me magoado, mas em nome da nossa longa história de amizade estava disposta a dar-lhes uma segunda chance.
— O que estão fazendo nesta cidade? — Voltei a questionar apenas por precaução, se Victor estava na casa de Wright gostaria de saber onde os gêmeos estavam hospedados.
— Nossos avós moram aqui, Sirena. — Kalil me respondeu olhando parcialmente decepcionado pela minha desconfiança.
— Eu pensei que eles houvessem morrido. — Outra vez meus pensamentos escaparam pelos meus lábios sem querer.
— Esses são por parte de pai, nós perdemos os pais da nossa mãe anos atrás. — Apollo me lembrou em um tom sério.
— Desculpa. — Fui sincera em minha fala, me rendi e então sentei ao lado deles. — Eu não quero mais continuar brigada com vocês dois. — Revelei apoiando minha cabeça na parte do encosto do banco de madeira.
— Nós sentimos a sua falta Sirena. — Kalil se pronunciou, mesmo que eu não estivesse olhando-os, sentia o olhar deles sobre mim.
— Eu sei, porque também sinto a falta de vocês dois. — Me sentei de forma adequada olhando-os calmamente.
— Então, você não vai nos afastar mais? — Apollo me perguntou com um pequeno sorriso querendo despontar em seus lábios.
— Não, mas eu não posso garantir que meu namorado não vai tentar fazer isso. — Mordi o lábio contendo o riso enquanto os observava processar o que havia dito.
— Você só pode estar brincando! — Apollo foi o primeiro a falar.
— Você está com o ?! — Kalil parecia espantado.
— É demais para mim, como, quando e porquê?! — Apollo voltou a falar agitado.
— Uma outra hora os respondo, tenho que encontrar ele em algum lugar desse parque. — Me levantei com um sorriso zombeteiro em meus lábios.
— Você realmente é terrível Sirena! — Kalil exclamou me dando um olhar divertido.
— Você terá que nos contar essa história! — Apollo foi incisivo embora exibisse o mesmo olhar que o seu irmão.
— Vejo vocês por aí. — Pisquei para eles acenando em despedida sem realmente confirmar algo.
Me sentindo mais leve e mais alegre atravessei o que faltava para encontrar o meu namorado e os meus dois melhores amigos, quando os avistei sorri plenamente me sentando despreocupada ao lado de , antes que ele pudesse dizer algo o silenciei com um encostar de lábios, rápido era mais eficaz.
— O gato comeu a sua língua? — O provoquei sorrindo em satisfação.
— Você realmente é imprevisível Love. — Ele levou a mão a minha face antes de tomar meus lábios nos seus.
— Ei, casal, vocês não estão sozinhos. — Roman atraiu nossa atenção com seu costumeiro mal-humor.
— Você ainda está ranzinza por causa do que houve mais cedo ?! — Voltei minha atenção para Roman sentindo a ponta do nariz de deslizar pelo meu pescoço. — Estamos em local público, se comporte! — Me virei para o avisando embora contivesse o desejo de selar os lábios dele outra vez.
— O que houve mais cedo? — perguntou completamente alheio.
— Você não vai gostar meu caro. — Roman o respondeu se esticando para alcançar a cesta com as comidas preparadas para aquele dia.
— Roman! — Becky o repreendeu, o que atraiu a atenção de .
— Porque eu tenho a sensação de que vocês estão escondendo algo de mim. — observou Becky e Roman com cuidado.
— Porque eu pedi para eles te manterem as escuras, nós vamos falar sobre isso mais tarde por agora vamos ter um dia agradável. — O respondi segurando seu rosto olhando diretamente as lumes .
— Porque eu sinto que vou me arrepender sobre isso?! — murmurou, mas ainda assim acenou em concordância.
Apenas ri deixando outro beijo rápido sobre seus lábios antes de alcançar a cesta espalhando cuidadosamente as comida pela toalha ouvindo Becky puxar um assunto seguro que logo atraiu a atenção de Roman e ; sorri agradecida para Becky enquanto escolhia o que melhor parecia agradável ao meu olhar.
Capítulo 78
Sorrir era natural estando ao lado dos meus amigos, parecia sempre fazer parte do grupo, sua estranha habilidade de integração me surpreendia ao mesmo tempo que me fazia o compreender um pouco mais; era muito mais do que deixava transparecer e a cada dia eu aprendia um pouco mais sobre ele, ele poderia estar certo sobre mim, antes eu realmente não sentia tanto interesse por ele, embora tivesse que o observar para me preparar quanto as armadilhas e pregações de peças, no entanto agora eu realmente queria descobrir além da superfície, seus pensamentos mais íntimos… era como o oceano, familiar mas ao mesmo tempo repleto de mistérios para se desvendar.
— Ela possui a estranha habilidade de se perder em pensamentos, não importa em que lugar ela esteja. — Ouvi a voz de Becky, ela parecia estar a quilômetros de distância, pisquei meus olhos notando que os três me observavam.
— Sua cara de paisagem é terrível . — Roman comentou apenas para implicar, escapando das mãos de Becky, a qual lhe dava um olhar zangado enquanto tentava o estapear.
— Somos muito tediosos para entretê-la ou algo lhe chamou atenção, me pergunto qual dessas alternativas é a que melhor se enquadra. — falou de forma analítica, seus olhos me observavam cuidadosamente.
— As vezes eu simplesmente me desligo, não há algo urgente que necessite de um grande esforço dos meus neurônios. — O incitei me deitando sobre sua perna sorrindo manhosa, pisquei o olho para ele antes de dirigir meu olhar para meus amigos, os quais me encaravam de certa forma surpresos.
— O que você fez com a nossa amiga ranzinza, sarcástica? — Becky acusou enquanto gesticulava agitada.
— Respire Becky. — Acabei rindo de sua reação. — Ela está aqui, mas por agora a deixarei descansar um pouco porque também preciso relaxar de vez em quando. — Pisquei um de meus olhos ouvindo Roman bufar.
— Que bobagem, você sabe que não precisa dar desculpas para justificar o porquê de se sentir confortável. — Roman retrucou alcançando sua lata de refrigerante enquanto falava. — É surpreendente, obviamente, que esteja agindo dessa maneira afinal você é a louca pelo controle, , você não conseguia desligar e simplesmente relaxar, devo agradecer ao por isso. — Roman levantou sua lata em uma espécie de brinde após silenciar-se.
— É, ele me entende. — Pronunciei as palavras silenciosas presentes no olhar de . — Você não precisa se incomodar com isso, Roman e eu nos suportamos por longos anos, é inevitável que tenhamos aprendido um sobre o outro. — Dei de ombros me dirigindo ao mesmo tempo para Becky e .
— É estranho que um garoto te entenda melhor que uma garota? — Becky pensou em voz alta sem qualquer sinal de chateação ou ressentimento.
— Levando em conta que é da Love de quem estamos falando, então não, faz até mais sentido. — sorriu travesso para mim enquanto levava minha mão aos seus lábios.
— É, a personalidade de vocês foi o que atraiu um ao outro. — Roman concluiu pensativo enquanto tomava sua bebida.
— Por quê isso me pareceu um insulto ? — O questionei me sentindo levemente ofendida.
— Se levar em consideração a sua reputação, talvez isso possa soar como insulto . — Becky sorriu docemente enquanto caçoava abertamente.
— Dá para acreditar neles?! E depois eu sou aquela que tem uma personalidade duvidosa. — Olhei indignada para , o qual ria se divertindo completamente.
— Vocês são um trio inusitado. — retrucou sorrindo de forma relaxada.
— É, ouvimos o tempo todo coisas semelhantes. — Becky deu de ombros sorrindo tranquilamente.
— Bem, já que estamos por aqui e a finalmente tem alguém para lhe fazer companhia, deixe-me ter um momento com a minha garota. — Roman se levantou estendendo sua mão para Becky.
— Você é insuportável Roman. — O respondi rolando os olhos.
— Eu apenas disse a verdade, minha cara amiga. — Roman sorriu zombeteiro piscando um olho antes de seguir numa direção indefinida com Becky o acompanhando.
— Quando vocês dois começam a discutir é realmente engraçado de se acompanhar. — comentou atraindo minha atenção.
— Roman é outro que sabe me provocar. — O respondi rolando os olhos suspirando pesadamente.
— Devo sentir ciúmes? — questionou atraindo meu olhar devido ao seu tom de voz.
— Não, Roman é como se fosse um irmão, nunca passou por nossas mentes nos envolver, além de que Becky e ele são almas gêmeas, então pode ficar tranquilo meu caro namorado. — Me sentei sorrindo de forma debochada, me aproximei dele pousando minha cabeça em seu ombro o olhando calmamente. — Hoje você está estranhamente calmo, aconteceu alguma coisa?
— Às vezes esqueço o quão bem você consegue me ler. — Ele suspirou fechando os olhos por alguns segundos.
— Estou mais atenta do que imagina, querido. — Deixei um beijo suave e breve em sua bochecha, procurando não o pressionar.
— Afiada como sempre. — tentou manter o clima ameno, seu sorriso mantinha-se firme embora estivesse mais contido.
— Seu bem estar é uma das minhas prioridades, não sou tão sem coração como andam espalhando por ai. — O provoquei usando um tom zombeteiro ao enunciar a última parte da sentença, ouvi ele rir antes de entrelaçar seus dedos nos meus.
— Essa sua boca atrevida ainda a colocará em maus lençóis, . — se inclinou aproximando ainda mais nossas faces.
— Desde que seja os seus lençóis, eu não me importo. — Pisquei para ele vendo-o engasgar surpreendido pela minha fala ousada.
— ! — Era apenas o meu nome que escapou de seus lábios sedutores, mas em seu tom havia uma infinidade de palavras não ditas, seus olhos verdes-esmeralda havia escurecido um tom diante o desejo.
— Sim ? — O instiguei, testando seus limites.
— Você realmente é um problema ambulante. — resmungou levando sua outra mão aos cabelos enquanto os bagunçava suspirando pesadamente.
— Desde a sua confissão, eu sou o seu problema ambulante. — Sussurrei ao pé do ouvido esquerdo dele observando-o se empertigar prendendo a respiração, seus pelos da nuca arrepiaram. — O gato comeu a sua língua? — O provoquei após o período de silêncio que se estendeu após minha última fala.
— . — Após soltar o meu nome num tom baixo, íntimo, desejoso, me beijou sem se importar aonde estávamos.
segurou minha face com a mão direita, seu braço esquerdo rodeou minha cintura, seus lábios suaves tocaram os meus como se eles estivessem em brasa, sedentos, ansiando provar o fruto mais suculento; ele tomou o controle antes que eu pudesse detê-lo, culparia seu perfume inebriante, a doçura de sua boca, o efeito que suas íris causavam em mim, mas não admitiria, ao menos não em voz alta, que gostava de quando tomava a frente, o controle…Me afastei lentamente dele, meus lábios curvados em um sorriso irritante, tomando fôlego enquanto permanecia de olhos fechados, apreciando estar tão perto dele, minha tez estava recostada em seu ombro esquerdo, ocultando parte da minha face de seu olhar abrasivo.
— Eu amo você, . — Doce, suave como uma brisa de verão, a voz de saiu num sussurro, em um tom íntimo, sincero em cada sílaba, ergui meus olhos encontrando as íris já fixadas em minha figura.
— Eu te amo, . — Levei sua mão direita aos meus lábios beijando a palma dela.
Era a primeira vez que admitia tal sentimento em voz alta, verbalizando o que meu coração já gritava em cada retumbar, declamando o que meus pensamentos berravam em uma enxurrada contínua, a cada mísera vez que meus olhos encontravam os dele. Não havia como negar algo tão óbvio, exibido em cada olhar direcionado a , meus lábios encaixavam perfeitamente nos dele, seus braços pareciam ajustados ao meu ser, a criatura mais irritante sobre a face da Terra era a minha cara metade, minha oposição perfeita, a força magnética contrária que me atraía, polos opostos, faces diferentes de uma mesma moeda…Havia nascido para o amar, o provocar, vê-lo sorrir e o amparar quando ele precisasse.
— O amor me apavorava, eu sei, estranho não é mesmo?! — Sorri enquanto mantinha meu olhar no dele. — Me dei conta que o amava algum tempo depois que você se confessou, fora uma verdadeira batalha, eu nunca senti tanto medo, confusão, desespero quanto naquele dia. — Mantive sua mão na minha colocando-a sobre minha bochecha enquanto falava. —Eu não sou muito boa com as palavras, e está tudo bem, você se expressa melhor com palavras e eu com ações, somos complementos que transbordam em sua intensidade. — Pisquei para ele vendo-o balançar a cabeça sorrindo travesso. — Sou teimosa demais, mas quanto a nós dois quero ceder um pouco mais, procurar ser mais paciente, não negligenciar meus sentimentos tão severamente como antes. — Toquei os lábios dele com o meu indicador o silenciando. — Estou quase acabando, querido seja um pouquinho paciente. — Sorri tranquilamente antes de prosseguir. — Eu o amo, com cada microcélula do meu corpo, guardarei seus segredos comigo, isso é uma promessa, quero que dependa um pouco mais de mim, você não precisa se esconder mais, eu o enxergo , todos seus dramas familiares, você poderá compartilhar comigo, estou ao seu lado para o auxiliar, serei sua força quando o cansaço te abater, você não precisa mais esconder suas cicatrizes, eu te amarei com cada uma de suas imperfeições perfeitas.
me beijou assim que eu terminei de falar, o que o primeiro beijo havia de voracidade, o segundo havia de desfrutamento, lento, amoroso, suave e ao mesmo tempo em que o amor era declamado em cada mover, suspirar, ofegar, ele me beijava com adoração; seus braços me mantinham em seu colo enquanto me abraçava, os batimentos de seu coração sincronizados ao meu, naquele instante não era preciso de palavras para se expressar. Sobre o calor dos raios solares de uma tarde agradável da primavera, sobre as inúmeras possibilidades e improváveis probabilidades, estávamos exatamente onde deveríamos estar, unidos por nossas oposições naturais, ligados por um sentimento subestimado porém precioso diante sua natureza rara, afinal muitos poderiam se apaixonar porém poucos realmente amavam!
Capítulo 79
Quando Becky e Roman retornaram era aquele que estava deitado, havíamos trocado de posições, se houvesse obstáculos e barreiras entre nós naquele dia elas haviam encontrado seu fim. Roman e Becky estranharam meu humor, no entanto eu estava tão inegavelmente aliviada ao enfim dizer o que escondia de há algum tempo que não me importei. conversou com meus amigos naturalmente, como se nos últimos minutos não houvesse coberto minha face com inúmeros beijos, dedicado sua energia em testar quanto fôlego eu poderia prender enquanto desfrutava de seus beijos…Em algum momento Becky se aproximou e indicou com o olhar o chafariz a nossa direita, acenei concordando. Toquei o ombro de indicando que eu queria me levantar, ele se sentou com um olhar de curiosidade, ri diante o brilho infantil que parecia o rodear.
— Estarei ali com a Becky. — Indiquei o chafariz antes de me levantar.
— Tem certeza que o deixará comigo? — Roman provocou erguendo uma sobrancelha sorrindo.
— Vocês já conversavam antes deles se tornarem um casal! — Becky o repreendeu antes de seguir na direção do chafariz.
— Bexxy. — Roman a respondeu num muxoxo.
— Você vai sobreviver, estaremos logo alí. — Zombei encaixando meu braço no dela.
Ouvi rir, pisquei para ele antes de voltar o meu olhar para minha amiga. Ela estava com o semblante neutro, o que de certa maneira me deixou preocupada, nos sentamos no banco do outro lado do chafariz, perto o suficiente para os garotos nos verem mas distante o suficiente para não nos ouvir.
— O que está te preocupando ? — A questionei assim que nos sentamos.
— Você e a sua mania de guardar tudo para si. — Becky me respondeu num tom baixo mas ácido.
— Eu estou bem, você pode ficar tranquila. — Sorri tranquilamente achando adorável a preocupação dela.
— Você é realmente uma dor de cabeça, eu sei que essa sua cabeça deve estar a mil devido aos últimos acontecimentos. — Becky fora enfática ao se referir ao dia anterior.
— Alguma vez falhei para que se preocupasse? — A questionei mantendo a expressão calma devido aos garotos, afinal era comum Becky me repreender mas ambos, Roman e saberiam que algo estava errado apenas com a minha reação. — Não fiz nada para que se preocupe. — Garanti a ela, assim tentando tranquilizá-la.
— Isso não significa que você não fará nada! — Ela me respondeu exasperada, seu olhar expressava a preocupação dela. — uma hora ou outra você poderá ser pega, é dos Wright de quem estamos falando!
— Becky, respire. — Toquei o ombro dela mantendo um sorriso calmo em minha face. — Eu sei me cuidar, não se preocupe, daqui algumas semanas terei os amistosos, a senhorita já falou com a mãe do Rom para verificar se tudo está pronto? — Tentei mudar de assunto para acalmar os ânimos.
— Você é realmente difícil ! Terei cabelos brancos cedo demais por sua culpa! — Ela resmungou ranzinza voltando seu olhar zangado para mim. — Sim, tudo está preparado.
— Eu não sei qual presente dou a Rom esse ano. — Recuei quando notei a face dela ficar rosada, não era vergonha o que minha melhor amiga sentia.
— ! — Becky se levantou, imitei o movimento dela. — Eu te dei uma lista com algumas opções, você sabe qual a probabilidade dele te encontrar nas lojas agora?! — Becky exclamou indignada.
— Eu perdi a lista, foi sem querer. — Levantei minhas mãos em rendição. — Eu não tive muito tempo, você conhece a rotina na minha casa.
— Serei uma senhora antes dos trinta por sua causa! — Becky suspirou se sentando outra vez.
— Não seja dramática, você possui uma ótima genética! — Pisquei para ela rindo.
Becky me deu um olhar zangado suspirando pesadamente antes de voltar seu olhar para frente, se sentando sobre o banco outra vez; a acompanhei encostando minha costas contra a madeira atrás de nós, meus olhos encontraram inicialmente o chafariz, observei as águas que cintilavam sobre o brilho do sol, era um dia agradável de primavera, com uma brisa refrescante…Fechei os olhos apreciando os raios solares, suspirei relaxada enquanto me espreguiçava sorrindo em deleite.
— Você parece um daqueles gatos preguiçosos que se espreguiçam antes de tomar sol. — Ouvi Becky comentar em um tom brincalhão.
— Que belo elogio. — A respondi rindo antes de encontrar seu olhar sobre mim. — Eu conheço esse olhar.
— Você ainda não respondeu a pergunta que lhe fiz no carro. — Becky rolou os olhos me respondendo em tom mal-humorado.
— Você realmente está se parecendo com Roman, quanto mais tempo você passa ao lado do seu namorado, mais semelhante você se torna. — Tentei mudar de assunto com uma provocação, no entanto Becky apenas arqueou suas sobrancelhas zangada.
— O que há de tão grave sobre a minha pergunta ? — Becky questionou realmente interessada em saber as razões pela qual evitava responder.
— Não há nada absurdo em sua curiosidade, mas eu gostaria de manter isso em privado por enquanto, como é a minha primeira vez estando em um relacionamento quero manter ao menos alguns aspectos entre e eu; afinal você sabe como é a minha família, e bem, tendo Rom e você como amigos é difícil ter algum espaço para e eu. — A respondi em um tom suave, segurei as mãos dela enquanto a dizia cada palavra com sinceridade e suavidez.
— E morando juntos, imagino que vocês dois não tenham qualquer chance tendo seus irmãos por perto. — Becky riu com o humor mais leve.
— Você os conhece, eu os amo, mas às vezes eles podem passar dos limites. — Sorri em concordância.
Becky sorriu e deitou sua cabeça em meu ombro, seu olhar encontrou o de Roman, que embora conversasse com , seu olhar mantinha-se nela. Becky era como o centro de gravidade de Rom, assim como o dela era ele, embora possuíssem rotinas diferentes mas quando estavam no mesmo cômodo um olhava apenas para o outro.
— Becky. — A chamei atraindo sua atenção. — Iremos para outro lugar após aqui ? — Indaguei realmente curiosa, afinal havia ignorado o que ela disse no café da manhã.
— Sim, mas você apenas saberá quando chegarmos. — Becky se levantou me olhando em repreensão.
— Ah vamos lá, me conte! — Me levantei sorrindo da forma mais angelical que eu conseguiria. — Não seja tão má, você sabe como eu só consigo prestar atenção em uma coisa de cada vez enquanto estou comendo. — Pisquei docemente para ela.
— Você não levaria o título de detetive se realmente conseguisse prestar atenção em uma coisa de cada vez, a quem você está querendo enganar ?! — Becky me olhou mal-humorada outra vez.
Suspirei exasperada a seguindo, Roman segurou Becky no ar assim que ela se aproximou a girando em seguida causando certo alvoroço, enquanto isso me examinava com atenção, suas perscrutaram calmamente minha figura, atrás de respostas das perguntas silenciosas presas em seu olhar. Me movi na direção dele observando como o sol iluminava seus fios de cabelo, as sombras que seus cílios projetavam nas maçãs de seu rosto, sua postura…Ele deu um passo me alcançando, seus braços me envolveram, e então deitei minha cabeça sobre seu peito apenas ouvindo o seu coração bater.
Conseguia ouvir Becky e Roman rindo, o som de pássaros ao longe, o gorgolejar das águas dançantes do chafariz e principalmente o som do coração de , aquele dia me parecia quase um sonho, apesar dos eventos recentes e o que houve mais cedo naquele dia , tudo parecia ser fruto de um sonho…Ergui minha cabeça encontrando outra vez os olhos de , havia algo sobre aquelas vibrantes que me deixava sem fôlego cada mísera vez que as observava.
piscou para mim antes de responder algo que Becky ou talvez Roman havia dito, eu não fazia a menor ideia porque estava completamente distraída pela figura do meu namorado…Namorado, a palavra soava um pouco estranha aos meus ouvidos, não imaginei estar em um relacionamento naquele ano, as surpresas da vida realmente causavam comoção! Ele me soltou para ajudar meus amigos a recolher nossas coisas, e antes que deixássemos aquele lugar para nos dirigir ao estacionamento, Becky pediu a um estranho que passava por ali, para nos fotografar em frente ao chafariz.
— Após os amistosos, você possui algum compromisso Théo? — Becky indagou de repente, Roman havia se sentado no banco do motorista após guardar as coisas no porta malas.
— Eu suponho que a resposta para essa pergunta seja não, certo?! — respondeu de bom humor.
— Sútil Becky, muito sútil ! — Rolei os olhos afivelando o cinto de segurança.
— Não se preocupe , a minha garota já né contou a respeito da festa que vai rolar por lá, é apenas uma festa, você ia levar o não é mesmo? — Roman parou de assoviar e então olhou pelo espelho retrovisor enquanto falava cada palavra de uma maneira tão despreocupada que me intrigou, olhei confusa para Becky e ela me respondeu com um piscar de olhos me deixando ainda mais intrigada.
— Porque você parece estar confusa? — Roman me questionou ligando manobrando o carro no estacionamento.
— não é a maior fã de festas, você a conhece, Rom. — o respondeu rindo enquanto colocava seus óculos-escuros.
Nesse momento Becky olhou para trás balançando a cabeça negativamente, seu sorriso zombeteiro e o olhar que ela possuía indicava sua intenção.
— Becky, não. — Pedi a ela gentilmente, Roman riu alto assim que eu me pronunciei.
— , meu caro amigo, acho que você ainda não conhece um lado da dama ao seu lado. — Becky sorriu docemente embora suas palavras estivessem banhadas no sarcasmo.
— Love, o que ela quer dizer com isso? — me questionou se possível ainda mais confuso olhando firmemente em meus olhos.
— Talvez seja porque nossa amiga tenha escondido uma face pouco conhecido das pessoas. — Roman o respondeu casualmente.
— Rom! — Exclamei mal-humorada, ele havia me cortado e o olhar de , se possível, estava além da confusão.
— Love…— me pediu uma explicação através de suas brilhantes.
— Somos jovens , é comum que eu tenha saído e frequentado algumas festas. — O respondi calmamente.
— Ainda há lados a se desvendar em você. — me respondeu de forma enigmática embora suas orbes brilhassem naquele dia.
— Apenas estive em locais diferentes que você, afinal meu querido namorado, você não é o único que conhece muitas pessoas. — Pisquei para ele sorrindo em provocação.
— Isso explica muita coisa, Love. — pronunciou as palavras em um tom despreocupado, indicando que de alguma forma ele havia superado tudo.
— Quem sabe, você sabe que eu sou muito boa em manter segredos…Não há nada mais interessante que um bom enigma. — Pisquei para ele que riu entendo exatamente ao que me referia.
— É, vocês foram feitos um para o outro. — Roman rolou os olhos ligando o rádio deixando em uma estação de rádio qualquer.
— Devo concordar. — Becky acenou positivamente em concordância.
Revirei os olhos optando por me calar, deitei minha cabeça sobre os ombros de enquanto aproveitava a música, ainda haveria faces que não vira mas a convivência na fazenda, o compartilhar da direção do clube e estar o namorando facilitaria essa investigação de .
Capítulo 80
O som das ondas possuía um efeito magnético sobre mim, meus olhos contemplavam o enorme oceano em tons diferentes de azuis; do alto do farol a vista se tornava ainda mais bela…Roman dirigiu para um farol em outra cidade, na qual a família dele também possuía uma casa, Becky, Roman e estavam ocupados em explorar o farol enquanto eu não conseguia deixar aquela parte, um mezanino em ferro fundido diante a lâmpada que naquele momento estava apagada. Suspirei encantada, não importava a quantidade de vezes que eu observava o mar, nunca me cansava.
— Você sempre parece em paz próxima as águas. — O timbre grave de me fez suspirar, me virei de costas para o grande oceano encontrando as belas que me fascinavam na mesma intensidade que a imensidão azul outrora observada.
— Minha mãe brincava que eu me parecia mais com um peixe do que gente, enquanto as crianças da minha idade estavam explorando trilhas, brincando com bonecas e até mesmo com outras crianças, eu passava tardes e tardes nas águas do lago ou da praia, fora em uma dessas ocasiões em que conheci Rom. — O respondi calma, estava consciente da presença de meus melhores amigos a alguns passos de nós fingindo não prestar atenção em nossa conversa.
— O apelido que circula na boca de seus adversários realmente faz juz a sua personalidade, Love. — sorriu travesso, ele se colocou ao meu lado em passadas despreocupadas enquanto sustentava o meu olhar.
— Eu não dou muito crédito a ele, é algo que surgiu por causa dos gêmeos, e você sabe como eles podem ser um tanto irritantes. — Ao citar os Nessbit uma careta amarga passou pela face de , ele tentou esconder seu desgosto por eles.
— E como! — Ouvi Roman concordar se aproximando sem qualquer problema em demonstrar que estava ouvindo a conversa o tempo todo.
— Roman! — Becky o repreendeu antes de se colocar ao lado dele.
— Então não sou o único que desgosta dos Nessbit. — deu a Roman um olhar de cumplicidade.
— Vocês dois são impossíveis! — Becky rolou os olhos se colocando ao meu lado. — Vocês dois possuem alguma recordação? Conhecendo a , ela não tirou uma única foto sozinha com o nosso querido . — Becky me deu um olhar significativo.
— Você conhece a sua amiga Becky. — concordou utilizando seu tom zombeteiro sorrindo largamente.
— ! Ao menos uma foto ou outra você precisa tirar para se ter como recordação. — Becky continuou a me repreender.
— Becky nós temos que viver um dia de cada vez, eu prefiro vivenciar experiências gravando-as em minha mente à colecionar fotografias. — A respondi em um tom de enfado.
— perdoe a minha amiga, ela não possui uma única gota de romance em seu DNA. — Becky olhou para com pesar, ela parecia realmente estar se desculpando com ele em meu lugar.
— Becky! — Olhei irritada para ela. — Roman você poderia me ajudar com a sua namorada, por favor?! — Olhei significativamente para ele.
— Você sabe que ela não está errada. — Roman me respondeu com um dar de ombros.
— Eu já aceitei que minha garota é como o deserto do Saara em relação a romance, porém de certa forma ela compensa sua falta de romantismo com algumas ações surpreendentes. — colocou seu braço sobre meus ombros beijando o topo dos meus cabelos, o olhei de forma zangada para esconder a vontade de sorrir quando o ouvi me chamar de sua garota.
— Cuidado com esse lado imprevisível herança do sangue que corre nas veias dela, no futuro lhe renderá dores de cabeça. — Roman o avisou em um tom sério, o que me deixou surpresa.
— Cuidado?! Você não acha que está sendo exagerado? — O questionei em um tom irritado, estava em partes cansada dele reclamar sobre a mesma coisa.
— Olhem os dois para cá, Rom, baby venha aqui e deixe-os, quero pegar um bom ângulo desse dois! — Becky silenciou Roman atraindo sua atenção.
Antes que eu pudesse dizer algo, me abraçou de lado beijando o topo de meus cabelos, naturalmente conduzindo as posses para as fotos que Becky estava tirando. agia de forma tão natural que apenas me deixei ser guiada por ele, aos poucos meu semblante rabugento desmanchou-se em um sorriso tranquilo… possuía esse efeito sobre mim.
— Agora vamos tirar algumas em grupo! — Becky posicionou seu celular sobre a quina de metal que precedia a lâmpada do farol ajustando o timer, segurou no braço de Roman e se colocou ao lado de e eu.
Ela voltou a ajustar o timer algumas outras vezes para novas fotos, Roman tentava manter sua expressão rabugenta de sempre mas não conseguia resistir ao sorriso de Becky; entre alguns resmungos e risos minha amiga fez de uma visita a um farol uma recordação para toda uma vida! Ao sairmos do farol ela nos obrigou a tirar umas dez fotos em frente a ele antes de entrar no carro e Roman voltar a dirigir, as conversas fluíam naturalmente enquanto meu amigo nos conduzia pelas estradas.
Não fora na terceira curva que eu então reconheci o caminho, olhei de Becky para Roman que me deram um olhar repreensivo antes de rirem da careta que se formou logo após esse olhar deles; Becky comentou que estava levando com ela roupas de banho extras, imaginando que eu a roupa de banho em minha casa…O que realmente aconteceu! Devido sua longa repreensão no café da manhã acabei ignorando uma grande parte do que Becky havia dito, Roman perguntou o tamanho da roupa que usava assim que ele estacionou em frente a grande casa de praia de sua família.
— Esse lugar não muda. — Comentei nostálgica enquanto saía do carro sorrindo animada.
— Eu sinto o mesmo toda vez que venho aqui. — Roman piscou concordando antes de seguir até a entrada da casa.
— Quando eu digo que vocês são como irmãos…— Becky não precisou completar, sua expressão dizia exatamente o que havia em seus pensamentos.
— Nos conhecemos há tempo demais Becky. — A respondi seguindo para as escadas com ela logo atrás de mim.
— Eu sei, a amizade de vocês passaram da fase de amigos para família , é um elogio. — Ela me respondeu antes que eu pudesse a contestar.
— Enfim, vamos mudar de assunto, quais foram as roupas de banho que você trouxe? — A questionei assim que adentramos no quarto do segundo andar.
— Dois biquínis e um maiô. — Becky me respondeu colocando as peças sobre a chama a nossa frente.
— Você já escolheu o que vai usar? — Voltei a questioná-la enquanto a olhava.
— Estou em dúvida entre o que usar: o biquíni azul-marinho ou o maiô verde-folha? — Ela ergueu as opções alternando entre elas ao colocá-las sobre o seu tronco para me mostrar.
— Use o que você se sentir mais confortável, não tem erro. — A respondi rindo, Becky me lançou um olhar zangado.
— ! — Becky me olhou mal-humorada parando a minha frente. — Você consegue ajudar a sua melhor a escolher uma das opções ?
— Use o maiô, valoriza as suas curvas e ressalta a cor da sua pele. — Rolei os olhos pegando o biquíni azul-petróleo que Becky não havia tocado.
— Você quer usar o banheiro do corredor ou o do quarto? — Becky me questionou sorrindo largamente após decidir o que colocaria.
— Qualquer uma das opções está bom para mim. — A respondi dando de ombros me deitando sobre o colchão.
— Usarei o banheiro do quarto, não durma ! — Becky me avisou com tenacidade antes de adentrar o banheiro.
Murmurei algo em resposta seguindo para a porta conferindo se ela estava trancada antes de começar a tirar minha roupa, assim que vesti as duas peças que compunham o biquíni me olhei no espelho diante da cama. Não era alguém que parava para refletir sobre sua própria anatomia, minha mente estava tão cheia de questões a respeito do meu time, a universidade que eu pretendia entrar, elaborar estratégias e artimanhas para encurralar quando se tratava de suas pegadinhas irritantes…Meu corpo era a última coisa que eu voltava a atenção, eu gostava da minha aparência, meus olhos eram os mesmos que os de meu pai e meus traços eram semelhantes aos de minha mãe, havia sido criada num lar amoroso; portanto minha autoestima não dependia da aprovação de outras pessoas, possuía minhas próprias convicções e as seguia firmemente.
Assim eu não encontrei pontos que eu detestasse ao avaliar meu reflexo, estava acostumada a usar trajes de banho devido a natação, ou seja, passava mais tempo com o corpo descoberto do que usando roupas compridas, incluindo a questão de que o esporte definia músculos e mantinha meu corpo firme, saudável, sem excessos e eu gostava exatamente do que eu via. Sorri para o meu próprio reflexo soltando meus cabelos, eram raras as ocasiões em que ele se encontrava daquela maneira.
— Eu realmente esperava a encontrar dormindo, ou do lado externo, você não é muito de se observar no espelho, o que está passando por sua mente ? — Becky se aproximou por trás, pousando sua cabeça sobre o meu ombro.
— Becky, com exceção aos assuntos pendentes eu estou bem! — Segurei a mão dela sorrindo para o seu reflexo. — Eu não mentiria descaradamente, mas agradeço a preocupação, hoje eu só estou me sentindo diferente, eu disse a os meus sentimentos. — Me virei para ela vendo-a abrir a boca em um o perfeito diante a surpresa. — A primavera chegou, até mesmo para uma pessoa como eu…— Dei de ombros rindo com os gritinhos animados e os pulos que minha melhor amiga dava.
— Eu sabia que você não era uma megera sem coração! — Ela sorria em completa animação. — Não havia alguém melhor que para derreter esse seu coração de gelo!
— Não grite, tenho problemas suficientes com o ego gigantesco dele. — Rolei os olhos mordendo o interior da minha bochecha para não sorrir.
— é a sua antítese perfeita! O polo oposto que lhe atrai com tal magnetismo, do qual não pode escapar. — Becky adotou uma postura "séria" recitando a sua sentença em um tom solene enquanto continha o riso.
— Oh cale a boca! — Alcancei a almofada aos pés da cama e lancei na direção dela tentando silenciá-la.
— Imagine os filhos de vocês dois! — Becky zombou rindo absurdamente alto quando encontrou minha expressão horrorizada.
— Se contenha Becky , você precisa desacelerar, somos jovens demais para pensar sobre isso. — A alertei alcançando uma toalha a jogando em um de meus ombros antes de seguir na direção da porta.
— Há! Você já planejou toda a sua carreira mas não incluiu um parceiro ou filhos, não seja hipócrita ! — Becky me respondeu em um tom levemente ácido.
— Não estava em meus planos me apaixonar pelo meu rival…— Minha voz esmoreceu após abrir a porta e encontrar e Roman tentando disfarçar que estavam escutando a nossa conversa o tempo todo.
— Rom! — Becky o olhou espantada, seu olhar de certa maneira havia endurecido ao lançá-los aos dois garotos à nossa frente.
— Vocês não tem vergonha na cara? — Meu tom havia perdido todo o calor se transformando no mais puro gelo quando os encarei seriamente.
— Bexxy, nós…— Roman tentou encontrar palavras que justificassem sua atitude.
— Love, nós estávamos…— desviou o olhar envergonhado.
— Vocês estavam? — O incitei a prosseguir com sua fala, cruzei meus braços sobre o dorso, ouvi engolir em seco olhando para cima enquanto suspirava audivelmente.
— Love, você poderia apenas deixar isso passar dessa vez? — implorou, mas ainda manteve o seu olhar distante, observando qualquer coisa à minha figura.
— Diga isso olhando diretamente nos meus olhos. — O respondi completamente alheia a razão por trás da ação de .
— Ele não vai conseguir olhar em seus olhos , não enquanto estiver usando esse biquíni. — Becky comentou em um tom jocoso rindo ao passar por nós seguindo para as escadas.
— Bexxy, baby, não me diga que você está realmente brava? — Roman a seguiu como uma sombra.
— . — O chamei, no entanto continuava a olhar para cima. — Qual a diferença entre o que estou vestindo e o que usamos nas competições? — O incitei atrás de resposta tendo por fim as lumes sobre a minha figura.
— Não ouse comparar o que está vestindo agora, com aquele pedaço de pano horroroso que você é obrigada a usar nas competições! — Havia um sentimento de indignação no tom de voz dele que me fez gargalhar.
— O que há de tão ruim sobre as vestes dos torneios? — Arqueei minhas sobrancelhas o provocando.
— Você realmente é irritante ! Francamente, como é possível alguém me pressionar atrás de uma resposta que já detém. — passou sua mão sobre os fios de seu cabelo dando um passo em minha direção me prendendo contra a parede. — Minha raposa astuciosa, terei trabalho para manter meu olhar fixo apenas nos seus olhos, você tem alguma ideia do quão tentadora está? — Ele sussurrou pausadamente em meu ouvido direito enquanto sua mão esquerda segurava suavemente, porém firmemente, a ponta de meu queixo.
Engoli em seco, no entanto me recusei a demonstrar que seu ato havia causado efeito sobre mim, segurei o pulso da mão que estava sobre minha face o olhando demoradamente e então sorri docemente porém em meu olhar havia o brilho mordaz enquanto baixava o braço dele olhando-o de cima a baixo em uma análise avaliativa. deixou o sorriso mais irritante permear seus malditos lábios, ele imitou o meu ato e olhou-me demoradamente antes de alcançar seus óculos-escuros no bolso da bermuda, seu peito desnudo era uma ótima vista naquele instante assim como imaginava que ele devia estar pensando o mesmo sobre o meu traje de banho.
Capítulo 81
— Espero que saiba surfar, meu melhor amigo o arrastará para o mar hoje, não faça nada leviano . — Pisquei para ele seguindo para as escadas ouvindo-o me seguir.
— Pensei que teria a honra de ser ensinado por você, minha cara , namorada. — pareceu saborear a palavra namorada tornando-a irritante pelo seu tom provocativo.
— Você terá um bom professor, afinal comigo ao seu lado lhe causaria apenas distrações, não é mesmo, meu caro namorado?! — Devolvi a sentença no mesmo tom que ele havia usado.
— Essa sua boca atrevida, nunca falha em me incitar não é mesmo? — me lançou um olhar sobre as lentes de seu óculos-escuro.
— Caso contrário você se entediaria, meu querido namorado. — Pisquei para ele seguindo após passar pelo hall de entrada, passando a varanda e então os degraus que antecedem a faixa arenosa nos fundos da residência.
riu as minhas costas, o som de sua risada era agradável, relaxei minha postura enquanto seguia na direção das cadeiras de praia, o riso de havia se tornado o meu som favorito embora não tenha confessado isso a ele. Sorrateiramente, se moveu e me colocou sobre seus ombros, com um único movimento ele havia me tirado do chão, e com o outro ele lançou para Roman a toalha que eu anteriormente carregava em meus ombros, ele também lançou seu óculos para o meu amigo antes de correr em direção ao mar. Não importou o tanto que eu me debati para me livrar de seu braço, os palavrões que lancei para que ele me colocasse no chão, entrou na água rindo, me soltando apenas para ajustar minha posição, antes de mergulhar; emergi procurando-o, ele submergiu logo atrás de mim, assim que me virei para o procurar começou uma guerra jogando água em mim…Ele era como uma criança gigante brincando pela primeira vez nas águas do oceano atlântico. Por algum tempo ficamos apenas nós dois ali, lançando água um no outro, Becky e Roman entraram algum tempo depois participando da disputa. Assim que paramos para descansar Becky e eu retornamos para as esteiras na faixa de areia nós deitando sobre elas para pegar sol; Roman e saíram após conversarem por lá, meu amigo alcançou as pranchas e tentou ensinar meu namorado a surfar.
— Será que ele conseguirá ficar em cima daquela coisa? — Becky me olhou cética.
— Eu não sei, a parte difícil de se surfar não é subir numa prancha, mas sim se levantar. — A respondi com os olhos fixos nos garotos.
— Realmente, não lembro o número de vezes que falhei em ficar de pé, decidi apenas desistir. — Becky sorriu conformada.
— Você sabe que basta você pedir e Rom providenciará. — A lembrei casualmente.
— Que Roman não me ouça, mas acho que surfar perda de tempo, mas como é algo que ele ama tenho que me manter ao seu lado, então prefiro o incentivar em seus sonhos mesmo que eu não goste dessa modalidade esportiva. — Becky me respondeu honestamente, era evidente o quanto ela o amava, e colocava a felicidade de Roman como prioridade, eles de certa forma eram diferentes ao mesmo tempo que eram estranhamente semelhantes.
Preferi mudar de assunto, assim Becky e eu engatamos em um assunto aleatório, enquanto conversávamos meus olhos vez ou outra voltava-se a figura de meu namorado; não foi até que Roman e ele entrasse outra vez no mar, agora com as pranchas debaixo do braço que minha atenção diminuiu, , em suas tentativas de pé sobre a prancha caia vez após outra, a risada fora algo involuntário, eu não conseguia apenas assistir sem cair na risada.
— Acho que encontrei companhia para as vezes em que você e Rom saírem para surfar. — Becky ria ao meu lado acompanhando as tentativas de ficar de pé na prancha.
— Acho que sim. — Sequei o canto dos olhos que estavam úmidos de tanto rir.
Cansado, meu antigo rival, a pedra em meu sapato, minha dor de cabeça constante, agora namorado, largou a prancha de qualquer maneira a nossa frente após sair do mar se deitando ao meu lado na esteira. Suas vibrantes me observavam tal como uma criança que não havia conseguido o que desejava.
— Não é o fim do mundo você não conseguir ficar de pé no primeiro dia. — Tentei o consolar tocando os fios molhados de seu cabelo.
— Você está apenas me consolando. — Tal como uma criança mimada, me respondeu insatisfeito.
— Veja Becky, ela ainda não aprendeu a ficar de pé, e ela tem o Rom, então não precisa ficar assim . — Sorri docemente atraindo sua atenção para os meus olhos ao chamá-lo pelo apelido.
— Você é cruel, Love. — envolveu minha cintura com seus braços gelados por conta da água do mar.
— E ela é , terá de se acostumar, meu caro. — Becky o respondeu num tom mal-humorado.
— Me deixe ir, vou te mostrar como se fica em pé. — Pisquei para ele ignorando o mal-humor de Becky.
— Você é má , zombando do seu namorado inexperiente. — me respondeu em seu tom de voz mais inofensivo.
Após a última fala de , Becky e eu caímos na gargalhada, eventualmente se juntou a nós, ainda rindo me soltei de seus braços deixando um beijo sobre a testa dele após controlar o riso, ao menos um pouco; e então peguei a prancha que havia largado na areia prendendo o leash, a cordinha que ligava a prancha ao meu tornozelo, pisquei para antes de seguir para o mar, no qual Roman estava algum tempo surfando sem qualquer preocupação. Subi sobre a prancha remando através de algumas ondas até me aproximar de onde Roman estava, havia algum tempo desde a última vez em que havia surfado. Permaneci sentada observando Rom finalizar um túnel antes de me notar, meu melhor amigo parecia perder a noção do tempo surfando, assim como nadar era como respirar para mim, o surfe era para ele.
— Pensei que ficaria apenas na areia. — Roman comentou me provocando com seu humor ácido de sempre.
— Eu sei que você sente a falta de quando surfamos juntos. — O respondi sem me abalar por seu humor. — Eu não agradeci a você por incluir a nosso trio inusitado.
— É natural que eu faça isso, você é minha melhor amiga. — Roman deu de ombros sorrindo zombeteiro.
— Você não consegue deixar esse seu humor de lado, não é mesmo?! — Ri diante a careta que se formou na face de Rom.
— , você realmente precisa focar na parte não essencial da conversa? — Rom suspirou rolando os olhos.
— Você sabe que sim. — Pisquei para ele ouvindo-o suspirar outra vez. — Acho que seremos apenas eu e você quando se trata de surfe.
— Becky se recusa a aprender e pelo o que posso ver não aparenta ter muito talento para isso, mesmo que embora nade muito bem, o surfe não parece ser seu ponto forte. — Roman tentou esconder seu tom jocoso, o que né fez rir, devido ao fato de que meu melhor amigo não possuía qualquer discrição quando o assunto era zombar de alguém.
— Você realmente não muda! — O respondi jogando água nele.
— ! — Roman reclamou lançando de volta a água.
— Vamos parar antes que isso se torne uma briga, nós sempre extrapolamos o bom senso! — O respondi rindo e erguendo as mãos em rendição.
— Você vai querer pegar a próxima onda ou posso ir? — Ele apontou para a que se aproximava de nós.
— E você tem alguma dúvida? — Pisquei para ele começando a remar.
— Há coisas que não mudam. — O ouvi antes de me afastar.
Sorrindo tranquilamente, feliz, remei até estar sobre a onda, ergui meu tronco antes de colocar meu joelho esquerdo sobre a prancha e assim me elevei, colocando-me enfim de pé, movendo os meus pés e arrisquei as manobras mais básicas; afinal os amistosos estavam próximos demais e naquela altura do campeonato não estava afim de me lesionar! Enquanto surfava minha mente ficava em branco, usei disso para liberar toda a tensão, estresse, ansiedade, receios enquanto cansava meu corpo surfando, Roman não se segurou por muito tempo, alternamos as ondas, outras vezes ficávamos conversando enquanto esperávamos a melhor onda…Não tivemos pressa para voltar para a areia, Roman surfou como se não houvesse amanhã, livre, sendo exatamente quem era! Quando enfim retornamos para a areia não encontramos ninguém, entramos na casa chamando por nossos respectivos pares.
— Você procura no andar de cima e eu no de baixo. — Roman separou nossas funções.
Acenei concordando antes de me mover em direção as escadas, olhei ao meu redor como se pudesse encontrar saindo por uma das portas. Abri porta por porta, olhando minuciosamente cada cômodo, como se pudéssemos os encontrar…Olhei mais uma vez refazendo o caminho que havia feito anteriormente. Desci as escadas após tomar um banho vestindo roupas ao invés de biquíni, no entanto ao descer para o primeiro andar senti um aroma que fez o meu estômago roncar, evidenciando a quantidade de tempo em que havia passado sem me alimentar! Sobre a mesa da sala de jantar havia uma refeição completa, Becky estava no sofá da sala de estar conversando tranquilamente com Roman, enquanto parecia entediado com o seu aparelho celular.
— Vocês ao menos poderiam ter nos avisado que iriam buscar comida. — Os repreendi assim que adentrei a sala de estar.
— E nós tentamos, mas vocês estavam distantes demais para nos ouvir. — se levantou caminhando em minha direção.
— Um recado bastava, em algum momento iríamos sair do mar. — Retruquei olhando-os mal-humorada.
— Você está com fome Love, venha comigo. — abraçou minha cintura tentando me levar para a sala de jantar.
— Roman, você não vai falar nada? — Olhei indignada para Roman.
— Eles deixaram um bilhete , quando o encontrei você já havia entrado no banho. — Roman justificou-se dando de ombros sorrindo preguiçosamente.
— O que eu faço com vocês?! — Os olhei seriamente me soltando de seguindo para a sala de jantar.
— Vamos comer! — sorriu apesar de eu ter me desvencilhado dele.
— Ela logo volta a falar com você , a se torna intragável quando está com fome! — Becky sorriu docemente para Rom assim que ele puxou sua cadeira antes de se sentar ao seu lado.
— Estou bem aqui, caso se lembre?! — Retruquei antes de me alcançar a refeição que Becky e haviam providenciado.
— É uma verdade universal . — Becky deu de ombros também se servindo do prato de comida sobre a mesa.
— Quantas casas a sua família possuí Roman? — tentou iniciar outro assunto, buscando mudar o clima ali.
— Eu não sei dizer, minha mãe deve saber o total. —Roman o respondeu depois de se servir.
Naturalmente, trouxe um assunto após o outro conduzindo uma conversa agradável, leve e interessante. Becky se sentou ao meu lado depois que todos limparam o que havia sido sujo, permanecemos na casa alguns minutos a mais antes de organizar nossas coisas para ir embora.
Capítulo 82
Abaixei minha prancheta comparando os últimos relatórios de Jass com a atual condição das garotas, as quais me observavam sentadas nas arquibancadas, elas haviam se vestido após o treino daquela tarde. A treinadora Möretz me observava inquieta, seu olhar era intenso, como os olhos de um gavião, havia retornado a treiná-las nas últimas duas semanas; respirei fundo apenas para prolongar o silêncio, um toque de dramaticidade não fazia mal a ninguém.
— Estou impressionada, vocês foram capazes de atingir o esperado, o condicionamento assim como seus tempos estão muito bons. — Desfiz a expressão séria e abri um sorriso zombeiteiro, as garotas gritaram animadas e quase imperceptivelmente a treinadora Möretz suspirou aliviada.
— ! — Sam atraiu minha atenção, ela sorria orgulhosamente. — Quando irá revelar as garotas que irão competir nesses amistosos? — Ela indagou curiosa, seus olhos brilhavam em antecipação.
— Isso Sam! Estamos querendo lhe perguntar isso há dias mas…— Verônica sorriu timidamente deixando subentendido o restante de sua fala.
— Mas vocês não queriam perguntar diretamente com receio de que eu aumentasse a intensidade dos treinos das escolhidas, não é mesmo?! — Cruzei meus braços as observando atentamente segurando a vontade de rir.
— Senhorita Cavalieri! — A treinadora Möretz me repreendeu após o silêncio que se propagou após a minha fala. — Conte a elas.
— Treinadora você sabe que eu só estou brincando. — Pisquei um olho para ela rindo antes de voltar minha atenção para as garotas novamente. — Desta vez o poder de escolha não está nas minhas mãos, embora eu saiba quais foram as escolhidas.
— Você é má, ! — Jane comentou embora houvesse humor em sua voz.
— Eu sei que vocês me adoram mesmo assim. — Dei de ombros rindo das reclamações em protesto que se seguiram após minha fala. — Enfim, vamos ao que interessa. — Comentei apenas para silenciá-las antes de anunciar as escolhidas para os amistosos no Boulevard. — Categoria nado livre: e Sam, nado borboleta: Violet e Betsy, nado de costas: Jass e
Kendra, nado de peito: Verônica, nos medleys : Felícia e Clara.
— Apenas nove ? — Valentine questionou confusa.
— Por que apenas uma garota nado de peito? — Jass indagou sem entender o que se passava pela minha mente.
— Eu deixei vocês nas mãos da treinadora por algumas semanas apenas…— Suspirei balançando minha cabeça. — Sem ofensas treinadora. — A intercepto antes de receber uma de suas longas repreensões. — Todas poderão ir aos amistosos porém quero manter uma linha defensiva, quero poupá-las o máximo que eu puder e mostrar o quanto vocês evoluíram e para isso não preciso de uma grande quantidade de competidoras…Eu valorizo cada uma de vocês, todas importam nessa equipe mas eu quero protegê-las, poupá-las de "acidentes" que poderão tirá-las do campeonato nacional. — Olhei cuidadosamente para cada uma das garotas, procurei expressar meu ponto de vista ao colocar cada um dos pontos que me levaram a escolher apenas oito entre elas para competir. Elas ficaram em silêncio assim que finalizei a minha fala, processando tudo o que havia dito; a treinadora Möretz se aproximou tocando meu ombro enquanto me observava com uma expressão que eu não soube decifrar, meus olhos banhados em confusão deveriam ter me entregado e então ela sorriu tentando me passar uma mensagem da qual falhei em compreender.
— Estou orgulhosa de você , quando se trata sobre essa equipe você sempre pensa primeiro no bem estar delas. — A treinadora explicou por fim, suspirando audivelmente em forma de insastifação ao me ver olhando-a com surpresa.
— O céu pode estar sem uma nuvem garotas mas procurem um guarda-chuva, não é todo dia que vemos a treinadora assim. — Me virei para as meninas que riram comentando algumas coisas semelhantes em concordância.
— Você…realmente…. — Ela comentou exasperada.
— Eu sei que a senhora gosta mais da gente do que realmente deixa transparecer, seu segredo está seguro comigo. — Pisquei para ela sorrindo antes de tomar um lugar na arquibancada.
— Você realmente é uma Cavalieri. — A ouvi resmungar antes de se afastar.
— . — Jass atraiu minha atenção assim que me sentei.
— Vá em frente, pelo olhar em sua face a pergunta que quer me fazer tem relação com um certo capitão. — A olhei de forma zombeiteira.
— Sim, realmente, como é que vocês dois acabaram juntos ? Nós ouvimos algumas coisas por ele mas queremos ouvir o que tem a nos contar. — Jass comentou empolgada ao mesmo tempo repleta de curiosidade.
— Vocês realmente adoram uma história dramática hein?! — Desconversei apenas para delongar um pouco mais de tempo enquanto pensava o que diria a elas.
— ! — Elas exclamaram em uníssono em forma de queixa.
— Eu sei, eu sei irei contar a vocês. — Sorri docemente enquanto deixava a minha prancheta ao meu lado.
— Não poderá esconder nenhum detalhe de nós, capitã! — Valentine fora incisiva em seu pedido.
— Vocês realmente… — Resmunguei mas acabei sorrindo de todo modo. — Larsen e eu não fomos os mais entusiastas um do outro, vocês viram em primeira mão o que a nossa rixa causou nesse clube. — Ri ao me lembrar de algumas peças que pregamos na equipe masculina.
— Sim, como esquecer as cuecas pregadas nos quadros de aviso! — Sam riu unindo-se às meninas no coro de risos.
— Ou a vez em que colocamos corantes nas toucas deles e eles passaram um mês com os cabelos da cor roxa. — Bethany lembrou e as garotas então começaram a se recordarem das pegadinhas mais memoráveis. Sorri despreocupadamente enquanto as observava animadas comentando a respeito das pegadinhas aplicadas a equipe masculina do clube de natação; citar as peças pregadas neles havia sido uma ótima forma de evitar a pergunta de Jass e uma válvula de escape quanto aos amistosos na próxima semana. Com a definição dos nomes das garotas que iriam competir elas poderiam deixar a ansiedade de lado e focarem no que realmente importava: o
Campeonato Nacional! Distraída e envolvida com as conversas da minha equipe, não prestei atenção ao som das portas duplas do ginásio abrindo, ou ainda no familiar ecoar dos passos de meu ex rival/ atual namorado, sua presença fora notada apenas quando ele se sentou as minhas costas atraindo a atenção das minhas meninas.
— É realmente uma notícia que a equipe masculina fora dispensada de seus treinos desta tarde, ou acho que pela forma como vocês estão comentando sobre nossas pegadinhas talvez reascendesse a velha e boa rivalidade entre as equipes. — comentou casualmente enquanto me abraçava por trás apoiando sua cabeça em meus ombros, sua voz reverberou por todo o meu corpo devido a proximidade de sua boca com o meu ouvido.
— Você não pode agir como uma pessoa normal? — Indaguei apenas para implicar com ele.
— O que eu posso fazer se a minha doce namorada recusa-se a verificar seu aparelho celular. — me respondeu sem sequer piscar, sua postura inabalável juntamente com a ironia em seu tom de voz, levou as garotas sorrirem em cumplicidade umas para as outras.
— Vê-los desta maneira deixa em evidência um palpite que tínhamos sobre vocês, nossos capitães, pilares deste clube, presidente e vice , acabariam dessa maneira cedo ou tarde. — Violet sorriu travessa.
— , você não nos respondeu! — Jane me olhou insatisfeita.
— Realmente! Você nos distraiu com as memórias do que fizemos nesse clube! — Verônica exclamou concordando com Jane.
— Culpada! — Admiti embora sorrisse de forma zombeteira.
— Você é má, . — usou a ironia ao seu favor, ele zombou de mim enquanto se aliava às garotas.
— Sim, finalmente alguém que nos entenda! — Jass exclamou em concordância.
— Ei, ei, ei.
— Minha querida acho que acabou de perder suas meninas, estarei as adotando, elas não são adoráveis?! — me provocou piscando alegremente enquanto se sentava entre as meninas ficando de frente para mim.
— Team ! — Sam puxou o coro para continuar a provocação.
— Team ! — As meninas ecoaram enquanto me olhava convencido com uma de suas sobrancelhas arqueadas.
— Deixa só os meninos saberem que você os abandonou …Imagina o que eu posso fazer tendo eles sobre o meu comando. — Pisquei para eles fingindo que iria sair dali.
— Você não teria coragem. — Jass me respondeu rindo se divertindo com o que estava acontecendo.
— Vocês querem apostar? — Olhei para todos em desafio enquanto observava minhas meninas se entreolharem como se estivessem conversando entre si.
— Você é má Love. — se levantou andando em minha direção.
— Eu sei, o que posso fazer se todos aqui me adoram, faz parte do meu charme. — Mordi o lábio inferior contendo o riso enquanto escapava dos braços de .
— Tão cruel ! — Verônica concordou enquanto as meninas balançavam a cabeça afirmativamente.
— Viu! Você tem que cuidar melhor das nossas meninas. — sorriu travesso enfim conseguindo me capturar em seus braços após minhas tentativas de fuga. Eu ri balançando a cabeça negativamente enquanto tentava me soltar, ele me ergueu ameaçando jogar-nos na água. Olhei para ele balançando a cabeça pedindo para ele não fazer isso.
— Você sabe o que fazer. — barganhou enquanto olhava para as garotas sorrindo travesso.
— Vocês vão deixar ele me jogar na água? Sério? — Exclamei vendo as garotas nos assistindo sentadas do outro lado da piscina rindo enquanto balançavam a cabeça afirmativamente.
— Elas não são adoráveis ?! — exclamou alto para que as garotas também o ouvissem.
— Se você me jogar na água eu não o deixarei chegar perto de mim até o campeonato nacional! — Tentei o dissuadir enquanto tentava me livrar dos braços dele.
— Você sabe que não consegue resistir a mim Love. — piscou um de seus olhos verdes-esmeralda se aproximando ainda mais da borda da piscina.
— O que vocês ainda estão fazendo aqui? Esta na hora de vocês irem para casa! — A treinadora Möretz irrompeu pelas portas duplas nos pegando de surpresa.
me soltou a contragosto, acabei rindo enquanto seguia para o outro lado da piscina atrás da minha prancheta com as anotações dos treinos da equipe feminina, como o condicionamento, tempo, desenvoltura de cada uma das nadadoras assim como as táticas para vencer as outras escolas. Segui para o vestiário feminino escapando de por muito pouco, guardei a prancheta em meu armário trancando-o com o cadeado. Sai pela porta de emergência encontrando encostado na parede ao lado da porta.
— Estou impressionada, vocês foram capazes de atingir o esperado, o condicionamento assim como seus tempos estão muito bons. — Desfiz a expressão séria e abri um sorriso zombeiteiro, as garotas gritaram animadas e quase imperceptivelmente a treinadora Möretz suspirou aliviada.
— ! — Sam atraiu minha atenção, ela sorria orgulhosamente. — Quando irá revelar as garotas que irão competir nesses amistosos? — Ela indagou curiosa, seus olhos brilhavam em antecipação.
— Isso Sam! Estamos querendo lhe perguntar isso há dias mas…— Verônica sorriu timidamente deixando subentendido o restante de sua fala.
— Mas vocês não queriam perguntar diretamente com receio de que eu aumentasse a intensidade dos treinos das escolhidas, não é mesmo?! — Cruzei meus braços as observando atentamente segurando a vontade de rir.
— Senhorita Cavalieri! — A treinadora Möretz me repreendeu após o silêncio que se propagou após a minha fala. — Conte a elas.
— Treinadora você sabe que eu só estou brincando. — Pisquei um olho para ela rindo antes de voltar minha atenção para as garotas novamente. — Desta vez o poder de escolha não está nas minhas mãos, embora eu saiba quais foram as escolhidas.
— Você é má, ! — Jane comentou embora houvesse humor em sua voz.
— Eu sei que vocês me adoram mesmo assim. — Dei de ombros rindo das reclamações em protesto que se seguiram após minha fala. — Enfim, vamos ao que interessa. — Comentei apenas para silenciá-las antes de anunciar as escolhidas para os amistosos no Boulevard. — Categoria nado livre: e Sam, nado borboleta: Violet e Betsy, nado de costas: Jass e
Kendra, nado de peito: Verônica, nos medleys : Felícia e Clara.
— Apenas nove ? — Valentine questionou confusa.
— Por que apenas uma garota nado de peito? — Jass indagou sem entender o que se passava pela minha mente.
— Eu deixei vocês nas mãos da treinadora por algumas semanas apenas…— Suspirei balançando minha cabeça. — Sem ofensas treinadora. — A intercepto antes de receber uma de suas longas repreensões. — Todas poderão ir aos amistosos porém quero manter uma linha defensiva, quero poupá-las o máximo que eu puder e mostrar o quanto vocês evoluíram e para isso não preciso de uma grande quantidade de competidoras…Eu valorizo cada uma de vocês, todas importam nessa equipe mas eu quero protegê-las, poupá-las de "acidentes" que poderão tirá-las do campeonato nacional. — Olhei cuidadosamente para cada uma das garotas, procurei expressar meu ponto de vista ao colocar cada um dos pontos que me levaram a escolher apenas oito entre elas para competir. Elas ficaram em silêncio assim que finalizei a minha fala, processando tudo o que havia dito; a treinadora Möretz se aproximou tocando meu ombro enquanto me observava com uma expressão que eu não soube decifrar, meus olhos banhados em confusão deveriam ter me entregado e então ela sorriu tentando me passar uma mensagem da qual falhei em compreender.
— Estou orgulhosa de você , quando se trata sobre essa equipe você sempre pensa primeiro no bem estar delas. — A treinadora explicou por fim, suspirando audivelmente em forma de insastifação ao me ver olhando-a com surpresa.
— O céu pode estar sem uma nuvem garotas mas procurem um guarda-chuva, não é todo dia que vemos a treinadora assim. — Me virei para as meninas que riram comentando algumas coisas semelhantes em concordância.
— Você…realmente…. — Ela comentou exasperada.
— Eu sei que a senhora gosta mais da gente do que realmente deixa transparecer, seu segredo está seguro comigo. — Pisquei para ela sorrindo antes de tomar um lugar na arquibancada.
— Você realmente é uma Cavalieri. — A ouvi resmungar antes de se afastar.
— . — Jass atraiu minha atenção assim que me sentei.
— Vá em frente, pelo olhar em sua face a pergunta que quer me fazer tem relação com um certo capitão. — A olhei de forma zombeiteira.
— Sim, realmente, como é que vocês dois acabaram juntos ? Nós ouvimos algumas coisas por ele mas queremos ouvir o que tem a nos contar. — Jass comentou empolgada ao mesmo tempo repleta de curiosidade.
— Vocês realmente adoram uma história dramática hein?! — Desconversei apenas para delongar um pouco mais de tempo enquanto pensava o que diria a elas.
— ! — Elas exclamaram em uníssono em forma de queixa.
— Eu sei, eu sei irei contar a vocês. — Sorri docemente enquanto deixava a minha prancheta ao meu lado.
— Não poderá esconder nenhum detalhe de nós, capitã! — Valentine fora incisiva em seu pedido.
— Vocês realmente… — Resmunguei mas acabei sorrindo de todo modo. — Larsen e eu não fomos os mais entusiastas um do outro, vocês viram em primeira mão o que a nossa rixa causou nesse clube. — Ri ao me lembrar de algumas peças que pregamos na equipe masculina.
— Sim, como esquecer as cuecas pregadas nos quadros de aviso! — Sam riu unindo-se às meninas no coro de risos.
— Ou a vez em que colocamos corantes nas toucas deles e eles passaram um mês com os cabelos da cor roxa. — Bethany lembrou e as garotas então começaram a se recordarem das pegadinhas mais memoráveis. Sorri despreocupadamente enquanto as observava animadas comentando a respeito das pegadinhas aplicadas a equipe masculina do clube de natação; citar as peças pregadas neles havia sido uma ótima forma de evitar a pergunta de Jass e uma válvula de escape quanto aos amistosos na próxima semana. Com a definição dos nomes das garotas que iriam competir elas poderiam deixar a ansiedade de lado e focarem no que realmente importava: o
Campeonato Nacional! Distraída e envolvida com as conversas da minha equipe, não prestei atenção ao som das portas duplas do ginásio abrindo, ou ainda no familiar ecoar dos passos de meu ex rival/ atual namorado, sua presença fora notada apenas quando ele se sentou as minhas costas atraindo a atenção das minhas meninas.
— É realmente uma notícia que a equipe masculina fora dispensada de seus treinos desta tarde, ou acho que pela forma como vocês estão comentando sobre nossas pegadinhas talvez reascendesse a velha e boa rivalidade entre as equipes. — comentou casualmente enquanto me abraçava por trás apoiando sua cabeça em meus ombros, sua voz reverberou por todo o meu corpo devido a proximidade de sua boca com o meu ouvido.
— Você não pode agir como uma pessoa normal? — Indaguei apenas para implicar com ele.
— O que eu posso fazer se a minha doce namorada recusa-se a verificar seu aparelho celular. — me respondeu sem sequer piscar, sua postura inabalável juntamente com a ironia em seu tom de voz, levou as garotas sorrirem em cumplicidade umas para as outras.
— Vê-los desta maneira deixa em evidência um palpite que tínhamos sobre vocês, nossos capitães, pilares deste clube, presidente e vice , acabariam dessa maneira cedo ou tarde. — Violet sorriu travessa.
— , você não nos respondeu! — Jane me olhou insatisfeita.
— Realmente! Você nos distraiu com as memórias do que fizemos nesse clube! — Verônica exclamou concordando com Jane.
— Culpada! — Admiti embora sorrisse de forma zombeteira.
— Você é má, . — usou a ironia ao seu favor, ele zombou de mim enquanto se aliava às garotas.
— Sim, finalmente alguém que nos entenda! — Jass exclamou em concordância.
— Ei, ei, ei.
— Minha querida acho que acabou de perder suas meninas, estarei as adotando, elas não são adoráveis?! — me provocou piscando alegremente enquanto se sentava entre as meninas ficando de frente para mim.
— Team ! — Sam puxou o coro para continuar a provocação.
— Team ! — As meninas ecoaram enquanto me olhava convencido com uma de suas sobrancelhas arqueadas.
— Deixa só os meninos saberem que você os abandonou …Imagina o que eu posso fazer tendo eles sobre o meu comando. — Pisquei para eles fingindo que iria sair dali.
— Você não teria coragem. — Jass me respondeu rindo se divertindo com o que estava acontecendo.
— Vocês querem apostar? — Olhei para todos em desafio enquanto observava minhas meninas se entreolharem como se estivessem conversando entre si.
— Você é má Love. — se levantou andando em minha direção.
— Eu sei, o que posso fazer se todos aqui me adoram, faz parte do meu charme. — Mordi o lábio inferior contendo o riso enquanto escapava dos braços de .
— Tão cruel ! — Verônica concordou enquanto as meninas balançavam a cabeça afirmativamente.
— Viu! Você tem que cuidar melhor das nossas meninas. — sorriu travesso enfim conseguindo me capturar em seus braços após minhas tentativas de fuga. Eu ri balançando a cabeça negativamente enquanto tentava me soltar, ele me ergueu ameaçando jogar-nos na água. Olhei para ele balançando a cabeça pedindo para ele não fazer isso.
— Você sabe o que fazer. — barganhou enquanto olhava para as garotas sorrindo travesso.
— Vocês vão deixar ele me jogar na água? Sério? — Exclamei vendo as garotas nos assistindo sentadas do outro lado da piscina rindo enquanto balançavam a cabeça afirmativamente.
— Elas não são adoráveis ?! — exclamou alto para que as garotas também o ouvissem.
— Se você me jogar na água eu não o deixarei chegar perto de mim até o campeonato nacional! — Tentei o dissuadir enquanto tentava me livrar dos braços dele.
— Você sabe que não consegue resistir a mim Love. — piscou um de seus olhos verdes-esmeralda se aproximando ainda mais da borda da piscina.
— O que vocês ainda estão fazendo aqui? Esta na hora de vocês irem para casa! — A treinadora Möretz irrompeu pelas portas duplas nos pegando de surpresa.
me soltou a contragosto, acabei rindo enquanto seguia para o outro lado da piscina atrás da minha prancheta com as anotações dos treinos da equipe feminina, como o condicionamento, tempo, desenvoltura de cada uma das nadadoras assim como as táticas para vencer as outras escolas. Segui para o vestiário feminino escapando de por muito pouco, guardei a prancheta em meu armário trancando-o com o cadeado. Sai pela porta de emergência encontrando encostado na parede ao lado da porta.
Capítulo 83
— Nós te conhecemos Love, a treinadora trancou o ginásio porque sabia que você sairia pela lateral. — comentou enquanto estendia sua mão dando de ombros enquanto sorria tranquilamente.
— Estou me tornando previsível. — Rolei os olhos aceitando a mão dele ajustando minha mochila no ombro oposto ao lado de .
tentou conter a risada mas acabou deixando ela escapar, lancei a ele um olhar mal-humorado o que o fez rir ainda mais. me abraçou de lado, suspirei e deitei minha cabeça em seu ombro me observava silenciosamente, estávamos apenas alguns passos distantes do estacionamento debaixo de um mezanino. Ver aquelas esmeraldas vibrantes outra vez me trazia paz, fazia com que a memória do ocorrido há algumas semanas fosse quase esquecida…Larsen possuía seus próprios pesadelos, em seus segredos eu pude enxergar faces dele que clamavam por socorro. Ele agiu como um jovem inconsequente mas em seus atos expressavam o quanto ele estava pedindo por ajuda, demorei a enxergá-lo. Um dos meus desejos mais sinceros era proteger o sorriso de , eu seria capaz de muita coisa para mantê-lo feliz inconsciente do mal que o cercava; um Cavalieri não amava facilmente mas quando isso acontecia era para sempre.
Me inclinei tomando os lábios de nos meus fechando os olhos enquanto sentia os braços dele me abraçarem, não foi um beijo ávido ou faminto, o selar de lábios era suave como a brisa do oceano, como o calor dos primeiros raios da manhã, paciente como um desabrochar de um botão de uma flor; eu não temia o amanhã, era o que importava. Sorri assim que nos separamos, nossos olhos se encontraram e por alguns instantes parecia que nada existia além de nós dois, rimos como se houvessemos pensado na mesma coisa e então seguimos para o estacionamento. No entanto um carro preto no meio do estacionamento, com a figura do diretor Hopkings agitado enquanto parecia conversar com o dono do automóvel, deixou Larsen em estado de alerta. Como um déjà vu eu senti os pelos dos meus braços arrepiarem enquanto processava a quem aquele carro pertencia, as memórias do que eu havia feito foram como um balde de água fria para me tirar do estado de paralisia e ficar de frente a tentando atrair sua atenção para mim. Matérias nos jornais, apenas o suficiente para servir de aviso para uma pessoa havia feito a raposa sair da sua toca, um Cavalieri honrava sua palavra, uma ameaça a quem amamos não era ignorada e eu era cuidadosa o suficiente para agir sem ser deixar um rastro que me denunciasse embora eu soubesse que eles haviam entendido a minha mensagem.
— Vamos para casa. — Segurei a face de com minhas duas mãos o fazendo olhar para mim ao invés do carro.
— É ele…— mal conseguia terminar sua frase sem olhar para o carro temendo que o seu ocupante o visse.
— Sim, você está seguro ele não vai machucá-lo, confie em mim. — Segurei a mão dele nos movendo para o carro de , tomando o cuidado de não atrair a atenção tanto de Hopkings quanto do ocupante daquele carro.
segurava minha mão com força enquanto me seguia sem dizer uma única palavra, abri a porta do banco de trás deixando minha mochila ali antes de alcançar meu celular ligando para meu irmão mais velho, Kayron me mataria mas ele entenderia. Enquanto ele não atendia a chamada fiquei ao lado de , o qual estava sentado no banco do passageiro.
— Olha para mim, vai ficar tudo bem eu prometo! — Segurei a mão de e a levei aos meus lábios deixando um beijo sobre as costas de sua mão.
estava perturbado pela presença do dono daquele carro, seus olhos verdes-esmeralda haviam perdido o brilho, seu olhar estava distante, me mantive ao lado dele enquanto esperava meu irmão atender, tentei mais duas vezes após a chamada cair na caixa postal.
v— Monstrinha é bom ser um caso de vida ou morte. — Kayron me atendeu com irritação presente em seu tom de voz, parecia que eu o tinha interrompido no meio de algo.
— Saía do lado dela, você não vai querer que sua noiva escute o que eu tenho a dizer. — O respondi num tom neutro, eu não sabia se a ligação estava no auto-falante.
— Monstrinha. — Kayron me respondeu suspirando audivelmente mas o ouvi se movimentar aonde quer que ele estivesse. — Seja breve enquanto eu estou sendo bonzinho.
— A velha raposa saiu da toca, e está no estacionamento do colégio, preciso da sua ajuda. — O respondi entrando no carro de me sentando no banco do motorista ainda segurando a mão de .
— Vou ter cabelos brancos cedo demais por sua causa monstrinha, estou a caminho. — Kayron me respondeu antes de desligar.
Suspirei aliviada e então me virei para , o chamei calmamente enquanto tentava o fazer olhar para mim, demorou alguns minutos para que ele se virasse em suas íris esmeraldas havia o mais puro medo, estava tendo um ataque de pânico.
— vai ficar tudo bem, eles não podem o machucar. — Havia me movido para o colo dele enquanto o abraçava, os braços de haviam me envolvido em um ato desesperado enquanto ele mal conseguia controlar sua respiração. — Eu estou aqui, eu não vou deixar que eles te levem dessa vez! — Sussurrei enquanto deitava minha cabeça sobre o ombro dele, o coração de estava acelerado, eu o sentia através de sua caixa torácica.
Esperava que apenas a minha presença o ajudasse ao menos um pouco, eu me sentia impotente vendo-o naquele estado, desejava ser capaz de fazê-lo esquecer de suas memórias dolorosas mas não havia nada que eu pudesse fazer além de estar ao lado dele. Os braços de me puxaram para mais perto, seu aperto era como ferro, ele deitou sua cabeça na curva do meu pescoço respirando pesadamente enquanto tentava se acalmar. Eu ouvi os passos de Mister Hopkings antes que ele anunciasse sua presença, os dedos longos e finos do diretor bateram contra o vidro da janela, no lugar do olhar duro da figura do diretor havia frustração…eu senti como se gelo fosse jogado contra a minha pele, balancei a cabeça negativamente assim que ele sinalizou para que deixássemos o carro, apertei o botão para a janela abrir.
— Senhorita Cavalieri, desça do carro. — Mister Hopkings pediu respirando fundo.
— O que aquela velha raposa está fazendo aqui ? — O questionei sem me mover, ainda estava me abraçando.
— Não vamos piorar essa situação senhorita Cavalieri. — Mister Hopkings massageou suas pálpebras respirando fundo.
— Você não me respondeu meu caro diretor. — O respondi sem me mover.
— Eu não estou atrás do meu neto minha cara senhorita Cavalieri. — A voz grave mas envelhecida soou na janela do lado do motorista, seu tom de voz era como gelo e os olhos azuis eram como o inverno mais rigoroso, a velha raposa me encarava pacientemente.
Movi meu olhar entre e o seu avô refletindo sobre o que eu faria, Larsen não dava indícios de que me soltaria. Enquanto pensava avistei uma caminhonete familiar adentrar o estacionamento, sorri me sentindo mais calma e então voltei meu olhar para .
— , querido eu preciso que você me solte. — Passei meus dedos pelos fios de cabelo dele o fazendo olhar para mim.
— Eu não a deixarei ir a lugar algum. — Havia um senso de dever no tom de voz de que me deixou encantada.
— Eu te prometi que tudo ficaria bem, confie em mim. — Sorri calmamente enquanto tentava me soltar.
— Senhorita Cavalieri. — O avô de chamou a nossa atenção dando indícios de sua impaciência.
— o Kayron vai cuidar de você, eles não podem me fazer mal ou você se esqueceu do que um Cavalieri é capaz ?! — Segurei as mãos dele conseguindo me libertar.
— Mas …— O interrompi com um breve selar de lábios e então me movi para o banco do motorista vendo o avô de se afastar para que eu pudesse abrir a porta.
— ! — Kayron apareceu correndo até me alcançar.
— Kayron eu suponho. — O avô de o avaliou de cima a abaixo num olhar de desdém.
— Eu pensei que minha família havia sido clara quando disemos para sua família não cruzar o nosso caminho. — Kayron o respondeu sem elevar seu tom de voz.
— Senhor Cavalieri! — Mister Hopkings se pronunciou como num pedido de calma.
— Soube do seu arranjo matrimonial, pensei que os Cavalieri não se juntassem a renegados…me esqueci de vocês também são renegados. — O avô de comentou como se estivesse sendo incomodado por um mosquito que não o deixava em paz.
— Kayron. — Segurei o braço de meu irmão o empurrando contra o carro de .
— Vejo que sua irmã é a única que faz jus ao sobrenome Cavalieri. — O avô de voltou seu olhar para o meu irmão como se ele não fosse nada.
— O senhor invade a instituição que eu estudo, zomba da minha família, despreza meu irmão acho que seu codinome é um tanto errado. — Atraí o olhar frio do avô de sentindo meu irmão tremer de raiva as minhas costas. — Não é do fetio da sua família agir precipadamente, o que foi que aconteceu para o mover até essa cidadezinha Giuseppe.
Eu ouvi Mister Hopkings engolir em seco, a tensão no ar era possível ser cortada por uma faca, aqueles olhos gélidos me analisaram cuidadosamente enquanto eu sentia meu irmão segurar o meu braço tentando me mover para o lado.
— Sua falta de prudência me lembra a de sua mãe minha cara, acordos foram feitos para manter a harmonia, não vamos ressuscitar um conflito familiar que já foi deixado para trás.
— Giuseppe não alterou seu tom de voz enquanto olhava para mim seriamente.
— Mas eu não fiz nada meu caro senhor. — O respondi sem qualquer indício de medo, eu o encarava diretamente.
— Informações podem ser compradas. — Giuseppe me respondeu como se eu fosse estúpida, seu desdém óbvio por ter que explicar algo a uma pirralha como eu.
— Eu sei mas lealdade não, e com a mesma facilidade que informações podem ser compradas, as informações podem vir a público e não queremos isso. — Meu irmão tomou a frente enquanto eu tentava manter minha boca quieta, Kayron estava tentando direcionar a atenção de Giuseppe para ele.
Então o som de uma porta sendo fechada quebrou o silêncio, meu irmão e Giuseppe não desviaram o olhar, era como se uma guerra silenciosa se desenrolasse entre eles.
— Vá embora Giuseppe. — A voz de soou forte embora respeitosa, eu conseguia ver em suas íris o medo, se eu conseguia então Giuseppe também via.
— Então você resolveu sair do carro garoto. — Giuseppe olhou para como se ele não passasse de um inseto. Kayron me segurou no lugar quando notou minha agitação, ver encolher os ombros desviando os olhos me deixou furiosa. andava sempre de cabeça erguida, com um sorriso brilhante em seus lábios, a alegria dele as vezes era irritante mas vê-lo daquela maneira acabava comigo…respirei fundo e olhei para Giuseppe como se eu pudesse o derrotar por mim mesma, mas não se vencia uma raposa usando a força física, precisava de uma estratégia.
— Sabe qual é o problema dos segredos Giuseppe ? — Perguntei sorrindo docemente, eu vi por breves segundos a surpresa inundar as íris gélidas do avô de .
— Eu presumo que sim. — Giuseppe me respondeu de forma indiferente.
— E qual seria ? — O questionei ainda usando o tom inocente sentindo o olhar de Mister Hopkings sobre mim, como se ele estivesse tentando me alertar para não provocar Giuseppe.
— Minha cara sua genética não mente, seus olhos são como os de sua mãe, assim como a habilidade de enfrentar um predador. — Giuseppe alterou sua postura indicando que estava de partida. — Meu filho estúpido cuidará daquela criança problemática, não se preocupe com o seu garoto ali eu não tenho interesse em renegados.
— Mas sobre o que o senhor está falando? — O olhei com uma falsa confusão vendo o velho Giuseppe piscar para mim seguindo para o seu carro onde um motorista o aguardava. Kayron não se moveu até que Giuseppe saísse do estacionamento, três pares de olhos me observavam intrigados, acabei rindo, liberando toda a tensão que estava sentindo. Olhei para o céu grata por ter minha família sempre ao meu lado, abracei Kayron e então ergui meus braços para cima esticando minhas articulações.
— Estou me tornando previsível. — Rolei os olhos aceitando a mão dele ajustando minha mochila no ombro oposto ao lado de .
tentou conter a risada mas acabou deixando ela escapar, lancei a ele um olhar mal-humorado o que o fez rir ainda mais. me abraçou de lado, suspirei e deitei minha cabeça em seu ombro me observava silenciosamente, estávamos apenas alguns passos distantes do estacionamento debaixo de um mezanino. Ver aquelas esmeraldas vibrantes outra vez me trazia paz, fazia com que a memória do ocorrido há algumas semanas fosse quase esquecida…Larsen possuía seus próprios pesadelos, em seus segredos eu pude enxergar faces dele que clamavam por socorro. Ele agiu como um jovem inconsequente mas em seus atos expressavam o quanto ele estava pedindo por ajuda, demorei a enxergá-lo. Um dos meus desejos mais sinceros era proteger o sorriso de , eu seria capaz de muita coisa para mantê-lo feliz inconsciente do mal que o cercava; um Cavalieri não amava facilmente mas quando isso acontecia era para sempre.
Me inclinei tomando os lábios de nos meus fechando os olhos enquanto sentia os braços dele me abraçarem, não foi um beijo ávido ou faminto, o selar de lábios era suave como a brisa do oceano, como o calor dos primeiros raios da manhã, paciente como um desabrochar de um botão de uma flor; eu não temia o amanhã, era o que importava. Sorri assim que nos separamos, nossos olhos se encontraram e por alguns instantes parecia que nada existia além de nós dois, rimos como se houvessemos pensado na mesma coisa e então seguimos para o estacionamento. No entanto um carro preto no meio do estacionamento, com a figura do diretor Hopkings agitado enquanto parecia conversar com o dono do automóvel, deixou Larsen em estado de alerta. Como um déjà vu eu senti os pelos dos meus braços arrepiarem enquanto processava a quem aquele carro pertencia, as memórias do que eu havia feito foram como um balde de água fria para me tirar do estado de paralisia e ficar de frente a tentando atrair sua atenção para mim. Matérias nos jornais, apenas o suficiente para servir de aviso para uma pessoa havia feito a raposa sair da sua toca, um Cavalieri honrava sua palavra, uma ameaça a quem amamos não era ignorada e eu era cuidadosa o suficiente para agir sem ser deixar um rastro que me denunciasse embora eu soubesse que eles haviam entendido a minha mensagem.
— Vamos para casa. — Segurei a face de com minhas duas mãos o fazendo olhar para mim ao invés do carro.
— É ele…— mal conseguia terminar sua frase sem olhar para o carro temendo que o seu ocupante o visse.
— Sim, você está seguro ele não vai machucá-lo, confie em mim. — Segurei a mão dele nos movendo para o carro de , tomando o cuidado de não atrair a atenção tanto de Hopkings quanto do ocupante daquele carro.
segurava minha mão com força enquanto me seguia sem dizer uma única palavra, abri a porta do banco de trás deixando minha mochila ali antes de alcançar meu celular ligando para meu irmão mais velho, Kayron me mataria mas ele entenderia. Enquanto ele não atendia a chamada fiquei ao lado de , o qual estava sentado no banco do passageiro.
— Olha para mim, vai ficar tudo bem eu prometo! — Segurei a mão de e a levei aos meus lábios deixando um beijo sobre as costas de sua mão.
estava perturbado pela presença do dono daquele carro, seus olhos verdes-esmeralda haviam perdido o brilho, seu olhar estava distante, me mantive ao lado dele enquanto esperava meu irmão atender, tentei mais duas vezes após a chamada cair na caixa postal.
v— Monstrinha é bom ser um caso de vida ou morte. — Kayron me atendeu com irritação presente em seu tom de voz, parecia que eu o tinha interrompido no meio de algo.
— Saía do lado dela, você não vai querer que sua noiva escute o que eu tenho a dizer. — O respondi num tom neutro, eu não sabia se a ligação estava no auto-falante.
— Monstrinha. — Kayron me respondeu suspirando audivelmente mas o ouvi se movimentar aonde quer que ele estivesse. — Seja breve enquanto eu estou sendo bonzinho.
— A velha raposa saiu da toca, e está no estacionamento do colégio, preciso da sua ajuda. — O respondi entrando no carro de me sentando no banco do motorista ainda segurando a mão de .
— Vou ter cabelos brancos cedo demais por sua causa monstrinha, estou a caminho. — Kayron me respondeu antes de desligar.
Suspirei aliviada e então me virei para , o chamei calmamente enquanto tentava o fazer olhar para mim, demorou alguns minutos para que ele se virasse em suas íris esmeraldas havia o mais puro medo, estava tendo um ataque de pânico.
— vai ficar tudo bem, eles não podem o machucar. — Havia me movido para o colo dele enquanto o abraçava, os braços de haviam me envolvido em um ato desesperado enquanto ele mal conseguia controlar sua respiração. — Eu estou aqui, eu não vou deixar que eles te levem dessa vez! — Sussurrei enquanto deitava minha cabeça sobre o ombro dele, o coração de estava acelerado, eu o sentia através de sua caixa torácica.
Esperava que apenas a minha presença o ajudasse ao menos um pouco, eu me sentia impotente vendo-o naquele estado, desejava ser capaz de fazê-lo esquecer de suas memórias dolorosas mas não havia nada que eu pudesse fazer além de estar ao lado dele. Os braços de me puxaram para mais perto, seu aperto era como ferro, ele deitou sua cabeça na curva do meu pescoço respirando pesadamente enquanto tentava se acalmar. Eu ouvi os passos de Mister Hopkings antes que ele anunciasse sua presença, os dedos longos e finos do diretor bateram contra o vidro da janela, no lugar do olhar duro da figura do diretor havia frustração…eu senti como se gelo fosse jogado contra a minha pele, balancei a cabeça negativamente assim que ele sinalizou para que deixássemos o carro, apertei o botão para a janela abrir.
— Senhorita Cavalieri, desça do carro. — Mister Hopkings pediu respirando fundo.
— O que aquela velha raposa está fazendo aqui ? — O questionei sem me mover, ainda estava me abraçando.
— Não vamos piorar essa situação senhorita Cavalieri. — Mister Hopkings massageou suas pálpebras respirando fundo.
— Você não me respondeu meu caro diretor. — O respondi sem me mover.
— Eu não estou atrás do meu neto minha cara senhorita Cavalieri. — A voz grave mas envelhecida soou na janela do lado do motorista, seu tom de voz era como gelo e os olhos azuis eram como o inverno mais rigoroso, a velha raposa me encarava pacientemente.
Movi meu olhar entre e o seu avô refletindo sobre o que eu faria, Larsen não dava indícios de que me soltaria. Enquanto pensava avistei uma caminhonete familiar adentrar o estacionamento, sorri me sentindo mais calma e então voltei meu olhar para .
— , querido eu preciso que você me solte. — Passei meus dedos pelos fios de cabelo dele o fazendo olhar para mim.
— Eu não a deixarei ir a lugar algum. — Havia um senso de dever no tom de voz de que me deixou encantada.
— Eu te prometi que tudo ficaria bem, confie em mim. — Sorri calmamente enquanto tentava me soltar.
— Senhorita Cavalieri. — O avô de chamou a nossa atenção dando indícios de sua impaciência.
— o Kayron vai cuidar de você, eles não podem me fazer mal ou você se esqueceu do que um Cavalieri é capaz ?! — Segurei as mãos dele conseguindo me libertar.
— Mas …— O interrompi com um breve selar de lábios e então me movi para o banco do motorista vendo o avô de se afastar para que eu pudesse abrir a porta.
— ! — Kayron apareceu correndo até me alcançar.
— Kayron eu suponho. — O avô de o avaliou de cima a abaixo num olhar de desdém.
— Eu pensei que minha família havia sido clara quando disemos para sua família não cruzar o nosso caminho. — Kayron o respondeu sem elevar seu tom de voz.
— Senhor Cavalieri! — Mister Hopkings se pronunciou como num pedido de calma.
— Soube do seu arranjo matrimonial, pensei que os Cavalieri não se juntassem a renegados…me esqueci de vocês também são renegados. — O avô de comentou como se estivesse sendo incomodado por um mosquito que não o deixava em paz.
— Kayron. — Segurei o braço de meu irmão o empurrando contra o carro de .
— Vejo que sua irmã é a única que faz jus ao sobrenome Cavalieri. — O avô de voltou seu olhar para o meu irmão como se ele não fosse nada.
— O senhor invade a instituição que eu estudo, zomba da minha família, despreza meu irmão acho que seu codinome é um tanto errado. — Atraí o olhar frio do avô de sentindo meu irmão tremer de raiva as minhas costas. — Não é do fetio da sua família agir precipadamente, o que foi que aconteceu para o mover até essa cidadezinha Giuseppe.
Eu ouvi Mister Hopkings engolir em seco, a tensão no ar era possível ser cortada por uma faca, aqueles olhos gélidos me analisaram cuidadosamente enquanto eu sentia meu irmão segurar o meu braço tentando me mover para o lado.
— Sua falta de prudência me lembra a de sua mãe minha cara, acordos foram feitos para manter a harmonia, não vamos ressuscitar um conflito familiar que já foi deixado para trás.
— Giuseppe não alterou seu tom de voz enquanto olhava para mim seriamente.
— Mas eu não fiz nada meu caro senhor. — O respondi sem qualquer indício de medo, eu o encarava diretamente.
— Informações podem ser compradas. — Giuseppe me respondeu como se eu fosse estúpida, seu desdém óbvio por ter que explicar algo a uma pirralha como eu.
— Eu sei mas lealdade não, e com a mesma facilidade que informações podem ser compradas, as informações podem vir a público e não queremos isso. — Meu irmão tomou a frente enquanto eu tentava manter minha boca quieta, Kayron estava tentando direcionar a atenção de Giuseppe para ele.
Então o som de uma porta sendo fechada quebrou o silêncio, meu irmão e Giuseppe não desviaram o olhar, era como se uma guerra silenciosa se desenrolasse entre eles.
— Vá embora Giuseppe. — A voz de soou forte embora respeitosa, eu conseguia ver em suas íris o medo, se eu conseguia então Giuseppe também via.
— Então você resolveu sair do carro garoto. — Giuseppe olhou para como se ele não passasse de um inseto. Kayron me segurou no lugar quando notou minha agitação, ver encolher os ombros desviando os olhos me deixou furiosa. andava sempre de cabeça erguida, com um sorriso brilhante em seus lábios, a alegria dele as vezes era irritante mas vê-lo daquela maneira acabava comigo…respirei fundo e olhei para Giuseppe como se eu pudesse o derrotar por mim mesma, mas não se vencia uma raposa usando a força física, precisava de uma estratégia.
— Sabe qual é o problema dos segredos Giuseppe ? — Perguntei sorrindo docemente, eu vi por breves segundos a surpresa inundar as íris gélidas do avô de .
— Eu presumo que sim. — Giuseppe me respondeu de forma indiferente.
— E qual seria ? — O questionei ainda usando o tom inocente sentindo o olhar de Mister Hopkings sobre mim, como se ele estivesse tentando me alertar para não provocar Giuseppe.
— Minha cara sua genética não mente, seus olhos são como os de sua mãe, assim como a habilidade de enfrentar um predador. — Giuseppe alterou sua postura indicando que estava de partida. — Meu filho estúpido cuidará daquela criança problemática, não se preocupe com o seu garoto ali eu não tenho interesse em renegados.
— Mas sobre o que o senhor está falando? — O olhei com uma falsa confusão vendo o velho Giuseppe piscar para mim seguindo para o seu carro onde um motorista o aguardava. Kayron não se moveu até que Giuseppe saísse do estacionamento, três pares de olhos me observavam intrigados, acabei rindo, liberando toda a tensão que estava sentindo. Olhei para o céu grata por ter minha família sempre ao meu lado, abracei Kayron e então ergui meus braços para cima esticando minhas articulações.
Capítulo 84
— Não me olhem assim, eu não sei o que se passa na cabeça daquele velho. — Olhei para eles sobre o meu ombro.
— Eu sabia que vocês Cavalieri eram loucos mas não ao ponto de enfrentar alguém como Giuseppe. — Mister Hopkings me olhou como se eu tivesse um parafuso a menos.
— A estratégia é sempre o melhor ataque. — Pisquei para Mister Hopkings antes dele voltar para o saguão do colégio.
— Você me deve respostas monstrinha! — Kayron me olhou incisivamente.
— O que você sabe, ? — me questionou confuso.
— Quanto menos vocês dois souberem melhor, eu consigo me livrar daquela raposa e o que vier atrás de mim. — Os respondi de forma despreocupada.
— O quanto você sabe? — Kayron e me questionaram ao mesmo tempo, se entreolhando confusos por terem dito a mesma coisa.
— O suficiente para estar sempre preparada para uma eventual crise, já diz o ditado não é mesmo: antes prevenir do que remediar! — Pisquei para eles enquanto seguia na direção da porta do motorista do carro de .
— Você me prometeu monstrinha. — Kayron caminhou em minha direção, seu olhar preocupado me fez sorrir e então o abracei.
— Mamãe sabe de tudo, você não precisa se preocupar, eu não faria nada sem que ela soubesse , e agora eu tenho que relatar a ela o que houve nessa tarde porque aquela raposa já deve ter perturbado nossos pais assim que saiu daqui. — Suspirei deixando minha cabeça repousar sobre o peito do meu irmão mais velho.
— Você ainda me deixará de cabelos brancos antes do tempo monstrinha! — Kayron suspirou e bagunçou meus cabelos antes de me soltar e seguir para a sua caminhonete. — Avise a mamãe que passarei a noite fora. — Kayron exclamou antes de entrar na sua caminhonete.
— Diga a ela, preguiçoso! — Rebati rindo antes de entrar no carro de Larsen o encontrando sentado sobre o banco do passageiro.
— Me desculpe por te fazer passar por isso, a minha família é complicada. — me disse assim que me sentei, a palavra família parecia ter um gosto amargo para ele como se o forçasse a reviver momentos desagradáveis.
— Eu sei, não se desculpe por pessoas como ele, você não tem culpa de nada e quando decidi me envolver com você querido eu já sabia que poderia cruzar com eles em algum momento, você é tudo o que importa para mim, . — Sorri tranquilamente para ele segurando a face dele antes de o beijar.
— Você realmente é inacreditável Love. — sussurrou contra os meus lábios segurando a minha nuca antes de voltar a unir novamente nossos lábios.
Acabamos saindo daquele estacionamento quando Mister Hopkings retornou nos expulsando dali, estava rindo enquanto seguíamos pelas ruas da cidade, sua playlist estava conectada ao som do meu carro e ele sussurrava alguns versos quando achava que eu não estava prestando atenção. Admirava a força do meu namorado, eu não tinha a menor ideia do que ele havia passado nos últimos anos, o que ele precisou suportar, os abusos familiares que vivenciou e ainda assim estava ali, sorrindo abertamente enquanto observava o horizonte. Larsen era mais que o exterior, sua verdadeira beleza estava em seu interior e mesmo que o final desse relacionamento fosse corações partidos eu não me arrependia nenhum um pouco das minhas escolhas. Estacionei o carro no barracão, meus dois cachorros apareceram pulando animados, acabei sorrindo ainda mais brincando com eles antes de pegar minha mochila no banco de trás, ao procurar por o encontrei encostado no meu carro me observando silenciosamente.
— Eu te amo Cavalieri. — suspirou sorrindo da forma mais irritante e bela antes de caminhar até mim, ele me puxou pela cintura antes de me beijar assim silenciando minhas próximas palavras. Dentro daquele barracão, enquanto nossos lábios estavam unidos o tempo parecia não existir, os olhos esmeraldas de voltaram a brilhar, ele era como uma joia preciosa que eu havia demorado a encontrar, a vida dura que levou até ali o lapidou transformando num homem admirável e eu o respeitava e o admirava por persistir na luta pelos seus objetivos. possuía todos os motivos para desistir, mas ele não era assim, sua força e determinação eram admiráveis e por isso o observar nadar era tão hipnotizante! Nos afastamos com a respiração irregular, nossos olhos pareciam se comunicar melhor do que palavras expressariam o que sentíamos…nunca havia imaginado encontrar alguém que me decifrasse tão bem quanto ele!
— Eu também o amo. — Segurei a mão dele seguindo com ele para a entrada da frente da minha casa.
No meio do caminho encontramos Garret e Hector, os dois pareciam ter deixado a casa apenas para nos procurar, como duas águias protetoras, Hector e Garret se colocaram entre nós como um ato de provocação, caminhei ainda mais rápido forçando meus dois irmãos me seguirem enquanto ria se divertindo com os resmungos dos dois. Atravessei a sala seguindo diretamente para as escadas, as quais subi rapidamente escapando dos meus dois irmãos, em meu quarto tirei meus tênis e deixei minha mochila sobre a minha mesa de estudos seguindo para o banheiro de forma a lavar as mãos. Retornei para o primeiro andar da casa encontrando minha família reunida na mesa, minha mãe me deu uma piscadela atraindo a atenção de Garret e Hector que trocaram um olhar confuso, a risada escapou dos meus lábios sem que eu pudesse controlar.
— Kayron me pediu para avisar que passará a noite fora mãe. — Comentei casualmente colocando a comida em meu prato.
— Acho que Kayron nos proporcionar a possibilidade de termos bisnetos. — Meu avô comentou com um sorriso tranquilo.
— É , acho que ele será o primeiro a ter filhos se continuar dessa forma. — Garret riu piscando de forma zombeteira para Hector que se juntou a ele na risada.
— querido, você está bem? — Mamãe perguntou preocupada a fazendo com que todos voltassem seu olhar para ele, o qual estava com a face um pouco pálida.
— Eu estou bem senhora, eu só estou um pouco enjoado. — a respondeu antes de tomar um pouco de água.
— Seus idiotas! Ficam falando besteira! — Repreendi Garret e Hector que riram ainda mais.
— Você conhece o nosso irmão pestinha. — Hector encostou na cadeira com um sorriso travesso.
— Crianças… — Papai nos avisou com um olhar.
— Desculpe. — Hector, Garret e eu o respondemos em uníssono.
O jantar seguiu tranquilamente enquanto meus pais conduziam a conversa, meus irmãos foram repreendidos mais algumas vezes devido as piadinhas com Kayron; papai conversou de forma amigável com , meus avós me entreteram sobre algumas histórias sobre o passado deles…em momentos como aqueles eu enxergava o quanto era abençoada por ter uma família assim! Mamãe fez Hector e Garret cuidarem da limpeza das louças e recolherem a mesa, papai e vovô saíram com para dar uma volta, vovó se sentou na poltrona na sala enquanto assistia seu programa habitual e mamãe me levou até o escritório de papai.
— Soube que Giuseppe esteve em seu colégio. — Mamãe ocupou a poltrona ao meu lado, tocando no assunto de forma despreocupada.
— Aquela raposa realmente teve a ousadia de lhe incomodar. — Estava certa em pensar que ele a incomodaria quando deixou o estacionamento.
— Como foi o encontro com ele? — Ela me questionou preocupada, seus olhos fixos nos meus.
— Terrível, teve um ataque de pânico, o diretor Hopkings pressionou as coisas e Kayron ficou furioso…Giuseppe me comparou a você mãe, como você havia me avisado Giuseppe realmente tentou me fazer confessar que estava por trás das revelações que os jornais exibiram nas últimas semanas. — A respondi contando o que havia ocorrido naquela tarde.
— Como Kayron foi envolvido nisso? — Mamãe me questionou com um ar de preocupação.
— Pedi para ele me ajudar com …eu não ia conseguir me livrar de suspeitas preocupada com o meu namorado, Kayron e eu ouvimos a conversa de Zara e no dia em que os Wright o torturaram…eu deixei escapar que faria algo e Kayron ficou no meu pé desde então, chamá-lo fora uma forma de dizer a ele que havia finalizado meu plano. — A respondi honestamente tentando tranquilizá-la.
— Você realmente é igualzinha a mim. —Mamãe suspirou fechando os olhos por um momento antes de me olhar seriamente. — Não faça mais nada para atrair a atenção dos Wright, você fez o certo ao defender o seu namorado mas há uma boa razão para os evitarmos, o conflito entre nossas famílias só trouxeram desgraça para ambos os lados.
— Acho que eu tenho mais uma coisa para te contar, mãe…— A respondi um pouco indecisa. — Há um nadador com quem me envolvi no início do ano, o qual Daniel está manipulando para me colocar em problemas no futuro.
— O quanto você esteve envolvida com ele? —
Ela suspirou pesadamente, seus olhos exibiam preocupação.
— O problema não é esse mãe, não passou de alguns beijos…o problema é quem esse nadador é. — A respondi encolhendo os ombros me sentindo envergonhada pelos meus atos passados.
— Você realmente esta seguindo meus passos se colocando em tantos problemas com os Wright…— Ela massageou suas pálpebras respirando fundo antes de me olhar nos olhos outra vez. — Quem é esse rapaz?
— Victor Roux. — A respondi me sentindo envergonhada pela estupidez de me envolver com ele.
— Ele é amigo de Daniel, suponho. — Ela comentou tentando não demonstrar o que estava pensando.
— Sim, ele foi aquele quem nos apresentou. — A respondi tentando não desviar os olhos.
— Você levou tanto tempo para enxergar que a amava, presumindo o pior a respeito dele mas se deixou enganar pelas palavras de Daniel…entre os gêmeos você realmente não soube discernir entre o bom e o mal; minha doce criança espero que assim que tudo isso acabar você aprenda alguma coisa. — Minha mãe segurou minha mão enquanto me olhando seriamente repreendendo-me. Minha mãe me pediu para que eu não agisse de forma imprudente nos amistosos, me lembrando de que os Wright, especialmente Giuseppe, estariam de olho em mim. Assim que saímos do escritório dei boa noite a ela, subi para o meu quarto para estudar, revisei o desempenho da minha equipe e estudei minhas adversárias, em especial Annelise, como Trina estaria afastada das competições, ela era a minha única adversária embora eu não deixasse de estudar todas as garotas que iriam competir na mesma categoria que eu. Estive imersa por tanto tempo em meus estudos que não notei a figura de meus irmãos sentados em minha cama conversando entre si completamente a vontade como se o quarto fosse deles.
— Eu sabia que vocês Cavalieri eram loucos mas não ao ponto de enfrentar alguém como Giuseppe. — Mister Hopkings me olhou como se eu tivesse um parafuso a menos.
— A estratégia é sempre o melhor ataque. — Pisquei para Mister Hopkings antes dele voltar para o saguão do colégio.
— Você me deve respostas monstrinha! — Kayron me olhou incisivamente.
— O que você sabe, ? — me questionou confuso.
— Quanto menos vocês dois souberem melhor, eu consigo me livrar daquela raposa e o que vier atrás de mim. — Os respondi de forma despreocupada.
— O quanto você sabe? — Kayron e me questionaram ao mesmo tempo, se entreolhando confusos por terem dito a mesma coisa.
— O suficiente para estar sempre preparada para uma eventual crise, já diz o ditado não é mesmo: antes prevenir do que remediar! — Pisquei para eles enquanto seguia na direção da porta do motorista do carro de .
— Você me prometeu monstrinha. — Kayron caminhou em minha direção, seu olhar preocupado me fez sorrir e então o abracei.
— Mamãe sabe de tudo, você não precisa se preocupar, eu não faria nada sem que ela soubesse , e agora eu tenho que relatar a ela o que houve nessa tarde porque aquela raposa já deve ter perturbado nossos pais assim que saiu daqui. — Suspirei deixando minha cabeça repousar sobre o peito do meu irmão mais velho.
— Você ainda me deixará de cabelos brancos antes do tempo monstrinha! — Kayron suspirou e bagunçou meus cabelos antes de me soltar e seguir para a sua caminhonete. — Avise a mamãe que passarei a noite fora. — Kayron exclamou antes de entrar na sua caminhonete.
— Diga a ela, preguiçoso! — Rebati rindo antes de entrar no carro de Larsen o encontrando sentado sobre o banco do passageiro.
— Me desculpe por te fazer passar por isso, a minha família é complicada. — me disse assim que me sentei, a palavra família parecia ter um gosto amargo para ele como se o forçasse a reviver momentos desagradáveis.
— Eu sei, não se desculpe por pessoas como ele, você não tem culpa de nada e quando decidi me envolver com você querido eu já sabia que poderia cruzar com eles em algum momento, você é tudo o que importa para mim, . — Sorri tranquilamente para ele segurando a face dele antes de o beijar.
— Você realmente é inacreditável Love. — sussurrou contra os meus lábios segurando a minha nuca antes de voltar a unir novamente nossos lábios.
Acabamos saindo daquele estacionamento quando Mister Hopkings retornou nos expulsando dali, estava rindo enquanto seguíamos pelas ruas da cidade, sua playlist estava conectada ao som do meu carro e ele sussurrava alguns versos quando achava que eu não estava prestando atenção. Admirava a força do meu namorado, eu não tinha a menor ideia do que ele havia passado nos últimos anos, o que ele precisou suportar, os abusos familiares que vivenciou e ainda assim estava ali, sorrindo abertamente enquanto observava o horizonte. Larsen era mais que o exterior, sua verdadeira beleza estava em seu interior e mesmo que o final desse relacionamento fosse corações partidos eu não me arrependia nenhum um pouco das minhas escolhas. Estacionei o carro no barracão, meus dois cachorros apareceram pulando animados, acabei sorrindo ainda mais brincando com eles antes de pegar minha mochila no banco de trás, ao procurar por o encontrei encostado no meu carro me observando silenciosamente.
— Eu te amo Cavalieri. — suspirou sorrindo da forma mais irritante e bela antes de caminhar até mim, ele me puxou pela cintura antes de me beijar assim silenciando minhas próximas palavras. Dentro daquele barracão, enquanto nossos lábios estavam unidos o tempo parecia não existir, os olhos esmeraldas de voltaram a brilhar, ele era como uma joia preciosa que eu havia demorado a encontrar, a vida dura que levou até ali o lapidou transformando num homem admirável e eu o respeitava e o admirava por persistir na luta pelos seus objetivos. possuía todos os motivos para desistir, mas ele não era assim, sua força e determinação eram admiráveis e por isso o observar nadar era tão hipnotizante! Nos afastamos com a respiração irregular, nossos olhos pareciam se comunicar melhor do que palavras expressariam o que sentíamos…nunca havia imaginado encontrar alguém que me decifrasse tão bem quanto ele!
— Eu também o amo. — Segurei a mão dele seguindo com ele para a entrada da frente da minha casa.
No meio do caminho encontramos Garret e Hector, os dois pareciam ter deixado a casa apenas para nos procurar, como duas águias protetoras, Hector e Garret se colocaram entre nós como um ato de provocação, caminhei ainda mais rápido forçando meus dois irmãos me seguirem enquanto ria se divertindo com os resmungos dos dois. Atravessei a sala seguindo diretamente para as escadas, as quais subi rapidamente escapando dos meus dois irmãos, em meu quarto tirei meus tênis e deixei minha mochila sobre a minha mesa de estudos seguindo para o banheiro de forma a lavar as mãos. Retornei para o primeiro andar da casa encontrando minha família reunida na mesa, minha mãe me deu uma piscadela atraindo a atenção de Garret e Hector que trocaram um olhar confuso, a risada escapou dos meus lábios sem que eu pudesse controlar.
— Kayron me pediu para avisar que passará a noite fora mãe. — Comentei casualmente colocando a comida em meu prato.
— Acho que Kayron nos proporcionar a possibilidade de termos bisnetos. — Meu avô comentou com um sorriso tranquilo.
— É , acho que ele será o primeiro a ter filhos se continuar dessa forma. — Garret riu piscando de forma zombeteira para Hector que se juntou a ele na risada.
— querido, você está bem? — Mamãe perguntou preocupada a fazendo com que todos voltassem seu olhar para ele, o qual estava com a face um pouco pálida.
— Eu estou bem senhora, eu só estou um pouco enjoado. — a respondeu antes de tomar um pouco de água.
— Seus idiotas! Ficam falando besteira! — Repreendi Garret e Hector que riram ainda mais.
— Você conhece o nosso irmão pestinha. — Hector encostou na cadeira com um sorriso travesso.
— Crianças… — Papai nos avisou com um olhar.
— Desculpe. — Hector, Garret e eu o respondemos em uníssono.
O jantar seguiu tranquilamente enquanto meus pais conduziam a conversa, meus irmãos foram repreendidos mais algumas vezes devido as piadinhas com Kayron; papai conversou de forma amigável com , meus avós me entreteram sobre algumas histórias sobre o passado deles…em momentos como aqueles eu enxergava o quanto era abençoada por ter uma família assim! Mamãe fez Hector e Garret cuidarem da limpeza das louças e recolherem a mesa, papai e vovô saíram com para dar uma volta, vovó se sentou na poltrona na sala enquanto assistia seu programa habitual e mamãe me levou até o escritório de papai.
— Soube que Giuseppe esteve em seu colégio. — Mamãe ocupou a poltrona ao meu lado, tocando no assunto de forma despreocupada.
— Aquela raposa realmente teve a ousadia de lhe incomodar. — Estava certa em pensar que ele a incomodaria quando deixou o estacionamento.
— Como foi o encontro com ele? — Ela me questionou preocupada, seus olhos fixos nos meus.
— Terrível, teve um ataque de pânico, o diretor Hopkings pressionou as coisas e Kayron ficou furioso…Giuseppe me comparou a você mãe, como você havia me avisado Giuseppe realmente tentou me fazer confessar que estava por trás das revelações que os jornais exibiram nas últimas semanas. — A respondi contando o que havia ocorrido naquela tarde.
— Como Kayron foi envolvido nisso? — Mamãe me questionou com um ar de preocupação.
— Pedi para ele me ajudar com …eu não ia conseguir me livrar de suspeitas preocupada com o meu namorado, Kayron e eu ouvimos a conversa de Zara e no dia em que os Wright o torturaram…eu deixei escapar que faria algo e Kayron ficou no meu pé desde então, chamá-lo fora uma forma de dizer a ele que havia finalizado meu plano. — A respondi honestamente tentando tranquilizá-la.
— Você realmente é igualzinha a mim. —Mamãe suspirou fechando os olhos por um momento antes de me olhar seriamente. — Não faça mais nada para atrair a atenção dos Wright, você fez o certo ao defender o seu namorado mas há uma boa razão para os evitarmos, o conflito entre nossas famílias só trouxeram desgraça para ambos os lados.
— Acho que eu tenho mais uma coisa para te contar, mãe…— A respondi um pouco indecisa. — Há um nadador com quem me envolvi no início do ano, o qual Daniel está manipulando para me colocar em problemas no futuro.
— O quanto você esteve envolvida com ele? —
Ela suspirou pesadamente, seus olhos exibiam preocupação.
— O problema não é esse mãe, não passou de alguns beijos…o problema é quem esse nadador é. — A respondi encolhendo os ombros me sentindo envergonhada pelos meus atos passados.
— Você realmente esta seguindo meus passos se colocando em tantos problemas com os Wright…— Ela massageou suas pálpebras respirando fundo antes de me olhar nos olhos outra vez. — Quem é esse rapaz?
— Victor Roux. — A respondi me sentindo envergonhada pela estupidez de me envolver com ele.
— Ele é amigo de Daniel, suponho. — Ela comentou tentando não demonstrar o que estava pensando.
— Sim, ele foi aquele quem nos apresentou. — A respondi tentando não desviar os olhos.
— Você levou tanto tempo para enxergar que a amava, presumindo o pior a respeito dele mas se deixou enganar pelas palavras de Daniel…entre os gêmeos você realmente não soube discernir entre o bom e o mal; minha doce criança espero que assim que tudo isso acabar você aprenda alguma coisa. — Minha mãe segurou minha mão enquanto me olhando seriamente repreendendo-me. Minha mãe me pediu para que eu não agisse de forma imprudente nos amistosos, me lembrando de que os Wright, especialmente Giuseppe, estariam de olho em mim. Assim que saímos do escritório dei boa noite a ela, subi para o meu quarto para estudar, revisei o desempenho da minha equipe e estudei minhas adversárias, em especial Annelise, como Trina estaria afastada das competições, ela era a minha única adversária embora eu não deixasse de estudar todas as garotas que iriam competir na mesma categoria que eu. Estive imersa por tanto tempo em meus estudos que não notei a figura de meus irmãos sentados em minha cama conversando entre si completamente a vontade como se o quarto fosse deles.
Capítulo 85
— O que vocês dois estão fazendo aqui? — Os questionei indignada.
— Pestinha, assim você nos machuca. — Garret colocou a mão em seu peito numa demonstração dramática enquanto me olhava com um olhar "ferido".
— Eu os conheço bem o suficiente para saber que estão atrás de alguma coisa, o que querem? — Perguntei olhando-os cuidadosamente.
— Estamos preocupados, como seus irmãos temos o dever de te manter segura mas quanto mais tentamos evitar que você se machuque , você se coloca em situações ainda mais sérias…Soubemos que encontrou Giuseppe, somos seus irmãos, gostaríamos que as vezes você confiasse mais em nós. — Hector me respondeu seriamente enquanto mantinha seu olhar no meu.
— Pestinha nós sabemos que para um Cavalieri se meter em confusões é inevitável, mas isso não significa que você precise resolver tudo sozinha, desta vez você teve o auxílio de nossa mãe mas e quanto a nós? Quantas foram as situações em que você se meteu esse ano e ficamos sabendo pela boca de outras pessoas?! Nós gostaríamos que você confiasse mais em nós, somos seus irmãos mais velhos, estamos do seu lado independente do problema em que você se colocar. — Garret expressou sua preocupação com mais ênfase, ele não estava errado, ultimamente o caos parecia especialmente apegado a mim.
— É justo. — Suspirei antes de me levantar e me sentar entre eles. — Eu não pensei sobre como vocês se sentiriam.
— Somos uma família, você sempre poderá contar com a nossa ajuda. — Hector colocou seu braço em meus ombros enquanto me olhava um pouco menos rabugento.
— Você cresceu rápido demais pestinha. — Garret bagunçou meus cabelos me olhando de forma afetuosa, era o mesmo olhar que as vezes eu recebia do nosso pai, havia uma nostalgia nas íris deles que me fazia sentir como uma criança outra vez.
— Me desculpe por os preocupar. — Deitei minha cabeça no ombro de Hector e sorri para os dois. — Eu tenho realmente sorte por ter vocês como meus irmãos apesar do quão irritantes vocês dois possam ser as vezes. — Pisquei para eles enquanto sorria de forma zombeteira.
— Sua pirralha! — Garret riu antes de começar a fazer cócegas em mim.
Acabei deitada no colchão com Garret e Hector fazendo cócegas em mim antes que papai aparecesse e me ajudasse, não sem antes tirar uma fotografia da cena, uma recordação para quando eu me formasse ele disse. Papai os levou para fora do quarto e me pediu para não dormir muito tarde antes de sair após me dar boa noite, vovó me pediu apareceu um pouco antes de eu me deitar pedindo para que eu a ajudasse em algumas tarefas amanhã após as aulas. Assim que desliguei as luzes e fechei a porta do banheiro após escovar os dentes eu notei que não estava sozinha em meu quarto; a figura de Larsen sentado de forma confortável contra a cabeceira da minha cama, tendo em suas mãos o livro que eu geralmente deixava sobre a mesinha de canto, me causou borboletas em meu estômago, não fazia ideia se era porque ele estava relaxado, ou o seu pijama, especialmente a falta da parte de cima do pijama, ou o modo como ele lia vagarosamente as palavras do livro.
Aquela cena comum, algo que um dia poderia se tornar parte da minha rotina diária mexeu comigo. se sentia completamente à vontade em meu quarto, quase como se fosse o seu próprio quarto. Quando menos eu esperava ele ali estava, quebrando regras, correndo o risco de meus pais ou irmãos encontrarem-no ali, mas ainda assim permanecer como se nada no mundo o afetasse. Aquela cena embora ordinária possuía um certo encanto, o qual não conseguia por em palavras, eu o amava, inegávelmente, incondicionalmente, de forma perfeitamente imperfeita, oh eu o amava!
— Vou começar a achar que você não pode viver sem mim. — Anunciei minha presença o tirando de sua leitura com uma frase espirituosa, proferida em um tom de provocação conseguindo fazê-lo rir suavemente em resposta.
— Ah minha querida se você soubesse como eu me sinto a cada vez que temos de nos separar. — me respondeu no mesmo tom de provocação entrando na brincadeira deixando o livro de lado enquanto concentrava toda a sua atenção em mim.
— Imagine o quão solitário você se sente todas as noites ao ter que se distanciar, ocupando um quarto no outro lado da casa. — Mantive o tom brincalhão enquanto subia em minha cama mantendo meu olhar no dele. — O quão inconsolável você deve ficar , meu doce e querido namorado. — Me sentei ao lado dele levando a mão dele a minha face enquanto sustentava o olhar dele.
— Eu nunca terei o suficiente de você minha linda namorada. — me respondeu mesmo tom sorrindo antes de me puxar para mais perto dele, seu braço envolveu minha cintura. — Eu não me canso de te olhar . — O timbre da voz dele se tornou mais grave, sua frase soou como um soneto em sua voz melódica.
— Só olhar? — Arqueei minha sobrancelha o olhando de forma zombeteira enquanto mordia o interior da minha bochecha segurando o riso.
— Um dia descobrirei a razão de você odiar romances, mas por agora eu silenciarei essa boca atrevida que tanto amo. — Ele riu antes de cobrir meus lábios com os dele me puxando para ainda mais perto, sua mão esquerda estava entremeada entre os fios de cabelos da minha cabeça enquanto seu braço direito me mantinha pressionada contra seu tronco.
Um suspiro escapou pelos meus lábios sem que eu tivesse qualquer controle, bastava me beijar para que o mundo entrasse em segundo plano, o tempo era relativo. Os amistosos, competições pareciam completamente fora de foco quando estávamos sozinhos, por mais que eu desacreditasse que havia sim amores verdadeiros, a existência de era a prova do quão errada eu estive durante todos esse anos. Meu pragmatismo e ceticismo crônico me fez perder a oportunidade de enxergar o que esteve diante dos meus olhos durante todo esse tempo! Nos braços de eu me sentia segura, como se pertencesse aquele lugar!
— Você está muito quieta querida, o que está em seus pensamentos? — me perguntou com um sorriso travesso enquanto deixava uma trilha de beijos em minha clavícula.
— Se eu te contar não terei paz alguma nos próximos dias. — O respondi olhando-o com gracejo, a honestidade em minhas palavras unida ao tom de provocação o fez me observar em silêncio por alguns minutos.
— O que seria então minha dama impetuosa? — me respondeu depois de um tempo com uma pergunta enquanto sorria de forma zombeteira.
— O quão engraçado seria se meus irmãos o encontrassem dessa forma, em meu quarto. — O respondi com gracejo sorrindo e forma travessa para ele , enquanto me levantava da cama me afastando.
— Não, eu conheço esse olhar e não pense que eu não notei que mudou de assunto de propósito! — se levantou se movendo lentamente, estudando meus movimentos, embora ele também estivesse sorrindo com diversão.
— Eu não mudei de assunto. — O olhei da maneira mais angelical que eu conseguia enquanto me aproximava da porta do quarto.
— Eu te conheço melhor que ninguém Love, eu sei quando está tentando fugir. — me respondeu e em poucas passadas ele me alcançou, o corpo bem definido de Larsen pressionava o meu contra a porta, ele segurava meus braços acima da cabeça com uma mão e com a outra ele mantinha meu queixo erguido, enquanto um sorriso descarado enfeitava os lábios dele.
— Você é insuportável. — O respondi tentando segurar o riso, aquela situação me deu um déjà vu.
— O seu insuportável. — piscou um de seus olhos e então abaixou sua cabeça lentamente tocando meu pescoço com a ponta de seu nariz ainda me mantendo na mesma posição: presa contra ele! — Acho que não sou o único que está tendo um déjà vu com essa situação. — Ele riu em seu timbre grave causando arrepios em minha nuca, mas não de um jeito ruim.
— Aquele dia eu quis matar você Larsen, eu nunca senti tanta raiva de alguém em minha vida antes daquele dia. — O respondi fechando os olhos ao sentir os lábios dele brincarem com o lóbulo da minha orelha.
— Oh eu sei que sim, seus lindos olhos faiscavam naquela fatídica tarde. — Larsen riu baixo, soltando sua respiração logo abaixo da minha orelha em uma região sensível.
— Bastardo! — Segurei o ombro dele soltando minha respiração entre meus lábios semicerrados fechando os olhos ao sentir as mãos dele adentrar minha blusa do pijama. Larsen sorriu casualmente, suas mãos subiram lentamente pelo meu tronco, ele abaixou novamente sua cabeça deixando um cálido beijo sobre meu ombro direito. As lumes esmeraldas dele sempre roubavam meu fôlego; a cada vez que nossos olhares se encontravam o tempo parecia não existir, nossas respirações se misturaram enquanto nos olhávamos…eu poderia passar horas apenas o observando sem me cansar. Ele voltou a beijar a minha clavícula enquanto tocava o meu abdômen, eu não tinha ideia do que aconteceria aquela noite mas não poderia me importar menos. Nossos lábios se encontraram causando uma descarga de energia em meu corpo, uma das minhas mãos segurou o pescoço dele enquanto a outra se ocupava em tocá-lo. Andamos às cegas pelo quarto até que caiu sobre a cama me levando junto com ele, o riso escapou de nossos lábios mas não durou muito tempo até estarmos novamente nos beijando.
“ Eu desejava que aquela noite nunca acabasse! ”
💙🏆💙
Meu corpo se moveu pela água de forma firme, criando abertura a cada braçada, mergulhei ao passar por uma onda, a roupa de neoprene protegia meu corpo da água fria daquela manhã. O sol ainda estava atravessando o horizonte fazendo sua caminhada pelo céu e ali eu estava, enfrentando as águas frias do mar enquanto tentava controlar a agitação causada pela noite passada. Quando estava próxima a faixa da areia Roman surgiu em sua prancha, alcançando a areia primeiro que eu devido a uma manobra, ele estava vestindo um macacão de neoprene semelhante ao meu.
— O que você está fazendo aqui a essa hora? — O questionei no mesmo instante que Roman me fez a mesma indagação, nos olhamos em silêncio por breves segundos antes de cairmos na gargalhada.
— O que está te deixando agitada esta manhã ? — Roman se sentou sobre a areia indicando para que eu fizesse o mesmo.
— Eu poderia te fazer a mesma pergunta, você detesta acordar cedo. — Repliquei sem responder o que ele havia questionado.
— Becky e eu discutimos na noite passada. — Roman me respondeu casualmente tentando esconder como ele realmente se sentia.
— Eu dormi com . — O respondi o mais casualmente que poderia.
Roman assobiou impressionado, havia uma mistura de preocupação e diversão nas íris de meu melhor amigo; era como se através daquele olhar ele me perguntasse se eu estava bem, balancei a cabeça dando de ombros tentando demonstrar que não era nada demais embora fosse um grande passo para mim. Eu não me ligava seriamente a outra pessoa, dificilmente deixava que eles vissem além do que eu queria que soubessem sobre mim, mas com foi diferente, ele invadiu meu espaço desde o princípio, era como se ele pudesse ver através de mim e isso me assustou, agora, no entanto, poderia baixar minhas defesas e agir mais como eu mesma ao lado dele.
— O que aconteceu entre você e Becky? — O indaguei tentando redirecionar o foco para Roman.
— Com a aproximação dos vestibulares Becky está uma pilha de nervos, ela simplesmente me perguntou quando eu escolheria uma profissão de verdade ao invés de perder meu tempo surfando. — Roman despejou o que estava o perturbando.
— Ela passou dos limites! — Fechei meus olhos sentindo-me irritada por Roman, Becky havia passado dos limites ao menosprezar o sonho de Roman. — Você não vai desistir do seu sonho por causa do que ela disse, não é mesmo?! — O questionei notando o olhar de Roman perdido no horizonte.
— Não, mas também não quero vê-la hoje. — Roman me respondeu suspirando pesadamente, era evidente o quanto aquela briga com Becky havia o afetado.
— Eu entendo, se você quiser podemos passar o dia na praia e fazer algo, não é como se eu estivesse entusiasmada para ir a aula esta manhã. — O respondi tentando o animar.
— Você está querendo matar aula apenas porque está envergonhada demais para encarar o seu namorado?! — Roman riu alto enquanto me observava com gracejo. — Eu nunca pensei que te veria envergonhada , não dessa maneira. — Roman continuou a rir.
— Seu idiota! — Rolei meus olhos enquanto me levantava espanando a areia do meu traje de neoprene. — Fique aí irritado e lide com isso sozinho.
— Boa sorte em fingir que nada aconteceu para os seus irmãos, quero só ver quando eles descobrirem disso. — Roman ria sem qualquer problema, seus olhos se fecharam enquanto ele ria abertamente.
— Eu te odeio um pouco mais essa manhã! — Revirei meus olhos voltando a me sentar sobre a areia.
— Claro, claro, vamos procurar algo para nos ocupar o dia todo. — Roman se levantou ainda rindo tirando a corda de seu tornozelo que ligava a prancha antes de me oferecer uma de suas mãos.
— Pestinha, assim você nos machuca. — Garret colocou a mão em seu peito numa demonstração dramática enquanto me olhava com um olhar "ferido".
— Eu os conheço bem o suficiente para saber que estão atrás de alguma coisa, o que querem? — Perguntei olhando-os cuidadosamente.
— Estamos preocupados, como seus irmãos temos o dever de te manter segura mas quanto mais tentamos evitar que você se machuque , você se coloca em situações ainda mais sérias…Soubemos que encontrou Giuseppe, somos seus irmãos, gostaríamos que as vezes você confiasse mais em nós. — Hector me respondeu seriamente enquanto mantinha seu olhar no meu.
— Pestinha nós sabemos que para um Cavalieri se meter em confusões é inevitável, mas isso não significa que você precise resolver tudo sozinha, desta vez você teve o auxílio de nossa mãe mas e quanto a nós? Quantas foram as situações em que você se meteu esse ano e ficamos sabendo pela boca de outras pessoas?! Nós gostaríamos que você confiasse mais em nós, somos seus irmãos mais velhos, estamos do seu lado independente do problema em que você se colocar. — Garret expressou sua preocupação com mais ênfase, ele não estava errado, ultimamente o caos parecia especialmente apegado a mim.
— É justo. — Suspirei antes de me levantar e me sentar entre eles. — Eu não pensei sobre como vocês se sentiriam.
— Somos uma família, você sempre poderá contar com a nossa ajuda. — Hector colocou seu braço em meus ombros enquanto me olhava um pouco menos rabugento.
— Você cresceu rápido demais pestinha. — Garret bagunçou meus cabelos me olhando de forma afetuosa, era o mesmo olhar que as vezes eu recebia do nosso pai, havia uma nostalgia nas íris deles que me fazia sentir como uma criança outra vez.
— Me desculpe por os preocupar. — Deitei minha cabeça no ombro de Hector e sorri para os dois. — Eu tenho realmente sorte por ter vocês como meus irmãos apesar do quão irritantes vocês dois possam ser as vezes. — Pisquei para eles enquanto sorria de forma zombeteira.
— Sua pirralha! — Garret riu antes de começar a fazer cócegas em mim.
Acabei deitada no colchão com Garret e Hector fazendo cócegas em mim antes que papai aparecesse e me ajudasse, não sem antes tirar uma fotografia da cena, uma recordação para quando eu me formasse ele disse. Papai os levou para fora do quarto e me pediu para não dormir muito tarde antes de sair após me dar boa noite, vovó me pediu apareceu um pouco antes de eu me deitar pedindo para que eu a ajudasse em algumas tarefas amanhã após as aulas. Assim que desliguei as luzes e fechei a porta do banheiro após escovar os dentes eu notei que não estava sozinha em meu quarto; a figura de Larsen sentado de forma confortável contra a cabeceira da minha cama, tendo em suas mãos o livro que eu geralmente deixava sobre a mesinha de canto, me causou borboletas em meu estômago, não fazia ideia se era porque ele estava relaxado, ou o seu pijama, especialmente a falta da parte de cima do pijama, ou o modo como ele lia vagarosamente as palavras do livro.
Aquela cena comum, algo que um dia poderia se tornar parte da minha rotina diária mexeu comigo. se sentia completamente à vontade em meu quarto, quase como se fosse o seu próprio quarto. Quando menos eu esperava ele ali estava, quebrando regras, correndo o risco de meus pais ou irmãos encontrarem-no ali, mas ainda assim permanecer como se nada no mundo o afetasse. Aquela cena embora ordinária possuía um certo encanto, o qual não conseguia por em palavras, eu o amava, inegávelmente, incondicionalmente, de forma perfeitamente imperfeita, oh eu o amava!
— Vou começar a achar que você não pode viver sem mim. — Anunciei minha presença o tirando de sua leitura com uma frase espirituosa, proferida em um tom de provocação conseguindo fazê-lo rir suavemente em resposta.
— Ah minha querida se você soubesse como eu me sinto a cada vez que temos de nos separar. — me respondeu no mesmo tom de provocação entrando na brincadeira deixando o livro de lado enquanto concentrava toda a sua atenção em mim.
— Imagine o quão solitário você se sente todas as noites ao ter que se distanciar, ocupando um quarto no outro lado da casa. — Mantive o tom brincalhão enquanto subia em minha cama mantendo meu olhar no dele. — O quão inconsolável você deve ficar , meu doce e querido namorado. — Me sentei ao lado dele levando a mão dele a minha face enquanto sustentava o olhar dele.
— Eu nunca terei o suficiente de você minha linda namorada. — me respondeu mesmo tom sorrindo antes de me puxar para mais perto dele, seu braço envolveu minha cintura. — Eu não me canso de te olhar . — O timbre da voz dele se tornou mais grave, sua frase soou como um soneto em sua voz melódica.
— Só olhar? — Arqueei minha sobrancelha o olhando de forma zombeteira enquanto mordia o interior da minha bochecha segurando o riso.
— Um dia descobrirei a razão de você odiar romances, mas por agora eu silenciarei essa boca atrevida que tanto amo. — Ele riu antes de cobrir meus lábios com os dele me puxando para ainda mais perto, sua mão esquerda estava entremeada entre os fios de cabelos da minha cabeça enquanto seu braço direito me mantinha pressionada contra seu tronco.
Um suspiro escapou pelos meus lábios sem que eu tivesse qualquer controle, bastava me beijar para que o mundo entrasse em segundo plano, o tempo era relativo. Os amistosos, competições pareciam completamente fora de foco quando estávamos sozinhos, por mais que eu desacreditasse que havia sim amores verdadeiros, a existência de era a prova do quão errada eu estive durante todos esse anos. Meu pragmatismo e ceticismo crônico me fez perder a oportunidade de enxergar o que esteve diante dos meus olhos durante todo esse tempo! Nos braços de eu me sentia segura, como se pertencesse aquele lugar!
— Você está muito quieta querida, o que está em seus pensamentos? — me perguntou com um sorriso travesso enquanto deixava uma trilha de beijos em minha clavícula.
— Se eu te contar não terei paz alguma nos próximos dias. — O respondi olhando-o com gracejo, a honestidade em minhas palavras unida ao tom de provocação o fez me observar em silêncio por alguns minutos.
— O que seria então minha dama impetuosa? — me respondeu depois de um tempo com uma pergunta enquanto sorria de forma zombeteira.
— O quão engraçado seria se meus irmãos o encontrassem dessa forma, em meu quarto. — O respondi com gracejo sorrindo e forma travessa para ele , enquanto me levantava da cama me afastando.
— Não, eu conheço esse olhar e não pense que eu não notei que mudou de assunto de propósito! — se levantou se movendo lentamente, estudando meus movimentos, embora ele também estivesse sorrindo com diversão.
— Eu não mudei de assunto. — O olhei da maneira mais angelical que eu conseguia enquanto me aproximava da porta do quarto.
— Eu te conheço melhor que ninguém Love, eu sei quando está tentando fugir. — me respondeu e em poucas passadas ele me alcançou, o corpo bem definido de Larsen pressionava o meu contra a porta, ele segurava meus braços acima da cabeça com uma mão e com a outra ele mantinha meu queixo erguido, enquanto um sorriso descarado enfeitava os lábios dele.
— Você é insuportável. — O respondi tentando segurar o riso, aquela situação me deu um déjà vu.
— O seu insuportável. — piscou um de seus olhos e então abaixou sua cabeça lentamente tocando meu pescoço com a ponta de seu nariz ainda me mantendo na mesma posição: presa contra ele! — Acho que não sou o único que está tendo um déjà vu com essa situação. — Ele riu em seu timbre grave causando arrepios em minha nuca, mas não de um jeito ruim.
— Aquele dia eu quis matar você Larsen, eu nunca senti tanta raiva de alguém em minha vida antes daquele dia. — O respondi fechando os olhos ao sentir os lábios dele brincarem com o lóbulo da minha orelha.
— Oh eu sei que sim, seus lindos olhos faiscavam naquela fatídica tarde. — Larsen riu baixo, soltando sua respiração logo abaixo da minha orelha em uma região sensível.
— Bastardo! — Segurei o ombro dele soltando minha respiração entre meus lábios semicerrados fechando os olhos ao sentir as mãos dele adentrar minha blusa do pijama. Larsen sorriu casualmente, suas mãos subiram lentamente pelo meu tronco, ele abaixou novamente sua cabeça deixando um cálido beijo sobre meu ombro direito. As lumes esmeraldas dele sempre roubavam meu fôlego; a cada vez que nossos olhares se encontravam o tempo parecia não existir, nossas respirações se misturaram enquanto nos olhávamos…eu poderia passar horas apenas o observando sem me cansar. Ele voltou a beijar a minha clavícula enquanto tocava o meu abdômen, eu não tinha ideia do que aconteceria aquela noite mas não poderia me importar menos. Nossos lábios se encontraram causando uma descarga de energia em meu corpo, uma das minhas mãos segurou o pescoço dele enquanto a outra se ocupava em tocá-lo. Andamos às cegas pelo quarto até que caiu sobre a cama me levando junto com ele, o riso escapou de nossos lábios mas não durou muito tempo até estarmos novamente nos beijando.
💙🏆💙
Meu corpo se moveu pela água de forma firme, criando abertura a cada braçada, mergulhei ao passar por uma onda, a roupa de neoprene protegia meu corpo da água fria daquela manhã. O sol ainda estava atravessando o horizonte fazendo sua caminhada pelo céu e ali eu estava, enfrentando as águas frias do mar enquanto tentava controlar a agitação causada pela noite passada. Quando estava próxima a faixa da areia Roman surgiu em sua prancha, alcançando a areia primeiro que eu devido a uma manobra, ele estava vestindo um macacão de neoprene semelhante ao meu.
— O que você está fazendo aqui a essa hora? — O questionei no mesmo instante que Roman me fez a mesma indagação, nos olhamos em silêncio por breves segundos antes de cairmos na gargalhada.
— O que está te deixando agitada esta manhã ? — Roman se sentou sobre a areia indicando para que eu fizesse o mesmo.
— Eu poderia te fazer a mesma pergunta, você detesta acordar cedo. — Repliquei sem responder o que ele havia questionado.
— Becky e eu discutimos na noite passada. — Roman me respondeu casualmente tentando esconder como ele realmente se sentia.
— Eu dormi com . — O respondi o mais casualmente que poderia.
Roman assobiou impressionado, havia uma mistura de preocupação e diversão nas íris de meu melhor amigo; era como se através daquele olhar ele me perguntasse se eu estava bem, balancei a cabeça dando de ombros tentando demonstrar que não era nada demais embora fosse um grande passo para mim. Eu não me ligava seriamente a outra pessoa, dificilmente deixava que eles vissem além do que eu queria que soubessem sobre mim, mas com foi diferente, ele invadiu meu espaço desde o princípio, era como se ele pudesse ver através de mim e isso me assustou, agora, no entanto, poderia baixar minhas defesas e agir mais como eu mesma ao lado dele.
— O que aconteceu entre você e Becky? — O indaguei tentando redirecionar o foco para Roman.
— Com a aproximação dos vestibulares Becky está uma pilha de nervos, ela simplesmente me perguntou quando eu escolheria uma profissão de verdade ao invés de perder meu tempo surfando. — Roman despejou o que estava o perturbando.
— Ela passou dos limites! — Fechei meus olhos sentindo-me irritada por Roman, Becky havia passado dos limites ao menosprezar o sonho de Roman. — Você não vai desistir do seu sonho por causa do que ela disse, não é mesmo?! — O questionei notando o olhar de Roman perdido no horizonte.
— Não, mas também não quero vê-la hoje. — Roman me respondeu suspirando pesadamente, era evidente o quanto aquela briga com Becky havia o afetado.
— Eu entendo, se você quiser podemos passar o dia na praia e fazer algo, não é como se eu estivesse entusiasmada para ir a aula esta manhã. — O respondi tentando o animar.
— Você está querendo matar aula apenas porque está envergonhada demais para encarar o seu namorado?! — Roman riu alto enquanto me observava com gracejo. — Eu nunca pensei que te veria envergonhada , não dessa maneira. — Roman continuou a rir.
— Seu idiota! — Rolei meus olhos enquanto me levantava espanando a areia do meu traje de neoprene. — Fique aí irritado e lide com isso sozinho.
— Boa sorte em fingir que nada aconteceu para os seus irmãos, quero só ver quando eles descobrirem disso. — Roman ria sem qualquer problema, seus olhos se fecharam enquanto ele ria abertamente.
— Eu te odeio um pouco mais essa manhã! — Revirei meus olhos voltando a me sentar sobre a areia.
— Claro, claro, vamos procurar algo para nos ocupar o dia todo. — Roman se levantou ainda rindo tirando a corda de seu tornozelo que ligava a prancha antes de me oferecer uma de suas mãos.
Continua...
Nota da autora: Essa amizade da pp com o Roman é um dos meus aspectos favoritos da história, a relação de irmãos entre eles é uma das partes que eu mais gosto de escrever, espero que estejam gostando da história, até a próxima atualização.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.