Esta fic não é um romance comum, por isso pode conter gatilhos para algumas pessoas, tais como: sexo explícito; uso de álcool e drogas; violência sexual, física, verbal e tortura psicológica. Além disso, também terá referência ao transtorno de piromania.
Capítulo 1
Eu não ligo se você está aqui ou se você não está sozinho.
Eu não me importo, já passou muito tempo. É como se essa relação não tivesse acontecido.
A maneira como seus lábios se movem, o jeito que você sussurra devagar...
Eu não ligo, está tudo bem, passou.
♪ Liar, Camila Cabello.
Passeio pelo salão da casa dos meus padrinhos, rumo a mais uma das festas beneficentes da qual eu não fazia questão de participar, no entanto estava ali, forçando sorriso para pessoas desconhecidas e outras nem tão desconhecidas assim. Meu namorado estava próximo às escadas e assim que me viu, se aproximou, passando as mãos pelo meu quadril com certa força. Com certa posse.
— Você está tão gostosa nesse vestido branco. — ele disse, suspirando e arrancando-me um arfar. — Zeus! Eu não vejo a hora de tirá-lo.
— ! — repreendo-o com o olhar. Por mais que fôssemos namorados, ainda me sentia desconfortável.
Olho ao redor do salão, assim que desvia seu olhar de mim, e suspiro baixo, engolindo a seco quando procuro outra pessoa e não preciso localizá-lo para saber que ele estava aqui. Todo o meu corpo queimava, ardia e eu sentia um desejo absurdo de me esconder. se despede de mim com um selinho em meus lábios, falando que precisava dar atenção a alguém da empresa de seu pai e caminho em direção ao solário, tentando escapar da falta de ar que, aos poucos, me atingia. Parte do lugar estava escuro, o que contrastava com todo o restante da casa que era branca, com detalhes em preto e dourado, esbanjando o poder da família.
Me dirijo ao espaço que menos havia luz. Fecho os olhos, encarando a lua pela claraboia e sinto meu corpo inteiro se arrepiar assim que mãos envolvem minha cintura em um abraço por trás. Tento gritar, mas minha boca é tapada quando a pessoa se encosta mais em mim. Consigo sentir pelo cheiro que se tratava de meu namorado, mas ainda demoro um pouco a me tranquilizar.
Me sentia ingrata por não ser loucamente apaixonada por , como ele era por mim. Ele tinha uma beleza angelical: os cabelos loiros em um comprimento que o deixavam ainda mais harmônico; os braços torneados, ainda que a silhueta não fosse tão forte; os olhos cor de mel, que pareciam se destacar ainda mais no terno branco que ele estava usando. Sinto beijos serem distribuídos por meu pescoço e permito que ele continue, mas o paro assim que sua mão sobe para meus seios.
— , aqui não. — Ele respeita o pedido, afastando as mãos, mas pressiona mais seu corpo contra o meu em resposta.
— Desculpa, linda. Você sabe que não vou fazer nada aqui, só não estou aguentando ver você enfiada nesse vestido. — ele sussurrou em um tom divertido, beijando a minha nuca. — Estamos namorando há dois anos e eu ainda me surpreendo com o quão bela você fica a cada dia. — As mãos agora deslizam pelo meu vestido, subindo-o pelas minhas pernas. Eu permito que o faça, estaria mentindo se falasse que eu não me sentia bem ao ser desejada. — Eu tenho tanta sorte, sabia? Ainda não acredito que vou ser o seu marido. — ele aperta de forma suave a minha coxa e isso me faz congelar em dúvida. Eu não queria que ele continuasse, mas eu sentia que eu devia deixá-lo fazer isso, éramos namorados há algum tempo. Esse bloqueio que eu tinha com ele chegava a ser ridículo. — Estou maluco pra me enfiar dentro de você, ruiva. — suas mãos descem com rapidez quando seu pai o chama. Ele sorri, ajeitando a calça e deixa um beijo em meus ombros, saindo do lugar em seguida.
Tento controlar minha respiração completamente desregulada; conseguia sentir meu peito subindo e descendo. Por algum motivo, eu não me sentia totalmente a vontade com , pelo menos não tanto quanto deveria, apesar de saber que ele provavelmente seria mesmo o meu futuro marido. O desconforto, no entanto, não era apenas sexual. Eu me sentia bloqueada com ele. Já tínhamos feito tudo que não envolvesse penetração, mas ainda assim eu não conseguia dar a ele o que ele mais desejava. Arrumo meu vestido e assim que me viro para sair, o percebo.
sai das sombras com o olhar intenso de sempre.
Ao contrário do irmão, a pele pálida não acompanhava cabelos dourados, os cabelos eram escuros como a noite e os olhos chegavam a ser quase tão sombrios quanto a perversidade escondida em si.
conseguia ter a aparência de um anjo, mas era o próprio Deus.
Céus! A quanto tempo ele estava ali? Ele viu o irmão me tocando? O que ele estaria pensando de mim agora? Meu corpo queima quando ele para a um metro de mim, o olhar sério que nunca acompanhava um sorriso percorre-me da cabeça aos pés e sinto um calor imenso ocupar todas as moléculas do meu ser, então ele vira o rosto com a indiferença que sempre sentiu em relação a mim e sai. Eu, no entanto, fico ali, sentindo o meu peito arder. Não precisava de espelho para saber que minhas bochechas estavam vermelhas. Odiava a forma como tirava meu chão com um simples olhar e sequer sabia reconhecer o que era isso que eu sentia.
Vê-lo fazia todos os pelos do meu corpo arrepiarem-se em um alerta. Ele tinha algo sombrio dentro de si, algo que me assustava, que me fervia, fazendo-me queimar e arder no inferno que ele trazia consigo em seu olhar.
E o que mais me assustava era que eu não sabia do que tinha mais medo: dele ou da forma que eu me sentia por ele.
Capítulo 2
Estou acordando em cinzas e pó, limpo minha testa e transpiro minha ferrugem.
Estou respirando as substâncias químicas. Estou invadindo, tomando forma.
E então conferindo o ônibus da prisão. É isso, o apocalipse.
♫ Radioactive, Imagine Dragons.
— Então agora a protegida está sob o seu teto e se tornou o brinquedinho do seu filho. — Me aproximei de Dionísio, olhando o cinismo que ele encarava a todos nessa sala, escondendo segredos de cada um ali, exceto de mim. Eu conhecia o homem por trás do exemplar cidadão.
— Alguém precisava consertar a bagunça que você fez, . E demorou a porra de três anos pra eu conseguir mudar o que aconteceu, então seja grato por eu ainda te aceitar aqui e sorria. — O sorriso de Dionísio veio acompanhado com dois tapinhas em meu ombro.
— Mantenha seus inimigos perto para poder controlá-los, não é!? — A pergunta retórica o fez murchar lentamente, o lembrando de sua posição ali. Minha atenção não se manteve focada por muito tempo naquele assunto, meus olhos foram puxados para um dos amigos do anfitrião, que acendia um cigarro. A chama do isqueiro atrai minha visão e olho com certo fascínio. Levo a mão até meu bolso e sinto Dionísio segurando o meu braço.
— Não pense nessa merda. Você sabe por que voltou e sabe por que foi embora, seja discreto.
O Golden do meu pai se aproxima de nós dois, provavelmente sentindo-se enciumado. Ser o favorito, ser sempre o escolhido, o tinha deixado com o orgulho de um leão e ele acreditava mesmo que conseguia ser um. Enfiei as duas mãos no bolso, assumindo uma postura mais desafiadora e ele parou a minha frente.
— Se você chegar perto dela de novo, eu juro que quebro a sua cara.
— Ela não pareceu tão assustada quando me viu. Na verdade, até acho que ela sentiu saudades, sabia?
se aproximou de mim e o esperei parado, porque sabia que ele podia se inflar como a porra que quisesse, mas ele não tinha coragem de chegar perto de mim. Ele não tinha coragem. Nosso pai se meteu entre nós dois, com um olhar de poucos amigos, tentando corrigir tudo que ele não corrigiu por anos em nossa infância.
— Ela mora aqui agora. É bom que vocês dois não dificultem isso, porque se isso acontecer, eu vou dificultar a vida de vocês.
Reviro os olhos, saindo da sala e indo em direção à cozinha. Saio por ali para o enorme jardim da casa, que parecia uma merda de um museu. Enfio a mão no bolso e tiro o meu isqueiro dourado, empurro a tampa para trás e o aperto, vendo o fogo surgir.
Curiosidade: só pode existir fogo se existir calor, oxigênio e combustível. O fogo é extinto quando um desses está em falta.
Sinto todo o meu corpo inflamar com uma intensidade sobre-humana, como se tudo estivesse prestes a explodir. Consigo quase ouvir o sangue percorrer em minhas veias e tinha certeza que minha pupila estava dilatada, conseguia sentir cada terminação nervosa. Meu coração estava disparado como a porra do motor do meu carro e o gosto amargo em minha boca ainda me fazia sentir o gosto do Éden. Minha pele inteira estava arrepiada e isso aumentou quando consegui sair do meu Jesko Absolut. Não era uma competição, não hoje. Eu sabia que ninguém poderia me vencer com essa belezinha. O carro é preto e chega à porra de 531 quilômetros por hora.
Eu podia até amar vencer, mas era justo e não gostava de trapaceiros, por isso, em dias de corrida eu ia com a minha Ferrari e quando precisava de uma dose extrema de adrenalina, recorria ao meu monstrinho.
Sendo filho do meu pai aprendi que tudo e todos tinham um preço certo a ser pago, por isso, não foi difícil me meter em alguns negócios aqui e outros ali. Tinha meu próprio espaço para corridas e deixava que algumas pessoas utilizassem disso pelo valor certo, não por dinheiro, eu tinha dinheiro. Eu queria algo melhor.
— Porra! — Alyssa pulou em meus braços animada e envolveu os lábios nos meus, iniciando um beijo de língua, repleto da intimidade que não tínhamos perdido. Correspondo, a agarrando pela bunda, erguendo o seu corpo e fazendo-a envolver suas pernas em meu quadril. — Quando você voltou?
— Quando soube que a Mísia se tornou uma merda. Vocês estão tão mal assim? Puta que pariu, Alyssa, cadê a porra do Chaz?
Ela gargalhou, descendo do meu colo e se sentando no capô do meu carro, me arrancando uma careta em resposta. Eu morria de ciúmes, mesmo sendo Alyssa.
— Não duvido nada que ele esteja drogado ou comendo alguma vagabunda por aí. Você vai voltar pra faculdade?
Pensei um pouco se realmente queria voltar. O Olympus era mais uma das criações do meu pai, apesar de não pertencer exatamente a ele e eu havia ido embora há algum tempo, mas tinha voltado e estava animado para retornar aos meus vícios. Todos eles. Não sabia se seria uma boa ideia ter tanta carta branca assim, ficar tão próximo de assim. Eu me atraía pelo lado bom dela de uma forma absurda para um santo cacete, de uma forma que eu queria corromper cada pedaço daquela alma angelical de Afrodite e eu sabia que não podia.
Eu já tinha tirado demais dela.
Nós não tínhamos fraternidades, nós tínhamos lados. Mísia e Cilícia eram muitos mais do que uma competição de jogos ou de times, era uma competição de poder. De quem mandava mais, de quem saia mais impune. Na minha cidade não existia lado bom e lado mau. Tudo que reinava era maldade e isso era o meu combustível.
Eu estava o tempo todo
Brincando
Com
F o g o.
Capítulo 3
Um milhão de pensamentos na minha cabeça
Deveria deixar meu coração continuar ouvindo?
Por que até agora eu tenho andado na linha
Nada está perdido, mas está faltando alguma coisa.
♪ If Only, Dove Cameron.
Olho no relógio percebendo a hora. Minha insônia ainda estava ali, presente como se nunca tivesse existido um dia sequer em que ela não fizesse parte de mim. Termino de pentear os cabelos e visto o meu pijama, mordendo o lábio inferior enquanto penso em . Recrio a cena de mais cedo em minha mente, é inevitável, sempre que ele me olha, apenas desvio o olhar ou baixo a cabeça, eu não tinha coragem de encará-lo. Havia algo no fundo dos olhos dele, algo sombrio, que me assustava. Eu tinha medo dele. Não gostava como um olhar fazia meu corpo inteiro borbulhar como um vulcão prestes a entrar em erupção, quando precisava me esforçar pra .
.
A culpa me atinge em cheio quando lembro do meu futuro marido. O pedido de casamento ainda não tinha chegado, no entanto, eu sabia que viria no dia do meu aniversário. Eu seria esposa dele, o mínimo que devia fazer era não pensar no porquê seu irmão tinha olhos tão sombrios ou no efeito que tinham sobre mim. Penso na carga emocional que cada um trazia consigo, nas cores que eles representavam e até nos apelidos que ganharam.
era o ouro dos Grecos. Ele podia ser facilmente representado pelas cores que tinha aderido para Cilícia: azul, dourado e branco. Eu não sentia sua carga emocional tão gritante, ele era de uma ótima família, era o mais novo da casa e tinha crescido com seu pai e com sua mãe. Era um ótimo aluno, o melhor nos esportes e comandava com maestria o lado dourado da faculdade em que estávamos.
era mais difícil de descrever. Não conseguia imaginar outra cor nele além do preto que ele sempre usava, ou do cinza nos ternos, mas se tivesse alguma outra eu chutaria vermelho. A pele branca, como se nunca tivesse levado sol na vida, seria beneficiada com a cor. Sua carga emocional era pesada, você conseguia sentir isso mesmo que não soubesse o motivo. Ele era mais que a ovelha negra da família, ele tinha algo ainda mais sombrio dentro de si.
A menção de sua crueldade oculta me fez arrepiar, racionalmente tentei jogar a culpa para a janela aberta e caminho até o lugar para fechá-la. Volto a olhar a lua, mas em segundos o arrepio é substituído pelo calor. Meu corpo volta a queimar e olho para baixo, vendo no jardim me encarando.
Ele estava com um amigo e o isqueiro dourado passeava por seus dedos. Ele direciona a chama até o meu campo de visão, como se quisesse me ver atrás dela e fecho a janela com rapidez. Assustada. Frequentemente tinha sonhos do me incendiando, talvez fosse daí que viesse o meu medo.
Volto para a cama, me cobrindo, mas não consigo dormir. Um tempo depois, o que deduzo ser por volta de uma hora, a minha porta se abre e meu namorado passa por ela, a fechando sem a chave. tinha acesso livre ao meu quarto, provavelmente por eu morar na casa dele e ser sua namorada há tempo suficiente para ninguém mais se importar com o que fazemos.
— Eu preciso de você hoje, linda. — Outro arrepio percorre o meu corpo, mas gosto que tenha vido porque com ele eu me sinto protegida do seu irmão sociopata.
Ele se aproxima da minha cama, encostando-se na cabeceira acolchoada e monto em seu colo, deixando uma perna de cada lado de sua cintura. Meus lábios encontram os dele com rapidez e uma urgência criada. Suas mãos envolvem a minha bunda com força e ele a aperta. Ele sobe minha camisola, apertando as mãos em meu quadril conforme vai subindo o tecido e levanto as mãos para que ele se livre da peça. Consigo sentir o seu pau endurecer abaixo de mim, assim que meus seios ficam na altura de seu rosto. Ele já estar sem camisa facilitava bastante os beijos que comecei a trilhar até o seu abdômen.
— Linda... — Sabia o que ele iria pedir assim que sua mão arrumou meu cabelo de forma desajeitada em um rabo de cavalo torto, mas ele foi interrompido quando a porta se abriu.
Pulo rapidamente para o lado, enfiando-me nas cobertas, o máximo que consigo do meu corpo, deixando apenas meus ombros desnudos para fora. coloca um dos travesseiros em seu colo, o que me faz querer rir. O constrangimento de ser sua mãe ali na porta mata qualquer risada que eu quisesse dar.
— Eu espero, ao menos, que vocês estejam evitando uma gravidez. Meu Deus! — Ela se vira, em choque e me afundo mais no colchão, envergonhada.
“Evitando tanto que ainda sou virgem”, quis comentar. No entanto, imaginei que não fosse apropriado para a situação. Seria difícil que minha sogra acreditasse em minha pureza quando eu estava quase engolindo o filho dela com a boca.
— Seu pai quer falar com você. — Ela disse, direcionando-se a . Ele acenou com a cabeça e ela saiu.
— Te amo. — Ele sussurrou, percebendo que não tinha mais nenhum clima pra continuar e beijou o topo da minha testa.
Um sorriso terno ocupou o meu rosto, era o meu melhor amigo e vê-lo me entender, estar do meu lado e em momento algum se constranger por termos sido pegos por sua mãe, me traziam toda a calma que eu perdia com tanta frequência.
— Te amo. — Devolvo. Não era mentira. Eu amava , amava o seu jeito carinhoso e protetor; amava a forma que ele me tratava como se fosse única, porque eu acreditava mesmo nisso. Amava a maneira como ele e sua família tinham me acolhido em sua casa. Eu o amava, só não entendia ainda porque não amava os seus toques.
[...]
— Vocês não a acham um pouco jovem demais pra isso não? — Ouço a voz de antes de entrar na sala.
— Eles se amam. Além disso, ela já vai fazer vinte e um e seu irmão já tem vinte e três, podem decidir isso. — Foi a resposta simples do meu padrinho, que eu havia aprendido a chamar de tio.
— Querida, que bom que você chegou. Venha. — Alicent chamou, sendo a primeira a me notar.
Eu tinha demorado um pouco mais, queria tirar a vergonha do meu corpo antes de descer e encarar todo mundo, em especial a minha sogra. Ela, por sua vez, parecia ter esquecido o que houve há quarenta minutos no meu quarto. também já estava ali, com um sorriso reconfortante, mas que não conseguia me acalmar.
E ele.
me olhava dos pés à cabeça, encostado na parede e com os braços cruzados, como se estivesse ali forçado e não fizesse parte do que quer que estivesse por vir.
Lembro quando anunciaram a morte dos meus pais, estavam todos ali. Assim como agora. Algo em mim estremece.
Como sempre, meu corpo queima sob o olhar de e evito olhar a sombra de caos que me persegue quando ele está.
— O que está acontecendo? — A pergunta sai um pouco turva, o medo dando sinais de que estava presente, sendo ele o sexto convidado na sala.
— Linda, eu sei que seu aniversário é só daqui a dois meses, mas... — Os olhos dele encontram os de e ele sorri, me deixando mais confusa. Seu olhar então se volta pra mim. — A gente se ama e não tem porque esperar por algo que já sabemos que iria vir uma hora ou outra. Eu quero passar o resto da minha vida com você, porque você é quem eu escolhi pra ser minha esposa. Você quer se casar comigo? — Não consigo pensar direito, apenas o observo se abaixando e tirar do bolso uma caixinha de veludo.
A resposta óbvia seria sim, mas por algum motivo eu não conseguia dizer. Meus padrinhos me olhavam com expectativa e eu sentia a raiva de em minhas costas. Conseguia imaginar o sentimento saindo dele como uma áurea vermelha que me atingia, como se todo o resto fosse preto, mas ao redor dele fosse vermelho como o sangue, em chamas de fogo.
— Eu... — Olho para a minha tia. O pedido tinha sido antecipado porque eu estava na cama com quando ela chegou? Não, ela não era tão antiquada assim. Nenhum deles era. Não queria decepcionar as únicas pessoas que eu tinha, então esperava que em dois meses eu estivesse pronta, mas agora? Eu não estava. — Ãhn, sim.
A resposta não sai com certeza, mas não era certeza que eles queriam. Era um sim, mesmo que trêmulo, curto e incerto, ainda era um sim.
Minha madrinha-tia-sogra começa a comemorar com pequenos gritinhos, meu agora noivo me tira do chão em um abraço e Dionísio comemora ao seu modo. apenas sai da sala, deixando ali a família que ele nunca fez parte.
Capítulo 4
Não atendi meu telefone, não queria falar,
gosto da sua voz, mas não está noite.
Eu não te contei sobre suas mentiras perigosas.
Fazendo todos os seus pequenos negócios ao lado.
Você é uma garota bonita
Mas eu nunca disse que você é minha.
♫ Criminal, Lwowolf.
Saio daquela sala sentindo o meu corpo arder em chamas: tinha raiva de , tinha raiva do meu pai, tinha raiva daquela mulherzinha dele e sentia ódio por . E agora todos ficariam juntos, como a merda de uma família feliz? Não, não mesmo. Eu não iria deixar essa porra acontecer. Enfio a mão no meu bolso, em busca do meu isqueiro e o acendo, observando a chama azul. Aquilo me acalmava, mas hoje não seria o suficiente. Espero até que meu irmão vá para o seu quarto, o que demorou uma eternidade do cacete. Meu pai não sairia do escritório e a mulher dele também não estava mais.
Caminho em passos lentos até o quarto de , forçando a fechadura e abrindo-a. Ela estava olhando o anel que meu irmão a tinha dado sem expressão. A filha da puta destruía minha vida e ainda não tinha expressão. Maldita.
— Você vai sair comigo. — Ela me olha confusa e devolvo o olhar, a vendo desviar em seguida. — O que foi? Você tem problema de audição agora?
Suas mãos tremiam, ela estava assustava e eu gostava disso. Era excitante vê-la como a porra de um bichinho perdido.
— Para onde vamos? — Sua voz saiu rouca, baixa o suficiente para demonstrar o medo que ela escondia ao não olhar em meus olhos. Se todos pensavam que eu era um sociopata, eu seria um.
Caminho até ela, que congela. Me aproximo da sua cama e passo as mãos pelo seu cabelo, apertando sua nuca de leve e a puxando para cima. Ela levanta, mas ainda não me encara. Puxo seu cabelo para baixo de forma bruta, mas leve. Então ela me olha.
— Para onde eu quiser, anjo. — Seu corpo estremece, ainda que ela tente não demonstrar. Envolvo a mão livre pelo seu quadril e aproximo meus lábios do seu pescoço. O cheiro dela, como eu odiava sentir o cheiro dela. Fecho os olhos, inalando melhor o perfume de colônias com uma nota refrescante de morango. A mesma nota que tinha na boca dela, eu lembrava bem disso. — Sua boca ainda tem gosto de morango?
Roço os lábios em seu ombro, subindo pelo pescoço e a sinto arrepiar cada vez que meu nariz encosta em sua pele. Me drogo ali, com o cheiro de sua colônia importada, paga pelo meu pai. Aplicada para meu irmão.
A solto de vez e ela se segura para não cair.
Observo seu peito subir e descer à medida que sua respiração parece voltar aos pulmões. Me encosto na porta do seu closet, o abrindo e jogo uma peça na cor que a muito tempo ela não usava.
— Veste. — O tom autoritário a fez corar, porque ela sabia que eu não sairia dali.
Suas mãos envolvem a peça vermelha e me apoio com as costas na porta, enfiando a mão no bolso e brincando com o meu isqueiro nas mãos, sem acendê-lo.
Ela trava por alguns segundos, vendo o objeto dourado em minhas mãos, seu olhar se volta até a peça e ela a devolve na cama. Suas mãos envolve o vestido azul que tinha posto para receber o pedido de casamento surpresa do meu irmão e ela o puxa para cima.
Avalio o seu corpo. A calcinha de renda branca transparente, mostrava mais do que eu pretendia ver e amaldiçoou o meu corpo por reagir tão rápido àquilo. Os seios pulam com a ausência do sutiã e consigo sentir minha boca salivando. Ela tenta se encolher, mas faço um barulho de estalo com a boca negando isso.
Me aproximo, envolvendo a mão na calcinha de renda branca e a puxo para baixo, deixando o metal do isqueiro passear pela parte lateral de suas coxas.
Porra! conseguia ser ainda mais linda do que anos atrás. Minha respiração, de repente, ficou tão pesada quanto a dela.
Passo alguns segundos admirando o seu corpo, era linda para um santo caralho. Mordo meu lábio inferior com um pouco mais de força e é impossível não me imaginar dentro dela, beijando cada parte branca intocada e deixando marcas em cada espaço branco de seu corpo. Quando a conheci, ela era loira. Agora tinha pintado o cabelo em um tom alaranjado, tinha ficado ruiva e de alguma forma inexplicável, conseguiu ficar dez vezes mais bela. Ela tinha os olhos verdes e não era baixa, as curvas dela conseguiam fazer com que eu perdesse mais o controle do que se estivesse em uma corrida.
— , por favor. — Ela pede em um tom baixo, saio de onde estava e me jogo em sua cama, colocando as mãos embaixo de minha cabeça.
— Branco não fica bem em você. Eu te quero de preto. — Deixo a mão próxima do colchão quando começo a ligar o fogo do meu isqueiro. Queria o calor, não o fogo. Quando estava com ela, não sentia necessidade do fogo porque ela também me incendiava.
Ela caminha até closet, abrindo uma das gavetas e me controlo muito pra não fazer nada quando ela se abaixa pra pegar a peça, expondo ainda mais sua bunda pra mim. Ela passa a calcinha por uma de suas pernas, em seguida pela outra e sobe. Em seguida vem até a cama, parando na minha frente e vestindo o que eu tinha mandado.
As cores eram um lance que me pegavam, eu não a queria usando nenhuma cor que me lembrasse o meu irmão ou o seu lado ridículo da faculdade. Quando ela usava essas cores, parecia um lembrete de que agora ela era dele. E sabíamos que ela nunca poderia ser dele quando ainda era por mim que ela tremia.
Seguro em sua mão e saio, a puxando logo após ela calçar a sandália preta. A coloco em meu Jesko, entro e dou partida, saindo dali em segundos. não gostava tanto de velocidade, mas eu sim, por isso acelerava cada vez que ela demonstrava mais medo.
Ao chegar no lugar, Alyssa me beija, passando uma dose de Éden para minha boca e tenta fazer o mesmo com , a puxo para trás de mim.
— Não. Ela não vai usar. — Ela joga as mãos para trás em rendimento e Chaz se aproxima logo em seguida, me cumprimentando e olhando para a minha companhia da noite.
— Vermelho fica bem melhor em você. — Ela não responde, apenas baixa a cabeça.
Absorvo o comprimido em minha boca, o engolindo após mastigar um pequeno pedaço. Gostava de sentir o amargor em minha boca, era um lembrete que eu precisava manter.
— Por que você me trouxe aqui? — Ela perguntou, mas ainda não me encarava. Por que porra você não me encarava, ?
— Porque você me traiu. E eu quero te mostrar o que acontece com gente como você, anjo.
Capítulo 5
Dor e prazer, amor e danos, luxúria e fantasmas.
entre as coisas que não importam. Nosso fogo quando estamos juntos...
Misturado com maneiras paranoicas. criou uma tempestade perfeita e estávamos
destinados a cair, mas ainda queremos mais. Não é o suficiente estar trancado
nesses sentimentos. Acho que não é o suficiente estar cercado por demônios.
♪ Who do you want?, Ex-habit.
Engulo a seco com a sua resposta. Ele não podia me machucar, não deixaria... Onde estava agora? Eu saí por minha vontade. Eu nunca deveria ter saído. vai me matar assim que tiver a chance.
A crueldade dele estava ali, gritando para sair a qualquer momento. Eu conhecia os seus gestos, conhecia a forma que seus olhos ficavam mais pretos quando usava drogas. Conhecia a forma que o álcool entrava em seu corpo até que tudo dentro de si começasse a queimar como fogo. A música alta me causava calafrios porque todos ali me olhavam como se eu fosse um prêmio. O prêmio de Lykaios.
Sinto vontade de chorar quando ele me puxa para acompanhá-lo. senta em sua cadeira vermelha com detalhes em prata, como se ele fosse a porra de um rei. Ele estava mesmo em um castelo, a estrutura firme, apesar de parecer ter sido queimada antes, confirmava isso, ao seu lado tinham outras duas cadeiras, os amigos que vieram até ele, sentam-se nelas. Como uma maldita corte.
Ele me puxa para o seu colo, me obrigando a sentar ali e deixa a mão sobre minha coxa, subindo e descendo. Meu corpo arde, queima, sinto eletricidade passando por todos os meus poros. Tudo em mim esquenta conforme seus dedos passeiam para cima e para baixo em minha pele. Olho para sua mão e quando ele percebe, ele aperta a região com força.
— O que foi? Gosta dos meus toques, anjo? — Engulo a seco porque embora quisesse não gostar do toque dele, meu corpo inteiro alucinava com isso. Por isso. Sua boca se aproxima do meu ouvido, a respiração quente que ele deixa sair ali apenas me faz tremer mais. Eu estava molhada, sabia disso. — Tragam ele.
Sinto medo, minha respiração fica ofegante porque não sei o que esperar.
“Eu quero te mostrar o que acontece com gente como você, anjo.”
O homem tinha sangue em seu rosto, inchaço pelos olhos e roxos por toda a parte. Tento imaginar o que ele fez para merecer aquilo, qual traição tinha sido capaz de despertar a ira de dessa forma. Olho com pena, e quando o homem me encara de volta, desvio os olhos. segura meu maxilar, me forçando a olhar e observo a cena piorar. Mil vezes.
beija a minha bochecha enquanto mantém o meu olhar onde ele queria. Seu amigo despeja gasolina sobre o homem, arregalo os olhos e balanço a cabeça repetidas vezes.
— Por favor, não faz isso. — Imploro pela vida que eu não conhecia, mas que não merecia morrer assim. — Por favor, . Você não é assim, por favor. Eu não quero ver.
As súplicas são ignoradas pelo sorriso dele. O vejo estender a mão livre para o amigo que vem e busca do seu isqueiro. Em seguida fogo toma conta de tudo. O homem grita enquanto se queima e eu começo a chorar, sentindo o meu corpo inteiro doer. Quando os gritos cessam, ele me solta. Não consigo sair do colo dele. Me dou conta de que tinha mudado sobre muitos aspectos, sobretudo tinha mudado a sua alma, sua essência não era a mesma e isso me causava ainda mais pânico. Ele não era quem eu conhecia. Ele estava vestindo uma capa de monstro e eu não conseguia perceber se ele havia se tornado isso ou se ele sempre foi assim.
— Curiosidade: é mais comum morrer sufocado pela inalação do que pelo fogo. — Ele sussurra. Continuo parada, em choque. Lágrimas escorrem pelas minhas bochechas sem parar e os gritos ecoam em minha mente. — Não traia, se não estiver disposta a pagar o preço.
Penso se foi assim que Dylan morreu, se ele gritou como o homem gritou. Automaticamente sinto falta de ar, meu peito dói. Eu insistia em não ver que não era mais o mesmo por quem tinha me apaixonado na nossa pré-adolescência, ele não era só o menino lindo e popular que só usava preto, que gostava de rock. Ele era o mal em pessoa. Ele tinha toda a perversidade dentro de si e eu lembraria disso todas as noites, quando lembrasse que ele estava querendo se vingar de mim.
Ele se levantou, me obrigando a fazer o mesmo. O segui conforme ele me puxava, mas não tinha reação, meu corpo caminhava sozinho, no automático. Ele me sentou em cima do seu carro e limpou as minhas lágrimas com o cuidado que ele não tinha tido minutos atrás, quando me forçou a vê-lo tirando a vida de alguém.
— Algumas coisas acontecem e não podemos controlar. — Ele disse, como se tivesse incendiado um pneu e não uma pessoa. — Tenho algo para você, anjo. — Dessa vez não era medo que eu tinha, mas ainda estava em pânico, os gritos ainda estavam em minha mente e eu precisava tirar aquilo dali. Eu precisava silenciar minha mente.
Alyssa se aproxima, voltando a dividir com ele um remédio e ele mastiga, enquanto ela se afasta de nós.
Com os joelhos, ele abre as minhas pernas, se enfiando entre elas.
O vejo engolir o que deduzi ser o remédio. Ele entreabre a sua boca, roçando-a em meus lábios e fecho os olhos. Não me movo. O cheiro dele conseguia apagar e silenciar tudo que eu tinha visto ou ouvido; mesmo ele sendo o causador, ele também era a cura. O cheiro do cigarro, da vodca e de um pouco de menta, que eu não sabia de onde vinha, misturava-se as notas do perfume amadeirado e eu já nem lembrava mais o meu nome. Tudo que eu pensava e queria era ele.
Sua boca roça na minha e agradeço por não estar de batom. Ele entreabre meus lábios com os seus e permito que o faça, sem resistência. Eu queria a escuridão dele apagando um pouco da luz em minha mente. começa a me beijar, passando para a minha boca o amargor de seus lábios. Sinto os pedaços do remédio que ele tinha tomado se dissolverem em minha língua aos poucos.
— Você pensa em mim, anjo? — A pergunta se misturou em minha boca assim como o sabor do seu beijo. Ele me provoca mais reações do que eu gostaria e infinitas a mais do que eu admitiria.
entreabre meus lábios com os dele, invadindo a minha boca com a sua língua. Suas mãos seguram a minha cabeça como se ele tivesse medo que eu fugisse, mas eu não iria a lugar algum. Eu não conseguiria ir, nem mesmo que eu quisesse. Por algum motivo estranho, eu sentia que meu lugar era com ele. Chupo sua língua com mais urgência, percebendo a mistura de sabores ali. Todos na medida certa para me enlouquecer.
— Você tem gosto de cigarro, álcool, menta e drogas.
Juro que pude vê-lo sorrir de canto e aquele sorriso me destruiu. Um sorriso conseguia derrubar todas as minhas muralhas, cada pedaço meu. Um único sorriso e tudo ia por água abaixo.
— Pensa em mim quando fode com ele? — Suas mãos envolveram minha bunda com força, em tirando do seu carro e me prendendo mais a ele, me arrancando um gemido alto. Eu sequer lembrava quem era o ‘ele’ que me perguntava, apenas o moreno estava em minha mente, mas não diria isso.
Sinto minha cabeça começar a ficar confusa, a quantidade de remédio tinha sido pouca, mas aparentemente ele era forte o suficiente para me tirar dos trilhos. Se um ou dois pedaços minúsculos faziam isso comigo, não queria pensar o que tinham feito com .
Ele subiu o vestido, liberando a minha calcinha para sua visibilidade. O moreno mordeu minha boca, chupando o lábio inferior e meu peito pulsou na mesma intensidade que as batidas do meu coração. Eu não sabia que conseguia ouvir tão bem meu coração pulsar, até hoje.
Propositalmente ele roça o pau duro em minha boceta, me fazendo sentir como ele estava. Ele estava excitado comigo? Ou com o fogo?
— Você é melhor do que qualquer fogo. — Ele disse, parecendo ter adivinhado o meu pensamento. Sorri, soltando um gemido abafado contra sua boca. Envolvo minha cintura por suas pernas e o afasto logo em seguida. Deslizo do capô do carro e me ajoelho em sua frente. Eu precisava sentir o gosto dele.
Ele não deixa, me puxa para cima com força pelo cabelo e me coloca de bruços no carro, se posicionando atrás de mim. Seus dedos passeiam pelas minhas curvas até acharem a minha boceta. Ele empurra minha calcinha para o lado, deslizando a mão para sentir como ele me deixava. Ele me invade com dois dos seus dedos, me fazendo gemer. A facilidade na qual ele entra mim, me assusta.
— Você está tão molhada, anjo. — Não era uma provocação, eu conseguia sentir minha boceta escorrendo o tesão que sentia por ele. Ele inicia os movimentos em um vai e vem rápido, em movimentos contínuos. Começo a gemer alto, apertando mais da minha pélvis no metal do carro. — O que meu irmão vai pensar quando ver essas marcas no seu quadril amanhã, hum? — Sua mão livre aperta com mais força a minha cintura, me fazendo gemer de forma dolorida. Tento lembrar do que ele estava falando.
. Irmão. . Noivo. Puta que pariu.
Capítulo 6
Disse que você quer ver meu lado ruim
Não, eu não acho que você quer saber como é
Acho que preciso ser castigado
Então me coloque debaixo d'água, como se eu fosse batizado
Me afogue em meus pecados
Você sabe exatamente como fazê-lo.
♪ Bad side, Jack Daniels.
Ela rapidamente me afasta, causando um estranho divertimento em mim.
arruma o vestido, sentindo as pernas falharem assim que volta ao chão. Seu olhar não consegue encarar o meu. A humilhação e a vergonha estavam presentes ali, do jeito que eu queria que estivesse. Levo os dedos que estavam na boceta dela até minha boca e os chupo, ainda a encarando. Ela desvia o olhar com raiva, entrando no carro.
Me sinto frustrado porque queria tê-la feito gozar, mas sabia que não era o momento para isto. Queria fazer ela tremer por mim da mesma forma que os olhos verdes dela estremeciam a porra do meu coração, mas não deixaria nada ser tão fácil. Ela lembraria que era minha sempre que tocasse nela. Ela pensaria em mim a cada minuto do seu dia e sonharia comigo a fodendo.
— Quero ir embora. — Sua voz saiu fraca e eu balancei a cabeça. Sai, a deixando sozinha por alguns minutos e depois chamei Chaz, o pedindo para deixá-la em casa. Ele foi.
Fiquei mais um tempo. Iria foder Alyssa para aliviar a vontade que eu estava de fazer da minha, mas era tarde demais para isso. Meu irmão tinha chegado primeiro e eles se mereciam. Um mais podre do que o outro. Eu não era nenhum santo e tinha me metido em mais coisa errada do que minha família inteira junta, mas pelo menos eu não fingia ser bom. Eu era assim e sempre seria.
— Qual é a de vocês? — Alyssa perguntou, parando o beijo e interrompendo meus pensamentos. A ignorei, mas não adiantou. — , qual é?! Você me conta as coisas, o que tá pegando?
— Você tá chata pra caralho, hein. — Reclamei, me afastando e acendendo um dos cigarros do bolso, deixando o fogo acesso por tempo demais. — Ela é a futura esposa do meu irmão.
— Eu sei. A cidade inteira sabe. Quero saber o que rola entre vocês dois. Eu vejo a forma que olha pra ela. Ela não é uma simples diversão, como você se esforça pra demonstrar. É diferente quando se trata dela.
Reviro os olhos.
— Já tivemos um lance um tempo atrás, e ela me traiu.
— E você não costuma deixar essas coisas passarem. - Ela completou.
Gostava disso em Alyssa, ela me conhecia e sabia como eu funcionava. Raiva era meu combustível.
— Foi ela que... — Interrompi, porque não queria ouvir isso em voz alta.
— Foi.
Alyssa e Chaz eram os dois únicos que eu não costumava esconder muito sobre mim ou sobre o meu passado. Eu confiava neles porque eles tinham conquistado essa confiança. Ela não perguntou mais nada, apenas balançou a cabeça e voltou a me dar o que eu precisava: sexo.
— O que você fez com ela? — Receber o meu irmão ao voltar para casa em plenos meio dia não era uma tarefa fácil.
— Que porra você tá falando, ? — Esperei o retorno, mesmo sabendo exatamente o que fiz. — Aliás, você quer saber qual das partes do que fiz com ela?
Ele balançou a cabeça, negando com certa incredulidade. Ele conseguia ser a fonte da minha irritação e ao mesmo tempo a fonte da minha diversão.
— Ele não fez nada, . Está chegando em casa agora. Ela apenas está indisposta.
Balanço os ombros com a fala de Dionísio, ignorando o fato que ela estava indisposta pela droga que havia ingerido ontem. Eram os efeitos colaterais: dor de cabeça, sensação de queda de adrenalina, falta de energia e, em alguns casos, enjoos. Por isso pessoas ficavam viciadas, o antes e o durante são bem melhores que o depois.
O Golden do nosso pai sai irritado.
— Você a drogou? — Meu pai pergunta, mais direto. Ele me conhecia mais.
Dou de ombros porque sabia que não tinha como negar para ele. Dois estragados conseguiam reconhecer a culpa do outro de longe.
— Foi Éden.
Ele pareceu mais tranquilo, era uma droga consideravelmente leve e não a ofenderia por muito tempo.
— Ela precisa se casar com o seu irmão, não seja um problema. — Problema, normalmente era isso que eu costumava ser para ele. — Em dois meses ela será esposa dele. E antes dos seus vinte e um, espero que ela seja mãe de um Lykaios.
— Eu posso ajudar com isso. — O tom divertido não ajudou a acalmar o meu pai, mas ajudou a raiva que eu senti imaginando grávida de . Casada com ele.
— Se você tocar nela, eu acabo com toda a sua diversão. Todas as festas, as drogas, o acesso ao dinheiro que você paga por tudo isso. Eu acabo com tudo. Você não é o que ela precisa e não é o que ela merece.
As ameaças eram em vão, por mais que meu pai reconhecesse os problemas que tinha em mim, ele não sabia todos as minhas formas de conseguir dinheiro, então dou de ombros mais uma vez com as falas dele. Ele sabia que eu era bem mais difícil de manipular do que o seu filhinho, então não me surpreendia que tinha sido o escolhido, mais uma vez. Escolhido para ser o pai do herdeiro. O carcereiro de .
Subo as escadas prestando atenção aos detalhes do corrimão. Tinha a base branca, demonstrando a família do meu pai, no meio o metal era preto, provavelmente me representando e no fim o dourado do ouro no corrimão, mostrando . Os três polos dos Lykaios. O que fingia que não via, o que fazia e o que fingia que não fazia. Todos com seus motivos para serem temidos, amados e odiados.
Capítulo 7
Eu tenho essa sensação, sim, você sabe. De que estou perdendo todo o controle
Porque há magia em meus ossos. Eu tenho essa sensação em minha alma
Vá em frente e jogue suas pedras, porque há magia em meus ossos
Brincando com uma banana de dinamite. Nunca houve cinza em preto e branco.
Nunca houve errado até que houvesse certo
♪ Bones, Imagine Dragons.
Meu estômago volta a se revirar e sou obrigada a dividir a porta do meu quarto com a minha sogra e com o meu namorado, agora noivo, que vinham ver como eu estava a cada dez minutos. O amargo em minha boca demonstrava que eu sabia bem o motivo do enjoo, mas não era só a droga. Penso no homem que morreu ontem, ele não saiu nos jornais, ele não foi colocado como desaparecido, ninguém parecia sentir falta e esse era o motivo da minha náusea. Não só isso, como o fato que eu desejava quem tinha feito aquilo. Talvez amar um assassino estivesse no sangue, afinal de contas.
Eu não tinha gostado de de primeira, ninguém gostava. Ele era rude, grosso e tratava as pessoas como se soubesse o final de cada uma delas. Ele jugava a todos como um livro ruim, que na sinopse você já sabe o final, mesmo assim me aproximei dele anos atrás e por isso havia feito dele o meu tormento para sempre.
Minha vida inteira virou de cabeça para baixo. Primeiro com a morte dos meus pais em um acidente de avião, sem chance de serem atendidos ou receberem socorro. Depois uma explosão no carro da minha avó acabou com Dylan, meu irmão de quatro anos.
Meu pai era sócio do tio Dionísio, o que me rendeu essa casa, essa vida e um tutor que cuidasse de mim até os meus vinte e um anos. E do meu dinheiro, é claro. Não é como se eles fossem só bonzinhos o suficiente para me manter aqui sem custo benefício algum, Dionísio tinha poder sobre as empresas que pertenciam ao meu pai, dentre elas a faculdade que era sociedade compartilhadas dos dois, mas que já tinha mais do Grecos do que da minha própria família.
Quando cheguei para morar aqui, me recebeu de braços abertos. Dois meses depois, foi mandado embora pelo pai, por minha culpa. Ele cortou todos os contatos comigo e eu cedi para o seu irmão, que sempre esteve comigo, me protegendo, segurando a minha mão. Cuidando de mim, dos meus sentimentos, do meu conforto e acima de tudo isso: do meu coração.
Um ano após a mudança, me pediu em namoro e eu aceitei. O namoro foi visto com apreço pelos meus tios e senti como se estivesse realizando o desejo de meus pais, que sempre quiseram juntas as famílias e eu e éramos as pessoas certas para isso.
— Tem certeza que você vai para a faculdade?
apareceu, perguntando sobre meu súbito mal-estar. Concordei com a cabeça, pelo menos lá eu conseguiria ficar longe de . Estava tão inerte nas mudanças da minha vida que não tinha percebido que tinha acabado de escovar os dentes e saído do banho. Vesti a roupa combinando com as cores do meu noivo, já que seria o primeiro dia que assumiríamos o nosso noivado. Uma saia branca com uma blusa azul e detalhes dourados no cabelo e no anel em meu dedo. A sapatilha branca combinava com a blusa, por terem o mesmo tom. se aproxima, beijando os meus ombros e sorrio fechando os olhos. O cheiro de fumaça entra no meu nariz, sem motivo algum e abro os olhos assustada com a lembrança da noite anterior. Não tinha conseguido dormir bem, estava com pesadelos.
— Você está linda. — O elogio é sincero e me faz sorrir.
Viro, ficando de frente para o meu noivo e o abraço com força. Tinha medo de perder o que tínhamos porque sabia da insegurança dele em relação ao . Tinha medo porque me conhecia o suficiente para reconhecer em mim aquele lado maldito que se excitava com as loucuras e a crueldade do moreno.
me deu uma carona até a faculdade e me acompanhou até o meu dormitório. Não era um internato, mas podia ser para quem quisesse. A Olympus tinha sido criada para todos, dos moradores até os intercambistas de outros países ou cidades que queriam o melhor ensino, os melhores professores e as melhores fraternidades. A questão é que Olympus não era como Harvard ou Princeton, era diferente. Lá não tinha uma competição normal, era tudo absurdamente tóxico. A formação principal? Sociopatas.
— O que está acontecendo? — Mal terminamos de estacionar quando uma gritaria surge do lado de dentro da faculdade. segura a minha mão e me puxa mais para perto, enlaçando a mão em meu quadril, tão surpreso quanto eu estava.
Entramos e seguimos o som eufórico das pessoas. Não demorou a achar com a blusa da Mísia, voltando a assumir o seu lugar de líder e incendiando tudo, mais uma vez. Ele tinha feito uma fogueira com a mascote dos Cilícios. Seus olhos param sobre os de de forma vitoriosa, desdenhosa, mas ele não sorri. Seguro um pouco mais forte o quadril do meu namorado e trago o rosto dele para mim, selo meus lábios aos dele e sussurro para que não entre na provocação.
Lá se ia minha paz e a possível chance de ficar longe de . Ele não daria margem alguma para que eu escapasse dele, mas eu não ia mais fugir. Se ele gostava tanto de brincar com fogo, então pela primeira vez eu o faria se queimar.
Play with fire começa a tocar.
A caixa de som é colocada no volume máximo.
Chaz e Alyssa se posicionam ao lado de .
Dois membros da Cilícia se posicionam ao lado de , um sorriso escapa dos lábios do loiro e seu olhar fica quase tão sombrio quanto os do irmão, que estavam negros como carvão. Não me movo, também precisava estar de um lado e agora demonstrava exatamente de qual. Encaro o moreno, causador de todo o caos, ele devolve o olhar.
Dessa vez não desvio, ergo o queixo e cantarolo um pouco da música que ele mesmo escolheu tocar.
Movo os lábios, mas escondo a minha voz, canto silenciosamente para que observe minha boca, para que ele olhe o tamanho da briga que estava comprando, porque eu não o deixaria me afetar mais. Seus olhos brilham quando ele me vê entrando em seu jogo, mas os meus borbulham assim que percebo que eu não precisava mais fugir dele ou sentir medo. Ele queria quem o traiu e eu estava aqui, pronta para colher todas as consequências. Ele passa pelo fogo, intacto com o diabo que era. Ele se coloca em minha frente e toma o meu lugar, encarando o irmão mais velho.
— Eu quero você fora daqui.
— Nem se você desse pra mim da forma que a sua noiva vai dar.
Capítulo 8
Insano, por dentro, o perigo me deixa louco
Não consigo evitar, tenho segredos que não posso dizer
Eu amo o cheiro da gasolina
Eu acendo o fósforo para saborear o calor
Eu sempre gostei de brincar com fogo
Brincar com fogo, brincar com fogo
♫ Play with Fire, Sam Tinnesz.
Deixo o casal no pátio, lidando com a fumaça do que eu comecei. Eu gostava do fogo, mas amava tê-los sob a minha mão. Fecho os olhos relembrando o olhar de por cima da fogueira, a maneira como ela me encarou pela primeira vez desde que eu voltei, a forma que ela demonstrava que agora iria começar a reagir me arrancou um sorriso genuíno. Era ela ali agora, não a menina angelical que meu pai estava criando para gerar o seu novo herdeiro, era a viva, que sentia o sangue pulsar.
— Aquilo foi hilário. É uma pena que logo voltamos à mesmice com a sua formatura sendo daqui poucos meses.
Sorrio para Alyssa. Eu tinha voltado apenas para terminar o que já tinha continuado em outro lugar e este seria o meu último período, mas eu faria com que fosse o melhor.
— As pessoas daqui parecem ter esquecido como é ter o melhor Lykaios nessa droga, eu vou lembra-los até o meu último dia aqui.
Chaz gargalhou. Tomo um dos comprimidos de sua mão e deixo debaixo da língua, sentindo o amargor familiar. O sinal toca, indicando que todos deveriam ir para as suas aulas, mas não era para a minha que eu iria.
A observo entrar entretida mexendo em seu celular, digitando alguma coisa e rindo em seguida. Arrancaria aquele sorriso de sua boca até que ela esquecesse como era sorrir. Ela se senta em minha frente, e percebe a minha presença de uma maneira quase sobrenatural. Ela se encolhe, mesmo não tendo me visto, ela sente que eu estou perto.
Ao sentar, ela guarda o celular. Passo alguns minutos observando com calma o que ela faz. Ela pega o caderno de desenho, começando a rabiscar algo sem importância, desenhos sem sentidos que tinham alguma referência com a aula.
As luzes se apagam.
Em segundos tudo fica escuro, os alarmes começam a tocar demonstrando o perigo iminente e levanto, tendo decorado cada caminho daquela sala. A seguro pelos braços e saio dali, a arrastando entre a multidão. Ela não debate ou tenta fugir porque sabe que sou eu. Ela sentiu isso. Do lado de fora, um grande incêndio tinha começado enquanto alguns grupos quebravam mais coisas ao redor. A levo pelos corredores, ouvindo a risada debochada de Chaz no alto falante.
Quando percebem a escuridão agorenta e intencional, o medo ocupa os corredores. Sob o escuro qualquer coisa podia acontecer, além disso, escuro era o primeiro sinal decretado da guerra que não existia há anos, desde a minha saída. Mas agora eu voltei e queria brigar cada batalha que tinha perdido antes mesmo de entrar.
Passo com ela para o meu quarto, a jogando ali dentro e entrando logo em seguida.
— O que você quer? — A luz que entrava no quarto era apenas um fio advindo da brecha da janela.
Minha mão se move pelo seu rosto, em um sorriso sarcástico.
— Quero ver se está mesmo disposta a rebater.
Ela não se move, não estava surpresa. Seus lábios se aproximam dos meus, roçando-os ali sem os encostar de fato.
— Foi você que me treinou, . — Lembrou, me arrancando um riso um pouco maior. — Só que não será nas suas regras que eu vou jogar. Será nas minhas. Eu não tenho mais medo do que você pode fazer.
Lembro de quando definimos as regras do nosso jogo.
1. Não parar até a destruição total.
2. Testar todos os limites.
3. Não invadir o espaço pessoal.
Minha mão agarra um punhado de seus cabelos e empurro sua cabeça para traz, a fazendo me encarar bem e arrancando um gemido rouco.
— Sabe o que eu gosto em você, anjo? — Ela não responde, mas mantém o sorriso desdenhoso nos lábios. Enfim a diversão tinha começado. — Você tem uma confiança invejável e mente tão bem que consegue enganar a qualquer um. — Minhas mãos descem até o seu quadril, apertando-a com os dedos. — Menos a mim.
A última frase dito próximo ao seu ouvido, as respirações ofegantes e o hálito quente contra o seu ouvido.
Deslizo a mão direita até a sua bunda, enquanto aperto o seu seio com a mão esquerda, o espremendo em meus dedos até ouvi-la gemer de dor. Ela não me afasta.
— Você sabe que é minha, anjo. — Ela tomba a cabeça para trás, me fazendo sorrir. — E não tem nada que você faça que possa evitar isso.
— Sabe o que eu gosto em você? — Ela devolveu, beijando a parte exposta do meu pescoço. — Você tem uma autoestima maravilhosa, mas que te impede de enxergar o óbvio. — O tom de voz agora é petulante, quase em um desafio. — Perde tempo me fazendo querer transar com você, porque sabe que é na cama do seu irmão que eu grito todas as noites. Você não suporta a ideia de saber que é ele que me fode, que meus gemidos saem com o nome dele. — Os dedos dela passam pelo meu peitoral, trilhando algum caminho fodido e sinto uma raiva crescente em mim. — Oh, , mais forte...
Raiva. É tudo que eu sinto quando a vagabunda começa a gemer, como deve fazer enquanto ele a come.
Tiro as mãos do seu corpo e envolvo a sua garganta, a empurrando contra a porta até que ela batesse a cabeça.
— Era exatamente esse lado que eu queria. O lado que mostra que você não passa de uma puta. — Faço mais força nos dedos, mas ela não se move. — Você pode enganar a todos, menos a mim. Eu sei que você é tão perturbada quanto eu, anjo. — A solto, deixando-a cair no chão com a falta de ar e saio do meu quarto. — Você vai ter que gemer muito pra explicar algumas coisas pra o seu noivo, mas foda-se, não é!? Gemer pra se justificar é o que você está acostumada a fazer.
O jogo tinha começado.
E ela me pagaria, por tudo.
Capítulo 9
Pensei ter encontrado um caminho
Pensei ter encontrado uma saída (encontrado)
Mas você nunca nunca se vai (nunca se vai)
Então eu acho que tenho que ficar agora
Oh, espero que algum dia eu consiga sair daqui
Mesmo que demore a noite toda ou cem anos
Preciso de um lugar para me esconder, mas não consigo encontrar nenhum por perto
Quero me sentir viva, lá fora não consigo enfrentar meu medo
♫ Lovely, Billie Eilish feat Khalid.
As palavras duras dele entram por toda a minha pele, os olhos voltam a lacrimejar, mas me recuso a deixar sair uma lágrima por ele. Não mais. Ele já tinha me quebrado o suficiente, nós dois tínhamos feito coisas ruins um com o outro e nós dois pagaríamos por isso, nunca nos superando. As provocações tinham sido duras de ambas as partes e eu sabia perfeitamente que não terminariam por ali. Tínhamos um problema em comum: não sabíamos quando parar. Só parávamos quando estávamos destruídos. Assim que ele sai, saio em seguida, caminhando até o meu quarto. já estava lá me esperando.
— Você tava na porra do quarto daquele desgraçado? — A pergunta veio coberta de raiva e suspirei, desejando sentir apoio naquele momento, mas é claro que não teria. Não eram os planos de . Era eu, por minha conta.
— Ele me levou, querido. — Tentei deixar o querido não tão irônico como foi.
— E você não se debateu, porra.
Okay, ele tinha bons argumentos.
— Eu pensei que fosse você! — Elevo um pouco o meu tom de voz, parece acreditar na mentira que desce amarga por minha garganta. Alguns dias de e eu já tinha voltado a ser uma mentirosa. — Você devia me proteger dele e não me acusar. Eu sou a sua futura esposa!
A segunda parte, por sua vez, era verdadeira e continha muita mágoa. prometeu que se eu entregasse , não precisaria lidar com sua raiva. Ele conquistou esse espaço de confiança e agora não fazia nada para manter. Eu estava cansada dos Lykaios, de todos eles. O problema era que eu não tinha mais ninguém.
— Desculpa. — Meu namorado agora desmonta toda a braveza de segundos atrás e vem me abraçar. Rejeito, me afastando dele.
— Não toca em mim. — Minha garganta tinha um nó, grande e enorme que impedia qualquer coisa que passasse por ali.
— Linda, por favor. É isso que ele quer. — Penso em ceder, porque afinal eu tinha ido com o meu cunhado sabendo quem ele era, tinha mentido para o meu noivo e o traído, fisicamente, mentalmente, emocionalmente. Mas não conseguia. Não queria lidar com eles agora. Eu só queria fugir de todo o caos que minha vida tinha se tornado após os malditos gregos entrarem em minha vida.
Lembro que precisava de , da sua proteção, do seu afeto, da sua amizade. Eu não tinha mais ninguém além dele e estava sendo uma filha da puta sem tamanho. Eu merecia tudo que estava guardado para mim, planejado a fio pelo irmão sociopata.
— Tudo bem, você tem razão. — Me aproximo dele, o trazendo pra cama e me aninhando em seus braços. — Desculpa.
Ele parece satisfeito e envolve as mãos em meus cabelos, não com força ou para puxar, mas com carinho, acariciando a área em um cafuné calmo. Fecho meus olhos inalando o seu perfume. Eu tinha caos e calma em duas pessoas distintas, e ainda que o sentimento bom fosse o mais correto e o mais seguro, ainda era o caos que fazia meu peito pulsar.
não era só um mero porto seguro pra mim, ele era um lembrete diário que eu podia ter uma vida boa e comum se eu quisesse. Ele era tudo que qualquer mulher sonharia em ter e eu o tinha. Ele era uma esperança para mim mesma, onde eu podia ter certeza que eu conseguiria ser feliz sem o lado sombrio do seu irmão.
— Acho que ele tem tanta raiva por conta da mãe dele. — Fico em silêncio, ouvindo o meu noivo. — A forma que ela morreu é traumatizante pra caralho.
Balanço a cabeça em concordância, estava há anos o suficiente na família para saber que era filho de Dionísio, mas não de Alicent.
A mãe de se chamava Celine e foi ele que encontrou o seu corpo.
Os peritos constataram que ela morreu de overdose algumas horas após ingerir várias substâncias, a questão maior era que o corpo dela tinha sido violentado pelo padrasto dele. Antes e depois. Dionísio tinha certeza que o filho mais velho presenciou, mas em momento algum teve a história confirmada. Para ter certeza que a mulher estava morta, ele a queimou na barriga e entre as coxas com o isqueiro que hoje pertence a .
Apesar de ser fruto de um adultério, Alicent acolhia o mais velho dos Lykaios, mas ele não queria ser acolhido. Nunca quis.
— O padrasto dele morreu queimado esses dias. Teve o fim que mereceu.
Lembro dos gritos, do fogo e do prazer estampado nos olhares de algumas noites anteriores. Lembro do homem que ele fez questão de incendiar vivo. Agora entendia tudo, mas não justificava suas atitudes. Você não vence o mal se tornando pior que ele, no entanto, agora eu podia dormir em paz sabendo que ele ardia no inferno, assim como ardeu nos últimos minutos de vida.
— Você me perdoaria se eu te traísse? — A pergunta sai espontânea e me arrependo assim que a ouço. Eu sentia a confissão em minha voz.
— Por que tá perguntando isso, ?
Era a primeira vez que alguém falava o meu nome em um tom alto nos últimos dias. Dou de ombros, me encolhendo.
— Estávamos falando sobre a mãe do e sua mãe foi tão incrível perdoando o seu pai. Não sei se eu teria feito o que ela fez. — A desculpa não pareceu boa o suficiente nem pra mim.
— Você é boa, não faria isso.
Sinto dor em todo o meu peito.
Era a confiança de mais uma pessoa que eu tinha traído. Doía a forma que ele acreditava em mim quando eu mesma não podia e não merecia. Sinto dor por não conseguir curar a raiva de e sinto dor por saber o que vou causar mais em , uma hora ou outra.
Me abraço mais a ele, em um pedido de desculpa silencioso.
Talvez tudo fosse mais fácil se eu conseguisse escolher o irmão certo para me apaixonar. Ou se eu não precisasse fingir tanto ser alguém boa, quando na verdade eu sequer sei quem eu sou. Me tornei o que queriam que eu fosse, me tornei quem daria orgulho aos meus pais mortos e quem seria um exemplo para o meu irmão mais novo, mas quem eu queria me tornar?
Capítulo 10
Eu fui destruído desde pequeno
Levando meu sofrimento pelas multidões
Escrevendo meus poemas para os poucos
Que me encaravam, me levavam, me sacudiram, me sentiram
Cantando com um coração partido pela dor
Captando a mensagem que está em minhas veias
Recitando minha lição de cabeça
Vendo a beleza através da dor!
♫ Believer, Imagine Dragons.
Subo minha calça enquanto Alyssa arruma o seu vestido, me livro da camisinha, a jogando no lixo e permaneço na cama, sem camisa. Observando o corpo da morena em minha frente, as curvas destacadas pela pele escura, os olhos de amêndoas e uma confiança de anos. Alyssa era uma das poucas pessoas que eu podia contar, que sabia de onde vim e como vim.
Pego o isqueiro, o enrolando entre os dedos e o acendo, observando a chama. Ela se deita ao meu lado, fazendo a chama balançar, mas não apaga.
— Por que você gosta tanto de ver fogo? — Dou de ombros, sem desviar o meu olhar. Tinha certo fascínio com isso.
— Você não pode controlar o fogo.
Curiosidade: mesmo que tenha vivido em uma casa por toda a vida, quando tudo se transforma em fogo, fica impossível achar a saída. A fumaça desorienta, você esquece dos lugares, você se confunde até seu cérebro parar de funcionar.
Ela me olha ainda confusa, mas não tinha medo no olhar. Eu gostava disso. Alyssa era uma foda casual que eu podia ter quando desse vontade, porque nenhum de nós tínhamos ou desenvolvíamos sentimentos, mas ainda continuávamos amigos. E eu podia pegar pesado com ela, porque ela gostava tanto quanto eu.
— Amanhã começam os jogos. Já sabe qual prêmio vai querer?
A pergunta dela, mudando o assunto, me anima de formas impensáveis. Eu sabia exatamente qual prêmio queria e por quê queria, assim como sabia também quem ia me dar o tal prêmio. Acendo um cigarro e guardo o objeto dourado em meu bolso. Trago, puxando uma grande parte para meus pulmões e sopro a fumaça no rosto da morena.
Meu pensamento vai até .
Maldita .
— Chaz está cuidando das corridas?
Na minha ausência tinha sido o meu melhor amigo que ficou responsável por tudo que eu mais gostava, inclusive os nossos negócios mais discretos. Meu pai fingir não enxergar o que eu fazia e eu fingia não saber o que ele fazia, no fim todos lucravam. O único combinado era não ser pego.
— Sim, hoje terão duas e a final vai ser daqui alguns dias.
Balanço a cabeça, afirmando que tinha entendido e me levanto, vestindo minha camisa preta e saindo do quarto da morena. Passo pelo corredor que não é meu, tampouco pertence ao que acabei de sair, mas eu sabia de quem era. Vejo meu irmão sair de lá.
Ele passa direto por mim, esbarrando em meu ombro e travo sua passagem.
— Eu tenho uma proposta.
Seu olhar parece interessado, com os jogos chegando e o seu título a jogo, sabia que ele podia ser bastante persuadido.
— Uma aposta.
Qualquer um que pensasse que eu daria algo de mãos beijadas ao Golden do meu pai estava enganado pra caralho.
Ele não fala nada, mas arqueia uma das sobrancelhas, se colocando a ouvidos.
Eu era mais velho por alguns meses e maior por poucos centímetros, mas era mais forte. E com certeza mais assustador. Meu irmão era uma versão maior da sua mãe. Eu era a pior melhor versão do nosso pai.
— Deixo você competir com o meu Jesko amanhã. Em troca sua namorada corre comigo.
Uma risada incrédula ocupou o seu rosto, ele balançou com a cabeça de forma repetida.
— Noiva, você quis dizer. — Ignoro a provocação. — E nem a pau.
— Nós dois sabemos que ela não superou, seu ego grita com a possibilidade dela ainda me amar. Teremos certeza disso amanhã, tudo que você precisa é testar ela. Está com medo de que ela pode não sentir nada por você, além de pena?
Sinto o maxilar do meu meio irmão travar e sorrio de canto. Ele se aproxima, fechando as mãos em um punho.
— Ela não parece lembrar de você quando chupa o meu pau. Aliás, que boquinha gostosa ela tem. E que boceta você perdeu, irmão. — O sorriso em meu rosto se desfaz e preciso me controlar para não socar ele pela forma que fala sobre ela. — Mas quer saber? Eu aceito. Vai ser impagável ver a sua cara quando eu ganhar a corrida e ela sair do seu carro, pra comemorar comigo.
— Acho que você não a viu sem roupa nos últimos dias, ou então é mais conformado do que parece. Os meus dedos no quadril dela dariam uma boa tatuagem.
Sinto sua fúria, o olhar de quem queria me socar ali mesmo, mas não tinha coragem de começar a porra de uma briga antes do tempo certo. Eu queria que ele começasse porque acabaria com ele e faria engolir cada palavra dita.
— Estamos apenas começando. Até amanhã.
Saio, virando e voltando para o meu dormitório, tentando não imaginar como ela pode ser tão filha da puta em transar com o meu irmão, mesmo depois de tudo que me prometeu e arrancou de mim. Eu acabaria com os dois, ao mesmo tempo, onde mais doía. Não me importava eu doesse em mim também. Eu estava acostumado com a dor, fosse sofrendo ou fosse causando.
Capítulo 11
Você está na contramão do caminho do bem
Eu quero pintar um quadro dizendo onde nós poderíamos estar
Como um coração da melhor maneira deveria
Você pode se desfazer dele, você o tinha
E pagou o preço
♫ Beggin’, Mneskin.
Tinha apagado assim que saiu do meu quarto. Acordo com certa preguiça de levantar, pego o celular na cômoda ao lado da minha cama e olho se tem alguma mensagem, não tinha nenhuma. De primeira acho estranho, sempre enviava mensagem pela manhã, já que eu era a mais sonolenta, mas em seguida lembro que hoje começavam os jogos, a disputa para provar qual dos grupos era o melhor. Eu conhecia meu noivo, sabia o quanto ele conseguia ser competitivo.
Caminho até o banheiro, escovo os dentes e escolho uma roupa das que eu deixava guardada no pequeno closet do campus. Após o banho, me visto com um vestido comum, de cor rosa e detalhes em dourado. O cabelo segue solto, esperando que secasse naturalmente. As aulas eram adiadas nos dias dos jogos porque era preciso todos os tipos de funcionários para conter as tragédias que eram.
Ou que costumavam ser. Há mais de dois anos, os Cilícios ganhavam os jogos sem nenhum pouco de esforço. Os membros da Mísia já não tinham tanto esforço em manter-se como melhores porque sua inspiração não estava mais ali. Talvez tivesse sido um ato de rebeldia a favor do seu líder e criador, no entanto, ele agora tinha voltado e daria o sangue para recuperar os títulos. O mesmo sangue que não permitiria derramar e os mesmos títulos que ele não aceitaria perder.
— Isso vai ser tão divertido. — A voz de Alyssa é nítida quando ela se senta ao meu lado, na quadra de esportes. Primeiro teríamos o jogo de hockey, em seguida uma corrida e, por último, uma luta. Sem espaço para xadrez, ping pong ou qualquer jogo saudável.
Meu noivo chega e levanto para aplaudi-lo. Ele não me olha.
O diretor inicia o discurso, afirmando que misturou as torcidas para que todos soubessem que o time da faculdade era único. Agora fazia sentido Alyssa ao meu lado, torcendo pelo amigo dela.
Sinto raiva quando penso na proximidade deles, ela era linda e causava mil e uma inseguranças em mim. Principalmente porque eu sabia que era na cama dele que ela costumava passar algumas noites.
O jogo começa, minhas pernas começam a balançar sem parar em pura ansiedade. Tudo parecia demorar uma eternidade a mais que o normal. avançava ao sinal de Max, que deslizava pela área de patinação com uma perfeição quase sobre-humana. O loiro então avançava sobre , o derrubando. Comemoro a queda dele.
O cabelo preto escorria pela testa. Suspiro baixo, tentando ignorar o quão sexy ele conseguia estar naquela roupa preto e branca. tinha a pele absurdamente pálida, os cabelos incrivelmente pretos, os dentes perfeitamente alinhados, músculos em todos os ombros e o abdômen era definido de forma perfeita. Desenhado por um Deus grego e os seus olhos eram escuros e sombrios, assim como o desejo que eu sentia por ele.
não ficava atrás. O sorriso era encantador, os cabelos loiros dourados traziam um ar leve para si. Os braços fortes, seguido por um corpo de jogador. As mãos grandes, perfeitas.
Podiam falar o que quisessem do tio Dionísio, mas sua genética era impecável.
[...]
47x43.
Esse era o placar, e faltavam cinco minutos para o fim do jogo. Senti meu peito pulsar. Os Cilícios estavam ganhando por pouco, alguns passos a mais e Chaz conseguiria virar o placar. Meu corpo ainda estava respondendo a todos aqueles gritos, ao placar enorme vermelho e a reação química que os dois causavam em mim. O jogo termina e joga o taco no chão, se ajoelhando no gelo. Passo pela porta dos arames que separavam a plateia dos jogadores e corro até ele, me jogando em seu colo e o beijando. Ele corresponde, mas antes recua.
— Ainda não terminou. — Ele murmura, me dando um selinho e concordo com a cabeça, sentindo toda sua estranheza. Eu o conhecia, algo não estava certo.
A luta e a corrida seriam definidas pelos membros das equipes, já que o hockey tinha sido um trabalho junto. Estávamos ganhando. Sentia o ódio de pousar em mim após sua derrota e gostava da sensação que tinha. Ele precisava provar do sabor da derrota algumas vezes.
Duas horas após o jogo, estávamos fora da escola. Reconhecia o lugar como o que tinha me trazido na noite anterior. Era sua pista, seu domínio. O carro preto se aproxima da pista de corrida e o acelerador mostra toda a potência dele, o que me surpreende é que não era o mais velho dos irmãos ali. Era o mais novo.
A Ferrari vermelha chega logo em seguida, dessa vez ocupada pelo motivo original dos meus pesadelos. Ele para o carro ao meu lado, mas ignoro, caminhando em direção ao meu noivo. Queria beijá-lo, desejar sorte e pedir para que acabasse com o idiota do seu irmão.
— Não tá sabendo, anjo? — Olho confusa para o lado, já que ele não parava de me seguir e cruzo os braços. Ele coloca o corpo para fora, após ter chegado na linha de partida. — Não contou pra sua futura esposa que você a trocou pelo meu carro?
Imediatamente paro, ouvindo as palavras de . Olho para , esperando uma explicação que não vem.
— Você me vendeu?
— Não, você só... vai correr com ele.
A voz fraca não torna a situação menos revoltante. Encaro os dois como se aquilo fosse uma piada de mau gosto, mas sinto meu peito se espremer quando percebo que não é.
— Eu não vou entrar.
sorri, como se soubesse exatamente que a minha reação seria essa. Seus lábios se comprimem e ele pensa um pouco, em seguida encara o irmão.
— Eu dobro minha aposta. — A voz de me surpreende. Ele não tinha só me vendido. Ele tinha me apostado. — Se eu ganhar, você vai embora da faculdade. — Meu estômago estremece. — Se você ganhar...
— Eu quero sua noiva. Na frente de todo mundo. E é você que vai me entregá-la.
Capítulo 12
I know I can't slow down,
I can't hold back,
Though you know, I wish I could.
Oh no there ain't no rest for the wicked,
Until we close our eyes for good.
♪ Ain't No Rest For The Wicked, Cage The Elephant.
me encara pensativo, provavelmente cogitando as suas possibilidades. Qual a chance de perdoá-lo depois disto? Teria que ser muito idiota. Ou amá-lo muito. Ela busca o olhar do meu irmão de forma desesperada e se aproxima dele, buscando seu rosto com as mãos para que ele a encare.
— , não. Por favor, não! — As súplicas tinham um tom de desespero delicioso. — Nós não precisamos disso, não precisamos passar por isso. Lindo... — Ela chama, o apelido irritante quebra minha diversão e me seguro para não transparecer a raiva que sinto. — Não faz isso.
Era engraçado a forma que ela suplicava como uma cadelinha filha da puta para que meu irmão não decidisse por ela o seu futuro. A forma que ela buscava em pânico a compaixão do meu irmão conseguia quase me deixar com pena, porque eu não sabia quando ela tinha se tornado isso. Ela não implorava para que alguém a impedisse de fazer algo que ela não quer. Tinham muitas coisas que eu não reconhecia mais nela, aquela provavelmente era uma das várias que estavam vindo à tona.
— Ele só vai te deixar em paz assim. — A resposta me fez rir, a incoerência gritava em cada fio de voz dele. Ele não ligava se eu a deixaria em paz ou não, não naquele momento. Ele queria a competição. Ele queria me ganhar.
— Se você fizer isso, nós terminamos aqui. — A voz dela agora era embarcada, carregando palavras que ela talvez não quisesse.
parece pensar, avaliando o que era mais importante: me vencer uma vez ou o seu noivado?
Em uma tentativa de me tirar do sério, quase bem-sucedida, ele se aproxima da ruiva, colocando as mãos pela nuca dela e a beijando. Não desvio o olhar, ao invés disso aperto as mãos em um punho e as fecho dentro do bolso para que ninguém veja, buscando meu isqueiro.
— Eu estou fazendo isso por nós. — Ele se afasta dela e sinto as lágrimas nos olhos verdes dela, expressando a decepção que começou a sentir pelo tão perfeito noivo de merda.
para ao meu lado, deixando o ombro quase encostar o meu e pega as chaves do meu carro. não olha nenhum de nós dois, mas não preciso que ela me olhe para saber que nesse momento ela estava engolindo os soluços. A mulher se vira pra mim, me olhando com raiva e pega a outra chave, desta vez do carro que dirigíamos.
Ela podia escolher não ir, mas não era bem assim que as coisas funcionavam por aqui. Você pode escolher desistir se aguentar lidar com isso depois, por sorte ou azar, ninguém consegue. Não quando existe uma pressão enorme entre fraternidades homicidas.
Meus olhos seguem o caminho que ela trilha e em silêncio a acompanho. As pessoas já estavam começando a se acumular ao redor de nós, todos querendo ver o duelo épico dos Lykaios. Ela abre a porta do carro, sentando-se no banco de passageiro e pego a chave de suas mãos assim que entro no carro. A encaixo na ignição e giro, ouvindo o som do motor roncar. Fecho os olhos, inalando o cheiro de gasolina, adrenalina passa a invadir cada veia.
— Eu odeio você, . — A voz dela sai suave, rouca e com uma verdade que, por algum motivo estúpido, me dói.
— Fale isso mais tarde, na minha cama. — vira o rosto, engolindo a seco e posso ouvir tão alto quanto Zeus, todas as suas orações implorando para que ganhe aquela corrida. — Vou te ensinar duas coisas sobre automobilismo, anjo. — O tom de voz rouco a penetrava, mesmo que ela fingisse que não. Piso no acelerador e no freio ao mesmo tempo, causando impulso e aumentando o barulho. estava no carro ao meu lado. — Não importa o quão rápido um carro pode ser, se você bloquear a passagem dele, o único jeito de ultrapassarem é passando por cima de você. — Assim que a largada é dada, acelero me colocando na frente do meu irmão. A mulher se segura assim que começo um zigue-zague pela pista, aquecendo os pneus. — E a segunda é: não tem muito que fazer com as mãos.
Ela se segura, tentando não ser jogada pela frente a cada freada brusca que dou para irritar o meu irmão. A sua saia sobe e como se um ímã me puxasse para perto dela, deixo a mão direita em suas coxas, apertando enquanto meus dedos roçam pela sua virilha. Meu olhar se alterna entre a pele pálida e a visão do carro que meu irmão estava, impedindo-o de me passar. O carro andava a 500km por hora, mas eu estava o forçando a se limitar em 200km. Era impossível me ganhar e eu sabia disso desde o minuto que decidi correr.
Tiro a mão das coxas dela, colocando sobre a marcha, mudando-a.
— Você vai nos matar. — Ela reclama, assustada com a velocidade e propositalmente acelero mais, girando para ambos os lados o volante. — Você é doente, porra!
— Você me deixou doente, . — Resmungo amargo, observando as tentativas falhas de ultrapassagem que meu irmão fazia. Conseguia sentir seu ódio emanar pelo ar. — A santa , que arrasta a todos para o inferno com ela, mas ela é incapaz de descer lá por conta própria.
Ela se encolhe, me arrancando um riso forçado.
— Eu não quis...
— Foda-se o que você quis ou não fazer, anjo. Você fez. — A vejo engolir a seco, nervosa. — Se segura. — Ordeno, assim que passamos por uma curva. Ocupo boa parte do lado direito para não deixar pegar impulso ou sair na frente, me colocando na frente dele mais uma vez. — Eu confiei em você. E na primeira oportunidade você se juntou com e me entregou a polícia. Você sabia que ele abusava da minha mãe e me colocou nas mãos dele. — Ela não segura mais o choro, deixando lágrimas silenciosas caírem. — Ele enforcou ela até ela parar de se debater e continuou depois que ela estava sem vida. Duas, três vezes. — Minha voz se embarga, travo o maxilar acelerando mais rápido, passando por mais uma maldita curva antes de seguir em linha reta. Continuava ocupando o máximo de pista que eu conseguia. — Quando terminou, ele a queimou e limpou o sangue dela em mim. O último contato que eu tive com a minha mãe foi aquele desgraçado limpando as mãos sujas em meu rosto.
— Eu sinto muito. — Por mais genuína que fosse a resposta, não era suficiente para silenciar a raiva que tinha crescido em mim ano após ano.
— Não, anjo. Você não sente. Você ainda vai sentir.
De repente não sinto mais vontade de tocar nela, algo em sua pele me repele da mesma forma que me atrai. Agarro com força o volante, ouvindo os pneus arrastarem pelo chão. Mordisco meu lábio inferior quando se aproxima, faltavam três voltas. Por alguns segundos, penso em deixá-lo ganhar, porque não seria saudável deixar comigo com a raiva que estou sentindo à medida que lembranças me invadem.
O meu lado egoísta vence, a raiva que sinto me consome e ainda que eu não estivesse sob uso de nenhuma droga, meu coração dispara. A visão muda assim que as pupilas dilatam e passo as três voltas como se minha vida dependesse disso, porque dependia.
Eu iria matar assim que tivesse a chance, nem que para isso eu morresse junto.
Capítulo 13
You keep dreaming and dark scheming
Yeah, you do
You're a poison and I know that is the truth
All my friends think you're vicious
And they say you're suspicious
You keep dreaming and dark scheming
Yeah, you do
♪ I Feel Like I'm Drowning, Two Feet.
Dor.
Era tudo que eu conseguia sentir ao ouvir falando tudo que presenciou. Engulo seco, absorvendo a culpa que eu sentia. Por muitas vezes, tinha ouvido falar histórias sobre como ele tinha encontrado a mãe morta e sobre as experiências que teve, em todas elas precisei fingir que era alheia a situação porque não era capaz de admitir para mim mesma que eu tinha destruído a vida dele.
Enquanto seguro a vontade de vomitar, pensando em tudo que ele passou, sou carregada ao dia que fiz aquilo com ele. Ao dia que o entreguei de mãos beijadas para a fonte dos seus pesadelos.
7 anos antes.
— O padrasto dele é um problema, não você. — Ouço a voz de tio Dionisio em seu escritório e me aproximo apenas o suficiente para vê-lo consolar a sua esposa. — Ele vai voltar, ele sempre volta.
Não preciso de mais que isso para saber que ele se referia a . Os deixo a sós, já tinha invadido espaços suficientes para um dia apenas. Volto até meus pais, sentindo a alegria sumir de meu corpo assim como o meu namorado tinha sumido dos seus pais.
Ele fazia isso, às vezes. Quando algo era difícil demais para superar, se isolava em um lugar só seu, que não compartilhava com ninguém, nem mesmo comigo. Ele voltava três ou quatro dias depois. Me procurava e eu o ajudava a esquecer o que quer que tenha acontecido. Funcionou assim por um tempo, mas conforme os meses passavam, eu me sentia cada vez mais deixada de lado. Se eu fosse tão importante assim, ele me diria. Principalmente porque Alyssa parecia saber onde meu namorado estava.
— Você já vai? — Os olhos claros me encaram e balanço com a cabeça, me encolhendo.
— Meus pais estão lá fora.
— Eu sei onde ele está.
A resposta fez meu coração disparar. Como saberia onde o irmão estava? Eles nunca foram próximos. Meu corpo parece saber a resposta, porque assim que penso um pouco mais, lembro que Alyssa costuma sair com o loiro.
— E sei com quem ele está.
O meu cunhado continua, me fazendo sentir um nó na garganta.
— , não minta para mim. Eu estou preocupada com ele e brincadeiras assim não são legais. Na verdade, apenas me ajudam a ficar mais aflita.
— Eu não estou mentindo e tenho como provar. — Ele deu de ombros, fazendo os fios loiros caírem pouco acima de seus olhos. Sem esperar minha resposta, ele puxa o celular do bolso, mostrando um vídeo onde abria a porta de algum lugar desconhecido por mim para que Alyssa entre.
— Isso não quer dizer nada. — Murmuro, sentindo o meu peito congelar aos poucos. Cruzo os braços, ignorando o nó existente em minha garganta.
— Espera. — Ele perde, em seguida passa para o lado. Consigo visualizar de forma nítida e dolorosa a forma que ela sai vestida com a camisa que abriu a porta. — Desculpe, eu não acho justo com você. Você está aqui, correndo atrás dele, vindo duas vezes por dia para ver se ele chegou e ele está comendo a outra. Também fui enganado.
Minhas pernas enfraquecem e me seguro para não cair. Aquele não era , ele não era assim. Ele era sincero, eu sabia que era. Ele não mentiria pra mim e não me trairia assim.
— Eu... — Me esforço, mas a voz falha. — Preciso contar ao seu pai onde ele está.
se coloca em minha frente, formando um não com a cabeça.
— Devíamos contar ao padrasto dele. O meu pai é muito maleável com o e depois do que ele fez com a gente, ele merece alguém mais duro. — Penso, sentindo-me mal apenas com a ideia. Eles não se davam bem, o padrasto era alguém difícil e em cada conflito que tinham, sobrava tudo para sua mãe, como em uma oportunidade perfeita para descontar a raiva que ele sentia dela pelas traições contínuas com o tio Dionísio. Eu não queria fazer isso, mas por que me importar quando ele estava levando pra cama a amiga dele? Ele não pensou em mim, eu não pensaria nele.
— Ligue para ele.
Eu nunca o conheci pessoalmente, apenas ouvi a voz suave dele sobre a linha enquanto contava onde estava. A cada palavra que saia, a raiva aumentava e eu deixava escapar mais e mais coisas. Como o fato de que as visitas de tio Dionísio não tinham parado, e que Celine cobrava por cada vez que se permitia matar a saudade. Ou a forma que ela fingia estar separada sempre que eu a visitava.
De uma maneira podre e explosiva, eu me permiti causar dor em onde eu mais sabia que doía. E fiz questão que ele soubesse que eu tinha feito aquilo.
— Obrigado por me contar tudo isto, . — A voz do homem ecoou por trás da linha e mordi levemente o lábio inferior. Sentia-me satisfeita, mas ainda existia uma onda em meu corpo que me alertava que aquele tinha sido o meu maior erro.
Senti angústia pelos primeiros dias, mas foi quando soube da morte de Celine que eu soube.
jamais me perdoaria.
Capítulo 14
Feeling so good, 'til you tear through my heart
Can’t cover the scars anymore, baby
There’s blood in the sky, and birds couldn’t fly
And I’m losing my mind
You run through me like bad drugs
♪ Bad drugs, King Kavalier.
Grito de felicidade assim que minha vitória é contabilizada, por mais que eu já esperasse ganhar. Soco o volante com força e é quando me viro que vejo encolhida, pensativa e perdida nos próprios pensamentos.
estaciona o carro, saindo bravo de dentro do automóvel.
— Não valeu, porra. Você trapaceou! — Um sorriso satisfeito toma conta do meu rosto quando também saio do carro.
— Você não consegue ultrapassar e eu roubei? Aceite que perdeu, . Você já é adulto suficiente pra reconhecer suas derrotas.
aparece atrás de mim, tenta se aproximar dela, mas ela se afasta. Provavelmente a ruiva ainda estava com raiva por ter sido apostada e se colocado em uma situação que não queria. Me pergunto se o término tinha sido sério ou se era apenas um momento em que ela estava magoada.
— O que você quer de mim, ? — Sua pergunta sai baixa, controlada demais para alguém que entrou no carro me xingando.
— Temos assuntos pendentes, . E para resolver cada um deles, você vai dormir comigo. — Consigo ouvir rosnar. Ele a puxa para perto dele, com raiva, como se tivesse acabado de ouvir o maior dos absurdos.
— Se você encostar nela, você vai se arrepender pelo resto da sua vida fodida. — Pela primeira vez sinto verdade nos olhos do meu irmão e isso serve como combustível para mim. Eu merecia que alguém desse fim na minha vida e embora não achasse que ele tivesse culhão suficiente, seria divertido vê-lo tentar.
— Você perdeu todo e qualquer direito que tinha sobre mim no momento que me apostou como um brinquedo, . — A voz dela me surpreende, causando o mesmo efeito no meu irmão. — Essa é a última escolha que vocês dois fazem por mim.
A última frase soa como uma ameaça, mas é a forma que ela sai de trás do meu irmão que desperta em mim arrepios. Era esse lado dela que eu gostava, o lado de quem seria capaz de destruir tudo a sua volta apenas para tomar de volta o controle da própria vida.
anda, enfiando-se pela multidão e deixando estático enquanto eu caminho, seguindo-a. Em minutos, estávamos em meu quarto. Ela entra primeiro e eu logo em seguida. Seus olhos passeiam pelo lugar com calma, como se fosse a primeira vez que ela esteve ali. Eu ainda não fazia faculdade quando estávamos aqui, mas tinha escolhido esse quarto porque tinha sido nele que ela havia me prometido que eu seria seu marido e o único homem a tocá-la, anos atrás, na inauguração dos dormitórios.
Os olhos verdes dela buscam os meus e me perco na imensidão de dor que os ocupava, quase misturando-se com a minha própria. Seu corpo vem em direção ao meu e ela não acende a luz, ao invés disso mantém o lugar apagado, iluminado apenas com brechas de luz que vinham pela janela e se tornavam cada vez mais ausentes ao entardecer.
não pensa muito e agradeço por isso assim que ela me empurra, caindo por cima de mim na cama. Suas mãos abrem a minha camisa com força e ela a arranca de mim, espalmo as mãos por sua bunda, apertando com força.
— Tem certeza? — Não queria perguntar isso, mas é impossível evitar.
— Tenho. — A resposta vem tão carregada quanto a pergunta. — Mas vou me arrepender amanhã e desejar nunca ter acontecido, então faça com que eu nunca esqueça.
Tudo se mistura assim que sua boca busca a minha com urgência. A tristeza, a mágoa, a dor, a raiva, o desejo, tudo parece se misturar e transformar em um sentimento novo que eu não sei nomear, mas que não viveria sem a ardência que causava. Eu gostava de queimar coisas, mas era com que eu era queimado.
A raiva era a parceira perfeita da urgência e foi assim que eu fui arrancando peça por peça do corpo dela. Primeiro me desfiz com a saia, então a ajude a se livrar de sua blusa, as malditas cores claras que não traziam à tona quem ela realmente era, apenas quem queriam que ela fosse. Seus seios pulam e a arrumo em meu colo de forma que consiga levar minha boca até os mamilos rosados, mordendo, chupando e sugando-os em meus lábios. Ela geme, mas isso não seria o suficiente para que ela amanhecesse lembrando de tudo amanhã.
A cama estava macia demais, eu precisava que ela sentisse dor. Queria que ela se sentisse desconfortável porque ela tinha me deixado assim por muito tempo. Era justo devolver. A tiro da cama, jogando-a com certa força sobre o armário e a faço empinar a bunda para mim. Puxo sua calcinha com força, rasgando-a e a ouço gemer quando sua pele queima com a força aplicada para o tecido rasgar.
Seu rosto era espremido contra a madeira e mordo o lóbulo da sua orelha, roçando meu pau duro em minha bunda. Queria que ela sentisse como me deixava. Desço os dentes para seu ombro, também mordendo ali com força. Ela geme, mas não me afasta. Ao invés disso, a vejo jogar o cabelo para o lado, deixando mais do pescoço livre. Distribuo chupões pela região.
Sua mão delicada pousa sobre minha calça, a desabotoando com dificuldade devido as posições. Ela geme algo em súplica para que eu não demorasse muito e, tão ansioso quando ela, me livro da minha calça. Desço a boca por suas costas desnudas, roçando os lábios e levo as mãos até suas nádegas, abrindo-a. Deslizo a língua enquanto me coloco de joelhos e de forma desesperada observo-a abrir as pernas.
se apoia de forma desajeitada na madeira, buscando um apoio que não tinha e contorno as pregas dela, sentindo-me verdadeiramente satisfeito ao saber que ali não tinha tocado. Lambo sua boceta, fazendo-a se contorcer. Sentir o seu gosto era como cometer os piores e mais viciantes pecados. Ela estava molhada, encharcada e sua boceta era quente como o inferno. A penetro com a língua, ouvindo mais um gemido manhoso sair de sua boca. Ela olha para mim e umedece os lábios. Me levanto, sentindo a raiva voltar.
Agarro seus cabelos com força, puxando-os até que meu corpo inteiro venha para trás junto com ela e deixo um tapa forte em sua bunda com minha mão livre. Ela volta a se empinar, não se intimidando com a força que eu aplicava sobre os fios ruivos e logo me encaixo em sua entrada molhada, enfiando-me de uma única vez.
Ela grita com dor e não dou tempo para que se acostume, ao invés disso continuo a meter com força. Em um impulso ela tenta me afastar, mas apenas a empurro com mais força contra o móvel a nossa frente. Suas pernas tremem a cada gemido, a dor que ela sentia era tão prazerosa para mim que eu conseguia me sentir mais e mais duro dentro dela.
— Você é tão quente, anjo. — Sussurro, a fazendo morder o próprio lábio em buscar de alívio. A desencosto do armário, virando seu rosto em direção ao meu e deixo um tapa forte ali, em seguida busco seus lábios, sentindo o gosto de sangue. Não sabia se era pela sua mordida ou pelo meu tapa.
— É só isso que você tem? — Ela pergunta, com a voz falha. — Está com dó, ? — A provocação me acerta em cheio e arrasto dali para a mesa de estudos que ficava no quarto. A empurro com força, fazendo sua barriga bater ali em cima. Ela novamente geme, voltando a gritar quando me empurro por inteiro para dentro dela. Conseguia sentir meu pau inteiro molhado pelos seus fluídos.
Passo a distribuir tapas frequentes pelo seu corpo, em especial pela sua bunda. Deixando roxp cada lugar que consigo alcançar, volto a morder suas costas e seus ombros, deixando cada vez mais marcas. Ela se lembraria amanhã e depois e depois. Ela veria no espelho e em cada roxo que havia sido minha. Como deveria ter sido feito antes.
Apesar da dor que eu queria que ela sentisse, também buscava equilibrar isso com prazer, então encaixo minha mão direita no vão de suas pernas e começo a estimular o seu clitóris sem parar as estocadas fundas, fortes e rápidas. O nervo incha, duplicando de tamanho a cada esfregar e não preciso mais do que cinco minutos para fazê-la gozar em meu caralho. Suas pernas tremem, demonstrando o cansaço e sorrio.
— Eu ainda não terminei.
Aviso, saindo de dentro dela e a virando para que fique em minha frente. Ela mal se coloca em pé, buscando o apoio da mesa. Mordo seus seios, chupando um peito e em seguida o outro. Belisco com os dentes e distribuo mais marcas em sua barriga antes de virá-la de bruços mais uma vez. Agarro sua carne com força, desenhando meus dedos ali até que a região ficasse roxa com os apertos. Aperto tanto que a vejo se contorcer e só paro quando ela reclama com a dor. Meu pau estava molhado, eu conseguia sentir e odiava não ver aquilo. Daria tudo pra vê-la no claro agora, para ver seu rosto acabado e derrotado por ter se entregado a mim da forma que sempre quis.
Pincelo meu cacete na sua entrada, mas não paro ali e subo um pouco mais, me encaixando na entrada do seu cuzinho. Seu corpo fica tenso de imediato, sorrio com isso, distribuindo beijos por cima das mordidas. Junto ambas as mãos, apertando com força e coloco-as acima da cabeça de , me enfiando para dentro dela novamente. Fodendo-a por trás. Ela grita mais uma vez. Dessa vez paro os movimentos, permitindo que ela se acostume comigo ali, quando o grito e os gemidos diminuem o tom, começo a me movimentar de forma lenta, mas não continuo nesse ritmo por muito tempo, aumentando a intensidade das estocadas. Meu quadril batia contra o dela com força e eu a sentia me esmagando.
— Porra, como você é gostosa, anjo. — Resmungo contra seu ouvido, a vendo se arrepiar. Ela começa a brincar com o próprio clitóris e percebendo o seu desconforto, saio de dentro dela, voltando a me enfiar em sua boceta com ainda mais força do que antes. Deixo que um dos meus dedos a preencha por trás e com a mão livre volto a estimular o clitóris inchado dela, dessa vez menos sensível. Em alguns minutos ela goza mais uma vez e é nesse momento que não consigo me controlar, após ela parar de se contorcer embaixo de mim, parando com os gemidos, é minha vez de estremecer por ela. Me empurro para dentro dela mais uma vez, com força e paro ali, gozando dentro dela como se meu corpo dependesse daquela boceta para sentir prazer pelo resto da vida.
Minha respiração estava ofegante, mordo levemente o lábio inferior e saio de dentro dela, sentindo minha porra escorrer por sua boceta e pelo meu pau. Ela não consegue se mover por alguns segundos e percebo que eu havia pegado mais pesado do que eu deveria, mas não me arrependo. Ela merecia isso. Quando o prazer vai embora, a raiva volta.
— Agora vá atrás do seu noivo, como a boa putinha que você é, com minha porra escorrendo pelas suas coxas.
Capítulo 15
You drive me crazy
Push me to the edge
I'm trying to keep my cool
But you got me losing my damn head
I wanna love you
But you make it hard
I'm trying to keep my cool
While you're playing with my fucking heart
♪ The Wall, Patrickreza.
Não consigo abrir os olhos para ver se afastando do meu corpo. Sinto dor em todos os lugares possíveis, mas é dentro de mim onde dói mais. Bem no peito, no coração que mais uma vez ele parte em vários pedaços. Me apoio para me levantar, mas não consigo. Cambaleio, me apoiando no móvel. Não consigo olhar para trás para saber que ele tentava me ver, ainda que pelo escuro. Era doloroso, mas ao mesmo tempo eu sentia um alívio. A dor tinha me tirado um pouco do peso da culpa.
A força aplicada pelo moreno não era a única responsável, seu tamanho também tinha colaborado e muito para que eu tivesse tanta dificuldade em me mover. Consigo sentir escorrer pelas minhas pernas e engulo a seco, sentindo uma ponta de humilhação ao lembrar de suas últimas palavras. Não consigo vestir a minha roupa na frente dela, então tateio a cama, encontrando uma toalha e é nela que me enrolo para sair de seu quarto com dificuldade, após reunir toda força minha que restou.
Assim que saio, o choro vem junto e inunda meus olhos. O nó na garganta se espalha com o aperto no peito e começo a chorar de forma frenética, sem parar. Me arrependia por ter entrado naquele quarto, me arrependia pelas escolhas do passado e me arrependia até mesmo por não me arrepender de ter me entregado para ele daquela forma. Com dificuldade, chego ao meu quarto, caminho direto para o banheiro e me tranco ali. Meus pensamentos voltam ao passado, voltam a um antes tão dolorido quanto agora.
O que meus pais achariam de mim? O que Dylan acharia de mim?
Lembrar do meu irmão em um momento assim era avassalador. Eu não poderia ser um exemplo pra ele porque sequer conseguia ser um exemplo para mim mesma. Eu tinha pedido para me machucar e estava chorando por ele tê-lo feito. Eu queria que ele passasse sua dor para mim e eu queria que ele me machucasse porque a dor diminuía a culpa. Tiro a toalha, parando em frente ao espelho e observo um pouco do meu corpo. Haviam manchas vermelhas e roxas por todo o espaço, algumas que amanhã com certeza estariam piores. Entre minhas coxas havia sangue, que se misturava com o esperma branco dele. Paro de olhar o espelho e caminho até o box, ligo o chuveiro e me coloco dentro dele. Não consigo ficar em pé por muito tempo, e é quando me sento, sentindo a água escorrer, que me permito chorar mais.
Choro pela morte dos meus pais, pela morte do Dylan e pela minha. Porque já não sabia mais quem eu era, não me conhecia mais. Eu fazia o que mandava, o que meu tio queria. E doía saber que eu era resumida a isso agora. Fecho os olhos com mais força, pensando no pequeno de aparência semelhante a mim. Os olhos grandes e os fios loiros, as mãos pequenas que sempre balançavam de um lado para o outro de forma animada, contente. Busco a calma que aqueles olhos cor de mel me trariam, busco o cheiro da colônia infantil que eu nem lembrava mais o cheiro e desespero toma conta de mim. Eu não lembrava mais da voz de Dylan, não lembrava das promessas que tinha feito a ele, mas seu sorriso era recorrente em minha mente. Sinto falta dos meus pais, mas acima de tudo sinto falta do meu irmão. Não pude vê-lo crescer, não pude ver ele tendo ciúmes de mim, não pude levá-lo na creche ou buscá-lo, e agora eu não podia lidar com a dor de tudo que eu tinha escondido por tanto tempo.
Sou retirada dos pensamentos assim que a porta é arrombada. Não me cubro porque não consigo pensar nisso, não olho quem é porque já sabia. Me encolho mais, no canto do banheiro. Ainda não tinha me lavado, estava apenas ali, sentindo a água descer pelo meu corpo. Sentir minhas lágrimas saírem para o ralo junto com todo o resto.
me olha com nojo, com raiva e eu entendo o seu olhar. Continuo sem encará-lo, o silêncio se forma entre nós por alguns minutos e respiro fundo, mordendo meu lábio inferior. Tinha olhado meu corpo, sabia o que qualquer um pensaria se me visse naquele estado, por isso, ainda sem olhar o meu noivo, sussurro:
— Eu quis. — A voz sai baixa, rouca e sinto vergonha. Era intimidador reconhecer que eu tinha desejado aquilo, que eu pedi para que me deixasse assim. E era ainda mais assustador porque eu sabia que não estava arrependida.
— Eu passei dois anos com você, . Dois anos te tratando como a porra de uma princesa, sendo paciente... — Sua voz tinha mágoa, tinha ódio, tinha nojo e tinha razão. Eu também merecia aquela pitada de ódio. — E você dá pra o meu irmão na primeira oportunidade que tem? — Sua pergunta era acusatória, mas eu não tinha nenhuma defesa.
se aproxima de mim e me puxa para cima, puxando os cabelos. Sinto meu couro cabeludo doer, já que eu ainda não tinha me recuperado dos puxões de .
— , por favor... Você está exaltado e eu entendo, mas...
— O que faltou eu te dar, hum? — Sua voz se tornava cada vez mais arrastada, ele se enfia entre minhas pernas, forçando meu corpo contra o dele e contra a parede, tento me debater, mas não consigo. Eu o empurro e ele nem se move. — É assim que você gosta? É por isso que não podia ser comigo? — A pergunta é dolorosa e a cada vez que ele aperta mais o meu corpo, sinto vontade de vomitar. Ele abre minhas pernas com força e não consigo prender o choro, apenas peço para o que quer que aconteça, que seja rápido.
Capítulo 16
I think that I messed up
I think that I'm off
I won't fuck with you girl
'Cause ain't right
Baby, is wrong
♪ Lost The Game, Two Feet.
A vejo sair do quarto e respiro fundo. Não me sinto aliviado por fazer isso com ela, não sinto a dor diminuindo. Sinto mais angústia, mais mágoa. Porra! Caminho em direção ao banheiro e é quando acendo a luz que vejo a merda que fiz.
Meu pau tinha sangue, minhas mãos tinham sangue.
Não preciso de muito para entender, apesar da força que eu tinha colocado, ela estava molhada e não iria se machucar tanto, não a ponto de sangrar, não se ela não fosse virgem. Ela tinha cumprido a sua promessa, ela era virgem e eu fui com tanta força que sequer havia percebido isso. O sangue me trás lembranças nada boas e lavo as mãos, entrando no chuveiro logo em seguida. Tomo um banho rápido, desespero tomando conta de mim enquanto penso no que faria. A culpa de tê-la machucado me invade, dizendo que talvez eu não fosse tão diferente assim do monstro que eu fugia. Engulo a seco e me visto, caminhando até o seu quarto.
Não sabia se pediria desculpas, se a beijaria por cada machucado ou se apenas questionaria o motivo dela ter mentido sobre isso, mas não conseguia ficar sozinho com meus pensamentos, não quando eles me direcionavam a ela. Bato na porta, mas não há nenhum barulho. Giro a maçaneta vendo que estava aberto e entro, é quando ouço alguns barulhos que identifico vir do banheiro que sinto medo correr em minhas veias, medo por ela. Se algo acontecesse com ela, eu não me perdoaria. Eu tinha começado essa merda toda.
Em passos rápidos caminho até a porta arrombada e a vejo se debatendo, tentando fugir de que a imprensava contra a parede. Ele estava vestido e agradeço por isso. Retiro ele de cima dela com um puxão e deixo que meu punho acerte seu rosto uma, duas, três, quatro vezes. Ele se defende, devolvendo um outro e o jogo contra o box, vendo o vidro quebrar enquanto meu irmão cai sobre os cacos. grita em desespero, implorando para que a gente pare e é quando vejo o seu corpo repleto de hematomas que paro. Não queria que ela me achasse mais fodido do que já achava a essa altura.
Caminho em direção a ela, que se cobre desajeitada.
— Você está bem? Ele fez algo? — Ela apenas nega com a cabeça, continuando encolhida. Pego uma toalha, entregando-a enquanto se levanta. Sua mão estava no nariz, estancando o sangue e meu rosto ardia com um corte causado pelo soco dele.
— Vocês dois se merecem tanto. — Sua risada é irônica e preciso me esforçar muito para não ir pra cima dele de novo. — Ela causou a morte da sua mãe e você matou o irmão dela. Vocês são dois doentes de merda.
Sinto tudo congelar com a última frase e olho para preocupado, ela está estática, piscando repetidas vezes como se não tivesse ouvido direito.
— Ah, você não sabia? — O tom debochado do meu irmão faz com que eu feche meus punhos com ainda mais força.
— Cala a merda da sua boca. — Mando, com a voz rouca e a respiração falha, travo o maxilar com força.
— Você acabou de dar pra o assassino do seu irmão. Pobre Dylan... — Consigo sentir o ar de parar, busco meu isqueiro, mas não estava aqui, o que me deixa ainda mais nervoso. — Não quis transar comigo, mas abriu as pernas pra quem destruiu a sua vida. Ele matou o seu irmão, .
— CALA A BOCA, PORRA! — O empurro, fazendo com que ele se desequilibre nos cacos, mas antes que eu volte a esmurrá-lo, ouço a voz dela. Em um fio, como se nada mais tivesse inteiro.
— É verdade? — A pergunta sai com uma esperança que eu não queria ter que matar.
— Eu não sabia que... — Sou interrompido pelo filho da puta do maldito Golden.
— É claro que é verdade. Acreditou mesmo na história do meu pai que o carro tinha explodido do nada? Você é ingênua, mas não é burra, . Pelo amor de Deus! — Eu sentia o mundo girar, o chão cair dos meus pés. Observo , que desvia o olhar para como se precisasse ouvir a história toda. — Você sabe do fascínio dele com fogo, achou mesmo que ele ia deixar em branco você ter causado a morte da mãe dele? — Uma risada ecoa e tento me aproximar da ruiva, que me afasta, indo para o lado oposto. — Ele incendiou o carro da sua avó, com o seu irmãozinho lá, dormindo serenamente. Ele abriu o tanque de gasolina e espalhou ainda mais ao redor, depois se afastou o suficiente para ver o fogo se alastrar. Eu estava lá, eu vi. É nas mãos dele que o sangue de Dylan está, nas mesmas mãos que você entregou sua virgindade de mãos beijadas. — se aproxima dela e ela permite, sinto ar me faltar. — Você não confiava em mim para te tocar, que tal isso agora, hum? Espero que Dylan aprove o homem que você escolheu, porque você vai queimar no inferno com ele.
sai e tento me aproximar de , ela se afasta de mim com repulsa. Meu peito dói, meu corpo inteiro estremece. Eu era culpado, mas não quis isso. Não quis causar a morte de Dylan, não sabia que ele estava no carro, apenas quis queimar o automóvel porque estava com raiva, porque não tinha superado o luto da minha mãe e porque culpava desesperadamente .
— ... — Chamo em um tom baixo, numa tentativa de me explicar. — Eu não sabia que ele estava lá, eu só quis te assustar. Eu jamais teria feito algo se soubesse. Os vidros eram escuros, eu juro que não sabia. Eu...
— Vai embora. — A voz me corta e balanço com a cabeça, me aproximando dela. — Não me toca. — Ela se afasta mais uma vez. — Vai embora. — Eu não me movo, então ela se aproxima de mim, me socando e empurrando no peito. Ela chora, de uma forma que nunca a vi chorar antes. A seguro contra mim, abraçando-a com a dor compartilhada que ambos tínhamos guardado por tanto tempo. Sabia que a partir dali, tudo iria mudar.
Nós nunca poderíamos ter algo um com o outro, não sabendo tudo que causávamos.
Capítulo 17
Isn't it lovely, all alone?
Heart made of glass, my mind of stone
Tear me to pieces, skin to bone
♪ Lovely, Billie Eillish.
Ouço três batidinhas na porta, mas não consigo falar ou me levantar para abrir. Não tinha ideia de quantas horas haviam se passado, eu apenas estava ali, no meu quarto e deitada na cama. Com o lençol cobrindo o meu corpo porque, infelizmente, nada conseguia cobrir a minha mente.
A mãe de entra, fechando a porta atrás de si e me surpreendo por ela estar na faculdade, já que ela nunca aparecia. Ela se aproxima em passos lentos e se senta sobre a cama, suspirando enquanto passa as mãos pelas minhas costas. Continuo na mesma posição em que estava.
— Eu fiquei sabendo o que houve. — Continuo quieta. — Vocês usaram camisinha? — Meus olhos lacrimejam de novo e balanço a cabeça de um lado para o outro, negando. Ela parece entrar em um conflito interno e me pergunto se todos eles sabiam que tinha sido responsável pela morte de Dylan.
— Dylan... — Não preciso dizer muito porque assim que sua postura muda, eu vejo a resposta. — Desde quando vocês sabem?
— Dionisio mandou embora para que ele não fosse preso. — Antes que eu consiga me controlar, volto a chorar até soluçar. — não sabia que tinha... Que Dylan estava lá. Ele só descobriu há poucos dias, depois de voltar.
Sinto vontade de vomitar. Ele sabia, ele sabia e mesmo assim me usou. E mesmo assim me fez ir para a cama com ele. Ele sabia o que tinha feito e ainda assim continuou com a tortura contínua de me fazer culpada pela morte da sua mãe, quando ele tinha causado a do meu irmão.
— Ele te forçou? — Ela perguntou, provavelmente vendo alguma das manchas do meu corpo quando me movimentei e o lençol desceu um pouco mais. Nego com a cabeça. De uma forma acolhedora que eu jamais imaginei, ela me puxa para seus braços e me aninho ali, chorando de uma forma que não podia chorar com mais ninguém. — Eu sinto muito que você tenha passado por tantas perdas, mas você precisa ser forte. vai perdoar você, vai demorar, mas ele vai. Ele te ama. E quando isso acontecer, case com ele, . Case com ele e mantenha o mais longe possível de vocês dois.
— Ele tentou...
Não consigo falar, mas ela concorda com a cabeça, como quem também já soubesse disso.
— Eu sei e nada justifica ele ter agido dessa forma, mas ele estava com raiva. Você foi pra cama com o irmão dele, ele sentiu raiva. — Tento não ignorar o fato de que ela não era minha amiga pessoal e sim a mãe do meu noivo, ou ex noivo. E que eu havia perdido a virgindade com o seu enteado na noite anterior. Provavelmente ela também já sabia disso. — Até porque, se você engravidar vai querer que essa criança tenha pais presentes.
— Eu não vou engravidar. — Corto, não sabendo o que era mais absurdo naquela história toda.
— Vocês não usaram camisinha. — Ela rebate, me fazendo corar. — E você não pode tomar todo tipo de remédio, pílula do dia seguinte seria uma péssima ideia. A não ser que você queira ir daqui para o hospital.
Em sua voz consigo sentir praticamente um desejo para que eu engravide, mas afasto o pensamento ao balançar a cabeça. É claro que ela não gostaria disso, ninguém gostaria, no entanto ela tinha razão sobre minhas alergias a remédios. Eu havia as percebido quando passei a morar com os gregos. Por isso nunca havia tomado anticoncepcional, às vezes estava bem e era só ingerir um remédio que em horas passava muito mal. De repente a possibilidade de uma gravidez não está tão distante assim.
— Eu não quero ter um filho do . — O fio de voz sai baixo e me recrimino pelo pensamento porque em poucos segundos a ideia já me causa pânico.
— Volte com o , eu garanto que com muita conversa e bastante esforço vocês vão fazer as pazes e ele poderia criar essa criança com você, como se fosse dele.
A certeza e esperança que ela tinha de que eu engravidaria me assustava tanto que eu realmente estava segura de que precisava tomar o remédio, qualquer que fosse o efeito colateral seguinte. Eu definitivamente não estava pronta para ser mãe e não achava que deixaria de lado a possibilidade de ser pai, tampouco se seu irmão assumisse o seu filho.
— Eu prefiro tomar o remédio.
Ela pensou um pouco, talvez imaginando se deveria me convencer um pouco mais e então sorriu, se arrumando em meu lado.
— Tudo bem. — Suspirou, levantando-se da cama e saindo no quarto.
Demorou alguns longos minutos até que ela voltasse com um remédio e com água e eu tomei, engolindo o comprimido entre os lábios e sentindo o alívio tomar conta de mim. Pelo menos eu tinha uma preocupação a menos agora.
— Obrigada. — Sussurro, ela me olha ligeiramente desconfiada, mas terna e sorri.
— Não precisa agradecer, eu realmente gosto de você como se fosse uma filha minha. Você é da família. — Me encolho um pouco porque eu mesma não me sentia parte da família naquele momento. — Eu conversei com o Dionisio, querida. Se você for se sentir melhor assim, podemos pedir pra os meninos passarem um dia longe de casa ou então você pode ir para a casa dos seus pais, ou um apartamento. — Suspiro porque eu não tinha pensado em como seria dali em diante, não seria fácil morar na mesma casa que e , não depois de tudo. Concordo com a cabeça, ainda não me sentia pronta para ir para a casa dos meus pais, menos ainda agora com a descoberta do que causou o falecimento de Dylan.
— Eu prefiro ir para um apartamento. — Ela acena com a cabeça, provavelmente já imaginando que eu não tiraria nenhum dos dois da casa que os pertencia.
— Como você preferir, mas vou te fazer visitas constantes para saber se está bem. Pelo menos até você completar os tão esperados vinte e um anos e ser dona do próprio nariz. — Apesar da voz divertida, percebo que ela estava falando sério.
Não recuso a ajuda, agradeço mais uma vez porque era a primeira vez que eu não me sentia sozinha em meio a todas as mudanças que aconteciam na minha vida o tempo inteiro. Era dolorido estar só por tanto tempo, em meio a tantos acontecimentos.
O lado bom da solidão é que ela te torna mais resistente, o ruim é que você passa a não saber mais o que é resistência e o que é bloqueio.
Capítulo 18
Você é louco como eu?
Esteve sofrendo como eu?
Comprou uma garrafa de champanhe de cem dólares como eu
Só para despejar essa porra pelo ralo como eu?
♪ Gasoline, Halsey.
7 anos antes.
— Vagabunda do caralho. Você achava mesmo que eu não ia saber, hum? — Ouço a pergunta ecoar longe e demoro um pouco para abrir os olhos.
Ao abrir, sinto dor na minha cabeça e não consigo dizer em que momento ela começou. Não lembro em que momento apaguei, só lembro dos policiais chegarem alegando que tinham dado queixa de sumiço, mas eu sabia que isso não era verdade. Todos que me conheciam sabiam que eu tinha meus momentos de ausência e ninguém colocaria a polícia atrás de mim. Abro os olhos devagar, mas desejo não tê-los aberto.
Minha mãe estava debruçada sobre a mesa, o vestido rasgado e a boca ensanguentada demonstravam a sequencia de agressões que tinha sofrido. Tento me levantar e ir até ela, mas não consigo. Só então percebo que estou preso, puxo com força os braços das algemas, mas o metal apenas arde em minha pele. Estava algemado na porra do ferro que o meu padrasto tinha escolhido para a sala e agora sabia o motivo de sua escolha.
Ela fecha os olhos envergonhada, humilhada, numa tentativa de que eu não a visse assim. Encaro Peter com ódio. O maldito policial corrupto que minha mãe tinha se casado há dois anos e era um pesadelo contínuo em nossas vidas. Eu não morava com Dionisio, não era aceito pela sua esposa e mesmo que fosse, não conseguiria deixar minha mãe sozinha. Não quando sabia o que acontecia com ela quando eu não estava.
— Olhe, querida... Olhe para o seu garotinho. — A voz dele era perturbadora e novamente tento escapar. Encaro a minha mãe quando não consigo, queria fechar os olhos, queria não ver ela repleta de hematomas como estava. Queria tirá-la dali, mas sequer conseguia me mover. — Se divertia enquanto me colocava chifres com a merda do pai desse bastardo do caralho? Enquanto cobrava como uma puta?
As frases não fazem sentido e sinto uma pressão fora do comum na parte de frente da minha cabeça quando tento entender. Ele puxa os cabelos dela com força, a fazendo gemer e travo o maxilar, sentindo ódio pelo meu corpo.
— Você pode não ser meu filho, e graças a Deus não é. Eu já teria corrigido você a muito tempo, moleque. — Engulo a vontade de vomitar apenas com aquela menção. Dionisio era uma porcaria de homem, mas Peter era desprezível. — Mas vou te ensinar uma coisa importante. — Suas mãos terminam de rasgar a roupa da minha mãe, a figura pálida chora silenciosamente e ele a vira para frente, apertando-a sobre as cordas que ele tinha usado para amarrá-la. — Homens fazem o que é preciso, quando é necessário. Não importa se tem dezessete anos agora, porque um dia vai ter idade suficiente para entender que só é possível conquistar respeito causando dor. E quando esse dia chegar, quero que se lembre, ... — Minha respiração escapa e seguro a vontade de vomitar quando ele se enfia dentro dela, esganando-a com as mãos. Ele urra de prazer enquanto ela chora, e apesar das amarras, ela se debate embaixo dele. Tento me soltar desesperadamente, mas não consigo. Sou fraco demais para isto, sou fraco demais para tudo isso. — Sempre que você mostrar pra alguém onde mais te dói, é ali que vão atacar.
Ele não para.
Ele não para nem mesmo quando ela para de respirar, ele não para nem mesmo após o sangue que se acumula entre suas pernas. Ele continua.
Ele a mata e me mata também.
— Sabe como descobri as traições dela? — Pergunta, arrumando suas calças. Eu choro, sem parar, ainda engolindo a ânsia de vomito e o ódio crescente. Ele enfia a mão no bolso, tirando um isqueiro dourado e começa a queimar a pele dela, se divertindo com o cheiro de queimado. Ele não a incendeia, ele apenas a queima. Foco os olhos no fogo, porque não aguentava vê-la naquele estado nem mesmo depois de morta. — E quem me disse onde você estava? — Continua, deixando o objeto ao lado do corpo já sem vida. — .
Nego com a cabeça quando as lágrimas ficam mais grossas. Travo o corpo, fecho com mais força a mandíbula. Ele era doente, ele estava mentindo.
Ela não faria isso comigo.
O homem se aproxima de mim, abrindo as algemas do meu pulso e me tirando da grade que eu estava preso. Quero bater nele até que ele sofra muito mais do que minha mãe sofreu, mas não consigo. Estou paralisado. Meu peito dói como se algo muito pesado estivesse em cima dele.
— Eu vou matar você. — Peter sorri. — Eu juro que vou.
— Eu sei, mas até lá... ela teve o que mereceu. E você também, pelo sangue que carrega.
Não consigo impedi-lo de sair. Meu estomago se revira e não consigo mais controlar. Jogo tudo pra fora, em seguida caminho até a minha mãe e fecho seus olhos. Vejo as manchas no corpo, as queimaduras causadas por alguém que um dia ela amou tanto.
Pego o isqueiro dele, acendendo-o e sentindo o ódio que tinha crescido em mim tomar conta de tudo. Tudo.
Sempre falaram que eu era frio demais, mas agora...
Tudo.
Era.
Fogo.
— O que porra você fez? — O olhar do meu pai era acusatório, dou de ombros. Tinha enterrado a minha mãe há uma semana e ele também tinha culpa nisso. Não tinha visto a maldita desde então. — Merda, ! Se alguém descobrir o que você fez...
— Agradeça que não toquei fogo nela. — O olhar aflito dele não muda. Ele estava nervoso, não com raiva. — Foi só um carro.
A justificativa, no entanto, não parece acalmar Dionisio.
Na noite anterior havia feito sete meses da morte de minha mãe, não consegui controlar a raiva. Por conta de , eu a perdi. Relembro as palavras de Peter e com dor entendo que ele tem razão. Eu mostrei a ela onde doía e foi ali que ela me atingiu.
Então eu devolvi.
Ela me transformou em fogo e eu queimei as únicas coisas que ela tinha dos pais. O carro e parte da casa, que foi aos ares com a explosão. Ela ainda tinha o dinheiro, os negócios e as memórias, assim como eu, mas ela aprenderia que não dá pra viver com isso.
— Você precisa ir embora.
Meu pai fala isso com convicção, como se aquilo fosse me afastas do problema que eu tinha me tornado, mas não ia. Eu sabia disso.
Eu nunca mais voltaria a ser quem era.
E como punição, ela também não.
Capítulo 19
Eu não sou uma bebê chorona
Mas você me faz chorar, amor
Como alguém tão lindo
Pode ser tão feio?
♪ Cry baby, Demi Lovato.
O remédio não me faz mal como pensei que faria, ao invés disso apenas fico gélida. Consigo sentir os cacos balançando dentro de mim assim que me movo na cama. Eu sentia raiva por quem era e pelo que tinha feito, eu sentia raiva de mim mesma porque eu também o tinha causado o sentimento que agora eu sentia.
Eu o julgava por ser um monstro, mas tinha sido eu mesma que o entreguei a quem o transformou em um.
A escuridão da noite se estendia além das janelas do meu quarto, refletindo perfeitamente o turbilhão emocional que me consumia. Eu estava encolhida na cama, as cobertas formando um casulo protetor ao meu redor, mas não havia proteção para as emoções que ameaçavam me engolir.
A verdade sobre tinha sido revelada, uma verdade devastadora que agora me envolvia como uma névoa densa. Ele tinha sido o responsável pela morte do meu irmão, aquele que eu amava mais do que qualquer coisa. Minhas mãos tremiam, e eu sentia o gosto salgado das lágrimas em meus lábios.
O medo e ódio que eu havia sentido anteriormente era uma emoção fácil de entender, uma resposta direta ao sofrimento que ele havia causado. Mas agora, a confusão se infiltrava em cada fibra do meu ser. O ódio ainda estava lá, ardendo em meu peito, mas também havia algo mais. Meus pensamentos estavam em desordem, as lembranças de momentos compartilhados com giravam como um caleidoscópio em minha mente. As risadas que tínhamos compartilhado, os olhares intensos que trocávamos, a química palpável entre nós - tudo isso se misturava com a realidade brutal de suas ações.
Minhas mãos cerraram os lençóis com minha angústia se manifestando em um aperto quase doloroso. Eu queria odiá-lo, queria rejeitá-lo completamente, mas havia uma parte de mim que relutava em fazer isso. Uma parte de mim que estava ligada a ele de maneira inexplicável. As lágrimas fluíam livremente agora, uma mistura complexa de emoções escorrendo por meu rosto. O amor e o ódio, a raiva e a tristeza, tudo se entrelaçava em um emaranhado de sentimentos indomáveis. Eu me sentia perdida em uma tempestade emocional, incapaz de encontrar um porto seguro.
Ouço batidas na porta e me esforço para abri-la. Ele estava ali, com o jeito sério e indiferente que sempre tinha. Engulo o choro, aumentando o nó em minha garganta. Eu me sentia péssima.
— Veio ver se me quebrou o suficiente? — A pergunta ecoa de minha garganta, cheia de raiva. Ele passa por mim entrando e o vejo engolir a seco, travando o maxilar. Ele olha para as marcas em meu corpo, se perdendo no pensamento. Cubro meus braços com o suéter que eu vestia. — Como você pôde? — desviou o olhar, suas mãos apertadas em punhos. Minhas mãos tremiam enquanto eu lutava para controlar minha raiva. — Você destruiu vidas, rasgou famílias ao meio. Eu não posso acreditar que fui tão estúpida. — Continuei, minha voz trêmula. — Eu deixei você entrar na minha vida, na minha mente, sem saber a verdade. Eu... eu confiei em você. Confiei há anos atrás e voltei a confiar agora, porque, mesmo tudo em mim me alertando que não podia chegar perto de você, eu quis acreditar que você não era tão mau.
se aproximou de mim, carregando em sua expressão um reflexo de sua própria agonia.
— Eu sei que não posso apagar o que fiz.
Uma risada amarga escapou de mim, uma risada cheia de sarcasmo e dor.
A ira fervia dentro de mim, uma força poderosa que eu não conseguia mais conter. Eu queria que ele sentisse a magnitude da minha dor, queria que ele entendesse a extensão do estrago que havia causado. — Você não tem ideia do que é perder alguém que ama. — Eu praticamente gritei, minhas palavras ecoando no quarto. Ela fecha os olhos, se contendo. — Você não sabe como é olhar para trás e ver uma vida destroçada por causa das suas ações egoístas. — Minhas pernas estavam trêmulas, mas eu me recusei a recuar. Eu precisava dizer tudo o que estava entalado dentro de mim, precisava liberar a avalanche de emoções que me consumia. — Você é um monstro. — Eu disse, minha voz reduzida a um sussurro, mas as palavras carregadas com um peso imenso. Não percebo em que momento perco o controle, apenas vou para cima dele, esmurrando o seu peito. Ele não devolve ou se protege.
A sala estava envolta em silêncio tenso, as palavras que eu havia dito pairando no ar como uma tempestade iminente. O olhar de encontrou o meu, e eu vi a dor profunda em seus olhos, uma dor que refletia a minha própria.
— Eu entendo que você me odeia. — Ele finalmente disse, com a maldita voz rouca que me causava arrepios. Suas mãos param sobre a minha cintura e ele me segura quando minhas forças vão embora.
Minha raiva ainda estava fervendo, mas o toque de estava começando a penetrar na minha couraça de emoções. Minhas lágrimas começaram a fluir novamente, mas agora eram lágrimas de esgotamento, de uma dor profunda que eu não conseguia mais conter.
— Por que? — Eu sussurrei, minha voz trêmula e carregada de confusão. — Por que você fez isso? Por que você destruiu tudo? — Os braços dele me seguraram com mais força, como se ele estivesse tentando me proteger do mundo inteiro.
— Eu estava lidando com meus próprios demônios, anjo.
Minha respiração estava irregular, e eu me permiti afundar ainda mais em seu abraço reconfortante. Era um lugar estranho para estar - nos braços daquele que eu culpava por tanto sofrimento - mas também era o lugar onde eu precisava estar naquele momento.
— Eu odeio o que você fez. — Admiti, minha voz um sussurro frágil. — Eu odeio o que você tirou de mim. — Ele acariciou meus cabelos suavemente, segurando sua mão quente contra minha pele.
— Eu sei, . — Minha raiva estava cedendo, dando lugar a uma tristeza profunda. Era difícil odiar alguém quando você podia ver a dor nos olhos deles, quando podia sentir a angústia em sua voz.
— está certo, nós somos doentes. — Eu murmurei sentindo minha voz cheia de tristeza resignada. — Ambos estamos quebrados. Somos destrutivos.
Ele assentiu, pressionando sua testa à minha. Minha raiva estava diminuindo, substituída por uma sensação estranha de aceitação. Eu não estava pronta para perdoá-lo, não ainda, mas me permiti afundar ainda mais nos braços de , me permitindo ser confortada por aquele que tinha causado tanta dor.
Zeus! Que Dylan me perdoasse porque as mesmas mãos que tinham tirado sua vida, eram as mãos que me confortavam.
limpa as minhas lágrimas com cuidado, deixando um beijo rápido pelas minhas bochechas e sinto uma dor estranha nos envolver. Eu precisava dele, como um vício que me destruía aos poucos, mas eu ainda assim não conseguia largar.
Capítulo 20
Ninguém disse que seria fácil
É uma pena nos separarmos
Ninguém disse que seria fácil
Mas também ninguém nunca disse que seria tão difícil
Oh, me leve de volta ao começo
♪ Fix you, Coldplay.
Me afasto quando ela tenta me beijar e percebo a frustração em seu rosto.
— Você não quer fazer isso. — Tento fazê-la entender, ela estava magoada, estava sentindo dor e apenas buscava uma maneira de alívio rápido. Eu entendia isso, mas não podia concordar. Não quando sabia que ela estava assim pelas consequências de ações minha. Não importava que eu não sabia, ou que eu não queria. Eu tinha feito.
Agora eu tinha a minha própria culpa e apesar de ainda sentir mágoa pelo que ela fez, conseguia deixar meus sentimentos de lado para focar nos dela.
— Eu quero. Eu preciso. — Ela sussurra, com a voz ainda alargada. Sua boca busca a minha mais uma vez e permito que ela se aproxime porque não consigo afastá-la a tempo. — Você tem o fogo, . Por favor... me deixe ter você.
Não concordo o que ela pede, mas entendo completamente. Porra, como entendo.
Volto a limpar algumas lágrimas teimosas de seu rosto e encaro a feição delicada, repleta de tristeza e dores que eu reconhecia com uma facilidade avassaladora.
era linda, todos os seus traços eram belos. Ela era como um anjo e eu não podia corrompê-la, como suspeitava já ter feito. Cada entranha do meu corpo carregava uma escuridão assustadora, até mesmo para mim. Eu a rasgaria de dentro para fora se tivesse a chance e me divertiria com isso.
Eu não salvei Celine.
Eu não podia salvar .
Eu suportei perder Celine.
Eu não suportaria perder .
Engulo as minhas próprias lágrimas, evitando-as de sair. Aperto mais os dedos contra sua pele, agarrando sua cintura para mim com necessidade, com desejo. Com dor. Peter não tinha apenas me ensinado a guardar as minhas fraquezas, ele tinha me ensinado a não tê-las mais.
Caminho, virando-a para o lado até que ela pare ao se deparar com a cama, a empurro com delicadeza deixando o meu corpo cair por cima do dela. Uso os braços para me apoiar no colchão e ela abre mais as pernas para que eu me posicione ali. Trilho um caminho de beijos pelo seu rosto, sentindo o gosto salgado de suas lágrimas. Ela geme baixo com a fricção de nossos quadris.
— Anjo... — Eu sussurro o apelido em um tom baixo e ela envolve as mãos em minha nuca, arranhando, demorando de forma demasiada o olhar sobre mim. Eu não sabia dizer quem ela enxergava agora: o assassino de seu irmão ou alguém que a amou no passado.
— Não fala nada. — Ela pediu, me silenciando com um beijo e eu correspondi. Eu não tinha pressa, ela também não. A ajudo a se livrar do suéter e em seguida de sua blusa, começo a beijar cada espaço da pele branca, por cima do sutiã branco.
Envolvo minhas mãos até o short que ela vestia e o puxo para baixo, despindo-a com calma. Com a calma que não tive dois dias atrás. Eu queria ser o herói que ela precisava, mas também sabia que, de muitas maneiras, eu era o vilão da história. Tinha causado danos irreparáveis, desencadeado uma série de eventos dolorosos que haviam afetado profundamente sua vida. E agora, enquanto a via lutando para encontrar algum tipo de alívio, sentia uma mistura avassaladora de culpa e compaixão.
Ela se aproximou de mim, determinada e vulnerável ao mesmo tempo. Enquanto ela tira a minha camisa, eu queria detê-la, protegê-la dos erros que eu próprio havia cometido, mas ao mesmo tempo, eu entendia sua necessidade de fugir.
— Eu não estou fazendo isso por você, . Eu estou fazendo por mim. — Ela sussurra contra minha boca, fazendo sentir sua respiração tão próxima que chegava a ser quase cortante.
Havia uma resolução em seus olhos, uma determinação que eu admirava e temia ao mesmo tempo. Ela estava lutando com seus próprios demônios, procurando uma fuga momentânea da escuridão que a rodeava. Eu queria ser capaz de lhe oferecer esse alívio, mas a consciência do passado me puxava para trás.
Ela se aproximou ainda mais após se livrar de minha roupa, seus lábios encontram os meus em um beijo suave e carregado de emoção. O desejo e a dor se entrelaçaram, uma dança complicada de sentimentos que pareciam nos puxar um para o outro. Eu a segurei com ternura, querendo aliviar sua dor, querendo ser o refúgio que ela buscava.
Os beijos que antes estavam em seus seios, descem pela sua barriga e os paro por cima do tecido fino de sua calcinha, puxo para baixo com delicadeza e ela ergue o quadril para me ajudar a livrar-me da peça, sem tirar os olhos atentos de mim. Afundo minha boca em sua boceta - precisava sentir o seu gosto porque seria a última vez que eu faria isso. Eu amava , e nada era mais doloroso que isso.
Deixo minha língua a invadir, fazendo-a gemer. Sua mão agarra meus cabelos e ela rebola contra meu rosto, me permitindo me lambuzar do seu sabor. Meus dedos passeiam pelos seus seios, apertando-os. Ela joga o corpo mais para trás e respiro fundo, deixando minha língua de forma frenética, mas suave contra sua boceta. Ela estava úmida e, de longe, tê-la em minha boca era a melhor sensação que já senti.
Paro quando a vejo ouço gritar, se contorcendo com o orgasmo e a observo com devoção. Eu era obcecado por aquela mulher e tinha ficado ainda mais quando a vi gozar pela primeira vez.
Tiro minhas últimas peças de roupa e me posiciono em cima dela, deixando meu pau duro roçar pelas suas coxas. Eu estava duro como pedra, porque era assim que ela me deixava. Ela me endurecia e me fazia queimar. O fogo podia me acalmar, mas me colocava em estado de paz.
Levo a mão direita até a base do meu pau e pincelo sua boceta com suavidade, lambuzando-me com o mel dela. Encaixo com certa dificuldade pela sua entrada e me enfio lentamente, permitindo dessa vez que ela se acostumasse com o meu tamanho e com as sensações.
Ela geme, me encarando e me puxa para que eu a beije.
Eu faço isso.
— Você é minha. — Eu murmuro contra sua boca, estremecendo com a possibilidade de ela querer voltar para meu irmão assim que eu saísse do quarto. A raiva me faz aumentar a velocidade das estocadas, ela se agarra com mais força em mim, demonstrando todo o prazer que sentia.
— Eu sou... — Ela responde ainda ofegante, gemendo abafado contra meus lábios. Buscando com urgência mais do meu corpo. Ela beija meu ombro e se esforça para alcançar minha boca em meio aos movimentos. A penetro com força, mas em um movimento lento. — Eu sou fodidamente sua, . Eu sempre fui.
É no meio da voz dela cansada, exausta e minha que me permito gozar, a ajudo no segundo orgasmo e a puxo para meu colo em um abraço dolorosamente reconfortante.
E quando finalmente nos deitamos, exaustos e entrelaçados, eu sabia que tinha que partir. Queria ficar, queria ser tudo o que ela precisava, mas também sabia que minha presença só traria mais dor. Enquanto nossos corpos se entrelaçavam, enquanto nossos corações batiam em ritmo conjunto, uma voz dentro de mim sussurrava que isso não era suficiente. Não podia apagar o passado, não podia mudar o que tinha sido feito. Eu podia ser um momento de alívio para ela, mas sabia que não poderia ser a cura que ela realmente precisava. Enquanto a noite se transformava em madrugada, enquanto nossos corpos se encontravam e nossas almas se tocavam, eu sentia o peso do passado pairando sobre nós. Sabia que precisava ir embora antes que a manhã trouxesse arrependimentos ainda maiores.
Eu a observava por um momento, sentindo a mistura de emoções dentro de mim. Queria que as coisas fossem diferentes, queria poder oferecer a ela a cura que buscava. Mas também sabia que a única maneira de protegê-la era me afastar.
Com um último olhar, um último vislumbre da mulher que havia me tocado tão profundamente, eu saí do quarto. O silêncio da noite envolveu-me enquanto eu me afastava, cada passo afastando-me da única pessoa que havia me feito questionar quem eu era.
E, mesmo enquanto eu seguia em frente, sabia que a marca que deixei em sua vida nunca desapareceria.
Capítulo 21
Parece que há oceanos
Entre você e eu mais uma vez
Nós escondemos nossas emoções
Sob a superfície e tentamos fingir
♪ Oceans, Seafret.
Eu já estava vestida quando a manhã se infiltrou suavemente pelas frestas das cortinas, pintando o quarto com tons suaves de luz dourada. O despertar foi gradual, como se meu corpo estivesse lutando para emergir das profundezas do sono. No entanto, à medida que meus sentidos começaram a despertar, a realidade retornou com uma intensidade avassaladora.
Abri os olhos e me deparei com o espaço vazio ao meu redor. A cama, que antes tinha sido um santuário temporário, estava agora desolada, uma lembrança silenciosa daquilo que havia acontecido na noite anterior. Minha respiração ficou presa em minha garganta quando percebi que estava sozinha.
tinha partido.
O nó de emoções que estava adormecido dentro de mim despertou com força total. Uma sensação de vazio tomou conta do meu peito, como se uma parte de mim tivesse sido arrancada. Eu sabia que não deveria me surpreender, que sua partida era quase inevitável, mas isso não tornava a realidade menos dolorosa.
Sentei-me na cama, abraçando meus joelhos contra o peito. Meus olhos percorreram o quarto, buscando algum vestígio dele, alguma evidência de que ele tinha estado lá. Mas tudo o que restava eram as memórias da noite anterior, dos momentos compartilhados que agora pareciam distantes e efêmeros.
Uma onda de emoções me atingiu. Raiva, tristeza, confusão - todas elas lutavam por minha atenção. Eu tinha me permitido ser vulnerável, tinha buscado conforto em seus braços, e agora ele tinha partido, deixando-me mais uma vez com a maldita sensação de abandono.
Lágrimas se acumularam nos cantos dos meus olhos, mas eu me recusei a derramá-las. Eu não queria chorar por ele, não queria mostrar quão profundamente sua partida tinha me afetado. No entanto, a dor era inegável, uma ferida que se recusava a ser ignorada.
Levantei-me da cama, sentindo o chão frio sob meus pés descalços. Caminhei até a janela, olhando para fora, perdida em meus pensamentos. Ele tinha ido embora sem se despedir, sem deixar uma palavra de explicação. A ausência dele era como um eco silencioso, uma lembrança constante de tudo o que estava errado entre nós.
Eu me senti traída, não apenas por ele, mas também por mim mesma. Como eu pude permitir que isso acontecesse? Como eu pude me deixar ser envolvida por alguém que tinha causado tanta dor? A raiva queimava dentro de mim, misturando-se com a tristeza em uma mistura confusa de emoções.
Eu sabia que tinha que seguir em frente, que a presença de em minha vida só traria mais caos e confusão. Mas, mesmo assim, uma parte de mim desejava que ele ainda estivesse ali, desejava que as coisas fossem diferentes, que as circunstâncias fossem mais simples.
As lágrimas finalmente caíram, rolando silenciosamente pelo meu rosto. Eu me permiti sentir a dor, permiti-me lamentar a perda daquilo que poderia ter sido. A cama vazia era uma metáfora dolorosa de todas as minhas esperanças quebradas, de todos os sonhos que tinham sido esmagados sob o peso da realidade.
Enrolei-me em um cobertor, abraçando-me como se pudesse me proteger do mundo exterior. A ausência de era como um buraco negro, sugando todas as minhas emoções para dentro de si. Mas, mesmo na escuridão, uma pequena faísca de determinação começou a surgir.
Enquanto as lágrimas continuavam a cair, eu me permiti sentir a tristeza, a raiva e a confusão. Mas também prometi a mim mesma que essas emoções não me definiriam. Eu era mais do que minhas mágoas, mais do que as cicatrizes que ele deixou para trás.
A mágoa por fala mais alto e de uma forma impulsiva pego o meu celular ao lado da cama, desbloqueio e digito alguns números enquanto consigo sentir meu coração pular, quase saindo de minha boca. Do outro lado ouço uma respiração controlada.
— Por favor, me deixe falar. — Peço, o silêncio do outro lado indicando que eu podia prosseguir. — Eu sei que fui uma filha da puta, mas você também foi e isso não é uma desculpa, eu só... Eu estou disposta a deixar tudo de lado, a perdoar e superar as mágoas que causamos um ao outro. Apenas... Eu não sei. Se você ainda... Se você ainda estiver disposto, eu continuo querendo me casar com você, . Case-se comigo. — As palavras saem atropeladas, me fazendo gaguejar. Já não me importava mais com a pouca idade ou com as incertezas que eu tinha. tinha ido embora mais uma vez e eu não demoraria outros dois anos para me dar a chance que ele fazia questão de negar todas às vezes.
— Eu sabia que você iria cair na real uma hora ou outra, linda.
Fecho os olhos engolindo a dor do apelido chamado por e não do costumeiro “anjo” que tinha. Respiro fundo pensando se eu tinha tomado a decisão certa, mas não havia o que fazer.
Talvez com eu pudesse encontrar uma cura para os machucados que seu irmão me causara.
Era a única esperança que eu tinha.
Capítulo 22
Eu tenho ciúmes da chuva
Que cai sobre sua pele
Está mais perto do que minhas mãos já estiveram
Eu tenho ciúmes do vento
Que entra através das suas roupas
♪ Jealous, Labirinth.
— Você vai mesmo casar com ele? — O meu tom de voz rouco a assusta, fazendo-a virar com pressa em minha direção. Estávamos na sala de aula que agora não tinha ninguém além de nós dois.
Havia se passado um mês da minha ausência e por mais que eu quisesse, ainda não conseguia expor e explicar para ela a forma que eu me sentia. Era mais do que tínhamos causado um ao outro, eu tinha vindo com alguns objetivos e precisava cumpri-los, para o bem dela própria. Ela não entenderia isso.
— Eu não te devo explicações da minha vida. — A voz dela se arrasta, demonstrando que ela ainda não tinha se recuperado totalmente do susto.
— Você deve estar louca se acha que vou permitir que vocês se casem. — Ela revira os olhos, me olhando de forma divertida.
— O que você vai fazer, ? Hum? — Ela me desafia, fazendo-me sorrir. — O que você pode fazer além de ir embora de novo, no meio da noite, como o covarde que é?
O sorriso dá margem para que uma quantidade de raiva surja em meu corpo e me aproximo dela, retirando os fios do cabelo ruivo de seu rosto.
— Eu não gosto quando me chamam assim. — murmuro, pegando-a pela mão. Ela não se solta, ao invés disso apenas parece me olhar interessada, esperando o meu próximo passo. — Eu quero que você venha comigo.
Ela se encolhe, talvez lembrando-se das chamas que envolveram a vida de Peter.
— Eu não vou a lugar nenhum com você, nunca mais. — Sua voz era estranhamente decidida e isso desperta algo particularmente quente dentro de mim.
— Você não pode me dizer não. É minha, esqueceu? Posso fazer o que eu bem quiser com você. — Seu corpo estremece quando todo o seu quadril e ela se afasta com rapidez.
— Eu não vou cometer os mesmos erros de um mês atrás, . — Sarcasmo passa a percorrer minhas veias, porque sei que ela não considera tudo um erro. — é bom para mim e em uma semana eu serei a sua esposa. Se conforme com isso. Você não tem mais poder para me destruir.
Imaginá-la como esposa dele, pensar que ele teve um mês para tocá-la enquanto estive fora me enche com um ódio absurdo e me controlo, apertando as mãos em punho.
— Se eu fosse você, não perderia a noite de hoje, anjo. — Consigo ver quando ela estremece com o apelido e seguro a risada. Era inútil ela tentar negar, ela era tão fascinada por mim quanto eu era por ela. — Seu futuro maridinho estará lá.
Ela para, me encarando pensativa.
— Você está blefando. — Acusa, me fazendo dar de ombros.
— E não estará sozinho. — Devolvo no mesmo tom, ela me olha ainda apreensiva, pensando se iria ou não se meter na toca do lobo.
— Eu não vou cair nos seus jogos. — Sua voz é decidida, mas apenas sorrio porque consigo ver a faísca da dúvida em seus olhos. não confiava em , isso era perceptível.
Me aproximo dela mais uma vez, sabendo que embora ela quisesse distância de mim, o seu corpo inteiro pedia outra coisa. Enquanto caminho, ela se afasta. A cada passo meu para frente, um dela era dado para trás e ela só parou quando encostou na parede. Me aproximo, prensando-a contra a parede e coloco uma das mãos ao lado de seu quadril e a outra ao lado de sua cabeça. Ela me olha, um olhar carregado de raiva e desejo. Deixo que nossos rostos se aproximem o suficiente para que nossas respirações se misturem e me controlo muito para não ceder a porra do cheiro que só ela tinha. Assim que a proximidade aumenta, sua respiração fica falha e a certeza que ela tinha sobre me manter longe, se dissipa.
— Eu não estou jogando com você, . — Meu nariz roça pelo seu e não preciso ver para saber que ela arrepia com isso. — Se eu quisesse jogar com você, eu derrubaria todos aqueles livros no chão e te jogaria de bruços naquela mesa. — Aponto com o olhar, ela me segue. Minhas mãos roçam pela sua cintura apenas o suficiente para que eu perceba que, dessa vez, ela não se afasta. Pressiono mais o meu corpo contra ela, evitando o sorriso quando um gemido baixo escapa de sua boca. — Depois iria subir essa sua saia até a sua cintura, apenas o suficiente pra eu empurrar a sua calcinha do lado e ter a visão dos céus da sua boceta.
Em um impulso, puxo seu corpo. Meus lábios roçam nos dela à medida que nos aproximamos, mas nenhum dos dois toma a iniciativa.
— Você não vai tocar em mim.
— Você quer dizer mais do que já te estou tocando? — Ela não me responde, ao invés disso fecha os olhos incapaz de me encarar. Sorrio largo com a forma que ela tentava se negar a mim. — Me diz uma coisa... seu futuro marido já te fodeu depois que eu te toquei? — Como se a lembrança de ter um noivo voltasse, ela me afasta em um empurrão, arrancando um riso largo de mim. Permito que ela saia, mas não sem antes provocar um pouco mais de sua ira. — Te espero às nove, no nosso lugar.
Assim que a vejo sair, fingindo que não me ouviu, sinto minha respiração sair sem ao menos perceber que eu tinha a prendido. Precisava despertar algo em , eu necessitava disso porque de alguma forma fodida pra cacete, meu corpo sentia necessidade em ter a atenção dela voltada a mim. Eu podia ser obcecado por fogo, mas era ela a porra do meu vício.
Parte da escola estava reunida numa área fora da cidade, era ali que eu a levava vez ou outra quando estávamos juntos e por isso o apelido de nosso lugar. Hoje teríamos um jogo, mas não era isso que eu esperava que notasse. A atração de verdade ficaria para o fim daquilo.
No meio do salão, observo bem o meu irmão, que lidera contentemente a equipe contrária. Dessa vez ele não apostaria a namorada, mas tinha outra coisa que eu poderia arrancar dele. Embora todos achassem que era a porra de um santo, nós dois tínhamos uma violência nata enraizada, o que nos rendia uma quantidade exagerada de faltas e brigas durante qualquer jogo que fizéssemos. Em meio aos jogos e aos pontos marcados, vez ou outra, a procuro com os olhos. Não tínhamos uma arquibancada, mas eu conhecia a ruiva. Ela se enfiaria na frente de qualquer um para assistir com qualidade o que eu havia prometido que ela veria.
Eu a encontro, mas sinto raiva em mim assim que percebo que ela me ignora. Se existia algo mais perturbador do que sua raiva, era definitivamente a sua indiferença. Seus olhos estão inteiramente focados nas jogadas de , cada uma delas. Minha vontade era de ir até ela e tirá-la dali, mas não podia. Não sem motivos suficientes. Não sem ter certeza que ela não voltaria a nos negar.
Em um deslize, meu irmão consegue arrancar a bola e corre para o outro lado, marcando um ponto, no entanto, é o que ele faz a seguir que o condena. Com uma felicidade idiota e um sorriso escrachado, ele dedica o ponto a ela.
Ela sorri, comemorando e corre até ele, pulando em seu colo.
Todo mundo vê e é exatamente ali que eu fico cego de raiva.
Em um minuto estou observando, no outro retirei o meu capacete e não saberia dizer quantos segundos levei para usar o meu capacete em . Eu poderia sentir minhas veias pulando, saltando, meu coração disparava e sinto tudo dentro de mim ficar vermelho de raiva. De forma desiquilibrada, ele tenta reagir, mas a raiva em mim é tanta que eu mal consigo sentir quando ele devolve os socos. Eu o soco, perdendo as contas das vezes. O bato por hoje, mas o bato principalmente pelo dia em que ele a roubou de mim.
Que ele a colocou contra mim.
Alguém me tira de cima do meu irmão e é nesse momento que busco o olhar dela.
— Me solta, caralho. — Exigi, sentindo mais de duas mãos me segurarem.
Eu só consegui olhar para ela e para a minha total satisfação, ela tinha voltado a olhar para mim.
Seu olhar não tinha medo, mas era coberto de raiva.
Com seus olhos ela dizia que me mataria se tivesse a chance naquele momento.
Sorrio. Ela podia sentir ódio de mim, mas agora sabia que não podia me ignorar.
Capítulo 23
When I heard that sound
When the walls came down
I was thinking about you
About you
♪ Skin, Rag'n'Bone Man.
— Qual é a porra do seu problema? — me aproximo dele, assim que eu o encontro. tinha sido levado à enfermaria e assim que me falaram que eu não podia acompanhá-lo, vim tirar satisfações com o maldito do meu cunhado no vestiário masculino. Todos, sem exceção, me olhavam. Principalmente pela roupa minúscula que eu havia feito questão de usar. — Não ficou satisfeito em ver que você perdeu tudo pro , hein?
Percebo seus olhos ficarem negros com raiva, mas não me incomodo com isso. Não me importo porque ele já tinha mexido demais comigo. Eu o faria entender que não se brincava com quem já não tinha mais nada a perder.
— Mande-os irem embora. — A voz é rápida.
me olha com raiva, pensando no que faria. Ele não se move, então apelo para a única coisa que eu sei que o faria perder os sentidos. Minha mão desce até a borda da minha blusa e a retiro, ficando apenas com o sutiã de renda. Alguns olham para , outros encaram os meus seios e boa parte começa a gritar e a assobiar.
— O que porra você tá fazendo?
Ele se coloca em minha frente, tapando a visão de todos, menos a dele. Sorrio de forma mais larga, descendo agora os shorts que eu vestia e ficando com a calcinha da mesma cor. encara o restante de seu time com raiva, fazendo todos se silenciaram. Encosto minhas mãos pelo seu peitoral, aproveitando o fato que ele estava apenas de toalha e aproximo minha boca do seu ouvido.
— Se você não os mandar embora, eu vou ficar nua. Aqui mesmo. E aí você vai perder a única vantagem que tem sobre mim, sobre o meu corpo. Porque todos os seus amigos vão ter visto o que você viu.
— Você está blefando.
Seu desdém me faz rir, então levo as mãos até o fecho do meu sutiã, com dificuldade e o abro, fazendo menção de retirar. Ele segura meus braços com certa força, percebendo que entre as muitas coisas que eu estava fazendo ali, blefar não era uma delas.
— Saiam daqui. — Ele fala com um tom duro, alguns dos integrantes do time o encaram tentando imaginar se era sério ou não. — AGORA, PORRA. — Vejo um por um pegando suas roupas e saindo, enquanto os olhares frios de caem sobre mim com raiva. A mesma raiva que eu o encarava segundos atrás.
— O que você quer, ?
Ouço os cochichos do lado de fora do corredor, o barulho da água pingando, demonstrando que alguém saiu rápido demais a ponto de não fechar o chuveiro direito, mas é só isso, já que não digo uma palavra. Ouço outro som: o coração de bater, pulsando loucamente. Não preciso olhar em seus olhos para saber que o motivo era eu.
— Eu só vim saber... Te dói saber que é melhor que você? Que ele conseguiu o afeto do seu pai e o amor da sua ex? Te incomoda saber que nem mesmo na porra de um jogo você é melhor que ele? Você tentou me colocar contra ele e não conseguiu, porque assim que sair daquela sala, vou aceitar o convite dele e ir vê-lo jogar. E quer saber? Você não sabe o quão prazeroso é saber que eu escolhi, sim, o Lykaios certo.
Por alguns segundos ele não responde, apenas solta a minha mão, deixando que o sutiã saísse do lugar. Eu não faço menção alguma de devolver a peça ao lugar, porque sei que aquilo era o suficiente para desestruturar . Ele podia resistir a muita coisa, mas seu impulso dizia que ele não resistia a mim.
Sua raiva o faz gargalhar, mas ainda consigo ver a mágoa esfumaçante em seus olhos. Ele se aproxima de mim, me fazendo dar passos para trás até que minhas costas encontrem um dos armários de metal. Seu corpo cola o meu e me arrepio por completo quando sinto nossos corpos colarem.
— Se escolheu o Lyakaios certo, então por que você tá aqui tirando a roupa para mim e não para ele, ? — O seu tom de voz debochado e confiante como o diabo me fez estremecer. Odiei a forma que minha voz sumiu em minha garganta. — Se é tão melhor, então me explica por que é com o meu toque que sua pele se arrepia. — Como se quisesse comprovar a teoria, suas mãos rapidamente deslizam pelo meu braço, me arrancando o mais intenso dos arrepios.
— Eu não sei do que você está falando. — Minha voz sai falha, como se todo o meu corpo soubesse o tamanho da mentira que eu tinha dito. Por mais que não achasse que era o Lykaios certo para mim, ou para qualquer outra pessoa, meu corpo estava destinado a mostrar o contrário de tudo que eu falasse ou pensasse.
Com o sorriso mais cínico já visto, ele se aproximou de mim, envolvendo uma das mãos em meu quadril. Automaticamente sua mão me puxou para cima, fazendo com que tivesse o corpo inteiro colado ao dele. Meus seios roçaram por seu peitoral e automaticamente senti os meus mamilos enrijecerem. Maldito efeito que ele tinha sobre mim.
— Eu acho que você sabe exatamente do que estou falando, ruivinha. — Ele mordisca o lábio inferior e céus, como eu odiava que esse homem fosse a visão do paraíso. Seus braços são ágeis em minha cintura, me colocando de costas. Sinto o volume de seu pau roçar em minha bunda e controlo o gemido que escapa. Ou tento. Ele caminha, me fazendo ir na direção que me quer e me empurra com certa força sobre um dos armários de ferro do vestiário. Suas mãos apertam com mais força o meu quadril, enquanto ele se pressiona contra mim. — Seu corpo sabe do que estou falando. — Suas mãos sobem pela lateral do meu corpo e ele desliza o polegar pelas minhas costas. — Sua boca sabe do que estou falando. — Ele murmura mais uma vez, seus dedos sobem até meu rosto e o polegar desliza por minha boca. — Até sua boceta sabe do que estou falando. — Repentinamente suas mãos deslizam pela minha calcinha, não consigo conter os gemidos que insistem em sair. Minha respiração fica falha de imediato. — Até seu namorado sabe do que estou falando, . — Não preciso olhar para saber que o sorriso de deboche ocupava todo o seu rosto naquele momento. — E sabe o melhor de tudo? — Ele perguntou, mas não respondi, ao invés disso fechei os olhos, impossibilidade de me mover, de mover meu corpo ou meus desejos para longe dali. Para longe dele. — O melhor é que mesmo sabendo de tudo isso, você ainda vem até o meu vestiário se despir para mim. Você fala que não me quer, mas em cada gesto seu você implora por mim. E eu te dou exatamente o que você pede. — Ele admite em um tom de voz um pouco mais baixo e sinto sua respiração quente roçando em minha pele. Seus lábios deslizam pelos meus ombros e rapidamente jogo a cabeça para trás. Antes mesmo que ele chegue em meu pescoço, finaliza: — Porque eu morreria pelas suas mãos, mas queimaria o mundo inteiro por você.
Sinto algo em mim se desfazer quando o ouço falar. Abro os olhos, tentando o encarar. Observando e aguardando a ironia que viria a seguir, mas nunca o vi sendo tão sincero. Ignoro todas as bandeiras vermelhas que piscam em vermelho neon. Ignoro todos os pensamentos sobre a minha infidelidade. Ignoro todo o sermão que vim dar para ele. Mas nunca, em hipótese alguma, ignoro .
Não consigo.
Não posso.
Não quero.
Capítulo 24
Things that we do with each other don’t ever change
Using our bodies to numb the pain
Fuck on the floor just to feel some way
Say that it’s over then go again
♪ Please, Ex Habit.
Ela não se mexe e pela primeira vez na noite, fica calada. É a primeira vez que quero que ela grite, que quero que ela acabe com esse silêncio dos infernos, porque sempre que ela para de falar, minha mente fica alta demais. Quando não fala, tudo é estridente, ensurdecedor.
— Não faça isso. — Eu peço, eu mando, mas nem sei ao que o isso se refere. Ela, aparentemente, sabe. Quero que ela implore para que eu a toque, quero que ela grite o meu nome porque todos que estavam lá fora sabem que ela entrou nesse vestiário por mim, mas não quero novamente a sensação de que tudo que fazemos é um erro.
— Você fala demais quando não tem que falar. — Finalmente é a voz dela, sua respiração encontra a minha. Fecho os olhos pensando se vale a pena a minha tentativa de autocontrole, mas eu nunca fui bom com isso.
Desço minhas mãos para o seu quadril, apertando-a contra mim, tento fazer com que nossos corpos fiquem próximos o suficiente para ter certeza que ela não fuja. Minhas mãos deslizam pela sua coxa, sinto seus seios roçarem em mim, seus lábios procuram os meus e rapidamente correspondo. Volto a sentir a minha droga favorita. A forma que meu sangue esquenta quando a boca dela me beija, a maneira que minha pele ferve muito mais intensamente do que o fogo, quando ela me toca.
As mãos dela rapidamente encontram o meu rosto e de forma desesperada minha língua busca pela dela. Eu precisava sentir isso, precisava sentir o gosto dela, os lábios dela, a pele dela. era irritantemente e fodidamente irresistível. Deslizo os meus lábios pelo pescoço dela, ela não se incomoda, não reclama ou se afasta. Dou pequenos passos, a afastando da minha frente, colocando-a contra o armário. Percebo sua pele se arrepiar com o ferro frio encostado em suas costas.
— Fale que me quer. — Minha voz sai mais autoritária do eu que pretendia. — Diga que não vai se arrepender, que não está sendo impulsiva e que você, , está ansiando por isso.
hesita, seus olhos buscando os meus, como se estivesse procurando uma saída ou uma confirmação. Seu olhar é intenso, mas percebo o conflito neles, percebo a forma que sua respiração luta para se manter constante. Minhas mãos descem pela bunda dela, fazendo-a subir em um impulso e ela enlaçou as pernas em minha cintura. Desço os lábios pelo seus seios, beijando.
— , eu... — Ela começa, mas sua voz falha, sendo interrompida por um gemido. Deixo que minha língua explore um pouco mais do seu pescoço e desço-a lentamente, mas não cedo ainda. Não até que ela implore por isso.
— Diga, . — Eu suavizo minha voz. — Diga que me quer tanto quanto eu te quero, porque caralho, eu te quero tanto.
Ela respira fundo, sua mão tremeu levemente quando se encaixou em meus cabelos. Seus olhos estão brilhantes, vejo o desejo que tem ali, vejo a segurança que ela nega que a dou e vejo, principalmente, o sentimento dela. Ainda ali, brilhando. Ardendo.
— Eu odeio você. — Finalmente, ela diz, sua voz baixa mas firme. Não consigo controlar o sorriso que sai de minha boca quando ela fala isso, paro os lábios, afastando-os da pele dela e a encaro com certo desdém. — E odeio mais ainda o quanto eu te quero, porque eu quero você. Eu quero você agora e eu sempre vou querer você.
morde o lábio, suavizando seu olhar enquanto me encara. Ela parece estar lutando contra seus próprios demônios internos, mas então, como se uma decisão fosse tomada, ela relaxa um pouco.
— Eu não vou me arrepender. — Diz ela, sua voz ganhando força. — Não é impulso, . É algo que eu venho sentindo há muito tempo. Eu anseio por você. Eu quero você, . — Ela sussurra, sua voz carregada de emoção. — Não importa o que aconteça, eu quero você.
Meu coração dispara com suas palavras, e eu sei que não há volta.
— Isso é tudo que eu precisava ouvir. — Murmuro, voltando a sentir meus lábios roçando os dela.
Eu não havia dado uma boa experiência para ela antes, mas daria isso agora. Não porque eu sentia que devia isso, mas porque eu queria isso.
— Vista sua roupa, vamos sair daqui.
arqueou o corpo contra o meu, e eu senti um arrepio percorrer minha espinha. Seus dedos se enredaram em meu cabelo, puxando suavemente, enquanto sua boca explorava a minha com uma fome insaciável. Eu sabia que estávamos brincando com fogo, sabia do quanto éramos inflamáveis juntos, mas naquele momento, com em meus braços, nada mais importava. Ela era minha redenção e minha perdição, e eu estava disposto a arriscar tudo por ela.
E naquele instante, em meio ao caos de nossas emoções, eu soube que nunca conseguiria deixá-la ir.
Eu não permitiria que ela se casasse com porque eu não suportaria viver com a ideia dela com alguém que não fosse eu. Eu amava , pela primeira vez, tive certeza disso. Eu amava . A ideia de vê-la nos braços de me corroía por dentro. Eu sabia que precisava fazer algo, precisava lutar por ela, porque viver sem não era uma opção.
— Eu não posso deixar você fazer isso.
Ela se vira para mim, surpresa e confusa.
— Do que você está falando, ?
— Eu não posso deixar você se casar com . — Repito. — Não é por capricho, não é por conflito de irmãos e não é porque ele é um babaca. É porque eu te amo, . Em toda a minha existência fodida você é a única pessoa que eu amo e eu não posso deixar você ir, não importa se eu tenha que me declarar pra você ou te foder no meio do vestiário agora, apenas, por favor, não se case com ele.
— E o que você espera que eu faça? — Ela pergunta, quase em um sussurro.
— Quero que você escolha o que realmente quer. — Respondo, a voz firme mas suave. — Não por obrigação, não por medo, mas porque você sente o mesmo. Porque, no fundo, sei que sente. E você também.
Using our bodies to numb the pain
Fuck on the floor just to feel some way
Say that it’s over then go again
♪ Please, Ex Habit.
Ela não se mexe e pela primeira vez na noite, fica calada. É a primeira vez que quero que ela grite, que quero que ela acabe com esse silêncio dos infernos, porque sempre que ela para de falar, minha mente fica alta demais. Quando não fala, tudo é estridente, ensurdecedor.
— Não faça isso. — Eu peço, eu mando, mas nem sei ao que o isso se refere. Ela, aparentemente, sabe. Quero que ela implore para que eu a toque, quero que ela grite o meu nome porque todos que estavam lá fora sabem que ela entrou nesse vestiário por mim, mas não quero novamente a sensação de que tudo que fazemos é um erro.
— Você fala demais quando não tem que falar. — Finalmente é a voz dela, sua respiração encontra a minha. Fecho os olhos pensando se vale a pena a minha tentativa de autocontrole, mas eu nunca fui bom com isso.
Desço minhas mãos para o seu quadril, apertando-a contra mim, tento fazer com que nossos corpos fiquem próximos o suficiente para ter certeza que ela não fuja. Minhas mãos deslizam pela sua coxa, sinto seus seios roçarem em mim, seus lábios procuram os meus e rapidamente correspondo. Volto a sentir a minha droga favorita. A forma que meu sangue esquenta quando a boca dela me beija, a maneira que minha pele ferve muito mais intensamente do que o fogo, quando ela me toca.
As mãos dela rapidamente encontram o meu rosto e de forma desesperada minha língua busca pela dela. Eu precisava sentir isso, precisava sentir o gosto dela, os lábios dela, a pele dela. era irritantemente e fodidamente irresistível. Deslizo os meus lábios pelo pescoço dela, ela não se incomoda, não reclama ou se afasta. Dou pequenos passos, a afastando da minha frente, colocando-a contra o armário. Percebo sua pele se arrepiar com o ferro frio encostado em suas costas.
— Fale que me quer. — Minha voz sai mais autoritária do eu que pretendia. — Diga que não vai se arrepender, que não está sendo impulsiva e que você, , está ansiando por isso.
hesita, seus olhos buscando os meus, como se estivesse procurando uma saída ou uma confirmação. Seu olhar é intenso, mas percebo o conflito neles, percebo a forma que sua respiração luta para se manter constante. Minhas mãos descem pela bunda dela, fazendo-a subir em um impulso e ela enlaçou as pernas em minha cintura. Desço os lábios pelo seus seios, beijando.
— , eu... — Ela começa, mas sua voz falha, sendo interrompida por um gemido. Deixo que minha língua explore um pouco mais do seu pescoço e desço-a lentamente, mas não cedo ainda. Não até que ela implore por isso.
— Diga, . — Eu suavizo minha voz. — Diga que me quer tanto quanto eu te quero, porque caralho, eu te quero tanto.
Ela respira fundo, sua mão tremeu levemente quando se encaixou em meus cabelos. Seus olhos estão brilhantes, vejo o desejo que tem ali, vejo a segurança que ela nega que a dou e vejo, principalmente, o sentimento dela. Ainda ali, brilhando. Ardendo.
— Eu odeio você. — Finalmente, ela diz, sua voz baixa mas firme. Não consigo controlar o sorriso que sai de minha boca quando ela fala isso, paro os lábios, afastando-os da pele dela e a encaro com certo desdém. — E odeio mais ainda o quanto eu te quero, porque eu quero você. Eu quero você agora e eu sempre vou querer você.
morde o lábio, suavizando seu olhar enquanto me encara. Ela parece estar lutando contra seus próprios demônios internos, mas então, como se uma decisão fosse tomada, ela relaxa um pouco.
— Eu não vou me arrepender. — Diz ela, sua voz ganhando força. — Não é impulso, . É algo que eu venho sentindo há muito tempo. Eu anseio por você. Eu quero você, . — Ela sussurra, sua voz carregada de emoção. — Não importa o que aconteça, eu quero você.
Meu coração dispara com suas palavras, e eu sei que não há volta.
— Isso é tudo que eu precisava ouvir. — Murmuro, voltando a sentir meus lábios roçando os dela.
Eu não havia dado uma boa experiência para ela antes, mas daria isso agora. Não porque eu sentia que devia isso, mas porque eu queria isso.
— Vista sua roupa, vamos sair daqui.
arqueou o corpo contra o meu, e eu senti um arrepio percorrer minha espinha. Seus dedos se enredaram em meu cabelo, puxando suavemente, enquanto sua boca explorava a minha com uma fome insaciável. Eu sabia que estávamos brincando com fogo, sabia do quanto éramos inflamáveis juntos, mas naquele momento, com em meus braços, nada mais importava. Ela era minha redenção e minha perdição, e eu estava disposto a arriscar tudo por ela.
E naquele instante, em meio ao caos de nossas emoções, eu soube que nunca conseguiria deixá-la ir.
Eu não permitiria que ela se casasse com porque eu não suportaria viver com a ideia dela com alguém que não fosse eu. Eu amava , pela primeira vez, tive certeza disso. Eu amava . A ideia de vê-la nos braços de me corroía por dentro. Eu sabia que precisava fazer algo, precisava lutar por ela, porque viver sem não era uma opção.
— Eu não posso deixar você fazer isso.
Ela se vira para mim, surpresa e confusa.
— Do que você está falando, ?
— Eu não posso deixar você se casar com . — Repito. — Não é por capricho, não é por conflito de irmãos e não é porque ele é um babaca. É porque eu te amo, . Em toda a minha existência fodida você é a única pessoa que eu amo e eu não posso deixar você ir, não importa se eu tenha que me declarar pra você ou te foder no meio do vestiário agora, apenas, por favor, não se case com ele.
— E o que você espera que eu faça? — Ela pergunta, quase em um sussurro.
— Quero que você escolha o que realmente quer. — Respondo, a voz firme mas suave. — Não por obrigação, não por medo, mas porque você sente o mesmo. Porque, no fundo, sei que sente. E você também.
Continua...
Nota da autora: Sem nota.
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