FFOBS - Segundas Chances, por Vicky Reis


Segundas Chances


contador free
Última atualização:07/09/2024

                                                       

Prólogo

Outubro de 2012, Corvallis, Oregon

P.O.V.


O som suave do alarme ecoou pelo quarto, e eu me virei, sentindo o corpo mais pesado do que o habitual. já estava de pé, como sempre, se espreguiçando ao lado da cama. Ele se virou e sorriu ao me ver abrir os olhos, e eu retribuí o sorriso.
- Bom dia, amor! - Disse, dando um rápido selinho.
- Bom dia! - Choraminguei, me cobrindo mais com o edredom pesado.
O mês estava terminando, e a temperatura fria lá fora só aumentava conforme o inverno se aproximava.
- Não quero ir para a aula hoje - Comentei, ao vê-lo pegando uma camiseta no armário.
- Você tem que ir, amor. É o nosso último ano e falta pouco para o recesso.
- Eu sei, mas ultimamente me sinto tão… cansada - Disse, finalmente me levantando, pois sabia que tinha razão. Não poderia faltar com frequência nesse último ano.
- Faz assim: vamos para a aula e voltamos para casa na hora do almoço, certo? - Ele disse, sentando-se ao meu lado na cama.
- Certo! - Concordei com a cabeça, antes de lhe dar mais um rápido selinho.
- Eu vou tomar banho agora, você pode fazer o nosso café.
- Posso. - Respondi, lançando-lhe um pequeno sorriso.
seguiu para o banheiro e eu fui para a cozinha.
Escutei o registro do chuveiro sendo ligado assim que coloquei a água para ferver.
Em questão de minutos, já estava passando o café, mas o cheiro que antes tanto me agradava agora estava revirando meu estômago. Senti a ânsia subir pela garganta enquanto corria para o banheiro.
Empurrei a porta do banheiro de uma só vez, me ajoelhei de frente ao vaso e coloquei tudo para fora. , que ainda estava distraído no banho, percebeu minha situação e correu até mim, enrolando a toalha em torno de seu quadril.
- Amor, você está bem? - Perguntou, passando a mão em minhas costas e segurando meu cabelo.
Não consegui responder com palavras, só neguei com um aceno de cabeça antes de vomitar novamente.
se ajoelhou ao meu lado e ajudou a me recompor.
- Você comeu algo que não te fez bem? - Ele perguntou, me olhando.
Limpei a boca com a parte de trás da mão enquanto me encostava na parede gelada do banheiro.
- Eu não sei… talvez, mas estou me sentindo estranha há alguns dias.
- Por que não me disse nada? Poderíamos ter ido ao médico.
- Não precisa, é só um mal-estar, já passa.
colocou uma mão em cada lado do meu rosto, fazendo-me olhar para ele.
- Você tem certeza? Podemos ir ao hospital agora.
- Tenho certeza, sim. Vai ficar tudo bem. Eu só preciso descansar.
- Posso ficar aqui com você, caso precise de algo.
- Não, amor, pode ir para a aula. Eu vou ficar bem. - Sorri.
- Certo, mas eu volto o mais rápido possível, tá?!
- Tá bom.
se levantou e estendeu a mão para que eu pudesse fazer o mesmo. Ele seguiu para o quarto enquanto eu escovava os dentes para tirar o amargo do vômito da boca.
Estava deitada no sofá da sala assistindo “Today”, mas sem prestar muita atenção na entrevista.
- Amor, eu já vou indo. Qualquer coisa você me liga, tá?
- Tá bom, amor. Boa aula. - Disse antes que se abaixasse para me beijar.
Ele saiu, me deixando ali sozinha com meus pensamentos… Eu sabia que algo não estava certo, sabia que algo estava errado com meu corpo.

                                                   {…}

O restante da manhã seguiu sem enjoos fortes, mas a sensação de cansaço ainda estava presente; o sono era persistente. Me pegava cochilando várias vezes.
Olhei no relógio e já estava quase na hora de chegar para o almoço. Na situação em que me encontrava, não daria conta de fazer nada para comermos.
Estava prestes a levantar para ir comprar algo, quando meu celular tocou. Olhei no visor e era .

**Ligação**

- Oi, amor. - Disse ao atender.
- Oi, meu amor. Como você está?
- Melhor… só que ainda cansada.
- Hum, entendo. Bom, estou saindo agora e pensei em passar em algum lugar para comprar algo para o almoço. Queria saber o que você quer.
- Amor, você leu meus pensamentos. Eu estava indo atrás de algo agora mesmo. - Sorri. - Eu vou querer só uma salada com frango grelhado e um suquinho de laranja.
- Okay, daqui a pouco chego aí.
- Obrigada. - Agradeci antes de desligar.
Me forcei a levantar para me trocar e dar uma pequena ajeitada na bagunça do apartamento, já que algumas coisas estavam fora do lugar devido ao meu mal-estar de mais cedo.
Comecei ajeitando a bagunça que tinha feito com o café, depois arrumei a cama que estava desfeita, joguei fora alguns lixos e organizei o banheiro, que estava em pura desordem. Depois tomei um banho rápido, que me ajudou a me livrar um pouco da sensação de cansaço.
Estava no quarto penteando o cabelo quando ouvi a porta da sala ser aberta.
- Amor, cheguei.
- Oi. - Disse, indo até ele, que agora estava colocando as sacolas em cima da bancada da cozinha.
- Como você se sente? Tá melhor? - Ele perguntou, fazendo um leve carinho no meu rosto.
- Digamos que sim… Acabei de tomar um banho que parece ter ajudado.
- Que bom, amor. Vamos almoçar? Eu trouxe o que você pediu.
- Vamos!
Ajudei ele a colocar a mesa para almoçarmos, mas algo chamou minha atenção assim que vi o calendário preso na geladeira.
Nele estavam marcadas várias datas importantes, como as provas que teríamos antes do recesso de Ação de Graças, as datas importantes dos nossos estágios e a data prevista para a minha menstruação… Dia 7 de outubro… Hoje é dia 25 de outubro.

Capítulo 1

                              Outubro de 2012, Corvallis, Oregon.

P.O.V. :


A manhã parecia mais clara do que o normal, como se o mundo estivesse se esforçando para parecer mais otimista do que eu me sentia. As folhas amarelas e laranjas espalhadas pela calçada eram o único sinal de que o outono estava em pleno vigor, mas tudo ao meu redor parecia abafado, como se uma tempestade se aproximasse.
Caminhava a passos mais lentos do que o habitual. O sono da noite mal dormida, o enjoo que envolvia meu estômago e a preocupação estavam me tirando do ritmo frenético em que eu sempre vivi.
- Amor, você consegue caminhar só um pouquinho mais rápido? Nós vamos nos atrasar – disse , olhando para mim enquanto segurava minha mão.
- Amor, eu estou me sentindo mal. Pode ir na frente que eu já chego.
- Você ainda não se sente bem, né? – Ele perguntou, com a expressão de preocupação no rosto.
- É… ainda não. Acho que não coloquei para fora tudo o que me fez mal – tentei disfarçar.
Estava tentando disfarçar o mal-estar contínuo desde a hora em que acordei. Não queria preocupar , muito menos deixar transparecer minhas dúvidas.
Tanto quanto eu estávamos atordoados com problemas envolvendo a faculdade e os estágios. Não precisaríamos de mais uma preocupação no momento.
- Eu vou na frente então. Não posso me atrasar para a primeira aula – disse ele antes de me dar um selinho rápido e seguir em passos acelerados.
Fiquei observando se afastar, seus passos rápidos me lembrando da pressa e das responsabilidades que pareciam nos consumir. Suspirei e continuei caminhando, a sensação de cansaço tornando cada passo um pouco mais pesado. Cada vez que tentava ignorar o enjoo, ele parecia intensificar, como se meu corpo estivesse tentando me dizer algo que eu não queria ouvir.
Enquanto caminhava, observava as lojas tão conhecidas por mim, já que fazia aquele caminho todos os dias há quatro anos. Voltei minha atenção para as pessoas que estavam caminhando e, ao não conseguir mais alcançar com os olhos, atravessei a rua entrando na farmácia.
O corredor estava vazio, e o som dos meus próprios passos ecoava no ambiente. Me peguei olhando involuntariamente para a prateleira de testes de gravidez, e o simples ato de observá-los fez meu estômago revirar. Estava com uma garrafa d'água em uma das mãos e a outra suava enquanto eu a enxugava no jeans. Havia vários tipos e marcas, mas eu só precisava de um. O mais simples e direto possível.
Puxei duas caixas do mais barato e coloquei-as na pequena cesta. Senti um nó na garganta ao olhar para o item, um lembrete cruel do que estava prestes a enfrentar. Estava parada na seção de absorventes, a fim de pegar uma caixa deles para tentar disfarçar ao passar no caixa.
- Bom dia, .
Ouvi alguém falando comigo e, ao me virar, pude ver , uma colega de turma de , me olhando curiosa.
- Bom dia, – disse, jogando uma caixa de absorventes qualquer sobre os testes.
- Tudo bem? Ontem, durante a aula, o estava preocupado com você… e hoje eu te encontro aqui.
- Eu estou bem, . Obrigada por perguntar, mas ontem eu só estava meio abatida por conta da cólica – tentei sorrir, disfarçando.
- Ah, sim, entendo como é… – Ela parecia querer continuar a conversa, mas eu só queria sair dali naquele momento.
- , agora eu preciso mesmo ir, já estou atrasada – disse, olhando para o meu relógio de pulso.
- Certo, também preciso correr. Melhoras, tá?
- Obrigada! – Agradeci, me virando e revirando os olhos.
Nunca gostei de , desde quando comecei a namorar com . Ela sempre quis se fazer presente para ele, dava leves investidas até mesmo na minha frente, sem tentar disfarçar, e eu sei que ela também não gosta de mim.
Quando cheguei ao caixa, a caixa de testes estava escondida sob uma pilha de produtos. A caixa era uma mulher com um sorriso amigável, mas eu mal consegui retribuir o gesto.
- Está tudo bem? – Ela perguntou, notando meu comportamento tenso.
- Sim, só… só uma manhã cansativa – menti, tentando parecer o mais normal possível enquanto pagava pelas compras.
Com a sacola nas mãos, saí apressada. Enquanto caminhava, dessa vez mais rápido, joguei a sacola com as compras dentro da bolsa e segui pelo caminho tão conhecido.
Cheguei à faculdade e havia poucas pessoas entrando em suas salas; as aulas provavelmente já tinham começado há uns 10 minutos. Eu me dirigi para o banheiro mais próximo, buscando um pouco de alívio e privacidade. As paredes brancas e o piso cerâmico refletiam a luz fluorescente, intensificando a sensação de frieza e distanciamento. Respirei fundo e me encostei na pia, tentando me acalmar antes de seguir para a aula. Joguei água no rosto e encarei meu reflexo no espelho. Eu havia envelhecido um mês de ontem para hoje.
Sai do banheiro de cabeça baixa e acabei esbarrando em alguém.
- Descul... – Não terminei de dizer, pois a pessoa levantou meu queixo.
- Amor, você só chegou agora? – A pessoa era .
- Só… – Procurei uma desculpa plausível e lembrei que havia me visto comprando absorventes. – Eu precisei passar na farmácia para comprar absorventes. – Forcei um sorriso que não chegava aos olhos.
- Humm… – Ele murmurou, parecia convencido.
- Agora eu vou indo, já perdi uns 15 minutos. – Disse, já saindo, sem dar tempo dele responder qualquer coisa.                                                       

{…}

As aulas passaram em um borrão. Eu lutava para me concentrar, meu estômago revirando e minha mente ocupada com o mesmo pensamento inquietante: algo não estava certo. A ideia de adiar o teste de gravidez para mais tarde parecia impossível de ignorar, e cada minuto que passava só aumentava a ansiedade.
O sinal estridente tocou quando o relógio marcava 11 horas. Dei graças a Deus mentalmente; já não aguentava mais ter que fingir que estava prestando atenção no que o professor explicava.
Ainda com os enjoos e a ansiedade me dominando, me forcei a seguir até o jardim, onde eu normalmente me encontro com alguns amigos e minha irmã durante o intervalo. Encontrei o pequeno grupo de quatro pessoas sentadas em um banco um pouco afastado. Todos estavam felizes, rindo e conversando sobre um assunto que eu não fazia ideia do que era. Todos estavam leves, sem uma preocupação imediata.
- ! – Marcella, minha irmã, veio me abraçar assim que me aproximei o suficiente para que ela me visse.
- Mar. – Retribuí o abraço.
- Como você está? Você não veio ontem… comentou que você não estava se sentindo bem.
- Agora eu estou melhor… Acho que comi algo que não me caiu bem. – Sorri de canto.
- Hum, comeu algo que não te fez bem ou te comeram? – Doug, o namorado de Marcella, disse rindo.
Eu apenas revirei os olhos e mostrei o dedo do meio enquanto sorria em tom de deboche.
- Bom dia pra você também. – Ele se levantou e me beijou no rosto.
- Bom dia, coisa. – Respondi. – Bom dia, gente. – Disse cumprimentando Alissa e Tose, o outro casal que fazia parte do nosso grupo.
- Bom dia, ! – Os dois responderam juntos.
Sentei na grama, na direção oposta aos pequenos raios de sol que estavam no céu, e tentei prestar atenção na conversa que eles retomaram. A conversa estava animada e eu realmente tentava me manter a par dos assuntos, mas com o pensamento a milhão.
De repente, apareceu no jardim, com um sorriso no rosto ao me ver.
- Ah, olha quem chegou – disse Marcella, acenando para ele.
- Oi, amor!
- Oi, amor. Como foi o dia? – ele perguntou, vindo em minha direção e me dando um beijo suave.
- Mais ou menos – respondi, tentando esconder o nervosismo. – Só estou um pouco cansada.
- Só um pouco? – ele perguntou, olhando para mim com uma expressão curiosa. – Parecia estar mais cansada quando a vi pela manhã.
- Foi uma manhã complicada – eu forcei um sorriso. – Mas nada que eu não possa lidar.
se sentou ao meu lado enquanto cumprimentava os outros e logo começou a participar da conversa, que agora eu já nem sabia mais do que se tratava.
- Gente, eu estava pensando… Que tal irmos almoçar naquele restaurante novo? – Doug sugeriu.
- Qual deles? – Tose perguntou, já que tinham sido abertos dois novos restaurantes aqui perto.
- Aquele que fica na esquina do prédio das meninas. – Doug apontou para Alissa e Marcella.
- Aquele restaurante parece ser maravilhoso! – Alissa disse.
- Sim! Todos os dias eu sinto um cheiro maravilhoso quando passo por ele. – Marcella completou.
- Então vamos?! Eu super animo de ir! – Tose parecia entusiasmado.
- O que você não anima, não é, Tose?! – tirou sarro do irmão um ano mais novo.
- Não é bem assim, .
- Aham, tá bom. – Alissa entrou na onda.
- Mas enfim, eu gostei da ideia, mas não vou poder ir com vocês. – disse, se levantando.
- Por quê, amor?
- Hoje eu tenho uma reunião no estágio e tenho que acompanhar aquela audiência importante.
- Ah, sim. Tinha me esquecido dela.
- Pois é… Já estou até atrasado, não vou conseguir assistir às duas últimas aulas. – disse, olhando para o relógio.
- Então vai logo! – Disse, encorajando-o.
- Vou mesmo. Tchau, gente, tchau, amor. – Ele me beijou novamente antes de sair.
- Acho que nós também deveríamos ir, né? O sinal já vai tocar. – Marcella disse.
Nós cinco caminhamos juntos até a entrada do prédio principal, onde cada um seguiu para suas respectivas salas.                                                       

{…}
As duas últimas aulas se passaram arrastadas, como as aulas anteriores. A vontade de ir pra casa já estava estampada em minha cara. O sinal tocou e eu recolhi minhas coisas com pressa para sair da sala.
Caminhei com pressa e acabei esbarrando em Doug no corredor.
- Vai com tanta pressa assim pra onde, ?
- Pra casa, Doug. Preciso descansar antes do estágio.
- E o nosso almoço? Você não vai?
- Não… Avisa pro pessoal que eu realmente precisei ir pra casa, tá?!
- Tá, eu aviso sim.
- Obrigada.
Segui o caminho de casa com passos rápidos e, em questão de 15 minutos, já estava com as chaves em mãos para abrir a porta.
- ? – O chamei ao entrar e não obtive resposta.
Sabia que ele não estava em casa, mas queria ter certeza. Coloquei minha bolsa no cabideiro ao lado da porta, mas antes tirei a sacola da farmácia de dentro dela. Segui para o quarto e guardei os testes dentro de uma gaveta da cômoda, deixando-os enrolados em algumas meias. Fui para o banheiro e guardei os absorventes para disfarçar antes de tentar comer algo.

{…}

Estava sentada no banco da janela, olhando as gotas de chuva que escorriam por ela. O tempo realmente tinha se fechado, conforme eu tinha previsto mais cedo. O relógio da sala fazia um tic-tac incessante, o barulho me lembrava que o tempo estava passando e eu tinha coisas a serem feitas. Não tinha ido para o estágio hoje; liguei avisando que estava me sentindo mal e eles recomendaram que eu ficasse em casa pelos próximos dias, o que acabei aceitando.
Passei boa parte da tarde tentando ocupar a cabeça com outras coisas, outros pensamentos, mas nada conseguia tirar da mente os objetos que estavam guardados. Olhei no relógio; ainda estava cedo, só voltaria à noite, depois das 20h.                                                      

{…}

Havia uns 10 minutos que eu estava ali, encarando aquela bendita gaveta fechada e com medo de abri-la. Mas algo dentro de mim me dizia que eu não podia mais esperar, então suspirei fundo e fui até ela.
- Eu preciso fazer isso. – Murmurei para mim mesma, como se dizendo as palavras em voz alta pudesse me dar a coragem que me faltava. Respirei fundo e, com as mãos trêmulas, finalmente abri a gaveta. O pequeno objeto branco parecia inofensivo, mas pesava toneladas em minhas mãos.
Com o coração pesado, fui até o banheiro, cada passo ecoando como um martelo na minha mente. Fechei a porta e me apoiei na pia por um momento, olhando meu reflexo no espelho. O rosto que me encarava parecia cansado, os olhos mais fundos do que o normal, a pele pálida.
- Será que você está preparada para qualquer que seja o resultado que venha a seguir? – Perguntei ao meu reflexo, na esperança de que ele pudesse me ajudar.
Tirei o teste da embalagem com cuidado, seguindo as instruções sem pensar muito, como se estivesse em piloto automático. Os segundos se arrastaram enquanto esperava, cada tic-tac do relógio me lembrando da gravidade do que estava prestes a descobrir.
Fiz os dois testes de uma só vez; precisava da confirmação dupla.
Três minutos haviam se passado e finalmente o pequeno visor começou a mudar, fazendo meu coração bater mais rápido. Coloquei os testes na pia, fechei os olhos e respirei fundo. Não queria olhar, mas sabia que não podia fugir para sempre.
Abri os olhos lentamente e olhei para o resultado. Duas linhas. Nos dois testes.
Meu corpo congelou. O ar parecia ser sugado do banheiro, e o silêncio era ensurdecedor. 
"Estou grávida."
Era apenas isso que soava dentro da minha cabeça. As palavras ecoaram na minha mente, e antes que eu pudesse processá-las completamente, senti as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Não sabia se eram de medo, alívio, ou simplesmente pelo impacto da notícia que mudaria tudo.
Ainda paralisada, ouvi a porta da frente se abrir e os passos de se aproximando. Ele entrou no apartamento, chamando meu nome.
- ! – A voz dele soou do outro lado da porta do banheiro, carregada de preocupação.
- Amor, estou aqui. Vou entrar no banho agora. – Inventei uma desculpa; não queria que ele me visse assim e nem queria contar isso agora.
- Tudo bem, eu só vim em casa buscar uns documentos e já estou indo para o escritório. – Ele disse do outro lado da porta.
- Tá bom. Bom trabalho.
- Obrigado. Eu compro algo pra gente comer quando estiver voltando.
- Ah sim, obrigada.
- Por nada, tchau.
- Tchau.
Escutei a porta sendo fechada e pude respirar mais aliviada, deixando as lágrimas voltarem a escorrer
Antes de sair do banheiro, juntei as embalagens e os testes, limpei a bagunça e escondi qualquer vestígio. Senti um peso no peito, sabendo que, apesar de precisar contar a verdade para , precisava de tempo para processar toda essa informação e encontrar o momento certo para revelar a notícia.
Com o coração ainda acelerado e a mente turva, saí do banheiro e me sentei no sofá. Olhei para o vazio, tentando organizar meus pensamentos e encontrar uma maneira de lidar com a situação. A noite seria longa, mas estava decidida a enfrentar essa nova fase da minha vida com coragem, mesmo que isso significasse enfrentar desafios inesperados, principalmente, essa gravidez.




Continua...



Nota da autora: nomes estão em uso, como: Marcella (Mar), Douglas (Doug), Tose, Alissa (Aly), Eleanor, Evelyn e John.

Nota da scripter: ANSIOSA PARA PEGAR RANÇO DO REGÉ!!!!!

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.