FFOBS - The Justice And Me, por Joy


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Última atualização: 01/10/2024

Prólogo

Quando um desejo é muito forte e sentido por muitas pessoas, ele pode ser atendido. A humanidade necessitava de justiça, para todos os lados que se olhava, coisas horríveis aconteciam, e por isso, quando desejaram que houvesse justiça, seu pedido foi atendido. Uma divindade criada para os humanos, a partir de seus próprios desejos, para punir os pecadores e defender os fracos. Salazar vive na terra há mais de 1000 anos, deus da justiça, a própria justiça, o significado de justiça, o justiceiro. Enquanto transita pela terra, ele garante que haja justiça para todos, sua existência é a própria garantia disso. Mas a sede de justiça pelas próprias mãos afeta até mesmo os deuses, dizem que Salazar foi corrompido pelo ódio e se esqueceu de ser justo, se tornando apenas um vingador, um punidor. As lendas dizem que ele transita pela terra como um ser humano qualquer, mudando de nome e de cidade com o tempo, para nunca ser descoberto. Seu ódio pelo que a humanidade se tornou transformou seu modo de enxergar justiça, e assim, ele não escuta mais os pedidos de justiça que chegam até ele, apenas o ódio da vingança, deixando que a justiça ocorra naturalmente apenas pela sua existência na terra.

? — Amélia sussurrava, a fim de despertar a amiga do que estava lendo.
— Hum? — A garota resmungou.
— O que está fazendo? A biblioteca já vai fechar. — Quando olhou para a janela, se deu conta que passara o dia inteiro lendo e já havia anoitecido.
— Esse maldito trabalho de justiça, origem da justiça e mitologias está me estressando demais, você acredita que haja um deus da justiça andando pela terra? — Indagou.
— Eu não, mas tem pessoas que acreditam, existem várias lendas, , não quer dizer que sejam reais. — tranquilizou a amiga. — O seu está muito mais divertido que o meu trabalho de direito constitucional, aliás, você podia me emprestar o seu e ser uma boa amiga. — sorriu, preferia mil vezes o trabalho de direito constitucional, que já estava pronto, do que essa loucura de mitos.
— Não copia, só se inspire, e antes de entregar me deixa ler pra ter certeza que não vai estar igual. — Respondeu enquanto juntava seus livros.
— Não vou copiar, quero ver a estrutura do trabalho para me embasar. — Falou Amélia, enquanto seguia . — Aqui, Srta. Parker, esse de mitologia eu vou levar, mas esses aqui eu já li. — entregou os livros à bibliotecária, que preencheu uma ficha e entregou para que a garota assinasse.
— Então, para onde vai? — ainda estava seguindo enquanto caminhava para a saída da faculdade.
— Para casa, pretendo terminar isso hoje. — Respondeu, tirando um pen drive da bolsa e entregando à amiga.
— Você ainda tem tempo para o fim do prazo, e não entendo porque entrou nisso se não gosta. — Amélia deu de ombros.
— Preciso das horas, era o menos bizarro que tinha disponível para agora, e os professores me mandaram fugir do padrão, era isso ou aquela palestra ridícula que o 9º período organizou semanalmente ensinando a como abrir o próprio escritório, sendo que todos herdaram de alguém.
— “Porque todos têm a mesma quantidade de horas no dia, basta querer” — Disseram em coro.
— Bom, então te vejo segunda. — acenou enquanto corria para o seu carro, sorriu e continuou seu caminho a pé, descendo a estrada para sua casa.

A rua estava estranhamente deserta para uma sexta à noite, não que isso a incomodasse, mas era incomum. Assim que dobrou a esquina da rua de sua casa, sentiu algo encostando em suas costas.
— Cala a boca e dê meia volta. — Quando se deu conta de que aquilo era uma arma, ela só obedeceu.
— Olha, eu não tenho dinheiro, mas pode levar meu celular. — Disse, com a voz trêmula.
— Você acha mesmo que eu te observo todas as noites por causa de um celular? — A resposta do homem causou um frio na espinha de . — Você não tem dinheiro, mas aposto que o papai pagaria um preço alto para tê-la de volta. — Ele a puxou pelo braço e a jogou dentro de uma van, onde um outro homem amarrou suas mãos e colou uma fita em sua boca.
Havia uma onda de sequestros com filhos de ricos, mas isso acontecia apenas em bairros nobres, não via o pai desde os 5 anos, nem usava o mesmo sobrenome, jamais imaginaria que isso aconteceria com ela. A situação era desesperadora, ela só sabia chorar, já que não podia gritar, o medo tomou conta de todo o seu corpo que não parava de tremer, ela sabia que provavelmente o pai nem se lembraria que tinha uma filha e ela ficaria lá a vida toda esperando pelo dinheiro do resgate, aquilo era injusto demais, ela passou a vida inteira sem receber qualquer coisa boa vindo do pai e agora era sequestrada por ser filha dele? Quando pensou nisso, o medo e o desespero se transformaram em raiva, a raiva que ela havia sentido por todos os 20 anos em que esteve longe do pai, a raiva que ela sentia toda vez que ligava o noticiário e criminosos achavam que eram os donos do mundo e podiam fazer o que quiser sem serem punidos. Naquele momento ela desejou que aquelas lendas que ela estava estudando fossem reais, que existisse mesmo um deus da justiça muito zangado andando pela terra e punindo quem merecia ser punido, ela desejou que ela mesma pudesse fazer isso, ela faria seu pai pagar por tudo que fez e tudo que deixou de fazer por ela, faria aqueles criminosos pagarem pelo medo e desespero que ela estava sentindo enquanto eles riam, ela explodiria aquela van se pudesse sair viva, porque ela merecia viver, mas eles não, simplesmente por se acharem no direito de decidir o que fazer com a vida das outras pessoas.

De repente a van freia bruscamente, um clarão invade o lugar e ela só fechou os olhos.
— Por favor, tenha misericórdia! — Foi a última coisa que ela escutou antes dos gritos e do silêncio ensurdecedor. Ela permaneceu de olhos fechados, escutou as portas se abrirem e sentiu alguém desamarrando suas mãos, só abriu os olhos quando a fita foi removida da sua boca.
— Eu também odeio quando eles pensam que são Deus. — O homem que estava parado à sua frente usava uma roupa preta, seus olhos e cabelos eram igualmente pretos e pareciam enxergar sua alma. — Não tenha medo, eu vim porque te escutei e senti sua raiva, e agora falta o papai, mas isso você dá conta? — Ele deu uma piscadela e saiu da van, estendendo a mão para que ela saísse.
— O que você está falando? — Perguntou, extremamente confusa, aceitando a ajuda daquele estranho.
— Todos os seres humanos são inferiores e medíocres, mas eu não os odeio, apenas os que se acham importantes demais. Dizem que parei de escutar, mas ainda escuto os corações com raiva quando outros decidem se vão tirar sua vida ou não, e eu escutei o seu. — Ele falava todas essas loucuras calmamente, como se fosse algo comum.
— Você escutou meu coração? Quem é você? — acreditava que estava falando muito mais alto do que estava, mas ela estava praticamente tossindo as palavras que saíam da sua boca.
— Você desejou que eu fosse real e não sabe quem sou? — O homem parecia estar zombando dela. — Eu sou a justiça.
— Sa-salazar?
— Chame como quiser, não se lembrará de mim. — O homem tocou em sua cabeça e fechou os olhos.
— O que aconteceu? — Perguntou .
— Está tudo bem, alguém cuidou deles e eu te ajudei a sair da van, porque estava amarrada. — Ela estava mais confusa ainda. — Você quer companhia para casa?
— Eu… eu não conheço você, estou perto da faculdade, vou voltar para lá. — só queria que aquilo acabasse.
— Tudo bem, se cuida. — Ele acenou se afastando.
— Espera! — Ela o puxou pelo braço. — Como devo chamá-lo?
— Hã… . — O homem sorriu amarelo e continuou andando, até que desapareceu quando piscou.
Na faculdade, ela ligou para sua mãe e para a polícia, explicando o que havia acontecido. Foram à delegacia e depois sua mãe a levou para casa.
— Tome um banho e descanse, foi um longo dia. — Sua mãe disse antes de sair do quarto. não acreditava no que havia acontecido, ela havia sido salva pelo deus da justiça após sentir raiva de seu pai e dos bandidos. E o que ele quis dizer com ela dava conta do pai? Aquilo tudo havia sido uma loucura, mas ela estava viva, então ela fechou os olhos e agradeceu a Deus por ter atendido o pedido de justiça e ter criado o deus da justiça.

estava feliz por ter feito alguns lixos pagarem pelos seus crimes, a polícia jamais seria capaz de puni-los do jeito que ele iria punir, mas por hoje bastava tudo que havia sido feito.
— Onde estava? — Perguntou , assim que abriu a porta.
— Trabalhando. — Respondeu, tentando ignorar a existência do ceifador.
— Nós recebemos uma carta, você deixou uma ponta solta. — se levantou do sofá e entregou o papel dourado na mão de .
— Não deixei pontas soltas, peguei todos os criminosos e enviei para a sala dos pecadores e apaguei a memória da garota. — Ele abriu o papel e leu o que estava escrito.
— Então, por que recebeu a carta dourada? — estava mais curioso do que preocupado, sabia que era minucioso.
— A garota se lembra de mim… — Murmurou.
— Você não apagou a memória dela? — estava chocado.
— Eu tenho certeza que sim, mas aqui diz para identificar o motivo dela se lembrar e resolver, mas acima de tudo protegê-la…
— Porque se ela morrer, você tem que dar sua vida para ela. Duro demais ser um deus. — zombou dele.
— E você também não pode matar humanos ou deixá-los morrer se não for a hora deles. — Retrucou .
— O que vai fazer? — Perguntou o ceifador, se jogando no sofá.
— Eu tenho que localizá-la, mas fui até ela porque ela pediu por mim. — O deus suspirou, isso significava que ele só poderia encontrá-la caso ela chamasse novamente.
— Você tá brincando? Ela chamou por Salazar? — estava mais chocado ainda, há séculos as pessoas não o chamavam por ele.
— Ela desejou que eu fosse real e fizesse todos eles pagarem. — O próprio não podia acreditar, mas estava satisfeito por ter sido lembrado por um humano.
— Em pleno século 21, um humano desejou que você fosse real? Inacreditável, estamos regredindo? — estava sorridente, enquanto o ceifador estava incrédulo. — E então, o que vai fazer? — Perguntou.
— Encontrá-la.

Capítulo 1 — A Justiça

Um dia após aquele acontecimento, ainda se perguntava se o que havia vivido era real. Decidiu que sairia para tentar espairecer e não ficar pensando sempre naquilo, ela se incomodava mais com o fato de ter acontecido por culpa do seu pai, do que por ter supostamente conhecido o Deus da Justiça. Após sair de casa, resolveu caminhar em um parque próximo dali, observava as paisagens e as crianças brincando, de certa forma aquele era um lugar confortável de se estar. Até que esbarrou em alguém, distraída.
— Desculpe. — Disse, o homem sequer estava olhando para ela, até aquele momento.
— O que disse? — Ele parecia surpreso.
— Eu pedi desculpa por ter esbarrado no senhor. — Respondeu.
— Você consegue me ver?! — O homem alto, usando um terno preto e com uma espécie de pergaminho em mãos, parecia incrédulo.
— E por que não veria? — estava confusa pela reação do homem.
— Como você se chama? — Ele abriu o pergaminho para ler.
— Por que eu te diria meu nome? Eu não te conheço, me dá licença. — Ela saiu andando irritada, o homem percebeu que não havia nenhuma mulher que tivesse idade próxima à dela naquela lista, ele tinha certeza que estava invisível, ela não poderia vê-lo e muito menos esbarrar nele. Imediatamente ele foi para casa, precisava notificar o acontecido. Enviou uma mensagem para que todos se reunissem e assim foi feito.
— Por que tanta urgência, Stefan? — estava sentado no sofá da sala, enquanto todos os ceifadores estavam de pé. — Espero que seja importante, senão…
, uma humana me viu enquanto eu estava invisível. — Todos presentes naquela sala demonstraram espanto, mas não como , que pulou do sofá.
— Como ela era? — Perguntou.
— Jovem, mais ou menos dessa altura…— Descreveu, subindo a mão até seu peito. — eu não reparei muito na aparência, fui verificar o nome no pergaminho e ela saiu andando.
— Como uma humana o enxergou estando invisível? — Jace, outro ceifador, perguntou.
— Onde você a encontrou? — Perguntou , ignorando a pergunta de Jace.
— Em um parque… — Stefan abriu seu pergaminho. — Empire, ao lado do condomínio Antares.
— Por que você está interessado em saber onde ela está? Temos que saber o motivo dela tê-lo visto enquanto estava invisível! — Jeremy bufou.
— Ele tem um motivo, Jeremy. — Disse , que parecia estar adorando aquilo tudo.
— Só vamos descobrir como isso aconteceu, quando a encontrarmos. Quero todos vocês procurando por ela nas proximidades do parque e do condomínio. — Ordenou ele.
— Não somos seus empregados, . — Reclamou Jeremy, fazendo rolar os olhos.
— Os ceifadores têm missões, diferente de você que fica o dia todo em casa e só sai pra bater em alguém. — Disse . — Sinto muito, mas vai ter que cuidar disso sozinho, amigo. — Completou, dando duas batidinhas no ombro do homem, que bufou. — Faça um relatório e encaminhe para a chefia, Stefan, enquanto isso vai procurar pela garota, já que se for quem ele está pensando que é, é responsabilidade dele. Depois de enviar o relatório, aguardaremos ordens. Por enquanto, voltem ao trabalho. — Ordenou e os demais ceifadores concordaram.
— Você tira a minha autoridade, não se esqueça que eu sou um deus. — Disse em tom ameaçador.
— Você é um deus, não o Deus, e se você quiser voltar a ter autoridade, volte a agir como um. Somos amigos, quase irmãos, sempre estarei ao seu lado, mas no trabalho temos regras e alguém tem que dar as ordens. — Respondeu . — Não fique zangado comigo, na volta de trago donuts. — Completou, acenando enquanto saía pela porta. respirou fundo, tinha que encontrar a garota.

— É sério, , a minha vida está uma loucura. — escutou a amiga rir do outro lado da linha. — Você ainda ri?
— Um esquisitão esbarra em você no parque e você diz que sua vida está uma loucura, mas ontem após ter sido sequestrada você disse que estava tudo em ordem. — não conseguia evitar o riso.
— Acho que isso foi o mais normal da semana, sei lá, eu tô vendo umas coisas estranhas… — notou uma mulher encarando as crianças que estavam no brinquedo. — Agora eu to vendo uma esquisitona encarando criancinhas.
— Acho que você deveria se mudar, isso sim, todos perto da sua casa estão sendo esquisitos. — Sugeriu
— E para onde eu iria? Agora mesmo, depois do que aconteceu, que a minha mãe não para de pegar no meu pé. Eu só vim aqui sozinha porque é do lado do trabalho dela. — suspirou, mas ainda prestando atenção na mulher.
— E como vai ser para ir pra faculdade? — Perguntou .
— Ela vai me levar e me buscar, como se ela fosse super forte para evitar que sequestradores armados sequestrassem nós duas. — As duas riram, notou que a mulher se aproximou de uma das crianças e puxou a pulseira do braço da menina. — Ei! — Gritou. — Devolve a pulseira dela! — Ela se levantou e foi até a mulher, que olhou para ela como se fosse devorá-la. Todos presentes a encaravam.
— Está falando comigo? — A mulher perguntou.
— Sim, estou! Eu vi você puxando a pulseira da mão da criança. — Respondeu, com raiva.
— Por que uma criança de 8 anos iria querer uma pulseira de diamantes que é única no mundo inteiro? Provavelmente ela iria perder em alguns segundos. — Respondeu a mulher, rindo.
— Você está bem? — Perguntou a monitora dos brinquedos.
— Aquela mulher pegou a pulseira da menina. — Disse, apontando para onde a mulher estava.
, não tem ninguém ali. — A monitora parecia assustada, ao contrário da mulher, que parecia com raiva.
— Exatamente, não tem ninguém aqui, ninguém consegue me ver, por que você está vendo? — Indagou, enquanto se aproximava da garota. — Eu não gosto de ser vista por pedaços de lixos como você, principalmente sem saber o motivo. — A mulher se aproximou o bastante para colocar a mão no pescoço de , que sentiu que iria sufocar, e ela nem parecia estar fazendo força. Quando a mulher apertou seu pescoço, acreditou que iria morrer, lembrou do deus que salvou sua vida no dia anterior e pediu sua ajuda, porque ela não queria morrer assim. Mas ela se lembrou que ele não escutava mais pedidos de ajuda, então seria inútil, porém era sua única chance.
— Sa…la…zar — Murmurou, fazendo a mulher inclinar a cabeça.
— Salazar? Ele não está ouvindo, querida! E todos vão acreditar que você teve um ataque cardíaco, não é incrível? Infelizmente, você teve azar de conseguir me enxergar enquanto eu apenas me divertia um pouco. — A mulher riu. De repente o tempo parou, todas as pessoas pararam de se mexer, menos as duas.
— Penelope. — Uma voz grave invadiu os ouvidos das duas mulheres, e elas conheciam aquela voz. — Solte a garota.
— E por que eu faria isso, Salazar? — Retrucou.
— Porque estou mandando. — Sua voz soava firme.
— Por que a protege? Ela só precisou chamar uma vez e você veio, o que aconteceu com o poderoso Deus da Justiça? — A mulher zombava dele.
— Que bom que se lembra que sou o poderoso Deus da Justiça.
— E você deveria se lembrar que sou a Deusa do Desejo. — Retrucou.
— Não mais, agora você é apenas a Ganância, o que não diminui sua força, mas não se autodenomine deusa. — Ele se aproximou das duas. — Solte a garota e te deixo ir. — Penelope não tinha a intenção de brigar com outro deus naquele dia, fora atrás da pulseira por puro capricho, nem poderia dizer que foi por ganância. Ser vista não estava em seus planos, nem encontrar-se com Salazar. Ela apertou o pescoço de com mais força por alguns segundos e a colocou no chão.
— Fique fora do meu caminho, garota. — Disse, antes de desaparecer. tossia e se aproximou dela para ajudá-la, fazendo o tempo voltar ao normal.
— Você está bem? — Perguntou, ajudando-a a caminhar até o banco e sentar-se.
— Você veio porque chamei? — Indagou.
— Na verdade, eu estava procurando por você. Pode me dizer o que aconteceu? — Perguntou, enquanto sentava ao lado dela.
— Eu estava aqui, sentada, falando com minha amiga pelo celular, quando aquela mulher apareceu e tomou a pulseira da menina, eu tinha que fazer algo a respeito, mas ela parecia não esperar que alguém a visse. — Explicou.
— Ela realmente não esperava, sequer esperava por mim, Penelope não pode ser vista quando está invisível, apenas por outros seres sobrenaturais, assim como o ceifador que você esbarrou mais cedo. — se lembrou do homem que parecia chocado por ter sido visto por ela.
— Agora entendi porque ele ficou tão surpreso, ele era um ceifador? — Perguntou, assentiu.
— Por algum motivo você consegue vê-los, mesmo estando invisíveis, e eu não consegui apagar a sua memória.
— Sim, eu me lembro exatamente de tudo. Mas até te encontrar, eu nunca tinha visto nada estranho como pessoas invisíveis.
— O mais estranho é que Penelope não pode ser vista nem por mim, se eu passasse por esse parque e ela estivesse aqui, passaria despercebido. Ela foi banida há séculos, e há séculos procuramos por ela, sequer consegui vê-la em sua forma original.
— Ela também é uma deusa? — Perguntou , perdida naquela situação.
— Não mais. — Suspirou . — De qualquer forma, você tem que vir comigo. Não que eu me importe com você, mas você estará em perigo se encontrar com Penelope de novo e recebi ordens para encontrá-la e apagar a sua memória, e até descobrir como fazer isso, você vem comigo. — Ele a puxou pelo braço.
— Eu não vou para lugar… — Antes que ela pudesse terminar, eles teleportaram do parque para uma casa. — nenhum… — Murmurou .
— Você não tem escolha. — Respondeu ele, soltando sua mão.
— Que lugar é esse? — Perguntou , sendo ignorada por que deitou no sofá.
— Em breve alguém vai aparecer para resolver. — Disse, pegando um livro que estava na mesa de centro. esperava que um deus fosse bem diferente de como ele era, por mais que quisesse gritar com ele para levá-la de volta, ela decidiu esperar, queria evitar que cenas como a de hoje se repetissem. Enquanto esperava, andava pela casa e observava as pinturas, cada uma com um nome de país embaixo.
— São de algum pintor famoso? — Perguntou. ergueu o olhar para ver do que ela estava falando.
— São meus, todos os países que já morei. — Respondeu.
— Sério? Uau! — Ela observou que haviam datas, imaginou que fosse o período em que ele esteve no lugar. — Você ficou bastante tempo na Itália, gostava de lá?
— Uhum, sinto falta da música. — Murmurou.
— Ah, verdade! Despacito é ótima! — Brincou , se levantou e a encarou.
— Essa música sequer é italiana, eu deveria imaginar que uma humana seria ignorante ao ponto de confundir um Porto Riquenho com um Italiano. — Resmungou.
— Calma, , ela só está curtindo com a sua cara. — Disse , entrando na casa.
— Parece que deuses não têm senso de humor. — Murmurou ela.
— Não se preocupe, ele é ranzinza assim há séculos. — Brincou . — E você é?
. — Respondeu ela.
— Muito prazer, ! Me chamo , sou um ceifador como o que você esbarrou hoje mais cedo, moramos aqui porque todos os ceifadores devem morar em um templo de um deus. — Explicou, enquanto mostrava a casa. — Mas como ainda não criou seu próprio templo, vamos onde ele vai. — Sorriu.
— E por que eu estou aqui? — Perguntou ela.
— Eu adoraria saber, sendo bem sincero, nunca aconteceu isso desde que eu estou nessa profissão, e eu nem me lembro quando foi que comecei.
— Há 2056 anos. — Disse .
— Você sabe quando me tornei ceifador? — sorriu.
— Sim, há 2056 anos deixei de ter paz na minha vida. — Resmungou ele, fazendo rolar os olhos e rir fraco.
— Bom, de qualquer forma, você deve ficar aqui até recebermos ordens do que fazer. — estendeu o braço para que se sentasse no sofá.
— Ordens? De quem? Achei que ele dava as ordens. — Disse ela, enquanto se sentava.
— Ordens de cima. — Respondeu .
— De Deus? — estava chocada.
— Pode se dizer que sim, nós o chamamos de Todo Poderoso, porque fica um pouco confuso com os outros deuses, mas Ele é o nosso chefe e… — o interrompeu.
— Falando em outros deuses, quando a encontrei, Penelope estava segurando-a pelo pescoço, se eu demorasse um pouco mais ela estaria morta. — Disse.
— O que? Você encontrou Penelope? — assentiu.
— Ela encontrou, na verdade.
— E a deixou escapar?
— O que eu poderia ter feito? Tinha que salvar a vida da humana aí. — deu de ombros.
— Salvou a vida dela? — suspirou.
— Uhum, pela segunda vez, na terceira pode pedir música. — Brincou ela.
— Não haverá terceira. — Resmungou ele. — Não sou anjo da guarda, da próxima nem pense em me chamar, não irei escutar. — riu, quando de repente a campainha tocou.
— Está esperando alguém? — Perguntou o ceifador, negou com a cabeça. caminhou até a porta para abrir, assim que abriu, uma mulher desesperada entrou na casa.
— Cadê ela??? — Perguntou, aflita.
— Ela quem? — Perguntou , sendo empurrado pela garota.
! — correu até a amiga.
! O que você está fazendo aqui? — Perguntou , sendo abraçada pela amiga.
— Eu rastreei seu celular pelo iCloud, você gritou com alguém e sumiu da ligação, de repente estava no parque e depois aqui, eu vim atrás, vai que você tivesse sido sequestrada de novo. — Suspirou.
— E o mais prudente para você, foi vir até aqui e não chamar a polícia? — Perguntou , arqueando a sobrancelha.
— Eu mandei o endereço para minha irmã e disse que se eu não desse notícias era para ela mandar a polícia, mas primeiro eu tinha que conferir. — Explicou-se, pegando o celular para enviar uma mensagem para a irmã. — Enfim, você tá bem? — Perguntou, assentiu. — Quem são esses homens bonitos? — Sussurrou.
— Ah, eu sou e esse é o , somos amigos da . — Respondeu , estendendo a mão para ela.
— Desde quando? — Perguntou, apertando a mão do ceifador.
— Desde hoje, eles estão me ajudando com um trabalho, pode ficar tranquila! — Disse , puxando a amiga e levando-a até a porta.
— Por que está me expulsando? — arqueou uma sobrancelha.
— Depois conversamos, agora você precisa ir. — sussurrou, assentiu.
— Tchau, ! — Disse , acenando, a garota acenou de volta, antes de fechar a porta na sua cara. — Desculpe por isso, ela se preocupa bastante. — Explicou , suspirando. — Não se preocupe, achei uma graça! — sorriu. — Ah, ela não vai mais se lembrar desse endereço quando chegar a uma certa distância. — Completou, dando uma piscadela. — Ugh, como um ceifador parece tanto um raio de sol? Você me enoja. — Resmungou . — Ignore-o. — Disse , fazendo rir. Stefan entrou na sala depressa e entregou uma carta nas mãos de . — Ei! É a garota! — Exclamou, quando se deu conta de que estava ali, e ela acenou para ele. — Temos resposta? — Perguntou , apenas negou com a cabeça enquanto lia a carta. — O que é, então? — Se você calar a boca e me deixar ler, eu já te respondo. — Resmungou , a presença de ali deixava Stefan nervoso, e já estava de saco cheio da situação, a sua simpatia já havia se esgotado e a paciência também, só queria resolver isso logo para mandar a humana de volta ao lugar dela. — E então, ? — estava impaciente. — A situação é a seguinte: nunca existiu uma humana que pudesse localizar uma deusa banida, coisa que nem nós podemos fazer, e não existe nenhuma humana que possa ver ceifadores invisíveis e não ter a memória apagada como ela. — Explicou . — Disso já sabemos. — rolou os olhos, estava ansiosa e começou a roer as unhas. — Não existe um meio de apagar as memórias dela, e as ordens são de protegê-la a todo custo, aqui diz que existe um plano maior para ela e que ela deve morar conosco, sob sua proteção. — cerrou os olhos esperando as reações. — O QUE?! — saltou do sofá e correu até . — Nem pensar, eu não vou morar em uma casa com deuses e ceifadores, eu não vou! — Ela cruzou os braços. — Eu não vou proteger uma humana, eu os odeio. — Disse , se aproximando de , que apenas estendeu a mão para que ele lesse a carta. — Sem chances. — Completou, soltando a carta no ar. — São ordens, . — engrossou a voz e não reconhecia o “raio de sol” que estava falando com ela há poucos minutos. — Mas existe o livre-arbítrio e ela escolheu não ficar. — Disse ele, concordou com a cabeça. — Não podemos deixá-la decidir isso, , sinto muito! — suspirou. — Daremos uma semana para se organizar e iremos te buscar. — Mas eu tenho uma vida! — Ela reclamou. — Não vai deixar de viver sua vida, mas precisa ser protegida, não somos os únicos interessados em descobrir o porquê de você conseguir todas essas coisas, sinto muito, você não tem escolha.

— xx —

Do outro lado da cidade, Penelope reunia todos os seus capangas, humanos e ceifadores. — Chefe, qual é o motivo da reunião? — Perguntou um dos homens. — Uma humana me viu enquanto estava invisível e revelou minha localização para Salazar. — Disse, tirando os óculos de sol e os encarando com olhos amarelos. — Quero que descubram quem ela é e como ela conseguiu isso. — E como faremos isso, chefinha? Não saberíamos por onde começar! — O nome dela é , comecem por aí, como vão descobrir não me importa, mas essas são as suas ordens! ANDEM! — Gritou, os homens se curvaram e saíram do local. — Se for preciso, vou destruir essa garota.

Capítulo 2 — A Mudança

Conviver com várias pessoas em uma casa é um grande desafio, se perguntava como seria conviver com ceifadores e um deus, que não era muito agradável. Ela se recusava a acreditar que estava naquela situação, como ela iria explicar a sua mãe que iria se mudar, assim, de repente? Ela não podia aceitar isso, sua vida seria uma completa loucura e ela não estava pronta para isso. Após a visita na casa do deus da justiça e dos ceifadores, eles a levaram de volta para casa, para que ela arrumasse suas malas e organizasse sua vida antes de se mudar. E aquilo era loucura, fora de cogitação, ela só podia ter batido a cabeça com força no dia do sequestro e estava alucinando desde então, pensou, enquanto caminhava até o espelho, as marcas no seu pescoço não podiam deixá-la negar tudo aquilo.
— Como uma mulher poderia ter tanta força e não ser vista por mais ninguém? — Pensou em voz alta.
— Porque ela é uma deusa. — Se assustou, ao ouvir a voz de na porta do seu quarto.
— O que está fazendo aqui?! — Perguntou, surpresa.
— Nem eu e nem você queremos morar na mesma casa, seria um inconveniente ter uma humana estragando meus dias dentro da minha própria casa. — Respondeu, mexendo em uma caixa de música em cima da penteadeira da garota.
— Mas o disse… — Ele a interrompeu.
é apenas um ceifador, eu sou um deus e eu mando nele. Mas nenhum de nós dois somos maiores do que o Todo Poderoso. — Explicou.
— Onde você quer chegar? — Perguntou ela, cruzando os braços. — E aliás, como entrou aqui? — Completou.
— Sua mãe me deixou entrar, tenho um excelente poder de persuasão em humanos. — Explicou-se. — Continuando, não estou disposto a viver com uma humana.
— E eu estou muito menos disposta a viver com um deus e vários ceifadores, se vai me dar uma solução, fale de uma vez. — Respondeu ela, irritando .
— Petulante. — Resmungou ele. — Livre-arbítrio, o Todo Poderoso respeita isso acima de tudo.
— Deus é homem? — Perguntou, fazendo-o rolar os olhos.
— Estamos no meio de uma situação, e você me pergunta isso? Por que isso importa? — Bufou, ela levantou as sobrancelhas, esperando uma resposta. — Depende, para os ceifadores Ele sempre aparece como um homem mais velho, mais parecido com um pai, mas que é seu chefe. — Explicou. — para Penelope, ela dizia que enxergava uma senhora. Então, não existe um gênero, Deus se apresentará para você como o que você precisa que Ele seja. — Ela assentiu.
— Faz sentido, e para você? Como Deus aparece? — Perguntou, curiosa.
— Não é da sua conta. — Retrucou, fez um bico e cruzou os braços. — Voltando ao nosso assunto, posso arrumar um encontro e você reivindica o seu livre-arbítrio… — foi interrompido por um jornal atingindo sua cabeça.
— Bom dia, , trouxe café. — Disse , sorrindo, acompanhado de .
— Bom dia, como entrou aqui? — Perguntou. — Por que vocês ficam entrando na minha casa?
— Ah, a se lembrou de mim e disse para sua mãe que sou seu amigo. — Respondeu ele, sorrindo.
— Só não me lembro de onde o conheço, mas me lembro dele ser seu amigo, então, trouxe comigo. Ah, e ele trouxe café. — se jogou na cama, com um copo de café expresso na mão, entregou um para , quando esticou a mão para pegar o último, ele o interrompeu.
— Esse é meu, se me dissesse que estaria aqui, teria trazido um para você. — Disse , cerrando os dentes. — Pare de dizer suas bobagens para , isso não vai acontecer, me desculpe, , sem livre-arbítrio nesse assunto. — sorriu, não entendia como um ceifador podia ser tão simpático e confortante. — Vim ajudar na mudança! — Exclamou ele.
— Verdade, você vai se mudar desde quando? — perguntou.
— Bom, ainda não decidimos… — interrompeu .
— Já está tudo decidido, ela morará conosco, na nossa nova casa. — Ele deu uma piscadela.
— O quê?! — disse em coro com a mãe de , que estava na porta com uma bandeja de sucos.
— Ah, você ainda não… — murmurou e negou com a cabeça.
— Você vai se mudar com essas pessoas que eu não conheço? — Perguntou sua mãe.
— Mãe, eu posso explicar… — a interrompeu, dando outra piscadela.
— Nós estamos alugando um quarto na nossa casa nova, é próximo da faculdade e como nós estudamos lá, sempre iremos juntos. — Explicou-se.
— Ah… — A mais velha suspirou. — Talvez seja melhor, não temos dinheiro para pagar um segurança e mesmo te levando e buscando sempre, eu não sei o que poderia fazer para te proteger, depois do que aconteceu. — Ela se sentou ao lado de .
— Mas é provisório, mãe. — Disse . — Só até terminar a faculdade. — Ela sorriu.
— Bom, então vamos arrumar tudo! Quanto mais rápido você se mudar, mais rápido ficará mais segura! — Exclamou sua mãe, fazendo encará-la de cara feia e pular na cama.
— Isso! — Exclamou , sorriu e suspirou.

No fim do dia, eles já tinham empacotado tudo e sentia como se sua mãe estivesse esperando o momento certo para se livrar dela, não acreditava que ela tinha aceitado aquela desculpa de tão fácil. Todos estavam sentados na sala de jantar, esperando os refrescos que tinha ido preparar, junto com a mãe de sua amiga. se aproximou de e .
— Posso falar com vocês lá em cima? — assentiu e bufou, seguindo-os para o segundo andar, no quarto de .
— Nem começa. — Disse , entrando no quarto, fechou a porta atrás dele e fez cara de bravo.
— Não começar? Eu recebi ordens de vir até aqui hoje para garantir que ela não fosse dissuadida por você, achei que era um exagero e que você não faria isso, pois entende que nossa missão é resolver o que foi começado porque você atendeu ao pedido dela, não estou te culpando, fez o que deveria ter sido feito, mas , não é culpa dela também! Não podemos deixá-la morrer, principalmente por Penelope tê-la ameaçado e Penelope ser nossa responsabilidade! Eu aceitei suas ordens a vida inteira, meu amigo, mas você deixou de ser quem era faz tempo, e eu precisei assumir a sua posição, então, colabore comigo! — deu de ombros, estava irritado, mas respirou fundo para referir-se à . — Depois nos resolvemos, . … — Virou-se para ela. — Sinceramente? Eu adoraria que você tivesse outra escolha, que nós tivéssemos, sei que tudo isso deve estar sendo difícil de processar, mas por favor, ignore-o! Nesse momento, livre-arbítrio só vai existir quando sua vida não estiver mais em risco, e ele não se importa com a sua vida. — encarou , que olhava para o nada como se não estivesse ali. — Nada que vier dele será para outra coisa, além de benefício próprio. O deus da justiça praticamente não existe mais, a única coisa que o difere de Penelope, é que ele ainda cumpre ordens, abusa demais do seu livre-arbítrio, mas dentro das regras. Escute-me, faremos o possível para resolver isso e te manter a salvo, eu lhe dou minha palavra, mas confie em mim e faça esse sacrifício por enquanto. — suspirou e assentiu.
— Só é muito estranho, até alguns dias eu sequer acreditava que isso tudo existia, e de repente tenho que deixar a minha vida para morar com várias criaturas sobrenaturais, com todo o respeito, mas ter sido sequestrada já foi loucura demais, na maior parte do tempo eu acredito que estou delirando. — Disse, batendo a mão na cabeça, os dois a encararam. — Desde que eu possa continuar vivendo a minha vida, eu irei sem reclamar. — Completou, após um longo suspiro, fazendo suspirar aliviado e bufar.
— Eu gostaria que se mudasse hoje, mas mandei Jace e Stefan nas redondezas por precaução, se possível, organize tudo para irmos amanhã de manhã para a casa nova. — sempre falava com um sorriso no rosto sobre aquilo, começava a acreditar que era para aliviar a situação.
— Certo, vamos descer. — Disse ela, saindo do quarto e sendo acompanhada pelos dois, claramente estava odiando tudo aquilo e se arrependia de ter saído de casa para tentar evitar que a mudança acontecesse. — E por que uma casa nova? — Perguntou ela.
— Ainda precisamos que nosso templo seja um segredo, então, só alguns de nós irão se mudar, assim você pode receber visitas da sua mãe e da sua amiga, para checarem se está bem. — Explicou .
— Então, fico na casa antiga. — Murmurou , lançou um olhar mortal sobre ele, que retribuiu da mesma forma.
— Uau, o ar ficou meio denso. — Disse , se aproximando. — Onde encontrou esses caras bonitões? — Sussurrou para a amiga.
— Longa história. — respondeu. Todos se juntaram na sala de jantar e ficaram até terminar, permaneceu calado durante todo o jantar e era nítido que ele e queriam se matar, o que tornava tudo mais divertido para o ceifador, que estava pronto para acabar com ele quando saíssem dali. Após se despedirem, e foram caminhando para casa, preferiu que se resolvessem antes de chegarem.
— Eu preciso falar algo? — Perguntou o ceifador.
— E por que você falaria algo? Não vejo motivos para virar a minha vida de cabeça para baixo por uma humana. — Respondeu . — Eu não vou nem perguntar quem você pensa que é para ter feito o que fez hoje, talvez eu tenha te dado liberdade demais, mas já estou de saco cheio. — puxou seu braço.
— Se eu me importasse com isso, não teria vindo até aqui, se quiser dar as ordens, volte a ser quem você foi criado para ser! Somos amigos e eu te respeito, e esse é o único motivo de estarmos conversando agora e é a última vez que vou dizer isso: ela é sua responsabilidade, não minha! Quer resolver tudo isso? Então conviva com ela por um tempo, porque se ela morrer, você morre também, e nós dois sabemos que você ama a imortalidade! Você pode ser um deus, mas até você recebe ordens, as mesmas ordens que eu. — apertou o braço de com mais força, e ele jurava que podia enxergar chamas em seus olhos. — Pelo seu próprio bem, não tente desafiar as ordens.
— Ou o quê? O que você vai fazer? — o desafiou, soltou seu braço.
— Eu não vou fazer nada, amigo, mas você sabe que haverá consequência. — Respondeu, voltando a caminhar. — Estou tentando te ajudar, você dá trabalho demais! — Suspirou.
— Por que estamos brigando? — se deu conta da situação.
— Porque você é um idiota imprudente! — Respondeu . — Amanhã virei buscá-la, esteja aguardando. — bufou.

No dia seguinte, recebia ajuda de sua mãe para terminar de organizar a mudança.
— Onde conheceu homens tão bonitos? — Perguntou ela, riu fraco.
— Longa história. — Respondeu.
— Algum deles é seu namorado? — A mais velha arqueou as sobrancelhas.
— Não, mãe, credo! — sentia calafrios só de se imaginar namorando um ceifador ou um deus.
— Os dois são lindos, mas aquele … — Ela foi interrompida pela campainha, desceu as escadas deixando no quarto, agora fazia mais sentido para sua mãe estar tão tranquila, ela certamente quer empurrá-la para um deles. — Olha quem veio te buscar! — Exclamou a mulher, seguida de .
— Está pronta? — Perguntou, assentiu. parecia aliviado, na verdade, ele acreditava que seria muito mais difícil do que foi, talvez a aparição de Penelope tenha facilitado a situação, certamente não queria morrer. Os ceifadores buscaram as coisas de e colocaram dentro de uma van, após terminarem, foi se despedir de sua mãe.
— É temporário, logo estarei de volta! — Disse, sua mãe assentiu e a abraçou, com lágrimas nos olhos. entrou no carro e acenou, fazendo sua mãe acenar de volta, e ela viu sua filha indo embora naquele carro com aquelas pessoas que ela não conhecia. Assim que estavam longe o suficiente, ela pegou o celular apressada e fez uma ligação.
— Oi, a foi embora. — Disse. — Eu não sei, mas já fiz o que você pediu. — Completou, antes de desligar.

Chegando na casa, estava incrédula. A casa era ainda maior do que a outra que eles moravam antes, se eram poucas pessoas, por que uma casa daquele tamanho?
— Tentamos encontrar uma casa que fosse confortável. — Disse , descendo com as caixas dela.
— Bota confortável nisso. — Respondeu ela, passando pelo portão. Assim que a porta se abriu, ficou boquiaberta com a casa. — Com certeza isso é mais do que confortável.
— Nem me fala. — escutou a voz de e virou-se para vê-lo, ele vestia um robe de dormir aberto e uma calça de pijama. — Seja bem-vinda! — Disse, levantando uma xícara, como se estivesse brindando.
— Obrigada. — Respondeu , imaginando como havia sido a conversa com , já que ele estava sendo mais agradável.
— Vem. — Disse , puxando pelo braço, assim que subiram as escadas tiveram acesso a um enorme corredor. — O quarto do fim do corredor é o seu, ficou com o terceiro andar inteiro, então evite de ir lá. — Ele fez uma cara feia, o corredor parecia o das salas da faculdade, mas era um pouco menor e mais bonito, haviam quadros entre as portas. — Eu ficarei no quarto mais próximo de você, Stefan e Jace ficarão nos dois quartos do começo do corredor e Jeremy lá embaixo. Aqui tem um banheiro… — Disse, abrindo uma porta. — E um escritório para mim, eu teria aproveitado melhor a casa se não tivesse exigido um andar inteiro para ele. — Resmungou, caminhando até a última porta. — Todo seu.
— Uau! — Exclamou , quando a porta se abriu. Aquele quarto era maior do que o dela e de sua mãe juntos.
— Nós compramos o essencial, pode decorar como quiser, e eu preciso que você me faça uma lista dos móveis que vai precisar, compramos o básico mesmo. — Havia uma penteadeira, uma cama de casal, uma escrivaninha e uma estante de livros, mais duas portas.
— E essas portas? — Perguntou ela.
— Ah, closet e banheiro, imaginei que não iria querer dividir o banheiro com vários homens, se bem que eu e temos um banheiro, mas mesmo assim. — estava sem reação e parecia uma criança mostrando a casa.
— Um closet… — Murmurou.
— Eu disse que era exagero. — Disse , parando na porta.
— Fique quieto, quero que ela se sinta confortável. — apenas rolou os olhos para o ceifador.
— Eu escolhi a casa, teremos a mesma vista, então, aprecie. — se virou para olhar a vista e quando virou para responder , ele não estava mais na porta. Os outros ceifadores entraram e deixaram suas coisas no quarto.
— Nos diga o que precisa e também faça uma lista do que você come, nós geralmente só comemos pelo prazer de saborear, não temos fome. — Disse , antes de sair, apenas assentiu, estava chocada com aquela casa. Acho que ser imortal tem algumas vantagens, pensou ela. O dinheiro que eles gastaram nessa casa, ela acreditava que nem se vivesse 10 anos, conseguiria juntar.

Após arrumar todas as suas coisas, deitou na cama olhando para o teto, que loucura, pensou ela. Como sua vida havia se transformado no que ela estava vivendo? Ela se perguntava isso com bastante frequência. Levantou-se para olhar através da janela e a vista realmente era muito bonita. Alguém bateu à porta.
— Entra. — Disse, abriu a porta e olhou ao redor. — Vejo que já se instalou. — Ela assentiu.
— Estava apreciando a vista. — Respondeu, voltando o olhar para a janela.
— É uma das poucas coisas que ainda aprecio nesse mundo, e os humanos estão destruindo. — Disse ele, se aproximando dela.
assentiu.
— As pessoas não sabem dar valor às coisas boas que existem no mundo. — Falou baixinho, para surpresa de , que sorriu de canto. — Precisa de algo? — Perguntou, virando-se para ele, que estava perto demais e continuava vestido como estava quando chegou na casa, mas dessa vez ela pôde olhar melhor, u a u, pensou, para alguém com mais de mil anos, ele estava bem conservado.
— Você precisa? — Perguntou ele, notando que ela o estava encarando.
— Hã? Você bateu aqui! — Respondeu, voltando do transe que estava.
— É, para chamar para o jantar, mas você encarou tanto… — Ela o interrompeu.
— Eu não estava encarando! Estava pensando em algo e acabei me esquecendo que estava aqui. — Retrucou, fazendo-o rir.
— Desce para comer, eu cozinhei. — Disse, ainda rindo, saindo do quarto.
— Ele cozinhou para mim? Aposto que me envenenou. — Resmungou, procurando seu celular e jogando uma almofada longe. — deus irritante. — Continuou resmungando enquanto descia as escadas.
saiu. — Disse ele, assim que ela chegou na sala de jantar. — Os outros também, como você não descia, fiz comida para você não morrer no meu turno. — Sorriu amarelo, comendo um pedaço de vagem com as mãos.
— Obrigada. — Respondeu ela, se sentando.
— Fiz muitos legumes e vegetais, não sou muito fã dessas porcarias que os humanos gostam tanto de comer. — Ele colocou dois pratos sobre a mesa.
— Por mim, tudo bem. — estava faminta. — Comeria até pedra com a fome que estou. — Sua resposta fez rir de novo.
— Você… — Disse, recuperando o fôlego. — Você é estranha.
— Por que? — Perguntou ela, inclinando a cabeça para o lado.
— Vamos ignorar a estranheza de toda a situação que te trouxe aqui, eu te acho estranha porque você parece uma pessoa e quando fala parece outra completamente diferente. — Explicou.
— Você é desses que julga as pessoas pela aparência? — Perguntou ela, servindo-se.
— Claro! Ou acha que saio por aí conversando com humanos? — Ele franziu o cenho, engoliu o riso.
— É, faz sentido. — Deu de ombros.
— Na verdade, eu costumo julgar pelas atitudes e pelos pensamentos… — deu um pulo.
— Você… — Ela se lembrou do que estava pensando quando ele estava em seu quarto mais cedo. — Você lê pensamentos? — Perguntou.
— Sim, mas não se preocupe, não leio mais os seus desde que pensei que havia apagado sua memória. — Respondeu ele, pegando um pedaço de cenoura com o garfo e levanto até a boca, suspirou aliviada. — Mas sei o que estava pensando quando estava me encarando.
— Estava pensando que você não toma banho e usa a mesma roupa o dia inteiro. — Disse, fazendo o deus fazer uma cara feia.
— Você deve estar se achando muito importante para falar assim comigo. — Resmungou ele.
— Para um deus, você se afeta facilmente com brincadeiras. — Ela riu fraco, fazendo-o arquear uma sobrancelha.
— É melhor não se esquecer da sua insignificância de humana, não somos iguais, não se ache no direito de brincar comigo. — Seu semblante mudou, ele voltou a ser sério. — Coma tudo e lave a louça. — Disse, saindo da mesa.
— Não se incomode, ele não tem senso de humor. — Um dos ceifadores chegou, ela nem havia percebido a presença dele ali. — Acabei de teleportar, não se assuste, ouvi o final da conversa. — Ele sorriu.
— Ah… — Ela fez um bico.
— Eu sou o Jeremy! — Disse ele, pegando um prato. — cozinhou para uma humana, eu não acredito que vivi o suficiente para ver isso. — Jeremy riu.
— Ele estava sendo legal e de repente voltou a ser rabugento. — fez uma careta.
— Sabe o que você chama de rabugento? É ele sendo legal. — Explicou. — Pelo menos com humanos, eu nunca vi ele sentar na mesma mesa para jantar ou conversar sobre qualquer coisa, acredito que ele tenha ficado feliz por alguém ter pedido por ele. — Completou, servindo-se.
— Mas as pessoas não chamam por ele?
— Geralmente as pessoas pedem justiça, mas raramente alguém fala o nome dele pensando em fazer outra pessoa pagar pelos seus pecados. — Disse, sentando-se para comer.
— Como sabe disso? — Perguntou ela.
nos contou, você disse algo sobre pessoas se acharem importantes demais para ceifar a vida de outras pessoas, certamente gostou disso, ele não te acha tão medíocre como acha os outros humanos.
— Mas ainda acha várias coisas ruins sobre mim.
— Sobre todos, querida, não se ofenda! Tem para todos, até para nós, ceifadores. — Respondeu, sorrindo e levantando uma taça vazia que estava na mesa. — Aproveite a refeição, mas não se acostume, pegou muito no pé dele para te tratar bem, até deixou o terceiro andar inteiro para ele.
— Como se ele me deixasse acostumar com qualquer atitude agradável vindo dele. — Ela rolou os olhos e Jeremy riu.
— Acho que vamos nos dar bem.
— Já estão jantando? — Perguntou , surgindo do nada, igual ao Jeremy.
— Uhum. — Respondeu .
cozinhou para ela. — Jeremy sorriu, estava surpreso.
— Está falando sério? — Os dois assentiram, deixando boquiaberto.

No dia seguinte, a casa estava vazia de novo, pensou que se fosse sempre assim, a convivência seria mais tranquila do que ela pensou. Decidiu ir para a sala de estar, assistir alguma coisa na TV. Sentou-se no sofá e ficou surfando nos canais.
— Coloque no noticiário. — Ela escutou a voz de , que estava descendo as escadas.
— Não sabia que estava em casa. — Respondeu ela, colocando no noticiário.
— Estou na maior parte do tempo. — Ele se sentou em uma poltrona. — E você? Não estuda mais? — Perguntou, ela negou com a cabeça.
— Fui sequestrada, lembra?
— Como esqueceria? E por isso largou a faculdade? — Ele arqueou uma sobrancelha.
— Não. — Respondeu ela, se espreguiçando. — Mas me deram uma semana em casa, para me recuperar do trauma. — Explicou.
— Faz sentido, me chame para acompanhá-la no seu primeiro dia de volta. — Ele voltou o olhar para a TV.
— Por que? — Perguntou, surpresa.
— Caso estejam planejando fazer algo com você de novo, quero que olhem bem para o meu rosto, será a última coisa que verão antes de morrer. — gelou, mas não de um modo ruim ou por medo dele, pelo contrário, mas ela não esperava que ele agisse de modo protetor com ela.
— Por que? — Perguntou, ainda sem conseguir reagir direito.
— Se depois do que eu fiz com os outros, ainda vierem atrás de você, significa que o meu recado foi ignorado e estarão me desafiando, e odeio ser desafiado por humanos. — Respondeu, aumentando o volume da TV.

suspirou, era óbvio que ele não a protegeria porque se importava, mas por 1 segundo ela desejou que fosse por isso, pelo menos estaria protegida se ferissem o ego dele, e isso já era bom para ela.


Capítulo 3 — Convivência

No mesmo dia, estava estudando as matérias que tinha passado para ela, apesar do reitor ter dito que ela poderia ficar em casa uma semana que não levaria falta, ela não queria ficar para trás em nenhuma matéria. Em breve ela seria indicada pelo seu professor em um excelente estágio remunerado, ela não podia deixar todas essas loucuras que estavam acontecendo atrapalharem seu futuro. Enquanto estudava, começou a escutar de longe Master of Puppets do Metallica, parecia estar vindo do andar de cima, ela simplesmente ignorou. Ou pelo menos ela tentou ignorar, na medida que ele aumentava o som, mais ele fazia sons enquanto andava ou sabe se lá o que ele estava fazendo, e ela não conseguia se concentrar. Desceu as escadas, pegou uma vassoura e levou até seu quarto, batendo no teto. Depois de várias tentativas e perceber que não estava adiantando, ela resolveu ir até lá. Bateu na porta, com raiva, várias e várias vezes e não teve resposta, até que percebeu que estava aberta e simplesmente entrou, se deparando com de toalha, saindo do banho.
— O que você está fazendo aqui? — Perguntou ele, estava em completo choque, mais uma vez. Que ele era muito bonito, ela já sabia, afinal estava sempre olhando para a cara dele, e já havia o visto sem camisa, mas aquela cena ficaria marcada na sua mente pelo resto da vida, o cabelo molhado e bagunçado aumentava ainda mais o charme dele. — Eu te fiz uma pergunta.
— O QUE? — Gritou ela, que havia entendido perfeitamente o que ele disse, mas fingiu que não entendeu por causa do barulho, fazendo-o abaixar o som.
— Eu perguntei o que você está fazendo aqui. — Repetiu, suspirou aliviada.
— Finalmente, não aguentava mais essa barulheira! — Exclamou ela. — Eu estou tentando estudar, não é só você que mora aqui! — Respondeu ela.
— E não sabe bater na porta?
— Eu bati até cansar! Não me culpe pela sua falta de senso coletivo. — A garota cruzou os braços, ele pensou em argumentar, mas se rendeu. Ele havia se esquecido que ela estava ali.
— Vou escutar mais baixo, os rapazes quase nunca estão em casa, então é costume. — Respondeu ele, fazendo-a arquear uma sobrancelha.
— Isso é um pedido de desculpas? — Provocou ela.
— Não, e se me irritar aumento no máximo e tranco a porta. — cruzou os braços, fez uma careta.
— Certo, obrigada e por favor, não atrapalhe meus estudos. — Ele assentiu e ela voltou para seu quarto.

Tentou se concentrar nos estudos, mas se perguntava se um deus também tinha desejos como um humano, se quando ele via alguém do mesmo jeito que ela o viu, pelo menos suspirava. Mas ele não tinha cara de quem faria isso, era sempre tão sério e ranzinza. Ela o odiava por ser tão bonito, porque era fácil esquecer como ele era insuportável. Quando finalmente conseguiu se concentrar, tinha tanta coisa pra fazer que perdeu a noção da hora e adormeceu na escrivaninha.

já jantou? — perguntou a na sala de jantar.
— Estava estudando. — Respondeu ele, servindo o jantar.
— Estou tentando ficar mais em casa, mas aconteceram muitos acidentes e todos nós trabalhamos muito. — suspirou. — Agora mesmo, tenho que levar uma família inteira. Verifique antes de se trancar. — Pediu, desaparecendo na frente de .
— Verificar? Existo há séculos e de repente viro babá de uma humana? — Bufou, deixando seu prato na mesa e subindo às escadas. Bateu na porta, que estava encostada e logo se abriu, não teve resposta, então entrou.
? — Sussurrou, não tendo resposta. Se aproximou e ela estava dormindo por cima do notebook. — ? — Ele sussurrou de novo, se aproximando mais. Olhou para a garota debruçada na escrivaninha, em cima de vários papéis e do notebook e sorriu, colocou a mão por baixo de sua testa para tentar levá-la para a cama, mas quando ela emitiu um som, ele soltou sua cabeça no susto e ela bateu com força na escrivaninha, acordando assustada.
— Hã? O que? O que aconteceu? — Perguntou confusa. segurava o riso, enquanto ela colocava a mão na testa.
— Você não desceu para comer e me pediu para verificar. — Respondeu, pigarreando a fim de manter a voz séria.
— E por que eu tenho um galo na cabeça? — Perguntou, com a mão ainda na testa.
— Não sei, acabei de chegar aqui. — Disse ele, virando-se para sair. — Não desça agora, não quero companhia no jantar, mas não durma sem comer. — ficou no quarto confusa com o que tinha acabado de acontecer, enquanto do outro lado da porta ria da cabeçada que ela deu. Ela abriu a porta de repente.
— Do que está rindo? — Perguntou.
— Você não estava sonolenta? — se assustou com ela chegando tão rápido na porta.
— Te ouvi rindo. — Ela cerrou os olhos. — Você bateu na minha cabeça? — Perguntou ela, cruzando os braços, segurou o riso.
— Não sei do que está falando. — Ele desconversou, olhando para o outro lado.
— Não sei porquê, mas sei que você tem algo a ver com isso. — Ela apontou para o galo na cabeça, que estava muito perceptível, fazendo rir.
— Vem. — Ele desceu as escadas, ela cerrou os olhos, mas o seguiu. Quando chegaram na cozinha, ele deu uma bolsa de gelo para ela. — Coloca nesse galo. — Ela pressionou a bolsa de gelo na cabeça.
— O que você fez? — Ela estava irritada e ele apenas deu de ombros.
— Pode jantar, depois eu desço. — Respondeu, deixando com um galo e irritada.

Após o jantar, ela apagou assim que deitou-se. Estava tendo um sonho tão bom, quando escutou um barulho na casa, levantou depressa e espiou no corredor, não viu sinal de ninguém, bateu à porta de , mas não teve resposta. Subiu as escadas de fininho e bateu na porta de , também sem resposta. Mas nenhum bandido entraria em uma casa com ceifadores e um deus, ou entraria? Ela pegou um candelabro que estava decorando uma mesinha no canto do corredor e desceu devagar até o primeiro andar, onde escutou vozes sussurrando no escuro, desceu mais alguns degraus para entender o que estavam conversando.
— Não pode trazer pessoas para torturar com a humana aqui. — Sussurrou Jace. — não vai gostar.
— Ele queria que eu fizesse meu trabalho, estou fazendo, preparei o porão com isolamento acústico por esse motivo, estou sempre em casa para proteger a humana, agora sai da frente. — Disse , acendeu a luz da sala e os dois se assustaram.
— O que estão fazendo? — Perguntou ela.
— O que você está fazendo com esse candelabro? — Perguntou , com um homem desmaiado no ombro.
— Achei que fosse um bandido. — Murmurou.
— E você iria usar um candelabro? — Perguntou Jace, rindo fraco, fez cara feia. — Não se preocupe, bandidos não entrariam aqui.
— E o que estão fazendo? — Ela se aproximou deles. — Ei! — Exclamou, reconhecendo o homem que estava no braço de . — Ele é meu professor de penal, o que fez com ele?
— Vou fazê-lo pagar. — Respondeu ele, virando-se.
— Não pode torturar meu professor de penal!!! — Ela cruzou os braços.
— Ele assediou alunas em troca de um estágio remunerado, e fez todas parecerem mentirosas, além de processá-las e vencer. — Explicou .
— Ele fez isso? — estava pasma, e assentiram. — Ele ia me indicar para um estágio… — Murmurou.
— Ah, ele ia? — sorriu malicioso. — Que ótima notícia, se me permite, tenho que fazer meu trabalho.
— Fique à vontade. — Respondeu , para a surpresa de Jace. — Só não me acorde. — Completou, assentiu e levou o homem para o porão.
— Você percebe que ele vai torturar o seu professor de penal e castigar ele? — Perguntou Jace, assentiu. — Isso não te incomoda?
— Ah, ele é o deus da justiça, e se o Sr. Stewart fez todas essas coisas, ele merece ser punido. — Ela suspirou. — Sei que a lei não vai fazer isso, então não irei me opor ao deus da justiça, dessa vez. — sorriu. — Boa noite. — Disse, subindo, Jace acenou e suspirou.
— Agora sei porque ele gosta dela. — Riu fraco, subindo também.

Quando o dia amanheceu, acordou com vontade de fazer uma caminhada. Desceu para tomar café e encontrou na cozinha com os outros ceifadores.
— Bom dia! — Disse, sorrindo. Eles se viraram para ela, pareciam preocupados.
— Bom dia, ! — Disse . — Você está bem? Sinto muito por ontem à noite, vou conversar com para que não se repita.
— Ah, seria bom! Odiaria ser acordada de novo acreditando que a casa está sendo invadida por bandidos, pede pra ele fazer silêncio da próxima vez. — Ela sorriu, pegando uma xícara. Os ceifadores ficaram sem entender.
— Eu disse. — Jace riu. — , só vamos ter café expresso.
— Tem café moído de hoje. — Disse , usando apenas uma calça de pijama. — Não gosto de café expresso. — Ele sorriu amarelo.
— Estávamos conversando sobre ontem à noite. — arqueou as sobrancelhas.
— Ah, sim. — pegou sua xícara, e foi até a cafeteira. — Não se preocupe, , o seu professor já foi punido. — Ele levantou a xícara cheia para ela, que sorriu fraco e foi até a cafeteira, assim que ele se afastou.
— Não é como se eu não pudesse lidar com isso, , não se preocupe. — Disse ela, bebendo um gole de café e queimando a língua. — Ai!
— Me preocupo que não seja um ambiente agradável para se viver. — suspirou.
— De fato, mas se não fizerem barulho, nem vou ver nada. — sorriu. — Vou subir, daqui a pouco queria fazer uma caminhada, estou um pouco entediada.
— Claro, um de nós irá te acompanhar. — sorriu de volta, ela assentiu e subiu as escadas.
— Eu não vou. — disse, depressa.
— Precisamos que você vá, estamos com um problema e preciso que você assuma as coisas por aqui por mais tempo. — ficou sério, de repente.
— Que tipo de problema? — Perguntou ele.
— Penelope tem ceifadores trabalhando para ela, e alguns estavam infiltrados na nossa casa, não podemos confiar em ninguém além de quem está aqui. — bufou. — Eles estão atrás de , e sabem que ela está morando conosco em algum lugar.
— Diga os nomes. — Todas as vezes que sentia tamanha raiva, era como se a densidade do ar aumentasse, os humanos sempre percebiam por sentir dificuldade em respirar, já os ceifadores sentiam a diferença no momento em que acontecia, nem um segundo a mais ou a menos.
— Você não pode tocar neles. — Disse Stefan.
Ainda. deu ênfase. — Enviamos os nomes e estamos esperando permissão, você poderá fazer o que faz de melhor, mas por enquanto, não saia do lado dela.
— Por que eles estão tão interessados nela? — Perguntou Jeremy.
— Ela conseguiu ver Penelope. — Explicou . — Ela me disse que nunca havia visto nada do tipo, até ser salva por mim.
— Sim, Ele nos disse a mesma coisa. — suspirou. — , é muito importante para darmos um fim nisso, precisamos dela.
— Nem pensar! — negou com a cabeça e respirou fundo. — Você é todo legal com ela, e quer usá-la numa guerra que é nossa?
— Você acha que quero isso? Mas como ela vai ter paz? — se levantou e começou a andar de um lado para o outro. — Talvez esse seja o plano maior que ela está envolvida. Por isso antecipei a mudança, não podia arriscar.
— Por que não pergunta ao Todo Poderoso sobre esse plano maior? — Perguntou Jace.
— Eu perguntei, Ele está falando em enigmas, como se tivéssemos que aprender algo com tudo isso, e acredito que esse seja o plano maior. — bateu a mão na bancada.
— Não destrua a casa! — Ordenou . — Escute, me dê os nomes quando tiver a permissão, vou resolver isso sem precisar usá-la.
— E se você não conseguir? — Perguntou , virando-se para ele.
— Então, deixo você fazer o que quiser. — levantou as mãos.
— Está se afeiçoando à humana? — Jeremy sorriu.
— Se ela morrer, eu morro. Você mesmo disse que ela é minha responsabilidade, . — olhou para ele como se aguardasse uma resposta, assentiu.
— Vou deixar por sua conta, mas não saia do lado dela! Ela não viveu nada da vida e ela merece ser feliz. — Todos estavam cabisbaixos, mas principalmente , ele realmente sentia empatia por .
— Tudo bem. — assentiu.


Mais tarde, estava escutando música enquanto organizava alguns materiais da faculdade, e alguém bateu à porta.
— Entra. — Respondeu, abriu a porta.
— Oi, vim perguntar… — Ele parou de falar quando percebeu que ela estava escutando uma música em Italiano. — Que música é essa?
— Vent’anni, é minha música preferida. — Respondeu, sem olhar para ele.
— Filha da… Você conhecia música em Italiano? — Ela assentiu.
— Falei de Despacito só para quebrar o clima pesado. — Respondeu, cerrou os punhos, ela realmente fazia questão de provocá-lo, mesmo sendo um deus, ela não tinha medo do que ele poderia fazer. Interessante. Pensou ele. — O que quer?
— A caminhada, que horas quer ir? — Perguntou ele, lembrando-se do motivo de estar ali.
— Pode ser daqui uns 15 minutos? — Perguntou, levantando-se. — Estou organizando essas coisas, não gosto de sair e deixar tudo desarrumado.
— Estarei esperando lá embaixo. — Ela assentiu e ele fechou a porta. A verdade é que ela estava chateada, contava tanto com o estágio remunerado e agora tinha ficado para trás pela semana que ficou em casa, precisava voltar para faculdade com tudo em ordem para conseguir por conta própria. Passados alguns minutos, ela desceu as escadas e encontrou sentado no sofá.
— Vamos? — Perguntou, ele se levantou e olhou para ela. — Vai sair para caminhar com essa roupa?
— Vamos dar um passeio no parque, não correr uma maratona. — Ele rolou os olhos, fazendo rir fraco.
— Tudo bem, onde vamos? — Ele se aproximou dela, fazendo-a dar dois passos para trás, seguro em seu braço e de repente estavam em um parque.
— Não é muito seguro ficar andando perto da casa. — Explicou, soltando a mão dela, que estava paralisada. — Qual é o problema?
— Acho que já vim aqui. — Ela olhou ao redor.
— Acha? — Perguntou ele, franzindo o cenho.
— Não tenho certeza, acho que eu era criança. — Ela tinha uma sensação de familiaridade, como se aquele lugar fosse reconfortante.
— Vamos. — Disse ele, puxando-a para andar.
Enquanto caminhavam, em silêncio, observava as crianças brincando com suas mães, estranhamente aquilo não a fazia sentir nem um pouco de falta da sua, porque elas nunca haviam feito aquilo.
— Vamos parar aqui. — Disse ela, virando-se para observar o lago à sua frente.
— É isso que você faz nas horas vagas? — Perguntou ele, incomodado com a quantidade de crianças que estavam naquele lugar. Ela negou com a cabeça.
— Era o que eu gostaria de fazer, mas raramente tenho horas vagas. — Respondeu, respirando fundo. — Gosto de estar em contato com a natureza.
— Com essa gritaria de criança, fica um pouco difícil de sentir a natureza. — Resmungou ele, fazendo-a rir e virar-se para observar as crianças.
— Não são umas gracinhas? — Perguntou, ele negou com a cabeça.
— Mini humanos são mais barulhentos do que humanos adultos. — Resmungou novamente.
— Gosto de crianças, são inocentes. — Ela sorriu enquanto observava uma menininha loira construindo um castelinho no playground.
— Mas quando crescem perdem essa inocência. — deu de ombros.
— Mas não é incrível como são puros? — Ela sorriu, até que percebeu que conhecia a menina. , que a observava prestando muita atenção na criança, percebeu quando seu semblante mudou.
— O que foi? — Perguntou, olhando ao redor.
— Agora faz sentido. — Ela suspirou.
— Gostaria que fizesse sentido para mim também, fale claramente. — Bufou ele.
— A criança ali, fazendo um castelinho de areia, é minha irmã. — Disse, para o espanto de .
— Você tem irmã?
— Filha do meu pai, me lembrei por causa da foto que vi no Instagram da mulher dele. — Ela sorriu para ele. — Estamos no bairro dele, por isso conheço o parque, vim aqui até os 4 anos com ele.
— Ainda quer se vingar dele? — sorriu malicioso, ela negou com a cabeça.
— Você disse que isso era comigo, mas foi um sentimento momentâneo, não acho que ele é culpado pelo meu sequestro. — Ela se virou e voltou a caminhar.
— Mas ele te abandonou. — Disse ele, aumentando o passo para alcançá-la.
— Sim, ele errou muito em me abandonar, mas no lugar dele eu também teria ido embora. — Ela parou de andar e ficou em silêncio. — Podemos não falar sobre isso? — apenas assentiu, ela estava séria e parecia triste, preferiu não prolongar a conversa porque ele não se importava o suficiente para escutar.
— Vamos sentar um pouco. — Ele apontou para um banco e caminharam juntos até lá.
— Obrigada pelo passeio. — Ela sorriu com os lábios.
— Você sabe que não tive escolha. — rolou os olhos, fazendo-a rir.
— Mesmo assim, obrigada. — deu um sorriso largo, fazendo , que estava olhando diretamente para seu rosto, sorrir de volta.
— Senhor? — Ele escutou uma voz e se levantou rapidamente. — Rapazes! Salazar! — Exclamou o homem com um terno perto.
— O que fazem aqui? — Perguntou , enquanto os outros dois ceifadores se aproximaram.
— Estamos em uma missão, e o senhor? Estão morando aqui por perto? — Perguntou o ceifador.
— Por que quer saber? — cruzou os braços.
— Por curiosidade, sentimos sua falta na casa. — apenas deu de ombros. — Essa é a humana? — O ceifador se aproximou de e entrou na frente.
— Não se aproxime dela. — Ordenou, fazendo o ceifador recuar.
— Não precisa ficar tão tenso, só queremos conhecê-la. — Disse outro ceifador que estava junto.
— Vamos embora! — puxou pelo braço, fazendo-a levantar.
— Calma, senhor. — Os três ceifadores os cercaram. — Não podemos deixá-la ir. — De repente o tempo congelou.
— Fique atrás de mim. — Disse , assentiu.
— Não há necessidade de brigarmos, podemos conversar! Sabemos que não quer conviver com uma humana, entregue a garota para nós e fingimos que nunca nos encontramos. — O ceifador sorriu, sentiu um pouco de dificuldade para respirar.
— Acha mesmo que vai levá-la no meu turno? Quem vocês pensam que são? — arregaçou as mangas, e rapidamente evitou um ataque que vinha da esquerda, lançando o ceifador longe e fazendo cair sentada de susto.
— Não queríamos brigar, mas não podemos perder essa oportunidade, espero que o senhor entenda. — Ceifadores normais, raramente desafiavam um deus, principalmente aqueles que eram de categorias baixas, mas sentia que havia algo diferente com eles e sua sensação foi confirmada quando seus olhos ficaram amarelos.
— Vou acabar com vocês bem rápido para não assustá-la. — Os dois vieram para cima dele de uma vez só, era nítido que eram mais fortes, mas ele ainda era um deus e eles apenas ceifadores. Ele empurrou os dois para longe, o que havia atacado pela esquerda se levantou e, antes que pudesse atacar, levou um soco muito forte. O primeiro dos dois a se levantar e se aproximar dele, foi segurado e levou repetidos golpes com o joelho no rosto, até ficar desacordado. O outro não foi diferente, ele o levantou e jogou no chão com força, desferindo vários socos no rosto, até que ficasse desacordado.
— Cuidado! — Gritou , mas aparentemente não precisava, evitou o ataque vindo da esquerda e deu uma cabeçada no ceifador, jogando-o no chão ao lado dos outros dois. Ele continuou batendo no que havia se aproximado dos dois primeiro, tinha certeza de que ele havia desfigurado o rosto daquele ali. Uma poça de sangue começou a se espalhar pelo chão, fez uma espada aparecer do nada e cortou a cabeça de um deles, deixando aparentemente, apenas um vivo. O que havia atacado pela esquerda, foi o único a ser poupado.
— Não sou misericordioso, não pense que está ficando vivo por isso. — Disse, se abaixando ao lado do ceifador. — Quero que dê um recado a Penelope. — Ele puxou o homem pelo paletó, para que pudesse sussurrar em seu ouvido. — Diga para ela, que eu mesma a matarei se tentar algo contra a humana. — Disse, soltando o homem com força no chão.
— Ai! — Gritou , tropeçando em um dos mortos e fazendo virar rapidamente. — Quase caí na poça de sangue.
— Achei que estava sendo atacada. — Ele suspirou, se levantando. — Está bem? — Ela assentiu.
— Eles estão mortos? — assentiu. — Não sabia que podiam sangrar.
— Apenas quando lutamos entre nós. — Explicou, chutando os corpos. — Vamos embora.
— E o que vai acontecer com eles? — Perguntou ela.
— O que sobrou vai limpar a bagunça. — O ceifador no chão estava tremendo. — Cuide dos seus amigos. — Disse, puxando para o braço.
— Mas as pessoas vão ver. — Ela continuava olhando para trás.
— Eles estão invisíveis, mas ele vai limpar tudo, não se preocupe. — a puxou com mais força, enquanto olhava para trás, percebeu entre todas as pessoas ali congeladas no tempo, um rosto familiar, mas resolveu se calar e apenas seguir , que parou de repente, fazendo-a se chocar contra seu abdômen.
— Ai! — Ela colocou a mão na cabeça.
— Está traumatizada com o que aconteceu? — Perguntou ele, olhando em seus olhos.
— Não, eu… — Ele a interrompeu.
— Por que está olhando fixamente para dois mortos e um quase morto?
— Estava olhando para outra pessoa. — Murmurou, olhou ao redor.
— Você viu alguém que te chamou mais atenção do que dois ceifadores mortos? — Ela assentiu, fazendo-o rir. — Vamos embora. — Disse, segurando seu braço e aparecendo em casa de repente. ainda não havia se acostumado com aquilo.
— É… Eu vou subir. — Disse, sem saber o que falar naquele momento, ele assentiu.
— Tem certeza que está bem? Não quero ouvir sermão de quando voltar. — Ele cruzou os braços.
— Estou bem. — Respondeu ela. — O que acontece com eles? Quando morrem?
— Voltam a ser apenas almas e vão para onde deveriam ir. — Explicou ele. — Todos os ceifadores são pessoas que escolheram trilhar esse caminho após a morte.
— Então, já foi humano? — Perguntou, curiosa.
— Todos eles já foram, mas não se lembram sequer da sensação de serem humanos… — A barriga de roncou, interrompendo a explicação de . — Vou tomar um banho e cozinhar algo. — Disse, subindo e deixando a garota parada na escada.
— O que eles querem comigo? — Perguntou, antes que terminasse de subir.
— Não se preocupe com isso, você está a salvo. — Disse, antes de subir, e na verdade, ela só estava curiosa. Parecia que mesmo em meio àquele caos, ela estava vivendo do jeito certo pela primeira vez. E ela sabia que estava a salvo, podia sentir. Enquanto sentia medo, pela primeira vez em toda sua vida, medo de não cumprir o que tinha acabado de dizer.

Capítulo 4 — Lar

Todos os dias quando acordava, se divertia com o caos que era a sua casa. e brigando, os rapazes se divertindo às custas deles e todo aquele alvoroço logo cedo, trazia uma sensação boa. Exceto por hoje, estava de péssimo humor e era seu primeiro dia de volta na faculdade, o que aumentava seu péssimo humor. Ela resolveu dormir até mais tarde, mas os barulhos vindo do primeiro andar não deixavam, o que a fez levantar furiosa. Na medida em que descia os degraus, todos se viravam para as escadas, pois escutavam o barulho de seus pés batendo com força no chão.
— Que diabos?! — Disse, assim que deu de cara com eles. — Qual é o problema de vocês? Não tem educação? Uma pessoa não pode dormir um pouco justo no dia que tem um compromisso? — Perguntou, claramente irritada.
— Com quem você pensa que está falando? — Perguntou , cruzando os braços.
— Com 5 homens que dividem a casa comigo, não me importo se são deuses, ceifadores ou sei lá, a única coisa que eu me importo é que vocês ajam com educação!!! — Esbravejou ela, chocando a todos.
— Me desculpe, ! Não sabíamos que ainda estava dormindo. — se desculpou.
— Se vocês forem me infernizar diariamente, eu que vou ficar com o terceiro andar! — Disse, antes de subir os degraus.
— Olha, que audácia dessa insignificante, eu vou mostrar uma coisa a ela… — foi impedido por Jeremy e Jace.
— Deixe-a em paz! — Disse Jeremy. — Não é como se ela estivesse errada.
— Sim, mas nunca a vi falando dessa forma. — Stefan estava chocado. A campainha tocou.
— Quem é? — Perguntou Jace.
— Deve ser a , pediu que ela viesse hoje. — Disse , indo abrir a porta.
— Bom dia! — Exclamou assim que a porta se abriu, analisando os outros ceifadores que ela ainda não conhecia. Como ela consegue morar com tantos caras bonitos sem tirar uma casquinha? Pensou, fazendo rir fraco ao escutar seus pensamentos.
— Bom dia, ! — sorriu, tinha certeza que aquele homem havia sido feito para ela, que era dele que a vidente estava falando.
— Péssimo dia para visitar a sua amiga, acordou mal humorada. — Disse .
— É, eu imagino. — Respondeu, entrando na casa. — Que casa linda!
— Como você imagina? — Perguntou .
— Além de hoje ser o primeiro dia de volta, é um dia que é natural que mulheres fiquem estressadas. — Todos eles olharam com cara de interrogação. — Vocês sabem, coisa de mulher.
— Não sabemos não. — Disse Jeremy.
— Gente, ela está de TPM! — Explicou, apenas e entenderam o que ela queria dizer, os outros continuaram com a mesma cara. — Costumo monitorar isso, tenho que saber como vou interagir com ela e que vou precisar ser um pouco mais paciente, eu nunca vi a TPM afetar tanto alguém quanto afeta minha amiga, fica a dica para vocês, cuidado onde pisam durante essa semana. — Ela sorriu.
— Faz sentido. — Murmurou , com a mão no queixo.
— E então, onde ela está? — Todos apontaram para as escadas.
— Final do corredor. — Disse , sorrindo. subiu as escadas rapidamente e bateu à porta, até abrir. Quando abriu, parecia que estava emanando uma aura obscura.
— Credo, bem que disseram que está de mau humor. — Disse , entrando no quarto.
— Me esqueci que você viria. — fechou a porta e suspirou. — Sinceramente, que vontade de matar alguém. — Bufou.
— Você mora com cinco caras super gatos e está aborrecida? Querida, isso aqui é o paraíso! Olha o tamanho dessa casa, desse quarto, aqueles homens lá embaixo, eu adoraria estar no seu lugar. — se jogou na enorme cama de e suspirou.
— Não adoraria não. — Disse , sentando-se ao lado da amiga. — E o novo professor de penal?
— Ah, ele é bonito e inteligente, bem melhor do que aquele asqueroso do Sr. Stewart, depois que ele desapareceu, descobriram vários podres dele. — Respondeu , se sentando.
— Sério? — Perguntou , como se não tivesse visto ele sendo levado para o seu porão para pagar por seus crimes.
— Sim, ele era um escroto, ainda bem que não te indicou no estágio. — suspirou.

No primeiro andar, todos os rapazes estavam em casa, estava cozinhando e os outros estavam faxinando, já estava sentado no sofá mexendo no celular. parou atrás dele para observar o que ele estava fazendo.
— “O que fazer quando uma mulher está de TPM?” — Leu , arqueando uma sobrancelha.
— O que está fazendo? Vá cozinhar e não se intrometa na minha vida. — Disse , escondendo o celular e fazendo rir.
— Por que está pesquisando isso? — Perguntou , inclinando-se no sofá.
— Hmmm. — murmurou. — Estou tentando aprender a lidar com isso, não sei por quanto tempo ela vai continuar aqui. — gargalhou alto.
— E por que você está se importando tanto?
— Você viu o olhar mortífero que ela estava? — falou sério, Jeremy, que estava se aproximando, concordou.
— Ela estava assustadora. — e assentiram. — Nunca senti medo de uma humana antes.
— De qualquer forma, ela passa metade do dia tirando a minha paz, não quero que isso piore. — Explicou , voltando a ler e fazendo rir.
— Eu acho que ele tem razão, devíamos saber mais sobre como lidar com ela. — Disse Jeremy, voltando a faxinar.

e ficaram o dia inteiro no quarto, na maior parte do tempo reclamava de e do quanto estava se cobrando por ter ficado uma semana sem ir para a faculdade. E pensar em voltar trazia um frio na barriga que ela nunca havia sentido, ela viu levar um homem para ser torturado, foram atacados por ceifadores do mal e viu ele matar dois e deixar um quase morto, mas não havia sentido aquilo. Parte dela tinha medo de nada daquilo ser real e ela acordar de repente em um cativeiro, e a outra parte tinha medo de sentir o que ela havia sentido de novo. Ela acreditava que todo criminoso deveria ser punido, mas a raiva que ela sentiu naquele dia e o desejo de vingança, não poderia ser de um tipo bom. E foi isso que levou até ela, o que a deixava muito confusa em relação a esses sentimentos, porque estava se afeiçoando a ele e aos outros, mas existia uma parte dela que preferia não ter conhecido nenhum deles, preferia ser uma humana normal e viver uma vida normal. Naquele momento, ela sentia um turbilhão de coisas e despejava o que podia sobre . De repente, alguém bateu à porta.
— Pode entrar. — Disseram em coro, abriu a porta, mas ficou parado do lado de fora.
— Almoço. — Disse, fazendo franzir o cenho, apenas assentiu e ele desceu.
— É assim que vocês se comunicam? — Perguntou , levantando.
— Ah, depende. — Respondeu , seguindo a amiga.

O cheiro que vinha da cozinha estava ótimo e o primeiro andar estava brilhando, com cheiro de limpo, o que fez se sentir culpada por não ter ajudado na limpeza.
— Venham, eu cozinhei! — Disse , olhou para os pratos sobre a mesa de jantar e deu uma fungada para sentir o cheiro.
, o que mais você sabe fazer? Além de ser bonito, cozinha bem, preciso saber mais. — Disse ela, sentando-se, sentou ao seu lado e cutucou a amiga.
— Ah… — corou.
— Ignore-a! — Disse , pegando seu prato para servir-se. — Pare de flertar com meus colegas de casa. — Ela cerrou os olhos e levantou as mãos, em rendição.
— Hoje vocês têm aula, né? — Perguntou , assentiu.
— De que horas até que horas? — Perguntou .
— Geralmente, de uma às dez. — Respondeu .
— Esse tempo todo? — Jeremy se espantou.
— O horário é de uma às seis, mas fazemos estágio na faculdade e ficamos até às dez, quase todos os dias. — Explicou .
— Ah, é mesmo, e o estágio remunerado, ? — Perguntou , passou a mão pelo pescoço para que ele parasse de falar e parou de comer, respirando fundo.
— Não quero nem falar disso. — Resmungou.
— Tudo bem, então… — Ela o interrompeu.
— Se o Sr. Stewart não fosse um nojento, asqueroso e assediador, eu sairia hoje do estágio da faculdade e entraria na melhor empresa de advocacia da cidade, e não precisaria ficar até as dez naquele lugar, mas não, ele teve que fazer merda. — Disse, enquanto gesticulava de acordo com a sua entonação.
— Mas não existe chances de outro estágio? — Perguntou Jace, respirou fundo e fez sinal de novo para não tocarem no assunto.
— Eu posso aplicar para a vaga na defensoria pública, mas o problema é que a faculdade inteira vai aplicar e só tem 3 vagas. — Ela bufou. — Por favor, vamos comer em silêncio. — E assim fizeram, para , o silêncio era a única coisa que ele queria escutar e faziam dias que ele não sentia a paz de comer em silêncio, então, o mau humor de ajudou.

Após o almoço, foi para casa e apagou o endereço de sua memória. Antes de sair, desceu as escadas para tomar água e deu de cara com parado no último degrau.
— O que foi? — Perguntou.
— Estava subindo para perguntar a que horas iria sair. — Respondeu ele, abrindo passagem para ela.
— Por que?
— Porque te disse que iria com você no primeiro dia. — Ele sorriu forçado. — E me colocou de babá, então estarei por perto.
— Ótimo. — Ela rolou os olhos e foi até a cozinha, encheu o copo d’água e virou-se, dando de cara com um celular.
— Salve seu número no meu celular. — Disse ele, ela rolou os olhos novamente e colocou o copo em cima da bancada, digitando o número. Ele ligou para ela, que sentiu seu celular vibrar na mochila. — Salve o meu, mas caso precise de ajuda imediata, já sabe o que fazer.
— Tá. — Disse, tirando a garrafa da bolsa para encher. ficou parado esperando que ela terminasse, assim que encheu, ela guardou a garrafa na bolsa.
— Vamos? — Perguntou ele, assentiu e eles saíram pela porta. Um carro muito chique que ela sequer conhecia estava parado na frente da casa.
— Esse carro é seu? — Perguntou, ele assentiu, acariciando o carro. Ela observou bem e percebeu que era uma Ferrari. — Você tem uma Ferrari?
— Não uma Ferrari qualquer, Ferrari 812 GTS. — Ele deu uma piscadela. — Vai entrar ou vai ficar admirando meu carro? — suspirou e entrou.

Não demorou muito para chegarem na faculdade, deixando todos boquiabertos.
— Por que você chegou numa Ferrari? — Perguntou , recepcionando a amiga.
— É o carro do , ele me trouxe. — Explicou .
— Puta merda, ele é rico? — estava perplexa.
— Acho que sim. — deu de ombros.
— O que ele faz da vida? — Perguntou , enquanto caminhavam para a entrada da faculdade.
— Ele é herdeiro, passa o dia em casa torrando a minha paciência. — inventou uma desculpa, olhou para trás e percebeu que ele havia estacionado e estava parado de braços cruzados encostado no carro.
— O que ele está fazendo? — se virou para observar o que a amiga estava olhando e riu fraco.
— Intimidando meus possíveis sequestradores. — Respondeu, voltando a caminhar, sorriu.
— Que fofo. — Ela fez uma voz fina, segurando no braço de , que apenas ignorou o comentário.

deu o seu melhor para recuperar tudo que havia perdido, mas seu corpo estava esgotado. A semana em casa fez com que desacostumasse à rotina cansativa. A parte boa era que ela morava com várias pessoas ricas e podia relaxar por algum tempo pela manhã. O estágio foi a pior parte do dia, tudo estava dando errado, a máquina de xérox engasgou, os processos que ela precisava dar baixa eram intermináveis e ela sequer conseguia tirar xérox. Depois de ter perdido o dia de trabalho tentando resolver a situação da xérox, ela conseguiu despachar e dar baixa em quase todos os processos e encaminhar para a advogada responsável. Mas a quantidade de coisa que acumulou para o dia seguinte a desanimava, assim que o sinal das dez tocou, ela pegou suas coisas e correu para a saída, deixando para trás. Passou pelo pai de no estacionamento e nem o cumprimentou, assim que pôs os olhos em , correu até ele.
— Oi! — Disse ele ao vê-la. — O que foi? — Perguntou quando notou que ela não parecia bem.
— Só dirige. — Respondeu, entrando no carro e enfiando seu rosto na mochila. se manteve quieto até chegar em casa, tinha medo de perguntar. Assim que chegaram, ela desceu do carro e correu para o quarto, deixando confuso.

Ele esperou alguns minutos para ver se ela saía do quarto ou emitia algum som, mas isso não aconteceu, então respirou fundo e bateu à porta.
— Vai embora! — tinha uma voz de choro, que fez com que ignorasse o que ela havia dito, assim que ele entrou no quarto, ela enxugou suas lágrimas. — Eu disse para ir embora. — Disse, engolindo o choro.
— Você não parecia bem, vim verificar… — Ela desabou em lágrimas, fazendo-o sentar-se ao lado dela na cama. — Shhh, o que foi? — Perguntou, colocando a mão em sua perna.
— E desde quando você se importa? — Ele não podia negar que ela estava certa, mas por algum motivo, nos últimos dias tudo que ele fazia era se importar com ela.
— Eu estou aqui, não estou? Então, parece que eu me importo. — Respondeu, fazendo se arrepender do que havia dito. — Se quiser só chorar, fique à vontade, mas vou continuar aqui.
— Desculpe, a única coisa que você tem feito ultimamente é se importar, eu não sei porque disse isso. — Desculpou-se enquanto enxugava as lágrimas.
— Você não deve se desculpar, não está totalmente errada. — Os dois riram fraco.
— É que está tudo tão difícil, eu fiquei mais cansada que o normal e deu tudo errado na única coisa que tinha um equilíbrio na minha vida, ceifadores e uma ex-deusa do mal estão atrás de mim, eu perdi uma oportunidade excelente de estágio e não paro de pensar no meu pai desde que o vi naquele dia. — As lágrimas voltaram a escorrer.
— Você não me disse que viu seu pai.
— Eu meio que disse… — Ela respirou fundo. — Tentei ignorar que ele estava sendo feliz com a nova família dele enquanto me esqueceu, mas isso… — Ela colocou a mão no peito. — … tá doendo tanto, por que ele me abandonou? — Perguntou, caindo no choro e encostando a cabeça no ombro de , que pensou em se afastar, mas acabou permitindo que ela fizesse isso. — Eu passo a maior parte do tempo pensando que as pessoas que deveriam me proteger, minha mãe e meu pai, nunca fizeram isso. Eu me sinto insegura na maior parte do tempo, sinto que nunca vou conseguir alcançar nada por ter sido tão negligenciada e agora preciso de um babá 24h por dia.
— Lembra daquele dia no parque? — Perguntou ele, ela apenas assentiu. — Eu poderia ter acabado com eles de muitas outras formas, mas quis acabar com as minhas próprias mãos, para que entendessem que vou destruir qualquer pessoa que tentar te ferir, e terei prazer em fazer isso. — olhou nos olhos dele. — Não sei quanto aos seus pais, mas não precisa se sentir insegura enquanto eu estiver por perto.

— E sobre o seu pai, por que você mesma não pergunta isso a ele? — Sugeriu.
— Eu não poderia… poderia?
— Você é quem sabe. — Disse, se levantando. — Volto já. — assentiu. Não demorou muito para que entrasse no quarto com uma sacola com um pote grande.
— O que é isso? — Perguntou ela.
— Eu li na internet que quando mulheres ficam sensíveis deve-se comprar chocolate e sorvete. — Ele quase mencionou a TPM, mas lembrou-se do que leu sobre nunca mencionar isso. — Então comprei para você.
— Você pesquisou na internet? — Ela estava perplexa, todo aquele comportamento vindo dele era totalmente incomum. Ele apenas assentiu e ela sorriu, então era assim a sensação de ter um lar, pensou ela. — Por que fez isso?
— Tem noção do quanto estava assustadora de manhã? Você me irrita e importuna 24h por dia, mas hoje você deixou todos com medo, acho que Jeremy vai ter pesadelos. — Ela riu do que ele havia dito, fazendo-o sorrir. Ele entregou a uma colher para ela, junto com a sacola com os chocolates e sorvete, e sentou-se ao seu lado.

Do outro lado da cidade, Penelope tinha uma reunião com seus aliados.
— Perdemos 3 homens para Salazar, como se não fosse nada, não acho recomendável enfrentarmos um deus. — Disse um dos ceifadores, fazendo-a rolar os olhos.
— Obviamente que 3 ceifadores sozinhos e sem nenhum plano levariam uma surra. — Ela se levantou. — Se vocês seguissem as ordens, não fossem tão BURROS E QUISESSEM AGIR POR CONTA PRÓPRIA… — Ela esbravejou. — Isso não teria acontecido. — Completou, sentando-se.
— Sim, senhora. — Disse o ceifador, todos abaixaram a cabeça.
— E a mãe da garota? — Perguntou ela aos capangas humanos.
— Ela não se lembra de nada desde que nos ligou, acredito que seus amigos tenham feito uma visita à ela. — Disse o homem, fazendo Penelope bater a mão na mesa. — Mas, tem algo interessante, ela me disse que a garota foi um milagre.
— Um milagre? — Perguntou Penelope.
— Ela estava doente e teria que escolher entre a própria vida e a filha. — Explicou o homem.
— E o que ela escolheu?
— A própria vida. — Respondeu, fazendo Penelope rir.
— E onde o milagre se encaixa?
— Ela fez os procedimentos para realizar o aborto e a garota não morreu, e depois de um tempo hospitalizada a doença começou a se curar sozinha, os médicos disseram que ela poderia prosseguir com a gravidez, mas teria que realizar um procedimento para remover o útero, junto com o câncer. — Explicou.
— Sempre colocando esses seres insignificantes em primeiro lugar. — Disse, deixando todos confusos.
— Quem? — Perguntou o homem.
— Deus! Quem mais faria milagres? Vocês são estúpidos!
— Sim, senhora. — O homem abaixou a cabeça.
— Ela não orou pela criança? — Ele negou com a cabeça.
— O pai orou, ela disse que ele tinha muita fé e acredita que foi a fé dele que as salvou.
— Então, a resposta está no pai. — Ela colocou a mão queixo. — Onde ele está?
— Não sabemos, ele as abandonou quando a menina tinha 4 anos.
— Ele orou para salvar a vida da criança e as abandonou? — Penelope arqueou uma sobrancelha. — Acho que sei o que está acontecendo aqui. — Disse, sorrindo malicioso. — Escutem, preciso que mexam no fundo da mente da mãe da garota e encontrem alguma justificativa para o pai ter abandonado as duas, antes que Salazar descubra.

Capítulo 5 — Filhos

acordou no dia seguinte se dando conta do que havia acontecido na noite anterior, ela nunca havia colocado todos aqueles sentimentos para fora, estava vivendo guardando tanta coisa dentro de si, tantos medos, tantas mágoas e nunca havia percebido, até aquele momento. , mesmo sendo indiferente na maior parte do tempo, foi quem a fez colocar uma parte de tudo aquilo para fora. Talvez fosse a indiferença dele que a deixou confortável para isso, mas depois de tudo que ele, estava confusa. Ela respirou fundo e levantou-se, fazendo um leve alongamento matinal e caminhando até o banheiro. Pôs-se debaixo da água fria, sentindo como se a água estivesse levando tudo de ruim, que ela havia se lembrado, pelo ralo. Após terminar o banho, escovou os dentes e encarou seu próprio reflexo no espelho do banheiro por longos minutos, terminou de enxugar os cabelos, deixando-os úmidos e trocou de roupa. Olhou ao redor, percebendo a pequena confusão que estava em seu quarto, graças à noite anterior, e resolveu limpar, sua mente já estava confusa o bastante para olhar ao seu redor e ver que estava se expandindo para seu ambiente. Depois de separar o que era lixo, a roupa suja e guardar as outras coisas, desceu com o cesto e o lixo na mão. Os rapazes estavam em círculo na sala, como se conversassem algo sério, percebia a expressão de quando o assunto não era tão agradável. Ela passou despercebida por eles, fazendo-a concluir que o assunto realmente era sério, levou o lixo para fora e caminhou até a lavanderia, separando suas roupas e colocando-as na lava e seca, sendo surpreendida por Jeremy.
— Ei! — Exclamou ele, entrando no lugar. — Bom dia, quando desceu? — Perguntou ele, , que estava abaixada, fechou a porta da máquina e levantou-se, virando-se para ele.
— Bom dia! — Respondeu, sorrindo e batendo as mãos uma na outra, como se estivesse limpando-as. — Acabei de descer, estava organizando meu quarto.
— Hum. — Jeremy inclinou a cabeça, encarando a máquina. — Bom, estava indo chamá-la, vamos até a sala. — Disse, abrindo espaço para ela, que apenas assentiu e caminhou em direção a sala.
— Você já desceu?! — estava surpreso, não havia se dado conta que ela passou por ali. , que estava descendo as escadas, se surpreendeu com ela.
! Bom dia! — Exclamou.
— Bom dia! — Ela sorriu. — Vocês pareciam estar tendo uma conversa séria, então, não quis interromper. — assentiu, caminhando até o sofá e sinalizando para que ela se sentasse.
— Nós vamos precisar nos ausentar no fim de semana, por isso, vai levá-la para outro lugar. — Explicou.
— No fim de semana? — Indagou, assentiu. — Mas no fim de semana eu tenho um compromisso. — Murmurou, fazendo rolar os olhos.
— Ceifadores tentaram te atacar, e você quer ir à um compromisso? — Perguntou , ela assentiu.
— Eu imaginei que você poderia ir comigo, ou ficar por perto… — a interrompeu.
— Você está escutando isso??? — Dirigiu-se à . — Isso é porque você acha que eu sou babá, sou obrigado a ir onde ela quer ir. — Ele cruzou os braços, fazendo rir fraco. — Eu não vou, e se quiser morrer, pode ir sozinha.
… — foi interrompido por ela, que se levantou.
— Então, eu vou sozinha! — A garota cruzou os braços, encarando , para espanto de Jace e Stefan, fazendo Jeremy rir e respirar fundo.
— Tudo bem, se prefere a morte, pode ir! — deu de ombros.
— Eu vou mesmo, não é da sua conta se vou morrer ou não, você finge que se importa quando é conveniente! — Ela franziu o cenho e parecia que iria cuspir fogo.
— Quer saber?! Eu preferia mesmo que você… — Antes que pudesse terminar de falar, ele desapareceu, fazendo passar o polegar e o indicador sobre a testa.
— Para onde ele foi? — Perguntou , em choque.
— Ele foi chamado.

Não termine essa frase. — escutou uma voz infantil, e virou-se para identificar de onde vinha. — Você vai se arrepender se terminar, e não é uma ameaça, você realmente vai se arrepender se magoá-la.
— Por que o Senhor acha que eu me importo?
— Eu sei que se importa. — O garoto se aproximou dele. — Vocês são meus filhos, os conheço melhor do que vocês mesmos.
— Por que me chamou aqui? — estava irritado. — Disse que não iria interferir na minha vida.
— Desde que você não diga ou faça coisas que vão te assombrar pelo resto dos seus dias, não se esqueça, um dia ela morreria e esqueceria tudo isso, mas você iria viver para sempre e remoer todo dia o que disse.
— Ela é tão importante assim para o Senhor?
— Todos os meus filhos são. — O garoto sorriu. — Salazar… , eu gosto desse nome, volte para lá e impeça você mesmo de se tornar um poço de arrependimento.
— Me trouxe até aqui para me dar conselhos, e não me dá um direcionamento sobre toda essa situação?
— Sabe o que os pais amam mais do que eles mesmos?
— Não.
— Os filhos. — O garoto sorriu. — Não existe amor maior do que um pai por um filho, nenhuma oração é tão poderosa quanto a de um pai que quer salvar o próprio filho.
— O que isso quer dizer?
— Você me pediu um direcionamento. — O garoto deu uma piscadela.

— Que diabos que direcionamento é esse? Não fale em códigos! — esbravejou, mas percebeu que ao seu redor não existia mais um vazio branco brilhante.
— Você está de volta. — murmurou.
— Quanto tempo fiquei fora? — Perguntou, todos estavam na mesma posição, então, ele imaginou que foram segundos.
— De 5 a 10 segundos. — Jeremy encarou o relógio em seu pulso.
— O que o Pai queria? — Perguntou .
— Se meter na minha vida. — rolou os olhos. — E me dar um enigma para desvendar.
— Então, desvende. — se levantou. — Terminamos por aqui.
— Mas e sobre o final de semana? — Perguntou .
— Conversaremos até lá. — sorriu. — . — Disse, sério, entendeu que deveria segui-lo. Os dois subiram até o escritório de , que fechou a porta.
— O que quer? — Perguntou .
— Não pode dizer que prefere que ela morra! — estava claramente bravo. — Ela tem sentimentos, e se você disser isso e ela for embora?
— Eu a encontro.
— Não pode agir assim. — bufou. — Ele te chamou por isso, não foi? — assentiu.
— Disse que estava me impedindo de dizer algo que eu iria me arrepender. — Respondeu, rolando os olhos.
— Ela sentiu que você ia dizer aquilo, dê um jeito de se redimir e de levá-la para a cabana no fim de semana, precisamos ir no templo e se ficarem aqui, talvez cheguem até vocês.

Sexta-feira, 23:00.

estava na sala, assistindo um filme com Jeremy, que insistiu muito e até fez pipoca. estava no quarto dela, arrumando suas coisas para o final de semana, sem que ela soubesse, de acordo com sua pesquisa no Google. Havia subornado Jeremy para que distraísse , e garantiu a que tinha toda a situação sob controle e que ele não precisaria se preocupar. Se sentia um pouco invasivo mexendo em peças íntimas, mas não tinha escolha, com toda energia sendo concentrada no templo, ele não conseguiria manter a barreira de proteção e defendê-la ao mesmo tempo. Precisava fazer aquilo.

Sábado, 4:00.

virou-se na cama e de repente caiu no chão, úmido e duro, ao invés de um tapete fofo. Abriu seus olhos devagar e se deu conta de que aquele não era seu quarto, observou uma pequena iluminação vindo de longe, e quanto mais se aproximava, mais quentinho ficava. Alguém estava sentado em um sofá de frente para o que parecia ser uma lareira, ela olhou ao redor e viu uma espingarda no canto da parede, andou nas pontas dos pés e segurou, sem jeito, a arma em suas mãos.
— Solta isso. — Ela escutou a voz de , tomando um susto e deixando a arma cair no chão.
— É você??? — Ela correu até ele. — Que lugar é esse?
— É onde vamos passar o final de semana. — Ele virou a velha cadeira de balanço acolchoada para ela, com um sorriso nos lábios.
— O fim de semana… — murmurou e olhou ao redor, cogitando pegar a arma de novo. — Eu disse que não viria!!!
— Não tinha outro jeito, ! — Ele se levantou, aproximando-se dela.
— É claro que tinha! — Ela começou a bater nele. — Isso é sequestro!!! — Esbravejou, enquanto batia cada vez mais.
— Chame do que quiser, eu chamo de manter você segura. — Respondeu, segurando os braços da mulher.
— Eu vou gritar! — Avisou antes de começar a gritar.
— Pode gritar, ninguém vai ouvir. — Ele soltou os braços de . — Só os ursos. — Completou, fazendo-a parar.
— Você me trouxe para uma floresta com ursos??? — Ela estava incrédula.
— Não é como se eu não pudesse te proteger de ursos. — riu fraco. — Mas se me irritar, deixo que eles levem pelo menos um dedo para palitar os dentes.
— Por que não me deixa morrer logo? — Perguntou ela, fazendo mudar o semblante no mesmo momento, todas as vezes que fazia alguma pergunta do tipo, graças ao próprio comportamento dele, era como se levasse um soco no estômago. — Sei que era isso que ia dizer. — Agora ele entendia o motivo de ter sido interrompido, suspirou e caminhou até ela.
— Não tenho a intenção de deixá-la morrer. — Ele se aproximou dela, que o encarava de igual para igual, sem bambear. — Nunca.
— Não é o que você demonstra. — bufou.
— Não simpatizo com humanos. — Ele deu de ombros. — Todos são inferiores e medíocres… — fez menção à interromper, mas foi interrompida primeiro. — mas você, você é… diferente. — Ela sentiu seu rosto queimar assim que as palavras de alcançaram seus ouvidos, ele mantinha o olhar firme, no fundo de seus olhos, e ela não queria demonstrar que estava balançada, porque ele sempre fazia isso com ela e depois mudava de comportamento, então fazia o mesmo.
— Se eu sou diferente, por que uma hora me trata bem e outra hora me trata mal? — A garota cruzou os braços, fazendo-o rir fraco.
— Eu sempre te trato bem. Do meu jeito, mas trato.
— Então, você precisa repensar seu conceito de tratar bem. — Ela deu de ombros, ele riu fraco e se aproximou mais, quando se deu conta que ficaria entre ele e a parede virou de costas em uma tentativa de fuga, fazendo com que a puxasse para perto, chocando-se contra seu peito.
— Então, me ensina. — Ele podia sentir sua respiração, enquanto a segurava pelo pulso, notou que sua pulsação estava acelerada. sentia seu sangue ferver, mas não recuava, não importava se ele era um deus, eles eram iguais naquele momento.
— Você é um ser superior, pode aprender sozinho. — Respondeu, desvencilhando-se. Virou de costas para ele em um longo suspiro, estava em uma grande batalha interna para conseguir resistir aos desejos que sentia naquele momento, assim como ele.
— Tem razão. — Respondeu ele, passando a mão no cabelo. Ele a odiava por ter fugido, mas achava que era o melhor. — Por que não volta a dormir? Ainda é cedo.
— É, eu acho melhor.

Ao longo do dia, buscou lenha para fazer o almoço, enquanto o observava pela janela. Por mais que ela quisesse resistir aos seus desejos, ele era realmente um deus, mas em aparência. Ela já havia namorado e conhecido homens bonitos, mas tinha algo nele que fazia seu corpo ferver, só de escutar sua voz. Talvez o fato dele realmente ser um deus interferisse nisso, mas ela não podia se deixar levar, quando tudo acabar, ela não vai mais se lembrar dele. Só tem que aguentar mais um pouco.
Assim que ele entrou na casa, ela foi ajudá-lo a acender o fogão.
— Tem certeza que é assim? — Perguntou ela, ele resmungou que sim. — Não me lembro do meu pai fazendo assim.
— Porque seu pai era… — Ele tinha vontade de dizer burro, mas repensou antes de falar. — Seu pai não tinha o mesmo conhecimento que eu. — O fogo logo se acendeu, fazendo bater palminhas de alegria. — Eu disse. — Ele bateu as duas mãos.
— O que vamos cozinhar? — Perguntou ela, olhando todos os ingredientes.
Curry. — Disse ele, lavando as mãos, fez uma cara confusa, nunca havia cozinhado curry antes. percebeu que ela parecia não saber por onde começar. — Vai picando os tomates e depois tirando as sementes das pimentas. — Ela assentiu, parecia saber bem o que estava fazendo.
Depois de seguir as orientações de e esperar que ele terminasse a receita, o curry estava pronto.
— O cheiro está ótimo. — Disse , sendo servida por .
— Eu sei. — Ele não tinha fome como os humanos, mas adorava saborear comida boa.
— A última vez que estive em uma cabana assim foi com o meu pai, pouco tempo antes dele ir embora. — sorriu, olhando ao redor.
— Ele foi um bom pai? — Perguntou . — Pelo menos pelo tempo em que ficou com você. — assentiu.
— Meu pai me ensinou a ter fé, ele disse que foi a fé e o amor que ele sentia por mim que salvaram a minha vida. — Respondeu, colocando uma colher do curry na boa. — Hummm.
— Como assim salvaram a sua vida? — Perguntou .
— Minha mãe estava grávida de mim e descobriu um câncer no útero e iria precisar abortar, meu pai dizia que ele me amou tanto desde o momento que soube de mim, que não suportava a ideia de me perder, mas não queria perder a minha mãe também. Então, ele pediu muito a Deus para que salvasse nós duas, e ele disse que Deus escutou, aqui estou eu. — Ela sorriu. — Pode perguntar a Ele um dia? Se Ele escutou mesmo? — assentiu, sorriu e voltou a comer, deixando-o pensativo. “Não existe amor maior do que um pai por um filho, nenhuma oração é tão poderosa quanto a de um pai que quer salvar o próprio filho.”
Talvez agora aquilo fizesse sentido, era um milagre. Um milagre que foi salva duas vezes por divindades, que teve seu destino mudado duas vezes. Talvez ele devesse agradecer ao seu Pai por se importar tanto com os humanos.



Continua...



Nota da autora: oieee meus amores, espero muito que vocês estejam gostando de acompanhar a fic, agradeço pelos comentários e vem romance e muitas revelações por aí, beijinhos <3



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