O iate balançava suavemente com o dançar das ondas.
- Awn, George... – a mulher gemeu.
Suspirei. Odiava ser estraga prazeres. Naquele caso, literalmente falando.
Pela fresta da porta, assistia a cena calmamente, esperando pelo momento certo. Ela estava de quatro, rebolando como uma cachorra no cio, e ele a comendo por trás quase como um animal. Ok. Chega da sessão privê.
Um tiro no peito foi suficiente para que ele caísse morto em cima da cama, arrancando um grito desesperado da mulher.
- QUEM ESTÁ AI?
Sorri pra mim mesma. Sempre as mesmas perguntas...
Afastei a porta, entrando no quarto. O cômodo era espaçoso, muito bem decorado em tons pastéis. A cama era imensa, completamente branca. Confesso, adoraria transar nela se o colchão já não estivesse tão nojentamente sujo de sangue e sêmem.
Beatrice Mhalbare encolhia-se na cama, enrolada por entre os lençóis que cobriam seu corpo nu.
- Quem é você? O que você quer? – a respiração descompassada misturava-se a sua voz agudamente irritante.
- Você já devia esperar por um encontro nosso, Bea. – ri. - Os diamantes.
- Que diamantes?
- Não seja idiota! – bradei, apontando-lhe a arma na direção do rosto, séria. – Os. Diamantes. – repeti pausadamente como se ela fosse uma débil retardada. Não que ela realmente não fosse. Voltei a sorrir. – Agora.
- Certo, eu... Calma. – Beatrice pediu. Levantou-se hesitante e seguiu apreensiva até um aquário que ali havia.
Aproximei-me enquanto de lá ela tirava uma peça do habitat dos dois peixinhos dourados. De dentro da peça, tirou um saquinho preto, que me entregou trêmula.
Abri o saquinho para conferir seu conteúdo, o que acabou dando a Beatrice tempo suficiente para que ela batesse em minha mão e fizesse minha arma voar longe. Beatrice saiu correndo, fazendo-me rir de sua ignorância. Guardei o saquinho no bolso de minha saia de couro e corri atrás da loira ovo que se embolava com os lençóis e quase tropeçava ao querer fugir.
Agarrei-a pelos cabelos, imobilizando-a.
- Da próxima vez, tente não ser tão idiota a ponto de se envolver com um comerciante ilegal de diamantes. E de não comprar uma tintura tão vagabunda pro seu cabelo também. – E, puxando o punhal preso em minha coxa, cortei-lhe a garganta num só movimento.
- Bom trabalho, . – aquela voz rouca, tão conhecida, soou, arrancando-me um sorriso dos lábios.
Virei meu rosto em sua direção.
estava encostado na proa do barco, encarando-me com um dos braços cruzados no peito. O outro segurava nas mãos um cigarro já pelo fim. A brisa tropical daquela praia desgrenhava seus cabelos. A luz da lua deixava o de seus olhos mais intenso, e seu sorriso ainda mais atraente.
- Como sempre. – respondi convencida.
riu, dando uma última tragada em seu cigarro antes de jogá-lo no mar. Limpei o sangue da faca nos lençóis da mulher aos meus pés, e voltei a prendê-lo em minha coxa por debaixo da saia. Então voltei a olhar para .
Ele usava uma camisa estilo pólo, azul marinho, combinando com o jeans escuro de sua calça. Como de praxe, o revólver encaixado no cós.
- Você demorou hoje. Achei que apareceria com os diamantes já cravados no seu emblema do FBI. – brinquei, parando em sua frente.
riu aquela risada rouca que me fazia estremecer.
- Tive que fazer uma ponta em outra missão.
- Achei que eu fosse sua prioridade, .
- E é, mas eu precisei dar um jeito nuns tiras russos.
- Hm. Mas ah, sem joguinhos dessa vez? – forcei um tom entediado, disfarçando meu sorriso.
- Posso improvisar alguma coisa... - acariciou meus braços nus, descobertos pela blusa frente única que vestia, também de couro preto, entrelaçando suas mãos às minhas. Colocou-as em minhas costas e puxou-me pra mais perto de seu corpo.
Seus lábios se uniram aos meus em um selinho, logo deslizando para meu pescoço. O arrepio fora imediato. Fechei os olhos, deixando-me envolver por aquela sensação maravilhosa. O tilintar de metal surpreendeu-me, e a leve frieza em meu pulso esquerdo arrancou-me uma gargalhada.
- Algemas? É algum tipo de fetiche? – perguntei, ainda sem conter meu riso.
- Talvez. – o sorriso sacana que brotou no rosto de levou-me a morder o canto da boca, numa expectativa excitante do que estava por vir.
Permiti que prendesse meus pulsos pra frente do corpo, e me beijasse com vontade quando me agarrou pela cintura. Encaixei minhas pernas por entre as dele, deixando minhas mãos espalmadas em seu peito.
Nossas línguas brincavam sedentas uma da outra, daquele mesmo jeito ardente de sempre, contudo, os beijos de pareciam melhorar a cada vez que nossas bocas se encontravam. Uma de suas mãos percorreu, sem nenhuma pressa, toda extensão das minhas costas até a nuca, segurando firme meu cabelo.
- Hm... – mordi seu lábio, arrepiada.
sorriu e apertou minha cintura, desviando a boca da minha para o meu pescoço. Senti-o puxar meu cabelo com certa força, fazendo-me inclinar a cabeça pra trás, e sua língua não demorou a deixar rastros por minha garganta. Remexi os pulsos, agoniada. Eu precisava tocá-lo, provocá-lo da mesma forma como ele estava fazendo comigo.
Sua mão soltou meu cabelo, e numa rasteira rápida me desequilibrou, aparando-me de imediato nos braços. Esperei até que ele me deitasse sobre o acolchoado da proa, e se deitasse por cima de mim, encaixando-se entre minhas pernas. Encaramo-nos e sorrimos, não sei dizer se um sorriso safado, travesso ou apaixonado. Dificilmente eu conseguia dizer alguma coisa sobre .
Suas mãos acariciaram minhas coxas, erguendo consigo minha saia ao irem em direção aos meus quadris. Levantei minhas pernas na altura de sua cintura, entrelaçando-as por ali. Enquanto distraía-se acariciando minha barriga e seios, olhando-me tão desejosamente como um lobo que almeja sua presa, aproveitei para, num movimento um tanto brusco, trocar de posição com ele.
- Como...? – ele balbuciou surpreso quando fiquei por cima.
- Treinamento básico de defesa, . Você faltou essa aula? – eu disse enquanto passava minhas mãos presas por trás de seu pescoço, sorrindo de canto.
Aproximei meu rosto do dele, selando nossos lábios. Sentia os arrepios tomarem conta de meu corpo, não sei se por conta das mãos e da excitação de , na qual eu roçava meu corpo a fim de provocá-lo, ou se por causa da brisa salgada que se misturava aos respingos de suor que já brotavam tanto em meu corpo, como no dele.
Não sei dizer em que instante se desfez do próprio cinto, abaixando a calça até os joelhos. Sei que logo em seguida eu sentia seu membro pulsar ao roçar minha intimidade, ainda por sobre a calcinha. Calcinha essa que tratou de puxar para o lado, tocando-me diretamente.
Seus dedos me acariciavam e atiçavam, arrancando-me gemidos arrastados e agoniados. Segurei seu cabelo, colando minha testa na dele.
- Não me provoca desse jeito, ... – sussurrei.
- Já disse o quanto você me excita me chamando assim? – ele mordeu meu lábio, puxando-o ao mesmo tempo em que eu sentia sua cabecinha penetrar-me devagar.
Rebolei, forçando-me contra seu corpo, mas suas mãos seguraram com força minha cintura, impedindo-me de sentar por completo sobre ele. Tentei mais uma vez, e ele permitiu que uma maior onda de prazer me invadisse.
- Ah, ...
Não foi preciso mais do que isso para que ele investisse com força, passando a acelerar o próprio ritmo. Ali sim era o de sempre. O meu .
O céu começava a clarear, apagando lentamente o brilho das estrelas. O iate balançava no mesmo ritmo compassado e sereno das ondas cristalinas e pacatas. O sol, muito aos poucos, começava a salpicar sobre o mar no horizonte.
- Você não acha meio macabro? – perguntou em meio uma leve risada.
- O quê? – virei meu rosto em sua direção.
Nós estávamos sentados na proa, eu por entre suas pernas. Suas mãos abraçavam minha cintura e seu queixo apoiava-se em meu ombro.
- Nós sempre fazermos sexo com corpos agonizando por perto.
Encarei-o por alguns instantes, antes de começar a rir.
- Você realmente liga pra eles, ? – perguntei, dando-lhe um selinho em seguida. – Antes os mortos do que os vivos, ou mortos estaríamos nós dois.
suspirou ao me ouvir, voltando a encarar o mar. Fiz o mesmo. Um breve silêncio se fez, antes de ser cortado por ele.
- Você acha que, um dia, nós dois...?
- Não. – o interrompi. Voltei a olhá-lo. – Não existe nenhuma chance de ficarmos juntos.
- Então, por que continuamos insistindo nessa loucura?
- Porque é uma loucura. Já pensou o quão chato e tedioso seria se fossemos pessoas normais? Não teríamos tido metade das transas que já tivemos. – eu disse numa tentativa de não responder com sinceridade àquela pergunta.
- Às vezes eu gostaria que nós fossemos pessoas normais. Um casal normal.
Senti meu estômago revirar, e por um breve segundo minha respiração falhar com a palavra “casal”. Seu olhar desviou-se do meu, enquanto eu ainda sentia meu corpo travado, sem qualquer tipo de reação.
Um tom de azul claro já tomava conta de quase todo o céu, e finalmente os raios do sol se sobressaíam ao longe. Toquei o rosto de , fazendo-o me encarar. Seus olhos eram de uma imensidão tão absurda que eu podia sentir-me perdida neles. Aproximei os lábios daqueles que se encaixavam tão perfeitamente aos meus e lhe dei um selinho demorado, me afastando em seguida.
- Hora de ir. – suspirei, fazendo menção de levantar.
- Onde você pensa que vai? – segurou meu braço, impedindo-me. – Eu tenho que te prender, .
Não contive uma risada alta, o que acabou pro fazê-lo rir também. Dei-lhe mais um selinho.
- Certo, . Fica pra próxima missão. – nós sorrimos e ele me soltou, deixando que eu levantasse.
O dia já estava completamente de pé quando liguei o motor do jet ski. Passei devagar pela frente do iate, de onde me olhava. Sorrimos um para o outro e eu me atrevi a mandar-lhe um beijo no ar, o que o fez rir e piscar pra mim. Respirei fundo e acelerei, fazendo a volta e seguindo para a outra extremidade da praia. Não olhei por cima do ombro, mas sabia que ele só sairia de onde estava quando já fosse impossível me ver.
Mais uma vez nós nos deixávamos ir. Por pena, culpa, por sentimento. Mais uma vez nós nos obrigávamos a dizer adeus, certos de um próximo destino, um futuro muito breve que nos uniria de novo. Futuro esse, paralelo a um outro mais breve ainda, do qual nós não tínhamos escapatória. E quanto mais nós o ignorávamos, mais ele nos encurralava.
Suspirei, deixando que a água do mar respingasse em meu rosto. Eu já estava envolvida demais, sabia disso. Estava sendo cada vez mais difícil me afastar de , e cada vez mais perigoso me aproximar. Ao contrário do que ele desejava, nós não éramos e nunca seríamos um casal normal. Para começo de conversa, não deveríamos nem nos definir como um casal. Mas já era tarde demais.
Fim.
N/A: Oi gente! É um prazer estar por aqui de novo. Não sei vocês, mas eu achei que essa segunda parte focou mais no sentimental dos personagens do que no “rala e rola”. E vocês, o que acharam? Se não gostaram, eu prometo que a parte três vai ser melhor. Bem melhor, sério. Já comecei a escrever, e uma pessoa em especial terá uma pequena surpresa com ela, hahaha.
Alguém quer chutar o destino da próxima missão? Quem acertar eu respondo qualquer curiosidade que a pessoa tiver sobre a série! Haha.
Enfim, eu gostaria de mandar um beijo a todo mundo que está acompanhando a série Fuga, e se puderem divulgar, indicar e tal, eu ficaria infinitamente feliz. E vamos aos comentários! Beijos!