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Contador:





Prólogo


- Minha menina – ele sussurrava e beijava os cabelos esvoaçantes da garota - eu queria tanto te pedir pra ficar mas eu sei que não posso – apertou mais o abraço tentando fazer com que sua voz não falhasse tanto – Vou sentir sua falta todos os dias – sua voz saiu rouca e fraca mesmo assim.
- - A garota se agarrou mais a ele, era como se sua vida dependesse disso – eu…. não…. quero ir.
Por mais que tentasse controlar seus soluços e o choro, ela tremia abraçada a ele
- Olha pra mim, – era possível ver as poucas lágrimas que derramara, ele odeia chorar – Você precisa ir baby, mesmo a distância eu estarei com você e não vou te deixar, Wonderwall, lembra?!-
-Promete?! - olhou no fundo dos olhos dele, sempre confiou nele e sabia que seu olhar nunca mentiria pra ela, ele piscou fazendo algumas poucas lágrimas caírem.
- Prometo disse baixo e uma certeza ela tinha: estaria sempre com ela de alguma maneira



Capítulo I



’s POV

Mais um dia começando em Londres e parece que eu não dormi nem por meia hora, meu corpo ainda está dolorido devido ao show de ontem, meu celular já está berrando há uns cinco minutos que é hora de levantar, olho no visor e são apenas 06:30 da manhã, levanto minha cabeça só um pouquinho para tentar ver pela fresta aberta da cortina o clima que está lá fora mas desisto quando meu corpo volta a doer. Que droga. Bufei jogando o edredom para o lado me arrependendo no segundo seguinte em que o ar gelado atingiu minha pele, me cobri novamente mas minha alegria acabou quando ouvi as típicas batidas na porta e Paul me chamando do lado de fora
-Hora de levantar, , vamos lá
- Tô indo – disse alto o suficiente para que ele ouvisse, bocejei me espreguiçando e levantei da cama em seguida. Indo direto para debaixo do chuveiro, a água quente fazia com que o cansaço que ainda estava em meu corpo desaparecesse, e eu conseguisse relaxar, sem nem perceber comecei a cantar Wonderwall, fechei meus olhos e vi , minha ex-melhor amiga, essa costumava ser “nossa” música, ela me acompanhava e sempre ao final da música soltava uma de suas gargalhadas inconfundíveis. Acabei rindo com esta lembrança e sai do banho com a mente cheia de lembranças da , como eu sentia falta daquela sequelada mas nem sei se ela voltou do Brasil ou se um dia vai voltar. Assim que voltei ao quarto encontrei três marmanjos empoleirados na minha cama
- Huum acordou de bom humor então – ouvi , a preguiça em pessoa que estava deitado com os olhos quase fechando e a voz rouca, quase babava em meu travesseiro, estava ao seu lado parecendo um pouco mais acordado.
-You're my wonderwaaaaaaaaaallll – fingia ter um microfone e cantava totalmente desafinado, todo mundo estava com a cara amassada e os cabelos espetados para todos os lados, ri enquanto passava a toalha por meus cabelos e um coral superdesafinado surgiu cantando Wonderwall mais uma vez. Assim que terminamos colocou só a cabeça para dentro do meu quarto com a cara mais amassada de todas.
- Calem a boca – resmungou, entrando no meu quarto e parecendo um zumbi se arrastou até a cama se jogando em cima de e que se afastaram minimamente nem deixando espaço para que ele se ajeitasse na cama.
- Então é isso mesmo, ninguém vai trabalhar hoje não?! – Perguntei enquanto colocava minha calça e ninguém se mexeu, parecia que voltou a dormir enquanto e se esforçavam para tirar um sonâmbulo de cima deles, até que Paul apareceu no meu quarto, ele provavelmente estava procurando a todos, porque assim que entrou cruzou os braços olhando para cada um de nós, eu apenas dei de ombros enquanto Paul começava mais uma saga para fazer com que eles se mexessem, geralmente eu dou mais trabalho mas hoje estou dando uma trégua e me divertindo vendo o Paul quase jogar água pra fazer todo mundo levantar correndo. Depois de muito trabalho todo mundo saiu daqui e foi se arrumar, estávamos quase atrasados e Paul odeia atrasos, então em menos de meia hora ele fez com que todos estivéssemos prontos e a caminho da rádio.
Passamos no Starbucks, e, enquanto Paul ia buscar nossos cafés, eu observava as poucas pessoas que passavam pela rua naquele horário, a maioria a caminho do trabalho ou da escola, eu vi uma garotinha linda que atravessava a rua com sua mãe, ela olhava para o nosso carro com a testa franzida, quando elas chegaram bem perto, sorri para ela sem saber ao certo se ela podia mesmo me ver, sim, ela podia me ver porque assim que sorri ela abriu a boca chocada olhou para a mãe dela que nem prestava atenção, voltou o olhar para mim novamente acenou e sorriu sumindo de vista com sua mãe logo em seguida. Ainda sorria por causa da garotinha quando meus olhos se voltaram para o outro lado da rua e me arrepiei, uma garota que aparentava ter a nossa idade, também esperava para atravessar a rua, com fones no ouvido e as mãos dentro do casaco, ela olhou na direção do nosso carro e não me viu, mas eu conhecia aqueles olhos, eu jamais esqueceria aquele olhar, ela olhava para o Starbucks e quando passou pela frente do carro eu pude ver ela mordiscar seu lábio inferior em seguida entrou no Starbucks passando por Paul sorrindo levemente para ele que estava saindo. “Meu Deus, é a ”.
Quase saltei do carro para falar com ela, mas foi só pensar nisso que Paul entrou no carro entregando nossos cafés e dando sinal para que partíssemos. Acompanhei a entrada do Starbucks o quanto pude mas viramos na esquina seguinte e me virei novamente para frente, frustrado, eu precisava voltar lá, cacete. Assim que peguei meu café, senti me olhando com uma sobrancelha erguida, eu não queria contar quem era agora, eu ainda nem tenho certeza se é ela mesmo. Apenas fiz um sinal com a mão indicando que depois eu falava, fiquei em silêncio todo o caminho tomando meu café querendo mais que tudo voltar lá para saber se era ela mesmo ou não.
Na entrada da rádio algumas fãs nos esperavam, tentamos dar atenção a todas mas já estávamos em cima da hora então tivemos que correr para dentro do prédio da rádio onde uma garota muito bonita nos esperava sorrindo
- Bom dia, meninos, meu nome é e eu vou auxiliar vocês nesta manhã – Ela tinha um sotaque diferente, quase certeza que ela não é britânica, pelo visto pensou a mesma coisa tanto que enquanto ele a cumprimentava com um beijo no rosto pude ouvir ele perguntar.
- Prazer, , desculpa mas esse seu sotaque…. você não é daqui né?! – ela sorriu para ele enquanto cumprimentava a todos nós da mesma maneira que fez com .
- Não, eu sou brasileira – Como eu era o último na fila, assim que ela respondeu seu olhar cruzou com o meu e tinha algo no jeito como ela me olhava, não, não era algo tipo “quero você” nem nada, tinha algo implícito naquela resposta, me apresentei mesmo sabendo que ela já nos conhecia.
– Prazer, – ela sorriu amarelo e consegui ouvi-la dizer bem baixinho – Eu sei
Essa garota é estranha e eu não gosto do jeito como ela olha pra mim, nos guiou até uma sala para tirarmos algumas fotos de divulgação da rádio, em seguida fomos para a cabine onde seria a entrevista, e cada hora o comportamento desta tal de quanto a mim fica mais estranho, não sei se é coisa da minha cabeça mas acho que ela vai me bater daqui a pouco
- Onde eu pego água? – pediu a que sorriu e entregou uma garrafa fechada para ele, há meia hora, eu pedi a mesma coisa, ela entregou a garrafa aberta pra mim, fazendo questão, claro, de derramar um pouco de água na minha calça, e riram baixo porque já perceberam a antipatia dela por mim
Ao final da entrevista, tinha sumido e todos os meninos estavam me zuando
- Ou ela te ama ou ela te odeia – bateu em meu ombro enquanto nós esperávamos que tinha ido no banheiro
- E eu nunca a vi na vida, juro por Deus – disse rindo achando tudo isso engraçado mesmo sem entender, trouxeram alguns CDs e camisetas para irmos autografando, voltou do banheiro, se sentou ao meu lado rindo
- – ele me chamou um pouco mais baixo, me aproximei dele enquanto ele ria levemente – Quem é ?
Para ele podia ser uma pergunta simples mas para mim esse nome carregava muito mais significado do que eles podiam imaginar, paralisei sentindo meu coração vacilar em uma batida, senti o sorriso que estava em meu rosto se desfazer um pouco, olhei diretamente em seus olhos e ele recuou um pouco
- Hey, calma - ele colocou a mão no meu ombro e se aproximou novamente – A garota lá, a , eu ouvi ela falando no telefone que tinha vontade de te bater, mas queria que essa estivesse junto, e te batesse mais que ela. Achei engraçado e sexy – ele disse analisando minha reação, pude sentir que estava ficando pálido, pensei que nunca mais fosse ouvir alguém falando dela, minhas saudades dessa maluca era algo que eu sempre guardei pra mim, somente minha mãe sabe a importância e o tamanho da dor que eu senti quando minha melhor amiga foi embora para o Brasil. Somente a possibilidade de saber alguma notícia dela fez meu coração pular, levantei rápido e olhei ao meu redor não vi por ali, olhei para que me olhava como se eu fosse um louco e no momento eu não posso discordar
- Onde você a viu? – apenas apontou o dedo para o corredor em seguida virando ele para a esquerda, sem nem pensar sai da sala onde foi feita a entrevista atrás de , eu preciso mais do que nunca saber se a com quem ela estava falando era a minha . O corredor estava vazio, segui por ele olhando algumas portas, todas fechadas, ouvi uma gargalhada vindo da última porta a esquerda, fui até lá e encontrei e um cara conversando, ela fechou a cara assim que me viu e o cara alternava seu olhar entre ela e eu, olhei para ele
- Pode nos dar licença – Mas do que depressa ele saiu da sala olhando sugestivamente para nós, foda-se, nem quero saber o que ele está pensando, tenho um assunto mais importante para tratar agora
- O que quer, ? – cruzou os braços na frente do peito e me olhava séria, mandando a postura “profissional” pro espaço
- Quem era a com quem você estava falando? – minha pergunta a surpreendeu, ela abriu levemente a boca, mas logo endireitou sua postura
- Não te interessa – ela foi rápida e seca, descruzou os braços e já se encaminhava para sair da sala, mas eu a puxei pelo braço, não posso desistir tão fácil, ela olhou para minha mão em seu braço, soltei-a mas me coloquei em sua frente
- Por favor, eu preciso saber se é quem eu estou pensando, é a não é?! – meu coração pulou quando disse seu nome inteiro, há tanto tempo eu não fazia isso
- Por que quer saber, ? Se fosse essa tal aí? O que você quer? – ela se afastou sentando em cima da mesa que tinha ali, seu olhar era duro, ela parecia me julgar o tempo todo
- Meu Deus, eu PRE-CI-SO falar com ela, me ajuda, caramba – cada vez mais eu tinha certeza que ela sabia exatamente de quem eu estava falando, levei minhas mãos até meus cabelos um pouco desesperado para saber a verdade de uma vez
- Não posso fazer nada por você – Ela desviou o olhar do meu, olhando pela janela o que fez com que eu acreditasse que ela estava mentindo, me aproximei e ela se assustou com a minha proximidade
- Não mente, você pode me ajudar se quiser – Essa garota é difícil mas eu não vou desistir nem que eu tenha que colocar um detetive na cola dela, consegui olhar em seus olhos e fiz a pergunta na qual a resposta era a que mais me interessava – Ela voltou?! - prendi a respiração e vi olhar para baixo. Sim, ela voltou, eu sabia!
- Me dá uma pista, pelo amor de Deus, eu não sei o que foi que eu te fiz, porque você parece me odiar tanto, mas eu me importo com a - quando disse isso ela levantou o olhar e semicerrou os olhos, ela me fuzilaria com o olhar se fosse possível, ignorei isso e continuei – e quero muito falar com ela, saber como ela está, se lembra de mim, me ajuda, garota – eu queria chacoalhá-la e fazê-la me contar tudo, ela me analisava minuciosamente, se levantou ainda em silêncio, olhou para cima e bufou
- Sabe, eu não vou mesmo com a sua cara mas eu sei que isto pode acontecer a qualquer momento, então lá vai- ela suspirou e meio relutante voltou a falar – Sim, ela voltou, mora em Londres e não espere que eu te diga onde – ela continuava brava, se aproximou de mim e apontou um dedo na minha cara – Se você for voltar para a vida dela, faça o favor de demonstrar melhor que se importa e vê se olha aquela porcaria de e-mail, porra – ela saiu estressada pela porta me deixando confuso com as suas últimas palavras, mas, ainda assim, muito feliz em finalmente ter alguma notícia. Infelizmente não deu tempo de sair atrás da e descobrir onde estava, meu celular vibrou, era uma mensagem de : "Cadê você? Temos que ir!", guardei meu celular e fui ao encontro da banda que já se despedia de todos na rádio, fiz o mesmo e logo em seguida partimos para mais uma rádio que já nos aguardava.
O tempo voou, em um piscar de olhos já estava anoitecendo e nós enfim conseguimos voltar para o hotel, somente quando entrei em meu quarto e me joguei em minha cama que as palavras de surgiram em minha mente “vê se olha aquela porra de e-mail” ou algo assim, fechei meus olhos e uma lembrança dominou completamente a minha mente

Flashback On

- , vai ser difícil pra gente se comunicar, Brasil é longe pra cacete e é caro pra ligar – me olhava com ansiedade e mordia o lábio inferior, sempre que ficava ansiosa ela repetia esse gesto, mexi em meu cabelo bagunçando grande parte dele pensando em alguma alternativa.
- Nós podemos usar aquele e-mail que você criou, só uso ele pra falar com você mesmo e pelo menos uma vez por mês a gente pode se telefonar, sei lá, eu não quero te perder de vista maluca – Sugeri ainda em dúvida quanto as nossas opções mas era tudo que eu lembrava no momento
- Isso! – ela disse animada, sorrindo abertamente - Mas é pra usar mesmo, , ai de você se esquecer, volto só pra te bater – ela disse rindo e me dando um soquinho de leve, massageei o local, logo em seguida a puxando para mais um abraço.

Flashback Off

Será que era desse e-mail que a garota da rádio estava falando? Eu não lembro nem o meu username que dirá a senha, mas, mesmo assim, vou dar uma conferida. Depois de uns dez minutos consegui lembrar meu user e resgatar a senha, antes de entrar respirei fundo, não sei o que me esperava a partir de agora.
Era sobre isso que ela falava, 6 e-mails não lidos e meu coração apertou ao ver que todos eram de . Decidi começar pelo mais antigo.

25/08/2010
",
Sei que fazem apenas duas semanas mas eu sinto sua falta mais do que eu podia imaginar
Minha avó morreu há dois dias e a dor que senti ao acordar e perceber que nunca mais ela estaria aqui me fez chorar por horas, eu odeio chorar mas ela era tão especial pra mim, apesar de toda a distância, ela era uma das minhas melhores amigas.
Minha mãe está inconsolável e eu sinto ela ser excluída por minhas tias brasileiras, meu pai ainda está bravo por termos vindo cá e eu me sinto mais deslocada do que jamais estive.
Dói. Dói demais. Mas eu estou sendo o mais forte que posso pela minha mãe. Pela minha família, por mim. Nunca o seu abraço fez tanto falta Big Boy. Mesmo eu querendo você por perto sei que você deve estar trabalhando duro no X-Factor, continue assim, se cuida por favor.
Saudades
Amo Você."


15/10/2010
"Olá
Percebi que você não viu meu último e-mail, te perdoou só porque eu estou te vendo na TV agora, meu coração aperta, acho que é saudades, bobão. Estou TÃO orgulhosa e TÃO feliz por você. Quando você quase não passou, juro que chorei e ninguém entendeu bosta nenhuma aqui em casa, só minha mãe mas ela está cada dia mais esquisita e não me ajudou em muita coisa.
Estou trabalhando em um Fast-Food aqui, por duas razões: pra não ficar muito em casa e para juntar dinheiro, eu vou voltar , não suportarei viver aqui, esse não é o meu lugar.
Me sinto uma louca falando sozinha mas eu só tenho você, ou quem sabe uma ilusão sua, mas é o único jeito de não explodir e mandar todos a merda.
Saudades
Se cuida garoto
Amo Você."


13/12/2010
"Hello,
Este e-mail parece mais um diário virtual que eu envio para um amigo imaginário. Amigo esse que faz falta.
Hoje é aniversário de casamento dos meus pais sabe como eles estão comemorando?! Aos berros no andar debaixo, sem a menor cerimônia, distribuindo ofensas e mágoas, eles gritam tanto que meus ouvidos doem, eles não parecem as mesmas pessoas que nós conhecíamos, meu pai começou a beber há uns meses e está cada dia mais insuportável, assim como minha mãe que está cada dia mais rabugenta e implicante. Eu estou aqui trancada nesse quarto, olhando pra ele que não tem nada de meu, assim como esta casa e até esta família, a única coisa que faço é fechar os olhos e lembrar da sua gargalhada , lembra quando eu reclamava dos meus pais e você saia comigo, eu sempre esquecia porque estava brava, você sempre me fazia rir. Hoje a única coisa que eu queria era poder esquecer de tudo isso, e te abraçar, daquele jeito que só você sabia fazer. Cantando Wonderwall, bem baixinho pra que eu nunca esqueça que você ia me proteger lembra!?
Acho que já te perdi, não é mesmo?! Mas ainda assim continuarei a torcer por você em cada passo que você der, mesmo que agora esteja mais difícil de te acompanhar, eu estarei contigo. Mesmo que só por pensamento dude.
Se cuida
Te adoro"


08/06/2011
"
Acabou. Não dá mais. Perdi tudo.
Minha família oficialmente acabou, meus pais se separaram, há dois dias meu pai voltou para Londres, mas por mais que meu coração implorasse para que eu fosse com ele, não posso abandonar minha mãe aqui, por mais ruim que tudo esteja ela só tem a mim. Já briguei tanto com todas as minhas primas, ninguém mais acredita que eu já fui sua amiga um dia, que eu sequer te conheça, para eles só estou mentindo, sendo metida. Não posso culpá-los, eu não tenho mais como provar que te conheço e isso me dói demais. Por isso, esta é uma despedida. Provavelmente meu último e-mail para o nada, já estou sozinha aqui, e manter sua ilusão tem machucado demais, então eu vou evitar me torturar tanto, parei de ouvir seu CD, parei de comprar revistas ou assistir reportagens onde você apareça, guardo apenas sua foto e a camiseta que você me deu, o resto foi pro lixo. Te guardo no coração, nossas lembranças são o que me alegram nos piores dias, é o que me faz bem mas a saudade, tem doído demais, mais do que eu posso suportar. Não sei quanto tempo ainda vai demorar para que eu consiga voltar para Londres, não sei como será se um dia eu voltar. Então até lá, vou suportando essa minha vida aqui, quem eu tenho que ser aqui, evitando algumas dores para suportar outras. Wonderwall está aposentada , você vai ficar guardado na caixinha no fundo do armário. Espero que fingir que você não existe ajude a enganar meu coração e ele doa menos.
Se cuida por mim.
Até algum dia."



08/02/2012
"Hey
Eu prometi que nunca mais ia usar este e-mail mas se você estivesse lendo diria com seu sorriso brincalhão idiota:" Você não vive sem mim, zinha". Algum tempo já se passou. Tudo mudou e graças a Deus quem está se mudando sou EU. Estou voltando pro lugar de onde nunca deveria ter saído. Voltando pra UK, vou morar em Londres!!! Como eu sempre sonhei.
Não sei se vou esbarrar em você por lá, não sei o que vou encontrar, você não é mais o meu , aquele moleque que eu deixei em UK prestes a tentar realizar seu sonho, você realizou seu sonho, está conhecendo o mundo, está feliz, mas infelizmente aquele meu melhor amigo não se lembra mais de mim. E é esse melhor amigo que eu queria encontrar, mas sei que as probabilidades disso acontecer são minímas. Não te culpo, o destino quis assim, eu também mudei, não sei se pra melhor mas sei que não sou mais aquela garota que você conhecia, que compartilhava os sonhos, que queria te arrastar pra um monte de lugares. Eu me perdi mas estou tentando me reencontrar, e sei que esta viagem vai me ajudar.
Deixo minha mãe aqui, ela achou um cara brasileiro, está tão mais feliz que as vezes me assusta, estou tranquila porque ela está em paz com ela mesma, não vou morar com meu pai e sim com uma amiga brasileira, é o nome dela. Ela não gosta destes e-mails, vive me chamando de idiota, mas ela não entende que “isso” era tudo o que eu tinha pra me manter firme aqui.
Estou tão contente como há muito não estava. Minhas malas já estão prontas, por mais idiota que isso seja, vou usar a sua camiseta na viagem. Que droga, eu ainda queria pular em você e contar minha novidade.
Não vou ficar igual uma louca te procurando em cada esquina, eu ia acabar te batendo se você não me reconhecesse. E ia complicar pro meu lado que eu sei.
Esse é o último realmente, não vou mais entrar nesta conta, nem pretendo reler estes e-mails. É o fim deste ciclo que tanto pro bem quanto pro mal me fez crescer.
Tchau
Se cuida
"


O bolo em minha garganta era uma mistura de remorso, tristeza e saudade. . Era a única coisa que se passava pela minha cabeça, como ela era, como nós éramos. Meu Deus, como eu sentia sua falta e o pior o quanto eu fiz falta a ela. Eu prometi não me afastar, manter contato, sabia que seria difícil pra ela lá no Brasil, eu simplesmente não podia ter feito isso. Ela ia me procurar, claro que ia, ela odiava o Brasil e eu burro não estava aqui para ela.
Fechei meus olhos com força e senti algumas lágrimas rolando por meu rosto, meu coração se apertava a cada linha lida dos e-mails, nunca me senti tão mal, minha vontade era correr agora para qualquer lugar onde estivesse e abraçá-la tão forte, que ela reclamaria que eu era um gordo e estava a sufocando. Como eu sinto sua falta, .
Eu conseguia vê-la nitidamente, me olhando nos olhos e lendo aqueles e-mails, a dor e a decepção, a pior dor de todas, maior até do que a saudade, era saber que eu decepcionei quem confiava cegamente em mim, quem precisou e eu prometi que não deixaria. Ela acreditava em mim e isso está me matando agora. Não sei se conseguirei seu perdão algum dia ou até mesmo sua amizade, mas eu preciso vê-la. Mais do que tudo. Eu preciso ver a .

"Eu vou te achar minha pequena. Minha , eu vou te achar!"

Mesmo sabendo que ela não veria, mandei o e-mail. Eu vou te encontrar, , nem que tenha que revirar essa cidade inteira, eu preciso pedir perdão, preciso abraçá-la, preciso da minha amiga de volta.



Capítulo II



's POV
Dormir era a missão impossível, por mais que tentasse de todas as formas, o sono não vinha, a única vez que cochilei sonhei com e acordei assustado. Ela corria desesperadamente de mim, gritei seu nome com todas as forças mas a única coisa que ela fez foi correr ainda mais. O desespero tomava conta de mim e eu não conseguia mais alcançá-la. Ela se foi e eu caí de joelhos, sozinho, sem ao menos receber um olhar como resposta. Amanheceu, e eu não consegui dormir nem por duas horas. Meus olhos pesavam mas eu não conseguia dormir. Cansei de rolar na cama, levantei, tomei meu banho, peguei o necessário e saí.
Pelos meus cálculos, deve chegar daqui a uma hora na rádio, não saio de lá sem alguma pista, hoje eu não descanso até ter alguma informação sobre .
Avisei ao Paul que ia sair, peguei um dos carros e fui sozinho, sem avisar nenhum dos meninos, infelizmente esse assunto é só meu por enquanto e não pode esperar.
Estacionei do outro lado da rua da rádio, enquanto esperava algum sinal da me olhei pelo retrovisor, eu estava um trapo, parecia um doente com minhas olheiras fundas chamando a atenção em meu rosto, o cabelo estava mais bagunçado que o normal devido a minha mania de sempre que estou nervoso mexer demais nele, peguei a primeira roupa que encontrei e meu moletom gigante com touca. Por mais fraco que fosse meu disfarce, eu não ia desviar do plano. Eu ia dar um jeito de encontrar a .
Olhei pelo retrovisor e vi dobrando a esquina, mais do que depressa coloquei meus óculos escuros, puxei a touca do moletom e saí do carro. Ela estava com fones no ouvido então se assustou quando parei em sua frente parecendo um ladrão, um pouco antes da entrada da rádio
- Cacete, garoto, você me assustou! – Ela puxou os fones dos ouvidos rápido, seu semblante sério me encarava por trás dos óculos escuros
- Preciso falar com você – Disse com urgência
- O que quer, ? – ela ergueu os óculos acima da cabeça, cruzando os braços em seguida
-Eu li os e-mails e preciso falar com a , o mais rápido possível
- E daí que você leu, era pra você ter lido antes, era pra você ter estado lá quando ela precisou de você – pude ver pelos olhos de o quanto ela sentiu pelo sofrimento da amiga, sua solidariedade quanto ao sofrimento de
- Concordo com tudo, em absolutamente tudo. A culpa é minha, a burrice foi minha mas eu não quero perder a amizade dela, me diz onde eu posso vê-la pelo menos – eu gesticulava e tentava ao máximo não alterar a voz, essa garota é temperamental imagina se ela resolve não falar porque eu gritei com ela, daí que eu estou perdido de vez.
- Não tenho nada a ver com isso – ela deu de ombros desviando o olhar do meu, a ansiedade já tomava conta de mim, retirei meus óculos escuros esperando do fundo do coração que ninguém me reconhecesse, estaria completamente ferrado se isso acontecesse. Olhei nos olhos de , esperando que ela realmente pudesse entender o tamanho da minha necessidade em ao menos ver , eu preciso da ajuda dela pra isso
- Por favor, , eu sei que eu não mereço, pisei na bola, fui um idiota mas eu sinto a falta dela também, eu juro que não vou fazer merda desta vez
- Cara, eu não sei se tenho esse direito, quem tem que decidir se quer te ver ou não é a , não eu – Ela se encostou na parede, ela parecia estar se decidindo, olhava pra baixo, fiquei de frente para ela puxando mais a touca do meu moletom para esconder mais meu rosto
- Vai, por favor! - peguei em suas mãos ela arregalou os olhos surpresa me olhando - Agora eu entendo porque você não gosta de mim, e te dou razão quanto a isso, mas a é MUITO importante, você não tem noção do quanto e eu sei que mesmo que ela diga que não, ela ainda precisa de mim, me ajuda - puxou suas mãos e desviou o olhar novamente. Ficou em silêncio por um minuto, até que ela bufou e olhou novamente pra mim
- Cara, que fique claro que só vou fazer isso por ela porque eu sei que sente a sua falta, então lá vai: a tarde sem chance, ela vai pra faculdade, como lá é muito movimentado melhor você ir direto pro hospital, é mais tranquilo e daqui a pouco…. - arregalei os olhos, meu coração vacilando em uma batida
-Hospital? – interrompi assustado, nem prestava mais atenção no que dizia até ela começar a gargalhar loucamente, eu queria matar essa idiota
- Ai que burro – Ela me deu um tapa de leve no braço, levantei uma sobrancelha enquanto esperava a sessão “tirando com a cara do ” terminar – Não é nada disso, ela é voluntária em um hospital, por isso - parou de rir e apontou um dedo para mim – Comporte-se, não atrapalhe, senão ela te mata, ouviu?! – Ela me olhou séria apenas assenti, e em um impulso abracei , demorou alguns segundos até ela começar a me empurrar – Valeu mesmo – disse por fim
- Sai, moleque, anda anota aí o endereço – tentava não rir mas acabou deixando escapar um sorrisinho, logo voltou a ficar séria enquanto me passava o endereço, eu queria correr, eu queria gritar mas antes mesmo de dar um passo para longe pegou em meu braço me fazendo olhar para ela - Presta atenção no que você vai fazer, eu juro que se você magoar a de novo, eu te quebro, – Seu olhar estava muito mais sério, e ela tentava parecer ameaçadora embora não estivesse funcionando, eu levei a sério suas palavras, eu não vou vacilar desta vez.
- Fechado – dei minha mão pra ela, que mesmo desconfiada a apertou – Não vai precisar me bater – dei uma piscadinha pra ela que rolou os olhos e soltou minha mão
- Tchau, – ela recolocou os óculos escuros e eu fiz o mesmo
- Tchau, – acenei com a mão indo direto pro meu carro enquanto ela entrava na rádio.

Pelo que me disse, chegaria daqui a uma hora no hospital, aproveitei para passar no Starbucks pra tomar café. Assim que sentei em uma das mesas, meu celular vibrou era mensagem do perguntando onde eu estava e se não estava doente por ter saído tão cedo, expliquei que falaria com ele depois. Ele já sabe que algo está diferente mas não posso falar nada agora.
Algumas pessoas olhavam enquanto eu tomava café, acho que provavelmente por causa da minha roupa ou por estar sozinho mas eu não ligo, algumas fãs me abordaram na saída atendi-as rapidamente e quando percebi já tinha passado da hora de chegar no hospital, por sorte eu sei onde fica e rapidamente consegui chegar lá.
Usei meu disfarce dos óculos e da touca para ir do carro até a entrada do hospital mas pra não causar uma péssima impressão retirei-os assim que entrei. Respirei fundo, sentindo minhas mãos suarem, parei em frente à recepção. Uma senhora loira com um batom exageradamente rosa mexia no computador sem emoção, não faço a miníma ideia do que dizer, como perguntar por sem atrapalhá-la, antes que eu pensasse em algo a mulher desviou o olhar para mim, acho que ela me reconheceu pois se endireitou na cadeira, ajeitou os óculos e sorria assustadoramente pra mim, dei um passo pra trás instintivamente enfiei aos mãos nos bolsos do meu moletom e pigarrei, pronto pra inventar qualquer desculpa por estar ali mas não foi necessário. Uma garota que vinha do corredor parou muito próxima a mim, ela vestia um jaleco branco, jeans e um all-star surrado vermelho, estava de rabo de cavalo e carregava uma caixa de plástico cheia de coisas coloridas dentro, ela colocou a caixa entre nós em cima do balcão sem me olhar, encarou a recepcionista que impaciente desviou seu olhar de mim para a garota que sorria para ela
- Margot, preciso da chave do 303 – enquanto a mulher digitava algo no computador a garota desviou o olhar rapidamente para mim e meu coração parou. Era , tão diferente e tão linda, ali parada na minha frente. Acho que ela me reconheceu pois em dois segundos se virou novamente para mim, tenho certeza que meus olhos estavam como os delas um pouco arregalados e minha boca levemente aberta, estava tão nervoso mas tão feliz, sorri pra ela que me devolveu um sorriso fraco, não era o sorriso original da . Ela franziu o cenho e se aproximou um passo de mim, perguntou muito perto do meu rosto bem baixinho “O que faz aqui?”, sussurrei em seu ouvido a resposta "Vim te ver".
Ela não esperava me ver, deu um passo para trás e a tal Margot pigarreou alto chacoalhando a chave para chamar nossa atenção
- Toma, – Ela disse impaciente batendo a chave contra o granito do balcão, sorriu sem graça pra ela
- Obrigada – tremia pude ver quando pegou a chave para guardar no bolso do jaleco, pegou a caixa e parou na minha frente sempre falando muito baixo – Não posso falar com você agora, – ela evitava olhar em meus olhos, olhava para as pessoas que nos olhavam, pro chão, pra parede menos pra mim, peguei em seu braço para chamar sua atenção
- Eu não vou embora sem falar com você, vou te esperar o tempo que for – disse mais baixo porque aquela mulher da recepção já estava quase levantando para ouvir o que falávamos, estava muito nervosa e apertava forte a caixa em sua mão, os nós de seus dedos estavam brancos e ela segurava a respiração, acho que ela percebeu que eu falei sério, soltou um suspirou e apontou com a cabeça para o lado oposto da onde estávamos, ela foi na frente comigo em seu encalço, as poucas pessoas que haviam na sala de espera não eram muito jovens por isso nem se importaram com a minha presença, a única pessoa que realmente parecia saber quem eu era, é a tal Margot que observa cada passo que damos.
- Fique aqui, vou falar com uma pessoa e já volto – pediu com urgência na voz, eu apenas assenti com a cabeça e me sentei em uma das cadeiras de costas pra mulher da recepção, o jeito que ela nos olhava estava me deixando mais nervoso ainda.
entrou novamente no imenso corredor de onde ela veio antes e depois de uns 5 minutos, ela voltou sem jaleco com um suéter preto, seus longos cabelos soltos e uma bolsa marrom transpassada pelo seu ombro, ela está tão linda e muito tímida pois assim que reparou que eu estava a olhando começou a mexer em seus cabelos e desviou seu olhar, parou de frente pra mim
-Vamos sair daqui – disse rápido e foi saindo na frente, eu levantei e antes mesmo de dar um passo fomos interrompidos
- Já vai, ? – Margot disse alto e sugestivamente fazendo olhar pra ela com o rosto vermelho de vergonha
-Já, tchau Margot, até amanhã – disse rápido e me puxou pela mão antes que a mulher dissesse algo para mim, saímos rápido do hospital e assim que pisamos pra fora me soltou. Não queria que ela tivesse feito isso tão rápido.
-Precisamos sair daqui – ela disse rápido e séria, olhei ao redor e vi que mais a frente tinha um parquinho desses onde as crianças brincam na areia, por sorte não tinha ninguém ali no momento
- …. - ela me olhou de um jeito indecifrável, por precaução achei melhor mudar o modo como a chamei – , vamos pra lá?!
Apontei para o parquinho e ela assentiu, ficava há poucos metros de onde estávamos, fomos caminhando lado a lado em completo silêncio e isso me incomodava demais, eu estava mais do que angustiado com o silêncio, com essa situação. Assim que chegamos se sentou em um dos balanços, tirou sua bolsa e a deixou do lado, enfim ela me olhou e seu olhar era duro, indecifrável, quase triste. Logo olhou para baixo observando os desenhos que seus pés faziam na areia, por um longo tempo, ela não ia falar nada antes de mim, por isso respirei fundo e comecei
- eu vim te pedir perdão – minha voz estava falhando, conseguia sentir um bolo se formando na minha garganta, afundei ainda mais minha mão no bolso do moletom
- Pelo quê? – Ela que até agora somente olhava para a areia, levantou seu olhar para mim e vi quão vazio ele estava
- Eu li os e-mails, eu sei de tudo – disse baixo minha maior vergonha, arregalou levemente os olhos mas logo voltou a me olhar sem expressão
- Ah você viu, eu pensei que nem tivessem chegado ou coisa assim – ela deu de ombros desviando o olhar para o lado
- , desculpa por não ter estado presente quando você precisou de mim, eu realmente sinto muito – dei um passo em sua direção, ela me olhou
- Isso não importa agora – Aquela garota a minha frente era triste e estava superdecepcionada, seu olhar entregava tudo, é por isso que ela não me olha muito diretamente
- – quando a chamei pelo seu apelido, pude perceber ela segurando a respiração – importa sim, importa muito, eu fui um filho da puta, eu não te procurei, te deixei lá, eu não podia ter feito isso, me perdoa? – meu coração se apertava mais a cada segundo
- Sabe, – ela disse baixo mas com muita firmeza na voz – há quase dois anos atrás, eu tinha um amigo que era como um irmão pra mim, ele era uma certeza na minha vida, mas com tudo isso que aconteceu, a única certeza que eu tive desse amigo era que só na minha mente a gente era realmente irmãos, só na minha mente nós éramos importantes, mas no lugar que eu vivi, estar só na minha cabeça, na lembrança, imaginação não bastava, então eu percebi o inevitável, eu teria que deixá-lo, assim como ele me deixou – Cada palavra dela me atingia como uma faca, muito pior do que ler seus e-mails, era ouvir suas palavras, era olhar em seus olhos e não a reconhecer mais, era ver uma endurecida dizendo que me deixou como EU a deixei, minha garganta fechou ainda mais quando a ouvi disser isso, me ajoelhei a sua frente
- Não, , por favor, não diz isso – não ligava de estar quase chorando em sua frente, de implorar a ela – Eu fui um idiota, um imbecil, mas eu não quero perder você, a sua amizade, por favor não diz essas coisas – minha voz foi falhando tanto que a última frase foi um sussurro fraco quase inaudível
-É a verdade, , eu tive que aprender a viver sem você, criar forças sozinha, tive que ser a minha própria Wonderwall, sobreviver a tudo se desmoronando ao meu redor, eu não tenho que te perdoar, você só viveu sua vida, eu que tentei viver minha antiga vida com aqueles e-mails, eu que tentei ser uma coisa que já não dava mais, a culpa não é sua - tinha dor em seus olhos, mas eles não pareciam que chorariam, antes ela choraria quando eu dissesse seu nome, por mais forte que ela gostasse de parecer, no final ela se jogava em mim e sempre chorava. Tentei pegar em suas mãos mas ela se esquivou, e parou de olhar em meus olhos desviando o olhar novamente
- Não, para com isso, olha pra mim – levei minha mão até seu rosto e delicadamente fiz com que ela olhasse pra mim novamente – Você precisou de mim e eu quebrei a minha promessa, a culpa é minha, , e sinceramente – aumentei um pouco mais o tom da minha voz, vê-la pegar a culpa de tudo pra si estava me tirando do sério, ver sua “indiferença” estava me matando – eu preferia que você estivesse me socando como normalmente você faria do que fingindo que não está mal, que não liga pro que aconteceu, porra, , você não é assim, você estaria me xingando de filho da puta pra cima – meus braços estavam segurando o balanço onde ela estava sentada, pude ver lágrimas surgirem nos olhos de enquanto ela ainda me olhava, ela engoliu em seco e não chorou, apenas se levantou abruptamente quase me fazendo cair
- Desculpa mas acho que aquela que você conhecia não volta mais, existem coisas na vida que te fazem mudar, , e acho que se você veio atrás daquele passado, daquela amizade, daquela garota, perdeu seu tempo que, aliás, é disputadíssimo – ela apontou discretamente para o outro lado da rua enquanto se virava de costas e pegava sua bolsa, olhei para onde ela apontou e vi a lente de um paparazzi. Sério?! Mas que merda! Ela ia entrar em pânico em segundos dava pra ver em seu rosto, antes que o cara se aproximasse, tirei meu moletom e enfiei em , sem dar chances para que ela protestasse puxei a touca do moletom escondendo seu rosto e a abracei de uma maneira que eu ficasse na ponta e a levei quase correndo para o carro, deixei ela no banco do passageiro com a cabeça abaixada e entrei do lado do motorista e dei partida, depois de conseguir despistar o paparazzi, que nos seguiu por algumas quadras, assim que diminui a velocidade, explodiu
- Para o carro, A-GO-RA – disse ela arrancando o moletom e jogando em mim
- Desculpa, eu não sabia que ele estaria ali, eu não…. - ela estava nervosa e só fez um sinal com a mão para que eu parasse
- Chega, , isso não vai dar certo, melhor nem tentar. Para por aqui, você me viu, eu tô bem, eu te vi você tá bem. Tudo lindo, agora não adianta a gente querer voltar a ser o que não é mais, ao que não é pra ser. Adeus – suas palavras conseguiram congelar meus pensamentos, acaba de me dizer que não me quer mais em sua vida e eu não posso contestar isso, eu acabei tirando ela da minha vida primeiro, mesmo que por acidente, por idiotice.
Ela saiu do meu carro bateu a porta e foi andando, estava paralisado apenas a observando se afastar como uma estranha, ela me odeia e eu não posso tirar sua razão, bati minha cabeça contra o volante com força, estava com muita raiva de mim mesmo. Eu preciso consertar as coisas, não posso deixar isso acontecer.
Liguei o carro de novo e fui na mesma direção pra onde tinha ido, eu ia encontrá-la de qualquer jeito. Há duas quadras de onde estávamos antes eu a vi, encostada em uma parede falando no celular, desci do carro mas ela não me viu, nem me importei de estar sem moletom e óculos escuros, por sorte aquela não era uma rua muito movimentada, assim que me aproximei pude ver que ela tentava não chorar falando ao telefone, parei na sua frente assustando-a, ela tentou esconder a lágrima solitária que escorria por sua bochecha mas eu sequei a lágrima pra ela, e fiquei fazendo carinho em seu rosto sem falar nada por um bom tempo, e mais lágrimas escorriam sem parar, quando não aguentava mais abracei , do jeito que eu queria desde o início, desde quando li seus e-mails, do jeito que ela merecia, chorava e soluçava baixinho, cada vez eu a apertava mais. Como doí vê-la assim, eu sabia que ela estava sofrendo, por mais durona que queira ser, o coração da é muito grande pra conseguir endurecer por completo.
Acho que descobri a razão pela qual eu necessitava encontrá-la, para trazê-la realmente de volta, como eu sei que ela realmente é. Fiquei fazendo carinho em suas costas e cantando Wonderwall bem baixinho só pra ela, até que se acalmasse. Seus olhos eram tristes, mas, mesmo assim, pareciam um pouco mais vivos do que antes.
- , sinto sua falta, fui um idiota, muito burro e você precisa saber, eu não vou desistir de você, ouviu?! – Algumas lágrimas caíram mas ela as limpou rapidamente
- , eu também senti sua falta mas eu realmente acho que não é uma boa ideia voltarmos a ser amigos, a gente só vai se machucar mais, entendeu?! - Sua voz ainda estava embargada por conta das lágrimas e ela mordia o lábio inferior nervosa
- Entendo, mas não concordo, eu não vou te forçar a nada, só vou dizer que eu vou tentar, , não mereço mas eu vou fazer por merecer seu perdão e a sua amizade de volta. Vou lutar pela gente, garota – disse com toda convicção que há em mim, olhando no mais fundo de seus olhos, eu vou trazer a de volta pra minha vida, pode apostar. Dei um beijo em sua testa e a puxei pela mão
- Onde está me levando? – Ela perguntou quando abri a porta pra que ela entrasse
- Sei que você quer falar com a , te deixo na rádio, oras – Ela sorriu e assentiu para mim, enquanto ligava o carro e partia na direção da rádio. Ligamos o rádio e nosso assunto era música, nada de conversas pesadas, já tivemos muitas por hoje, em menos de 15 minutos estacionei na frente da rádio, suspirou e olhou para mim
- Tchau, – disse já segurando a porta do carro aberta, sem sorrir apenas me olhando
- Tchau, , te vejo em breve, pode apostar – ela revirou um pouco os olhos mas pude ver ela sorrir levemente depois de fechar a porta – Muito em breve – disse só pra mim, aumentando o volume do rádio e voltando para o hotel.

Eu sei que preciso dela e ela também precisa de mim, por mais cabeça dura que ela queira ser, nós sabemos que nossa ligação não é algo que possa ser ignorado ou esquecido, nós somos mais, somos melhor do que isso e não deixarei que ela esqueça.



Capítulo III


Mal cheguei no hotel em que estávamos hospedados e encontrei os meninos saindo do restaurante, todos eles me olhavam com sorrisos idiotas e muito sugestivos, assim que me aproximei de onde estavam, a zoação já começou
- Onde estava, ? – perguntou rindo e veio me abraçar pelos ombros.
- Nós vimos a sua nova “amiga” - fez aspas com a mão sorrindo mais maliciosamente.
- Só isso pra te derrubar da cama desse jeito – gargalhou junto dos outros.
- Quando vamos conhecê-la? – perguntou ainda rindo, Paul que vinha logo atrás riu de leve também, nos direcionando para o elevador
- Se depender dela, NUNCA! - Entrei junto deles no elevador e todos me olhavam confusos
- Já brigaram, ? – veio até mim.
- Não, quer dizer, sim, mas não somos namorados – A confusão no rosto de todos era evidente.
- Explica, por favor – pediu quando chegamos ao nosso andar.
- Vem, vamos entrar – Abri a porta do meu quarto e todos entraram, menos Paul que ia para seu quarto.
Depois de se jogarem um em cada canto do meu quarto, tirei meu moletom e o tênis e me joguei na cama ao lado de
- Vai, meu filho, conta aí.
- A garota que vocês viram é a , minha melhor amiga, ou melhor, ex – Nenhum deles pareceu entender o real significado daquelas palavras, respirei fundo e baguncei meus cabelos, ia ser difícil falar tão abertamente sobre isso.
- Melhor amiga? Da onde? – perguntou.
- Sabe a , a garota da rádio de ontem? – Olhei para eles, acho que todos se lembram daquela maluca.
- Aquela que queria te bater? – riu se ajeitando na poltrona, e se viraram rapidamente para mim.
- Oi? Como assim? – parecia mais surpreso do que os outros.
-Bem, agora eu sei porque ela queria me bater, , é a melhor amiga brasileira da , este era o meu lugar há quase dois anos atrás, mesmo sem querer eu pisei na bola com a .
- Conta tudo, meu filho, nunca ouvi você falando desta menina, tô curioso – parecia o mais interessado, sentou com os pés no sofá e ficou me esperando começar, todos pareciam confusos ainda. Respirei fundo e deixei que toda minha história com ela viesse a minha mente, só agora eu percebo que era uma ilusão intocável de um tempo tão bom, como meu segredo mais secreto.
- Vamos lá, , este é o nome dela, ela era minha melhor amiga desde os 6 anos, eu a conheci tomando sorvete junto com seu pai, morávamos a uma quadra de distância um do outro e fazíamos tudo juntos, o tempo todo. Ela é uma moleca idiota que me ajudava com tudo, inclusive com algumas garotas da nossa escola – ri de leve ao lembrar da me dando conselhos, me dizendo para não ser tão idiota às vezes – e eu era como seu irmão mais velho, protegia ela dos babacas do colégio, eu conhecia todos os seus sonhos assim como ela os meus, éramos realmente melhores amigos inseparáveis até que…
Olhei para os quatro que estavam em silêncio e quase não piscavam, acabei rindo e me olhou de cara feia.
- Para de rir e continua, - joguei uma almofada nele e me concentrei de novo, esta era uma parte que eu não gostava muito, na realidade, eu odeio lembrar disso
- Até que no dia da minha audição pro X-Factor, tudo estava pronto, tinha até ensaiado algumas vezes comigo, me ajudou com a escolha da música, me acalmou quando eu fiquei muito ansioso, estava super empolgada e torcendo por mim. Até aí tudo bem, já estava na hora de sairmos e só faltava ela, liguei e disse que não poderia ir, estava com uns problemas muito sérios e a hora que eu voltasse precisava falar seriamente comigo, fiquei muito puto com isso, ela sabia que eu precisava dela lá mas ela não apareceu. Quando voltei eu entendi tudo, estava me esperando na sacada de casa com os olhos vermelhos de tanto chorar, mesmo estando bravo eu tinha ligado e dito que eu passei, mas não tinha reparado na voz dela. Na dimensão do problema.
Respirei fundo e antes que eles reclamassem continuei
- A vó dela estava nos últimos dias de vida no Brasil e ninguém tinha contado pra mãe dela, logo eles estavam indo pro Brasil no dia seguinte, e eu não sabia o que fazer, não podia pedir a que ficasse, a relação dela com a avó era muito forte apesar da distância. A mãe dela não tinha deixado ela ir comigo na audição pra arrumar as coisas pra viagem e ela não quis me contar. Enfim, foi uma das piores noites da minha vida, ela estava arrasada, a pior sensação do mundo foi ver a entrar naquele carro no dia seguinte, sem saber ao certo quando e SE a veria novamente.
Parei e desviei meu olhar para o chão, não, lembrar desta cena não era algo que eu quisesse lembrar, era algo que mexia com coisas muito ruins dentro de mim, balancei a cabeça para afastar essa cena e continuar a história, ainda sem olhar para os meninos eu continuei
- O plano era manter contato, o máximo que conseguíssemos, telefone era caro demais, fuso horário: uma droga, tinha me dito que ia me mandar e-mails, o único problema foi que eu esqueci desta merda de e-mail, e isso fudeu minha vida
Olhei para que estava boquiaberto assim como e , balançou a cabeça meio indignado e riu jogando uma almofada em mim.
- Como assim esqueceu, ? – Abaixei a cabeça envergonhado e me jogou outra almofada que estava no chão.
- Não foi por querer, óbvio que não, mas com toda a correria que virou minha vida no X-Factor, os shows e tudo mais, eu esqueci desta merda de e-mail e era por isso que a , a menina da rádio queria me socar ontem, porque ela conhece toda a história e viu tudo que passou quando eu não estava por perto e é por isso que eu estou me sentindo um lixo. Ontem a jogou na minha cara que voltou sem nem me procurar e agora eu sei porque, depois de conseguir entrar no meu e-mail e ler alguns deles que me mandou da sua época no Brasil, eu sei o tamanho da merda que eu fiz, estou quase perdendo minha melhor amiga, acabei abandonando-a quando ela mais precisou de mim e preciso fazer alguma coisa.
Terminei já preparado para ouvir as merecidas broncas, que vieram em segundos.
- Você sabe que foi um burro, né, daqueles MUITO burros, certo?! – gesticulava ao meu lado na cama.
- Sei, sei, vocês podem me xingar o quanto quiserem, mas eu preciso recuperar a amizade da , não posso deixar ela ficar brava comigo, de jeito nenhum – baguncei ainda mais meus cabelos, estava nervoso em apenas pensar nesta possibilidade
- Ok, calma, nós te ajudamos a consertar esta merda que você fez – se ajeitou no sofá ao lado de
- Ela parece ser realmente muito especial para você, porque só isso pra te fazer cair da cama tão cedo – gargalhou com sua piadinha infame.
- HA HA, engraçadinho, mas sim, ela é uma das pessoas mais especiais da minha vida e desta garota, não posso deixar ela ir assim.
, que ainda não tinha se pronunciado, se ajeitou na cama ao meu lado, encostou suas costas na cabeceira da cama e pigarreou, nós olhamos para ele.
- , porque nunca ouvimos falar dela? Já te vi saindo com outras amigas, mas nenhuma delas era assim, não lembro nem deste nome - não lembraria mesmo, não tem como, eu nunca falei de para ninguém.
- Desculpem, mas sabe quando você prefere não mexer no passado, deixar ele quietinho pra não machucar. Era muito difícil lembrar da e não saber se a veria de novo algum dia, se ela se lembraria de mim, eu não queria lidar com isso, então guardei minhas saudades só pra mim, bem escondida – dei de ombros olhando para o chão, se eu olhasse para eles tenho certeza de que ficaria vermelho.
- Nossa, depois dessa, vamos resgatar essa menina de uma vez – sorriu vindo até mim – Espera, nós vamos poder ser amigos dela? Ou você vai ser ciumentinho, ? – Ele riu mais ainda se jogando em cima de mim
- Sai, cacete – o empurrei para o lado, em cima de .
- Vamos pensar em algo então! , do que ela gosta? – perguntou interessado em ajudar.
- Tipo presente?
- É, quando eram amigos o que você fazia quando vocês brigavam ou quando queria dar algo especial a ela? – perguntou, forcei a memória pra lembrar
- Bem, ela é durona, não adianta querer comprar um monte de coisa que ela devolve tudo, eu já a vi fazer isso com um cara uma vez.
- Ok, nada caro então – ponderou.
- Lembranças – começou nos fazendo olhar pra ele, que demorou um pouquinho para continuar – Você precisa usar algo que traga as lembranças boas de vocês de volta sabe!? Foto, vídeo algo assim – ele me olhou e eu lembrei, eu tenho a foto perfeita, na realidade é uma das minhas favoritas.
- Ótima ideia, acho que eu sei o que eu posso fazer – Levantei minha mão para fazer um high-five – Droga, esqueci de pedir o endereço dela – bati em minha testa, não podia ter esquecido.
- Acho que, se você pedir pra garota da rádio, ela te bate desta vez – riu atrás de mim, batendo de leve em meu ombro.
- Certeza que ela manda eu ir me fu…. - sorri derrotado, o lance era encarar a de novo.
- Não, eu dou um jeito nisso, deixa a comigo – disse sorrindo. Nós todos olhamos para ele, que se levantava como se nada tivesse acontecido.
- Oi? Sério isso? – Olhei incrédulo para ele que somente deu de ombros.
- Eu não achei ela tão má assim, aliás, acho que o problema dela é só com você, , então não custa eu tentar.
- Ok, se você diz, só cuidado pra não apanhar - Era inevitável não imaginar a batendo nas pessoas.
- Eu domo a fera – ele deu uma piscadinha terminando de colocar sua jaqueta, pronto para sair do quarto.
- Esse garoto gosta de viver perigosamente - disse rindo enquanto saia do quarto.
- E como – Concordei ainda meio surpreso por .
- Você vai esperar nós voltarmos de Brighton para ir atrás da ? – perguntou.
- Não, se o conseguir o endereço hoje, amanhã eu mando algo pra ela.
- Já sabe se quiser uma serenata e tal, estamos aqui- deu uma piscadinha rindo em seguida
-Ah claro, não vou esquecer- dei um tapa em sua cabeça – Espero que ela me perdoe
- Relaxa, se vocês são tão amigos assim como você disse ela vai te perdoar, pode demorar mas ela perdoa- me olhava calmamente – Qualquer coisa tô no quarto ao lado – Ele se despediu, acenando para mim, e .
- Vamos indo também, se precisar de ajuda em mais alguma coisa, só chamar - disse enquanto puxava pelas pernas fazendo com que ele caísse do sofá reclamando, um minuto depois estava sozinho em meu quarto. Eu sei onde está a foto perfeita, só preciso do endereço dela e de outro presente perfeito.


’s POV

Não posso negar que ver novamente abalou todas as minhas estruturas, não estava esperando que ele aparecesse, que me procurasse tão rápido. Ontem, quando contou que ele perguntou por mim, eu já senti um frio na barriga e um aperto no peito, o plano era adiar isso ao máximo, eu quase queria que isso não acontecesse, mas foi aquela praga me abraçar que tudo foi por água abaixo, como eu senti falta deste abraço, de me sentir protegida por ele.
- estalava os dedos na minha frente. Estava há 10 minutos esperando ser liberada na rádio para irmos ao Starbucks
- Desculpe, vamos? – Levantei e olhei pra ela que ria
- Sua idiota, estou tentando te dizer há horas que não vou poder sair agora amiga – ela deu um tapinha na minha testa, olhei desanimada pra ela que riu baixinho e começou a me puxar rádio adentro, puxei sua mão – Onde está me levando maluca?
- O Josh deixou você ficar aqui comigo, vem logo – ela me puxou para dentro de uma sala.
- , tem certeza que isso não vai te prejudicar? – perguntei ainda incerta se devia ou não ficar ali
- Não, só tenho que arrumar uns panfletos de algumas promoções, você pode até me ajudar – piscou marotamente e me entregou uma pilha de papeis.
- Sua exploradora - cerrei os olhos para ela que me jogou beijos no ar, logo se sentou do outro lado da mesa de frente para mim.
-E aí, como foi lá com o ? – Ela perguntou sorrindo esperando que eu sorrisse também, mas eu não conseguia.
- Foi triste e bom ao mesmo tempo, aquele que eu tanto enchia seus ouvidos, surgiu na minha frente, essa foi a parte boa, mas no segundo seguinte estava me escondendo igual um doido por causa de um paparazzi, acho que o melhor a fazer é manter essa distância, é mais seguro para os dois.
me olhava com uma sobrancelha erguida e parecia estar confusa.
- Eu sei que fui a primeira a dizer que o é um idiota e não vale o esforço, ainda o acho idiota mas, , só de olhar para você agora – ela pegou minhas mãos - de um simples encontro com ele, você já parece diferente, amiga – fiz uma careta para e tentei não ficar olhando muito para ela, tem essa mania irritante de conseguir saber o que estou pensando ou sentindo antes mesmo que eu defina realmente o que estou sentindo ou pensando.
- Ah, fica quieta – soltei suas mãos e apontei um dedo na cara dela, odeia isso mas ela está merecendo – Você, , porque deu o endereço do hospital para ele e o PIOR não me avisou que ele ia aparecer lá – perguntei encarando-a bem de perto, se afastou rindo.
- Desculpa, aquele pseudomendigo que apareceu aqui hoje me assustou e me encurralou, eu ia fazer ele ficar zanzando atrás de você, mas aí eu pensei que ia ser pior se ele te descobrisse na faculdade e fosse lá te procurar, eu antecipei o inevitável.
tentava se manter séria, mas nem eu aguentei e caímos na risada – E eu não avisei porque ia perder TO-DA a graça, só queria estar lá pra filmar – concluiu rindo mais ainda da minha cara de indignada.
- Garota, você é má – chutei sua perna por debaixo da mesa, ela tentou revidar mas eu desviei.
- Sou nada, se eu realmente fosse, tinha ido lá, e me metido na conversa – empinou o nariz e jogou os cabelos, metida como sempre.
- Graças a Deus você estava trabalhando então – ergui minhas mãos agradecendo aos céus exageradamente, admito.
-Isso não impede que quando eu encontrar o mendigo do , posso falar poucas e boas pra ele ainda – ela ergueu as duas sobrancelhas pra mim, sim ela realmente considera esta alternativa.
- Acho que você não vai encontrar com ele tão cedo, não por minha causa.
- DU-VI-DO – Ela gargalhou sem qualquer resquício de vergonha.
- Bem, se o voltar para minha vida, você também será amiga dele, , daí eu quero ver – Desta vez quem riu com vontade fui eu, apenas deu de ombros.
-É mais fácil pra colocar os planos de tortura em prática – Ela deu uma piscadinha e foi inevitável não rir e lembrar dos planos feitos ontem, torturar dos jeitos mais agonizantes e engraçados possíveis. Sim nós somos meio loucas, e quando nos juntamos para planos malignos tudo tende a piorar.
Ficamos mais ou menos uma hora arrumando os panfletos das promoções futuras da rádio, até finalmente chegarmos na última pilha
- Aleluia, pensei que nunca fosse acabar – reclamei e mostrou a língua para mim, super madura essa menina,
- Para de reclamar, vou pegar algo para beber, vai querer o quê? – ela se levantou enquanto eu me esticava na cadeira.
- Tem chá?
- Sim, Madame – Ela tentava imitar um mordomo mas não estava dando muito certo.
- Então eu quero um, com pouco açúcar por favor - pisquei para que ia saindo da sala.
Levantei daquela cadeira que já estava deixando minha bunda quadrada e fui até a parede cheia de fotos, muitos famosos já passaram por aqui, os meninos da 1D umas três ou quatro ao contar pelas fotos, e era inevitável não ficar olhando para , eu tentei desviar minha atenção para os outros artistas, tentei não ficar olhando só para ele mas não consegui.
Olhar para ele naquelas fotos tão feliz, realizando seu sonho e lembrar dele hoje mais cedo, apertava meu coração de um jeito que há muito eu não sentia, eu queria acreditar que não me importo mais com , que ele só está no passado que não fez diferença encontrá-lo hoje mas não dava, meu coração bate mais rápido só de lembrar dele ali na recepção, dele quase chorando na minha frente, eu queria que não significasse uma das razões (secretas) de eu estar de volta, queria que aquele abraço não tivesse me colocado no lugar certo de novo. Que droga, .
Estava tirando a foto clandestinamente do mural quando ouvi a voz de um rapaz, e ele perguntava pela . A porta estava fechada e com certeza ele bateria aqui, eu já estava indo me esconder embaixo da mesa para não prejudicar a mas parei no meio do caminho quando ouvi a garota que estava trazendo a pessoa até a sala dizer.
-É uma honra ter novamente aqui, é só com a mesmo? Não há nada que eu possa fazer? – Pelo tom de voz, ela queria fazer muitas coisas por ele e COM ele. O desespero tomou conta de mim, não sabia em que lugar me esconder, só sei que não quero que ele me veja aqui, certeza que deve ter fotos minha por aí e se o o mandou aqui? Jesus, o que eu faço, já estava quase surtando quando ouvi a voz da .
- O que querem na minha sala? – Que alívio, soltei o ar de meus pulmões e corri para perto da porta para ouvir o que eles falavam
- Vim falar com você – respondeu em um tom mais baixo.
- Vou deixar vocês a sós então - A garota que estava com antes, se pronunciou e saiu rápido, garanto que a estava fuzilando com os olhos.
- Está com alguém? Se quiser eu volto outra hora?
- Por quê?
- Você está com duas xícaras, eu volto depois sem problema – Ouvi rir e congelei no lugar.
- Era para meu amigo, mas já está frio – ela gaguejou um pouco e riu de novo, certeza que está vermelha, já que não sabe mentir direito, ouvi um barulho de coisas caindo, e um gritinho abafado.
- Desculpa, desculpa, mil desculpas, , eu sou um desastre - se embolava nas próprias palavras e os barulhos de cacos sendo recolhidos, atrapalhavam para ouvir o que eles diziam
- Tá quente? Meu Deus, deve estar, , tira essa jaqueta deixa eu tentar dar um jeito – Minha amiga parecia desesperada e não parava de falar, até começar a rir.
- Calma, calma, está tudo bem, nem sujou nem nada, só molhou – parecia calmo e se divertia
- Não.. O que está fazendo, ? – Eles pararam de falar e ouvi eles se encostarem na porta, olhei para os lados procurando algum lugar para me enfiar antes que eles abrissem a porta.
- , preciso da sua ajuda – A voz de estava um pouquinho mais baixa.
- Ai Meu Deus, o que foi?
- Preciso do endereço da , caso de vida ou morte.
- Não – foi dura e seca, e meu coração parou pela quinta vez no dia
- , por favor, precisa da sua ajuda, ele quer ter a amiga dele de volta e não custa nada ajudar – falava baixo ainda.
- Ele te mandou aqui? – Era perceptível a revolta na voz de – Não acredito – A voz dela já estava mais alta e eu temia por gritos, minha amiga não é muito silenciosa.
- Não, eu vim porque eu quis e eu não foi só por isso – ele elevou um pouco a voz.
- Veio fazer o quê aqui? – estava furiosa, coitado do .
- Ver você de novo e te chamar pra um café – Segurei uma risada, e fiquei esperando a resposta de que demorou alguns segundos.
- Ai…. que mentira – Ela gaguejou um pouco e eu quis morrer de rir – Não precisa fazer isso para conseguir o que quer, .
- Não estou mentindo, na realidade adorei ter uma desculpa para voltar aqui, eu ia vir amanhã ou depois, mas antecipou minha volta.
Já gostei desse , só assim para ficar sem reação, geralmente ela é quem manda e sabe de tudo, como eu queria rir mas me segurei para ouvir a resposta
- Você é um idiota, não acredito em você – Sim, minha amiga é a pessoa mais dura na queda e não ia facilitar a vida de nem um pouquinho.
- Ok, você não precisa acreditar em mim então, mas eu proponho um trato, nós saímos pra tomar um café e no final você decide se passa o endereço ou não?! Qualquer coisa, o acha outro jeito de falar com a amiga dele.
- Não vou sair com você – se manteve firme.
- Ah você me deve isso, por ter estragado minha jaqueta favorita.
- Hey, você disse que não era nada – Dava para ouvir a indignação na voz dela.
- Talvez manche, não sabemos.
- Ah que saco, – ouvi-o rir, depois de um tempo, riu bem baixinho – Só preciso deixar essas coisas quebradas na “cozinha”.
- Te acompanho – respondeu cavalheiro e pelo barulho ele estava carregando a bandeja com os cacos das xícaras.
Aproveitei para pegar minha bolsa, antes deixei um bilhete para minha amiga e saí rápido para não encontrar com eles no caminho.

“Divirta-se, te vejo de noite. Não seja má, ele parece ser legal ;)
PS: Confio em você!!!
Te amo, até mais
Xoxo




Capítulo IV


Sabe quando você não sabe se está sonhando ou se já está meio acordado, eu ouvia a voz da ao longe mas não entendia nada, até ela começar a me chacoalhar e quase me derrubar da cama. Tive certeza de que estava acordada e que queria jogar em mim aquele copo de água que estava segurando.
– Pronto, acordei – Sentei na cama com a minha cara provavelmente toda amassada e meu cabelo bagunçado, sorria demais para uma manhã de sábado.
– Anda, levanta – Ela sentou na beirada da cama e pude reparar que ela já estava toda arrumada – Vamos sair!
– Não, obrigada – Me joguei de volta no travesseiro e começou a fazer cócegas no meu pé quase me matando de tanto rir.
– Vem logo, tem uma surpresa pra você na sala – Ela saiu correndo do quarto sem que eu pudesse ter nenhuma pista, me arrastei para fora da cama por pura curiosidade e fui pé ante pé até a sala, nunca se sabe o que estava me esperando. tomava seu café enquanto assistia alguma coisa na TV, olhei em volta e não vi ninguém, já estava pronta para brigar com minha amiga quando do lado da mesinha de centro eu vi uma coisa diferente do habitual.
– Wow, quem mandou isso? – Fui até o sofá onde estava e ela sorria muito animada.
– Nem sei, mas acho que tem um cartão ou algo assim – Ela deu de ombros e foi pra cozinha me deixando sozinha.
Na sala havia uma cesta enorme de doces, onde a variedade de chocolates, balas de goma (minhas favoritas), balas recheadas, doces de todos os tipos, tamanhos e sabores, era incrível, tenho certeza que minha cara estava como a de uma criança na fantástica fábrica de chocolate, não resisti e comecei a vasculhar a cesta pra encontrar algum cartão, bem no fundo soterrado por barras de chocolate eu senti um envelope, puxei-o e assim que bati os olhos nele, eu já sabia quem o tinha enviado.
Respirei fundo e um pouco trêmula abri o envelope, tirei primeiro o que parecia ser uma carta, espiei e ainda restou uma foto lá dentro. Comecei pela carta sentindo meu coração saltar no peito em ver a letra manuscrita de

"Oi, !
É esquisito te escrever uma carta, assim, de verdade, eu nem gostava de escrever muito no colégio que dirá fazer isso fora dele. Mas você vale o sacrifício, então…. Guarde esta raridade, garota!
Adivinha o que eu fiz? Uma lista! Estive pensando em nós e consigo pelo menos três razões pelas quais você não vai se livrar de mim tão fácil. Pronta? Lá vai:
1º Somos melhores amigos – Melhores amigos não desistem fácil uns dos outros, por mais erros que eu tenha cometido, eu me importo com você e sempre me importei, mesmo que tenha errado em não demonstrar direito. Você sempre será minha parceira de crime, confidente e aquela que sempre vai me animar com suas palhaçadas mais idiotas.
2º Não adianta correr – Yeah, você sabe que eu sou um chato insistente e vou começar a dormir na sua porta até você falar comigo de novo, né?! , eu não posso ignorar o fato de que eu te achei, caramba, não vou fingir que você é ninguém na minha vida. Nem vem com essa que é melhor e blá blá blá. Confia em mim, não vai ser essa tragédia que está pensando, nós vamos nos divertir e de quebra você vai ganhar quatro marmanjos para te atormentar como eu!
3º Nós precisamos um do outro – , eu preciso de você e sei que você também precisa de mim, por mais que você diga que não, mas eu sei que você sente falta do que nós éramos, assim como eu. Nem todos os dias são bons nessa profissão, nem tudo são flores e assim como você, teve vários dias em que tudo que eu precisava era de um abraço seu, e daquela segurança de que ser somente o já bastava. Você fez falta, MUITA falta e nem sabe disso. Não me obrigue a viver morrendo de saudade. Tem tanta coisa que eu quero saber sobre essa “nova ”, sobre tudo que aconteceu com você, e sobre você andar com essa louca da (não me mate e não conta para ela). Eu quero te contar um milhão de coisas, quero que você conheça esses quatro idiotas. Te quero de volta na minha vida pra nunca mais sair!

Volto de Brighton na segunda e gostaria MUITO de te ver! Esse foi só um resumo, posso criar uma lista com uns 200 motivos para você entender que não adianta fugir, nós sempre estaremos juntos, bobona! Por isso, por favor, quando estiver comendo os chocolates pense em mim com carinho o.k.!? Você deve estar se perguntando porque eu mandei uma cesta de doce, o motivo é idiota, mas é um motivo… Lembra quando nós brigávamos e eu aparecia na sua casa no outro dia com um monte dos seus doces preferidos pedindo para você ser minha amiga de novo? Não custava tentar, né! Este sou eu pedindo pra você não bater a porta na minha cara quando eu chegar, me deixa tentar . Vai dar tudo certo!

Com muito amor
"


Se ver mexeu comigo, uma carta com o que ele sentiu era como chute na boca do estômago, aprendi a ser um pouco egoísta e não me importar tanto com as pessoas nos últimos anos, mas isso não funciona com e percebo isso agora, eu queria acreditar que era tudo mentira, que ele só escreveu essas coisas para me comover mas eu o conheço, e lembro das vezes que nos abraçávamos por vários minutos sem falar nada, que só de olhar para eu já sabia que ele precisava de mim. Eu ainda o conheço tão bem e não consigo ignorar esse fato, nem deixar de lembrar do meu orgulho e curiosidade em vê-lo no X-Factor. Eu ainda me importo demais e talvez esse seja meu erro.
Sem minha permissão, algumas lágrimas caíram; sem minha permissão, meu coração apertou de saudades. Por mais indiferente que eu quisesse ser, tenho certeza de que se aparecesse agora na minha frent,e eu o sufocaria em um abraço completamente desengonçado e embaraçoso. Sinto tanta falta dele, mas tem uma dorzinha em meu coração que infelizmente doces não podem curar. Não sei se um dia voltarei a confiar em como confiava, como meu irmão pra vida, ele era mais do que meu melhor amigo e por isso dói tanto mexer no passado.
Respirei fundo e peguei a foto de dentro do envelope, foi inevitável não sorrir. Uma das minhas fotos favoritas de todos os tempos que ele roubou de mim, sorria com os olhos bem apertados enquanto eu beijava sua bochecha sorrindo, foi um dos dias mais felizes para mim, primeira aula de Jazz e só reclamava que eu ia deixar ele de lado e blá blá blá, o peguei de surpresa e bati a foto. Eu amava o sorriso dele nesta foto, eu amava tudo que estávamos fazendo naquela época. Minha lágrima solitária insistia em querer cair mas eu não podia deixar, aquela foto não era para isso. Olhei atrás dela e havia rabiscado "Lembra deste dia? Não come tudo sem mim, volto em dois dias. Xoxo. =D"

apareceu sorridente na sala com uma xícara de café para mim e sua carinha de culpada
– Estava me perguntando como conseguiu meu endereço? – Peguei minha xícara de sua mão e começou a ficar vermelha.
– Desculpa, , eu deixei escapar pro ontem que você morava comigo, só percebi isso quando entrei em casa e já estava feito.
– Só por isso, você terá que me contar tudinho do seu encontro com , sua desnaturada – conseguiu ficar ainda mais vermelha, peguei um chocolate da cesta e entreguei para ela que tentou se esconder atrás da almofada – Pode começar – Me sentei ao seu lado no sofá enquanto abria o chocolate.
– Fomos a um café discreto que eu nunca nem tinha passado na frente, não tinha muita gente então pudemos ficar à vontade, foi uma pessoa completamente adorável e, meu Deus, como eu ri, nunca ri tanto na vida, ficamos falando besteiras sobre nossas vidas, ele me contou algumas coisas sobre a banda, que a propósito só tem gente doida, e eu falei de nós, de como você é maluca e tem esse sorriso maníaco, para de me olhar assim cacete – me jogou a almofada e deu uma mordida em seu chocolate.
– Uh quem diria, caidinha por – Sorria marota pra ela que quase engasgou com o chocolate
– Fica quieta, ninguém tá caidinha aqui não.
– Sei, você não me engana, , me conta direito isso, aconteceu mais coisa, dá pra ver no seu rosto.
– Que saco, – ela bufou derrotada e falou um pouco mais baixo – tentou me beijar.
– QUÊ?! Como assim você não me conta essas coisas, criatura, conta isso direito – Fiz olhar para mim e ela estava vermelha como um pimentão.
– No caminho pra casa, nós ligamos o rádio e começou a tocar Britney Spears, só pra descontrair começou a assassinar a música junto comigo, nunca mais Toxic será a mesma pra mim, enfim no final da música, ele chegou tão perto, tão perto e eu paralisei sabe, não sabia se devia ou não beijá-lo, mas deram uma buzinada atrás de nós que eu quase infartei de susto, e nós entramos numa crise de riso sem fim, e o clima acabou, ele me trouxe pra casa, pediu meu telefone e foi isso – sorria para o horizonte e não pude deixar de rir da cara de boba dela.
– Ai, como o amor é lindo – Provoquei-a enquanto ela roubava alguns doces da cesta.
– Fica quieta e vai se arrumar, preciso achar uma roupa para o evento que vai ter na rádio, saímos em meia hora!
Peguei a carta e a foto e corri para o meu quarto, me arrumei rapidamente e fomos para o shopping, odeia experimentar roupas, mas, ao mesmo tempo, demora para gostar de alguma roupa, nosso trabalho hoje será árduo mas o melhor de tudo era o bom humor dela.
Estávamos na praça de alimentação quando resolveu atualizar o twitter e abriu um sorriso de orelha a orelha
– Adivinha quem acabou de me seguir no twitter? – Pelo olhar dela eu já sabia quem era.
, – Dei uma piscadinha e ela apenas acenou com a cabeça.
– Oh sinto cheiro de romance no ar – Fiz um coração no ar e a vi revirar os olhos.
– Fica quieta, olha aí o que um tal de publicou há uns 20 minutos atrás – sorria vitoriosa e me entregou seu celular com o tweet do aberto, "Velhos Amigos. Você sabe que sinto sua falta, certo!?" Abri o link da foto e deixei uma risada escapar, era uma foto nossa de uns três ou quatro anos atrás, onde ele tinha pulado nas minhas costas de surpresa e pediu para um dos nossos amigos bater a foto, eu fazia uma careta mostrando a língua e ria abertamente, ele sempre gostou mais desta foto do que eu, só por curiosidade olhei o número de favoritos e retweets e já passava dos 5.000, quase caí pra trás e ouvi a risadinha de do outro lado da mesa, olhei para ela que fez joinha sussurrando “Tá gata hein”.
– Idiota – Devolvi o celular e voltei a tomar meu suco de laranja enquanto continuava no twitter.
– Você tá famosa, o tanto de gente tentando adivinhar sua identidade é impressionante, o melhor são as teorias de onde ele te conhece, se tem foto sua com a mãe dele, foto de vocês mais antigas ou recentes, gente do céu – a cada nova palavra sentia um frio na barriga.
– PARA – Estava a beira de um ataque de pânico e só olhava para aquela bosta de celular – Desliga essa porcaria – Olhei séria para ela que guardou o celular rapidamente.
– Desculpa, não olho mais, prometo.
– Eu vou matar o ! – Me concentrei em terminar meu suco e ignorar minha vontade de xingar o no twitter ou de bater nele pessoalmente.
– Calma, sem medidas drásticas.
– O que um não faz, você está até defendendo o !!! Mereço isso! – Balancei minha cabeça e começou a ficar com vergonha.
– Idiota, não falo mais nada também.
– Vamos terminar logo essas compras.
Arrastei-a pra mais uma loja e finalmente compramos o vestido que precisava, o resto da tarde ficamos assistindo Friends e comendo as guloseimas que me mandou.

Domingo acordei super tarde, com a maior preguiça do mundo e tudo estaria normal, num domingo completamente típico se não fosse o fato de que assim que acordei e olhei para o lado encontrei uma surpresa no criado-mudo.
Uma caixinha preta envolvida com uma fitinha branca de cetim, e um cartão. Minha curiosidade me fez abrir a caixinha primeiro, um lindo colar reluzia na almofada preta, em uma corrente simples de prata com um pingente de ancora também de prata com algumas pedrinhas brilhantes, delicado, simples e lindo, tirei o colar da caixinha e abri o cartão

Hey, !!!
Descobri que âncoras significam segurança e fidelidade. A nossa amizade pra mim é isso
Nós eramos um só, não existia sem , lembra? Era seguro, sempre foi!
Você é a minha âncora, eu sempre poderei ser eu mesmo com você, não preciso ser
Só o seu de sempre!
Aceite este presente, por favor, é de coração e não se preocupe, não custou uma fortuna!
Ontem enquanto ensaiávamos essa música, tudo que me passava pela cabeça era você, espero que goste!
I can lend you broken parts (eu posso te emprestar pedaços)
That might fit like this (Que podem se encaixar assim)
And I will give you all my heart (E vou te dar todo o meu coração)
So we can start it all over again (Então podemos começar tudo de novo)
#1Dia #MeesperaBobona
Xoxo


Ri ao final do cartão, continua um idiota esse menino, levantei e fui atrás da , com certeza ela tem alguma coisa haver com essa surpresa, encontrei-a na cozinha tomando café com cara de sonâmbula.
– Bom dia – estava com a boca toda suja de bolo de chocolate e apenas resmungou em resposta.
– Como isso foi parar no meu quarto? – Mostrei o colar em minhas mãos e sorriu sem graça.
– Tocaram a campainha, eu atendi, era entrega pra você, como eu vi que você ia demorar anos pra acordar, deixei lá e saí - Ela limpou a boca e antes mesmo de eu perguntar, ela acrescentou – Não foi o que veio entregar, foi um cara todo engravatado que ele deve ter contratado só pra isso, agora deixa eu ver o que ele te mandou.
Entreguei o colar para e fui preparar meu café.
– Ele quer mesmo ser perdoado viu, quanto empenho.
Concordei com um aceno de cabeça, me devolveu o colar e me olhava curiosa.
– E aí, o que vai fazer?
– Eu quero ser amiga dele de novo, mas ainda tem uma coisa que me segura, aquela dorzinha irritante e meu medo de tudo ser pior a partir de agora, as vezes eu acho que seria melhor fingir que nem conhecia mais ele.
– Você sabe que não ia conseguir por muito tempo, você ia acabar indo em algum show, mandando um oi no twitter, coisas assim, Melzinha do meu coração, ele é importante para você! Nós duas sabemos disso, sabe o que eu acho? – me olhava sorrindo – Você deve conversar com ele, ser sincera, falar TUDO, não deixar nada pra depois, falar do que você sentiu, como se sente agora, desses medos e se você quiser bater nele, bata, espanque!!! – Deixei uma gargalhada escapar e deu uma piscadela e pegou minha mão – Mas não se deixe amargar cultivando as mágoas, eu sei que você é manteiga derretida e coração mole amiga, por isso estou dizendo, se for realmente perdoar o , diga tudo, não guarde nada para não ficar remoendo depois, só assim vai ter de fato o perdoado, vai conseguir ser amiga e confiar nele de novo – terminou sorrindo orgulhosa e me olhando nos olhos.
– Ah sua chata – Sorri derrotada jogando um pedaço do meu bolo nela – Obrigada, eu não sei o que seria de mim sem você.
– Seria uma mendiga sem teto e sem uma amiga linda pra te livrar das enrascadas – riu e joguei outro pedaço de bolo que caiu direto no café dela, dei minha melhor gargalhada enquanto olhava indignada para seu café.
– Te mato, – Sorri vitoriosa para ela e terminei de tomar meu café.
Ficamos o dia inteiro assistindo filmes e morgando na sala. Adoro domingos “produtivos”.

Segunda-Feira chegou e com ela uma ansiedade idiota que não me deixou dormir, eram 07:00 da manhã e eu rolava na cama sem um pingo de sono. Levantei, tomei meu banho, fiz café, assisti desenho e o tempo parecia não passar, hoje só trabalhava a tarde e eu já tinha perturbado minha amiga demais, me arrumei e não resisti em usar meu novo colar, não, não precisava saber disso e saí. Precisava comprar umas coisas e arranjar um emprego, minha mãe me mandava dinheiro mas não quero ficar dependente dela, muito menos do meu pai.
Não imaginei que fosse demorar tanto assim, já ligava há um bom tempo no meu celular e me assustei quando olhei no relógio e já era 11:30 da manhã. Fui pra casa e assim que adentrei o apartamento vi uma cena completamente hilária.
falava com alguma coisa enquanto pulava desesperada no sofá com o celular na mão.
– Aleluia!! – Ela veio correndo me abraçar e eu não entendi nada – Pelo amor de Deus, segura esse monstro! – arregalou os olhos e apontou para alguma coisa atrás da cortina, fui até lá apreensiva e meu coração derreteu assim que bati os olhos na gatinha escondida atrás da cortina, olhei para que estava de volta em cima do sofá e ela gesticulou “Mata”, eu não pude deixar de rir, peguei a gatinha pequenina superassustada e a levei comigo até onde estava.
– NÃO OUSE SE APROXIMAR – histérica pulava para mais longe possível de onde eu e a gatinha estávamos.
– Ok, calma, respira e me explica como essa coisa fofa veio parar aqui? – Acariciei a gatinha que começou a ronronar, me olhava como se eu fosse um ET e estivesse acariciando um leão selvagem, ela estava horrorizada.
– Nunca mais eu recebo alguma encomenda pra você – ela apontava para mim - essa coisa chegou com o carinha engravatado de ontem de manhã, ele disse que era uma coisa delicada e que era pra ter cuidado, eu não abri a porcaria da caixa e quase INFARTEI quando esse negócio acordou e começou a chacoalhar, arranhar e virar a caixa, sério, eu vou matar esse , vou estrangular e tudo mais – estava em uma mistura de indignada, assustada, desesperada e eu queria rir, gargalhar era a palavra certa mas eu não podia fazer isso com minha amiga, ela estava a beira de um ataque de pânico
– Calma, foi o que me deu? Jura? – Oh Meu Deus, meu coração acelerou e eu não conseguiria tirar esse sorriso idiota do meu rosto nem se eu quisesse depois disso.
– A caixa e o bilhete estão do lado da porta – se sentou um pouco mais calma enquanto eu e a gatinha nos afastávamos.
Achei uma caixa de papelão cheia de furos para a gata respirar, uma fita vermelha de seda e mais um cartão.

"Não se assuste, eu sei que é demais mas eu não resisti
Bati os olhos nessa gatinha e ela me lembrou você e seu amor platônico por gatos
Não me mate, se não der pra ficar com ela, a gente dá um jeito
Mas cuida dela até eu chegar, confio em você
Já chego aí
Xoxo
"


Tinha uma caixa menor do lado, com ração, brinquedos e itens para higiene da gatinha, ela era pequena, no máximo dois meses, o corpo cor caramelo, a barriga e as patas listradas em caramelo e branco, estava com uma fitinha rosa no pescoço, não parecia ser de uma raça especifica e eu não ligo pra isso, levei-a para meu quarto junto com as coisas que mandou, depois de arrumar tudo voltei para sala e estava lá, olhando concentrada para a TV.
– Ok, o que foi isso? – Sentei do lado dela que não me olhava nem por decreto mas começou a ficar vermelha, não pude me conter e ri, fazendo me olhar brava.
– Para, não tem graça – Ela ficou séria e eu não estava entendendo nada, voltou a enrubescer.
– Me conta, por que aquele desespero? – respirou fundo e desviou o olhar para começar a contar.
– Uma vez nós viajamos para a fazenda da minha tia, eu ainda era criança e meu irmão imbecil resolveu que era divertido me assustar, primeiro ele me jogou um gato que arranhou meu rosto e eu entrei em pânico, não satisfeito mais tarde ele me PERSEGUIU com aquele maldito gato, nunca corri tanto na vida, bati em um monte de árvore no meio do caminho e quase quebrei o braço – A cena da correndo igual uma doida do irmão dela era algo que não sairia tão cedo da minha imaginação, eu jurava que não tinha medo de nada, muito menos de um gatinho, estava tentando segurar o riso para ela não brigar comigo.
– Eu sei que você quer rir, - Ela me olhava ameaçadoramente mas isso me fazia querer rir mais.
– Desculpa – tentei ficar séria – Nunca mais você pegou um gato?
– Tá louca? Nunca mais eu andei perto de qualquer gato, se tem um gato na calçada eu atravesso a rua, parece que eles sempre vão pular em mim e arranhar minha cara todinha.
– Ai que horror, amiga, vem vou te mostrar como eles podem ser dóceis, ela é tão pequenininha não vai te atacar – peguei a mão de que me olhou em pânico, puxei-a e fomos até o quarto, ela relutou em entrar mas depois da minha insistência ela me acompanhou, peguei a gatinha e levei até que estava sentada na cama, depois de alguns minutos ela aceitou fazer carinho na gatinha mas parou imediatamente quando ela a lambeu
– Se você quiser eu devolvo ela pro – Coloquei a gatinha de volta ao chão, ela se espreguiçou e foi se deitar no cantinho do quarto, ela era a coisa mais fofa e dorminhoca do mundo, dava vontade de apertar toda hora mas eu entendo o medo da e sei que esses traumas de infância são difíceis de se superar
– Não posso fazer isso com você, eu posso tentar gostar dela – apontou para a gatinha ainda olhando-a em dúvida – Só não deixe ela entrar no meu quarto
– Tem certeza? Não precisa fazer isso se não quiser.
– Eu topo uma experiência, não garanto nada.
– Eu te amo, pra sempre!!! – Apertei em um abraço de urso, antes dela começar a reclamar da falta de ar, a campainha soou e eu já sabia quem era, sem nem chegar a porta eu já sabia que ele estava lá, me esperando.



Capítulo V


's POV

A viagem de volta toda eu imaginei essa cena e agora aqui parado em frente a porta da parece que eu desaprendi as coisas, não sei ficar parado, nem o que fazer com as mãos, tenho medo dela abrir a porta só para ter o prazer de fechar a mesma na minha cara, meu coração tá meio desregulado assim como minhas mãos descontroladas. Pareço uma garotinha prestes a sair com o namorado pela primeira vez, que ridículo .
Paralisei no meio do caminho quando ouvi passos do outro lado da porta. Era agora e involuntariamente segurei a respiração até a porta se abrir e aparecer, tímida e desconfiada me olhando pelo canto do olho. Não pude evitar que um sorriso escapasse e dei um passo a frente, ficando mais próximo a ela
– Oi!? – Coloquei as mãos no bolso do casaco e sorri de lado para , eu não sabia o que esperar mas aposto na educação e bom senso da minha amiga
– Oi – Ela sorriu de leve e abriu um pouco mais a porta – Quer entrar? – Sugeriu com uma das sobrancelhas arqueadas e eu apenas assenti, entrando em seu apartamento.
Só de olhar em volta era perceptível que duas garotas moravam ali, era muito mais arrumado que meu quarto ou de qualquer um dos meninos, tinha muitas fotos espalhadas nos porta-retratos, pelo pouco que pude ver, a amizade das duas era realmente muito forte, e por mais que não goste de mim, eu devo muito a ela, foi ela quem cuidou da quando eu não estava por perto. Reparei que a cesta de doces que mandei não estava intacta, assim como a caixa onde veio a gatinha, pelo menos dos presentes ela gostou, eu ainda a conheço bem.
– Quer tomar alguma coisa? – ofereceu um pouco sem jeito, aposto que ela não gosta dessa situação assim como eu, neguei a oferta, ela deu de ombros e se dirigiu para o que parecia ser a cozinha, a segui e fiquei a observando preparar um chá. Minutos depois ouvi passos atrás de mim, saía toda atrapalhada de seu quarto, com a bolsa caindo de seus ombros, descalça e apressada.
– Oi, . Tchau, – Ela me olhou rapidamente logo em seguida se voltou para sem me dar tempo de dizer qualquer coisa.
– Viu meu all-star? – soltou uma risada e apontou para sala, saiu em disparada para a sala e só ria ao ver a pressa da amiga, só quando já estava saindo do apartamento que eu lembrei que tinha um recado para ela.
– Hey, maluca, espera aí – Chamei e ela parou com a mão na maçaneta da porta, cruzou os braços e ficou me olhando furiosa.
– Calma, tenho um presentinho pra você – Sorri para que franziu a testa e levantou uma sobrancelha mas continuou esperando.
– Anda logo, tenho que sair – Fui o mais lentamente possível até onde ela estava e entreguei o bilhete que a escreveu, vi ficar corada e olhar para o relógio, em meio segundo ela me tirou da sua frente e voltou para seu quarto correndo, voltei para a cozinha, me olhava sem entender nada.
está a esperando lá embaixo – Pisquei para que soltou uma de suas gargalhadas inconfundíveis e hilárias, como eu senti falta de ouvi-la rir desse jeito .
safadinha – Ela sussurrou e eu apenas concordei com a cabeça.
A porta do quarto de se abriu e outra garota estava ali, não era a que havia entrado toda descabelada, ela trocou a blusa de moletom que estava usando por um sobretudo preto, os cabelos antes presos em um rabo de cavalo voltaram soltos e uma totalmente sorridente passou por nós sem nem se despedir direito, assim que a porta do apartamento se fechou olhei para e ela suspirou devolvendo o olhar.
– Somos só eu e você, – Um frio subiu pela minha espinha me lembrando porque estava tão nervoso antes de chegar aqui, porque estar aqui era tão importante.
pegou seu chá e calmamente seguiu para a sala, fui em seu encalço morrendo de ansiedade.
– Você me perdoa? – Deixei que as palavras saíssem apressadas e me olhou com uma sobrancelha arqueada antes de se sentar no sofá
, já disse que não tem o que perdoar – Ela não sorria e aquele olhar vazio de quando eu a reencontrei me encarava, tornando tudo mais desconfortável ainda
– Você sabe que tem e não acredito que sem o seu perdão sincero, nós poderemos voltar a ser amigos, – Me aproximei dela que tomava seu chá despreocupadamente como se nada estivesse acontecendo, como se eu não estivesse ali.
– O que você quer que eu diga? Eu não deveria ter depositado tanta expectativa em cima de você e daqueles e-mails, a culpa foi minha por ter confiado demais, por ter me iludido – era dura em suas palavras e seu olhar custava a cruzar com o meu, ela não olhava para mim só para seu chá, quando ela deixou a xícara na mesinha de centro, pude ver que sua mão tremia levemente.
– Viu, isso é errado, a culpa foi toda minha e eu não vou desistir até voltar a ser seu amigo de novo – Ela não parava de encarar a mesinha de centro e aquilo já estava me dando nos nervos – , olha pra mim – pedi em um tom mais baixo me aproximando ainda mais dela, que deixou seus olhos sob os meus, seus olhos estavam cheios de lágrimas que ela ainda segurava, cheios de mágoa e tristeza.
Ela ficou me olhando por vários segundos, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela sussurrou as palavras que mais doeram de serem ouvidas.
– Eu não consigo mais confiar em você, ! – confirmou o que eu temia, suas palavras machucavam, sua frieza evidente maltratava mas eu não podia parar, não vou desistir facilmente.
– Eu tô aqui pra te fazer mudar de ideia, eu não quero viver longe de você – Sentei ao seu lado no sofá e arrisquei pegar sua mão, me olhou rapidamente logo em seguida seu olhar se fixou em nossas mãos unidas – Sabe a música que eu te mandei, bem aquela partezinha?! – apenas acenou com a cabeça sem me olhar nos olhos, me aproximei um pouco mais dela.
– Posso emprestar todo meu coração se necessário para ajudar você a se curar, eu odeio te ver triste, eu quero estar do seu lado, .
, sabe o que mais dói? – tirou sua mão da minha, levantou e se afastou, ficando de costas para mim olhando pela janela, me aproximei para ouvi-la melhor – É saber que a gente tinha tudo isso, um sempre ao lado do outro, fazendo tudo um pelo outro e TUDO isso pareceu mentira, quando eu mais precisei – A voz dela mudou, dava para ouvi-la chorando enquanto falava – eu parecia uma louca falando com as paredes, esperando algum tipo de sinal de lugar nenhum, , teve dias em que eu te odiei com todas as minhas forças, eu queria te socar, te bater por me fazer acreditar que você se importava comigo – Cheguei até e a virei para mim, seu rosto lavado de lágrimas, ela deixou escapar um soluço doloroso e suas duas mãos pararam em meu peito me impedindo de chegar mais perto – Mas nos dias mais fracos – Sua voz ficou mais fraca e ela deixou seu olhar no meu, e a dor era quase tangível, mais clara do que nunca – eu daria tudo só pra falar com você, ouvir sua voz idiota e suas piadas ridículas, eu sentia falta das coisas mais babacas que nós fazíamos juntos, , porque qualquer coisa era melhor que viver sozinha lá, sem saber nada, nem de mim mesma – Ela desabou, as lágrimas vieram com toda a força e não conseguia mais falar devido aos soluços, eu já estava entrando em colapso por vê-la tão mal de um jeito que eu nunca vi antes, ela nunca chorou tanto assim na minha frente e creio que na frente de ninguém mais
– Me deixa cuidar de você – Mesmo contra a vontade dela, eu a puxei para mim, começou a se debater mas aos poucos foi cedendo ao meu abraço, chorar era a única coisa que ela fazia, seus soluços eram o único som que eu ouvia e a cada segundo eu a apertava mais em meus braços querendo fazer aquela dor passar
, eu estou aqui e eu não vou a lugar nenhum, eu preciso tanto de você quanto você de mim, minha pequena gigante – Toquei em seu cabelo e fiquei acariciando-a – Talvez você não tenha dimensão da sua força garota e do quanto é importante pra mim – Beijei seus cabelos e se afastou para me olhar, ela me lançou um olhar zangado e em seguida me deu um beliscão na barriga
– Outch! – Encolhi a barriga e a olhei sem entender nada.
– Você é um idiota, , e um péssimo mentiroso.
– Sou o seu idiota favorito lembra?! E você sabe que foi barra enfrentar um monte de coisas sem você por perto, nada comparado ao que você passou, claro, mas acho que você saberia as palavras certas na hora certa, seus conselhos sempre me salvaram!
– Que bom que você admite – sorriu e não pude me conter em soltar uma gargalhada ao ver seu rosto todo vermelho de tanto chorar e ouvir sua voz anasalada por causa do choro se transformarem em uma careta risonha.
– Para de rir – Ela começou a distribuir beliscões pela minha barriga me fazendo sair de perto dela para poder rir mais – Eu vou te chutar daqui.
– Desculpa, mas sua voz fica a coisa mais engraçada desse jeito, mais até do que quando você pega gripe – Segurei suas mãos quando ela ia começar a me estapear.
– Mereço viu! – revirou os olhos e eu a apertei em mais um abraço, tô ficando meio sentimental demais, antes dela começar a me empurrar para longe, olhei em seu pescoço e vi que usava o colar que eu mandei pra ela.
– Gostou? – Deixei um sorriso escapar e me olhou com os olhos semicerrados, igualzinho como ela fazia quando ia brigar comigo.
, você estava tentando me comprar? Porque não tem outra explicação, a cesta ou o colar até vai, mas um GATO??? – gesticulava demais como sempre e eu apenas cruzei os braços vendo-a tagarelar sem parar sobre todos os presentes – Imagina se não tem ninguém em casa? E se a é alérgica? Que feio, , que golpe baixo, garoto! Você não era assim – Ela apontava para mim como se eu fosse um mafioso ou algo assim, eu só queria rir e ela me bater.
– Ok, calma, eu consigo explicar suas mil perguntas, não estava tentando te comprar até porque você nunca estaria à venda – dei uma piscadela para ela que só fez uma careta ainda com os braços cruzados – era mais como para te fazer lembrar de mim, eu queria te ver no dia seguinte, pedir desculpas mas eu não poderia, então, eu queria estar presente nem que fosse em uma lembrança, um pedacinho do dia, e o gato foi um impulso, sabe como é, eu lembrei de você chorando na calçada quando a gente era criança porque seu pai era alérgico e você não poderia ficar com o gatinho que nós encontramos, sempre soube do seu amor platônico por gatos e ela é tão lindinha, não consegui resistir, mas se não puder ficar com ela, eu fico!!!
me olhava boquiaberta e demorei um segundo para entender porque sua expressão mudou tão de repente e porque eu fui tão idiota em tocar no assunto do pai dela, , seu burro!
– Você lembrou disso? – Ela me olhava confusa e se sentou no sofá ainda me olhando.
– Claro que lembrei, você ficou brava com seu pai por uma semana, a culpa nem era dele! – Tentei disfarçar e deixar o ambiente um pouquinho mais leve, sorri para ela que me devolveu um sorriso triste.
– Desculpa por tocar nesse assunto, eu não deveria…. – me interrompeu colocando seus dedos sobre meus lábios, sentei junto dela no sofá, e o silêncio se instalou entre nós, demorou um tempo até começar a falar em um tom mais baixo.
– Às vezes eu nem lembro direito como meu pai era antes da viagem, parece que aquilo era ilusão e o jeito que ele era no Brasil, era ele de verdade, de meu herói ele virou um desconhecido.
– Você sente a falta dele, não é? – Peguei na mão dela e olhei em seus olhos vendo toda a decepção e tristeza que ela tentava esconder.
– Acho que do que ele era, do apoio que ele me dava e das nossas gargalhadas juntos – Ela deu um sorriso triste deixando uma lágrima escapar e me olhou sorrindo um pouco mais, sem deixar que as lágrimas presas em seus olhos caíssem – Lembra de quando a gente dançava Beach Boys na sala e ele dizia que você tinha que aprender a dançar como ele, para conquistar as gatinhas – E ela riu, não tinha como não acompanhar aquela risada, que sempre foi engraçada mas era mais especial do que nunca neste exato momento, era a força dela, sua arma para dizer que estava bem embora eu saiba que não.
– Obrigada por me lembrar destes micos – Empurrei-a pelo ombro e acabou soltando uma gargalhada
– Um pior que o outro e realmente acreditavam que aquelas danças horríveis funcionavam – balançava a cabeça incrédula me fazendo ficar com mais vergonha ainda, de repente ela parou e com um sorrisinho debochado perguntou – Você já aprendeu a dançar ? Porque sério, vocês eram terríveis.
Estreitei meus olhos para ela, como assim estava duvidando da minha incrível capacidade de dançar sensual e desastrosamente, eu queria rir mas não podia, tenho meu orgulho a zelar!
– Isso é um desafio, ? – Ela confirmou erguendo uma de suas sobrancelhas e acenando com a cabeça, levantei do sofá e a puxei comigo.
– Calma ai, meu filho – riu e eu fiz uma careta.
– Anda, coloca uma música aí – Pegou o controle do som na mesinha ao lado do sofá e ligou em uma rádio qualquer. Estava no começo da música “She Will Be Loved” do Maroon 5 nos entreolhamos e sorrimos, era uma das músicas favoritas dela.
– Per-fei-ta – Coloquei uma de minhas mãos na base das costas dela e a trouxe para mais perto, peguei sua mão e ela depositou a outra sobre meus ombros. Nos movimentávamos no ritmo da música, tentava girá-la e a trazer de volta aos meus braços sem cairmos no caminho, sempre que a trazia de volta, ela sorria mostrando uma de suas covinhas me deixando mais feliz por poder estar aqui.
Na segunda parte da música, o desastre começou, resolvemos cantar junto com Adam Levine, o que não dava muito certo, a paixão de pela música a fazia desafinar e me fazia rir das caras e bocas feitas por ela, mas parou de repente e eu continuei sozinho desta vez, olhando em seus olhos porque essa era uma parte muito importante da música pra mim.

I know where you hide (Eu sei onde você se esconde)
Alone in your car (Sozinha no seu carro)
Know all of the things that make you who you are (Sei todas as coisas que fazem você ser quem é)
I know that goodbye means nothing at all (Eu sei que adeus não significa nada)

Peguei-a de surpresa quando a “deitei” em meus braços, sorri torto para ela que me devolveu o mesmo sorriso, me aproximei de seu ouvido e cantei a próxima parte bem baixinho, só para irritá-la.

Comes back and begs me to catch her every time she falls (Volta e me pede pra que a segure toda vez que ela cair)

Quando a levantei me olhava com os olhos semicerrados e uma sobrancelha levantada, era incontrolável minha vontade de rir, mas me segurei, ela se aproximou do meu ouvido apenas para dizer “Vai sonhando, ” e eu ri, logo em seguida a girei novamente. Ficamos nos rodopiando e balançando até o fim da música, assim que acabou nos reverenciamos e caímos no sofá, a olhei esperando seu veredito e ela bufou mas sorriu em seguida me aplaudindo.
– Não tá horrível, melhorou bastante, – Deu duas batidinhas na minha perna e eu gargalhei incrédulo
– Eu sou um excelente dançarino, admita! – Me virei de frente para ela que apenas deu de ombros.
– Claro que não, você APENAS não pisou no meu pé como de costume, só isso! Você tem muito que aprender ainda – Ela me olhava com uma superioridade típica dela, de sabe tudo na dança.
– Você é muito metida, , quando for nos shows vai saber como é ver o MELHOR dançarino de todos em ação, pelo menos da banda eu sou o melhor, tenho certeza! – Sorri orgulhoso para ela.
– Eles devem ser MUITO ruins então – A olhei indignado e ela gargalhou sem a menor cerimônia.
– Chamei mas ela só ria, até eu me aproximar mais para lhe fazer cócegas e ela parar imediatamente.
– PAREI – Ela se afastou levantando do sofá, foi até uma porta e a abriu com cuidado, estava olhando sem entender até a gatinha aparecer na sala ainda reconhecendo o novo lugar, sorria toda boba olhando para ela.
– Como é o nome dela? – Perguntei pegando a gatinha no colo enquanto voltava a sentar do meu lado.
– Não dei nome ainda – acariciava a gata que começava a ronronar.
– Que desnaturada - Fingi indignação e me deu um tapa no ombro.
– Estava cuidando da sobrevivência dela primeiro, não ia adiantar ter um nome e não ter gata – só prestava atenção na gata e eu não estava entendendo nada.
– Por que sobrevivência? – Segurei a mão dela que acariciava a gata para que ela prestasse atenção em mim, quando olhou pra mim sorriu sem jeito.
– Descobri que a tem pavor de gatos e para ela não matar a pobrezinha pisoteada eu a tranquei no meu quarto, antes de pensar em um nome, .
– Não queria causar problemas, e agora? Você vai poder ficar com ela? – Nos olhos de eu vi um lampejo de incerteza que se confirmou quando ela mordeu o lábio inferior e desviou o olhar.
– Eu quero com todas as minhas forças mas não sei o quanto aguenta, ela disse que vamos fazer uma experiência, uma adaptação – Ela me olhou um pouco apreensiva – Se eu perceber que o medo da é insuperável, você cuida dela para mim? – e seu olhar de gato do Shrek me fitavam e eu sorri sinceramente para ela.
– Cuido, pode deixar, você vai ver que pode confiar em mim de novo – dei um piscadinha para ela, e sua expressão mudou, seu olhar ficou penetrante e indecifrável.
– Você sabe que não será fácil assim, não é?! Talvez nunca mais seremos daquele jeito de novo
– Vou estar do seu lado então vou poder tentar, , até que tudo fique bem, até que a gente encontre um jeito de ser o que era! Não tenho pressa, bobona! – Apertei de leve seu nariz e sorriu tímida.
– Tô vendo que não vou mesmo me livrar de você – rolou os olhos teatralmente.
– Não mesmo agora eu ando em bando, você está perdida – Cutuquei sua cintura fazendo se desequilibrar e rir.
– Quero só ver, não me coloque em encrencas, Sr. – Ela apontou o indicador para mim, eu apenas dei de ombros.
– Nada que você não esteja acostumada – apenas balançou a cabeça rindo, me empurrando logo em seguida pelos ombros.
A gatinha miou nos fazendo lembrar o objetivo inicial da conversa.
– Ok, precisamos achar um nome para ela – Ela pegou em uma das patas da gatinha que brincava com os cordões do seu moletom.
– Concordo plenamente – Sorri para , a lista de nomes era infinita mas nada bom saía de verdade. Ela ligou a TV e um episódio de Friends começava, foi instantâneo, quando ela entrou em cena me deu um cutucão na barriga e eu entendi o recado.
– PHEEBS! – sorria para a gatinha recém-batizada - Você vai se chamar Pheeb! Que linda! – Ela parecia a Felícia do desenho animado, querendo esmagar a pobre gata em um abraço.
– Tá bom, não precisa matá-la – Tirei a gatinha do colo da que franziu a testa pra mim.
– Você é um chato.
– E você é maluca, deixa a gata respirar, criatura – Nós rimos e puxou a cesta de doces que eu tinha enviado para mais perto do sofá.
– Quer um? – Ela perguntou sorrindo e pegando um pacote de balas de goma.
– Claro que quero – Pisquei com um olho só para ela que riu mais ainda, nos aconchegamos mais no sofá preparados para a maratona de Friends que acabara de começar, como nos velhos tempos.

Depois da maratona, pedimos uma pizza pra colocar alguma coisa salgada no organismo e para fazer mais gordices
?! – que já estava com a boca toda suja de ketchup por causa da pizza de repente parou de comer para me olhar
– Eu! – Engoli o pedaço de pizza que estava comendo e esperei a bomba
– Posso te fazer uma pergunta muito séria mas que você não pode contar para ninguém?! – Estava difícil levá-la a sério com a boca toda suja mas me mantive sério o máximo que pude.
– Pode, manda ver .
não é galinha, é?! Não quero que minha amiga sofra – me analisava minuciosamente para ter certeza de que eu não mentiria – Preciso me preocupar?
– Não, fica tranquila, ele é confiável e acho que ele gosta bastante da sua amiga maluca – Ri ao final e não vi se aproximando para me dar um tapa no braço.
– Não fale mal dela.
– Tá desculpa mas ela sempre está querendo me bater ou algo do gênero, isso é coisa de doido – riu pegando mais um pedaço de pizza.
– É só o jeitinho de ser, de nos proteger! Ela não é muito sua fã, você sabe, né?! – E como sei, desde o início ela deixa isso bem claro e explícito, apenas afirmei com um aceno de cabeça – Somos assim, defendendo com unhas e dentes uma a outra, por isso acho bom seu amigo não aprontar nada, senão é a minha força que ele vai conhecer – tentava soar ameaçadora mas era difícil de acreditar em sua braveza.
Antes que eu pudesse comentar qualquer coisa, meu celular tocou, quando vi que era não pude deixar de rir antes de atender
! Você não morre tão cedo! – gesticulava pedindo para eu ficar quieto – E aí, tudo bem?
– Tudo, uma pergunta, você já fez as pazes com a ? Informação vital – Dava para perceber a ansiedade em sua voz, olhava curiosa e resolvi deixar para ela responder.
– Pergunta para ela, oras – E antes de ouvir reclamações dos dois lados entreguei meu celular para que me fuzilava com os olhos e sai da sala para pegar mais refrigerante na cozinha, eles ficaram uns 10 minutos no telefone conversando e rindo por vezes. Isso é bom, para quebrar o gelo e tirar suas próprias conclusões quanto a , nesse lance de amizade entre garotas eu não quero me meter.
Quando voltei para sala me jogou uma almofada que estava jogada ao seu lado.
– Nunca mais faça isso, – Sentei ao seu lado novamente.
– Nem foi nada demais, você não queria saber como o é!? Feito – Pisquei para ela que apenas revirou os olhos.
– Imagina se ele desliga na minha cara ou pior, eu digo alguma coisa muito idiota, eu ia ficar morrendo de vergonha, poderia ter sido horrível.
– Ai quanto drama, mas e aí gostou?
– Gostei, ele me chamou pra ir na casa do amanhã – Ela sorriu mordendo sua pizza que já estava esfriando.
– Hmm, posso ir também ou é convite exclusivo para madame?!
– Vou pedir pra liberar sua entrada – me deu dois tapinhas nas costas, meio segundo depois ela começou a rir da própria piadinha infame.
– HA HA HA engraçadona.
– Acho que ele quer convidar a , mas pra ela não me usar como desculpa, ele queria te pedir pra me chamar também, ele tá mesmo a fim dela, né?! – sorria feliz por perceber que gostava mesmo da .
– Tá perdido esse moleque – Sorri para ela que abriu mais seu sorriso e de repente me olhou com os olhos brilhando.
– Oh Céus, eu vou conhecer a One Direction – E ela sorriu de um jeito que eu nunca tinha visto antes e sem aviso algum me abraçou, ou melhor, se jogou em meus braços me “abraçando” apertado, depois do susto envolvi sua cintura, mesmo sem entender nada. Ela se afastou minimamente para me olhar nos olhos.
– Nunca pude dizer olhando nos seus olhos o quanto eu tenho orgulho de você, , o quanto eu torci para você realizar o seu sonho e mesmo estando brava com você, eu ficava feliz em te ver feliz, você conseguiu caramba! – Seus olhos brilhavam orgulhosos para mim, acho que no fundo sempre faltou o abraço dela, seu apoio depois daquela audição. Não pude deixar de sorrir, acho que meus olhos podiam brilhar como os dela, meu sorriso tão aberto como o dela mas tenho certeza que a alegria que eu estava sentindo era maior que qualquer coisa, eu recuperei minha amiga, uma das pessoas que eu mais amo e me importo. E é bom, bom demais, saber que ela está aqui me apoiando e sentindo orgulho de mim. É bom saber que eu estou fazendo certo e que eu a tenho ao meu lado.
Apertei-a mais ainda em meus braços deixando uma risada escapar perto de seu ouvido o que fez com que se encolhesse e soltasse sua típica gargalhada, minha favorita que me fazia rir toda vez que eu a ouvia. Soltei-a do abraço e peguei em sua mão
– Obrigada, é muito importante pra mim, ouvir isso de você, bobona – Ela sorriu e eu fiz o que costumava fazer a alguns anos atrás, beijei sua testa e em seguida sua bochecha. Ela fez uma careta e veio bagunçar meu cabelo, eu odeio quando ela faz isso.
, quer parar, cacete! - Eu me esquivava de suas mãos e ela só ria, só parou de atormentar quando ameacei jogar ketchup nela.
– Já está tarde, tenho que ir - Roubei um chocolate da cesta de doces e riu.
– Pode pegar mais para viagem se quiser! Tem bastante – Ela falou baixinho como se fosse um segredo e dei uma piscadinha em resposta, roubando mais balas dela que ficou resmungando que eu era um esfomeado.
– Te vejo amanhã então!? – acenou com a cabeça e riu, indo comigo até a porta.
– Isso vai ser divertido.
– Você nem imagina o quanto – Me aproximei para dar-lhe um beijo no rosto – Se cuida, bobona.
– Se cuida, bobão – Ela me deu um tapa na bunda e fechou a porta correndo, eu conseguia ouvir sua gargalhada do corredor. E eu apenas ri junto, indo embora mais feliz por trazê-la de volta a minha vida. É você está realmente perdida .



Capítulo VI


's POV

Já era meio dia e eu estava em busca de algo que prestasse para comer, estava faminto e com muita preguiça, logo não ia encontrar nada bom, estava decidindo para onde ligar e pedir meu almoço quando me mandou uma mensagem pedindo carona para ir a casa do . Preciso confessar que estou muito ansioso para apresentar aos garotos, tenho certeza de que eles se darão bem e que ela vai gostar muito deles, minha ansiedade é por estarmos todos juntos finalmente, meu time enfim estará completo.
Estava indo buscar o pelos cabelos quando recebi uma mensagem esquisita de um número desconhecido, adivinha quem era? Exato. e suas cantadas horríveis. Ela pegou meu número com o ontem a noite e resolveu me “acordar” com uma cantada medonha do tipo “Machucou quando você caiu do céu, anjinho?!”, tinha como não rir?! Acabei me distraindo conversando com ela por mensagens que me assustei com batendo no vidro do carro.
– Aleluia!!! Pensei que ia ter que dançar na frente do carro pra você me enxergar! – tirou a touca e ajeitou o moletom enquanto eu dava partida no carro.
– Nem ia reparar, você não faz meu tipo – Pisquei para ele que fingiu uma risada.
– Anda logo que eu tô com fome!
– Ok, vamos lá, estressadinho.
Depois de fazermos nossos pedidos, reparei que parecia inquieto demais e não parava de olhar para o celular.
– Que foi? – Cutuquei ele que bufou para o celular antes de me olhar – Por que o estresse?
– Estou tentando falar com a desde cedo e ela não me responde! – indignado quase jogou o celular na taça com água a sua frente.
– O que aconteceu ontem afinal? Deu tudo certo entre vocês? – Perguntei tentando ser o mais cauteloso possível, pelo olhar que me lançou não deve ter sido muito bom.
– Eu sou muito azarado, cara, só pode, estava tudo indo bem até a hora que a gente resolveu parar para comer, estava no drive-thru quando pulou pro banco de trás e se escondeu, pouco tempo depois o carro estava rodeado de fãs, tentei ser o mais rápido possível mas não deu, meu tempo com não durou nem 20 minutos porque ela tinha que ir pra rádio! – respondeu derrotado e eu fiquei com dó do meu amigo, se esforçando ao máximo mas tudo indo contra ele.
– Calma, hoje você vai ter o dia inteiro pra ficar com ela, relaxa.
– Assim espero – respondeu meio desconfiado dessa facilidade.

Depois do almoço, liguei para para oferecer uma carona até a casa do , como ela estava no hospital pediu para que eu passasse lá para irmos direto. tentava a todo custo falar com mas ela não atendia ao maldito telefone. Quando chegamos em frente ao hospital saía toda sorridente com um cara de jaleco branco, parecia muito novo para ser médico. Como eles estavam demorando DEMAIS mandei uma mensagem simpática para ela:
"Não posso te deixar sozinha nem por um minuto né, larga esse marmanjo, por favor!! Estamos te esperando!"
Reação imediata, assim que leu a mensagem começou a procurar o carro, buzinei forte de propósito fazendo ela olhar irritada em nossa direção, só ria enquanto observamos se despedir do carinha e vim lentamente até o carro.
Entrou pela porta de trás e me olhou séria.
– Você é um chato, .
– E você sem educação, boa tarde pra você também, – Dei partida no carro enquanto ela soltava os cabelos e os jogava para trás.
– Boa tarde, – Ela fingiu estar brava comigo, olhou para o meu lado e enrubesceu, só agora me toquei que ela nunca falou com nenhum dos meninos, não pessoalmente pelo menos.
, este é o , esta é a chata de quem eu lhe falei – Apontei rapidamente de um para o outro e me deu um tapa no ombro pela sua descrição.
– Prazer em finalmente te conhecer, ultimamente você é a pessoa de quem eu mais ouço falar – sorriu para ela que ficou um pouco mais vermelha pelo que eu pude ver pelo retrovisor.
– Digo o mesmo, sabe, também tenho alguém que fala bastante de você – Ela disse com aquele sorriso de quem sabe de muita coisa, mais até do que o próprio , que sorriu mais ainda depois do comentário dela – Nunca conte que eu disse isso, por favor – Ele concordou e piscou pra ela.
– Nós passamos pegar a agora? – Perguntei a que deu um sorriso amarelo.
– Ela vai chegar mais tarde, muito trabalho, sabe como é!
– Mas ela vai, certo?! – olhava pelo espelho e ela desviou o olhar, o.k., talvez não aparecesse hoje.
– Se ela não quiser ter uma morte lenta e dolorosa, vai sim – resmungou mas eu consegui entender e a olhei pelo retrovisor, ela apenas deu de ombros.
, a está brava comigo? Por ontem? – já estava chateado antes imagina agora com a possibilidade dela nem aparecer hoje, ele se virou para encarar que o olhou surpresa.
– Não, ela sabe que vocês precisam dar atenção aos fãs, ela jamais ficaria brava por isso!
– Então por que ela não vai hoje?
– Porque hoje vai uma cantora na rádio e vai ser a mesma correria que foi quando vocês foram lá, mas ela me prometeu, de dedinho, que vai fazer de tudo para conseguir ir! – Ela sorriu para que ainda parecia desconfiado mas correspondeu o sorriso – Fica tranquilo, vai dar tudo certo! – deu uma piscadinha marota para que só chacoalhou a cabeça rindo.
– E aí, preparada para conhecer um bando de maluco? Hoje é dia de jogo então, ninguém estará completamente normal – a olhou pelo retrovisor e franziu o cenho nos olhando.
– Já estou acostumada com o , mas de que jogo você tá falando? – Ela me olhou sorrindo debochada enquanto eu fingia uma risada.
– Liverpool X Manchester United – Assim que ouviu os nomes, ela abriu um sorriso enorme, até eu achei estranho.
– Não acredito que o Liverpool vai jogar hoje, que maravilha – sorria enquanto eu e nos entreolhávamos, isso ia ser divertido.
– Só pra você saber o odeia seu time – Informei que nos olhou chocada e gargalhou em seguida.
– Só porque eles sempre perdem pra gente! – Ela jogou os cabelos para trás.
– Quero ver a cara dele quando ouvir isso – gargalhou, é meio fanático quando se trata do seu time do coração, a coisa fica séria, mas só se divertiu com esse fato. Começamos a conversar sobre a banda, os shows e tinha um milhão de perguntas, nem percebemos o tempo passar, até eu parar o carro em frente à casa de .
saiu antes de nós, olhei para pelo retrovisor do carro e ela mordia o lábio inferior, olhando para fora do carro, sai e abri a porta para ela que até se assustou.
– Vem, eles não mordem – Sorri estendendo minha mão para ela, assim que seus dedos tocaram os meus senti o quão nervosa ela estava, sua mão parecia uma pedra de gelo de tão gelada – Relaxa, babe, eles vão te adorar assim como eu te adoro – Pisquei para ela que riu de leve e me abraçou pela cintura.
– Obrigada – Ela disse bem baixinho antes de nos separarmos para ir até a entrada da casa do , que nos esperava na porta.
, esta é a – Ele sorriu para ela e abriu os braços para abraçá-la, me afastei um pouco e ele a chacoalhou de um lado para o outro, supernormal vindo dele que ria me olhando.
– Isso, deixe ela tonta – Puxei dele que riu mais ainda.
– Vamos entrar?! – Ele pegou uma mão dela e a levou junto com ele, olhou para mim rindo, dei de ombros apenas – Vou te mostrar minha casinha.
E ele a arrastou porta adentro, assim que entrei já ouvia a risada inconfundível de encher a sala, sentado no sofá se divertia com ela vendo e em uma péssima demonstração de macarena, assim que me viu bateu no sofá ao seu lado para que eu fosse me sentar com ela, neguei porque eu precisava ir no banheiro urgentemente.
Quando estava voltando para a sala encontrei com e duas bacias grandes de pipoca rumo a sala.
– Quer uma ajuda aí?! – com a boca cheia de pipoca só confirmou com a cabeça me passando uma das bacias.
– Tá envenenado isso aqui? – Olhe desconfiado para a bacia em minhas mãos e só franziu a testa, até engolir para poder falar.
– HA HA engraçadinho, anda logo o jogo já começou – Ele foi na frente e se sentou no tapete na frente da , estava sentado na beirada do sofá com a seu lado e na outra ponta do sofá, me sentei no único lugar que sobrou entre eles.

Quando a bola começou a rolar já fiquei com dó de sentado perto das pernas da , ela parecia estar em campo junto aos jogadores, não parava quieta quando a bola estava com o Liverpool e quase meteu um chute na costela do quando eles perderam de marcar um gol estando na cara do gol.
– NÃOOOOO – revoltada olhou para mim e apontou para a TV a nossa frente – Você viu isso?
Apenas assenti enquanto ela voltava a prestar atenção na TV, olhei para o lado e nos olhava boquiaberto, acho que ele ainda não sabia que era torcedora fanática do Liverpool. roendo as unhas e falando palavrão baixinho de um lado e concentrada e tentando “jogar junto” do outro, fizeram o jogo ser muito mais animado para nós que mais assistíamos a eles do que o jogo de fato, pelo menos foi assim no primeiro tempo.
Assim que o intervalo começou se virou para .
– Como assim, você torce para o Liverpool?! – Ele ergueu os braços e franziu as sobrancelhas para ela que riu e me puxou para ser seu escudo – Não acredito!!! – Ele balançava a cabeça em negação mas ria ao mesmo tempo.
– Eles são os melhores, não posso fazer nada – riu provocativa e apenas se levantou e veio ficar de frente para ela.
– Que absurdo, duvido que vocês vençam a gente hoje – mais desafiador impossível encarava que devolveu o olhar e riu.
– Apenas espere e verás – Ela ergueu uma sobrancelha e sorriu de lado, e eu nos entreolhamos e rimos da cara de indignado que fazia, em seguida ainda resmungando ele foi para dentro, acho que para o quarto dele.
– Não me interessa quem vença, só sei que eu preciso dos meus pulmões dona que voltava da cozinha com algumas latinhas de coca e cerveja na mão olhou diretamente para e eu gargalhei, ela não estava entendendo nada.
– Verdade, você quase perfurou o chutando as costelas do menino – olhou constrangida para , colocou a mão no rosto e nos olhou novamente.
– Meu Deus, desculpa, ? Juro que vou me controlar! – Ele ofereceu as bebidas a ela que pegou uma coca e olhou ainda com vergonha por ter quase batido nele, sorriu para ela e passou uma cerveja para se sentando no outro sofá, um pouco mais afastado da , antes que ela ficasse sem graça pelo incidente abracei-a pelos ombros e brindei nossas cocas, fiz uma careta e ela só rolou os olhos em resposta.
– Cheguei meu povo! – apareceu na porta todo sorridente.
– Mais atrasado impossível, né?!- foi até ele que riu e o cumprimentou, foi para a cozinha e veio até nós e pegou uma cerveja da mesinha de centro e olhou para .
– Oi! – Ele estendeu a mão para ela que apertou e sorriu em seguida – Você já deve saber, mas, mesmo assim, eu sou o ! – Ele deu uma piscadinha idiota e levantou as sobrancelhas.
– Não sei se você sabe, mas eu sou a ! – E piscou da mesma maneira que ele – Mas me chame de – Ela disse, por fim, quando eles soltaram as mãos, ele assentiu rindo e olhou em volta.
– Cadê o ? - Ele me perguntou depois de sentar ao meu lado no sofá.
– Acho que foi buscar alguma coisa lá no quarto dele – Respondi e apenas deu de ombros olhando para a TV e sorrindo ao ver o jogo que ia recomeçar em poucos minutos, o celular de tocou e ela se afastou para atendê-lo, em seguida, eu a vi indo falar com , pelo sorriso dos dois quando voltavam da cozinha era perceptível que eles estavam aprontando. me puxou pela mão.
, você pode emprestar seu carro pro ? – Ela juntou as mãos e sorria de maneira angelical, até que estava ao seu lado riu.
– Pra quê?! – Perguntei apenas para vê-la se explicar, suspirou jogando os cabelos de um lado para o outro.
, eu tenho um plano e preciso do seu carro e do para executá-lo – Ela gesticulava e sorria, apenas revirei os olhos entregando minha chave para o , que pegou-as me dando um meio abraço e saiu quase que correndo da casa do . sorria igual criança, me deu um beijo estalado na bochecha e me abraçou, quando nos soltamos ela falou bem baixo, quase não dava para ouvir.
– Ele vai buscar a , eu pedi para ela pegar um monte de coisa lá em casa antes de vir, espero que isso os ajude! – Ela deu uma piscadinha e me puxou para sentarmos novamente no sofá.
voltou vestindo sua camiseta do Manchester, o que fez gargalhar antes do jogo começar, e sem nem perceber e eu rimos junto, tanto pela risada dela como pela indignação presente em .
O segundo tempo já começou com um gol belíssimo do Manchester, o que fez quase perder a voz devido aos berros e quase apanhar por estar tão perto dele, as provocações entre e se intensificaram, se recusava a acreditar que seu time ia deixar barato e no meio do jogo veio o tão esperado gol, essa menina riu e gritou “goooool” junto com o narrador, puxou a mim e para um mesmo abraço e gargalhava olhando para , que só balançava a cabeça. era só alegria e confiança, roía as unhas e o jogo seguia, nos últimos minutos fui ao banheiro e quando voltei estava com as mãos na cabeça, ajoelhado no chão, cara de derrotado, em pé abraçada e quase esmagando que gargalhava enquanto ela dizia em alto e bom som “EU SABIA, EU SABIA”, veio rindo até mim.
– Você perdeu O melhor gol e o melhor grito do , tira a de perto dele! – Ele riu indo pra cozinha, cheguei na sala e ria enquanto conversava animadamente com , olhei para desligando a TV emburrado, ele veio e ficou parado ao meu lado.
– Não gostei dela – Ele olhava com os olhos semicerrados quando ela vinha na nossa direção, tentava não sorrir mas não estava dando muito certo.
– Não seja mau, , eu tenho uma surpresa pra vocês! – Ela sorriu para nós que nos entreolhamos e olhamos em volta e não vimos nada.
– Cadê?! – Estendi minhas mãos e ela bateu nelas rindo fazendo rir também.
– Está chegando, mas…. – Ela olhou diretamente para , séria – Você só vai poder saber o que é quando tirar essa camiseta feia! – olhou chocado para ela que sorriu mostrando sua covinha, eu tive que me segurar para não cair de tanto rir dele.
– Isso terá volta, , fica esperta! – Ele ameaçou e ela só fez uma careta em resposta, saiu de perto indo pra cozinha ou pro quarto, não sei, me puxou para um canto da sala.
– Será que eles estão chegando? – Ela sussurrava e eu a olhei sem entender, só rolou os olhos – A e o ! – Ela me deu um tapinha na cabeça, fiz uma careta e peguei meu celular para ligar para mas me impediu.
– Não, vai que a gente atrapalha eles! – Ela me olhava indecisa mas não precisamos fazer nada, ouvimos uma risada baixinha do lado de fora e fomos espiar, e cheios de sacolas, mas, mesmo assim, se abraçando se beijavam perto da porta onde e eu estávamos, sorrimos cúmplices e saímos rápido de lá, para que não nos vissem.
Minutos depois, sorridente surgiu na sala trazendo consigo e as sacolas, que pelo que pude entender, eram da .

Depois de pedir para o para usar a cozinha dele, arrastou para lá e começaram a cozinhar um negócio esquisito e nos proibiram de chegar perto da cozinha, aproveitei que e estavam jogando videogame e me sentei junto a .
– Eu vi, você e a ! – Cantarolei bem baixinho, ele me olhou surpreso e depois abaixou a cabeça rindo.
– Fica quieto, ela disse que não era pra ninguém saber – olhou para mim tentando não sorrir mas acho que meu amigo estava muito feliz para essas coisas – Mas foi demais, cara – Ele disse baixo querendo gritar para todo mundo mas se contentando em olhar para o teto e sorrir, é, esse aí tá apaixonado mesmo.
– A viu, deve estar atormentando a nesse exato momento – Ergui as sobrancelhas para que riu.
– Preciso agradecê-la depois, ela me ajudou bastante - Ele lembrou olhando para a TV onde ganhava de no videogame.
– Vamos tentar invadir a cozinha?! – chegou por trás do sofá nos assustando, quando nos levantamos do sofá demos de cara com as meninas, com uma panela grande e muitas colheres.
– Pegamos vocês, né!? – semicerrou os olhos para que sorriu abertamente para ela.
– Eu estava curioso, oras – Ele deu de ombros e foi até elas, olhou com uma cara estranha para a panela e veio correndo se sentar ao nosso lado, deu uma colher para cada um de nós e se sentou no tapete ao lado do que não resistiu e perguntou.
– O que é isso? É bom? – Ele encarava a panela em dúvida, acho que todos nós estávamos com a mesma expressão, e se entreolharam e riram, pegando um pouco daquele negócio.
– Se chama brigadeiro, um doce brasileiro que a gente não vive sem, vamos, experimentem! – disse antes de colocar sua colher na boca.
Mesmo na dúvida se era uma boa ideia, um por um pegou um pouco, nos entreolhamos e experimentamos juntos, tinha uma aparência esquisita mas um gosto ótimo.
– Isso é uma delícia – olhou impressionado para .
– Realmente MUITO bom – disse pegando mais um pouco na panela.
– Só por isso te perdoo do jogo – apontou a colher para que só rolou os olhos.
, como você nunca fez isso pra mim! – Olhei para ela indignado, quase se afogou rindo.
– Desculpe, só aprendi quando voltei para lá, antes eu era muito nova, perigo no fogão!!! – Ela piscou nos fazendo rir.
Todos concentrados em comer o tal doce, e trocavam olhares nada discretos durante todo o tempo o que era engraçado de ver, quando reparei e me olhavam e riam.
– Qual a graça?
– Fora que seu rosto está sujo, a estava me contando das suas pisadas no pé dela, sempre péssimo na dança – gargalhou e me olhou culpada.
– Mentira, já falei pra ela que dentre vocês, eu sou o menos pior – Me defendi e olhou feio para mim.
– Que ofensa! , se defenda – disse pegando de surpresa e nos fazendo rir.
– Que história é essa? Eu sou o melhor bailarino dessa bagaça! – se intrometeu antes mesmo de abrir a boca para se defender e não tinha como não rir disso, definitivamente é o pior de nós, com dois pés esquerdos legítimos, e de repente todos discutiam quem era o melhor quando na realidade somos péssimos nisso.
– OK – olhou para que sorriu e de repente assustou a todos assobiando muito alto – Obrigada, amiga! Parem com isso!
– Precisamos ver para julgar – sorriu maliciosa para que gargalhou, pelo visto elas amam nos ver pagar mico.
– Por que vocês vão julgar? – questionou olhando desconfiado para elas colocando as mãos na cintura – Vai saber se vocês não são ruins também.
, meu amigo, não sei a , mas a é quase profissional – Apontei para ela que me olhou chocada, dei de ombros e continuei – dançava algumas horas por dia há alguns anos então pra mim sempre foi meio vergonhoso dançar perto dela – Confessei olhando para eles que instantaneamente olharam para que estava ficando vermelha de vergonha.
– Obrigada por me deixar com vergonha, ! – Ela sorriu tímida e eu ri dando de ombros, era a verdade oras, que estava ao seu lado a chacoalhou pelos ombros e ela riu pra ele.
– Quando vai ser nossa “competição”? – Perguntei desviando minha atenção dos dois.
– O que vocês acham de ser em um show? – perguntou olhando para mim diretamente, eu apenas concordei e sorriu para mim, todos concordaram – Então vocês não têm desculpa, próximo show vocês têm que estar lá para apreciar os melhores dançarinos de Londres em ação!!!
– Tenho até medo! – disse rindo e exageradamente chocado a olhou.
– Minha filha, você vai se apaixonar!!! – E piscou para ela que ficou levemente vermelha, mas nenhuma reação seria tão impagável quanto a de , que se afogou com o brigadeiro, começou a tossir e ficar vermelho, as meninas praticamente voaram em sua direção batendo em suas costas e depois que começou a rir e vimos que tudo estava bem, as gargalhadas eram incontroláveis, tanto pela cara de assustada das meninas quanto pela careta de dor de .
– Calma nem dancei ainda, , ainda tem tempo de conquistá-la – mais provocativo do que nunca, piscou para que apenas lhe mandou o dedo do meio.

Depois de estarmos cheios de tanto comer, resolvemos jogar videogame e se revelou uma craque em jogos de luta, nem mesmo nosso melhor jogador foi capaz de vencê-la, o que óbvio resultou em muita zoação.
– A humilhação para essas meninas hoje tá demais, não dá pra brincar desse jeito – disse rindo enquanto e faziam um high-five.
– Desculpa aí – jogou os cabelos para o lado - Vocês pensaram que a gente era ruim no videogame né!
– Você me surpreendeu, parabéns! – Estendi minha mão a ela que estranhou mas apertou do mesmo jeito – A eu já sabia que era ruim no videogame – Nem terminei de falar e me deu um tapa no braço.
– Sou ruim só no videogame porque defendendo o Sr. Encrenca aqui eu sou bem útil – Ela me olhou pelo canto do olho com seu sorriso torto irritante, apenas abaixei a cabeça, acho que ela nunca ia esquecer dessa porcaria de história.
– Como assim? Você já teve que defender o Mr. aqui!? Não creio! – impressionado dividia seus olhares entre nós dois.
– Posso contar? – que estava sentada no sofá puxou meu cabelo de leve para que eu a olhasse já que estava sentado no chão entre suas pernas, apenas bufei e ela riu me jogando um beijinho no ar – Uma vez no colégio o estava demorando demais pra aparecer no intervalo, eu já estava preocupada e procurando por ele quando uma menina da minha sala me avisou que estava sendo cercado pelo time de Lacrosse. Corri pra lá e quando vi a cena, pulei nas costas de um grandão que estava em cima do , tentei bater nele de todas as formas mas foi horrível, ele começou a rodar comigo para que eu saísse e quando caí, vi que batia no amigo dele, quando ele veio me ajudar, todo mundo sumiu, por quê?! – riu irônica olhando para todos que já riam da minha desgraça – Porque o nosso querido diretor apareceu para nos levar para a diretoria, como sempre nos ferramos! – fez um joinha rindo em seguida e eu apenas abaixei a cabeça esperando a zoação, todos os meninos já riam antes mesmo do fim da história.
– Não acredito – gargalhava descontroladamente – a teve que ir te defender? Tadinho do – Ele riu fazendo um biquinho idiota.
– Que mal lhe pergunte, por que eles queriam te bater? – que também ria me perguntou, olhei para que apenas arqueou a sobrancelha para mim, ela sempre quis me bater quando soube a razão da briga.
– Passei uma cantada em uma garota e não sabia que ela era a namorada do capitão do time de Lacrosse e que ele vinha logo atrás de mim e ouviu tudo, logo, me ferrei! – Contei e vi e se entreolharem e rolarem os olhos.
– Sempre digo que não ia te defender se soubesse o motivo! – disse bagunçando de leve meu cabelo, segurei suas mãos para que ela parasse, ela permaneceu com as mãos ali mas sem bagunçar só fazendo cafuné.
– Meu Deus, assim você me envergonha, !!! – me jogou uma almofada e eu lhe respondi com o dedo do meio, reparei que estava olhando para nós sorrindo e apenas dei de ombros enquanto ele abria ainda mais aquele sorriso idiota no rosto.
– Fala sério, você ficou com ciúmes né, ?! – provocou e parou de mexer no meu cabelo e desceu as mãos para meus ombros.
– Não – disse rindo – Na realidade sim – Até eu olhei assustado para ela que mostrou a língua antes de continuar – Só eu posso bater no pelas burradas dele, aqueles marmanjos eram maiores e em maior número, não era justo, eu não ia deixar essa coisa apanhar sozinho! – Ela me deu um beijo no rosto e bagunçou meu cabelo, só para me irritar.
– Ai que fofa – disse irônico e lhe jogou um beijo no ar, irônica na mesma medida.
– Larguem de ser chatos - Peguei as mãos de que insistiam em voltar ao meu cabelo e fiquei as segurando, ela riu.

Depois de e “inocentemente” irem embora juntos, me pediu para que eu a levasse embora também, a noite caia fria o que nos fez ligar no máximo o ar-condicionado do carro. No meio do trânsito de Londres, começou a rir sozinha.
– Do que está rindo, maluca? – Perguntei quando o sinal abriu e ela respirou fundo me olhando nos olhos.
– Da cara que o fez quando o deu em cima da – Ela ria para o nada e eu apenas a acompanhei.
– Não sabem nem disfarçar aqueles dois idiotas e não querem que os outros saibam – riu mais ainda mas parou de repente olhando para fora, o sinal tinha fechado então pude olhar para mesma direção que ela, era uma praça não muito movimentada, mas aposto que o que ela olhava era a rodinha de pessoas dançando hip-hop, estava vidrada e só olhou para mim quando o sinal abriu e eu avancei com o carro.
, podemos parar? Só um pouquinho? Por favor?! – Ela me olhava com o mesmo olhar de gato do Shrek e mesmo não achando uma boa ideia, encostei o carro e antes mesmo de eu estacionar direito, ela saltou e foi em direção a roda de hip-hop. Coloquei uma touca que estava no carro mas ela não disfarçava em absolutamente nada a minha aparência. Olhei para a praça e vi observando os dançarinos concentrada e sorrindo, não resisti e fui até lá.
Quando cheguei ao lado dela e peguei em seu ombro, sorriu radiante para mim e apontou para um garotinho dançando break no centro da roda, ele devia ter no máximo uns 7 anos, cabelos cacheados e olhos verdes, ele reparou que o observávamos e quando pararam a batida, ele parou na nossa frente cruzando os braços e encarando a que sorria abertamente, o espertinho deu uma piscadinha para ela que soltou minha gargalhada preferida e enquanto outros caras começavam a dançar, o chamou.
O garotinho cheio de atitude veio até nós, se abaixou para ficar do mesmo tamanho que ele.
– Wow, você dança demais! – era pura alegria e entusiasmo, o garoto fez uma pose e a olhou
– Eu sei, gata! – Ele piscou de novo pra ela que riu – Você tinha que ver no festival que eu dancei dois dias atrás, ganhei até medalha.
– Nossa, você já é um profissional – Me agachei para ficar da mesma altura que eles, o garoto arregalou os olhos para mim e me olhou – Tudo bem, cara?! – Ofereci minha mão para ele me cumprimentar, mesmo assustado ele fez aqueles toques de mão comigo e estendeu a mão para ele também, o espertinho beijou a mão dela que quase chorou de emoção, esse já sabe das coisas!
– Eu conheço você! – Ele apontou para mim, e no mesmo instante nós nos entreolhamos quase em pânico, levemente o puxou mais para perto.
– Shh! Não espalha – Ela pediu como segredo e ele concordou com a cabeça – Aliás, como é seu nome?
Senti alguém cutucando meu ombro, olhei para cima e tinham duas garotas sorrindo para mim.
– Podemos tirar uma foto?! – Me levantei para atendê-las e logo em seguida vieram mais umas quatro e antes que não desse mais para disfarçar que estávamos ali, me agachei para falar com a que nem tinha visto a movimentação ao nosso redor.
– Precisamos ir! Estão me reconhecendo! – Disse perto de seu ouvido, deu dois beijinhos no garotinho, puxei-a antes que ela demorasse demais, acenei para o garoto e quase caiu quando foi se levantar, a abracei pela cintura e ela riu.
– Adivinha o que o Drake me contou? – Ela disse baixo quando a abracei pelos ombros para irmos para o carro.
– Quem é Drake? – Olhei para ela sem entender nada.
– É o garotinho ali de trás, perguntei se ele gostava das suas músicas, sabe o que ele disse? - sorriu e colocou um braço ao redor da minha cintura, e ficou esperando minha resposta.
– Não, o que ele disse? – Apertei-a quando uma rajada de vento nos fez estremecer, estávamos a poucos metros do carro.
– Que preferia Justin Bieber, que é melhor pra dançar – não se conteve e soltou uma gargalhada alta, sem nem perceber estava rindo junto dela.
– Que desaforo, chega, vamos! – Puxei-a mais uma vez para entrar no carro e sairmos logo dali, antes que os paparazzis aparecessem pra acabar com a nossa festa.
Fomos cantando Justin Bieber em homenagem ao novo amigo da , quando chegamos ao seu prédio ela estava com as bochechas rosadas de tanto rir e cantar ao mesmo tempo, ia descer do carro para abrir a porta para ela mas me impediu, tirou o cinto de segurança e ficou me olhando.
– Obrigada, , o dia hoje foi incrível – sorria com os olhos para mim – Adorei conhecer seus amigos, adorei tudo! – Ela virou seu corpo na minha direção e seu sorriso se abriu mais ainda.
– Sabia que você ia gostar, agora vai ser sempre assim! – Dei uma leve apertada em seu nariz, respondeu com uma careta.
– Amanhã vocês vão para onde?! – me surpreendeu com a pergunta e riu pela minha cara de espanto – que me contou que vocês iam sair cedo amanhã! – Ela levantou as mãos em sua defesa.
– Ahan, tá bom, vou fingir que eu acredito nisso – Arqueei uma sobrancelha para que fingiu surpresa e cerrou os olhos para mim em seguida – Eu vi vocês dois de cochichos e risadinhas, estou observando dona, ! – Apontei meu dedo para ela que tentou mordê-lo e riu.
– Anda logo, vão pra onde amanhã?
– Portsmouth ou Bristol, não lembro! Mas acho que voltamos amanhã mesmo!
– Me avise quando chegar, o.k.?! – Ela me olhou mais séria mas sem perder a doçura na voz – Tenho que ir, obrigada de novo – se aproximou me deu um abraço apertado e um beijo no rosto – Se cuida!
– Pode deixar, madame, se cuida também! – Disse um pouco antes dela sair do carro, sorriu jogando beijos e entrando rapidamente dentro do prédio.
Voltando para casa parecia que finalmente tudo estava no seu devido lugar, que a agora a um telefonema de distância, tão perto, me faz sentir mais em casa, mais perto da minha família, mais normal, mais do que e eu sentia falta disso.

Parecia que nem tinha fechado os olhos ainda e meu celular já apitava escandalosamente em algum canto do quarto, porque eu esqueço de colocar essa joça no silencioso mesmo?!. Me arrastei para fora da cama e o achei caído no chão, olhei no visor e tinha quase 50 mensagens não lidas, me assustei pelo horário e pela quantidade, não era nem 08:30 ainda! Fui abrir a primeira mensagem e meu celular apitou novamente, era uma mensagem da , olhei e tinham quase 15 mensagens SÓ dela não lidas.
Abri a mensagem com um leve mau pressentimento que se confirmou assim que li o que ela havia acabado de me enviar:

“Vou te matar , eu estou em TODAS as revistas e jornais deste país, SOCORRO!!!”


Capítulo VII


's POV
é visto com seu novo affair” Essa foi a primeira coisa que li quando acordei com meu celular apitando igual um louco na cabeceira da cama, uma amiga da faculdade me mandou o link do The Sun, mesmo quase dormindo abri o link e quase caí da cama quando vi uma foto minha e do de ontem a noite na praça, quando estávamos indo embora. Parecia que eu ainda estava dormindo, tendo um pesadelo ou algo do tipo, tanto que somente depois de sentar na cama e esfregar bem os olhos, olhar de novo a manchete e a foto que eu acreditei no que estava lendo. Na foto, me abraçava pela cintura e nós sorríamos um para o outro. Para mim, não tinha nada demais ali, mas segundo o jornal eu era a nova conquista do meu melhor amigo. Respirei fundo me preparando psicologicamente para ler a notícia. é visto com seu novo affair”
Um dos integrantes da boyband One Direction, foi visto ontem a noite no maior clima de romance com uma bela garota (ainda desconhecida) em uma praça em Londres, fontes afirmam que o casal não se desgrudou nem por um segundo e que nosso galã mesmo dando atenção as fãs, fez de tudo para que sua nova conquista ficasse o mais próximo dele.
Quem será essa nova paixão de ? Será que este é um romance pra valer ou mais um affair passageiro?
Estamos ansiosos para acompanhar esse novo romance!!!"


Um calafrio subiu pela minha espinha e um frio na barriga me fez querer jogar o celular para o mais longe possível, mas eu sabia e precisava ver se isso era em todos os sites, se todo mundo já “sabia”. Depois de uma breve pesquisa encontrei:

“Quem será a nova paixão de ?”
“Novo romance no ar: Apaixonado”
“Garota misteriosa rouba o coração de


E tudo só piorava, minha cabeça começou a girar e me toquei que estava segurando a respiração a cada nova manchete ou nota lida, tentei me acalmar, respirar fundo, parar de tremer, mas estava impossível minha mente estava a mil, meu coração acelerado e meu estômago embrulhado. Mandei várias mensagens para , implorando baixinho que ele estivesse acordado e ainda não tivesse ido viajar com os meninos. Eu não sei como lidar com isso e estava à beira de um ataque de nervos. Eu precisava dele mais do que nunca agora.
Meu twitter geralmente “morto”, parado, quase desativado, criou vida de repente. Meu celular parecia dançar sozinho de tanto que apitava de notificações, eram 09:00 da manhã e as fãs já tinham me descoberto, porque, com certeza, elas iam conseguir fazer isso facilmente. "Diga que não é você a nova namorada do ? Ele só poderia estar bêbado"
“Só sei que eu gostaria de estar no seu lugar”
“Você é só mais uma, saiba disso”
“Se você for mesmo a nova garota do , espero que você o faça feliz”

Isso foi o que eu tive coragem de ler, e eles não paravam de chegar.
Desativei tudo que fizesse barulho em meu celular e o deixei na cama, o mais longe possível de mim. Saí do quarto e encontrei saindo do seu também. Toda descabelada com o celular na mão o olhando assustada.
– Você já viu?! – ela ergueu o celular, com a página da Sugarscape aberta na tela, apenas assenti fazendo ela me olhar surpresa, afinal, eu geralmente sou a última a saber de notícias das celebridades ou qualquer notícia de manhã.
– Me acordaram com essa bela notícia. – respondi totalmente irônica e veio até mim, me deu um abraço apertado e bagunçou ainda mais meus cabelos.
– Fica tranquila, depois que o falar com eles, tudo se acalma. – me arrastou para cozinha para tomarmos café.
– Assim espero, não sei viver sobre holofotes. – respondi derrotada me sentando a mesa enquanto fazia o café, senti Pheebs se roçando nos meus pés e não pude evitar um sorriso ao ver minha gatinha tão linda ronronando para mim. Comecei a brincar com ela e nem percebi falando ao telefone, só reparei quando ela me cutucou pelos ombros me perguntando onde estava meu celular.
– No quarto, por quê? – sussurrei para não atrapalhá-la, ela ignorou minha pergunta e continuou a conversar. Segundos depois, , com o sorriso maior do mundo, me passou seu celular sem dizer quem era do outro lado.
– Alô?! – mesmo achando estranho atendi ao telefone, que demorou um pouco até alguém finalmente falar.
– Alô? ? – aquela voz apressada e ansiosa se fez ouvir e eu estava aliviada em poder ouvi-la – Você está bem?
– Oi, . – cruzei minhas pernas como índio e mordi meu lábio inferior, tenho mania de fazer isso quando estou nervosa ou ansiosa e nesse momento eu não sabia o que fazer. – Eu estou um pouco chocada, é sempre assim? – ccho que minha voz deixou transparecer um pouco do meu medo.
– Nem sempre, mas eu vou deixar claro que é tudo boato, não se preocupe! – ele manteve a voz firme e doce, acho que na tentativa de me passar segurança. Respirei fundo e apertei mais o telefone ao meu ouvido.
– Ok, vou tentar! – disse baixo e senti suspirar do outro lado.
– Eu queria ir te ver agora, mas nós já estamos indo pra Portsmouth daqui a pouco, tento passar de noite por aí, fica tranquila, , vai dar tudo certo, confia em mim! – toda confiança que eu precisava para enfrentar esse mundo completamente novo estava na pessoa do outro lado da linha, mesmo ele não podendo me ver eu acenei positivamente e sorri fraco.
– Eu confio. Se cuida, viu?! – disse baixo. – Te espero, manda um beijo pros meninos e vai trabalhar. – ri ao final junto de .
– Pode deixar. Se cuida também, até mais tarde. – ele desligou o telefone parecendo mais relaxado, querendo ou não falar com me tranquilizou um pouco, eu sabia que não estava sozinha.
Devolvi o celular para que sorriu para mim.
– Mais calma agora? – assenti e ela rolou os olhos teatralmente. – Medrosa!
Olhei chocada para ela que começou a gargalhar da minha indignação.
– Você diz isso porque está tudo lindo no seu país das maravilhas né, dona , você pegando o e ninguém sabe né! Que injustiça!!! Quero ver quando forem vocês! – apontei meu dedo para ela que desatou a rir.
– Eu nem estou pegando ninguém e sua cara de pânico estava hilária amiga, mas eu te amo você sabe, né. – começou a piscar os olhos tentando parecer angelical, mas isso não funciona pra ela.
– Me engana que eu gosto, , vou ligar no The Sun e fazer uma denúncia! – minha vez de rir da cara de pânico feita por ela, semicerrou os olhos para mim mandando o dedo do meio em seguida me fazendo rir mais ainda.
– Garota má, vou trabalhar também, não te quero mais. – corri até e apertei-a em um abraço de urso, até nós cairmos na gargalhada, ela ir se arrumar e eu enfim, pude tomar café.

Depois que saiu, comecei a me arrumar para ir à faculdade, teria que chegar mais cedo para terminar um trabalho em grupo. Faço Contabilidade e Finanças na LSE (Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres) e precisamos terminar o quanto antes esse bendito trabalho. Reuni toda minha coragem e sai de casa, sem saber o que me esperaria no caminho.
Conforme me aproximava da faculdade parecia que muito mais gente me olhava de um jeito esquisito, surpresos, chocados e curiosos. Passei por um grupo de garotas que pararam tudo o que faziam para me ver passar e comentar em seguida, é constrangedor, extremamente constrangedor e desconcertante, não sei como tem gente que consegue fazer isso tranquilamente. Ser o centro das atenções me apavorava.
Pensei que ia ter paz, quando cheguei a minha sala pouca coisa mudou, me reuni com meu grupo para realizarmos o trabalho e até quem eles, que já me conheciam há algum tempo me olhavam como se eu fosse um ET.
Enfim a aula acabou e eu pude sair daquele lugar que estava me sufocando, estava ficando irritante ter aquelas garotas me analisando a toda hora, como se elas tivessem esse direito, como se eu estivesse ali para isso.

Ainda eram 18:00 e eu sabia que ainda não havia voltado da rádio, mas eu não queria ficar sozinha, não queria voltar pra casa e cair na tentação de olhar o twitter, de verificar o que todos falavam de mim. Liguei para Bryan, meu amigo no voluntariado, na esperança de que ele pudesse me fazer companhia e me salvar desse caos que estava o meu dia. Marcamos em um café perto da faculdade dele, não demorou nem 15 minutos e pude ver seus cabelos loiros e bagunçados passando do lado de fora do café, assim que me viu, ele fez uma careta através do vidro me fazendo rolar os olhos. Bryan era de uma beleza exuberante, seus lindos olhos azuis-escuros, seus cabelos loiros pelo ombro e o corpo definido, arrancavam suspiros por onde quer que ele passasse, mas ele é um cara fechado, de poucos e bons amigos, como ele mesmo vive dizendo por aí, o que o torna ainda mais desejável a todas as garotas ao redor.
– Boa tarde, senhora . – Bryan fez uma reverência exagerada parando em frente à mesa onde eu estava.
– Ah, cala boca. – dei um tapa de leve em seu ombro, ele riu e se aproximou para me dar um beijo estralado na bochecha.
– Desculpa, mas foi inevitável, eu conheço alguém das capas de revistas. – ele se sentou a minha frente fazendo poses de fotografia para mim. – Preciso aproveitar! – ele deu uma piscadinha marota e eu ameacei dar um tapa em seu braço, mas ele se esquivou rindo. – Parei! Como você está, ? – ele me olhou nos olhos mais sério desta vez.
– Me sentindo em um zoológico, onde eu sou o animal em exposição. – respondi derrotada me jogando mais em meu assento, Bryan arqueou uma das sobrancelhas para mim ainda sério. – Não é legal ser capa de revista. – nossos pedidos chegaram e Bryan continuava a me olhar.
– Te fizeram alguma coisa? Não mente, ! – ele me analisava com a feição séria e eu sorri pela sua preocupação.
– Não, eles só me olham como se eu fosse um avatar no meio da sociedade, um enorme bicho azul que eles nunca tinham reparado. – mordi meu donut de creme enquanto Bryan quase se engasgava rindo da minha descrição de avatar.
– Viu só, é por isso que gosto de você, bicho azul. – ele riu mais um pouco antes de tomar um gole de seu café. – Você só precisa ignorar tudo isso, aliás, só que mal lhe pergunte, você é mesmo a namorada do ?
– Por que quer saber? Vai passar essa informação adiante? – cerrei meus olhos para ele que sorriu de lado e colocou a mão em um dos bolsos teatralmente fingindo surpresa.
– Calma, não responde, me deixe pegar meu gravador! – ele começou a procurar até embaixo da mesa e eu comecei a rir enquanto ele rolava os olhos. – Só achei estranho passar pela banca do jornal e te ver na revista! Eu não era amigo de nenhuma celebridade até onde eu sabia! – ele deu de ombros e eu suspirei antes de responder a pergunta dele.
é meu melhor amigo de infância que eu não via há um tempo e nós saímos ontem, meu erro foi ter ido até aquela praça! Só isso! – Bryan me olhava desconfiado e eu apenas dei o dedo do meio para ele. – Não me olha assim, cacete. – Bryan desatou a rir da minha cara.
– É até um alívio saber que isso é da infância. Podia jurar que você tinha bom gosto musical, mas fiquei na dúvida depois de hoje. – o chutei de leve por baixo da mesa e Bryan fez uma careta de dor, mas não parou de rir. – Ai, isso dói.
– Idiota. – tomei um gole do meu café enquanto Bryan devorava seu donut de chocolate.
Esperei ele terminar e saímos para a noite fria de Londres, Bryan com seu gorro marrom inseparável, chamava atenção de todas as meninas por perto, eu apenas ria do quanto ele era absurdamente lindo e estava nem aí pra tudo isso, ele e sua pose de bad boy era algo a se admirar, tanto que sempre que eu falava alguma coisa quanto a isso ele fazia algo idiota pra desconstruir sua imagem perfeita, ele era esquisito, mas uma ótima pessoa. Fomos enganchados até a metade do caminho, precisávamos nos separar, já que cada um morava pra um lado.
– Tchau, esquisito, te vejo amanhã no hospital. – fiquei na ponta dos pés para poder alcançar sua bochecha e ele riu se inclinando me pegando de surpresa para um abraço, como ele era muito maior, era como se eu sumisse dentro de seu abraço. Depois de um segundo de surpresa o abracei de volta e ele riu.
– Tchau, avatar, não liga pro que os outros falam tá. – Bryan se soltou do abraço e me olhou. – Se cuida, até amanhã. – ele sorriu de lado me fazendo sorrir junto com ele.
Fomos cada um pro seu lado, era incrível como eu estava mais relaxada depois de passar um tempo com Bryan, mesmo sendo meu amigo há pouco tempo, nós nos dávamos muito bem, depois de quebradas as barreiras, ele era uma das pessoas mais legais do mundo, um ótimo amigo para se ter por perto.

Depois de chegar em casa e ver que estava no banho, olhei meu celular e vi que não tinha nenhuma chamada não atendida ou mensagem de , eu queria falar com ele, nem que fosse só por um pouquinho, mas acho que não seria possível, não hoje pelo menos.
O dia foi tão estressante desde o início que parecia ter um ônibus sob minhas costas, eu só queria dormir e fingir que era só um sonho esquisito e que no final ninguém me conhecia. Mas não era assim.
Não me lembrava de mais nada, que horas deitei ou se falei com depois do seu banho, eu só sabia que estava tudo escuro, não sabia onde estava, nem pra onde ir, até sentir uma forte luz direcionada a mim. Fechei meus olhos rapidamente e fui tentando me acostumar com aquela luz. Assim que comecei a caminhar, vozes preencheram o lugar. “Ela só quer a fama dele”, “Viram como ela é ridícula”, “Eu disse ela não passa de uma chupa fama”, “ merece muito mais". E elas não paravam, nem por um segundo, elas iam ficando cada vez mais fortes e mais altas, perturbadoramente mais perto de mim. Tentei correr mas meus pés não se moviam, tentei gritar mas minha voz não saia. Estava começando a me desesperar, eu podia sentir as lágrimas se aproximando, mas tudo parou quando eu o vi, caminhando despreocupadamente na minha direção, com seu sorriso torto imutável, seu sorriso sincero e suas mãos estendidas para mim, eu só queria alcançá-lo, mais do que tudo eu o queria mais perto. Tentei chamá-lo, mas parecia que quanto mais eu chamava mais longe ele ficava, e aquilo sim me deixou desesperada, até começar a ouvir alguém chamar meu nome, mas não era ele, sumiu. não estava mais ali e eu enfim sai dos holofotes, eu enfim podia gritar.

me chacoalhava e me olhava assustada enquanto eu devia olhar da mesma forma para ela.
, você tá bem? – que estava sentada na beirada da cama, colocou meus cabelos pra trás e me olhava preocupada.
– Eu acho que sim. – me sentei na cama e olhei ao redor, ainda estava de noite e só estávamos nós duas ali, me abraçou demoradamente.
– Você me assustou. – ela disse assim que saímos do abraço, minha cabeça ainda estava confusa com o sonho que tive e com aquela sensação incomoda de faltar algo naquele lugar – Você começou a gritar e eu fiquei com medo. – sussurrou esta última parte e eu a abracei desta vez.
– Desculpa. – disse bem baixinho – Acho que é culpa das revistas, eu tô bem! Juro! – me apertou um pouco mais.
– Eu quero te bater, ! – ela me deu um cutucão na barriga que quase me fez cair – Quase enfartei!
E eu ri, o que, óbvio, irritou minha amiga que começou a me torturar com cócegas até eu ir parar no chão do quarto.
– CHEGA!!! Eu imploro! – estava sem ar, prestes a fazer xixi na calça e já ria junto comigo.
– Bem feito pra não rir do desespero alheio! – ela enfim saiu de cima de mim e eu demorei a me recuperar.
– Que horas são? – perguntei voltando a minha cama, enquanto bocejou antes de responder.
– Meia noite. – arregalei os olhos e comecei a expulsá-la do meu quarto – Tá louca !?
– Vamos, bora dormir, vamos ,! – ela parou na minha porta e me olhou.
– Você está legal? Mesmo? – acenei positivamente e pisquei para ela que semicerrou os olhos para mim – Qualquer coisa me chama! – ela apontou um dedo para mim, ameaçadora, e eu apenas bati continência.
– Entendido, senhor! – rolou os olhos antes de ir para o seu quarto, da porta ela gritou – Boa noite e NÃO sonhe com o !
Nem pude responder nada porque ela fechou a porta rápido, voltei para minha cama, mas aquela sensação de faltar algo ali não me abandonava, aquele pesadelo não saia da minha cabeça. Demorei pouco mais de uma hora para voltar a dormir, dessa vez não sonhei com nada, não que eu me lembrasse. Acordei cedo demais, aparentava estar frio demais lá fora então coloquei meu sobretudo preto, peguei meu cachecol bordo e saí logo após o banho, deixei um bilhete para e fui rumo ao Starbucks mais próximo.
As horas não passavam, sempre adorei vir ao voluntariado, mas hoje até mesmo Bryan estava me olhando estranho, ele perguntou várias vezes se eu estava bem, disse que eu estava com uma cara péssima e ficou me atormentando com isso até a hora do almoço.
Fui pra faculdade, mas só meu corpo estava, de fato, presente, mandei uma mensagem para , mas ele não respondeu. havia me dito que eles talvez chegassem à noite e isso me deixou inquieta durante a aula toda. Se minha professora resolvesse fazer uma prova hoje com toda certeza do mundo eu levaria bomba, não bastando o caos interno aqueles malditos olhares curiosos, ter aquelas idiotas comentando sobre você sem o menor senso da falta de educação. Não me envergonho em dizer que quando deu à hora de irmos embora, foi com grande alívio que guardei todas as minhas coisas. Todos pareciam estar mais animados que o normal, todos queriam sair o quanto antes, mas eu, só para manter a tradição, esqueci meu cachecol na sala. Tive que voltar para buscá-lo e quando finalmente cheguei do lado de fora, quase enfartei.
Um carro preto, estacionado a alguns muitos metros, chamava a atenção. Não pela marca ou modelo, mas por ter do lado de fora dando autógrafos e causando uma leve aglomeração. Não sabia o que fazer. Se ia pra lá ou não, se esperava ele terminar o que estava fazendo, eu estava petrificada perto da porta de saída, logo estava atrapalhando a saída de algumas pessoas.
Depois de alguns leves empurrões e gente me mandando sair, respirei fundo e comecei a caminhar até a rua, onde ele estava. Algumas pessoas que me reconheciam das capas de revistas, começaram, óbvio, a falar sobre mim e só então conseguiu me ver. Antes ele me buscava com os olhos, mas depois de alguém apontar ele olhou diretamente para mim e sorriu.
Mesmo com um frio enorme na barriga, me obriguei a ir até ele. e seu sorriso lindo. Não precisei pedir licença, a maioria das pessoas ao redor dele já tinham me visto também e abriram espaço espontaneamente. Ele também foi dispensando as pessoas que tentavam ficar o mais próximas possíveis, mas que logo foram barradas por um segurança que estava o acompanhando. Se não fosse ficar ridículo demais eu teria corrido, mas fui o mais calmamente possível, tentando manter a compostura e esconder toda a minha aflição acumulada e ansiedade em vê-lo.
me sorriu torto, tentei retribuir, mas acho que saiu um meio sorriso deformado e nervoso, ia apenas dar um beijo em sua bochecha, mas ele me puxou para mais perto e me abraçou pela cintura, rindo de leve, ele sussurrou perto do meu ouvido: “Relaxa, eu estou aqui”. E mesmo sabendo que isso ia sair em tudo quanto era lugar, eu retribui o abraço passando minhas mãos por seu ombro e o apertando a mim. A melhor sensação do mundo era o abraço do , era o sentir encostar a cabeça em meu ombro e ficar ali até que ele resolvesse me fazer rir, assoprando perto do meu pescoço, era poder levar a mão até seus cabelos e bagunçar de leve antes dele reclamar. Era poder tê-lo por perto e me sentir finalmente segura. Mas desta vez foi rápido e mesmo assim pude ver alguns flashes na nossa direção, me soltou e abriu a porta do carro para mim, entrei e ele demorou mais alguns minutos antes de entrar também, seguido do segurança.

! – estava o esperando com os braços cruzados – Por que veio aqui? Está maluco? – ele apenas riu e me abraçou. Puxou-me para perto me apertando mais a ele, fazendo até o segurança rir.
– Estava com saudades e você não deu sinal de vida, vim ver com meus próprios olhos se estava viva. – piscou um olho só e eu o afastei um pouco.
– Você que não atende essa porcaria de celular. – bati de leve em sua perna, ele apenas se aconchegou mais no assento do carro e ficou me olhando. – Que foi? – mexi em meus cabelos tentando desviar sua atenção.
– Te atormentaram muito? Como foi? – em um tom mais sério olhou diretamente em meus olhos sem me dar qualquer chance de escapar, não sabia o que responder, não queria assustá-lo muito menos deixá-lo com qualquer “culpa” em relação a mim, desviei o olhar e apenas dei de ombros.
– Foi um pouco assustador no início, mas tá tranquilo, nada demais. – tentei manter minha voz o mais calma possível, meu olhar o mais longe possível de que me analisava sem a menor cerimônia, dei de ombros e me puxou para encostar em seu peito, me deu um beijo no topo da cabeça e perto do meu ouvido, ele sussurrou.
– Eu sei que você está mentindo, !
Quando fui protestar ele apenas me manteve presa em seus braços e fez sinal de silêncio. Com toda certeza ele iria me interrogar mais tarde.
Nem percebi que já havíamos chegado ao meu prédio, me empurrou para sairmos logo do carro, nem precisei convidar, ele pegou minha bolsa e já foi agradecendo ao segurança, o esperei do lado de fora para entrarmos juntos.
– Vamos lá, dona , temos que conversar! – me abraçou pelos ombros e mais tensa do que nunca, fui com ele para meu apartamento.
não estava em casa, assim que nos acomodamos, me olhou da mesma maneira como antes no carro, como se soubesse tudo que se passa comigo.
– Agora me conta, te fizeram alguma coisa? Como foi a repercussão da foto? – , já sem seu casaco de inverno, me puxou para que eu sentasse ao seu lado, ele sentado de lado me observando atentamente em cada gesto.
– Sinceramente? – perguntei e apenas assentiu. – Foi meio assustador ter tanta gente olhando para mim, teve gente me tratando diferente na faculdade e tal, foi tudo muito surreal, eu não imaginava que fosse ser assim. – disse por fim, deixando meus ombros caírem e me recostando ainda mais no sofá, olhei para o teto e senti pegando em minha mão.
– Sua mão está tão gelada. – ele disse baixo e começou a fazer carinho nela, fechei meus olhos enquanto ele continuou a falar. – Imaginei que você fosse se assustar mesmo, você sempre odiou qualquer coisa em público e meu medo era esse, para mim e para os meninos, aos poucos a gente foi se acostumando mas eu sei que não é fácil ter tanta gente prestando atenção em você de uma hora pra outra, eu fiquei com medo também. – disse a última parte mais baixo apertando mais forte a minha mão.
– Medo de quê? – olhei para ele, seus olhos tão lindos e brilhantes, tão vidrados em mim que eu me senti muito mais aquecida naquele momento e me virei de frente para ele também.
– De que tudo isso te assustasse tanto e você fosse se afastar de mim, você fosse me evitar a partir de agora. – ele disse abaixando a cabeça. – Eu sei que as nossas fãs às vezes não são as mais compreensivas e dizem coisas que magoam, assim como as revistas podem realmente estragar com muitas coisas, mas eu não quero que isso me afaste de você. – desta vez eu apertei mais sua mão que estava entrelaçada a minha, quando ele terminou de falar e me olhou, sorri o mais verdadeiramente que pude, e o abracei, o mais apertado possível. Ele deitou a cabeça em meu ombro enquanto eu fazia carinho em seus cabelos. Ficamos abraçados por alguns minutos até eu afastá-lo o suficiente para que eu pudesse olhar em seus olhos.
– Por mais que digam, falem de mim, de nós, eu não vou deixar isso se colocar entre a gente! Eu sei quem você é e não vou sair do seu lado. – ele sorriu me abraçando novamente, quando nos separamos beijou minha testa antes de dizer.
– Eu estarei com você sempre, quando eu não puder fisicamente, estarei nem que seja por pensamento, mas eu vou continuar te perturbando sempre! – ele riu quando eu rolei os olhos de brincadeira.
– Obrigada por estar aqui. – sorri antes de me aconchegar em seus braços para começarmos alguma maratona de séries, me apertou um pouco mais e eu finalmente entendi que era ele que estava faltando, eu precisava vê-lo, abraçá-lo e sentir que era verdade, estava ali de fato e desta vez por mais que falassem como falavam de mim no Brasil, agora eu o tinha comigo e nada ia mudar isso. Três dias se passaram, e eu não conseguíamos fazer mais nada do que ouvir Take Me Home e cantar a plenos pulmões tudo que conseguimos decorar porque hoje era dia de show e nós ainda não estávamos com as letras 100% decoradas. Depois da aparição de na minha faculdade, todo mundo acredita mais ainda que somos namorados e não melhores amigos, muitas pessoas tentaram se aproximar, forçar uma amizade, mas felizmente, eu sei em quem eu posso confiar e ninguém daquele lugar fazia parte da minha lista. e cada vez mais inseparáveis, ainda tentavam fingir para os meninos (exceto ) que não estava rolando nada, o que em minha opinião, é totalmente desnecessário. Parecia que o show era meu, estava muito ansiosa e inquieta. ria de mim toda hora, mas eu sabia que ela também estava louca para que a noite chegasse logo.
disse que um carro viria nos buscar e que iríamos para o camarim junto com os seguranças. Quando chegamos ao local do show e vimos o tanto de gente a espera deles, a empolgação das garotinhas com vários itens relacionados aos meninos, a excitação de se ver alguém que você gosta de perto, fiquei arrepiada só de ter visto tudo rapidamente imagina na hora do show. Certeza que passaria vergonha devido às lágrimas.
Chegamos a frente da porta do camarim uma hora antes do show, muita gente pelos corredores e muitas risadas vindas lá de dentro, e eu nos entreolhamos e batemos à porta, depois de alguns minutos um sorridente abriu a porta nos olhando surpreso.
– Olá, garotas bonitas. – ele abriu os dois braços, vindo na nossa direção. Nos deu beijinhos no rosto. – Sejam bem-vindas ao nosso esconderijo. – ele disse em tom de mistério nos conduzindo para dentro do camarim. – Como estão?
-Bem, obrigada. – respondeu enquanto olhava em volta observando tudo, olhou para mim sorrindo um pouco mais. – E você, Srta. Quase ? - ele riu quando eu arregalei os olhos surpresa fazendo ele praticamente gargalhar, sabia que ele ia me zoar por causa disso, vingança pelo dia do jogo.
, seu idiota. – ele me abraçou pelos ombros e eu retribui mas em seguida comecei a rir, atrás do surgiu um sem camisa cantando Pussycat Dolls de uma forma quase dramática mas querendo rir ao mesmo tempo, apontava para nós e vinha em nossa direção, nos abraçou, deixando no meio do “sanduíche”. cantava no ouvido de que começou a rir e se desvencilhou do abraço, não parou de cantar, sorriu para mim e abriu os braços para que eu o abraçasse. Depois do abraço sorriu me dando um beijo no rosto.
– Oi, ! estava achando que você nem vinha mais. – ele disse um pouco mais baixo e piscou com um olho só para mim, que rolei os olhos em resposta.
, será que você poderia se vestir! – sentado em um dos sofás com e jogou uma camiseta para que fez uma careta em resposta e foi se vestir. Fui até onde eles estavam para cumprimentar a e , nem sinal do senhor em lugar nenhum. Enquanto e viam algo no celular, me olhou e pediu que eu me aproximasse, bem baixinho ele disse:
– Acho que esses dois querem se pegar! – fez sinal para e que riam próximos um do outro, não pude evitar uma risada e apenas assenti em resposta.
– Aposto que sim, , cadê o ? Até agora não vi sinal dessa criatura! – olhei a nossa volta e só vi e jogando alguma coisa em um canto, algumas pessoas que eu acreditava ser da produção mas nada de , riu ao meu lado.
– Foi te procurar! Daqui a pouco ele aparece! Tá com fome? – já foi me puxando para irmos até uma mesa cheia de comida, ele atacou quase tudo ali disponível. Eu observava meio boquiaberta quando meu celular tocou.
, cadê você? – do outro lado da linha parecia meio afobado.
– Onde você está? – perguntei e vi entrando no camarim, mas ele ainda não tinha me visto. – Olha para trás, bobão.
se virou e me viu, ele veio até mim rindo da própria “esperteza”.
– Pensei que você tivesse se perdido. – ele riu antes de me dar um beijo estralado na bochecha e me aperta em um abraço rápido. – Tudo bem?
– Tudo ótimo, estou super ansiosa! Você viu o tanto de gente lá fora? – acho que eu parecia àquelas criancinhas deslumbradas em loja de brinquedo. sorriu torto e assentiu, os olhos dele brilharam quando mencionei as pessoas lá fora, se para mim que nem ia subir no palco já estava assim, imagino o que ele não estava sentindo. passou por nós com seu pratinho cheio de frutas e com uns dois sanduíches, que fez questão de roubar um pra ele, causando revolta em . – ! A mesa está do seu lado! – indignado se sentou no sofá e começou a comer, e se aproximaram do sofá super animados com alguma coisa no celular de .
– Gente, lembra daquela modelo que fez a sessão de fotos com a gente há uns dias? – sorriu demais e nem esperou ninguém se pronunciar. – Então, minhas suspeitas foram confirmadas, ela acabou de me pedir seu número, , eu disse que ela estava a fim de você!
e eu que fazíamos um tour pela mesa de comida, comendo de tudo, nos entreolhamos preocupados, afinal, nós sabíamos do relacionamento de e e eu mais do que ninguém sei como é ciumenta e impulsiva, olhei para o sofá e , e olhavam boquiabertos para uma furiosa saindo pela porta do camarim, deixei meu prato na mesa pronta para sair atrás da minha amiga, mas assim que cheguei à porta segurou meu braço.
– Deixa comigo, ! – um decidido passou por mim indo atrás de .
Olhei para os meninos e todos me olhavam curiosos, não sabia o que fazer até dizer:
– Eles já se pegam, né! – ele olhou para que apenas acenou que sim com a cabeça – Bem que eu desconfiei! – riu para si mesmo e voltou a comer ficando o mais longe possível de . e estavam ainda boquiabertos com toda a cena e eu estava preocupada com a minha amiga. Puxei pela mão.
– Vamos atrás deles! Por favor?1 – pedi a ele que rolou os olhos e foi me guiando pelos corredores e portas que havia ali, nós olhávamos tudo, mas nem sinal dos dois. Até que estávamos passando por uma porta que parecia não ter ninguém, mas ouvimos a voz de .
, para, olha para mim. – abriu só um pouquinho à porta e nós pudemos vê-los ao fundo da sala. – Você que disse que não era pra contar pra ninguém, eu não contei caramba! – ele estava com os braços “trancando” a na parede.
– Ok, mas porque você não me contou sobre essa modelo? Assim eu não faria papel de idiota. – Pelo tom de voz era perceptível que estava irritadíssima.
– Não falei porque não tem nada pra falar, que ficou indignado porque eu não dei a mínima moral pra ela, e bem ele não entendeu o porquê!
, eu não sou idiota, ela deve ter… – e de repente nós vimos beijar a , de uma maneira não muito calma e romântica, se vocês me entendem. Olhei para que olhava a cena com um sorriso orgulhoso e sussurrou no meu ouvido “Esse é meu garoto” apenas rolei os olhos. Eles se separaram e pegou no colo e disse um pouco mais alto.
, será que agora eu posso contar a Deus e ao mundo que eu tenho você, que eu não ligo para as modelos porque você é muito melhor do que elas, e eu estou muito feliz com isso. – riu, ou melhor, ela gargalhou como há muito tempo eu não ouvia e começou a distribuir beijos por todo o rosto de que começou a rir e a colocou no chão novamente. Eles se beijaram de novo e de mãos dadas vieram até a porta, e eu nos entreolhamos e ficamos esperando na porta. nos olhou assustada e foi inevitável, e eu começamos a rir e eu abracei os dois ao mesmo tempo.
– Estou torcendo por vocês! Que vocês sejam muito felizes. – eles se entreolharam e ergueu uma sobrancelha para que sorriu torto para os dois.
– Vocês estavam aqui o tempo todo? – ficou com um pouco de vergonha, mas virou um pimentão e se escondeu no ombro dele.
– Não acredito, eu vou te matar, ! – ela disse entre dentes me fuzilando com o olhar, joguei um beijo para ela.
– Eu vim te achar, oras. Daqui a pouco o show começa e eu tinha que garantir que estivesse vivo! – pisquei para ela e riu a puxando mais para ele.
– Vamos lá, temos um anúncio a fazer. – ele olhou para que sorriu, mas dava para ver que ela estava nervosa. Ele a abraçou pelos ombros e voltamos para o camarim, os dois abraçados a nossa frente enquanto eu e parecíamos dois pais babões dos filhos, dois cúmplices dessa dupla explosiva.
Assim que entramos e fechamos a porta, e ficaram no centro da sala, atraindo todos os olhares. , e olhavam com sorrisos sacanas esperando pelos dois se manifestarem, pigarreou.
– Então, temos que contar uma coisa pra vocês. – ele mexeu nos cabelos um pouco sem graça e eu vi dando uma risadinha. – Nós... – apertou a mão de e a trouxe mais para perto – estamos juntos! Então por favor, já sabem, mais respeito, seus idiotas. – apontou para e que sorriram para o mais novo casal.
– Que bonito hein, porque não nos contaram nada? – com uma sobrancelha arqueada cruzou os braços os encarando.
– Hmm... – ia responder, mas o interrompeu, se colocando a frente dele.
– Eu pedi a ele, desculpem, meninos, mas é que eu não queria a mídia em cima, sabe, então pedi para ele esperar, desculpem! – olhava a todos ali na sala, com o rosto levemente vermelho, a abraçou por trás e todos fizeram aqueles “awnnnn” em uníssono, fazendo virar um pimentão de vez. Um dos seguranças bateu à porta entrando logo em seguida.
– Meninos, meia hora. – ele olhou para todos os meninos parando seu olhar em . – Você ainda está assim? – ele ergueu as sobrancelhas para que riu e foi com os braços abertos para abraçá-lo.
– Paaaaaauuuull, olha ali! – ele apontou para mim. – Aquela é a ! – me chamou com um gesto de mão.
– Você é a famosa , tudo bem? – Paul sorriu para mim e eu retribui um pouco envergonhada. – Cuidado com essas praguinhas aqui! – ele apontou para os meninos e em seguida acenou para também, acho que eles já se conheciam do dia que os meninos foram a rádio, pois ela apenas disse um “Oi, Paul” básico.
– Vamos lá, gente!!! – Paul falou em um tom mais sério e saiu logo em seguida.
Todos os meninos começaram a se mexer, foi se vestir enquanto eu ia até , se aproximou para pedir desculpas pelo assunto da modelo, em pouco tempo o camarim era uma correria total, gente entrando e saindo, nós duas mais perdidas que cego em tiroteio, até alguém entrar e anunciar que faltavam apenas 10 minutos. veio até nós.
– Meninas, vocês vão agora pra área vip, ok?! – ele pegou na mão da e foi saindo de lá, eu estava logo atrás mas senti uma mão me segurando, era .
– Espera. – ele riu e eu o abracei rápido. – Ia sair sem falar comigo, que feio, .
– Para de ser chato. – olhei nos olhos dele e me arrepiei, estava tão lindo e tão feliz, prestes a entrar no palco e fazer o que ele ama. – Bom show! Arrasa! – dei meu melhor sorriso e me abraçou de volta.
– Obrigada, hoje vai ser incrível, você vai ver! – deu uma piscadinha pra mim antes de eu ser puxada por .
Um dos seguranças nos levou até nossos lugares, eram na lateral da parte superior na primeira fila, com uma visão incrível do palco. Assim que nos sentamos, olhei para o lado e senti muitos olhares em cima de nós. Tinha até esquecido do quanto seríamos observadas hoje. Mas nem tive tempo de pensar em nada disso, o vídeo de abertura começou e a adrenalina que tomou conta de mim era inexplicável.
Quando eu os vi surgindo, cantando e acenando para as fãs, meu coração bateu forte, era mais do que uma banda favorita, era meu melhor amigo ali, radiante em sua melhor forma, vivendo seu sonho com seus amigos e eu podia fazer parte disso. Como eu jamais pensei que pudesse. e eu cantávamos todas as músicas exatamente como as fãs, sem nos importa que qualquer outra pessoa pudesse estar nos observando.
Estava lindo demais e quando parei para reparar em cada um deles, nos sorrisos dedicados a algumas fãs sortudas, as brincadeiras entre eles, as vozes unidas, a sintonia. Não pude deixar de sorrir nem por um segundo durante o show.
Quando os acordes de Over Again começaram, meu coração saltou no peito e eu olhei para , ele sorria olhando diretamente para mim, eu sorri de volta e ele me deu uma piscadinha indo se sentar em um dos degraus. E a emoção tomou conta de mim, durante toda a música eu chorei. Não que estivesse me sentindo sozinha ou algo assim, essa música significa muito para mim, ela é como o nosso recomeço e sabia disso, tanto que no finalzinho da música, nossos olhares permaneceram fixos enquanto ele cantava pela última vez:
And I will give you all my heart (E vou te dar todo o meu coração)
So we can start it all over again (Então podemos começar tudo de novo).
Com um gesto discreto, antes de se levantar, apontou para mim sorrindo e fez sinal para que eu limpasse meus olhos.
Chegou à vez de Little Things e foi inevitável a chegada de mais lágrimas, esta música é completamente linda e apaixonante, reparei que olhava na nossa direção e me surpreendi com chorando ao meu lado, baixinho, mas quando viu ele a olhando, sorriu e acenou para . Nos abraçamos e cantamos em uníssono junto a todas as fãs ali presentes.
De vez em quando os meninos vinham até perto de onde estávamos e faziam alguma palhaçada causando um pouco mais de histeria, mas nada comparado ao momento em que , enquanto conversava com as fãs, nos olhou e riu antes de falar:
– Queremos fazer uma competição pra ver quem dança melhor, vocês nos ajudam? – muitos gritos como resposta. – Então vai ser assim, tem que gritar mais alto pra quem for o melhor, o.k.?1
Elas foram a loucura quando eles fingiam se alongar e segundos depois começou a tocar Domino da Jessie J, o primeiro a se “apresentar” foi que rebolava exageradamente, em seguida veio que ficou de costa rebolando desajeitadamente para todas as meninas, fez a coreografia de macarena mesmo a música não sendo essa, estava muito envergonhado, mas, mesmo assim, deu uma balançada nos braços, deu uma voltinha e saiu rápido da frente do palco, no refrão parou com os braços abertos e o mais sensualmente possível apontou para duas meninas na primeira fila e começou a rebolar lentamente, as duas garotas quase enfartaram e todos os meninos riram imitando . Nem preciso dizer que todas gritaram muito mais forte para , que ria sem parar. No fim virou uma farra tão grande que quando eles repararam todas dançavam e cantavam junto a eles. Tanto quanto eu acompanhávamos os passos deles, e nos divertimos demais com essa parte.
Quando chegou em What Makes You Beautiful, nós nos olhamos e estávamos mais descabeladas do que nunca mas felizes demais, cantamos até o fim, vendo os meninos se despedirem com seus sorrisos lindos e satisfeitos. Tivemos que esperar um pouco até as fãs começarem a sair, uma produtora veio nos chamar e seguimos com ela até os corredores. Os meninos já estavam com outra roupa e falavam sem parar.
– E aí, meninas, gostaram do show? – com seu sorriso radiante veio até nós.
– Amei, estava muito lindo. – sorriu para todos eles que agora se aproximavam também.
– Foi incrível, parabéns, garotos, estava demais. – ainda estava muito animada por causa do show, eles todos riram e voltaram a tagarelar sobre o show. Quando chegou sorrindo ao meu lado praticamente pulei em seus braços o fazendo gargalhar e quase cair.
– Gostou? – ele perguntou enquanto me colocava no chão novamente, mas sem desfazer nosso abraço.
estava incrível, lindo demais, me emocionei quase o show inteiro. – ele sorriu torto e apertou de leve meu nariz.
– É, acho que te vi chorando algumas vezes.
– Ai que mico, mas foi inevitável. – dei de ombros e me apertou um pouco mais a ele. – Foi muito bom saber que você estava aqui hoje, você nem sabia, mas eu esperei muito por isso. Senti meu coração saltar no peito e o apertei mais a mim, o sentindo mexer em meu cabelo, me afastei um pouco.
– Estou tão orgulhosa, , você conseguiu, eu sempre soube que você conseguiria! Hoje foi uma noite mágica. – disse rindo com que arqueou uma das sobrancelhas para mim.
– Ai meu Deus, como ela linda. – ele riu mais, zoando com a minha cara. – Mas a noite ainda não terminou! – ele abriu um daqueles sorrisos de quem estava aprontando. – Nós vamos a um bar muito legal agora, o que acha?
Nem tive tempo de responder e surgiu atrás de o abraçando e olhando para mim.
– Vamos, os carros já estão prontos! – os dois me olhavam esperando a resposta. Ri e acenei com a cabeça, foi me direcionando até um dos carros que já estavam ligados, entrei e já estava lá dentro.
– Vocês duas vão nesse carro, estamos logo atrás, o.k.?! – fechou a porta nos avisando – Tem paparazzi ali fora então já sabem, fechem os vidros. – ele riu da nossa cara de pânico antes de correr para o carro atrás do nosso. e eu nos entreolhamos, nós demos às mãos e o carro avançou rumo aos paparazzis. Logo atrás mais dois carros, o que graças a Deus confundiu alguns dos fotógrafos, mas alguns mais espertos nos seguiram, o que fez com que nós duas não relaxássemos durante o caminho. Um dos carros dos meninos ultrapassou o nosso e chegou antes de nós ao tal bar, assim que descemos alguns poucos flashes nos flagraram, mas fomos instruídas pelos seguranças a andar o mais rápido possível. Quando entramos e nos esperavam ansiosos, com um segurança junto deles
– Prontas para a melhor parte?! – todos nós rimos e entramos de fato no bar, rumo a melhor parte, segundo os dois malucos a nossa frente!


Capítulo VIII


's POV

Chegamos ao Jeff's logo depois do , , e e a música alta já se fazia ouvir, as luzes atrapalharam um pouco, mas conseguimos achar e dançando juntas perto do bar. e eu paramos para observar, tanto elas que dançavam lindamente um remix da Katy Perry, quanto o queixo caído de , mas do que depressa ele foi até , nos fazendo rir da sua urgência, veio até nós rindo também enquanto e sumiam no meio da pista de dança.
– Onde estão e o ? – perguntou perto do ouvido dela, mas como ele estava praticamente gritando dava para ouvir tudo.
– Foram buscar bebidas. – ela gritou de volta e os dois apareceram ao longe, cheios de cervejas nas mãos e sorrisos sacanas olhando para as garotas ao redor.
– Aqui está, madame. – entregou uma cerveja para que piscou para ele, me entregou outra enquanto entregava outra para , sobrou uma que deveria ser de , mas ela e sumiram do nosso campo de visão. Ficamos perto do bar rindo e conversando, se mexia discretamente ao meu lado, isso até começar a tocar Starships da Nicki Minaj e ela me olhar com um sorriso de orelha a orelha.
, dança comigo? – ela pediu baixinho perto do meu ouvido com os olhos brilhando e começou a me puxar, olhei para os garotos ao meu lado e eles nem prestavam atenção, eles podiam, ao menos, me salvar deste mico, mas não tinha pra onde correr e lá fomos nós pro meio da pista de dança. soltou o cabelo e começou a dançar de uma maneira que eu nunca tinha visto, ela movia o quadril no ritmo da música com os braços levantados, sorrindo da maneira mais contagiante possível, cantando alguns versos da música. Quando reparei estava parado no meio da pista de dança sem saber o que fazer, a não ser ficar olhando admirado, isso até esbarrar em mim e parar na frente da , e as duas começaram a dançar como se tudo fosse coreografado, como se fizessem isso sempre, cantavam e riam ao mesmo tempo.
– Eu adoro essa música. – berrava para que apenas assentia. – Lembra do Brasil? – as duas riram como nunca antes e a abraçou, em seguida surgiu ao meu lado me assustando.
– Fecha a boca um pouquinho, meu filho. – ele disse perto do meu ouvido e minha cerveja quase caiu, gargalhou. – Sei como é, meu amigo. – ele observava como se ela fosse a única mulher ali, como se somente ela importasse e fiquei com medo de olhar para da mesma forma. Balancei a cabeça para afastar aqueles pensamentos impróprios e comecei a voltar para onde estavam os outros, não dei nem dois passos e senti me abraçando pela cintura, rindo tão próxima do meu rosto que estava a uma distância MUITO perigosa, ela pegou minha mão e foi me levando para o bar. As duas pareciam crianças de tanta felicidade ao pedir tequila para o barman. estava boquiaberto ao lado de .
– No três. – pegou um punhado de sal entre os dedos, a dose de tequila e olhou para que já estava preparada também. – 1,2… 3. – Chuparam o sal, viraram a dose e em seguida chuparam o limão, fazendo caretas hilárias em seguida olhando uma para a outra e gargalhando.
– Eu vi isso mesmo? – que estava atrás de mim, assim como os outros, riu, nem tinha reparado na presença deles ali, meus olhos estavam voltados apenas para as duas malucas sorridentes a minha frente.
– Também quero. – ergueu a mão assim como todos nós em seguida.
– Gente, vamos lá pra baixo. – se aproximou mais, nos juntando em uma rodinha mais fechada. – Lá é melhor, temos mais privacidade, o que acham? – as meninas deram de ombros e nós apenas o seguimos.
Como já viemos algumas vezes aqui, uma das razões deste ser um dos nossos bares favoritos é por ter um uma espécie de porão, uma área privada na parte de baixo que nem todos têm acesso. Onde podemos fazer o que quisermos sem a preocupação de estarmos sendo fotografados ou coisas do gênero.
Entramos no corredor escuro que dá um ar de mistério deixando tudo muito mais divertido, liberaram nossa passagem e fomos descendo os degraus, me seguia segurando minha mão com logo atrás, as duas em um silêncio que chegava a ser estranho, andamos mais alguns poucos metros pelo corredor que dava para o bar.
A música ali era muito mais baixa, o que nos possibilitava conversar mais civilizadamente sem berrar em ouvidos alheios. Nos sentamos em roda no sofá, e observavam tudo em silêncio, nem parecia as mesmas garotas risonhas lá de cima. Isso até olhar para nós que esperávamos alguma reação e dizer muito alto.
– CACETE! Isso aqui é MUITO legal!
– Concordo, amiga. – riu para que ainda olhava tudo surpresa, chamou o garçom e pediu tequila para todos nós.
Nossas bebidas chegaram e lá fomos nós ao mesmo tempo, fazer o mesmo ritual feito pelas garotas antes.
fez a contagem.
– 1,2... 3.
E quase se afogou enquanto virava sua dose, o que óbvio, quase fez e morrer de tanto rir.
– Gente, parem de zoar o , vamos ver o que aquele gênio ali vai fazer! – abraçou pelos ombros e apontou para frente, no canto ao fundo do bar, tinha um cara meio bêbado se escorando pela parede, subiu no palquinho que tinha ali e puxou o microfone. Só naquele momento fomos perceber que aquilo era um karaokê.
– Ai não, ele vai cair. – fez uma careta apontando para os fios embolados perto do homem que cambaleava pelo palquinho
– Vai nada! Vamos ver o que ele vai cantar. – riu enquanto o homem batia no microfone, causando uma microfonia infernal, mais bêbado do que nunca ele começou a acompanhar a batida de (I Can't Get No) Satisfaction, do Rolling Stones, não continha mais suas gargalhadas quando antes do refrão ele quase caiu, e nós resolvemos ajudar cantando da nossa mesa o mais alto possível:

I can't get no satisfaction (Eu não consigo me satisfazer)
I can't get no girl reaction (Eu não consigo a reação de uma garota)
'Cause I try, and I try, and I try, and I try (Pois eu tento, e eu tento, e eu tento, e eu tento)

O cara ficou tão feliz, que infelizmente ele caiu e acabou com a música. ria tanto que eu não sabia mais se ela estava achando engraçado ou já era efeito da bebida. Nem lembrava mais quantas cervejas eu já tinha tomado, só sei que eram muitas. Quando e , que haviam saído da mesa há uns 10 minutos, voltaram com copos de um negócio que eu nunca tinha tomado, mas que parecia ser muito bom.
– Experimenta, é caipirinha. – me entregou seu copo e foi uma das melhores descobertas, era realmente uma delicia.
– Como vocês conhecem isso? – perguntou impressionado, roubando ainda mais do copo de .
– É uma bebida brasileira. – piscou apenas um olho para , que já ergueu a mão para chamar o garçom, se já não estávamos bêbados, agora ficaríamos. e riam de outro cara que pegou o microfone para cantar Spice Girls de um jeito absurdamente horrível, até olhar para , ele já estava um pouco alterado e com a voz embolada.
, , ! Eu te desafio a subir naquele palco e fazer melhor que este cara! – sorria com a sobrancelha arqueada para ela, se aproximou dele e perguntou. – O que eu ganho com isso, meu bem?
– Uma serenata do ! E quem sabe um beijo! – deu uma piscadinha para ela que riu enquanto eu quase morria de tanto tossir ao lado dela.
, que porra é essa? – olhei indignado para ele.
– Calado, , vamos lá, , quero ver se você tem coragem. – me ignorou e ficou olhando para que trocou alguns olhares com , até as duas se levantarem, parou na frente da nossa mesa olhando diretamente para . – Você mexeu com a garota errada Tomlinson!

Como se não tivessem ingerido nem uma gota de álcool, e desfilaram até o palco, alguns minutos até escolherem a música, e quando começou a tocar, eu não reconheci de primeira.
It's been a long time since I came around (Faz tempo desde que estive aqui)
Been a long time but I'm back in town (Faz tempo, mas estou de volta à cidade)
And this time I'm not leavin' without yoü (E dessa vez não partirei sem você)

You taste like whiskey when yoü kiss me awe (Você tem gosto de uísque quando me beija)
I'd give anything again to be your babydoll (Daria qualquer coisa para ser sua bonequinha)
This time I'm not leaving without yoü (Desta vez não partirei sem você)

e que não cantavam tão mal quanto esperava, com as vozes roucas começaram a cantar totalmente desinibidas, You and I do jeito mais sexy que já vi na vida, olhando para nós.

He said, sit back down where yoü belong (Ele disse, sente-se de novo ao lugar onde você pertence)
In the corner of my bar with your high heels on (No canto do meu bar com seu salto alto)
Sit back down on the couch where we made love the first time (Sente-se no sofá onde fizemos amor pela primeira vez)
And yoü said to me (E você me disse)

Antes de começar o refrão, elas sorriram uma para a outra e começaram a dançar enquanto cantavam, de forma lenta e sincronizada com cada batida da música.

(There's somethin') (Há algo)
Somethin', somethin' about this place (Algo, algo sobre este lugar)
Somethin' 'bout lonely nights and my lipstick on your face (Algo sobre noites solitárias e meu batom no seu rosto)
Somethin', somethin' about my cool London guy (Algo, algo sobre o meu cara legal de Londres)
Yeah somethin' about baby yoü and I (Sim, algo baby sobre você e eu)

Cantavam uma de frente para outra, depois olhavam para nós e aos poucos aquela parte toda do bar, só tinha olhos para as duas.
Desde o início o 'Nebraska guy' se tornou o 'London guy' das duas, que sorriam cada vez que cantavam isso.
Depois da segunda parte, nós todos acompanhamos o refrão, assobiava para elas que riam cantando uma de frente para outra fazendo caretas e muitos gestos, elas estavam se divertindo tanto enquanto nós não parávamos de babar por elas que estavam arrasando lá na frente.

Yoü and I, yoü yoü and I (Você e eu, você, você e eu)
Yoü yoü and I, yoü yoü and I (Você você e eu, você, você e eu)
Yoü and I, yoü yoü and I (Você e eu, você, você e eu)
Baby I'd rather die, without yoü and I (Querido, preferia morrer sem você e eu)

Conforme a música ganhava força, elas batiam o pé acompanhando as batidas da música e nós batíamos na mesa deixando tudo sobre a mesma atmosfera.

(There's somethin') (Há algo)
Somethin', somethin' about the chase (Algo, algo sobre essa caça)
(6 whole years) (6 Anos inteiros)
I'm a Brasil woman born to run you down (Sou uma mulher do Brasil que nasceu para alcançar você)
Still want my lipstick all over your face (Ainda quero meu batom em seu rosto)
There's somethin', somethin' about just knowin' when it's right (Há algo, algo sobre apenas saber o que é certo)

So put your drinks up for Nebraska, for Nebraska, Nebraska I love ya (Então, façam um brinde para Nebraska, para Nebraska, Nebraska, te amo)

Elas sorriam no meio da música devido à mudança na letra, todos nós zoamos pela piscadinha marota de para ele, até que chegou o fim da música, onde a batida para e fica só o piano. parou de cantar deixando continuar sozinha.

It's been a long time since I came around (Faz tempo desde que estive aqui)
Been a long time but I'm back in town (Faz tempo, mas estou de volta à cidade
And this time I'm not leaving without yoü (E dessa vez não partirei sem você)

Não sei se eu já estava bêbado ou se era a minha imaginação, mas parecia olhar diretamente para mim enquanto cantava. Senti meu coração acelerar quando na última frase ela acabou com todas as dúvidas e apontou para mim de fato e sorriu torto, do jeito mais lindo possível. Ela não escolheu aquela música aleatoriamente, ela sabia exatamente o que queria me dizer com aquilo. e se abraçaram ainda em cima do palco e dois caras estavam indo na direção delas, quase correndo e foram até lá para escoltá-las de volta a nossa mesa. Muitos aplausos, de todos ali, que foram conquistados por essas duas quase bêbadas.
Estava em pé, aplaudindo as duas quando correu até mim, me surpreendendo com um abraço que quase nos fez cair no sofá, eu conseguia ouvir a risada de todo mundo enquanto a pegava no colo e a gargalhada inconfundível da pertinho do meu ouvido, me causando arrepios nenhum pouco corretos, não, eu não podia me envolver. Não com ela.
– Gostou? – ela desceu do meu colo e sorriu olhando em meus olhos, tive certeza de que ela estava bêbada pela maneira como ela falava, um pouco mais mole que o normal.
– Amei, vou te chamar para fazer nosso show de abertura. – pisquei para ela que deu de ombros e riu
– Ah não, dá muito trabalho, mas agora... – puxou que falava alguma coisa com . – É a vez de vocês cantarem pra gente. – ela apontou para que veio fazer um high-five desajeitado com ela.
– Não tinha que ser o ? Afinal foi ele quem te desafiou, não tenho nada a ver com isso. – protestou e apenas negou com a cabeça. – Ah não, é chato, ele não vai conseguir seduzir ninguém como vocês vão! – deu um tapinha em meu ombro e no de . – Nós já escolhemos a música! – as duas riram e nos empurraram de leve em direção ao palco sem chances de trazer junto.
Assim que vimos a música que elas deixaram preparada para nós foi inevitável a gargalhada.
Like a Virgin da Madonna começou a tocar e nossa mesa explodiu em risadas, e eu começamos a cantar, a maioria da letra errada, mas tentando manter o ritmo.

I made it through the wilderness (Consegui sair dessa confusão)
Somehow I made it through (De alguma forma, consegui)
Didn't know how lost I was (Não sabia o quanto estava perdido)
Until I found you (Até encontrá-la)

I was beat, incomplete (Estava vencido, incompleto)
I'd been had, I was sad and blue (Fui enganado, estava triste e deprimido)
But you made me feel (Mas você me fez sentir)
Yeah, you made me feel (É, você me fez sentir)
Shiny and new (Novinho em folha)

Nós começamos a fazer coreografias completamente ridículas e fora de sincronia, me conduzia, me girava e nós quase caímos nesse início da música. Até chegar ao refrão.

Like a virgin (Como uma virgem)
Touched for the very first time (Tocada pela primeira vez)
Like a virgin (Como uma virgem)
When your heart beats (Quando seu coração bate)
Next to mine (Próximo do meu)

veio pegar nos meus “peitos” e eu me protegia como uma virgenzinha. Era possível ouvir as gargalhadas de e , nos acompanhando no refrão.

Gonna give you all my love, boy (Vou lhe dar todo meu amor, rapaz)
My fear is fading fast (Meu medo está sumindo rapidamente)
Been saving it all for you (Andei guardando tudo isso para você)
'Cause only love can last (Pois apenas o amor dura)

You're so fine and you're mine (Você é ótimo, e é meu)
Make me strong, yeah you make me bold (Me faz forte, sim, me faz ousado)
Oh your love thawed out (Oh, seu amor derreteu)
Yeah, your love thawed out (Sim, seu amor derreteu)
What was scared and cold (O que estava frio e com medo)

Começamos a passar a mão por nossos corpos tentando sensualizar, mas estava horrível, ouvimos assobios e vários.

Like a virgin, hey (Como uma virgem)
Touched for the very first time (Tocada pela primeira vez)
Like a virgin (Como uma virgem)
With your heartbeat (Com a batida do seu coração)
Next to mine (Próximo do meu)

Oooh, oooh, oooh

Nós dois, os pagadores de mico oficiais, apontamos para o chamando para o palco, viu e o trouxe até nós, começamos a cantar para ele, que incorporou o personagem, fingindo estar envergonhado, ele se balançava escondendo o rosto enquanto e eu mexíamos em seu cabelo e em seus braços.

Like a virgin, ooh, ooh (Como uma virgem, ooh, ooh)
Like a virgin (Como uma virgem)
Feels so good inside (Me sinto tão bem aqui dentro)
When you hold me, and your heart beats, and you love me (Quando você me abraça, e o seu coração bate, e você me ama)

Até o final da música, nós dançamos com e nossa mesa acompanhando toda a cantoria, mais desafinada e horrorosa, mas muito divertida. Assim que agradecemos todos nos aplaudiram, e foi chegar à mesa pra começarem as piadinhas.
– Vocês deveriam ser atores. – riu nos cumprimentando.
– Concordo, nunca vi uma garotinha tão linda quanto o . – como era de se esperar, começou a zoar que apenas chacoalhou a cabeça negando.
– Eu ainda voto no . – piscou para mim que mandei o dedo do meio em seguida.
– Idiotas. – e eu acabamos dizendo ao mesmo tempo e rimos.
é a pessoa mais sexy, Madonna vai perder o posto pra ele. – abraçou pelos ombros, fingiu surpresa e agradeceu lhe dando um beijo no rosto que limpou imediatamente.
– Mereço mesmo. – riu junto de que saiu da mesa logo em seguida.
– Já volto. – saiu em direção ao banheiro e nem deu tempo de sair atrás, já que a puxou para algum outro canto.
Já estávamos bebendo de novo e comecei a ficar preocupado com a demora da , afinal, já fazia quase meia hora que ela havia saído e nem sinal depois disso. Resolvi ir atrás dela, ali na parte de baixo ela não estava, no banheiro não tinha ninguém, segundo o barman, ela estava na parte de cima. Cheguei à parte superior e fui direto à direção do banheiro, tinha fila, mas não estava ali e quando ia começar a me preocupar, reconheci a música que estava tocando e não tive mais dúvidas de onde estaria.

Já estava no meio de Wonderwall, quase fim da noite, poucas pessoas na pista e uma garota ali no canto perdida, com os olhos fechados, cantarolando a música que significava tanto para mim quanto para ela. Não sei o que estava havendo comigo hoje, mas eu só conseguia ver , era só ela, seu cabelo, seus lábios sorrindo, era como se estivéssemos conectados e nada pudesse quebrar esta conexão. Aproximei-me por trás dela e cantarolei:
I don't believe that anybody (Não acredito que alguém)
Feels the way I do about you now (Sinta-se como eu me sinto sobre você agora)
Senti ela se arrepiar e virar de frente para mim sorrindo, ela passou seus braços pelos meus ombros e cantou, junto comigo, todo o finzinho da música, seus olhos fixos aos meus, seus lábios estavam me chamando e meu coração começou a saltar no peito. sorriu com seus olhos brilhantes.
You're gonna be the one that saves me (Você vai ser aquela que me salva)
Nós fomos nos aproximando, cada vez mais, a cada segundo parecia que seria inevitável mas eu não podia fazer isso. podia estar um pouco mais bêbada do que eu, ela nunca me perdoaria se eu me aproveitasse disso assim como eu jamais faria isso. me deu um beijo no canto da boca, e sorriu torto me provocando, dei um beijo na testa dela e quando vi, surgiu na escada com todos em seu encalço. Acho que era o fim da noite para nós. pegou em minha mão e eu a apertei um pouco mais forte. Depois de nos dividirmos nos carros, saímos rumo ao amontoado de paparazzis a nossa espera.

Depois da nossa saída conturbada do Jeff's, , e eu partimos rumo a casa de primeiro, pois era mais perto, mal entrou no carro, deitou no meu ombro e capotou. não acreditou quando me viu jogando um moletom que estava por ali em cima dela.
– Cara, inacreditável! – ele riu baixinho espiando para verificar se ela estava mesmo dormindo.
– Eu sei, parece que foi automático. – abracei-a pela cintura trazendo-a mais para perto e senti me observando.
– Que foi? - perguntei o encarando, apenas balançou a cabeça e a jogou pra trás. Segundos depois estava mexendo em meu celular e o senti me olhando de novo.
– Fala, . – dei um tapa de leve em sua cabeça pra ver se ele 'falava de uma vez.
, vocês são só amigos mesmo? Nunca rolou nada a mais? – curioso nos olhava intrigado, seu olhar sempre indo parar na minha mão que estava na cintura de .
– Não, nunca rolou nada. – franzi o cenho estranhando a pergunta e o sorriso no rosto de . – Por quê?
– Porque parece que vocês já tiveram alguma coisa a mais, vocês são diferentes. – ele me olhou um pouco mais sério. – Você é diferente com ela!
, vai dormir, ainda tá sobre efeito das bebidas. – ri de leve e empurrei a perna de . Ele riu e começou a olhar pela janela do carro. Pouco tempo depois olhei e ele também já estava dormindo.
Depois de deixar em sua casa, fomos para minha casa, daria muito mais trabalho levar para a casa dela, então decidi sozinho que é melhor ela dormir na minha casa hoje. Deixei dormindo no meu quarto e vim para o quarto de hóspedes, todo o sono e cansaço que estava sentindo antes sumiram, a única coisa que dominava todos os meus pensamentos era a garota dormindo em sono profundo no quarto ao lado. Como um filme, a noite de hoje inteira passou pela minha cabeça, chorando no show, suas gargalhadas no palco do karaokê, o modo como ela dançava, o brilho nos olhos dela enquanto Wonderwall chegava ao fim, por Deus, eu não posso gostar dela desta maneira, não posso estragar nossa amizade e enfiá-la ainda mais nesse meio. É loucura e eu tenho certeza de que amanhã tudo seria um borrão na mente dela, por mais incrível que essa noite tenha sido, eu não posso deixar que esse sentimento cresça dentro de mim, não está certo nem comigo, nem com a . Custei a dormir, custei a deixar de pensar naquele quase beijo e naquela garota.

Acordei tarde, pensei que já estivesse acordada, mas não, quando passei pelo quarto ela ainda estava dormindo profundamente. Quando já estava terminando de preparar nosso café da manhã escutei tropeçando e xingando alguma coisa baixinho.
– Bom dia! Dormiu bem? – chamei-a com a mão, que estava com o cabelo levemente bagunçado, escondida dentro do meu moletom, veio até a mesa ainda meio sonolenta. – Tá acordada? – ri baixinho colocando a xícara de café na sua frente, dei um beijo na testa e apenas assentiu
– Tô acabada, eu não dormi, acho que desmaiei mesmo, minha cabeça vai explodir. – ela fez uma careta olhando para o café forte a sua frente, ri de leve lhe entregando uma aspirina, depois de tomarmos café, parece que finalmente voltou a vida. Não resisti em perguntar o que me assombrava desde a hora que eu acordei.
– Agora que você finalmente acordou, me diga, você se lembra de alguma coisa de ontem, ? – Olhei para ela de lado e riu depois ficou séria e me olhou assustada.
– Lembro de algumas coisas, não tudo, eu fiz alguma coisa ruim? , não mente, eu paguei algum mico? – ela ficou de pé na minha frente me olhando desconfiada.
– Então, você não se lembra daquele cara que você ficou se agarrando? foi tão difícil te tirar de lá! Até o teve que vir me ajudar. – balancei minha cabeça fingindo desaprovar sua atitude, arregalou os olhos e tapou a boca com as mãos.
– Não! , isso é mentira, né!? Diga que sim, por favor?1 – estava horrorizada e eu não aguentei mais segurar o riso, assim que me viu rir, ela veio me bater. Ela tentava me dar vários tapas no braço, mas eu a segurei pelos pulsos e de repente estávamos muito próximos, perigosamente próximos, ela estava entre minhas pernas com o rosto a centímetros do meu, os pulsos presos por mim em suas costas e ela começou a sorrir, chegou perto do meu ombro e o mordeu, me fazendo gritar e soltá-la imediatamente.
! Você me paga sua maluca. – ela começou gargalhar se afastando de mim.
– Bem feito, seu idiota. – se divertia enquanto eu massageava o local da mordida. – A última coisa que eu lembro é de vocês cantando Madonna pra gente, muito lindo por sinal. – ela riu irônica, depois de se sentar a minha frente. – Aconteceu mais alguma coisa que eu não lembre? – parecia confusa e eu fiquei aliviado, era melhor ela não se lembrar de nada mesmo.
– Não, só esse fiasco mesmo. – apenas confirmei para ela, que voltou a tomar seu café.
Infelizmente ela teve que ir embora, mesmo eu tentando persuadi-la de todas as formas, ela resistiu e logo após o café, foi pra casa para fazer o maldito trabalho de contabilidade da faculdade.

Não resisti e depois de umas duas horas que saiu da minha casa, vim até o apê dela, pronto para atormentá-la ou ajudá-la no que fosse possível, só não queria ficar sozinho hoje.
?! – ainda com o meu moletom de hoje
cedo, calça de moletom e uma xícara enorme de café surgiram na porta. – O que está fazendo aqui? – Vim te atormentar, porque é muito chato ficar em casa sozinho. – entrei em seu apartamento, lhe dei um beijo no rosto e roubei sua xícara de café no caminho, apenas suspirou e me empurrou para o seu quarto.
– Faltam umas 5 páginas do trabalho, pode aguentar um pouquinho só? – riu aceitando a minha presença ali enquanto eu apenas concordava. Sentei em sua cama e Pheebs veio brincar com meu tênis, aproveitei e a coloquei na cama, senti me observando.
– Coisas fofas. , aproveitando que você tá aqui, me ajuda a pegar um livro que tá ali atrás? – ela apontou para o guarda-roupa, na parte superior. Consegui pegar o livro, mas também consegui derrubar uma caixa que estava do lado, riu e chacoalhou a cabeça indignada.
– Sempre causando estragos! – ela apontou aquele monte de coisas caídas no chão que eu teria de juntá-las. – Cuidado, são minhas relíquias, minhas recordações!
Na caixa das relíquias como a chama, tinha de um tudo, montes de fotos, a camiseta do Pink Floyd que eu dei pra ela levar pro Brasil, a sapatilha de balé dela e várias outras coisas que deveriam ter algum valor sentimental para . Depois que guardei tudo, comecei a olhar as fotos, tinha um álbum separado somente de apresentações de dança dela e não pude deixar de pensar, enquanto observava minha amiga se estressar para terminar um trabalho de contabilidade, em como ela era feliz quando fazia dança. Lembro até hoje o quanto ela estava radiante depois da primeira apresentação de balé, era uma coisa tão pequena, era só para o nosso bairro, tinha pouca gente assistindo, mas pela alegria dela parecia que ela havia acabado de sair do palco do Balé Bolshoi. Só estávamos a mãe dela e eu, fomos apenas para dar um apoio moral e ela não parava de tagarelar sobre os bastidores e a apresentação. Não pude evitar as perguntas que vieram a minha mente e saíram por minha boca sem pedir permissão.
, por que você não voltou a fazer balé? – perguntei sem a olhar enquanto mexia nas fotos da caixa.
, larga isso! – me olhava séria, seu olhar fixo na sapatilha em minha mão direita
. – Desculpa, estressada, mas você não respondeu minha pergunta. – guardei a sapatilha como havia encontrado antes e a olhei, evitou meu olhar e voltou a digitar. – , qual é o problema? – me arrastei na cama até alcançar o notebook em seu colo e o puxar para mim, obrigando ela a me olhar.
– Não voltei porque sim, porque não dava mais, pronto, acabou. – ela disse rápido e me olhando muito rapidamente, fechei seu notebook e me aproximei ainda mais dela que passou a olhar para a janela, sinal claro de que ela estava mentindo descaradamente para mim.
. – chamei-a e ela mordeu o lábio. - Olha para mim, por favor. – peguei em seu queixo e fiz com que ela olhasse em meus olhos. – O que há de errado, por que você ficou tão brava? – coloquei uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha, ela fechou os olhos e deixou escapar um suspiro.
– Não gosto de falar sobre esse assunto, só isso. Não gosto de mexer nessas coisas, podemos mudar de assunto? – ela me olhou como se algo estivesse doendo e eu não estivesse respeitando essa dor, como se fosse uma tortura, mesmo achando muito estranho assenti sorrindo e dei um beijo em seu rosto, mesmo sem saber ao certo o porquê de sua reação, não resisti em abraçá-la, me abraçou ainda mais forte e nesse momento eu soube que tinha algo de errado ali, mas eu teria que ir com calma para saber o que era.
Guardei quase todas as fotos, exceto uma, estava linda sorrindo com mais umas 4 garotas, com roupas de balé, aquela foto foi tirada no Brasil e eu a “roubei” pelo que estava escrito atrás dela: “Last Day Dreaming”(Último dia sonhando). Algo me dizia que aquela foto ia me ajudar.
Depois de voltar aos estudos, e eu voltar a atrapalhá-la. Voltei pra casa ainda intrigado com a reação dela e com a foto roubada, estava procurando pela academia de dança que estava escrita atrás da foto quando encontrei um anúncio para as inscrições para a audição do English National Ballet School, imediatamente pensei em , talvez esta fosse uma grande chance para ela, li o regulamento, antes de qualquer coisa para não dar falsas esperanças a ela e se encaixava perfeitamente, sua idade ainda estava dentro do limite e creio que com algum treino ela possa tentar, sempre sonhou em ser uma bailarina e este ainda não era um sonho a ser esquecido.

Estava super ansioso para contar para a sobre a audição que nem dormi direito. As 10:00 da manhã fui direto para o apartamento dela.
?! – apareceu na porta do apartamento, com cara de sono e a gatinha Pheebs no colo. – Oi? – ela estava surpresa e confusa, abriu mais a porta me dando passagem.
– Desculpe vim sem avisar de novo, mas eu não podia mais esperar! Tenho uma coisa pra você! – ri de nervoso, colocou a Pheebs no chão e ficou me olhando curiosa, tirei o anúncio do bolso e o entreguei a ela. Primeiro ela olhou para mim sorrindo, em seguida seus olhos corriam rapidamente pelo anúncio e seu sorriso até então confuso se transformou em uma expressão séria, quase brava.
– O que é isso, ? – no tom mais sério que já ouvi, perguntou apontando para o papel. – Por que me deu isso?
– É para fazer uma audição, estudar balé, é a sua chance, ! – mesmo a reação dela não sendo a esperada, não contive um sorriso animado.
, eu não vou estudar balé, eu não quero isso. – extremamente irritada me devolveu o papel.
– Por que você só não tenta? Ainda dá tempo! – tentando ser o mais paciente possível, me aproximei dela, que me olhava como se eu estivesse lhe sugerindo algum absurdo, algo contra lei.
– O que te deu, ? Por que inventou agora que eu quero fazer balé? – pelo seu tom de voz, era perceptível o quão nervosa ela estava, cada vez que tentava tocá-la ela se afastava.
– Sempre foi seu sonho oras, você estuda balé desde criança, você é a melhor dançarina que eu conheço, não acho que essa audição seja algo impossível para você, .
– Mas é sim, desculpe te decepcionar, mas eu não vou. – tentando encerrar o assunto sentou-se no sofá e ficou me encarando, esperando que eu trocasse de assunto ou algo assim.
, o que está acontecendo? É eu tocar nesse assunto que você se transforma, qual é o problema em fazer balé? Qual é o problema em apenas PENSAR no assunto? – juro que estou tentando entender o que deu nessa maluca, mas ela me evita de todas as maneiras, ela não me olha nos olhos, muito menos me deixa encostar nela.
– Eu simplesmente não posso falar sobre isso, nem pensar, muito menos sonhar em fazer uma audição, chega, . – me olhou por um momento antes de abaixar a cabeça, aquele olhar cheio de mágoas, mas cheio de medo também, só por aquele olhar eu sabia que a mais pura verdade era que estava morrendo de medo de tentar.
– Não, vamos. Eu te ajudo em tudo que eu puder, você só precisa querer, não desiste de você , você merece mais! – ergueu a cabeça e e
u vi seus olhos brilhando, algumas lágrimas surgiram, mas rapidamente desviou o olhar. – Para, , não quero fazer isso e nem brigar com você. – puxei de leve seu queixo fazendo-a olhar em meus olhos.
– Por que você só não tenta? Não precisa ter medo, . – disse bem baixinho, da forma mais calma que pude.
– Eu não tô com medo. – se levantou rapidamente do sofá quase me fazendo cair. – Quer saber, CHEGA! Eu não vou, para de falar disso, que saco. – ela começou a se alterar e andar de um lado para o outro.
– Ok, cansei também. Você quer desistir fácil assim, não vou me meter mais também. – levantei dando de ombros, parou e cruzou os braços me olhando.
– Nunca te pedi nada! – ela arqueou a sobrancelha me olhando de nariz empinado, como eu odeio quando ela faz isso, uma das coisas que mais irritam e ela sabe disso.
– Pra que ser tão irritante? Eu só queria te ajudar, mas já vi que não DÁ. – apontei para ela que sorriu irônica.
– Eu não quero nada disso! – desta vez foi a quem deu de ombros.
– Vamos fingir que eu acredito nisso. – fui o mais sarcástico que pude, afinal, eu sei que ela está mentindo, arqueei uma sobrancelha para ela que fechou os olhos com força bufando em seguida. – Ah, sai daqui, , acredite no que você quiser. – sentou emburrada no sofá.
– Eu vou mesmo porque senão eu te jogo pela janela, sua cabeça dura, mas só um aviso, , cuidado com as suas escolhas, cuidado para não se arrepender depois!
– PA-RA, SAI DAQUI. – jogou uma almofada em mim, me olhando super irritada e nervosa. – Você sabe que eu tenho razão. – peguei meu cachecol que havia caído quando cheguei e ela ainda me olhava indignada.
– Eu vou te bater se você não sumir daqui.
– Tchau, sua medrosa. – disse rápido com a mão já na maçaneta da porta, me olhou enfurecida e jogou mais duas almofadas na minha direção, mas fui mais rápido e sai do apartamento antes de elas me atingirem.
– EU TE ODEIO, .– surgiu na porta quando eu já estava a alguns passos do elevador, me virei para ela ainda andando de costas e gesticulei “MEDROSA” para provocá-la, para irritá-la mais ainda e bateu a porta com toda força.
Quem dera eu não a conhecesse tão bem, ela estava fugindo e eu apenas queria que ela não fosse tão teimosa e me deixasse ajudá-la. Eu não quero vê-la desistindo tão fácil assim, não, a minha . Ela é mais do que isso.


Capítulo IX




’s POV

Eu te odeio, .
Estava morrendo de raiva do , queria dar uns bons tapas nele pra ver se ele aprendia a deixar minhas coisas em paz.
Fui para o meu quarto ainda querendo socar a cara dele mas parecia que até o destino queria jogar contra mim. A caixa, cheia de recordações estava embaixo da cama com minha antiga sapatilha aparecendo, me chamando a mexer ali. Instintivamente puxei toda a caixa, coloquei em cima da cama e me deixei levar por todas as lembranças.
Eu lembrava de cada um daqueles momentos, todas as apresentações e ensaios, minhas colegas brasileiras, minha professora. Aquele era o meu refúgio, onde eu me tornava inatingível por tudo e todos que me machucavam de alguma forma, mas, infelizmente, também teve que acabar. Talvez nunca entenda porque eu desisti disso, foi a decisão mais difícil e dolorosa que eu tive de tomar e mais uma vez naquele lugar, eu estava sozinha.
Não estávamos tão mal financeiramente, mas meus pais já começavam a transformar aquela casa em um campo de batalha terrível e em uma destas discussões intermináveis o motivo era eu e a dança, éramos a despesa desnecessária e fútil. Foi um dia terrível, lembro de ter escrito um daqueles e-mails para e ter decidido que a partir daquele dia, todos os meus esforços seriam para sair de lá, voltar para UK e viver a minha vida, mesmo que para isso eu tivesse que desistir do meu maior sonho.
Sem nem perceber algumas lágrimas já começaram a rolar por meu rosto, eu lutei muito para guardar no mais íntimo de mim esse desejo, eu sufoquei esse sonho com tanto esforço que era muita injustiça chegar cheio de esperanças, quando na realidade, eu já havia aprendido a conviver sem as minhas. Eu parei de sonhar com algo tão impossível. E ele não deveria tentar me dar esperanças, não ele.
? – Ouvi na porta do meu quarto e tentei esconder as lágrimas, mas foi inútil, ela já tinha visto – , o que houve? Por que você está chorando? – Ela se sentou à minha frente afastando a caixa e me olhando preocupada.
– Não é nada, não se preocupe – Sequei meus olhos e ela ainda me olhava com o cenho franzido.
– Me conta, o que aconteceu? Você parece estar triste – pegou em minha mão.
– Briguei com o e estava lembrando de umas coisas que mexem muito comigo, só isso, daqui a pouco passa – Tentei sorrir fraco mas não funcionou direito.
– Brigou por quê?
– Porque o inventou de me trazer uma ficha de inscrição para uma escola de balé e eu já prometi pra mim mesma que isso não é mais pra mim, e nós discutimos.
– Calma, como assim balé? Me explica isso direito – me interrompeu, ela não estava entendendo nada a julgar pela sua expressão. Mesmo não gostando da ideia, contei toda minha trajetória como bailarina até a discussão com , ouvindo tudo atentamente, ficou surpresa na maior parte do tempo.
– E é isso, faltou pouco pra eu sair batendo nele! – Levantei juntando todas as coisas espalhadas pela cama mas roubou meu álbum, antes que eu pudesse a impedir.
– Wow, como eu nunca vi isso antes, ?! Garota, você arrebentava! – a cada foto fazia uma cara diferente, algumas ela ria descaradamente, outras ela só olhava impressionada.
– Obrigada – Era inevitável que minhas bochechas ficassem vermelhas – Mas agora chega, me devolve isso – Estendi minha mão mas ao contrário do que pensei não me devolveu o álbum e sim me puxou de volta para a cama.
– Nada disso, me diga com toda sinceridade do mundo, , você não quer MESMO voltar a estudar balé? Porque isso aqui é sério, amiga – Ela apontou para todas as minhas fotos e minha sapatilha – Talvez esteja certo!
me olhava séria, os olhos fixos nos meus de um modo que mesmo se eu quisesse mentir, eu não conseguiria.
– A verdade? – Perguntei e ela concordou – Mesmo eu já tendo jurado a mim mesma que não dançaria mais “profissionalmente”, ver aquela possibilidade de novo a minha frente foi bom e triste ao mesmo tempo, minhas chances já acabaram! E não entende, não pretendo me torturar pensando sobre isso de novo – Deixei que meus ombros caíssem, cansada de pensar no assunto, bateu em sua perna, deixando que eu deitasse minha cabeça ali, depois de alguns minutos onde minha mente só pensava nas palavras de e ficava repetindo a imagem dele me chamando de medrosa, que estava em um silêncio fora do normal pigarreou e parou de movimentar suas mãos que estavam nos meus cabelos.
– Mas você já parou para pensar de verdade sobre essa possibilidade? Deixando medo e tudo mais de lado, e se der certo? – Me sentei rapidamente na cama enquanto me observava, antes que eu abrisse a boca ela ergueu a mão e continuou – Se esta for a chance de fazer algo que você realmente goste, pensa bem, , olha com atenção, verifique todos os ângulos, te pegou de surpresa mas ele pode ter razão, amiga, você pode estar assustada agora mas pensa com carinho, antes de se negar algo tão importante! Eu sei que você vai tomar a decisão certa.
– Mas… – Ia argumentar, mas apenas levantou me deu um beijo na testa e saiu, gritando que precisava sair.
Ela me deixou com a cabeça a mil, um milhão de pensamentos e as palavras dela e do ecoando a toda hora em minha mente.
Fechei os olhos e lembrei da primeira apresentação que fiz, foi um dos dias mais felizes da minha vida, lembro de ter descido do palco e ir correndo até o , naquele dia contei a ele que já tinha decidido o que queria ser quando crescesse, eu seria bailarina, ele riu e disse que eu poderia dançar pra banda dele quando eles fizessem sucesso. Nós ainda éramos crianças, tão inocentes e cheios de sonhos, quando abri os olhos e me olhei no espelho, eu sabia que estava faltando alguma coisa. Na caixa à minha frente, aquela sapatilha parecia esperar por mim por todo esse tempo, quase um ano sem nem vê-la direito mas parecia que foi ontem. Calcei a minha velha companheira de dança e foi como se tudo estivesse em seu devido lugar, aquele aperto no peito que estava sentindo sumiu, respirei fundo e me olhei novamente no espelho. Lá está ela, a que eu sempre gostei de ser, obviamente estava fora de forma, mas mesmo com algumas dores automaticamente meus pés já estavam na posição de meia ponta.
Ainda estava cheia de medos, cheia de lembranças não muito boas mas certa de que sabia qual era o meu lugar, eu pertencia a um mundo e este mundo não era o da contabilidade ou qualquer coisa parecida. Sou uma bailarina, de corpo e alma, por mais que quisesse negar, esconder ou me enganar. Tudo em minha vida sempre levou a isso, desde pequena era isso que eu mais amava fazer. E era isso o que faria. Tentar, nem que fosse por uma última vez.
Assim que tomei esta decisão, meu coração saltou no peito e eu queria rir, gargalhar para ser mais específica, mas acima de tudo eu queria que ele soubesse que eu não ia desistir. Eu precisava falar com aquele filho de uma mãe.

Passava das 16:30 quando decidi ir falar com , me arrumei em menos de 15 minutos e fui até a casa dele. Ainda lembrava o caminho que fiz ontem de táxi e esperava que ele estivesse em casa, para que essa “surpresa” desse certo.
Já estava no terceiro toque da campainha e nada do Sr. aparecer, já estava prestes a desistir quando escutei alguém, enfim, destrancando a porta e juro que não esperava por aquilo. Um sem camisa, apenas vestindo uma calça de moletom e o tronco totalmente suado surgiram na porta que estava entreaberta, ele pigarreou me fazendo desviar a atenção do seu corpo um tanto quanto sexy demais no momento e olhá-lo nos olhos, se nós estivéssemos bem, ele riria do seu jeito sacana e convencido de ser mas apenas arqueou uma sobrancelha ainda me olhando sério.
– Posso entrar? – Pedi colocando as mãos nos bolsos do meu casaco, ele apenas abriu mais a porta me dando passagem, me guiou em seguida por dentro de sua casa até a sala – , eu sei que exagerei hoje e queria me desculpar por isso – Disse baixo observando enquanto ele colocava uma regata por cima do corpo suado
– Tudo bem, eu também acho que exagerei, não posso me meter desse jeito na sua vida, não é mesmo?! – me olhou nos olhos e eu vi que mesmo ele dizendo aquilo seus olhos diziam o contrário, ele ainda me olhava como de manhã, seus olhos ainda esperavam que eu não desistisse tão fácil.
– Então, tudo bem entre nós?! – Estendi minha mão para ele que deu um meio sorriso fraco antes de apertá-la.
– Acho que sim, mesmo você sendo uma cabeça dura e… – Antes que começasse com seu dicionário de elogios dirigidos a mim, coloquei meus dedos sobre seus lábios o fazendo parar.
– Calado, – Sorri para ele que apenas franziu a testa em resposta – Eu vou tentar, , vou fazer a inscrição, mas… – Não pude terminar pois me puxou rápido para um abraço super apertado, ele me abraçava e balançava como se eu fosse uma boneca de pano gigante, estava engraçado até o momento que eu lembrei que ele estava suado quando eu cheguei e ele estava suado me abraçando.
– Ewwwww, , você está suado, eca – Comecei a rir e ele gargalhou perto do meu ouvido, conseguiu me erguer e tentava passar sua testa suada em mim.
– Você é muito fresca, ! – me soltou e sorriu, um daqueles sorrisos de orelha a orelha – Mas estou orgulhoso, está é a que eu conheço!
– É uma simples tentativa, , vamos com calma, o.k.?! – Olhei para ele que apenas bateu continência concordando.
– Pode contar comigo pra tudo, serei o seu melhor assistente, , no que depender de mim não vai faltar incentivo – Ele deu uma piscadela marota me puxando pela mão até sua cozinha.
– Obrigada, vou precisar mesmo! Ficarei insuportavelmente obcecada com isso, vai ficar louca! – Ri apenas imaginando as reações de ao me ver ouvindo música clássica por todos os cantos.
– Você precisa achar um lugar pra ensaiar e tudo mais – estava tão animado quanto eu, tinha me esquecido o quanto era bom fazer planos, contei tudo que estava em mente enquanto acompanhava toda a minha linha de raciocínio, cada ideia, dando sugestões e óbvio discordando. Ele ofereceu mas não deixaria ele pagar por nada, nem um centavinho sequer, ainda tinha umas economias vindas do Brasil e era por elas que começaria. Ficamos fazendo planos por tanto tempo que quase se atrasou para um jantar na casa do , eles já tinham combinado antes e ele tinha esquecido.
– Você vai comigo, né?! – que tinha acabado de sair do banho, apareceu só de toalha atrás de mim, estava observando algumas fotos no corredor e ele chegou de mansinho me assustando, quando virei ele sorriu torto, me deu um beijo rápido na bochecha mas eu segurei seu braço o fazendo sorrir e me olhar do seu jeito sacana de ser.
– Só se eu não for atrapalhar! É reunião de negócios ou algo assim? – desfez seu sorrisinho e apenas rolou os olhos.
– Ai, , negócios na casa do ? Como você é bobinha! – Ele deu um tapinha na minha testa e correu pro quarto pra se vestir antes de eu conseguir dar um tapa em sua bunda.

Chegamos a casa de ao anoitecer e ele veio nos receber com uma empolgação fora do normal, nos levou direto pra sala de jogos onde e disputavam em um jogo de luta no videogame, ficou tão surpresa de me ver chegar com que acabou perdendo, deixando meio aborrecido já que ele torcia por ela.
– Não acredito que você perdeu agora, babe! – balançou a cabeça incrédulo enquanto apenas deu de ombros e passou o controle para ele, enquanto sorria vitorioso e chamava , seu próximo desafiante.
tinha mil perguntas em seu olhar que oscilava entre e eu, nós estávamos em um canto da sala mais afastados ainda em pé.
– Fizeram as pazes? – Ela me olhou confusa e eu sorri animada para ela que arqueou um pouco mais a sobrancelha.
– Sim e eu tomei uma decisão… Depois de muitoooo pensar, analisar… – Comecei meu discurso enquanto me olhava ansiosa e cheia de impaciência.
– Ela vai fazer a inscrição? – me cortou e olhou diretamente para que só observava a cena sorrindo com as mãos no bolso, confirmou com um aceno de cabeça.
– Que bom, você tomou a decisão certa, – Ainda boquiaberta por ter me cortado senti ela me abraçar e me dar um beijo na bochecha em seguida.
– Viu só, até ela sabe disso – sorriu convencido ao meu lado enquanto sorria orgulhosa para mim.
– Geralmente, eu não gosto muito das suas ideias, , mas tenho que admitir, você acertou em cheio desta vez. Eu jamais saberia deste sonho da dona se não fosse por você, então nem eu acredito que direi isso, mas vou me unir a você nesta causa e apoiar a Srta. Cabeça Dura aqui em tudo para que esse lance de balé dê certo! – sorriu simpática para que estava tão boquiaberto quanto eu, ele estendeu a mão para ela que apertou amigavelmente, mas eu não pude resistir e puxei os dois para um abraço que quase nos fez cair, começou a rir e se debater tentando fugir do abraço.
– Querem fazer o favor de desgrudar da minha garota – surgiu atrás de mim nos assustando, ele cruzou os braços tentando parecer sério nos olhando enquanto quase corria até ele.
– Obrigada, pensei que fosse morrer ali – Ela sorriu lhe dando um selinho, ele a colocou na sua frente a abraçando por trás e nos olhou curioso.
– Foi mal, me empolguei mas foi por uma boa causa – Sorri para ele enquanto apenas fingia um sorriso, querendo me estrangular pelo olhar.
– Ainda não entendi nada – me olhou confuso e antes que começasse a explicar, chegou e colocou seu braço por cima do meu ombro, começou a explicar toda a história com a ajuda da em um complô do quanto eu sou teimosa e afins, no final me olhou surpreso.
– Wow, balé é algo difícil, vou torcer por você – Ele sorriu para mim enquanto lhe dava um beijo na bochecha e o abraçava de lado pela cintura.
– Nem acredito que vou ter uma amiga bailarina, olha minha mãe vai ficar impressionada! – piscou para mim que apenas rolei os olhos por seu tom de ironia.
– Quem vai ser bailarina? – surgiu atrás de atraindo todos os olhares da nossa pequena rodinha.
– A !!! – mais sorridente do nunca me apertou um pouco mais pelos ombros, me olhou em um misto de surpresa e confusão.
– É só uma audição, eles precisam calar a boca! – Olhei para e tentando censurá-los mas eles apenas deram de ombros me ignorando e contando ao sobre o English Ballet School, nesse meio tempo e também se uniram a conversa e ficamos todos conversando sobre isso até chegar a hora do jantar.

Aquele foi um jantar e tanto, os meninos estavam animados com a nova fase da turnê, eu estava ansiosa e um pouco nervosa, mas estava feliz, e e eram o maior grude o tempo todo, a única coisa que realmente me deixou intrigada durante o jantar e depois dele foi , ele parecia muito mais protetor e atencioso, a qualquer hora que eu olhasse sempre encontrava seu olhar na minha direção, depois daquela noite fiquei com a sensação de que ele queria muito ter me dito alguma coisa mas não disse.
Fiz a bendita inscrição e tenho somente dois meses para me preparar, tranquei a faculdade de contabilidade e agora estou atrás de um estúdio bom o suficiente para treinar, hoje resolvi dar uma pausa nos ensaios que estão intensos e vim ajudar Bryan no voluntariado.
– Aleluia! Pensei que teria que mandar um detetive te encontrar – Bryan e seu exagero me receberam na sala onde guardamos nossas bolsas e os brinquedos que são usados com as crianças.
– Ah, fica quieto, eu sei que você esqueceu meu telefone e fica aí fazendo drama – Dei um abraço rápido nele antes de sairmos, hoje ficaríamos ajudando na ala geriátrica, estavam faltando voluntários e nós íamos dar uma força.
– Onde esteve, ? Faz muuuuito tempo que não te vejo! – Bryan me olhava curioso, me analisando enquanto íamos até o quarto da Sra. Dorothea Leisendorf, a senhora mais séria do hospital, que vinha de duas a três vezes por semana fazer tratamento de leucemia, tomar as doses dos remédios e as vezes nos pedia que lêssemos ou a ajudássemos com alguma coisa.
– Estou ensaiando, dia e noite para fazer a audição, eu já te contei isso, não?! – Bryan ficou sério e apenas concordou com um acenou de cabeça.
– Não acredito que vai mesmo continuar com isso, pensei fosse apenas uma maluquice mas vai MESMO fazer isso? – Ele perguntou incrédulo enquanto eu batia à porta do quarto. Dei de ombros e sorri do melhor jeito que pude afirmando a ele.
Todas as vezes que eu falava sobre dançar e desistir da minha faculdade, Bryan me censurava e olhava como se eu fosse a criatura mais idiota da face da terra, isso que eu ainda não falei que vou ter de suspender o voluntariado a partir da semana que vem, para ter mais tempo para os ensaios.
– Bom Dia, Sra. Leisendorf – Entramos e ela apenas nos dirigiu seu olhar sério e um tanto quanto impaciente, hoje viemos porque sua filha pediu que alguém ficasse por perto, lhe fazendo companhia e pelo olhar dela, não é uma ideia da qual ela gosta.
Colocamos ela na cadeira de rodas, já que a distância que percorreríamos é cansativa para ela fazer a pé e saímos do quarto. No meio do caminho Bryan foi solicitado em outra ala e ficamos eu e Dorothea, sozinhas. Ela não me queria ali mas eu não queria deixá-la sozinha. E para ajudar no meio do caminho meu celular idiota resolver tocar, adivinha quem era?! , o próprio. Eu não ia atender mas a Sra. Leisendorf disse antes que eu pensasse em qualquer coisa:
– Atenda logo, esse barulho é irritante – Ela disse arrumando elegantemente seu blazer enquanto eu quase jogava meu celular pela janela.
, seu idiota, não me liga nesse horário – Atendi rápido e ele só riu do outro lado – Você tem dois minutos!
– Só liguei pra saber, super-rápido, já escolheu a escola? Quando começam as aulas? – Ele também falava rápido e baixo, ultimamente nossas conversas são sempre meio relâmpago mas nos falamos quase todo dia.
– Escolhi uma perto da minha casa, Palácio das Artes ou coisa assim, o programa de balé parece ser muito bom, vou lá ver amanhã – Era inevitável não sorrir apenas em pensar nisso.
– Ótimo, , tô gostando de ver, mais tarde te ligo com mais calma o.k., beijos, se cuida.
– Tchau, até mais tarde, se cuida também, garoto.
Ri e desliguei o celular, e voltei a empurrar a cadeira da Sra. Leisendorf já esperando uma bronca por ter esquecido de ter posto o celular no silencioso. Mas muito pelo contrário, durante todo o tratamento e até depois, a Sra. Leisendorf me pediu para contar a ela sobre a escola e sobre o balé. Jamais imaginei que aquela seria uma manhã tão legal.

Como hoje é praticamente meu último dia no voluntariado, o que óbvio faz com que Bryan esteja em qualquer sala que eu entre, e tente me convencer a qualquer custo que a dança não vai me levar a lugar algum. É apenas uma pausa, já falei com a nossa supervisora, que entendeu e me deu esse tempo mas ELE não quer entender. Estava me despedindo das crianças quando Bryan de cara fechada veio me chamar.
– Tem uma mulher querendo falar com você – No alto de sua simpatia, ele apenas apontou para a entrada, na recepção. Fui até lá e tinha uma mulher de no máximo uns 40 anos, impecavelmente elegante, óculos escuros e roupas de grife, nunca a vi na vida mas pelo sinal que Margot, a recepcionista, fez, era ela quem estava me esperando.
– Bom dia, você queria falar comigo? – Me aproximei sendo o mais simpática que pude e ela dirigiu seu olhar sério a mim.
?! – Ela me olhou curiosa e eu apenas acenei com a cabeça concordando.
– Sou a filha da Dorothea Leisendorf, Thereza, prazer! – Ela sorriu e estendeu sua mão a mim, mesmo sem entender nada, sorri e apertei sua mão.
– Posso falar um instante com você, prometo que serei breve – Apontei então para uma cadeira mais à frente, longe dos ouvidos sempre curiosos de Margot.
– Bem, , minha mãe nos contou que você está treinando para entrar em uma escola de balé certo?! – Ela me olhou rapidamente, concordei e ela continuou – Talvez você não saiba, ela não gosta muito de falar do passado mas a Sra. Dorothea foi uma grande bailarina, com todos os prêmios e méritos, já se apresentou em todos os grandes palcos do mundo, se tornou professora mas teve que parar quando a doença apareceu. Sem querer me gabar mas ela é uma das melhores que o mundo já viu e ela praticamente exigiu que eu viesse aqui hoje – Ela sorriu para mim, cheia de orgulho da mãe.
– Wow, estou tão surpresa, ela nunca nos disse nada disso, mas não estou entendendo por que ela queria que viesse aqui hoje?
– Ela quer treinar você, dona Dorothea costuma ser um pouco teimosa quando coloca algo na cabeça e desde que saiu daqui ontem, este é o único assunto no qual ela fala, sei que é estranho, mas vim pedir que você vá até nossa casa, nem que seja apenas um dia, e treine com ela, pode ser uma troca bem interessante para vocês duas.
– Jura? Meu Deus, será uma honra! Estou muito lisonjeada, não esperava por isso mas não prejudicará Dorothea? O tratamento?
– Já estabeleci os limites com ela, não mais que duas horas por dia, se vocês forem realmente fazer isso diariamente, o que me diz? Você iria?
– Sim, claro. – Sem nem perceber, estava sorrindo abertamente para aquela desconhecida.
Mais do que feliz, combinei tudo para que eu fosse no dia seguinte a casa delas, e trabalhar com a minha nova “professora”. Voltei para a sala das crianças e deixei Bryan mais mal-humorado ainda, quando soube que o assunto era dança novamente.
Aquele estava sendo um dia repleto de surpresas pois a hora que estava saindo com Bryan do hospital encontrei com descendo de seu carro. Ele veio até nós com seu sorriso radiante e cara de cansado. Bryan ao meu lado o olhava meio incrédulo e sério, me abraçou rápido de lado e me deu um beijo na bochecha antes de olhar para Bryan que franziu ainda mais o cenho.
, este é o Bryan – Apresentei-os e eles trocaram um aperto de mão, que na minha opinião foi apertado e longo demais.
– E aí, tudo bem? – perguntou meio seco e Bryan muito mais antipático que o normal, apenas acenou com a cabeça tentando um sorriso duro em seguida.
– Quer que eu volte outra hora? – idiota revezava seu olhar de entre eu e Bryan, apenas rolei os olhos e Bryan cruzou os braços ao meu lado.
– Não, já terminamos por hoje – Me virei para Bryan ao meu lado – Quer ir almoçar com gente? – Convidei e senti os dois ficarem tensos ao meu redor, depois de uma troca de olhares perigosa entre eles, Bryan descruzou os braços e sorriu lindamente para mim, confesso que fiquei surpresa com sua repentina mudança de comportamento. De relance, vi arquear uma sobrancelha ao meu lado, nos observando.
– Eu adoraria, mas não posso, tenho que terminar um trabalho da faculdade, mas posso me despedir agora? Você ainda não me deixou fazer isso.
Bryan deu um passo para trás, e me puxou para um abraço apertado, ele era muito mais alto que eu então eu sumia dentro de seus braços, mesmo ele não concordando comigo ao final do abraço ele disse perto do meu ouvido:
– Vou torcer por você e se não der certo, estarei com você do mesmo jeito, se cuida – Seus incríveis olhos azuis brilharam para mim antes dele me dar um beijo na testa, acenar a distância para e sair em direção a sua moto.
Me virei para que estava com os braços cruzados e olhando sério enquanto Bryan se afastava.
– Não fui com a cara desse cara, só pra deixar claro! – Ele disse assim que fiquei ao seu lado e o olhei nos olhos, estava sério e cheio de ciúmes mas eu não pude evitar um sorriso e o cutuquei na cintura fazendo cócegas.
– Ah vamos, vai ficar com ciúmes dele, ? – Parei em sua frente e coloquei meus braços sobre seus ombros e ainda tentava ficar sério – Hoje foi nosso último dia de voluntariado juntos, então pare com isso que tenho um monte de coisas pra te contar, sua coisa chata – Superanimada levantei as sobrancelhas para que se deu por vencido e me abraçou apertado desta vez e me deu um beijo na bochecha em seguida.
– Então vamos lá, tenho a tarde toda hoje, consegui voltar antes dos meninos pra te ajudar – Ele piscou para mim enquanto eu o abraçava pela cintura até chegarmos ao seu carro.
– Ai como sou sortuda – Ri irônica enquanto tentava me fazer cócegas sem muito sucesso – Vamos logo! – Antes de entrar no carro, reparei que Bryan ainda não tinha saído do estacionamento, ele estava parado todo esse tempo a nos observar e pelo modo como ele nos olhava, parecia bravo de um jeito que nunca o vi antes. abriu a porta por dentro do carro e me tirou dos meus devaneios.
me ajudou instalando uma barra de balé no meu quarto, e enquanto eu ensaiava, ele me filmava para que eu pudesse corrigir os erros depois, quando enjoou disso, ficou conversando com na sala. Aos pouquinhos vai gostando um pouco mais de . À noite, chegou e ficamos os quatro, quase que a noite inteira, acordados jogando conversa fora.

No dia seguinte, pontualmente às 09:00 da manhã estava entrando num casarão majestoso, onde somente Dorothea, a filha mais velha e alguns empregados viviam, esta casa tinha tudo para ser uma daquelas casas cheias de gente a toda hora, entra e sai sem fim mas não era, era uma linda e gigantesca casa, não habitada em mais de 80% do seu interior. Thereza, a filha mais velha, me levou para o estúdio onde Dorothea me esperava.
– Bom dia! – A senhora de uns 80 anos, que geralmente não possuía esse brilho nos olhos, me recebeu com um sorriso, naquela sala enorme com uma parede inteira revestida com espelhos do chão ao teto, barra de balé por toda a extensão da outra parede e alguns quadros na parede oposta, todos obviamente com figuras de bailarinos e fotos da própria Dorothea se apresentando ao redor do mundo. Era um estúdio perfeito, idealizado e nas condições ideais para se praticar balé.
– Espero que tenha vindo bem-disposta, porque não será fácil, – Ela sorriu levemente e eu já sabia que ela tiraria tudo de mim.
Mal começamos nossa sequência e eu já sentia meus músculos reclamando e Dorothea sempre a me corrigir. Às vezes chegava a ser engraçado, ela e sua bengala ao meu redor. Ela dando leves toques com a bengala me indicando onde era preciso melhorar.
“Olha a postura”, “Por favor, isso não é uma meia ponta”, “Junta os calcanhares”, “Alongue mais as pernas”, “Olha o joelho, ” e mais um milhão de coisas.
A partir daquele dia a voz de Dorothea estava constantemente em meus sonhos e no treinamento. Ela era linha dura e graças a isso em menos de duas semanas voltei a sapatilha de ponta, e o treino cada vez mais pesado. O tempo corria e eu só tinha tempo para treinar.
já não aguentava mais tanta música clássica no seu ouvido mas estava sempre lá quando eu terminava, disposta a simplesmente me deixar reclamar das dores e conversar rapidamente sobre como o namoro com andava, como ia a rádio.
O tempo foi passando, e assim como Dorothea foi a maior luz que pôde aparecer no meu caminho, ela voltar a dar “aula” estava a ajudando muito no fim de seu tratamento. Sua filha nem se preocupava mais em me dar recomendações para não cansá-la, sempre era eu a única a sair dali exausta. Mas o amor pela dança me fazia esquecer as bolhas e os machucados e sempre estar ali no dia seguinte ou treinando em casa. Incansável. Mais persistente do que nunca.

E assim se passaram esses dois meses e hoje era meu último dia de treino, por sorte conseguiu estar aqui e insistiu em conhecer a minha nova ídola, liguei para Dorothea e perguntei se poderia levar meu amigo comigo no dia seguinte e ela deixou. Agora aqui estamos, assim como eu fiquei da primeira vez, está boquiaberto com a casa de Dorothea, que nos esperava a postos no estúdio.
– Bom dia – Ela sorriu suavemente enquanto eu me aproximava com em meu encalço.
– Bom dia, Dorothea, esse é o meu amigo que eu falei ontem, – Apontei para ele que abriu um sorriso simpático e beijou a mão dela quando ela estendeu a mão para ele a cumprimentar.
– Bom dia, é um prazer conhecê-la – Ela apenas sorriu para ele lisonjeada, e antes que ele se empolgasse, ela já o mandou ficar encostado na parede enquanto nós duas conversávamos sobre os últimos detalhes.
Tanto eu, quanto Dorothea, já sabemos que tudo que podia ser feito, foi feito, então foi um treino menos puxado, mas mais divertido pra mim, que tinha que segurar o riso pelas caras que fazia ao me ver alongando, ou quando ao ver Dorothea fazendo a contagem e eu lá concentrada, ele tentava me distrair com caretas pelo espelho, mas ele foi pego, o que tornou o melhor momento pra mim quando ela deu a maior bronca nele:
– Garoto, você não pode ficar distraindo uma bailarina do seu trabalho, sabia disso! Ela podia torcer o pé, sabia? Deveria te colocar em um collant agora mesmo e te fazer dançar na ponta do pé para você entender!
A expressão no rosto do era algo que jamais esqueceria, os olhos arregalados e aos pouquinhos ele foi encolhendo as pernas, tive que rir, tentei esconder mas aquela sala cheia de espelhos não ajudou em nada e no final, levei bronca junto com ele, mas eu já estava acostumada com o tom de voz e a dimensão da voz dela naquela sala então nem me abalei, enquanto por pouco não foi para o cantinho da sala se esconder do olhar sempre atento de Dorothea.
Ao final do ensaio, Dorothea me deixou tomar uma ducha rápida enquanto ela e arrumavam tudo. Assim que voltei encontrei a abraçando e ela rindo para ele. Ninguém merece, o charme desse garoto era infalível mesmo.
, seu amigo é uma graça – Dorothea sorriu para mim enquanto com minha bolsa em seu ombro me esperava para irmos embora.
– Cuidado com ele, é um perigo! – Ele fingiu uma risada enquanto eu o abraçava de lado rapidamente, em seguida me virei para Sra. Leisendorf – Quero agradecê-la por tudo, foi realmente incrível cada segundo que passei junto com a senhora aqui, muito obrigada de verdade! – Estiquei minhas mãos para minha professora superincrível que sorriu tímida e me deixou segurar suas mãos – Amanhã é o grande dia e mesmo que não dê certo, já vai ter válido a pena por ter trabalhado com você, obrigada por compartilhar comigo toda sua técnica e sabedoria, Dorothea – Não resisti e a abracei forte, e senti ela retribuir da mesma maneira, nunca fomos muito sentimentais mas devido as circunstâncias foi inevitável, que meus olhos enchessem de água.
– Oh, por favor, não chore – Ela agitou as mãos a minha frente e olhou para que observava tudo em silêncio, acho que ele entendeu o recado e me abraçou rápido, me cutucando de leve na cintura me fazendo rir – Desculpem, não lido muito bem com lágrimas – Ela sorriu fraco e eu queria apertá-la como eu fazia com a minha falecida vozinha.
Estávamos nos despedindo, com muitos beijos e abraços quando uma garotinha que eu nunca tinha visto ali antes, abriu a porta enorme da sala e nos olhou. Ela estava com o uniforme de alguma escola e aparentava ter no máximo uns 10 anos, mas seus olhos arregalaram de tal modo que e eu nos entreolhamos sabendo exatamente o que ela faria em seguida.
– OH MEU DEEEUS – Ela gritou e pôs a mão em sua boca para tentar impedir que os gritos saíssem, sua mochila caiu a seus pés, e seus olhos encheram de lágrimas conforme ela vinha caminhando lentamente na direção de – É você mesmo? – Ela sussurrou quando chegou perto o suficiente de nós e abriu seu maior sorriso se abaixando e abrindo os braços para um abraço. Ela sorriu nervosa e veio até ele, eles ficaram abraçados por alguns instantes, ela chorando e pedindo para ela ficar calma e dizendo coisas engraçadas que, no final, ela saiu sorrindo do abraço.
– Garota, não grite para as pessoas – Dorothea censurou a garota que não desviou os olhos de por nem um segundo.
– Hayley, porque você deixa suas coisas jogadas por ai, cadê sua educação? – Então Thereza entra pela porta juntando a mochila da garotinha que agora estava abraçada de lado ao .
– Tia, olha quem tá aqui, meu Deus, ninguém vai acreditar quando eu contar, o tá AQUI!!!
Dorothea que olhava tudo aquilo sem entender absolutamente nada me olhou buscando uma explicação.
faz parte de uma banda chamada One Direction, acho que sua neta gosta deles – Sorri para Dorothea que ia mandar a garotinha, Hayley, dar espaço para mas ela já o puxou e pediu que ele assinasse sua agenda e pediu uma foto.
– Hayley, eles precisam ir embora, deixe o rapaz em paz – Thereza olhou para a menina que parecia ter sido acordada de um sonho.
– Mas já? – Ela desfez seu sorriso e olhou para que acenou que sim com a cabeça.
– Nós já atrapalhamos demais, obrigada de novo, Dorothea, eu venho te contar como foi lá o.k.?! – Me virei para a senhora que sorriu para mim enquanto íamos até a porta, chegou ao meu lado e pegou minha bolsa dos meus ombros novamente, atraindo o olhar de Hayley para mim.
– Vocês são namorados? – Ela perguntou olhando de para mim, observando cada gesto, ele sorriu e negou com a cabeça.
– Somos só amigos – Sorri para ela que demorou alguns segundos para corresponder o sorriso.
– Se eu não puder voltar, a te entrega aquele DVD, o.k.?! – prometeu e Hayley olhou para mim desconfiada, mas eu sorri afirmando, ela deu um último abraço em que em seguida deu mais um abraço em Dorothea antes de sairmos. Olhei pelo retrovisor e a garotinha surpreendeu Dorothea com um abraço emocionado, era bom saber que ajudamos em alguma coisa, pelo menos essas duas agora iam ter uma conversa decente.

sabia que estava à beira de um ataque de nervos por amanhã ser minha audição e, assim que saímos da casa de Dorothea, ele disse que tinha uma surpresa para mim, não fazia a mínima ideia de onde estamos indo mas confio nele.
Depois de muitas curvas em um bairro que nunca ouvi falar, ele parou no que parecia ser um parque abandonado, onde só sobrou um balanço enferrujado e uma pequena cancha de areia ao redor, olhei sem entender nada para ele que apenas abriu um sorriso torto e saiu do carro.
Estava meio desconfiada desse lugar mas foi para a frente do carro e inspirou profundamente, o dia estava quase escurecendo e ficando frio aos pouquinhos, até pensei em ficar no carro observando e seu momento natureza mas ele veio até minha porta e a abriu.
, quer fazer o favor de vir comigo! – Ele pegou minhas mãos e me puxou delicadamente para fora do carro.
O vento frio soprava contra mim e não conseguia controlar os arrepios que percorriam meus braços, me levou até a beirada daquela praça, era como se fosse um pequeno penhasco, não era nada enorme, que causasse vertigem mas era grande o suficiente para nos sentirmos um pouco gigantes aqui de cima, enquanto as pessoas das casinhas lá embaixo começavam a acender as luzes. Era uma visão incrível, o pôr do sol mesmo que fraquinho, o vento e as luzes que aos poucos foram se acendendo passavam uma paz, ninguém nos via ali, éramos só ele e eu, inatingíveis. Mais uma rajada de vento e senti chegando mais perto de mim e jogando seu casaco sobre minhas costas, me causando arrepios devido à mudança de temperatura.
Ele me abraçou por trás e eu me senti segura como sempre acontecia. é minha ancora, meu porto seguro e sabe disso.
– chamei baixinho e ele apenas murmurou em resposta – E se tudo der errado amanhã? E se eu não conseguir?
Apenas em pensar nisso meu peito apertava e minha garganta ficava seca, apertou mais seus braços envoltos em mim e me beijou o ombro, em seguida a bochecha.
– Você ensaiou, você está preparada e se isso chegar a acontecer – me virou para ele, seus braços ainda envolta da minha cintura e seu olhar profundo e claro fixo em mim – Você tenta de novo e de novo, até conseguir, a gente não pode desistir do que a gente é, – Seus olhos se encheram de ternura e eu não conseguia mais tirar meu olhar do dele, sorri para e o abracei bem forte, ele me levantou do chão e nos tirou da beirada daquele lugar, quando ele me colocou de volta ao chão, olhei para ele sorrindo somente com o canto da boca e ele sabia que eu queria pedir algo.
– O que foi, ?
, canta pra mim? Por favor? – Sorri e tentei ser o mais angelical possível para ele aceitar, ele me olhou desconfiado mas em seguida me puxou para sentar junto a ele em cima do capô do carro.
– O que você quer ouvir?
– Yellow! – Sorri e ele sorriu junto a mim começando a cantar baixinho a música do Coldplay, passou um braço por meus ombros e eu me aconcheguei no abraço de enquanto ele mexia em meus cabelos, e cantava uma das minhas músicas preferidas.
Na segunda parte, olhei para que desviou o olhar do céu estrelado para olhar para mim e cantarmos juntos como Chris Martin sempre faz, adicionando um “My Love” a música e sorrimos um para o outro. tinha um sorriso nos olhos e me transmitia uma paz apenas em estar ao seu lado. Ele entrelaçou sua mão a minha e aos pouquinhos, conforme a música ia acabando, eu fui parar na frente dele entre suas pernas entreabertas, sentindo a atmosfera diferente e percebendo o quanto NÓS estávamos diferentes naquele momento, enquanto ele finalizava a música olhando em meus olhos.
Look at the stars (Olhe para as estrelas)
Look how they shine for you (Olhe como elas brilham para você)
And all the things that you do (E todas as coisas que você faz)
E nós sabíamos o que ia acontecer, com suas mãos em minha cintura me puxou para perto, me olhou uma última vez nos olhos e calmamente juntou nossos lábios em um beijo calmo, repleto de carinho e algo mais, que eu ainda não reconhecia mas era diferente, estávamos em completa sincronia, ele levou uma das mãos até meus cabelos os bagunçando levemente enquanto me trazendo para mais perto com a mão que estava em minha cintura e dava mais velocidade ao beijo, subi minhas mãos por seus braços sentindo-o arrepiar e parei com elas em sua nuca, afundava cada vez mais seus dedos em meus cabelos e pressionava sua mão em minha cintura. Sorri em meio ao beijo e ele mordeu de leve meu lábio inferior, parando aos pouquinhos, finalizando com um último selinho, me envolveu com as duas mãos pela cintura e afundou seu rosto em meu pescoço. Ficamos abraçados assim por alguns minutos, não sei ao certo. Mas acho que estava pensando o mesmo que eu no momento. Será que isso era o certo? E agora?
– Me afastei minimamente apenas para poder olhá-lo nos olhos – Acho que não… – Não tinha certeza se fizemos o certo mas ao olhar para foi fácil, ele sabia a resposta e parecia não gostar dela.
– Não deveríamos ter feito isso! Desculpe, – Ele disse baixo, fechou os olhos com força, como se estivesse brigando com ele mesmo e me afastou levemente, me tirando do meio de suas pernas e retirando suas mãos da minha cintura. De repente, parecia que uma barreira gigantesca foi instalada entre nós. parecia se torturar de um lado do carro enquanto eu tentava entender sua reação e esquecer nem que fosse por um segundo daquele beijo.
Ao chegarmos em frente ao meu prédio, um pensamento me fez congelar em apenas lembrar de amanhã.
, posso te pedir uma coisa? – Perguntei baixo assim que ele estacionou, me olhava de uma maneira indecifrável, seus olhos não pareciam mais brilhar tanto quanto antes, deixando o ar um pouco mais gelado, ele apenas acenou com a cabeça – Você pode ir comigo amanhã? Por favor? – Mesmo com esse clima estranho entre nós, eu preciso dele comigo amanhã, esse beijo não pode impedi-lo de ir, ele sabe o quanto é importante para mim. Acho que estava com uma cara muito desesperada porque repentinamente desfez aquela expressão séria de quem está brigado com meio mundo e me abraçou do seu jeito sempre protetor.
– Eu voltei só pra isso, , claro que eu vou!
E eu enfim pude sorrir aliviada, ele me deu um beijo na testa e eu fui pro meu apê, tentar dormir mas meu nervosismo e aquele beijo não me deixaram pregar os olhos a noite. Resultado: estou parecendo um zumbi e uma pilha completa de nervos.

Faz tanto tempo que não faço uma audição e, pior ainda, uma audição tão importante quanto esta, faz meu coração palpitar a cada segundo que penso nisso.
, pelo que parece, havia decidido fingir que nada aconteceu, a sorte é dele de que eu não consigo pensar em nada além da audição no momento. Ele parou o carro na frente do prédio da English Ballet School e eu já estava ansiosa, algumas garotas chegavam acompanhadas de seus pais, outras sozinhas mas eu resolvi esperar no carro junto a .
Faltando pouco mais de uma hora para minha audição decidi ir me juntar a todas as outras garotas, mas antes de sair do carro segurou minha mão.
, fica calma, vai dar tudo certo, o.k.! – Ele sorriu torto e me fez olhar para ele, respirei fundo enquanto ele segurava as minhas duas mãos.
– Ontem eu lembrei deste refrão e bem, ele é seu… Preste atenção garota – piscou de leve e colocou play em seu celular.
Uma música antiga do Creed começou a tocar e arrepios subiram pelo meu corpo quando segurando firme em minhas mão cantou o refrão para mim:
Chilldren don’t stop dancing (Crianças não parem de dançar)
Believe you can fly (Acredite! Você pode voar)
Away… away (Para longe… bem longe)
No final, ele me abraçou forte, me deixou ficar com o rosto enterrado no seu pescoço por alguns minutos e eu fui ficando mais calma enquanto acariciava quase que imperceptivelmente minhas costas com a ponta de seus dedos
– Você SEMPRE – e mais uma vez os olhos de se fixaram nos meus – será a melhor bailarina do mundo pra mim, e eu tenho certeza que o seu talento vai fazer com que eu não seja o único a dizer que você é boa! Vai dar tudo certo, ! Você vai ver – Ele abriu o seu maior sorriso e em seguida me deu um beijo demorado na bochecha, eu jurava que ele me beijaria como ontem à noite mas ele apenas sorriu de lado chegando perto do meu ouvido e dizendo baixinho – Vai lá e arrasa, babe, vou te esperar aqui, confio em você – e deu uma piscadinha para mim.
Não resisti e, antes de sair do carro, roubei um selinho de , que riu chacoalhando a cabeça enquanto eu saía de seu carro.
Respirei fundo assim que passei pelos portões. Pronta? Talvez. Mas nem um pouco disposta a desistir. Nada podia me parar agora. Mais confiante do nunca, entrei naquele prédio que poderia se tornar uma futura segunda casa para mim, talvez aqui fosse mesmo o meu lugar.



Capítulo X


’s POV

Nunca me senti tão livre quanto quando eu estava dançando, simplesmente esqueci das pessoas a me avaliar, das meninas se alongando nos corredores, daqueles olhares intimidadores. Éramos eu e aquele espaço, a música fluindo completamente pelo meu corpo e nada parecia mais certo do que isso. Todos os movimentos com toda precisão que eu podia alcançar, a cada nova sequência que era pedida, eu lembrava de Dorothea e tentava o meu máximo, como ela sempre me pedia pra fazer: “Imagine que esta é a última vez que você irá fazer isto, não gostaria de fazer da melhor maneira possível?!”. Todo sacrifício e dores já sofridos faziam todo o sentido, chegar aqui era o que eu mais queria e a cada salto, plié, grand plié, giro e afins eu me sentia pronta, fazendo o que devia ser feito. Dançar é realmente a minha vida. E parecia que eu era capaz de voar. Sentindo a mais absoluta paz.
Aos poucos algumas meninas eram dispensadas e fomos ficando menos numerosas, porém mais nervosas. Ao final restaram umas 25 meninas que aguardariam ansiosamente o resultado em suas casas. E meu coração já saltava de felicidade por saber que EU ESTAVA ENTRE ELAS!
Fui uma das últimas a sair do prédio e encontrei estapeando enquanto os dois me esperavam do lado de fora do carro, estava com a touca do casaco por cima de outra touca, óculos escuros e com a mão na boca, parecia um lunático enquanto apenas com um casaquinho de lã me olhava impaciente, sorrindo nervosa assim que me viu.
– Anda, criatura! – Ela me apressou assim que pus o pé pra fora do prédio.
Atravessei a rua e os dois me abraçaram ao mesmo tempo.
– E aí, como foi? – ansiosa pegou em meus ombros para que eu a olhasse – Passou? – Ela sorria quase que como uma maníaca para mim. Tentei fazer suspense mas os dois apressados à minha frente pareciam que me jogariam na frente de algum carro se eu não falasse.
– Fui bem, mas o resultado definitivo só sai em alguns dias – Dei de ombros enquanto os dois se entreolharam derrotados, teve que se afastar para atender o telefone e me puxou pela mão, entrelaçando-as ele me olhava querendo dizer tantas coisas mas se limitou a me puxar para um abraço apertado que acabou com ele me girando e me dando um beijo rápido na testa.
– Tenho certeza que você arrasou!
– Vamos esperar pra ver – Não queria e não podia de jeito algum pensar que já tinha ganho. Ainda era muito incerto.
– Mas como eu estou aqui e estou superconfiante por você, o que acham da gente passar em um pub pra comemorar? Tenho que viajar hoje ainda.
é meio-dia, não sei se deu pra perceber – se juntou a nós fazendo rolar os olhos impaciente.
– Eu sei, garota, tô falando mais à tarde! – começou a tirar as toucas e coçar a cabeça enquanto se desfazia da jaqueta, seu cabelo estava a maior bagunça e ele estava piorando tudo, nós duas nos entreolhamos e começamos a rir, tirei as mãos de e as substitui pelas minhas, o vi fechando os olhos enquanto eu tentava abaixar aqueles cabelos rebeldes ouvia rindo atrás de mim.
– Querem que eu faça uma foto? Ou eu deixo pro pappis vindo logo ali? – Congelei com as mãos no cabelo de , que começou a gargalhar junto a . Não tinha ninguém ali, apenas nós três.
– Vocês são tão idiotas! – Devolvi a touca para ele que riu fazendo uma careta pra mim.
– Eu preciso resolver algumas coisas agora mas encontro vocês mais tarde, o.k.? – refez o convite enquanto e eu concordávamos. se despediu e saiu apressado enquanto nós duas voltamos pra casa.

A tarde toda fiquei contando para sobre as audições, mesmo que não estivesse entendendo quase nada se esforçava para compreender meu nervosismo e excitação em relação a execução de cada passo. Estávamos nos arrumando para encontrar o quando flagrei me observando pelo espelho.
– Que foi, estranha? – Perguntei enquanto analisava se o vestido preto era bom o suficiente, hoje eu só queria estar bonita, mas do que qualquer outro dia e nada parecia ajudar.
– Hoje eu vi uma coisa tão diferente, quando cheguei e você já tinha entrado, estava parecendo uma criança esperando o Papai Noel, parecia que estava ligado na tomada de tão nervoso, a cada menina que saía cabisbaixa segurava no volante com os dedos cruzados esperando que não fosse você – Ela me olhava de um jeito estranho, com um sorrisinho no canto dos lábios querendo dominar seu rosto – Sério, esse garoto te adora, antes eu não entendia, achava que você era a amiga sozinha, mas até que o é um bom amigo não é?! – sorriu de lado, ela estava me investigando, ela queria arrancar todas as verdades de mim.
– Sim, claro que é! Esse vestido está bom? Ou o outro é melhor? – Tentei desviar a atenção dela, não queria falar sobre agora, não contei nada a ainda e precisava falar com antes de mais nada, minha mente estava uma bagunça por causa da audição mas agora eu queria me resolver com ele, eu preciso saber o que acontece daqui pra frente. Estava com os dois vestidos na frente de mas me perdi em meus pensamentos, só me toquei quando riu levemente estalando os dedos a minha frente.
– Hello, ! – Ela riu enquanto eu chacoalhava a cabeça para esquecer todas as minhas dúvidas – Vai com esse preto, está lindo! – Então levantou e parou na minha frente, pegando o vestido verde da minha mão e jogando-o na cama – , posso te fazer uma pergunta? – Acenei que sim então ela tentou ficar um pouco mais séria, sem muito sucesso.
– Já rolou alguma coisa entre vocês dois, agora, depois que você voltou? – Congelei no lugar enquanto me analisava, tenho certeza que ela já deve saber a resposta, mas não precisei responder pois a campainha tocou e eu sai em disparada até a sala para atender a porta, pelo menos por enquanto estava livre do interrogatório da curiosíssima que deixei no quarto.
Ajeitei o vestido e abri a porta, jamais imaginaria que ele fosse aparecer aqui. Não hoje pelo menos.

– Bryan?! – Sorri sem jeito enquanto sentia seu olhar analisando minhas roupas e ele me olhando meio malicioso.
– Posso entrar? Vai ser rápido – Dei espaço para ele entrar, ele parecia deslocado, nunca tinha vindo a minha casa e isso sim, eu estava achando estranho – , queria te pedir desculpas, pelo modo que eu agi, foi idiota e eu deveria ter te apoiado mais, por isso vim hoje, eu precisava me desculpar de verdade, sabe – Parecia que ele estava aliviado em finalmente ter falado tudo, quando terminou Bryan sorriu para mim como sempre fazia no voluntariado.
– Tudo bem, não precisava disso – Abracei-o enquanto ele sorria – Mas tá desculpado de qualquer forma – Ele riu um pouco mais e me olhou de novo.
– Como foi? Você passou?
– Eu considero que fui bem, mas o resultado só sai em alguns dias pra confirmar – Dei de ombros enquanto ouvia vindo do corredor.
, o já está…. – Ela parou de falar quando viu Bryan, sorriu sem graça e veio até nós.
, esse é o Bryan, meu amigo do voluntariado e, Bryan, essa é a minha amiga – Eles se cumprimentaram e em seguida Bryan me olhou.
– Estou te atrapalhando, não é? – Ele sorriu envergonhado enquanto apontava para o meu vestido, já estava começando a achar que era demais para um pub mas nem tive tempo de pensar em nada porque em seguida a campainha soou de novo e atendeu.
– Prontas? – Ouvi a voz de e Bryan em seguida se prostrou ao meu lado, com um sorrisinho idiota no rosto, estava todo sorridente elogiando a quando seus olhos encontraram com os meus e consequentemente com Bryan ao meu lado.
arqueou levemente a sobrancelha e desfez um pouco do seu sorriso, vi passando de fininho por nós e indo para seu quarto deixando aquela bomba totalmente na minha mão.
– Oi, – Fui até que me deu um beijo na bochecha e olhou para Bryan, aquele mesmo olhar de quando eles se viram a primeira vez na saída do hospital, Bryan colocou as mãos no bolso olhando para nós, ele se divertia com alguma coisa que eu não entendia o que era, mesmo com má vontade o cumprimentou rápido e se voltou a mim.
– Pronta? Ou você já mudou de planos? – Era perceptível no tom de voz dele o quanto ele estava odiando ter Bryan ali conosco, e o quanto ele queria me fazer passar vergonha, tentei dar um cutucão de leve nele que apenas endureceu mais sua expressão esperando minha resposta.
, para de ser idiota, me dá um minuto – O afastei um pouco mais de Bryan e o direcionei para o meu quarto enquanto voltava para a sala, Bryan parecia não ter se abalado, o mesmo porte de modelo, com as mãos no bolso e um sorrisinho sacana de lado.
– Não vou te atrapalhar mais, adorei te ver, mas já vou indo – Bryan me deu um abraço rápido e foi saindo do meu apartamento.
Não queria ser tão mal educada, mesmo inesperada, a visita de Bryan era bem-vinda e estava me sentindo péssima por tratá-lo daquela maneira. Fui até meu quarto e encontrei olhando pela janela, vendo Bryan indo embora.
, precisava ser tão mal educado daquele jeito? Bryan também é meu amigo, sabia! – me olhou mais sério, em seguida deu de ombros, saindo de perto da janela e vindo até mim.
– Ele precisava estar aqui justo agora? Ah eu não vou MESMO com a cara dele – passou as mãos pelos seus cabelos bagunçando de leve, em seguida seu olhar se suavizou e ele sorriu pegando minha mão e me fazendo dar uma voltinha.
– Por causa dele não pude nem dizer o quão linda você está, – Ele me deu um beijo no canto da boca sorrindo em seguida – Você está incrível – Ele sussurrou tão perto do meu ouvido, me causando leves arrepios.
– Prontos? – perguntou do corredor, me afastei de balançando minha cabeça enquanto ele se olhava rapidamente no espelho.
– Tenho uma surpresa pra você – sorriu através do espelho, me deixando super curiosa, assim que me viu voltando para perto dele apenas balançou a cabeça de um lado para o outro – Mas é só para mais tarde! – E saiu sorrindo do meu quarto, anotei mentalmente de cobrar a tal surpresa, odiava ficar curiosa desse jeito.

Partimos rumo ao pub que me parecia lotado demais mas muito divertido, obviamente nossa mesa era a mais visada devido ao meu ilustre amigo que fazia o favor de ficar rindo alto nos deixando ainda mais no radar das pessoas.
– À NOSSA BAILARINA FAVORITA – disse piscando pra mim, me abraçou de lado enquanto nós brindávamos com nossas caipirinhas, mesmo tentando evitar era impossível não me contagiar com a alegria desses dois.
– Todo sucesso do mundo, amiga! – me abraçou mais apertado e me deu um beijo na bochecha.
– Vem aqui, que estava do outro da mesa pegou minha mão, me puxando para dar a volta na mesa, me deu um abraço bem apertado, quase me erguendo do chão nos fazendo rir.
– Tenho certeza que você foi um máximo! – Ele disse dando um beijo estalado na minha bochecha, pigarreou e nos olhou divertida. Talvez a gente não saiba mesmo disfarçar.
– Vou ali e já volto – E nos deixou sozinhos.
Queria muito falar com , ele me puxou pela mão, sentando de frente pra mim, seus olhos tão brilhantes voltados totalmente para mim me causavam sensações tão diferentes do que há semanas atrás, nada mais era tão simples quanto antes.
– A gente precisa conversar, – Sorri um pouco envergonhada pelo modo como ele me olhava, concordando – Nós, aquele beijo, eu estou confusa, você me deixou confusa – Estava olhando para baixo pra ter coragem de falar tudo sem parar, que quando levantei meus olhos olhava com raiva para alguma coisa acima de mim, ele nem me ouvia mais, só encarava alguém muito fixamente.
– Mas que droga esse cara tá fazendo aqui? – então parou de tentar matar Bryan pelo olhar e resmungou as palavras olhando diretamente para mim.
Bryan com sua confiança sempre inabalável veio até nós, que estava tão próximo a mim a segundos atrás, se afastou.
Odiava estar no meio daquela situação, estar no meio dos dois, enquanto sentia bufando ao meu lado a cada frase dita por Bryan, este por sua vez apenas se fazia mais presente, pelo que pude perceber ele conhecia muita gente naquele lugar e muitas pessoas que passavam pela nossa mesa o cumprimentavam, graças a Deus surgiu como uma luz nesse labirinto, saí da mesa e fui até ela os deixando sozinhos.
, me ajuda, por favor?! – Deixar os dois sozinhos era minha única e perigosa alternativa, que vinha me olhando maliciosamente parou de sorrir olhando para nossa mesa, acho que ela entendeu toda a situação pois assentiu de imediato.
– Você pode tirar o de lá enquanto eu dou um jeito de mandar o Bryan embora?!- Ela concordou voltando a mesa junto a mim.
, vamos até o bar comigo, preciso da sua ajuda! – sorriu simpática lançando um olhar autoritário sobre que demorou a se deixar levar por ela.
Bryan começou a soltar uma risadinha debochada assim que saiu.
– Para já com isso, Bryan, o que está fazendo? – Cruzei meus braços o encarando enquanto ele colocava seu braço sobre o encosto do sofá do pub onde estávamos sentados.
– Provocando seu amiguinho famoso idiota, , o que você vê nele? – Estava chocada e totalmente irritada pela maneira como Bryan falava de . Pela maneira como ele estava agindo.
– Bryan, você está passando dos limites, eu não quero confusão aqui, não quero ver vocês quase se matando na minha frente, caramba! – Me irritei pelo modo como ele achava engraçado cada palavra saída da minha boca, estava a ponto de me levantar e deixar ele falando sozinho sem nem pensar duas vezes, mas olhei para frente me concentrando para manter a calma e voltar a olhar para o irritante do Bryan – Posso te pedir uma coisa? – Perguntei ainda sem olhá-lo, quando me voltei novamente a ele, seu sorriso estava perto demais do meu rosto, distância perigosa em qualquer situação.
– Você não precisa me pedir nada, – E com um brilho sacana nos olhos, ele me beijou. Segurando os dois lados do meu rosto, Bryan me beijou com voracidade, me prendendo em seus braços grandes, me sufocando ali mas não cedi ao beijo, juntei todas as minhas forças e o empurrei para o mais longe possível de mim. Aquele imbecil à minha frente não era o meu amigo, aquele era um simples babaca tentando se dar bem as minhas custas, tentando provar pra ele e pros amiguinhos idiotas ali presentes que ele conseguiria. Ele riu enquanto eu tirava aquelas mãos grandes e nojentas de perto de mim, quando ele começou a deixar um sorrisinho idiota aparecer, não pensei duas vezes e dei um belo tapa em seu rosto, não ia deixar ele ficar se vangloriando, não por minha causa.
Ele não tinha direito algum de fazer isso, ele não podia me usar desta maneira.
– Você é um imbecil, Bryan – Sibilei as palavras a ele e sai daquela mesa, aquele canto estava me sufocando, olhei ao meu redor e só encontrei me observando ao longe. Fui o mais rápido que pude até ela que me olhava boquiaberta.
– Você está bem? Quer que eu vá bater nele? – Ela largou a bebida dela no balcão e segurou minhas mãos trêmulas, eu só queria sumir imediatamente e nunca mais olhar para Bryan na vida.
– Podemos ir embora? – assentiu e fomos nos direcionando a saída, quando estávamos quase saindo me lembrei de e a puxei de leve – Onde está ? – apenas balançou a cabeça negativamente, acho que estava me odiando no momento.
Parecia que aquele maldito pub ficava muito mais distante do que eu imaginava, ou era Londres que estava lenta demais para o meu pulso acelerado. Eu estava me sentindo sufocada, só queria chegar em casa e tirar esse vestido, esse sapato, maquiagem e a imagem de Bryan da minha vida.

Assim que chegamos ao nosso apartamento, que havia permanecido todo esse tempo calada, me olhou como se pudesse entender todo o emaranhado de pensamentos na minha cabeça, ela me abraçou bem apertado sem falar nada, e eu quis chorar mas ela me puxou para sentarmos no sofá.
– Se você não quiser falar nada, tudo bem, só não fique chorando por causa daquele idiota! Ok?! – Ela secou uma lágrima que escapou dos meus olhos e eu a abracei de novo para tomar coragem e contar tudo a ela.
– Nós nos beijamos, – Eu disse baixo quando estava saindo do abraço e rolou os olhos.
– Eu vi, né! – Ela fez aquela cara de impaciente e eu sorri de leve, me sentando sobre meus joelhos de frente para ela, abraçando a almofada como se ela pudesse me abraçar de volta.
e eu, nós nos beijamos – Senti meus olhos se enchendo de lágrimas e ela me olhou surpresa.
– Pode me contar isso direito, sua desnaturada? , sua safada! – me olhou incrédula e risonha, deixei com que meus ombros caíssem. Eu queria rir, achar tudo isso um máximo mas algo me dizia que não era bem desse jeito, meu sexto sentido me alertava para algo ruim, que me travava a garganta apenas em pensar nisso.
– Foi ontem, na volta da casa da Dorothea, eu jamais imaginaria que isso fosse acontecer, sabe?! Foi demais, eu queria que nunca acabasse – Percebi que estava sorrindo mas parei quando lembrei da reação do no carro – Mas eu não sei o que vai acontecer daqui pra frente, parecia achar que era um erro, e assim como ele, não quero estragar o que nós temos, entende? Ele é muito importante pra mim, não posso perdê-lo – Terminei encarando que me olhava quase sem piscar, enquanto algumas lágrimas escapavam de meus olhos.
, sua doida, e esse cara do bar hoje?
– Eu nunca quis beijar o Bryan, ele me agarrou porque estava achando divertido provocar o , ele estava me usando e eu estou me odiando por ter sido tão trouxa – Soquei a almofada em meu colo, se Bryan surgisse na minha frente eu o socaria até minha mão inchar, tamanha raiva eu estava sentindo.
– Você precisa ficar calma – Ela me fez olhar para ela e segurou em minhas mãos – Acho que não tenho boas notícias, amiga – Pelo tom de voz cuidadoso dela, meu mau pressentimento apenas ficou mais forte.
– Quando eu chamei o , nós fomos para o bar e ele estava resmungando algo sobre você ter escolhido o idiota, começou a atender umas meninas que pediram foto e não tirou os olhos de você, , ele viu o carinha lá te beijando e saiu, como um foguete, deixou umas pessoas falando sozinhas e foi embora, ele está entendendo tudo errado, !
Não podia acreditar que isso estava acontecendo, era tão cabeça-dura quanto eu e agora deveria achar que desde o princípio eu estava querendo ficar com Bryan.
– Estou ferrada! – Me levantei do sofá e fui até minha bolsa, peguei meu celular e instantaneamente liguei para , óbvio que estava desligado, óbvio que ele não ia querer falar comigo.
! – Olhei para que estalava os dedos me olhando – Vem cá – Voltei a me sentar ao seu lado e ela pegou meu celular o deixando bem longe das minhas mãos ansiosas.
– Você não tem que se explicar agora, deixa ele, fica aqui quietinha – Tentei ficar parada mas estava impossível, tentava mas parecia que nada seria capaz de me distrair, não hoje.
Depois de muitas ameaças de arremessar meu celular pela janela se eu não parasse, enfim cedeu e me deixou ligar para uma última vez e nada.

E assim se passaram os quatro dias seguintes, me evitando a cada ligação e Bryan enchendo minha caixa de mensagens, eu não o reconhecia mais e para dizer bem a verdade, não sei se gostaria de voltar a tê-lo como amigo.
A única coisa que me relaxava era ensaiar, mesmo sem saber o resultado da audição, eu me dediquei ainda mais, desta vez eu não dancei para ser aprovada, dancei porque precisava. A ansiedade em saber o resultado e principalmente em não saber de estavam me consumindo e meu único refúgio era a dança.
Sei que os meninos voltam hoje de viagem, porque logo cedo avisou que estava chegando, se o está em Londres, um certo também está. O problema é a porcaria da comunicação.
Precisava passar na casa de Dorothea e contar como foi a audição, queria muito contar a ela sobre tudo e também gostaria de entregar o DVD que um tal de prometeu a neta dela, mas como ele simplesmente sumiu e nem mandou nada, com DVD ou sem DVD, já estava pronta e saindo do meu prédio quando vi um carro preto, igual ao que usou quando apareceu na minha faculdade, parado do outro lado da rua. Confesso que fiquei feliz mas então me lembrei, se fosse o idiota do já teria subido, não?! Então nem parei para observar e saí em direção à rua, com fones de ouvido tentando não desviar o caminho para a casa de um certo idiota e me concentrei em achar o caminho certo. Mas de repente, me senti sendo observada, olhei para trás e aquele carro estava me seguindo. Paralisei por um segundo e já estava pensando na melhor estratégia de fuga, se corria para uma loja ou para o metro quando de repente o vidro do carro baixou e vi e quase se engasgando de tanto rir da desgraça da colega aqui.
– Idiotas! – Tirei meus fones de ouvido e cruzei os braços os olhando, sorriu enquanto descia do carro e vinha na minha direção.
– Perdão foi só pra ver se você estava esperta – piscou para mim, me deu um beijo na bochecha e apontou para o carro – Topa um café com esses dois idiotas?! – Ele sorriu lindamente, olhei para e ele piscava repetidas vezes tentando se mostrar angelical.
– Vamos lá, né, fazer o quê?! – Fingi desdém enquanto fingia estar ofendido me dando mais espaço no carro.
Os meninos foram o tempo todo me perguntando como foi a audição e eu perguntando como estava a turnê até chegarmos em um café, discreto e bem descentralizado, quase ninguém reconheceu os meninos e nós nos sentamos nos lugares mais ao fundo do lugar.
– Quando chega seu resultado, ? Estou ansioso pra dizer que tenho oficialmente uma amiga bailarina – que acabara de fazer seu pedido e devolveu o cardápio ao carinha simpático que nos atendia, me olhou curioso de repente.
– Já era para ter chegado, estou ficando louca de tanta ansiedade – Suspirei enquanto o rapaz continuava a nos observar demais, estalou os dedos para ele que voltou seu olhar para meio a contragosto.
– Acho que você já pode ir – que o olhava com o cenho franzido disse sério, o rapaz recuou um passo mas voltou novamente e me olhou diretamente desta vez. O mais estranho era que ele não falava nada, só ficava me olhando, alguns minutos depois meu celular vibrou, era Bryan e sua insistência, fui obrigada a desligar o celular para conseguir conversar com os meninos.
– Algum problema, ? – apontou o celular com a cabeça.
– Não, já resolvi, aliás vou dar um fim nisso mais tarde – Respondi olhando para o celular.
– Não era o , era? – Acho que pelo tom de voz que usei eles achassem que foi ele.
– Não, era o Bryan, ele tinha parado de me atormentar, mas voltou agora, depois eu resolvo isso – Joguei meu celular dentro da bolsa e os dois continuavam a me olhar.
– Bryan, Bryan…. Acho que já ouvi esse nome – tentava se lembrar ou fingia porque ele parecia esconder um sorriso no canto dos lábios.
– Acho que ouvi o xingando alguém com esse nome – disse me olhando pelo canto dos olhos.
– Bryan e dois completos idiotas! - Respondi estressada, esses dois me atormentaram a semana inteira por motivos diferentes mas na mesma intensidade.
– Desculpe a intromissão, se quiser não precisar responder, mas o que aconteceu? Parece que esse cara causa o mesmo tipo de reação nas pessoas quando é falado o nome dele.
– Bryan me irritou demais esses dias, ele me roubou um beijo e eu bati nele, ainda estou analisando se volto a ser amiga daquela coisa – Respondi jogando meu cabelo para o lado e vendo e trocarem olhares cheio de significados que eram desconhecidos por mim.
– O.K. o que houve? O que eu estou perdendo? – Encarei os dois que sorriam timidamente, nossos pedidos chegaram e os dois logo começaram a comer para fugir da minha pergunta.
– Vocês são terríveis – Apontei para os dois que sorriram dando de ombros.
– Nem somos, mas temos uma proposta irrecusável e calorosamente ótima pra você – mastigando e dizendo ao mesmo tempo aquelas palavras difíceis quase me fez engasgar com meu donut.
– Estou com mais medo agora – Tomei um gole do meu café e fiquei esperando até que um deles dissesse logo o que era.
– Brasil tem praia, certo? – ergueu uma sobrancelha para mim que apenas concordei não tendo a mínima de onde iriamos parar com aquela conversa – Suponho que você goste, certo?! – E mais uma vez concordei – Estamos com alguns dias de folga na próxima semana então pensamos em irmos todos juntos, pra um lugar incrível cheio de sol, mar e gente bonita – piscou para mim e se juntou a ele no quesito sorriso assustadoramente animado e meus olhos semicerraram para os dois.
– Pra onde pretendem ir? Praia de nudismo tô fora – se afogou com o café, enquanto e eu nos revezávamos em rir e bater em suas costas ao mesmo tempo – Calma, estava só brincando
Aos poucos foi voltando a cor normal enquanto nós nos acalmávamos.
– Você é maluca, talvez seja por isso que goste tanto de você – disse antes de mordeu seu cookie, sem nem saber direito a razão, meu sorriso sumiu e me lembrei que eu queria que estivesse aqui conosco e não evitando minhas ligações.
– Onde está o ? Porque ele não veio? - Olhei para os dois que mais uma vez se entreolharam e fingiram que não era nada.
– Está nos representando junto com o em uma entrevista, por isso ele não veio – disse rápido me dando a impressão que não tinha entrevista nenhuma na verdade.
– Vocês são péssimos mentirosos! – Terminei meu café enquanto me olhava querendo fazer várias perguntas.
está estranho nesses últimos dias, , não sei o que deu naquela criatura, estamos dando um tempo pra ele se encontrar e voltar ao normal, só isso – piscou para mim que apenas assenti, era difícil imaginar estranho com as outras pessoas mas se ele só precisava de tempo, eu esperaria assim como os meninos. foi ao banheiro e ficou me olhando como se já entendesse tudo.
, aconteceu alguma coisa entre você e o ?
– Não, não que eu saiba – Menti me lembrando do nosso beijo e da nossa conversa mal acabada, e do Bryan, ah eu precisava falar direito com o .
– Porque uma noite ele chega eufórico e no dia seguinte só faltava quebrar a mão treinando boxe, eu podia jurar que você estava envolvida, sorriu para mim, um sorriso cúmplice que nem eu mesma era capaz de reproduzir, eu não queria saber destas coisas pelo , eu não queria que fosse um babaca, queria que estivesse aqui conosco sendo o meu de sempre. voltou do banheiro com uma cara de espanto.
– Temos problemas! – Ele apontou para a entrada do café, onde era possível ver vários fotógrafos apostos.
– Quem disse que estaríamos aqui, que saco – estressado terminou seu cookie em uma mordida enquanto eu me preparava psicologicamente para sair daqui.
– Quer minha jaqueta? Ela tem touca! – gentil já tirava a jaqueta e jogava por cima dos meus ombros.
– Obrigada, – Esperamos terminar seu café, pagamos a conta e partimos rumo as fotos horrorosas, a jaqueta do quase não deixava aparecer meu rosto o que foi um grande alívio, saí em disparada para o carro enquanto os dois saiam mais lentamente, distribuindo sorrisos e acenos. Quando olhei para o outro lado da rua fiquei absolutamente chocada, adivinha quem olhava a toda confusão quase morrendo de tanto rir? O imbecil do Bryan.
Liguei meu celular e disquei seu número.
– Se você não sabia, eu te conto: EU TE ODEIO, BRYAN – Olhei para ele do outro lado da rua sorrindo cinicamente, enquanto olhava para o carro, não sei se ele podia me ver como eu podia vê-lo.
– Você estava me ignorando, você me trocou por eles, eu tinha que fazer algo.
– Parabéns, você fez direito – Controlei ao máximo minha voz para que saísse com toda a firmeza que eu precisava – Nunca mais fale comigo, acaba aqui, seja lá a merda que você pensa que a gente tem – e chegaram enquanto eu quase jogava meu celular pra fora do carro de raiva.
– Tudo bem, ? - me olhava assustado, eu deveria estar com cara de assassina.
– A gente pode sair daqui? – Perguntei desviando minha atenção da janela e olhando para os dois que apenas fizeram um gesto pra que o segurança andasse com o carro.
– Desculpem por isso, acho que já sei quem avisou que estaríamos ali – Devolvi a jaqueta do enquanto me olhava sem entender muita coisa.
– Aquele imbecil do Bryan estava ali quando nós saímos, foi ele com a ajuda do cara que atendeu a gente – Tentei esconder minha indignação mas não deu muito certo, me abraçou pelos ombros, tentando me acalmar.
– Não tem problema – falava em um tom calmo que em vez de me acalmar, me deu um acesso de riso, estava rindo de nervoso.
– Gente, ela é doida! – Ele tirou as mãos dos meus ombros e ficou me olhando, depois de me recompor abracei-o rapidamente.
– Desculpem, é que isso me tirou do sério, estava rindo de raiva mesmo, nervosa – então entendeu e voltou a se encostar no banco do carro e me olhou ansioso.
– Então, …. – Ele virou o corpo completamente para mim e eu o olhei sem entender nada – Você vai com a gente pra Califórnia? – Seu sorriso cresceu e eu não sabia o que fazer.
– Califórnia??? Meu Deus! – Sentia que minha boca estava aberta de espanto assim como meus olhos deveriam estar – Mas é muito longe…. – Mal comecei a balbuciar, pensar direito na possibilidade e pegou nas minhas mãos me fazendo olhá-lo.
– Por favor, a gente quer muito que você vá, assim como a , queremos aproveitar com todo mundo, vamos, ! Por favor? – Os dois, e se uniram e começaram a fazer seus olhares mais angelicais e chantagistas para mim, mas era inevitável pensar nele, estava me evitando durante todo esse tempo e se eu estragasse a viagem?
– Mas e o ? – Olhei para os dois que se entreolharam antes de me olhar novamente.
– Nós estaremos com você e se precisar de ajuda pra bater nele, eu te ajudo! tá em crise mas vai passar, vamos, vai ser incrível! – Um abraçou o outro e me olharam sorrindo, mesmo incerta se era a melhor coisa a ser feita eu acenei que sim com a cabeça. Era uma proposta e tanto, e além do mais eu podia prensar na parede, faria ele falar comigo, quisesse ele ou não!
– Yeaaah, isso aí, – Os dois me abraçaram ao mesmo tempo e assim que sai do abraço eles começaram a me orientar sobre tudo que eu precisava fazer, passaporte, horários, malas. E a informação mais vital. Partiríamos depois de amanhã!

Voltei para casa sem nem ter chegado perto da casa da Dorothea, minha mente vagava em nos imaginar na Califórnia e me preocupar com . Cheguei ao apartamento e encontrei a maior bagunça do mundo, vestida com uma saída de praia por cima da blusa de lã, com o controle remoto do aparelho de som como microfone cantando Lulu Santos a plenos pulmões para a Pheebs, minha gatinha totalmente traumatizada com a cena.
– GAROTA, EU VOU PRA CALIFÓRNIA
VIVER A VIDA SOBRE AS ONDAS.
Eu não aguentei e comecei a gargalhar chamando a atenção dela, riu, pulou do sofá e veio até mim, dançando como se estivesse no Havaí, e me puxou para cantar com ela, depois desta recepção foi impossível não me contagiar com o espírito californiano que adquiriu, cantamos umas duas vezes a mesma música, quase caímos do sofá várias vezes e quando eu parei quase chorando de tanto rir, me olhou tão feliz com sua saída de praia nada combinando com o frio que fazia lá fora.
– A gente vai pra CALIFÓRNIA! – Eu apenas concordei e ela riu descendo do sofá – Nem acredito, isso é demais – parecia falar sozinha enquanto começava a ir para seu quarto, parou me olhando – Já ia esquecer, chegou uma carta pra você – Ela apontou para a mesinha onde um envelope branco descansava, meu coração vacilou, minhas pernas ficaram bambas e eu podia sentir meu estômago começando a dar voltas em apenas olhar aquele quadrinho “English National Ballet School”, fiquei encarando aquele envelope e só saí dos meus pensamentos quando ouvi cantando no quarto.
– CALIFORNIA, HERE WE COME – Claramente ela não sabia toda a música tema de The O.C. mas a parte que interessava ela repetia várias vezes – Califooooooorniiiiiiaaa.
Peguei o envelope e corri para o quarto dela, eu não ia conseguir fazer isso sozinha.
– Que susto, – Ela pulou quando me viu na sua porta.
abre pra mim? Por favor? Eu vou ler tudo errado – Deixei uma risada nervosa escapar e me olhou espantada.
– É o resultado? – Apenas acenei com a cabeça e me puxou para dentro do seu quarto me sentando na cama – Garota e você não me avisa? - Ela riu também um pouco nervosa e pegou o envelope de minhas mãos trêmulas, sentou à minha frente e o abriu. Segurei a respiração, sentindo meu coração acelerado no peito. Fechei meus olhos, enquanto lia o resultado sem falar nada.
– Pronta? – Neguei com cabeça, e ouvi rindo, em um último momento, espiei mas não consegui ler nada. Quando meu coração parecia que ia explodir, ela enfim acabou com a minha tortura. Lendo meu veredito.
minha,minhatortorturtortura. Lendo meu veredito.



Capítulo XI



’s POV

A madrugada fria me fazia querer ficar embaixo de qualquer cobertor, em qualquer lugar, em qualquer país menos em um aeroporto, menos de frente para ela naquela sala pequena demais.
Fui avisado ontem de que iríamos mais cedo para a Califórnia, até aí, nada de novo a não ser o fato de escutar e falando com sobre passaportes e passagens. Quando consegui encurralar no corredor, ele tentou me esconder, mas ele mente tão mal que acabou contando que ela iria conosco. Que elas eram uma das principais razões de estarmos indo mais cedo pra os EUA. e ficariam conosco durante nossa folga e eu não sabia mais o que fazer.
Eu sei, e mesmo se fingisse não saber estaria ali para me lembrar, que eu deveria falar com ela, que estava tentando e muito falar comigo mas eu não podia olhá-la nos olhos e não sentir raiva. Não sentir vontade de socar aquele imbecil e depois jogá-lo de volta pra ela.
, para de chacoalhar essa perna – com a voz sonolenta me cutucou, só agora percebi que estava realmente chacoalhando a perna e parei, ele se sentou direito na poltrona onde tentava dormir a segundos atrás e coçou os olhos me olhando logo em seguida.
– Vai logo falar com ela – Ele disse baixo apontando do outro lado da sala, dormindo em uma das poltronas ao lado de . O voo atrasou tanto que todo mundo já estava em uma poltrona tentando dormir. Eu não consegui dormir nem por 15 minutos.
– Volta a dormir, – Respondi tentando me ajeitar melhor naquela poltrona enquanto apenas reprovava minha atitude balançando a cabeça e virando para o outro lado, logo voltando a dormir.
Dez minutos depois nosso avião enfim estava pronto e nós pudemos partir rumo a viagem que tinha tudo pra ser a mais longa da minha vida. Seriam quase 11 horas de viagem onde eu gostaria apenas de não ouvir em segundo nenhum o nome daquele idiota.
mesmo desaprovando minhas atitudes colaborou para que não acontecesse nenhuma confusão maior, estava tão sonolenta que se jogou na primeira poltrona puxando para sentar com ela e já havia falado com Paul para nós nos sentarmos lá no fundo.
Ninguém me entendia, para falar a verdade nem eu mesmo tinha certeza sobre o porquê estar evitando tanto ela, já namorou outros caras, ela já me apresentou uns dois moleques mas agora tudo tinha outra dimensão. Estava muito mais difícil de encarar.


Dormi, ou melhor capotei, acho que enfim o cansaço acumulado estava fazendo seu efeito, só acordei quando senti um peso sobre meu braço e a luz do sol diretamente nos meus olhos, olhei a minha volta, todo mundo estava dormindo e ela estava dormindo em cima do meu braço esquerdo. Era para eu estar bravo mas eu não conseguia, não olhando-a tão de perto, tão calma encolhida na poltrona ao lado, ultimamente mexia com todos os meus instintos e o que mais estava aflorado no momento era o de proteção. Tomei todo o cuidado e tirei meu braço debaixo dela, e involuntariamente, ela se aconchegou mais no meu peito enquanto eu arrumava o cobertor sobre nós. Odeio admitir que o simples fato de sentir o cheiro do cabelo dela me deixava absurdamente bem em segundos, nem lembrava porque ela não estava sentada ao meu lado o tempo todo.
Acordei com um vento no meu rosto, abri os olhos e me assustei com e a centímetros de mim, me assoprando e me assustando.
– Bom dia, sorriu enquanto eu empurrava os dois idiotas pra longe de mim.
Estava meio perdido e não sabia se sonhei ou se realmente estava dormindo há algumas horas ao meu lado, olhei a minha volta e não a vi.
– Procurando alguém? – com um sorrisinho de canto erguia as sobrancelhas sugestivamente enquanto que estava de joelhos na poltrona da frente se virava para mim com o mesmo sorrisinho.
– Por que vocês não vão dormir? – Me espreguicei e não resisti em olhar mais uma vez ao redor, e estavam aparentemente dormindo, e Lou estavam conversando na poltrona que antes estava com e dela nem sinal.
– Durante a noite, e eu conseguimos fazê-la trocar de lugar, pra ver se você toma vergonha na cara, , e fala logo com ela, agora estamos enrolando pra não destrocar as poltronas! – olhava para a porta do banheiro enquanto me contava o planinho deles, mesmo não querendo admitir, gostei do que eles fizeram.
– Não seja um imbecil, ela está vindo! – disse baixo para que somente eu ouvisse e saiu rápido da poltrona ao meu lado, se sentando com na poltrona a minha frente. Então apareceu, agora com os cabelos amarrados e as mãos no bolso do casaco, espiou os meninos na poltrona da frente, os dois pelo que eu entendi fingiam ver um filme, mordeu o canto da boca e enfim me olhou.
– Posso ficar aqui? Prometo não atrapalhar – Ela disse baixo e sem muita emoção, do jeito que jamais falaria comigo. Mas eu merecia, então apenas acenei que sim com a cabeça e ela se sentou, totalmente desconfortável ao meu lado. Olhei pela janela e o sol começava a ficar mais forte, ia abaixar a cortina mas reparei se mexendo ao meu lado e ela se assustou quando me virei rápido e a flagrei tentando olhar a janela, através de mim.
– Quer trocar? - Perguntei a olhando nos olhos e cerrou os olhos para mim, ela estava chateada comigo, isso era perceptível e pelo seu olhar incisivo ela estava me esperando falar. Ela apenas balançou a cabeça negativamente e se recostou na poltrona, eu simplesmente não conseguia desgrudar meus olhos dela, que se irritou com o cabelo amarrado e o soltou bruscamente. O cabelo dela caiu sobre os ombros mas quando me olhou, ainda segurando sua raiva, não pude evitar rir da maneira como tinha algumas mechas de seu cabelo totalmente bagunçadas, e foi praticamente por vício que levei minhas mãos até seus cabelos. me olhava de uma maneira indecifrável, como se estivesse vendo muito além do que meus olhos podiam mostrar.
– O que está fazendo, ? – Ela estava séria enquanto eu tentava controlar meus movimentos e não chegar perto demais.
– Me desculpa? – Coloquei a última mecha rebelde atrás da orelha dela que levantou somente uma sobrancelha me olhando.
– Desculpar pelo quê? Por você estar bancando o idiota mal olhando pra mim durante todo esse tempo? Ou por você ter ignorado meus telefonemas? – tentava controlar o tom de sua voz, mas acabava saindo por muitas vezes mais alto do que ela planejava.
– Por eu ter sido um idiota, eu não deveria ter agido assim…. – ainda me olhava séria mas, pelo menos, descruzou os braços – Me desculpa? Eu não quero você brava durante toda a viagem, eu não quero estragar tudo, o que me diz?
Ela levou um segundo pra me olhar novamente, semicerrou os olhos ao se aproximar e encostar a mão no peito, estava até preparado para alguns tapas caso ela quisesse descarregar a raiva.
– Nós ainda temos MUITO o que conversar, , mas – Ela disse ainda séria, sem esboçar nenhum sorrisinho e voltou a se endireitar na poltrona, arrumando o cabelo em um coque que com toda certeza em segundos se desmancharia, me olhou como nada tivesse acontecido – Por um bem maior, eu vou deixar passar POR ENQUANTO, não vou te deixar escapar dessa, , você ainda vai me ouvir! – Ela me deu um último aviso antes de se ajeitar na poltrona, agora sem a menor cerimônia, ergueu meu braço e se encostou no meu peito olhando a vista, o sol ficava cada vez mais forte e mais admirada com a visão dali de cima.
Olhei para frente e vi e nos espiando pela fresta da poltrona, chutei a poltrona e ouvi a gargalhada de .
Depois de mais algum tempinho que passou voando porque eu estava prestando muito mais atenção na quase grudada na janela, soltando frases filosóficas sobre a natureza que até me assustei quando Paul avisou que em minutos iriamos aterrissar.
O caminho até nosso hotel foi a maior bagunça. e pareciam ter tomado litros e litros de energético, tamanha alegria em simplesmente estar indo para perto da praia, a pessoa que parecia mais impressionada com elas era . Ele estava sentado de frente para as duas tagarelas e ria de todas as besteiras que as duas diziam, que estava ao seu lado fingia limpar a baba dele que quase não piscava, olhando-as. Acho que ele estava admirado em vê-las tão felizes, ou em ver tão feliz assim. Ela ainda era uma incógnita para ele e acho que para ele saber que praia a deixava tão contente era uma vantagem e tanto.

Tomamos o maior cuidado e todo um esquema de segurança foi montado para nos dar privacidade, chegamos e fomos direto para nossos quartos. e decidiram ficar no mesmo quarto o que não deixou muito contente mas ninguém se atrevia a falar nada pras duas.
Só me joguei na cama e dormi, eu estava exausto demais e nem me dei ao trabalho de saber que horas eram, precisava dormir. Pra variar, o sol me acordou de um sonho um tanto quanto perturbador com a . Eu, ela, mar e um biquíni que a deixava perfeita demais pra me manter longe, eu precisava de um banho gelado imediatamente e de um tempo pra tirar aquela imagem da cabeça.

Saí do banho e aí sim, tentei me situar e pelo que meu celular dizia, eram 04:00 da tarde. Coloquei meu calção, meus óculos escuros e uma camiseta qualquer. O sol lá fora praticamente chamava para sair e, pelo menos, dar uma olhada, era impossível ficar dentro do quarto.
Assim que sai encontrei com , indo para o elevador junto a Preston nosso segurança.
– Me esperem – Gritei, e sem camisa me olhou surpreso, segurando o elevador.
– Hmm tá cheiroso, começou a erguer as sobrancelhas sugestivamente me olhando assim que entrei no elevador – Vai sair com quem? – Ele e o segurança se entreolhavam rindo e eu apenas balancei a cabeça negando.
– Com ninguém, vou só dar uma volta, aproveitar um pouco do sol – Dei de ombros colocando meus óculos escuros e riu, chegamos ao hall e ele e Preston foram direto em direção a saída.
Achei estranho e por curiosidade fui atrás, geralmente ficamos só no hotel mas eles pareciam ir para a praia. foi em disparada pra areia e eu fiquei parado ao lado de Preston e paralisei quando reconheci a garota do biquíni verde, era como uma miragem, exatamente como meu sonho de pouco tempo atrás, saía da água ajeitando a parte de cima do biquíni naturalmente, e eu apenas agradeci aos céus por usar óculos escuros, ia ser absurdamente constrangedor se ela visse meu olhar sob ela nesse exato momento.
Não resisti e me obriguei a ficar na praia com eles, tinha muito pouca gente ali, era realmente muito restrito o acesso, mas na minha opinião, não era restrito o suficiente. estava comprando alguma bebida que ela insistentemente quis ir comprar por ela mesma e de longe eu observei, um branquelo e um bronzeado de farmácia se aproximarem dela. Eu não queria ficar com ciúmes, afinal não temos nada, certo?! Mas era inevitável, minha vontade era de chegar até ela, puxá-la para mim e mandar aqueles dois playboys irem se foder, mas o máximo que pude fazer foi acertar um deles com a bola de frescobol que roubei de . Pelo menos acertei na cabeça e eles me olharam de cara feia, dei uma bela encarada nos dois marmanjos. Depois de alguns minutos voltou para perto de nós, eu estava sentado olhando o mar sem a mínima vontade de realmente entrar na água.
, por que você é assim? Qual é a graça em fazer isso? – parada ao meu lado, em pé falava olhando o mar, enquanto eu tentava a todo custo não ficar olhando para o corpo dela, perigosamente perto.
– Foi sem querer, mas não me arrependo! – Levantei minha sobrancelha e ri de leve. Ao contrário do que ela sempre fazia, desta vez apenas me olhou, séria sem esboçar nenhum sorriso.
– Eu não gostei nenhum pouquinho, , nós não temos nada lembra?! Foi um erro, não é mesmo?! - Seu tom de voz era frio, assim como seu olhar. Ela voltou pra água, enquanto eu me afundava em meus próprios pensamentos.
conseguiu me deixar totalmente perdido “Foi erro?!”. Durante toda essa semana foi isso que eu nutri em minha mente, que tinha sido um erro, que eu precisava esquecer mais do que tudo, para tê-la de volta em minha vida namorando ou não aquele idiota, a única maneira era esquecendo daquele beijo e sendo só o bom e velho , melhor amigo da , não?!
Ao vê-la sorrindo junto aos meus amigos, ao vê-la tão linda assim, não, eu não conseguia mais me imaginar longe dela mas o problema de fato era: eu também não conseguia mais parar de imaginar minhas mãos na cintura dela, a trazendo para mais perto sempre. Eu queria beijá-la de novo e de novo, mais do que nunca eu a queria pra mim e precisava urgentemente me forçar a parar com isso. Nossa amizade, a convivência já estava em risco.
Saí dali e voltei para hotel, foi o único a ficar no hotel, segundo , estava azarando uma gata do hotel, e agora voltava da piscina, subiu comigo no mesmo elevador.
Aquele olhar de quem sabe tudo sempre em cima de mim.
– Tudo bem, ? Cadê todo mundo?
– Estão na praia, com quase todos os seguranças – Dei de ombros enquanto me olhava.
– O que houve? Por que você já está voltando?
, não quero conversar agora, pode ser? – Enfim chegamos ao nosso andar e apenas deu de ombros enquanto saíamos do elevador.
Não queria ser mal educado mas queria ficar sozinho agora. Como na última semana, eu precisava consertar essa bagunça que virou a minha cabeça antes que fosse tarde demais.
Cheguei na porta do meu quarto e antes que eu pudesse entrar, pegou em meus ombros me fazendo olhá-lo, ele parecia calmo enquanto me olhava.
– Seja lá o que for, pare de se torturar, , o mundo não vai acabar se você fizer o que tanto quer, uma vez na vida! Você acha que a gente não vê e não te entende mas nós vemos e estamos tentando te entender! De qualquer forma, se quiser conversar sabe onde eu estou, o.k.?! Relaxa, cara! – me estendeu a mão para fazer aqueles toques e me dar um meio abraço enquanto eu apenas assenti com a cabeça.
Entrei em meu quarto e aquela luta de uma semana inteira voltou a se travar na minha cabeça. Tinha muito o que pensar, prós e contras, erros e acertos e a gargalhada dela do lado de fora me distraindo de tentar colocar um pouco de juízo na minha própria cabeça. De tanto pensar, dormi de novo e me acordei com meu celular vibrando no bolso do calção.
– Vamos sair às 21:00, não se atrase, ! – super alegre falava enquanto eu tentava assimilar as palavras.
– Pra onde? – Minha voz me denunciava e riu antes de me responder.
– Você dormiu de novo?! Pra uma balada irada, a melhor de L.A., vai ser A festa então, anime-se, meu amigo! – Era como eu o visse rindo e fazendo poses na minha frente tamanha era sua animação.
– O.k., tô mesmo precisando de uma festa! – Me levantei, ao menos alguma coisa boa para me distrair, riu e desligou em seguida, mandando eu correr.
Já eram quase 22:00 e agora que as garotas estavam descendo para o lobby, se a gente queria deixar elas e ir sozinhos? Óbvio que sim, a sorte delas era que Paul gostava das malucas e estava no time de em esperar pelas duas. O elevador parou e rolou aquele momento de silêncio onde nenhum de nós lembrava direito porque estávamos tão bravos assim. As duas estavam lindas, em um vestido preto cheio de brilhantes e com vestido vermelho, que a deixava provocante e muito linda, era demais pra mim. Eu estava quase pirando. chegou ao meu lado e me virou para a saída.
, disfarça, daqui a pouco você ataca a menina – Ele riu me deixando constrangido mas era inevitável, assim que girei de volta estava a centímetros de mim, dando uma voltinha enquanto a elogiava.
– Gostou, ? – apontou com a cabeça, ela riu e me olhou esperando a resposta
– Adorei! – Minha vez de pegar na mão dela, e vê-la sorrir enquanto eu exagerava em uma reverência. Todos felizes e prontos, partimos finalmente para a festa que nos esperava.

Estava cheio de celebridades dos mais variados tipos: DJs, modelos, aspirantes a atores e atores consagrados, cantores e cantoras de estilos totalmente diferentes. Mal chegamos e ficamos rodeados de gente, muitas pessoas bêbadas e outras curiosas que aos poucos fomos conseguindo despistar. Todo mundo na pista de dança, cuja a única preocupação era nos divertir. e começaram dançando conosco, algumas músicas depois os dois sumiram, e assim foi com que sumiu com alguma modelo, , , e eu subimos para o bar, onde tinha mais gente ainda.
Quando me dei conta, procurei pela e a vi lá em baixo, com o cara da praia de hoje cedo, o bronzeado de farmácia, cheios de sorrisinhos e conversinhas. Voltei para o balcão e lá fiquei, nem um pouco a fim de vê-la com aquele marombado. Aos poucos me vi rodeado de modelos e alguns músicos que riam muito das piadas que um carinha nos contava. Não estava sentindo tanta graça assim mas era melhor aquilo do que nada.
surgiu no meio daquele aglomerado de gente desconhecida.
– Cadê a , ? – Ele olhava ao meu redor e eu apenas dei de ombros.
– Tá se divertindo lá embaixo – Ri irônico me voltando as pessoas que estava conversando animadamente. foi para o primeiro andar e eu fingia prestar atenção no que a garota a minha frente dizia. Eu queria não pensar no que podia acontecer lá embaixo mas eu me distraia e lá ia de novo minha mente projetar imagens da dançando com o bombadão da praia. Me distrai tanto que me assustei quando pegou em meu braço.
– Que foi, ? – Me virei para ele que tinha um semblante sério, nada condizente com a festa onde estávamos.
– Cadê seu celular? – pediu e eu estranhei seu tom de voz, tirei meu celular e mostrei a ele, que apenas balançou a cabeça – Vem aqui, ! – Ele me levou para um canto mais afastado.
– A , aquele cara lá tentou agarrar ela, já resolvemos essa parte, mas…. – me olhou mais sério e eu, que já estava nervoso, quase voei nele para que falasse logo.
– Ela saiu correndo, assustada, a gente mandou um dos nossos seguranças atrás dela. Acho que só você pode ajudar agora, ! Ela ficou muito nervosa!
Mal ele terminou de falar, desci em disparada a escada e em segundos estava do lado de fora da boate, perguntei a Paul qual dos seguranças tinha ido atrás dela, como tinha sido Preston, liguei para ele. Por sorte ele a encontrou, na praia, a alguns metros dali, depois das coordenadas dele, consegui os achar e, pelo menos, um pouco da aflição que estava sentindo diminuiu quando vi aquele ponto vermelho no meio da areia. Preston estava na calçada a observando de longe.
– Eu acho que ela está chorando – Ele disse assim que eu cheguei ao seu lado e eu apenas assenti, com toda certeza ela estava. Respirei fundo e fui até ela, o vento gelado da praia batendo em seu vestido o deixando cada vez mais esvoaçante assim como seu cabelo. Meu coração ficou pequeno em ver seu rosto cheio de lágrimas e seu peito subindo e descendo rápido demais, eu queria correr até ela e abraçá-la o mais apertado possível, mas me contive a ficar há alguns passos dela, que já tinha me visto chegando.
– Você não tem noção da raiva que eu estou sentindo, o quanto eu estou me odiando e TE odiando nesse exato momento - A voz dela saia cheia de raiva, algumas lágrimas molhavam seu vestido.
– Eu sei, aquele cara é um filho da…. – Ela se virou bruscamente para me olhar, cruzou os braços e ficou me encarando.
, sério, qual é o seu problema? – parecia estar enfurecida, me fuzilando com os olhos – Você me trouxe de volta a sua vida, você me trouxe pra esse lugar mesmo que indiretamente, VOCÊ me trouxe, SEUS amigos me trouxeram pra cá, pra quê? – descruzou os braços e gesticulava enquanto sua voz saia embargada e rouca – Se eu pudesse ir a nado embora, eu iria porque não aguento mais adivinhar que porcaria você está pensando. Primeiro você me beija e depois, no dia seguinte quando eu estou totalmente disposta a conversar, a ver no que isso vai dar, você desaparece, , simplesmente finge que a merda do seu celular não está tocando, finge que eu não existo na merda da sua vida! Sério, , eu já vivi sem você antes, eu não sou obrigada a ficar louca por sua causa, esse foi o perigo mais desnecessário que já passei na vida, aquele imbecil resolveu me atacar, eu te pedi socorro, eu liguei e você não atendeu essa merda de celular, foi a minha maior burrice me importar e principalmente ligar para você. Pega essa porcaria e fica com ela, não significa nada se você vai continuar agindo deste jeito! – tirou o colar de ancora que eu havia dado a ela e o estendeu a mim, me recusei a tirar as mãos do meu bolso, eu não o pegaria de volta.
– Chega, , pega logo esse negócio – As mãos dela tremiam e seus olhos estavam vermelhos tanto do choro, quanto de raiva – FODA-SE ENTÃO! – Antes do colar cair, eu segurei em sua mão com firmeza, o nó na minha garganta e a maneira como meu coração começou a acelerar no peito, eu não conseguia mais aguentar, se ela podia explodir então eu também podia.
– Ok, você está com raiva do mundo e eu não te culpo por isso, mas se quer saber, talvez eu tenha mesmo uma simples razão pra tudo isso, !
olhava para baixo, ainda era perceptível sua irritação, mas acho que meu tom de voz a deixou curiosa, aos poucos ela levantou o olhar para mim, tentando decifrar minha bagunça interna, parei de olhar para ela e me virei para observar as ondas violentas quebrando na praia, não sei se conseguiria falar tudo com esse olhar dela sobre mim.
– Existe uma razão pra eu estar tão puto de te ver dançando com aquele bronzeado de farmácia que eu me recusei a ficar olhando, um motivo pra eu evitar ter a maldita conversa com você porque eu te vi beijando aquele imbecil do seu amiguinho do hospital, talvez eu tenha uma porcaria de motivo que me impeça de fazer o que eu quero a muito tempo caramba, nem eu aguento mais!
E naquele momento eu desisti, que se foda todo o resto, se talvez eu tivesse que perder tudo que nós já tivemos até aqui, toda nossa amizade, ali eu desisti de brigar comigo mesmo, puxei sua mão, aquela onde ainda estava o colar que ela quase jogou fora, me olhava quase sem piscar, assim como eu a olhava prestando atenção em cada detalhe do seu rosto, ela estava a pouquíssimos centímetros de mim.
– Você não tem noção do quanto eu não queria, de jeito nenhum que isso acontecesse, mas eu não consigo mais evitar, garota – Fechei meus olhos e encostei minha testa na dela, minha voz saiu baixa, quase inaudível devido ao som das ondas perto de nós, mas ela me ouviu, tenho certeza que sim, abri meus olhos para olhá-la bem de perto, para que ela pudesse entender – Eu não posso mais te ver com mais ninguém que eu enlouqueço, não consigo mais obedecer meu cérebro que diz que o quanto mais eu puder te manter afastada melhor pra você, pra nossa amizade. Eu não consigo mais pensar que o melhor pra você é longe de mim, !
…. – Seus olhos me pareciam muito mais brilhantes agora, sem medo algum eu deixei com que meus olhos passeassem por todo seu rosto, parando em sua boca. Eu queria para mim, mais do que nunca, coloquei minhas mãos em sua cintura e a vi mordeu o lábio inferior de leve.
– Por favor, não fala nada agora – Puxei-a para mim, a trazendo para mais perto e fiz o que tanto queria fazer, eu a beijei de novo, com toda a vontade que vinha guardando desde o nosso primeiro beijo, nos meus braços era tudo o que eu queria e eu não a deixaria escapar desta vez. A abracei enlaçando ainda mais meus braços ao seu redor enquanto ela começava a bagunçar consideravelmente meus cabelos. Nosso ritmo era acelerado, como se fossemos morrer no segundo seguinte mas conforme fomos nos acalmando, a velocidade diminuiu e a intensidade se tornou muito maior, eu não queria soltá-la mas foi necessário, encerrei o beijo com um selinho que virou vários beijos por todo o rosto de . Ela permanecia com os olhos fechados, as mãos ao redor do meu pescoço e aos poucos um sorriso surgia nos lábios dela. Talvez eu pudesse ficar assim para sempre, ela me olhou, seus olhos brilhantes sem a menor sombra das lágrimas que foram choradas a algum tempo atrás, suas mãos passeando suavemente pela minha nuca e pescoço, enquanto apenas me olhava.
– Eu ia embora amanhã, eu ia sumir da sua vida – Ela disse se divertindo com alguma coisa que eu não sabia o que era.
– E agora? Você ainda quer ir embora? – Apertei mais meu abraço em torno dela que apenas meneou a cabeça suavemente negando, roubei um beijo rápido dela que fechou os olhos.
– Agora, eu acho que vou te sequestrar bem rapidinho, antes que o Paul apareça – riu da própria piada me olhando divertida.
– Eu topo, facilito seu trabalho – Pisquei para ela que olhou para Preston, que provavelmente viu tudo que nós fizemos até agora – Quer ir pra onde? - Me afastei pra pegar as sandálias dela jogadas ali por perto.
– Pra longe, onde a gente pode se esconder? – Ela recolou o colar, me abraçando pela cintura em seguida.
– Vem, a gente acha um lugar – Mandei uma mensagem dispensando Preston, aquela hora ninguém apareceria e quando eu precisasse eu o chamava.
e eu caminhamos pela areia até chegarmos em um lugar cheio de lojinhas, onde obviamente, estavam quase todas fechadas, a única coisa aberta era uma farmácia.
Nós fizemos uma feira com todos os tipos de comida que encontramos, salgadinho, doces e mais doces, refrigerante pra mim, chá gelado pra ela e umas 4 barras de chocolate. Como não queríamos voltar para o hotel, resolvemos parar em um hostel, bem simples, que ainda estava aberto.
Não sei pelo horário ou se porque ele realmente não fazia a mínima ideia de quem eu era, o senhor da recepção me olhou como se eu fosse maluco quando eu pedi para não contar a ninguém que estava ali.

Era como um piquenique de madrugada, cheio de besteira e uma atmosfera absolutamente leve. Como há muito não sentia.
Estava encostado na parede, sentada ao meu lado com grande parte do seu corpo apoiado em meu peito com seu pacote de balas de goma quase no fim, quando ela sorriu para a bala e disse:
– Eu vou ter que parar de comer tanta besteira, vocês são as últimas – E então eu me lembrei da audição e de que talvez, ela já soubesse o resultado para falar essas coisas.
! ! – Me afastei e olhei com os olhos cerrados para ela que parecia confusa.
– Você por acaso já descobriu se passou, mocinha? – Cruzei meus braços enquanto encolhia os ombros, confirmando minhas suspeitas – Como você recebe o resultado e não me conta, ? – Ela afastou todas as coisas do caminho e se sentou em meu colo, um pouco sem jeito, mas, mesmo assim, ela sentou de lado em minhas pernas e passou os braços por meu pescoço.
– Você estava bancando o idiotinha ciumento que achei melhor esperar, oras – Ela deu de ombros e em seguida abriu o maior sorriso, desisti da minha pose e passei meus braços por sua cintura a olhando.
– Aham, sei, mas e então, a minha já é oficialmente uma estudante de balé? – me olhou surpresa em seguida seu sorriso mais lindo se abriu novamente, seus olhos brilharam para mim e eu soube que ela conseguiu. Ela balançou a cabeça confirmando e eu abracei apertado, morrendo de orgulho dela.
– Parabéns, , eu sabia que você ia conseguir, você é foda, babe! - riu jogando a cabeça para trás, o que eu aproveitei e dei um beijo no pescoço dela.
– Obrigada... É só o começo, mas eu estou tão feliz – Ela beijou minha bochecha e eu assenti lhe roubando outro beijo, que levou a outro, que acabamos deitados na cama.

Dormimos naquela cama minúscula do hotelzinho e acordei com meu celular quase entrando em colapso, tamanha a quantidade de ligações e mensagens recebidas ao mesmo tempo, dormia sob meu peito e nem percebeu que seu celular também tocava.
“Paul” brilhava na tela e como eu já sabia o que ele queria resolvi atender logo.
, onde você está? - Pelo tom de voz, Paul estava preocupado.
– Hmm não sei, mas vou achar o endereço e te mando, pode pedir ao Preston para vir me buscar? – Nesta ocasião, Preston já sabia de tudo e seria melhor que ele viesse, Paul mais aliviado concordou. Achei o endereço e mandei para eles, conhecendo Paul e a rapidez da equipe, tínhamos uns 10 minutos.
... Aacorda babe – Beijei o pescoço dela que se encolheu minimamente e encostou a mão no meu peito, e ficou passeando a mão por ali, dei um beijo na bochecha dela que sorriu abrindo os olhos.
– Então você está aqui mesmo?! Pensei que fosse sonho – Ela sorriu e eu a puxei de leve, fazendo ela sentar na cama.
– É ótimo saber que estou em seus sonhos, mas nós precisamos ir – Ela tampou o rosto com as mãos ainda meio sonolenta, antes de se levantar e ir ao banheiro, nós compramos escovas de dente pensando exatamente na manhã seguinte.
Sai do banheiro e tentava arrumar seu cabelo diante do espelho mas ele não parava, a abracei por trás e lhe dei um beijo no ombro.
. – Ela me olhou através do espelho, colocando suas mãos sobre as minhas que estavam na cintura dela – Estão te procurando também então… O que fazemos? Contamos pra todo mundo?
Ela refletiu um pouco e se virou de frente para mim.
– Seria impossível esconder – Ela deu de ombros sorrindo – Mas pra mídia, fãs, essas coisas, a gente pode esconder? Por favor? – Ela mordeu o lábio me olhando, ela ainda tinha muito medo de todas essas coisas que nos rodeavam e eu só poderia protegê-la enquanto fosse possível.
– Por mim, tudo certo! – Ela me beijou, em seguida meu celular tocou. Preston já tinha chegado.
Descemos as escadas praticamente correndo, entrou como um foguete dentro do carro e eu tentei, mas, mesmo assim, eu consegui sentir flashes sobre mim. De dia aquele era um lugar muito movimentado.
Preston nos olhava pelo retrovisor com aquele sorrisinho de canto, estávamos abraçados, olhava as pessoas na praia e eu olhando para Preston.
– Como estão no hotel? Todo mundo já acordou? – Tentei arrancar informações dele mas ele só ria, sempre querendo me zoar – Você já contou pra todo mundo? – Preston riu e negou com a cabeça.
Nem deu tempo de fazer meu interrogatório, tinhamos acabado de chegar ao hotel e teríamos que entrar pelo lobby, entreguei meu casaco a , demos um selinho e saímos de mãos dadas do carro. Como o destino é legal, mal passei pela porta principal, segurando a mão gelada de , vi a recepcionista quase nos engolindo com os olhos, na porta que dava para o restaurante, justo nas primeiras mesas, eu vi e ouvi , , Paul, e . Sim, eles mexeram com a gente, tentou disfarçar mas eles não são discretos, mas antes de qualquer um deles conseguir de fato chegar a nós, o elevador abriu e demos de cara com .
– SA-BI-A, SEUS SAFADINHOS – saiu do elevador rindo e suspirou derrotada ao meu lado escondendo o rosto em meu ombro.
– Eu odeio One Direction!
Ela sorriu apertando minha mão, enquanto nossos adoráveis amigos vinham nos dar boas-vindas, cheios de ironias, zoações e perguntas.
Parando para pensar, nesse exato momento, talvez Califórnia seja meu lugar favorito. E essa garota ao meu lado também seja a minha favorita. Esse é só o começo, não é mesmo?!



Capítulo XII


’s POV

Acabei de sair do banho com a sensação boa de saber que, em algum lugar deste prédio, ele deve estar, provavelmente, falando de mim. Eu estava sem medo algum do que poderia ser, porque eu confio no e, por mais que nada ainda esteja definido, ele seria cuidadoso. Aquele vestido da noite anterior estava horrível, vivi tanta coisa com ele que não sabia se gostava ou odiava ele.
– O vestido não vai falar com você, . – me assustou, enquanto eu observava o vestido que há pouco vestia. – Eu que vou!
sentou na cama me olhando, tentando ficar séria, enquanto eu sorria para ela, que me jogou uma almofada.
– Eu ainda vou te bater, ! – acabou rindo quando mandei alguns beijos para ela pelo espelho.
– Me mata depois. Vamos dar um volta pela praia? Por favor, não quero ficar trancada aqui. – terminei de pentear meus cabelos e , mesmo achando estranho, assentiu, pegando seus óculos escuros e o celular.
– Acho melhor não ter testemunha mesmo. – me deu um tapa no braço, enquanto eu trancava nosso quarto.
Sempre adorável essa minha amiga… Enganchei meu braço ao dela e saímos rumo ao delicioso sol da Califórnia. Decidimos ficar caminhando à beira-mar, mal pisamos na areia e o interrogatório que ansiosamente guardava para mim veio à tona.
– Você já pode me contar tudo, , sua-doida-que-eu-quero-afogar-por-me-deixar-preocupada. – riu, enquanto eu apenas fazia uma careta em resposta.
– Eu sei que fiz errado, mas foi tudo tão de repente que me esqueci de mandar pelo menos uma mensagem dizendo que estava viva. Desculpe! – abracei rapidamente, que me deu um abraço apertado em resposta.
– Nem preciso falar que não é pra você fazer mais isso, né?! Meu próximo investimento será colocar um chip em você. – olhei espantada para ela, que desatou a rir da minha cara.
– Ha, ha, ha! Engraçadona… Anda logo, senão não conto mais nada. – em dois segundos estava ao meu lado, com os ouvidos atentos e me enchendo de perguntas. Contei tudo, desde a boate, a volta ao nosso hotel hoje de manhã, até a parte de escapar do e deixar lá com os meninos no lobby.
– Bem que eu desconfiava que todo aquele mau humor do tinha algo a ver com você, algo entre vocês e, no final, ele estava gostando de você! – me abraçou de lado, enquanto nós continuávamos a nossa caminhada. – E você, ? Como foi pra você?
– Primeiro eu queria matar ele, sabe? Ele me deixou furiosa, com tanta raiva, mas depois… Ah, … Nem parecia ser o ; aquele que eu te falava no Brasil. Era outro; outro cara na minha frente, e eu gostei desse cara. – era inevitável não ficar vermelha pela maneira como me olhava, empurrei ela de leve, que me fez parar para olhá-la nos olhos.
– Estou tão feliz por você, mesmo desconfiando dele às vezes, acho que o vai saber cuidar de você como se deve. – e seu instinto protetor vindo à tona. Ela sorria e eu não podia fazer nada além de retribuir.
– Nós vamos com calma, eu não quero apressar nada, ainda mais agora que eu vou começar com o balé. Será bem complicado.
– Falando nisso, já contou para ele a novidade? Os meninos ficam me perguntando toda hora e eu fico fugindo deles.
Ri de leve só de lembrar que eu fiz ela prometer de dedinho que não contaria nem para o . estava quase morrendo de ansiedade por isso.
– Acabei contando sem querer, então quando nós voltarmos para o hotel sua tortura termina e nós fazemos um anúncio oficial. – pisquei para ela, que ergueu as mãos para o céu em agradecimento.
– Falando nisso, o sol está forte demais hoje. Vamos voltar? – sugeriu e nós demos meia volta e fizemos todo o trajeto da volta como duas crianças: uma chutando água na outra.
Mal chegamos no hotel e a recepcionista nos avisou que os meninos estavam nos esperando na piscina, conforme nos aproximamos já era possível ouvir a gargalhada do e do brincando na piscina. Assim que nos viram os dois se entreolharam e vieram até nós, mais do que depressa saiu de perto deles e foi até , que conversava com alguém da produção.
– Fugindo de mim, ? – , assustadoramente sorridente e molhado, chegou perto de mim tentando me molhar com as gotas que pingavam do seu cabelo.
– De jeito nenhum. – balancei a cabeça rindo, enquanto ele tentava chegar mais perto. – Só agora. , vai pra lá! – tentei desviar dele, mas não funcionou.
– Eu não, tenho que te fazer um pergunta primeiro. – ele parou na minha frente, enquanto eu via parando ao meu lado.
Pela cara dos dois eles iam aprontar alguma, tentei adivinhar o que viria a seguir, mas não facilitava. Cruzou os braços tentando ficar sério.
– Então, , como vai a vida? Tudo bem? – apenas assenti, enquanto chegava mais perto e eu ia mais para trás. – , eu descobri uma coisa, pode me confirmar se é verdade? – mais uma vez assenti, me encolhendo mais, enquanto tentava segurar o riso ao meu lado, eu estava quase presa no meio dos dois.
– É verdade que você passou na escola de balé e não me falou nada, ? – tentou ficar mais sério, eu estava totalmente sem reação, eu jurava que ele fosse fazer qualquer piadinha sobre eu estar com , mas não era isso. De repente vi bem atrás de mim chacoalhando a cabeça de um lado pro outro, eu sabia que não ia sair boa coisa disso.
– Que feio, ! – até , que ainda estava na piscina, deu seu parecer na conversa.
– Gente, olha… – comecei a argumentar, mas me interrompeu.
– Passou ou não passou? – ele perguntou direto e reto, e eu confirmei com a cabeça, ouvindo e rindo do outro lado da piscina.
– Então sinto muito… – disse e, em um piscar de olhos, eu estava sendo levada (de roupa e tudo) para a piscina, sem a menor chance de defesa. Apenas fechei os olhos e senti um deles erguer minhas pernas. Senti o filho da mãe do me segurar pelos braços e ouvi as gargalhadas de todos eles, enquanto eu me debatia, tentando evitar o inevitável.
– Um… dois… Três!
Eles me balançaram e a única coisa que fiz foi gritar antes de cair na água fria. Assim que emergi , , e pularam na piscina, quase me matando afogada de tanta água que eles jogavam em mim, enquanto me parabenizavam pela vaga que eu havia conseguido. Foram quase dez minutos tentando me livrar desses afogadores profissionais. e apenas ficaram rindo da minha pessoa do lado de fora da piscina. Eu parecia um pinguim toda ensopada, agradecendo aos céus por ter colocado um short e não um vestido, como eu queria hoje mais cedo. Por mais quente que estivesse, eu ainda estava com frio devido ao choque térmico. Peguei uma toalha, me enrolei nela e voltei para o quarto antes que eles resolvessem repetir a dose.
Apenas me troquei, colocando meu biquíni para voltar a piscina e me vingar do , já que fui obrigada então eu ia fazer isso certo. Estava terminando de pegar minhas coisas para levar lá para baixo quando bateram à porta.
, abre aqui! – parecia alguém meio afobado, o que era estranho. Assim que abri me olhou preocupado.
– Você ficou brava? Se afogou de verdade? disse… – e eu comecei a rir, interrompendo a afobação de , que me olhou bravo, enquanto eu voltava a procurar meu protetor solar.
– Ah! Você está ótima. Já está até rindo da minha cara. – sentou emburrado na cama, enquanto eu apenas joguei uma almofada nele.
– Você me paga, ! Você tinha que contar pra eles, né? Eu ia contar com calma, bem longe da água.
apenas deu de ombros me olhando sem jeito.
– Eu jurava que você só tinha escondido de mim, que todo mundo já sabia, e falei sem querer à mesa. O ficou chocado. – riu e estendeu os braços para mim me chamando para ir até ele.
– Só naquela hora eu entendi que você, , – se levantou me abraçando pela cintura – só contou pra mim. – ele sorriu convencido e me deu vários selinhos, enquanto eu tentava me esquivar.
– Vai sonhando. Você está se achando, né? – ri quando começou levantar as sobrancelhas e sorrir igual um idiota, com todos os dentes assustadoramente à mostra.
– Ah, ! Confessa que você não contou só por minha causa? – me trouxe mais para perto, seu sorriso ficando mais suave e seus olhos muito mais cativantes. – Você queria que eu soubesse primeiro, eu sei, gatinha. – sorriu torto, se aproximando mais e mais, enquanto minha indignação só aumentava. Ele estava me provocando, com a boca tão perto da minha, mas eu desviei e fiquei na ponta do pé, para deixar minha boca perto do ouvido dele.
– Você é metido demais pro meu gosto, . – foi inevitável não rir quando consegui me desvencilhar das mãos dele e sai correndo, deixando boquiaberto perto da cama. Ele ficou me olhando por um bom tempo, eu sabia que ia querer se vingar de alguma forma, mas no momento eu estava mais preocupada sobre onde eu coloquei o bendito protetor solar.
Quando ele ia tentar se vingar me atacando com cócegas, chegou no quarto e ficou nos olhando.
– Por favor, nada de orgias na minha cama, afogo os dois se fizerem isso! – foi direto para o banheiro, enquanto e eu ríamos da cara de indignação dela. ficou de “castigo” nos esperando, também resolveu se render à piscina e voltou ao quarto só para pegar suas coisas.
Ficamos a tarde toda na piscina, os meninos conseguiram jogar na água, o que em seguida virou uma guerra de meninas contra meninos. Só paramos quando reclamaram da bagunça e estávamos exaustos demais.
No final da tarde os meninos receberam o convite para ir a um fliperama mais perto do centro. Algumas pessoas da equipe iriam conosco, nos dividimos em dois carros e tentamos ser discretos, mas, mesmo assim, ao descer do carro quase fui cegada por tantos flashes em nossa direção. O local foi reservado e só o dono e os funcionários estavam com a gente dentro do estabelecimento. Todos pareciam crianças de volta ao parque de diversão. Em uma das máquinas não conseguia jogar e foi ajudá-la, infelizmente aquela máquina onde estavam era muito perto da janela e a quantidade de flashes disparados era absurda, mas, surpreendentemente, nem nem se afastaram de lá. Na realidade, eles começaram a disputar na máquina e quando ganhou dela, ele a beijou. Aquilo significava algo maior, muito maior, e minha amiga parecia não se importar com isso. Deixaram aquela área abraçados e então partimos para o andar de baixo, onde estava o nosso adorado boliche.
O ponto alto da noite foi a disputa mais acirrada entre e , que a cada pino derrubado era uma nova provocação. escorregou e caiu, me levando junto com ele, quase quebramos a mão nessa brincadeira e todos que estavam lá riram da minha cara de desespero só em imaginar quebrar a mão nessa altura do campeonato.
Aquela foi uma noite cheia de surpresas para mim: e não se importaram em momento algum em serem fotografados juntos, até foto dos dois se beijando depois de um strike que fez nós conseguimos. A maneira como me tratava agora que estávamos juntos era completamente diferente, ele era muito mais carinhoso e prestava muito mais atenção no que estávamos fazendo: quem iria nos ver, com quem tiraríamos fotos. Ele me mantinha por perto sempre, mas com toda cautela que ele sabia que era necessária, pelo menos por enquanto.
Ao final da noite, o dono do local pediu uma foto com todos nós: saiu abraçando , eu saí entre e fazendo “chifrinho” nos dois, segurando seu troféu e fazendo careta. Os poucos funcionários que ali estavam pediram fotos e autógrafos. Suspeito que alguém conseguiu tirar foto de quando sentou no meu colo, – ele esperava sua vez de jogar e ficou fazendo graça – mesmo o combinado sendo para que não fotografassem nada, eu senti um flash em nossa direção, mas não contei nada a .
Assim que chegamos do fliperama cada um foi pro seu quarto, ou melhor, eu fui para o nosso, aquela garota não voltou comigo, ficou no quarto de , o que fez um tal de aparecer na porta do meu quarto uma hora depois.
– Soube que você estava sozinha, não pude deixar você assim. – riu, invadindo meu quarto, eu estava morrendo de sono e precisava arrumar minhas malas.
– Onde você vai, ? Nós ainda temos mais alguns dias aqui. – ele parou de frente para minha mala aberta em cima da cama.
– Só vocês, daqui dois dias serei uma caloura. Preciso voltar pra UK e me preparar para o balé. – , sentado na minha cama, me olhava surpreso, enquanto eu voltava do banheiro com todas as minhas coisas e as jogava na mala.
– Mas é muito cedo! Não acredito que você já vai embora… – começou a me ajudar, mesmo com má vontade. Ele jogava as roupas dentro da mala, enquanto eu separava o que era meu e o que era da . Assim que terminamos, me chamou para deitar com ele na cama.
– Só porque eu ia te convidar para ir a gravação de um programa amanhã. Até a já aceitou! – o tom de indignação na voz de chegava a ser engraçado, me deitei ao lado dele e apaguei as luzes deixando somente o abajur ligado.
Deitei de frente para ele, que começou a mexer no meu cabelo, desde sempre meu ponto fraco. Passei minhas mãos por seu abdômen, depois coloquei minhas mãos por dentro da camiseta que ele vestia e sorriu, me olhando do seu jeito mais safado, mas parei de mover minhas mãos, tentando ficar séria olhando para ele.
– Nós vamos dormir, , e é só isso! – riu ainda mais me puxando para mais perto.
– Quanto tempo vocês ainda vão ficar aqui nos Estados Unidos? – perguntei o olhando nos olhos, contornava cada linha do meu rosto com a ponta dos dedos, tirando minha concentração e me causando arrepios.
– Acho que mais uma semana, aí então voltamos aos shows. – apenas assenti e me beijou, me fazendo girar na cama e ficar por cima dele.
– Vou sentir sua falta, muito mais do que antes. – ele disse quando quebrei o beijo e o olhei tomando coragem para fazer a pergunta que rondou minha mente durante toda a noite.
… – sai de cima dele e me sentei na cama – Você tem certeza de que quer continuar com isso?!
– O que foi? Por que está dizendo isso? – muito mais sério do que o habitual, sentou na cama, ficando de frente para mim e me olhando profundamente nos olhos.
– Você não tem medo de estarmos indo rápido demais? De se machucar? – deixei que minhas dúvidas viessem à tona; as perguntas que estavam engasgadas em minha garganta e que só ele poderia responder.
– Não, eu confio em você, , e espero que você também confie em mim.
– Eu confio, só estou com medo do que estou sentindo. Isso é novo, é diferente. – , que até então estava sério, me olhou como se eu fosse uma criança assustada, pegou minhas mãos e me puxou para ficar entre suas pernas, com a cabeça encostada em seu peito, ele passou seus braços ao meu redor e me abraçou apertado, começando a falar bem perto do meu ouvido.
– Eu sei que dá medo, vim sentindo isso por uma semana e isso só cresce, e vai ficar melhor, . Nós vamos fazer isso dar certo, você vai ver! Eu te prometo que... – me virei para olhá-lo e ele parou de falar.
– Não quero promessas, . Eu só quero você ao meu lado, para o que der e vier, sem nada para quebrar, sem nenhuma cobrança. Você só precisa voltar para mim no final das contas.
– Que missão fácil essa minha. – riu, me fazendo cócegas, quase me derrubando da cama. Eu precisava dormir e ficava me atrapalhando em todas as minhas tentativas, até eu ameaçar expulsá-lo do quarto e ele enfim parar.

Fomos dormir tão tarde que quando levantei às seis da manhã do outro dia não tive coragem de acordá-lo, deixei apenas um bilhete. nem se mexeu direito quando o beijei e sai do quarto.
Meu voo foi extremamente chato e cansativo, assim que cheguei em casa caí na cama e só acordei no outro dia, com uma ligação bem romântica vinda da .
, sua vaca! Posso saber como que você vai embora sem se despedir de ninguém? Nós queremos te afogar no Tâmisa, sua maluca.
, suas saudades me comovem. – respondi sentando na cama e olhando para meu relógio. – São seis da manhã, ! Eu que vou te afogar quando você voltar.
– Não reclama, aqui já é de tarde e liga a TV, os meninos já estão aqui no estúdio e pediram para você assistir ao programa.
– Ok, amor da minha vida, seu pedido é uma ordem!
riu me chamando de idiota e desligou em seguida.
Mesmo meio sonâmbula, achei o canal e os meninos já estavam no palco cantando, depois da apresentação todos se sentaram no sofá e o apresentador começou a perguntar sobre o álbum, sobre os shows e as expectativas em relação aos shows que viriam nos EUA.
– Nós não podemos deixar de perguntar sobre o assunto mais comentado dos últimos dias – muitas capas de revista e matérias sobre todos nós no fliperama e até mesmo fotos de quando e eu estávamos no hotelzinho no dia da festa; fotos que eu nem sabia que existiam apareciam no telão do programa. Meu coração parou, quase derramei em mim todo o café que segurava. Os meninos não pareciam muito confortáveis, mas mantiveram a pose.
– Então, vocês estão realmente namorando essas garotas? – as câmeras focaram em e , que estavam sentados lado a lado. Eles se entreolharam e foi o primeiro a falar.
– Eu estou, ela é uma garota muito legal. – ele disse tranquilamente, sorrindo discretamente. Quando a câmera focou em , eu fechei os olhos para esperar a resposta.
– Na realidade não, ela é uma grande amiga minha. – abri os olhos e vi sorrindo torto. Alguns comentários vinham da plateia, mas ele apenas deu de ombros, continuando a sorrir.
– Nossa! – disse, fazendo e rir.
– Ela é amiga de todos nós. – disse quando a câmera voltou a filmar a todos eles.
– E a gente queria desejar boa sorte pra ela amanhã. – disse fazendo todos os meninos sorrirem, não podia deixar de sorrir também e me sentir feliz por tê-los em minha vida.
– Boa sorte, . – riu e deu uma piscadinha para a câmera provocando ainda mais comentários na plateia ali presente, o programa foi para os comerciais e em seguida recebi uma mensagem de .
“Espero que tenha gostado. Nós te amamos”.
Foi melhor do que eu esperava. Na volta do programa os meninos já estavam posicionados para cantar uma última música, que fez todos da plateia levantarem e cantarem, mas o que mais me deixou impressionada foi o fato de se deixar filmar cantando o finzinho da música, sorridente e linda. Os créditos do programa subiram e liguei para ela imediatamente.
, eu te vi na TV! – estava atônita, encarando a televisão que começava a passar um jornal qualquer. – O mundo te viu na TV, amiga!
– Eu sei. – ela riu nervosa. – Não quero nem imaginar o que é meu twitter no momento. – comecei a ouvir as vozes dos meninos de fundo.
, eu tenho que desligar agora porque estou no estúdio, mas as cinco crianças saltitantes na minha frente estão te mandando um beijo e tudo mais.
Ouvi afastar o telefone e censurar os meninos:
– Eu não vou mandar beijo na boca dela, !
ela ligou pra mim, não pra você, sai daqui!
volte e dê um jeito nessas criaturas. Como você aguenta? – riu e eu a acompanhei.
– Já estou morrendo de saudades, liguei só pra dizer que eu estou aqui, ok? E que você é minha ídola. – ouvi minha amiga rir e isso fez meu dia, o que enfrentaria não seria fácil, mas eu estarei com ela pra tudo.
A repercussão da entrevista dos meninos foi imediata, e eram um dos assuntos mais comentados, algumas pessoas tentavam descobrir quem ela era, de onde era e essas coisas. Algumas pessoas lembravam que eu já havia aparecido como affair de há um tempinho, então acreditavam que nós éramos somente amigos. Aos poucos as ofensas chegavam para , mas em momento algum eu a vi online, nem ela nem nenhum dos meninos. O que me deixava mais tranquila, porque tenho certeza de que ela se estressaria com tanta gente em cima dela.

Enfim o dia seguinte chegou e com ele toda a ansiedade que eu tentei segurar durante os últimos dias. Meu primeiro dia no English National Ballet School, não só eu, como todos a minha volta quando entrei por aqueles portões, pareciam ansiosos, nervosos e risonhos. Afinal de contas, era o sonho da grande maioria estar ali.
Emma Stuart era o nome da nossa primeira professora, ela nos contou sobre algumas das pessoas com quem já trabalhou e dos palcos aos quais ela já teve a honra de se apresentar. Disciplina era o seu lema e nos primeiros momentos depois do alongamento, começamos as sequências que eram pedidas por ela, sempre exigente desde o início da aula a cada nova técnica, ela nos corrigia até que chegássemos um pouco mais perto da perfeição ao executar o passo.
Depois de três horas estava cansada e faminta, como quase todos ali, fomos direto para o refeitório, depois de quase derrubar meu suco em uma das garotas, me sentei em uma mesa que estava vazia bem longe delas pra não passar mais vergonha, quando estava prestes a devorar meu sanduíche ouvi alguém falando em português atrás de mim: “Será que ela é caloura também ou vai expulsar a gente igual a todo mundo”. Não resisti e comecei a rir. Me virei para olhar para trás e tinha uma garota morena de olhos verdes muito bonita acompanhada de um rapaz também muito bonito de cabelos pretos e olhos azuis, eles me olhavam surpresos e eu sorri tentando parecer simpática.
– Sentem aqui. – disse em português, fazendo os dois rirem e darem a volta na mesa para ficar de frente para mim.
– Você é brasileira?! – a garota perguntou me olhando com curiosidade e muita animação.
– Mais ou menos, metade brasileira, metade britânica. Meu nome é . – estiquei minha mão para ela, que sorriu me cumprimentando.
– Eu sou a Lara. – ela disse em português.
– Mi nombre is Julian. – O garoto misturou os idiomas nos olhando confuso.
Lara começou a rir do garoto ao seu lado, e eu apenas sorri o cumprimentando.
– Ele é espanhol, aos poucos eu ensino ele a falar português. Eu ainda chego lá! – assenti, enquanto o garoto nos olhava sem entender muita coisa. Resolvemos estabelecer o inglês como o idioma oficial, para ninguém ficar perdido e podermos conversa. Eles moravam no alojamento da escola e vieram para Londres especialmente para isso. Lara era a primeira vez que tentava o ENB, Julian já estava na sua terceira tentativa e parecia o mais empolgado em estar ali.
Nós seríamos companheiros em quase todas as aulas, o que nos deixou muito mais aliviados. Terminamos o nosso almoço e voltamos para mais uma aula. Depois da aula repassamos tudo que tínhamos aprendido.
Voltei pra casa exausta e liguei para , pelo fuso horário lá ainda era meio-dia, enquanto aqui em UK já eram oito horas da noite.
– Hello, babe. Como foi hoje? – parecia animado.
– Foi ótimo. Estou exausta, mas feliz. – acabei rindo e me acompanhou, pediu que eu contasse como era tudo e todos. Depois de encher os ouvidos dele com tantas coisas sobre o balé, perguntei sobre a repercussão da entrevista.
– Bem, nós estamos contornando toda a situação, eu não conheço muito bem a , mas acho que ela está indo bem. Da imprensa nós estamos cuidando, isso eu garanto!
– Obrigada, . Eu vou ligar para ela daqui a pouco, mas mesmo assim, não a deixe sozinha com o celular.
– Pode deixar, o vai pedir emprestado e não devolve mais. – nós rimos até ele parar de repente, suavizando o tom de voz ao perguntar:
– E você, ? Como você está em relação a isso?
– Não precisa se preocupar comigo, por enquanto está tudo… – comecei a ouvir vozes atrás de e uma em especial me desconcentrou, era , ele parecia aflito e isso me preocupava.
“Ela sumiu, eu estraguei tudo”.
… O que está acontecendo? – tinha certeza que as coisas não podiam estar tão bem assim. ficou mudo por um tempo. – Não me esconda nada! Cadê a ?
– Espera. – ele ficou sério e o telefone mudo, a espera mais angustiante até ele voltar a falar, confirmando o que eu já suspeitava.
sumiu; brigou com o e sumiu.
Me despedi rápido dele e desliguei o telefone, para ligar logo em seguida para , depois de quatro toques ela atendeu.
, meu amor, porque você quer me deixar grisalha antes da hora? – usei meu tom de voz mais calmo e riu fraquinho, tinha quase certeza de que ela estava perto do mar, pelo barulho das ondas ao fundo. – O que houve? Qual é o corpo que a gente vai esconder?
, eu queria você aqui… Eu queria poder mandar todo mundo à merda junto com o … Se ele fosse só um pouquinho mais idiota eu chutava ele sem culpa. – ela riu baixinho, a voz dela foi ficando fraquinha e eu não suportaria ouvi-la chorar. Minha amiga era como uma muralha que se desabasse me levaria junto sem o menor esforço.
– Nós sempre gostamos dos mais idiotinhas, amiga, é nossa sina. O que ele fez? – me sentei no sofá e abracei a almofada que ali estava. – Quer que eu deixe ele careca?
Segundo todos os fatos, teve uma crise de ciúme por ter ido sozinha visitar uma rádio com um dos produtores do programa de TV de ontem, assim como as fãs que a viram na rádio com o homem, diziam que ela estava se aproveitando da fama de . mandou ele, as fãs que a atormentavam no twitter e tudo que estava engasgado na garganta dela à merda. Desde o início para Los Angeles é, praticamente, o paraíso da comunicação e era um sonho, tanto quanto seu trabalho na rádio. Ela visitaria quantas rádios e emissoras de televisão ela conseguisse.
– Foi um idiota mesmo, mas ele está te procurando. Conversa com ele, eu sei que vocês vão se entender, ou então deixa pra bater nele aqui que eu posso te ajudar mais efetivamente. – fungou baixinho e riu depois. – Se você chorar eu te afogo no Tâmisa também! Promete que você vai voltar pro hotel bem linda e arrasadora?
apenas murmurou como resposta. Lembrei de uma música que ela adora e que faria bem, pelo menos era o que eu achava:
– Mudaram as estações, nada mudou. Mas eu sei que alguma coisa aconteceu, tá tudo assim, tão diferente…
– Ai, . Volte imediatamente e me leve pra casa! – riu e eu comecei a desafinar de propósito, ela gargalhou e começou a gritar longe do telefone.
– Pare de cantar! Vou ter que jogar meu celular na água desse jeito…
– Pronto, parei! Volte pro hotel e me dê notícias. Te amo, , e volta logo pra esse friozinho nosso de cada dia.
Assim que desliguei, avisei ao que já havia encontrado ela e que não era pra ninguém sair atrás que ela voltaria. Já dei minha bronca em também e só consegui finalmente relaxar quando me ligou do hotel, com a voz de todos os meninos e até do Paul ao fundo.
A semana mais diferente e absolutamente cansativa chegava ao final. Lara, Julian e eu ficamos até mais tarde todos os dias, nos dedicamos e já estávamos cheios de bolhas nos pés, mas isso não nos salvou da maior bronca da nossa professora Emma. Estávamos atrasados e quando chegamos na sala, ela nos separou dos demais e passou exercícios extras que nos deixaram ainda mais exaustos. Quando enfim chegou o final do dia, meu corpo implorava por descanso assim como minha mente, estava distraída saindo do prédio da escola quando senti aqueles olhos sobre mim. Estava noite, mal iluminado e aquele sorriso seria capaz de iluminar cada canto daquela rua.
– Você falou que eu só precisava voltar. – riu e eu corri até ele, não tinha ninguém na rua mesmo, e eu estava cansada demais para me importar, abracei ele o mais forte que consegui.
– Você escolheu a melhor hora.


Capítulo XIII



’s POV

Nos dias seguintes à entrevista que demos na Califórnia e a briguinha que e tiveram no hotel, infelizmente a imprensa e alguns grupos de fãs começaram a falar da nas redes sociais, falar sobre o trabalho dela, a postar fotos, desenhos e teorias que em nada agradaram . Por muitas vezes, eu o vi xingando baixinho enquanto rolava a timeline vendo alguma nova especulação, eu o via tentando ao máximo absorver tudo de ruim para que não percebesse, para reduzir o impacto sobre ela. Nesse mês onde ela fora presença constante no nosso meio, depois do dia em que eles brigaram na Califórnia, houve apenas um dia em que eu a vi realmente mal depois de ler alguma coisa na internet.

Flashback ON

, abre aqui, por favor – pedia com a voz cheia de agonia e ela apenas chacoalhou a cabeça com veemência.
Ela provavelmente não me viu ali, já que eu estava no canto da sala conversando com por FaceTime.
, chega, quando isso vai parar? Se um dia isso acabar o que vai restar de nós? Eu não aguento mais – já tinha destruído seu telefone a essa altura da conversa, e só então ela me viu, não deixei ouvir nada e desliguei o telefone antes que ela visse sua amiga.
? – me olhou enquanto eu juntava os pedaços quebrados de seu celular.
– Precisando de um saco de boxe? – Tentei brincar enquanto ela ainda me olhava com os olhos cheios de lágrimas e cenho franzido, me sentei ao seu lado no chão, eu sabia que ela precisava falar e até quem sabe bater em alguém, mas nesse quesito eu chamaria o , já que essa é a obrigação dele e não minha.
– Precisando de um saco de paciência e um pouco de paz, me diz como que vocês aguentam isso? Como o aguenta ler isso? – Ela jogou a cabeça pra trás, olhando para o teto.
– Ele não aguenta, mas ele se segura por você, para te proteger do pior – me olhou como se não acreditasse e eu apenas assenti para ela, que enxugou os olhos rapidamente.
– Às vezes isso é insuportável, dá vontade de largar tudo e ir embora – Ela suspirou abaixando a cabeça – E pra ajudar a destrambelhada da tá praticamente desaparecida, quero ela de volta – me olhou sorrindo de leve. sempre seria nosso assunto em comum, no meu caso, o meu favorito.
– Quer que eu finja que sou ela, eu posso dançar rapidinho aqui, ou cantar alguma coisa em português? – Cutuquei a costela dela de leve que riu e balançou a cabeça negando minha oferta.
– Você vai cuidar disso, não é, ? Não deixa a sofrer com isso, por favor! Ela é bem diferente de mim nesse aspecto…. – me olhava mais séria, eu sabia exatamente o que ela queria dizer com aquilo. talvez sofresse mais com esta pressão do que a própria , esse era um dos meus receios em relação a deixar a imprensa saber de nós.
– Pode deixar, eu vou dar tudo de mim pra cuidar dela.... Mas agora deixa ele cuidar de você também – Eu a abracei rápido, enquanto entrava na sala. Deixei os dois a sós para que pudessem se entender.

Flashback OFF

e eu estamos juntos há quase dois meses, mas tento não pressionar demais em relação a contar para as pessoas. Como a própria sempre diz: “Quem tem que saber, já sabe”, mas as fãs desconfiam, e a cada dia elas têm alguma foto nova onde aparece ao fundo, com um dos seguranças ou com os outros garotos. Ela acha que está disfarçando quando sai com o do carro, mas quando a gente vai ver, ela está com uma das minhas camisetas ou um dos meus moletons.
Um dos dias mais difíceis de negar qualquer coisa foi quando vazou um vídeo do nosso backstage onde estava sentada no meu colo e e a puxaram para os três dançarem em volta do nosso segurança Preston, no meio do vídeo eu a puxava para mim de volta, e ficavam me provocando dançando ao nosso redor enquanto eu tentava tirá-los de perto dela. Era um vídeo idiota mas eu dizia claramente “Tirem a mão da minha garota”, o que resultou em umas três hashtags sobre o assunto no twitter e quase enfartando quando viu o vídeo. Nossa sorte foi que o rosto dela aparecia muito rápido, quase não dava pra reconhecer direito. O cuidado dela redobrou depois deste dia. E querendo ou não, o meu também. Eu não gostava muito da ideia de esconder do resto do mundo que estávamos juntos, mas se sentia mais segura desta maneira e depois da minha conversa com , eu decidi esperar o tempo dela.

Fazem exatas duas semanas que eu não vejo direito, por direito quero dizer os mais simples atos, como beijar, abraçar e até mesmo conversar olho no olho, cada dia mais puxado, o balé já se tornou praticamente o ar que ela respira e as viagens da banda me deixavam em fusos horários complicados demais para tentar usar Skype.
– Amor, já chegou? – e sua voz ofegante, eram apenas nove da manhã e ela já estava ensaiando.
– Acabei de descer do avião, nem do aeroporto saí ainda – Era inevitável não apertar mais o casaco junto ao corpo com o frio que fazia na sempre gelada Londres – Hoje só temos um programa de TV, depois estou livre por dois dias, alguma chance de eu conseguir te roubar nesse meio tempo?
– Vou pedir para olharem na minha agenda, vou tentar arranjar uma vaguinha pra você – Ela riu me fazendo rir junto apenas em imaginar ela mostrando sua covinha – qual programa vai ser hoje?
– Alan Carr, acho que uma hora, por quê? – Entrei no carro onde os garotos já me esperavam, e saímos do aeroporto.
– Nada, só pra saber mais ou menos que horas você vai chegar em casa, , eu preciso ir, te vejo mais tarde, beijos.
E mais uma vez, mal nos falamos e já estávamos fazendo alguma outra coisa.
Almoçamos todos juntos para que ninguém corresse o risco de se atrasar para a gravação do programa e em seguida Paul já nos avisou que teríamos de ser rápidos, pois tinha vazado a notícia de que estaríamos no estúdio e já tinha muitas fãs no local.
O caos que estava do lado de fora do estúdio era algo quase assustador – quase – mas ainda assim eu estava tranquilo, esperando no camarim junto com os meninos, Lou arrumando o cabelo do , e comendo alguma coisa e olhando assustado pela janela, eu ia rir dele mas não deu tempo, o próprio veio me puxar pela blusa até a janela.
, me diz que aquela não é a ! Por favor?! – Ele apontava para uma garota tentando chegar até as grades de proteção do programa onde estávamos esperando para entrar ao vivo. Meu coração parou por alguns instantes e eu provavelmente empalideci. estava com uma touca de moletom cinza, talvez as fãs não a reconhecessem tão facilmente, mas eu seria capaz de a reconhecer entre outras mil garotas encapuzadas e com cara de pânico.
Corri até a porta e chamei Paul que me olhava confuso, precisava tirar ela de lá imediatamente.
– Algum problema? – Ele perguntou assim que fechei a porta atrás de mim, nos deixando do lado de fora do camarim.
– Paul, pelo amor de Deus, a está lá fora! – Paul arregalou os olhos, enquanto eu caminhava com ele para mais perto da porta de saída dos estúdios – A gente precisa colocar ela pra dentro do jeito mais discreto possível, mas eu não sei como fazer isso! – Admiti enquanto Paul assentia e saía rapidamente pela porta.
Depois de alguns minutos de pura apreensão, eu estava prestes a começar a roer as unhas quando a porta abriu e quatro garotas seguidas por Paul entraram rápido por aquela porta.
Assim que me viram três delas vieram me abraçar, uma chorava, a outra tremia e a última me deu um beijo no rosto, quase na boca o que me fez olhar para a quarta garota, aquela do capuz cinza quase se escondendo atrás de Paul, me olhando assustada.
– Ok, meninas, para a plateia, em silêncio senão coloco vocês para fora! – Paul em seu tom autoritário me puxou levemente, e começou a encaminhar as garotas até a plateia. Somente quando só estávamos eu e ela naquele corredor, eu consegui finalmente respirar aliviado e estendi meus braços para ela que veio rapidamente ao meu encontro.
– Você quer me matar do coração, garota? – soltou o abraço e me olhou nos olhos.
– Desculpa, eu só queria…. Fazer uma surpresa, eu não sabia que teriam tantas garotas assim – encolheu os ombros enquanto eu começava a levá-la comigo até o camarim. Todos nos olharam surpresos e assustados quando entramos, por sorte não tinha mais ninguém da produção do programa ali, somente os garotos e a Lou.
– Você tá bem? – perguntou assim que se aproximou do sofá onde ele estava, ela apenas assentiu antes de se sentar e me olhar chateada. Eu ainda estava um pouco tenso pela situação e antes mesmo de conseguir trocar qualquer palavra com ela, Paul surgiu a porta me chamando. Obviamente levei uma bronca, e tive de ouvir mais uma vez sobre os problemas com relação a segurança e privacidade da banda. Na realidade, não prestei atenção em quase nada, eu só queria entrar logo naquele camarim antes que viessem nos chamar. Mas assim que Paul me dispensou, a garota da produção do programa veio nos chamar. Dois minutos. Que grande porcaria.
Vi todos os meninos saírem e aproveitei a oportunidade para entrar e trancar o camarim. Foda-se programa, eu queria falar com ela. olhava pela janela, totalmente concentrada, não resisti e me aproximei dela, a abraçando pelas costas.
! – Ela tentou se virar mas eu a mantive ali envolta em meus braços, de frente para a janela.
– Não me assusta mais assim não, eu amei te ver, mas eu não posso deixar você correr nenhum risco, não por minha causa! – Disse perto de seu ouvido, a abraçando mais apertado e vendo ela concordar. A beijei rápido, ou melhor, eu pensei que estivesse sendo rápido mas alguém começou a bater à porta. Quando Paul abriu a porta, quase me arrancou de lá me levando para dentro do estúdio.
Os meninos já estavam sentados e todo mundo riu quando entrei ajeitando minha camisa, Alan Carr simplesmente adorou a situação e passou boa parte do programa me perguntando se eu estava pegando alguma assistente, se eu podia mostrar o lugar onde eu estava dando uns amassos? Perguntou aos meninos se eles sabiam quem era.
Mas ele realmente começou a pegar pesado quando na volta do comercial, eu estava conversando com a outra convidada, a modelo Lindsay Ellingson e começaram as insinuações sobre o nosso suposto romance, com várias montagens e música romântica, tudo absolutamente constrangedor para mim e divertido para eles, conhecendo da maneira que conheço ela provavelmente estava a ponto de sair do camarim e vir pessoalmente no palco, me jogar seu salto mais alto. Obviamente eu neguei tudo, mas aquele era um programa de humor e Alan estava adorando poder se divertir com a situação.
Assim que saímos do estúdio, encontrei com Lou guardando as maquiagens e rindo no camarim.
– Você está com problemas, ! – Ela olhou de lado para mim, olhei no camarim e não encontrei mais ninguém fora nós dois.
– Cadê ela? – Perguntei chegando perto da janela e olhando as poucas fãs que restaram do lado de fora. Lou parou ao meu lado e deu de ombros.
– Já foi, disse que tinha outras coisas para fazer, mas eu aposto meus pincéis que ela estava morrendo de raiva para ficar aqui vendo seu romance com a Lindsay.
– Ai que droga! – Paul veio nos chamar, atendemos muitas das fãs que aguentaram ficar nos esperando em seguida fomos liberados.
Aproveitei que ficaria na casa da e fiquei lá também, tinha quase certeza de que estaria ali.
abriu a porta, depois de cumprimentar ela apenas me olhou com os olhos semicerrados.
– Ela está no quarto, tentava parecer brava mas acabou rindo quando olhou para mim. Deixei os dois na sala e fui atrás da garota que provavelmente queria me bater. Bati à porta e não obtive resposta, abri bem de leve e encontrei brincando com a gatinha Pheebs. Assim que me viu, ela se sentou direito na cama e franziu o cenho. Fechei a porta e a gatinha pulou da cama vindo direto na minha direção.
– Pheebs, não brinque com traidores, nós não falamos com eles! – me encarava com os braços cruzados enquanto a gatinha Pheebs se roçava em minha perna, chegava a ser engraçado a maneira como ela me olhava semicerrando os olhos e a testa franzida.
, por favor! – E sem aviso ela jogou a almofada que estava em seu colo me acertando em cheio no rosto – Outch!
Vi ela tentando disfarçar uma risada e me aproximei mais da cama.
– Você sabe que aquilo não foi nada e que eu só não gritei na televisão que eu tenho você, porque você é teimosa e não deixa, não é mesmo, ?! – Puxei suas duas mãos fazendo com que ela ficasse em pé, mesmo fingindo estar emburrada eu a beijei de leve.
– Ela me afastou um pouco, me olhando mais séria – Não deixa mais isso acontecer! Eu não gostei nenhum pouco dessa palhaçada e não é o simples fato de que não contamos pra imprensa que isso pode acontecer – Assenti e mesmo assim ela me deu um belo tapa no braço – Eu ainda quero te bater – Ela não conseguia mais ficar séria, e eu sorri para ela que me olhava com os olhos semicerrados.
– Vamos lá pra casa, ? Por favor?! – Comecei a distribuir beijos por toda extensão de seu rosto enquanto ela tentava desviar, até que ela desistiu e me deixou beijá-la.

No último dia da minha folga, entrou toda sorridente na sala, com as mãos para trás e os olhos brilhantes com cara de quem estava aprontando alguma, ela sentou no meu colo, me fazendo ignorar o filme que estava passando e me concentrar em descobrir o que ela queria.
– Ela cantarolou meu nome e rapidamente colocou suas mãos sobre meus ombros, sem me deixar ver direito o que tinha em suas mãos, trouxe para mais perto a abraçando pela cintura, ela me deu um selinho demorado em seguida me entregou um elegante envelope preto, com aquele sorriso ainda no rosto fez sinal para que eu abrisse.
Tratava-se de um baile de boas vindas da escola de balé, que ao que tudo indicava seria extremamente elegante e importante.
Olhei desconfiado para ela que mordia o lábio inferior, ainda me abraçando pelos ombros com um dos braços e esperando alguma reação da minha parte.
– Está me convidando para o baile? – Não pude me conter e a imitei, ou, pelo menos, tentei, coloquei minha mão livre sobre a boca fingindo surpresa e emoção – Ninguém nunca me chamou para um baile antes – riu me dando um tapa leve no braço e pegou o convite da minha mão.
, é sério! O que você acha? Topa ser meu par, Mr. ? – Ela colocou as duas mãos sobre a minha nuca, me olhando nos olhos.
– Eu que quero saber se é isso mesmo que VOCÊ quer? Você sabe no que isso vai dar, certo?! – Segurei o queixo dela, procurando em seus olhos qualquer vestígio de dúvida e me puxou para um beijo rápido, com a boca ainda sobre a minha ela respondeu.
– Sei, seremos só eu e você, dançando como um casal no salão, é nisso que isso vai dar – Ela deu uma piscadinha rápida e riu com malícia, enquanto eu ria depositando alguns beijos em seu pescoço.
– Vou pensar no seu caso, ! – Disse por fim, vendo ela me olhar boquiaberta e tentar sair do meu colo, enquanto eu a segurava em meus braços. Consegui roubar um beijo dela que me bateu mais um pouquinho enquanto eu a trazia mais para perto.

Por mais cansada que estivesse dos ensaios, ou ocupada com alguma outra coisa o simples fato de se falar nesse tal baile, que ela desandava a tagarelar sobre o assunto. Brinquei um dia dizendo que iria de moletom e camiseta de flanela e quase enfartou, logo pediu para as meninas que cuidam do nosso guarda-roupa da turnê, me arranjarem um terno decente. Ela estava mesmo levando tudo isso a sério e eu estava preocupado de que talvez não desse tempo de chegar no horário marcado. Eu não queria mesmo era decepcioná-la.

Quando o grande dia chegou e meu voo atrasou em uma hora, o que significava que já tinha começado o evento e eu ainda estava travando uma bela luta com a maldita gravata que não queria parar quieta enquanto eu tentava chegar apresentável ao hotel onde estava sendo realizado o baile. Por sorte o cabelo que Lou fez especialmente para isso estava resistindo a minha correria, e estava quase nada bagunçado. Quando desisti da maldita gravata, parei o carro, me apressando em sair dali. Depois do lobby, onde me indicaram onde estava sendo realizado o baile, havia apenas um único fotógrafo, que ao que tudo indicava fora contratado só para aquele evento e que foi fácil passar sem causar nenhum comentário.
Assim que adentrei as enormes portas daquele salão gelado, entreguei meu convite e pude ver todos aplaudindo alguém no palco. Todo mundo estava muito elegante, as garotas com seus vestidos dignos da premiação do Oscar e os garotos assim como eu, com smokings que apenas se diferenciavam em cor e tamanho. Mas quem me interessava de verdade estava difícil de encontrar com todos de costas e batendo palma.
As pessoas começaram a conversar entre si e eu então saí de perto da porta, indo mais a frente e tentando achar . Sempre odiei esse tipo de situação onde todos estão realmente parando de fazer seja lá o que for para falar de você, por mais que esteja acostumado com a mídia, em locais menores isso ainda me incomodava e era isso que estava acontecendo nesse exato momento.
A cada passo, eu sentia que todos ali me observavam e comentavam, enquanto eu parecendo uma criança perdida procurava por ela.
Até que eu a vi, ela ainda estava de costas mas eu já sabia que era a minha .
Alguém da roda de amigos dela apontou para mim e ela se virou. Absolutamente linda, deslumbrante em um vestido vermelho escuro que delineava as curvas de seu corpo indo até o pé, brilhante e cheio de detalhes. sorriu para mim, dando alguns passos à frente enquanto eu tentava chegar um pouco mais rápido até ela. Que riu de leve apontando para a gravata frouxa no meu pescoço.
– Você veio! – Ela sorriu abertamente assim que cheguei a sua frente, colocando minhas mãos levemente sobre sua cintura, observando cada detalhe de seu rosto enquanto ela arrumava a gravata torta em meu pescoço. Eu gostaria de agarrá-la nesse segundo e levá-la comigo para longe. Reparei que me olhava com o cenho franzido – ?!
– Desculpe – Ri de leve e dei um passo para trás para conseguir vê-la por completo – Você está demais hoje – Pisquei para ela que sorriu piscando de volta.
As luzes então ficaram mais baixas e um casal surgiu ao fundo do salão, uma música clássica começou a soar. Todos de frente para o meio do salão onde o casal encenava alguma peça de balé, se recostou no meu peito enquanto eu depositava minhas mãos em sua cintura.
– Esta é uma adaptação do segundo ato de Giselle, preparado especialmente para o novo diretor da escola – ergueu levemente a cabeça apenas para sussurrar essas informações em meu ouvido, assenti e voltei a prestar atenção nos bailarinos.
O casal a nossa frente dançava dramaticamente, a menina com uma saia até os joelhos parecia sofrer enquanto seu parceiro parecia exausto mas continuava a dançar, até cair ao chão e ela o levantar e eles dançarem juntos.
– Giselle era uma aldeã que se apaixonou por Albrecht, um nobre que se disfarçou de camponês, quando descobre a farsa ela inconsolável morre. Ele vai visitar seu túmulo e é o amor eterno dela por ele que o salva de não ter seu espírito tomado pelas willis, as fantasmas vampíricas que sempre que um homem se aproxima o obrigam a dançar até a morte. Mas Giselle dança no lugar de Albrecht, impedindo assim que ele morra de exaustão e quebra o encanto das willis. Agora ela o está perdoando – que provavelmente percebeu minha cara de dúvida se posicionou ao meu lado e narrava bem baixinho a história para que eu entendesse melhor. Ao final, a bailarina entregou uma flor a ele e saiu de cena, ele parecia muito emocionado e em seguida ofereceu a flor a plateia que ovacionou o casal. ao meu lado com lágrimas nos olhos, aplaudia com vigor, apaixonada pelo que acabara de ver, e eu bem, estava amando assisti-la, estar presente ali.

Depois de alguns minutos onde recolheram algumas coisas que ficaram no centro do salão, a luz mudou novamente e uma música calma foi colocada, as pessoas voltaram a prestar atenção em nós mas eu não queria falar com elas. Peguei pela mão e a conduzi até o centro do salão. Só havia um casal dançando e nós nos juntamos a eles.
sorriu assim que paramos na pista de dança.
– Eu adoro essa música! – Ela colocou seus braços sobre meu ombro e cantarolou algumas frases da música – é One and Only da Adele – rolou os olhos quando eu finalmente reconheci a música.
A música era calma, e aquele parecia ser um momento perfeito. Sim, tinha muitas pessoas curiosas ao nosso redor, pessoas observando cada gesto, mas principalmente lá estava ela. estava com os olhos mais brilhantes e cativantes que já vi, mesmo se tentasse, era impossível desviar deles, era impossível não querer eternizar aquele momento único. Sabia absolutamente TODAS as consequências dos meus atos mas acima de qualquer coisa eu já sabia que estava a amando mais do que tudo. Eu girei , a trazendo de volta aos meus braços, ela riu quando eu quase pisei no vestido dela e estraguei tudo, me aproximei de sua orelha, sentindo ela se encolher de leve antes que eu encostasse minha boca em sua orelha e sussurrei o que ela já deveria saber:
Eu te amo, minha bailarina – Beijei de leve seu pescoço, vendo ela arrepiar em seguida. Voltei a olhar para ela e estava com seu sorriso torto irresistível, e cara de quem ia aprontar. E então ela me surpreendeu, as mãos dela que até o momento repousavam sobre meus ombros, subiram marotamente para minha nuca, me provocando enquanto ela se aproximava mais e mais. Sussurrou no meu ouvido:
God only knows why it’s taken me so long to let my doubts go (Só Deus sabe porque levei tanto tempo a acabar com as minhas dúvidas)
You’re the only one that I want (Você é o único que quero)
me beijou de leve nos lábios. Ela deu o primeiro passo em direção ao seu medo, ali naquele momento ela sabia que seria reconhecida como a “Garota do da One Direction” e eu mal podia acreditar, ela se afastou sorrindo e piscou para mim.
Simplesmente não podia mais me conter e a segurei pela cintura, não deixando que se afastasse mais e a beijei como se deve. A princípio ela resistiu um pouco mas acabou se entregando e correspondeu ao beijo que só paramos quando nos faltava o ar. Era impossível não sorrir para ela, a girei mais uma vez e então trocaram a música colocando uma mais agitada que fez com que mais gente viesse para a pista enquanto nós saíamos.
Abracei pela cintura enquanto ela apenas chacoalhava a cabeça.
– Estamos ferrados – Ela disse perto do meu ouvido e eu apenas dei de ombros.
parou diante de duas pessoas, um cara alto que parecia entediado e uma garota um pouco mais baixa que , com os olhos verdes quase saltando das órbitas quando olhou para nós.
– Oh céus, Lara, pare de nos olhar assim! – a repreendeu, a garota endireitou a postura e tentou desviar o olhar mas não durou nem dois segundos.
, estes são os meus amigos aqui da companhia, Lara e Julian – Ela apontou para eles, dei um beijo no rosto da garota que ainda parecia surpresa demais para falar e apertei a mão do amigo delas.
– Prazer em conhecê-los, já ouvi falar muito de vocês – Pelo menos aqueles nomes não me eram estranhos.
– Pena que nós nunca ouvimos falar de você, não como namorado da – Lara riu de leve e olhou sugestivamente para que fingia olhar o teto do salão – Garota, eu vou te matar por não me deixar preparada para isso – Ela apontou um dedo para que apenas riu lhe mandando um beijo.
Aos poucos aqueles dois iam se revelando mais malucos do que o imaginado, e aquela festa que tinha tudo para ser uma daquelas festas super cheias de regras, onde quase ninguém se divertia de verdade se tornava uma loucura total. Lara, a amiga de nos avisou que enquanto estávamos dançando até o fotógrafo da entrada veio registrar o momento, nada que eu já não soubesse, mas que eu lidaria com as consequências apenas amanhã. Hoje, a noite era só dela.
Em uma festa praticamente só de bailarinos, muita gente estava na pista de dança, que ia dos ritmos mais sofisticados aos mais atuais e pop. Quando resolvemos ir os quatro para a pista, foi um dos momentos mais engraçados, pois eu não sabia dançar como eles e se aproveitava disso, usando e abusando da minha pessoa, me fazendo pagar os maiores micos. Nunca dancei tanto, nunca a vi tão feliz.

No fim da noite, assim que saímos do salão da festa, o frio veio ao nosso encontro. se encolheu ao meu lado, tirei meu blazer e joguei por cima de seus ombros, peguei em suas mãos e assim que colocamos os pés para fora do hotel, um clarão vindo dos flashes dos paparazzis me cegou por alguns segundos, apertei um pouco mais a mão dela entrelaçada a minha, não eram tantos fotógrafos mas eram barulhentos o suficiente. A puxei levemente e fomos rumo as perguntas e flashes insistentes:
essa é a sua nova conquista?”
“Há quanto tempo estão juntos?”
“Qual é o nome dela?”
“Só uma foto de vocês, , por favor”

Conseguimos chegar ao carro e depois de alguns minutos conseguimos sair dali. Somente quando estava a uma bela distância do local que eu percebi que havia voltado a segurar a mão de . Olhei para ela, e diferente do que pensava encontrei sorrindo para mim, totalmente relaxada.
– Tudo bem aí? – Perguntei estranhando um pouco e apenas assentiu, ligando o rádio em uma rádio qualquer.
, a nossa música! – Ela gritou quando os primeiros acordes de Wonderwall começavam – Você precisa cantar comigo!
baixou o vidro do carro, mais sorridente do que nunca começou a cantar. Eu não sabia mais no que prestar atenção, cantando e ‘dançando’ ao meu lado ou no trânsito quase inexistente a minha frente. Cantei com ela quase a música toda, desafinando junto nas partes que ela mais gostava só para vê-la me olhar com os olhos semicerrados e cantar mais alto ainda. me beijou nas últimas frases da música, me fazendo quase nos matar e correr mais para chegar em casa.

entrou antes em casa e deixou seus sapatos jogados perto do sofá, eu conseguia ouvir sua risada vinda do andar de cima e subi correndo as escadas encontrando meu blazer jogado perto da porta, entrei no quarto e tudo estava escuro.
? – Dei alguns passos à frente tentando achá-la na escuridão e senti sua respiração no meu pescoço, ela me abraçou pela cintura, rindo perto do meu ouvido.
– Até que enfim, garoto – Peguei sua mão e a trouxe para minha frente, consegui acender o abajur para poder vê-la melhor e sorria maliciosamente, seu penteado já estava praticamente desfeito e todo seu cabelo estava jogado sobre o ombro esquerdo, ela passou seus braços por meu ombro, deixando suas mãos sobre minha nuca, me provocando e brincando com meus cabelos.
Eu a trouxe para mais perto e a beijei, brincava comigo a todo momento com suas mordidas e sorrisos, ela quebrou o beijo mas não separou nossas bocas.
– Obrigada por hoje, obrigada por ter esperado! – Olhei em seus olhos e eles brilhavam para mim, ela sorriu me dando um selinho e se afastando minimamente.
– Por que hoje, ? – Afastei algumas mechas de seu cabelo que caíam em seu olho. Ela pensou por algum tempo antes de falar.
– Porque hoje em um dos dias mais esperados por nós da escola, tinha tudo para ser o mais incrível possível mas quando eu percebi que talvez você não aparecesse, perdeu um pouco da graça, estava faltando um pedaço MEU ali – Ela olhou mais dentro dos meus olhos, me deixando ainda mais encantado com cada um de seus gestos – Mas foi só te ver pra qualquer pensamento ruim desaparecer e eu entender que tudo estava certo, eu não ligo para as fotos, não ligo para as pessoas, você é o que importa e no meu mundo todo mundo já sabe disso – pulou no meu colo enquanto eu sorria para ela que estava levemente vermelha.
– No meu mundo já devem estar sabendo também – Beijei seu queixo enquanto ela rolava os olhos de brincadeira.
– Vou tentar me comportar, prometo – Ela distribuía beijos por todo meu rosto, eu a abraçava cada vez mais forte e tudo começava a ficar muito mais animado.
– Por mim você não precisa se comportar sempre – Eu a beijei com vontade, e sorriu mordendo seu lábio inferior antes de me provocar arrepios encostando seus lábios em minha orelha e sussurrar;
– Hoje não? Tem certeza? – mordeu de leve o lóbulo da minha orelha e eu subi minhas mãos apertando seu quadril querendo mais do que nunca me desfazer daquele vestido que ela ainda vestia.
– Absoluta, hoje eu não deixo você se comportar babe – Desci do meu colo, enquanto ela ria jogando a cabeça para trás.
Aproveitei a deixa e beijei toda a extensão de seu pescoço, ouvindo suspirar enquanto tentava desabotoar os botões da minha camisa, quando conseguiu a jogou em um canto qualquer e passou suas unhas pelo meu abdômen e peitoral, me torturando como ela adorava fazer. Seu sorriso provocante, me fazia beijá-la a todo instante. A virei de costas para desabotoar o vestido e a cada novo pedaço de pele descoberta eu a cobria de beijos, tirei seus cabelos do meu caminho e beijei seu pescoço, sua nunca, seus braços e costas. Até que o bendito vestido foi ao chão.
era linda, seu olhar e sorriso seriam capazes de destruir milhares de corações mas para minha sorte, era o meu coração que estava na linha, só o meu. Seu corpo de bailarina me deixava desconcertado somente de poder tocá-la e beijá-la. A minha garota que dança e me deixa sem fôlego, estava acabando com a minha sanidade mental ao sorrir daquele jeito para mim, ela mordia o lábio inferior enquanto sorria e me puxava para ela.
Nosso beijo era urgente, a pressa de estar com ela era enorme e a vontade de não acabar nunca também. Desci meus beijos explorando todo o pescoço e colo dela, enquanto a sentia arfar e distribuir arranhões por toda a extensão das minhas costas, até ela me puxar para mais um beijo intenso, onde fomos parar enfim na nossa cama. Caí por cima dela rindo e se aproveitou para morder meu ombro e gargalhar em seguida.
Em meio a tantas risadas consegui enfim tirar seu sutiã e sorriu tímida, como sempre, como se tivesse algo de errado e eu só queria amá-la ainda mais. Pelo cós da calça ela me puxou para mais perto e minhas mãos se perderam em seu corpo, o resto de nossas roupas foram espalhadas pelo quarto e nossos corpos conectados em perfeita sincronia, a faziam arfar e se agarrar ainda mais a mim, os únicos sons eram nossas respirações descompassadas e alguns gemidos que deixava escapar.
Não sei ao certo quanto tempo durou mas eu ainda estava em êxtase quando senti suas unhas saindo das minhas costas, me joguei ao seu lado e me deu um último beijo calmo antes de se virar e puxar o lençol para nos cobrir, instintivamente a trouxe mais para perto e ela sorriu antes de cair levemente no sono, ela era tão linda, cada detalhe do seu rosto, a pele, o cheiro, cada dia que passava eu tinha certeza que o cheiro do pescoço dela misturado com o cheiro de seu shampoo eram definitivamente meu perfume favorito. E foi sentindo ele que eu acabei me deixando ser tomado pelo cansaço.

Acordei com uma luz extremamente irritante diretamente nos meus olhos, eu não queria creditar que tínhamos esquecido a cortina aberta e eu teria de levantar só por isso. Ainda de olhos fechados passei a mão do outro lado da cama na esperança de encontrar mas estava vazio.
Mesmo com o clarão em meus olhos, os abri rapidamente e não a vi pelo quarto. A única coisa que encontrei foi um bilhete.

"J chegou! Fui buscá-lo, te vejo mais tarde
Xx
"


Quem diabos era J?




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